mineração indústria da - ibram · esperamos contar com a participação de todos no ... que...

37
Programa MINERAÇÃO promove 3ª edição do Prêmio Melhores Práticas em Saúde e Segurança do Trabalho III Congresso Internacional de Direito Minerário está programado para maio IBRAM lança Panorama da Mineração em Minas Gerais Aberta a venda de espaços para a EXPOSIBRAM 2017 WMC 2016 Confira a cobertura completa do WWW.FACEBOOK.COM/INSTITUTOBRASILEIRODEMINERACAO WWW.TWITTER.COM/IBRAM_MINERACAO IBRAM NAS REDES SOCIAIS: WWW.IBRAM.ORG.BR Fotos do WMC 2016: Argos Fotos Dezembro de 2016 Ano XI – nº 72 Mineração indústria da

Upload: trinhdan

Post on 08-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Programa MINERAÇÃO promove 3ª edição do Prêmio Melhores Práticas em Saúde e Segurança do Trabalho

III Congresso Internacional de Direito Minerário está programado para maio

IBRAM lança Panorama da Mineração em Minas Gerais

Aberta a venda de espaços para a EXPOSIBRAM 2017

WMC 2016Confira a cobertura

completa do

WWW.FACEBOOK.COM/INSTITUTOBRASILEIRODEMINERACAOWWW.TWITTER.COM/IBRAM_MINERACAOIBRAM NAS REDES SOCIAIS: W W W. I B R A M . O R G . B R

Foto

s do

WM

C 2

016:

Arg

os F

otos

Dezembro de 2016Ano XI – nº 72Mineração

i n d ú s t r i a d a

A PARCERIA DE DIVERSAS ENTIDADES, INSTITUIÇÕES, ASSOCIAÇÕES E VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO CONTRIBUIU PARA O SUCESSO DA 24ª EDIÇÃO DO WORLD MINING CONGRESS

Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016Indústria da Mineração 2

EDITORIAL

2016: um ano de muitas atividades no setor mineral

JOSÉ FERNANDO COURA

Diretor-presidente do IBRAM O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) comemora a realização da 24ª edição do World Mi-ning Congress (WMC 2016). Entre os dias 18 e 21 de outubro, o panorama econômico e político do Brasil, a sustentabilidade, as boas práticas, as novas tecnolo-gias e inovações e, ainda, as mudanças no modelo de comunicação e de relacionamento do setor mineral com os seus diversos públicos nortearam os debates, palestras e talk show realizados no Centro de Con-venções SulAmérica, na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Além disso, foram apresentados mais de 200 trabalhos científicos de pesquisadores de cerca de 40 países nas áreas de Pesquisa Mineral, Mina a Céu Aberto, Mine-ração Subterrânea, Economia Mineral, Sustentabilida-de na Mineração, Processamento Mineral, Automação e Robótica e Inovação em Mineração.

Outro destaque entre as atividades desenvolvidas pelo IBRAM em 2016 foi a produção do estudo “Pa-norama da Mineração em Minas Gerais”, lançado em agosto de 2016. Desde então, qualquer cidadão que pretenda produzir informações ou mesmo debater te-mas relacionados ao setor mineral de Minas Gerais po-derá recorrer a este documento que consolida bases técnicas, científicas, econômicas, sociais e históricas sobre a mineração. O estudo foi elaborado pela Fun-

dação Getúlio Vargas/IBRE, o IBRAM e pelo Sindicato Nacional da Indústria da Extração do Ferro e Metais Básicos (Sinferbase).

O Instituto lançou também o estudo “Gestão e Ma-nejo de Rejeitos da Mineração”. Com este documen-to, o IBRAM pretende contribuir com os diversos seg-mentos do setor público, da sociedade e da indústria mineral na evolução das práticas de gestão e manejo de rejeitos de mineração, de modo a diminuir os riscos de danos associados às estruturas.

Gostaríamos ainda de convidá-los para participar dos eventos que promoveremos ao longo de 2017. Esperamos contar com a participação de todos no 3º Congresso Internacional de Direito Minerário (3º DIRMIN), que será realizado entre os dias 8 a 10 de maio, em Brasília (DF), e na 17ª Exposição Inter-nacional de Mineração (EXPOSIBRAM 2017) e 17º Congresso Brasileiro de Mineração, que serão rea-lizados entre os dias 18 e 21 de setembro, em Belo Horizonte (MG).

Desejamos a todos um excelente Natal e um ano novo repleto de realizações.

Boa leitura!

Composição da Mesa da 24ª edição do World Mining Congress

EXPEDIENTE | Indústria da Mineração – Informativo do Instituto Brasileiro de Mineração • DIRETORIA EXECUTIVA – Diretor-Presidente: José Fernando Coura | Diretor de Assuntos Minerários: Marcelo Ribeiro Tunes | Diretor de Assuntos Ambientais: Rinaldo César Mancin | Diretor de Relações Institucionais: Walter B. Alvarenga | Diretor Financeiro e Administrativo: Ary Pedreira | Diretor de Comunicação: Paulo Henrique Soares • CONSELHO DIRETOR – Presidente: Clovis Torres Junior | Vice-Presidente: Luiz Eulálio Moraes Terra • Produção: Profissionais do Texto – www.ptexto.com.br | Jorn. Resp.: Sérgio Cross (MTB - 3978) | Textos: Luisa Amorim, Raquel Cotta e IAA Comunicação – Cobertura WMC • Sede: SHIS QL 12 – Conjunto 0 (zero) – Casa 04 – Lago Sul – Brasília/DF – CEP 71630-205 – Fone: (61) 3364.7272 – Fax: (61) 3364.7200 – E-mail: [email protected] – portal: www.ibram.org.br • IBRAM Amazônia: Travessa Rui Barbosa, 1536 – B. Nazaré – CEP: 66035-220 – Belém/PA – Fone: (91) 3230.4066/55 – Fax: (91) 3349-4106 – E-mail: [email protected] • IBRAM/MG: Rua Alagoas, 1270, 10º andar, sala 1001, ed. São Miguel, Belo Horizonte/MG – CEP 30.130-168 – Fone: (31) 3223-6751 – E-mail: [email protected] • Envie suas sugestões de matérias para o e-mail: [email protected] e [email protected]. Siga nas redes sociais – twitter:@ibram_mineracao • Facebook: www.facebook.com/InstitutoBrasileirodeMineracao.

Indústria da Mineração Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016 3

A solenidade de abertura do 24º World Mining Congress (WMC 2016), realizada no Rio de Janeiro (RJ), deu uma clara de-monstração de que a indústria da mineração desperta cada vez mais a atenção de inves-tidores e nações mundo afora: o auditório ficou lotado com centenas de executivos de mineração e setores afins vindos de vá-rias partes do mundo. O Brasil recebeu esse grande evento pela primeira vez e a organi-zação ficou a cargo do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM).

Autoridades e empresários do Brasil e do exterior abrilhantaram a cerimônia e atentos escutaram a mensagem oficial do ministro interino de Minas e Energia, Paulo Pedrosa de que o governo federal pretende construir um ambiente confiável e de credibilidade para atrair investidores e, naturalmente, no-vos negócios para o setor mineral no Brasil.

Paulo Pedrosa decretou o fim do cená-rio anterior, em que, segundo ele, o governo federal propunha o intervencionismo estatal em segmentos em que a iniciativa privada precisa de liberdade para atuar e contribuir para o desenvolvimento do país e a geração de emprego e renda, como é o caso da in-dústria da mineração.

Para o ministro, o governo quer “repen-sar o papel do Estado em relação à minera-ção para que o setor amplie, agregue mais valor e diversifique sua produção”. Até recentemente, disse Paulo Pedrosa, “o go-verno vinha bloqueando o acesso dos pro-dutores de minérios” e deu como exemplo a posse de áreas em que a mineração po-deria se desenvolver, se transferidas para a iniciativa privada. Ele anunciou que o go-verno estuda “vender” estas terras para a produção de minérios.

Nesse novo ambiente atrativo para in-vestimentos pretendido pelo governo, o ministro interino considera que “mineração e energia são vocações brasileiras”. “Temos

autarquias que precisam de novo impulso “para que o governo aja como protagonis-ta, como facilitador dos investimentos no setor mineral”, afirmou.

O diretor-presidente do IBRAM, José Fer-nando Coura, elogiou as declarações sobre a criação de um ambiente seguro e atrativo para os investidores. Segundo ele, o discurso do ministro Paulo Pedrosa esteve plenamen-te afinado com os anseios da indústria da mineração em expandir suas atividades.

Mais de 900 executivos participam da Cerimônia de Abertura do WMC 2016Evento reuniu grandes nomes do setor mineral de mais de 40 países

base mineral diversa e uma plataforma in-dustrial para fomentar a exportação em maior escala no Brasil. Desta forma vamos retomar o desenvolvimento e recuperar a geração de empregos”, afirmou.

Paulo Pedrosa também afirmou que o Ministério de Minas e Energia trabalha para fortalecer as instituições do setor, como o Serviço Geológico Brasileiro e o Departa-mento Nacional de Produção Mineral. São milhares de processos estancados nessas

CEOs do setor mineral, autoridades, representantes de entidades e acadêmicos participam da mesa de abertura

Cerimônia de abertura da 24ª edição do WMC

Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016Indústria da Mineração 4

Coura afirmou ainda que “o setor mine-ral brasileiro está pronto para dar as respostas que o Brasil precisa para retomar seu desen-volvimento, investir na construção de infraes-trutura e gerar empregos. Além disso, a mine-ração tem alta capacidade para atrair divisas por meio da exportação de excedentes de sua produção mineral, representando um fa-tor de estabilidade para a economia brasileira no longo prazo. “Temos os minérios neces-sários como brita, areia, ferro e tantos outros para vencer este desafio”, afirmou.

Após seu discurso na solenidade, José Fer-nando Coura, acrescentou que “a mineração é base da economia, e mais do que isso: a mineração é ‘casa e comida’ dos brasileiros. ‘Casa’ porque ela é construída com miné-rios diversos e produtos derivados como bri-ta, areia, cimento, cal, alumínio, cerâmica, vidro, ardósia, mármore, granito e outros; ‘Comida” porque sem nitrogênio, potássio e fósforo não tem agricultura em larga escala necessária para alimentar toda a população”.

Já o presidente do Conselho Diretor do IBRAM e Diretor-Executivo da Vale, Clo-vis Torres Junior, fez uma alusão ao tema central do WMC 2016 “Mineração em um Mundo de Inovação” e afirmou que o se-tor mineral brasileiro tem o compromisso de investir em inovação para aprimorar sua produtividade sem abrir mão da melhoria constante das condições de saúde e segu-rança em suas operações, bem como dos indicadores de sustentabilidade.

Homenagem Especial

A cerimônia de abertura foi marcada ain-da pela emoção da homenagem a um dos profissionais mais experientes do setor no Brasil, Marcelo Ribeiro Tunes, Diretor de As-suntos Minerários do IBRAM.

Com mais de 50 anos dedicados à mi-neração brasileira, Marcelo Tunes destacou a importância do otimismo que motiva os principais players do setor mineral brasileiro. “A mineração brasileira irá desempenhar pa-pel fundamental e indispensável para que o Brasil percorra com ordem os caminhos do progresso que todos almejamos”.

Autoridades presentes

A solenidade de abertura do WMC foi prestigiada por diversas autoridades brasi-leiras e estrangeiras e empresários de vários países, como China, Austrália, Cazaquistão, Estados Unidos, México, Países Baixos, na-ções europeias e sul-americanas. Por parte do Executivo, estiveram presentes o ministro da Integração Nacional, Hélder Barbalho, e o presidente dos Correios, Guilherme Campos Jr., Fernando Antonio Freitas Lins, Diretor do Centro de Tecnologia Mineral (CETEM) que representou o Ministro de Ciências, Tecnolo-gia, Inovações e Comunicação, Gilberto Kas-sab; Eduardo Jorge Ledsham, Diretor-presi-dente do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Victor Hugo Froner Bicca, do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Vi-cente Humberto Lôbo Cruz, Secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mi-neral do Ministério de Minas e Energia, além de diversos outros dirigentes e técnicos dos governos federais, estaduais e municipais. O governador do Rio de Janeiro, Francisco Dor-nelles, foi representado pelo assessor especial Júlio Cunha, além do Governador de Goiás, Marconi Ferreira Perillo Júnior, que foi repre-sentado por Vilmar da Silva Rocha.

