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Ministério da Saúde

O Consórcio e aGestão Municipal

em Saúde

Brasília1997

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© 1997. Ministério da Saúde

1ª edição, outubro/19972ª edição, janeiro/1998

É permitida a reprodução total ou parcial desta publicação, desde que citada a fonte

Tiragem: 10.000 exemplares

Edição, distribuição e informaçõesMINISTÉRIO DA SAÚDESecretaria de Políticas de Saúde e de AvaliaçãoEsplanada dos Ministérios, Bloco “G”, 3º andar –sala 352Brasília-DFCEP: 70.058-900Fones: (061) 315-2224 e 315-2248

Impresso no Brasil/Printed in Brazil

Copidesque/RevisãoNapoleão Marcos de Aquino

Editoração eletrônicaSergio Lima Ferreira

O consórcio e a gestão municipal em saúde.Brasília: Ministério da Saúde, 1997.32p.

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Sumário

Apresentação ....................................................... 5

Aspectos conceituais ........................................... 7

Bases legais ....................................................... 13

Estruturação e financiamento ............................ 17

- Organização do consórcio .......................... 17

- Estrutura do consórcio ............................... 23

- Financiamento do consórcio ...................... 27

Bibliografia ......................................................... 29

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Apresentação

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O Ministério da Saúde, ao definir oPlano de ações e Metas Prioritárias para o período 1997/98, estabelece como uma das estratégiasessenciais para a melhoria da qualidade dosserviços e estímulo à organização de consórcio,por considera-lo um importante instrumento dearticulação entre os sistemas municipais.

O consórcio também constitui meioeficiente para o alcance de outra meta prioritária,que é a habilitação de municípios às condições de gestão descentralizada, especialmente a GestãoPlena do Sistema Municipal de Saúde. Com isso, o Ministério da Saúde, junto com os gestoresestaduais e municipais, soma esforços para vencer o desafio representado pela descentralização dagestão, o que certamente permitirá ao municípiooferecer ações dirigidas à promoção, proteção erecuperação da saúde da população.

Essas peculiaridades ficam maisevidenciadas ao se verificar uma crescentedemanda, especialmente dos municípios, poresclarecimentos e orientações quanto àorganização, ao funcionamento e às situações em que está indicada a constituição do consórcio naárea da saúde.

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Com esta publicação o Ministérioatende boa parte dessa demanda. O seu conteúdo é decorrente de experiências municipais jáexistentes e de recente oficina de trabalhopromovida pela Secretaria de Políticas de Saúde e de Avaliação, realizada com a finalidade de reunir subsídios para a elaboração deste documento.

Destaco, no entanto, que essasorientações deverão ser objeto de contínuoprocesso de aperfeiçoamento, considerando queas diversificadas experiências em consórcio,aliadas às diferentes realidades no País, nãopermitem a apresentação de um modelo acabadodessa modalidade de associação no campo daSaúde.

Minha expectativa é a de que estapublicação seja um instrumento útil, sobretudopara os gestores municipais, na consolidação doSistema Único de Saúde (SUS).

Carlos César de AlbuquerqueMinistro da Saúde

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Aspectos conceituais

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Os consórcios administrativos intermu-nicipais vêm sendo adotados há décadas, tendo aConstituição de 1937 (artigo 29) disposto sobre oagrupamento de municípios para administração deserviços públicos. Entretanto, somente a partir dosanos 80, com o início do processo de descen-tralização, essa forma de associação tomou vulto,especialmente na busca de soluções de problemascomuns para os municípios.

Consórcio significa, do ponto de vistajurídico e etimológico, a união ou associação dedois ou mais de dois entes da mesma natureza. Oconsórcio não é um fim em si mesmo; constitui,sim, um instrumento, um meio, uma forma para aresolução de problemas ou para alcançar objetivoscomuns.

Ao expressar um acordo firmado entremunicípios, possibilita aos prefeitos municipaisassegurar ações e serviços mediante a utilizaçãodos recursos materiais e humanos disponíveis. Aunião desses recursos produzirá os resultadosdesejados, o que não ocorreria se os municípiosatuassem isoladamente.

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A relação de igualdade entre osmunicípios é a base do consórcio, preservando,assim, a decisão e a autonomia dos governoslocais, não admitindo subordinação hierárquica aum dos parceiros ou à entidade administradora.Cada consórcio tem características próprias,decorrentes das peculiaridades e dificuldades,tanto da região quanto do município.

