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Meu filho, seu aluno. Taís Vinha

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Meu filho, seu aluno.

Taís Vinha

Escola e Família

Quebrar paradigmas para construir uma nova relação

Chimamanda Adichie: o perigo de uma única história - TED

- Textos que levam à reflexão. - Análise de episódios corriqueiros, como bilhetes, castigos, indisciplina, tarefa, crianças adiantadas, conduta do professor etc. - Discussões (comentários).

As trocas entre os familiares sobre a escola:

Da pracinha para o ambiente virtual.

O que muda?

A culpa é da família?

“Quem faz a escola é o aluno”

“Os pais não tem mais tempo para os filhos” “As crianças não recebem atenção”

“A ida da mulher para o mercado de trabalho contribui para o problema”

“As crianças de hoje não tem limites” “Está impossível ensinar por conta da má educação/agressividade dos alunos” “Ninguém respeita mais o professor”

“As famílias estão desestruturadas”

“Não podemos confundir o que foge do estereótipo do lar perfeito mostrado em comerciais de TV com uma família desestruturada. Essa condição não tem a ver com a composição nuclear. É preciso sair da questão biológica e atentar para as funções originalmente determinadas como paterna e materna, mas que podem ser exercidas por outras pessoas. O papel da mãe seria de acolhimento para criar o sentimento de confiança, fundamental para o desenvolvimento e, portanto, para a capacidade de aprendizado. O do pai, teoricamente, seria exercer a autoridade, colocar limites, mostrar que há regras a respeitar. Não é necessário ser o pai e a mãe biológicos para fazer isso. Outros adultos podem ter uma dessas atribuições, como o avô e a madrasta. Por outro lado, pode haver pai, mãe e filhos dentro de uma casa e ela ser uma catástrofe, em que ocorrem situações de abuso ou de falta de limite.” Belinda Mandelbaum, USP

A escola não pode depender da família ideal para funcionar. Porque a família ideal não existe. O que existe são famílias reais. Famílias possíveis. “O fracasso da família não pode significar o fracasso da escola.” Telma Vinha

Whitney Elementary School Las Vegas, EUA

85% dos alunos são sem teto (catchup).

"I told the parents that I would give them whatever they need. All I need them to do is give me their children and let me teach them. In turn, I will give you food and clothes and we will take them to the eye doctor. I will pay your rent, pay your utilities, but keep your child here.“

Sherrie Gahn

1. A escola é o único lugar onde essas crianças se sentem seguras.

2. Essas crianças têm direito a ter a mesma oportunidade que os filhos das demais famílias.

3. Não depender de ajuda do governo – garantir a continuidade do programa

Família e Escola Criando pontes, estabelecendo sólidas relações

Sair da defensiva - escutar Conhecer bem o seu público - publicidade Trocar o julgamento pelo acolhimento (Destino Educação Canadá – Comunidade NY)

(“A professora me mandou um bilhete" - desarma)

Construa novos paradigmas sobre a participação dos familiares:

Pais são impotentes para resolver grande parte dos problemas que a escola compartilha com eles.

indisciplina

validação de regras da escola

ajuda na tarefa capricho e letra “feia” baixo aprendizado e rendimento

Pais são incompetentes para resolver grande parte dos problemas que a escola compartilha com eles. Agindo assim a escola está validando: Castigos

Agressões

Surras

Humilhações

Atitudes que comprometem a auto-estima

E não resolve o problema!

O que ajuda?

Famílias que valorizam a educação (ex. cultura judaica)

Incentivam

Demonstram interesse pelo aprendizado

“...vejo minha participação como algo que vai muito além de mera cumpridora das determinações da escola. Esse pai submisso que escuta o monólogo dessa instituição, anota certinho no papel e obriga o filho a devolver o livro da biblioteca no prazo, é o pai que facilita a vida de vocês. Mas não é o pai que vai fazer a diferença na vida escolar do seu aluno. O familiar que faz a diferença é aquele que se entusiasma com o aprendizado. Que acha muito legal o foguete de garrafa pet da aula de física e pede pra ver uma demonstração no quintal. Que dá risada de uma crônica do livro da Ciranda de Leitura. Que discute a desigualdade e as injustiças, quando o filho lê os Sertões. Que lê uma redação, sem ficar chocado que está escrito trajetória com G e sim, encantado pelo filho estar usando uma palavra difícil e ampliando seu vocabulário. É o familiar que compra a proposta da escola e apoia os professores, não por respeito à “autoridade escolar” e sim, porque conhece, valoriza e confia no trabalho de vocês.”

“Não me convidem para a reunião de pais e mestres”, blog Ombudsmãe

Melhorar a comunicação escola família. Palestras, reuniões, textos, jornalzinho, blog, grupos de estudo etc. As reuniões de pais precisam ser planejadas para se falar de proposta educacional, metas de aprendizagem, objetivos, projetos, intervenções nos conflitos, os sucessos e as dificuldades coletivas que estão encontrando, estratégias adotadas. Evitar assuntos que podem ser transmitidos por bilhetes, broncas, exposição de indivíduos, vídeos muito longos.

Usar este tempo para educar também!

Pais trazem como referência a escola onde estudaram. Insegurança é natural!

Explique as novas práticas (ex: aula matemática e alfabetização, como lidam com conflitos)

Mapeiem as demandas da comunidade e prepare aulas. (Ex. motivos para os pais manterem os filhos na escola – salário, gravidez; como motivar)

Escola é a grande parceira dos pais na formação dos seres humanos – trabalhos diferentes porém complementares.

Robert Selman, Harvard – Onde, senão na escola?

Onde, senão na escola?

O "paraíba vagabundo" vira um brasileiro como eu

A "bicha que merece uns tapas" se transforma apenas

num cara diferente de mim

O "neguinho safado" vira ser humano e meu mano

Perco o medo de quem é diferente e com isso viramos todos

iguais

Onde, senão na escola?

Deixo de temer quem não teme o meu Deus

A palavra "nosso" ganha um significado muito além do que ensina a gramática

Descubro que nem toda mulher apanha como a minha mãe Aprendo outras formas de resolver problemas sem ser "enfiando a mão na fuça daquele filho da puta"

Onde, senão na escola? Entendo que escutar é tão importante como falar

Descubro que tenho uma voz e aprendo a usá-la

Deixo de ser o filho especial e passo a ser só mais um aluno Observo que o comportamento que tenho em casa nem sempre funciona com meus colegas e professores e com isso mudo.

Se não é na escola, onde é?

Alguém sabe responder?