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POR MARINA LEMOS ORIENTAÇÃO PSICOLÓGICA ONLINE

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O avanço tecnológico combinado com o crescente acesso da população à internet sugere que este é o momento ideal para que o psicólogo ofereça serviços psicológicos online, incluindo a orientação psicológica online.

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POR MARINA LEMOS

ORIENTAÇÃO PSICOLÓGICA

ONLINE

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1 INTRODUÇÃO p.3

2 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS p.6

4 ORIENTAÇÃO PSICOLÓGICA ONLINE VIA E-MAIL E CHAT p.8

5 CONCLUSÃO p.11

6 REFERÊNCIAS p.12

SUMÁRIO

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INTRODUÇÃO

O avanço tecnológico combinado

com o crescente acesso da

população à internet sugere que

este é o momento ideal para que o

psicólogo ofereça serviços

psicológicos online, incluindo a

orientação psicológica.

A orientação psicológico online é

de natureza breve e focal, com

duração máxima de 20 sessões, com 50 minutos cada. O objetivo consiste

em auxiliar o cliente na resolução de conflitos como término de

relacionamento, timidez, ansiedade, insegurança, dificuldades de

relacionamento, conflitos emocionais, baixa auto-estima, estresse, tristeza,

solidão, medos. Ressalta-se que não é permitido atender casos de urgências

como o suicídio ou mais complexos como esquizofrenia e depressão grave.

Mais ainda, não pode ser confundido com a psicoterapia que é um

processo mais aprofundado, contínuo e ainda não validado para o modo

online pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP).

Com o objetivo de orientar e regulamentar a oferta de serviços psicológicos

mediados pelo computador, o Conselho Federal de Psicologia (CFP),

promulgou três resoluções: CFP No 003/2000; CFP No 012/2005; e a mais

recente CFP No 011/2012. Esta última resolução entende por orientação “o

atendimento realizado em até 20 encontros ou contatos virtuais, síncronos ou

assíncronos”, acrescentando que devem ser pontuais, informativos e focados

no tema proposto. Farah (2013), complementa que a orientação online não

substitui o atendimento presencial, pelo contrário vem contribuir para a

ampliação do trabalho do psicólogo para populações que não tem acesso

a este tipo de serviço.

A Resolução CFP N° 011/2012, em seu Art. 1o, reconhece os seguintes serviços

psicológicos realizados por meios tecnológicos de comunicação à distância

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desde que pontuais, informativos, focados no tema proposto e que não

firam o disposto no Código de Ética Profissional do psicólogo:

I. As Orientações Psicológicas de diferentes tipos, entendendo-se por

orientação o atendimento realizado em até 20 encontros ou contatos

virtuais, síncronos ou assíncronos;

II. Os processos prévios de Seleção de Pessoal;

III. A Aplicação de Testes devidamente regulamentados por resolução

pertinente;

IV. A Supervisão do trabalho de psicólogos, realizada de forma eventual ou

complementar ao processo de sua formação profissional presencial;

V. O Atendimento Eventual de clientes em trânsito e/ou de clientes que

momentaneamente se encontrem impossibilitados de comparecer ao

atendimento presencial.

Podemos citar muitos benefícios da orientação psicológica online tanto para

o cliente quanto para o psicólogo. De acordo com Souza (2013), o

atendimento realizado por meios tecnológicos facilita o acesso da

população que apresenta dificuldades financeiras, que reside em

localidades onde não existem profissionais de psicologia, e para pessoas que

apresentam algum tipo de deficiência (física, visual, auditiva). Farah (2013),

acrescenta que este tipo de atendimento também beneficia pessoas que, a

depender de suas dificuldades, necessitam receber um primeiro

acolhimento, o que facilita esclarecimentos a respeito de suas questões e o

incentivo para buscar um atendimento psicoterápico. Para o psicólogo, os

benefícios também são muitos como oportunidade para alcançar maior

número de clientes, poder trabalhar no conforto de sua casa, flexibilidade

de horários, poder atender brasileiros que moram no Brasil e no exterior.

Como podemos perceber, os benefícios são inúmeros, porém devemos

refletir sobre a ética envolvida no atendimento online.

