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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA Estilo de vida e percepção do envelhecimento de idosos usuários do grupo Hiperdia Vitória de Ávila Santos UBERABA-MG 2018

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

Estilo de vida e percepção do envelhecimento de idosos usuários do grupo Hiperdia

Vitória de Ávila Santos

UBERABA-MG

2018

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Vitória de Ávila Santos

Estilo de vida e percepção do envelhecimento de idosos usuários do grupo Hiperdia

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade

Federal do Triângulo Mineiro, como requisito

parcial para obtenção do título de Mestre em

Psicologia.

Linha de pesquisa: Psicologia e Saúde

Orientador: Prof. Dr. Álvaro da Silva Santos

UBERABA-MG

2018

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Vitória de Ávila Santos

Estilo de vida e percepção do envelhecimento de idosos usuários do grupo Hiperdia

Data da aprovação: 22/02/2018

Membros Componentes da Banca Examinadora:

Presidente e Orientador: Prof. Dr. Álvaro da Silva Santos

Universidade Federal do Triângulo Mineiro

Membro Titular: Profa. Dra. Marta Regina Farinelli

Universidade Federal do Triângulo Mineiro

Membro Titular: Profa. Dra. Marciana Fernandes Moll

Universidade de Uberaba

Local: Universidade Federal do Triângulo Mineiro

Instituto de Educação, Letras, Artes, Ciências Humanas e Sociais (IELACHS)

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me permitir este percurso.

Aos meus pais, pelo incentivo, apoio e amor sem igual.

À minha irmã, meu grande exemplo e que me move até mesmo sem perceber.

Ao meu amado companheiro, por partilhar comigo o dia-a-dia, cuidar, e me amparar nos

momentos mais difíceis.

Às minhas amigas, por compartilharem cada alegria ou dificuldade, e aquelas que foram as

primeiras revisoras deste trabalho.

Aos colegas de mestrado e grupo de pesquisa, que me auxiliaram de diversas formas.

Aos professores, que me permitiram crescer e que fazem parte do que sou hoje.

À UFTM que, desde 2009, tenho orgulho em chamar de casa.

Aos idosos participantes desta pesquisa, por partilharem suas vidas e tornarem este trabalho

possível.

Ao meu orientador e parceiro de tantos trabalhos, pela oportunidade e por todo o aprendizado

envolvido.

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SUMÁRIO

Resumo .................................................................................................................................................................. 7

Abstract ................................................................................................................................................................ 8

Resumen ................................................................................................................................................................ 9

Apresentação da dissertação ............................................................................................................................. 10

ESTUDO 1 .......................................................................................................................................................... 11

Resumo ............................................................................................................................................................ 11

Abstract ........................................................................................................................................................... 12

Resumen .......................................................................................................................................................... 13

Introdução........................................................................................................................................................ 14

Método ............................................................................................................................................................ 17

Resultados ....................................................................................................................................................... 20

Discussão ......................................................................................................................................................... 25

Considerações finais ........................................................................................................................................ 28

Referências ...................................................................................................................................................... 30

ESTUDO 2 .......................................................................................................................................................... 33

Resumo ............................................................................................................................................................ 33

Abstract ........................................................................................................................................................... 34

Resumen .......................................................................................................................................................... 35

Introdução........................................................................................................................................................ 36

Método ............................................................................................................................................................ 38

Resultados ....................................................................................................................................................... 42

Discussão ......................................................................................................................................................... 48

Considerações finais ........................................................................................................................................ 52

Referências ...................................................................................................................................................... 54

Considerações finais da dissertação ................................................................................................................. 57

Referências da dissertação ................................................................................................................................ 59

Apêndices ............................................................................................................................................................ 63

Apêndice 1 - Questionário Sociodemográfico e de Condições de Saúde. ....................................................... 63

Anexos ................................................................................................................................................................. 65

Anexo 1 - Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) ....................................................................................... 65

Anexo 2 - Pentáculo do Bem Estar.................................................................................................................. 67

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Resumo

A presente dissertação de mestrado foi composta por dois estudos empíricos objetivando avaliar o

estilo de vida dos idosos usuários do grupo Hiperdia e a sua percepção sobre o envelhecimento. A

pesquisa foi realizada no segundo semestre de 2017, na Unidade Básica de Saúde Dona

Aparecida Conceição Ferreira, localizada na cidade de Uberaba-MG. O primeiro estudo é

censitário, de abordagem quantitativa e corte transversal com o objetivo de avaliar o estilo de

vida dos idosos usuários do grupo Hiperdia, os fatores sociodemográficos e de saúde

relacionados, e a relação da participação no grupo com o tipo de estilo de vida adotado.

Participaram do estudo 37 idosos que foram avaliados através do Mini-Exame do Estado Mental,

questionário sociodemográfico e de condições de saúde e pelo instrumento Pentáculo do Bem

Estar. A amostra foi composta em sua maioria por mulheres (70,3%) com idade até 79 anos

(73%) sendo que 48,6% dos participantes possuem os diagnósticos de hipertensão arterial

sistêmica (HAS) e diabetes mellitus (DM). 78,4% dos idosos participam das atividades de

educação em saúde e 70,3% acreditam que o grupo Hiperdia interferiu no seu estilo de vida. A

classificação do estilo de vida dos idosos ficou entre regular e positiva, evidenciando a

importância do grupo Hiperdia no conjunto de ações de educação em saúde e na influencia da

adoção de um estilo de vida saudável por parte dos idosos com doenças crônicas não

transmissíveis (DCNT). O segundo estudo possui abordagem qualitativa, é exploratório, de corte

transversal, com amostragem por conveniência e com o objetivo de compreender as percepções

do envelhecimento de idosos usuários do grupo Hiperdia. Foi realizado um grupo focal com a

presença de quatro idosos sendo o grupo audiogravado e o material analisado de acordo com a

análise de conteúdo temática proposta por Turato. Os resultados foram agrupados em quatro

categorias: idade cronológica x idade percebida; aspectos negativos x aspectos positivos do

envelhecimento; estilo de vida como estratégia de enfrentamento; e, uma nova geração de idosos.

Todos os participantes possuíam os dois diagnósticos (HAS e DM) e o grupo demonstrou que as

DCNT interferem em sua percepção do envelhecimento, pois trazem uma série de limitações e

mudanças de vida. Contudo, os idosos demonstram compreender o envelhecimento como um

processo de múltiplos significados onde a presença das DCNT não abarca todos os aspectos

envolvidos e não é significativa o suficiente a ponto de os deixarem sem perspectivas de vida em

relação à velhice.

Palavras-chave: Idoso. Doença Crônica. Estilo de Vida. Envelhecimento.

Santos, V. Á. (2018). Estilo de vida e percepção do envelhecimento de idosos usuários do grupo

Hiperdia. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade

Federal do Triângulo Mineiro. Uberaba, Minas Gerais.

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Abstract

The present dissertation was composed by two empirical studies aimed at evaluating the lifestyle

of the elderly users of the Hiperdia group and their perception about ageing. The research was

carried out in the second half of 2017, at the Dona Aparecida Conceição Ferreira Basic Health

Unit, located in the city of Uberaba-MG. The first study is a census, quantitative and cross-

sectional approach aiming to evaluate the lifestyle of the elderly users of the Hiperdia group,

related sociodemographic and health factors, and the relation of participation in the group with

the lifestyle adopted. The study included 37 elderly people who were evaluated through the

Mental State Mini-Exam, a sociodemographic and health condition questionnaire, and the

Pentacle of Well-being instrument. The sample consisted mostly of women (70.3%) aged up to

79 years (73%), and 48.6% of the participants had diagnoses of systemic arterial hypertension

(SAH) and diabetes mellitus (DM). 78.4% of the elderly participate in health education activities

and 70.3% believe that the Hiperdia group interfered with their lifestyle. The classification of the

elderly's lifestyle was between regular and positive, evidencing the importance of the Hiperdia

group in the set of actions of health education and in influencing the adoption of a healthy

lifestyle by the elderly with noncommunicable chronic diseases (NCD). The second study has a

qualitative approach, is exploratory, cross - sectional, with sampling by convenience, and with

the purpose of understanding the the elderly users of the Hiperdia group’s perceptions about

ageing. A focus group was carried out with the presence of four elderly people, the audio-

recorded group being the material analysed according to the thematic content analysis proposed

by Turato. The results were grouped into four categories: chronological age x perceived age;

negative aspects x positive aspects of ageing; lifestyle as coping strategy; and a new generation of

elderly people. All participants had both diagnoses (SAH and DM) and the group showed that

NCDs interfere with their perception of ageing since they bring a series of limitations and

changes to their lives. However, the elderly demonstrate an understanding of ageing as a process

with multiple meanings where the presence of NCDs does not encompass all aspects involved

and is not significant enough to leave them with no prospects for life in relation to old age.

Keywords: Aged. Chronic Disease. Life Style. Aging.

Santos, V. Á. (2018). Lifestyle and ageing perception of elderly users of the Hiperdia group. Masters

dissertation, Postgraduate Program in Psychology, Federal University of the Triângulo Mineiro.

Uberaba, Minas Gerais.

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Resumen

La presente disertación de maestría fue compuesta por dos estudios empíricos con el objetivo de

evaluar el estilo de vida de los ancianos usuarios del grupo Hiperdia y su percepción sobre el

envejecimiento. La investigación fue realizada en el segundo semestre de 2017 en la Unidad

Básica de Salud Dona Aparecida Conceição Ferreira, ubicada en la ciudad de Uberaba-MG. El

primer estudio es censatario, de planteamiento cuantitativo, y corte transversal, con el objetivo de

evaluar el estilo de vida de los ancianos usuarios del grupo Hiperdia, los factores

sociodemográficos y de salud relacionados, y la relación de la participación en el grupo con el

tipo de estilo de vida adoptado. En el estudio participaron 37 ancianos que fueron evaluados a

través del Mini-Examen del Estado Mental, cuestionario sociodemográfico y de condiciones de

salud y por el instrumento Pentáculo del Bienestar. La muestra fue compuesta en su mayoría por

mujeres (70,3%) con edad hasta 79 años (73%) siendo que el 48,6% de los participantes posee los

diagnósticos de hipertensión arterial sistémica (HAS) y diabetes mellitus (DM). El 78,4% de los

ancianos participan en las actividades de educación en salud y el 70,3% cree que el grupo

Hiperdia interfirió en su estilo de vida. La clasificación del estilo de vida de los ancianos quedó

entre regular y positiva, evidenciando la importancia del grupo Hiperdia en el conjunto de

acciones de educación en salud y en la influencia de la adopción de un estilo de vida saludable

por parte de los ancianos con enfermedades crónicas no transmisibles (DCNT del acrónimo en

portugués). El segundo estudio tiene un enfoque cualitativo, es exploratorio, de corte transversal,

con muestreo por conveniencia, y con el objetivo de comprender las percepciones del

envejecimiento de ancianos usuarios del grupo Hiperdia. Se realizó un grupo focal con la

presencia de cuatro ancianos, siendo el grupo audiogravado, y el material analizado de acuerdo

con el análisis de contenido temático propuesto por Turato. Los resultados fueron agrupados en

cuatro categorías: edad cronológica x edad percibida; aspectos negativos x aspectos positivos del

envejecimiento; estilo de vida como estrategia de enfrentamiento; y una nueva generación de

ancianos. Todos los participantes tenían los dos diagnósticos (HAS y DM) y el grupo demostró

que las DCNT interfieren en su percepción del envejecimiento, pues traen una serie de

limitaciones y cambios de vida. Sin embargo, los ancianos demuestran comprender el

envejecimiento como un proceso de múltiples significados donde la presencia de las DCNT no

abarca todos los aspectos abarcados y no es significativa lo suficiente como para dejarlos sin

perspectivas de vida en relación a la vejez.

