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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica PPMEC Rogério do Rosário Braga “ESTUDO DO EFEITO DOS TRATAMENTOS TÉRMICOS NA LIGA DE MAGNÉSIO AM60 FUNDIDA SOB PRESSÃO” Orientador: Prof. Dr. Antônio Luiz Ribeiro Sabariz Dissertação para obtenção do título de Mestre em Engenharia São João Del Rei 27 de março de 2015

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica

PPMEC

Rogério do Rosário Braga

“ESTUDO DO EFEITO DOS TRATAMENTOS TÉRMICOS NA LIGA DE

MAGNÉSIO AM60 FUNDIDA SOB PRESSÃO”

Orientador: Prof. Dr. Antônio Luiz Ribeiro Sabariz

Dissertação para obtenção do título de Mestre em Engenharia

São João Del Rei

27 de março de 2015

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Rogério do Rosário Braga

“ESTUDO DO EFEITO DOS TRATAMENTOS TÉRMICOS NA LIGA DE

MAGNÉSIO AM60 FUNDIDA SOB PRESSÃO”

Dissertação de mestrado sob a orientação do Professor Doutor Antônio Luiz Ribeiro Sabariz, do

departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de São João Del-Rei, pelo aluno

Rogério do Rosário Braga, do curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em Engenharia Mecânica,

turma 2012/15.

SÃO JOÃO DEL REI/ 27 de março de 2015

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AGRADECIMENTOS

- À Deus pela vida.

- À minha família, principalmente esposa Ercília e filho Mateus, pela compreensão de minha

ausência.

- Ao Prof. Dr. Antônio Luiz Ribeiro Sabariz, por acreditar em nosso potencial, pela grande

ajuda e ensinamentos.

- Ao Prof. Dr. Durval Uchôas Braga pela ajuda na pesquisa.

- Ao Prof. Dr. Artur Mariano de Souza Malafaia, pela compreensão.

- À Prof(a). Dra Roseli Marins Balestra e ao Prof. Dr Alexandre Carlos Eduardo pela grande

contribuição técnica.

- Ao Prof. Dr. Lincoln Cardoso Brandão, coordenador do PPMEC pela preciosa assistência.

- À CAPES e à UFSJ pelo apoio financeiro.

- À empresa RIMA, pelo fornecimento do material.

- Aos técnicos dos laboratórios da UFSJ, Francisco, Emílio, Camilo e Luis, pela colaboração

técnica e experimental.

- Aos alunos do PET-DEMEC: Henrique, Vítor, Francis, Ana Maria, Marina, Sthefanie e

Lucas, pela preciosa ajuda.

- Aos alunos do programa de Pós-Graduação pela ajuda mútua nos ensaios, resultados,

discussões e dedicação.

A todos que contribuíram direta e indiretamente neste trabalho, os meus sinceros

reconhecimentos. Muito obrigado.

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EPÍGRAFE

“O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o

alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis.” (José de Alencar)

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RESUMO

O interesse das indústrias automobilística, aeroespacial e microeletrônica no desenvolvimento de

novas ligas metálicas leves vem aumentando nos últimos anos, pelo interesse em resistência

mecânica e redução de peso, o que implica em sensíveis diminuições de consumo de

combustível, principalmente na indústria automotiva. Isto é devido às excelentes propriedades

tais como a baixa densidade. Ao mesmo tempo existe uma gestão ambiental mais efetiva no

controle das emissões gasosas e processos de produção industrial, fazendo pressão frente às

indústrias e com isto colocando o Magnésio e sus ligas como uma alternativa de grande interesse,

mais precisamente na indústria automobilística porque o magnésio apresenta entre os metais

estruturais o que tem a melhor relação peso/resistência. A utilização do magnésio ligado ao

alumínio e a outros elementos permite melhorar algumas propriedades mecânicas. Muitas ligas

de magnésio vem sendo estudadas nos últimos anos, em alta escala, porém algumas não

oferecem estabilidade a altas temperaturas devido a sua baixa resistência à fluência. Isso se deve

ao enfraquecimento do contorno de grão a partir de precipitação descontínua da fase β-Mg17Al12.

Entretanto há poucos estudos sobre ligas de magnésio que relacionam a influência das variáveis

de solidificação na formação da microestrutura e as propriedades mecânicas, isto se deve ao fato

do magnésio ser de difícil fusão, já que na presença de oxigênio, a liga de magnésio entra em

combustão.

Neste trabalho realizou-se um estudo da liga de magnésio AM60 no que diz respeito à

microdureza e microestrutura através de tratamentos térmicos de solubilização e envelhecimento.

As temperaturas de solubilização foram 350ºC, 400ºC e 450ºC durante 24 horas, e foram

analisadas as durezas encontradas e a partir da maior dureza na solubilização realizou-se o

envelhecimento nas temperaturas 150ºC, 200ºC e 250ºC durante os tempos de 6 horas e 12 horas,

obtendo os valores das durezas no envelhecimento onde verificou-se que os tratamentos térmicos

influenciam na dureza da liga AM60.

Palavras chaves: Ligas de Magnésio, Microdureza, Microestrutura, Solubilização,

Envelhecimento.

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ABSTRACT

The interest of the automotive, aerospace and microelectronics industries in developing new light

alloys has increased in recent years, the interest in mechanical strength and weight reduction:

which implies sensitive fuel consumption decreases, especially in the automotive industry; This

is due to excellent properties such as low density. At the same time there is a more effective

environmental management in the control of gaseous emissions and industrial production

processes, pressing forward to industries and thus putting the Magnesium and its alloys as an

alternative of great interest, specifically the automobiística industry, because magnesium

presents among structural metals which has the best weight / resistance. The use of aluminum

and magnesium bonded to other elements improves certain mechanical properties. Many

magnesium alloys have been studied in recent years, in large scale, but some do not offer

stability at high temperatures due to its low creep resistance. This is due to the weakening of the

grain boundary from discontinuous precipitation of the β-phase Mg17Al12.

However, few studies on magnesium alloys that relate the influence of solidification variables in

the formation of the microstructure and mechanical properties; this is due to the fact that

magnesium is difficult merger, since the magnesium alloy the presence of oxygen is combusted.

In this work is an AM60 magnesium alloy of study in regards to hardness and microstructure

through heat treatment of Solubilization and Aging. As solubilization temperatures were 350

degrees, 400 degrees and 450 degrees for 24 h, and were analyzed found hardnesses and from

greater hardness held in solubilizing aging at temperatures 150 degrees, 200 degrees and 250

degrees during the time of 6h and 12h, obtaining the values of hardness in the aging found that

where the thermal influence on the hardness of the alloy AM60.

Key words: Mg alloys, Hardness, Microstructure, Solubilization, Aging.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................................15

1.1. Objetivos............................................................................................................................16

REVISÃO DE LITERATURA.....................................................................................................18

2.1. Magnésio...........................................................................................................................18

2.1.1. História.......................................................................................................................18

2.1.2. Uma visão histórica....................................................................................................19

2.1.3. Propriedades gerais.....................................................................................................20

2.2. Ligas de Magnésio............................................................................................................21

2.2.1. Caracterização.............................................................................................................21

2.2.2. Processamento das ligas de magnésio.........................................................................25

2.2.3. Classificação das ligas de magnésio...........................................................................25

2.2.4. Tipos de ligas de magnésio.........................................................................................27

2.2.4.1. Ligas Mg-Al...........................................................................................................27

2.2.4.2. Ligas Mg-Al-Zn.....................................................................................................27

2.2.4.3. Ligas Mg-Zn-Zr.....................................................................................................28

2.2.4.4. Ligas Mg-Zn-TR-Zr...............................................................................................28

2.2.4.5. Ligas para altas temperaturas.................................................................................28

2.2.5. Aplicações das ligas de magnésio...............................................................................29

2.3. Ligas AM50 e AM60.......................................................................................................32

2.4. Tratamentos térmicos das ligas de magnésio...................................................................38

2.4.1. Tratamentos térmicos aplicáveis às ligas de magnésio série AM...............................42

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2.5. Fundição sob Pressão.......................................................................................................43

2.6. Expectativas na tecnologia do magnésio........................................................................47

2.7. Aplicação do Mg e suas ligas na indústria automobilística............................................49

2.8. Dificuldades tecnológicas e soluções para aplicações do Mg e suas ligas no setor

automobilístico................................................................................................................58

MATERIAIS E MÉTODOS..........................................................................................................61

3.1. Introdução........................................................................................................................61

3.2. Tratamentos térmicos.......................................................................................................61

3.3. Ensaio de dureza..............................................................................................................62

3.4. Análise metalográfica......................................................................................................63

3.5. Planejamento de Experimentos........................................................................................64

RESULTADOS E DISCUSSÕES.................................................................................................65

4.1. Análise química...............................................................................................................65

4.2. Análise metalográfica......................................................................................................66

4.3. Efeito dos tratamentos térmicos.......................................................................................68

4.3.1. Efeito da Solubilização...............................................................................................68

4.3.2. Efeito do Envelhecimento...........................................................................................72

4.4. Análise dos resultados......................................................................................................76

CONCLUSÕES.............................................................................................................................79

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS........................................................................81

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................................82

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Exemplos de componentes produzidos em ligas de magnésio ..........................29-30

Figura 2.2 – Representação da ampla aplicação das ligas de Mg nos automóveis .....................31

Figura 2.3 – Diagrama de fases Mg-Al em equilíbrio ................................................................32

Figura 2.4 – Ampliação da região que compõe as ligas AM50 e AM60.....................................33

Figura 2.5 – Esquema do endurecimento por precipitação..........................................................43

Figura 2.6 – Representação do processo de fundição sob pressão em câmara quente ...............45

Figura 2.7 – Estrutura bruta de solidificação da liga AM60 fundida sob pressão ......................46

Figura 2.8 – Microscopia ótica da liga AM60 na condição de fundida ......................................46

Figura 2.9 – Direções dos desenvolvimentos das ligas de magnésio de acordo com as exigências

de trabalho ................................................................................................................48

Figura 2.10 – Requisitos básicos para os componentes dos veículos ...........................................49

Figura 2.11 – Relação entre massa do veículo e consumo de combustível ..................................50

Figura 2.12 – Alterações nos preços do Magnésio e Alumínio ....................................................52

Figura 2.13 – Utilização do magnésio nos veículos da América do Norte ...................................57

Figura 2.14 - Alguns componentes do automóvel e a redução de peso obtida. ............................58

Figura 3.1 - Cálculo da dureza Vickers (HV) .............................................................................63

Figura 3.2 - Exemplo da medição das diagonais d1 e d2 dos ensaios de dureza vickers .............63

Figura 4.1 - Microscopia ótica da liga AM60 como recebida......................................................66

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Figura 4.2 - Imagem do MEV da liga AM60 como recebida.......................................................67

Figura 4.3 - Imagem da espectrometria da liga AM60 como recebida.........................................67

Figura 4.4 - Microscopia ótica da liga AM60 solubilizada a 400ºC durante 24 horas.................69

Figura 4.5 - Imagem do MEV da liga AM60 solubilizada a 400ºC durante 24 horas..................70

Figura 4.6 - Imagem da espectrometria da liga AM60 solubilizada a 400ºC/24h........................70

Figura 4.7 - Microscopia ótica da liga AM60 envelhecida a 200ºC durante 6 horas...................73

Figura 4.8 - Imagem do MEV da liga AM60 envelhecida a 200ºC durante 6 horas....................74

Figura 4.9 - Imagem da espectrometria da liga AM60 envelhecida a 200ºC/6h..........................74

Figura 4.10 - Microscopia ótica da liga AM60 envelhecida a 150ºC durante 12 horas...............75

Figura 4.11 - Imagem do MEV da liga AM60 envelhecida a 150ºC durante 12 horas................75

Figura 4.12 - Imagem da espectrometria da liga AM60 envelhecida a 150ºC/12h......................76

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Propriedades físicas do Mg.......................................................................................21

Tabela 2.2 – Ligas de magnésio comuns e sua aplicações............................................................23

Tabela 2.3 – Principais elementos de liga......................................................................................25

Tabela 2.4 – Comparação Mg, Al e Fe..........................................................................................34

Tabela 2.5 – Composição limite das ligas de magnésio AM60A e AM60B.................................35

Tabela 2.6 - Propriedades Mecânicas das ligas de magnésio AM60A e AM60B........................35

Tabela 2.7 - Componentes de ligas de magnésio e aplicações nos vários modelos de

Automóveis................................................................................................................59

Tabela 3.1 – Temperaturas e tempos de solubilização e envelhecimento dos tratamentos

térmicos.....................................................................................................................61

Tabela 3.2 – Composição química da liga AM60 (%em peso), segundo ASTM..........................62

Tabela 4.1 – Composição química da liga AM60 utilizada...........................................................65

Tabela 4.2 – Dureza vickers das amostras de AM60 solubilizadas...............................................71

Tabela 4.3 – Dureza vickers das amostras de AM60 envelhecidas...............................................72

Tabela 4.4 – Medidas da dureza vickers (HV) das amostras da liga AM60 envelhecidas............77

Tabela 4.5 – Análise de variância..................................................................................................78

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Al – Alumínio

AM50 – Liga de Mg contendo 5% de Al e menos de 1% de Mn

AM60 – Liga de Mg contendo 6% de Al e menos de 1% de Mn

ASM – Sociedade Americana de Metais

ASTM – Sociedade Americana de testes de Metais

Be – Berílio

Ca - Cálcio

cm² - centímetros quadrados

cm³ - centímetros cúbicos

CO2 – Dióxido de Carbono

Cu – Cobre

EDX – Ensaio de Difração de Raio-X

Eccj - Centro de Conservação do Japão

Fe – Ferro

g- grama

GPa – Giga Pascal

HgO – óxido de Mercúrio

Kg – quilograma

L – l – litro

MPa – Mega Pascal

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Mg – Magnésio

máx. – máximo

mín. – mínimo

mm – milímetro

Mn – Manganês

MgO – Óxido de Manganês

MgCl2 – Cloreto de Magnésio

Mg3N2 – Nitreto de Magnésio

MgO.CaO – Minério Dolomita Calcinada

MgSO4 – Sulfato de Magnésio

Ni – Níquel

SEM – MEV – Microscópio Eletrônico de Varredura

Si – Silício

Sr – Estrôncio

TR – Terras Raras

Zr - Zircônio

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1. INTRODUÇÃO

A preocupação mundial referente às questões ambientais tem conduzido à busca por

soluções que permitam reduzir o consumo de combustíveis e a conseqüente emissão de gases

poluentes pelos meios de transporte. Algumas possibilidades incluem a utilização de fontes

renováveis, melhorias na eficiência dos motores e na aerodinâmica e redução do peso, sendo esta

última uma excelente opção de custo-benefício. A redução do peso das estruturas está

diretamente relacionada à utilização de materiais leves que apresentem uma alta resistência

específica. As ligas de Alumínio (Al) e de magnésio (Mg) se apresentam como opções naturais

em função dos baixos valores de densidade, além de apresentarem excelente usinabilidade e

possibilidade de reciclagem (AGHION, BRONFIN; ELIEZERB, 2001).