O Legislativo também marcou presença com parlamentares de Minas Gerais, entre eles, o deputado estadual Gustavo Corrêa, deputado estadual Gustavo Valadares e o deputado estadual Gil Pereira, presidente da

Comissão de Minas e Energia da Assembleia de Minas Gerais, deputada estadual Rosân-gela Reis, deputado estadual Ulysses Go-mes, deputado estadual João Chamon Neto, deputado estadual Paulo Roberto Lamac Jr. Também compareceu à abertura do WMC Jairo José Isaac, secretário de Meio Ambien-te de Minas, representantes dos governos de São Paulo e de Goiás.

O setor mineral esteve representado por Jósef Dubinski, presidente internacional do WMC, Wang Xianzheng, vice-presidente do WMC e presidente da Associação Nacional Chinesa de Carvão, Jacek Skiba, Secretário Geral do WMC, Roman Stiftner, secretário--geral da Confederação Europeia de Recursos Minerais, Zamir Saginov, secretário-executivo do Ministério de Investimento e Desenvolvi-mento do Cazaquistão, como representante do próximo país sede do WMC em 2018.

A Academia brasileira também esteve re-presentada na Abertura através de seu Presi-dente Científico do WMC, Prof. Jair Carlos Koppe da Universidade Federal do Rio Gran-de do Sul (UFRGS) e dos demais vice-presi-dentes, Prof. Eduardo Bonates, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Prof. Enrique Munaretti, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Prof. George Va-ladão representado pelo Prof. Cláudio Lúcio Pinto da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Prof. Issamu Endo, representado pela Escola de Minas de Ouro Preto pelo Prof. Adil-son Rodrigues da Costa, Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), e Prof. Luis Enrique Sánchez, Universidade de São Paulo (USP).

Homenagem a Marcelo Ribeiro Tunes, diretor de Assuntos Minerários do IBRAM durante cerimônia de

abertura do WMC 2016

Clovis Torres Junior, presidente do Conselho Diretor do IBRAM

José Fernando Coura, diretor-presidente do IBRAM

Paulo Pedrosa, ministro interino de Minas e Energia

Indústria da Mineração Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016 5

Discutir o futuro da mineração e a in-tegração com as inovações tecnológicas e tendências mundiais foi o tema principal do talk show realizado no primeiro dia do 24º World Mining Congress (WMC 2016). A mesa, conduzida por Gillian Davidson, chefe do setor de Minas e Metais do Fórum Econômico Mundial, teve como partici-pantes Benedikt Sobotka, CEO do Eurasian Resources Group Sàrl; Clovis Torres Junior, diretor-executivo da Vale e presidente do Conselho Diretor do Instituto Brasileiros de Mineração (IBRAM); Ruben Fernandes, CEO da Anglo American e Tito Martins, CEO do grupo Votorantim Metais. Os participantes discorreram sobre diferentes temas como o uso de tecnologia nos processos de minera-

Tecnologia é o futuro da mineraçãoExecutivos de grandes mineradoras mostraram como as inovações têm contribuído

para o aumento da produtividade, segurança e sustentabilidade do setor

CEOs da mineração debatem os desafios do setor

ção, o futuro do setor em meio à crise atual e os próximos passos na busca por um sis-tema mais sustentável, que preserve o meio ambiente e traga mais qualidade de vida para as comunidades.

Uma questão em pauta foi como aplicar a tecnologia na busca por maior produti-vidade, segurança e sustentabilidade. Tito Martins contou como os avanços tecnológi-cos vêm mudando os resultados obtidos pela Votorantim Metais: “Nós criamos nosso time de inovação tecnológica há cinco anos, com o objetivo de analisar como outros setores da indústria estavam lidando com tecnolo-gia, e como poderíamos levar esse conheci-mento para a nossa organização. E acho que

nossos melhores resultados vêm da aborda-gem em torno do meio ambiente, quando falamos de redução de consumo de água e de energia”, explicou Martins.

Na opinião de Ruben Fernandes, um dos grandes desafios das empresas mineradoras atualmente é aperfeiçoar as técnicas de pro-dução, buscando excelência com sistemas mais seguros e eficientes. “A mineração está aqui há mil anos e vai continuar por outros mil, independentemente de qualquer coisa, devido às nossas grandes reservas naturais. Nosso desafio é saber como vamos produzir mais, com mais segurança e em melhores condições. Acredito que vamos avançar bas-tante nos próximos cinco anos.”, comentou.

Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016Indústria da Mineração 6

"A MINERAÇÃO ESTÁ AQUI HÁ MIL ANOS E VAI CONTINUAR POR OUTROS

MIL, INDEPENDENTEMENTE DE QUALQUER COISA,

DEVIDO ÀS NOSSAS GRANDES RESERVAS

NATURAIS. NOSSO DESAFIO É SABER COMO VAMOS PRODUZIR MAIS, COM

MAIS SEGURANÇA E EM MELHORES CONDIÇÕES. ACREDITO QUE VAMOS

AVANÇAR BASTANTE NOS PRÓXIMOS CINCO ANOS.”

Ruben Fernandes, CEO da Anglo American

Tito Martins, CEO do grupo Votorantim Metais

Giilian Davidson, chefe do setor de Minas e Metais do Fórum Econômico Social

Clovis Torres Junior, diretor executivo da Vale e presidente do Conselho Diretor do IBRAM

Clóvis Torres explicou como a Vale vem lidando com a busca de tecnologia para o desenvolvimento do setor. “Em 2007, de-cidimos criar o Instituto Tecnológico Vale – ITV, onde temos cientistas trabalhando no desenvolvimento de novas tecnologias para serem aplicadas na nossa produção diária, espalhada por todo o mundo. Além disso, buscamos parcerias com acadêmicos e universidades para trazer especialistas de diferentes países para dentro do nosso setor. Um exemplo dessa integração aconteceu no Canadá, com o físico Arthur McDonald, ganhador do Prêmio Nobel de Física. As pesquisas foram realizadas em um labora-tório patrocinado pela Vale e construído em uma mina subterrânea.”, explicou.

Os CEOs apontaram a tecnologia como a grande aliada do setor nos próximos anos, para facilitar e otimizar os sistemas de ex-ploração de minério, tornando o processo mais eficiente e mais sustentável, com a re-dução do consumo de combustível ou da emissão de gases poluentes.

Os palestrantes afirmaram que para a modernização dos meios de trabalho, a in-dústria mineral precisa trocar experiências com outros setores da economia, como o uso de robótica – substituindo o trabalho humano em certas funções consideradas de risco -, de drones – ajudando no mo-nitoramento e pesquisas - e sistemas com-putadorizados – auxiliando no controle do consumo e de práticas sustentáveis, e me-lhorando a produtividade. Segundo Bene-dikt Sobotka, com a interação com outros setores da economia, a indústria mineral poderá adaptar técnicas e experiências de outros agentes do mercado para impulsio-nar o processo de evolução e de inovação.

“Precisamos pensar como produzir mais, buscar novos caminhos. Podemos usar tecnologia para sermos mais eficien-tes, para gastar menos combustível, preci-samos pensar fora da caixa, buscar novos valores, aproveitar a crise para buscar no-vas ideias, para pensar diferente”, concluiu Benedikt Sobotka.

Indústria da Mineração Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016 7

Em uma bem-humorada palestra reali-zada na 24ª edição do World Mining Con-gress (WMC 2016), o consultor sócio e che-fe da área de Práticas Inovadoras da Stratalis Consulting, George Hemingway defendeu a necessidade de as empresas enfrentarem o futuro e fazerem parte da solução. Entre os destaques estão o investimento em inte-ligência artificial, novos métodos de produ-ção, sistemas inovadores de energia, aná-lises sobre perspectivas futuras, níveis de transparência com a internet e diferentes formas de colaboração através do tempo, geografia e formatos organizacionais.

Para ele, só terão sucesso no futuro os negócios focados nas operações que envolve-rem todas as áreas do processo de produção.

Hemingway destacou também a impor-tância de identificar incertezas. Há uma tendência para a automação, mas a ve-locidade ainda é incerta e chega mais rá-pido do que analistas têm previsto. O cli-ma está mudando, mas ainda não se sabe as consequências sociais e econômicas.

Futurólogo da mineração aponta caminhos para sucesso das empresas

George Hemingway acredita que estudar o ambiente de operação e comportamento do cliente são fatores

chave para garantir vantagem competitiva

“Precisamos usar nossa infraestrutura para criar benefícios, sermos inteligentes quan-to à velocidade das mudanças e considerar seriamente que ajuda externa pode ser ne-cessária e bem-vinda”, sugeriu.

Especialista em auxiliar empresas a olha-rem para o futuro e construírem seu desen-volvimento sustentável, Hemingway frisou que mudanças são boas e que devemos estar preparados para tempos arrasadores em que a tecnologia não será a maior incerteza. “A vitória necessita do toque humano. Sucesso no passado não garante nenhuma vantagem no futuro”, explicou.

Ainda de acordo com o consultor, co-nhecido como o ‘futurólogo da mineração’, nenhuma empresa está imune às mudan-ças. “Tamanho, situação financeira e posi-cionamento no mercado não garantem o futuro. Perpetuar o sucesso requer estudo do ambiente sócio econômico no qual a empresa opera”, garante. “Estudar novas formas de comportamento do cliente estão entre as exigências”.

“TAMANHO, SITUAÇÃO FINANCEIRA E POSICIONAMENTO NO MERCADO NÃO GARANTEM O FUTURO. PERPETUAR O SUCESSO REQUER ESTUDO DO AMBIENTE SÓCIO ECONÔMICO NO QUAL A EMPRESA OPERA”

“PRECISAMOS USAR NOSSA INFRAESTRUTURA PARA CRIAR BENEFÍCIOS, SERMOS INTELIGENTES QUANTO À VELOCIDADE DAS MUDANÇAS E CONSIDERAR SERIAMENTE QUE AJUDA EXTERNA PODE SER NECESSÁRIA E BEM-VINDA”

O consultor George Hemingway

Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016Indústria da Mineração 8

A sessão plenária do primeiro dia do 24º World Mining Congress (WMC 2016) contou com a participação de presidentes de edições anteriores e da próxima edição para discutir a contribuição do evento à indústria em todo o mundo sob o tema “Passado, presente e futuro: evolução do diálogo e conhecimento gerado pelo World Mining Congress. “Hoje são 42 países membros do WMC. Nosso ob-jetivo é aumentar o intercâmbio entre as na-ções, desenvolver tecnologias e intensificar a cooperação entre mineiros de todo mundo”, diz o polonês Józef Dubínski, presidente in-ternacional do evento.

O brasileiro Jair Carlos Koppe, presiden-te científico desta edição do evento, vê ain-da outra função social do WMC: difundir a imagem da mineração. “O comportamento da sociedade contra mineração é um gran-de problema. Temos de dizer boas coisas na mídia, não só as ruins, e o congresso é uma

maneira de fazer essa mudança, espalhando boas noticias sobre o setor”, diz.

O presidente da edição de 2013, no Canadá, Ferri Hassani, expôs as particula-ridades dos eventos em seus países. “Em Montreal houve a participação de quatro agentes: empresas, universidades, comuni-dades e governos. Reforçamos a colaboração entre universidade e a indústria, convidamos comunidades indígenas e buscamos ampliar a participação de mulheres”, afirmou o pre-sidente da edição canadense.

Hassani lembra que estabelecer o diálo-go entre as partes nem sempre é fácil e nas primeiras edições temia-se que o evento fosse demasiado acadêmico. “Foi difícil, por exemplo, convencer os EUA, mas consegui-mos superar os desafios de promover a mi-neração, juntar todos os envolvidos, introdu-zir tecnologias inovadoras e aprender com a experiência uns dos outros”, diz Hassani.

Contribuição do WMC ao setor é debatida em encontro entre presidentes do evento

Jair Koppe, pesquisador que esteve à frente da edição brasileira, acredita que é uma oportunidade de mostrar ao mundo ‘boas notícias sobre mineração’

Mas em um evento dessa magnitude além do intercâmbio de experiências, há a geração de negócios. É momento de apre-sentar a tecnologia do país sede e tentar exportá-la para o mundo. “Os participantes ficaram satisfeitos com o poder de com-pra dos frequentadores do congresso em Montreal”, lembra Hassani. Essa expectati-va também anima Zharmanov Abdurassul Aldashevich, presidente do World Mining Congress 2018, a ser realizado em Astana entre 19 e 22 de junho, no Cazaquistão. “O Cazaquistão investiu mais de US$ 3 bi-lhões em pesquisas. Esperamos que esses projetos encontrem consumidores no con-gresso em nosso país”, diz ele.

Józef Dubínski, presidente do World Mining Congress, discursa durante sessão plenária

Jair Carlos Koppe, presidente técnico da 24ª edição do WMC

Sessão plenária “Passado, presente e futuro: evolução do diálogo e conhecimento gerado pelo World Minin Congress”

Indústria da Mineração Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016 9

O vice-presidente da ISSA Mining, seção de mineração da International Social Security Association, Cristian Moraga foi um dos pa-lestrantes do painel de Saúde e Segurança no Trabalho, realizado no 24º World Mining Congress (WMC 2016), no Rio de Janeiro. Entre os assuntos abordados estão as conse-quências econômicas dos acidentes de tra-balho que, de acordo com ele, representam uma perda anual de 4% na economia global.