Descriptores: Anciano. Enfermedad Crónica. Estilo de Vida. Envejecimiento.

Santos, V. Á. (2018). Estilo de vida y percepción del envejecimiento de ancianos usuarios del grupo

Hiperdia. Tesis de maestria, Programa de Postgrado en Psicología, Universidad Federal de Triângulo

Mineiro. Uberaba, Minas Gerais.

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APRESENTAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

A presente dissertação constitui-se de uma pesquisa dividida em dois estudos empíricos

visando cumprir as normas estabelecidas pelo Programa de Pós Graduação em Psicologia da

Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). O estudo um objetiva avaliar o estilo de

vida dos idosos usuários do grupo Hiperdia e o estudo dois busca compreender as percepções que

estes idosos têm sobre o envelhecimento. Os dois estudos foram realizados na Unidade Básica de

Saúde (UBS) Dona Aparecida Conceição Ferreira localizada na cidade de Uberaba – MG. A UBS

fica localizada em uma área estratégica da cidade onde atende usuários do grupo Hiperdia

residentes em três bairros, de modo que a instituição foi escolhida para coleta de dados por

oferecer o serviço estudado, grupo Hiperdia, e conter um número expressivo de idosos usuários

do grupo e que se adequam aos critérios de inclusão.

A escolha dos temas dos dois estudos deu-se através da percepção do grande número de

idosos que desenvolvem doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) ao longo da vida,

especialmente hipertensão arterial (HAS) e o diabetes mellitus (DM), e da dificuldade dos

mesmos em lidar com as limitações advindas de tais doenças. Sabendo-se que a manutenção de

um bom estilo de vida é o principal fator para evitar e tratar as DCNT objetivou-se avaliar como

é o estilo de vida dos idosos portadores de HAS e DM e, também, conhecer como é a

compreensão destes idosos sobre a velhice e se ela se relaciona com a presença das DCNT.

Espera-se que a elucidação destes temas possa contribuir ressaltando a importância da

manutenção de um estilo de vida saudável ao longo da vida e suas repercussões no processo de

envelhecimento. Além disso, espera-se que o estudo possa trazer colaborações sobre a relação

entre a forma como o envelhecimento é percebido e as escolhas feitas diante do estilo de vida.

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ESTUDO 1

Avaliação do estilo de vida de idosos usuários do grupo Hiperdia

Evaluation of the lifestyle of elderly users of the Hiperdia group

Evaluación del estilo de vida de los ancianos usuarios del grupo Hiperdia

Resumo

Este é um estudo quantitativo, censitário e de corte transversal, que tem como objetivo avaliar o

estilo de vida dos idosos usuários do grupo Hiperdia, conhecendo os fatores socioeconômicos e

de saúde relacionados, e a relação entre a participação no grupo Hiperdia e o estilo de vida

adotado. A pesquisa foi realizada em uma Unidade Básica de Saúde localizada em Uberaba-MG.

Foram avaliados 37 idosos, através do Mini-Exame do Estado Mental, um questionário

sociodemográfico e de condições de saúde e pelo instrumento Pentáculo do Bem Estar. A

amostra foi composta por 70,3% de pessoas do sexo feminino e 73,0% com idade até 79 anos,

sendo que 51,4% são aposentados e 48,6% possuem os diagnósticos de hipertensão arterial

sistêmica e diabetes mellitus. 78,4% dos idosos participam das atividades de educação em saúde e

70,3% acreditam que o grupo Hiperdia interferiu no seu estilo de vida. A classificação do estilo

de vida dos idosos ficou entre regular e positiva, demonstrando a importância do grupo Hiperdia

como importante prática de educação em saúde e que interfere no estilo de vida de idosos com

doenças crônicas não transmissíveis.

Palavras-chave: Idoso; Estilo de vida; Doença crônica; Saúde do idoso.

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Abstract

This is a quantitative, census and cross-sectional study that aims to evaluate the lifestyle of

elderly users of the Hiperdia group knowing the socioeconomic and health related factors a well

as the relationship between the participation in the Hiperdia group and the lifestyle adopted. The

research was carried out in a Basic Health Unit located in Uberaba-MG. A total of 37 elderly

people were evaluated through a Mini-Mental State Examination, a sociodemographic and health

condition questionnaire, and the Pentacle of Well-Being instrument. The sample consisted of

70.3% female subjects, 73.0% of all subjects aged up to 79 years, 51.4% of whom were retired

and 48.6% had diagnoses of systemic arterial hypertension and diabetes mellitus. 78.4% of the

elderly participate in health education activities and 70.3% believe that the Hiperdia group

interfered with their lifestyle. The classification of the elderly’s lifestyle was between regular and

positive, demonstrating the relevance of the Hiperdia group as an important practice in health

education and that interferes with the lifestyle of the elderly with chronic, noncommunicable

diseases.

Key-words: Aged; Life Style; Chronic Disease; Health of the Elderly.

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Resumen

Este es un estudio cuantitativo, censatario y de corte transversal que tiene como objetivo evaluar

el estilo de vida de los ancianos usuarios del grupo Hiperdia conociendo los factores

socioeconómicos y de salud relacionados y la relación entre la participación en el grupo Hiperdia

y el estilo de vida adoptado. La investigación fue realizada en una Unidad Básica de Salud

ubicada en Uberaba-MG. Se evaluaron 37 ancianos a través del Mini-Examen del Estado Mental,

un cuestionario sociodemográfico y de condiciones de salud y por el instrumento Pentáculo del

Bienestar. La muestra fue compuesta por 70,3% de personas del sexo femenino y 73,0% con edad

hasta 79 años, siendo que 51,4% son jubilados y 48,6% poseen los diagnósticos de hipertensión

arterial sistémica y diabetes mellitus. El 78,4% de los ancianos participan en las actividades de

educación en salud y el 70,3% cree que el grupo Hiperdia interfirió en su estilo de vida. La

clasificación del estilo de vida de los ancianos quedó entre regular y positiva, demostrando la

importancia del grupo Hiperdia como importante práctica de educación en salud, y que interfiere

en el estilo de vida de ancianos con enfermedades crónicas no transmisibles.

Descriptores: Anciano; Estilo de Vida; Enfermedad Crónica; Salud del Anciano.

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INTRODUÇÃO

De acordo com o Estatuto do Idoso, são consideradas idosas aquelas pessoas com idade

igual ou superior aos 60 anos e, em todo o mundo, o número de pessoas desta faixa etária cresce

mais rápido do que qualquer outra (Brasil, 2017). O aumento da expectativa de vida é o principal

fator que leva ao crescimento da população idosa, sendo que este crescimento se deu de forma

rápida especialmente nos países em desenvolvimento, como o Brasil (Melo, Ferreira, Santos, &

Lima, 2017).

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem uma

população idosa estimada em 29,6 milhões de pessoas, com previsão de crescimento progressivo

(IBGE, 2017). Guerra e Caldas (2010) pontuam, ainda, que a região sudeste é uma das que mais

vem experimentando este aumento, trazendo à tona inúmeras discussões no que diz respeito a

políticas de saúde e apoio social voltado aos idosos.

Diante dos diversos desafios relacionados ao envelhecimento populacional destaca-se a

preocupação, tanto dos idosos como do sistema de saúde, em relação ao desenvolvimento e

prevalência de doenças na velhice, especialmente as doenças crônicas não transmissíveis

(DCNT), que compõe um grande problema de Saúde Pública na atualidade (Carvalho, Carvalho,

Laurenti, & Payão, 2014). Nas últimas décadas as DCNT têm liderado as causas de óbitos no

Brasil, ultrapassando as taxas de mortalidade por doenças infectocontagiosas, com destaque para

os quatro grupos de enfocados pela Organização Mundial de Saúde (OMS): cardiovasculares,

câncer, respiratórias crônicas, e diabetes (Malta et al., 2014).

Conforme apontado por Neumann, Conde, Lemos e Moreira (2014), apesar do

envelhecimento não estar diretamente ligado à presença de limitações ou doenças, verifica-se que

junto ao crescimento da população idosa no Brasil cresce, também, a presença de DCNT,

principalmente a hipertensão arterial sistêmica (HAS) e o diabetes mellitus (DM). Segundo

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Malta, Bernal, Andrade, Silva e Velasquez-Melendez (2013), a HAS é a mais prevalente das

doenças circulatórias sendo descrita como uma condição clínica multifatorial, caracterizada por

níveis elevados e sustentados de pressão arterial acima do valor considerado normal para cada

idade.

A HAS é frequentemente associada a alterações metabólicas, levando ao maior risco para

desenvolvimento de doenças cardiovasculares fatais e não fatais, insuficiência renal e outras

(Malta et al., 2013). Já o DM caracteriza-se pelo aumento dos níveis de glicose no sangue devido

a uma falta de produção e/ou incapacidade da insulina exercer adequadamente os seus efeitos

(Patrício, Cabral, Pinto, & Pereira, 2015). Além disso, o DM apresenta alta morbimortalidade,

com perda importante na qualidade de vida sendo uma das principais causas de mortalidade,

insuficiência renal, amputação de membros inferiores, cegueira e doença cardiovascular (Brasil,

2004).

Assim, além da predisposição genética para desenvolver HAS e/ou DM, sabe-se que o seu

surgimento está ligado aos hábitos adotados ao longo da vida de modo que, após instaladas, são

DCNT que exigem das pessoas ressignificações e adaptações durante toda a vida (Bankoff,

Arruda, Bispo, & Rodrigues, 2017). Na perspectiva de atender esta crescente demanda da

população o Ministério da Saúde implantou, a partir de 2001, o Sistema de Cadastramento e

Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos (Hiperdia) (Brasil, 2004).

O Hiperdia se constitui como uma estratégia de acompanhamento de usuários com HAS

e/ou DM e tem como objetivos vincular o indivíduo à Unidade Básica de Saúde (UBS) e à

Equipe de Saúde da Família (ESF) de sua referência, oferecer uma assistência contínua e de

qualidade e fornecer medicamentos de maneira regular. O programa visa, também, implementar

modelos de atenção à saúde que incorporem diversas estratégias, coletivas ou individuais, para

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16

melhorar a qualidade de vida dos portadores de HAS e/ou DM e incentivar a conscientização

sobre a saúde (Brasil, 2006).

As ações de educação em saúde realizadas pelo grupo Hiperdia visam orientar os usuários

sobre os hábitos cotidianos que podem influenciar na saúde. Assim, estas ações constituem-se

como essenciais já que a forma mais eficaz de prevenir e tratar as DCNT é através da manutenção

de um estilo de vida saudável (Maggi, Oliveira, Alves, Ronsani, & Farias, 2013). Quando já

instaladas as DCNT afetam significativamente o bem-estar e os hábitos das pessoas sendo que

este impacto é sentido, sobretudo em idosos, exigindo um grande esforço adaptativo e a adoção

de um estilo de vida saudável para muitos daqueles que nunca o tiveram até então (Murakami et

al., 2014).

