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    UNIVERSIDADE DO ALGARVE

    Faculdade de Cincias e Tecnologia

    MTODOS DE AVALIAO DE RISCOS

    CONTRIBUTOPARAASUAAPLICABILIDADE NO SETOR DA CONSTRUOCIVIL

    Ana Lisa Portugus Valago de Mendona

    Relatrio de Atividade Profissional para a obteno do Grau Mestre em

    Engenharia do Ambiente

    Trabalho efetuado sob a orientao de:

    Professor Doutor Lus Nunes

    2013

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    MTODOS DE AVALIAO DE RISCOS

    CONTRIBUTOPARAASUAAPLICABILIDADE NO SETOR DA CONSTRUO

    CIVIL

    Declarao de autoria de trabalho

    Declaro ser a autora deste trabalho, que original e indito. Autores e trabalhos consultados

    esto devidamente citados no texto e constam da listagem de referncias includa.

    ___________________________________

    Copyright Ana Lisa Portugus Valago de Mendona

    A Universidade do Algarve tem o direito, perptuo e sem limites geogrficos, de arquivar e

    publicitar este trabalho atravs de exemplares impressos reproduzidos em papel ou de forma

    digital, ou por qualquer outro meio conhecido ou que venha a ser inventado, de o divulgar

    atravs de repositrios cientficos e de admitir a sua prpria e distribuio com objetivos

    educacionais ou de investigao, no comerciais, desde que seja dado crdito ao autor e

    editor.

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    Os pessimistas reclamam do

    vento, os otimistas esperam que

    ele mude, os realistas ajustam

    as velas

    William A. Ward

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    i

    Resumo

    A avaliao de riscos a base para a preveno de acidentes e doenas profissionais. Esta

    dever ser cuidadosamente efetuada e adequada realidade de cada empresa, garantindo que

    todos os riscos relevantes so identificados e indicadas as respetivas medidas de preveno,

    bem como garantido a verificao da sua eficcia, o devido registo dos resultados e a

    avaliao em intervalos regulares.

    Com este trabalho pretende-se apresentar uma sntese dos mtodos de avaliao de riscos,

    bem como proceder escolha do mtodo mais adequado para o objeto de estudo, empresa de

    construo civil. Foram selecionados dois mtodos e procedeu-se comparao de resultados.

    A avaliao de riscos realizada permite identificar para as atividades analisadas as tarefas com

    riscos mais elevados, bem como definir prioridades de interveno.

    Palavras-Chave

    Avaliao de Riscos, Anlise de Riscos; Valorao de Riscos, Perigo; Risco.

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    ii

    Abstract

    Risk assessment is the basis for the prevention of occupational accidents and diseases. This

    should be done carefully and adequate to the reality of each company, ensuring that all

    relevant risks are identified and given the respective preventive measures, as well as assuring

    the verification of their effectiveness, the reporting of results and evaluation at regular

    intervals.

    This work aims to provide an overview of methods for risk assessment and proceed to choose

    the most appropriate method for the object of study, construction company. Two methods

    were selected and proceeded to compare results.

    The risk assessment undertaken for the activities analyzed, allows the identification of tasks

    with higher risks and to set intervention priorities.

    Keyword

    Risk Assessment, Risk Analysis, Valuation Risk, Hazard, Risk.

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    iii

    INDICE GERAL

    Resumo i

    Abstract ii

    ndice Geral iii

    ndice Quadros v

    ndice Figuras vi

    Captulo 1Introduo........................................................................ 1

    1.1 Enquadramento ao Tema............................................................ 1

    1.2 Objetivos.............................................................................. 2

    1.3 Justificao do Tema................................................................. 2

    1.4 Estrutura do Relatrio............................................................... 3

    Captulo 2Exposio Tcnica............................................................... 4

    2.1 - Evoluo da Avaliao de Riscos..................................................... 4

    2.2Conceitos............................................................................... 5

    2.3Fases da Avaliao do Risco.......................................................... 6

    2.3.1A Anlise do Risco................................................................ 6

    2.3.1.1Identificao de perigo e possveis consequncias......................... 7

    2.3.1.2Identificao das pessoas expostas........................................... 7

    2.3.1.3Estimativa do Risco.......................................................... 8

    2.3.2Valorao do Risco............................................................... 9

    2.4Metodologias de Avaliao de Riscos................................................ 9

    2.4.1Mtodos de Avaliao Qualitativos............................................. 10

    2.4.2Mtodos de Avaliao Quantitativos........................................... 10

    2.4.3Mtodos de Avaliao Semi-Quantitativos.................................... 11

    2.4.4 Descrio dos Mtodos......................................................... 12

    2.4.4.1 Mtodo Simples............................................................ 12

    2.4.4.2 Anlise Preliminar de Riscos............................................. 15

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    iv

    2.4.4.3 Anlise do Modo de Falhas e Efeitos..................................... 17

    2.4.4.4 Observao Direta de Atos Inseguros.................................... 19

    2.4.4.5 Anlise da Segurana de Tarefas......................................... 21

    2.4.4.6 Hazop....................................................................... 25

    2.4.4.7 Anlise por rvore de Eventos........................................... 28

    2.4.4.8 Anlise por rvores de Falhas............................................ 30

    2.4.4.9 Guia de Avaliao de Riscos Mtodo Simplificado..................... 38

    2.4.4.10 Guia de Avaliao de Riscos Mtodo de W. T. Fine.................... 49

    2.4.4.11 Mtodo Integrado de Avaliao de Riscos............................... 57

    2.4.5Comparao dos mtodos....................................................... 64

    2.5A Gesto do Risco.................................................................... 71

    Capitulo 3Caso de Estudo.................................................................. 72

    3.1Objeto de Estudo..................................................................... 72

    3.2Implementao ........................................................................ 72

    3.2.1 - Primeira Etapa: Recolha e tratamento de dados.............................. 72

    3.2.2 - Segunda Etapa: Escolha da metodologia de avaliao de riscos............. 75

    3.2.3Terceira Etapa: Implementao da metodologia de avaliao de riscos.... 76

    3.3Apresentao e discusso de resultados............................................. 77

    3.4Concluses ............................................................................. 81

    Referncias bibliogrficas.................................................................... 84

    Bibliografia..................................................................................... 85

    Capitulo 4Curriculum Vitae............................................................... 86

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    v

    ndice de Quadros

    Quadro 1. Categorias de consequncias........................................................ 13

    Quadro 2. Categorias da probabilidade......................................................... 13

    Quadro 3. Nveis de Risco ...................................................................... 13

    Quadro 4. Valorao do risco.................................................................. 14

    Quadro 5 - Tabela para aplicao da anlise preliminar de riscos............................. 16

    Quadro 6 - Tabela para aplicao da anlise preliminar de perigos........................... 16

    Quadro 7 - Tabela para aplicao do modo de falhas e efeitos................................ 18

    Quadro 8 - Gravidade da tarefa (G):........................................................... 22

    Quadro 9 - Frequncia da tarefa (F)............................................................ 22

    Quadro 10 - Probabilidade (P) .................................................................. 22

    Quadro 11 - Formato de registo................................................................ 23

    Quadro 12 - Tabela para aplicao da anlise de tarefas crticas.............................. 24

    Quadro 13 - Desvios em funo dos parmetros do projeto e as palavras guia............... 26

    Quadro 14 - Exemplo de aplicao do mtodo Hazop......................................... 27

    Quadro 15 - Smbolos utilizados para a construo da rvore................................. 32

    Quadro 16 - Exemplo para colocao dos operadores......................................... 35

    Quadro 17 - Exemplo de lista para combinaes mnimas.................................... 36

    Quadro 18 - Determinao do nvel de deficincia............................................ 41

    Quadro 19 - Determinao do nvel de exposio............................................. 42

    Quadro 20 - Significado dos diferentes nveis de probabilidade............................... 43

    Quadro 21 - Determinao do nvel de consequncias........................................ 44

    Quadro 22 - Determinao do Fator Consequncia (C)........................................ 52

    Quadro 23 - Determinao do Fator de Exposio (E)........................................ 52

    Quadro 24 - Determinao do Fator de Fator de Probabilidade (P)........................... 53

    Quadro 25 - Critrio de Atuao com Base no Grau de Perigosidade (GP)................... 54

    Quadro 26 - Determinao do Fator de Custo (FC)............................................ 55

    Quadro 27 - Determinao do Grau de Correo (GC)........................................ 55

    Quadro 28 - Determinao do ndice de Justificao (J)...................................... 55

    Quadro 29 - Determinao do Fator Consequncia (C)........................................ 60

    Quadro 30 - Determinao do Fator de Exposio (E)........................................ 60

    Quadro 31 - Determinao do Fator de Fator de Probabilidade (P)........................... 61

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    vi

    Quadro 32 - Critrio de Atuao com Base no Risco Intrnseco (RI)......................... 61

    Quadro 33 - Determinao do Fator de Custo (FC)............................................ 62

    Quadro 34 - Determinao do Grau de Correo (GC)........................................ 63

    Quadro 35 - Determinao do ndice de Justificao (J)...................................... 63

    Quadro 36 - Mtodos de Avaliao Qualitativos, Quantitativos, Semi-quantitativos -

    vantagens e desvantagens....................................................................... 64

    Quadro 37 Classificao do mtodo quanto ao tipo........................................... 65

    Quadro 38 Mtodos de Avaliao de Riscos, vantagens e desvantagens...................... 66

    Quadro 39 - Critrios de atuao............................................................... 71

    Quadro 40 - Comparao dos mtodos - atividade alvenaria.................................. 78

    Quadro 41 - Comparao dos mtodos - atividade reboco.................................... 79

    Quadro 42 - Comparao dos mtodos - atividade pinturas................................... 79

    ndice de Figuras

    Figura 1. Fases de um processo de gesto de risco............................................. 6

    Figura 2 - Magnitude do Risco................................................................. 18

    Figura 3 - Exemplo de ficha de avaliao...................................................... 20

    Figura 4 - Exemplo de aplicao da rvore de eventos de falha de refrigerao num reator. 29

    Figura 5 - Exemplo de rvore de falhas com a representao de eventos e operadores....... 33

    Figura 6 - Exemplo de identificao de operadores e eventos bsicos e sem desenvolvimento.