Nas áreas de saúde, educação, trans-porte, informática, meio ambiente, agricultura eoutras, os problemas envolvem vários municípios eos seus governos podem usar o consórcio comoinstrumento operacional de grande valia para maior rendimento de seus esforços, evitando a dispersãode recursos financeiros, humanos e materiais emaximizando o aproveitamento dos recursosmunicipais.

O consórcio intermunicipal na área dasaúde é vista como uma associação entremunicípios para a realização de atividadesconjuntas referentes à promoção, proteção erecuperação da saúde de suas populações. Comoiniciativa eminentemente municipal, reforça oexercício da gestão conferida constitucionalmenteaos municípios no âmbito do Sistema Único deSaúde (SUS).

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O consórcio está estreitamente rela-cionado a cada um dos sistemas a cada um dossistemas municipais, na medida quem que sedesenvolve ações destinadas a atender neces-sidades das populações destes sistemas. Nãopode, portanto, configurar uma nova instância noâmbito do estado, intermediária ao município.

Utilizado como instrumento de estí-mulo ao planejamento local e regional em saúde, oconsórcio possibilita, além disso, a viabilizaçãofinanceira de investimentos e contribui para asuperação de desafios locais no processo deimplementação do Sistema.

Para o município de pequeno porte,representa a possibilidade de oferecer à sua popu-lação um atendimento de maior complexidade. Amanutenção de um hospital, por mais básico queseja, requer equipamentos, um quadro permanentede profissionais e despesas de custeio quesignificam gastar, anualmente, o que foi investidona construção e em equipamentos.

A implantação e a operacionalizaçãode serviços de saúde que contemplem inte-gralmente as demandas de uma populaçãorepresentam, para a maioria dos municípios,encargos superiores à sua capacidade financeira.A necessidade de melhoria na infra-estrutura, acontratação de recursos humanos

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Especializadas e a aquisição de equipamentospara oferecer serviços de saúde em todos osníveis de atenção implicam montante significativode recursos que, quase sempre, não chegam a ser plenamente utilizados por apenas um município,gerando aumento de custos operacionais eimpossibilitando o investimento em ações básicasde promoção e proteção. Assim, a prestação deserviços de forma regionalizada pelos consórciosevitará a sobrecarga do município na construçãode novas unidades, na aquisição de equipamentosde custos elevados e na contratação de recursoshumanos especializados.

Nas regiões metropolitanas, onde seconcentram elevado contingente populacional erecursos mais complexos para diagnóstico etratamento, o consorcio intermunicipal ser uminstrumento de otimização da rede disponível,inclusive me relação à organização da referência,possibilitando melhor atendimento às neces-sidades de saúde das populações. Os resultadosdessa associação vão gerar impacto relevante nascondições de saúde, tendo em vista o alcancesocial da medida, ou seja: melhor distribuição dosrecursos; possibilidade de beneficiar maior númerode pessoas; e, sobretudo, elevação do nível desatisfação do usuário.

Na prática, os consórcios têm sidoutilizados para o enfrentamento de problemas de

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diferentes naturezas, para gerenciar centro regio-nal de especialidades, seja para viabilizar pro-grama de sangue e hemoderivados; suprir neces-sidades de atendimento de urgência e emergência, atendimento em maternidades, saúde mental,entre outros; e, até mesmo, no campo dosaneamento, para proteção de recursos hídricos ea solução de problemas relacionados à destinaçãode resíduos sólidos.

A prestação de serviços e a imple-mentação de ações de forma consorciada confi-guram condições altamente favoráveis para que omunicípio venha a assumir as respon-sabilidadespela gestão do seu sistema de saúde.

É importante observar que todas asações, em princípio, são passíveis de imple-mentação por consórcio; algumas, no entanto, nãodevem ser consorciadas, pela sua natureza eespecificidade. Constitui exemplo evidente aorganização da atenção básica, uma respon-sabilidade inerente ao poder municipal, que nãodeve ser consorciada. Ao município cabe proveresses serviços de forma exclusiva em seuterritório. Da mesma forma, o poder de polícia daatividade de vigilância sanitária não constitui objetode consórcio.