Quando os idosos adotam um estilo de vida mais saudável estão agindo diretamente sobre

a qualidade de vida na velhice uma vez que, de acordo com Portes (2011), a qualidade de vida

engloba o bem-estar físico, mental e psicológico enquanto que o estilo de vida se refere a um

conjunto de hábitos e costumes, influenciados pelo meio, e capazes de proporcionar maior bem-

estar. Conforme salienta Nahas (2010), o estilo de vida vai representar, então, o conjunto de

ações cotidianas que reflete as atitudes, valores e oportunidades das pessoas como aspectos

fundamentais na promoção da saúde.

Assim, o estilo de vida está profundamente ligado com a forma com que cada sujeito vai

envelhecer, pois, à medida que a expectativa de vida das pessoas vem aumentando, observa-se a

existência de uma relação entre os declínios que ocorrem na velhice com o estilo de vida, hábitos

e comportamentos que foram adotados durante toda a vida (Faller, Teston, & Marcon, 2015).

Portanto, verifica-se que o estilo de vida vai influenciar a saúde na velhice, a predisposição para

desenvolver DCNT e a adaptação e tratamento destas doenças nos idosos (Souza, Porto, Souza, &

Silva, 2016).

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De acordo com Pilger, Menon e Mathias (2013) a população idosa já é uma das grandes

parcelas de usuários dos serviços de saúde, principalmente os serviços públicos, justamente em

razão do aumento da prevalência de DCNT. Contudo, existem poucos estudos realizados no

grupo Hiperdia que avaliem o estilo de vida dos idosos e que busquem compreender quais fatores

socioeconômicos e condições de saúde podem estar relacionados com a incidência ou adaptação

às DCNT.

Deste modo, este estudo tem como objetivo conhecer o estilo de vida dos idosos usuários

do grupo Hiperdia e, avaliar quais fatores socioeconômicos e de saúde se relacionam com os

hábitos cotidianos. Este estudo busca também, compreender a relação entre a participação no

grupo Hiperdia e o estilo de vida adotado pelos idosos.

MÉTODO

Participantes

Trata-se de um estudo quantitativo, censitário e de corte transversal. Assim, foram

convidados a participar do estudo todos os idosos usuários do grupo Hiperdia realizado na UBS

Dona Aparecida Conceição Ferreira localizada em Uberaba-MG. Os critérios de inclusão foram:

1) ter idade igual ou superior a 60 anos; 2) ter diagnóstico e utilizar medicação para HAS e/ou

DM; 3) frequentar o grupo Hiperdia na UBS onde a pesquisa foi realizada; 4) Concordar em

participar da pesquisa, e autorizar a participação, por meio da assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE); 5) Ter as funções cognitivas minimamente

preservadas para participar da pesquisa sem interferência de transtornos cognitivos que pudessem

comprometer os dados, obtendo um escore mínimo baseado na avaliação do Mini-Exame do

Estado Mental (MEEM).

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Sendo um estudo censitário a amostra foi composta pelo maior número possível de

participantes usuários do grupo Hiperdia, que preencheram os critérios de inclusão, puderam ser

acessados no momento da coleta de dados e tiveram interesse em participar da pesquisa. Deste

modo, a amostra caracteriza-se como não probabilística, com seleção determinada por grupo,

onde não é pertinente o uso de métodos estatísticos utilizados para determinar o tamanho da

mesma (Marotti et al., 2008). Participaram do estudo, então, 43 idosos, porém seis não obtiveram

o escore mínimo desejável no MEEM de modo que o estudo final foi composto por 37 idosos.

Instrumentos

Foram utilizados os seguintes instrumentos para a coleta de dados:

a) Questionário Sociodemográfico e de Condições de Saúde (Apêndice 1)

O questionário em questão foi desenvolvido pela pesquisadora com o objetivo de

conhecer os participantes no que se refere ao perfil de cada um, condições de saúde, sociais, de

habitação e também a relação do participante com o grupo Hiperdia. De acordo com Stake (2011)

o uso de questionários em pesquisa tem o objetivo de fazer as perguntas exatamente da mesma

forma para os entrevistados para compará-las, analisá-las e conhecer o perfil dos participantes.

b) Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) (Anexo 1)

O instrumento teve caráter eliminatório tendo o objetivo de avaliar de forma rápida e

objetiva as funções cognitivas dos respondentes, abrangendo vários domínios: orientação

espacial, temporal, memória imediata e de evocação, cálculo, linguagem-nomeação, repetição,

compreensão, escrita e cópia de desenho. A avaliação compreende 30 questões, sendo os maiores

valores indicativos de melhor desempenho cognitivo, e tem os escores baseados na escolaridade

do indivíduo: de 13 a 17 pontos para analfabetos; 18 a 25 pontos para um a oito anos de estudo e

acima de 26 pontos para mais de oito anos de estudo (Folstein, Folstein, & McHugh, 1975).

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19

c) Pentáculo do Bem Estar (Anexo 2)

Trata-se de um instrumento de base conceitual para avaliação do estilo de vida de

indivíduos ou grupos. De acordo com, Nahas (2010), o estilo de vida que afeta, também, a

qualidade de vida pode ser sustentado em cinco bases: nutrição, estresse, atividade física,

relacionamento social e comportamento preventivo.

Segundo Nahas (2010), uma boa alimentação influencia positivamente na longevidade do

ser humano e na manutenção da saúde. O estresse é decorrente do estilo de vida e da forma que

enfrentamos as adversidades. A atividade física, regular e moderada, pode retardar declínios

funcionais e diminuir o aparecimento de doenças crônicas em idosos saudáveis ou doentes

crônicos, além de melhorar a aptidão física e prevenir ou auxiliar no tratamento de diversas

doenças. Já os relacionamentos sociais são fundamentais na busca do bem-estar, e os

comportamentos preventivos referem-se aos elementos do comportamento relacionados à saúde e

segurança.

O questionário é composto por 15 perguntas, divididas em três perguntas para cada

componente, e enumeradas de zero a três. Assim, zero representa ausência total de tal aspecto no

estilo de vida, e três a completa realização do comportamento em questão (Nahas, 2010).

Procedimentos

Após assinada a carta de aceite pela Secretária Municipal de Saúde de Uberaba - MG

autorizando a pesquisa na UBS, o projeto de pesquisa foi encaminhado ao Comitê de Ética em

Pesquisa da UFTM (parecer nº 2.002.357) e tendo sido aprovado foi dado início a coleta de

dados. Foram realizadas doze visitas na UBS, em horários diferentes, objetivando visitar quatro

vezes o mesmo grupo Hiperdia e, assim, poder acessar o maior número possível de idosos.

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20

Os idosos foram convidados a participar da pesquisa e estando de acordo com o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) era solicitado a assinatura do participante. Em

seguida o participante era convidado a responder os instrumentos de coleta de dados e, apesar de

todos os questionários serem autoaplicáveis, todos os participantes preferiram receber ajuda para

responder os mesmos.

Análise de dados

Os resultados do Pentáculo do Bem Estar foram tabulados a partir da média dos valores

de todas as perguntas e o estilo de vida dos participantes foi classificado em positivo (média entre

2 e 3 pontos), regular (entre 1 e 1,99 pontos) e negativo (inferior a 1 ponto). Assim, os dados

deste instrumento e também do Questionário Sociodemográfico e de Condições de Saúde foram

digitados, tabulados e consolidados no programa Microsoft Excel®, por dupla entrada e

digitadores independentes para minimizar falhas na entrada dos dados.

O banco de dados foi importado para o programa Software Statistical Package for Social

Scienses (SPSS) versão 22.0 sendo realizada a estatística descritiva através de frequência, média

e desvio padrão, a análise bivariada através do Teste t para amostras independentes e a análise

multivariada através da regressão linear múltipla com nível de significância p<0,05 para todos os

testes. Os preditores incluídos na análise multivariada foram selecionados de acordo com a

literatura e resultados significativos na análise bivariada.

RESULTADOS

Os dados mostram que a maioria da amostra foi composta por pessoas do sexo feminino

(70,3%) e com idade até 79 anos (73,0%). A maior parte dos participantes é aposentada (51,4%),

possui ensino fundamental incompleto (78,4%), possui companheiro (59,5%), reside em casa

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própria (81,1%), mora acompanhada (73,0%), possui renda de até um salário mínimo (48,6%) ou

entre um e três salários mínimos (48,6%), possui os dois diagnósticos (HAS e DM) (48,6%), faz

uso de polifarmácia (51,4%), participa das atividades de educação em saúde (78,4%) e acredita

que o grupo Hiperdia interferiu no seu estilo de vida (70,3%) (Tabela 1).

Tabela 1- Características sociodemográficas e de saúde dos idosos. Uberaba, 2018.

N %

Sexo

Masculino 11 29,7

Feminino 26 70,3

Idade

60 a 79 anos 27 73,0

80 anos ou mais 10 27,0

Ocupação

Aposentado 19 51,4

Assalariado 11 29,7

Do lar 7 18,9

Escolaridade

Não estudou 3 8,1

Ensino Fundamental Incompleto 29 78,4

Ensino Fundamental Completo 0 0

Ensino Médio Incompleto 1 2,7

Ensino Médio Completo 3 8,1

Ensino Superior Incompleto 1 2,7

Ensino Superior Completo 0 0

Possui companheiro?

Sim 22 59,5

Não 15 40,5

Possui casa própria?

Sim 30 81,1

Não 7 18,9

Mora sozinho?

Sim 10 27,0

Não 27 73,0

Renda mensal

Até 1 SM 18 48,6

Entre 1 a 3 SM 18 48,6

Entre 4 a 6 SM 1 2,7

Possui HAS e/ou DM?

HAS 11 29,7

DM 8 21,6

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Ambas 18 48,6

Polifarmácia?

Sim 19 51,4

Não 18 48,6

Participa das atividades de educação em saúde?

Sim 29 78,4

Não 8 21,6

O grupo de Hiperdia interferiu no seu estilo de vida?

Sim 26 70,3

Não 11 29,7

Dos cinco domínios estudados através do instrumento Pentáculo do Bem Estar, nutrição

(média=1,97) e atividade física (média=1,68) apresentam média entre 1 a 1,99 o que caracteriza o

estilo de vida nos domínios como regular. Já os domínios comportamento preventivo

(média=2,49), relacionamento social (média=2,0) e controle do estresse (média=2,41) são

caracterizados como positivos de acordo com a média entre 2 e 3 pontos (Tabela 2).

Tabela 2 – Pontuação média dos idosos nos domínios relacionados ao estilo de vida. Uberaba,

2018.

Média Desvio padrão

Nutrição 1,97 0,60

Atividade física 1,68 0,91

Comportamento preventivo 2,49 0,61

Relacionamento social 2,00 0,71

Controle do estresse 2,41 0,80

Geral 2,14 0,53

As condições sociodemográficas e de saúde que demonstraram possuir resultados

estatisticamente significativos com algum dos cinco domínios estudados referentes ao estilo de

vida foram: possuir casa própria, participar das atividades de educação em saúde e afirmar que o

grupo Hiperdia interferiu no estilo de vida. O fato de possuir casa própria demonstrou estar

relacionado com os domínios de atividade física (p=0,028) e comportamento preventivo

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(p=0,035), embora morar sozinho ou acompanhado de outras pessoas não tenha demonstrado

resultados significativos para nenhum dos domínios. Participar das atividades de educação em

saúde obteve relação com o domínio nutrição (p=0,01) e com o domínio comportamento

preventivo (p=0,014). E, afirmar que o grupo Hiperdia interferiu no estilo de vida também foi

significativo para os domínios nutrição (p=0,003) e comportamento preventivo (p=0,001)

demonstrando neste último uma forte relação (Tabela 3).

