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1 PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE: O QUE A MÍDIA TEM A VER COM OS DIREITOS HUMANOS?¹ CEZAR, Marcelo Moreira ² ; MOTTA, Roberta Fin³; 1 Trabalho de Pesquisa referente ao Projeto de Trabalho Final de Graduação (TFG) do Curso de Psicologia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. 2 Acadêmico do 10º Semestre do Curso de Psicologia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. 3 Docente do Curso Psicologia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA) e Orientadora do Trabalho Final de Graduação (TFG), Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: [email protected]; [email protected] RESUMO A subjetividade e os direitos humanos no ângulo da comunicação e sua repercussão na sociedade, manifestam intenção de buscar consistência de enunciados vinculados a uma modelização de indivíduos. Para isso, Este trabalho é um recorte de um projeto de Trabalho Final de Graduação em Psicologia. Com objetivo, apresentar uma breve revisão de literatura sobre micropolitica e consumo midiático, de forma a problematizar e expor algumas questões na dimensão do mass mídia. Para entender a relação entre a mídia e o processo voltado a produção de subjetividade; objetiva-se analisar a influência da mídia contrastando as formas tecnológicas frente a novos objetos e formas de relacionamentos contemporâneos, partindo de uma pesquisa bibliográfica exploratória e qualitativa. Infere-se que equipamentos coletivos midiáticos descentram questões do sujeito para a subjetividade resultando comunicações por mídias estruturadas para alcançar lugares que definam estilos e fabricam modelos identificatórios, na forma que não interfiram nos direitos humanos a fim de ferir a sua capacidade de comunição. Palavras-Chave: Subjetividade; Mídia; Contemporaneidade; Capitalismo; Comunicação de Massa. 1 INTRODUÇÃO Este trabalho de pesquisa intitulado: produção de subjetividade: o que a mídia tem a ver com os direitos humanos? endereça seu direcionamento à compreensão da contemporaneidade e às questões de formação de subjetividade e dos direitos humanos 1 nas esferas da comunicação e sua resonância na sociedade, com atravessamentos midiáticos a envolver o nível da plataforma do rádio. Como embasamento teórico 1 Recurso que a sociedade, a seu momento histórico, vai lançar mão para problematizar certos modos de experiência social que são insatisfatórias, que produzem dor, que produzem sofrimento, violência, tragédia humana e, no interior desse debate, no interior dessa sociedade, buscar efetivamente arregimentar as forças formadoras para produzir uma transformação na sociedade (FERREIRA, 2007 p.30-31.).

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    PRODUO DE SUBJETIVIDADE: O QUE A MDIA TEM A VER COM OS DIREITOS HUMANOS?

    CEZAR, Marcelo Moreira

    ; MOTTA, Roberta Fin;

    1 Trabalho de Pesquisa referente ao Projeto de Trabalho Final de Graduao (TFG) do Curso de

    Psicologia do Centro Universitrio Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. 2 Acadmico do 10 Semestre do Curso de Psicologia do Centro Universitrio Franciscano (UNIFRA),

    Santa Maria, RS, Brasil. 3 Docente do Curso Psicologia do Centro Universitrio Franciscano (UNIFRA) e Orientadora do

    Trabalho Final de Graduao (TFG), Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: [email protected]; [email protected]

    RESUMO

    A subjetividade e os direitos humanos no ngulo da comunicao e sua repercusso na sociedade,

    manifestam inteno de buscar consistncia de enunciados vinculados a uma modelizao de

    indivduos. Para isso, Este trabalho um recorte de um projeto de Trabalho Final de Graduao em

    Psicologia. Com objetivo, apresentar uma breve reviso de literatura sobre micropolitica e consumo

    miditico, de forma a problematizar e expor algumas questes na dimenso do mass mdia. Para

    entender a relao entre a mdia e o processo voltado a produo de subjetividade; objetiva-se

    analisar a influncia da mdia contrastando as formas tecnolgicas frente a novos objetos e formas de

    relacionamentos contemporneos, partindo de uma pesquisa bibliogrfica exploratria e qualitativa.

