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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE QUÍMICA CURSO SUPERIOR DE LICENCIATURA EM QUÍMICA WESLLEY ALVES DE SOUZA Métodos de preparação e caracterização de sistemas fármaco-HPβCD-lipossomas furtivos TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO LONDRINA 2018

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE QUÍMICA

CURSO SUPERIOR DE LICENCIATURA EM QUÍMICA

WESLLEY ALVES DE SOUZA

Métodos de preparação e caracterização de sistemas fármaco-HPβCD-lipossomas furtivos

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

LONDRINA

2018

WESLLEY ALVES DE SOUZA

Métodos de preparação e caracterização de sistemas fármaco-HPβCD-lipossomas furtivos

Trabalho de Conclusão de Curso de graduação, apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso 2 do Curso de Licenciatura em Química da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR,câmpus Londrina, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em Química.

Orientador: Prof. Dr. Luís Fernando Cabeça

LONDRINA

2018

TERMO DE APROVAÇÃO

Métodos de preparação e caracterização de sistemas fármaco-HPβCD-lipossomas furtivos

WESLLEY ALVES DE SOUZA

Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) foi apresentado em 06/07/2018 como

requisito parcial para a obtenção do título de Licenciatura em Química. O candidato foi

arguido pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após

deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho aprovado.

______________________________

Professor Orientador

Prof. Dr. Luis Fernando Cabeça

______________________________

Membro titular

Prof. Dr. Renato Márcio Ribeiro Viana

______________________________

Membro titular

Prof. Dr. Janksyn Bertozzi

- O Termo de Aprovação assinado encontra-se na Coordenação do Curso –

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus pela vida e me capacitou a chegar onde estou.

A minha mãe pelo exemplo de vitória, e que me ensinou a ser uma pessoa melhor a cada dia onde sempre me apoiou a concluir a graduação. Obrigado Mãe.

Agradeço a minha namorada Kawani C. Gomes que em todos os momentos me incentivou a jamais desistir dos meus objetivos, e que sempre acreditou em meu potencial. Obrigado meu amor.

Ao Prof. Dr. Luiz Fernando Cabeça onde auxiliou a construir meus conhecimentos, pelo excelente papel desempenhado como orientador, e com certeza um grande amigo. Muito obrigado Professor!

Aos amigos que me deram força durante a graduação.

Agradeço a todos os professores do curso, que foram tão importantes na minha carreira acadêmica.

RESUMO

SOUZA, Weslley Alves de. MÉTODOS DE PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE SISTEMAS FÁRMACO- HPβCD - LIPOSSOMAS FURTIVOS. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso II (Curso de Licenciatura em Química). Universidade Tecnológica Federal do Paraná-UTFPR. Londrina, Paraná. Pesquisadores do mundo todo vêm estudando os sistemas de liberação controlada de fármacos, por oferecerem muitas vantagens quando comparados aos sistemas convencionais de administração com fármacos na forma livre. Os lipossomas assim como as ciclodextrinas são uns dos melhores sistemas carreadores e liberadores de fármacos, pois são biocompatíveis, melhoram a biodisponibilidade do fármaco, limitam os efeitos secundários tóxicos e também promovem uma maior absorção do que os correspondentes ativos livres aumentando a ação do fármaco. O 2-

hidroxipropil--ciclodextrina (HP-β-CD) é um dos carreadores de fármacos (F) pertencentes à classe dos oligossacarídeos cíclicos. Por sua vez, estes compostos apresentam uma cavidade interna hidrofóbica e seu exterior hidrofílico, com capacidade de solubilizar-se em meio aquoso bem como, encapsular em sua cavidade interna moléculas hidrofóbicas. Já os Lipossomas Furtivos (LF) são vesículas formadas por fosfolipídios, formando estruturas com um compartimento aquoso e por bicamada lipídica. Também utilizados como carreadores de fármacos lipofílicos e hidrofóbico. Entretanto, os fármacos incorporados nos lipossomas podem ser ainda liberados o que acaba por limitar o uso do sistema. A encapsulação do complexo Fármaco/HP-β-CD em LF pode contornar as desvantagens de cada sistema individualmente de forma a obter o melhor sistema de liberação controlada de fármaco possível. Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo testar métodos de preparação de sistemas binários (F/HP-β-CD): liofilização; preparação do complexo em fase aquosa e co-evaporação em termos de eficiência de complexação e constante de associação. Também serão utilizados três métodos para a preparação do complexo ternário (F/HP-β-CD em LF), sendo elas: desidratação-reidratação; método de preparação por injeção de etanol e método por hidratação do filme lipídico em seguida quantificar ambos complexos em termos de eficiência de complexação, utilizando a espectrofotometria Ultravioleta e Visível (UV-Vis).

Palavras-chave: Sistemas binários; Sistemas ternários; Lipossomas Furtivos;

Espectrofotometria Ultravioleta e Visível (UV-Vis).

ABSTRACT

SOUZA, Weslley Alves de. METHODS OF PREPARATION AND CHARACTERIZATION PHARMACO SYSTEMS - HPβCD-STEALTH LIPOSOMES. 2018. Completion work of Course II (Course of Degree in Chemistry). Federal Technological University of Paraná-UTFPR. Londrina, Paraná.

Researchers from around the world have been studying controlled drug delivery systems as they offer many advantages over conventional free drug delivery systems. Liposomes as well as cyclodextrins are one of the best carrier and drug delivery systems as they are biocompatible, improve the bioavailability of the drug, limit toxic side effects and also promote greater absorption than the corresponding free actives enhancing drug action. 2-hydroxypropyl-b-cyclodextrin (HP-β-CD) is one of the drug carriers belonging to the class of cyclic oligosaccharides. In turn, these compounds have a hydrophobic internal cavity and its hydrophilic exterior, in aqueous medium as well as, encapsulate in its inner cavity hydrophobic molecules. Furtive Liposomes (LF) are vesicles formed by phospholipids, forming structures with an aqueous compartment and lipid bilayer. Also used as carriers of lipophilic and hydrophobic drugs. However, the drugs incorporated into the liposomes can still be released which ultimately limits the use of the system. Encapsulation of the Drug / HP-β-CD complex in LF can bypass the disadvantages of each system individually in order to obtain the best possible controlled drug delivery system. In this way, the present work aims to test methods of preparation of binary systems (Drug / HP-β-CD): freeze-drying; preparation of the complex in aqueous phase and co-evaporation in terms of complexation efficiency and association constant. Three methods for the preparation of the ternary complex (F / HP-β-CD in LF) will also be used, being: dehydration-rehydration; method of preparation by injection of ethanol and method by hydration of the lipid film, then quantify both complexes in terms of complexation efficiency using UV and Vis (UV-Vis) spectrophotometry. Keywords: Binary systems; Ternary systems; Furtive Liposomes; Ultraviolet and Visible Spectrophotometry (UV-Vis).