Tabela 3 – Relação das variáveis sociodemográficas e condições de saúde com os domínios

vinculados ao bem estar. Uberaba, 2018.

Nutrição Atividade física Comportamento

preventivo

Relacionamento

social

Controle do

estresse

ẋ DP P ẋ DP P ẋ DP P ẋ DP P ẋ DP P

Sexo

0,74

0,31

0,70

0,61

0,16

Masculino 1,91 0,83

1,91 0,83

2,55 0,52

2,09 0,70

2,64 0,50

Feminino 2,00 0,49

1,58 0,94

2,46 0,64

1,96 0,72

2,31 0,88

Idade

0,29

0,92

0,49

1,00

0,63

60 a 79 anos 2,04 0,58

1,67 1,00

2,44 0,64

2,00 0,73

2,44 0,75

80 anos/mais 1,80 0,63

1,7 0,67

2,60 0,51

2,00 0,66

2,30 0,94

Ocupação

0,17

0,82

0,83

0,12

0,83

Aposentado / dona

de casa 1,88 0,65

1,65 0,97

2,50 0,58

1,88 0,71

2,42 0,80

Assalariado 2,18 0,40

1,73 0,78

2,45 0,68

2,27 0,64

2,36 0,80

Escolaridade

0,37

0,74

0,73

0,17

0,54

Até Ens. Fund.

Incomp.

A partir Ens. Méd.

Comp.

1,94

2,20

0,16

0,44

1,66

1,80

0,93

0,83

2,50

2,40

0,62

0,54

1,94

2,40

0,71

0,54

2,44

2,20

0,80

0,83

Companheiro?

0,44

0,25

0,87

0,64

0,97

Sim 1,91 0,61

1,82 0,95

2,50 0,51

2,05 0,72

2,41 0,90

Não 2,07 0,59

1,47 0,83

2,47 0,74

1,93 0,70

2,40 0,63

Casa própria?

0,21

0,028

0,035

0,24

0,13

Sim 2,03 0,61

1,83 0,83

2,60 0,56

2,07 0,69

2,50 0,77

Não 1,71 0,48

1,00 1,00

2,00 0,57

1,71 0,75

2,00 0,81

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Mora sozinho?

0,87

0,48

0,49

0,60

0,66

Sim 2,00 0,66

1,50 0,85

2,60 0,69

1,90 0,73

2,50 0,52

Não 1,96 0,58

1,74 0,94

2,44 0,57

2,04 0,70

2,37 0,88

Renda

0,83

0,46

0,39

0,15

0,45

Até 3 salários

mínimos 1,94 0,58

1,69 0,92

2,47 0,60

1,97 0,69

2,39 0,80

4 salários

mínimos/mais 3,00 .

1,00 .

3,00 .

3,00 .

3,00 .

HAS/DM

0,78

0,68

0,89

0,36

0,35

HAS ou DM 2,00 0,66

1,74 0,87

2,47 0,61

2,11 0,56

2,53 0,84

HAS e DM 1,94 0,53

1,61 0,97

2,50 0,61

1,89 0,83

2,28 0,75

Polifarmácia?

0,42

0,95

0,08

0,16

0,90

Sim 1,89 0,65

1,68 0,88

2,32 0,58

2,16 0,76

2,42 0,90

Não 2,06 0,53

1,67 0,97

2,67 0,59

1,83 0,61

2,39 0,69

Participa da

educação em

saúde?

0,01

0,30

0,014

0,26

0,38

Sim 2,10 0,55

1,76 0,87

2,59 0,62

2,07 0,70

2,34 0,81

Não 1,50 0,53

1,38 1,06

2,13 0,35

1,75 0,70

2,63 0,74

Hiperdia

interferiu no

estilo de vida?

0,003

0,34

0,001

1,00

0,37

Sim 2,15 0,54

1,77 0,90

2,69 0,54

2,00 0,69

2,50 0,64

Não 1,55 0,52 1,45 0,93 2,00 0,44 2,00 0,77 2,18 1,07

Fazer uso de polifarmácia, o uso de cinco ou mais medicações ao dia, não demonstrou ser

estatisticamente significativo para nenhum domínio. Contudo, demonstra ser uma variável que

clinicamente não pode ser ignorada uma vez que ficou próxima de se associar com

comportamento preventivo (p=0,078).

Já em relação à análise multivariada dos dados foram considerados os seguintes preditores

em saúde: possuir casa própria, participar das ações de educação em saúde e a interferência do

grupo Hiperdia no estilo de vida. Possuir casa própria se manteve significativo no domínio

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atividade física (p=0,046) com relação moderada (β=0,34). Já no domínio comportamento

preventivo todos os preditores foram significativos: possuir casa própria (p=0,006 e β=0,39 com

relação moderada), participar das ações de educação em saúde (p=0,044 e β=0,47 com relação

moderada), e afirmar que o grupo Hiperdia interferiu no estilo de vida (p < 0,001 e β=0,85 com

relação forte). No domínio controle de estresse mais uma vez todos os preditores demonstraram

ser significativos: possuir casa própria (p=0,013 e β=0,36 com relação moderada), participar das

ações de educação em saúde (p<0,001 e β=0,99 com relação forte) e afirmar que o grupo

Hiperdia interferiu no estilo de vida (p< 0,001 e β=0,93 com relação forte) (Tabela 4).

Tabela 4 - Relação dos preditores em saúde com os domínios vinculados ao bem estar. Uberaba,

2018.

Nutrição Atividade

Física

Comportamento

preventivo

Relacionamento

social

Controle do

estresse

Exp

(β) P

Exp

(β) P Exp (β) P Exp (β) P

Exp

(β) P

Possuir casa

própria 0,14 0,37 0,34 0,046 0,39 0,006 0,13 0,43 0,36 0,013

Participar da

educação em

saúde

0,06 0,82 0,004 0,99 0,47 0,044 0,48 0,096 0,99 < 0,001

Hiperdia

interferindo no

estilo de vida

0,4 0,13 0,11 0,68 0,85 < 0,001 0,41 0,14 0,93 < 0,001

DISCUSSÃO

A diferença de gênero não foi apontada como significativa em nenhum dos domínios

estudados, contudo, o Brasil e o mundo vivem um processo de feminização da velhice de modo

que o número de mulheres idosas é maior que o de homens idosos, além da procura por serviços

de saúde ser mais comum pela parte das mulheres (Silva & Menandro, 2014). Segundo Neri

(2001) as mulheres possuem um envelhecimento diferenciado em relação aos homens idosos no

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qual, dentre outros aspectos, destaca-se o maior acesso aos recursos sociais e de saúde. Neste

estudo, apenas 11 participantes da amostra são do sexo masculino representando menos de 30%

do total.

Destaca-se também que, de acordo com a proposta do estudo, todos os participantes

possuem no mínimo uma DCNT (HAS ou DM), contudo, ter um destes diagnósticos ou os dois

existindo concomitantemente não obteve diferenças significativas nos resultados. Este fato pode

significar que conviver com apenas uma DCNT já gera diferenças no bem estar e estilo de vida

ou mesmo que aqueles que possuem uma destas doenças já se cuidam e se despertam para o

cuidado antes que surjam outras doenças. Conforme apontado por Machado, Gomes, Freitas,

Brito e Moreira (2017), as DCNT estão se tornando muito comuns na população idosa mostrando

a necessidade de implantar serviços voltados para estas doenças, com foco na manutenção da

máxima capacidade funcional e pelo maior tempo possível, valorizando a autonomia durante a

velhice.

O desenvolvimento de medidas de prevenção e controle dos fatores de riscos são

alternativas essenciais para o controle e redução do desenvolvimento das DCNT, podendo

diminuir as complicações advindas destas doenças (Contessoto & Prati, 2017). Portanto, verifica-

se a associação entre polifarmácia e comportamento preventivo que, apesar de não ser

estatisticamente significativa neste estudo, é uma variável clínica que deve ser destacada. Assim,

o resultado demonstra que o comportamento preventivo pode evitar uma série de adversidades

provocadas pelas DCNT evitando também, consequentemente, o aumento do uso de medicações

diárias.

A condição de possuir casa própria demonstrou relação com diversos domínios: atividade

física, comportamento preventivo e controle do estresse. Possuir casa própria se relaciona com

menos gastos em relação à moradia, e também, com uma melhor condição socioeconômica.

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27

Portanto, os participantes que possuem esta melhor condição financeira ou de bem estar, em

detrimento de um nível socioeconômico melhor, demonstram que podem manter um melhor

controle do estresse, ter mais condição de adotar comportamentos preventivos e maior

disponibilidade ou recursos para a prática da atividade física, salientando a importância dos

determinantes sociais na qualidade de vida (Souza et al., 2016).

Hirvensalo e Lintunem (2011) apontam que medida que aumenta a idade cronológica as

pessoas tendem a se tornar menos ativas fisicamente. Contudo, conforme salienta Contessoto e

Prati (2017), a inatividade física está relacionada também com baixos níveis socioeconômicos

assim como, de acordo com Souza et al. (2016), comportamento preventivo e controle do estresse

também são práticas condicionadas por fatores socioeconômicos e ambientais.

Participar das atividades de educação em saúde demonstrou associação com os domínios

de nutrição, comportamento preventivo e controle do estresse sendo que, neste último, a

associação foi bastante significativa. De acordo com Santos e Paschoal (2017) as práticas de

educação em saúde visam proporcionar conhecimento à comunidade, produzindo reflexão e

criatividade, de modo que tanto os profissionais da saúde como o paciente possam aprender. As

atividades de educação em saúde buscam não ser impositivas, mas ao contrário, propor

alternativas para que o paciente possa se cuidar melhor, se empoderar, para se equipar de saberes

novos e necessários dentro da sua realidade (Santos & Paschoal, 2017).

Portanto, através das atividades de educação em saúde, o usuário do grupo é capaz de

despertar para o autocuidado e conscientização em relação à própria saúde. Este despertar é o que

dá sentido à associação encontrada uma vez que, gerando maior bem estar e informação ao

paciente, este com certeza poderá melhorar seu estilo de vida no que diz respeito aos padrões de

alimentação, comportamento preventivo e melhor controle do estresse, além de diversos outros

fatores relacionados ao bem estar.

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Os idosos usuários do grupo Hiperdia avaliaram a interferência do grupo Hiperdia no

estilo de vida como significativo nos domínios de nutrição, comportamento preventivo e controle

do estresse, sendo que nos dois últimos domínios a associação foi fortemente significativa.

Assim, pode-se inferir que nesta UBS o grupo Hiperdia vem conseguindo realizar parte dos seus

objetivos uma vez que visa, além da facilidade de acesso ao diagnóstico e distribuição da

medicação, o despertar para o autocuidado e para a manutenção de um estilo de vida saudável.

Deste modo, o grupo Hiperdia influencia consequentemente, na qualidade da alimentação,

comportamento preventivo principalmente em relação às DCNT e controle do estresse para

melhor contenção dos agravos advindos das doenças.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados mostram que o estilo de vida dos idosos usuários do grupo Hiperdia se

classifica entre regular e positivo, sendo a média geral positiva. Apesar dos resultados regulares

em alguns domínios, os idosos demonstram se preocuparem com todos os fatores relacionados ao

estilo de vida e se interessarem em receber orientações que possam auxilia-los nesse sentido.