    .................................................................................................. 34

    Figura 7 - Fluxograma para aplicao do Mtodo Simplificado............................... 39

    Figura 8 - Determinao do nvel de probabilidade............................................ 43Figura 9 - Clculo do nvel de risco e de interveno.......................................... 45

    Figura 10 - Significado do nvel de interveno............................................... 45

    Figura 11 - Fluxograma de implementao do mtodo W. T. Fine............................ 50

    Figura 12 - Fluxograma para aplicao do mtodo Integrado................................. 58

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    1

    CAPTULO 1INTRODUO

    1.1Enquadramento ao Tema

    O setor da construo civil continua a evidenciar-se estatisticamente pela elevada taxa de

    mortalidade. num contexto de preveno dos acidentes de trabalho e das doenas profissionais

    que se evidncia a utilizao das ferramentas que podem permitir a diminuio desses resultados.

    Segundo o organismo que tutela esta rea Autoridade para as Condies no Trabalho (ACT),

    nos pases onde existem elevados nveis de segurana e sade no trabalho a competitividade das

    empresas aumenta e diminuem os custos com os acidentes e as doenas profissionais.

    Com a transposio da Diretiva 89/391/CEE, para o direito interno portugus atravs do

    Decreto-Lei n. 441/91, de 14 de Novembro, alterado pelo Decreto-Lei n. 133/99, de 21 de

    Abril, ambos revogados pela atual Lei n. 102/2009, de 10 de Setembro, incluem-se nove

    princpios gerais atribudos s entidades empregadoras, relativos preveno os riscos

    profissionais e proteo da segurana e da sade, eliminao dos fatores de risco e de

    acidente, informao, consulta, participao. Um dos nove princpios o de avaliar os

    riscos que no possam ser evitados.

    Citando (OIT, 2011), a segurana e sade no trabalho trata da preveno de acidentes e de

    doenas profissionais, bem como da proteo e promoo da sade dos trabalhadores. Tem como

    objetivo melhorar as condies e o ambiente de trabalho. Neste contexto, a antecipao, a

    identificao, a avaliao e o controlo dos riscos com origem no local de trabalho, ou da

    decorrentes, que possam deteriorar a sade e o bem-estar dos trabalhadores, so os princpios

    fundamentais do processo de avaliao e de gesto dos riscos profissionais.

    neste contexto que se exige por parte das entidades empregadoras uma sensibilizao para a

    cultura da preveno. Para tal necessrio por em prtica as ferramentas disponveis que neste

    contexto fazem parte as metodologias de avaliao e controlo dos riscos profissionais.

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    2

    1.2Objetivos

    A avaliao de riscos constitui uma etapa chave no processo de preveno, na medida em que, ao

    permitir conhecer o risco, contribui com informao muito importante para o planeamento das

    intervenes preventivas adequadas.

    Este trabalho tem por objetivo:

    - A anlise de alguns dos mtodos de avaliao de riscos;

    - Aplicabilidade prtica numa empresa cujo ramo da construo civil;

    - Comparar os valores dos nveis de riscos obtidos na avaliao;

    - Criar uma ferramenta til para o processo de seleo dos mtodos.

    1.3Justificao do Tema

    Com a imposio legal da Diretiva 89/391/CEE de 12 de Junho, transposta pelo decreto-lei n.

    441/91 de 14 de Novembro, posteriormente revogado pela atual lei n. 102/2009 de 10 de

    Setembro, constitui uma obrigao geral do empregador a integrao da avaliao de riscos

    para a segurana e a sade do trabalhador no conjunto das atividades da empresa,

    estabelecimento ou servio, devendo adotar as medidas adequadas de proteo , constituindo

    uma contraordenao muito grave a violao do referido.

    A legislao no determina qual o mtodo de avaliao de riscos a utilizar, no entanto diversos

    so os mtodos disponveis, pelo que se considera este estudo importante para a definio de

    critrios que facilitem a seleo mais adequada ao nvel da complexidade do sistema a analisar.

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    3

    1.4Estrutura do Relatrio

    O presente relatrio encontra-se dividido nos seguintes captulos:

    Captulo 1Introduo, que inclui o enquadramento ao tema, objetivo e justificao do tema e

    respetiva estrutura.

    Captulo 2Exposio Tcnica, onde se faz o enquadramento histrico e a descrio das fases

    de avaliao de riscos, com a descrio de alguns mtodos de avaliao de riscos existentes.

    Captulo 3 Caso de Estudo, so elaboradas as tabelas de avaliao, segundo os mtodos

    escolhidos para a valorao do risco e respetiva anlise, discusso de resultados e concluses.

    Captulo 4Curriculum Vitae, onde se detalha o percurso profissional do autor deste relatrio.

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    CAPTULO 2EXPOSIO TCNICA

    2.1 - Evoluo da Avaliao de Riscos

    O processo de industrializao e a consequente deslocao das populaes para as cidades

    suscitaram a ateno e a necessidade de uma interveno sobre as situaes de misria dos

    trabalhadores e das respetivas famlias vtimas da sinistralidade laboral. Tal papel foi,

    consequentemente, atribudo ao sistema segurador, de natureza pblica na maioria dos pases

    europeus e parte integrante dos respetivos sistemas de segurana social que, entretanto, se foram

    constituindo (Chiappori, 1997, in Roxo, 2006).

    Em 1931, H. W. Heirinch, publicou um estudo relativo aos custos indiretos e diretos dos

    acidentes de trabalho, onde apresentou um mtodo para o estudo das causas dos acidentes, que

    ficou conhecido por teoria do domin. Baseava-se num efeito de causalidade, que determinava

    um acidente como um conjunto sequencial de cinco fatores so eles: ascendncia e ambiente

    social; falha humana; ato inseguro e/ou condio perigosa, acidente, dano pessoa.

    Em 1947, R. H. Simonds props um mtodo para o clculo dos custos associados a quatro tipos

    de acidentes que provocaram leses incapacitantes, casos de assistncia mdica, casos de

    primeiros socorros e acidentes sem leses.

    Em 1953, a Recomendao n. 97 resultante da Conferncia Internacional do Trabalho definiu

    dois mtodos bsicos para a proteo da sade dos trabalhadores: o acompanhamento mdico de

    cada trabalhador e as medidas tcnicas para prevenir, reduzir ou eliminar riscos do ambiente de

    trabalho.

    Em 1996, Frank E. Bird Jr. publicou o resultado de um estudo, que analisou 90 mil acidentes

    ocorridos numa empresa siderrgica durante 7 anos.

    Em Roxo 2006, o conceito de risco passa a ter uma configurao de instrumentalidade tcnica.

    Reporta-se a condies em que a probabilidade pode ser estimada e a acontecimentos que podem

    ser antecipados.

    num quadro histrico de movimentos sociais significativos que se colocam uma sria dedesafios e citando Roxo 2006, visaram:

    - Elevar para o primeiro plano de prioridades a preveno dos riscos e no as recompensas

    financeiras da penosidade associada ou do dano resultante;

    - Suscitar um alargamento de campo de segurana e sade do trabalho para a prpria organizao

    do trabalho e no somente para os fatores materiais de risco reconhecidos;

    - Uma organizao a ao preventiva para a antecipao dos riscos, para a sua eliminao na

    fonte e no apenas uma perspetiva reativa de preveno corretiva dos riscos caracterizados.

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    5

    A adoo pela Organizao Internacional do Trabalho (OIT), da Conveno n. 155 sobre a

    Segurana e Sade dos Trabalhadores, em 22 de Junho de 1981 e adoo, em 12 de Junho de

    1989, pela Comunidade Econmica Europeia, da Diretiva 89/291/CEE, relativa aplicao de

    medidas destinadas a promover a melhoria da segurana e da sade no trabalho, designada de

    Diretiva Quadro, constituem momentos de viragem no reconhecimento da necessidade de uma

    nova abordagem para os riscos profissionais

    2.2Conceitos

    Os termos perigo e risco nem sempreso utilizados de forma unvoca em todos os pases e

    nas diversas situaes. No contexto do presente relatrio consideram-se as seguintes definies:

    Perigofonte ou situao com potencial para o dano, em termos de leses ou ferimentos para o

    corpo humano ou de danos para a sade, para o patrimnio, para o ambiente do local de trabalho,

    ou uma combinao deste (NP4410, 2004).

    Segundo Comisso Europeia, 1996 a propriedade ou capacidade intrnseca de uma coisa

    (materiais, equipamentos, mtodos e prticas de trabalho, por exemplo) potencialmente

    causadora de danos;

    Riscocombinao de probabilidade e da(s) consequncia(s) da ocorrncia de um determinado

    acontecimento perigoso (NP4410, 2004).

    Segundo Comisso Europeia, 1996 a probabilidade do potencial danificador ser atingido nas

    condies de uso e/ou exposio, bem como a possvel amplitude do risco.

    ento entendido que o perigo reporta-se a uma condio esttica de algo com potencial para

    causar um dano, a ttulo de exemplo ferramentas, mquinas, produtos, mtodos de trabalho. Um

    perigo no conduz necessariamente a danos, mas a existncia de um perigo significa a

    possibilidade de ocorrerem danos.

    A avaliao de riscos o processo de avaliar o risco para a sade e segurana dos trabalhadores

    no trabalho decorrente das circunstncias em que o perigo ocorre no local de trabalho.

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    6

    2.3Fases da Avaliao do Risco

    A avaliao de risco pode compreender duas fases:

    - A anlise do risco, que visa determinar a magnitude do risco;

    - A valorao do risco, que visa avaliar o significado que o risco assume.

    A figura 1, adaptada de Roxo 2006 esquematiza as duas fases da avaliao de riscos, bem como

    a sua relao num processo de gesto do risco.