Em busca de reverter esse quadro, a ISSA Mining, lançou o Vision Zero, progra-ma que tem como objetivo zerar o número de mortes por acidentes laborais e as doen-ças ocupacionais no setor mineral. “O Vi-sion Zero funciona com base em princípios complementares, mas tudo começa com o envolvimento da liderança das empresas e o engajamento do nível de gerência. Identi-ficar os riscos e definir um alvo a ser atingi-do são outros dois princípios do programa, que recomenda ainda investir em tecnolo-gias mais seguras em equipamentos e mate-riais”, pontuou Moraga.

Helmut Ehnes, secretário geral da ISSA Mining, explica que nem todo programa de segurança em mineração precisa inves-tir recursos milionários e que muitas vezes é possível encontrar ideias dentro da própria empresa. Soluções simples podem salvar vidas. “Um dos maiores perigos em minas subterrâneas é a falta de visibilidade em caso de acidente”, observou. “Uma empresa ale-mã resolveu o problema com a ideia de um funcionário: pequenos olhos-de-gato foram instalados nas paredes. As luzes dos capa-cetes dos mineradores são suficientes para fazer brilhar a sinalização indicando a saída em caso de emergência.”

No cenário internacional, a Alemanha é conhecida como exemplo de boas práticas na área de Segurança e Saúde no Trabalho. Em 2015, foram apenas 10 mortes em aci-

Programa internacional pretende zerar acidentes de trabalho na indústria mineral

Painel sobre Saúde e Segurança mostrou a importância social e econômica do cuidado com as questões laborais

dentes de trabalho na indústria mineradora alemã. Ainda assim, o país se esforça para reduzir esse número.

O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), por meio do seu programa de Saú-de e Segurança, o MINERAÇÃO, está tra-balhando para “reduzir ao mínimo possível

o número de acidentes fatais no setor, que hoje é em torno de 26 por 100 mil trabalha-dores em 2014”, disse Cláudia Pellegrinelli, coordenadora do programa do IBRAM.

De acordo com Pellegrinelli, o IBRAM também possui uma parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi) para a divulgação

Cláudia Pellegrinelli, coordenadora do Programa MINERAÇÃO do IBRAM

Fernando Borja, diretor do Mining Safety Institute, do Peru

Cristian Moraga, vice-presidente da Issa Mining

Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016Indústria da Mineração 10

de 50 vídeos do programa 100% Seguro, abordando temas de segurança do trabalho na área de mineração. A intenção é melho-rar o desempenho da indústria brasileira na área de segurança e saúde do trabalhador, especialmente, nas pequenas empresas.

Para coordenadora do MINERAÇÃO, as grandes mineradoras possuem bom histórico de segurança, mas ainda é necessário que as pequenas empresas invistam nessa área. “Uma das dificuldades em disseminar boas práticas está na extensão geográfica do país e na diversidade de sua produção. Isso torna mais difícil o trabalho de conscientização, pois cada um desses segmentos tem uma necessidade diferente”, explicou.

Para Fernando Borja, diretor do Mining Sa-fety Institute, do Peru, melhorar as condições de segurança e saúde dos trabalhadores da mineração é fundamental para que a indústria continue a avançar no país, que hoje explora apenas 10% de seu potencial minerador.

Segundo Borja, o Peru pretende reduzir em 30% o número total de acidentes e zerar as mortes na mineração até 2021. A aplicação de um programa de Segurança no Trabalho em larga escala traz ainda uma série de bene-fícios adicionais para a indústria. “Melhora a qualidade de vida do trabalhador, com refle-xos na produtividade, aumenta o intercâm-bio de boas práticas e ajuda a criar uma nova geração de profissionais de segurança, mais capacitados e eficientes”, afirmou Borja.

EMPRESAS CHILENAS ENFRENTAM O EFEITO

DA ALTITUDE

A expansão da fronteira minerado-ra leva as empresas a atuar em am-bientes extremos. No Chile, um dos desafios está na mineração de cobre em grandes altitudes, a mais de três mil metros acima do nível do mar. Se-gundo Manuel Guerra, diretor médico da Mutual de Seguridad de Antofagas-ta, essa condição afeta os trabalhado-res e deveria entrar nas análises de risco da mineração.

Guerra afirma que nem todos são capazes de se aclimatar à altitude. “Muitos trabalhadores, em ambientes acima de três mil metros sofrem de hipóxia”, alertou. O nível de oxigênio no sangue de uma pessoa dormindo nessas condições pode cair para 72%.

A altura também aumenta a sen-sação de fadiga e isso eleva o risco de acidentes. “Entre 20% e 30% dos acidentes com veículos são causados por fadiga, e na altitude, esse risco aumenta muito”, concluiu Guerra.

Painel de Saúde e Segurança no Trabalho, do 24º World Mining Congress

Indústria da Mineração Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016 11

Boas práticas relacionadas à gestão e manejo de rejeitos foram debatidas na 24ª edição do World Mining Congress (WMC 2016) por renomados especialistas. As dis-cussões concluíram que a união das em-presas é fundamental para garantir o apri-moramento das técnicas e o consequente aumento da segurança. Os recentes aci-dentes levaram a indústria global a rever suas diretrizes e os principais desafios e mudanças para o estabelecimento dos no-vos requisitos de boas práticas, que foram discutidos no painel moderado por Pierre Gratton, presidente da Associação de Mi-neração do Canadá (MAC – Mining Asso-ciation of Canada).

A MAC, que reúne 38 mineradoras de diferentes commodities minerais de-senvolveu um documento que contém novas diretrizes relacionadas à gestão de rejeitos, por meio do trabalho conjunto entre seus associados. O material já está disponível em francês, inglês e espanhol e, em breve, em português, por meio de uma parceria com o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM).

Ao longo do painel, que também contou com a presença de Tom Butler, presidente e CEO, do Conselho Internacional de Minera-ção e Metais (ICMM - International Council on Mining and Metals), foi demonstrado o papel do ICMM como órgão de represen-tação internacional na análise independente de rejeitos, com destaque para a gestão de controles críticos. Além disso, contou que CEOs das principais mineradoras do mun-do para discutir os desafios e estabelecer os compromissos das empresas.

“A Indústria Mineral precisa agir para reduzir riscos e evitar que acidentes ocor-ram. Esperamos ter em breve informações sobre ações globais de revisão de normas”, sinalizou Butler.

Troca de conhecimentos entre empresas aprimora gestão de rejeitos

Especialistas defendem que colaboração entre as companhias aumenta a segurança da indústria mineral

Ben Chalmers, vice-presidente de Desenvolvimento Sustentável da Associação

de Mineração do Canadá (MAC)

Caius Priscu, chefe de Gerenciamento de Resíduos Minerais da Anglo American

Painel de Gerenciamento de Rejeitos

Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016Indústria da Mineração 12

Ben Chalmers, vice-presidente de De-senvolvimento Sustentável da Associação de Mineração do Canadá (MAC), que também participou dos debates, abordou o Programa de Mineração Sustentável e citou exemplos de boas práticas de ges-tão de rejeitos. Ele mostrou a evolução do gerenciamento de rejeitos elencando os principais acidentes dos anos 1990 e o período de tranquilidade dos anos 2000. “A ocorrência de alguns acidentes envol-vendo rupturas de barragens nos dá um sinal de que precisamos fazer algo. Por isso estamos trabalhando no Protocolo de Gerenciamento de Rejeitos (TMS – Tailing Management Protocol) para desenvolver manuais de como tratar rejeitos”, disse Chalmers. Ele informou que a entidade em 2006 começou a medir o desempenho das empresas e verificou que apenas 50% das mineradoras conseguem atender as melhores práticas.

“Desse trabalho saíram 29 recomenda-ções de melhorias. Entre elas estão o de ana-lisar os requisitos de auditoria, apontar tudo o que não é aceitável, exigir que boas prá-ticas sejam implementadas e criar um novo critério na comunicação com as comunida-des que são afetadas, disse Chalmers.

Harvey McLeod, presidente da Klohn Crippen Berger, da Comissão de Rejeitos e da Comissão Internacional de Grandes Barragens (ICOLD - International Commis-sion on Large Dams) tratou da evolução ca-nadense e internacional sobre práticas de design de barragem de rejeitos e de gestão para melhorar a segurança desses reserva-tórios. “Temos de implementar modelos que sejam sustentáveis. Estamos trabalhan-do com tecnologia de rejeitos e é preciso entender que cada instalação é única. Em 2013, a ICOLD produziu um documento de revisão de práticas de barragens que deve ser revista a cada cindo anos. É preciso ga-rantir a segurança das instalações”, defen-deu McLeod. Ele conta ainda que foram analisados os códigos minerais da Austrália, Europa, África do Sul e Chile e chegou-se à conclusão de que nenhuma regulamentação era satisfatória.

“Não queremos desenvolver um código restrito, mas um elemento chave é a respon-sabilidade do dono da mina e do respon-sável pelo dia a dia da barragem. Também

incluímos exigências em relação ao design da barragem”, afirmou McLeod.

Na segunda parte do painel, “Boas práticas de gestão de rejeitos governança e em níveis corporativo e das instalações” foram apresentados os cases de duas em-presas. Michel Julien, vice-presidente de ambiente da Agnico Eagle Mines, detalhou a forma de condução dos processos na empresa e a evolução do gerenciamento de rejeitos no Canadá.

Michel Julien reforçou que não há siste-ma que garanta que não haverá falhas. Mas quando um acidente ocorre, a comunidade, o país e a empresa são impactados. “A indús-tria também é impactada e tem sua respon-sabilidade. As empresas precisam abrir suas portas”, convocou Julien.

Já Caius Priscu, chefe de gerenciamen-to de resíduos minerais da Anglo American afirmou que o setor mineral deve colabo-rar mais entre si e investir em pesquisa e desenvolvimento. Caius Priscu apresentou ainda o portfólio das práticas de segurança adotadas nas 337 instalações da empresa. Ele destacou que a indústria precisa ser realista de que o rejeito é a parte residual do processamento e não tem Retorno so-bre o Investimento (ROI).

“Precisamos observar os riscos das ins-talações. Na Anglo American, o fazemos. Quando há um problema na operação podemos tirar as pessoas e os caminhões, corrigir a falha e depois voltar. Mas na barragem não é assim. É preciso acertar desde o primeiro dia. A ICOLD está fa-zendo um bom trabalho, mas precisamos elevar isso para todos os níveis. Essa é uma das minhas missões na Anglo Ameri-can”, declarou Priscu.

Pierre Gratton, presidente da Associação de Mineração do Canadá, ressaltou que não é possível garantir que um acidente nunca ocorra. Mas é importante olhar as políticas e as avaliações de desempenho para ver o que pode ser feito e reduzir o risco.

Como conclusão, os debatedores con-cordaram que o manejo de rejeitos é o negócio central da indústria de minera-ção e defenderam que não deve haver competição entre as empresas nesta área e sim colaboração. Harvey McLeod, presidente da Klohn Crippen Berger

Tom Butler, presidente e CEO, do Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM)

Michel Julien, vice-presidente de Ambiente da Agnico Eagle Mines

Indústria da Mineração Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016 13

Principal produtor de minério de ferro da Europa, a Suécia, apresentou um extenso painel, mostrando as mudanças implantadas e em fase de planejamento para os próximos anos em busca de melhor produtividade e maior segurança, além de ações mais susten-táveis e de preservação do meio ambiente. As discussões durante o segundo dia do 24º World Mining Congress (WMC 2016) en-volveram representantes do governo sueco,

Suécia mostra como se transformou em destaque no setor de mineração

Comunicação nas minas, automação e utilização de veículos autônomos foram alguns dos tópicos destacados

diretores de empresas que atuam no setor e acadêmicos. O seminário foi dividido em painéis que abordaram temas como: a pró-xima geração de veículos autônomos, auto-mação no futuro, mineração verde e comu-nicação nas minas.

O ministro de Relações Exteriores, Oscar Stenström, apresentou um panorama geral do mercado sueco, as medidas de inovação

que estão sendo adotadas e as experiências com o uso de tecnologia. Stenström enfa-tizou que o sucesso é uma combinação de ações governamentais com a participação da iniciativa privada e do setor acadêmico.