O Ministro da Saúde considera oconsórcio um importante instrumento para aconsolidação do SUS, tanto no que diz respeito àgestão

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quanto no tocante à reorientação do modelo daatenção à saúde prestada à população. Assim,mesmo ao buscar essa forma de associação parasolucionar questões específicas, como urgências eemergências, os gestores municipais devem tercomo perspectiva a integralidade das ações.

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Bases legais

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No entendimento do brilante juristaHely Lopes Meirelles, por meio dos consórcios “asmunicipalidades reúnem recursos financeiros,técnicos e administrativos que uma só prefeituranão teria para executar o empreendimentodesejado e de utilidade geral para todos”. Aindaconforme esse jurista, os “consórcios adminis-trativos são acordos firmados entre entidadesestatais, autárquicas ou paraestatais, sempre damesma espécie, para realização de objetivos deinteresse comum dos partícipes”.

Como os municípios, de acordo com o artigo 18 da Constituição de 1988, fazem parte daFederação, gozando da mesma autonomiaconferida à União e aos estados, nada poderiaimpedi-los de celebrar um consórcio, ainda que alei orgânica muncipal seja omissa sobre isso.

No âmbito da saúde, a legislaçãoespecífica do Sistema Único de Saúde – SUSdefine que os consórcios intermunicipais podemintegrar o Sistema. A Lei Orgânica da Saúde (Leinº 8.080, de 19 de setembro de 1990), ao disporsobre a organização, direção e gestão do Sistema,trata dos consórcios municpais.

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Assim é que em seu artigo 10 essa lei especifica: “os municípios poderão constituirconsórcios para desenvolver, em conjunto, asações e os serviços de saúde que lhe corres-pondam”. No parágrafo 1º desse mesmo artigo,resguarda, no entanto, que “aplica-se aosconsórcios administrativos intermunicipais oprincípio de direção única e os respectivos atosconstitutivos disporão sobre sua observância”. Jáno seu artigo 18, inciso III, expressa aidna acompetência municipal para “formar consórciosadministrativos intermunicipais”.

A Lei Federal nº 8.142, de 28 dedezembro de 1990, que dispõe sobre a parti-cipação da comunidade na gestão do SUS e sobreas transferências intergovernamentais de recursosfinanceiros na área da saúde, explicita também aparticipação também a participação dos municípiosem consórcios. Me seu artigo 3º, parágrafo 3º,define que “os municípios poderão estabelecerconsórcios para execução de ações e serviços desaúde, remanejando, entre si, parcelas derecursos...”

A Norma Operacional Básica do SUS-NOB-SUS 01/96, aprovada em novembro de 1996,mesmo não tratando especificamente de consórciointermunicipal define em seu objetivo as basespara a adoção deste instrumento: “promover opleno exercício, por parte do poder públicomunicipal e do Distrito Federal, da função degestor da atenção à saúde dos seus munícipes”.

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A idéia do consórcio é igualmentereforçada quando a NOB determina que a“totalidade das ações e serviços de atenção àsaúde deve ser desenvolvida em um conjunto deestabelecimentos organizados em rede regio-nalizada e hierarquizada” que não precisam,obrigatoriamente, ser de propriedade da prefeiturarespectiva, nem ter sede no território do município. Os estabelecimentos referidos podem estarsituados em outro município, mas agregadosmediante acordo que pode, perfeitamente, serrealizado por meio de um consórcio.

Essa articulação intermunicipal temrelação direta como o papel do gestor estadual,definido na NOB 96, que é, substancialmente,organizar o Sistema de Saúde no seu âmbito edisciplinar a referência, a contra-referência e aregionalização. A mencionada competência temvisibilidade, principalmente, na ProgramaçãoPactuada e Integrada – PPI, discutida e aprovadana Comissão Intergestores Bipartite.

Por isso, ao decidirem-se pela forma-ção de consórcio, os gestores municipais devemestabelecer a necessária articulação com o gestorestadual, de foram que as ações e serviços aserem consorciadas componham a PPI, o que nãoexclui, no entanto, o pressuposto básico destaforam de atuação: que é a preservação daautonomia de cada município. Essa

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autonomia, na prática, é traduzida na sua condiçãode gestor do sistema municipal de saúde, da qualsão inerentes as funções de coordenação, arti-culação, negociação, planejamento, acompanha-mento, controle, avaliação e auditoria.