    Figura 1. Fases de um processo de gesto de risco

    2.3.1A Anlise do Risco

    A anlise de risco, por determinados autores tambm designada por avaliao de risco, pretende

    uma decomposio detalhada do objeto selecionado para alvo de avaliao (uma simples tarefa,

    um local, um equipamento, uma situao, uma organizao ou sistema).A concretizao da anlise de risco deve compreender 3 etapas, como se pde visualizar na

    figura 1:

    - Identificao do perigo e possveis consequncias, mediante a reunio da informao

    pertinente (legislao, manuais de instrues das mquinas, fichas de dados de segurana de

    substncias, processos e mtodos de trabalho, dados estatsticos, experincia dos trabalhadores);

    - Identificao das pessoas expostasou terceirospotencialmente expostos a riscos derivados

    destes perigos;

    Identificao dos trabalhadoresexpostos

    Identificao dos Perigos

    Estimativa dos RiscosR = P x G

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    7

    - Estimativa do risco (qualitativa ou quantitativa) dos riscos identificados, valorando

    conjuntamente a probabilidadeda sua emergncia ou e estimativa da sua frequncia e as

    consequncias da materializao do perigoa gravidade, tambm designada de severidade.

    2.3.1.1Identificao de perigo e possveis consequncias

    Na identificao do perigo pretende-se verificar que perigos esto presentes numa determinada

    situao de trabalho e as suas possveis consequncias, em termos de danos sofridos pelos

    trabalhadores sujeitos exposio desses mesmos perigos.

    Para tal e segundo Comisso Europeia 1996, deve-se:

    a) Consultar e fazer participar os trabalhadores e /ou seus representantes para que comuniquem

    quais os perigos e efeitos adversos por eles detetados;

    b) Examinar sistematicamente todos os aspetos do trabalho, isto :

    - Observar o que realmente sucede no local de trabalho ou durante a execuo dos

    trabalhos (a prtica real pode diferir do que est escrito nos manuais);

    - Pensar nas operaes no rotineiras e intermitentes;

    - Ter em conta eventos no planeados mas previsveis, tais como interrupes das

    atividades laborais.

    c) Identificar os aspetos do trabalho potencialmente causadores de danos (os perigos).

    Esta etapa pode ser considerada como a mais critica em todo o processo, na medida em que, um

    perigo no identificado um perigo no avaliado e, consequentemente, no controlado.

    No que respeita s metodologias utilizadas para a identificao dos perigos, estas podem ser

    definidas em funo do objeto em anlise, do mbito da anlise e dos recursos disponveis. Esta

    etapa deve ser convenientemente planeada e organizada, de forma a conseguir clarificar-se as

    diversas naturezas dos perigos existentes (ex: perigos associados aos processo de trabalho, sfontes de energia, aos produtos, s mquinas, etc.). As tcnicas mais utilizadas so: Listas de

    verificao (check-list), entrevistas com elementos da empresa e brainstorming.

    2.3.1.2Identificao das pessoas expostas

    Na fase subsequente que a da estimativa do risco, prev-se o conhecimento, objetivo ou

    subjetivo, da gravidade ou severidade que um determinado dano pode assumir, bem como, da

    probabilidade de ocorrncia do mesmo.

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    Esta probabilidade de ocorrncia vai depender:

    - Do tipo de pessoas expostas, ou seja, consoante o nvel de formao, sensibilizao,

    experincia, suscetibilidade individual, etc., ser diferente a probabilidade de sofrer um

    determinado nvel de dano;

    - Da frequncia da exposio.

    De acordo com Comisso Europeia 1996, importante considerar todas as pessoas que podero

    estar expostas, ou seja, no s os trabalhadores diretamente afetos ao posto de trabalho em

    anlise, mas tambm todos os outros trabalhadores no espao de trabalho. Importante ainda,

    considerar tambm aqueles que podem no estar sempre presentes, tais como: clientes, visitantes,

    construtores, trabalhadores de manuteno, assim como grupos de sujeitos que possam ser

    particularmente vulnerveis: trabalhadores jovens e inexperientes, grvidas e lactantes,

    trabalhadores com mobilidade condicionada, ou ainda trabalhadores que tomam medicao

    passvel de aumentar a sua suscetibilidade.

    2.3.1.3Estimativa do Risco

    Nesta fase, o objetivo consiste na quantificao da magnitude do risco, ou seja da sua criticidade.

    Segundo diversos autores a magnitude do risco funo da probabilidade de ocorrncia de um

    determinado dano e a gravidade a ele associada, sendo representada pela seguinte frmula:

    Risco (R)= Probabilidade (P) x Gravidade (G)

    A estimativa destas duas variveis assume particularidades consoante os mtodos utilizados, isto

    , consoante se recorra a avaliaes quantitativas, semi-quantitativas ou qualitativas (Gadd et al.,

    2003).

    A escolha do mtodo deve ter em conta:

    - O objetivo da avaliao (Risco de que?; Risco para quem?; Risco devido a qu?);

    - O nvel de detalhe para a avaliao;

    - Os recursos disponveis (humanos e tcnicos);

    - A natureza dos perigos e respetiva complexidade.

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    9

    2.3.2Valorao do Risco

    A valorao do risco corresponde fase final da Avaliao de Risco e visa comparar a

    magnitude do risco com padres de referncia e estabelecer o grau de aceitabilidade do mesmo.

    Trata-se de um processo de comparao entre o valor obtido na fase anteriorAnlise de Risco

    e um referencial de risco aceitvel (Roxo, 2006).

    Nesta fase deve reunir-se informao que permita:

    - Avaliar as medidas de controlo implementadas;

    - Priorizar as necessidades de implementao de medidas de controlo;

    - Definir as aes de preveno / correo a implementar.

    Em suma, o resultado desta fase deve permitir a definio das aes de melhoria, que podem

    assumir carcter de curto ou longo prazo.

    2.4Metodologias de Avaliao de Riscos

    Em termos metodolgicos, no existem regras fixas sobre a forma como a avaliao de riscos

    deve ser efetuada. No entanto segundo Comisso Europeia 1996, dois princpios devem ser

    considerados quando se pretende fazer uma avaliao:

    - Estruturar a operao, de modo a que sejam abordados todos os perigos e riscos relevantes;

    - Identificar o risco, de modo a equacionar se o mesmo pode ser eliminado.

    Qualquer que seja a metodologia que se pretenda implementar, a abordagem dever ser comum e

    integrar os seguintes aspetos (adaptado de Comisso Europeia, 1996):

    - Observao do meio circundantes do local de trabalho;

    - Identificao de atividades realizadas no local de trabalho;

    - Considerao dos trabalhos realizados no local de trabalho;

    - Observao de trabalhos em progresso;- Considerao de padres de trabalho;

    - Considerao de fatores externos que podem afetar o local de trabalho;

    - Reviso de fatores psicolgicos, sociais e fsicos que podem contribuir para a ocorrncia de

    stress no trabalho.

    As metodologias de avaliao de riscos devem ser eficientes e suficientemente detalhadas para

    possibilitar uma adequada hierarquizao dos riscos e consequente controlo.

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    10

    Nas fases de estimativa / valorao do risco, podem ser empregues vrios tipos de modelos:

    - Mtodos de avaliao qualitativos;

    - Mtodos de avaliao quantitativos;

    - Mtodos de avaliao semi-quantitativos.

    Nos prximos pontos do presente captulo so desenvolvidos e comparados os mtodos acima

    identificados.

    2.4.1Mtodos de Avaliao Qualitativos

    A aplicao de mtodos qualitativos de estimativa e valorao de riscos profissionais tem por

    base o histrico dos dados estatsticos de cada risco profissional (estatstica da sinistralidade da

    empresa, relatrios de acidentes e incidentes, estatstica da sinistralidade do sector de atividade,

    etc.) ou a opinio de pessoas experientes, dos trabalhadores e dos seus representantes quanto ao

    esperado relativamente a determinado risco profissional. (Cabral, 2012)

    Os mtodos qualitativos so adequados para avaliaes simples, pelo que uma avaliao de

    riscos pode ser iniciada por uma avaliao qualitativa e posteriormente complementada com

    outro tipo de mtodos.

    2.4.2Mtodos de Avaliao Quantitativos

    So mtodos que visam obter uma resposta numrica da magnitude do risco, pelo que, o clculo

    da probabilidade faz recurso a tcnicas sofisticadas de clculo que integram dados sobre o

    comportamento das variveis em anlise. A quantificao da gravidade recorre a modelos

    matemticos de consequncias, de forma a simular o campo de um dado agente agressivo e o

    clculo da capacidade agressiva em cada um dos pontos desse campo, estimando ento os dados

    esperados (Roxo, 2006).

    Ainda segundo este autor, a avaliao quantitativa de riscos pode apresentar-se bastante onerosa

    e implicar a necessidade de dispor de bases de dados experimentais ou histricos com adequada

    fiabilidade e representatividade.

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    2.4.3Mtodos de Avaliao Semi-Quantitativos

    Quando a avaliao efetuada pelos mtodos qualitativos insuficiente para obter a adequada

    valorao dos riscos e, a complexidade subjacente aos mtodos quantitativos no justifica o

    custo associado, deve recorrer-se aos mtodos semi-quantitativos.

    Nestes estima-se o valor numrico da magnitude do risco profissional (R), a partir do produto

    entre a estimativa da frequncia do risco (F) e a gravidade esperada (G) das leses.

    Adicionalmente e sempre que se verifique a exposio ao perigo de mais do que uma pessoa,

    ainda possvel multiplicar aquele nmero pelo nmero de pessoas expostas (HSE, 1993:40;

    CERM, 1997:16, in Roxo, 2006), de que resulta uma hierarquizao a partir da seguinte

    formulao:

    Risco = Frequncia X Gravidade X Extenso das pessoas expostas

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    2.4.4 Descrio dos Mtodos

    2.4.4.1Mtodo Simples

    Resumo:

    Este mtodo representa uma forma simples de estimar qualitativamente os nveis de risco de

    acordo com a sua probabilidade estimada e as consequncias esperadas.

    Este mtodo apropriado para avaliar situaes simples, cujos perigos possam ser facilmente

    identificados pela observao e comparados com princpios de boas prticas, existentes para

    circunstncias idnticas.

    Podemos considerar que uma avaliao de riscos pode comear por uma avaliao qualitativa

    que inclua consideraes sobre as boas prticas utilizadas.

    A presente metodologia foi adaptada de Roxo 2006 e Cabral 2011.

    Objetivos:

    Valorao qualitativa das consequncias e probabilidade e consequente nvel de risco;

    Adoo de medidas para a eliminao de perigos detetados;

    Avaliao da necessidade da convenincia de realizar anlises de riscos mais detalhadas.