    Infere-se que equipamentos coletivos miditicos descentram questes do sujeito para a subjetividade

    resultando comunicaes por mdias estruturadas para alcanar lugares que definam estilos e

    fabricam modelos identificatrios, na forma que no interfiram nos direitos humanos a fim de ferir a

    sua capacidade de comunio.

    Palavras-Chave: Subjetividade; Mdia; Contemporaneidade; Capitalismo; Comunicao de Massa.

    1 INTRODUO

    Este trabalho de pesquisa intitulado: produo de subjetividade: o que a mdia tem a

    ver com os direitos humanos? enderea seu direcionamento compreenso da

    contemporaneidade e s questes de formao de subjetividade e dos direitos humanos1

    nas esferas da comunicao e sua resonncia na sociedade, com atravessamentos

    miditicos a envolver o nvel da plataforma do rdio. Como embasamento terico

    1 Recurso que a sociedade, a seu momento histrico, vai lanar mo para problematizar certos modos de experincia social

    que so insatisfatrias, que produzem dor, que produzem sofrimento, violncia, tragdia humana e, no interior desse debate,

    no interior dessa sociedade, buscar efetivamente arregimentar as foras formadoras para produzir uma transformao na

    sociedade (FERREIRA, 2007 p.30-31.).

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    perpassado a compreenso dos processos atravs de um referencial micropoltico:

    envolvendo a sociedade capitalstica e os meios do mass media2. A influncia da mdia vai

    alm de uma simples fonte bsica de lazer, tratando-se de um lugar extremamente

    poderoso, no que relaciona produo e circulao de consumo de subjetividade;

    sobretudo as discusses hoje ocorrem nos veculos de comunicaes de massa (mass

    media), ou seja, o que est na mdia pode ser debatido. O que no est na mdia no existe,

    segundo Mores Filho (2009). Majoritariamente, o rdio, com suas programaes dirias,

    preenchem lacunas sociais e culturais geradas pela falta de acesso ao teatro, cinema, lazer

    e informao; tendendo liberar, cada vez mais, tempo livre para se entregar ao cio pr-

    fabricado (GUATTARI, 2004).

    Este trabalho justifica-se em funo da individuao e singularidade, na busca da

    autencidade, de se configurar no mundo e envolver-se na sociedade pelos indivduos.

    Tambm, porque os direitos humanos so consolidados atravs da mdia e dos veculos

    responsveis, a fim de estabelecer os meios legais que garantam pessoa e famlia a

    possibilidades de se defenderem de programas. Especialmente programaes de rdio e

    televiso que possam usar de prticas e servios que possam ser nocivos sade e ao

    meio ambiente, conforme o art. 220 da Constituio da Repblica Federativa do Brasil

    (BRASIL, 1988).

    Esta proposta de pesquisa poder proporcionar novas modalidades de apropriao

    pelos sujeitos; tendo em vista o modelo do rdio, onde comporta os nveis de comunicao

    amplos, no sentido de abarcar programas de notcias e entretenimento, de propaganda e,

    principalmente, direcionar estilos musicais para seus pblicos. Originando relevncia desta

    pesquisa no cunho de entender a concepo atual sobre os processos de experienciao

    das ferramentas miditicas.

    2 OBJETIVO

    Analisar a influncia da mdia na subjetividade na dimenso da vulnerabilidade

    social.

    3 DESENVOLVIMENTO

    2 A expresso se monta a partir de dispositivos de emisso e a capacidade de difundir contedos e mensagens para

    audincias massivas (GOMES, 2003. p. 5.).

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    3.1 DO SABER A MDIA

    O emprego do termo mdia expressiva da palavra latina media com conotao de

    medius, a um fim mediador doravante expressivo singular medium, conforme Sarz (2009). O

    mesmo autor se refere ao que recebe espritos - cifrando, a oculta diversidade em troca de

    uma unicidade da difuso - como instrumento mediador do ingls norte americano media,

    delineando a comunicao social e a comunicao de massa - mass media - com funo de

    planejar a amplitude de seu destino e por que a mensagem ser veiculada. Outrossim, para

    o termo mdia um termo que est sendo cada vez mais utilizado em nossos dias, abrange

    todos os meio de comunicao, precisamente, quando se diz: A mdia influncia numa

    proporo significativa na nossa sociedade (GARCIA e VIEGAS DABREU, pg. 2, 2007).