Os desafios éticos em relação a orientação psicológica online vai variar a

depender do tipo de comunicação utilizada com o cliente. A comunicação

via vídeo possui similaridades com a face a face, portanto não difere muito,

até um certo ponto, da ética relacionada com a terapia presencial. Já o

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atendimento via chat e mensagens instantâneas apresentam algumas

considerações éticas a serem refletidas.

A orientação psicológica online pode ser realizada de várias formas. Através

de comunicação assíncrona, como o e-mail, ou de comunicação síncrona,

como o chat, mensagens instantâneas e vídeo conferência. Na

comunicação assíncrona, o atendimento não ocorre em tempo real; as

pessoas não estão diante o computador ao mesmo tempo. Na

comunicação síncrona, o atendimento acontece em tempo real, ou seja, o

cliente e o psicólogo estão interagindo entre si ao mesmo. As ferramentas

utilizadas no atendimentos podem ser softwares tais como: Skype, MSN,

Whatsapp, e-mail ou sala virtual integrada ao website.

O psicólogo que queira oferecer a orientação psicológica, precisa seguir

algumas regras criadas pelo Conselho Federal de Psicologia. Deverão estar

com seu site cadastrado no Conselho Federal de Psicologia. Este Conselho,

ao autorizar um site, emite uma credencial de autenticação na forma de

selo eletrônico, constando: ano de sua concessão e prazo de validade.

Além disto, precisa estar devidamente inscrito em um Conselho Regional de

Psicologia (CRP); sem débito no conselho e ter um site de acordo com as

exigências da resolução do CFP.

Neste documento tratamos da orientação psicológica online, com o

objetivo de suscitar reflexões sobre: as considerações éticas atribuídas ao

atendimento online; a orientação online via e-mail e chat de conversa.

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CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

Sabemos que a nossa prática enquanto psicólogo é guiada pelo código de

ética profissional. Mas, quais são as questões éticas referentes a nossa

prática online especificamente? A diferença entre o atendimento online e

face-a-face cria novos desafios éticos que não existia no atendimento

presencial. Este capítulo pretende abordar brevemente algumas destas

questões.

A ética envolvida no atendimento online está relacionada com a medida

em que os riscos associados a terapia no modo tradicional são reforçados na

comunicação baseada em texto, o possível surgimento de novos tipos de

riscos que não estão presentes em terapia face-a -face, e o grau em que os

potenciais benefícios justificarem os possíveis riscos.

A avaliação dos riscos envolvidos em qualquer forma de atendimento

psicológico deve ser feita comparando com os benefícios trazidos pela

intervenção. A simples presença do risco não necessariamente impede um

tipo de intervenção. Somente considerando ambos os riscos e benefícios é

que podemos observar a ética envolvida na intervenção proposta. Uma

importante questão vem para o terapeuta entender e avaliar a natureza dos

riscos, minimizá-los o melhor possível, informar ao cliente a natureza dos

riscos, e consequentemente permitir que o cliente faça uma decisão

consciente sobre as opções de tratamento (Craig, 2013).

Ao avaliar os riscos da orientação online, é importante ter em mente que a

terapia face a face não é livre de riscos. A terapia presencial pode

apresentar riscos ao terapeuta como ser sexualmente abusado ou agredido

fisicamente; e ao cliente como podem ser atendidos por um psicólogo

incompetente; o registro das sessões podem ser feitos de modo irresponsável

pelo profissional; interpretações errôneas podem ocorrer. Podemos perceber

que o importante é a responsabilidade ética do psicólogo independente se

esteja trabalhando online ou presencialmente (Craig, 2013).

Os desafios éticos em relação a orientação psicológica online vai variar a

depender do tipo de comunicação utilizada com o cliente. Craig (2013),

relata que a comunicação via vídeo possui similaridades com a face a face,

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portanto não difere muito, até um certo ponto, da ética relacionada com a

terapia presencial. Já o atendimento via chat de conversa e e-mail

apresentam algumas considerações éticas a serem refletidas.

