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1. O que é Planejamento?1
“Se um homem não sabe a que porto se dirige,todos os ventos lhe serão desfavoráveis”. Sêneca
Planejamento é “trabalho de preparação para qualquer empreendimento, segundo
roteiros e métodos determinados”, segundo o dicionário Aurélio. É assunto que a
ciência da administração trata desde seus fundadores. Em 1911, Henri Fayol, na sua
obra clássica Princípios Gerais de Administração enuncia as principais funções da
gerência administrativa, que em seu conjunto formam o processo administrativo:
planejar, comandar, organizar, controlar e coordenar.
Na atualidade, a ciência da administração, nos enunciados da teoria neoclássica,
retoma e simplifica as funções da administração que passam, então, a ser enunciadas
como:
PLANEJAR, ORGANIZAR, DIRIGIR E CONTROLAR.
Os neoclássicos quando se voltam aos postulados clássicos da administração o fazem
dando forte ênfase aos aspectos práticos e instrumentais da administração. Procuram
meios de transformar ação administrativa em prática administrativa, voltadas para a
busca de resultados concretos e palpáveis. Não descuidam dos princípios
fundamentais da administração, mas são ecléticos o suficiente para extrair de cada
1 Rosangela Vecchia: Administradora Pública, Advogada, Mestre em Direito, Consultora.
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uma das escolas doutrinárias da administração aquilo que identificam como
fundamento da ciência da administração.
Dão ênfase aos objetivos e aos resultados. Para eles as organizações existem para
alcançar objetivos e produzir resultados. Os objetivos justificam a existência e
operação da organização. A organização deve ser dimensionada, estruturada e
orientada em função de seus objetivos e dos resultados que pretende alcançar. Avalia-
se uma organização verificando se seus objetivos foram atingidos e os resultados
obtidos foram os esperados. A Teoria Neoclássica considera os meios para que se
alcance a eficiência, mas enfatiza os fins e resultados na busca de eficácia e, ainda,
acrescenta o conceito de efetividade. Para os neoclássicos:
Eficiência é ação, força, virtude de se produzir um efeito desejado. O
administrador deve seguir normas e padrões de conduta de tal forma a
atingir o melhor resultado. Deve sempre procurar o melhor “estado da
arte”.
Eficácia é qualidade de eficaz, que produz o efeito desejado, que dá
bom resultado. Uma ação foi eficaz quando atingiu o resultado
esperado.
Efetividade representa a capacidade da organização em coordenar
esforços e energias ao longo do tempo mantendo-se no ambiente.
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O administrador tem que saber e entender quais são as metas da organização que
comanda em termos de desempenho. Só se atingem objetivos quando se tem plena
consciência deles, valorizando assim, a função de PLANEJAR.
Para Fayol:
“Planejar significa estabelecer os objetivos de uma organização, especificando a forma
como serão atingidos. Parte de uma sondagem do futuro, desenvolvendo um plano de
ações para atingir os objetivos traçados.” Rosangela Vecchia: Administradora Pública,
Advogada, Mestre em Direito 2
Planejar é definir um futuro desejado e meios eficazes de alcançá-lo. É processo que
envolve tomada e avaliação de decisões, em um conjunto de decisões inter-
relacionadas, para assegurar que seja atingida uma situação futura desejada.
Se vamos administrar, gerir, empreender algo precisamos antes planejar. Ambas as
palavras - administração e gestão - têm origem latina, gerere e administrare:
Gerere: conduzir, dirigir e governar.
Administrare: aplicação específica no sentido de gerir um bem, defendendo os
interesses dos que o possuem.
2 FERREIRA, Ademir, REIS, Ana Carla Fonseca e PEREIRA, Maria Isabel. Gestão Empresarial de Taylor aos nossos dias. Editora Pioneira, São Paulo, 2002, p. 24.
3
Nas organizações públicas, pela sua natureza de órgão estatal que opera ações
próprias das competências do Estado, usa-se com frequência o conceito de “gestão”,
gestão da coisa pública. O Gestor Público é aquele que exerce função de comando nos
órgãos públicos.
O planejamento é, portanto, a primeira das funções que o gestor público deve
aprender. É um processo lógico, sistêmico e interativo. Segundo Djalma Oliveira3.
Planejamento não deve ser confundido com:
Previsão: Esforço para verificar quais serão os eventos que poderão
ocorrer com base em uma série de probabilidades;
Projeção: Quando o futuro tende a ser igual ao passado;
Predição: Quando o futuro tende a ser diferente do passado, mas a
instituição não tem controle sobre o mesmo.
Resolução: Correção imediata de problemas de descontinuidade e
desajustes entre a instituição e o ambiente externo.
1. O que é Planejamento Estratégico?
“Todas as flores do futuro estão nas sementes de hoje.”Provérbio Chinês
A palavra estratégia4 vem do grego e significa literalmente “a arte da liderança”. Nesse
sentido, estratégias são regras e diretrizes para decisão que orientam o processo de
3 Oliveira, Djalma de Pinho Rebouças. Planejamento Estratégico, conceitos, metodologias e práticas. Editora Atlas, São Paulo, 2003, pg. 35
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desenvolvimento de uma organização. São escolhas que vão levar a organização a uma
situação de futuro desejado.
No mundo empresarial a estratégia passou a ocupar espaço em meados dos anos 60,
substituindo os tradicionais planejamentos de médio e longo prazos que existiam até
então. A adoção da estratégia veio responder às necessidades empresariais de um
ambiente externo em constante mudança e turbulência - um ambiente cada vez mais
complexo, com inúmeras variáveis.