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Representação Esquemática da Liberação Controlada de Fármaco em

Lipossomas. .............................................................................................................. 16

Figura 2: Moléculas de lipídios A) fosfatidilcolina, B) fosfatidilserinas e C)

fosfatidilgliceróis. ....................................................................................................... 16

Figura 3: Lipossoma Convencional (A), Lipossoma Furtivo (B). ............................... 17

Figura 4:A) Estrutura das principais ciclodextrinas naturais, α, β e γ. B) Estrutura

tronco cônica das CDs e suas hidroxilas primárias e secundárias voltadas para o

exterior dos anéis. ..................................................................................................... 18

Figura 5:Representação Esquemática do sistema Binário (Fármaco em

Ciclodextrina). ........................................................................................................... 19

Figura 6: Molécula de 2-hidroxipropil-b-ciclodextrina. ............................................... 20

Figura 7: Formaçãodo complexo Ternário (Fármaco em Ciclodextrinas encapsulado

em Lipossoma Furtivo). ............................................................................................. 21

Figura 8: Método por Co-Evaporação. ...................................................................... 22

Figura 9: Método por complexo em fase aquosa ...................................................... 22

Figura 10: Método por Liofilização. ........................................................................... 23

Figura 11: Método por Hidratação de filme lipidico ................................................... 24

Figura 12: Método por Injeção de etanol. .................................................................. 24

Figura 13: Método por desidratação-reidratação ....................................................... 25

Figura 14: Curva de padronização da RVC. .............................................................. 30

Figura 15: Curva de calibração da ropivacaína. ........................................................ 30

Figura 16: Diagrama de solubilidade de fase para RVC com aumento da

concentração de HPBCD, determinada a temperatura ambiente. ............................. 32

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Absorbância em 263 nm adquirida para diferentes métodos de preparação

de binário e suas rescpectivas concentrações. ......................................................... 31

Tabela 2: Dados de absorbância de RVC para amostras de binário: concentração de

HP-β-CD 2, 4, 8, 16, 30 mM com excesso de RVC. .................................................. 31

Tabela 3: Valores da concentração de RVC solubilizada para cada concentração de

HP-β-CD .................................................................................................................... 32

Tabela 4: Valores de absorbância e da concentração de RVC em solução binária. . 34

Tabela 5: Valores de absorbância da RVC diluida em 3 ml de solução tampão fosfato

e suas concentrações finais. ..................................................................................... 35

Tabela 6: Valores para a concentração de RVC encapsulado em lipossimas furtivos,

e suas eficiências de complexação. .......................................................................... 35

LISTA DE ABREVIATURAS

α-CD - α-ciclodextrinas

-CD - -ciclodextrinas

CD – Ciclodextrina

CDs - Ciclodextrinas

CL - Cromatografia Líquida

EPC - fosfatidilcolina de ovo

F/CD- Fármaco em Ciclodextrina

F/HP-β-CD- Fármaco em 2-hidroxipropil-β-ciclodextrina

F/HP-β-CD/LF - Fármaco em 2-hidroxipropil-β-ciclodextrina em Lipossomas Furtivos

GUV -Vesícula Unilamelar Gigante

HP-β-CD - 2-hidroxipropil-β-ciclodextrina

LF - Lipossomas Furtivos

LUV - Vesícula Unilamelar Grande

MLV - Vesícula Multilamelar

MUV - Vesícula Multivisicular

PEG - Polietilenoglicól

RVC –Ropivacaína

SUV - Vesícula Unilamelar Pequena

UV-Vis - Ultravioleta e Visível

γ-CD - γ-ciclodextrinas

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 11

2 OBJETIVOS .................................................................................................... 12

2.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................... 12

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................ 12

3 JUSTIFICATIVA .............................................................................................. 13

4 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................. 14

4.1 SISTEMAS DE LIBERAÇÃO DE FÁRMACOS ............................................. 14

4.2 LIPOSSOMAS .............................................................................................. 15

4.2.1 Lipossomas Furtivos. ............................................................................. 16

4.3 CICLODEXTRINAS ...................................................................................... 17

4.4 COMPLEXO DO FÁRMACO EM HP--CICLODEXTRINA ENCAPSULADO

EM LIPOSSOMA FURTIVO (F/HP--CD/LF) ............................................................. 20

4.5 MÉTODOS DE PREPARAÇÃO DO SISTEMA BINÁRIO (F/HP--CD) ......... 21

4.6 MÉTODOS DE PREPARAÇÃO DO SISTEMA TERNÁRIO (F/ HP--

CD/LF)............. .......................................................................................................... 23

5 MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................. 25

5.1 MATERIAIS EM ESTUDOS .......................................................................... 25

5.2 MÉTODOLOGIA ........................................................................................... 25

5.2.1 Preparação do Complexo Binário (F/HP--CD)..................................... 25

5.2.2 Preparação do Complexo Ternário (RVC: HP--CD: LF)...................... 28

6 RESULTADOS ................................................................................................ 29

6.1 CURVA DE CALIBRAÇÃO DA ROPIVACAÍNA. ......................................................... 29

6.2 DETERMINAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE COMPLEXAÇÃO PARA O SISTEMA TERNÁRIO

(RVC: HP--CD: LF) .................................................................................................. 34

7 CONCLUSÃO ................................................................................................. 35

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 37

11

1 INTRODUÇÃO

Ciclodextrinas CDs são oligossacarídeos cíclicos constituídos por unidades

de glucopinose. CDs são utilizados para formação de sistemas de complexação com

moléculas hidrofílicas. A principal habilidade das CDs é aumentar a solubilidade do

fármaco para o aumento da sua biodisponibilidade. CDs embora apresentem

habilidade de formar complexos e melhorar sua biodisponibilidade, também acabam

melhorando a farmacocinética do fármaco.

Destacando também os lipossomas e lipossomas furtivos como carreadores

de fármacos, pode-se defini-los como vesículas formadas por fosfolipídios, formando

estruturas com um compartimento aquoso e bicamada lipídica. Eles são utilizados

como carreadores de fármacos lipofílicos ou hidrofóbico.

A união de ambos os sistemas de liberação, ou seja, encapsulação do

complexo fármaco/CD em lipossomas pode contornar as desvantagens de cada

sistema individualmente e também podendo aumentar o tempo de duração do

fármaco na corrente sanguínea como também dimuindo sua toxicidade.