O uso de e-mail utilizado como meio de comunicação entre o psicólogo e

cliente envolve riscos para os clientes, além daqueles associados à

confidencialidade das comunicações. Por exemplo, a falta do

comportamento verbal pode interferir no processo de avaliação e

diagnóstico por parte do psicólogo; importantes pistas podem ser perdidas

como características da fala, função de memória, ou evidência física de

uma condição médica que pode estar associada com os sintomas

psicológicos. Uma capacidade diminuída para fazer uma avaliação

adequada poderá afetar negativamente a capacidade dos psicólogos on-

line para elaborar planos de tratamento adequados, resultando em

intervenções de tratamento não eficientes. Portanto, é preciso ter

consciência destes riscos para que possamos maximizar a eficácia do

processo de orientação online.

A prática ética do atendimento online exige que os terapeutas desenvolvam

uma compreensão aprofundada de todas estas questões. Grupos de

discussão on-line que lidam com a psicologia Internet podem ajudar os

psicólogos a explorar algumas destas questões. No entanto, apesar da

avaliação profissional do terapeuta das questões envolvidas com o

oferecimento de intervenções on-line, a questão final é o grau em que os

potenciais benefícios justificarem os possíveis riscos, e uma decisão sobre

esta questão só pode vir de um cliente inteiramente informado. Enquanto os

profissionais de saúde mental podem decidir que os benefícios potenciais

associados com a intervenção não justificam os riscos, a decisão oposta,

que os benefícios justificam os riscos, só pode ser feita por um cliente

inteiramente informado. Os profissionais que procuram fornecer intervenções

online devem, portanto, ser informados quanto aos possíveis riscos para que

eles possam tomar as precauções cabíveis para reduzi-los, e para que

possam educar os clientes a respeito dos mesmos(Craig, 2013).

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ORIENTAÇÃO PSICOLÓGICA ONLINE VIA E-MAIL E CHAT

A comunicação virtual entre psicólogo e cliente necessita ocorrer de

maneira efetiva. Portanto, deve-se refletir sobre alguns pontos que podem

facilitar a interação via e-mail e chat entre psicólogo e cliente, tornando o

atendimento mais efetivo.

É de comum conhecimento que a comunicação escrita difere

consideravelmente da comunicação ao vivo. É necessário habilidades para

comunicar sentimentos e pensamentos apenas por mensagens escritas.

Comunicação escrita pode muitas vezes parecer mais dura do que se

pretendia e, sem sinais contextualizados como tom de voz e linguagem

corporal, comunicação via mensagem escrita tende a ser mal interpretada

ou mal compreendida. Através da comunicação escrita há uma

probabilidade maior de material psicológico projetivo que surge pela

ausência da presença física que auxilia para trazer para realidade a

comunicação . Neste caso, cada palavra importa no atendimento via e-mail

e chat entre Psicólogo e cliente (Craig, 2013). O que significa que deve ser

clara e sem duplo sentido.

De acordo com Fortim & Consentino (2007), o objetivo da orientação

psicológica por e-mail é “orientar sobre um assunto especifico, encerrando o

tema na própria mensagem e/ou indicando o atendimento presencial”. A

mesma apresenta algumas vantagens. Primeiro, pode gerar uma sensação

de que o psicólogo está disponível diariamente para o cliente. Segundo, em

vez de esperar uma semana para se encontrar com o psicólogo, o cliente

pode escrever para o mesmo enquanto as questões ainda estiverem ativas.

Terceiro, permite que ambos cliente e psicólogo possam escrever e editar o

texto cuidadosamente antes de enviar a mensagem. Quarto, o e-mail pode

ser integrado ao modo tradicional de terapia, permitindo o cliente a

continuar o processo terapêutico entre as sessões com o terapeuta. Neste

caso, o psicólogo pode também prescrever tarefas terapêuticas para o

cliente, as quais podem ser enviadas por e-mail antes da sessão. Além disto,

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podemos observar algumas desvantagens que também podem ser

aplicadas ao atendimento via chat de conversa.