“Nós prestamos muita atenção nesse se-tor da economia. Mineração está na nossa história há gerações. Somos um dos países de destaque no setor mineral na Europa. E,

Oscar Stenström, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Suécia

Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016Indústria da Mineração 14

um dos pontos chave da nossa operação, é o fato de as empresas mineradoras tra-balharem em conjunto com os fornecedo-res de equipamentos em busca de novas tecnologias,” explicou o ministro. A Suécia vem conseguindo resultados surpreenden-tes nos últimos anos. Com apenas cinco mi-nas ativas, produz 70 milhões de toneladas de minério de ferro por ano.

O painel também reuniu empresas sue-cas como a Volvo e a Scania, que apresen-taram pesquisas que estão em andamento, para a produção de caminhões guiados por computadores, entre outras tecnologias vol-tadas ao aprimoramento do transporte em no setor. As montadoras estão investindo pe-sado na busca por equipamentos de trans-portes que não envolvam seres humanos, tanto na superfície como em minas de gran-de profundidade, garantindo maior seguran-ça nas operações. A Volvo, por exemplo, já

vem testando em uma das mineradoras do país, um caminhão capaz de carregar 25 to-neladas de minério, sem a necessidade da presença humana. O veículo é dotado de sensores, que ajudam a avaliar o ambiente e rastrear possíveis problemas e analisar o interior das minas.

A delegação sueca também anunciou que está em fase de implementação de um sistema de internet sem fio nas minas, com tecnologia 5G. O teste do equipamen-to ocorre na mina Kristineberg e deve estar funcionando plenamente até o final do ano. O uso de internet em áreas mais profundas é um grande passo para se obter maior con-trole do que acontece nas instalações, faci-litando a comunicação dos trabalhadores. Também foram apresentados projetos na área de segurança do trabalho, com maior uso de tecnologia, que reduziram o número de acidentes nas instalações.

“NÓS PRESTAMOS MUITA ATENÇÃO NESSE SETOR DA ECONOMIA. MINERAÇÃO

ESTÁ NA NOSSA HISTÓRIA HÁ GERAÇÕES. SOMOS UM DOS

PAÍSES DE DESTAQUE NO SETOR MINERAL NA EUROPA. E, UM

DOS PONTOS CHAVE DA NOSSA OPERAÇÃO, É O FATO DE AS EMPRESAS MINERADORAS

TRABALHAREM EM CONJUNTO COM OS FORNECEDORES DE

EQUIPAMENTOS EM BUSCA DE NOVAS TECNOLOGIAS.”

Oscar Stenström

Peter Wallin, Gerente de Pesquisa em Tecnologia da Volvo Inovações apresentadas pela Suécia atraem a atenção da plateia

Indústria da Mineração Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016 15

O setor mineral evoluiu muito no cam-po da sustentabilidade, mas ainda não tem todas as respostas. Segundo Kulvir Singh Gill, diretor sênior e colaborador da Kellogg Innovation Network, a indústria de mineração precisa aprender a dialo-gar com as comunidades e ter objetivos de longo prazo para a sustentabilidade do negócio. Kulvir foi o moderador do painel “A Rede Kellogg Inovação (KIN): Por que a parceria para o desenvolvimento é o futu-ro da mineração”, no terceiro dia do 24º World Mining Congress (WMC 2016).

O painel explorou as dimensões sociais, econômicas e ambientais da indústria mine-ral e apontou caminhos para o futuro que preveem uma distribuição equitativa dos benefícios para todas as partes envolvidas no processo. No momento atual o setor enfrenta desafios como desaceleração no preço das commodities e da demanda por minerais e dificuldades em manter a licença social para operar em face do aumento do ativismo comunitário.

Entre as soluções propostas está o de-senvolvimento de parcerias e co-criação por múltiplos stakeholders sob o comando da Kellogg Innovation Network visando a difu-são de uma nova mentalidade para o diálo-go. A rede foi criada em 2003 a partir de um encontro de líderes e hoje abrange diversas redes de diferentes setores e segmentos.

O painel contou com a participação de duas organizações não governamentais li-gadas à sustentabilidade, representadas por Antonio Werneck, diretor-executivo da The Nature Conservancy Brazil (TNC), e Sergio Andrade, diretor executivo da Agenda Pú-blica, voltada a melhorar a qualificação da gestão pública. Ele informou que está tra-balhando com a Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável,

para a elaboração de um documento vol-tado à formalização de parcerias. Werneck defendeu que é preciso investir tempo e de-dicação para se adquirir confiança com das comunidades e demais stakeholders.

“A ideia é como evitar uma crise. Se você quer ficar numa situação ambiental confor-tável, deve investir em tecnologia e capaci-dade para desenvolver um diálogo. Se está no meio da crise, já é tarde demais”, alertou Werneck. Ele explicou que a TNC é maior ONG de conservação ambiental do mundo, de origem americana e com presença em 37 países. Ele destacou que, além da ciên-cia que a TNC emprega no desenvolvimento de seus projetos, a ONG procura trazer sta-keholders diversos, como o governo, o setor privado e parte da comunidade, num pro-cesso de diálogo para a construção de solu-ções que sejam viáveis numa perspectiva de “ganha-ganha” para todos.

“Nosso trabalho não tem nada a ver com ativismo puro. Somos focados em produzir ciência aplicada em soluções para proble-mas naturais que afetam o meio ambiente”, explicou Werneck.

Entre os representantes de públicos de interesse estava o Reverendo Séamus Finn, que discorreu sobre como a Igreja faz para realizar seus investimentos em empresas social, econômica e ambientalmente res-ponsáveis. Ele reforçou que a indústria da mineração é tão grande, tão influente e tão importante em termos de desenvolvimento de comunidades locais que a Igreja tem de estar em eventos como esse para discutir di-reções comuns.

“Nós temos trabalhos com comunida-des, mas também, como investidores, preci-samos ter certeza de que nossos investimen-tos estão sendo feitos com responsabilidade e contribuindo para o desenvolvimento hu-

Intensificar o diálogo com as comunidades é fundamental para a mineração

Painel da Rede Kellogg explorou as dimensões sociais, econômicas e ambientais da indústria mineral

Kulvir Singh Gill, diretor sênior e colaborador da Kellogg Innovation Network

Jon Samuel, diretor de Assuntos Governamentais e Sociais da Anglo American do Reino Unido

"A PARCERIA PARA O DESENVOLVIMENTO É O

FUTURO DA MINERAÇÃO”

Kulvir Singh Gill

Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016Indústria da Mineração 16

mano e para o desenvolvimento sustentá-vel”, justificou Finn.

Juan Eduardo Balmaceda, engenhei-ro sênior do grupo de meio ambiente da consultoria de engenharia de projetos Hat-ch, do Peru, observou que a consciência ambiental já faz parte do DNA das novas gerações e não das antigas, mas ele tem uma visão positiva do futuro da mineração, especialmente após os recentes acidentes que elevaram a preocupação da indústria com segurança e sustentabilidade.

“Os acidentes deixaram muitas lições para a indústria, que tem analisado o que aconteceu e quais foram as falhas, a fim

de melhorar e dar um salto para que esse tipo de acidente tenha uma probabilida-de mínima de ocorrer. Hoje em dia, te-mos uma comunidade bastante mais em-poderada. Ter novamente um acidente dessas proporções num futuro próximo seria prejudicial para a indústria da mi-neração. Então, essa é uma oportunidade para realizar uma melhoria mais segura”, recomendou Balmaceda.

Jon Samuel, diretor de assuntos gover-namentais e sociais da Anglo American do Reino Unido, afirmou que o investimento sustentável da empresa está melhor do que há 20 anos, mas reconhece que ainda é possível evoluir mais.

“OS ACIDENTES DEIXARAM MUITAS LIÇÕES PARA

A INDÚSTRIA, QUE TEM ANALISADO O QUE ACONTECEU

E QUAIS FORAM AS FALHAS, A FIM DE MELHORAR E DAR UM SALTO PARA QUE ESSE

TIPO DE ACIDENTE TENHA UMA PROBABILIDADE MÍNIMA

DE OCORRER.”

Juan Eduardo Balmaceda

Painel "A Rede Kellogg Inovação (KIN): Por que a parceria para o desenvolvimento é o futuro da mineração"

Indústria da Mineração Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016 17

Murilo Ferreira, Presidente da

Vale, e José Fernando Coura,

diretor-presidente do IBRAM

Rinaldo Mancin, diretor de Assuntos Ambientais do IBRAM, durante Painel "Futuro da Mineração nas Américas"

Jair Carlos Koppe, presidente técnico

da 24ª edição do WMC

Professor Magnus Ericsson

Jozef Dubínski, presidente do WMC

Prêmio Universitário ABERJE 2016 durante a 24ª edição do WMC

Kulvir Singh Gill, diretor sênior e colaborador da

Kellogg Innovation Network

Reverendo Séamus Finn Plateia durante o WMC 2016

Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016Indústria da Mineração 18

Indústria mineral trabalha para atrair novos

investimentos e alavancar a economia latino-americana

A mineração na América Latina luta para atrair novos investimentos para a região em um cenário de volatilidade no mercado inter-nacional. “Há muito potencial. Só a explora-ção de algumas jazidas importantes de prata descobertas recentemente já poderia des-travar a economia”, avaliou Gustavo Koch, presidente da Câmara de Mineração da Ar-gentina, durante o painel “Futuro da Minera-ção nas Américas”, realizado no 24º World Mining Congress (WMC 2016). Segundo ele, seu país pretende atrair US$ 20 bilhões em investimentos até 2021. Para Koch, a mi-neração pode vir a ser tão importante para a economia argentina quanto a agricultura. “Estamos trabalhando para criar bases sólidas, muito além de uma visão de curto prazo.”

Koch admite que o país não tem a mesma tradição mineradora de outras economias da região, como o Chile e o Peru, mas enxerga nesta realidade uma oportunidade para im-pulsionar a indústria de mineração com base em padrões operacionais modernos. “Quere-mos expandir o setor evitando erros cometi-dos no passado, adotando as melhores práti-cas tecnológicas, ambientais e sociais”, disse.

Enquanto isso, o Brasil enfrenta o desafio de integrar melhor as pequenas minerado-ras à sua cadeia produtiva. Isso é importante para melhorar o desempenho socioambien-tal do setor. “O IBRAM reúne pouco mais de 100 mineradoras que concentram 90% da produção, mas existem oito mil pequenas empresas no setor, que precisam ter acesso a conhecimento e tecnologia para melhorar suas práticas ambientais e sociais”, explicou Rinaldo Mancin, diretor de Assuntos Am-bientais da entidade.

Por sinal, o desafio ambiental deve ga-nhar ainda mais peso para o setor no Brasil,

à medida que a fronteira de exploração se volta para a Amazônia. “Teremos que operar em áreas isoladas, com limitações relativas a reservas ambientais, preservação e popula-ções indígenas, mas há um enorme poten-cial”, disse Mancin.

A indústria mineradora latino-americana também enfrenta outros desafios, entre eles os conflitos sociais envolvendo as empresas e as comunidades locais nas áreas de produ-ção. O problema é particularmente sensível na indústria mineradora peruana, uma das mais importantes da região. Os exemplos mais recentes são os incidentes na região da mina de cobre de Las Bambas, um investi-mento de US$ 10 bilhões, que vem sofren-do paralisações por conflitos com as comu-nidades localizadas em seu entorno.

Segundo o ex-vice-ministro de Energia e Minas do Peru, Romulo Mucho Mamani, é preciso convencer a sociedade peruana da importância da mineração. Esse seria o me-lhor caminho para vencer os conflitos que atormentam um setor que representa 15% do PIB do país. “Mineração é ciência, é in-vestimento, é desenvolvimento. As pessoas precisam entender isso”, afirma.

Mamani observa ainda que mesmo com todas as restrições impostas à indústria, a de-

Integração de pequenas mineradoras às práticas produtivas é desafio do setor

manda por minério vai continuar crescendo em todo o mundo nas próximas décadas. “Se a América Latina não receber esses investi-mentos, eles irão para outra parte”, alertou.

Hugo Nelson, presidente do Organismo Latinoamericano de Minería (Olami), cha-mou a atenção para uma tendência que considera perigosa na região: a judiciali-zação das decisões envolvendo a indústria mineradora. De acordo com ele, a interfe-rência excessiva dos tribunais pode amea-çar o equilíbrio econômico das empresas e inviabilizar o desenvolvimento da indústria. “Há exemplos na Colômbia, e em outros países, como El Salvador, onde uma decisão judicial abriu a possibilidade de se proibir a atividade mineradora”, alerta. “Isso causa grande insegurança nos investidores”, disse.

Apesar dos obstáculos, a região chama a atenção de mineradoras globais. No Peru, os chineses já superam os investimentos das empresas dos Estados Unidos. Nesse contex-to, o presidente da Associação de Mineração do Canadá (MAC), Pierre Gratton, afirmou que o mais importante para atrair investi-mentos em mineração na região é a estabili-dade política e regulatória. “As mineradoras investem preferencialmente nos países em que sabem que a política não vai trazer mu-danças radicais”, concluiu.