Para isso, buscam-se métodos de preparações que visam a melhorar a

eficiência de cada sistema. Assim o presente trabalho testara três métodos de

preparação para o complexo binário fármaco/HP-β-CD: liofilização; preparação do

complexo em fase aquosa e co-evaporação. Também serão utilizados três métodos

para a formação do complexo ternário fármaco/CD/lipossomas: desidratação-

reidratação; método de preparação por Injeção de etanol e método por hidratação do

filme lipídico.

12

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

O presente trabalho tem como objetivo testar diferentes métodos de

preparação de sistemas fármaco em 2-hidroxipropil-β-ciclodextrina (F/HP-β-CD) e

fármaco/HP-β-CD encapsulado em lipossomas furtivos (LF). Após este processo,

quantificar o complexo (F/HP-β-CD) e o lipossoma furtivo, utilizando como

ferramenta a espectrofotometria Ultravioleta e Visível (UV/Vis). O fármaco utilizado

para o processo de encapsulamento será a ropivacaina (RVC)

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Preparar o complexo de inclusão RVC em 2-hidroxipropil-β-ciclodextrina,

(RVC/HP-β-CD), utilizando os métodos de co-evaporação, preparação

complexa em fase aquosae liofilização.

Preparar a estrutura dos lipossomas com membrana modificada (lipossomas

furtivos) através do uso de lipídeos de fosfatidilcolina de ovo (EPC), 1,2-

distearoil-sn-glicero-3-fosfoetanolamina-N-[metoxi(polietilenoglicol)]-2000

(DSPE-PEC-2000) e colesterol;

Preparar do complexo ternário entre RVC/HP-β-CD e lipossomas furtivos

(RVC/HP-β-CD/LF) utilizando os métodos de filme lipídico, desidratação-

rehidratação e injeção etanólica.

Quantificação de cada sistema através da técnica de espectrofotometria

Ultravioleta e Visível (UVvis) para determinar eficiência de complexação e

constante de associação.

13

3 JUSTIFICATIVA

Pesquisadores do mundo todo vêm estudando os sistemas de liberação

controlada de fármacos, tal estudos se deve, por oferecerem muitas vantagens

quando comparados aos sistemas convencionais de administração com fármacos na

forma livre (KONING et al., 2002).

Os lipossomas assim como as ciclodextrinas são uns dos melhores sistemas

carreadores e liberadores de fármacos, pois são biocompatíveis, melhoram a

biodisponibilidade do fármaco, limitam os efeitos secundários tóxicos e também

promovem uma maior absorção do que os correspondentes ativos livres

aumentando a ação do fármaco (ALLEM et al., 2013).

Lipossomas com superfície de membrana modificada da origem aos

lipossomas furtivos, tal modificação auxilia a melhorar o tempo de circulação na

corrente sanguínea (BOERMAN et al., 2000), pois os lipossomas furtivos

apresentam um tempo de vida na corrente sanguínea maior do que os l ipossomas

convencionais.

Para obtenção de sistemas fármaco/HP--CD em lipossomas furtivos para

liberação de fármacos é fundamental o uso de métodos de preparação eficientes

quanto à eficiência de encapsulação e cinética de liberação. Para tanto, diferentes

métodos de preparação serão testados e avaliados.

14

4 REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 SISTEMAS DE LIBERAÇÃO DE FÁRMACOS

O termo “fármaco” engloba neste contexto todos compostos bioativos

administrados com intuito terapêutico, desde moléculas de baixo peso molecular a

proteínas e a material genético (COIMBRA, 2010). Entre as diversas formas de

administração de fármacos, a via oral é a mais utilizada e, entre as várias formas

farmacêuticas de administração oral, os comprimidos são os mais empregados

(AULTON, 2005).

Os comprimidos que se destinam à administração oral apresentam diferentes

objetivos, como dissolução na boca, ingestão e desagregação no estômago ou no

intestino (PRISTA et al., 2002; ANSEL et al., 2000). Esta forma farmacêutica inclui

algumas vantagens, dente as principais estão: boa precisão de dosagem, maior

estabilidade física, química e microbiológica em relação às demais formas

farmacêuticas, principalmente as líquidas. Também apresentam facilidade de

manuseio, tecnologia de obtenção relativamente simples, boa apresentação e fácil

aceitação (AULTON, 2005; PRISTA et al., 2002).

A principal desvantagem dos comprimidos como forma farmacêutica está

relacionada à biodisponibilidade de fármacos pouco solúveis em água ou de baixa

taxa de absorção. Adicionalmente, alguns fármacos podem causar efeitos de

irritação local ou, ainda, causar danos na mucosa gastrintestinal (AULTON, 2005).

As formas farmacêuticas convencionais apresentam algumas limitações, tais

como: impossibilidade de manter constante a concentração do fármaco nos locais de

ação flutuações inevitáveis das concentrações de fármaco no plasma no estado de

equilíbrio e, para fármacos com tempo de meia-vida biológica curta, necessidade de

doses frequentes para manter as concentrações plasmáticas no estado de equilíbrio

e dentro da faixa terapêutica (AULTON, 2005).

Para tanto, busca-se alternativas para tornar o uso de medicamentos mais

seguros, com ação mais prolongada, mais regular, mais localizada, diminuição da

toxicidade e efeitos secundários sem que se diminua a eficácia terapêutica

(AIACHE; DEVISSAGUET; GUYOT-HERMANN, 1982). Nesse ínterim, a

necessidade do desenvolvimento de preparações de liberação controlada de

fármacos (Figura 1).

15

Os sistemas de liberação de fármacos (Drugs delivery system) apresenta

grandes vantagens quando comparadas com outros sistemas convencionais, pois

permite aperfeiçoar a liberação de um fármaco até seu local de ação, dentre outras

vantagens estão: a maior eficácia terapêutica; redução da toxicidade e maior tempo

do fármaco na circulação; menor número de dose, o que implica numa maior

segurança na administração; aumento da estabilidade do fármaco; o direcionamento

a alvos específicos; e a capacidade de incorporação tanto de substâncias hidrofílicas

como lipofílicas (FELICE et al., 2014).

Nesse sentido, o uso da tecnologia de encapsulamento de ativos

(medicamentos, vacinas, perfumes, corantes, etc.) dentro de nanoestrutura esta

atraindo muita atenção na química, biologia, medicina farmacológica e na

comunidade nanotecnologia (YANG et al., 2013 e ZUCKER et al., 2009). Hoje são

conhecidos muitos sistemas carreadores como as ciclodextrinas, os calixarenos,

lipossomas e lipossomas furtivos (LIU et al., 2004).