    Fases:

    Recolha de informao sobre o objeto de estudo: consiste na pesquisa de informao til para

    compreender o objeto de estudo (organizao produtiva, processo produtivo, trabalho, etc.) e as

    suas envolventes (localizao geogrfica, condicionalismos existentes no local, etc.);

    Estimar a categoria de consequncias segundo o quadro 1;

    Estimar a categoria de probabilidade segundo o quadro 2;

    Estimar os nveis de risco de acordo com as consequncias e probabilidade estimada de

    acordo com o quadro 3; Pelo quadro 4 valorar o risco que considera as aes preventivas a serem estabelecidas.

    Aplicao:

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    Quadro 1.Categorias de consequncias

    Qualitativa Caracterizao

    Ligeiramente danoso Pequenos cortes, irritao dos olhos, dor decabea, desconforto

    Danoso Laceraes, queimaduras, fraturas menores,

    surdez, dermatoses, asma, leses msculo-esquelticas

    Extremamente danoso Amputaes, fraturas maiores, intoxicaes,leses mltiplas, cancro e doenas crnicas,morte

    Quadro 2. Categorias da probabilidade

    Qualitativa Caracterizao

    Baixa Espera-se que possa ocorrer raramente

    Mdia Espera-se que venha a ocorrer com relativafacilidade

    Alta Espera-se que venha a ocorrer com muitafacilidade

    Quadro 3.Nveis de Risco

    R = G x P

    Gravidade

    Ligeiramente

    Danoso Danoso

    Extremamente

    DanosoProbabilidade

    Baixa Trivial Aceitvel Moderado

    Mdia Aceitvel Moderado Importante

    Alta Moderado Importante Intolervel

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    Quadro 4. Valorao do risco

    Risco Medidas

    Trivial No requer medidas especficas.

    Aceitvel No necessrio melhorar a ao preventiva. No entanto,devem ser consideradas solues mais rentveis ou

    melhorias que no impliquem uma carga econmicaimportante.

    necessrio recorrer a verificaes peridicas, de modo aassegurar que se mantm a eficcia das medidas decontrolo.

    Moderado Devem fazer-se esforos para reduzir o risco e devem sertomadas medidas num perodo determinado.

    Quando o risco estiver associado a consequnciasextremamente danosas, ser necessrio uma ao posteriorpara estabelecer com mais preciso a probabilidade dodano, como base para determinar a necessidade de

    melhorias de controlo.Importante O trabalho no deve ser iniciado at que se tenha reduzido

    o risco. Podem ser necessrios recursos considerveis parao controlo do risco.

    Quando o risco corresponde a um trabalho que est a serrealizado devem tomar-se medidas para contornar oproblema, num perodo de tempo inferior ao dos riscosmoderados.

    Intolervel No deve iniciar ou continuar o trabalho at que se tenhareduzido o risco.

    Mesmo quando seja necessria a utilizao de recursoslimitados, o trabalho deve ser interditado.

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    2.4.4.2Anlise Preliminar de Riscos

    Resumo:

    Este mtodo aplica-se, geralmente, s fases iniciais de um novo projeto, pois, como o nome

    indica, preliminar; todavia, a sua aplicao pode ser muito importante para reduzir custos, bem

    como preocupaes desnecessrias e, at, evitar acidentes graves.

    uma anlise inicial, possuindo especial importncia na investigao de sistemas novos e/ou

    poucos conhecidos, ou seja, quando a experincia em riscos na sua operao nula ou deficiente.

    A presente metodologia foi adaptada de Cabral, 2012 e Nunes, 2010.

    Objetivos:

    Deteo dos perigos inerentes aos produtos, processos e servios utilizados;

    Realizao de uma valorizao estimativa dos riscos que supem perigos detetados para os

    trabalhadores, comunidades vizinhas e meio ambiente;

    Adoo de medidas para a eliminao de perigos detetados;

    Avaliao da necessidade da convenincia de realizar anlises de riscos mais detalhadas.

    Fases: Recolha de informao sobre o objeto de estudo: consiste na pesquisa de informao til para

    compreender o objeto de estudo (organizao produtiva, processo produtivo, trabalho, etc.) e as

    suas envolventes (localizao geogrfica, condicionalismos existentes no local, etc.);

    Diviso do objeto de estudo em elementos: diviso e descrio do objeto de estudo em

    trabalhos e subdiviso de cada trabalho em tarefas;

    Seleo dos elementos do objeto de estudo que se pretendem analisar;

    Anlise dos componentes relevantes (materiais e equipamentos) utilizados para a realizaode cada tarefa que possam representar perigo para as pessoas expostas (trabalhadores e/ou

    terceiros);

    Anlise e identificao dos eventos perigosos, bem como das suas consequncias, para

    permitir a valorao e a hierarquizao dos riscos identificados;

    Estabelecimento de medidas de controlo dos riscos e da emergncia ou identificao de outras

    necessidades de anlise de riscos com recurso a outros mtodos;

    Repetio do mtodo para outros eventos perigosos;

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    Seleo de outro elemento do objeto de estudo e repetio do processo.

    Aplicao:

    Para cada trabalho e/ou operao deve ser realizado um quadro de apresentao dos resultados

    da aplicao do mtodo, devendo utilizar-se um quadro que sistematize a informao, como o

    que se apresenta seguidamente no quadro 5.

    Quadro 5 - Tabela para aplicao da anlise preliminar de riscos

    Operao:Modos

    OperatriosEquipamentos Materiais Riscos

    Medidas dePreveno

    (Identificao daTarefa)

    (Indicao dosequipamentos

    a utilizar naexecuo datarefa)

    (Indicao dosmateriais a

    utilizar naexecuo datarefa)

    (Indicaodos riscos

    profissionaisnarealizaoda tarefa)

    Indicao das medidasde preveno planeadas

    para eliminar oureduzir para nveisaceitveis cada risco

    profissionalidentificado)

    Outro exemplo para aplicao da presente anlise o quadro 6:

    Quadro 6 - Tabela para aplicao da anlise preliminar de perigos

    Zona, Funo ouTarefa

    Causa Efeitos

    Categoriasde Risco(I, II, III,

    IV, V)

    Medidas Preventivasou corretivas

    A priorizao das medidas determinada pela categoria dos riscos, ou seja, quando mais

    prejudicial ou maior for o risco, mais rapidamente deve ser solucionado. O resultado da anlise

    preliminar de riscos, muitas vezes classifica os perigos por importncia crescente, em 4

    categorias:

    IEfeitos desprezveis; IIEfeitos limitados; III- Efeitos Crticos; IVEfeitos Catastrficos.

    As decises que esta classificao origina so a eliminao dos perigos de classificao IV e

    eventualmente uma limitao das categorias II e III.

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    2.4.4.3Anlise do Modo de Falhas e Efeitos

    Resumo:

    Este mtodo aplica-se geralmente a equipamentos dinmicos e instrumentao de uma

    instalao (vlvulas de controlo, transmissores, bombas, reatores, etc.) com o objetivo de

    determinar as consequncias dos diferentes modos das possveis falhas.

    A presente metodologia foi adaptada de Cabral, 2012 e Roxo, 2006.

    Fases:

    Definio do sistema a estudar e elaborao da lista dos componentes e equipamentos de uma

    instalao;

    Identificao de todos os modos de falhas possveis (aberto, fechado, fugas, sem corrente,

    etc.);

    Anlise das causas possveis para cada falha identificada;

    Determinao dos efeitos sobre a restante instalao para cada tipo de falha e as

    consequncias que podem advir de cada falha;

    Exame das possibilidades de compensao dos efeitos das falhas (reduo da probabilidade de

    ocorrerem, reduo da gravidade, reduo da propagao, etc.);

    Avaliao qualitativa ou quantitativa do risco atravs da estimao dos nveis de

    probabilidade e gravidade dos efeitos de cada falha (valorao do risco);

    Definio de medidas de eliminao do risco ou preventivas de correo (disjuntores, ligaes

    terra, alarmes de pr-aviso ou de eminncia).

    Aplicao:

    Para a valorao dos riscos necessrio definir as escalas de gravidade e probabilidade.

    A escala de gravidade pode ser definida em seis nveis, sendo eles:

    Nvel 1Desprezvel;

    Nvel 2Danos ligeiros na instalao;

    Nvel 3Perigo de leses ligeiras em trabalhadores e danos importantes nas instalaes;

    Nvel 4Danos graves nas instalaes;

    Nvel 5Danos graves dentro da fbrica;

    Nvel 6Danos graves que atingem o exterior dos limites da fbrica.

    A escala de probabilidadepode ser definida em seis nveis, sendo eles:

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    Nvel 1Extremamente baixo;

    Nvel 2Frequncia reduzida;

    Nvel 3Pouco frequente;

    Nvel 4Bastante possvel;

    Nvel 5Frequente;

    Nvel 6Muito frequente.

    A magnitude do risco definida, ento, por dois dgitos associados (xy), o da gravidade e o da

    probabilidade, atravs da construo de um quadro colocando a gravidade nas abcissas (y) e a

    probabilidade nas ordenadas (x). A escala de magnitude do risco varia entre 11 (valor mnimo) e

    66 (valor mximo). Pode ser verificado na figura 2:

    Figura 2 - Magnitude do Risco

    A valorao do risco consiste na definio de zonas de risco e na sua classificao em:

    Zona com nveis de risco muito elevado(cinzento escuro): corresponde s quadrculas 45,

    46, 54, 55, 56, 62, 63, 64, 65 e 66. As falhas valoradas dentro desta zona devem ser totalmente

    eliminadas;

    Zona com nvel de risco alto(cinzento claro): corresponde s quadrculas 34, 35, 36, 43, 44,

    51, 52, 53 e 61. As falhas valoradas dentro desta zona devem ser reduzidas quanto

    probabilidade, gravidade ou ambas at nveis aceitveis;

    Zona com nvel de risco mdio: corresponde s restantes quadrculas.

    Os resultados da aplicao do mtodo podem apresentar-se num quadro como o que se propeseguidamente:

    Quadro 7 - Tabela para aplicao do modo de falhas e efeitos

    Componentes / subsistema Efeitos das Falhas

    Compensaes,

    procedimento

    Gravidade

    Probabilidade

    Magnitude

    Ordem

    Recomendaes

    e ObservaesNome/

    ref.