Igor Ansoff, considerado o pai do planejamento estratégico e da administração
estratégica, define estratégia como as regras e diretrizes para decisão, que orientam o
processo de desenvolvimento de uma organização. Portanto, as decisões estratégicas
são aquelas que permitem à organização se desenvolver e perseguir seus objetivos da
melhor forma, considerando suas relações com o ambiente em que se insere.”5
O Planejamento Estratégico é um processo contínuo e sistemático de pensamento
sobre o futuro, visando à determinação de estados futuros desejados e a avaliação de
cursos de ação alternativas a serem seguidos.
4 Entre vários significados, o Dicionário Aurélio aponta: “arte de aplicar os meios disponíveis com vista à consecução de objetivos específicos”.
5 FERREIRA, Ademir, REIS, Ana Carla Fonseca e PEREIRA, Maria Isabel. Gestão Empresarial de Taylor aos nossos dias. Editora Pioneira, São Paulo, 2002, p.116
5
O Planejamento Estratégico deve ser uma “obra aberta que se fecha com a ação”6,
abrangendo todo o espectro organizacional, da visão estratégica (missão, visão e
objetivos) até a supervisão e o controle da ação.
O Planejamento Estratégico consiste em integrar e tornar coerentes com a grande
estratégia de organização suas decisões e ações em qualquer nível.
Planejar exige reflexão sobre o que se deseja para a organização no futuro, “Muitas
vezes temos de falar não só de “próximas paradas”, mas do destino da organização e,
em última instância, do destino da sociedade.”7
Um fator crítico para o sucesso do Planejamento Estratégico é o compartilhamento de
valores e de desafios. Os métodos a serem utilizados nas atividades de planejamento
devem induzir a participação dos atores envolvidos. A busca dos resultados desejados,
o compartilhamento dos valores institucionais, o compromisso com o aperfeiçoamento
contínuo são objetos de interesse do planejamento estratégico. No entanto, sua
concretização depende do compromisso das pessoas com esses valores e desafios e
isso não acontece porque alguém manda, mas porque as pessoas assim o desejam.
6Oliveira, Djalma de Pinho Rebouças. Planejamento Estratégico, conceitos, metodologias e práticas. Editora Atlas, São Paulo, 2003, pg. 7 Paula e Silva, Antônio Luiz. Utilizando o Planejamento como Ferramenta de Aprendizagem. Editora Global. São Paulo. 2002, pg.15
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Por fim, é importante observar a estreita relação entre estratégia e plano. O
planejamento é estratégico quando os planos (definições normativas de ações)8,
relacionam suas ações com uma estratégia consistente, que permita por meio de
exercícios de possibilidades fazer com que a organização atinja o futuro que deseja,
apesar da incerteza.
Para isso é preciso:
Abandonar o planejamento ocasional e adotar o planejamento como
um exercício contínuo e sistemático;
Estabelecer cenários alternativos ao invés de trabalhar com futuro
único;
Avaliar constantemente ameaças e oportunidades;
Desenvolver análise quantitativa e qualitativa dos ambientes interno e
externo;
Analisar permanentemente a consistência entre plano e ação e avaliar
resultados.
2. O que é Plano?
8 Oliveira, Djalma de Pinho Rebouças. Planejamento Estratégico, conceitos, metodologias e práticas. Editora Atlas, São Paulo, 2003, pg.
7
Plano corresponde a um documento formal que consolida as informações e atividades
a serem empreendidas. O Plano é uma visão estática do planejamento.
3. Porque planejar as ações de Estado?
A ideia do planejamento no setor público está relacionada culturalmente ao
Planejamento Econômico e ao comando do Estado na Política Econômica. Bons
exemplos são o Plano de Metas, do Juscelino Kubitschek, o Plano Marshall do Governo
Americano, que tratou da recuperação da Europa no Pós Guerra, os Planos
Quinquenais do Governo Soviético.
Planejamento governamental originalmente vem relacionado com a ideia de um
Estado forte, intervencionista nos moldes do Estado Comunista ou Socialista, que tem
na planificação seu maior instrumento de organização, que acaba por implicar toda a
sociedade.
Há uma resistência ao planejamento estratégico no setor público que não o reconhece
como uma ferramenta moderna de gestão. É muito comum nos governos uma visão de
planejamento que se confunde com a montagem de Bancos de Dados, em uma eterna
coleta e armazenamento de dados que não servem como instrumentos de gestão
pública.
O Planejamento Estratégico é atividade necessária e deveria ser frequente tanto na
área pública, como na área privada, particularmente quando envolve ambientes
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complexos e sistêmicos. A política pública lida, no seu cotidiano, com realidades
complexas e ambientes externos em constante transformação. Como intervir nessas
realidades sem planejar? Só pode dar errado!
4. Porque utilizar o Planejamento Participativo?
Os métodos de planejamento estratégico participativo pressupõem o envolvimento
dos participantes em intensos trabalhos de grupos, discussões acaloradas e visões
divergentes que precisam ser amadurecidas na busca de consensos. Em todas as fases
o trabalho é coletivo.
No planejamento das ações do governo a participação está relacionada ao processo de
redemocratização do Estado Brasileiro. Descentralização e participação da população
na gestão das políticas públicas, aí estão as bases do novo Estado brasileiro propostas
pela Constituição de 1988.
5. Aplicação do Planejamento Estratégico Participativo
5.1. Esclarecer junto aos grupos o que é Planejamento Estratégico
A primeira tarefa com o grupo está relacionada às atividades que ajudem a esclarecer
o que é o Planejamento Estratégico. Uma sugestão do livro “Utilizando o Planejamento
como Ferramenta de Aprendizagem” de Antônio Luiz de Paula e Silva é o uso do texto
de Amyr Klink, extraído do livro “Cem dias entre céu e mar”, onde o autor descreve a
atividade de forma muito pertinente:
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“Estava finalmente a mais de duzentas milhas da costa mais próxima e já começava a pensar no futuro,
numa distante ilha chamada Santa Helena, pelo menos um mês à minha frente.