Com esse entendimento e no exercíciodessas funções, o município está apto para lançarmão do consórcio como instrumento para asolução de problemas sanitários que, sozinho, nãopoderia resolver, e que são importantes para oalcance dos objetivos voltados à promoção,proteção e recuperação da saúde de suapopulação.

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Estruturação e financiamento

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Organização do consórcio

A organização de um consórcio, enten-dia como um processo, não deve ser induzido,nem apressada; deve ser uma iniciativa dosmunicípios e preservar a decisão e a autonomiados governos locais.

Esse processo inicia-se com aarticulação entre os gestores municipais, tendo por base o pacto e a negociação. Nessa fase, omomento marcante é representado pela elabo-ração e aprovação do instrumento consorcial, queexpressa o compromisso dos municípios eindepende de autorização legislativa. Esse acordo,como instrumento de formalização do consórcio,deve explicitar: o município-sede do consórcio; acriação de pessoa jurídica administradora doconsórcio, se for o caso; e todos os aspectos equestões pactuadas pelos municípios que ointegram.

Assim, o instrumento consorcial con-tará, entre outros, os seguintes elementos:

- objeto- duração- sede e foro

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- obrigação dos consorciados- atribuições e poder do consórcio- admissão e exclusão de consorci-ados- sanções por inadimplência- alocação de recursos- prestação de contas- observância das normas do SUS(municipal, estadual e federal)

- controle social- definição da necessidade ou não decriação de pessoa jurídica de direitoprivado para gerenciar o consórcio

- submissão às normas de direito pú-blico (licitação, seleção pública, etc.), se houver pessoa jurídica

A partir da consolidação do acordo,verifica-se a necessidade ou não de criação depessoa jurídica para administrar o consórcio. Aescolha da pessoa jurídica depende da natureza dosserviços e ações objeto do consórcio, bem assim da necessidade de assumir obrigações, como compra de serviços, contratação de pessoal, etc. A pessoajurídica, adotada pelo consórcio, pode assumir umadas formas previstas no Código Civil.

No caso do consórcio, o que se pre-tende é ter uma administradora, sendo mais ade-quado, então, instituir uma sociedade civil sem finslucrativos. Na área da saúde, embora essa enti-dadeseja de direito

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privado, é instituída e mantida por entes públicospara a execução de serviços públicos. Por isso, éimportante lembrar que, em determinados casos,as normas do direito público prevalecerão sobre asdo direito privado. São exemplos: a prestação decontas; a realização de prova seletiva paraadmissão de pessoal (CLT); a licitação; aacumulação de cargos públicos, etc.

Na maioria das vezes, os consórciosem saúde têm sido constituídos sob a forma desociedade civil sem fins lucrativos e, conse-qüentemente, de interesse publico. Nesse caso,faz-se necessário que cada município integrantedo consórcio solicite, junto ao respectivo poderlegislativo, autorização para participar de pessoajurídica, que se expressa mediante lei específica,na qual deve estar explicitada, também, adestinação de recursos. Para o município-sede dapessoa jurídica, a lei autorizada deve, ainda,declarar que esta pessoa é de utilidade pública.

A partir dessa lei são providenciadas:

- a aprovação do estatuto do consór-cio em assembléia geral dos muni-cípios consorciados e o conse-qüente registro no cartório compe-tente, após o que a pessoa jurídicaadquire personalidade jurídica, ob-tendo, assim, o seu registro denascimento (encerrado o consórcio,dissolve-se a pessoa jurídica)

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- a ata da assembléia de aprovaçãodo estatuto, na qual devem constaros dirigentes escolhidos do con-sórcio e estar mencionada a leiautorizadora de cada município

- a publicação no Diário Oficial com-petente

- a inscrição no Cadastro Geral deContribuintes (CGC) e

- a assinatura de decreto abrindocrédito especial para a destinaçãode recursos ao consórcio no exer-cício corrente, se for o caso (o que já deve estar, conforme referidoanteriormente, previsto na lei autori-zadora)

O estatuto é o documento que confere estrutura à pessoa jurídica, no qual deve estar explicitado, por exemplo:

- a forma da pessoa jurídica(associação ou sociedade civil)

- o objetivo- a sede- a duração (determinada ou indeter-

minada)- o regime de pessoal (CLT)- os órgãos de deliberação e gestão

(Conselho de Municípios, Secre-taria Executiva, etc.)