    Modo

    da

    falha

    Causas LocalNo

    sistema

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    2.4.4.4Observao Direta de Atos Inseguros

    Resumo:

    A aplicao do mtodo das observaes diretas recorre utilizao de listas de verificao e

    registo (checklist), podendo comparar-se s inspees de segurana das condies fsicas do

    trabalho.

    A presente metodologia foi adaptada de Cabral, 2012.

    Objetivos:

    O mtodo da Observao Direta e Atos Inseguros tem por objetivo caracterizar os riscos

    associados fiabilidade humana, ou seja, identificar atos inseguros cometidos pelos

    trabalhadores durante a realizao das suas tarefas nos seus postos de trabalho e, a partir dessaanlise, propor medidas de eliminao e ou reduo desses atos inseguros atravs da

    sensibilizao e da formao dos trabalhadores.

    Fases:

    Para a aplicao do mtodo necessria uma sequncia articulada de planificao considerando

    os seguintes aspetos:

    Determinao da periodicidade de realizao das observaes e das principais tarefas a

    observar, tendo em conta os novos trabalhadores, os portadores de deficincia, os menos

    eficientes, etc.;

    Realizao das observaes sem prejudicar a realizao do trabalho, nem os objetivos

    pretendidos com as observaes;

    Consulta dos interessados de forma a que se sintam envolvidos no processo de anlise e

    de melhoria da preveno;

    Registo da observao para permitir a consulta e a discusso posterior;

    Acompanhamento para equacionar a ao a desenvolver e monitorar a eficcia das

    medidas adotadas.

    Seguidamente na figura 3 apresenta-se um exemplo de lista de verificao (checklist) para

    observao direta do comportamento de trabalhadores ao sinal de alarme de um sistema de

    anncio e aviso (ATWS) para trabalhos em infra-estruturas ferrovirias.

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    Figura 3 - Exemplo de ficha de avaliao

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    2.4.4.5Anlise da Segurana de Tarefas

    Resumo:

    Este mtodo analisa simultaneamente a segurana, a qualidade, o ambiente e a eficincia das

    tarefas.

    O mtodo pode ser aplicado tendo em vista a elaborao de novos procedimentos bem como a

    reviso dos existentes.

    A presente metodologia foi adaptada de Cabral, 2012.

    Objetivo:

    Tem por objetivo o estudo de postos de trabalho e por alvo principal o ato inseguro.

    Fases:

    A aplicao do mtodo compreende as seguintes etapas:

    Elaborar um inventrio das tarefas sistemticas que requerem sequncias definidas e que

    correspondem ocupao laboral de cada trabalhador, principalmente nas seces de

    produo, distribuio e manuteno;

    Identificar as tarefas crticas;

    Decompor as tarefas em passos ou atividades;

    Identificar os perigos que possam causar perdas do ponto de vista da segurana,

    qualidade, ambiente e eficcia;

    Realizar uma comprovao da eficincia dos passos;

    Efetuar as recomendaes pertinentes em cada passo;

    Escrever os procedimentos para as tarefas crticas; Colocar em prtica os procedimentos;

    Atualizar e manter o registo dos procedimentos.

    Aplicao:

    1Inventrio de tarefas

    As tarefas designadas a cada trabalhador esto normalmente definidas, de forma mais ou menos

    geral, nas descries dos postos de trabalho. conveniente que este inventrio de tarefas se

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    desenvolva conjuntamente com os trabalhadores. importante incluir as tarefas que no so

    habituais, bem como as tarefas crticas e as de emergncia, porque a experincia demonstra que

    as tarefas menos habituais representam maiores possibilidades de erro.

    2Identificao das tarefas crticas(TC)Para esta seleo estabelece-se um critrio de valorao a partir das seguintes caractersticas que

    podem ser consultadas nos quadros 8, 9 e 10:

    Quadro 8 - Gravidade da tarefa (G):

    Nvel Acidentes potenciais correspondentes tarefa

    1 Perda econmica (ex: < 500 )

    2 Acidente com leso sem baixa e/ou perda econmica entre 500 e 2500 (p.ex)3 Acidente com leso com baixa e/ou perda econmica entre 2500 e 5000 (p.ex)

    4 Acidente com capacidade permanente ou morte e/ou perda econmica superior a

    5000 (p.ex) e ou afete negativamente a populao local

    Quadro 9- Frequncia da tarefa (F)

    (Considerando tambm o nmero de trabalhadores que a executam)

    Nvel Definio

    1 Menos de uma vez por dia

    2 Vrias vezes ao dia

    3 Muitas vezes ao dia

    Quadro 10 - Probabilidade (P)

    (De ocorrer perda durante a execuo da tarefa):

    Nvel Definio

    1 Baixa

    2 Mdia

    3 Alta

    Estes critrios devem ser adequados s caractersticas especficas de cada empresa. O mais

    importante definir bem os critrios de forma a permitir priorizar a criticidade das tarefas e

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    poder selecionar as mais adequadas. De acordo com os valores numricos definidos prope-se a

    seguinte escala de prioridade:

    Tarefas cuja soma dos valores numricos de cada critrio se encontre entre 7 e 10

    classificam-se como tarefas crticas de ateno imediata;

    Tarefas cuja soma dos valores numricos da cada critrio se encontra entre 4 e 6

    classificam-se como tarefas que necessitam de ser analisadas;

    Tarefas cuja soma dos valores numricos de cada critrio seja inferior a 3 classificam-

    se como tarefas que no necessitam de ser analisadas.

    O quadro 11 constitui um exemplo de formato de registo para:

    elaborao do inventrio das tarefas;

    a avaliao da sua criticidade;

    a identificao das tarefas crticas.

    Quadro 11 - Formato de registo

    3Decomposio das tarefas em passos

    Cada tarefa crtica analisada e decomposta em passos. Esta decomposio no deve ser muito

    extensa, nem muito simplificada. Geralmente, as tarefas podem decompor-se entre 10 a 15

    passos.

    4Identificao de perigos e possveis perdas

    Este processo exige a anlise de cada passo mediante a aplicao das seguintes questes:

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    Esta a melhor forma de realizar este passo?

    Pode ser melhorado?

    Que perigo existe que pode afetar a segurana, a qualidade, o ambiente ou a perda de

    rendimento?

    A resposta a estas questes permite identificar os perigos, os quais devem ser enunciados em

    registo prprio.

    5Realizar a comprovao da eficincia

    Consiste em comprovar a eficincia de cada passo e melhorar a suaperformance(se for possvel)

    em aspetos relacionados com a segurana, a qualidade, o ambiente e a eficincia.

    6Propor recomendaes

    Com toda a informao gerada at ao ponto atual de aplicao do mtodo j possvel sugerir

    recomendaes, definir sistemas de controloque podem evitar perigos e perdas potenciais.

    Os pontos acima podem ser descritos no quadro 12:

    Quadro 12 - Tabela para aplicao da anlise de tarefas crticas

    7Escrever os procedimentos para as tarefas crticas

    Elaborao ou reviso dos procedimentos referentes s tarefas analisadas tendo em conta os

    resultados obtidos. A formalizao dos procedimentos e o seu acompanhamento constante

    constitui uma atividade permanente a desenvolver pela organizao num processo de evoluo,

    mediante o recurso a outras metodologias de verificao, de comunicao, de consulta e de

    intervenes da ergonomia.

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    2.4.4.6Hazop

    Resumo:

    Este mtodo caracteriza de forma sistemtica e identifica os perigos e problemas de

    operabilidade de componentes de um sistema em estudo.

    O objeto de aplicao do mtodo so processos industriais, podendo aplicar-se, na fase de

    projeto, s instalaes j existentes ou em modificaes a serem introduzidas. O mtodo Hazop

    provavelmente o mais completo e eficaz para a identificao de perigos, mas em projeto novos

    deve ser complementado com algum dos mtodos referidos anteriormente.

    A aplicao do mtodo gera efeitos positivos enormes na melhoria da preveno, nas atitudes, na

    participao e na partilha do conhecimento sobre os perigos.

    A presente metodologia foi adaptada de Cabral, 2012.

    Fases:

    Para a aplicao do mtodo necessrio realizar um conjunto de etapas prvias:

    A concretizao ou a disponibilizao do desenho do processo industrial objeto de

    estudo;

    A constituio do grupo de trabalho cujos elementos renam as competncias especficas

    ao nvel da segurana e as valncias tcnicas necessrias para ainterpretao/compreenso do objeto de estudo;

    A definio do objeto de estudo (toda a instalao, uma seco, uma unidade, etc.);

    Reunio de informao sobre a instalao industrial:

    o Descrio da instalao, incluindo os tipos e quantidades de produtos utilizados;

    o Propriedades e perigosidades das substncias qumicas utilizadas ou a utilizar e as

    reaes qumicas que podem ocorrer;

    o

    Diagrama de processo, tubagem e instrumentao (caractersticas, condies deoperao, etc.);

    o Descrio dos sistemas de emergncia;

    o Instrues e procedimentos;

    o Detalhe e sequncia das operaes a realizar nas diferentes partes de cada unidade

    de processo;

    o Condies em que se realizam as operaes;

    o Resultados de estudos anteriores.

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    Aplicao:

    O princpio metodolgico consiste em identificar os desvios possveis das operaes objeto de

    estudo, respeitando o projeto da instalao, mediante a aplicao de palavras guia aos parmetros

    importantes desse mesmo projeto (caudal, presso, temperatura, fator humano, etc.).

    Para aplicar o mtodo procede-se diviso do diagrama de processo em anlise em circuitos

    completos. Estes dividem-se em linhas ou em partes que contenham no incio e no incio

    equipamentos importantes (ex.: bomba e reator, etc.).

    A cada elemento do objeto de estudo aplicam-se as palavras guia:

    No ou nenhumcorresponde ao valor nulo do parmetro;

    Mais ou aumento demaior valor do parmetro;

    Menos ou diminuio demenor valor do parmetro;

    Inversooposio funo desejada (ex.: circulao invertida do caudal);

    Parte devariao da composio definida (ex.: alterao na relao de componentes);

    Mais que mais componentes no sistema do que os que deveriam existir (ex.:

    impurezas, etc.;

    Outro que ou diferente que qualquer variao da operao normal (ex.: falha de

    servios auxiliares, troca de catalisador, etc.).

    No quadro 13 apresentam-se os desvios em funo dos parmetros do projeto e as palavras

    guia.