Comunicação interativa baseada em texto como o e-mail e chat é mais

vulnerável a problemas de comunicação. A ausência de sinais verbais e

visuais associados com a comunicação online via texto pode contribuir para

uma falha de comunicação modificando o significado da mensagem e

consequentemente causando interpretações erroneas (Craig, 2013). Além

disso, a comunicação de texto interativo não é o meio normal de

comunicação interpessoal para a maioria dos terapeutas treinados em

psicoterapia em pessoa. Terapeutas podem, portanto, não possuem as

habilidades de escrita necessárias para expressar sutilezas de significado por

meio da palavra escrita. Diante disto, é importante pensar em algumas

formas de facilitar esta comunicação e consequentemente promover uma

relação terapêutica mais efetiva.

Alguns guias básicos que ajudam na comunicação escrita entre o psicólogo

e cliente:

Utilize saudações apropriadas- saudar o cliente adequadamente é

uma maneira efetiva de determinar o tom de seu email. Pense em

saudações como um aperto de mão. Começar com oi, olá, boa tarde

faz a diferença, mas cada um pode ser mais apropriada que outras, a

depender do cliente. Incluir o nome do cliente na saudação faz com

que o mesmo saiba que você escreveu aquela mensagem

especialmente para ele e pode facilitar uma relação de confiança

entre psicologo e cliente.

Coloque o assunto título de email devidamente.

Dicionário em mãos - sem erros passa uma mensagem mais

profissional.

Símbolos Emoticons podem funcionar muito bem na comunicacao

escrita.

Incluir mensagens prévias.

Revise a mensagem antes de enviá-la.

Seja educado.

Considere as necessidades do seu cliente.

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Em relação a orientação psicológica por chat de conversa, existem alguns

beneficios relacionados. Neste sentido, Suler (2000), traz como beneficios o

sentimento de presença criado por estar com uma pessoa em tempo real;

a interação podem ser mais espontâneas se comparado ao e-mail; permite

uma comunicação mais direta e imediata; tem a possibilidade de fornecer

feedback contínuo e imediato em ambas as direcções. Tate e Zabinski

(2004), sugerem que ele também pode ser um fórum adequado para

discussão e prática de habilidades específicas, tais como a reestruturação

cognitiva ou role playing.

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CONCLUSÃO

Como visto, o aconselhamento on-line tem vantagens e desvantagens e

uma série de considerações legais e éticas em torno da sua oferta. Dentro

disso, deve ser realizada de forma a maximizar os os benefícios e minimizar os

riscos, alertando ao cliente para que o mesmo possa estar consciente das

formas de atendimento.

Podemos também refletir sobre os aspectos singulares da comunicação via

texto, e sobre as vastas possibilidades que o mesmo traz tanto ao psicologo

quanto ao cliente. A mensagem principal é que não devemos nos privar

deste novo modelo de atendimento, mas sim entender as suas

peculiaridades e trabalhar de modo ético e responsável para que possamos

oferecer um atendimento online de qualidade.

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REFERÊNCIAS

Farah, R. Atendimento Psicológico Virtual: O que é possível hoje nessa área?

Nucleo de Pesquisas em Psicologia e Informática (NPPI). PUC, Sao Paulo.

Fortim, I. Cosentino , L. 2007. Serviço de orientação via e-mail: novas

considerações. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Psicol. cienc.

prof. vol.27 no.1 Brasília.

Souza, G. Os Psicólogos e a Informática. Nucleo de Pesquisas em Psicologia e

Informática (NPPI). PUC, Sao Paulo.

Suler, J. 2000. Psychotherapy in cyberspace: A 5 dimensional model of online

and computer -mediated psychotherapy. CyberPsychology & Behavior, 3(2),

151-159.

Suler, J.R. 2004. The psychology of text relationships. In Online Counseling: a

manual for mental health professionals (R. Kraus, J. Zack & G. Striker, Eds).

London: Elsevier Academic Press.

Craig, C. 2013. Ethical Issues in Providing Online Psychotherapeutic

Interventions. Pepperdine University.

Tate, D.F., & Zabinski, M.F. 2004. Computer and Internet applications for

psychological treatment: Update for clinicians. Journal of Clinical Psychology:

In Session, 60(2), 209-220.