métodos da eletrorresistividade e polarização induzida aplicados

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Instituto de Geociências e Ciências Exatas “MÉTODOS DA ELETRORRESISTIVIDADE E POLARIZAÇÃO INDUZIDA APLICADOS NOS ESTUDOS DA CAPTAÇÃO E CONTAMINAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS: UMA ABORDAGEM METODOLÓGICA E PRÁTICA” Antonio Celso de Oliveira Braga Tese apresentada ao concurso público para obtenção do título de Livre-Docente na disciplina “Métodos Geoelétricos Aplicados à Hidrogeologia” do Programa de Pós-Graduação em Geociências e Meio Ambiente do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista. Rio Claro, 2006

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

Instituto de Geociências e Ciências Exatas

“MÉTODOS DA ELETRORRESISTIVIDADE E POLARIZAÇÃO

INDUZIDA APLICADOS NOS ESTUDOS DA CAPTAÇÃO E

CONTAMINAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS: UMA ABORDAGEM

METODOLÓGICA E PRÁTICA”

Antonio Celso de Oliveira Braga

Tese apresentada ao concurso público para

obtenção do título de Livre-Docente na disciplina

“Métodos Geoelétricos Aplicados à

Hidrogeologia” do Programa de Pós-Graduação em

Geociências e Meio Ambiente do Instituto de

Geociências e Ciências Exatas da Universidade

Estadual Paulista.

Rio Claro, 2006

Braga, A.C.O.

i

ÍNDICE

CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1

1.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS....................................................................................... 1

1.2. JUSTIFICATIVAS E OBJETIVOS............................................................................... 2

1.3. METODOLOGIA DA PESQUISA ............................................................................... 3

CAPÍTULO 2. GEOFÍSICA APLICADA E A HIDROGEOLOGIA .................................. 4

2.1. GEOFÍSICA APLICADA............................................................................................. 4

2.2. HIDROGEOLOGIA ..................................................................................................... 8

CAPÍTULO 3. PRINCIPAIS MÉTODOS GEOELÉTRICOS E TÉCNICAS DE CAMPO

............................................................................................................................................. 14

3.1. CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS GEOELÉTRICOS............................................. 14

3.2. MÉTODO DA ELETRORRESISTIVIDADE .............................................................. 17

3.3. MÉTODO DA POLARIZAÇÃO INDUZIDA ............................................................. 24

3.4. TÉCNICAS DE CAMPO DOS MÉTODOS GEOELÉTRICOS.................................... 28

3.4.1. Sondagem Elétrica Vertical - SEV ...................................................................... 29

3.4.2. Caminhamento Elétrico - CE............................................................................... 38

3.5. PARÂMETROS E FUNÇÕES DE DAR ZARROUK .................................................. 41

CAPÍTULO 4. METODOLOGIA GEOELÉTRICA APLICADA NA HIDROGEOLOGIA

............................................................................................................................................. 47

4.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS..................................................................................... 47

4.2. METODOLOGIA GEOELÉTRICA ADEQUADA...................................................... 47

4.2.1. Objetivos Gerais e Geologia Local ...................................................................... 49

4.2.2. Objetivos Específicos e Critérios de Análises ..................................................... 51

4.3. PROGRAMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DOS ENSAIOS GEOELÉTRICOS ...... 53

4.3.1. Sondagem Elétrica Vertical - Schlumberger ........................................................ 53

4.3.2. Caminhamento Elétrico – Dipolo-Dipolo ............................................................ 67

CAPÍTULO 5. MÉTODOS GEOELÉTRICOS NA CAPTAÇÃO DE ÁGUAS

SUBTERRÂNEAS............................................................................................................... 69

5.1. ROCHAS SEDIMENTARES...................................................................................... 69

5.1.1. Aqüíferos Granulares .......................................................................................... 70

5.1.2. Aqüíferos Cársticos............................................................................................. 77

5.1.3. Estimativa de Parâmetros Hidráulicos ................................................................. 78

5.2. ROCHAS CRISTALINAS.......................................................................................... 81

5.2.1. Aqüíferos Fraturados........................................................................................... 82

Braga, A.C.O.

ii

5.2.2. Rochas Basálticas e Diabásios............................................................................. 86

CAPÍTULO 6. MÉTODOS GEOELÉTRICOS NOS ESTUDOS DA CONTAMINAÇÃO

DE SOLOS, ROCHAS E ÁGUAS SUBTERRÂNEAS ....................................................... 88

6.1. ROCHAS SEDIMENTARES...................................................................................... 88

6.1.1. Mapa Potenciométrico......................................................................................... 89

6.1.2. Identificação e Delimitação de Plumas de Contaminação .................................... 91

6.1.3. Aplicação dos Parâmetros de Dar Zarrouk......................................................... 102

6.2. ROCHAS CRISTALINAS........................................................................................ 109

6.2.1. Identificação e Delimitação de Plumas de Contaminação .................................. 110

CAPÍTULO 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................... 113

7.1. MÉTODOS GEOELÉTRICOS APLICADOS NA HIDROGEOLOGIA..................... 113

7.1.1. Considerações Metodológicas ........................................................................... 113

7.1.2. Tratamento dos Dados e Produtos Obtidos ........................................................ 114

7.2. CONCLUSÕES........................................................................................................ 116

BIBLIOGRAFIAS REFERENCIADAS E CONSULTADAS .......................................... 117

Braga, A.C.O.

1

“MÉTODOS DA ELETRORRESISTIVIDADE E POLARIZAÇÃO INDUZIDA

APLICADOS NOS ESTUDOS DA CAPTAÇÃO E CONTAMINAÇÃO DE

ÁGUAS SUBTERRÂNEAS: UMA ABORDAGEM METODOLÓGICA E

PRÁTICA”

CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

1.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

A Geofísica, cujas metodologias ao longo dos anos têm sido aperfeiçoadas e adaptadas

em função da solicitação crescente nos mais variados campos de atuação, tem nas questões

relacionadas às águas subterrâneas, um papel de extrema importância, tanto em estudos

visando à captação para abastecimento, como estudando e solucionando problemas

decorrentes de contaminações através de fontes variadas.

Tradicionalmente empregados nos estudos hidrogeológicos, os métodos geoelétricos,

apresentaram uma evolução na obtenção e tratamento dos dados, tanto na parte instrumental,

como no desenvolvimento de softwares visando à inversão dos dados de campo para obtenção

de modelos mais precisos e confiáveis.

Inicialmente esses métodos tiveram como objetivos maiores, a identificação de camadas

promissoras para captação de águas subterrâneas, visando o abastecimento de um modo geral.

Hoje em dia, além desses objetivos, e considerando a crescente contaminação em

subsuperfície através dos mais variados tipos de contaminantes, atuam em investigações,

relativamente rasas, procurando identificar e mapear contaminantes em solos, rochas e águas

subterrâneas, envolvendo as fases de: (1) investigações preventivas, na caracterização da

geologia, identificando áreas vulneráveis a contaminantes, e, (2) investigações

confirmatórias, remediação e monitoramento, estudando as possíveis alterações no meio

geológico, frente aos contaminantes.

A introdução de alguns tipos principais de contaminantes no subsolo, altera

significativamente os valores naturais dos principais parâmetros geoelétricos dos materiais

geológicos, dos quais os métodos geoelétricos se utilizam (por exemplo, a resistividade

elétrica e cargabilidade). Levantamentos pela eletrorresistividade, efetuados em refinarias de

combustíveis, procurando delimitar plumas de contaminação de derivados de hidrocarbonetos

através de vazamentos de gasolina e óleo diesel, obtém excelentes resultados, podendo

estimar inclusive a variação temporal das contaminações.

Braga, A.C.O.

2

Outra questão a ser levantada, diz respeito a pouca utilização, em nosso país, dos

parâmetros de Dar Zarrouk. Tais parâmetros têm se revelado de extrema utilidade,

contribuindo, em algumas situações, de maneira decisiva na definição dos objetivos

propostos. São parâmetros simples de serem utilizados, não envolvendo acréscimos nos custos

e prazos finais de uma campanha.

De um modo geral, os métodos geoelétricos apresentam ainda, uma particularidade em

relação a outros métodos geofísicos, ou seja, englobam vários métodos, técnicas de campo e

uma infinidade de arranjos possíveis de serem utilizados. Dessa maneira podem ser adaptados

em função da área a ser estudada. Entretanto, existem destaques dentro dessa vasta

metodologia, que devem ser priorizados em relação às demais

1.2. JUSTIFICATIVAS E OBJETIVOS

A utilização inadequada de técnicas geofísicas e/ou arranjos de campo, em função da

geologia e dos objetivos que se propõem alcançar em um determinado projeto, pode levar a

erros graves na definição final do modelo geoelétrico da área estudada. Portanto a escolha da

metodologia geofísica, constitui o primeiro passo para o sucesso ou fracasso da campanha

como um todo.

Vários casos comprovados de resultados incorretos obtidos por levantamentos

geoelétricos, atribuídos à “ineficiência da Geofísica”, foram resultados do emprego de

técnicas inadequadas em função dos objetivos esperados e da geologia local. Portanto, a

programação correta de uma campanha geofísica não é simples nem deve ser “automática”.

Ressalta-se também, que poucos autores e trabalhos técnicos utilizam os parâmetros de

Dar Zarrouk nas definições dos modelos geoelétricos finais. Constata-se, que quando são

utilizados, em alguns casos, o são de maneira incorreta. O emprego adequado de tais

parâmetros pode ser decisivo em várias situações, contribuindo no entendimento do modelo

geral da área estudada.

Considerando o exposto anteriormente, a pesquisa tem como objetivos gerais à aplicação

dos métodos geoelétricos na hidrogeologia, visando: (1) estudos para captação de águas

subterrâneas para abastecimento em geral; e, (2) estudos das contaminações de solos, rochas e

águas subterrâneas, envolvendo as fases de investigação preventiva, confirmatória,

remediação e monitoramento.

Como objetivos específicos, através da aplicação dos métodos da eletrorresistividade e

polarização induzida, utilizando-se das técnicas de campo da sondagem elétrica vertical –

arranjo Schlumberger e caminhamento elétrico – arranjo dipolo-dipolo, e dos parâmetros de

Braga, A.C.O.

3

Dar Zarrouk, tem-se uma discussão e proposição metodológica e prática, em função da

geologia local, sobre os produtos obtidos por essa metodologia, tais como: caracterização

geológica na identificação de aqüíferos promissores e investigação de áreas contaminadas

e/ou sujeitas à contaminação.

1.3. METODOLOGIA DA PESQUISA

A seqüência metodológica adotada na presente pesquisa é apresentada na Figura I-01.

Após o estabelecimento do tema da pesquisa com justificativas e objetivos, tem-se uma

conceituação teórica básica da Geofísica Aplicada e Hidrogeologia, com destaque na

utilização dos métodos geoelétricos – eletrorresistividade e polarização induzida, técnicas de

campo da sondagem elétrica vertical (SEV) e caminhamento elétrico (CE) e parâmetros de

Dar Zarrouk (DZ).

A seguir discutem-se as aplicações dessa metodologia na Hidrogeologia, considerando

as atuações nos estudos visando à captação de águas subterrâneas e envolvendo

contaminações dos materiais geológicos em subsuperfície, em função da geologia local,

definindo a(s) metodologia(s) adequada(s). Dessa maneira conclui-se sobre a interpretação

dos dados e produtos resultantes considerando o tema proposto, e casos históricos de

aplicação.

GEOFÍSICAAPLICADA HIDROGEOLOGIA

TEMA DA PESQUISA

Justificativas e Objetivos

Classificação dosMétodos Geoelétricos

Métodos Geoelétricos

Aplicações na Hidrogeologia

Captação de Águas Subterrâneas

Contaminação de Solos, Rochas e Águas

Subterrâneas

Metodologia, Programação e

Desenvolvimento

Considerações Finais e Conclusões

Técnicas de Campo• SEV – Schlumberger• CE – Dipolo-Dipolo

Métodos Geoelétricos• Eletrorresistividade• Polarização Induzida

Parâmetros de Dar Zarrouk• Resistência Transversal• Condutância Longitudinal

Investigação preventiva, confirmatória, remediação,

e monitoramento

Abastecimento, irrigação, industrial, lazer, etc.

Geologia• Rochas Sedimentares• Rochas Cristalinas

Figura I-01 - Fluxograma metodológico da pesquisa.

Braga, A.C.O.

4

CAPÍTULO 2. GEOFÍSICA APLICADA E A HIDROGEOLOGIA

2.1. GEOFÍSICA APLICADA

A origem da Geofísica Aplicada data de muitos anos atrás, sendo baseada em um

conjunto de técnicas físicas e matemáticas, cujo início e desenvolvimento foi relacionado à

exploração do subsolo, procurando localizar e estudar estruturas favoráveis à acumulação de

substâncias úteis para a sociedade humana, tais como, petróleo, águas subterrâneas, minerais,

etc..

A aplicação da Geofísica em estudos ambientais, envolvendo a contaminação de solos e

rochas e as águas subterrâneas, através de contaminantes inorgânicos e orgânicos, tais como

os resultantes de resíduos de aterros sanitários e/ou vazamentos de combustíveis, tem sido

freqüente e despertado a atenção de pesquisadores.

Geofísica pode ser definida, como: “a ciência que se ocupa do estudo das estruturas do

interior da Terra e da localização nesta, de corpos delimitados pelos contrastes de alguma de

suas propriedades físicas com as do meio circundante, usando medidas tomadas na sua

superfície, interior de furos de sondagens e levantamentos aéreos” (modificado de Orellana,

1972).

É uma ciência que apresenta uma íntima relação com a Física e a Geologia, procurando

resolver, a partir da Física, problemas colocados em termos geológicos. Tanto o geofísico

como o geólogo, estudam a parte sólida da Terra, e apesar de utilizarem instrumentos de

trabalho diferentes, seus objetivos convergem em uma mesma direção. É importante destacar

a necessidade do geólogo na programação dos trabalhos geofísicos, pois o conhecimento deste

profissional contribui para a definição das metodologias geofísicas adequadas e também suas

modalidades de aplicação, bem como na formulação do modelo final interpretado.

Os principais fenômenos físicos que ocorrem no interior da Terra (Figura II-01), nos

quais a Geofísica se baseia, estão ligados ao: campo magnético terrestre; fluxo geotérmico;

propagação de ondas sísmicas; gravidade; campos elétricos e eletromagnéticos; correntes

telúricas, e; radioatividade. Em função do parâmetro físico estudado, a Geofísica pode ser

dividida em quatro grupos de destaque, que podem ser denominados de métodos maiores:

gravimétrico, magnetométrico, geoelétricos e sísmicos.

Os métodos da gravimetria e magnetometria, são de campo natural, estudando as

perturbações que determinadas estruturas ou corpos produzem sobre campos preexistentes. Os

métodos geoelétricos (exceção do potencial espontâneo e magnetotelúrico) e os sísmicos são

Braga, A.C.O.

5

artificiais, ou seja, o campo físico a ser estudado é criado por meio de equipamentos

apropriados.

Os fundamentos teóricos desses

métodos geofísicos baseiam-se na

determinação de propriedades físicas que

caracterizam os diferentes tipos de materiais

que se encontram no ambiente geológico, e

nos contrastes que estas propriedades podem

apresentar.

Ressalta-se o fato de que uma eventual

intervenção do homem neste ambiente pode

gerar mudanças nos vários campos físicos e

nas suas propriedades.

Gravimetria

Paleomagne-tismo

Radiometria

Geotermia

Sismologia

Sísmicos

Magnetome-tria

Geoelétricos

MÉTODOSGEOFÍSICOS

Gravimetria

Paleomagne-tismo

Radiometria

Geotermia

Sismologia

Sísmicos

Magnetome-tria

Geoelétricos

MÉTODOSGEOFÍSICOS

Figura II-01 - Principais métodos

geofísicos.

Várias definições podem ser encontradas na literatura para definir os campos de atuação

da Geofísica, tais como, Geofísica Básica ou Geofísica da Terra Sólida: ...área da Geofísica

que estuda a estrutura, composição e evolução da Terra em grande escala, envolvendo as

camadas mais profundas do planeta, sua origem e evolução. Normalmente estes estudos

visam aprofundar os conhecimentos sobre o planeta, e são desenvolvidos nas grandes

Universidades e centros de pesquisa, assumindo assim um caráter tipicamente acadêmico...; e

ainda Geofísica Aplicada: ...área da Geofísica que lida com a busca de minerais, petróleo,

água subterrânea ou auxilia grandes obras de engenharia civil, determinando parâmetros

geofísicos e estruturais...*1.