O magnésio e suas ligas é uma alternativa de grande interesse, mais precisamente na

indústria automobilística, por apresentar entre os metais estruturais o que tem a melhor relação

peso/resistência. A utilização do magnésio ligado ao alumínio e a outros elementos permite

melhorar algumas propriedades mecânicas. Dentre estes materiais, podem ser destacadas as ligas

Mg-Al-X; onde X é um elemento de liga; que apresentam melhoras significativas nas

propriedades gerais das ligas de Mg. A composição química constitui a principal diferença entre

as ligas, neste caso a liga AM60 possui teor de alumínio de aproximadamente 6% e teor de

manganês menor que 1%, sendo produzida por Fundição sob Pressão ou HPDC (High Pressure

Die Casting) (KAINER. 2003).

Muitas ligas de magnésio vem sendo estudadas nos últimos anos, em alta escala, porém

algumas não oferecem estabilidade a altas temperaturas, devido à precipitação descontínua da

fase β-Mg17Al12 de baixo ponto de fusão, ocasionando o enfraquecimento do contorno de grão

(MORENO, 2003). Encontramos trabalhos que correlacionam os parâmetros de solidificação

com as propriedades mecânicas para ligas convencionais como aços, ligas de cobre e ligas de

alumínio.Entretanto, há poucos estudos sobre ligas de magnésio que relacionam a influência das

variáveis de solidificação na formação da microestrutura e as propriedades mecânicas. Essa

pouca informação sobre as ligas de magnésio se deve ao fato do magnésio ser de difícil fusão, já

que na fusão com presença de oxigênio, a liga de magnésio entra em combustão (SHIN, WANG,

2004).

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Hoje em dia, a maioria das ligas de magnésio comerciais baseiam-se no sistema

magnésio-alumínio. As ligas de Mg-Al em comparação com outras ligas de magnésio disponível,

são relativamente baratas Elas exibem excelente moldabilidade, resistência à corrosão e

resistência à temperatura ambiente. Embora as ligas de magnésio com alumínio possuírem boas

propriedades mecânicas, sistemas ternários com zinco ou manganês são utilizados para a

melhoria de outras propriedades. Zinco (ligas tipo AZ) é adicionado para fluidez; enquanto

manganês (ligas tipo AM) é adicionado para controlar o comportamento de corrosão. Entre as

ligas utilizadas, AZ91 e AM60 dominam (ZYDEK, BRASZCZYŃSKA-MALIK, 2012).

Algumas propriedades mecânicas das ligas de magnésio podem ser incrementadas com

tratamento térmico adequado gerando, assim, uma condição para credenciar as ligas de magnésio

como substitutas das ligas ferrosas e/ou ligas de alumínio.

O presente trabalho tem como objetivo realizar um estudo da liga de magnésio AM60,

fundida sob pressão, analisando a influência dos tratamentos térmicos de solubilização e de

envelhecimento na microdureza da liga, através do ensaio de microdureza Vickers e análise da

microestrutura das amostras.

Este trabalho foi realizado por meio da parceria da UFSJ com a empresa RIMA, situada

na cidade de Bocaiúva que forneceu a liga, que é utilizada para a fabricação de volantes para

vários clientes do setor automotivo.

1.1.Objetivos

O interesse das indústrias automobilística, aeroespacial e microeletrônica no

desenvolvimento de novas ligas metálicas leves vem aumentando nos últimos anos, pelo

interesse em resistência mecânica e redução de peso, o que implica em sensíveis diminuições de

consumo de combustível, principalmente na indústria automotiva, isto é devido às suas

excelentes propriedades tais como a baixa densidade. Ao mesmo tempo existe uma gestão

ambiental mais efetiva no controle das emissões gasosas e processos de produção industrial,

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fazendo pressão frente às indústrias e com isso colocando o magnésio e suas ligas como uma

alternativa de grande interesse.

O principal objetivo deste trabalho foi caracterizar e obter as microdurezas da liga de

magnésio AM60, fundida sob pressão após tratamentos térmicos.

Esta pesquisa justifica-se pelo fato de que se precisa saber como os tratamentos térmicos

influenciam na microdureza da liga de magnésio AM60, material utilizado na indústria

automobilística por ser de baixa densidade quando comparado aos seus concorrentes, como Aço

e Alumínio.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Magnésio:

O magnésio corresponde ao elemento da tabela periódica cujo símbolo químico é o Mg

sendo seu número atômico o 12. Este elemento apresenta um tom prateado no seu estado natural.

Contudo quando em contato com o ar tende a oxidar e a ganhar uma tonalidade mais

acinzentada, devido à formação de uma camada de óxido (MgO), que o protege de posterior

corrosão.

Este elemento pertence ao grupo dos metais alcalinos-terrosos. Devido à sua baixa

densidade é vulgarmente utilizado como componente de ligas leves na indústria automotiva e

aeroespacial.

O magnésio exposto ao ar, quando em contato com uma fonte de ignição, entra em

combustão originando uma forte chama branca. A tentativa de extinção da chama por adição de

água é desaconselhável, uma vez que o magnésio reage fortemente com o vapor de água,

liberando hidrogênio e aumentando assim a intensidade da chama. O magnésio arde mesmo na

ausência de oxigênio, pois reage com o azoto do ar formando nitreto de magnésio, Mg3N2. Para

apagar um fogo de magnésio deve-se recorrer a areia.

2.1.1. História:

A primeira referência conhecida a sais contendo este elemento, data de 1618, em Epsom,

Inglaterra. A investigação de um gosto amargo na água, que levava as vacas daquela zona a

recusarem a bebê-la, conduziu à obtenção de cristais de MgSO4 que se encontravam dissolvidas

na água. Estes cristais foram batizados com o nome de sais de Epsom cuja composição química

era ainda desconhecida na época, e que tiveram bastante aplicação como medicamento para

tratamento de todos os males, incluindo irritações cutâneas e prisão de ventre.

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Em 1755, em Edimburgo na Escócia, Joseph Black identificou pela primeira vez este

elemento. Porém, somente em 1808 Sir Humphry Davy conseguiu isolar uma pequena porção de

magnésio por eletrólise de uma mistura de óxido de magnésio (MgO) e óxido de mercúrio

(HgO). Houve por parte de Davy uma preocupação na escolha do nome do elemento,

designando-o por magnium, evitando atribuir-lhe o nome de magnesium devido à sua

semelhança com manganese (designação inglesa para um outro elemento, o manganês). Contudo,

o nome que prevaleceu foi o de magnésio, pois provinha de um mineral, a magnesite (um

carbonato de magnésio), oriunda de Magnesia, uma região da Grécia antiga.

A produção de uma quantidade razoável de magnésio, que permitiu a descrição das

propriedades deste elemento, foi conseguida através da redução de cloreto de magnésio fundido

com potássio metálico e realizado pela primeira vez pelo cientista francês Bussy em 1831.

Este elemento está ligado de uma forma nefasta à destruição provocada em Londres

durante a 2ª guerra mundial em que milhares de bombas incendiárias, à base de magnésio, foram

lançadas sobre a cidade, provocando incêndios de proporções catastróficas.

2.1.2. Uma visão histórica

Na literatura antiga o termo Elektron é muito usado para as ligas de Magnésio. Onde o

nome elektron é o nome histórico e de propaganda para estas ligas, que foi dado pela companhia

alemã Chemische Fabrik Griesheim - Elektron no ano de 1908. Embora o primeiro sucesso de

aplicação automobilística tenha sido desenvolvido em 1921, o verdadeiro grande passo veio com

o processo de refino, feito com o material ainda em seu estado fundido, em 1923, no que resultou

numa melhora significativa das propriedades metalúrgicas das ligas de magnésio fundido. Desde

então o uso de ligas de magnésio na indústria automotiva cresceu estavelmente. Em 1924, o

magnésio passou a ser utilizado até nas indústrias de caminhões, e desde 1927 na Alemanha as

ligas de magnésio feitas em fundição sob pressão passaram a ser produzidas em massa, numa

série de peças como, por exemplo, disco de rodas, caixas de mudanças, acabamento das caixas

de mudanças etc. No total eram usados por volta de 73,8 kg de magnésio num carro de seis

cilindros e 86,8 kg num de oito cilindros. Paralelamente ao setor de carros de corrida, como por

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exemplo, a Masserati, que usou num de seus carros vencedores do grande prêmio de Monza de

1930, um número grande de peças de ligas de magnésio tais como manivelas, compressores,

caixas de marchas, tambores de freio, diferenciais, eixos e mais algumas partes menores. Estas

aplicações tiveram sucesso até por volta de 1939, mas depois da Segunda Guerra Mundial, o uso

de ligas de magnésio entrou em declíneo. Este vigorou até por volta do começo dos anos 90 onde

na América do Norte o uso voltou a ter um aumento, devido às pesquisas para a diminuição de

consumo de combustível (BLAWERT et al. 2004, p. 398).

2.1.3. Propriedades gerais:

O magnésio é o 8º elemento mais abundante na natureza, constituindo aproximadamente

2,5% da crosta terrestre. Não surge livre na natureza mas encontra-se na composição de mais de

60 minerais rochosos entre os quais se podem referir a dolomita ou magnesita. Surge também

dissolvida na água do mar, em águas salinas subterrâneas e em leitos salinos. A título de exemplo

pode referir-se que cada metro cúbico de água do mar contém, 0,3% de magnésio (DAVIES,

2003, pp.91,158,159).

A energia necessária para obtenção de magnésio puro é superior à necessária para a

obtenção de outros metais comparáveis, quando calculada em função da massa obtida. No

entanto, tendo em conta a baixa densidade do magnésio, o mesmo cálculo feito com base no

volume de material torna sua obtenção economicamente favorável em relação a outros materiais,

tais como o alumínio e zinco.

O principal processo de produção do magnésio puro é através da eletrólise de cloreto de

magnésio fundido ou de salmouras ricas em sais de magnésio. Existe também a possibilidade de

se obter este elemento com base na redução térmica do óxido de magnésio ou da dolomita

calcinada (MgO.CaO), na presença de FeSi. Pode ser obtido da água do mar, onde se obtém o

magnésio metálico da eletrólise do cloreto de magnésio (MgCl2). A proporção de

produção/matéria-prima é de: para cada tonelada de magnésio produzido são necessários

oitocentas toneladas de água do mar (PEIXOTO, E. M. A., Revista Química nova na escola –

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22

Magnésio. Nº 12, 2000. USP, SP). Outra forma de extração do metal é o processo conhecido

como sílico-térmico. Consiste na extração do metal dos óxidos de magnésio oriundos dos

minérios, onde se adiciona um agente redutor tal como o FeSi. O refino é feito em alta

temperatura e baixas pressões (WATARAI, 2006, p. 84).

Entre os maiores produtores mundiais encontra-se os EUA (30%), a Rússia (16%) e o

Canadá (10%) chegando-se a produzir anualmente cerca de 400 mil toneladas. Devido à

diversidade de aplicações deste metal é expectável que em 2010 a sua produção mundial seja de

1 milhão de toneladas por ano.

Além destes métodos tradicionais, o magnésio é um material facilmente reciclável,

característica esta que a possibilidade de grandes reduções de custos na extração e produção

deste material.

Na Tabela 2.1 apresentam-se as principais propriedades do magnésio entre as quais

ressalta, tal qual já foi referido, a sua baixa densidade. Esta característica conjuntamente com sua

abundância natural e baixo custo, tornam o magnésio um material bastante atrativo para

aplicações onde o peso é um fator determinante. No entanto, a alta reatividade química do

magnésio é o fator limitante mais importante à sua utilização extensiva, criando alguns riscos de

segurança relacionados com o manuseamento e transformação do magnésio.

______________________________________________________________________________

Tabela 2.1. Propriedades físicas do Mg

Estrutura cristalina Hexagonal compacta

Densidade a 20ºC 1,74 g/cm³

Módulo de elasticidade 45 Gpa

Ponto de fusão 650ºC

2.2. Ligas de Magnésio

2.2.1. Caracterização

As ligas de magnésio possuem excelentes propriedades, tais como:

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- alta resistência

- baixa ductilidade

- baixo ponto de fusão

- boa maquinabilidade

- soldável

- boa resistência à corrosão

- boa resistência à fadiga

- alta resistência ao impacto

Os elementos mais comumente utilizados em ligas comerciais de magnésio são o

alumínio, berílio, lítio, zinco e lantanídeos entre outros. A principal característica destas ligas é a

sua baixa densidade. Com efeito estas ligas são as mais leves entre todos os materiais estruturais,

incluindo os mais populares como os aços carbono, ligas de alumínio e ligas de titânio.