À medida que ganhava distância da África, aumentava minha confiança no barco e a certeza de que um
dia deixaria para trás a ilha onde Napoleão perdeu sua última batalha. Que grande dia seria este! Que
significativa vitória para mim! Eu teria, então, provado que meus planos estavam certos e que a mais
importante chave para o êxito da travessia estava há muito em minhas mãos: a rota.
Numa faixa larga, traçada dois anos antes e pintada de vermelho, estava a minha segurança – a certeza de
que o projeto era viável. Passando em suave curva entre as ilhas oceânicas de Ascensão e Santa Helena, e
ligando a costa da Namíbia ao litoral baiano, esta faixa indicava os limites de navegação em que deveria
manter-me. Apesar da predominância de ventos de sul e da forte tendência de deriva para o norte, o
esforço que eu fazia para me manter dentro da rota prevista era menor do que o trabalho que tivera,
ainda em terra, para definir a trajetória ideal.
Dois anos de estudo foram consumidos nesta operação, em que não faltaram discussões apimentadas e
dúvidas perturbadoras.
A viagem de veleiro para Caiena fazia parte deste trabalho. As intermináveis investigações em bibliotecas
e tratados de navegação também. Mas o maior problema talvez tenha sido a escassez de dados e
informações a respeito do assunto. Baseei-me, sobretudo nas Pitot Charts inglesas e americanas e em
outros estudos sobre correntes e ventos do Atlântico Sul fornecidos pela Diretoria de Hidrografia e
Navegação, da Marinha (DHN).
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No mar, o menor caminho entre dois pontos não é necessariamente o mais curto, mas aquele que conta
com o máximo de condições favoráveis. Assim mesmo um poderoso superpetroleiro é obrigado, às vezes,
a desviar do seu caminho para ganhar, em tempo e segurança, o que perde em distância. No meu caso,
tendo como única propulsão um par de remos, o estudo de regime de ventos e correntes passava a ser
fundamental.
É impossível remar vinte e quatro horas por dia. Assim, enquanto estivesse dormindo e o barco ficasse à
deriva, era importante contar com correntes, se não favoráveis, pelo menos que não me viessem pelo
nariz, roubando durante a noite o que eu ganhava, com muito esforço, de dia.
Esse estudo descartou, por exemplo, a hipótese de cruzar o Atlântico, de Serra Leoa ao cabo Calcanhar, no
Rio Grande do Norte, num percurso de apenas 1.500 milhas náuticas (contra as 3.700 do meu percurso)
por uma região quente e relativamente tranquila.
A minha rota, longa, fria e tempestuosa, contava, no entanto, com correntes favoráveis na quase
totalidade do trajeto e com a preciosa regularidade dos alísios de sudeste que unem o sul da África ao
nordeste brasileiro. Caminho difícil e longo, mas o único possível para um barquinho a remo.
Para atravessar o mau tempo e as depressões do caminho mais longo bastaria um barco forte e bem
estudado; mas, para vencer com os braços o fluxo contrário do caminho mais curto, nem toda a
disposição do mundo seria suficiente.
Como os antigos navegadores que, com suas velas quadradas, não podiam vencer ventos e correntes
contrários e eram obrigados a aceitar os rumos ditados pelo vento, eu me valeria, não da força para ir
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contra as correntes, mas da astúcia em saber acompanhá-las. Por esta razão, seria necessário um especial
cuidado em respeitar os limites da faixa ideal de navegação que eu traçara”.
(Amyr Klink, em Cem dias entre céu e mar. Rio de Janeiro; José Olympio,1985)
5.2. Sobre o que vamos planejar? Delimitação do objeto
“Preparar o futuro significa fundamentar o presente”(Antoine de Saint-Exupéry)
A segunda tarefa é a identificação do objeto sobre o qual se vai fazer o Planejamento
Estratégico. Isso é feito apresentando todos os dados e informações que se tem do
objeto que vai ser planejado. Estudos, documentos, palestras, exposição etc. Todos os
recursos a serem utilizados de tal forma a socializar com o grupo as informações de
que já se dispõe sobre o objeto.
O objeto é a Educação Municipal? O que sabemos dela. Quais os dados gerais do
município? Quais os indicadores do município na área da Educação? Como está
estruturada a Secretaria Municipal de Educação? Quantos servidores atuam na rede
municipal? Quantas unidades Estaduais? Privadas? Se fossemos apresentar a educação
do Município o que poderíamos dizer? O que já sabemos?
Dificilmente se começa do zero. Há sempre informações esparsas, pessoas que
conhecem profundamente a realidade e podem trazer nesse momento a sua
percepção do objeto.
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5.3. Diagnóstico Situacional – metodologia e prática
Em seguida elabora-se o Diagnóstico Situacional, usando a técnica do “SWOT”. Sigla
em inglês que significa:
S = Strengths = força
W = Weaknesses = fraquezas
O = Opportunities = oportunidades
T = Threats = ameaças
A técnica visa apontar os Pontos Fortes, os Pontos Fracos, os Riscos e as
Oportunidades do objeto que se planeja.
Essa etapa do trabalho tem por objetivo construir um diagnóstico de situação, obtido
nas atividades em grupo na busca de consensos. O diagnóstico deve permitir uma
visão coletiva dos problemas, das potencialidades, dos contextos. É o momento em
que se pretende ampliar o conhecimento da realidade, socializar as informações, criar
uma linguagem única entre os membros do grupo, enquanto se constrói um
conhecimento da realidade, posicionando “todos frente ao objeto que se vai
planejar”.