Ainda existem algumas tais como, Geofísica Pura: investiga as propriedades físicas da

Terra e sua constituição interna a partir de fenômenos físicos ligados a ela; e, Geofísica

Aplicada: estuda as ocorrências ou estruturas geológicas, relativamente pequenas,

localizadas na crosta terrestre ∗2.

Em outra definição, têm-se as divisões de Geofísica da Terra Sólida e Geofísica de

Exploração: ...Tectônica de placa, o estudo da estrutura interior da terra, e tais áreas

relacionadas como processos globais e regionais são coletivamente conhecidas como

Geofísica da Terra Sólida. A subdisciplina conhecida como Geofísica de Exploração, envolve

*1 http://www.iag.usp.br/siae98/geofisica/geofisica.htm, acessado: 11/04/2005. ∗2 http://www.igc.usp.br/geologia/geofisica_aplicada.php, acessado: 26/07/2005

Braga, A.C.O.

6

o uso de teoria geofísica e instrumentação, para localizar petróleo e outras fontes minerais.

Diferentemente da Geofísica da Terra Sólida, a Geofísica de Exploração, geralmente se

concentra em achar heterogeneidades laterais em uma parte relativamente pequena da crosta

da terra...∗3

Entretanto, mesmo estudos em “grande” (sic) escala , acadêmicos ou envolvendo a

constituição interna da Terra, podem ser aplicados a alguma atividade, por exemplo,

Geologia do Petróleo. A separação de atividades em função do tipo de campo utilizado

(natural ou artificial), resolução e profundidade de investigação, parece não ser a mais

adequada, resultando em sobreposições. A Figura II-02, define portanto, as principais

atividades da Geofísica, de um modo geral.

GEOFÍSICA

GEOFÍSICA BÁSICA GEOFÍSICA APLICADA

Hidrogeologia

GeologiaAmbiental

EngenhariaCivil

ProspecçãoMineral

Geologia doPetróleo

GeologiaBásica

Arqueologia

Domínio Teórico- Desenvolvimento de softwares e

instrumentação geofísica.- Estudos teóricos de fenômenos físicos.

Domínio Prático- Investigação de situações ou estruturas

existentes nos meios geológicos –partes rasas ou profundas da Terra.

Principais Áreas de Atuaçãoda Geofísica Aplicada

Terremotos/Sismos

(1) Geofísica Básica: cujas atividades envolvem o desenvolvimento de softwares e instrumentação geofísica, e estudos sobre os fenômenos físicos que ela utiliza, limitando na teoria, sua área de atuação –Domínio Teórico; e, (2) Geofísica Aplicada: cujas atividades envolvem a aplicação da teoria e instrumentação geofísica, na investigação de situações ou estruturas existentes nos meios geológicos (partes rasas ou profundas da Terra), visando, a exploração de águas subterrâneas, minerais, petróleo; auxiliar obras de engenharia civil; identificar a contaminação de solos, rochas e águas subterrâneas; etc. – Domínio Prático.

Figura II-02 – Geofísica Aplicada – principais áreas de atuação.

A interface entre essas duas atividades nem sempre é clara, podendo haver uma

sobreposição, como por exemplo, o desenvolvimento de um instrumental geofísico com

finalidade específica para uma área de atuação, por exemplo, Hidrogeologia.

A bibliografia disponível sobre Geofísica Aplicada é vasta, com inúmeros trabalhos

desenvolvidos para os mais variados fins. Vários métodos geofísicos têm sido utilizados em

estudos aplicados à Hidrogeologia, Geologia Ambiental, Prospecção Mineral, Geologia de

Engenharia, etc.. Destacam-se as possibilidades da Geofísica Aplicada, no controle das

alterações provocadas pelo homem no meio ambiente geológico, a qual seria baseada nas

∗3 http://seg.org/you-geo/definition.shtml - acessado: 26/07/2005

Braga, A.C.O.

7

investigações das deformações dos campos físicos e propriedades da litosfera, sob impacto

das atividades do homem. As observações geofísicas, de forma geral, não afetam o ambiente

geológico, podendo ser, se necessário, executadas várias vezes em uma mesma área.

Nos levantamentos geofísicos de campo, não deve ser descartada “a priori” a

possibilidade de se efetuarem algumas perfurações por sondagens mecânicas. Estas

sondagens, ainda que, normalmente, mais onerosas que os métodos geofísicos, fornecem

dados seguros e exatos sobre o subsolo, os quais servem para auxiliar na interpretação

geofísica, ajustando o modelo inicial.

Entretanto, em função dos custos elevados de uma perfuração, é preferível e mais

adequado cobrir uma determinada área, com levantamentos geofísicos, e programar as

sondagens mecânicas em função desses resultados. Deve-se lembrar que, os resultados da

Geofísica não devem ser encarados como definitivos, mas sim, como dados complementares

para o geólogo responsável decidir qual é o melhor caminho a ser seguido para solucionar os

problemas expostos.

Outra consideração que pode ser destacada, diz respeito ao fato de que, com freqüência,

se recorre aos métodos geofísicos somente quando as perfurações fracassam, devido, por

exemplo, às complexidades geológicas locais. Nestes casos, investigações que poderiam ser

realizadas economicamente por métodos geofísicos, com cobertura contínua e espacial da

área, aliados a perfurações de apoio, resultam muito onerosas e com prazos inadequados. Em

vários trabalhos desenvolvidos, por exemplo, na locação de poços tubulares profundos,

visando à captação de água subterrânea, comprovou-se esta realidade, sendo a Geofísica

Aplicada solicitada após perfurações sem sucesso.

Merece destaque ainda, o fato que diz respeito aos cuidados que se deve ter na escolha

da metodologia geofísica adequada. Em nosso país, cujas condições geológicas e geotécnicas

são diferentes dos países europeus e norte-americanos, têm-se espessas camadas de solo e

material alterado, portanto, os métodos e equipamentos geofísicos devem ser escolhidos

considerando nossas condições.

Entre os principais métodos geofísicos, os métodos geoelétricos, com suas diversidades

de modalidades, são muito utilizados no mundo inteiro, atuando nas mais variadas áreas de

conhecimento. Esta atuação abrange desde levantamentos puramente acadêmicos, até

levantamentos procurando atender solicitações mais práticas e de interesse imediato da

população, tais como: na Geologia de Engenharia, Prospecção Mineral, Hidrogeologia,

Geologia Ambiental, etc.. Neste Grupo, destacam-se os métodos da eletrorresistividade,

Braga, A.C.O.

8

polarização induzida e radar de penetração no solo, como sendo os mais utilizados e

importantes.

2.2. HIDROGEOLOGIA

A água existente na natureza faz parte de um sistema circulatório conhecido como o

ciclo hidrológico (Figura II-03). Conceitualmente, o ciclo hidrológico pode ser definido como

sendo uma sucessão de fases percorridas pela água ao passar da atmosfera ao solo e vice-

versa: evaporação do solo, do mar e das águas continentais; condensação para formar as

nuvens; precipitação; acumulação no solo ou nas massas de água, escoamento direto ou

retardado para o mar e re-evaporação.

Da precipitação então, a água:

(a) retorna à atmosfera: evaporação

das superfícies das águas e do solo

ou transpiração das plantas

(Evapotranspiração); (b) regressa

aos oceanos sob a forma de

escoamento superficial ou "Run-

off" (sobre a superfície do solo); e,

(c) penetra no subsolo: infiltração. Figura II-03 – Ciclo hidrológico.

A Hidrogeologia é o ramo da geologia que trata da água subterrânea e, especialmente,

de sua ocorrência. Pode ser definida como o estudo da origem, distribuição, escoamento e

avaliação dos recursos hídricos subterrâneos, envolvendo o estudo das recargas, reservas

totais, volumes explotáveis e suas condições de explotação e a proteção das águas

subterrâneas. Os materiais geológicos na subsuperfície podem ser divididos,

esquematicamente, em duas partes principais: zona não saturada e zona saturada (Figura II-

04).

A zona não saturada pode ser subdividida em:

(1) zona de evapotranspiração, onde se tem a

umidade retida pelas plantas e a evaporação; (2)

zona de retenção, onde se tem muito pouca água; e,

(3) zona capilar, com a umidade próxima da

saturação.

Água subterrânea é a massa da água contida,

Zona

não

sa

tura

da -

aera

ção

nível freático (NA)

Zona saturada

zona de evapotranspiração umidade do solo

zona de retenção - poros praticamente não saturados

zona capilar

Braga, A.C.O.unesp

1. Aquece os solos e as águas

2. Água aquecida, evapora

evapotranspiraçãoevapotranspiração

2. Água aquecida, evapora

evapotranspiraçãoevapotranspiração

3. Vapor de água -

condensação

4. Água líquida - chuva

precipitaçãoprecipitação

4. Água líquida - chuva

precipitaçãoprecipitação

escoamento escoamento superficialsuperficial

infiltraçãoinfiltração

Braga, A.C.O.

9

principalmente, na zona saturada. O limite de

separação entre estas duas zonas principais é

conhecido como nível d’água subterrânea ou nível

freático (NA).

Figura II-04 – Distribuição das águas no solo.

A crosta terrestre é um vasto reservatório subterrâneo constituído de rochas com

numerosos interstícios ou vazios, que variam em formas e dimensões (de cavernas a muito

pequenas). Geralmente, os interstícios são interligados, permitindo o deslocamento das águas

infiltradas. Quando não são interligados, impede a circulação da água.

A água subterrânea, quando presente, ocorre em extensas áreas. Se esta ocorrência

coincide com áreas de demanda, não há necessidade de sistemas de distribuição, pois o

aqüífero pode ser acessado diretamente por poços. O crescimento da demanda é atendido com

a perfuração de mais poços, respeitando a capacidade do aqüífero prospectado.

Os custos de implementação de poços profundos, geralmente, são inferiores aos sistemas

superficiais, pois não envolvem custos com indenizações, barragens, adutoras e estações de

tratamento; a captação de águas subterrâneas, independe de períodos de estiagens prolongados

para recarga, não esta sujeita ao intenso processo de evapotranspiração e não provoca impacto

ambiental como, por exemplo, inundações de grandes áreas.

Entretanto, a avaliação final, em termos de atendimento à demanda requerida e custos da

implantação das obras de captação, será efetuada em função das relações oferta/demanda

obtidas através de estudos envolvendo, tanto a disponibilidade hídrica superficial quanto a

disponibilidade hídrica das águas subterrâneas.

Os estudos hidrogeológicos têm a finalidade de estabelecer o conhecimento de

numerosos dados para a estimativa dos recursos hídricos subterrâneos, de forma racional de

explotação e conservação. Referem-se às estruturas hidrogeológicas; características

hidrogeológicas da rocha armazenadora; fatores que condicionam o movimento das águas

subterrâneas; características físico-químicas das águas subterrâneas; características técnicas e

econômicas das obras de captação; balanço; e, reservas e recursos. A partir destes dados, é

possível estabelecer normas de explotação, proteção e conservação dos recursos das águas

subterrâneas.

Os materiais geológicos naturais, podem ser classificados em quatro grupos, de acordo

com a menor ou maior facilidade de armazenar e liberar as águas subterrâneas:

a. Aqüíferos: materiais porosos, saturados, que armazenam água e permitem sua circulação,

são verdadeiros reservatórios de águas subterrâneas. São constituídos por solos, sedimentos

Braga, A.C.O.

10

e rochas sedimentares com porosidade granular, maciços rochosos com porosidade de

fraturas e rochas com porosidade cárstica.

b. Aqüicludes: materiais porosos, saturados, que armazenam água mas permitem a circulação

apenas de forma muito lenta, com velocidades insuficientes a proporcionar um

abastecimento apreciável a um poço ou a uma fonte. São essencialmente argilosos, onde a

água está firmemente fixada em poros de pequenas dimensões por pressões moleculares e

tensões superficiais.

c. Aqüitardos: materiais porosos que, apesar de armazenarem água, permitem a circulação da

água com velocidade muito reduzida, em comparação a um aqüífero. São constituídos de

argilas siltosas ou arenosas.

d. Aqüífugos: materiais impermeáveis, com baixíssimo grau de porosidade, sem interstícios

interconectados, incapazes, portanto, de absorver ou transmitir água. São constituídos por

rochas duras, cristalinas, metamórficas e vulcânicas, sem fraturamento ou alteração.

A quantidade ou volume de água subterrânea que se pode dispor em uma determinada

área, depende das características hidrogeológicas dos aqüíferos e da capacidade de infiltração

ou recarga. Os principais tipos de aqüíferos, são denominados de:

• Aqüíferos Livres: as águas neles contidas estão como se estivessem em um reservatório

ao ar livre (submetidas, apenas, à pressão atmosférica); e,

• Aqüíferos Confinados: as águas neles contidas se encontram entre camadas

impermeáveis, sob pressão superior à atmosférica.

Em função das características principais dos materiais geológicos que o compõe os

aqüíferos e forma como as águas são armazenadas, podem-se destacar os tipos:

Rochas Aqüíferos Descrição

Granulares Compostos por materiais granulares (solos, rochas sedimentares, etc.), em que a água ocorre ocupando os espaços intergranulares.

Sedimentares Cársticos

Compostos por rochas duras ou materiais granulares, em que a água ocorre ocupando os espaços vazios formados pela dissolução do material original.

Cristalinas Fraturados Compostos por rochas compactas, em que a água ocorre ocupando fissuras, fendas ou fraturas dessa rocha.

Alguns parâmetros na Hidrogeologia, são de fundamental importância na caracterização

dos aqüíferos. Dentre esses, pode-se citar a condutividade hidráulica e a transmissividade.

A condutividade hidráulica ou coeficiente de permeabilidade (K), pode ser definido,

como uma propriedade de um meio poroso combinada à do fluido escoando-se nesse meio

saturado e que determina a relação, chamada lei de Darcy, entre a descarga específica e o

gradiente hidráulico que a origina (ANA, 2001). O termo K, possui dimensão de uma

Braga, A.C.O.

11

velocidade (m/s). Essa propriedade, considera as características do meio, incluindo:

porosidade; tamanho, distribuição, forma e arranjo das partículas; e, as características do

fluido que esta escoando (viscosidade e massa específica).

A transmissividade (T) é um parâmetro importante nos estudos visando à captação de

águas subterrâneas, permite avaliar, a capacidade de transmissão dessas águas, pelo meio

geológico, através de toda sua espessura saturada. Pode ser determinada pelo produto da

condutividade hidráulica da formação, por sua espessura: T = K . E (m2/s).

Quanto ao movimento, as águas subterrâneas, de um modo geral, escoam lentamente no

subsolo, com velocidade relativamente pequena devido ao atrito nas paredes dos capilares e

dos poros. Numa areia a água movimenta-se com a velocidade de cerca de 1 m/dia; e nas

argilas o movimento é praticamente nulo. Nas rochas muito fraturadas a velocidade pode ser

muito rápida.

As águas que circulam os meios naturais (considerada um fluido perfeito, com

viscosidade nula e em fluxo permanente) apresentam energia total (h) conforme a equação:

(m) 2V

γpzh

2p

a g++= II-01

onde: h = carga de energia total em cada ponto do meio; z = carga de elevação – referência a

um datum; v2/2g = carga de velocidade; p/γa = carga de pressão; v = velocidade de percolação

intersticial; e, γa = peso específico da água.

Como pode ser observado

na Figura II-05, em cada ponto

de um meio saturado (fluido em

equilíbrio) existe uma pressão

na água (aqüífero livre =

pressão atmosférica, aqüífero

confinado = p/γa).

Poço Nível freático

Nível piezométrico

Plano de Referência - Datum

A

B

confinadomei

o im

perm

eáve

l

meio perm

eável saturado

livre

Bz BhAh

Az

a

Apγ

Figura II-05 – Potencial hidráulico em meio saturado.

Porém, nos fluxos em meios porosos, o termo que representa a carga de velocidade

(v2/2g) é muito pequeno, podendo ser desprezado na equação II-01. Se os pontos A e B estão

associados a um plano de referência (z) – nível do mar (cota), a carga de energia total ou nível

piezométrico (h) corresponde ao potencial hidráulico, e é dado por:

(m) γpzh

a

AAA += II-02 (m) zh BB = II-03

Braga, A.C.O.

12

aqüíferos confinados aqüíferos livres As diferenças de potencial hidráulico (perda de carga) resultantes do gradiente

hidráulico, são indispensáveis para o escoamento através de um meio poroso. Só existe

movimento das águas subterrâneas quando ocorrem variações no potencial hidráulico (Figura

II-06).

O fluxo se dá dos pontos de maior

para os de menor potencial hidráulico (não

no sentido das menores pressões

hidrostáticas).

As águas podem escoar de zonas da

baixa pressão para zonas de alta pressão –

se a diferença do potencial hidráulico for

favorável.