O fato dos idosos relacionarem as atividades de educação em saúde e a interferência do

grupo Hiperdia com importantes domínios do estilo de vida saudável demonstra que o bem estar

destes idosos é influenciado pela participação nos grupos. Este dado salienta a importância das

ações de educação em saúde e do desenvolvimento de estratégias para trabalhar a promoção do

estilo de vida saudável ao longo da vida, e não apenas durante a velhice. Além disso, a

manutenção do estilo de vida saudável deve ser trabalhada em outros grupos de educação em

saúde para que as DCNT possam ser monitoradas, controladas ou mesmo evitadas.

Este é um estudo com limitações uma vez que foi realizado com uma amostra reduzida e

específica de uma UBS. Contudo, os resultados podem fornecer uma importante visualização dos

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efeitos do trabalho realizado pelo grupo Hiperdia a fim de proporcionar material para contribuir

significativamente com os grupos, além de elucidar dados importantes sobre a realidade destes

idosos para auxiliar na melhor formatação das atividades desenvolvidas. Ressalta-se a

importância de novos estudos, com populações maiores, ou que utilizem outros instrumentos na

mensuração do bem estar para colaborar ainda mais com o desenvolvimento de estratégias de

promoção e cuidados com a saúde.

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ESTUDO 2

Percepções do envelhecimento de idosos usuários do grupo Hiperdia1

Perceptions about ageing of elderly users of the Hiperdia group

Percepciones del envejecimiento de ancianos usuarios del grupo Hiperdia

Resumo

Este é um estudo qualitativo com objetivo de compreender as percepções do envelhecimento de

idosos usuários do grupo Hiperdia, sendo realizado em 2017 em uma Unidade Básica de Saúde

localizada em Uberaba-MG. Foi realizado um grupo focal, audiogravado, e com análise de

conteúdo temática. O grupo foi composto por quatro idosos diagnosticados com hipertensão

arterial sistêmica e diabetes mellitus e os resultados foram agrupados em quatro categorias: idade

cronológica x idade percebida; aspectos negativos x aspectos positivos do envelhecimento; estilo

de vida como estratégia de enfrentamento; e, uma nova geração de idosos. Apesar das

dificuldades vivenciadas devido às doenças, os participantes demonstram compreender uma

dinâmica singular do envelhecimento, trazendo relatos sobre limitações e perdas, mas também,

sobre possibilidades. O grupo demonstra que as doenças interferem no seu estilo de vida e na

forma como envelhecem, mas não abarcam toda a compreensão que têm sobre o envelhecimento,

uma vez que elas não são limitadoras o suficiente para que se vejam sem perspectivas de vida na

velhice.

Palavras-chave: Envelhecimento; Estilo de vida; Idoso; Percepção.

1 Autores: Vitória de Ávila Santos; Álvaro da Silva Santos. Artigo submetido ao periódico Arquivos

Brasileiros de Psicologia e aguardando decisão editorial.

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Abstract

This is a qualitative study aiming to understand the perceptions about ageing of elderly users of

the Hiperdia group. It was carried out in 2017 in a Basic Health Unit located in Uberaba-MG. A

focus group, audio recorded, and with thematic content analysis was conducted. The group

consisted of four elderly patients diagnosed with systemic arterial hypertension and diabetes

mellitus, and the results were grouped into four categories: chronological age x perceived age;

negative aspects x positive aspects of ageing; lifestyle as a coping strategy; and a new generation

of elderly people. Despite the difficulties experienced due to the diseases, the participants

demonstrate understanding a unique dynamics of ageing, reporting on limitations and losses, but

also on possibilities. The group demonstrates that diseases interfere with their lifestyle and the

way they get older, but they do not encompass all their understanding of ageing, since the

diseases are not limiting enough to make them look life in old age without prospects.

Key-words: Aging; Life Style; Aged; Perception.

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Resumen

Este es un estudio cualitativo con el objetivo de comprender las percepciones del envejecimiento

de ancianos usuarios del grupo Hiperdia, realizado en 2017 en una Unidad Básica de Salud

ubicada en Uberaba-MG. Se realizó un grupo focal, audiograbado, y con análisis de contenido

temático. El grupo fue compuesto por cuatro ancianos diagnosticados con hipertensión arterial

sistémica y diabetes mellitus, y los resultados fueron agrupados en cuatro categorías: edad

cronológica x edad percibida; aspectos negativos x aspectos positivos del envejecimiento; estilo

de vida como estrategia de enfrentamiento; y una nueva generación de ancianos. A pesar de las

dificultades vividas debido a las enfermedades los participantes demuestran comprender una

dinámica singular del envejecimiento, trayendo relatos sobre limitaciones y pérdidas, pero

también sobre posibilidades. El grupo demuestra que las enfermedades interfieren en su estilo de

vida y en la forma en que envejecen, pero no abarcan toda la comprensión que tienen sobre el

envejecimiento, ya que no son limitadoras lo suficiente para que se vean sin perspectivas de vida

en la vejez.

Descriptores: Envejecimiento; Estilo de Vida; Anciano; Percepción.

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INTRODUÇÃO

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são doenças multifatoriais, se

desenvolvem no decorrer da vida e tem longa duração compondo, por isso, um grande desafio de

Saúde Pública (Silva, 2016). Segundo Silva, Silva, Rodrigues e Miyazawa (2015), estas

patologias podem originar sérios graus de incapacidade que afetam os hábitos de vida e bem estar

das pessoas, além de ser uma das maiores causas de morbidade e mortalidade no Brasil.

A maior parcela de pessoas portadoras de DCNT são os idosos, o que configura uma

questão ainda mais grave, uma vez que a população idosa aumenta de forma repentina e

progressiva em todo o mundo, crescendo mais rápido que a população de qualquer outra faixa

etária (Silva et al., 2015). Segundo Marcelliet al. (2017), os maiores gastos dos idosos com a

saúde são justamente relacionados com o tratamento das DCNT.

Devido a isso, Neumann, Conde, Lemos e Moreira (2014) apontam para a importância de

conhecer a relação entre envelhecimento e DCNT, além de formas de prevenção e vivência destas

patologias com o intuito de garantir maior qualidade de vida aos idosos. Dentre as diversas

DCNT é grande a incidência da hipertensão arterial sistêmica (HAS) e do diabetes mellitus (DM)

que configuram importantes problemas de saúde coletiva no Brasil devido as suas elevadas

prevalências e complicações agudas e crônicas (Gerhardt, Borghi, Fernandes, Mathias, &

Carreira, 2016).

O DM acomete mais de 382 milhões de pessoas no mundo, sendo que, 11,9 milhões

destas pessoas são brasileiras e a maior taxa de incidência é em pessoas maiores de 65 anos

configurando, assim, o DM como uma das DCNT mais comuns nos idosos (Costa, Rosales,

Ávila, Pelzer, & Lange, 2017). Contudo, liderando a incidência de DCNT na população, está a

HAS com prevalência de mais de 50% para indivíduos com 60 a 69 anos e 75% em indivíduos

com mais de 70 anos (Gerhardt et al., 2016). Assim, a HAS preocupa os serviços de saúde uma

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vez que nem sempre é diagnosticada, além de apresentar um tratamento de custo elevado para o

sistema público de saúde (Mendes, Moraes, & Gomes, 2014).

Por isso, foi implantado pelo Ministério da Saúde em 2001, o Sistema de Cadastramento e

Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos (Hiperdia) que se constitui como uma importante

estratégia de Saúde Pública (Brasil, 2006). O Hiperdia tem o objetivo de facilitar o

acompanhamento e distribuição de medicação para portadores de HAS e/ou DM, além de

promover modelos de atenção à saúde que possam despertar nos usuários o autocuidado e maior

conscientização sobre o tratamento das doenças (Brasil, 2006).

O Hiperdia busca, portanto, possibilitar não só o tratamento como também a prevenção de

complicações relacionadas às DCNT, conscientizando os usuários da importância de uma

conduta proativa em relação à própria saúde (Brasil, 2006). De acordo com Maggi, Oliveira,

Alves, Ronsani e Farias (2013), a forma mais eficaz de prevenir e tratar as DCNT é através da

adoção e manutenção de um estilo de vida saudável justificando, assim, a importância das

atividades de educação em saúde que são realizadas pelo grupo Hiperdia.

O estilo de vida é definido por Nahas (2010) como um conjunto de ações cotidianas que

reflete as atitudes, valores e oportunidades das pessoas como aspectos fundamentais na promoção

da saúde, possuindo sua base sustentada em cinco fatores: nutrição, atividade física, controle do

estresse, comportamento preventivo e relacionamentos sociais. Contudo, apesar da população

idosa compor uma das maiores parcelas de utilização dos serviços públicos de saúde, em especial

devido à prevalência de DCNT, existe uma grande dificuldade de adaptação dos idosos às

limitações impostas por estas doenças que exigem, muitas vezes, a mudança do estilo de vida e

hábitos diferentes daqueles que levaram durante tantos anos (Murakami et al., 2014).

Assim, considerando as dificuldades adaptativas que podem surgir com o envelhecimento

e o fato da prevalência de DCNT crescer juntamente com o aumento da população idosa,

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sugerindo que no futuro haverá muitas pessoas idosas e portadoras de DCNT, torna-se importante

conhecer como os idosos que frequentam o grupo Hiperdia percebem o envelhecimento e se

relacionam com as limitações impostas por estas doenças. A população de idosos do grupo

Hiperdia possui o diferencial de ter pelo menos uma DCNT e, muitas vezes, HAS e DM existindo

concomitantemente, o que torna esta população alvo de diversas intervenções dos serviços de

saúde.

Deste modo, esta pesquisa deriva de um primeiro estudo que buscou avaliar o estilo de

vida de idosos usuários do grupo Hiperdia na Unidade Básica de Saúde (UBS) Dona Aparecida

Conceição Ferreira localizada na cidade de Uberaba-MG. Além da avaliação do estilo de vida dos

idosos considerou-se necessário conhecer o que estes participantes pensam acerca do próprio

envelhecimento e da velhice em geral.

Por isso, verificou-se a importância de conhecer como estes idosos se veem diante do

envelhecimento apesar das DCNT, como projetam suas vidas a partir das limitações impostas por

estas doenças e se a forma como percebem o envelhecimento pode ser relacionada com o estilo

de vida que buscam adotar. Assim, este estudo teve como objetivo compreender as percepções do

envelhecimento de idosos usuários do grupo Hiperdia.

MÉTODO

Participantes

Trata-se de um estudo exploratório, de corte transversal, abordagem qualitativa e

amostragem por conveniência. Foram convidados a participar do estudo os idosos usuários do

grupo Hiperdia da UBS selecionada para coleta de dados e os critérios de inclusão para participar

foram: 1) ter idade igual ou superior a 60 anos; 2) ter diagnóstico e utilizar medicação para HAS

e/ou DM; 3) frequentar o grupo Hiperdia na UBS selecionada para coleta de dados; 4) ter

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participado da pesquisa feita previamente sobre o estilo de vida dos idosos usuários do grupo

Hiperdia.

Os idosos foram contatados a partir dos dados preenchidos nos questionários aplicados

anteriormente, no estudo realizado sobre estilo de vida e foram, então, convidados a compor o

presente estudo. Deste modo, houve o contato por telefone com todos os 37 idosos participantes

do primeiro estudo, porém, dos idosos contatados 11 aceitaram participar do estudo e quatro

compareceram na data agendada.

Coleta de dados

A coleta de dados foi feita através da realização de um grupo focal, uma técnica derivada

de entrevistas grupais, que busca possibilitar a interação grupal para a produção de dados por

meio de depoimentos que relatem percepções individuais e/ou coletivas em torno de um tema de

interesse coletivo (Busanello et al., 2013). De acordo com Kind (2004) os grupos são espaços de

intersubjetividade de modo que se trata de uma técnica indicada para compreender e investigar de

forma profunda, e mesmo individual, as motivações, percepções, desejos e estilos de vida dos

participantes.