Painel “Futuro da Mineração nas Américas”

Indústria da Mineração Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016 19

Dois painéis se dedicaram a abordar a necessidade urgente de in-vestimentos em inovação, buscando novos caminhos para o setor de mineração durante o terceiro dia de discussões do 24º World Mining Congress (WMC 2016). Adaptar-se aos nossos tempos, buscar espaço no mercado, melhorar a qualidade do processo de exploração e garantir segurança para os trabalhadores, foram as-suntos que estiveram na pauta do painel “Inovação em Exploração Mineral e Desenvolvimento de Recursos Minerais”. O objetivo foi apresentar técnicas, conceitos e fatos relevantes que possam im-pactar no processo de transformação das mineradoras e aprimorar os meios de gestão. A mesa foi formada por Edson Ribeiro, diretor de exploração mineral da Vale; professor Caetano Juliani, da Uni-versidade de São Paulo (USP); e Olivier Bertoli, CEO da empresa de inovações tecnológicas Geovariances, tendo como moderador o professor Onildo J.Marini, diretor-executivo da Agência para o De-senvolvimento Tecnológico da Indústria Mineral Brasileira (ADIMB).

Inovação tecnológica pode reduzir custos e otimizar processosEmpresários e acadêmicos defendem a promoção de estudos e a utilização novas ferramentas para melhorar a produtividade e captar mais recursos

Painel "Inovação em Exploração Mineral e Desenvolvimento de Recursos Minerais"

Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016Indústria da Mineração 20

Edson Ribeiro traçou um panorama do setor nos últimos 65 anos, mostrando as mu-danças que surgiram durante este período. O diretor da Vale ressaltou que é necessá-rio elaborar um processo de inovação que adapte a mineração à nova realidade eco-nômica e de mercado, com o uso maior de tecnologia já disponível e buscando um sis-tema de exploração de minério mais seguro, eficiente e rentável.

“A mineração é uma indústria conserva-dora e refratária, mas é inevitável que tenha que inovar. Precisamos adequar o sistema, utilizando mais equipamentos modernos. Isso vai ajudar a reduzir os custos e gerar mais variedade nos serviços, como o uso de drones, por exemplo. No entanto, ainda é necessária a regulação por parte da Anac”, explicou Ribeiro.

O professor Caetano Juliani, por sua vez, dissertou sobre as riquezas minerais da Região Amazônica, lembrando que há um campo de exploração e de estudo que precisa ser leva-do em consideração nos próximos anos. Para isso, é necessária a realização de uma grande parceria entre as mineradoras, os pesquisa-dores e os fornecedores de equipamentos e tecnologias. “Temos muito para descobrir na Amazônia. Precisamos trabalhar para enten-der o potencial futuro de toda a região”, disse.

Um ponto em comum entre os partici-pantes foi o consenso sobre a necessidade de desenvolvimento de estudos estatísticos e uti-lização de softwares, buscando a redução dos custos e a otimização de todo o processo de produção, além de treinamento de pessoal, o que melhoraria a qualidade do processo de extração dos minérios, reduziria riscos, crian-do um ambiente mais sustentável e seguro.

Já o segundo painel: “Aproveitando a produtividade: uma abordagem colaborativa para o modelo de negócio e modelo de inovaçao de gestão” teve como objetivo mostrar como a inovação pode ajudar impulsionar o setor. Sob o comando do professor Michael Karmis, diretor do Departamento de Engenharia de Mineração e Minerais do Virgínia Center para Pesquisas de Carvão e Energia, os palestrantes falaram dos ganhos e dos desafios que as mineradoras precisam enfrentar para garantir que inserção de processos de inovação nas etapas de produção ajudem a alavancar o setor e a trazer novas práticas. Participaram ainda do painel Afonso Satorio, da consultoria EY, Mineração e Metais; os consultores Richard Sellschop e Henrique Ceotto, da consultoria McKinsey; e Rafael Laskier, gerente de Estraté-gia e Inovação da Vale, que falou sobre a necessidade de mudanças.

“Inovação é uma grande oportunidade para desenvolver uma nova cultura, abrir as portas para pessoas de outros setores, integrar. E é muito importante ter diversidade, conviver com pessoas com diferentes opiniões e experiências. Inovação é um processo de conhecimento”, completou Laskier.

Edson Ribeiro, diretor de Exploração Mineral da Vale Michael Karmis, diretor do Departamento de Engenharia de Mineração e Minerais do Virgínia Center para Pesquisas de Carvão e Energia

Caetano Juliani, professor da USP

Rafael Laskier, gerente de Estratégia e Inovação da Vale

Onildo J. Marini, diretor-executivo da ADIMB

Henrique Ceotto, da consultoria McKinsey

Indústria da Mineração Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016 21

Diretor de Assuntos Ambientais do IBRAM, Rinaldo Mancin, abre painel de mudanças climáticas

Aquecimento global é ameaça e oportunidade para indústria mineradora

Transição para economia verde pode aumentar a produtividade das empresas do setor

Qual a implicação do aquecimento para a indústria mineral? Para Tom Butler, CEO do International Council on Mining and Me-tals, o setor de mineração deve ser parte da solução para o problema das mudanças climáticas. “Devemos assumir a vanguarda na luta para a redução da emissão de gases do efeito estufa”, defendeu ele, no painel sobre mudanças climáticas do 24º World Mining Congress (WMC 2016), na cidade do Rio de Janeiro (RJ).

Segundo Butler, as mineradoras devem lidar com a questão ambiental de forma transparente. “O impacto no ambiente

deve ser usado nas estimativas de portfólio. O mercado financeiro vai exigir cada vez mais que essas medidas sejam adotadas empresas, lembrou o CEO.”

Stan Pillay, gerente de grupo da Anglo American para mudança climática e ener-gia, por sua vez, observou que a luta contra o aquecimento global vai realinhar todos os segmentos industriais “Vai ser preciso de-senvolver produtos mais duráveis, mais efi-cientes e que consumam menos material”, disse. “Isso tem impacto no mercado de mi-nérios, e vai nos obrigar a procurar novos segmentos no futuro”, afirmou

No Brasil, o setor de mineração é protago-nista na transição para uma economia de bai-xo carbono. “Somos responsáveis por apenas 0,5% das emissões do país e ocupamos menos de 1% do território”, disse Rinaldo Mancin, di-retor de assuntos ambientais do Instituto Bra-sileiro de Mineração (IBRAM). Mancin conta que o Instituto elaborou um plano para redu-ção de emissões, mas a grande dificuldade do setor hoje é conseguir licenças ambientais para novas áreas de mineração. “Sofremos uma pressão da sociedade por produtos mais lim-pos, no entanto, somos parte da solução. Seja quais forem as tecnologias verdes adotadas, elas vão consumir minérios”, afirmou.

Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016Indústria da Mineração 22

John Drexhage, consultor de Mudanças Climáticas e Desenvolvimento Sustentável do Banco Mundial

“A MINERAÇÃO É MUITO DEPENDENTE DE ÁGUA E ENERGIA, E SEU IMPACTO SOCIAL E AMBIENTAL É GRANDE.

NAS PRÓXIMAS DÉCADAS VAI AUMENTAR A DISPUTA PELO USO DA ÁGUA E O NÚMERO DE EVENTOS CLIMÁTICOS EXTREMOS, QUE AMEAÇAM AS OPERAÇÕES MINERADORAS”

John Drexhage

Para o diretor-geral da Fundação Ama-zônia Sustentável, Virgílio Viana, as minera-doras devem ir além das exigências regula-tórias. “É preciso ter uma abordagem mais sistêmica em relação ao impacto ambiental, levar em conta todo o cenário e não apenas o entorno da mina.”

“As empresas de mineração devem ser as primeiras a se mover, a ser um motor na redução das emissões de carbono. Isso da-ria a elas uma vantagem no novo cenário ambiental”, continuou Viana. Ele também apontou a necessidade de colocar as peque-nas mineradoras no jogo.

Seguindo esta estratégia, a Vale desenvol-ve programas próprios para enfrentar a ques-tão. De acordo com a vice-presidente da ins-tituição, Jennifer Hooper, a mineradora adota uma meta voluntária de redução de emissão de carbono. “Na mina S11-D, em Carajás, tivemos uma redução de 50% na emissão de gases, de uso de terra e conseguimos um sistema de transporte 35% mais eficiente”, observou Hooper. Além disso, a empresa pretende implementar o chamado carbon pricing nas tomadas de decisões. Avanços tecnológicos como esses podem proporcio-nar um salto de produtividade para o setor.

Já o Canadá lidera o processo de imple-mentação desse mecanismo na indústria. Hoje, as mineradoras canadenses têm um vo-lume de emissão de carbono menor que o de 1990. Uma das chaves para esse avanço é o programa de mineração sustentável do país. “Criamos três indicadores que nossos mem-bros devem reportar e divulgar, entre eles,

Abdul Koroma, vice-ministro de Mineração E Recursos Naturais de Serra Leoa

“TAMBÉM TEMOS A QUESTÃO DA ÁGUA,

QUE FICA MAIS ESCASSA E PROVOCA UMA

COMPETIÇÃO ENTRE AS MINERADORAS

E A COMUNIDADE”

Abdul Koroma

a efetividade no uso de energia”, explicou Pierre Gratton, presidente da Associação de Mineração do país, MAC. Ele acredita que é possível reduzir ainda mais as emissões. “Es-tamos apostando no uso de outras formas de energia. Em cinco anos teremos nossa primei-ra mina 100% elétrica”, disse.

O combate ao aquecimento global também pode trazer um forte aumento na demanda de alguns minérios, especial-mente níquel, alumínio e cobre. “Estima--se que a demanda por cobre, por exem-plo, cresça de 275% a 350% em 2050”, explicou John Drexhage, consultor de mu-danças climáticas e desenvolvimento sus-tentável do Banco Mundial.

O cenário atual impõe inúmeros desa-fios, como o uso racional da água e o custo

da energia. “A mineração é muito depen-dente de água e energia, e seu impacto social e ambiental é grande. Nas próximas décadas vai aumentar a disputa pelo uso da água e o número de eventos climáticos ex-tremos, que ameaçam as operações minera-doras”, enumerou Drexhage.

O vice-ministro de mineração e recur-sos naturais de Serra Leoa, Abdul Koroma, chamou a atenção para o risco causado pelas mudanças climáticas em seu país. Ele destacou que eventos climáticos ex-tremos danificam estruturas de transporte e energia que são vitais para a produção mineral. “Também temos a questão da água, que fica mais escassa e provoca uma competição entre as mineradoras e a co-munidade”, disse.

Indústria da Mineração Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016 23

A Agenda 2030, que define os 17 Obje-tivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas e seus países membros, foi o tema de um dos painéis do último dia da 24ª edição do World Mining Congress (WMC 2016). Comandado por Gillian Da-vidson, chefe do setor de Mineração e Metais do Fórum Econômico Mundial, o encontro contou com a participação de representan-tes do governo brasileiro e de mineradoras, além de acadêmicos de diferentes países. Em pauta, como criar uma política de ação que reúna todos os players envolvidos dire-ta ou indiretamente no setor de mineração, em torno da promoção do desenvolvimento sustentável em suas três dimensões: social, econômica e ambiental.

Maria José Gazzi Salum, diretora de Sustentabilidade e de Mineração do Minis-tério de Minas e Energia, destacou que é necessário construir um processo mais par-ticipativo com as populações nas áreas de mineração. Na opinião de Salum, é preciso desenvolver propostas de sustentabilidade a médio e longo prazo, ‘empoderando’ moradores, independentemente da pro-dução de minério. Além disso, a diretora

Desafios da Agenda 2030 são tema de

painel no último dia da WMC

Em pauta estava a necessidade envolver

todos os players em uma discussão conjunta para

estarmos preparados para um futuro sustentável

ressaltou que o Ministério tem a função de juntar todos os setores – desde outros mi-nistérios até a população local – para uma discussão em torno da busca pelo cumpri-mento desses objetivos.

“Nós temos que pensar muito além dos 20 anos, do tempo da mineração. Construir com a comunidade, não só o que as empre-sas querem no momento, mas precisamos pensar sobre quando a empresa não estiver lá ou se ela passar por crises. A população precisa estar preparada para esses momen-tos. Nós só somos os propulsores. A relação maior deve ser com os governos locais, com a população, com o governo estadual, muito mais do que o governo federal. Assim você se prepara para um presente e futuro susten-tável. Precisamos trazer todos para uma dis-cussão conjunta”, disse a diretora de susten-tabilidade do Ministério de Minas e Energia.