Perda de Carga - hL

h1h1

h2h2L

Gradiente Hidráulico

fluxo

+

γ−

+

γ= 2

21

1L z

pz

ph

Lh

Lhhi L21 =

−=

P1P2

γpzh

a

111 +=

γpzh

a

222 +=

Braga, A.C.O.unesp

Figura II-06 – Fluxo d’água subterrâneo.

Portanto, em um determinado meio, conhecendo-se o nível piezométrico em vários

pontos podem-se traçar mapas de isopotencial hidráulico, os quais são denominados de Mapas

Piezométricos ou Mapas Potenciométricos. A confecção desses mapas permite estabelecer o

padrão do fluxo subterrâneo, expressando, o comportamento geral do escoamento subterrâneo,

evidenciado pelas redes de fluxo, que possibilitam a determinação do sentido e da direção do

fluxo.

Através desses mapas (Figura II-07),

é possível determinar os limites de uma

bacia hidrogeológica, os quais são as

extremidades laterais de uma determinada

área, a partir das quais os fluxos

subterrâneos não mais se direcionam para

o interior.

Se ao longo destes eixos os fluxos

são divergentes, ou seja, apresentam a

mesma direção mas sentidos opostos, estes

correspondem ao divisor de águas

subterrâneas.

divisor

limite

linhas de isovalor da cota do NAlinhas de fluxo das águas subterrâneas

590

Figura II-07 – Mapa potenciométrico.

Braga, A.C.O.

13

Esses mapas permitem ainda, definir os gradientes hidráulicos, onde os limites e

divisores da bacia hidrogeológica são eixos, ao longo dos quais, as cargas hidráulicas são

máximas, relativamente às áreas adjacentes, e se relacionam, normalmente, às áreas de

recarga, ou seja, são porções do terreno onde ocorre a alimentação do aqüífero pela infiltração

das águas de superfície.

Áreas de menor carga hidráulica correspondem às áreas de descarga, para as quais

convergem as linhas de fluxo. Estas áreas podem estar associadas aos elementos de drenagem

superficial (rios, fontes, lagos, etc.), ou a elementos de drenagem artificial ou profunda dos

maciços (drenos em obras civis, escavações subterrâneas, cavernas em calcário, etc.).

Os mapas de fluxo das águas subterrâneas, são de extrema importância em estudos

ambientais, envolvendo fases pré e pós-empreendimento, tais como locais com aterros,

tanques de combustível, refinarias, etc., indicando zonas de concentração, direção e sentido

de eventuais plumas de contaminação. Esses mapas auxiliam a locação de poços de

monitoramento e/ou coleta do contaminante. Cabe ressaltar que, só tem sentido a confecção

dos mapas potenciométricos, quando os aqüíferos são sedimentares – livres ou confinados, e

não quando são fraturados.

A Hidrogeologia tem como suas principais aplicações os estudos das características de

solos e rochas, envolvendo o fluxo de fluidos em meios porosos, visando, principalmente, a

captação de água subterrânea para as mais variadas finalidades. Uma de suas atuações

importantes, hoje em dia, diz respeito aos estudos envolvendo a contaminação de solos,

rochas e águas subterrâneas, onde contaminantes, resultantes de aterros, vazamentos de

combustíveis, etc, tem degradado e comprometido suas qualidades.

Portanto, nesse trabalho as aplicações dos métodos geoelétricos em estudos

hidrogeológicos, deverão contemplar a:

1- Captação de água subterrânea: para abastecimento público, doméstico, industrial,

agricultura, lazer, etc.; e,

2- Estudos ambientais: para diagnóstico e monitoramento de solos, rochas e águas

subterrâneas frente a contaminantes.

Uma outra atuação da Hidrogeologia que cabe ser destacada, envolve a execução de

obras civis e mineiras, sistemas de culturas agrícolas, instalação de equipamentos públicos e

privados, etc., onde , por exemplo, é necessário o rebaixamento do lençol freático para a

execução das obras.

Braga, A.C.O.

14

CAPÍTULO 3. PRINCIPAIS MÉTODOS GEOELÉTRICOS E TÉCNICAS DE

CAMPO

3.1. CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS GEOELÉTRICOS

Uma questão importante quando se discute, não só os métodos geoelétricos, mas a

Geofísica como um todo, diz respeito à identificação de suas várias modalidades existentes. É

comum, encontrar profissionais ligados a esta área, ou até mesmo, os que dela se utilizam

como uma ferramenta de apoio, apresentarem certas confusões sobre as denominações das

modalidades em uso.

Os termos métodos, técnicas e arranjos, são utilizados algumas vezes de maneira

inadequada, trazendo, principalmente ao usuário leigo sobre o assunto, dificuldades no

entendimento da Geofísica como aplicação. Como citado anteriormente, os métodos

geoelétricos aplicados possuem inúmeras modalidades de uso, contribuindo para aumentar

essas confusões.

Em várias oportunidades, pode-se comprovar na prática, essa situação, onde o usuário da

Geofísica, solicitava determinada técnica de campo inadequada aos objetivos propostos,

quando na realidade, estava-se pensando no método. Mesmo, alguns geofísicos experientes,

quando solicitam a utilização do método da eletrorresistividade, por exemplo, estão

“pensando”, no emprego da técnica da sondagem elétrica vertical, ou vice-versa.

Como exemplo, pode-se citar Cetesb (1999), no Capítulo 4 na determinação de pluma

inorgânica na água subterrânea (íons e sais dissolvidos), tem-se: ...Para a determinação

desses contrastes de condutividade, o método eletromagnético indutivo é mais indicado que a

eletrorresistividade, principalmente pela rapidez de execução do levantamento e pela

precisão na determinação de variações laterais... Esta clara, na afirmação citada que os

autores devem se referir às técnicas de campo e não aos métodos. Ressalta-se porém que, o

método da eletrorresistividade, desenvolvido pela técnica do caminhamento elétrico – arranjo

dipolo-dipolo, permitindo estudar uma faixa vertical e lateral em subsuperfície, é bem mais

rápido e preciso que o levantamento eletromagnético, no qual, normalmente a profundidade

de investigação é rasa.

Algumas obras da literatura internacional, procuram apresentar uma classificação para

os métodos geoelétricos, tentando normalizar estas denominações. Iakubovskii & Liajov

(1980), apresentam uma classificação baseada em características, tais como: sistema de

excitação e medição do campo elétrico (Tabela III-01).

Braga, A.C.O.

15

Tabela III-01. Classificação dos métodos geoelétricos - Iakubovskii & Liajov (1980).

A. Métodos de Campo Constante (freqüência 0)

A-1. Método do campo natural A-2. Método da resistividade – caminhamento e sondagem elétrica A-3. Método de carga A-4. Método de linhas equipotenciais A-5. Método de relação de potenciais

B. Métodos de Campo Variáveis de Baixa Freqüência e não estacionários (freqüência 10-2 a 104 Hz)

B-1. Métodos do potencial induzido B-2. Método do campo magnetotelúrico (sondagem e caminhamento magnetotelúrico) B-3. Sondagem eletromagnética de freqüência B-4. Sondagem do campo em processo de formação (tempo do processo de formação 100 a 102 s) B-5. Métodos indutivos de baixa freqüência (variantes terrestre, aérea e de poço) B-6. Método dos processos transitórios (tempo do processo de formação 10-3 a 10-2 s)

C. Métodos de Campo Variáveis - Freqüências Radiofônicas (105 a 107 Hz)

C-1. Métodos de radiografia C-2. Caminhamento com ondas radiofônicas C-3. Método rádio comparativo

Ainda segundo os autores referidos, em função da natureza dos campos

eletromagnéticos investigados, se diferenciam os métodos de campo natural e métodos de

campo artificial. O segundo grupo é mais numeroso, o que está relacionado com a diversidade

dos métodos de excitação do campo. Em relação com a situação da fonte do campo e dos

pontos de observação, se diferenciariam em: superficiais, profundos, marinhos e aéreos.

Orellana (1972), apresenta uma classificação (Tabela III-02), também baseada no campo

eletromagnético criado: natural ou artificial, acrescentando outro critério, relacionado à

atribuição em subsuperfície, da informação obtida, ou seja, na vertical a partir de um ponto,

variando com a profundidade ou, então, ao longo de um perfil na superfície do terreno com

profundidades aproximadamente constantes (respectivamente, sondagens e caminhamentos).

Este autor referido, também considera se o campo eletromagnético é constante (corrente

contínua) ou varia com o tempo (métodos de campo variável).

Tabela III-02. Classificação dos métodos geoelétricos – Orellana (1972). A. Métodos de Campo Natural

A-1. Método do potencial espontâneo A-2. Método de correntes telúricas

A-3. Método magneto-telúrico (sondagens e caminhamentos) A-4. Método AFMAG

B-1. Métodos de Campo Constante

B-1-1. Método das linhas equipotenciais e do corpo carregado (mise-a-la-masse) B-1-2. Sondagens Elétricas (simétricas, dipolares, etc.) B-1-3. Caminhamentos elétricos (várias modalidades)

B-2. Métodos de Campo Variável

B-2-1. Sondagens de freqüência B-2-2. Sondagens por estabelecimento de campo (transitórios) B-2-3. Caminhamentos eletromagnéticos (métodos de inclinação de campo, Turam, Slingram, etc.) B-2-4. Método “Radio-Kip” B-2-5. Método de radiografia hertziana

B. Métodos de Campo Artificial

B-3. Método da Polarização Induzida

Braga, A.C.O.

16

Entretanto, essas classificações propostas ainda não são as mais adequadas, podendo

apresentar certas confusões para o usuário leigo, misturando parâmetros físicos medidos com

procedimentos de campo.

Uma classificação proposta para os métodos geoelétricos, é baseada apenas em três

critérios: métodos geoelétricos, técnicas de investigação e arranjos de desenvolvimento de

campo. Essa classificação, procura revelar os métodos geoelétricos para qualquer tipo de

usuário, tornando simples o entendimento de suas várias modalidades existentes, e

conseqüentemente, seus empregos adequados em função dos objetivos e geologia a serem

estudadas.

Método nos leva a identificar as características dos diferentes materiais, pelas quais

alcançamos determinado fim ou objetivos, pode-se considerar uma forma de se chegar à

natureza de um determinado problema, quer seja para estudá-lo, quer seja para explicá-lo. Os

diferentes materiais geológicos apresentam, determinadas propriedades físicas características,

as quais definem os métodos geofísicos. Portanto, considera-se como método geoelétrico,

aquele decorrente do parâmetro físico obtido, através de equipamentos apropriados. O método

visa levar a uma caracterização e identificação dos diferentes materiais geológicos,

procurando atingir os objetivos da pesquisa.

O método geoelétrico, se faz acompanhar das técnicas de campo, que são o suporte

prático de desenvolvimento, são os instrumentos que o auxiliam para que se possa chegar a um

determinado resultado. Para se estudar as variações do(s) parâmetro(s) físico(s) obtido(s) dos

materiais geológicos, tanto no campo como em laboratório, podem-se assumir três formas

práticas de investigação:

(a) investigações das variações do(s) parâmetro(s) físico(s) em profundidade, a partir de um

ponto fixo na superfície do terreno (sondagens);

(b) investigações laterais a partir de pontos não fixos na superfície do terreno, com uma ou

mais profundidades constantes (caminhamentos); e,

(c) investigações no interior de furos de sondagens mecânicas (perfilagens).

Para o desenvolvimento das técnicas de campo, diferentes procedimentos de campo

podem ser adotados, levando ao mesmo fim. Esses procedimentos referem-se à disposição dos

acessórios (eletrodos) necessários para a execução das técnicas, e são denominados de

arranjos de campo, os quais, apresentam uma grande variedade de opções.

Esses critérios, na prática, revelam-se de fácil entendimento e utilização, tornando claro

o tipo de levantamento geofísico empregado. Portanto, em função do exposto, apresenta-se

uma proposição para a classificação dos métodos geoelétricos aplicados, a qual pode ser

Braga, A.C.O.

17

definida conforme a Figura III-01. A Figura III-02, apresenta um detalhamento da

classificação proposta.

MÉTODO

GEOELÉTRICO

Tipo de investigação dos parâmetros físicos

Parâmetro físico obtido (variável)

Procedimento de desenvolvimento das técnicas

TÉCNICA DEINVESTIGAÇÃO

ARRANJO DEDESENVOLVIMENTO

• caracteriza e identifica os materiais geológicos

• suporte prático de auxílio, para se atingir os objetivos

• disposição dos acessórios –eletrodos, para execução das técnicas

Figura III-01 - Classificação dos métodos geoelétricos - geral.

Eletrorresistividade

Polarização Induzida

Potencial Espontâneo

Eletromagnético -Domínio do tempo

Radar de Penetração no Solo

Sondagem ElétricaVertical - SEV

Sondagem ElétricaDipolar - SED

Sondagem Eletro-magnética - TDEM

Caminhamento Elétrico - CE

Caminhamento Eletromagnético - CEM

Schlumberger; Wenner.

Axial; Equatorial; Azimutal.

Dipolo-Dipolo; Polo-Dipolo; Polo-Polo; Gradiente; Schlumberger; Wenner.

Perfilagem Elétrica - PERF

CaminhamentoCommon Offset

Common Mid Point- CMP

Wide Angle Reflectionand Refraction - WARR

Resistividade (ρ)

Cargabilidade (M)

PotencialNatural (V)

PermissividadeDielétrica (ε)

Sond

agen

s

Paralelo; Perpendicular; Broadside; Endfire; Polarização cruzada.

Vertical loop; Horizontal loop - Slingam; Turam.

Eletromagnético -Domínio da freqüência

Loop Central.

Sondagem Eletro-magnética - SEM

Resistividade (ρ)

Condutividade (σ)

MÉTODOS TÉCNICAS ARRANJOS(principais)

Parâmetros físicos- Variáveis

Gal

vâni

cos

Indu

tivos

Dipolo magnético e horizontal.

Figura III-02 – Classificação dos métodos geoelétricos - detalhamento.

3.2. MÉTODO DA ELETRORRESISTIVIDADE

Pertencente ao grupo dos métodos geoelétricos, a eletrorresistividade – ER, é um

método geofísico cujo princípio está baseado na determinação da resistividade elétrica dos

materiais que, juntamente com a constante dielétrica e a permeabilidade magnética,

expressam fundamentalmente as propriedades eletromagnéticas dos solos e rochas.

Os diferentes tipos de materiais existentes no ambiente geológico, apresentam como

uma de suas propriedades fundamentais o parâmetro físico resistividade elétrica, o qual reflete

algumas de suas características servindo para caracterizar seus estados, em termos de

Braga, A.C.O.

18

alteração, fraturamento, saturação, etc., e até identificá-los litologicamente, sem necessidade

de escavações físicas.

Da Lei de Ohm∗, define-se que a relação

entre a resistividade (ρ) e a resistência (R) de

um condutor homogêneo, de forma cilíndrica

ou prismática (Figura III-03), é dada pela

equação:

SL R ρ= (ohms) III-01

ACircuitoI

Cilindro condutor

L

SR

Figura III-03 - Relação resistividade e

resistência.

onde, L é o comprimento e S a seção transversal do condutor. A magnitude ρ é um coeficiente

que depende da natureza e do estado físico do corpo considerado e recebe o nome de

resistividade. Deste modo pode-se definir a resistividade elétrica deste corpo como sendo:

LS R=ρ (ohm.m) III-02

Portanto, a dimensão da resistividade é o produto de uma resistência elétrica por uma

longitude; em função disto, a unidade de resistividade no sistema SI será ohm.m. De maneira

simplista, a resistividade pode ser definida como sendo uma medida da dificuldade que a

corrente elétrica encontra na sua passagem em um determinado material, e isto está ligado aos

mecanismos pelos quais a corrente elétrica se propaga.

Na Terra, ou qualquer corpo tri-dimensional, a corrente elétrica não flui por um único

caminho, como no caso do condutor da Figura III-03.

Considerando uma bateria conectada ao

solo (Figura III-04), através de cabos e

eletrodos, por dois pontos distantes um do

outro, a Terra, que não é um isolante perfeito,

conduz a corrente elétrica gerada pela bateria.

Neste estágio, assume-se que a

resistividade do solo é uniforme.

A

rlinha de corrente

linha de

equipotencial

superfície do terreno

Figura III-04 – Potencial no semi-

espaço.

Aplicando a Equação III-01 no semi-espaço, tem-se: r.2π

r . 2πr . R 2

ρρ== ,

substituindo em V = R . I (Lei de Ohm), resulta em:

r2I V

πρ

= III-03

Braga, A.C.O.