4.2 LIPOSSOMAS

Os lipossomas podem ser definidos como, vesículas esféricas microscópicas,

constituídas de uma ou várias bicamadas lipídicas (LOPES; OLIVEIRA, 2000;

SANTOS; CASTANHO, 2002; ARAÚJO et al., 2003; FRÉZARD et al., 2005;

BATISTA et al., 2007; KLÜPPEL et al., 2007; CABEÇA et al., 2008; DIMER et al.,

2013; ANCHIÊTA-JÚNIOR, et al., 2014).

Uma aplicação das vesículas lipossomais se baseia no ecapsulamento de

fármacos (PAULA et al., 1996; PINTO et al., 2000; FRACETO et al., 2002; CEREDA

et al., 2004; UHRIKOVA et al., 2004), aumentando o tempo de meia-vida dos

fármaco in vivo (GRANT et al., 2001; GRANT, 2002), prolongando o efeito de

atividade e reduzindo os efeitos colaterais.

Além disso, os lipossomas têm a capacidade de proteger o fármaco

encapsulado da degradação ou diluição. Quando alcançam os tecidos alvos podem

liberar grande concentração do produto, com isso acaba aumentando a eficácia do

tratamento (Figura 1). Também apresentam baixa toxicidade, são biodegradáveis,

modificam as propriedades farmacocinéticas, o tempo de circulação na corrente

16

sanguínea e o metabolismo do fármaco encapsulada (SANTOS et al., 2002;

GONIOTAKI et al., 2004; PUGLIA et al., 2004).

Figura 1: Representação Esquemática da Liberação Controlada de Fármaco em Lipossomas.

Fonte: Adaptada de What is a Liposome (You Tube)

Por apresentarem grande estabilidade frente a variações de pH ou da

concentração de sal no meio, as fosfatidilcolinas de ovo (EPC) são as mais

utilizadas em estudos de formulação de lipossomas (BATISTA et al., 2007). Outros

lipídeos mais utilizados nas formulações de lipossomas são os que se aproximam de

uma forma cilíndrica como as fosfatidilcolinas, fosfatidilserinas e fosfatidilgliceróis

(Figura 2).

Figura 2: Moléculas de lipídios A) fosfatidilcolina, B) fosfatidilserinas e C) fosfatidilgliceróis.

Fonte: Adaptada de Cabeça (2009).

4.2.1 Lipossomas furtivos.

17

Um dos maiores pré-requisitos para a utilização de lipossomas como

carreadores de fármacos in vivo é que eles devem circular e reter o fármaco por

tempo suficiente para alcançar o sítio efetivo. Como solução deste problema os

lipidios podem ser modificados incluindo determinadas moléculas em sua camada

exterior (modificando sua superfície) de forma a evitar sua eliminação pelo sistema

retículo-endotelial (LOPES; OLIVEIRA, 2000). Por sua vez, estes lipossomas

convencionais passam então a ser denominados de lipossomas de longa circulação

ou simplesmente de lipossomas furtivos (LF) (Figura 3) (SANTOS; CASTANHO,

2002; ANCHIÊTA-JÚNIOR, et al., 2014).

Um dos principais componentes utilizados para preparar lipídeos furtivos é o

uso de polímeros hidrofílicos, em especial os polietilenoglicóis (PEG) (BATISTA, et

al., 2007; KLÜPPEL, et al., 2007). O PEG é um polímero biologicamente inerte muito

utilizado em carreadores farmacológicos para criar um obstáculo estério e/ou uma

camada hidrofílica superficial ao redor dos lipossomas, de forma a protegê-los contra

as proteínas plasmáticas do corpo (LOPES; OLIVEIRA, 2000; ANCHIÊTA-JÚNIOR,

et al., 2014). Esta camada hidrofílica superficial aumenta o tempo de circulação dos

lipossomas bloqueando o processo de reconhecimento molecular e a captura pelas

células do sistema fagocitário mononuclear (ANCHIÊTA-JÚNIOR, et al., 2014),

principalmente as células de Kupffer no fígado (BATISTA, et al., 2007).

Figura 3: Lipossoma Convencional (A), Lipossoma Furtivo (B).

Fonte: Adaptada de Liposomal technology-YouTube.

4.3 CICLODEXTRINAS

18

As Ciclodextrinas (CD) são um dos carreadores de fármacos mais utilizados,

pertencentes à classe dos oligossacarídeos cíclicos de seis ou mais unidades de

glicopiranose unidas por ligações α-1,4. Esta classe de oligossacarídeos é capaz de

formar complexos de inclusão com várias moléculas orgânicas denominadas de

moléculas hóspedes (LOFTSSON; DUCHÊNE, 2007).

Constituem uma nova classe de excipientes farmacêuticos compostas por

unidades de D-(+)-glucopiranose, que unidas originam estruturas cíclicas tronco-

cônicas (CUNHA-FILHO; SÁ-BARRETO, 2007; ALVES et al., 2012) sendo

denominadas de α-ciclodextrinas (α-CD), β-ciclodextrinas (β-CD) e γ-ciclodextrinas

(γ-CD) (Figura 4), respectivamente.

Figura 4: A) Estrutura das principais ciclodextrinas naturais, α, β e γ.

Fonte: http://www.jotdown.es

Por sua vez, estes compostos apresentam uma cavidade interna hidrofóbica e

seu exterior hidrofílico, com capacidade de solubilizar-se em meio aquoso bem

como, encapsular em sua cavidade interna moléculas hidrofóbicas (ARAÚJO et al.,

2003; CUNHA-FILHO; SÁ-BARRETO 2007; FRACETO et al., 2007; VENTURINI et

al., 2008; LYRAet al., 2010).

Estudos feitos apontam que maior parte dos fármacos quando em solução

aquosa apresentam alguma degradação, podendo perder sua eficiência e até

mesmo tornando tóxico, frequentemente, a atividade terapêutica é prejudicada pela

instabilidade do fármaco (LOFTSSON; BREWSTER, 1996).Uma das maneiras de

melhorar a solubilidade do fármaco em água é sua inclusão em CDs, além do mais,

contribui para a redução da toxicidade local e/ou sistêmica, protegendo contra a

degradação, promovendo um prolongamento da ação do fármaco (ARAÚJO et al.,

2003; CUNHA-FILHO; SÁ-BARRETO 2007; LYRA, et al., 2010).

19

Figura 5: Representação Esquemática do sistema Binário (Fármaco em Ciclodextrina).

Fonte: Adpatada de Unochapecó.

Em especial, os complexos formados por -ciclodextrinas (-CD) são

importantes como sistemas liberadores de fármacos devido à melhora na

solubilidade aquosa, estabilidade química e biodisponibilidade (UEKAMA, 2004)

sendo, portanto bons carreadores quando injetados intravenosamente.