Geralmente as ligas de magnésio podem ser classificadas em dois grupos. O primeiro

inclui as ligas contendo entre 2% a 10% de alumínio, combinado com outros elementos num

menor teor como o zinco e o manganês. Estas ligas apresentam grande variedade e baixo preço

e, a baixas temperaturas (até ~ 120ºC) as suas propriedades mecânicas são adequadas. No

segundo grupo considerado incluem-se ligas de magnésio contendo vários elementos de liga

como terras raras, zinco, tório ou prata (exceto alumínio) todas contendo ainda uma pequena

porcentagem de zircônio. Este elemento é essencial já que permite obter um material com

tamanho de grão reduzido e portanto melhores propriedades mecânicas. Estas ligas apresentam

assim melhor comportamento mecânico a altas temperaturas, mas a utilização de elementos de

liga mais caros combinado com tecnologia especializada para o seu fabrico resulta em preços

mais elevados.

Para além dos aspectos referidos, as ligas de magnésio conseguem cumprir muito bem as

propriedades necessárias para a maquinagem, incluindo altas velocidades de corte e também são

soldáveis sob uma atmosfera protetora (gases inertes), como é exemplificado na Tabela 2.2, para

as ligas de fundição mais utilizadas, em que o principal elemento de liga é o alumínio

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Tabela 2.2. Ligas de magnésio comuns e as suas aplicações ¹

_____________________________________________________________________________________________

Liga Elementos de liga Utilização Propriedades básicas e aplicações

_____________________________________________________________________________________________

AZ91 9%Al, 0,7%Zn, 0,13%Mn Liga de fundição de utilização Boa moldagem, boas propriedades mecânicas

geral a T<150ºC

AM60 6%Al, 0,15%Mn Liga de fundição sob alta Maior tenacidade e ductilidade do que AZ91,

pressão resistência ligeiramente inferior, utilizada em

aplicações estruturais em automóveis

AM50 Sistema Mg-Al Liga de fundição de uso geral Boa resistência, ductilidade, propriedades

de absorção de energia e moldagem

AE44 Sistema terras raras Mg-AL Liga de fundição de uso geral Melhor comportamento de deformação e

moldagem do que a AE42

AE42 4%Al, 2%TR Liga de fundição de uso geral Baixo nível de moldagem, bom

comportamento de deformação

AS41 4,2%Al, 1%Si Liga de fundição de uso geral Melhor resistência à deformação do que a

AZ91 a altas temperaturas mas menor

resistência

ZE41 4,2%Zn, 1,2%TR, 0,7%Zr Liga de fundição especial A adição de TR melhora a resistência da

deformação a altas temperatura. Forte pressão

AZ31 3%Al, 1%Zn, 0,2%Mn Produtos forjados de Mg Liga boa para extrusão

AM20 Sistema Mg-Al Liga de fundição Elevada ductilidade, tenacidade, fraca

moldagem

MRI153M Sistema Mg-Al-Ca-Sr Liga de fundição Para aplicações a altas temperaturas até

150ºC

MRI230D Sistema Mg-Al-Ca-Sr Liga de fundição Para aplicações a altas temperaturas até

190ºC

AS21 Sistema Mg-Al-Si Liga de fundição Para aplicações a altas temperaturas a mais

de 120ºC

AJ62 Sistema Mg-Al-Sr Fundição sob alta pressão Boa resistência mecânica e térmica, fundição

superior, resistência à corrosão e

comportamento de deformação

¹ Adaptado (Davies, 2003, pp 91,158,159); (kuo et al. 2006, pp 670-677); (Garmo, Black,

Kohser,1997, pp 182-184); (Friedrich, 2001, pp 276-208); (Pekguleryuz et al. 2006, pp 32-38);

(Pekguleryuz, Kaya, 2003 ,pp 866-878); (Huang, Guo, Zhang, 2006, pp 363-366); (K.U.Kainer,

2003)

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Uma outra vantagem das ligas de Mg relativamente a outras ligas metálicas é a sua baixa

temperatura de fusão (da ordem de 650ºC a 680ºC, dependendo da liga), o que implica uma

menor energia necessária para fundir uma liga de magnésio (K.U.Kainer, 2003).

Freqüentemente, as ligas de magnésio têm também de competir com polímeros em

diversos tipos de aplicações mas, em comparação com os plásticos, geralmente apresentam

melhores propriedades mecânicas, uma maior resistência ao envelhecimento, melhor

condutividade elétrica e térmica sendo ainda mais facilmente recicláveis.

No entanto, existem várias desvantagens que limitam uma utilização mais generalizada

deste material. Em termos de comportamento mecânico, a grande desvantagem é o pequeno

número de ligas forjadas disponíveis o que resulta da baixa deformabilidade do magnésio e suas

ligas à temperatura ambiente. Assim para a fabricação de componentes utiliza-se a fundição ou

trabalho a quente a temperaturas entre os 200ºC e 350ºC.

Quimicamente, tal como referido anteriormente, o magnésio e suas ligas são muito

instáveis, e especialmente susceptíveis à corrosão sobretudo em ambientes marinhos. Por outro

lado apresentam uma resistência à corrosão razoável em atmosferas normais. Estes aspectos

combinados ainda com uma baixa resistência à fluência, limitam sua utilização num grande

número de aplicações com requisitos específicos. Existem também algumas preocupações

relacionadas com as ligas de magnésio. Se a parte tecnológica da equação é simples, não existem

ainda implementados circuitos para a recuperação do magnésio nas unidades de produção.

Finalmente, existem algumas questões econômicas a serem consideradas nomeadamente o fato

de existirem poucos fabricantes o que leva a um encarecimento do preço do material final.

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2.2.2. Processamento das ligas de magnésio

As ligas de magnésio são produzidas por quase todos os métodos convencionais de

fundição, principalmente fundição em areia, injetada e em coquilha; depende do tipo de peça,

aplicação, propriedades da própria liga, etc. Dos métodos citados, a fundição injetada é

responsável por cerca de 90% da produção de ligas de magnésio.

2.2.3. Classificação das ligas de magnésio

Existem vários sistemas de codificação e identificação das ligas de magnésio, embora

nenhum deles seja ainda aceite universalmente. Neste trabalho, a nomenclatura utilizada é a

definida pela ASTM (American Society for Testing and Materials) para as ligas de metais não

ferrosos.

Essa nomenclatura inclui informação sobre a composição da liga e o respectivo

tratamento térmico. As ligas de magnésio classificadas pela ASTM, seguem uma designação

própria, que se pode considerar dividida em quatro partes: a primeira parte da classificação é

composta por duas letras indicando os dois principais elementos de liga. Na tabela 2.3 (ASTM-

B275) são apresentados os principais elementos de liga e as letras através dos quais esses

elementos são designados.

Tabela 2. 3. Principais elementos de liga

A: Alumínio B: Bismuto C:Cobre D:Cádmio E:Terras Raras

F: Ferro G: Magnésio H: Tório K: Zircônio L: Lítio

M: Manganês N: Níquel P: Chumbo Q: Prata R: Cromo

S: Silício T: Estanho W: Ítrio Y: Antimônio Z: Zinco

A segunda parte da classificação é constituída por dois algarismos que indicam a

porcentagem dos dois principais elementos de liga.

A terceira parte da classificação corresponde a uma letra seqüencial, atribuída por ordem

de patente, que permite a diferenciação entre as ligas com o mesmo teor de elementos de liga:

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A: primeira liga registrada na ASTM

B: segunda liga registrada na ASTM

C: terceira liga registrada na ASTM

D: liga de alta pureza

E: liga de alta resistência à corrosão

X1: liga não registrada na ASTM

Finalmente a quarta parte desta classificação identifica o tipo de tratamento térmico ou

mecânico a que a liga foi sujeita:

F: não tratado

O: recozido

H10 e H11: levemente encruado

H23, H24 e H26: encruado e parcialmente recozido

T4: tratamento térmico de solubilização

T5: tratamento térmico de envelhecimento

T6: tratamento térmico de solubilização e envelhecimento artificialmente

T8: tratamento térmico de solubilização, trabalho a frio e envelhecido artificialmente

Os tratamentos designados pela letra “T” têm como objetivo aumentar a resistência

mecânica das ligas de magnésio através de tratamentos térmicos. Este é o processo para o

endurecimento e aumento das propriedades de resistência das ligas para fundição, sendo

designado por endurecimento por precipitação (SMITH, 1998).

O objetivo do endurecimento por precipitação é o de promover a formação de uma

dispersão, densa e fina, de partículas de precipitados numa matriz de metal deformável. As

partículas de precipitados atuam como obstáculos ao movimento das deslocações e, como

conseqüência, aumentam a resistência mecânica da liga tratada termicamente. O processo de

endurecimento por precipitação pode ser explicado recorrendo ao diagrama de fase dos

elementos de liga. Para que uma liga de composição X-Z possa ser endurecida por precipitação é

necessário que a composição da liga permita um tratamento num campo monofásico e que a

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solubilidade do elemento Z na solução sólida diminua com a diminuição da temperatura

(SMITH, 1998) (HATCH, 1984) (Ma, S. 2006) (SJŐLANDER, SHAHRI 2010, V. 210).

Sendo assim, uma liga de magnésio conhecida e utilizada, designada como AZ91 A-T6,

por exemplo, significa uma liga com 9% de alumínio e 1% de zinco em sua composição.”Ä”

significa que é a primeira liga registrada na ASTM; T6 significa que sofreu tratamento térmico

de solubilização e envelhecimento artificial. O restante do percentual corresponde ao magnésio

(90% de magnésio).

2.2.4. Tipos de ligas de magnésio

2.2.4.1. Ligas Mg-Al

As ligas Mg-Al foram as primeiras a ser desenvolvidas. A adição do Al ao magnésio

permite aumentar a sua resistência mecânica e à corrosão. As ligas AM60 e AM100 são dois

exemplos de ligas mais comercializadas.

2.2.4.2. Ligas Mg-Al-Zn

As ligas de Mg-Al-Zn têm uma importância industrial, pois apresenta uma boca

combinação de baixo peso, resistência mecânica e resistência à corrosão.

A adição do zinco aumenta a resistência desta liga por solução sólida e precipitação. O

aumento do teor deste elemento pode provocar um aumento da microporosidade e da contração

neste tipo de ligas. Estas não são particularmente resistentes ou dúcteis, mas têm baixa densidade

e são relativamente de fácil produção. Têm o inconveniente de não poderem ser aplicadas a uma

temperatura superior a 95ºC. A liga AZ91 é a mais utilizada e é também a que tem maior

produção na fundição injetada.

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A resistência à corrosão do magnésio em condições normais pode ser melhorada com a

diminuição dos teores de impurezas de ferro, níquel e cobre. Temos como exemplo a liga de alta

pureza AZ91D.

2.2.4.3. Ligas Mg-Zn-Zr

Estas ligas apresentam excelentes propriedades mecânicas, no entanto não têm uma vasta

aplicação devido à sua susceptibilidade à microporosidade durante o vazamento: não são

soldáveis devido à elevada quantidade de zinco (5 a 6%) e sofrem fissuração a quente. O zinco

permite um aumento da resistência da liga, enquanto o zircônio refina o grão.

2.2.4.4. Ligas Mg-Zn-Terras Raras-Zr

Os elementos de terras raras combinados com ligas Mg-Zn-Zr produzem as ligas para

fundição em areia EZ33 e ZE41. Estas ligas têm uma soldabilidade relativamente boa porque o

seu ponto de fusão eutético forma uma cadeia nas ligações dos grãos durante a solidificação na

qual tenderá a diminuir a microporosidade. No entanto, as forças de tensão à temperatura

ambiente das ligas EZ33-T5 e ZE41-T5 são relativamente baixas devido em parte à remoção de

algum Zn da solução sólida para formar as fases estáveis da liga Mg-Zn-Terras Raras nas

ligações do grão. No entanto, as ligas EZ33 e ZE41 têm uma boa resistência à fadiga.

2.2.4.5. Ligas para altas temperaturas

Para aplicações a temperaturas entre 200 e 250ºC foram desenvolvidas as ligas Mg-Ag-

Terras Raras e Mg-Y-Terras Raras. Com o objetivo de melhorar as propriedades mecânicas a

altas temperaturas surgiu a liga QE22A, onde a prata substitui algum zinco e as propriedades

mecânicas são melhoradas pela ação de afinação do grão através do zircônio. A utilização de

ítrio (Y) surge para ultrapassar os problemas inerentes ao tório e à prata. O primeiro causa

problemas ambientais e a prata tem um preço muito instável.

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Na liga WE54A, o ítrio aparece em quantidades de 5% combinado com o elemento terras

raras. Esta liga tem melhores propriedades a altas temperaturas e tem uma resistência à corrosão

quase tão boa como as ligas de alta pureza do tipo Mg-Al-Zn.

2.2.5. Aplicações das ligas de magnésio

As ligas de magnésio são largamente utilizadas na indústria aeronáutica em componentes

de motores, na fuselagem e em trens de aterrissagem, por exemplo. Encontra aplicação, também,

na indústria automobilística (caixas de engrenagem, rodas, volantes, colunas de direção),

indústria bélica (mísseis) e em alguns componentes eletro-eletrônicos. A figura 2.1 (a,b,c e d)

ilustra alguns exemplos de aplicação das ligas de magnésio.

(a)

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b) c)

(d)

Figura 2.1: exemplos de componentes produzidos com ligas de magnésio; (a) rodas de

motocicletas, automóveis, pedais de bicicleta e componentes de aviões; (b) e (c) componentes de

rotor de helicóptero; (d) blocos de motor. (adaptado de k.U. Kainer, 2004)

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A figura 2.2, mostra como os veículos tem uma ampla aplicação das ligas de magnésio,

hoje em dia mais de 60 peças são utilizadas pela indústria automobilística, sendo considerada

cerca de 2,74 kg/ veículo de ligas de magnésio no Brasil, contra 4,4 kg/ veículos no Mercado

Mundial.

Figura 2.2: representação da ampla aplicação das ligas de Mg nos automóveis. (adaptado de

K.U.Kainer, 2004).