    Partindo do sculo XIV, com o nascimento da imprensa e da comunicao em larga

    escala, tendo como figura a de Gutenberg (1390-1468), que estampou um novo modelo de

    manejar com a informao, possibilitando o acesso a conhecimentos por meio de livros, de

    forma que viabilizou a circulao do conhecimento. Com o nascimento desta imprensa

    possibilitou o surgimento da experincia subjetiva, a valorizao do espao privado e da

    singularidade (BURKE, 2003).

    No decorrer dos anos, desde a inveno da escrita at o perodo da comunicao

    visual, que abrange os primeiros cartazes de cunho moderno criados por Henri de Toulouse-

    Lautrec (1864-1901), at aproximadamente o incio dos anos 1960 onde se passou a

    utilizar-se da comunicao de massa para representar trabalhos artstico/visuais. Maffesoli

    (1995), diz que com essa nova visualidade, a esttica tambm sofreu mudanas, como por

    exemplo, as propagandas. As mesmas interpelam os indivduos e convida-os a

    identificarem-se com produtos, imagens e comportamentos. Desta forma, tais indivduos

    acabam por ter uma identificao com modelos comportamentais atravs de anncios

    publicitrios (MAFFESOLI, 1995).

    Ao referir-se aos meios de comunicao em geral, que atingem a grande massa,

    abrigam a dimenso dos grandes veculos com reconhecida influncia sobre as pessoas. O

    termo mdia est vinculado aos processos de produo, circulao e recepo de

    mensagens. A mdia, hoje, engloba os veculos de notcias, o campo da publicidade, a

    produo de filmes, propagandas e o radiofnico. De tal forma, incrustada em nosso

    cotidiano, extrapola o tradicional aparato dos sistemas de comunicao, apresentando-se

    como campo instrumental da cincia, arte e tecnologia (ZAREMBA, 1999).

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    Ao referir-se aos meios de comunicao em geral, que atingem a grande massa,

    abrigam a dimenso dos grandes veculos com reconhecida influncia sobre as pessoas. O

    termo mdia est vinculado aos processos de produo, circulao e recepo de

    mensagens. A mdia, hoje, engloba os veculos de notcias, o campo da publicidade, a

    produo de filmes, propagandas e o radiofnico. De tal forma, incrustada em nosso

    cotidiano, extrapola o tradicional aparato dos sistemas de comunicao, apresentando-se

    como campo instrumental da cincia, arte e tecnologia (ZAREMBA, 1999).

    Numa evoluo histrica to surpreendente quanto desconhecida, a radiofonia

    contempornea agrega modelos cristalizados, desvenda alguns modelos mantidos em

    vanguarda silenciosa e inauguram outros, na esteira das novas configuraes multimdias,

    consoante com as idias de Rau (1994). Podemos iniciar pelo exemplo do cdigo Morse,

    primeira escrita radiofnica, para quem o rdio era um fenmeno nascido no ato de

    escrever com o som. Assim, ao mesmo tempo em que desenha a mensagem radiofnica

    como sistema tecnolgico capaz de se constituir como rede poderosa, na reverso da

    direo e sentido da civilizao ocidental letrada, admite ser a experincia radiofnica algo

    particular, onde as profundidades subliminares esto carregadas daqueles ecos

    ressonantes, das trombetas tribais com seu poder de transformar a sociedade numa nica

    cmara de eco (ZAREMBA, 1999).

    Neste sentido, Zaremba (1999) relata que as contribuies principais apareceram nos

    movimentos sociais dos anos 1960, dentre elas a febre das rdios livres. Este novo espao

    de transmisso radiofnica foi captado por Flix Guattari no incio dos anos 80 com a

    experincia fracassada em uma rdio comunitria, que diferenciava entre uma rdio livre e

    uma emissora convencional de mass media. Ento, o campo privilegiado de ao para seu

    projeto poltico que pretendia reverter aquilo que identificou como processo de

    desterritorializao, promovido pelo Estado e seus aliados. O mesmo utilizava mdias,

    psicanlise e linguagem como mquinas de controle da vida no mundo moderno; renovando

    a ideia de Plato quando afirmou que o nmero certo de uma cidade indicado pelo nmero

    de pessoas ao alcance da voz de um orador, associado com as idias de Bachelard (1991):

    O rdio tem funo de originalidade. No se pode repetir. Deve criar novidade a cada dia. No simplesmente uma funo que transmite verdades, informaes. Deve ter vida autnoma nessa logosfera, nesse universo da palavra, nessa palavra csmica que uma nova realidade do homem (BACHELARD, 1991, p.177).