Os 17 ODS incluem a erradicação da po-breza, saúde e bem-estar dos trabalhadores, incentivo a práticas sustentáveis, incentivo à produção de energia limpa, entre outros pontos. Todos envolvem diversos setores da sociedade e precisam de parcerias para se-rem alcançados. Os participantes do painel concordaram que o cumprimento das metas da Agenda 2030 vai depender do diálogo entre todos os setores e a definição clara das missões a serem cumpridas por cada área envolvida. Participaram ainda do painel Ieva Lazareviciute, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD); Rafael Luis Pompeia Gioielli, do Instituto Vo-torantim; Dee Bradshaw, da Universidade da Cidade do Cabo, da África do Sul; Bruno Gomes, da Secretaria Executiva do Grupo Latino-Americano de Diálogo e Roberto Sa-rudiansky, diretor do Instituto de Mineração Tecnologia (Intermin), da Argentina.

Da esquerda para a direita: Rafael Luis Pompeia Gioielli, do Instituto Votorantim; Maria Jose Gazzi Salum, diretora de Sustentabilidade e de Mineração do Ministério de Minas e Energia;

e Gillian Davidson, chefe do setor de Mineração e Metais do Fórum Econômico Mundial

Agenda 2030 foi o tema de um dos painéis do último dia da 24ª edição do World Mining Congress

Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016Indústria da Mineração 24

Robert Boutillier, pesquisador da Simon Fraser University, no Canadá

O conceito Licença Social para Operar ajuda as empresas a decidirem qual das par-tes interessadas merece prioridade. Há vários livros sobre o assunto, dois deles escritos pelo pesquisador da Simon Fraser University, no Canadá, Robert Boutillier, que apresentou sua metodologia e participou do painel sobre o tema realizado durante o 24º World Mi-ning Congress, juntamente com porta-vozes da AngloGold Ashanti, CSIRO e Mineradora San Cristobal, que exibiram cases práticos. O consenso entre os participantes foi a ne-cessidade de um “ganha-ganha” entre os in-teresses das empresas e das partes envolvidas. O evento foi mediado por Liliane Lana Li-berato, presidente da Bridge Comunicação.

Para Boutillier, a Licença Social para Ope-rar precisa ser usada como uma ferramenta de gerenciamento. “As regras precisam ser confiáveis, respeitosas e mútuas. A primei-ra coisa é identificar os stakeholders. Quem engajar e com que prioridade?”, ensinou o canadense Boutillier. Para o pesquisador, quanto mais cedo houver a percepção das necessidades melhor, melhor a aceitação de diferente públicos de interesse. E menores as chances de reclamações e ações judiciais incentivadas por stakeholders.

Para o gerente de Relações Institucionais da Minera San Cristobal SA, na Bolívia, Javier Diez de Medina, a saída foi oferecer emprego para a população local. “Como fazemos? Cin-quenta por cento dos nossos empregados vêm das comunidades, ou seja, são nossos princi-pais porta-vozes”, ensinou. A Mineradora San Cristobal hoje é a quarta maior produtora mundial de prata e a sexta maior de zinco e deseja ser uma empresa de classe mundial em relação à segurança, comprometimento so-cial, respeito pelo meio ambiente, inovação, retorno para investidores, para empregados e para a região em que atua e para o país.

Já Kieren Moffat do departamento de re-cursos da Society Group Leader defendeu a

“Ganha-ganha” é o segredo do sucesso da Licença Social para Operar

Executivos mostram formas de equilibrar os interesses das empresas e das comunidades envolvidas em projetos de mineração

valorização de públicos de interesse. “Permi-ta que os stakeholders falem seus valores para que sejam aceitos. Dê voz a eles. Pesquise, te-nha números e perceba o que eles prezam”, recomendou Kieren Moffat do departamento de recursos da Society Group Leader.

Para o gerente de Comunicação e Re-lações Institucionais da AngloGold Ashanti, Othon de Villefort Maia, para atender aos anseios da empresa e da comunidade, a mi-neradora optou por compartilhar os projetos por meio de chamada pública. “Implanta-mos o Programa Boa Vizinhança, em que são realizadas reuniões periódicas com as lideranças dos bairros vizinhos às operações da companhia para discussão de temas de interesse comum. Representantes de todos stakeholders têm assento no comitê de es-colha de onde vamos investir. Eles próprios avaliam o que é melhor para eles”, informa.

O australiano Kieren Moffat mostrou ain-da os resultados de uma pesquisa com 22 mil reportagens na imprensa entre 19 minerado-

ras australianas e seus stakeholders políticos, sociais e econômicos. “As comunidades são diferentes quando comparamos os que mo-ram nos arredores das minas e nas cidades. A infraestrutura de transporte é a que ambos valorizam mais, entretanto quem habita es-paços urbanos mais ainda. Já em questão de habitação, os moradores do campo conside-ram este quesito mais relevante do que os que vivem nos centros”. A pesquisa avaliou também saúde e economia.

Painel "Licença Social para Operar" durante a 24ª edição do WMC

Indústria da Mineração Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016 25

Avanços tecnológicos reforçam desempenho e segurança dos explosivos

Apresentações demonstraram práticas avançadas e estudos de casos sobre exploração mineral com explosivos

Veículos aéreos não tripulados (drone UAV), caminhões e perfuratrizes autôno-mas, fotogrametria e imagens 3D. Estas são algumas das inovações tecnológicas que estão alterando o cenário dos campos de mineração e possibilitando explosões mais seguras e eficientes. “Há muita automa-ção sendo incorporadas aos caminhões e às perfuratrizes. Temos procurado imple-

mentar tecnologias em áreas de mineração como ocorre na Austrália, onde temos con-dições muito difíceis”, resumiu Dr. Alastair C. Torrance, consultor da Kilmorie Consul-ting Pty Ltd e vice-presidente técnico, da Sociedade Internacional de Engenheiros Explosivos (ISEE), entidade criada em 1974 e que conta com quatro mil membros em 85 países, sendo 70 no Brasil.

Torrance participou do painel O impacto da seleção explosiva na geração de pós-ex-plosão realizado no 24º World Mining Con-gress (WMC 2016) moderado por Enrique Munaretti, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e vice-presi-dente do WMC2016, os participantes apre-sentaram práticas avançadas e estudos de ca-sos sobre exploração mineral com explosivos.

Alastair C. Torrance, consultor da Kilmorie Consulting Pty Ltd e vice-presidente técnico, da ISEE, Paul N. Worsey, professor de engenharia de minas da Universidade de Ciência e Tecnologia de Missouri e astro da série "Os detonadores”, do canal Discovery, Enrique Munaretti, professor da UFRGS, e Robert McClure, presidente da R.A.McClure Inc.

Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016Indústria da Mineração 26

Em sua palestra, o astro da série “Os detonadores”, do canal Discovery, Dr. Paul N. Worsey, professor de engenharia de mi-nas da Universidade de Ciência e Tecno-logia de Missouri, dos EUA, que também participou do painel, destacou que os for-necedores de equipamentos e serviços es-tão se reunindo para criarem sistemas inte-grados. “Há muita gente jovem chegando na indústria e eles estão simplificando as coisas. Agora vamos ter drones tirando fo-tos e viajando sobre as minas. Muito em breve não será necessário ter gente nas minas, principalmente naquelas com equi-pamentos autônomos”, analisou Worsey.

Dr. Paul N. Worsey, ministrou a palestra técnica “Decking - Utilizando explosivos a granel, problemas e suas soluções”. Ele ob-servou que a técnica de decking tem sido muito utilizada na detonação de explosivos, mas como as residências estão se aproximan-do das minas, não é mais possível usá-los em grandes explosões. O deck é usado para seg-mentar o furo em duas partes a fim de se ter duas explosões menores em tempos dis-tintos. Worsey falou sobre as vantagens e os desafios do uso dessa técnica na mineração, onde, ao contrário da construção, os furos são mais longos, contêm ângulos e a detona-ção é iniciada de baixo para cima.

Worsey também apresentou outro estudo técnico sobre “Qual explosivo usar? ANFO, emulsões ou misturas?”, demonstrando as vantagens e as aplicações de cada um de-les. O Anfo - acrónimo do inglês Ammonium Nitrate / Fuel Oil – é um explosivo produzi-do pela mistura de hidrocarbonetos líquidos com nitrato de amônio. Tradicionalmente, o Anfo foi usado para poços secos e emulsão para piso molhado. Por ser menos denso, Anfo é indicado para padrões condensados, enquanto emulsões são significativamente mais densas permitindo padrões expandi-dos. “Além de mais pesadas, as emulsões são mais caras”, explicou Worsey.

Em termos econômicos, para furos mo-lhados até 8%, um padrão de emulsão ex-pandido é mais atraente. O efeito do dife-rencial de custos entre ANFO e emulsão foi analisado em relação à variação no custo de perfuração. “Se a mina tem custos altos de perfuração, a emulsão é mais atraente. À medida em que os custos de perfuração barateiam, o ANFO é a melhor opção”, re-comendou Worsey.

Caminho para inovação

Outro debatedor da palestra, o presi-dente da R.A.McClure Inc., Robert McClure acredita que o segredo para continuar ino-vando é “manter a mente aberta”. “Quando olhamos a indústria de explosivos, os deto-nadores eletrônicos foram um grande avan-ço que permitiu a precisão ao nível de milis-segundos. Continuamos usando os mesmos produtos – detonadores, caminhões, perfu-ratrizes – porém eles hoje têm um desempe-nho muito melhor. A inovação vai aconte-cendo”, afirmou McClure.

Em sua apresentação o executivo elen-cou as etapas necessárias para uma melhor precisão e otimização de explosivos: lim-par a face da rocha, ter um perfil acurado da face, produzir um design otimizado da explosão e levá-lo para o campo a fim de chegar a um padrão preciso. “É necessário

também avaliar as condições da água e de-terminar os perfis para os furos”, explicou.

Ele observou ainda que a estereofotogra-metria – fusão de fotografias para gerar uma imagem 3D - provou seu valor na indústria de explosivos como uma maneira simples, segura e de custo eficaz para elaborar o pla-no de explosão com base no perfil das pare-des rochosas.

No encerramento dos painéis de explo-sivos, o professor Enrique Munaretti apro-veitou para convidar os participantes para o Simpósio Latino Americano do ISEE Group, que ocorrerá em 19 e 20 de outubro de 2017, em Porto Alegre (RS). E realizaram ao final deste mesmo dia, a reunião Anual ISEE Brasil, da Associação Brasileira de Engenha-ria de Explosivos.

“TEMOS PROCURADO IMPLEMENTAR

TECNOLOGIAS EM ÁREAS DE MINERAÇÃO COMO

OCORRE NA AUSTRÁLIA, ONDE TEMOS CONDIÇÕES

MUITO DIFÍCEIS”

Alastair C. Torrance

Dr. Alastair C. Torrance, consultor da Kilmorie Consulting Pty Ltd e vice-presidente técnico, da ISEE

“MUITO EM BREVE NÃO SERÁ NECESSÁRIO TER

GENTE NAS MINAS, PRINCIPALMENTE NAQUELAS COM EQUIPAMENTOS AUTÔNOMOS.”

Paul N. Worsey

Dr. Paul N. Worsey, professor de engenharia de minas da Universidade de Ciência e Tecnologia de Missouri e astro da série "Os detonadores”, do canal Discovery

Indústria da Mineração Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016 27

O que é preciso fazer para fomentar a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação em uma indústria que, até recentemente, não tinha essa como uma de suas maiores preocupações. Este foi um dos temas deba-tidos no último dia do 24º World Mining Congress (WMC 2016). “Estamos em um momento crítico da história, com empresas cortando custos. Há cinco, dez anos atrás, se você falasse em inovação, muitas empresas diriam que isso se faz quando os negócios vão bem. Como os tempos estavam ruins, não podiam fazer isso. É preciso pensar dife-rente, e após três estudos na Austrália, África e Canadá, vemos que hoje não há nenhu-ma empresa de mineração que não fale da importância da renovação”, diz Andrew Ste-wart, sócio da empresa canadense de con-sultoria e gestão estratégica Monitor Deloitte.

Para Stewart, há três grandes atributos de inovadores de sucesso. “Eles são explícitos sobre a ambição por inovação, pensam na inovação de maneira mais ampla, não apenas tecnológica, e constroem uma nova discipli-na”, diz ele. No entanto, ressalta, essa inova-ção nem sempre é aplicada. “Muitas vezes há falhas em sua implementação devido a falta de troca de informações com outros seto-res. Há importantes tecnologias na indústria de petróleo, por exemplo, que poderiam ser aplicadas pela indústria de mineração”, diz.