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- o órgão fiscal (Conselho Fiscal)- os municípios consorciados- a admissão e a exclusão de muni-

cípios- o patrimônio e as rendas- a extinção do consórcio e a repar-

tição do patrimônio

Não cabe à pessoa jurídica adminis-tradora do consórcio decidir sobre questões dereferência e contra-referência. Essa negociação ésempre feita entre gestores municipais naComissão Intergestores Bipartite. Tampouco cabea essa pessoa jurídica negociar diretamente aprestação de serviços a terceiros.

É importante destacar que, desde oinício do processo de organização do consórcio até sua formalização e implementação de ações, deveser estabelecida e observada uma perfeita conso-nância com os princípios e diretrizes do SUS. Com relação às diretrizes, é preciso garantir:

- a “descentralização com direçãoúnica em cada esfera de governo”

- o “atendimento integral, com priori-dades para as atividades preven-tivas, sem prejuízo dos serviçosassistenciais” e

- a “participação da comunidade”

Vinculados às diretrizes, integram-seos princípios do SUS que configuram o direito da

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população à saúde: acesso universal e equânime aserviços e ações de promoção, proteção e recupe-ração da saúde.

A observância às diretrizes e aosprincípios do SUS e a preservação da autonomiamunicipal permitem a identificação das caracte-rísticas básicas que devem nortear o funciona-mento do consórcio em saúde, quais sejam:

- é um dos instrumentos de descen-tralizações de políticas, visto queviabiliza a operacionalização dasações decorrentes destas políticas,por parte do gestor municipal

- é um dos instrumentos de articu-lação das políticas loco-regionais:• ao promover a integração dediferentes municípios com reali-dades semelhantes, mas que têm,sem dúvida, as suas peculiaridades• ao mobilizar outros municípiosque não integram o consórcio, masque são influenciados na busca desoluções para problemas da mes-ma natureza

- é uma associação de caráter supra-partidário, congregando pessoas dediferentes ideologias e partidos emtorno de interesses comuns emsaúde

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- é uma forma de organização semfins lucrativos, cujos objetivos sãode interesse e benefício públicos

- é um estimulador permanente daorganização das ações e serviçosde saúde de responsabilidade dosmunicípios, por congregar gestoresde vários municípios

- é uma iniciativa que visa aointeresse coletivo e que, porconseqüência, supera o individual

Considerando essas características, éimportante frisar, por outro lado, o que nãoconstitui atributos do consórcio:

- não é gestor de nenhum SistemaMunicipal de Saúde

- não um centralizador de recursos- não interfere na autonomia muni-

cipal- não substitui as responsabilidades

e competências do gestor estadual

Estrutura do consórcio

A estrutura de um consórcio dever ser ágil e, portanto, montada de forma simplificada,leve e desburocratizada, principalmente por setratar de um instrumento, e não de uma novainstância. A administração de um consórcio deveobservar a

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condição de igualdade entre os parceiros.

A partir das experiências de consór-cios em saúde, pode ser caracterizada, de maneira geral, a seguinte estrutura administrativa:

- com um Conselho de Municípios –em geral composto pelos Secre-tários de Saúde, representando osmunicípios – que é o nível máximode deliberação, responsável pelacondução da política do consórcio

- com um Conselho Fiscal, respon-sável pelo controle da gestão finan-ceira do consórcio e

- com uma Secretaria Executiva oude Coordenação, responsável pelaimplementação das ações, cujocoordenador é indicado pelo Con-selho de Municípios

Para desenvolver suas funções, oconsórcio necessita de equipes técnicas e admi-nistrativa, compostas por recursos humanos oriun-dos dos municípios integrantes ou contratadosmediante seleção pública, sob o regime da CLT.

A participação da comunidade, seja na formulação de propostas e apresentação dereivindicações seja no exercício do controle social,deve ser exercida por intermédio dos própriosConselhos

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de Saúde dos municípios integrantes do consórcio.

Além dessa forma institucionalizada departicipação social, é importante dar ampla divul-gação da ações e atos realizados pelos consór-cios: a população deve ser permanentementeinformada, até porque o seu objeto é o interessepúblico. Além da comunicação legalmente reque-rida, realizada por intermédio dos veículos oficiais,devem ser utilizados os diferentes e diversificadosmeios acessíveis às comunidades.