No entanto, as -CD apresentam solubilidade aquosa limitada e a formação

de complexos com compostos lipofílicos geralmente resulta em precipitação dos

complexos sólidos, com isso, uma vez que sua solubilidade é baixa pode levar à

uma precipitação de microcristais nos rins (CARVALHO, 2007). Outra consequência,

que pode comprometer a função renal, é a complexação da -CD com o colesterol.

Como forma de solucionar esses efeitos adversos, modificações foram feitas na

estrutura química das -CD, originando derivados mais solúveis como a 2-

hidroxipropil--ciclodextrina (HP--CD) (RAJEWSKI; STELLA, 1996; DAVIS;

BREWSTER, 2004) (Figura 6)

20

Figura 6: Molécula de 2-hidroxipropil-b-ciclodextrina.

Fonte: glycomatrix

Estudos feitos com a HP--CD indicam sua toxicidade ‘in vivo’ é tolerada pela

maioria das espécies, bem como apresenta a vantagem de ter a solubilidade

aumentada e toxicidade menor em relação à -CD (CARVALHO, 2007). Pesquisas

realizadas indicam que a HP--CD, não induzem toxicidade renal, sendo eliminados

mais rapidamente em maiores quantidades do que a -CD (CARVALHO, 2007).

Complexos formados por fármaco e HP--CD quando presentes na corrente

sanguínea uma rápida dissociação do fármaco ocorre, quer por diluição ou por

deslocamento do mesmo por outros componentes do sangue. Desta forma, as

ciclodextrinas aumentam a disponibilidade e a fase cinética do fármaco

(MCCORMACK et al., 1998).

Para tanto, utiliza-se a complexação de agentes terapêuticos em sistemas

ternários como fármaco-ciclodextrina-lipossoma (MCCORMACK et al., 1996;

LOUKAS et al., 1998; MCCORMACK et al., 1998; FATOUROS et al., 2001;

HAGIWARA et al., 2006; MAESTRELLI et al., 2006; PIEL et al., 2006) como forma

de contornar tais desvantagens.

4.4 COMPLEXO DO FÁRMACO EMHP-β-CICLODEXTRINA ENCAPSULADO

EM LIPOSSOMA FURTIVO (F/HP-β-CD/LF)

Ensaios de liberação in vitro mostraram liberação mais prolongada para o

sistema RVC/HP-β-CD/LF (figura 7), comparado ao fármaco encapsulado somente

em lipossomas.

21

Fatouros et al. (2001) por estudos mostraram que a principal

eficácia/característica de um sistema de duplo carreamento é que o fármaco em

ciclodextrina encapsulado em lipossoma possui a habilidade de complexar-se, em

altas quantidades, com as moléculas da ciclodextrina.

Além disso, as ciclodextrinas são muito importantes para elevar da

solubilidade do fármaco, já os lipossomas com a função de proteção e

prolongamento do tempo de meia vida do fármaco. Desta forma, o lipossoma agiria

como uma espécie de ‘’reservatório’’ (PIEL et al., 2006). Estudos demonstraram

ainda que o sistema ternário tem a característica de aumentar a eficácia terapêutica

do fármaco (BRAGAGNI et al., 2010).

Figura 7: Formaçãodo complexo Ternário (Fármaco em Ciclodextrinas encapsulado em Lipossoma

Furtivo).

Fonte: Autoria Própria.

Entretanto, para se obter um sistema de liberação de fármaco eficiente é

necessário que os métodos de preparação sejam estudados. Muitos métodos são

usados para obter os complexos de inclusão de F/HP-β-CD, entre ele podemos

destacar os seguintes métodos: co-evaporação, preparação complexa em fase

aquosa e liofilização. Para o sistema ternário, pode-se destacar os métodos: filme

lipídico, desidratação-reidratação e injeção de etanol (UEKAMA et al, 1998;

MARTINS, 2003; SHIMP et al, 2005)

4.5 MÉTODOS DE PREPARAÇÃO DO SISTEMA BINÁRIO (F/HP--CD)

• Co-evaporação, também conhecido como método de evaporação do solvente,

sendo o método mais utilizado em escala laboratorial, onde tal procedimento envolve

22

a mistura do fármaco na fase orgânica e uma solução aquosa de HP--CD sob

agitação para ocorrer à dispersão. Para remover o fármaco não dissolvido, a

suspensão resultante é centrifugada a 10 000 rpm (ZHOU etal., 2013; ZHU et

al.,2012) ou seguida por evaporação do solvente sob vácuo até a massa seca obtida

(MAESTRELLI et al., 2005, 2006, 2010). O sólido é ressuspenso em solução aquosa

ou tampão (Figura 8).

Figura 8: Método por Co-Evaporação.

Fonte: Adptada de Ghariba et al., 2015.

• Preparação do complexo em fase aquosa: nesse procedimento o HP--CD é

dissolvido numa solução tampão ph 7,4 (DHULE et al., 2012; FATOUROS et al.,

2001; GILLET et al., 2009; PIEL et al., 2006) em seguida o fármaco é então

adicionado. O complexo de inclusão em solução tampão é formado após agitação da

mistura durante um período específico de tempo a uma temperatura específica

(DHULE et al., 2012; FATOUROS et al., 2001; PIEL et al., 2006) (Figura 9).

Figura 9: Método por complexo em fase aquosa

Fonte: Adaptada de Ghariba et al., 2015.

23

• Liofilização: este método consiste num prévio congelamento da solução seguida

por secagem rápida a pressões reduzidas, a fim de eliminar o solvente dos sistemas

em solução. O fármaco e o HP--CD a proporção molar 2:1 são dissolvidos em

etanol ou água respectivamente (CAVALCANTI et al., 2011) ou ambos na fase

aquosa (CHEN et al., 2007). A solução otida é agitada durante um tempo específico

a uma determinada temperatura e depois filtrada (CHEN et al., 2007; SKALKO et al.,

1996), em seguida, congelada e liofilizada sob pressão reduzida (CAVALCANTI et

al., 2011; CHEN et al. , 2007; SKALKO et al., 1996) (Figura 10).

Figura 10: Método por Liofilização.

Fonte: Adaptada de Ghariba et al., 2015.

4.6 MÉTODOS DE PREPARAÇÃO DO SISTEMA TERNÁRIO (F/ HP--CD/LF)

• Hidratação de filme lipidico (Figura 11): Vesículas de lipossomas multilamelares

são obtidos por dissolução do lípido com uma quantidade mínima de solvente

orgânico (clorofórmio), que é então removido sob pressão reduzida, obtendo uma

película fina seca. Finalmente, o filme é hidratado por solução aquosa contendo CD

/fármaco sob agitação (MAESTRELLI et al., 2005; PIEL et al., 2006). O fármaco a

ser encapsulado pode estar presente tanto na camada lipídica quanto no meio de

aquoso. Devido à alta concentração lipídica, uma percentualidade alta de volume é

encapsulada e, portanto, uma alta eficiência de encapsulação do fármaco é obtida

(GREGORIADIS et al., 1990; CASALS et al., 1996).