19

Portanto, considerando o subsolo com uma resistividade constante, pode-se determinar

sua resistividade:

IVr 2π=ρ III-04

onde: V = potencial, I = corrente, ρ = resistividade, e r = distância entre o eletrodo de

corrente e o ponto no qual o potencial é medido.

Ao se conectar um cabo condutor de uma

bateria a um eletrodo de corrente (Figura III-

05), pode-se medir o valor da intensidade de

corrente – I; e, conectando um voltímetro a

dois eletrodos, um localizado próximo ao de

corrente e outro mais afastado (distância r),

pode-se medir a diferença de potencial (∆V),

entre estes dois locais.

V A

r

linha de

equipotencial

linha de corrente

superfície do terreno

Figura III-05 – Diferença de potencial

no campo. Ocorre que na prática, este procedimento não é usual, devido a grande distância entre os

dois eletrodos de corrente. Portanto, devem-se reduzir as distâncias entre os quatros eletrodos.

Então, a configuração usual, consiste em se utilizar quatro eletrodos (AMNB), mantidos

conforme a Figura III-06.

A

V

Braga, A.C.O.unespA M N B

O

linha de corrente

linha de

equipotencial

Figura III-06 – Configuração tetraeletródica usual de campo.

Em geral, os arranjos de campo dos métodos geoelétricos principais, constam de quatro

eletrodos cravados na superfície do terreno. Um par de eletrodos serve para introduzir a

corrente elétrica no subsolo (AB), enquanto que, o outro par, é utilizado para medir a

diferença de potencial que se estabelece entre eles (MN), como resultante da passagem desta

corrente.

∗ Lei de Ohm: em um cilindro condutor, a corrente (I) é proporcional a voltagem (V) – V = R . I

Braga, A.C.O.

20

A determinação do potencial resultante deste campo elétrico criado, pode ser

demonstrado da seguinte maneira: conforme esquema apresentado na Figura III-06, a corrente

elétrica de intensidade I é introduzida no subsolo por meio dos eletrodos A e B e o potencial

V gerado, é medido por meio dos eletrodos denominados de M e N.

Ao supor que o meio investigado é homogêneo e isotrópico e tomar a Equação III-03,

tem-se que o potencial no eletrodo M e N, respectivamente, será dado por:

−=

BM1

AM1

2IVM πρ III-05

−=

BN1

AN1

2IVN πρ III-06

A diferença de potencial medida no equipamento para determinada posição dos

eletrodos MN, será: ∆VMN = VM – VN, assim:

+−−=∆

BN1

AN1

BM1

AM1

2IVMN πρ III-07

Pode-se então, calcular o valor da resistividade ρ do meio investigado mediante as

seguintes equações:

I∆VK.=ρ III-08 onde,

1

BN1

AN1

BM1

AM1.2K

+−−π= III-09

Portanto, o uso do método da eletrorresistividade no campo, é baseado na capacidade do

equipamento em introduzir uma corrente elétrica no subsolo a diferentes profundidades de

investigação, e calcular as resistividades dos materiais geológicos a estas várias

profundidades.

Ao utilizar o mesmo arranjo de eletrodos para efetuar medições sobre um meio

homogêneo (Figura III-07a), a diferença de potencial observada ∆V será diferente da

registrada sobre um meio heterogêneo (Figura III-07b), pois o campo elétrico deverá sofrer

modificações em função desta heterogeneidade dos materiais geológicos.

Meio homogêneo Meio heterogêneo

ρ1ρ2

ρ1

Braga, A.C.O.unesp(a) (b)

A M

Braga, A.C.O.unesp

N B A M N B

Figura III-07 – Resistividade em meios homogêneos (a) e heterogêneos (b).

Como na prática o subsolo não pode ser considerado um meio homogêneo, a quantia

medida representa uma média ponderada de todas as resistividades verdadeiras em um volume

Braga, A.C.O.

21

de material em subsuperfície relativamente grande. Portanto ao efetuar as medições

pertinentes obtém-se uma resistividade aparente (ρa), a qual é uma variável que expressa os

resultados das medições de alguns dos métodos geoelétricos, e é a que se toma como base

para a interpretação final. As dimensões da resistividade aparente, em virtude de sua

definição, são as mesmas que para a resistividade, e sua unidade será também ohm.m.

Em solos e rochas os mecanismos pelos quais a corrente elétrica se propaga, são

caracterizados pela sua condutividade σ, que numericamente pode ser expressa como o

inverso da resistividade, portanto:

1 ρ

σ = (siemens/m) III-10

Esses mecanismos de propagação das correntes elétricas podem ser do tipo

condutividade eletrônica ou iônica. A classificação destes tipos de condutividade pode ser

sintetizada da seguinte maneira:

Condutividade eletrônica

metais e semicondutores:

• deve-se ao transporte de elétrons na matriz da rocha, sendo a sua resistividade governada pelo modo de agregação dos minerais e o grau de impurezas.

Condutividade iônica

eletrólitos sólidos (dielétricos) e

eletrólitos líquidos:

• deve-se ao deslocamento dos íons existentes nas águas contidas nos poros de uma massa de solo, sedimentos inconsolidados ou fissuras das rochas. Este tipo de mecanismo é o que interessa na Hidrogeologia.

A resistividade das rochas que possuem condutividade iônica é função decrescente da

quantidade de água, da natureza dos sais dissolvidos e da porosidade total comunicante∗.

Praticamente, todas as rochas possuem poros em proporção maior ou menor, os quais podem

estar ocupados, totais ou parcialmente, por eletrólitos sendo que, em conjunto, elas se

comportam como condutores iônicos, de resistividades muito variáveis.

Segundo Iakubovskii & Liajov (1980), uma rocha condutora de corrente elétrica pode

ser considerada como sendo um agregado com estrutura de minerais sólidos, líquidos e gases,

na qual sua resistividade é influenciada pelos seguintes fatores:

1) resistividade dos minerais que

formam a parte sólida da rocha;

2) resistividade dos líquidos e

gases que preenchem seus poros;

3) umidade e porosidade da rocha;

4) textura da rocha e a forma e distribuição de seus

poros;

5) processos que ocorrem no contato dos líquidos

contidos nos poros e a estrutura mineral, tais como:

processo de adsorsão de íons na superfície do esqueleto

mineral, diminuindo a resistividade total destas rochas.

∗ Segundo Orellana (1972), a água contida em poros isolados tem pouca importância.

Braga, A.C.O.

22

Portanto, a resistividade das rochas, depende de vários fatores para que se possa atribuir

um só valor para um determinado tipo litológico. Rochas de mesma natureza, podem

apresentar suas resistividades influenciadas pelas condições locais de: conteúdo em água;

condutividade da água; e, tamanho dos grãos, porosidade, metamorfismo, efeitos tectônicos,

etc.

Um mesmo tipo litológico pode apresentar, então, uma ampla gama de variação nos

valores de resistividade. Como relata Sumner (1976), individualmente, os minerais são

razoavelmente consistentes em suas características elétricas, mas num agregado, como ocorre

na natureza, a variação total de suas resistividades é muito maior. A Figura III-08, apresenta

as variações típicas, nos valores de resistividade para sedimentos não saturados e saturados, e

rochas.

10

100

1000

10000

100000

2030

50

200300

500

20003000

5000

2000030000

50000

Res

istiv

idad

e (o

hm.m

)

Sedimentos Rochas

ígneasmeta-mórficas

basalto e/ou

diabásio

anidritacalcáriomargaarenitoargilitoarenosoareno-argiloso

argilo-arenoso

argilosonãosaturado

Figura III-08 – Faixas de variações nos valores de resistividade – solos/sedimentos e

rochas.

Para se efetuar uma correlação adequada com a geologia, em uma determinada área de

estudo, é fundamental a localização geográfica e o entendimento da geologia local em termos

estratigráficos. Entretanto, para a interpretação dos dados do método da eletrorresistividade,

alguns critérios para efetuar a associação resistividade/litologia, podem ser observados e

seguidos:

1. em uma área estudada, as margens de variação são bem mais reduzidas e em geral podem

identificar as rochas em função das resistividades;

Braga, A.C.O.

23

2. a partir de dados coletados previamente (SEV´s paramétricas, perfilagens elétricas,

mapeamento geológico, perfis geológicos de poços confiáveis, etc.), o modelo final pode

ser determinado.

Como demonstrado por diversos autores, as resistividades das águas que saturam os

materiais no subsolo, podem apresentar uma variação muito ampla, mas de baixos valores. Na

maioria dos casos, estas soluções aquosas contêm diversos sais minerais dissolvidos, sendo

um dos principais o cloreto de sódio (NaCl). A resistividade das águas é inversamente

proporcional à concentração destes sais dissolvidos.

A quantidade e classe, desses sais minerais, dependem da natureza das rochas nas quais

as águas tenham percolado em seu fluxo superficial ou subterrâneo. Como a maioria das

rochas existentes na natureza é constituída por minerais, tais como, o quartzo, os silicatos, a

calcita, etc., os quais são considerados praticamente isolantes em termos de propagação da

corrente elétrica, estas rochas seriam mal condutoras de eletricidade, sendo consideradas,

portanto, no seu todo, praticamente isolantes. Em alguns casos, as rochas com quantidade

apreciável de alguns minerais semicondutores, tais como, pirita, pirrotita, magnetita, etc.,

poderiam ser consideradas condutoras.

Entretanto, praticamente todas as rochas possuem poros em quantidades variáveis, os

quais podem estar preenchidos por eletrólitos. Estas rochas, comportam-se como condutoras

iônicas, pois a corrente elétrica flui praticamente através do eletrólito de saturação, pois a

estrutura mineral, como dito anteriormente, conduz mal a corrente elétrica.

A relação entre a resistividade global das rochas e a do eletrólito que preenche seus

poros, pode ser determinada através do coeficiente F - Fator de Formação, através de: F = ρr

/ ρa , onde, ρr é a resistividade média da rocha (matriz e poros incluídos) e ρa a resistividade

da solução de saturação dos poros.

O fator de formação é um coeficiente importante nos estudos da resistividade do

subsolo, podendo determinar, a partir de levantamentos geofísicos por eletrorresistividade,

uma estimativa bastante próxima do real, das porosidades de diferentes formações geológicas.

Os trabalhos de Griffiths (1976), Kelly (1977a e 1977b), Niwas & Singhal (1981),

Worthington (1976) e Orellana (1972), discutem a utilização da resistividade na determinação

da porosidade e permeabilidade das rochas.

Como se discutiu até agora, pode-se deduzir que as resistividades das rochas dependem,

realmente, de inúmeros fatores e podem apresentar uma ampla gama de variação. Portanto, na

interpretação dos dados de resistividades dos materiais no subsolo, obtidas a partir da

superfície do terreno, é fundamental, tanto a experiência do intérprete como o conhecimento

Braga, A.C.O.

24

geológico da área estudada, não podendo realizar esta associação (parâmetro físico-

geológico) de forma puramente automática.

As resistividades dos solos, quando saturados, seguem os padrões descritos

anteriormente, identificando e caracterizando os diferentes tipos de materiais geológicos

localizados em subsuperfície. Entretanto, quando os solos encontram-se secos, porção

localizada acima do nível d'água, seus valores são considerados atípicos, apresentando uma

ampla faixa de variação (por exemplo, 100 a 10.000 ohm.m) não identificando os materiais

em subsuperfície em termos litológicos. As variações das resistividades, neste caso, refletem

apenas as pequenas variações de saturação existentes.

3.3. MÉTODO DA POLARIZAÇÃO INDUZIDA

O método da polarização induzida – IP, teve sua origem por volta de 1920, quando o

pesquisador Conrad Schlumberger, ao realizar trabalhos geofísicos com os métodos

geoelétricos próximos de jazimentos de sulfetos, observou que, quando a corrente elétrica

introduzida no subsolo era interrompida, o campo elétrico criado não desaparecia

bruscamente, mas sim de uma maneira lenta (Orellana, 1974).

Esta polarização induzida ou residual, também denominada de sobretensão, não teve sua

importância considerada por Schlumberger, talvez não acreditando em sua utilidade prática.

Na obra de Sumner (1976), considerada uma das principais publicações referentes a esta

metodologia geofísica, é citado, historicamente, como sendo Schlumberger, o primeiro que

descreveu conclusivamente a "resposta IP".

Em estudos hidrogeológicos, Börner et al (1996), procuraram estimar a permeabilidade

hidráulica de um aqüífero, a partir da polarização induzida, citando que as propriedades

elétricas e hidráulicas de um material geológico são governadas pela geometria do espaço-

poro e pela relação das microestruturas do espaço poroso.

Conforme observado por pesquisadores, desde o início do século passado, na teoria, a

resposta da polarização induzida é uma quantidade, com dimensões, muito reduzida, sendo na

prática medida tal como uma variação de voltagem em função do tempo ou freqüência,

denominados, respectivamente, de IP-Domínio do Tempo (usado na presente pesquisa) e IP-

Domínio da Freqüência.

No IP - Domínio do tempo, ao se aplicar, por intermédio de eletrodos de corrente

denominados convencionalmente de A e B, cravados na superfície do terreno, uma diferença

de potencial ∆V primária ao solo, é provocada conseqüentemente uma polarização do mesmo.

Braga, A.C.O.

25

Esta diferença de potencial

primária (∆Vp) não se estabelece e nem

se anula instantaneamente quando a

corrente é emitida e cortada em pulsos

sucessivos.

Ela varia com o tempo na forma de

uma curva ∆VIP = f(t). Esta curva, liga a

assíntota ∆Vp em regime estacionário

com a assíntota zero após o corte da

corrente (Figura III-09).

∆Vp

t0 t1 t0 t1 t2 t3 t4 t

+∆Vp

−∆Vp

enviorepouso

envio

repousoforma da onda da voltagem

primária transmitida

forma da onda da voltagem

secundária ou curva de

descarga IP

∆Vip (t)

Vs (t0)

M1 M2 M3

Figura III-09 - Curva de descarga IP-

Domínio do Tempo. A amplitude de um valor ∆VIP (t) está diretamente ligada à maior ou menor capacidade

que os terrenos têm de se polarizarem, constituindo-se, portanto, na base do método. Esta

capacidade de polarização constitui a susceptibilidade IP dos materiais da terra.

Analogamente, pode-se descrever o fenômeno da polarização induzida, como se o solo

contivesse pequenos condensadores, que se carregariam durante a emissão de corrente,

descarregando-se após o corte. A curva ∆VIP = f(t) poderia ser chamada então de curva de

descarga IP.

Os fenômenos físico-químicos que poderiam explicar a polarização induzida são muito

complexos, sendo que a maior parte dos autores concordam em distinguir duas origens

possíveis para a polarização induzida:

a) Polarização Metálica ou Eletrônica: na superfície limite de um corpo ou partícula metálica

submetido à uma corrente elétrica, têm-se uma passagem da condução iônica para a

eletrônica, e vice-versa. Isto resulta no fato de que em duas superfícies opostas do corpo

sejam produzidas concentrações de íons, os quais não cederam suas cargas ao corpo, ou seja,

não tomaram elétrons do corpo nem cederam a ele.

Ao se cortar essa corrente, a distribuição dos íons se modifica e volta a seu estado

inicial levando, para isto, um certo tempo, durante o qual existe uma polarização no corpo,

atribuída aos efeitos observados (Figura III-10).

Figura III-10 - Sobretensão de uma partícula metálica submergida em um

eletrólito (Orellana, 1974).

+++++++++

----------

-+

++

+++

+

--

----

++

++

-

-

--

++

- +

conduçãoiônica

conduçãoeletrônica

conduçãoiônica

sentido da corrente Braga, A.C.O.unesp

Braga, A.C.O.

26

Este fenômeno pode ser utilizado, na prática, na prospecção de minerais metálicos

condutores (condutibilidade eletrônica), os quais não precisam apresentar uma boa

continuidade elétrica. O fenômeno IP é tão mais intenso quanto menor a continuidade elétrica

entre os grãos minerais. As mineralizações finamente disseminadas em uma rocha fornecem

respostas muito intensas e isto constitui a grande vantagem da polarização induzida com

relação aos outros métodos geoelétricos, tais como, eletrorresistividade e eletromagnético.

b) Polarização de Membrana: este fenômeno ocorre em rochas carentes de substâncias

metálicas, e é devido a uma diferença de mobilidade entre os ânions e cátions, produzida pela

presença de minerais de argila (Figura III-11).

Figura III-11 - Polarização de membrana. (a) meio poroso antes da aplicação de um campo elétrico. (b) meio poroso após a aplicação de um

campo elétrico (Ward, 1990).