O maior mercado de produção de magnésio é para a fundição de componentes de

automóveis, particularmente nos EUA. Um dos objetivos mundiais é a economia de combustível,

particularmente na indústria do automóvel; o modo de alcançar estes objetivos é a produção de

automóveis mais leves, portanto, há um grande interesse da substituição do aço por metais

estruturalmente mais leves (Mg e Al).

A indústria do alumínio foi mais bem sucedida devido em parte, a uma boa resistência à

corrosão e à familiaridade com o seu uso. Contudo em anos recentes o magnésio ganhou

popularidade na medida em que a pureza das ligas foi melhorada, resultando num aumento

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significativo da resistência à corrosão. Devido à excelente capacidade de fusão das ligas de Mg-

Al, grandes componentes estruturais como moldes de assentos, jantes e painéis de instrumentos

são agora fundidos com sucesso, substituindo freqüentemente certos processos de forjamento.

Outras grandes vantagens da fundição das ligas de magnésio são:

- custos mais reduzidos na maquinagem, relativamente ao alumínio;

- aumento do tempo de vida da ferramenta de fundição, possivelmente maior rapidez na

fundição;

- redução do custo de transporte dos materiais devido à sua menor massa.

2.3. Ligas AM50 e AM60

As ligas AM50 e AM60 são ligas de Magnésio-Alumínio, com 5% e 6% de Al em peso

respectivamente, além de outros elementos de liga, tais como Manganês, Silício e Zinco. O

diagrama de fases em equilíbrio desta liga está apresentado a seguir nas figuras 2.3 e 2.4.

Figura 2.3: Diagrama de fases Mg-Al em equilíbrio (DAHLE et alii, 2001, p. 62).

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Figura 2.4: Ampliação da região que compõe as ligas AM50 e AM60.

A figura anterior foi utilizada como caráter elucidativo da região do diagrama onde se

situam as composições químicas das ligas Am50 e AM60, respectivamente, em função do teor

do alumínio.

O magnésio apresenta como sua característica mais marcante uma densidade (massa

específica) extremamente baixa, da ordem de 1,74 g/cm³, portanto ainda mais baixa do que a

densidade do alumínio (2,73 g/cm³). Este fato confere às ligas de magnésio elevada razão entre

resistência mecânica e peso (massa), superior à de muitos metais e suas ligas. Se algum

componente estrutural requer rigidez significativa e, simultaneamente, tamanho considerável,

essas características favorecem o uso do magnésio e de suas ligas, justamente por causa desta

elevada razão entre resistência mecânica e peso. Embora as ligas de magnésio possuam tensão

limite de escoamento inferior às de outras ligas, como ligas de alumínio, de titânio, aços

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inoxidáveis austeníticos e aços de alta resistência mecânica e baixa liga, sua razão

resistência/peso é comparável às das ligas de alumínio e de titânio, e muito superior às dos dois

tipos de aços mencionados. Algumas propriedades estão expostas na tabela 2.4 a seguir, à caráter

de comparação entre o magnésio e outros dois concorrentes no setor metalúrgico, o alumínio e o

ferro.

Tabela 2.4: Comparação: Mg, Al e Fe (adaptado de WATARAI, 2006).

Metal Densidade Ponto Ponto Tensão Alongamento Dureza

Elemento (g/cm³) de de Limite de (%) Brinell

Fusão Ebulição Resistência (HB)

(ºC) (ºC) (MPa)

Mg 1,74 650 1110 98 5 30

Al 2,74 660 2486 88 45 23

Fe 7,86 1535 2754 265 45 67

Nas ligas de magnésio determinados elementos são adicionados com diferentes

propósitos: introduzir endurecimento por solução sólida, melhorar propriedades de resistência à

fluência, promover endurecimento por precipitação ou melhorar a fusibilidade.

A maioria das ligas comerciais de magnésio, tais como AM50, AM60, AZ91 etc., são

baseadas no sistema binário Mg-Al, contendo também como já mencionado, além do alumínio, o

manganês, silício e zinco. Isto permite obter propriedades mecânicas adequadas aos usos na

engenharia. O alumínio, aumenta a dureza e a tensão limite de resistência, e ainda melhora a

fusibilidade da liga. O manganês não altera a tensão limite de resistência, mas faz com que a

tensão limite de escoamento aumente em pequena quantidade. O teor de manganês nas ligas de

magnésio é limitado pela baixa solubilidade do Mn no Mg. É aconselhável que esta quantidade

não exceda 0,3%. A adição de zinco nestas ligas tem por finalidade a combinação com o

alumínio para aumentar o limite de resistência, porém se o teor aumentar muito pode diminuir a

resistência da liga a trincas a quente (KIELBUS et al. 2006, p. 135-136).

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As principais propriedades da liga fundida de magnésio AM60 segundo ASM

International estão listadas abaixo: AM60A e AM60B

Especificações: ASTM: Fundida sob Pressão (Die casting): B 94

UNS números: AM60A: M10600. AM60B: M10603

German: DIN 1729 3.566

______________________________________________________________________________

Tabela 2.5: Composição limite da AM60A Composição limite da AM60B

______________________________________________________________________________

5,5-6,5% Al 5,5-6,5% Al

0,13% Mn mín. 0,25% Mn mín.

0,50% Si máx. 0,10% Si máx.

0,35% Cu máx. 0,010% Cu máx.

0,22% Zn máx. 0,22% Zn máx.

0,03% Ni máx. 0,002% Ni máx.

0,005% Fe máx.

0,003 % máx. outros (total)

Mg em balanço. Mg em balanço.

Tabela 2.6. Propriedades Mecânicas das ligas de magnésio AM60A e AM60B

______________________________________________________________________________

Tensão de resistência: 220 Mpa Alongamento: 6% em 50mm

Tensão de escoamento: 130 Mpa Coeficiente de Poisson: 0,35

Tensão de escoamento na compressão: 130 Mpa Módulo de elasticidade: 45GPa

Propriedades Térmicas: Temperatura Liquidus: 615ºC

Temperatura Solidus: 540ºC

Características de fabricação: Temperatura de fusão: 650 a 695ºC

Soldabilidade: não soldável

Resistência à corrosão: ASTM B 177 teste de salt spray: AM60B: <0,13 mg/cm²/dia.

______________________________________________________________________________

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Conseqüência no excesso do limite de impurezas:

- a resistência à corrosão decresce com o incremento de Fe, Cu ou Ni.

A máxima solubilidade do alumínio no magnésio é de 12,7% numa temperatura de

473ºC. A partir deste teor uma fase eutética é observada (Mg + Mg17Al12), ocorrendo até valores

de 42% de Al. Vale lembrar que os teores de alumínio nas ligas comerciais de magnésio não

excedem os 12,7%. A estrutura destas ligas comerciais é caracterizada pela fase em solução

sólida de Mg mais uma fase metaestável onde percebe-se a presença da fase inter-metálica

Mg17Al12 para teores de Al acima de 2% (KIELBUS et al. 2006, p. 135).

A liga em questão permite um bom alongamento e possuem boa fluidez no estado

fundido, isto para o processo HPDC (High Pressure Die Casting) é um fator favorável. É

utilizada na indústria automobilística (rodas, painéis, armações dos bancos e volantes),

aeronáutica e outros setores que permitam utilizar materiais leves e resistentes. A fusibilidade

das ligas da série AM sendo boa permite que se produza peças com geometrias complexas e de

espessuras pequenas. Isto é excelente para o processo HPDC, como já foi mencionado

anteriormente, sendo este processo o principal na fabricação de peças de magnésio (KIELBUS et

al. 2006, p. 135). Para aplicações que demandam boa ductilidade as séries AM são mais

indicadas, enquanto que a liga AZ91 é mais utilizada quando a resistência mecânica é mais

requisitada (CHADIA et al. 2004, p. 181).

Para Yan et al (2006, p. 02) as ligas de magnésio são atrativas para a indústria

automobilística por causa da sua baixa densidade e boa usinabilidade quando comparadas com as

ligas metálicas concorrentes no mercado. Porém as ligas de magnésio possuem baixo módulo de

elasticidade e uma tenacidade limitada devida aos poucos sistemas de deslizamentos de planos

atômicos, por causa do seu sistema cristalográfico hexagonal compacto (HC).

De acordo com El Kadiri et al (2008, p. 190) a redução de peso e consumo de

combustível é fator preponderante atualmente na indústria automobilística. E nesse ponto, as

ligas de alumínio da série 6000 têm sido usadas com sucesso, mas é com as ligas de magnésio

que se espera alcançar o máximo de redução de peso além de poder diminuir também o preço das

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peças fabricadas com este material. Contudo existem ainda algumas barreiras, por exemplo, sua

baixa resistência à fadiga, além do risco de incêndio durante o processo de fabricação, pelo fato

do magnésio ser muito reativo.

De acordo com o eccj (The Energy Conservation Center, Japan), 60% do consumo de

energia do setor de transporte são destinados ao transporte de passageiros. Levando em conta que

o uso de carros particulares aumentou consideravelmente, isto é um fator relevante no que diz

respeito ao consumo de combustível em todo mundo. Para que se possa reduzir o consumo destas

fontes de energia é necessário reduzir também o peso dos componentes estruturais dos

equipamentos de transporte, principalmente os carros particulares. Num passado recente, as ligas

de magnésio eram utilizadas apenas para a fabricação de alguns componentes eletrônicos ou

automotivos. Mas graças ao desenvolvimento de novas tecnologias de fabricação, estas ligas

ganharam maiores aplicações no mercado. Em partículas, o magnésio e suas ligas atualmente

podem ser utilizados como componentes estruturais ainda não pensados anteriormente

(WATARAI, 2006, p.84).

WANG et al (2003) pesquisaram a microestrutura da liga de magnésio AM50 fundida

que consistia principalmente das fases αMg, β-Mg17Al12 e Al8Mn5. Dois tipos de partículas β-

Mg17Al12 com tamanhos diferentes foram encontrados com tamanho em torno de mícrons e

também foram encontradas algumas partículas mais finas, com morfologia oval ou semelhante a

hastes, que podem ter sido formadas na solidificação.

No trabalho de YANCY et al (2004) as ligas de magnésio AM50 e AM60 têm a maior

variedade de solidificação e a menor temperatura final de solidificação (às vezes referida como

temperatura de congelamento), onde não há fases precipitadas entre o começo da formação

dendrítica α-Mg e a transformação eutética. A microestrutura contêm α-Mg dendrítico com

alumínio em forma de tubos na região interdendrítica. Na região interdendrítica é formado a fase

β-Mg17Al12 primária que é formada durante a transformação eutética, no resfriamento do lingote,

em regiões ricas em Al.

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De acordo com YAN et al (2008) a liga de magnésio AM60 (com 6% Al, 0,2% Zn e

0,21% Mn) é uma das ligas de magnésio mais populares e possui grande potencial para

aplicações na indústria automotiva, aeroespacial, comunicação e indústria eletrônica, possui

microestrutura composta da fase αMg matriz e a segunda fase β-Mg17Al12.

Para YANLONG et al (2009) as fases do sistema Al-Mg têm estrita ligação com as

propriedades das ligas da série AM, onde tem sido dada mais atenção à fase β, pois as pesquisas

sobre as fases Al-Mn são muito limitadas, por causa da fase eutética (αMg + β-Mg17Al12) onde

tem sido amplamente observada no sistema Mg-Al e podem afetar a observação e análise das

fases Al-Mn.

ZYDEK et al (2012) encontraram na microestrutura da liga fundida magnésio-alumínio:

uma solução sólida de alumínio no magnésio (αMg) e α+β eutético (onde β é o composto inter-

metálico Mg17Al12). Adicionalmente a presença de manganês provoca a formação de compostos

de Al-Mn, como Al6Mn, Al4Mn e Al8Mn5. A fase Mg17Al12 é incoerente com a matriz de

magnésio e ela existe em uma ampla faixa de composição do Al. Esta fase inter-metálica tem um

ponto de fusão baixo (458ºC), é por isso que a fase β tem fraca estabilidade metalúrgica e pode

contribuir para as pobres propriedades da liga a temperaturas mais altas.

2.4. Tratamentos térmicos das ligas de magnésio

Ligas de magnésio são normalmente tratadas para promover melhorias em suas

propriedades mecânicas ou para garantir a possibilidade de se realizar as operações de fabricação

que a ela será imposta. O tipo de tratamento selecionado dependerá da composição química e da

natureza (endurecível ou não) da liga, e também da aplicação final da peça de magnésio

originada (ASM METALS HANDBOOK, V.04,1992).

Os tratamentos térmicos baseiam-se na variação das solubilidades dos elementos

microestruturais. Como a solubilidade dos elementos aumenta com o aumento da temperatura até

à temperatura de solidus, podemos controlar a solidificação e posterior envelhecimento de forma

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a controlar a formação e distribuição das fases precipitadas que influenciam as propriedades do

material.

Os tratamentos térmicos mais comuns aplicáveis às ligas de magnésio são a solubilização

e o envelhecimento artificial, quando o objetivo é aumentar as propriedades mecânicas da liga e

o recozimento, o alívio de tensões e a homogeneização, quando se objetiva preparar o metal para

operações posteriores de processamento. Estes tratamentos podem ser combinados com trabalho

mecânico a fim de adquirirem propriedades ou condições especiais no material.

A solubilização é um procedimento térmico que consiste em elevar a temperatura da liga

a valores próximos de sua temperatura de fusão, mantendo a liga neste patamar por tempo apenas

suficiente para uma completa homogeneização da temperatura, fazendo com que as fases

precipitadas na matriz da liga se dissolvam e os elementos ligantes se posicionem em solução

sólida substitucional na rede cristalina do magnésio. Na seqüência, segue-se um resfriamento

brusco em meio líquido (geralmente água), a fim de manter os elementos de liga “congelados”

nas suas posições substitucionais. Este tratamento confere à liga um moderado aumento de

resistência mecânica ao metal, além de garantir uma máxima tenacidade e resistência ao impacto

à liga (ASM METALS HANDBOOK, V.04, 1992).