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Os participantes são divididos em grupos com a finalidade de promover maior
participação. Em grupos menores as pessoas falam mais livremente. Cada grupo pode
enveredar por um ou outro caminho diferente de reflexão e a soma dessas análises
cria um diagnóstico mais completo e próximo da realidade.
Com um olhar para a situação presente e para “dentro” examina-se o objeto
identificando quanto a:
Pontos Fortes - são os aspectos positivos, aquilo que o objeto tem de bom, de
força propulsora, de capacidade, de potência.
Pontos Fracos - são os aspectos negativos, aquilo que o objeto tem de
problemas, de forças restritivas, de fraqueza, de entraves.
Apresentado os resultados de cada grupo, busca-se o consenso. Em tarjetas de papel
colorido onde os grupos apontaram cada ponto forte ou fraco vai-se discutindo ponto
a ponto e colocando na parede aquilo que para o grupo é consenso.
É comum ocorrem várias polêmicas. Quando o conflito se instala a ponto de impedir o
prosseguimento do trabalho, suspende-se o debate e a tarjeta com o tema que gerou
polêmica é separada das outras, como “controvérsia” a ser resolvida no final dessa
etapa.
Em seguida, com um olhar para o contexto externo, “para frente e para fora”, passa-se
a examinar o contexto em que o objeto está inserido, identificando:
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Riscos são as ameaças, perigos que rondam o objeto.
Oportunidades são situações e fatos que podem vir a favorecer aquilo que se
deseja para o objeto.
Repete-se a mesma tarefa de apresentar o trabalho dos grupos procurando identificar
as ideias de consenso. Muitas vezes a discussão modifica a ideia originalmente posta
em debate e o tema sai da discussão muito mais claro, completo e delimitado em seus
reais contornos.
Os dados do diagnóstico situacional devem ser organizados por temas de acordo com
o objeto. Abaixo alguns exemplos:
Pontos fortes:
Quanto à prática pedagógica:
Superação da meta do IDEB/INEP.
Universalização do ensino fundamental.
Quanto ao modelo de gestão:
Definição de um modelo de gestão participativa.
O plano municipal da educação.
Apoio do prefeito para os projetos da educação.
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Quanto aos recursos humanos:
Concursos públicos para todas as carreiras.
Formação continuada e a especialização do professor.
Valorização do professor.
Equipe comprometida e motivada.
Quanto à infraestrutura:
Equipamentos novos na escola.
Incorporação de novas tecnologias.
Reformas e ampliação das unidades escolares.
Ampliação e melhoria da frota do transporte escolar.
Pontos fracos:
Quanto à prática pedagógica:
Altos índices de evasão abandono e reprovação.
Falta monitoramento eficaz da ação pedagógica na escola.
Faltam vagas em creches.
Crianças não alfabetizadas na idade certa.
Faltam grupos de estudos pedagógicos.
Quanto ao modelo de gestão:
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Falta de visibilidade das ações da secretaria.
Falta monitoramento administrativo e pedagógico adequado na escola.
Há morosidade no fluxo dos processos, excesso de burocracia.
Descontinuidade das ações a cada gestão de governo.
Falta um sistema de informações unificado.
A centralização dos processos licitatórios na secretaria de administração
torna os processos de compra morosos.
Ausência de planejamento na aquisição e distribuição de materiais.
O uso inadequado do transporte escolar.
Fragilidade nos controles e na prestação de contas dos convênios da
educação.
Quanto aos recursos humanos:
Faltam recursos humanos qualificados na sede da secretaria de
educação.
Ausência de política de incentivo para formação em serviço.
Necessidade de rever o plano de cargos, carreiras e remuneração dos
professores.
Ausência de instrumentos de avaliação de desempenho dos servidores
da educação.
Ações pontuais na área de formação continuada nas várias etapas e
modalidades de ensino.
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Inadequação dos profissionais da rede na forma como lidam com os
alunos deficientes.
Quanto à infraestrutura:
Estrutura física insuficiente e inadequada nas escolas.
Bibliotecas inadequadas e mal equipadas nas escolas.
Arquivo geral da educação inadequado.
Riscos:
Quanto à prática pedagógica:
Fracasso escolar.
Quanto ao modelo de gestão:
Não execução das planejadas.
Não aplicação do percentual constitucional da educação de 25%.
Prevalecer a cultura do improviso.
Descrédito da sociedade com relação à qualidade do ensino na rede
municipal.
Interferências políticas.
Quanto aos recursos humanos:
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Despreparo do professor e outros profissionais.
Número elevado de professores sem formação adequada.
Quanto à infraestrutura:
Não conseguir recursos para recuperar a estrutura física da rede.
Oportunidades:
Quanto à prática pedagógica:
Ampliação da oferta de vagas na educação infantil.
Garantia da alfabetização na idade certa com a implantação do PNAIC:
programa nacional de alfabetização na idade certa.
Definição do projeto político pedagógico da secretaria.
Quanto ao modelo de gestão:
Informatização da secretaria.
Intensificação das parcerias com o governo federal e estadual.
Introdução do planejamento integrado na escola.
Visibilidade das ações da secretaria.
Quanto aos recursos humanos:
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Atualização do plano de cargos, carreiras e remuneração dos
professores.
Melhoria da remuneração dos profissionais da educação.
Garantia da formação continuada mais ampla.
Parceria com instituições de ensino superior no desenvolvimento de
projetos de formação continuada, na modalidade de cursos de
especialização.
Formação em Braille, Libras e atendimento educacional especializado
para professores da rede municipal.
Quanto à infraestrutura:
Construção de centros de capacitação de professores.