- - - -- - - - - - - -- - - --- -

---

---+

+ ++

++ +

+ ++

+ + + ++ + +++ +

+ +

- - - -- - - - - - - -- - - -+ + +- ++- +

++

+

+ ++-

- --

-++

++ + +

+

++ + +-

+

caminhodo poro

nuvemcatiônica

eletrólito comcargas normais

partículas de argilacom carga negativa

zona deconcentraçãode íons

zona dedeficiênciade íons

ânionsbloqueados

passagemde cátions

(a)

(b)

Braga, A.C.O.unesp

Tais minerais se carregam negativamente, atraindo uma "nuvem catiônica" que permite a

passagem dos portadores positivos mas não dos negativos, exercendo o efeito de uma

membrana. Assim, são produzidos gradientes de concentração, que levam um tempo a

desaparecer depois de suprimida a tensão exterior, e que originam, portanto, uma sobretensão

residual.

Sumi (1965), relata que a polarização induzida em minerais e rochas não metálicas seria

causada principalmente pelo potencial de membrana, que aparece, se no eletrólito, contido

nos poros dos materiais, a corrente elétrica circula através de uma membrana semipermeável

(minerais de argila existentes na natureza). Isto ocorreria devido ao fato de que esta

membrana seria permeável somente para cátions.

Segundo Sumi (op.cit.), os minerais polieletrolíticos reagiriam com os eletrólitos de tal

maneira que a troca de íons na solução ocorreria entre eles mesmos. Minerais de argila

possuiriam a propriedade de conservar certos ânions e cátions durante a troca, atuando

portanto, como membranas semipermeáveis. Esta polarização da membrana atuaria também

após o corte do campo elétrico aplicado, até que a concentração de equilíbrio fosse

novamente obtida.

Braga, A.C.O.

27

Vacquier et al. (1957), em seus estudos sobre a aplicabilidade da polarização induzida

em aqüíferos, chegaram a algumas conclusões interessantes, quais sejam: (1) em arenitos ou

aluviões saturados com água, a polarização induzida aparece quando as superfícies da areia ou

cascalho são parcialmente revestidas com uma película de argila; (2) areia quartzosa pura,

saturada com água, não mostra quase nenhum efeito IP; (3) a magnitude da polarização

induzida depende da resistividade da solução, da quantidade e espécie de argila, e do cátion

que satura a argila; e, (4) geralmente, a polarizabilidade diminui com a diminuição da

resistividade, então camadas de argilas e águas salgadas dão pequenos efeitos IP.

Para o entendimento das variações da resistividade e cargabilidade com a litologia dos

materiais, pode-se utilizar o trabalho de Draskovits et al. (1990) - Figura III-12. Esses

autores, após uma correlação geológica-geoelétrica, obtida através das técnicas de campo, da

sondagem elétrica vertical e perfilagem elétrica IP-Resistividade, apresentaram as seguintes

conclusões:

(1) a resposta IP, em camadas com

misturas de areias e argilas, é bem

maior que a resposta em camadas

argilosas puras;

(2) argilas puras, apresentam baixa

resistividade e baixa polarização;

(3) camadas arenosas, apresentam alta

resistividade e cargabilidade

intermediária; e,

(4) camadas siltosas, apresentam alta

polarização e resistividade

intermediária.

0 20 40 60 80 100

RESISTIVIDADE APARENTE (ohm.m)

0

2

4

6

8

10

CAR

GAB

ILID

ADE

APAR

ENTE

(%

)

SILTES

AREIAS FINAS

AREIAS GROSSASE

CASCALHO

ARGILAS

Figura III-12 – Resistividade, cargabilidade e

a litologia, (Draskovits et al., 1990). Existem na literatura, diversas proposições de parâmetros para expressar as observações

da polarização induzida. No IP-Domínio do Tempo, a curva de descarga ∆VIP = f(t) é o objeto

de estudo. Na Figura III-09, mostrada anteriormente, tem-se a forma da onda primária

transmitida e a curva de descarga IP. A curva de descarga pode ser estudada em sua totalidade

ou apenas amostrada em alguns intervalos de tempo.

O parâmetro medido em IP (Tempo) é chamado de cargabilidade (M) e pode ser

expressa em % ou mV/V (Equação III-11), ou ainda ms, dependendo do equipamento

utilizado.

Braga, A.C.O.

28

P

IP

∆V1000∆V M ×

= (mV/V) III-11

Como ocorre no método da eletrorresistividade, se as medidas da polarização induzida

são efetuadas sobre um terreno cujo subsolo é homogêneo, qualquer das magnitudes definidas

acima podem ser utilizadas como medida de sua polarização verdadeira. Na prática, como o

meio pode ser considerado heterogêneo, o parâmetro resultante das medidas, no IP-Domínio

do Tempo, é denominado de cargabilidade aparente (Ma).

3.4. TÉCNICAS DE CAMPO DOS MÉTODOS GEOELÉTRICOS

Como apresentado no sub-item 3.1., as técnicas de ensaios geofísicos dos métodos

geoelétricos, podem ser de três tipos principais: caminhamentos, perfilagens e sondagens. A

diferença básica entre essas técnicas, está no procedimento de campo para se obter o

parâmetro físico a ser estudado, ou seja, na disposição dos eletrodos na superfície do terreno

ou interior de furos de sondagens e a maneira de desenvolvimento dos trabalhos para se obter

os dados de campo, ligada aos objetivos da pesquisa e geologia da área.

Esses três tipos de técnicas de prospecção pelos métodos geoelétricos amplamente

utilizados, são ilustradas e definidos a seguir.

A técnica do caminhamento elétrico – CE,

aplica-se principalmente, em situações cujos

objetivos das pesquisas visam determinar

descontinuidades laterais dos materiais

geológicos em subsuperfície, tais como: diques e

"sills", contatos geológicos, fraturamentos e/ou

falhamentos, corpos mineralizados, etc..

Investigação lateral

A M N B

Investigações laterais das variações de parâmetros geoelétricos, a uma ou mais

profundidades fixas, efetuadas na superfície do terreno.

Esta técnica pode ser empregada também em estudos ambientais, como determinar a

posição do lençol freático e a direção do fluxo d’água subterrâneo (menor precisão que as

SEV’s), e mapear a plumas de contaminação no subsolo.

Braga, A.C.O.

29

A perfilagem elétrica – PERF, é uma

técnica utilizada e desenvolvida no interior de

furos de sondagens mecânicas. Seus objetivos

principais são os de estudar as variações de

parâmetros físicos in situ. É aplicada na

hidrogeologia e na prospecção de petróleo, como

por exemplo, na determinação de níveis

arenosos/argilosos, permeabilidades, etc.

Investigação “in situ”BB

MMNN

A

Investigações laterais e em profundidade das variações de parâmetros geoelétricos,

efetuadas no interior de furos de sondagens mecânicas.

A sondagem elétrica - SE, é empregada em

situações cujos objetivos sejam investigar em

profundidade os diferentes tipos e situações

geológicas, determinando suas espessuras e

resistividades e/ou cargabilidades, a partir de um

ponto fixo na superfície de terreno.

A M N B

Investigação em profundidadeInvestigações das variações de parâmetros geoelétricos com a

profundidade, efetuadas na superfície do terreno a partir de um ponto fixo.

Para se obter uma maior performance dessa técnica, as investigações devem ser

efetuadas, preferencialmente, em terrenos compostos por camadas lateralmente homogêneas

em relação ao parâmetro físico estudado, e limitadas por planos paralelos à superfície do

terreno - meio estratificado.

As sondagens elétricas podem ser simétricas ou dipolares. As simétricas são

denominadas de sondagens elétricas verticais - SEV, enquanto que as dipolares, são

denominadas de sondagens elétricas dipolares – SED (Orellana, 1972). Além de apresentar

excelentes resultados, a SEV é uma das mais utilizadas no mundo inteiro, envolvendo estudos

rasos aplicados à Geologia de Engenharia, Ambiental, Hidrogeologia, etc., como, pode ser

utilizada também, para estudos profundos de cunho acadêmico ou aplicados à Geologia de

Petróleo.

Essas técnicas de investigação do subsolo, apresentam maneiras de disposição dos

eletrodos na superfície do terreno - arranjos de campo - variando em função dos objetivos do

trabalho e de situações gerais de campo, tais como, topografia, ruídos artificiais indesejáveis,

urbanização, etc.

3.4.1. Sondagem Elétrica Vertical - SEV

A técnica da sondagem elétrica consiste em uma sucessão de medidas de um parâmetro

geoelétrico (resistividades e/ou cargabilidades aparentes), efetuadas, a partir da superfície do

Braga, A.C.O.

30

terreno, mantendo-se uma separação crescente entre os eletrodos de emissão de corrente e

recepção de potencial. Quando os eletrodos são alinhados na superfície do terreno de maneira

simétrica, ou assimétrica com um eletrodo no “infinito”, e durante a sucessão de medidas, a

direção do arranjo e o centro do dipolo de recepção de potencial permanecem fixos, tem-se a

sondagem elétrica vertical.

Existem dois tipos principais de arranjos de campo para o desenvolvimento da técnica

da SEV: Schlumberger e Wenner (Figura III-13). Enquanto que o primeiro, é utilizado na

maioria dos países europeus, principalmente, França e Rússia e no Brasil, o segundo tipo é

utilizado mais no Canadá, Estados Unidos e Inglaterra.

Braga, A.C.O.unesp

(a) Schlumberger

A M

Braga, A.C.O.unesp

N B A M N B

aL L

O

a: fixoL: crescente

O

a a a(b) Wenner

a: crescente

MN ≤ AB/5

Figura III-13 - Arranjo de campo Schlumberger - SEV.

Apesar das diferenças entre estes dois tipos de arranjo, serem pequenas, o Schlumberger

pode ser considerado superior, tanto em praticidade como em qualidade dos resultados

(Tabela III-03), e é o adotado na maioria dos trabalhos desenvolvidos em nosso país.

Tabela III-03. Diferenças práticas entre os arranjos Schlumberger e Wenner.

Schlumberger Wenner - Mais prático no campo, é necessário o

deslocamento de apenas dois eletrodos

(AB);

- As leituras estão menos sujeitas às

interferências produzidas por ruídos

indesejáveis; e,

- Menos susceptível a erros interpretativos

em terrenos não homogêneos.

- Menos prático no campo, é necessário o

deslocamento dos quatro eletrodos (AMNB);

- As leituras estão mais sujeitas às interferências

produzidas por ruídos indesejáveis;

- Mais susceptível a erros interpretativos devido a

heterogeneidades laterais; e,

- Ideal para medidas da resistividade e/ou resistência

do solo para fins, por exemplo, de aterramento.

Arranjo Schlumberger

A idéia básica deste arranjo (Figura III-13/a), é fazer com que à distância a que separa

os eletrodos M e N se mantenha fixa e tenda a zero em relação à distância crescente de L

Braga, A.C.O.

31

(entre AO e OB). O modelo geoelétrico final obtido, através da interpretação dos dados, é

atribuído ao ponto central do arranjo.

As leituras, neste tipo de arranjo, estão menos sujeitas às variações laterais no parâmetro

físico medido, irregularidades na superfície topográfica e ruídos produzidos por fontes

artificiais. Com isto as leituras de campo apresentam maior precisão, resultando numa

interpretação mais próxima da realidade e coerente com os princípios gerais que norteiam a

técnica da SEV.

Segundo Orellana (1972), o erro produzido por esse tipo de arranjo, que se reflete nos

dados de campo, em função dos ajustes necessários nas equações gerais básicas, pode ser

considerado insignificante, não se traduzindo em desvantagem. Nas medições de campo,

pode-se adotar a norma sugerida pelo autor referido quanto à relação entre os eletrodos: MN

≤ AB/5; então, para MN = a e AB = 2L, demonstrou-se que para esta relação o erro nas

leituras de campo seria de aproximadamente 4%.

No desenvolvimento de uma SEV – arranjo Schlumberger, ao introduzir, no subsolo, a

corrente elétrica (I) por meio dos eletrodos A e B, resulta que entre os eletrodos M e N mede-

se a diferença de potencial (∆V) criada. As medidas obtidas são utilizadas para o cálculo da

resistividade aparente, utilizando-se as equações:

I∆VK.a =ρ (ohm.m); III-12

( )MN

AN.AM π.K = III-13

onde, K é um fator geométrico que depende do espaçamento AMNB utilizado. Durante o corte

da corrente elétrica, o equipamento analisa e fornece o valor da cargabilidade aparente. Ao

aumentar-se à distância entre os eletrodos de corrente AB, o volume total da subsuperfície

incluída na medida também aumenta, permitindo alcançar camadas cada vez mais profundas.

Os resultados sucessivos estarão, portanto, estritamente ligados com as variações da

resistividade e/ou cargabilidade com a profundidade. A utilização de curvas logarítmicas, para

representação e interpretação dos dados de campo, se dá por que, nestes tipos de curvas, as

variações das estruturas geoelétricas representativas são realçadas, e, principalmente, reduzem

os cálculos teóricos para o traçado das curvas-modelos, usadas na interpretação (Iakubovskii

& Liajov, 1980; Kunetz, 1966; e, Orellana, 1972).

Braga, A.C.O.

32

Os dados geoelétricos, assim obtidos,

em cada SEV, são representados por meio

de uma curva bilogarítmica em função dos

espaçamentos adotados entre os eletrodos

correspondentes - AB/2 (Figura III-14).

As interpretações das curvas de

campo das SEV’s, devem ser efetuadas

considerando os fundamentos que regem a

aplicação desta técnica, cuja utilização se

dá em áreas nas quais a distribuição do

parâmetro físico no subsolo corresponde,

com razoável aproximação, ao modelo dos

meios estratificados.

1 10 1002 4 6 8 20 40 60 80Espaçamento AB/2 (m)

1

10

100

2

4

6

8

20

40

60

80

Res

istiv

idad

e Ap

aren

te (o

hm.m

)

Figura III-14 – Plotagem dos dados - SEV.

A finalidade da interpretação de uma SEV é, portanto, (1) determinar a distribuição

espacial dos parâmetros físicos no subsolo, partindo dos dados das curvas de campo

observados na superfície do terreno, e (2) buscar o significado geológico de tais parâmetros.

Ambas as etapas não são de fácil execução, sendo que a primeira se baseia em leis físico-

matemáticas, e a segunda depende fundamentalmente de correlações entre os dados físicos e

geológicos, envolvendo muito a experiência do intérprete.

Os vários processos existentes na literatura para se cumprir a primeira etapa citada

anteriormente, são denominados de processamento dos dados de campo, já que a

"interpretação" inclui, também, a correlação entre os resultados de diferentes SEV’s e a

associação com a geologia das camadas geoelétricas e suas estruturas.

O modelo geoelétrico processado das SEV’s, pode ser obtido por softwares adequados

para computadores, tais como: IX1D versões 2 e 3 (Interpex Limited-USA), IPI2Win versão 3

– Resistivity sounding interpretation (Moscow State University). Esses softwares, além de

apresentarem maior rapidez no processamento, trouxeram uma maior precisão nos modelos

geoelétricos finais. A Figura III-15, ilustra as etapas necessárias na interpretação de uma

SEV, onde após a obtenção das curvas de campo e suavização dos dados, tem-se:

Braga, A.C.O.

33

• etapa-1, análise da morfologia das

curvas de campo, procurando identificar

as camadas geoelétricas existentes,

definindo um modelo de tipo de curvas.

Esta etapa é efetuada analisando-se

todas as SEV's em conjunto;

• etapa-2, processamento dos dados das

curvas, em função do modelo do item

anterior, utilizando-se de curvas

preexistentes e/ou programas

computacionais, obtendo as

resistividades/cargabilidades e

espessuras reais das camadas

geoelétricas;

INTERPRETAÇÃOSEV

Curvas de Campo

1. Análise Morfológica

3. Associação coma Geologia

2. Processamento dosDados de Campo

4. Modelo GeoelétricoInicial

5. Modelo GeoelétricoFinal

Figura III-15 – Etapas na interpretação - SEV.

• etapa-3, associação com a geologia, envolvendo uma correlação dos modelos obtidos

entre as SEV’s e a geologia local, estabelecendo um modelo geoelétrico inicial (etapa-4);

se necessário, deve-se voltar a novo processamento dos dados de campo, procurando o

melhor ajuste do modelo inicial com a geologia; e, finalmente,

• etapa-5, estabelecimento do modelo geoelétrico final (Figura III-16).

10

1

20

30

40

5060

2

3

4

56789

Pro

fund

idad

e (m

)

1.5m

5.5m

22.0m

42.0m

400

650

3200

180

20

9.5

3.6

11.0

4.5

17.4

1 10 100 10002 4 6 8 20 40 60 80 200 400 600800

Espaçamento AB/2 (m)

1

10

100

1000

10000

2

468

20

406080

200

400600800

2000

400060008000

ρ a (o

hm.m

) e M

a (m

V/V)

resIP

Curva de Campo

Obs.: nível geoelétrico descrito em termos de predominânciado material geológico.