24

Figura 11: Método por Hidratação de filme lipidico

Fonte: Adaptada de Ghariba et al., 2015

• Injeção de etanol (Figura 12): os fosfolípidos são dissolvidos em etanol e a fase

orgânica resultante é injetada em um fase aquosa contendo o complexo binário

F/CD sob agitação magnética. Após o agitação, o etanol é removido por evaporação

rotativa sob pressão reduzida (SKALKO et al., 1996).

Figura 12: Método por Injeção de etanol.

Fonte: Adaptada de Ghariba et al., 2015.

• Desidratação-reidratação (Figura 13): os fosfolípidos são dissolvidos em um

solvente orgânico, que é então completamente evaporado em um evaporador

rotativo para formar uma película lipídica fina e depois hidratada com uma fase

aquosa (CHEN et al., 2007; FATOUROS et al., 2001) contendo complexos CD/

fármaco. As vesículas formadas são liofilizadas e depois são re-hidratadas com

25

solução de NaCl para manter a osmolaridade (CHEN et al., 2007; FATOUROS et al.,

2001).

Figura 13: Método por desidratação-reidratação

Fonte: Adaptada de Ghariba et al., 2015.

5 MATERIAIS E MÉTODOS

5.1 MATERIAIS EM ESTUDOS

Para o desenvolvimento do projeto, os presentes reagentes foram adquiridos

via recursos do Projeto Universal CNPq. O fármaco Ropivacaína (RVC) e a 2-

hidroxipropil-β-ciclodextrina foram adquiridos da Sigma Aldrich, amostras de

fosfatidilcolina de ovo (EPC), colesterol e o polímero 1,2-distearoil-sn-glicero-3-

fosfoetanolamina-N-[metoxi(polietilenoglicol)]-2000 (DSPE-PEG-2000) foram

adquiridos da Avast Lipids.

5.2 MÉTODOLOGIA

5.2.1 Preparação do Complexo Binário (F/HP--CD)

5.2.1.1 Co-evaporação.

Foi preparada em um béquer uma solução de RVC (10 mM) em 1 mL de

etanol. Em seguida a solução orgânica de RVC foi adicionada a uma solução (5mL)

de tampão fosfato (pH 7,4) de HP--CD (5 mM). A mistura foi deixada sob agitação

26

por aproximadamente 48 horas, para obter a dispersão molecular. Em seguida, a

suspensão foi agitada por mais 1 hora a uma temperatura de 60°C. E por fim, o

solvente foi evaporado em rotaevaporador até obter uma massa seca. O material

seco foi ressuspenso em água destilada, posteriormente foi filtrado (millexfilter,

Millipore, USA com poro de 0,45 µm) onde seguiu para quantificação em UV-vis. O

processo de filtração em millexfilter, Millipore, USA com poro de 0,45 µm, tem como

grande importância a separação do fármaco encapsulado e o fármaco na forma livre.

Levando em consideração, que a concentração do fármaco na forma livre será

quantificada e pela diferença da concentração inicial, será determinada a

concentração de fármaco encapsulado em HP--CD.

5.2.1.2 Preparação do complexo em fase aquosa

Uma mistura HP--CD (5 mM) e RVC (10 mM) em 5 mL de solução tampão

(pH 7,4) foi preparada. Em seguida, foi deixada sob agitação por 48 horas.

Posteriormente, o complexo foi filtrado em membrana (millexfilter, Millipore, USA

com poro de 0,45 µm) e por fim, quantificado em UV-vis.

5.2.1.3 Liofilização.

RVC (10 mM) e HP--CD HP--CD (5 mM) foram dissolvidos em 5mL de

solução tampão fosfato (pH 7,4). A solução resultante foi agitada por 48 horas a

temperatura ambiente, filtrada, congelada e liofilizada sob pressão reduzida até

obter-se um complexo de inclusão. O material liofilizado foi hidratado com 5 mL de

água destilada e seguido para quantificação.

5.2.1.4 Determinação da eficiência de complexação (EC) e constante de associação

(Ka) do complexo binário.

Para verificar qual método de prepararção do binário foi o de maior

rendimento em termos de solubilização da RVC com formação de complexo com

HP--CD foi utilizado a eficiênica de encapsulação (EC). Esse valor pode ser

determinado utilizando as equações abaixo. (LOFTSSON; MASSON e

SIGURJONSDOTTIR., 1999).

27

𝐸𝐶 =𝑠𝑙𝑜𝑝𝑒

1−𝑠𝑙𝑜𝑝𝑒 Eq. 01

𝐸𝐶 =[HPCD∶𝐹]

[𝐶𝐷] Eq.02

Onde ‘slope’ é a inclinação da reta, [HPCD ∶ F] é a concentração da ropivacaina na

solução (RVC livre e RVC complexada com o HP--CD) e [CD] é a concentração da

ciclodextrina usada. Já O EC pode ser usado para calcular a razão HP-β-CD: RVC,

conforme a equação 03

HPCD ∶ RVC = 1: (1 +1

𝐸𝐶) Eq.03

Depois de verificado o melhor método de preparação do sistema binário, foi

realizado o estudo de solubilidade de fase. Os complexos formados entre a RVC e a

HP-β-CD foram preparados em solução tampão fosfato de sódio (pH 7,4), variando

as concentrações de HP-β-CD de 2; 4; 8; 16 e 30 mM com concentrações de RVC

em excesso. As soluções foram deixadas em agitação por 48 horas em agitador

magnético. As amostras foram filtradas em membrana de policarbonato (millex filter,

Millipore, USA com poro de 0,45 µm) e levadas para análise por espectrofotometria

de UV-vis, com varredura de 200 a 400nm (Spectrometer Lambda 25). Os maiores

sinais de absorbância foram registrados em 263nm, partindo desse princípio foi

possível determinar as concentrações de RVC na presença de HP--CD.

Posteriormente, foi possível determinar a constante de associação (Ka) a

partir do ‘slope’ da porção linear do diagrama da fase solúvel de acordo com a

equação 04:

𝐾𝑎 = 𝑠𝑙𝑜𝑝𝑒

𝑆0(1−𝑠𝑙𝑜𝑝𝑒) Eq 04.

Onde So é solubilidade intrínseca da RVC na ausência de HP-β-CD.