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    Os ritmos biolgicos da vida e da cultura humana, os biorritmos de toda natureza,

    voltando a exercer sua fora primitiva carregada com a energia do sagrado seriam

    retomados pelas foras do rdio, segundo Zaremba (1999). O referido autor atribui a

    comunicao radiofnica como sendo escrava do relgio, sendo a pulsao de uma

    sociedade organizada para a mxima produo e consumo. Pode ser tomado o sentido do

    uso do rdio como conexo nos campos para o desbloqueio dos corpos sem rgos, para

    abertura mxima de um campo de conscincia. Ele faz parte do rizoma3, suscetvel de

    receber modificaes constantemente. Ele pode ser rasgado, revertido, adaptar-se a

    montagens de qualquer natureza, ser preparado por um indivduo, um grupo, uma formao

    social. Pode-se desenh-lo numa parede, conceb-lo como obra de arte e constru-lo como

    uma ao poltica ou como uma meditao (ZAREMBA 1999).

    Segundo Sarz (2009) a questo etimolgica da subjetividade, sugere a ramificao

    sub que significa sobre, mas tambm, no fundo de. Nascido da filiao de sujeitado,

    submisso, dirigido a homens com suas realidades produtoras de modificaes em indivduos

    submissos aos dispositivos miditicos. Cultivando, mesmo que submisso, um

    relacionamento do social com a comunicao, essencialmente, travestindo na essncia

    esttica de mercadoria reducionista e na arte do consumvel em mosaicos de deturpao de

    identidades, cobrindo e mantendo o assujeitamento, afastando o rumo de condio de

    indivduo, conhecedor e de ator (SARZ, 2009.).

    3.2 DA FORMAO DE SI AO CONSUMO

    Conforme Moreira (2009) no tipo de modelo identitrio, no se busca no passado e se

    aposta no futuro, por meio da razo, tendo como identidade uma eterna construo,

    renunciando a identidade por tradio, focando apenas na construo do seu eu por meio

    do corpo, como sede de prazer e ordem de objetos de consumos. O homem se percebendo

    como sujeito da economia e do desejo; perpassado de autonomia e privacidade e formador

    de identidade como figura vinculadora para o todo social, capturado pelo peso da matria-

    prima numa espcie de vontade de produo prpria, balizadas por incorporaes massivas

    3 Rizoma como haste subterrnea distingue-se absolutamente das razes e radculas. O rizoma nele mesmo tem formas muito

    diversas, desde sua extenso superficial ramificada em todos os sentidos at suas concrees em bulbos e tubrculos.

    Qualquer ponto de um rizoma pode ser conectado a qualquer outro. Cadeias semiticas de toda natureza so a conectadas a

    modos de codificao muito diversos: cadeias biolgicas, polticas e econmicas, colocando em jogo regimes de signos e

    estatutos de estados das coisas (DELEUZE E GUATTARI, 1995.).

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    de equipamentos da mdia. Pois, pelo individualismo o sujeito provar autonomia e

    identidade prpria.

    Segundo Harvey (1992) a aceitao do efmero, do fragmentrio e descontnuo

    catico, denuncia a impossibilidade de soluo racional, ocasionando em revoluo da

    sensibilidade e deriva da angstia humana. Faz com que o sujeito mergulhe no desespero,

    em busca do prazer frentico, pela no existncia do futuro, s presente, no modelo do

    mass media.