Algumas ligas, dependendo de seu balanço estequiométrico, podem promover um

endurecimento involuntário algum tempo após a solubilização. Trata-se do chamado

‘envelhecimento natural’ da liga e consiste em uma precipitação de partículas de segunda fase

formada pelos elementos de liga em solução sólida substitucional com alto grau de

metaestabilidade. O nível de tensão microestrutural neste caso é elevado, possibilitando que os

elementos de liga tenham energia o suficiente para se combinarem entre si, mesmo em

temperatura ambiente, promovendo um acréscimo de dureza e resistência mecânica da liga

(SMITH, 1993).

Em geral, o envelhecimento natural, relatado no parágrafo anterior, não ocorre tão

facilmente, ou então, não ocorre com a velocidade e eficiência muitas vezes necessárias para o

processo industrial. Neste caso, o fenômeno relatado é forçado a ocorrer, promovendo-se, para

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isso, um tratamento térmico chamado “envelhecimento artificial”. Este tratamento consiste em

aquecer a liga solubilizada a temperaturas que podem chegar a 250ºC e manter neste patamar por

tempos relativamente longos. O provimento de energia adicional dado à liga permite que esta

endureça consideravelmente, aumentando também sua resistência mecânica, devido à

precipitação de fases finamente dispersas na matriz de magnésio. Em contrapartida, a liga perde

em termos de resistência ao impacto e tenacidade.

O envelhecimento artificial, quando não precedido da etapa de solubilização, promove

um alívio de tensões no material, o que pode gerar características interessantes no sentido de

aumentar as propriedades mecânicas quando a peça é submetida a esforços trativos (ASM

METALS HANDBOOK, V.04, 1992). O alívio de tensões também pode preceder operações de

usinagem e calibrações mecânicas ou mesmo ser empregado em peças onde a geometria

apresenta cantos e/ou curvas acentuadas.

As ligas deformáveis de magnésio, em diferentes estágios de endurecimento por

deformação, podem ser recozidas quando submetidas a temperaturas entre 290ºC e 455ºC,

dependendo da composição química de cada liga, durante um período de uma ou mais horas. O

recozimento, nestes casos, tem como objetivo proporcionar a maior ductilidade possível à liga.

Em operações de conformação mecânica, como as temperaturas de processo são geralmente

bastante elevadas, a necessidade de se recozer o material é menor do que em outras ligas

metálicas (ASM METAL HANDBOOK, V.04, 1992).

O tratamento térmico de homogeneização é um procedimento necessário principalmente

para lingotes fundidos que serão deformados posteriormente e tem por objetivo eliminar ou

diminuir as fases duras, de alto teor de liga, formadas na etapa de solidificação do metal. Com

este tratamento são ativados os mecanismos de difusão, fazendo com que os elementos

segregados migrem para regiões empobrecidas de elementos de liga, tendendo a homogeneizar o

material.

Durante os tratamentos térmicos das ligas de magnésio, é aconselhável que seja mantido

uma atmosfera inerte no interior das câmaras de aquecimento. Os gases mais comuns utilizados

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nessa proteção são o hexafluoreto de enxofre, dióxido de enxofre e dióxido de carbono, podendo

ser utilizados também gases inertes, como por exemplo, o argônio (ASM METALS

HANDBOOK, V.04, 1992).

Esta precaução de deve a dois fatores: diminuir a oxidação superficial do material e

impedir qualquer possibilidade de combustão do magnésio em aquecimento. No entanto, em

operações térmicas cujas temperaturas não ultrapassam 400ºC, consideradas relativamente

baixas, é possível se proceder ao aquecimento sem atmosfera protetora. Este é o caso dos

aquecimentos anteriores às operações de conformação mecânica ou tratamentos térmicos menos

severos, como o envelhecimento artificial e o alívio de tensões.

A inflamabilidade do magnésio (característica que faz comum seu uso em fogos de

artifício e artefatos explosivos) é um dos motivos para que sejam tomadas precauções em relação

à exposição deste metal aa temperaturas elevadas Embora as temperaturas praticáveis

industrialmente estejam situadas bem abaixo do ponto de fusão da liga (em torno de 600ºC, para

a maioria das ligas deformáveis) e, portanto, o perigo de incidência de fogo seja reduzido, um

controle adequado da temperatura deve ser imposto, a fim de se evitar superaquecimentos

localizados, gerando combustão. Por este motivo, a uniformidade da temperatura deve ser

monitorada pelo menos em toda a zona final de aquecimento e grandes gradientes de temperatura

devem ser evitados (ASM METALS HANDBOOK, V.04, 1992).

Os fornos com circulador de ar proporcionam um melhor aquecimento uniforme na liga

de magnésio, sendo, portanto, os mais recomendados. Fornos tubulares ou muflas devem ser

evitados, já que deles resultam baixas temperaturas no centro da carga e possivelmente

superaquecimento nas superfícies e arestas expostas. No interior do forno, a carga deve ser

colocada de modo que o ar circule facilmente por toda a câmara, melhorando a uniformidades da

temperatura do material (ASM METALS HANDBOOK, V.04, 1992).

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2.4.1. Tratamentos térmicos aplicáveis às ligas de magnésio da série AM

Os tratamentos térmicos para as ligas de magnésio serão descritos posteriormente com

suas nomenclaturas e suas atribuições. Habitualmente, vêm sendo utilizados nestes termos para

pesquisa e pela própria indústria (ibidem). São eles:

- Tratamento térmico de Solubilização (T4) – Este tratamento consiste em solubilizar os

elementos de liga na matriz do magnésio, resfriando-se rapidamente na seqüência. Este

procedimento provoca um aumento da resistência à tração, da ductilidade e da resistência ao

impacto, porém diminui ligeiramente a tensão de escoamento e a dureza do material. Como não é

realizado um envelhecimento artificial subseqüente à solubilização, espera-se que a liga tenha

um envelhecimento natural ao longo do tempo posterior ao tratamento térmico imposto. Para as

ligas de magnésio geralmente são utilizados aquecimentos na faixa de 340ºC a 565ºC,

dependendo de cada liga. O tempo e temperatura dependerão do resultado desejado.

- Tratamento térmico de Envelhecimento (T5) – Este tratamento consiste em envelhecer

artificialmente um material já deformado a quente. É utilizado, portanto, após as peças sofrerem

processos de conformação mecânica em altas temperaturas, como extrusão ou forjamento. Este

tratamento origina um aumento da tensão de escoamento e da dureza da liga. As temperaturas

indicadas para o envelhecimento artificial variam de 120ºC a 230ºC. O tempo e temperatura

dependerão do resultado desejado.

- Tratamento térmico de Solubilização seguido de um Envelhecimento (T6) – Este tratamento

une os tratamentos T4 e T5, ou seja, a peça é inicialmente deformada a quente, na seqüência a

mesma é aquecida para dissolver os elementos de liga no interior da matriz metálica do

magnésio, onde permanece por um período grande de tempo – não inferior à horas – sendo,

então, resfriada rapidamente até temperatura para solubilização dos elementos químicos.

Posteriormente, as peças solubilizadas são novamente elevadas à temperaturas moderadas, onde

permanecem por longos tempos de forno, promovendo a precipitação de partículas de segunda

fase finamente dispersos. Nas ligas de magnésio da família AM, estes precipitados são chamados

de fase β (Mg17Al12). Este tratamento térmico origina um aumento considerável da tensão de

escoamento e da dureza da liga, no entanto diminui a resistência ao impacto e a ductilidade.

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O processo de endurecimento por precipitação envolve três passos, sendo eles o

tratamento térmico de solubilização, a têmpera e o envelhecimento, como demonstrado na figura

2.5.

2.5. Fundição Sob Pressão

A Fundição Sob Pressão (ou Die Casting), também conhecida como injeção de metais é:

o processo metal-mecânico no qual o metal líquido, sob pressão é forçado a entrar na cavidade

esculpida de uma matriz, normalmente confeccionada em aço, preenchendo-a e formando a peça

desejada. Ao entrar na cavidade da matriz o metal expulsa o ar lá contido, por orifícios pré-

determinados, e preenche todos os espaços da matriz, também conhecida por ferramenta ou

Tem

per

atu

ra

FIGURA 2.5. Esquema do endurecimento por

precipitação (adaptado de CAMPBELL et al, 1994)

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molde, além disso, ainda recebe uma força de compactação para diminuir o volume das

microporosidades decorrentes da solidificação, o que aumenta a densidade da peça. A qualidade

superficial e estrutural obtida nas peças injetadas é bastante superior se comparado ao processo

convencional de fundição em areia e por gravidade, por exemplo, proporcionando a produção de

peças com elevada responsabilidade técnica.

Os moldes metálicos utilizados em fundição sob pressão são chamados de matrizes. A

matriz, feita de aço ferramenta tratada termicamente, é geralmente constituída de duas partes que

são fechadas hermeticamente no momento de vazamento do metal líquido. O metal líquido é

bombeado na cavidade da matriz sob pressão suficiente para o preenchimento total de todos os

seus espaços e cavidades. A pressão é mantida até que o metal se solidifique. Então, a matriz é

aberta e a peça ejetada por meio de pinos acionados hidraulicamente. Muitas matrizes são

refrigeradas a água. Isso é importante para evitar superaquecimento da matriz, aumentando sua

vida útil e evitando defeitos nas peças. (MACHADO, I. Processos de Fundição e Sinterização-

Metalurgia do Pó. Mimeo).

Procura-se utilizar este processo quando uma grande quantidade de peças é solicitada, ou

seja, quando se precisa fabricar várias vezes o mesmo componente estrutural. Este método de

fabricação é capaz então de produzir rapidamente um número grande de peças com alta precisão

dimensional. A fundição sob pressão é automatizada e realizada em máquina de câmara quente,

que está ilustrada na figura 2.6.

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Figura 2.6. Representação do processo de fundição sob pressão em câmara quente

(adaptado de KIELBUS et al. 2006, p. 136).

No processo de fundição sob pressão com câmara quente, o metal líquido é transportado

diretamente do forno para o molde de solidificação, via um equipamento de transferência tipo

tubo ou bocal devidamente aquecido. Já no instante da solidificação se observa que

primeiramente grãos mais finos são nucleados. À medida que a temperatura diminui, o tempo de

difusão é muito pequeno para que aconteça a solidificação em equilíbrio. Isto acarreta numa

estrutura ‘núcleo’, com aumento considerável de alumínio em direção aos contornos de grão.

Próximos a eles e ao longo deles é formada a fase Mg17Al12 também chamada de ‘eutético

divorciado’ (KIELBUS et al. 2006, p. 136). Nas figuras 2.7 e 2.8 pode-se observar a

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microestrutura bruta de solidificação, onde a parte mais clara representa a fase Mg, que é a

matriz, e a parte escura representa a segunda fase β-Mg17Al12. Estas imagens pertencem à ligas

de magnésio AM60 com composição química dentro da especificação da ASTM.

Figura 2.7: Estrutura bruta de solidificação da liga AM60, fundida sob pressão (adaptado de Yan

et al. 2008, p 399).

Figura 2.8: Microscopia ótica da liga de magnésio AM60 na condição de fundida (adaptado de

FURUI et al. 2011, pp. 699-704).

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O processo de fundição sob pressão que utiliza o recurso de câmara quente dispõe de um

forno acoplado à máquina de injeção, onde o metal líquido está armazenado. E no seu interior

um pistão ou bomba hidráulica transporta o metal através de um canal para o interior da matriz.

A pressão exercida pelo pistão faz com que todos os espaços vazios da matriz sejam preenchidos,

formando então a peça após a solidificação (MACHADO, apostila de fundição, p. 21).

Como todo processo de fabricação, a fundição sob pressão possui suas vantagens e

desvantagens. Pode-se citar como vantagens:

i) as peças fundidas sob pressão podem apresentar maior valor de resistência mecânica do que as

fundidas em moldes de areia;

ii) as peças recebem tratamento superficial com um mínimo de reparo prévio;

iii) há a possibilidade de se fabricar peças com formas geométricas mais complexas, paredes

mais finas e tolerâncias dimensionais mais estreitas;

iv) alta capacidade de produção e alta durabilidade das matrizes.

Pode-se citar como desvantagens:

i) limitações com relação aos materiais, pois este processo é utilizado para apenas ligas não-

ferrosas;

ii) limitação no peso das peças, pois raramente elas excedem os 5 kg;

iii) retenção do ar nas matrizes, podendo originar porosidades nas peças fundidas;

iv) alto custo do equipamento e dos acessórios para a injeção sob pressão do metal líquido

(ibidem, p.22).

2.6. Expectativas na tecnologia do magnésio

Segundo Blawert (2004) as ligas de magnésio têm duas desvantagens para a aplicação

automotiva. Elas oferecem baixa resistência em altas temperaturas e uma proteção contra

corrosão relativamente fraca. Algumas ligas podem melhorar a resistência à corrosão, mas não

podem evitar os problemas da corrosão galvânica, por causa do contato do magnésio com outro

metal da liga ou um eletrólito. Este problema pode ser resolvido com um sistema de proteção de

revestimento.

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As aplicações em uso automotivo requerem uma boa ductilidade para muitos

componentes e especialmente uma boa energia de absorção de impacto, que em casos de

acidentes é uma questão crucial. É uma das áreas em que o desenvolvimento das ligas e dos

processos de fabricação têm se preocupado em aperfeiçoar, ou seja, alterar variáveis que

melhorem a energia de absorção de impacto. Já em outros elementos é mais interessante se ter

boa resistência mecânica ao invés de boa ductilidade. Daí então desenvolvimento das ligas de

magnésio seguiu por vários caminhos e alguns grupos estão expostos na figura 2.9 (BLAWERT

et al. 2004).

Figura 2.9: Direções dos desenvolvimentos das ligas de magnésio de acordo com as exigências

de trabalho (adaptado de BLAWERT et al.2004, p. 398-401).