28

5.2.2 Preparação do Complexo Ternário (RVC: HP--CD: LF)

Para o preparo do sistema ternário será utilizado o metodo de preparação do

sistema binário com maior eficiência de encapsulação.

5.2.2.1 Método por hidratação do filme lipidico.

Para a preparação dos lipossomas furtivos foram utilizados: fosfatidilcolina de

ovo (EPC), colesterol e de DSPE-PEG-2000 a uma razão molar de 54:41:5. Os

componentes foram solubilizados em clorofórmio e posteriormente, o solvente foi

retirado por evaporação à temperatura ambiente para obtenção de um filme lipídico

(HAERI et al., 2013). Em seguida, os lipídeos foram hidratados com solução aquosa

contendo o complexo binário de maior eficiência de complexação e agitado em

vortex. A mistura foi transferida para um mini-extrusor (Avantimini-extruder) com

membrana de policarbonato de 400 nm e centrifugada.

5.2.2.2 Método de preparação por Injeção de etanol.

Neste método foi preparado o filme lipídico como descrito no item 5.2.2.1. Em

seguida o filme foi dissolvido em 300µL de etanol e a fase orgânica resultante foi

injetada na solução binária de maior eficiência de encapsulação sob agitação

magnética durante uma hora. Após o agitação, a mistura foi levada para evaporação

em rotaevaporador. Posteriormente, o lipossoma foi inserido em um mini-extrusor

(Avantimini-extruder) com membrana de policarbonato de 400 nm.

5.2.2.3 Desidratação-reidratação

Foi preparado o filme lipídico como descrito no item 5.2.2.1. Em seguida o

filme lipídico foi hidratado com uma fase aquosa contendo a complexo binário. As

vesículas formadas foram congeladas, liofilizadas e depois re-hidratadas com 5mL

água destilada. Em seguida, o lipossoma formado foi transferido para um mini-

extrusor (Avantimini-extruder) com membrana de policarbonato de 400 nm.

29

5.2.2.4 Determinação da Eficiência de Complexação para sistemas ternários

(RVC:HP--CD:LF)

Para a determinação da eficiência de complexação do sistema ternário, para

cada método de preparação uma alíquota de 400 µL de cada complexo ternário foi

levada para ultra centrifugação durante um período de 50 min a 13000 rpm

(Eppendorf 5452 Minispin ). Uma alíquota de 200 µL do filtrado (quantidade livre de

fármaco) de cada amostra foi transferidos para frascos e diluídos em 3000 µL de

tampão fosfato de sódio. Posteriormente, a amostra foi quantificada utilizando a

técnica de UV-vis. O cálculo para a eficiência de complexação pode ser determinado

através da equação 05:

𝐸𝐶𝑡𝑒𝑟 = [𝑅𝑉𝐶 𝑝𝑒𝑠𝑎𝑑𝑜]−[𝑅𝑉𝐶 𝑛ã𝑜 𝑒𝑛𝑐𝑎𝑝𝑠𝑢𝑙𝑎𝑑𝑎]

[𝑅𝑉𝐶𝑝𝑒𝑠𝑎𝑑𝑜]𝑥100% Eq.05

6 RESULTADOS

6.1 Curva de calibração da ropivacaína.

Primeiramente, foi realizada uma curva de calibração do fármaco RVC em

solução aquosa pH 7,4 (tampão fosfato). Para tanto, foram utilizadas amostras de

RVC, variando suas concentrações de 9,5.10-5M a 5,4.10-4M, e em seguida levadas

para análise em espectrofotômetro Uv/vis (Spectrometer Lambda 25). Para todas as

amostras foram observados as maiores bandas de absorção em 263 nm, conforme

descrito na curva de padronização da RVC (Figura 14).

30

Figura 14: Curva de padronização da RVC.

Fonte: Autoria própria (2018).

Foi obtido uma equação da reta através da curva de calibração (absorbância

vs concentração), com um coeficiente de correlação (r2) igual a 0,99945 (Figura 15).

Figura 15: Curva de calibração da ropivacaína.

Fonte: Autoria própria (2018).

A partir dos valores do coeficiente linear e coeficiente angular da reta pode-se

gerar a seguinte equação da reta.

YRVC= -3,3586.10-4 + 0,0025.Abs Eq.06

31

6.2 - Estudo da eficiência de encapsulação do complexo binário RVC/HPBCD e

solubilidade de fases.

As amostras do complexo binário, preparadas conforme descritos na parte

experimental, foram levados para análise (triplicata) em UV/vis, onde cada amostra

forneceu uma absorbância a 263 nm.

Com os valores médios de absorbância obtidos e com o auxílio da equação

02, foi possível definir qual método de preparação do binário apresentou maior

concentração de RVC solubilizada ([ ]RVC/SOLU.) (Tabela 01).

Tabela 1: Absorbância em 263 nm adquirida para diferentes métodos de preparação de binário e

suas rescpectivas concentrações.

MÉTODOS

Absorbância em 263nm Média (Abs) [ ]RVC/SOLU. (M)

Abs I Abs II Abs III

Co-evaporação 1,080157 1,031143 1,03569 1,048889 0,00228

Fase-Aquosa 1,891169 1,500781 1,498910 1,630286 0,00374

Lioflização 0,956076 0,920990 0,924119 0,933728 0,00200

Fonte: Autoria própria (2018).

Fazendo uma comparativa entre os métodos utilizados a concentração de

RVC solubilizada para o método de fase-aquosa foi de 0,00374 M. Isso indica que a

maior solubilidade do fármaco foi encontrada para o método de fase aquosa. A partir

disso foi possível determinar a eficiência de complexação (EC) e a constante de

associação (Ka) para o complexo binário utilizando o método de fase aquosa.

Para o cálculo de EC e Ka foi preparado amostras variando a concentração

de HP- β -CD com RVC em excesso (Tabela 02).

Tabela 2: Dados de absorbância de RVC para amostras de binário: concentração de HP-β-CD 2, 4,

8, 16, 30 mM com excesso de RVC.

Concentração de HP-β-CD (mM)

Absorbância RVC em 263nm Média (Abs)

Abs I Abs II Abs III

2 0,268154 0,270153 0,268426 0,268911

4 0,301527 0,321314 0,31676 0,313200

32

8 0,39971 0,405665 0,399842 0,401739

16 0,51783 0,528703 0,520013 0,522182

30 0,950536 0,964446 0,949332 0,954771

Fonte: Autoria própria (2018).

Através dos valores de absorbância da Tabela 02 e com auxílio da equação

06, foi possível determinar a concentração de RVC solubilizada (Tabela 03).