    A experincia, do mass media, de espao rizomtico, de todas as aes, de onde a

    indispensvel poltica de alianas e de posicionamentos frente a novos objetos que

    impliquem em outros grupos sustentados por subjetividade que, tambm, imbuda de ordem

    de trajetrias de desejos. Conforme discutido por Guattari (2004), se multiplicam pelas

    invenes tecnolgicas, arrastando consigo os desejos humanos e as amarraes

    territorializadas, entende-se territorialidade por espao vivido, quanto ao sistema percebido

    no qual o sujeito se sente apropriado da subjetivao de si mesmo. Sendo, o territrio, um

    conjunto de representaes que vai a uma srie de comportamentos investidos, nos tempo,

    nos espaos sociais e culturais (ROLNIK, 1989).

    Tais experincias so visveis em tcnicas e exerccios, propostos em espaos

    institucionais especficos e histricos. Tais espaos convida o sujeito a observar-se e a

    reconhecer-se como um lugar de saber e de produo de verdade. Ainda, de acordo com

    Guattari (2004), a subjetividade estaria sendo formada, especialmente, mediante esse tipo

    de experincia. Assim, a mdia no s influncia nos modos de subjetivao, tambm cria e

    contribui para a criao de subjetividades. Guattari (2004) prediz que o termo subjetividade

    est diretamente relacionado s experincias que o sujeito faz de si mesmo, num jogo de

    verdade em que fundamental a relao consigo.

    Sobretudo, a mdia foi a experincia da possibilidade de constituir novos

    agenciamentos - componentes heterogneos da ordem biolgica, social e maqunica4 - na

    produo de discurso em sujeitos individuais para a produo de modelos de vida.

    Centrados no entorno da ferramenta da articulao para processos de mudanas na ordem

    do social e produo de subjetividades na forma de o sujeito ter seu desejo fabricado,

    modelada e consumida pela mquina capitalstica (GUATTARI, 1986).

    4 De ordem mecnica fechada sobre si mesma, mantendo com o exterior das relaes perfeitamente codificadas. Constituindo

    diferentes tcnicas abstratas, estticas e vivas em relao ao espao e tempo, engendrando-se uma nas outras, selecionando-se, eliminando-se e fazendo aparecer novas linhas de potencialidades (ROLNIK, 1989).

  • 7

    No entendimento de Guattari (1986) a subjetividade de natureza industrial, fabricada

    por mquinas territorializadas em escala internacional, como setor de ponta da

    industrializao. O que chega pela linguagem e pelos equipamentos uma transmisso de

    enunciados, ou seja, as relaes de produo subjetiva desenvolvem-se no trabalho

    material e semitico, pois o indivduo ao se desenvolver versado um aprendizado que

    consiste em, ver televiso, estando em um ambiente maqunico.

    Seguindo nesse vis, o processo de singularizao da subjetividade se d associando

    e aglomerando dimenses de vetores; desejos de encontrar processos de individuao

    conforme Guattari (1986, p.37.). O autor mencionado diz que trata-se sempre de processos

    de responsabilizao social, de culpabilizao e de entrada na lei dominante. A alternativa

    singularidade versus individualidade articula o processo de entrecruzamento do nvel

    fantasmtico ao nvel do desejo produzido pela subjetividade capitalstica5.

    4 METODOLOGIA

    Este trabalho caracteriza-se como uma pesquisa bibliogrfica de cunho qualitativo

    exploratrio. A pesquisa exploratria para Trivios (1987) utilizado para aumentar a

    experincia do investigador em torno de determinado problema, de modo a servir para

    levantar discusses acerca do problema de pesquisa.

    5 CONCLUSES

    A produo de subjetividade invocada a superar a economia fundada no lucro, na

    troca e nos sistemas de interesses, redefiniu a relao constituda entre os territrios

    existenciais dos valores incorporados por linhas de potencialidades. Isto intermediado por

    equipamentos coletivos: plataformas miditicas e radiofnicas que visam a manuteno de

    privilgios, que esta baseada na rejeio de perfil para manter determinado grupo num lugar

    de privilgio (BENTO, 2009).

    Mdias que medeiam o processo de relao entre o modelo econmico e a

    subjetivao, associado a posio de produtor de desejos e atravs dos equipamentos que

    conduzem em suma a subjetividade. Tem-se que a mdia no uma inventora, mas uma

    caixa de ressonncia de vises, popularizando-as conforme Mores Filho (2009). Portanto,

    ao ser humano ao passo de que se privado da sua capacidade de produzir cultura e

    5 Limite tangencial entre afetos e os efeitos e as relaes de desterritorializao, sendo a subjetivao uma modelizao e uma

    reduo modelizadora (ROLNIK, 1989. p. 320.).