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2.7. Aplicação do magnésio e suas ligas na indústria automobilística

As empresas de produção de automóvel têm dedicado grande parte da sua pesquisa ao

desenvolvimento do Mg e das suas ligas. A Volkswagen foi a primeira foi a primeira empresa a

aplicar ligas de magnésio na indústria automobilística no modelo Beetle, no qual foram

utilizados 22 kg de magnésio em cada automóvel deste modelo (FRIEDRICH, 2001, pp 276-

281). No início, em 1928 (SCHUMAN, 2005, pp 1-8), a Porsche trabalhou com um motor de

magnésio. A média de utilização do magnésio e o aumento de utilização previsto por carro é de 3

kg, 20 kg, e 50 kg para 2005, 2010 e 2015, respectivamente (FRIEDRICH, 2001,pp 276-281)

(BLAWERT, KAINER, 2004, pp 397-408).. No passado o alumínio e alguns plásticos foram

utilizados como materiais escolhidos para alguns componentes de automóvel. Nos últimos anos,

aumentaram as aplicações de magnésio no setor automobilístico (DIERING, KAINER, 2007, pp

91-95). Estudos recentes de pesquisa e desenvolvimento do magnésio e das suas ligas centraram

esforços na redução de peso, economia de energia e limitação do impacto ambiental (TANG et

al. 2005, pp 574-578). A acrescentar aos requisitos técnicos, ecológicos e econômicos, existem

requisitos básicos para os componentes para automóveis que se encontram sumarizados na figura

2.10, e que têm que ser considerados de forma a atingir estes objetivos (SCHUMAN, 2005, p 1-

8).

Figura 2.10: Requisitos básicos para os componentes dos veículos (adaptado de DAVIES, 2003,

p.159).

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As tendências globais obrigam a indústria automobilística a produzir automóveis mais

leves, menos poluentes, mais seguros e mais baratos (BLAWERT, KAINER, 2004, pp 397-408).

Os líderes da produção de automóveis concentram-se na redução do peso do veículo e na

limitação da quantidade das emissões de gases devido às exigências legais e dos consumidores

que reclamam por veículos mais seguros e menos poluentes (FRIEDRICH, 2001, pp 276-281).

Visto que a emissão de CO2 é diretamente proporcional ao consumo de combustível, o peso do

veículo tornou-se critério mais que decisivo na avaliação da eficácia do modelo (MICHALEK,

PAPALAMBROS, SKERLOS, 2004, pp 1062-1070). A redução do peso não só permite uma

economia de energia, como também reduz a emissão de gases para o efeito estufa. Reduzir o

peso do automóvel de forma significativa resultará numa maior economia de combustível, como

se pode verificar na figura 2.11.

Figura 2.11. Relação entre massa do veículo e consumo de combustível (adaptado de ELIEZER

et al.1998, p. 201-212).

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A redução do peso em 100 kg representa, num veículo, uma economia de combustível de

cerca de 0,5 litro em 100 km (MEDRAJ, 2007, pp 45-47). Presentemente estão aços de alta

resistência, bem como o alumínio e materiais compósitos numa tentativa de se obter uma

redução no peso. Poder-se-á conseguir uma maior redução com uma maior utilização de

magnésio de baixa densidade e das suas ligas. A redução no peso pode ser obtida com a

combinação de um projeto industrial inovador e com o aumento da utilização de materiais leves

(AICHINGER, 1996,p 71) (KURIHARA, 1994, p 35).

Em 2003, o veículo típico norte americano utilizava 0,25% (3,8 kg) de magnésio e 8%

(120 kg) de alumínio (DAS, 2003, pp 22-26). Ainda era necessário efetuar pesquisas

significativas no que diz respeito à preparação do magnésio, desenvolvimento das ligas,

montagem, tratamento de superfícies, resistência à corrosão e melhoria das propriedades

mecânicas. A preservação ambiental é uma das principais razões para a concentração de atenção

no Mg e nas suas ligas. A preservação ambiental depende, em grande medida, da indústria dos

transportes, em particular as emissões de CO2 produzidas pelos veículos de transporte

(EMISSON CONTROL, AUTOMOTIVE WORLD 4, 2000, pp 10-15). A redução de peso é a

opção mais eficaz, em termos de custos, para obter um decréscimo significativo no consumo de

combustível e de emissões de CO2 (DIERING, KAINER, 2007, pp 91-95) (KURIHARA, 1994,

p 35). Os fabricantes de automóveis europeus e norte-americanos planejaram reduzir até 2010, o

consumo de combustível em cerca de 25%, conseguindo assim uma redução de emissões de CO2

de 30 % (DIERING, KAINER, 2007, pp 91-95) (EMISSON CONTROL, A. W. 4, 2000, pp 10-

15) ( AGHION, BRONFIN, ELIEZER, 2001, pp 381-385).

O consumo de magnésio tem tido um enorme aumento nos últimos 20 anos. A América

do Norte é o maior consumidor seguido da Europa Ocidental e Japão (BLAWERT, KAINER,

2004, pp 397-408) (ANNUAL REPORT INT. MAGNESIUM ASSOCIATION, 2001). A maior

parte do magnésio disponível é ainda utilizado como componente em ligas de alumínio, e

somente cerca de 34% é utilizado, de forma direta, em ligas de magnésio, porcentagem esta que

pode ser dividida em ligas de fundição (33,5%) e ligas forjadas (0,5%) (BLAWERT, KAINER,

2004, pp 397-408) (KAMM, 2001, p 01).

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Uma peça leve para um automóvel feita de magnésio pode custar mais do que a mesma

peça em alumínio, mas o custo do Mg compensa o custo do Al devido à redução de combustível

e da emissão de CO2 (AGHION, BRONFIN, ELIEZER, 2001, pp 381-385). Os custos elevados

constituem um grande obstáculo para o acréscimo na utilização do magnésio na indústria

automobilística. O custo do produto acabado deve ser competitivo. Contudo, durante muitos

anos, o magnésio tem travado uma luta para ser aceite, principalmente devido ao seu preço

elevado quando comparado com o alumínio (BROWN, 2007). A grande variação de preços está

a normalizar, como se pode verificar na figura 2.12, e o magnésio está, agora, preparado para ter

uma maior utilização em benefício das aplicações industriais e do ambiente (DAVIES, 2003, pp

91,158,159) (FRIEDRICH, 2001, pp 276-281) (SCHUMAN, 2005, pp 1-8) (EMISSON

CONTROL, A.W. 4,2 000, pp 10-15) (AGHION, BRONFIN, ELIEZER, 2001, pp 381-385)

(BROWN, 2007).

Figura 2.12. Alterações nos preços do magnésio e alumínio (adaptado de Brown, 2007).

A União Européia adotou uma nova estratégia para reduzir as emissões de CO2 nos novos

automóveis vendidos na União Européia (COMMISSON OF THE EUROPEAN

COMMUNITIES, 2007). Esta nova estratégia realça a determinação da Comissão em garantir

que a EU cumpra os objetivos a que se propôs no que diz respeito à emissão de gases com efeito

estufa, de acordo com o Protocolo de Kyoto (UNITED NATIONS, KYOTO PROTOCOL,

2007). A estratégia permitirá à EU atingir o objetivo há muito estabelecido que consiste em

limitar, até 2012, para 120g/km as emissões de CO2 nos automóveis novos, redução esta que

constitui cerca de 25% dos níveis atuais.

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O custo das ligas de magnésio baixou, tornando-se inferior ao custo do alumínio por

quilograma desde 2004, como podemos verificar na figura 2.11 (PRICE ON MAGNESIUM

AND ALUMINIUM, 2007). As ligas de magnésio fazem baixar os custos de produção e

auxiliam na redução de peso, permitindo reduzir não só os custos relacionados com o consumo

de combustível durante o tempo de vida do automóvel, bem como o custo total do ciclo de vida

(DAS, 2003, pp 22-26) (HAKAMADA et al. 2007, pp 1352-1360) (FITCH, 2005, pp 216-228).

Estão a ser desenvolvidas novas ligas com maior formabilidade que permitem uma grande

redução de custos. Os custos do magnésio foram mais elevados do que os custos do alumínio

desde 2004, apesar de, em termos de volume, os preços de ambos serem aproximadamente os

mesmos. Os preços razoáveis do Mg impulsionarão a utilização massiva do Mg na indústria do

automóvel.

Os objetivos emergentes para uma redução das emissões e para uma economia de

combustível nos veículos de passageiros estão a conduzir a um aumento da utilização do

magnésio (AGHION, BRONFIN, 2000, pp 19-28) (DIERING, KAINER, 2007, pp 91-95).

Partindo do princípio que serão utilizados 20 kg de componentes em ligas de magnésio, em vez

de componentes de uma material alternativo, em 25% dos 40 milhões de carros produzidos,

calcula-se que a indústria do automóvel venha a requerer 200.000 toneladas de ligas de

magnésio. Para tal seria necessário um aumento de 50% na produção total mundial.

A BMW produziu um motor composto de ligas de magnésio e alumínio, que é um motor

a gasolina de 3,0 litros, de seis cilindros, mais leve do mundo (BAVARIAN MOTOR WORKS,

2007). De acordo com a empresa a escolha da liga de magnésio para este conceito de motor,

radicalmente avançado, teve a ver com a significativa redução de peso resultante da utilização

deste material. Com efeito, este motor em liga de magnésio e alumínio é 24% mais leve do que o

motor de alumínio convencional. O objetivo da BMW era conseguir um motor capaz de debitar

maior potência e ter um binário mais elevado, enquanto que, ao mesmo tempo, permitia a

diminuição do consumo de combustível e como tal reduções na emissão de CO2. Com esta

estratégia, desde 1990 até 2007, a BMW reduziu o consumo de combustível em cerca 30% nos

modelos da BMW.

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Por outro lado a Mercedes-Benz desenvolveu uma nova transmissão automática 7G-

Tronic de 7 velocidades, sem que tal acarretasse um aumento de peso significativo, utilizando

para tal ligas de magnésio (BLAWERT, KAINER, 2004, pp 397-408). A Audi, no seu modelo

V8 Quatro, conseguiu reduzir o peso do motor em 5,0 kg relativamente aos outros modelos Audi

de oito cilindros, utilizando componentes de magnésio.

A Ford substituiu o aço tubular, o alumino extrudado e componentes em plástico

moldado por ligas de magnésio de fundição AM60. As ligas de magnésio AM50 e AM20 têm

sido utilizadas nas estruturas dos bancos dos veículos.

É também interessante notar que mesmo antes de 1970, as ligas de magnésio já eram

utilizadas, nomeadamente no modelo Beetle da VW com um consumo de 42.000 ton/ano. No

entanto, devido ao aumento do preço deste material no início da década de 70, o consumo de

magnésio diminuiu e parou a produção do VW Beetle na Alemanha (DIERING, KAIER, 2007,

pp 91-95).

A General Motors tem utilizado jantes de magnésio para o Corvette desde 1998. O painel

de instrumentos para o veículo GM H-van é feito de liga de magnésio com um peso de 12 kg em

oposição aos 18 kg do mesmo em aço. As aplicações das ligas de magnésio na indústria

automobilística norte-americana aumentaram em cerca de 15% por ano durante os anos 90

culminando numa média de 4,1 kg por veículo em 2002 (MEDRAJ, 2007, pp 45-47) (DAS,

2003, pp 22-26). A figura 2.13, mostra a evolução ao longo do tempo da utilização de ligas de

magnésio na indústria automotiva norte-americana (DAS, 2003, pp 22-26).

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Figura 2.13. Utilização do magnésio nos veículos da América do Norte (adaptado de DAS,

2003),

A utilização de ligas de magnésio na indústria do automóvel tem também vinda a

aumentar de forma regular na última década, tal resulta do desenvolvimento das ligas de

magnésio AZ91D e AZ91E, resistentes à corrosão, e AM20 e AM50 com elevada ductilidade o

que pode ser considerado um êxito importante dos últimos anos (PEKGULERYUZ et al. 2003,

pp 32-38) Estas ligas de extrusão melhoram a qualidade das peças e conferem uma tecnologia

mais simples de produção. De notar que a indústria automobilística consome 90% de todas as

ligas de magnésio (BAVARIAN MOTOR WORKS, 2007). Neste momento, as peças padrão

feitas com ligas de magnésio são: painel de instrumentos, estrutura de apoio, estrutura dos

bancos, peças da estrutura do volante de direção, estrutura do volante, blocos de cilindro, caixa

de velocidades, caixas de embreagem, Carter inferior, coletor de admissão e outras. Algumas

destas aplicações e o benefício obtido em termos de redução de peso podem ser observadas na

figura 2.14.

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Figura 2.14. Alguns componentes do automóvel e a redução de peso obtida.

Como se pode observar a redução de peso conseguida com a utilização de componentes

em liga de magnésio situa-se entre 22% e 70% (BAVARIAN MOTOR WORKS, 2007).

Na tabela 2.7, apresenta-se a título ilustrativo, vários componentes dos automóveis

fabricados em ligas de magnésio que são utilizados correntemente, bem como o fabricante e o

modelo do automóvel.

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Tabela 2.7. Componentes de ligas de magnésio e aplicações no vários modelos de automóveis (Adaptado de Mg

APPLICATION IN AUTOMOTIVE INDUSTRY, 2007).

Tendo em conta os padrões e leis ambientais, os fabricantes de automóveis utilizarão, no

futuro, 40-100 kg de ligas de magnésio por automóvel (BLAWERT, KAINER, 2004, pp 397-

408) (MEDRAJ, 2007, pp 45-47) (PRICE OM MAGNESIUM AND ALUMINIUM,2007)

(BAVARIAN MOTOR WORKS, 2007).

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Nos próximos anos, espera-se que a quantidade de magnésio utilizado na indústria

automobilística aumente pelo menos 300%. Aumentar a quantidade de ligas de magnésio por

automóvel contribuirá para a obtenção de objetivos globais de redução de gases efeito estufa.

Desenvolvimentos recentes no processamento das ligas de magnésio aumentaram a potencial

utilização destas ligas na indústria do automóvel. A atual composição das peças dos automóveis

com liga de Mg é conseguida, de forma geral, através dos processos de fundição mencionados

anteriormente. São necessários estudos adicionais sobre os processos de moldagem das ligas de

Mg para expandir, a longo prazo, a utilização do Mg na indústria automobilística.