SEV - ER/IPModelo Geoelétrico

NAsedimentosarenosos

aqüífero livre

sedimentossuperficiais

nãosaturados

sedimentosargilosos

IP ER

modelo geoelétrico

Figura III-16 – Interpretação de uma SEV-ER/IP – modelo geoelétrico final.

Braga, A.C.O.

34

A análise morfológica, constitui-se em uma das etapas mais importante da interpretação

das SEV´s. É, nesta análise, que o intérprete define, de maneira qualitativa, o modelo

geoelétrico da área estudada. Ela deve ser efetuada de maneira visual, com todas as SEV´s em

conjunto, procurando identificar as camadas geoelétricas e seus comportamentos em termos

espaciais ao longo da área estudada, considerando, sempre, a geologia local.

Uma questão importante nas análises morfológicas das SEV’s, diz respeito às variações

das resistividades em subsuperfície, correspondendo às distribuições verticais das

resistividades e/ou cargabilidades dentro de um volume determinado do subsolo. Estas

variações podem ser classificadas segundo seu número de camadas geoelétricas, isto é: de

uma (difícil na prática), duas, três, quatro camadas, etc. Em função do número de camadas

identificadas e das variações de resistividades, as colunas geoelétricas podem ser dos tipos:

• duas camadas - a) ascendente: ρ1<ρ 2; b) descendente: ρ1>ρ2;

• três camadas - a) K: ρ1<ρ2>ρ3; b) H: ρ1>ρ2<ρ3; c) A: ρ1<ρ2<ρ3; e, d) Q: ρ1>ρ2>ρ3;

• quatro camadas - a) KH: ρ1<ρ2>ρ3<ρ4; b) QH: ρ1>ρ2>ρ3<ρ4; etc.

As etapas anteriores, relacionadas à interpretação dos dados de uma SEV, são

importantes de serem destacadas, pois a definição do modelo final não é um simples ajuste

das curvas de campo com modelos teóricos, efetuados, principalmente, por meio de

programas existentes para computadores, sem levar em consideração uma análise dos dados

com a geologia da área.

A interpretação puramente automática pode levar a erros graves na definição do modelo

geoelétrico, resultando em uma descrença da técnica e até em prejuízos financeiros para os

usuários. Na prática, já se comprovou inúmeros casos ocorridos em que, a interpretação

efetuada de maneira inadequada, levou a resultados incompatíveis com a geologia da área;

normalmente, atribuindo à ineficiência da técnica.

Cabe destacar as metodologias de processamento dos dados de campo antes do advento

dos softwares existentes hoje em dia. Essas metodologias, apesar de trabalhosas e menos

precisas, são extremamente didáticas e devem ser utilizadas pelos geofísicos interpretes

iniciantes. Nessa linha tem-se o método da superposição, adotado pelos geofísicos franceses

da escola Schlumberger, o qual consiste basicamente na comparação da curva de campo com

curvas teóricas de catálogos existentes, até encontrar uma que coincida perfeitamente com a

de campo.

Uma limitação desta metodologia diz respeito ao fato de que, apesar da utilização de

escalas logarítmicas reduzirem os parâmetros da seção, a quantidade de casos possíveis leva à

Braga, A.C.O.

35

necessidade de uma derivação deste método para outro denominado de método do ponto

auxiliar (Koefoed, 1979a), entre os quais destaca-se o método de Ebert.

Segundo o autor referido, basicamente, o método de Ebert consiste em reduzir

artificialmente o número de camadas da curva de campo, substituindo as duas primeiras por

uma só equivalente a elas e assim sucessivamente, o que permite aplicar o método da

superposição com uma coleção de curvas teóricas de duas ou três camadas para seções

geoelétricas de várias camadas.

Zohdy (1965), apresenta uma relação importante entre o método do ponto auxiliar com

os parâmetros de Dar Zarrouk, ilustrada graficamente, mostrando a utilidade destes

parâmetros na interpretação das curvas de SEV. Considerações sobre a utilização desses

métodos de interpretação e uma coleção de curvas teóricas podem ser encontradas nas obras

de Orellana & Mooney (1966), Compagnie Générale de Géophysique (1963) e Rijkswaterstaat

(1969).

Entretanto, em qualquer método utilizado na interpretação das SEV’s, uma das

dificuldades que o intérprete dos dados encontra, diz respeito à ambigüidade na obtenção do

modelo final, uma vez que as curvas de campo podem admitir muitas soluções. Entre estas, o

intérprete têm que escolher, dentro das margens de variações possíveis, aquele conjunto de

soluções que tenham maior probabilidade de representar a seqüência geológica real da área.

Nessa ambigüidade, dois efeitos são muito importantes e fundamentais na interpretação

das SEV’s:

(1) Supressão de Camadas: uma

camada relativamente delgada, em

relação à sua profundidade de

ocorrência, cuja resistividade é

intermediária entre às das camadas

que a delimitam, pode influir muito

pouco na curva de campo, tornando-

se difícil sua visualização.

1 10 1002 4 6 8 20 40 60 80

Espaçamento AB/2 (m)

100

1000

10000

200

400

600

800

2000

4000

6000

8000

Res

istiv

idad

e Ap

aren

te (o

hm.m

)

SEV-01

SEV-02

SEV-03

100

600

80

5000

SEV-03 SEV-02100

600

75

5000

SEV-01100

600

85

5000camada de visualização difícil na curva de campo

da SEV-01

Modelo Geoelétrico

Braga, A.C.O.

36

(2) Equivalência: baseado no fato de

que diferentes seções geoelétricas

podem corresponder a curvas de

campo iguais ou muito semelhantes

entre si, resultantes das relações entre

as espessuras e resistividades das

camadas existentes.

1 10 1002 4 6 8 20 40 60 80

Espaçamento AB/2 (m)

10

100

1000

20

40

60

80

200

400

600

800

Res

istiv

idad

e Ap

aren

te (o

hm.m

)

ρ1 = 100 E1 = 1,9

ρ2 = 10 E2 = 7,8

ρ3 = 9.000

ρ1 = 97 E1 = 2,2

ρ2 = 4 E2 = 2,4

ρ3 = 11.000

Modelo 1 Modelo 2

Koefoed (1979a), Kunetz (1966), Queiroz & Rijo (1995), Orellana (1972) e Souza &

Rijo (1995), discutem de forma detalhada esses efeitos mencionados, mostrando suas

conseqüências teóricas e práticas. Rigoti & Crossley (1987), apresentam um estudo

procurando reduzir essa ambigüidade na interpretação geofísica usando vários parâmetros

simultâneos na interpretação, tais como resistividade-DC, cargabilidade domínio-tempo e

dados magnetotelúricos.

Cabe destacar, que ao utilizar os dados de resistividade e cargabilidade em conjunto,

têm-se enormes vantagens sobre apenas a resistividade, pois no subsolo, podem ocorrer

camadas com respostas "IP" que não necessariamente correspondam a camadas de

resistividade, podendo ser identificadas.

Entretanto, para reduzir as ambigüidades, são fundamentais, a qualidade dos dados de

campo, o conhecimento geológico da área estudada, a familiaridade do intérprete com os

princípios teóricos básicos do método e técnica utilizados, bem como sua experiência. Deve-

se ressaltar que, em ensaios geofísicos pela técnica da sondagem elétrica vertical, é

importante, tanto na interpretação dos dados obtidos, como na redução das ambigüidades do

modelo geoelétrico final, a execução de algumas SEV's de calibração, tal como ensaios

executados junto a furos de sondagens mecânicas que contenham descrições geológicas

confiáveis, visando obter uma perfeita modelagem dos dados de campo com os dados

geológicos.

Cabe ressaltar ainda que, o modelo geoelétrico final reflete variações do parâmetro

físico obtido com a profundidade, a partir de investigações efetuadas na superfície do

terreno, de forma indireta, estando sujeito a imprecisões de acordo com a teoria da

Braga, A.C.O.

37

metodologia geofísica desenvolvida. Segundo Orellana (1972), o erro do modelo final, em

condições normais de trabalho, pode ser tomado como 10%.

Como referência, podem-se destacar alguns trabalhos pioneiros que discutem os

métodos interpretativos de uma SEV e suas ambigüidades, quais sejam: Bhattacharya & Patra

(1968), Kunetz & Rocroi (1970), Mooney & Wetzel (1956), Oldenburg & Li (1994), Seara &

Conaway (1980) e Zohdy (1968 e 1974).

As SEV’s – ER/Schlumberger, apresentam como vantagens principais, a característica

de permitir um recobrimento de extensas áreas, de maneira rápida, precisão satisfatória,

custos relativamente reduzidos e de efetuar investigações rasas até profundas, a partir da

superfície do terreno, sem alterar as condições e estados naturais dos materiais em superfície

e subsuperfície, o que pode ocorrer com as perfurações de poços tubulares.

Em relação a outros métodos geofísicos, outra vantagem da SEV, diz respeito a sua

pouca sensibilidade a “ruídos” provocados, por exemplo, por instalações elétricas, cabos de

alta tensão, etc., pois a gama de leitura dos potenciais primários gerados, normalmente são

superiores a esses ruídos. Ressaltam-se, principalmente, trabalhos efetuados no interior de

refinarias de combustíveis, onde o elevado nível de “ruídos”, inviabiliza a maioria dos

métodos/técnica geofísicos; sendo a SEV-ER, perfeitamente capaz de ser executada. O que já

não ocorre com o método da polarização induzida.

Outros métodos/técnicas geofísicos podem apresentar limitações nas profundidades de

investigação. Tais limitações práticas podem ser do tipo: camadas resistivas (refrator) –

sísmica de refração ou camadas muito condutivas – GPR; as quais podem limitar as

investigações dessas metodologias. Isso já não ocorre na SEV-ER, onde, independentemente

da seqüência estratigráfica, pode alcançar grandes profundidades. Cabe ressaltar ainda, que

normalmente os custos dos equipamentos geofísicos de eletrorresistividade -

eletrorresistivímetros, são considerados os mais baixos no mercado, possibilitando mais

facilmente suas aquisições.

Como limitações impostas a essa metodologia, podem-se destacar os efeitos produzidos

nos dados de campo por situações, tais como: presença de tubulações; cabos de alta tensão;

vazios no solo resultante de formigueiros, cupins ou erosões internas; fugas de corrente no

circuito AB; etc.; os quais podem ser significativos se localizados próximos dos eletrodos de

potenciais MN. Outra limitação prática das SEV’s, diz respeito aos espaços disponíveis para o

desenvolvimento do arranjo AB, onde, dependendo dos locais de ensaios, não se permite

atingir um espaçamento necessário conforme os objetivos programados.

Braga, A.C.O.

38

Na etapa de processamento dos dados, podem-se destacar, principalmente, os fenômenos

da ambigüidade (destacados anteriormente) e a precisão e qualidade dos softwares utilizados.

A disponibilidade de dados geológicos dos locais estudados, são fatores de extrema

importância. Entretanto, as limitações citadas podem ser minimizadas e/ou eliminadas desde

de que todos os cuidados recomendados na execução das SEV’s sejam observados e seguidos

com rigor.

3.4.2. Caminhamento Elétrico - CE

A técnica do caminhamento elétrico (CE) se baseia na análise e interpretação de um

parâmetro geoelétrico (resistividade e/ou cargabilidade), obtido a partir de medidas efetuadas

na superfície do terreno, investigando, ao longo de uma seção, sua variação na horizontal, a

uma ou mais profundidades determinadas.

Os resultados obtidos se relacionam entre si através de mapas (a uma ou mais

profundidades determinadas), ou de seções (com várias profundidades de investigação -

vários níveis de investigação). No desenvolvimento desta técnica, existem vários tipos de

arranjo possíveis de serem utilizados, tais como: dipolo-dipolo, polo-dipolo, gradiente,

Schlumberger, Wenner, etc.. Na presente pesquisa, discute-se o arranjo dipolo-dipolo.

Arranjo Dipolo-Dipolo

No desenvolvimento desse arranjo de campo, podem-se utilizar simultaneamente vários

dipolos de recepção (MN) dispostos ao longo da linha a ser levantada (Figura III-17). Cada

dipolo MN corresponde a um nível de investigação, podendo, dependendo do caráter do

trabalho, estudar as variações horizontais de um parâmetro geoelétrico ao longo de um perfil

com um ou mais dipolos, atingindo várias profundidades de investigações.

Nesse tipo de arranjo a profundidade teórica atingida em cada nível investigado, é

tomada, segundo alguns autores, como sendo Z = R/2 (metros), onde R é a distância entre os

centros dos dipolos considerados (AB e MN). Entretanto, na prática, essa relação é mais real

se for tomada como sendo aproximadamente R/4.

Braga, A.C.O.

39

45 o45 o 45 o45 o) (

n1

n2

n3

n4

n5

V V V V V

M1 N1 M2 N2 M3 N3 M4 N4 M5 N5A B

Braga, A.C.O.unesp

Sentido docaminhamento

Z = R / 2

Linhas de corrente

Linhas deequipotencial

x xnxR

A

●●

●●

●x = espaçamento dos dipolosR = espaçamento entre os

centros dos dipolos considerados

n = níveis teóricos de investigação

Z = profundidade teórica investigada

Figura III-17 – Arranjo de campo Dipolo-Dipolo - CE. O ensaio é desenvolvido ao longo de perfis previamente estaqueados, com espaçamento

(x) constante, em função das profundidades de investigações requeridas, pois tanto o

espaçamento entre os dipolos como os números de dipolos utilizados regulam as

profundidades de investigações atingidas. Após a disposição do arranjo no terreno, e obterem-

se as leituras pertinentes, todo o arranjo é deslocado para a estaca seguinte e efetuadas as

leituras correspondentes, continuando este procedimento até final do perfil a ser levantado.

O sistema de plotagem dos parâmetros geoelétricos obtidos, é efetuado considerando

como ponto de atribuição das leituras, uma projeção de 45o a partir dos centros dos dipolos

AB e MN, até atingir-se o ponto médio entre os centros destes dipolos. Após a plotagem de

todos os parâmetros geoelétricos obtidos em um perfil levantado, tem-se uma pseudo-seção de

resistividade ou cargabilidade aparente.

No método da eletrorresistividade, o parâmetro obtido – resistividade aparente - é

determinado a partir da Equação III-08, onde, o coeficiente geométrico K, nesse caso, é dado

por:

2n1

1n2

n1

1G com ,G x . 2K

++

+−

== π III-14

sendo, portanto: K = fator geométrico que depende da disposição dos eletrodos ABMN na

superfície do terreno, x = espaçamento dos dipolos AB e MN adotado e n = nível de

investigação correspondente.

Como na SEV, durante o corte da corrente elétrica, o equipamento analisa e fornece o

valor da cargabilidade aparente – método da polarização induzida.

A interpretação desses dados pode ser efetuada tanto em perfis como em mapas, sendo

entretanto, mais usual, efetuar-se primeiramente uma interpretação dos perfis individualmente

e posteriormente em conjunto podendo, representar e ilustrar os resultados dessa interpretação

Braga, A.C.O.

40

através de mapas de isovalores. A Figura III-18, ilustra as etapas necessárias na interpretação

de um CE, onde após a obtenção dos dados de campo e plotagem das pseudo-seções, tem-se:

• etapa-1, análise qualitativa das

variações do parâmetro físico obtido,

considerando-se o sistema de plotagem

de 45o graus e a posição dos dipolos –

podendo-se definir o modelo

qualitativo final;

• etapa-2, processamento dos dados,

através de programas computacionais,

obtendo as resistividades e/ou

cargabilidades e espessuras reais das

camadas geoelétricas – 2D;

INTERPRETAÇÃOCE

Pseudo-Seções

1. Análise Qualitativa

3. Associação coma Geologia

2. Processamento dosDados de Campo

5. Modelo GeoelétricoFinal – 2D

4. Modelo GeoelétricoInicial

Modelo QualitativoFinal

Figura III-18 – Etapas na interpretação - CE.

• etapas-3, 4 e 5, associação com a geologia e definição do modelo geoelétrico final.

As pseudo-seções do CE-DD podem ser processadas (quantificadas) através da inversão

2D dos dados de campo por softwares adequados, tais como: Res2dinv V. 3.5 - 2D e Res3dinv

V. 2.15 – 3D Resistivity and IP Inversion (Geotomo Software – Malaysia); RESIX-IPDI V.

3.04 - 2-D Resistivity and IP Forward and Inverse Modeling (Interpex - USA); e, DC

Resistivity 2.5d – forward modelling and inversion software versão 1.0 (Zond - Rússia).