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    intercambiar com outros seres humanos de estabelecer processos comunicacionais sendo

    despojado de sua prpria humanidade, est sob pena de ferir o exerccio dos seus

    prprios direitos. Pois o contato, atravs dos anos no s esta no estado impessoal, mas

    mediado atravs das mdias norteadoras construo ao acesso de todos os meios de

    comunicao para se receber informaes (GINDRE, 2009).

    Ao admitir que se esteja engolfado numa sociedade midiada, tem-se e linguagem

    como mquinas de controle da vida no mundo moderno; renovando a ideia de Plato,

    quando citado por Bachelard (1991), quando afirmou que o nmero certo de uma cidade

    indicado pelo nmero de pessoas ao alcance da voz de um orador. Isso acaba reforando

    que a comunicao radiofnica acaba se tornando escrava sistema econmico, sendo a

    pulsao de uma sociedade organizada para a mxima produo e de consumo. As

    relaes comunicativas definem e constroem o social; elas ajudam a construir o poltico,

    elas so mediadoras das relaes econmicas produtivas; tornam-se uma fora material nos

    modernos sistemas industriais e definem apropria tecnologia, ou seja, caindo em um vazio

    ideolgico, exatamente, no recorte da comunicao sem especificidade e estabelecendo-se

    no territrio da manipulao (BARBERO, 2001). Finalizando, de forma que imprescindvel

    que as pessoas saibam dos seus direitos e os direitos que tem acerca das discusses, estas

    dimensiona o rompimento de barreiras da alienao nas mesas de jantar dos brasileiros.

    REFERNCIAS

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    morto/edicoes_anteriores/anais16/sem14pdf/sm14ss05_01.pdf>. Acesso em: 20 de abr. 2012. GINDRE, Gustavo. A tecnologia das mdias: a relao dos sujeitos com os meios tecnolgicos de comunicao. In: Mdia e psicologia: produo de subjetividade e coletividade. Braslia: Conselho Federal de Psicologia, 2009. p.51-60. GUATTARI, Flix. Micropoltica cartografias do desejo. 4. ed. Petrpolis: Vozes, 1986. GUATTARI, Flix. Plan sobre el planeta. Capitalismo mundial integrado y revoluciones moleculares. Madrid: Traficantes de Sueos, 2004. HARVEY, David. Condio ps-moderna. So Paulo: Loyola, 1992. MAFFESOLI, Michel. A contemplao do mundo. Porto Alegre: Artes e Ofcios, 1995. MARTN-BARBERO, JESS. 2001. Dos meios s mediaes: Comunicao, cultura e hegemonia. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2001. MORAES FILHO, Ivan. Direito humano comunicao: que bicho esse?.In: SANTANA, Severina de. Direitos humanos Pra Quem?. Recife: EDUPE, 2007. MOREIRA, Jacqueline de Oliveira. Mdia, espetculo e sociedade de consumo. In: CRP-04 (org.), Subjetividade(s) e sociedade: contribuies da Psicologia. Belo Horizonte: Casa do Psiclogo, 2009.p.89-102. RAU, Michael. Mdia da prxima gerao: convergncia e multimdia em radiodifuso. In: Revista da Abert. n. 98, p. 30. Braslia, 1994. ROLNIK, Suely. Cartografia Sentimental: transformaes contemporneas do desejo. So Paulo: Estao Liberdade, 1996. SARZ, Luiz Alberto. Mdia e produo de subjetividades: questes da cultura. In: Mdia e psicologia: produo de subjetividade e coletividade. O brbaro frente ao espelho. Braslia: Conselho Federal de Psicologia, 2009. p. 91-98. TRIVIOS, Augusto. Introduo pesquisa em cincias sociais- a pesquisa qualitativa em Educao. So Paulo: Atlas, 1987. ZAREMBA, Llian. Idia de rdio Entre olhos e ouvidos. Rio de Janeiro: Universidade Fluminense, 1999. Revista Eletrnica Permanente. Mestrado de Comunicao, Imagem Informao, nmero 2, 1999.