6. Plano de Ação
Concluído o diagnóstico situacional tem-se um quadro mais claro da situação do objeto
e o cenário em que ele se encontra. Parte-se, então, para a fase propositiva,
construindo a partir do diagnóstico o “Plano de Ação”, que consiste na continuidade
do trabalho com a utilização de instrumentos que auxiliem a comunicação e a
integração de pessoas, na difícil tarefa de organizar ações futuras, traçar objetivos,
identificar lacunas, propor correções. A primeira pergunta que o grupo vai trabalhar
nessa etapa é:
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“Diante do diagnóstico que construímos, quais serão as ações que vamos desenvolver
nos próximos três (3) anos, de modo a preservar os Pontos Fortes, superar os Pontos
Fracos, eliminar os Riscos, aproveitar as Oportunidades?”
“Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez”
Jean Cocteau
O verbo da pergunta é FAZER. O que vamos fazer? Atividade concreta, pé no chão,
possível de ser realizada amanhã, no mês que vem, daqui a dois meses etc. É um
"fazer" no tempo, atividade concreta.
Novamente os participantes trabalham em grupo e em seguida os debates em plenária
para obter as ações de consenso do grupo que serão implantadas. As tarjetas são
dispostas na parede e agrupadas segundo a sua natureza.
Examinam-se as ações resultantes, revendo o agrupamento, verificando se respondem
ao diagnóstico situacional, se são exequíveis, se são suficientes.
Passa-se agora para a etapa de formulação dos objetivos: as ações propostas são
destinadas a quais fins? Olhando para o Plano de Ação, para que objetivos ele nos
leva?
Respondendo à pergunta abaixo, os participantes vão traçar: metas, objetivos
específicos, objetivos gerais, propósitos, fins. E, a partir deles se constrói a missão da
organização.
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A pergunta dessa etapa é:
“Se fizermos tudo aquilo que nos propusemos na etapa anterior, no Plano de Ação,
voltamos em quatro ou cinco anos, o que nós encontramos? Como nossas ações
modificaram a realidade? Qual foi o resultado produzido pela nossa ação?”
Respondendo a essa pergunta os participantes elencaram suas expectativas quanto ao
futuro. As informações vêm desordenadas. É preciso organizá-las de forma racional. É
neste momento que submetemos cada uma das ações a lógica vertical, organizando
hierarquicamente os diferentes níveis que serão atingidos com as nossas ações.
6.1. Marco Lógico: construindo a lógica vertical do Plano de Ação
“Para se chegar, onde quer que seja, não é precisodominar a força; basta controlar a razão”
Amir Klink
O instrumento do “Marco Lógico” auxilia a comunicação e a integração de pessoas na
difícil tarefa de traçar objetivos, identificando lacunas no Plano de Ação. Sua rígida
metodologia obriga os participantes a encontrarem uma linguagem comum, baseada
em objetivos e compartilhada de forma a garantir o êxito do projeto.
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A lógica vertical se refere à coerência que deve existir entre os níveis que foram
definidos para que o Plano de Ação seja realizado e os objetivos que se deseja alcançar
sejam atingidos. Ao se usar os instrumentos do Marco Lógico se faz a análise da
existência de relação causa-efeito entre a ação e o seu resultado. É preciso nessa etapa
verificar se estão presentes os pressupostos logicamente relacionados à probabilidade
de que se cumpram as hipóteses, perguntando: se - então. As ações são examinadas
para verificar se o que foi decido é necessário e suficiente para conseguir realizar os
objetivos, as metas, a missão que foi vislumbrada para a organização.
A lógica vertical analisa “de baixo para cima” os vários níveis de um plano de ação.
Existe uma hierarquia que organiza estes os vários níveis. Por exemplo: se as ações
propostas no nível 4 forem realizadas então os resultados esperados para o nível 3
serão alcançados? Ou seja, as ações escolhidas são necessárias e suficientes para que
se possa alcançar os resultados esperados? Todos os outros níveis também devem
estar relacionados desta maneira.
O resultado é uma “árvore de decisões”:
Apresenta-se um resumo narrativo que descreve o objeto que se está planejando, e
depois os níveis, começando pelo nível inferior, organizando de baixo para cima:
1º. Organiza-se as atividades, ações, agrupando-as segundo sua natureza.
2º. Acima as metas
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3º. Os objetivos específicos.
4º. Depois os objetivos gerais, ou propósitos.
5º. Por último, no topo da “árvore”, a missão, objetivo central da organização.
6.2. Detalhamento do Plano de Ação
O trabalho ainda não está concluído. É preciso agora detalhar melhor as ações, com
explicações de como elas serão executadas, novo exame da exequibilidade de cada
qual, estabelecimento de cronograma de trabalho; custos envolvidos na execução e,
por fim, os responsáveis por cada uma delas, dividindo-se assim o trabalho.
As ações propostas são programas ou projetos. No conjunto formam o Plano de Ação
da organização nos próximos 3 (três) anos. O Plano de Ação, base da árvore de
decisões no Marco Lógico, responde ao diagnóstico situacional e tem identidade com
aquilo que se pretende para o futuro. O Plano de Ação é a rota que se buscou traçar.
As metas, os objetivos específicos e gerais, os propósitos são os pontos marcantes
dessa rota, que vão conduzir o gestor rumo à missão da organização; a causa, que
justifica a existência da organização.
As ações podem assim ser traduzidas em Programas e Projetos. Programas são
atividades permanentes, de natureza contínua, que uma vez implantadas são
incorporadas às rotinas da organização. Já os projetos têm outra natureza. São ações
delimitadas no tempo, com começo, meio e fim. Ao término de um projeto pode-se ter
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um programa ou não. Os programas e projetos são unidades de operação dos Planos
de Ação.