2.8. Dificuldades tecnológicas e soluções para aplicações do Mg e suas ligas no setor

automobilístico

O principal problema da utilização de componentes em ligas de magnésio reside no risco

de incêndio que pode ocorrer durante o seu fabrico principalmente os processos de maquinagem

e corte o que é conseqüência do baixo valor do ponto de fusão destas ligas (SHI, SONG,

ATRENS, 2006, pp 1937-195

Na retificação, as aparas são, geralmente espessas e não ficam suficientemente quentes

para inflamar. Contudo, as aparas finas produzidas no polimento são mais susceptíveis de

aquecer e inflamar. O pó proveniente do polimento pode, igualmente, inflamar, até mesmo

explodir, se a temperatura for suficientemente elevada. O risco de incêndio pode então ser

eliminado evitando polimentos finos, alta velocidade, ou utilizando processos que evitem a

acumulação de aparas e pó nas máquinas ou permitam utilizando por exemplo refrigeradores.

Os refrigeradores à base de água não podem ser utilizados para o acabamento das ligas de Mg, já

que reduzem o valor de recuperar a sucata e aumentam o risco de incêndio devido à oxidação do

material (NIU et al. 2006, pp 3021-3026).

A soldagem das ligas de Mg pode também apresentar risco de incêndio se o metal quente

fundido estiver em contato com o ar. Para evitar este problema, a região da solda deve ser

efetuada em atmosfera de gás inerte. Pode originar-se deformação, relativamente a outros metais

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devido à elevada condutividade térmica e coeficiente de expansão térmica na soldagem das ligas

de magnésio, caso não sejam tomadas as devidas precauções (ROBOTS 4 WELDING, 2007). As

temperaturas de serviço devem ser muito inferiores à temperatura de fusão, caso contrário poder-

se-á materializar o risco de incêndio.

Outro problema das ligas de magnésio é a sua elevada reatividade (HAFERKAMP et al.

2001, pp 1160-1166). Como referido anteriormente o magnésio é um material muito reativo, não

se encontrando no estado metálico na natureza. Tipicamente em estado natural o magnésio surge

sob a forma de óxidos hidratados, carbonatos ou silicatos, muitas vezes combinado com o cálcio.

A grande reatividade do magnésio faz com que a produção do metal requeira grandes

quantidades de energia (NFPA, 2001), o que explica o seu custo elevado.

Existem dois mecanismos de reatividade das ligas de magnésio (ASM HANDBOOK

V.2,1961). No primeiro mecanismo, as ligas de magnésio podem reagir com o oxigênio e com a

umidade do meio, mesmo à temperatura ambiente formando óxidos ou hidróxidos, contribuindo

também para risco de incêndio.

No segundo mecanismo, as ligas de magnésio uma vez que estão posicionadas no fundo

da série galvânica atuam como anodos quando em contato com qualquer outro material metálico,

o que leva a que a corrosão galvânica seja um problema comum. Para prevenir estes problemas

de reatividade conducentes obviamente a uma degradação do material, são normalmente

utilizados acabamentos protetores, tais como anodização da superfície ou uso de revestimentos

como tintas (SHI, SONG, ATRENS, 2006, pp 1939-1959). Revestimentos aplicados

quimicamente de que são exemplos os tratamentos de conversão (cromatação ou fosfatação)

apenas conferem uma proteção a termo limitado sendo utilizados em conjunto com sistema de

pintura. A concepção/projeto das peças é também crucial para melhorar o desempenho dos

componentes face à corrosão. A título de exemplo pode referir-se a necessidade de uma

drenagem adequada para prevenir a acumulação de substâncias corrosivas (NIU et al. 2006, pp

3021-3026).

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Embora as ligas de magnésio possuam uma resistência razoável à corrosão nas condições

atmosféricas, a sua susceptibilidade à corrosão em ambientes com cloreto tem sido uma séria

limitação prática a uma aplicação mais abrangente destas ligas. Apesar destas limitações, foram

conseguidas melhorias significativas com as ligas de magnésio no que diz respeito à resistência à

corrosão, através da já referida redução do nível de impurezas de metais pesados (Fe, Ni e Cu)

(TKACHENKO et al. 2006, pp 97-107) (BAVARIAN MOTOR WORKS, 2007).

Assim, um projeto correto das estruturas e a utilização de técnicas de proteção

anticorrosivas adequadas podem atenuar estas preocupações (POLMEAR, 1994, pp 1-14).

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Introdução

O método de trabalho consistiu em coletar a liga AM60, cedida pela RIMA (Bocaiúva-

MG), da forma em que ela foi fabricada, ou seja, fundida sob pressão. De posse do material,

foram cortados pequenos pedaços para os tratamentos térmicos, onde foram cortados sem

orientação preferencial.

3.2 Tratamentos térmicos

Depois de cortadas as amostras realizaram-se os tratamentos térmicos. O forno é

estabilizado à temperatura pretendida, e só depois introduzidas as amostras, dando-se início à

contagem do tempo de tratamento a partir do momento em que se fecha o forno.

Foram realizadas as solubilizações das amostras às várias temperaturas pretendidas, ou

seja a 350ºC, 400ºC e 450ºC, seguidas de resfriamento em água à temperatura ambiente; sendo

posteriormente sujeitas ao envelhecimento às várias temperaturas pretendidas, ou seja a 150ºC,

200ºC e 250ºC, seguidas de resfriamento natural. Os tratamentos térmicos foram utilizados num

forno elétrico marca ANALÓGICA, modelo NA-1100-TM com atmosfera controlada por gás

inerte Argônio com vazão de 15 L/min. As temperaturas e tempos utilizados nos tratamentos

térmicos de solubilização e envelhecimento estão mostradas na tabela 3.1 seguinte.

Tabela 3.1. Temperaturas e tempos de solubilização e envelhecimento dos tratamentos térmicos T6.

Solubilização Envelhecimentos

_____________________________________________________________________________________________

350ºC / 24h 150ºC / 12h 150ºC / 6h

400ºC / 24h 200ºC / 12h 200ºC / 6h

450ºC / 24h 250ºC / 12h 250ºC / 6h

As amostras foram embutidas com resina de cura a frio, devido ao fato das temperaturas

de embutimento a quente poderem interferir com os tratamentos executados. Em seguida foram

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realizados os procedimentos de preparação metalográfica, começando pela lixa 80 e seguida

pelas lixas 120, 220, 240, 320, 400, 500, 600, 800, 1000, 1200, 1500, 2000 (escala mesh) e

terminando na lixa 2500. Na seqüência, procedeu-se o polimento das amostras, sendo utilizado o

abrasivo de alumina em suspensão com tamanho de partículas de 1μm. Os reagentes utilizados

para os ataques químicos das amostras foram o nital, o ácido fluorídrico, o ácido pícrico e o

etilenoglicol e mesmo assim não revelaram a microestrutura da liga, mesmo na concentração de

cada um deles em álcool de 10%. A tabela 3.2 mostra a composição básica da liga de magnésio

AM60 segundo ASTM.

Tabela 3.2. Composição da liga AM60 (% em peso); segundo ASTM

Al Zn Mn Cu Si Fe Ni Be

_____________________________________________________________________________________________

Mín 5,6 - 0,26 - - - - 0,0005

Máx 6,4 0,20 0,50 0,008 0,08 0,004 0,001 0,0030

3.3. Ensaio de dureza

Para a medição de dureza foi utilizado o método microdureza Vickers. O ensaio de dureza

foi realizado em um equipamento da marca MITUTOYO, modelo MVK-G1, Hardness Tester,

onde foi utilizado um indentador em forma pirâmide de diamante com base quadrangular e

ângulo de abertura de 136º, segundo a norma ASTM-E92 e uma carga de 200 gramas (0,96 N)

durante 20 segundos. Para a obtenção do valor da dureza Vickers (de designação HV) recorre-se

à fórmula seguinte:

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Figura 3.1. Cálculo da dureza Vickers (HV), sendo d o valor médio das diagonais da calota

impressa na amostra (mm), e F carga aplicada (kgf) (adaptado de SMITH, W. 1993).

Figura 3.2. Exemplo da medição das diagonais d1 e d2 dos ensaios de dureza vickers.

Foram realizadas três medições de dureza para cada uma das amostras após os

tratamentos térmicos realizados, sendo a dureza caracterizada então pela média dos valores

encontrados.

3.4. Análise metalográfica

Para as análises metalográficas foram utilizados os procedimentos padrões de norma, ou

seja, as amostras são preparadas com uma seqüência de lixas d’água finalizando com um

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polimento com alumina de 1 μm. Após este procedimento, as amostras foram atacadas com ácido

fluorídrico ou ácido pícrico, diluídos em etanol e analisados em microscópio ótico. O

microscópio utilizado é da maca OLYMPUS, modelo SC30. Os exames metalográficos foram

empregados a todos os tratamentos térmicos adotados.

3.5. Planejamento de Experimentos

Planejamento de experimento é um conjunto de procedimentos baseados na estatística e

probabilidade que busca aprimorar testes de produtos e processos, garantindo confiabilidade e

custos baixos nos ensaios.

O planejamento aleatorizado por níveis é o planejamento onde se realiza ensaios com

diferentes níveis (ou tratamentos) de uma única variável de influência (fator), com n réplicas

para cada nível.

Este tipo de planejamento tem como objetivo avaliar os efeitos dos tratamentos e estimá-

los, através do teste de hipóteses apropriadas. Para esse teste, assume-se que os erros do modelo

utilizado são normalmente e independentemente distribuídos com média zero e variância igual

para todos os tratamentos. Esse modelo é denominado análise de variância de um fator único e

para que a análise seja objetiva é necessário que o procedimento experimental seja

completamente aleatorizado.

Neste estudo foi realizada análise estatística para avaliar os efeitos do tratamento térmico

de envelhecimento, sobre a microdureza. O planejamento experimental consistiu em

planejamento aleatorizado por níveis com uma variável de influência, a microdureza. Foram

comparadas as medidas de indentação das amostras como recebida, com as amostras

solubilizadas e posteriormente com as amostras envelhecidas em diferentes temperaturas

(150ºC), (200ºC) e (250ºC) em diferentes tempos de tratamento (6h) e (12h). A análise de

variância foi realizada com o nível de significância de 5%.

As médias dos diferentes tratamentos foram avaliadas por meio de um contraste para

avaliar as diferenças entre os resultados das médias obtidas. Cada ensaio foi realizado com três

réplicas para avaliar o erro experimental. A variável de resposta foi a medida da dureza.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo estão apresentados e discutidos os resultados dos ensaios mecânicos

realizados nesta pesquisa, tais como dureza, além das análises metalográficas.

4.1. Análise química

Na tabela 4.1, está mostrada a composição química da liga de magnésio AM60. Pode-se

notar que o teor de alumínio está abaixo do valor especificado pela norma ASTM-B93 (2000), o

que pode ter afetado na dureza desejada. Além do alumínio, o berílio e o zinco estão abaixo do

especificado, enquanto o ferro está muito acima do limite especificado. Portanto, o material não

está dentro da faixa de trabalho das especificações, porém a liga foi pesquisada da mesma forma.

Para Sakkien (1994 apud FERRI, 2008, p. 17) os principais elementos de liga em questão

são Alumínio, Zinco, Manganês, Silício e Berílio. O alumínio melhora as propriedades

mecânicas, o zinco melhora a resistência mecânica em temperatura ambiente além de aumentar a

fluidez da liga. O manganês é benéfico na proteção contra a corrosão, pois possui afinidade com

o ferro que é altamente nocivo ao magnésio com relação às taxas de corrosão. O silício aumenta

a resistência à fluência devido à formação da fase Mg2Si. E por fim o berílio, que apesar de

presente em proporções iguais a 10 PPM, não altera as propriedades mecânicas, mas reduz a

oxidação da liga.

Tabela 4.1. Composição química para a liga AM60 utilizada.

_____________________________________________________________________________________________

Amostra Al Zn Mn Cu Si Fe Ni Be Mg

_____________________________________________________________________________________________

AM60 5,0 0,15 0,33 0,008 0,26 0,37 0,001 0,0002 Bal.

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4.2. Análise Metalográfica

As figuras 4.1,4.2 e 4.3 mostram, respectivamente, os resultados da análise metalográfica

e das imagens do MEV para a liga AM60 como recebida. As amostras foram embutidas a frio

com resina adesiva e não houve escolha de direção preferencial do material, por ser a mesma

fundida sob pressão. De acordo com ASM HANDBOOK (2004), para a liga em questão, a fase

mais clara é a matriz de magnésio e a parte escura representa a segunda fase Mg17Al12, também

chamada de ‘eutético divorciado’. Na liga AM60, a fase mais clara é a matriz de Mg e a segunda

fase mais escura é a fase Mg17Al12, isto é devido ao teor de alumínio do material, como exposto

na análise da composição química. Mas de acordo com a imagem da análise metalográfica

realizada na amostra não conseguimos observar as fases presentes, isto pode ser devido ao baixo

teor de alumínio na liga ou ao elevado teor de ferro, foi utilizado como reagente ácido fluorídrico

10% em água, por 5 segundos. Observa-se que os grãos são pequenos e alguns são lamelares.

Figura 4.1. Microscopia ótica da liga AM60 como recebida.

Aumento de 200x.

500 µm

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Figura 4.2. Imagem do MEV da liga AM60 como recebida.

Figura 4.3. Imagem da espectrometria da liga AM60 como recebida.

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4.3. Efeito dos Tratamentos Térmicos

Com a realização dos tratamentos térmicos pretende-se melhorar as propriedades

mecânicas da liga através da redistribuição das fases precipitadas. O controle da formação e

distribuição dessas fases é conseguido através da manipulação da temperatura nas etapas de

solubilização, têmpera e posteriormente de envelhecimento.