Dessa maneira, pode-se obter uma seção geoelétrica real.

A Figura III-19 ilustra as etapas descritas anteriormente na interpretação de uma

pseudo-seção, desde a plotagem, análise qualitativa e inversão dos dados de campo,

resultando na seção geoelétrica. Normalmente, as anomalias resultantes de corpos ou

estruturas geológicas refletem dois flancos anômalos nas pseudo-seções, um em função dos

eletrodos de potenciais e outro em função dos eletrodos de corrente. A intensidade desses

flancos varia em função da geologia local.

Essa Figura, mostra uma anomalia condutora, associada a falhamento, posicionada na

superfície do terreno (barra azul). Pode-se observar que, o flanco anômalo à esquerda é

resultante da passagem dos eletrodos de potencial sobre a falha (anomalia de potencial) e que

o flanco anômalo à direita é resultante da passagem dos eletrodos de corrente (anomalia de

corrente). Na seção geoelétrica, as anomalias condutoras são posicionadas com maior

precisão, sendo a principal, localizada entre as E-260-300, com extensão para a direita (E-

440).

Braga, A.C.O.

41

40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600Linha 3 - Seção Geoelétrica

-60

-40

-20

0

Prof

undi

dade

(m)

40

60

100

200

400

600

1000

2000

4000

7000

Res

istiv

idad

e (o

hm.m

)

0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640Linha 3 - Pseudo Seção de Resistividade Aparente

-120

-100

-80

-60

-40

-20

0

Prof

undi

dade

teór

ica

(m)

366689

17002100

1950

330452

6461130

151

3861130

1270203

95

408603

13290

242

422118

92203

237

20795

238292

363

8071

9397

95

180254

353537

373

254296

268537

650

408350

410580

700

600

723780

920

12501510

985

12501130

1245

micaxistos, filitos

solo - materiais detríticos

calcários

micaxistos,filitos

solo - alteração dasrochas metamórficas

cavidade -calcário

cavidade- solo

Figura III-19 – Interpretação do CE – Dipolo-Dipolo (software Res2dinv). Visando determinar com maior precisão a posição na superfície do terreno das

anomalias qualitativas identificadas, as pseudo-seções podem ser filtradas, procurando

“eliminar” os flancos resultantes. Uma das maneiras consiste no sistema de plotagem

denominado médias dos triângulos. As médias triangulares podem ser obtidas de duas

maneiras (Figura III-20): médias triangulares totais - consiste em obter as médias de todos os

valores incluídos no triangulo, considerando os níveis investigados; e, médias triangulares

laterais - consiste das médias dos valores externos do triangulo. Nos dois sistemas, os valores

médios são plotados no centro do triangulo, na vertical.

40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640

Metodologias de Obtenção da Resistividade Média Triangular

FAIXA DE VALORES

NÃO CONSIDERADA

1

1 2

1 2 3

1 2 3 4

1 2 3 4 5resistividade aparente média

triangular total

11 2

1 2

1 2

1 2resistividade aparente média

triangular lateral

FAIXA DE VALORES

NÃO CONSIDERADA

posição de plotagem dos valores médios obtidos

M

Figura III-20 – Sistema de plotagem pelas médias triangulares – CE/Dipolo-Dipolo.

3.5. PARÂMETROS E FUNÇÕES DE DAR ZARROUK

Nas discussões teóricas sobre os meios condutores estratificados, determinados

parâmetros têm fundamental importância na interpretação e entendimento do modelo

geoelétrico para uma determinada situação geológica em profundidade. Tais parâmetros

resultam de uma combinação, por meio de multiplicação ou divisão, da espessura e

resistividade de cada camada geoelétrica obtida no modelo.

Como citado em Henriet (1975), Koefoed (1979a), Orellana (1963 e 1972) e Zohdy

(1965 e 1975), a importância desses parâmetros foi relatada pela primeira vez por Maillet

(1947), em trabalho, considerado por Orellana (1972), como decisivo para a teoria dos

Braga, A.C.O.

42

métodos geoelétricos. Neste trabalho Maillet propôs para os novos parâmetros a denominação

de parâmetros de Dar Zarrouk - DZ.

Considerando-se uma seção geoelétrica, como a indicada na Figura III-21, a corrente

elétrica ao fluir no subsolo pode tomar dois caminhos preferenciais: um perpendicular e outro

paralelo à estratificação. No fluxo perpendicular à estratificação as diferentes camadas

comportam-se como condutores em série cujas resistências se somam.

Portanto, a resistência de uma camada i,

sendo L seu comprimento e S sua seção

transversal, será dada por:

iii

iii EE

SLR ρρρ =

×==

11 III-15

1m 1m

ρ1 E1

ρ2 E2

ρ3 E3

ρ4 E4 Figura III-21 – Parâmetros de DZ.

Este produto é denominado de resistência

transversal unitária ″T″, resultando, portanto:

ET iii ρ= III-16

O conjunto das n primeiras

camadas, corresponderá à resistência

total:

ET iii

i ρ∑= III-17

As dimensões de T são as de uma resistividade por uma longitude e sua unidade é ohm.m2 ∗.

No fluxo de corrente paralelo à estratificação, a resistência da camada i será:

i

i

iiii EES

LR ρρρ =×

==1

1´ III-18

Assim estas resistências não podem ser somadas, por estarem em paralelo, portanto é

conveniente passar às suas inversas - as condutâncias, já que estas possuem a propriedade

aditiva.

Ao denominar de Si, a condutância da

camada i, tem-se a condutância longitudinal

unitária ″S″, ou seja:

ESi

ii ρ

= III-19

Cujo conjunto das n primeiras

camadas da seção dará uma condutância

total:

∑=i i

ii

ESρ III-20

As dimensões de S são as de uma condutância, medida em siemens (ou mhos).

∗ Nas dimensões dessa magnitude, deve-se considerar que a seção transversal não influi, já que por definição, é igual à unidade de superfície em qualquer sistema de unidades (Orellana, 1972).

Braga, A.C.O.

43

Os parâmetros T e S representam as componentes vertical e horizontal da resistência.

Como em geral, a direção da corrente no subsolo é oblíqua, tem-se que considerar ambas

magnitudes. Pode-se portanto, introduzir um novo conceito em função desses parâmetros, ou

seja, a resistividade transversal - ρT, e a resistividade longitudinal - ρL.

Considerando-se a Figura III-22 como um pacote homogêneo de uma camada com

espessura E, de modo que T e S sejam iguais para todo o conjunto, e a partir das Equações III-

16 e III-19, tem-se que:

ET Tρ= III-21 E

SLρ

= III-22

Dadas essas equações, Orellana (1972) concluiu em sua obra, que um pacote de camadas

homogêneas e isotrópicas se comportam, de certa maneira, como um meio anisótropo, este

fenômeno foi denominado por Maillet de pseudo-anisotropia ∗.

As deduções de Orellana (op.cit.) podem ser sintetizadas da seguinte maneira:

• a pseudo-anisotropia A pode ser expressa

numericamente a partir de:

AL

T

ρρ

= III-23

• e, definindo uma resistividade média ρm

, tal que:

LTm ρρρ = III-24

Das equações anteriores, resultam:

A mT ρρ = III-25 A

mL

ρρ = III-26

Como foi demonstrado por Koefoed (1979a), Orellana (op.cit.) e Zohdy (1975), os

parâmetros T e S podem ser calculados, não só para camadas individualizadas, mas também

para profundidades intermediárias.

Ao multiplicar-se por E as Equações III-25 e 26, e considerando as III-21 e III-22, tem-

se portanto:

S.TAZ ∑ ∑= III-27 ST

m ∑∑=ρ III-28

Então, dado uma seção geoelétrica, é possível calcular os valores de T e S que

correspondem a cada profundidade z, e a partir destes, por meio das Equações III-27 e III-28,

a pseudoprofundidade (ou profundidade DZ) Az e a resistividade média (ou resistividade DZ)

ρm correspondente a cada z.

∗ Denominação utilizada para diferenciar das anisotropias usuais.

Braga, A.C.O.

44

A Figura III-22 ilustra, de um modo geral, a relação entre as resistividades em função da

litologia de solos e rochas, sem considerar as profundidades dos materiais em subsuperfície:

• Figura III-22a: o esqueleto mineral e poros

da rocha, estão orientados desordenadamente

(materiais arenosos), como conseqüência, a

resistividade da rocha será a "mesma" em

qualquer direção.

• Figura III-22b: mostra o esqueleto mineral e

poros com formas alongadas, orientadas

(materiais argilosos), sendo a resistividade

transversal (ρT) maior que a resistividade

longitudinal (ρL).

ρT ρL

a)

b)

Figura III-22 - Relação da resistividade de uma rocha com sua estrutura

mineral (Iakubovskii & Liajov, 1980).

A diferença entre estas resistividades, é a pseudo-anisotropia "A". Portanto, as

resistividades obtidas, refletem as resistividades longitudinais (Iakubovskii & Liajov, 1980).

A combinação das resistividades e espessuras das camadas geoelétricas, resultando nos

parâmetros e curvas de Dar Zarrouk, têm grande importância na teoria e interpretação de um

modelo geoelétrico obtido pelas curvas de resistividades aparentes de uma SEV.

Esses parâmetros, além de auxiliarem na definição do modelo final, podem ser utilizados

em outras questões práticas, como bem demonstrou Henriet (1975), cujo trabalho trata da

utilização dos parâmetros de Dar Zarrouk em estudos hidrogeológicos. O parâmetro T, pode

ser empregado na avaliação de propriedades hidrogeológicas de aqüíferos, tal como a

transmissividade; e o parâmetro S da camada sobrejacente, em estudos sobre a proteção de

aqüíferos frente a poluentes.

As Figuras III-23 e III-24, apresentam as relações dos parâmetros, respectivamente,

resistência transversal unitária e condutância longitudinal unitária, com as resistividades e

espessuras, em função da litologia.

Na correlação com a transmissividade de aqüíferos (Figura III-23), como sugestão,

pode-se adotar os valores de T ≥ 500 ohm.m2 (mínimo de T > 250,0 ohm.m2), como sendo

adequados em termos de potencial aqüífero.

Na correlação com a proteção de aqüíferos frente a contaminantes (Figura III-24),

recomenda-se os valores de S ≥ 1,0 siemens (mínimo de S > 0,3) para as camadas

sobrejacentes, como os adequados.

Braga, A.C.O.

45

1 10 100 1000

Resistividade (ohm.m)

1

10

100

1000

Esp

essu

ra (m

)

1000

10000

100000

1000000

Res

istê

ncia

Tra

nsve

rsal

Uni

tária

(ohm

.m2 )

argi

loso

s

aren

osos

argi

lo-a

reno

sos

aren

o-ar

gilo

sos

T = 10020 40 60

T = 500

T = 1000T = 50

T = 250

T = 2500

T = 5000

faixa de valoresideal -

aqüíferos maispromissores

Figura III-23 – Relação resistência transversal unitária/transmissividade.

1 10 100 1000Resistividade (ohm.m)

1

10

100

1000

Esp

essu

ra (m

)

0.001

0.01

0.1

1

Con

dutâ

ncia

Lon

gitu

dina

l Uni

tária

(sie

men

s)

argi

loso

s

aren

osos

argi

lo-a

reno

sos

aren

o-ar

gilo

sos

S = 1,0

S = 0,5

S = 0,1

S = 3,0

S = 0,0

5

S = 5,0

20 40 60

S = 0,0

1

S = 0,3

faixa de valoresideal -

aqüíferos maisprotegidos

Figura III-24 – Relação condutância longitudinal unitária/proteção do aqüífero. A Figura III-25 ilustra as aplicações comentadas anteriormente, para uma seção

geoelétrica. Para a camada aqüífera, observa-se um aumento da resistividade no sentido da

Braga, A.C.O.

46

SEV-04, conseqüentemente, pode-se assumir um aumento da condutividade hidráulica. Com o

aumento da resistividade e espessura da camada nesse sentido, tem-se um aumento da

resistência transversal unitária, conseqüentemente, assume-se um aumento da

transmissividade. Para a camada sobrejacente ao aqüífero, os valores de S > 1,0 indicam

locais de maior proteção frente a contaminantes.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

SEV-01 SEV-02 SEV-03 SEV-04

aqüiclude

aqüiclude

não saturado

aqüitardo

aqüífero

ρ = 35S = 0,37

ρ = 9ρ = 15

ρ = 12

ρ = 1500 ρ = 2500 ρ = 2000 ρ = 900

ρ = 10

ρ = 10S = 1,5 ρ = 10

S = 1,7ρ = 10S = 1,5

ρ = 65T = 650 ρ = 80

T = 1280 ρ = 95T = 1425 ρ = 120

T = 3240ρ → Kρ e E → T

S > 1: maior proteção do

aqüífero

maior

S < 1: menor proteção do

aqüífero

NA

Figura III-25 – Relação condutância longitudinal unitária/proteção do aqüífero.

Braga, A.C.O.

47

CAPÍTULO 4. METODOLOGIA GEOELÉTRICA APLICADA NA

HIDROGEOLOGIA

4.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

A técnica da SEV–ER, tem sido ao longo dos anos, importante instrumento de apoio em

estudos aplicados à Hidrogeologia, tendo como aplicação principal, investigações de

aqüíferos aluvionares (sedimentos inconsolidados) e aqüíferos sedimentares (rochas

sedimentares), visando à locação de poços tubulares para a captação de águas subterrâneas.

Em áreas de rochas calcárias e cristalinas (rochas ígneas e metamórficas), envolvendo a

identificação de aqüíferos, respectivamente, cársticos e fraturados, a técnica da SEV não

apresenta resultados satisfatórios. A técnica do CE–ER/IP (dipolo-dipolo), inicialmente muito

empregada na prospecção mineral, com o passar dos anos, foi sendo utilizada com mais

freqüência em estudos referentes a esses aqüíferos.

Em estudos ambientais, envolvendo a contaminação de solos, rochas e águas

subterrâneas, as técnicas da SEV e CE, em conjunto, tem sido utilizadas com grande sucesso,

tanto no que se refere à precisão dos resultados obtidos, quanto aos custos e prazos

relativamente reduzidos, resultando em um excelente apoio em nesses tipos de estudos. O

método da polarização induzida, tem sido utilizado nessas questões, juntamente com a

eletrorresistividade, ainda de maneira insatisfatória. Entretanto, a contribuição desse

parâmetro físico (cargabilidade), é significativa, auxiliando a interpretação da resistividade,

principalmente, quando se tem ocorrência de minerais argilosos.

Uma questão que merece destaque, na aplicação, não só dos métodos geoelétricos, mas

da Geofísica como um todo, diz respeito à divergência, dos resultados obtidos em um

levantamento geofísico, com dados geológicos de sondagens mecânicas. A primeira vista, a

Geofísica é sempre questionada quanto à sua “eficácia”, “não funciona”, é o comum de se

constatar, infelizmente. Antes de qualquer conclusão precipitada, estando seguro sobre a

correta metodologia geofísica utilizada, devem-se, além de rever as interpretações, rever a

geologia local, principalmente se os dados geológicos existentes são incompletos e pouco

esclarecedores.

4.2. METODOLOGIA GEOELÉTRICA ADEQUADA

No estabelecimento de uma programação de uma campanha pelos métodos geoelétricos,

a estratégia metodológica adotada é importante para se atingir com sucesso, os objetivos

Braga, A.C.O.

48

propostos. A Fig. IV-01, apresenta uma seqüência de etapas mínimas de um projeto de

desenvolvimento, que se aplica de um modo geral a toda Geofísica.

Tema do Projeto

Estabelecimento dos Problemas - Justificativas

Geologia da Área

Metodologia Geoelétrica

Execução dos Trabalhos de Campo

Processamento e Interpretação dos Dados

Análises e Conclusões

Pesquisa Bibliográfica e Compilação de Dados

Programação dos Ensaios

Objetivos Gerais

ObjetivosEspecíficos Critérios de Análises

Figura IV-01 – Etapas de uma campanha geoelétrica aplicada à Hidrogeologia. Após o estabelecimento do tema do projeto com os objetivos gerais, a compilação de

dados pré-existentes é importante, pois além de fornecer dados geológicos sobre a área a ser

estudada, pode informar sobre suas condições gerais, tais como, topografia, acidentes

naturais, etc.. Essas características, dependendo das condições, podem inviabilizar uma

determinada metodologia geoelétrica.