Abaixo segue um exemplo de um Plano de Ação organizado com seus respectivos
objetivos e metas específicas.
Plano de ação estratégica
I.1. Objetivos específicos:
Ofertar por meio da gestão democrática a qualidade no processo de
ensino e aprendizagem
Melhorar os índices de desempenho da educação no município
I.2. Metas:
Estabelecer as diretrizes estratégicas da secretaria de educação
Fortalecer o processo de gestão democrática
Monitorar e avaliar as ações pedagógicas administrativas e financeiras
da secretaria de educação
I.3. Ações:
Elaborar e atualizar o regimento interno das escolas da rede
Atualizar o projeto político pedagógico
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Implementar os referenciais curriculares da educação básica
Definir agenda permanente de planejamento integrado
Redefinir a estrutura organizacional da secretaria de educação
Executar anualmente o planejamento participativo com toda a rede
Rever e ajustar a rotina dos processos
Implementar o plano de desenvolvimento da escola, como ferramenta
de gestão escolar
Participar efetivamente dos fóruns voltados para a educação
Ampliar e fortalecer as parcerias com outros órgãos da prefeitura em
projetos afins do processo educativo
Monitorar e acompanhar o plano de ações
Monitorar o preenchimento do censo escolar
Monitorar as ações de frequência escolar do programa bolsa família –
PDF.
Estabelecer metas de desempenho pedagógico por escola para redução
dos índices de baixo desempenho da educação no município
Estabelecer metas para reverter os dados de fracasso escolar
II.1. Objetivos específicos:
Ampliar a cobertura de educação infantil no municípios
Ofertar aos estudantes do ensino fundamental qualidade no processo
de ensino e aprendizagem
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II.2. Metas:
Fortalecer o regime de colaboração entre o município e os governos
federal e estadual para educação
Ter uma política educacional no ensino fundamental embasadas em
avaliações da qualidade do ensino aprendizagem
Ampliar espaços, tempo e oportunidades aos estudantes no ensino
fundamental
Garantir regularização do fluxo escolar no ensino fundamental
II.3. Ações:
Dar suporte técnico pedagógico às escolas municipais
Dar suporte técnico pedagógico às escolas
Identificar as variáveis que interferem na qualidade do ensino e
aprendizagem
Intervir no planejamento escolar do ensino fundamental utilizando
como referência dados da avaliação da qualidade do ensino
aprendizagem
Ampliar em 50% o número de vagas em creches públicas do município.
universalizar a oferta da educação integral no ensino fundamental nas
escolas municipais
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Garantir o acesso e a permanência, na idade certa, dos estudantes do
ensino fundamental.
III.1. Objetivos específicos:
Fortalecer a escola
Iii.2. Metas:
Garantir o planejamento sistematizado junto as escolas da rede
Garantir o funcionamento técnico administrativo das escolas
Fortalecer a gestão democrática nas escolas
Melhorar o desempenho das escolas
III.3. Ações:
Instituir a prática do planejamento integrado nas unidades escolares da
rede
Organizar as diretrizes operacionais para o ano letivo
Orientar a implementação das diretrizes operacionais para o ano letivo
Aperfeiçoar a utilização dos recursos recebidos pela escola
Dinamizar a participação da comunidade
Monitorar a aplicação das diretrizes educacionais para o ano letivo
Monitorar o planejamento anual e semestral das escolas
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IV.1. Objetivos específicos:
Garantir as condições e os meios para a aprendizagem
Iv.2. Metas:
Aperfeiçoar o atendimento do transporte escolar aos estudantes da
rede estadual
Melhorar a qualidade da merenda escolar
IV.3. Ações:
Ampliar a frota de transporte escolar
Introduzir alimentos da agricultura familiar na merenda
V.1. Objetivos específicos:
Promover intervenção qualificada no processo de ensino e
aprendizagem
Qualificar as ações dos recursos humanos contribuindo para a melhoria
do processo de ensino e aprendizagem
V.2. Metas:
Organizar o sistema de gestão de recursos humanos
Atender de forma qualificada a demanda de pessoal da secretaria
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Fortalecer a formação docente
Incentivar e valorizar profissionais da educação
V.3. Ações:
Fazer a revisão do plano de cargos, carreiras e remuneração dos
professores.
Ampliar os recursos humanos na área técnica e pedagógica e garantir
valorização dos servidores.
Realizar cursos de formação em libras, sinais, braille e aee -
atendimento educacional especializado.
Capacitar gestores escolares.
Realizar a formação continuada dos professores.
Ofertar cursos de capacitação para uso das novas tecnologias, para
todos os profissionais da educação.
Construir instrumento de avaliação de desempenho dos profissionais da
educação
VI.1. Objetivos específicos:
Ofertar condições físicas e materiais adequadas para atender o
estudante no processo de ensino e aprendizagem
VI.2. Metas:
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Melhorar gradativamente a estrutura física da rede
Oferecer condições materiais adequadas para a efetivação do processo
de ensino e aprendizagem
Oferecer ambiente adequado, limpo e seguro para o bom
funcionamento da escola
VI.3. Ações:
Mapear as necessidades de reformas e ampliações
Reorganizar espaços físicos da secretaria de educação, agrupando
setores afins
Definir um lay out padrão para os setores
Construir centro de formação continuada
Auxiliar a secretaria de administração nos processos de licitação da
educação
Mapear as necessidades de mobiliário e equipamentos
Planejar as aquisições de materiais com base na demanda originada nas
unidades
Renovar mobiliário
Realizar inventário patrimonial das escolas da rede
Realizar o inventário dos materiais
Alimentar o sistema de controle de patrimônio
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Recolher os bens e materiais inservíveis das escolas da rede e definir
procedimentos de descarte
Digitalizar os documentos de arquivo da educação
Organizar sistema de controle de documentos
Ampliar frota de veículos da secretaria de educação
Reforçar a segurança nas escolas
Monitorar e avaliar as ações em execução no setor de limpeza
VII.1. Objetivos específicos:
Mudar padrão tecnológico da secretaria de educação
VII.2. Metas:
Informatizar a secretaria de educação
VII.3. Ações:
Implementar o sistema integrado de informações e serviços e serviços
Modernizar e ampliar o acesso à rede internet
7. Elaboração de Projetos
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Os projetos surgem em resposta a problemas concretos, identificados por aquelas
pessoas que se incomodaram com ele9; são etapas do processo de execução daquilo
que foi planejado. Chega-se a eles por meio do trabalho iniciado com o diagnóstico
situacional.