Segundo ele, as empresas inovadoras têm diferentes estágios. “Quanto mais avan-çada, maior a capacidade organizacional”, diz Stewart, que faz uma crítica específica à indústria da mineração. “A queda do preço das commodities diminuiu os investimen-tos em pesquisa e desenvolvimento, mas a questão não é gastar mais nisso, e sim pensar na questão de forma diferente.”

Inovando no Brasil

Dois representantes brasileiros apre-sentaram seus cases de sucesso, o proje-to Mackgraphe e a mineradora CBMM. A Mackgraphe dedica-se à pesquisa aplicada do uso de grafeno e outros nanomateriais. O grafeno é um material mais transparen-te, mais fino, mais leve, 200 vezes mais re-sistente que o aço e com melhor conduti-bilidade elétrica e térmica. A intenção do projeto não é apenas investigação científi-ca. “Vamos desde a pesquisa básica, pas-sando pela aplicada e o desenvolvimento, até transformar o trabalho em produto”, conta o professor Sergio Humberto Domin-gues, pesquisador do Mackgraphe, centro de estudos de grafeno e nanomateriais da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. “As aplicações, hoje, são muitas: indústria de energia, produção de compó-sitos, sensores, na indústria aeroespacial e automotiva, para criação de chips com maior velocidade e telas de computadores flexíveis”, diz. “Somos um centro de pesqui-sas jovem, mas trabalhando duro em novos processos e materiais, estamos conseguindo alguns dos melhores resultados do mundo”, comemora Domingues em mais um exem-plo de inovação bem sucedida no Brasil.

Sucesso das empresas está baseado em renovação e inovação

Já a CBMM, principal produtora mundial de nióbio, mostrou seu projeto de explora-ção de terras raras. “Nosso minério tem en-tre a mistura de diversos minerais, a monazi-ta, que contém terras raras”, disse diz Clóvis Farias Sousa, superintendente de produção do projeto de terras raras da empresa.

“Em 2009, 2010, houve uma crise no mercado de terras raras, que chegou a valer US$100 por quilo. Nesse momento, resol-vemos investir, e usamos uma fábrica antiga usada para produzir concentrado de nióbio para produzir concentrado de terras raras”, conta Clóvis Farias Souza. A tecnologia foi desenvolvida com eficiência, mas a queda do mercado não permite ainda sua explora-ção comercial. “Quando dominamos o ciclo de produção, o preço tinha caído para entre US$5 e US$8. Hoje temos capacidade para produzir 3.000 toneladas por anos e estamos bem em custos, mas ainda não conseguimos superar os chineses. Temos a segunda maior produção do mundo, mas não conseguimos competir. Mas o preço vai subir outra vez – não para US$100 – e se estabilizar. Aí vamos convencer o mercado de que somos confiá-veis, como fizemos com o nióbio”, diz.

Investimento em pesquisas poderá trazer para o Brasil os melhores

resultados do mundo

Andrew Stewart, sócio da Monitor Deloitte, fala sobre a importância da renovação e inovação nas empresas do setor mineral

Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016Indústria da Mineração 28

O mercado de mineração está prestes a retomar o crescimento. A volta por cima deve começar no final de 2017, segundo o analista sueco Magnus Ericsson, que parti-cipou do painel sobre a Economia da Mi-neração, no encerramento do 24º World Mining Congress (WMC 2016), no Rio de Janeiro. Ele acredita que, apesar da que-da registrada nos últimos anos, a indústria se encontra acima de sua média histórica. “O boom foi impulsionado pela China, que crescia 12%”, explicou. “Hoje, a China cres-ce 5%, mas sobre uma base muito maior.”

Outro sinal de recuperação é o aumen-to no portfólio de pedidos das empresas de equipamentos, apontou o pesquisador. Para Ericsson, a perspectiva global de longo prazo do setor é positiva. “Os motores do crescimento continuarão por muito tempo: urbanização, crescimento populacional e in-dustrial, e as propriedades dos metais”, diz. “Você não pode construir um carro de con-creto, pode?”, indagou.

Ericsson afirmou ainda que todo o se-tor deve ter uma visão de longo prazo em sua tomada de decisões. “É preciso investir mais na exploração para atender a deman-da futura, que, num horizonte mais longo, vai continuar crescendo”, disse. E concluiu: “Estamos vendo a luz no fim do túnel. E não é um trem na contramão.”

No longo prazo, a cadeia produtiva conta com um importante aliado na busca por mais competitividade: a tecnologia digital. Segun-do Rachel Bartels, diretora-gerente global para Química e Recursos Naturais da Accen-ture UK, que também participou do painel, o lucro das mineradoras pode dobrar nos próximos dez anos com a adoção em larga escala de tecnologias digitais. A produtivida-de, por sua vez, pode crescer de 7% a 12%.

Ela observou que há muitas oportunida-des para o setor, mas não será fácil aproveitá-

Analista sueco aposta que a hora da virada está próxima para a indústria mineradora

Magnus Ericsson aponta que a indústria de mineração está acima de sua média histórica e pronta para voltar a crescer

-las. A tecnologia, no entanto, pode dar uma mãozinha. “O custo das tecnologias digitais caiu muito, e o tempo de implementação dessas ferramentas também”, explicou. “Um robô simples que custava US$ 500 mil, hoje custa US$ 500.”

“Muitas empresas acham que o investi-mento vai ser grande e levará muito tempo, mas isso não é mais verdade”, diz Bartels. “Acompanhamos a otimização digital de uma mina na Austrália que custou menos de US$ 500 mil, foi concluída em apenas qua-tro semanas e em pouco tempo aumentou a produtividade em 6%.”

Bartels apontou também algumas po-tenciais utilidades das tecnologias de infor-mação. Segundo ela, a implantação de co-nexões de dados em equipamentos usados pelos trabalhadores pode aumentar a segu-rança e a efetividade das operações. “Um caminhão gera 1 TB de dados por hora. Multiplique isso pelo número de horas de operação e pelo tamanho da frota de uma mineradora e você verá a quantidade de in-formação útil perdida hoje”, disse.

Enquanto a virada não chega, países emergentes lutam contra suas limitações para dar impulso ao setor de mineração. É o caso do Peru, onde a indústria enfrenta o peso da burocracia. Romulo Mucho Ma-mani, ex-vice-ministro de Energia e Minas do Peru, acredita que apesar dos fatores de atração de investimentos como a estabilida-de política e a diversidade geológica do país, entraves políticos atrapalham o potencial de desenvolvimento do setor.

Mucho reclama que a burocracia no seu país aumentou para o setor nos últimos. “Hoje, para iniciar novos projetos temos de pedir uma série de autorizações a outros mi-nistérios. Se a exigência dessas permissões fosse suspensa, os investimentos se multipli-cariam”, afirmou.

O ex-vice-ministro observou também que a mineração foi o motor de crescimento da economia peruana nos últimos anos, quando o país registrou o maior crescimento do PIB na América Latina. “Também somos afetados pe-los preços no mercado internacional, mas isso é algo que não podemos controlar”, concluir.

Rómulo Mucho Mamani, ex-vice-ministro de Energia e Minas do Peru

Analista sueco Magnus Ericsson

Indústria da Mineração Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016 29

Ao som da canção “Carinhoso”, com-posta por Pixinguinha, amigos e integrantes do comitê científico do 24o World Mining Congress prestaram homenagem ao profes-sor Roberto Villas Bôas. A música tocada no cavaquinho por Marcello Veiga, da Univer-sidade de British Columbia, no Canadá, era a preferida do pesquisador, que costumava cantar para em suas viagens.

Conselheiro do Programa Iberoameri-cano de Ciência e Tecnologia para o De-senvolvimento (CYTED) e superintendente

e diretor do Centro de Tecnologia Mineral (CETEM) por 20 anos, o engenheiro de mi-nas Roberto Villas Bôas viajava para vários países para apresentar suas pesquisas sobre desenvolvimento sustentável na mineração com ênfase em processos minero-metalúrgi-cos sustentáveis.

A filha Hariessa Villas Bôas lembrou que o pai foi um excelente profissional e um gran-de homem: “Criou uma fórmula de susten-tabilidade e deixou legado para as gerações de hoje e do futuro. Meu pai é atemporal,

Amigos homenageiam o professor Roberto Villas Bôas

O professor e pesquisador era conhecido como um gerador permanente de projetos e deixou um

grande legado para todas as gerações

único, um homem ímpar, que me ensinou a viver. A maior realização dele era a vida vivida. Ele está entre nós”, afirmou.

Segundo os amigos, foi uma figura notável e inspiradora com currículo recheado pelos melhores cursos mundo afora o que lhe fez desenvolver um pensamento globalizado. “O Brasil era muito pequeno para o Villas Bôas”, pontuou o consultor Antenor Firmino.

Representando os amigos do mundo in-teiro, Hugo Nielson, da Universidade San Martin, em Buenos Aires, destacou seu lado generoso e comunicador, “um profissional que esteve mais tempo viajando para defender o desenvolvimento sustentável do que sentado no escritório. Um grande exemplo a seguir”.

O assessor da direção do CETEM e me-diador da mesa, Carlos Peiter, apresentou vídeo produzido pela entidade sobre Villas e lembrou a importância do pesquisador para sua carreira. “Trabalhamos juntos por 15 anos, além de ter sido seu aluno na gra-duação e orientando no doutorado. Ele era meu pai profissional”, afirmou.

Já o amigo Roberto Sarudianski, da Sege-mar Argentina, destacou a capacidade cria-tiva de Villas. “Era um gerador permanente de projetos”, resumiu. O editor da Revista Brasil Mineral, Sergio de Oliveira, lembrou seu bom humor e um prêmio que Villas nunca quis receber – caso contrário deixa-ria de desempenhar o papel importante de conselheiro da revista. “No ano passado ele foi eleito com mais de 60% dos votos como pioneiro da mineração”, relembrou.

Graduado em Engenharia de Minas pela Escola Politécnica da USP, Mestre em Ciên-cias em Engenharia Metalúrgica pela Colora-do School of Mines e Doutor em Ciências da Engenharia, Engenharia e Ciência dos Mate-riais pela Coppe-UFRJ, Villas Bôas foi pesqui-sador titular do Cetem desde a fundação do Centro até outubro de 2013, quando atingiu a aposentadoria compulsória, e foi agraciado com o título de Pesquisador Emérito.

Durante sua trajetória profissional Villas Bôas publicou 53 papers, organizou, editou e publicou 39 livros; escreveu 12 capítulos em livros técnicos e científicos; realizou 73 apresentações em congressos e supervisio-nou 15 dissertações de mestrado e três teses de doutorado.

Plateia se emociona com as histórias sobre a vida e as obras de Villas Bôas

Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016Indústria da Mineração 30

A Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) realizou a etapa final e a cerimônia de entrega do Prêmio Univer-sitário Aberje (PUA), durante o World Mi-ning Congress (WMC), no Rio de Janeiro. A equipe vencedora foi o grupo da PUC do Rio Grande do Sul (PUC-RS) com o trabalho "Novos sentidos para a mineração". Ao todo, foram 180 estudantes e 52 trabalhos inscri-tos, de 37 faculdades e 22 cursos diferentes.

A 6ª edição do PUA, organizada pela Aberje e patrocinada pela Vale, convocou estudantes de todo o Brasil para criar um projeto e contribuir para desmitificar a mi-neração com o tema "'A indústria da Minera-ção é mais do que o quê você vê". O evento, que contou também com o apoio do Insti-tuto Brasileiro de Mineração (IBRAM) e de outras empresas do setor, reuniu os cinco grupos finalistas, que defenderam seus tra-balhos perante banca avaliadora.

Lançando mão de pesquisas de opinião e usando o conteúdo disponibilizado pelas mineradoras e pelo Ibram especialmente para o prêmo, o time da PUC-RS baseou o seu projeto no conceito de design thinking e propôs, entre outras ideias, difundir o orgu-lho que os mineradores têm de seu trabalho e suas muitas histórias.

Prêmio Universitário Aberje anuncia vencedor durante o World Mining Congress

O grupo vencedor recebeu R$ 10 mil e, de surpresa, também ganhou espaço em jor-nal mineiro para publicação de um especial sobre mineração. O segundo colocado, o grupo da Universidade de São Paulo (USP) recebeu R$ 5 mil e o terceiro colocado, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), R$ 3 mil. Além disso, os cinco finalistas ga-nharam uma visita à Carajás, no Pará, onde a Vale concentra sua maior produção de mi-nério de ferro.