Em relação ao consórcio, os Conse-lhos de Saúde cumprirão o seu papel de agentefiscalizador da execução das ações e serviços desaúde contidos no Plano Municipal de Saúde,inclusive os realizados mediante consórcio. Caso oPlano não explicite as ações e serviços consor-ciadas, é necessário providenciar um adendo quepermita aos Conselhos exercerem o papel que lhesé próprio. Por outro lado, para viabilizar oacompanhamento e avaliação, os resultados alcan-çados pelas ações e serviços consorciados devemfigurar no respectivo Relatório de Gestão dosmunicípios participantes.

As atividades desenvolvidas peloconsórcio devem compor um plano de trabalhoespecífico que, da mesma forma, integrará aProgramação Pactuada e Integrada – PPI doestado e, em conseqüência, ser objeto deapreciação no âmbito da Comissão

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Intergestores Bipartite. Essa dinâmica, indispen-sável à harmonização, integração e mo-dernizaçãodo SUS, favorece não só a poten-cialização dosrecursos disponíveis como também dá cumpri-mento ao modelo de gestão adotado para oSistema.

Na prática, vários consórcios emsaúde vêm organizando o Conselho Fiscal commembros oriundos das Câmaras de Vereadores oudos Conselhos de Saúde dos municípios res-pectivos. Essa medida é considerada imprópria, doponto de vista jurídico, podendo, inclusive, vir a ser impugnada.

O Conselho Fiscal, além fiscal além defazer parte das exigências decorrentes da criaçãoda pessoa jurídica, é o órgão que fiscalizainternamente o consórcio e, portanto, não pode ser integrado pelas mesmas pessoas que autorizam orepasse e a utilização de recursos e exercem afiscalização externa à pessoa jurídica. Assim, oConselho Fiscal não deve ser integrado porpessoas que pertençam ao Poder Legislativo ou ao Poder Judiciário, tendo em vista a independênciados poderes. Conforme está previsto no artigo 2ºda Constituição Federal “são poderes da União,independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.

O mesmo entendimento, ou seja, aipropriedade, aplica-se ao estabelecimento de con-ferências e conselhos intermunicipais de saúde,

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porque essas iniciativas configuram a criação denovas instâncias não previstas na legislação.

O consórcio deve prestar contas desua gestão financeira a cada um dos municípios e, se a legislação estadual assim o exigir, aorespectivo Tribunal de Contas. Quanto ao controlee avaliação, aplicam-se aos consócios inter-municipais de saúde as normas do SistemaNacional de Auditoria previstas em legislaçãoespecífica.

Financiamento do consórcio

No tocante aos recursos federais, ofinanciamento das ações e serviços objeto doacordo deve ser orientado pelas diretrizes de-finidas na Lei nº 8.142/90, na qual não estáprevista a transferência direta (Fundo-a-Fundo)para consórcio, mas sim aos municípios, estados eDistrito Federal (artigo 3º, parágrafo 3º).

Em relação ao Fundo Nacional deSaúde, essa mesma lei estabelece que osrecursos serão alocados como ”cobertura dasações e serviços de saúde a serem implementados pelos municípios, estados e Distrito Federal” (artigo2º, inciso IV). Quando o próprio consórcio forgerente de um estabelecimento de saúde,receberá recursos na qualidade de prestador. Emnenhuma hipótese pode ocorrer duplo pagamento

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de um serviço prestado, no caso, para a prefeituramunicipal e para o consórcio. O Ministério daSaúde, mediante convênio, poderá repassar re-cursos para investimento em bens administradospelo consórcio.

Em linhas gerais, os recursos para ofinanciamento das atividades do consórcio, damesma forma que ocorre em relação às demaisações de saúde, devem ser, conforme estabeleceo artigo 195 da Constituição, oriundos daseguridade social “financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei,mediante recursos provenientes dos orçamentosda União, dos Estados, do Distrito Federal e dosMunicípios...”. Assim, esse financiamento éoriginado:

- do Tesouro municipal- da Secretaria de Saúde do Estado- do Ministério da Saúde- de doações, aplicações, convênios

e acordos decorrentes de parceriascom instituições públicas e privadas

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Bibliografia

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BRASIL. Ministério da Saúde. 1997: ano da saúdeno Brasil: ações e metas prioritárias. Brasília.1997. 16 p.