O projeto é, pois, elemento constitutivo do Plano de Ação de uma organização. Tem
espaço e tempo determinado e está relacionado a uma fase, uma etapa da vida da
organização. A soma dos projetos e dos programas identificados como necessários
para conduzir a organização na rota determinada são o Plano de Ação.
O Plano de Ação de uma organização vai sendo modificado à medida que os projetos
ganham vida e transformam a realidade. É esse ciclo que se descreve quando se diz
que planejamento é atividade permanente. Examina-se a realidade, planeja-se a
intervenção sobre ela, faz-se a intervenção que modifica a realidade; lê-se novamente
a realidade, agora transformada, planeja-se nova intervenção sobre ela e, assim,
sucessivamente. A cada mudança na realidade, um novo planejar e uma nova ação.
O processo de discussão que cercou a construção do Diagnóstico, do Plano de Ação e
do Marco Lógico e que foi registrado será agora recuperado. Tudo que se trabalhou
antes é o conteúdo que se usa para preencher os elementos constitutivos de um
projeto. Por isso, é tão importante fazer o registro dos trabalhos de planejamento, de
tal sorte que as ideias ricas que brotaram do debate não sejam perdidas e possam
9 Kisil, Rosana. Elaboração de Projetos e Propostas para Organizações da Sociedade Civil. Instituto Fonte. Editora Global. São Paulo, 2001.
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servir para organizar as informações e delimitar claramente o que é o projeto e seu
encadeamento lógico de intervenção na realidade.
Um projeto precisa ter, no mínimo, os seguintes elementos:
Justificativa: são os argumentos que dão sustentação à existência do projeto. Como o
projeto deriva de uma ação necessária para tratar uma realidade diagnosticada, a
justificativa foi construída durante o diagnóstico situacional. Por exemplo: Meu
município tem como ponto fraco um número significativo de crianças de 0 a 6 anos
sem vagas em creches públicas. No Plano de Ação sai uma proposta de investir nas
05(cinco) Creches Municipais existentes; ampliando o número de vagas hoje oferecidas
em 50%. Essa é a ação. Dela deriva um projeto: “Ampliação em 50% do número de
vagas em creches públicas municipais.”. A justificativa para esse projeto está no
diagnóstico que identificou o problema. Todos os argumentos usados pelos
participantes do planejamento estratégico, descrevendo o problema, são agora
recuperados para justificar a necessidade do projeto.
Objetivos Gerais e Específicos: Voltamos para a árvore do Marco Lógico, nela vamos
identificar a ação e os objetivos diretamente e indiretamente a ela relacionamos.
Metas: Também serão buscadas na árvore do Marco Lógico. As metas precisam ser
detalhadas, mensuradas, explicadas de forma a permitir o acompanhamento da
execução. Identificar como se vai quantificar os resultados, como se vai comparar
resultados anteriores ao projeto, no curso da implantação do projeto e depois de
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realizado o projeto. Deve conter as ferramentas, os indicadores, que serão utilizados
para fazer a medição dos resultados. Existem inúmeras formas de medir resultado de
projetos que dependem, basicamente, de sua natureza. Os resultados podem ser
quantitativos ou qualitativos. Nas políticas públicas é preciso usar conceitos de custo x
benefício. Órgãos financiadores costumam determinar a forma como estarão medindo
resultados. Indicadores sócio econômicos gerais e indicadores específicos de cada uma
das políticas são essenciais para acompanhar e avaliar resultados de ações
governamentais.
Etapas do Projeto: COMO? QUANDO? QUEM? QUANTO?: O COMO fazer descreve,
passo a passo, por ordem crescente de prioridade, no tempo as atividades do projeto:
Primeiro isto, depois aquilo e, assim, sucessivamente. Para cada passo descreve-se
QUANDO será feito; QUEM vai fazê-lo; QUANTO ele vai custar.
QUANDO será feito? “Segunda quinzena de maio”.
QUEM vai fazer isso? “Fulano de Tal”.
QUANTO isso vai custar? Nesse momento é preciso dar valores, custear as ações, não
só a gastos efetivos em espécie (dinheiro), mas também em horas de trabalho, mesmo
que trabalho para o qual não vai haver desembolso de numerários. É preciso
identificar os custos reais. Dessa etapa deriva: um cronograma físico-financeiro; todas
as tarefas divididas e com pessoas responsáveis por elas, respondendo por cada um
dos passos. O resultado é um quadro geral de acompanhamento do projeto que
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permite a avaliação constante ao longo de toda a sua execução. Órgãos financiadores
de projetos costumam pedir cronograma físico e financeiro em quadros específicos a
serem preenchidos pelo tomador. O conteúdo desses quadros são basicamente os
identificados nas respostas das perguntas: COMO? QUANDO? QUEM? QUANTO?