Tabela 3: Valores da concentração de RVC solubilizada para cada concentração de HP-β-CD

Esse resultado forneceu o gráfico (Figura 16) com r2 igual a 0,974, onde lê-se

concentração de RVC no eixo y e concentração de HP-β-CD no eixo x.

Figura 16: Diagrama de solubilidade de fase para RVC com aumento da concentração de HPBCD,

determinada a temperatura ambiente.

Fonte: Autoria própria (2018).

Concentração de

HP-β-CD (mM)

Concentração de RVC

(mM)

2 0,336

4 0,447

8 0,668

16 0,969

30 2,05

Fonte: Autoria própria (2018).

33

Segundo a curva de solubilidade da RVC, nota-se que a concentração do

fármaco aumentou conforme a concentração de HP-β-CD também aumentava,

indicando que o fármaco se tornou mais solúvel após a formação do complexo

binário. Através dos dados da curva de solubilidade da figura 16, foi possível

determinar a eficiência de complexação (EC) da RVC e o valor de Ka.

A constante de solubilidade do fármaco RVC (Ka) foi determinada a partir da

inclinação da parte linear do diagrama de solubilidade de fase de acordo com a

equação da reta abaixo e através da equação 04:

RVC = 0,1747 + 0,05994.[HP-β-CD]

Assim, o valor da Ka para o complexo binário foi de 75,9 M-1 onde o valor de

S0 = 0.84mM (solubilidade intrínseca do fármaco). Levando em consideração que a

solubilidade da RVC foi determinada através da equação da curva de calibração

(Figura 15), variando as concentrações de RVC (20, 40 e 80mM) em 5mL de tampão

fosfato.

A determinação de Ka entre RVC e HP-β-CD, baseia-se na medição de um

índice de variações das propriedades físico-químicas de um composto após a

inclusão. Uma importante aplicação farmacêutica de HP-β-CD é aumentar a

solubilidade do fármaco em solução aquosa e o aumento da solubilidade do RVC

ocorreu em função da concentração de HP-β-CD. O valor encontrado mostra uma

interação média entre RVC e HP-β-CD. O valor da constante de associação é

usado para comparar a afinidade dos fármacos por derivados de ciclodextrinas. A

solubilidade total (St) do fármaco na solução aquosa de ciclodextrina pode ser

descrito da seguinte forma:

St = So + Ka . So

1 + Ka . So . [HPβCD]

O valor da solubilidade total da RVC foi 0,0011M na presença de HP, ou seja

um pequeno aumento em comparação com a RVC livre. O resultado não esta de

acordo com a literatura, entretanto, o valor Ka determinado é fortemente afetado

pelo valor So, que geralmente é muito impreciso para compostos com So < 0.1

mol/L. A eficiência de complexação da RVC em HP-β-CD em solução aquosa,

34

calculada através da equação 01 foi de 0,064 o qual esta de acordo com os

trabalhos de Araujo et al. (2008).

De acordo com a equação 03, foi possível determinar a razão RVC: HP-β-CD

(1:16), indicando que na complexação 1:1 RVC: HP-β-CD, apenas uma de cada 16

moléculas de HP-β-CD está formando um complexo de inclusão com RVC.

6.2 Determinação da Eficiência de Complexação para o Sistema Ternário

(RVC: HP-β-CD: LF)

Os complexos ternários foram preparados utilizando o composto binário de

maior eficiência de complexação (método de fase aquosa). Três amostras de

complexos binários foram preparadas conforme o item 5.2.1.2 e analisados em

triplicata, onde suas absorbâncias foram determinadas a 263 nm, para determinar a

concentração de RVC foi utilizada a equação 06, os dados foram estabelecidos

conforme tabela 4:

Tabela 4: Valores de absorbância e da concentração de RVC em solução binária.

MÉTODOS

Absorbância em 263nm Média (Abs) [ ]0 RVC (M)

Abs I Abs II Abs III

Fase-Aquosa I 1,72176 1,71312 1,71312 1,71600 0,00395

Fase-Aquosa II 1,72091 1,70917 1,71647 1,71550 0,00395

Fase-Aquosa III 1,60528 1,60470 1,60732 1,60576 0,00368

Fonte: Autoria própria (2018).

Os complexos binários foram então utilizados nos métodos de preparação de

complexos ternários. Para o método de injeção foi utilizado complexo em fase

aquosa I, para o método de desidratação-reidratação foi utilizado o complexo em

fase-aquosa II e para o método do filme lipídico foi utilizado o complexo em fase-

aquosa III. Posteriormente foi seguido o procedimento do item 5.2.2.4, onde as

análises de UV-vis forneceram as seguintes absorbâncias a 263 nm, a concentração

de RVC livre ([ ]1 RVC) diluída em 3mL de tampão também pode ser determinada

através da equação 06, seguem os dados na tabela 5.

35

Tabela 5: Valores de absorbância da RVC diluida em 3 ml de solução tampão fosfato e suas

concentrações finais.

MÉTODOS

Absorbância em 263nm Média (Abs)

[ ]1 RVC (M)

Abs I Abs II Abs III

Injeção 0,012513 0,074705 0,132673 0,073297 0,000153

Desidratação-reidratação

0,018015 0,088838 0,120319 0,075724 0,000146

Filme-Lipídico 0,026221 0,026641 0,035257 0,029373 0,000262

Fonte: Autoria própria (2018).

Para determinar a eficiência de complexação para cada método de sistemas

ternários foi utilizado à equação 05, os seguintes dados foram obtidos:

Tabela 6: Valores para a concentração de RVC encapsulado em lipossimas furtivos, e suas

eficiências de complexação.

Fonte: Autoria própria (2018).

Através dos resultados obtidos para os três métodos de sistemas ternários,

pode-se observar que o método de desidratação-reidratação obteve maior eficiência

de complexação.

7 CONCLUSÃO

As análises obtidas pelo UV-vis possibilitaram a determinação de parâmetros

importantes (eficiência de complexação e constante de associação) para sistema um

bom sistema de liberação controlada de fármacos, mediantes os estudos

apresentados podem destacar que para um sistema binário a melhor eficiência de

Método [ ]0 RVC (M) [ ]1 RVC (M) [ ] RVC

Encapsulado (M) EC %

Injeção 0,00395 0,000153 0,0015 38%

Desidratação-

reidratação 0,00395 0,000146 0,0016 41%

Filme Lipídico 0,00368 0,000262 0,0006 15%

36

complexação foi para a metodologia utilizada na preparação em fase-aquosa, onde

apresentou uma EC igual a 0,064, e seu valor de Ka foi de 75,9 M-1. Para os

sistemas ternários a maior eficiência de complexação foi para o método de

desidratação-reidratação onde apresentou um EC igual a 41%.

37

REFERÊNCIAS

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