4.3.1. Efeito da Solubilização

No tratamento de solubilização é pretendido promover a dissolução dos elementos de

liga, necessária para a obtenção de uma solução sobressaturada, e também a alteração da

microestrutura das partículas de Al, ocorrendo a globalização e coalescimento do Al do eutético.

A temperatura de solubilização mínima requerida tem de estar acima da linha de solvus, e

o tempo aplicado tem de ser suficiente de forma a dissolver as fases intermetálicas que contem os

elementos endurecedores. O uso de temperaturas exageradas leva a uma difusão acelerada

aumentando a solubilização dos elementos endurecedores, mas provoca maiores gastos

energéticos e pode levar à fusão incipiente da liga. No caso específico das ligas de fundição

injetada deparamo-nos com outro fator, que é o aparecimento de poros gasosos de grandes

dimensões; o aumento da temperatura promove um significativo aumento da solubilidade do

hidrogênio no magnésio e posterior precipitação na matriz. Por outro lado, temperaturas

próximas da linha de solvus necessitam de um tempo de solubilização mais elevado, o que leva a

uma diminuição de produtividade, mas obtém-se estruturas mais homogêneas, com uma maior

dispersão da fase Mg17Al12 e onde o crescimento das partículas de Al não ocorre tão

rapidamente. Para além do mencionado, tem-se também um menor gasto de energia nos fornos, e

não se corre o risco de fusão incipiente da liga, que leva à perda significativa de propriedades

mecânicas. Todos estes fatores são muito importantes para a ductilidade, e portanto de fulcral

importância na liga.

De forma a garantir um tratamento de solubilização adequados foram realizados

tratamentos de solubilização de 24 horas a 350ºC, 400ºC e 450ºC. A intensa formação de

precipitados descontínuos de baixo ponto de fusão Mg17Al12 afeta negativamente as

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propriedades mecânicas e deterioram a resistência à fluência da liga. No entanto, após longos

tratamentos térmicos acima de 400ºC, as ligas podem-se transformar em uma solução sólida

substitucional. Os tempos e temperaturas escolhidos foram selecionados com base em estudos

prévios e serão analisados conjuntamente com os resultados dos ensaios de dureza realizados. O

resultado deste tratamento é ilustrado nas figuras 4.4, 4.5 e 4.6 para a amostra escolhida.

Observa-se que a matriz base contém bastante Mg e as fases formadas podem conter Al, Mn e

Fe. Houve um aumento no tamanho dos grãos em relação à amostra como recebida.

500 µm

Figura 4.4. Microscopia ótica da liga AM60 solubilizada a 400ºC durante 24 horas.

Aumento de 200x.

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Figura 4.5. Imagem do MEV da liga solubilizada.

Figura 4.6. Imagem da espectrometria da liga AM60 solubilizada a 400ºC durante 24 horas.

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É importante esclarecer que os valores de dureza permitem uma previsão da resistência

mecânica do material, mas não da sua ductilidade, que como já mencionado é grandemente

afetada pela morfologia dos cristais de Al eutéticos e pela presença de intermetálicos do tipo Mg-

Al. A ductilidade é afetada de duas formas com a aplicação do endurecimento por precipitação, a

solubilização dos elementos e a globalização das partículas eutéticas beneficiam a ductilidade,

mas o posterior envelhecimento leva à concentração de tensões na malha cristalina resultantes da

precipitação de partículas sub-microscópicas, que embora aumentem a resistência, degradam a

ductilidade. Assim a necessidade de compromisso entre tempos e temperaturas das duas etapas

tem de ser maximizado de forma a obter as propriedades mecânicas desejadas. Os resultados dos

ensaios de dureza são apresentados na tabela 4.2.

Tabela 4.2. Dureza Vickers das amostras de AM60 solubilizadas.

Amostra Solubilização Envelhecimento Dureza Desvio

Vickers Padrão

AM60 - - 49,922 HV 5,01

AM60 350ºC/24h - 53,589 HV 8,13

AM60 400ºC/24h - 61,478 HV 1,26

AM60 450ºC/24h - 49,022 HV 7,67

Destes resultados da dureza ressalta-se que os tratamentos de solubilização de 24 horas a

350ºC e 400ºC obtiveram uma dureza superior à amostra como recebida do fabricante. Isto deve-

se à melhor solubilização dos elementos endurecedores, que resulta numa maior e mais

homogênea precipitação dos mesmos durante o envelhecimento. Este resultado é reforçado

através das imagens das microestruturas, onde é notório um maior efeito da solubilização na

esferoidização do eutético. Uma vez que não é possível observar os precipitados endurecedores,

aplicando envelhecimentos diferentes pode-se observar o maior ou menor efeito da solubilização

através das durezas obtidas, e do tamanho e esferoidização do eutético, mesmo que este não

esteja diretamente ligado ao endurecimento por precipitação.

Então de acordo com a tabela 4.2, pode-se dizer que a melhor temperatura de

solubilização é a de 400ºC durante 24 horas, por apresentar maior valor de dureza e um menor

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desvio padrão; por isso os tratamentos térmicos de envelhecimento foram todos realizados após

solubilização a 400ºC por 24 horas com resfriamento em água à temperatura ambiente.

4.3.2. Efeito do Envelhecimento

No envelhecimento, como já descrito, pretende-se a precipitação controlada do soluto

para formar precipitados finamente dispersos na matriz. Estes precipitados finos serão as

barreiras à movimentação das deslocações durante a deformação. Restringindo o movimento das

deslocações, aumenta-se a resistência mecânica. Como os precipitados endurecedores não são

visíveis em microscopia ótica ou eletrônica de varrimento, o seu efeito foi estudado através de

ensaio mecânico de dureza.

Analisei as amostras envelhecidas artificialmente utilizando patamares triplos, que

consiste no uso de 3 temperaturas diferentes para 2 tempos diferentes durante o envelhecimento.

As amostras foram solubilizadas durante 24 horas a 400ºC e após foram envelhecidas a

temperaturas de 150ºC, 200ºC e 250ºC durante 6 horas e 12 horas de tratamento. Os resultados

dos ensaios de dureza das amostras envelhecidas são apresentados na tabela 4.3.

Tabela 4.3. Dureza Vickers das amostras de AM60 envelhecidas.

Amostra Solubilização Envelhecimento Dureza Desvio

Vickers (HV) Padrão

AM60 400ºC/24h 150ºC/6h 51,422 6,375

AM60 400ºC/24h 200ºC/6h 57,400 2,780

AM60 400ºC/24h 250ºC/6h 53.533 4,201

AM60 400ºC/24h 150ºC/12h 55,444 2,678

AM60 400ºC/24h 200ºC/12h 52,511 3,051

AM60 400ºC/24h 250ºC/12h 54,611 2,544

De acordo com a tabela 4.3, pode-se dizer que as melhores temperaturas de

envelhecimento foram de 200ºC durante um tempo de 6 horas e 150ºC durante um tempo de 12

horas. Devido aos valores observados na tabela, a dureza média deve ser analisada com cuidado,

pois não é representativa da dureza da liga por apresentar um desvio padrão muito elevado.

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A seguir são apresentadas as figuras 4.7, 4.8, 4.9, 4.10, 4.11 e 4.12 das amostras que

foram envelhecidas a 200ºC durante 6 horas e a 150ºC durante 12 horas. Observa-se que houve

precipitação de fases o que diferencia a microestrutura da amostra em relação à amostra como

recebida.

500 µm

Figura 4.7. Microscopia ótica da liga AM60 envelhecida a 200ºC durante 6 horas.

Aumento de 200x.

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Figura 4.8. Imagem do MEV da liga AM60 envelhecida a 200ºC durante 6 horas.

Figura 4.9. Imagem da espectrometria da liga AM60 envelhecida a 200ºC durante 6h

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500 µm

Figura 4.10. Microscopia ótica da liga AM60 envelhecida a 150ºC durante 12 horas.

Aumento de 200x.

Figura 4.11. Imagem do MEV da liga AM60 envelhecida a 150ºC durante 12 horas.

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Figura 4.12. Imagem da espectrometria da liga AM60 envelhecida a 150ºC durante 12 horas.

4.4. Análise dos Resultados

Como explicado anteriormente, o relatório das medições de microdureza fornece de

maneira direta os resultados de microdureza. Neste trabalho foram utilizadas as medições de

microdureza diretas a partir do relatório gerado após as medições. As medições de dureza foram

efetuadas conforme o planejamento experimental em três réplicas nas amostras. Na tabela 4.4 a

seguir é apresentado as medições de dureza das amostras após o envelhecimento.

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Tabela 4.4. Medidas de dureza Vickers (HV) das amostras da liga AM60 envelhecidas.

Réplicas Tratamentos

Env.150ºC/6h Env.200ºC/6h Env.250ºC/6h Env.150ºC/12h Env.200ºC/12h Env.250ºC/12h

1 37,9 56,0 55,7 59,5 58,0 56,3

2 43,1 58,3 57,4 54,2 51,4 57,9

3 54,2 56,7 44,1 54,5 55,1 57,1

4 55,3 60,9 56,2 55,2 48,2 53,7

5 52,7 59,6 49,3 55,6 53,5 56,5

6 54,7 51,8 55,3 53,4 50,0 55,1

7 55,2 59,9 55,3 53,4 54,6 51,4

8 55,1 55,5 54,6 60,3 50,2 52,3

9 54,6 57,9 53,9 52,9 51,6 51,2

MÉDIA 51,422 57,400 53,533 55,444 52,511 54,611

Desvio

Padrão 6,375 2,780 4,201 2,678 3,051 2,544

Conforme pode ser observado na tabela 4.4, as amostras envelhecidas a 200ºC/6h

apresentaram maior média nas medidas de dureza, seguidas pelas amostras envelhecidas a

150ºC/12h, depois as amostras envelhecidas a 250ºc/12h. Em seguida as amostras envelhecidas a

250ºC/6h, depois as amostras envelhecidas a 200ºC/12h e por fim as amostras envelhecidas a

150ºC/6h. O que leva a concluir que os tratamentos térmicos de solubilização e envelhecimento

introduzem maior dureza nas amostras em relação ao material como recebido do fabricante.

A seguir é apresentada na tabela 4.5 a análise estatística realizada nos dados obtidos das

medições de dureza das amostras. Na tabela SST é a soma dos quadrados de todos os valores de

dureza medidos, SSA é a soma dos quadrados das medidas de dureza para os envelhecimentos da

amostras, SSerro é o erro embutido na soma total, GL é grau de liberdade para cada variável,

MSS é a média da soma dos quadrados, Fcal é o valor calculado e Ftab é o valor tabelado para a

Distribuição de Fisher, de acordo com a confiança e os graus de liberdade da variável e do erro.

A análise de variância com nível de confiança de 95% irá mostrar se o tratamento térmico

influencia na dureza das amostras.

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Tabela 4.5. Análise de variância

SS

GL

MSS

Fcal

Ftab Conclusão

SSTotal 918,4 53

SSA 206,6 5 41,3 2,78 2,418 influencia

Sserro 711,8 48 14,8

Pela análise de variância foi possível concluir que o tratamento térmico de

envelhecimento tem influência na dureza das amostras.

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5. CONCLUSÕES

Observando os resultados obtidos na microdureza em diferentes temperaturas e tempos de

tratamento pode-se dizer que o tratamento térmico influencia na dureza da liga, pois como visto

para cada patamar de temperatura e tempo houve uma variação da dureza.

Mas de acordo com resultados de outros trabalhos, os valores encontrados estão bem

abaixo dos encontrados, então pode-se dizer que a composição química da liga utilizada neste

trabalho, estando fora da especificação, pode ter sido um fator determinante para os valores

encontrados e além disso esta liga também sofre envelhecimento natural à temperatura ambiente

o que pode também interferir nas medidas de dureza.

Dentre os tratamentos térmicos realizados, a solubilização na temperatura de 400ºC e no

tempo de 24 horas surtiu melhor efeito na microdureza o que poderia indicar que o tratamento

térmico afeta a microdureza da liga, aumentando a resistência mecânica, mas também diminui a

ductilidade da mesma.

O tratamento térmico de envelhecimento posterior realizado em diferentes temperaturas e

tempos de exposição, mostrou diferentes valores de dureza, sendo que na temperatura de 200ºC

durante 6 horas apresentou maior valor da dureza.

Com relação à microestrutura da liga não pode-se dizer que mesmo por estar fora da

especificação, conseguimos visualizar sua estrutura e pode-se dizer que houve uma revelação

satisfatória da microestrutura observada nas figuras anteriores. A amostra como recebida

apresenta uma microestrutura muito irregular com grãos desordenados, alguns lamelares e outros

com forma geométrica definida. Na microestrutura da amostra solubilizada a 400ºC, houve

precipitação de segundas fases com contornos pouco definidos devido ao resfriamento rápido,

mas diferente da microestrutura da amostra como recebida.

Na microestrutura da amostra envelhecida a 200ºC, observa-se grãos esféricos, devido ao

tratamento, e não possuem grande tamanho por causa do pouco tempo de ensaio. Na

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microestrutura da amostra envelhecida a 150ºC, observamos grãos maiores devido ao longo

tempo de ensaio.

Então pode-se dizer que neste estudo os tratamentos térmicos modificaram as medidas de

dureza e a microestrutura da liga de magnésio AM60 em todos os ensaios realizados.

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6. Sugestões para Trabalhos Futuros

Como trabalho futuro, uma vez que não foi possível de realizar no decorrer deste trabalho,

deverão:

- repetir os tratamentos térmicos realizados com a liga deste estudo e com uma liga AM60 com

composição química dentro da especificação e comparar os resultados obtidos.

- fazer ensaios de tração/compressão com amostras da liga utilizada neste estudo e da AM60 para

análise de resultados obtidos.

- fazer ensaios de impacto com as amostras para análise das energias absorvidas.

- realizar ensaios de EDX e Fluorescência para determinação das fases presentes e precipitadas.

- realizar ensaio de Fluência.

- realizar tratamento térmico de envelhecimento na liga com tempo de 3 horas e comparar os

resultados.

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