    Quadro 13 - Desvios em funo dos parmetros do projeto e as palavras guia

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    A variao consiste em selecionar primeiro um parmetro (ex.: caudal, presso, temperatura,

    etc.) e aplicar todas as palavras guia possveis, analisando os desvios correspondentes antes de

    passar ao parmetro seguinte.

    Para a aplicao do mtodo pode ser utilizado o quadro 14 seguinte que se encontra preenchido

    com um exemplo:

    Quadro 14 - Exemplo de aplicao do mtodo Hazop

    Equipamento: ReatorPalavraGuia

    Desvio Causa Possvel Consequncias Aes recomendadas

    NENHUMcaudal

    Ausncia decaudal

    - Falha deabastecimento;

    - Bomba avariada;- Falta de energia.

    Aumento datemperatura

    - Aumento do volume doreservatrio de gua;

    - Manuteno da bomba;- Alimentao alternativa.

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    2.4.4.7Anlise por rvore de Eventos

    Resumo:

    O mtodo de anlise de riscos por rvore de eventos tem por objeto o estudo de reas e sistemas

    de controlo de emergncia, proporcionando informao sobre a sequncia de eventos acidentais

    subsequentes a um evento acidental iniciador (falha de um equipamento ou problema num

    processo).

    A presente metodologia foi adaptada de Cabral, 2012 e Nunes, 2010.

    Objetivos:

    Conhecer as vrias sequncias acidentais possveis que se podem desencadear;

    Conhecer as possveis consequncias e probabilidades dos diferentes acidentes ocorrerem

    quando se dispe de dados quantitativos.

    Fases:

    A aplicao do mtodo pressupe a aplicao de um raciocnio mental no sentido cronolgico

    dos acontecimentosdurante o percurso acidental e integra as seguintes fases:

    Definio do evento iniciador;

    Identificao dos sistemas de segurana tecnolgicos e comportamentos humanos derivados

    que tenham relao com o evento iniciador;

    Construo da rvore de eventos;

    Descrio dos resultados das sequncias acidentais identificadas.

    Aplicao:1- Definio do evento iniciador

    Estes eventos podem ser qualquer falha de equipamentos crticos, fugas de produtos, problemas

    de processo ou falhas humanas.

    Na definio da localizao dos equipamentos devem considerar-se os possveis eventos

    iniciadores para a instalao de barreiras tecnolgicas para a preveno de acidentes.

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    2-Identificao dos sistemas de segurana tecnolgicos e comportamentos humanos

    derivados que tenham relao com o evento iniciador

    Consiste na identificao e inter-relao de todos os elementos e mecanismos de segurana

    tecnolgicos e humanos que estejam previstos para evitar o possvel acidente (sistema de

    controlo, alarmes e aes de operao de emergncia que devem realizar os operadores, sistemas

    de bloqueio de emergncia, etc.).

    3-Construo da rvore de eventos

    A construo da rvore inicia-se pelo evento iniciador que se coloca do lado esquerdo. Em

    seguida, indica-se a sequncia cronolgica do funcionamento dos elementos de segurana

    tecnolgicos e dos comportamentos humanos, ou seja, os passos de funcionamento do sistema de

    segurana definido para atuar numa situao de emergncia.Utilizando linhas e um sistema binrio (sim/no), indicam-se da esquerda para a direita as

    possibilidades de resposta/falha de cada elemento do sistema de segurana, em progresso

    cronolgica. Pode ser verificado um exemplo na figura 4.

    4-Descrio dos resultados das sequncias acidentais identificadas

    Os resultados das possveis sequncias de eventos acidentais constituem uma variedade de

    consequncias. Algumas podem conduzir a uma recuperao de operao do sistema, enquantooutras podem conduzir ao acidente. Estas ltimas devem ser objeto de anlise mais detalhada,

    aplicando-se mtodos quantitativos.

    Figura 4 - Exemplo de aplicao da rvore de eventos de falha de refrigerao num reator

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    2.4.4.8Anlise por rvores de Falhas

    Resumo:

    A anlise de riscos profissionais utilizando o mtodo de anlise por rvore de falhas parte do

    evento perigoso de topo analisando e decompondo as falhas de equipamentos ou erros humanos

    que sequencialmente podem contribuir para a ocorrncia desse evento perigoso de topo em

    estudo. O presente mtodo constitui, assim, uma tcnica dedutiva (parte do evento de topo para

    as causas) de anlise pr-activa (aplicao do mtodo a priori) de riscos profissionais.

    O mtodo baseia-se na teoria da causalidade mltipla de acidentes, pelo que na lgica de

    construo da rvore necessrio considerar as vrias alternativas possveis de encadeamento

    das causas at ocorrncia do evento perigoso de topo, ou seja, analisar as alternativas possveis

    de conjugao da constelao hipottica de fatores causais.

    A presente metodologia foi adaptada de Cabral, 2012.

    Objetivos:

    O objetivo da aplicao do mtodo consiste em identificar os eventos bsicos que desencadeiam

    a ocorrncia dos eventos intermdios at ao evento perigoso de topo.

    Da aplicao do mtodo resulta uma lista de combinaes com o nmero mnimo de falhas, tantode equipamentos como de falhas humanas suficientes para provocar o acidente (evento perigoso

    de topo), se aquelas ocorrerem em simultneo, e um conjunto de recomendaes de medidas

    preventivas para evitar o acidente.

    Fases:

    Seleo do evento perigoso de topo e limites do sistema;

    Construo da rvore de falhas;

    Determinao das combinaes mnimas de falhas para ocorrer o acidente e estabelecimento

    de prioridades;

    Quantificao da probabilidade de ocorrncia do acidente;

    Recomendao das medidas preventivas.

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    Aplicao:

    1-Seleo do evento perigoso de topo e limites do sistema

    Consiste na seleo de um tipo de acidente caracterstico, conhecido ou possvel, do sistema em

    estudo. Para a seleo do evento perigoso de topo podem utilizar-se mtodos de anlise de riscos

    como a Anlise Preliminar de Riscos ou a Anlise de Modos de Falhas e Efeitos.Devem ser estabelecidos os limites do sistema que determinam o objeto de estudo em concreto,

    tendo em vista a correta aplicao do mtodo (exemplo: definir o ponto do processo em que se

    inicia o estudo e o ponto final) e devem ser, ainda, considerados determinados pressupostos de

    correta operao do sistema (exemplo: no considerar falhas de fornecimento de energia eltrica

    ao sistema em estudo, falhas de disjuntores eltricos e ou conexes eltricas, etc.).

    2-Construo da rvore de falhasA rvore de falhas inicia-se com o evento perigoso de topo (acidente) e continua com as causas

    imediatas ou eventos intermdios necessrios e suficientes para a ocorrncia do acidente,

    indicando o tipo de operador ou porta lgica e ou ou que se relaciona com aquele, em

    sentido contrrio ao da sequncia temporal de ocorrncia dos eventos intermdios.

    A rvore desenvolve-se em diferentes ramos at identificao dos eventos bsicos. Os eventos

    bsicos so aqueles que no necessitam de outros anteriores para serem explicados. Tambm se

    pode verificar que algum ramo da rvore termine num evento sem desenvolvimento, devido falta de informao sobre esse evento ou pouca utilidade em analisar as causas que o originam.

    Os eventos bsicos ou sem desenvolvimento devem estar bem identificados na parte inferior dos

    ramos da rvore e caracterizam-se pelos seguintes aspetos:

    So independentes entre si;

    A probabilidade de que ocorram pode ser determinada ou estimada.

    No Quadro 15 seguinte apresentam-se os smbolos utilizados para a construo da rvore e seu

    significado.

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    Quadro 15 - Smbolos utilizados para a construo da rvore

    Se uma causa imediata contribui diretamente por si s para originar o evento anterior, liga-se

    com esse evento atravs do operador ou.

    Na construo da rvore devem seguir-se as seguintes regras:

    Primeira regra: todos os eventos englobados em retngulos ou crculos devem incluir informao

    que responda s seguintes questes:

    Quem (pessoa) ou o qu (elemento) falha?

    Qual o tipo de falha?

    Em que se repercute o ndice da falha?

    Segunda regra: a rvore constri-se por nveis e no se deve passar ao nvel seguinte sem

    terminar o anterior;

    Terceira regra: devem-se completar todas as entradas de um operador sem passar ao seguinte;

    Quarta regra: no se devem conectar operador diretamente entre si. Cada operador deve englobar

    as falhas bsicas ou intermdias apropriadas.

    Na figura 5 apresenta-se um exemplo de rvore de falhas com a representao de eventos e

    operadores.

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    Figura 5 - Exemplo de rvore de falhas com a representao de eventos e operadores.

    3-Determinao das combinaes mnimas de falhas para ocorrer o acidente e

    estabelecimento de prioridades

    Para a determinao das combinaes mnimas devem seguir-se os passos seguintes:

    Primeiro passo: numeram-se sequencialmente os eventos bsicos e os eventos sem

    desenvolvimento a partir do topo da rvore. A numerao inicia-se no primeiro ramo da rvore

    at ao fim deste, em seguida, volta ao incio do segundo ramo da rvore, realizando-se estaoperao sucessivamente at identificao de todos os eventos bsicos e sem desenvolvimento

    de todos os ramos da rvore de falhas. Quando um evento se repete atribudo o mesmo nmero;

    Segundo passo: identificam-se sequencialmente os operadores e ou ou com letras a partir

    do topo da rvore. A identificao inicia-se no primeiro ramo da rvore at ao fim deste; em

    seguida, volta ao incio do segundo ramo da rvore, realizando-se esta operao sucessivamente

    at identificao de todos os operadores da rvore de falhas;

    Terceiro passo: obtm-se as combinaes existentes entre os eventos bsicos.

    Na Figura 6 pode ser consultado um exemplo de identificao de operadores e eventos bsicos e

    sem desenvolvimento:

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    Figura 6 - Exemplo de identificao de operadores e eventos bsicos e sem desenvolvimento.

    A estrutura lgica da rvore de falhas permite utilizar a lgebra de Boole, traduzindo esta

    estrutura em equaes lgicas. As regras para estabelecer as equivalncias lgicas so:

    Operador ou equivale ao smbolo + e significa a unio () na teoria de conjuntos;

    Operador e equivale ao smbolo . e significa a interceo () na teoria de

    conjuntos.