"O prêmio nos deu a possibilidade de aprendizado. Nós conseguimos experimen-tar um pouco do mercado ainda dentro da graduação. Colocamos a nossa essência no trabalho que é uma característica mais hu-mana e é incrível saber que isso foi reconhe-cido", explicou Paula Ferreira, representante do grupo vencedor. A equipe é formada ain-

José Fernando Coura comemora com vencedores do Prêmio Universitário Aberje

da por Guilherme Severo, Matheus Wecki, Jéssica Dias e contou com a orientação do professor Diego Wander.

"Todos são vencedores e os estudantes estão entrando no mercado de trabalho com o pé direito. Ficamos impressionados com a qualidade dos trabalhos e com os grupos, que aceitaram o convite para dialogar com o mercado. Esse é apenas o começo para eles", afirmou Paulo Henrique Soares, ge-rente-executivo de Comunicação e Relações Externas da Vale.

José Fernando Coura, presidente do IBRAM, reconheceu a dedicação dos par-ticipantes. "Os jovens trazem a nós ensina-mentos para que cada vez mais possamos ser responsáveis com o que nós fazemos".

Fonte: Vale

Cré

dito

: Arg

os F

otos

Prêmio Universitário Aberje anuncia vencedores durante o WMC 2016

Indústria da Mineração Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016 31

IBRAM promove a 17ª edição da EXPOSIBRAM As principais mineradoras nacionais e

internacionais já têm encontro marcado em 2017, quando poderão conhecer as novi-dades em inovações tecnológicas e debater o futuro do setor mineral mundial. O Insti-tuto Brasileiro de Mineração (IBRAM) pro-moverá em Belo Horizonte (MG), entre os dias 18 a 21 de setembro, a 17ª edição da EXPOSIBRAM. O evento reúne a Exposição Brasileira de Mineração e o Congresso Bra-sileiro de Mineração.

A EXPOSIBRAM apresenta, a cada dois anos, a evolução tecnológica da moderna indústria mineral nacional e internacional.

EXPOSIBRAM 2017

DATA: 18 A 21 DE SETEMBRO LOCAL: BELO HORIZONTE (MG)

MAIS INFORMAÇÕES: http://www.exposibram.org.br

Além disso, a EXPOSIBRAM traz as prin-cipais novidades nas formas de atuação empresarial do setor, levando em conta a preservação do meio ambiente e a saúde e segurança dos trabalhadores.

Para o diretor-presidente do IBRAM, José Fernando Coura, é um evento que permite aproximar os principais atores do cenário mundial da mineração. “Durante o encontro, os participantes têm a oportunidade de es-treitar os relacionamentos com fornecedores, empresários e o público em geral, no intuito de promover uma mineração brasileira mais competitiva com resto do mundo”, avalia.

Realizado em paralelo à Exposição, o Congresso Brasileiro de Mineração atrai mais de dois mil participantes entre especia-listas, pesquisadores, estudantes e represen-tantes de empresas. A pauta das palestras leva em conta o contexto político e socioe-conômico global, bem como as perspecti-vas dos negócios para as próximas décadas anunciadas pelas mineradoras. Para dina-mizar os debates, o IBRAM estabelece uma programação que conta com palestras mag-nas, workshops, talk shows, entre outras.

Na última edição da EXPOSIBRAM, que ocorreu em 2015, cerca de 40 mil pessoas de 25 países participaram dos quatro dias de evento, entre congresso e feira. A expo-sição contou com 488 estandes das prin-cipais empresas ligadas ao setor mineral. O espaço foi destinado a mostrar novidades em tecnologia, equipamentos, softwares e outros produtos ligados à indústria.

Foto

s: E

vand

ro F

iuza

Cerimônia de abertura da EXPOSIBRAM 2015

16ª edição do Congresso Brasileiro de Mineração

16ª edição da Exposição Brasileira de Mineração

Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016Indústria da Mineração 32

Trabalho inédito do IBRAM e FGV, em parceria com o

Sindextra e Sinferbase, reúne dados científicos, históricos e econômicos da indústria mineral em Minas Gerais

A partir de agora, qualquer cidadão, desde o jovem estudante até o profissio-nal mais gabaritado ou autoridade públi-ca, que pretenda produzir informações ou mesmo debater temas sobre o setor mine-ral de Minas Gerais poderá recorrer a um documento que consolida bases técnicas, científicas, econômicas, sociais e históricas sobre a mineração. Trata-se do Panorama da Mineração em Minas Gerais apresen-tado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), pelo Sindicato da Indústria Mi-neral de Minas Gerais (Sindiextra) e pelo Sindicato Nacional da Indústria da Extra-ção do Ferro e Metais Básicos (Sinferbase), em evento especial no Museu das Minas e do Metal, em Belo Horizonte (MG).

Minas e o Brasil ganham publicação sobre a história da mineração

Foto

s: S

ebas

tião

Jaci

nto

Juni

or

Evento de lançamento do estudo Panorama da mineração em Minas Gerais

Presidente da FIEMG, Olavo Machado Junior, Diretor de Assuntos Minerários do IBRAM, Marcelo Ribeiro Tunes, Presidente da AngloGold Ashanti, Helcio Guerra, e Presidente da CNI, Robson Braga de Andrade

Este trabalho inédito reúne dados oficiais compilados e analisados pelo Instituto Bra-sileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBRE). O Ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, prestigiou a solenidade de lançamento, para mais de 300

convidados, entre os quais, representantes de todos os poderes do Estado e de vários municípios mineiros. Além de ser um evento técnico, a cerimônia se transformou em um dos mais impactantes atos políticos dos últi-mos tempos em prol do setor mineral.

Indústria da Mineração Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016 33

José Fernando Coura, diretor-presidente do IBRAM, e Fernando Bezerra de Sousa Coelho Filho,

ministro das Minas e Energia

Ao se dirigir ao presidente do IBRAM, José Fernando Coura, o ministro Fernando Bezerra de Sousa Coelho Filho disse que quer “estar muito mais próximo do setor mineral e colocar o Ministério de Minas e Energia a favor do setor que tanto contri-buiu ao país e tanto haverá de contribuir para que a gente possa viver dias melhores”.

“Este Panorama é um trabalho vigoro-so, um marco para que o verdadeiro papel da mineração empresarial seja conhecido

Público prestigia lançamento do estudo "Panorama da mineração em Minas Gerais"

a fundo, com detalhamento técnico e re-ferências históricas. Daqui para frente, debater a mineração será algo muito mais relevante, sendo impossível minimizar a im-portância das contribuições decisivas deste segmento empresarial para a população de Minas Gerais e do Brasil”, diz José Fernan-do Coura, diretor-presidente do IBRAM, do Sindiextra e do Sinferbase.

Panorama da Mineração em Minas Gerais

• Revela à sociedade a importância da atividade mineral no Estado de Minas Gerais, a partir de dados oficiais e públicos do setor, compilados até 2013.

• Aborda aspectos econômicos, demográficos, geográficos, ambientais e históricos.

• Fornece informações para a elaboração de plano de ação em prol da imagem do setor, com atuação em frentes variadas como: comunicação, imprensa, relacionamentos (institucional e com comunidades), jurídico, poder público, medidas socioeducativas etc.

A expectativa do setor mineral é que a sociedade passe a utilizar este Panora-ma para atingir vários objetivos, tais como: trabalhos escolares, reportagens da im-prensa, debates acadêmicos, artigos cien-tíficos, conteúdo para aulas nas escolas públicas e privadas, realização de audiên-cias públicas, elaboração de projetos de lei e de políticas públicas.

Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016Indústria da Mineração 34

Contemplar e valorizar as mais impor-tantes ações em Saúde e Segurança do Trabalho (SST) desenvolvidas pelas mi-neradoras e demais empresas ligadas ao setor em todo o Brasil é uma constante preocupação do Instituto Brasileiro de Mi-neração (IBRAM), que desenvolve o Pro-grama Especial de Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração (MINERAÇÃO).

Para estimular atitudes de melhoria da qua-lidade de vida do colaborador, o IBRAM promove o Prêmio Melhores Práticas em SST. No último dia 6, os vencedores da ter-ceira edição subiram ao palco da Federa-ção das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG), em Belo Horizonte.

O Diretor de Assuntos Ambientais do IBRAM, Rinaldo Mancin, elogiou as iniciati-

vas das empresas do setor que investem em SST e reforçou que mesmo em momento de situação econômica desafiadora as empre-sas não podem abrir mão dos cuidados com colaborador. "Crises e ausência de recursos não podem justificar a falta de investimentos em prevenção de acidentes. É nosso dever moral transformar a indústria mineral em um modelo de gestão de pessoas. A nossa meta é o zero dano. Zero acidentes, zero vidas perdidas na indústria da mineração”.

A Vale foi a grande vencedora do Prêmio Melhores Práticas em Saúde e Segurança do Trabalho, promovido pelo IBRAM, por meio do MINERAÇÃO – Programa Especial de Segurança e Saúde Ocupacional na Minera-ção. O anúncio foi feito no dia 6 de dezem-bro, na sede da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG), em Belo Horizonte,

IBRAM premia para as melhores práticas em Saúde e Segurança no Trabalho na mineração

A Vale conquistou o pódio em três categorias; a cerimônia ocorreu na sede da FIEMG, em Belo Horizonte

em evento que reuniu profissionais ligados à SST, representantes de empresas e de enti-dades ligadas ao setor.

A mineradora faturou o primeiro lugar em três categorias: Gestão de Emergências em Barragens de Rejeitos, Melhores Práticas em Altura na Mineração e Saúde Ocupa-cional – Gestão do Absenteísmo, mostran-do assim que a preocupação em garantir a integridade física dos empregados está no cerne de suas atividades. No total, a empre-sa faturou cinco troféus. Anglo American e AngloGold também foram premiadas em duas modalidades.

Cláudia Pellegrinelli, cordenadora do Pro-grama do IBRAM, aproveitou a oportu-nidade para fazer uma retrospectiva do programa Mineração. “Nos anos 2015 e

Foto

s: S

ebas

tião

Jaci

nto

Prêmio Melhores Práticas em SST

Indústria da Mineração Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016 35

2016 priorizamos as maiores demandas do setor. Realizamos seminários e workshops na área de fadiga, HO e e-Social; promo-vemos 14 cursos sobre ‘Gerenciamento e Controle de Emergências’, capacitando mais de 200 profissionais nesta área em todo o Brasil. Discutimos, via web, temas perti-nentes às melhores práticas de SST adota-das na mineração; participamos de grupos de discussões do governo, como a CPNM,

e da CNI; disponibilizamos um mailing de aproximadamente 1000 contatos e, den-tre outras tantas ações, vamos coroar o ano com a 8ª reunião de integração das em-presas em torno das demandas advindas do e-Social”, enumerou.

A noite foi palco ainda para o lançamento da parceria do IBRAM com o programa 100% Seguro do Sesi, patrocinador do evento. São

50 vídeos, em libras e audiodescrição, além de opções de legenda em português, espa-nhol e inglês. A entidade foi representada, no evento, pelo Diretor de Operações do Sesi Nacional, Marcos Tadeu Siqueira, que apresentou esta e outras atividades em prol da indústria mineral. “Prevenir acidentes e atuar na prevenção significa salvar nossas empresas. Trabalhador saudável é igual a in-dústria produtiva”, garantiu.

Diretor de Assuntos Ambientais do IBRAM, Rinaldo Mancin Cláudia Pellegrinelli, cordenadora do Programa MINERAÇÃO

GESTÃO DE EMERGÊNCIAS EM BARRAGENS DE REJEITOS

• 1º LUGAR: Operacionalização dos planos de atendimento a emergência – PAEBM’S” Vale

• 2º LUGAR: Gerenciamento de Segurança de Barragem” – Anglo American Minério de Ferro Brasil

MELHORES PRÁTICAS EM TRABALHO EM ALTURA NA MINERAÇÃO

• 1º LUGAR: Trabalho em altura em obras civis para manutenção do talude da cava da Mina de Água Claras – Vale

• 2º LUGAR: Adequação do SPDA em Chaminé de Grande Porte em Atendimento a NBR 5419 – AngloGold Ashanti Córrego do Sítio Mineração S.A

• 3º LUGAR: Trabalho em Altura – Pontos de Ancoragem e Linhas de Vida – Anglo American Minério de Ferro Brasil

SAÚDE OCUPACIONAL – GESTÃO DO ABSENTEÍSMO

• 1º LUGAR: Gestão de Absenteísmo a partir dos principais motivos de afastamento com foco na saúde integral dos empregados da Diretoria Ferrosos Sul – Vale

• 2º LUGAR: A abordagem da saúde corporativa na gestão do absenteísmo na Vale – Vale

• 3º LUGAR: Programa de reconhecimento gerando redução de absenteísmo das empresas contratadas – Vale

COLOCAÇÃO FINAL DO PRÊMIO MELHORES PRÁTICAS EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO:

Ano XI – nº 72, Dezembro de 2016Indústria da Mineração 36