Segundo Barbour (2009), uma situação de grupo pode estimular o participante e conduzi-

lo a um maior envolvimento com o tema proposto. De acordo com a autora, os serviços de saúde

são os mais beneficiados com a utilização de grupos focais, uma vez que estes podem fornecer

insights das experiências de pessoas, com diferentes diagnósticos de doenças crônicas, por meio

da participação em grupo, no qual é possível a identificação dos participantes uns com os outros.

O fato destas pessoas já constituírem um grupo, como no caso do Hiperdia, pode significar que as

percepções são compartilhadas entre elas e podem vir à tona com maior facilidade na convivência

das mesmas (Barbour, 2009).

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Em relação à condução do grupo, Barbour (2009) afirma que não existe um jeito certo ou

errado de se fazer pesquisa com grupos focais e o pesquisador é livre para adaptar e combinar

quaisquer abordagens que deseje. Contudo, a média de participantes sugerida por alguns autores é

de no mínimo quatro e no máximo 15 participantes, além da presença do moderador (Trad,

2009).

Procedimentos

O presente estudo deriva de uma pesquisa maior com a primeira etapa já realizada

anteriormente e, por isso, já contava com aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa da UFTM

(parecer nº 2.002.357) e assinatura dos participantes no Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE). Através das fichas preenchidas pelos participantes do primeiro estudo, foi

feito o contato por telefone com 37 idosos. Neste contato, os idosos foram convidados para o

grupo focal e informados de que o mesmo seria realizado na UBS.

Alguns idosos manifestaram o desejo de não participar do grupo ou mesmo a

indisponibilidade para a data agendada. Deste modo, 11 idosos confirmaram presença compondo

previamente um único grupo focal e não necessitando da montagem de outros grupos. Contudo,

na data agendada compareceram apenas quatro idosos que integraram o grupo focal. O tema de

discussão do grupo foi a percepção do envelhecimento através da pergunta disparadora “Como

vocês veem o processo de envelhecimento?”. Esteve presente a pesquisadora, na função de

moderadora do grupo, e um observador externo. O grupo teve duração de uma hora e 30 minutos

sendo o material audiogravado, com a autorização dos participantes, e posteriormente transcrito.

Os nomes dos participantes foram substituídos por nomes fictícios para garantir o sigilo ético.

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Análise de dados

A análise de dados foi feita a partir da Análise de Conteúdo Temática descrita por Turato

(2013), como uma técnica que procura nas expressões verbais ou textuais os temas gerais

recorrentes em vários conteúdos, com vistas a formar categorias que constituem o corpus.

Segundo Silva e Assis (2010), a utilização de grupos focais e análise de conteúdo como

estratégias metodológicas na pesquisa qualitativa podem contribuir muito na coleta e análise de

dados auxiliando na compreensão científica de fenômenos acerca da vida e de condições adversas

que podem surgir no decorrer dela.

A Análise de Conteúdo Temática foi feita em cinco etapas mencionadas por Turato (2013)

e assim descritas:

1) Preparação inicial do material: compreende a preparação do material que será analisado.

Neste caso, foi realizada a transcrição do material audiogravado.

2) Pré-análise: realização das leituras flutuantes em busca de encontrar sentidos que nem sempre

foram ditos explicitamente. Nesta etapa foi feita a formulação de algumas hipóteses buscando

elaborar os possíveis indicadores temáticos para posterior interpretação.

3) Categorização e subcategorização: nesta etapa destacam-se os assuntos mais relevantes e/ou

com maior repetição transformando os dados brutos em organizados. Foram identificadas as

palavras-chaves dos parágrafos e trechos destacados e feito um resumo de cada um para realizar

uma primeira categorização. Estes trechos foram agrupados de acordo com a semelhança dos

temas dando origem às categorias iniciais.

4)Validação externa: realização de supervisão com o orientador da investigação ou discussão dos

dados em grupos de pesquisa para validar o que foi encontrado até então. As categorias

formuladas na etapa anterior foram comparadas buscando encontrar semelhanças e diferenças

entre elas formando, então, as categorias que compõe os resultados.

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5) Apresentação dos resultados: realizada de forma descritiva, utilizando trechos das falas,

permitindo melhor visualização dos resultados e, servindo de preparo para a discussão e

interpretação do material. A discussão dos resultados foi feita a partir de autores estudiosos da

temática sobre envelhecimento.

RESULTADOS

O grupo focal foi composto por quatro idosos usuários do grupo Hiperdia que frequentam

o grupo há no mínimo oito meses e no máximo cinco anos. A Tabela 1 retrata as características

dos participantes. Todos os idosos têm os dois diagnósticos (HAS e DM), dois são aposentados e

duas são donas de casa.

Tabela 1- Características dos idosos participantes da pesquisa. Uberaba, 2018.

Identificação Idade Sexo Estado civil Ocupação Diagnóstico

Baltazar 63 Masculino Casado Aposentado HAS/DM

Sandra 67 Feminino Viúva Aposentada HAS/DM

Maria 60 Feminino Viúva Do lar HAS/DM

Helena 60 Feminino Casada Do lar HAS/DM

De acordo com a análise de dados foram obtidas quatro categorias finais que apresentam

as compreensões que os idosos usuários do grupo Hiperdia têm sobre o envelhecimento, são elas:

1) idade cronológica x idade percebida; 2) aspectos negativos x aspectos positivos do

envelhecimento; 3) estilo de vida como estratégia de enfrentamento; e 4) uma nova geração de

idosos.

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Categoria 1 - Idade cronológica x idade percebida

Nesta categoria foi possível identificar diferenças sobre como os idosos compreendem o

próprio envelhecimento. Alguns afirmam que não se consideram idosos e nem se sentem

envelhecidos, enquanto outros, apesar de terem recém-completado 60 anos, já se consideram

idosos e relatam o desgaste do envelhecimento. Deste modo, esta categoria abarca a diferença

entre a idade cronológica e a idade percebida.

Os participantes mais velhos do grupo, são os que falam mais sobre a idade percebida

levando menos em consideração a idade cronológica:

“Eu me acho jovem, você que está falando que eu estou envelhecendo. (...) eu me acho

jovem, eu sou jovem, eu não vou me comparar com velho, nem com novo, eu... eu tenho a minha

autoestima” (Baltazar).

“(...) ai eu procurei não deixar minha cabeça acompanhar minha idade. (...) o corpo pode

ser que não consiga acompanhar, mas eu quero que a cabeça esteja boa” (Sandra).

Já as participantes que recém completaram 60 anos, afirmam já se considerarem idosas,

apontam aspectos negativos do envelhecimento e acreditam que não vão viver muito mais tempo

uma vez que já se sentem envelhecidas:

“Olha, na minha família ninguém vai até os 80. (...) eu acho que eu não vou não, acho

que eu vou só até uns 70... pra mim tá tudo bem, já vivi muito, não esquento muito” (Helena).

“Hoje eu tô com 60 anos e eu acho que eu já sofri demais... (...) eu acho que eu não vou

chegar lá [referência a uma idade mais avançada] de jeito nenhum” (Maria).

Assim, o relato dos participantes demonstra que a idade percebida é mais significativa

para o grupo do que a idade cronológica. As falas do grupo mostram, também, que a percepção

da idade é um processo que sofre influência da auto percepção de saúde, do histórico de vida e do

histórico familiar de cada um.

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Categoria 2 - Aspectos negativos x aspectos positivos do envelhecimento

A categoria em questão abarca as compreensões que o grupo tem sobre o envelhecimento

e que são permeadas pelo conflito entre aspectos negativos e positivos. Em relação aos aspectos

negativos os idosos apontam a decadência física, o acúmulo de frustrações que a idade pode

trazer quando se teve um histórico de vida negativo (doenças, dificuldades financeiras, tragédias

familiares, etc), a possibilidade do desenvolvimento de depressão nesta fase da vida, dificuldades

em relação à memória, medo da dependência, perdas de pessoas queridas e, ainda, as limitações

impostas pelas DCNT que alteram, na velhice, o estilo de vida e hábitos que eram mantidos na

juventude.

Todos os participantes do grupo trazem falas que em algum momento se encaixam em um

dos aspectos negativos destacados. Dois idosos comentam sobre as perdas vivenciadas ao longo

dos anos e que são mais frequentes na velhice:

“Todos nós perdemos, todos nós aqui, mesmo quem casou de novo, é viúvo” (Baltazar).

“Eu não tenho pai, mãe, tenho só uma tia viva, não tenho mais companheiro...” (Sandra).

Em contrapartida, a participante aponta também para a necessidade de seguir em frente

apesar dos lutos e trás essa capacidade como fator essencial de ser desenvolvido durante a

velhice:

“Eu acho que uma coisa que é muito importante também nesse processo é a gente não

ficar remoendo... por exemplo, a tristeza, raiva...” (Sandra).

Por sua vez, outra participante aponta para a dificuldade de encarar a velhice e ter boas

perspectivas de vida quando olha para seu passado:

“Nossa, se vocês soubessem tantos problemas que eu já passei na minha vida...”,“(...)

Acho que é por isso que eu fiquei doente. (...) porque eu casei com 15 anos, com 16 fui mãe, foi

onde eu sofri mais, fiquei longe da minha família, sem pai e sem mãe” (Maria).

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Outro ponto destacado por uma idosa participante é a dificuldade de adaptação às

limitações impostas pelas DCNT uma vez que sente que é impedida de aproveitar bem sua vida e

fazer as coisas que gosta, especialmente em relação à alimentação:

“Eu quero comer carne de porco e não pode, quero comer ovo frito e não faz

bem...”,“(...) Se não pode comer carne de porco, tenho que comer outra carne, mas eu não

gosto! Eu fui criada com carne de porco e agora eu não posso comer!” (Maria).

Já em relação às falas que abrangem os aspectos positivos os temas ressaltados foram: o

lugar importante que se ocupa na família quando se é idoso, as possibilidades vivenciadas após a

aposentadoria, a sabedoria e experiência que são adquiridas com a idade e, principalmente, a

conquista da calma e tranquilidade em relação aos problemas. Dois participantes esclarecem em

suas falas que esta tranquilidade diante da vida foi adquirida apenas com a idade, uma vez que na

juventude a paciência não existe da mesma forma:

“Porque não adianta, a gente chega a conclusão mais ou menos nessa idade que não

adianta eu correr e querer fazer tudo certinho hoje porque vai chegar amanhã de manhã e o que

eu vou fazer?” (Helena).

“E o desgaste que eles [jovens] têm é muito maior... Físico e emocional porque fica

preocupado com o que vai fazer sábado sendo que hoje é segunda. (...) Eu espero chegar no dia

pra ver o que eu vou fazer...” (Baltazar).

Outra participante salienta que a paciência a qual os idosos se referem realmente vem com

o tempo:

“Com certeza a gente fica mais paciente mesmo, isso é muito bom...” (Sandra).

Também é destacada como aspecto positivo em relação ao envelhecimento a possibilidade

de se realizar coisas que não foram possíveis quando jovem, como exemplificado no relato de um

participante se referindo ao momento em que se aposentou:

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“É, eu fiz bem, viajei bastante, conheci bastante lugares que eu queria.” (Baltazar).