    Para melhor compreenso da aplicao do mtodo apresentam-se as propriedades de operaes

    de conjuntos (lgebra de Boole):

    Propriedade comutativa

    X+Y = Y+XAB=BA

    X.Y = Y.X AB=BA

    Propriedade associativa

    X+(Y+Z) = (X+Y)+ZA(BC) = (AB) C

    X.(Y.Z) = (X.Y).Z A(BC) = (AB) C

    Propriedade distributiva

    X.(Y+Z) = X.Y + X.ZA(BC) =ABAC

    Propriedade idempotente

    X.X = X AA=A

    X+X = XAA=A

    Lei da absoro

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    X.(X+Y) = XA(AB) =A

    X+X.Y = X AAB=A

    Para a identificao das combinaes mnimas de falhas necessrio elaborar um quadro. Na

    primeira linha do quadro colocam-se os operadores j identificados com letras. A sequncia dosoperadores definida pela sequncia dos nveis da rvore e da esquerda para a direita, ou seja:

    identificam-se no nvel 1 quais os operadores presentes e colocam-se na mesma ordem da

    esquerda para a direita com que se encontram na rvore; passa-se para o nvel 2 e identificam-se

    os operadores presentes e procede-se da mesma forma que para o nvel 1.

    A cada operador ou correspondem tantas colunas como:

    O nmero de entradas de eventos intermdios nesse operador mais 1, se o operador de

    combinao ou;

    O nmero de entradas de eventos intermdios nesse operador e o nmero de entradas no

    operador de combinao quando este e.

    A cada operador e correspondem tantas colunas como:

    O nmero de entradas nesse operador mais 1, se o operador de combinao ou;

    O nmero de entradas nesse operador e o nmero de entradas no operador de combinao

    quando este e.

    No quadro 16 encontra-se um exemplo para colocao dos operadores:

    Quadro 16 - Exemplo para colocao dos operadores

    A B D C E

    eouououou

    Para o preenchimento do quadro necessrio utilizar as seguintes regras:

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    Inicia-se o preenchimento do quadro com a letra do primeiro operador que se coloca na clula

    superior esquerda do quadro e continua-se da esquerda para a direita mediante a aplicao das

    regras dos operadores e e ou;

    Regra do operador e: a primeira conexo a este tipo de porta procede de outra porta

    atravs de um evento intermdio ou procede de um evento bsico que substitui no quadro a letra

    do operador e considerado. As conexes seguintes ou entradas neste operador e so

    incorporadas no quadro, colocando cada uma delas em cada uma das colunas seguintes livres,

    mas sempre na mesma linha do quadro;

    Regra do operador ou: a primeira entrada neste operador procede de outro operador

    atravs de um evento intermdio ou procede de um evento bsico que substitui no quadro a letra

    da porta ou considerada e as seguintes entradas a essa porta ou so incorporadas no quadro

    nas linhas imediatamente inferiores vazias. Cada linha nova que se inicia complementa-se

    repetindo as outras entradas existentes na linha da porta ou considerada.

    Estas duas regras dos operadores e e ou repetem-se as vezes necessrias at somente

    existirem os nmeros dos eventos bsicos ou sem desenvolvimento.

    Para obter as combinaes mnimas aplicam-se os critriosseguintes:

    Se uma combinao se repete noutra ordem sequencial, ento opta-se pela combinao em

    ordem crescente (propriedade comutativa);

    Se numa combinao se repete um mesmo evento bsico, anula-se um deles (propriedade

    idempotente);

    Uma combinao de eventos bsicos no pode conter outra combinao com menor nmero

    de eventos bsicos; assim, anula-se a combinao maior (lei da absoro).

    Da aplicao destes critrios resultam as combinaes mnimas (que podem ser introduzidas no

    Quadro 17) de eventos bsicos que originam o acidente (evento de topo).

    Quadro 17 - Exemplo de lista para combinaes mnimas

    Combinaes mnimas

    A lista de combinaes mnimas de falhas pode ordenar-se tendo por base critrios de prioridade,

    considerando aquelas combinaesque tiverem maior probabilidade de falha. Os critrios de

    prioridade so:

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    A combinao de um evento bsico mais provvel do que a combinao de dois eventos

    bsicos e esta combinao mais provvel que a combinao de trs eventos bsicos;

    Entre combinaes com o mesmo nmero de eventos bsicos, a prioridade definida

    considerando que dos trs tipos de eventos bsicos (falha humana, falha de equipamento ativo,

    falha de equipamento passivo) mais provvel ocorrer a falha humana e menos provvel

    ocorrer a falha do equipamento passivo.

    4-Quantificao da probabilidade do acidente

    Para quantificar a probabilidade de ocorrncia de um acidente necessrio dispor de dados de

    falha de cada equipamento envolvido nas combinaes de eventos bsicos.

    A construo da funo matemtica que determina a probabilidade do acidente segue as

    seguintes regras: A probabilidade de eventos bsicos que concorrem no operador e multiplicam-se;

    A probabilidade de eventos bsicos que concorrem no operador ou somam-se.

    4-Recomendao de medidas preventivas

    Uma vez que se dispe da lista de combinaes mnimas de falha ordenada com base nos

    critrios de prioridade, devem ser propostas medidas de preveno adequadas para evitar a

    ocorrncia de tais falhas e reduzir a probabilidade ou tornar a ocorrncia do acidente quaseimpossvel.

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    2.4.4.9Guia de Avaliao de Riscos Mtodo Simplificado

    1. Objetivo

    O objetivo deste guia definir o modo de atuao para a identificao dos perigos, avaliao,

    hierarquizao e controlo dos riscos associados s atividades e processos de forma a determinar

    aqueles que podero ser tolerados e no tolerados, utilizando o sistema simplificado de avaliao

    de riscos.

    A presente metodologia foi adaptada de Cabral, 2012.

    2. Documentos relacionados

    - Lista de verificao

    - Tabela de avaliao dos riscos

    Este mtodo tambm conhecido por M.A.R.A.T (Mtodo de Avaliao de Riscos e Acidentes de

    Trabalho) foi desenvolvido pelo INSHT Instituto Nacional de Seguridad e Higiene en el

    Trabajo, e constante na NTP 330 (NTP, s/ data). A presente descrio teve por base a

    metodologia utilizada por (Cabral, 2012)

    3. Procedimentos

    3.1 Modo Operativo

    O modo operativo para aplicao do presente mtodo pode ser consultado na figura 7 abaixo

    representada.

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    Figura 7 - Fluxograma para aplicao do Mtodo Simplificado

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    3.2 Descrio do Mtodo

    A metodologia que se apresenta permite quantificar a magnitude dos riscos existentes e, em

    consequncia, hierarquizar racionalmente a sua prioridade de preveno.

    Para tal parte-se da deteo das deficincias existentes nos locais de trabalho para, de seguida,estimar a probabilidade de que ocorra um acidente e, tendo em conta a magnitude esperada das

    consequncias, avaliar o risco associado a cada uma das ditas deficincias.

    Atendendo ao objetivo de simplicidade que se pretende, nesta metodologia no se empregaro os

    valores reais absolutos de risco, probabilidade e consequncias, mas sim os seus nveis numa

    escala de quatro possveis. Assim, falar-se- de:

    nvel de risco;

    nvel de probabilidade; nvel de consequncias.

    Nesta metodologia considera-se, de acordo com o j exposto, que o nvel de probabilidade (NP)

    funo do nvel de deficincia e da frequncia ou nvel de exposio mesma.

    O nvel de risco (NR) ser por seu lado funo do nvel de probabilidade (NP) e do nvel de

    consequncias (NC), e pode expressar-se como:

    NR = NP NC

    Procedimento de atuao

    1. Risco a analisar.

    2. Elaborao de check-listsobre os fatores de risco que possibilitem a sua materializao.

    3. Atribuio de um nvel de importncia a cada um dos fatores de risco.

    4. Preenchimento do questionrio de check-listno local de trabalho e estimativa da exposio e

    consequncias normalmente esperadas.

    5. Estimativa do nvel de deficincia do questionrio aplicado.

    6.

    Estimativa do nvel de probabilidade (NP) a partir do nvel de deficincia (ND) e do nvel de

    exposio (NE).

    7. Comparao do nvel de probabilidade a partir de dados estatsticos disponveis.

    8. Estimativa do nvel de risco (NR) a partir do nvel de probabilidade e do nvel de

    consequncias

    9. Estabelecimento dos nveis de interveno considerando os resultados obtidos e a sua

    justificao socioeconmica.

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    10. Comparao dos resultados obtidos com os estimados a partir de fontes de informao

    precisas e da experincia.

    NVEL DE DEFICINCIA (ND)

    Designa-se nvel de deficincia (ND) magnitude da relao esperada entre o conjunto defatores de risco considerados e a sua relao causal direta com o possvel acidente. Os valores

    numricos empregues nesta metodologia e o significado dos mesmos indicam-se no Quadro 18.

    Quadro 18 - Determinao do nvel de deficincia

    NVEL DEDEFICINCIA

    ND SIGNIFICADO

    Muito deficiente

    (MD) 10

    Detetaram-se fatores de risco significativos que determinam como

    muito possvel a gerao de falhas. O conjunto de medidas preventivasexistentes em relao ao risco resulta ineficaz.

    Deficiente (D) 6Detetou-se algum fator de risco significativo que precisa de sercorrigido. A eficcia do conjunto de medidas preventivas existentes v-se reduzida de forma aprecivel.

    Melhorvel (M) 2Detetaram-se fatores de risco de menor importncia. A eficcia doconjunto de medidas preventivas existentes em relao ao risco no sev reduzida de forma aprecivel.

    Aceitvel (A) No se detetou nenhuma anomalia destacvel. O risco est controlado.No se valoriza.

    Se bem que o nvel de deficincia (ND) possa ser estimado de muitas formas, considera-se

    idneo o questionrio checklistde verificao que analise os possveis fatores de risco em cada

    situao.

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    A cada um dos nveis de deficincia faz-se corresponder um valor numrico (consultar tabela1),

    exceto no nvel aceitvel, em cujo caso no se realiza uma valorizao, j que no se detetam

    deficincias.