CONSELHO de Saúde: guia de referência para asua criação e organização. Brasília, Ministérioda Saúde, 1993. 55p.

CONSÓRCIO intermunicipal de saúde: estudos,pesquisas e legislação básica. InformativoJurídico do CEPAM, São Paulo, ano 10, n. 11, nov. 1995.

CONSÓRCIO intermunicipal de saúde: documentode orientação para gestores (versão prelimi-nar). Brasília, Ministério da Saúde, 1994, 1 v.

CONSÓRCIOS intermunicipais: documento orien-tador S.I. s.n.. 1991 (versão preliminar).

JUNQUEIRA, Ana Thereza Machado. Consórciointermunicipal: um instrumento de ação. Re-vista CEPAM, São Paulo, ano I, n. 2, p.29-36.abr./ jun. 1990.

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MINAS GERAIS. Secretaria de Estado da Saúde.Consórcio intermunicipal de saúde: orientaçãopara a instalação e a manutenção. BeloHorizonte, 199 - . 1 v.

NORMA operacional básica do SUS. Brasília,Ministério da Saúde, 1996 ?. 1 v. (PortariaMS 2203 de 1996, publicada no DOU de06/11/96).

OFICINA DE TRABALHO SOBRE CONSÓRCIOSEM SAÚDE, 1997. Brasília. Relatório daOficina ... Brasília, Ministério da Saúde.1997?. 1 v.

OFICINA DE TRABALHOS SOBRE NOB/96:VIGILÂNCIA SANITÁRIA: CONSÓRCIO IN-TERMUNICIPAL DE SAÚDE: RE-CURSOSHUMANOS PARA A SAÚDE, 1996. OuroPreto. Relatório final da Oficina ... Brasília,CONASS. 1996. 71 P.

QUEIROZ, Luisa Guimarães. Consórcios/asso-ciações intermunicipais de saúde: notas paradiscussão. Brasília, Ministério da Saúde.1996. 1 v.

SANTOS, Lenir. Comentários à lei orgânica dasaúde. 2. Ed. Rio de Janeiro, HUCITEC, 1994. 1 v.

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Participantes da Oficina de Trabalho – “Consórcio:diretrizes gerais para operacionalização”, realizada nos dias 10 e 11 de julho de 1997, em Brasília/DF, promovida pela Secretaria de Políticas de Saúde e de Avaliação (SPSA), do Ministério daSaúde:

Álvaro Antonio Melo Machado – SPSA/MS

Ana Tânia Sampaio – SES/RNAna Thereza Machado Junqueira – CEPAM/SPAnita Marli dos Santos Sousa – CJ/MSAntonio Cezário – SAS/MS

Áquilas Nogueira Mendes – CEPAM/SPAristel Gomes Bordini Fagundes – SPSA/MSBenedito Scarani Fernandes – SES/CONASS

Carlos Alberto Trindade (colaborador)Cristina Maria Vieira da Rocha – SPSA/MSEdna Mariza Nunes Guimarães – SAS/MSEmerson Brandão dos Santos – SCI/MS

Fued Dib – TCE/MGJohnson Andrade Araújo – SPSA/MSJosé Airton Brandão – TCE/MGJosé Carlos Valença – SVS/MS

Josimar Barros Carneiro – SE/MSLenir Santos – Procurador UNICAMPLeonardo Canabrava Turra – SES/MG – CONASSLourdes Lemos Almeida – SPSA/MS

Luísa Guimarães Queiroz – SPSA/MSMaria Camila Borges Faccenda – CNSMaria das Graças Lopes dos S. Junqueira – SAS/MS

Maria Eunice H. Giacomoni – SPSA/MSMaria Helena Carvalho Brandão – SAS/MSNilo Bretãs Junior – SMS/Belém – CONASEMSOrlando Gerola Junior – SE/MS

Regina Coeli Pimenta Mello – FNSRui Pereira dos Santos – Prefeitura Municipal de Serra Negra do Norte/RNThereza Cristina Lins Amaral – SAS/MSUbiratan Laranjeiras Barros – SMS de Betim/MG

Virgilio Pinto e Silva – SAS/MS

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Impressão / AcabamentoÁrea de Produção Gráfico-Editorial

Assessoria de Comunicação Social do Ministério da SaúdeSIA Trecho 4 lotes 540-610

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