Os participantes demonstram em suas falas que alguns tiveram maior facilidade em

elencar os aspectos positivos enquanto outros os aspectos negativos. Contudo, o grupo como um

todo concordou que esses aspectos, tanto positivos como negativos, existem concomitantemente e

que permeiam o processo do envelhecimento.

Categoria 3 - Estilo de vida como estratégia de enfrentamento

Nesta categoria os idosos abarcam o envelhecimento como um momento em que é preciso

encontrar formas para enfrentar as dificuldades impostas pela idade, de modo que isso pode ser

feito através da adoção ou manutenção de um estilo de vida saudável. Assim, os participantes

destacam em suas falas principalmente os fatores relacionados à alimentação, prática de atividade

física e manutenção dos relacionamentos sociais. Alguns demonstram, ainda, a importância do

bom humor, e do peso das escolhas que fazemos ao longo da vida:

“Mas tem gente que abusa da saúde (...) Tem gente que procura envelhecer desse jeito

ruim...”. (Sandra).

“Eu tento comer bem, mas acho que se não fizer exercício a comida fica lá, e não faz bem

pra gente. (...) Dizem que quem aposenta morre, quem tem diabetes morre, e eu ainda tô aqui

[risos]” (Baltazar).

Também é destacada pelos participantes como uma importante estratégia de

enfrentamento no envelhecimento a manutenção dos relacionamentos sociais, sejam eles em

família ou em um grupo diferente:

“Eu acho que o principal é tá bem com a família, isso pra mim é essencial” (Helena).

“Quando a gente se reúne é uma troca de experiência e isso é muito bom” (Maria).

“É bom estar aqui, se a gente tivesse em casa tava fazendo o que? Tava pensando

bobagem...” (Baltazar).

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O grupo demonstra em seus relatos que, apesar da presença das DCNT, é possível utilizar

as estratégias de enfrentamento relacionadas às doenças também como recursos que podem

auxiliar no processo do envelhecimento. Os aspectos que compreendem o estilo de vida estão

relacionados não apenas com a manutenção e tratamento das DCNT, mas com o enfrentamento

da velhice, de modo que os idosos buscam fazer adaptações no seu dia-a-dia de acordo com a

realidade que vivenciam.

Categoria 4 - Uma nova geração de idosos

Esta categoria está presente em todo o discurso do grupo sobre as percepções do

envelhecimento. Em diversos momentos os participantes relatam que se sentem parte de uma

nova geração de idosos, ou seja, percebem que envelhecer hoje é diferente do que era

antigamente e que, por isso, precisam buscar novos recursos.

O grupo mostra em suas falas que, durante a juventude, houve dificuldade de projetar a

vida pensando na fase da velhice, uma vez que tornar-se idoso não era algo comum e ainda hoje

pode parecer estranho a eles:

“Eu acho que essa nossa geração tinha pouca informação e um ritmo de vida muito

diferente... Chegar aos 45 ou 50 anos era um sonho...” (Sandra).

“A gente vivia menos mesmo, por isso que eu tenho medo de morrer, eu acho que eu vou

morrer a qualquer hora...” (Maria).

“As pessoas viviam menos então eu não tinha muitos planos pra quando eu fosse mais

velha.” (Helena).

Outro ponto destacado pelos participantes é a necessidade de acompanhar as mudanças

que vem acontecendo e fazer parte delas:

“Não quero ficar tão boba, pra trás demais, tem que acompanhar. Eu procuro entender,

acompanhar as mudanças” (Sandra).

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“Quando eu tinha 15, 16 anos, nossa, era outra coisa, hoje as coisas mudaram muito... Se

eu tivesse ficado lá com aquela cabeça, eu acho que eu tava bem ruim” (Baltazar).

Contudo, nesta categoria se observa que apesar dos esforços relatados para acompanhar as

mudanças e até mesmo reconhecer que os tempos mudaram, é comum que estes participantes

sintam-se sem referências, sendo os “novos idosos” de sua geração. O fato de não terem visto

seus antepassados envelhecendo foi um fator de extrema importância para que os participantes do

grupo não pudessem planejar sua vida pensando na forma como gostariam de envelhecer, uma

vez que não imaginavam que poderiam chegar até este estágio da vida.

DISCUSSÃO

De acordo com Faller, Teston e Marcon (2015) definir a pessoa como idosa quando se

chega aos 60 anos é, apesar da comum classificação etária, classificar o sujeito sem considerar o

seu estado biopsicossocial. O conceito de idade é multidimensional, mas sabe-se que alguns

fatores influenciam esta percepção como a classe econômica, o nível cultural e as condições de

saúde (Faller et al., 2015).

Apesar de todos os participantes serem portadores de HAS e DM aqueles que possuem

menos dificuldades em relação à saúde se sentem mais jovens, enquanto que os que têm a saúde

mais comprometida afirmam sentirem mais o peso da idade. Segundo Moreira e Silva (2013), na

velhice o que incomoda não é a idade em si, mas a forma como ela é percebida pelo idoso e a

decadência orgânica é o fator que mais influencia nesta percepção.

Contarello, Marini, Nencini e Ricci (2011) afirmam que nas representações sociais sobre a

velhice é comum encontrar a relação entre envelhecimento e declínio físico ou mental. Embora

seja grande a prevalência de DCNT na população idosa, a forma como os idosos enxergam estes

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diagnósticos e se adaptam em função deles, pode influenciar na forma como percebem e

vivenciam o envelhecimento.

Mello Filho e Burd (2010) salientam que quando as DCNT atingem os idosos, alguns

correm o risco de não se considerarem aptos para as mudanças impostas pelos diagnósticos e

começarem a lidar com a perspectiva de morte como inevitável. As limitações trazidas pela HAS

e o DM podem ser confundidas com o próprio envelhecimento contribuindo, assim, para uma

percepção negativa sobre ser idoso como se fosse algo que acontece de forma rápida, limitativa, e

sem grandes perspectivas de vida (Mello Filho & Burd, 2010).

Contudo, Pilger, Dias, Kanawava, Baratieri e Carreira (2014) apontam que a compreensão

da velhice não se limita apenas aos aspectos orgânicos e relacionados às doenças, mas também se

estabelece através da soma dos aspectos cronológicos, biológicos, psicológicos e sociais, de

modo que alguns podem prevalecer sobre outros. O aspecto cronológico é o mais concreto e fácil

de mensurar enquanto que os demais são aspectos subjetivos e que se relacionam com a idade

percebida.

Entretanto, é possível notar que o envelhecimento é compreendido para o grupo

participante deste estudo muito mais pela idade percebida do que pela idade cronológica, uma vez

que os mais velhos consideram-se menos idosos do que os mais jovens. Este dado ressalta a

importância dos diversos fatores subjetivos que se relacionam gerando a real compreensão do

envelhecimento enaltecendo, cada vez mais, o significado da idade percebida e o abandono dos

rótulos relacionados à idade cronológica.

Um dos pontos mais expressivos na percepção negativa do envelhecimento é a perda de

entes queridos que, segundo Farinasso e Labate (2015), é um processo complexo e de grande

impacto na saúde mental e física sendo capaz de enviesar as percepções destas pessoas sobre a

velhice, tornando-a dura e solitária. Sendo assim, a elaboração dos lutos é essencial, mas, em

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idosos, é comum que haja uma sucessão de perdas e o efeito acumulativo delas pode ser

devastador, capaz de dificultar os processos de luto e fazer com que a perda seja vivida como a

retirada de um pedaço, deixando um grande vazio interno (Eizirik & Bassols, 2013).

Eizirik e Bassols (2013) salientam que para integrar as perdas e experiências passadas é

preciso descobrir a possibilidade de conservar interiormente, no mundo psíquico, aquilo que foi

perdido na realidade cotidiana, ou seja, guardar as memórias boas vivas na mente e no presente.

Contudo, segundo Murakami et al. (2014), não só as perdas que ocorrem ao longo da vida podem

influenciar na percepção negativa sobre o envelhecimento mas, também, as experiências

pregressas que se tem, ou seja, boas experiências auxiliam na vivência da velhice enquanto um

histórico de vida negativo atrapalha esse processo.

Beckett et al. (2002) salientam que os idosos que enfrentam experiências muito

desafiadoras ou que sofrem múltiplas experiências negativas têm maior possibilidade de se

apresentarem doentes ou com mais condições de adoecimento. Assim, para lidar com estas

dificuldades impostas pelo envelhecimento os idosos tem o desafio de construir recursos que os

ajudem a guardar vivas as boas lembranças, mas, também, superar o histórico negativo que

podem ter vivido.

Em relação aos pontos positivos o grupo destacou a conquista da tranquilidade e da

paciência que, de acordo com Valer, Bierhals, Aires e Paskulin (2015), são aspectos que mostram

a existência de uma relação entre tranquilidade e envelhecimento saudável, na qual a calma e

passividade diante da vida são vistas como sentimentos positivos desencadeados durante a

velhice. Assim, apesar das inúmeras perdas trazidas pelo envelhecimento, a capacidade de aceitar

e administrar os sentimentos durante a velhice pode levar os idosos a perceberem que nesta fase

da vida também pode haver ganhos (Lopes, Krug, Bonetti, & Mazo, 2014).

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Deste modo, existe um conflito entre aspectos positivos e negativos que é importante de

ser observado uma vez que, segundo Lopes et al. (2014), a arte de viver em uma idade longeva

consiste justamente na aplicação de estratégias promotoras da saúde que possam compensar as

limitações impostas pela idade. Assim, a percepção do envelhecimento saudável não está em

negar os aspectos difíceis da velhice e das doenças que chegam com ela, mas, em ser capaz de

perceber e vivenciar, concomitantemente, os aspectos positivos.

Entretanto, para que seja possível atenuar os fatores negativos e ser capaz de perceber os

positivos, os idosos relatam a importância das estratégias utilizadas diante do envelhecimento,

onde o estilo de vida saudável foi destacado. Os participantes colocam a importância da boa

alimentação e prática de atividade física, do bom humor, dos cuidados com a saúde e também dos

relacionamentos sociais, valorizando inclusive a experiência em grupo que estava sendo

vivenciada. Brito, Camargo e Castro (2017) reconhecem a importância da manutenção dos

relacionamentos sociais ocorrer durante o processo de envelhecimento, como estratégia para o

bem estar dos idosos, além de mantê-los ligados às atividades que envolvam contato social.

Deste modo, é destacada a importância da busca e manutenção de um estilo de vida

saudável ao longo dos anos e não apenas durante a velhice, embora para os idosos deste estudo a

velhice não fosse uma fase esperada, pois não esperavam viver tanto tempo. Segundo Lopes et al.

(2014), o envelhecimento humano sofreu diversas mudanças ao longo dos anos e atualmente é

possível ter muito mais qualidade de vida na faixa dos 80 anos do que se tinha antigamente na

faixa dos 60 anos demonstrando, assim, o acréscimo de recursos que permeiam a velhice

atualmente.

Portanto, os idosos atualmente têm o desafio de acompanhar as mudanças e se

reconhecerem em outro tempo, com algumas dificuldades e, também, com uma gama maior de

recursos. Os relatos do grupo mostram que os participantes percebem esta necessidade de se

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adaptarem à nova realidade para que possam vivenciar o envelhecimento de forma mais

satisfatória. Além disso, conforme apontado por Cardoso, Stefanello, Soares e Almeida (2014),

os idosos realmente podem se interessar naquilo que é novo, se esforçarem para aprender e para

superarem as dificuldades, fazendo deste aprendizado algo significativo para suas vidas.