    De qualquer modo, o importante que necessrio alcanar nesta avaliao um determinado

    nvel de deficincia com a ajuda do critrio exposto ou de outro similar.

    NVEL DE EXPOSIO

    O nvel de exposio (NE) uma medida de frequncia com que se d a exposio ao risco.

    Para um risco concreto, o nvel de exposio pode-se estimar em funo dos tempos de

    permanncia nas reas de trabalho, operaes com mquinas, etc.

    Os valores numricos, como se pode observar no quadro 19 abaixo indicado, so ligeiramente

    inferiores ao valor que alcanam os nveis de deficincia, j que, por exemplo, se a situao derisco est controlada, uma exposio alta no deveria ocasionar, em princpio, o mesmo nvel de

    risco que uma deficincia alta com exposio baixa.

    Quadro 19 - Determinao do nvel de exposio

    NVEL DEEXPOSIO

    NESIGNIFICADO

    Continuada (EC) 4Continuamente. Vrias vezes durante a jornada laboral com tempo

    prolongado.

    Frequentemente (EF) 3Vrias vezes durante a jornada de trabalho, se bem que comtempos curtos.

    Ocasional (EO) 2Alguma vez durante a jornada de trabalho e com um perodo curtode tempo.

    Espordica (EE) 1 Irregularmente.

    NVEL DE PROBABILIDADE

    Em funo do nvel de deficincia das medidas preventivas e do nvel de exposio de risco,

    determina-se o nvel de probabilidade (NP), o qual se pode expressar como o produto de ambos

    os termos. Consultar figura 8.

    NP = ND NE

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    Figura 8 - Determinao do nvel de probabilidade

    Quadro 20 - Significado dos diferentes nveis de probabilidadeNVEL DEPROBABILIDADE

    NP SIGNIFICADO

    Muito alta (MA)Entre40 e 24

    Situao deficiente com exposio continuada, ou muitodeficiente com exposio frequente.

    Normalmente a materializao do risco ocorre comfrequncia.

    Alta (A)Entre

    20 e 10

    Situao deficiente com exposio frequente ou ocasional, ouento situao muito deficiente com exposio ocasional ouespordica.

    A materializao do risco possvel que suceda vrias vezesno ciclo de vida laboral.

    Mdia (M)Entre 8e 6

    Situao deficiente com exposio espordica, ou entosituao melhorvel com exposio continuada ou frequente.

    Baixa (B)Entre 4e 2

    Situao melhorvel com exposio ocasional ou espordica.

    No se espera que se materialize o risco, se bem que possaser admissvel.

    NVEL DE CONSEQUNCIA

    Foram considerados quatro nveis para a classificao das consequncias (NC) (consultar quadro

    21). Foi estabelecido um duplo significado: por um lado, os danos fsicos e, por outro, os danos

    materiais. Evitou-se estabelecer uma traduo monetria destes ltimos, dado que a importncia

    ser relativa em funo do tipo de empresa e da sua dimenso. Ambos os significados devem ser

    considerados independentemente, tendo mais peso os danos s pessoas que os danos materiais.

    Quando as leses no so importantes, ento a considerao dos danos materiais deve ajudar-nos

    a estabelecer prioridades com um mesmo nvel de consequncias estabelecido para pessoas.

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    Como pode observar-se que, a escala numrica de consequncias muito superior da

    probabilidade. Isto deve-se a que o fator consequncias deve ter sempre um maior peso na

    valorizao.

    Observa-se tambm que os acidentes com baixa consideram-se como consequncia grave. Com

    esta considerao pretende-se ser mais exigente na hora de penalizar as consequncias sobre as

    pessoas devido a um acidente do que aplicando um critrio mdico-legal. Alm disso, ser de

    considerar que os custos econmicos de um acidente com baixa, ainda que possam ser

    desconhecidos, so muito importantes. H que ter em conta que quando se referem as

    consequncias dos acidentes, se trata normalmente das consequncias esperadas no caso de

    materializao do risco.

    Quadro 21 - Determinao do nvel de consequncias

    NVEL DE

    CONSEQUNCIASNC

    SIGNIFICADO

    DANOS PESSOAIS DANOS MATERIAIS

    Mortal ou Catastrfico

    (M)100 1 morto ou mais.

    Destruio total do sistema (difcil

    renov-lo).

    Muito Grave (MG) 60Leses graves que podem ser

    irreparveis.

    Destruio parcial do sistema

    (completa e custosa a reparao).

    Grave (G) 25 Leses com incapacidadelaboral temporria.

    Requer-se paragem do processopara efetuar a reparao.

    Leve (L) 10Pequenas leses que no

    requerem hospitalizao.

    Reparvel sem necessidade de

    paragem do processo.

    NVEL DE RISCO E NVEL DE INTERVENO

    A figura 9 permite determinar o nvel de risco e, mediante agrupamento dos diferentes valores

    obtidos, estabelecer blocos de prioridades das intervenes, atravs do estabelecimento tambm

    de quatro nveis (indicados na figura 10).

    Os nveis de interveno obtidos tm um valor orientador. Para priorizar um programa de

    investimentos e melhorias, imprescindvel introduzir a componente econmica e o mbito de

    influncia da interveno. Assim, perante uns resultados similares, estar mais justificada uma

    interveno prioritria quando o custo for menor e a soluo afete um coletivo de trabalhadores

    maior.

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    Por outro lado, no se pode esquecer o sentido da importncia que os trabalhadores do aos

    diferentes problemas. A opinio dos trabalhadores no s deve ser considerada, como a sua

    considerao redundar na efetividade do programa de melhorias.

    NR = NP NC

    Figura 9 - Clculo do nvel de risco e de interveno

    Figura 10 - Significado do nvel de interveno

    conveniente, depois da valorizao do risco, comparar estes resultados com dados de outros

    estudos realizados. Para alm de conhecer a preciso dos valores obtidos poderemos ver a

    evoluo dos mesmos e se as medidas corretivas, desde que se apliquem, resultaram adequadas.

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    O conhecimento das medidas de preveno de riscos a implementar em cada caso de extrema

    importncia no combate aos acidentes de trabalho e s doenas profissionais.

    Devero ser identificadas, planeadas e concretizadas aes corretivas e preventivas relativamente

    aos postos de trabalho.

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    LISTA DE VERIFICAO

    Empresa / Estabelecimento: Data:

    Departamento/Seco: Posto de trabalho:

    Funo: N. de trabalhadores expostos:

    N. Situao Sim No N/A Observaes Ponderao

    Total No Conformidades Ponderadas

    Critrios de avaliao: 0 correto / 44 Muito Deficiente

    O Tcnico:

    Data:

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    AVALIAO DE RISCOS

    Empresa / Estabelecimento: Data:

    Departamento/Seo: Posto de trabalho:

    Operao: N. de trabalhadores expostos

    Ref. Tarefa Identificao dos perigos Dano / Efeito ND NE NP NC NR NI Aes de Controlo Propostas

    Responsvel pela realizao da avaliao de riscos O representante dos trabalhadores para a SHT A direo da empresa

    Nome: Nome: Nome:

    Data e assinatura: Data e assinatura: Data e assinatura:

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    2.4.4.10 Guia de Avaliao de Riscos Mtodo de W. T. Fine

    1. Objetivo

    O objetivo deste guia definir o modo de atuao para a identificao dos perigos, valorao,

    avaliao, hierarquizao e controlo dos riscos associados s atividades e processos de forma

    a determinar as medidas corretivas que podero ser implementadas, utilizando o sistema W.

    T. FINE.

    A presente metodologia foi adaptada de Cabral, 2012.

    2. Documentos relacionados

    - Listas de verificao- Modelo de avaliao de riscos (W.T. Fine)

    Este mtodo foi publicado h mais de 30 anos por W. T. Fine em (Fine, 1971) e

    posteriormente traduzido com algumas alteraes por Cabral & Veiga em (Cabral, 2012) e

    pelo INSHTInstituto Nacional de Seguridad e Higiene en el Trabajo, e atravs (NTP 101,

    s/data).

    No que respeita s frmulas e respetivas quantificaes foram utilizadas as propostas por(Cabral, 2012) dado que so as seguidas por vrios autores a nvel nacional.

    3. Procedimento

    3.1 Modo Operativo

    O modo operativo abaixo exposto na figura 11, foi adaptado de Cabral, 2012, com algumas

    alteraes que no mbito deste relatrio se acharam mais apropriadas.

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    FLUXOGRAMA DESCRIO DA ATIVIDADE

    Discriminar no modelo Avaliao de Riscos

    (Mtodo W.T. Fine) os perigos / fatores de risco

    Fazer a correspondncia dos respetivos riscos e

    consequncias aos fatores de risco / perigos

    anteriormente identificados (utilizar o modelo

    Avaliao de Risco (Mtodo W. T. Fine).

    Utilizar a expresso GP = CxExP

    Propor as aes corretivas / preventivas para os riscos

    identificados e valorados.

    Determinar o fator de custo e grau de correo, e

    posteriormente o ndice de justificao que toma a

    seguinte expresso: J = RI / (FCxGC)

    Redefinio das aes.

    Figura 11 - Fluxograma de implementao do mtodo W. T. Fine

    1 Identificao de Perigos / Fatores de

    Risco

    2 Identificao de Riscos e

    Consequncias

    3Valorao do Risco

    4Aes Corretivas / Preventivas

    5ndice de Justificao

    6Nveis de Ao

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    3.2 Descrio do Mtodo

    A metodologia que se apresenta permite quantificar a magnitude dos riscos existentes e, em

    consequncia, hierarquizar racionalmente a sua prioridade de correo.

    3.2.1Identificao dos perigos / fatores de risco

    Os riscos decorrem no apenas da exposio ao perigo (elemento com potencial para provocar

    o dano - cido), mas tambm de fatores de risco (elementos de trabalho que permite que o

    dano se materialize canalizao oxidada que permite a fuga do cido). Na prtica, alguns

    autores no distinguem os dois conceitos, porm identificar o perigo no local de trabalho nem

    sempre fcil, pelo que se optou por agrup-los no mesmo tipo de observao, pois ambos

    potenciam agresses.

    Poder ser preenchido diretamente no impressoavaliao de riscos (Mtodo W.T. Fine) os

    fatores de risco / perigos identificados para c