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7.1. Do Plano de Ação ao Projeto
O trabalho de detalhamento de cada uma das ações do Plano de Ação é na verdade
uma preparação para elaboração de projetos. Grande parte das ações do Plano
dependerão de recursos e para obtê-los será preciso transformar o que ainda é uma
ideia, uma vontade, em projeto. O detalhamento feito para cada uma das ações
produz um conjunto de informações que serão utilizadas para elaborar projetos e
captar recursos.
Explicando melhor, uma ação é um projeto. Exemplo: “ampliar o número de vagas em
creche”.
Nome do Projeto: pense em um nome fantasia para a ação: “Projeto Infância
Protegida”.
Justificativas do Projeto: Porque essa ação será realizada? De onde ela surgiu? Surgiu
do Diagnóstico Situacional, então, é lá que estão as justificativas para que ela seja
executada. Sempre que se vai elaborar um projeto e solicitar recursos é preciso
justificar. Isso já está pronto, volte às anotações que fizeram quando estavam
discutindo o diagnóstico e as justificativas estarão lá. Exemplo: “o ponto fraco da falta
de vagas em creche, o TAC que foi assinado com o Ministério Público, a fila de espera
de mães em busca de vaga, o tamanho da fila, as reclamações constantes da
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população”, levantem tudo que foi discutido sobre o assunto na etapa do diagnóstico e
sua justificativa do projeto está pronta.
Objetivos do Projeto: Em um projeto é preciso dizer o que se deseja com ele, qual o
objetivo a ser realizado. A resposta está na construção do Plano de Ação, ela foi
construída na etapa em que vocês disseram para onde a ação iria levá-los no futuro.
Qual a situação que encontramos na educação infantil do município daqui 4 ou 5 anos?
Quando responderam que tipo de resultado a ação irá produzir, estabeleceram metas,
objetivos específicos, objetivos gerais. “Daqui 4 ou 5 anos vamos ter aumentado cerca
de 100 vagas por ano, meta que foi pactuada o TAC assinado entre a Secretaria
Municipal e o Ministério Público. Esse aumento fará com que até 2018 nosso município
tenha zerado o déficit acumulado nas vagas em creche. Essa ação possibilitará ao
município universalizar o atendimento na educação infantil, melhorando a qualidade
de vida das crianças na primeira infância, desenvolvendo habilidades motoras,
protegendo de violência doméstica uma faixa etária de alta vulnerabilidade,
garantindo atendimento nutricional adequado, etc..”. Aí estão metas, objetivos
específicos, objetivos gerais.
Etapas do Projeto: Quando se vai fazer um projeto é preciso dizer das suas etapas.
Vocês já fizeram isso quando responderam a pergunta: “Como vão ampliar o número
de vagas em creche?”. Voltem nas anotações e vejam qual foi o passo a passo que
vocês programaram para essa ação. “Elaborar projeto de engenharia para ampliação e
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reforma da Creche da Vila Esperança; construir nova creche no Bairro Cohab; atualizar
cadastro de demanda por bairro, etc...”
Cronograma Físico Financeiro: Um projeto precisa ter um cronograma físico financeiro
e ele já está pronto. Quando vocês responderam as duas perguntas: Quanto vai custar
cada etapa do projeto? Quando isso será feito? Na resposta vocês fizeram o
dimensionamento do custo da ação e colocaram a ação na linha do tempo. Com maior
ou menor detalhamento já planejaram o que a ação demanda em termos de recurso e
de tempo para ser realizada.
Os elementos apontados acima são comuns em todos os projetos: nome, justificativa,
objetivos, etapas, cronograma físico financeiro. Quando a ação nasce como resposta a
um diagnóstico situacional ela é orgânica. Nasce da necessidade concreta e tem
viabilidade. Com isso é fácil fazer um projeto, quem lê o projeto e decide se vai dar ou
não recursos a ele, percebe que a equipe que o formulou sabe o que é preciso, sabe o
que tem que fazer, sabe como fazer, sabe onde quer chegar. O projeto tem começo
meio e fim, as ideias estão encadeadas porque nasceram da reflexão e se organizam
em um contexto geral. O projeto faz parte de um conjunto de ações todas na mesma
direção estratégica.
O conjunto de ações estratégicas que compõem o Plano de Ação traçam uma “rota” a
ser seguida pelos gestores. A equipe tem um caminho a percorrer e está preparada
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para enfrentá-lo. Todos sabem para onde ir, as condições que dispõem para essa
jornada e os cenários favoráveis e adversos que terão pela frente. Estão pronto para a
viagem, fizeram o Planejamento Estratégico, o Plano de Ação é o mapa.
BOA VIAGEM!
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8. Bibliografia
CRUZ, Célia Meirelles e ESTRAVIZ, Marcelo. Captação de Diferentes Recursos para Organizações sem Fins Lucrativos. Instituto Fonte. Editora Global. São Paulo. 2000.
FERREIRA, Ademir, REIS, Ana Carla Fonseca e PEREIRA, Maria Isabel. Gestão Empresarial de Taylor aos nossos dias. Editora Pioneira, São Paulo, 2002.
KISIL, Rosana. Elaboração de Projetos e Propostas para Organizações da Sociedade Civil. Instituto Fonte. Editora Global. São Paulo, 2001.
OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Planejamento Estratégico, conceitos, metodologias e práticas. Editora Atlas, São Paulo, 2003.
PAULA E SILVA, Antônio Luiz. Utilizando o Planejamento como Ferramenta de Aprendizagem. Instituto Fonte. Editora Global. São Paulo. 2000.
TIFFANY, Paul e PETERSON, Steven D. Peterson. Planejamento Estratégico: o melhor roteiro para um planejamento estratégico eficaz. Editora Campos. Rio de Janeiro.1998.
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