Os idosos usuários do grupo Hiperdia demonstram uma percepção hegemônica e

complexa do envelhecimento uma vez que reconhecem que a velhice é uma etapa da vida

permeada por diversos fatores. A percepção da idade não é feita de forma tão clara e precisa

como é dada pela idade cronológica, os aspectos positivos e negativos existem

concomitantemente, os recursos utilizados para a manutenção das DCNT acabam se tornando

estratégias de enfrentamento para a própria velhice e, assim, estes participantes conseguem olhar

para todos estes fatores e se perceberem como uma nova geração de idosos. Dentre os desafios

enfrentados por estes idosos, a existência das DCNT é apenas mais um deles, importante, mas

não capaz de abarcar todo o significado do envelhecimento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Envelhecer convivendo com DCNT é um processo que pode influenciar diretamente na

percepção da velhice. Contudo, o grupo demonstra que a aceitação das limitações e condições

destes diagnósticos é um início para lidar, também, com os desdobramentos do próprio

envelhecimento. Assim, apesar das dificuldades advindas da presença das DCNT, os

participantes demonstram que compreendem a dinâmica singular do envelhecimento de modo

que a influência das DCNT não é limitadora o suficiente para se verem sem perspectiva de vida.

Este é um estudo com algumas limitações uma vez que foi realizado com uma população

específica, contudo, é capaz de trazer reflexões sobre a importância de práticas não só da

educação em saúde realizada no grupo Hiperdia, mas, também, das ações em saúde voltadas aos

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idosos em geral. Deste modo, sugerem-se estudos com populações diversas ou que utilizem

diferentes metodologias de pesquisa com grupos.

Salienta-se a importância da criação de estratégias promotoras da saúde na prevenção das

DCNT e na adoção de um estilo de vida saudável ao longo dos anos, assim como o

aperfeiçoamento dos profissionais da saúde para que possam conhecer os aspectos que

compreendem o envelhecimento e a trabalharem de acordo com a realidade dos idosos. Além

disso, é necessário desenvolver recursos diversos como projetos, programas e cursos para os

profissionais, de modo que o sistema de saúde possa oferecer suporte aos idosos no

enfrentamento das adversidades da velhice, estimulando o autocuidado e a capacidade de projetar

a vida diante do envelhecimento, apesar das doenças que possam fazer parte de suas realidades.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS DA DISSERTAÇÃO

Avaliar o estilo de vida e compreender as percepções do envelhecimento de idosos

usuários do grupo Hiperdia implica em investigar uma população que convive com doenças

crônicas e que pode ter grande influência destas doenças em suas vidas. Contudo, a pesquisa

demonstrou que os idosos buscam manter um estilo de vida saudável, embora sintam algumas

dificuldades em relação às limitações trazidas pelas doenças mesmo que elas não sejam capazes

de os manterem sem perspectivas de vida em relação à velhice.

Os idosos demonstram que é possível aprender a conviver com limitações, sejam elas

relacionadas às doenças crônicas ou ao envelhecimento propriamente dito, e a partir daí descobrir

também algumas possibilidades. Os resultados encontrados nos estudos apresentados deixam

clara a importância das ações de educação em saúde, tanto na manutenção de um estilo de vida

saudável como na vivência das limitações do envelhecimento, de modo que se salienta a

importância destas ações não apenas na velhice, mas em todas as épocas da vida.

Trabalhar a promoção em saúde ao longo dos anos pode ser uma resposta muito mais

eficaz para obter qualidade de vida na velhice. Contudo, para aqueles que não imaginavam que

iriam envelhecer, trabalhar a promoção da saúde na terceira idade é essencial para auxiliar na

projeção e perspectivas de vida dos idosos mostrando que os cuidados em saúde são possíveis em

todos os momentos da vida.

Esta pesquisa possui limitações por ser realizada com uma população específica de um

único local. Assim, sugere-se que novos estudos sejam conduzidos avaliando idosos de outros

locais e utilizando estratégias metodológicas diferentes com o intuito de abranger cada vez mais

as compreensões dos idosos sobre o envelhecimento e conhecer o estilo de vida e possibilidades

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destas populações, auxiliando desenvolver estratégias mais eficazes de promoção à saúde, ao

longo da vida e também na velhice.

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APÊNDICES

Apêndice 1 - Questionário Sociodemográfico e de Condições de Saúde.

Nome: _____________________________________________________________

Telefone: ________________________________

Data de nascimento:___/___/______ Idade: ________

Sexo: ( ) masculino ( ) feminino

Cidade natal: _______________________________________________________________

Bairro onde reside: __________________________________________________________

Ocupação (antes da aposentadoria - se for o caso): ________________________________

Religião: ___________________________________________________________________

Escolaridade: _______________________________________________________________

Você possui companheiro (a)?

( ) não

( ) sim. Há quanto tempo? ___________________

Você mora em:

( ) casa prória

( ) alugada

( ) casa cedida

( ) outro tipo de residência. Qual? ________________________________________________

Você reside:

( ) Sozinho

( ) Com outras pessoas. Quem? __________________________________________________

Renda mensal:

( ) até 1 salário mínimo

( ) entre 1 e 3 salários mínimos

( ) entre 4 e 6 salários mínimos

( ) entre 7 e 8 salários mínimos

( ) entre 9 e 10 salários mínimos

( ) mais de 11 salários mínimos

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Algum médico já disse que possui alguma dessas doenças abaixo?

( ) Hipertensão

( ) Diabetes

( ) Outras. Quais? ____________________________________________________________

Faz uso de quantas medicações ao dia?

( ) Até 4

( ) 5 ou mais

Frequenta o grupo Hiperdia neste lugar ha quanto tempo? ________________________

No grupo Hiperdia você:

( ) Retira receita para medicação

( ) Participa das atividades de educação em saúde

O grupo Hiperdia interferiu no seu estilo de vida?

( ) Não

( ) Sim. Como? ______________________________________________________________

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ANEXOS

Anexo 1 - Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) - (Folstein, Folstein & McHugh, 1975).

Mini-mental¹

Paciente: ________________________________________________

Data de avaliação: __________ Avaliador: ______________________

Orientação

1) Dia da Semana (1 ponto) ( )

2) Dia do Mês (1 ponto) ( )

3) Mês (1 ponto) ( )

4) Ano (1 ponto) ( )

5) Hora aproximada (1 ponto) ( )

6) Local específico (andar ou setor) (1 ponto) ( )

7) Instituição (residência, hospital, clínica) (1 ponto) ( )

8) Bairro ou rua próxima (1 ponto) ( )

9) Cidade (1 ponto) ( )

10) Estado (1 ponto) ( )

Memória Imediata

Fale essas três palavras não relacionadas. Posteriormente pergunte ao paciente pelas 3 palavras.

Dê 1 ponto para cada resposta correta. ( )

ÁRVORE, MESA, CACHORRO Depois repita as palavras e certifique-se de que o paciente as aprendeu, pois mais adiante você irá

perguntá-las novamente.

Atenção e Cálculo

Diga estes números e peça para o entrevistado repeti-los em ordem inversa: 1,3,5,7,9

(1 ponto para cada número correto) ( )

Evocação

Pergunte pelas três palavras ditas anteriormente

(1 ponto por palavra) ( )

______________________________________________________________________

1 INTERPRETAÇÃO DO MINI EXAME DO ESTADO MENTAL (MMSE)

Pontuação esperada Escolaridade Diagnóstico 13 a 17 Analfabeto Apto 18 a 25 1 a 8 anos Apto

Acima de 26 Acima de 8 anos Apto

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Linguagem

1) Nomear um relógio e uma caneta (2 pontos) ( )

2) Repetir “nem aqui, nem ali, nem lá” (1 ponto) ( )

3) Comando: “pegue este papel com a mão direita, dobre ao meio e coloque no chão” (3 pontos)

( )

4) Ler e obedecer: “feche os olhos” (1 ponto) ( )

5) Escrever uma frase (1 ponto) (Caso analfabeto, zere a questão e ignore erros de ortografia) ( )

6) Copiar um desenho (1 ponto) ( )

Escore: ( ___ / 30)

ESCREVA UMA FRASE

COPIE O DESENHO

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Anexo 2 – Pentáculo do Bem Estar - (Nahas, Barros e Francalacci, 2000).

Os itens a seguir representam características do estilo de vida relacionadas ao bem-estar individual.

Responda cada questão de acordo com o seu perfil, seguindo as indicações:

[0] nunca=absolutamente não faz parte do seu estilo de vida;

[1] raramente=às vezes corresponde ao seu comportamento;

[2] quase sempre=quase sempre verdadeiro no seu comportamento;

[3] sempre=a afirmação é sempre verdadeira no seu dia-a-dia; faz parte do seu estilo de vida.

Nutrição:

a) Sua alimentação diária inclui ao menos 5 porções de frutas e verduras.

[0] nunca

[1] raramente

[2] quase sempre

[3] sempre

b) Você evita ingerir alimentos gordurosos (carnes gordas, frituras) e doces.

[0] nunca

[1] raramente

[2] quase sempre

[3] sempre

c) Você faz 4 a 5 refeições variadas ao dia, incluindo café da manhã completo.

[0] nunca

[1] raramente

[2] quase sempre

[3] sempre

Atividade Física:

d) Você realiza ao menos 30 minutos de atividades físicas moderadas ou intensas, de forma

contínua ou acumulada, 5 ou mais dias na semana.

[0] nunca

[1] raramente

[2] quase sempre

[3] sempre

e) Ao menos duas vezes por semana você realiza exercícios que envolvam força e

alongamento muscular.

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[0] nunca

[1] raramente

[2] quase sempre

[3] sempre

f) No seu dia-a-dia, você caminha ou pedala como meio de transporte e, preferencialmente,

usa as escadas em vez do elevador.

[0] nunca

[1] raramente

[2] quase sempre

[3] sempre

Comportamento Preventivo

g) Você conhece sua pressão arterial, seus níveis de colesterol e procura controlá-los.

[0] nunca

[1] raramente

[2] quase sempre

[3] sempre

h) Você não fuma e ingere álcool com moderação* (menos de 2 doses ao dia).

*Se você nunca fuma ou ingere álcool com moderação, deve escolher a opção 3 – sempre

[0] nunca

[1] raramente

[2] quase sempre

[3] sempre

i) Você sempre usa cinto de segurança e, se dirige, o faz respeitando as normas de trânsito, nunca

ingerindo álcool, se vai dirigir.

[0] nunca

[1] raramente

[2] quase sempre

[3] sempre

Relacionamento Social

j) Você procura cultivar amigos e está satisfeito com seus relacionamentos.

[0] nunca

[1] raramente

[2] quase sempre

[3] sempre

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k) Seu lazer inclui reuniões com amigos, atividades esportivas em grupo ou participação em

associações.

[0] nunca

[1] raramente

[2] quase sempre

[3] sempre

l) Você procura ser ativo em sua comunidade, sentindo-se útil no seu ambiente social.

[0] nunca

[1] raramente

[2] quase sempre

[3] sempre

Controle do Estresse

m) Você reserva tempo (ao menos 5 minutos) todos os dias para relaxar.

[0] nunca

[1] raramente

[2] quase sempre

[3] sempre

n) Você mantém uma discussão sem alterar-se, mesmo quando contrariado.

[0] nunca

[1] raramente

[2] quase sempre

[3] sempre

o) Você procura equilibrar o tempo dedicado ao trabalho com o tempo dedicado ao lazer.

[0] nunca

[1] raramente

[2] quase sempre

[3] sempre