Portanto, para melhor entendimento e utilização dos métodos geoelétricos na

Hidrogeologia, envolvendo a definição da metodologia mais adequada, e posterior

processamento dos dados, interpretação e obtenção de seus produtos finais, deve-se

considerar, inicialmente, os objetivos gerais e a geologia local, ou seja:

Objetivos Gerais Geologia Local - captação de água subterrânea – para fins de

abastecimento, agricultura, industria, lazer;

- contaminação de solos, rochas e águas

subterrâneas - envolvendo as fases de investigação

preventiva, confirmatória e de remediação, e

monitoramento.

- sedimentos inconsolidados – aqüíferos granulares

(ex. aluvião, coluvião);

- rochas sedimentares – aqüíferos granulares e

cársticos (ex. arenito, calcário);

- rochas cristalinas – aqüíferos fraturados (ex.

granito, gnaisse).

A partir dos objetivos gerais e das características geológicas da área de interesse,

podem-se definir os objetivos específicos da pesquisa, tais como: identificação litológica,

identificação de aqüíferos sedimentares ou fraturados, elaborar mapas potenciométricos, etc..

Braga, A.C.O.

49

Portanto, em função dos objetivos gerais do projeto, geologia local e objetivos

específicos (considerando a classificação geoelétrica proposta - Capítulo 3), define-se a

metodologia geoelétrica adequada a ser utilizada. A partir desse estabelecimento

metodológico, podem-se obter produtos finais com segurança e sucesso, visando atingir os

objetivos propostos do trabalho.

4.2.1. Objetivos Gerais e Geologia Local

Quando o projeto visa à captação de águas subterrâneas, deve-se considerar a geologia

local: sedimentos inconsolidados (aqüíferos tipo granular; podendo, dependendo da situação

geológica, ser denominado de aqüíferos aluvionares), rochas sedimentares (aqüíferos

granulares ou cársticos) ou rochas cristalinas (aqüíferos fraturados).

No caso de sedimentos inconsolidados e rochas sedimentares, a utilização dos métodos

da eletrorresistividade e polarização induzida, em conjunto, leva a uma caracterização

litológica mais consistente, servindo para identificar sedimentos arenosos, argilosos e areno-

argilosos e/ou argilo-arenosos. Em rochas cristalinas, a cargabilidade pode indicar a presença

de materiais argilosos preenchendo as fraturas.

Quando o trabalho envolve estudos ambientais, visando um diagnóstico de solos,

rochas e águas subterrâneas frente a prováveis contaminantes, deve-se ressaltar que os

parâmetros geoelétricos determinados, refletem o meio investigado, ou seja, solos e rochas

saturados, incluindo as águas subterrâneas, ou não saturados. Nesses estudos deve-se

considerar, inicialmente, além da geologia, a fase do empreendimento, por exemplo, se o

aterro, industria, refinaria de combustíveis, etc., já existem (pós-empreendimento) ou se estão

em fase de implantação (pré-empreendimento).

Na fase pré-empreendimento – investigação preventiva, os métodos geoelétricos

auxiliam na caracterização da geologia, determinação do nível d’água e elaboração de mapas

potenciométricos, e ainda caracterizando a área quanto ao grau de proteção de determinada

camada geológica frente a contaminantes.

Na fase pós-empreendimento, envolvendo investigação confirmatória, de remediação e

monitoramento, deve-se considerar a provável ocorrência de plumas de contaminação. Nesse

caso, os métodos geoelétricos podem delimitar eventuais plumas, tanto lateralmente como em

profundidade, auxiliando a locação de poços de monitoramento, e orientando a instalação

desses poços, quanto a eventuais riscos de perfuração de tanques enterrados contendo

resíduos, ou de dutos e galerias subterrâneas. Pode-se estimar, ainda, através da Geofísica,

áreas e volumes para as atividades de remoção e remediação de solos contaminados.

Braga, A.C.O.

50

Outro condicionante a ser considerado nesses estudos ambientais, refere-se, como na

captação, à geologia local: sedimentos inconsolidados (porosidade granular), rochas

sedimentares (porosidade granular ou cárstica) ou rochas cristalinas (porosidade de fratura).

Como a metodologia geoelétrica utilizada é a mesma, e para facilitar as discussões, os

sedimentos inconsolidados são incorporados nas discussões das rochas sedimentares.

De um modo geral, nos estudos visando a captação de águas subterrâneas e ambientais

em sedimentos inconsolidados e rochas sedimentares, envolvendo aqüíferos granulares, deve-

se recorrer a técnicas, cujos princípios teóricos se baseiam em situações semelhantes a

modelos geológicos do meio estratigráfico − bacias sedimentares, cujas camadas devem

ocorrer, aproximadamente, plano paralelas à superfície do terreno.

A técnica a ser utilizada, deve ser desenvolvida

a partir da superfície do terreno; com os

espaçamentos entre os eletrodos A-B crescentes;

sendo o levantamento pontual, estudando as

variações verticais do parâmetro físico medido, e

conseqüentemente, o centro do arranjo AMNB,

deverá permanecer fixo durante todo o

SONDAGEM ELÉTRICA VERTICAL

Braga, A.C.O.unesp

A BM N

Investigação em profundidade

ρ1

ρ2

ρ3

desenvolvimento do ensaio. Todas as condições citadas, definem a técnica da sondagem

elétrica vertical – arranjo Schlumberger.

No caso de rochas sedimentares (aqüíferos cársticos) e rochas cristalinas (aqüíferos

fraturados), as técnicas ideais, referem-se a aquelas que permitem obter um estudo lateral das

estruturas geológicas, ocorrendo, aproximadamente, de forma descontínua à superfície do

terreno, como seria o caso de fraturas e falhamentos, contatos geológicos, diques, etc. Nesse

caso, a variação lateral do parâmetro físico obtido interessa no ensaio, diferentemente das

SEV’s.

A técnica a ser utilizada, nesse caso, deve ser

desenvolvida a partir da superfície do terreno; com

os espaçamentos entre os eletrodos A-B e M-N

constantes; sendo o levantamento efetuado ao longo

de perfis, estudando as variações laterais do

parâmetro físico medido, conseqüentemente, o

centro do arranjo AMNB, não deverá permanecer

fixo

CAMINHAMENTO ELÉTRICOBraga, A.C.O.

unesp

Investigação lateral

A B M N

ρ1

ρ2

ρ3

ρ3

ρ1

ρ4

Braga, A.C.O.

51

durante todo o desenvolvimento do ensaio. Todas as condições citadas, definem a técnica do

caminhamento elétrico – arranjo dipolo-dipolo.

A Fig. IV-02 apresenta a metodologia ideal nesses estudos, considerando a geologia

local e em função da resolução do método/técnica de investigação.

Captação de Águas Subterrâneas

Rochas Sedimentares

AqüíferosGranulares

EletrorresistividadePolarização Induzida

Sondagem ElétricaVertical - SEV

RochasCristalinas

AqüíferosFraturados

CaminhamentoElétrico - CE

AqüíferosCársticos

SedimentosInconsolidados

MetodologiaGeoelétrica

Pré-empreendimento Pós-empreendimento

Contaminação de solos, rochas e

águas subterrâneas

Rochas Sedimentares

RochasCristalinas

Sondagem ElétricaVertical - SEV

CaminhamentoElétrico - CE

Rochas Sedimentares

RochasCristalinas

Sondagem ElétricaVertical - SEV

Figura IV-02 – Metodologia geoelétrica – captação de águas subterrâneas e estudos

ambientais.

4.2.2. Objetivos Específicos e Critérios de Análises

Na definição da metodologia geoelétrica adequada, além dos condicionantes citados

anteriormente e em função da classificação dos métodos geoelétricos proposta, deve-se

considerar os objetivos específicos do trabalho e certos critérios de análises. Como já

comentado anteriormente, os objetivos específicos de um trabalho envolvem a identificação

litológica, identificação de aqüíferos sedimentares ou fraturados, determinação do nível

d’água e elaboração de mapas potenciométricos, etc.. Esses objetivos devem estar claramente

definidos, pois esta é uma condição básica e essencial para o desenvolvimento e obtenção de

conclusões sérias.

A Tabela IV-01 apresenta a metodologia ideal na captação de águas subterrâneas e

estudos ambientais detalhando a Fig. IV-02, com os objetivos específicos principais

(produtos) a serem obtidos.

A Tabela IV-02, apresenta uma relação dos critérios a serem considerados para,

juntamente com as condições citadas anteriormente, definir a metodologia adequada com

melhor precisão.

Braga, A.C.O.

52

Tabela IV-01 – Metodologia e produtos geoelétricos.

- Fraturas, falhamentos e contaminação

- Fraturas, falhamentos e contaminação

- Cavidades

- Cavidades

- Fraturas e falhamentos

- Parâmetros hidráulicos

- Fraturas e falhamentos

- Contato água doce/salgada

- Profundidade e espessura do aqüífero

- Parâmetros hidráulicos

SEV-ER/IP- Litologia - Topo rochoso

SEV-ER/IP- Litologia - Topo rochoso

SEV-ER/IP- Litologia - Topo rochoso

SEV-ER/IP

- Litologia - Topo rochoso

Cárstica - Cárstes e contaminação

FraturaRochas Cristalinas

- Evolução de plumas de contaminação

- Plumas de contaminação

- Cavidades

- Cavidades

CE-ER/IP

SEV-ER- Nível d’água - Mapa potenciométrico

GranularSedimentos

Inconsolidados e/ouRochas

Sedimentares

Investigações para

remediação e monitoramento

FraturaRochas Cristalinas

- Cárstes e contaminaçãoCársticaCE-ER/IP

SEV-ER- Nível d’água - Mapa potenciométrico

GranularSedimentos

Inconsolidados e/ouRochas

SedimentaresInvestigações confirmatórias

Pós

FraturaRochas Cristalinas

- CárstesCárstica CE-ER/IP

SEV-ER- Nível d’água - Mapa potenciométrico

GranularSedimentos

Inconsolidados e/ouRochas

SedimentaresInvestigações

PréviasPré

Estudos Ambientais -

Contaminação de Solos, Rochas

e Águas Subterrâneas

FraturaRochas Cristalinas

- CárstesCárstica CE-ER/IP

SEV-ER- Nível d’água - Mapa potenciométrico

GranularSedimentos

Inconsolidados e/ouRochas

Sedimentares

Avaliação Hidrogeológica -Identificação de

aqüíferos promissores (locação de poços

tubulares)

Captação de Águas

Subterrâneas

PorosidadeTipoMetodologia Geoelétrica

Objetivos Específicos – Principais Produtos

GeologiaFases do Empreendimento

Objetivos Gerais

- Fraturas, falhamentos e contaminação

- Fraturas, falhamentos e contaminação

- Cavidades

- Cavidades

- Fraturas e falhamentos

- Parâmetros hidráulicos

- Fraturas e falhamentos

- Contato água doce/salgada

- Profundidade e espessura do aqüífero

- Parâmetros hidráulicos

SEV-ER/IP- Litologia - Topo rochoso

SEV-ER/IP- Litologia - Topo rochoso

SEV-ER/IP- Litologia - Topo rochoso

SEV-ER/IP

- Litologia - Topo rochoso

Cárstica - Cárstes e contaminação

FraturaRochas Cristalinas

- Evolução de plumas de contaminação

- Plumas de contaminação

- Cavidades

- Cavidades

CE-ER/IP

SEV-ER- Nível d’água - Mapa potenciométrico

GranularSedimentos

Inconsolidados e/ouRochas

Sedimentares

Investigações para

remediação e monitoramento

FraturaRochas Cristalinas

- Cárstes e contaminaçãoCársticaCE-ER/IP

SEV-ER- Nível d’água - Mapa potenciométrico

GranularSedimentos

Inconsolidados e/ouRochas

SedimentaresInvestigações confirmatórias

Pós

FraturaRochas Cristalinas

- CárstesCárstica CE-ER/IP

SEV-ER- Nível d’água - Mapa potenciométrico

GranularSedimentos

Inconsolidados e/ouRochas

SedimentaresInvestigações

PréviasPré

Estudos Ambientais -

Contaminação de Solos, Rochas

e Águas Subterrâneas

FraturaRochas Cristalinas

- CárstesCárstica CE-ER/IP

SEV-ER- Nível d’água - Mapa potenciométrico

GranularSedimentos

Inconsolidados e/ouRochas

Sedimentares

Avaliação Hidrogeológica -Identificação de

aqüíferos promissores (locação de poços

tubulares)

Captação de Águas

Subterrâneas

PorosidadeTipoMetodologia Geoelétrica

Objetivos Específicos – Principais Produtos

GeologiaFases do Empreendimento

Objetivos Gerais

Tabela IV-02 – Critérios de análise na definição da metodologia geoelétrica adequada.

Profundidade de investigação a ser

atingida

Estudos envolvendo o uso e ocupação do solo (questões ambientais): métodos e técnicas geofísicas de estudos rasos. Estudos visando à captação de águas subterrâneas: métodos e técnicas geofísicas de estudos relativamente profundos.

Espessura e forma do corpo a ser prospectado

Corpos com pequena espessura, localizados estratigraficamente a uma grande profundidade, em relação à superfície do terreno, podem não ser detectados dependendo da técnica utilizada. Corpos planos paralelos à superfície do terreno sugerem técnicas de investigação diferentes de corpos verticais ou subverticais à superfície do terreno.

Contrastes de propriedades físicas -

corpo investigado/meio

encaixante

Dependendo do tipo de materiais geológicos, determinados métodos geofísicos não apresentam contrastes de propriedades físicas. Portanto, a escolha do método deve considerar as diferentes situações em cada tipo de pesquisa.

Poder de resolução, custo e rapidez

Os métodos e técnicas a serem utilizadas, devem aliar, a capacidade de atingir os objetivos propostos, com custos dos ensaios e prazos adequados.

Topografia e área de estudo

Topografias muito acidentadas e áreas ocupadas por instalações diversas, podem inviabilizar determinadas técnicas, necessitando o emprego de técnicas não muito precisas, mas adequadas à situação.

Braga, A.C.O.

53

4.3. PROGRAMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DOS ENSAIOS GEOELÉTRICOS

Após a escolha da metodologia a ser utilizada na pesquisa, deve-se proceder à

programação e o desenvolvimento dos ensaios, também considerados fundamentais para o

sucesso da campanha, pois, numa pesquisa Geofísica, os resultados obtidos, podem ser

considerados satisfatórios, na medida em que a coleta de dados e a interpretação final,

apresentem, do ponto de vista técnico, segurança e precisão.

Nada adianta, um geofísico intérprete, experiente e conhecedor das leis básicas que

regem a metodologia utilizada, se os dados de campo forem obtidos por operadores

inexperientes, levando a uma não confiabilidade nos dados coletados. Ressalta-se que, até

mesmo operadores experientes podem enfrentar situações adversas, as quais podem resultar

em dados não confiáveis. Pode ocorrer ainda, a situação inversa, na qual os dados são

confiáveis, mas o intérprete não tem uma razoável experiência ou não dispõe de dados

geológicos consistentes.

Nas discussões, a seguir, sobre as técnicas da SEV e CE, os arranjos referidos, são,

respectivamente, o Schlumberger e o Dipolo-Dipolo, em função de suas precisões, qualidade

dos resultados e praticidade nas operações de campo.

4.3.1. Sondagem Elétrica Vertical - Schlumberger

Como já ressaltado, uma campanha por SEV – Schlumberger, depende do tipo de

investigação a ser efetuada, ou seja: objetivos propostos do trabalho, geologia a ser estudada,

profundidade a serem atingidas, etc..

Para a programação de uma campanha por SEV, além de uma visita prévia na área de

estudo, é importante dispor de alguns dados gerais, tais como: mapas topográficos, mapas e

seções geológicas, informações de subsuperfície (poços, cacimbas, etc.), geologia em detalhe

e outras informações sobre a infra-estrutura, tais como: vias de comunicação, clima, presença

de instalações industriais, redes de energia elétrica, rios, etc. Os mapas devem ser em escala

adequada ao trabalho a ser executado e os dados de poços devem ser confiáveis.

Outra condição para a utilização adequada de uma SEV diz respeito à topografia. Se esta

apresenta uma inclinação muito acentuada, os dados podem ser imprecisos e até inviabilizar

os trabalhos, considerada suas dimensões em relação aos espaçamentos dos eletrodos

utilizados.

Braga, A.C.O.

54

O mergulho das camadas

geológicas, em relação à

superfície do terreno, também

deve ser considerado.

A Fig. IV-03 ilustra

situações inadequadas em relação

à topografia do terreno (a) e

mergulho acentuado das camadas

(b) e (c); e, adequadas (d) ao

desenvolvimento das SEV’s.

A

B

MN

A BM N

ρ1ρ2

ρ2

ρ1

A BM N

ρ2

ρ1

a)A BM N

ρ2ρ1

ρ3

b)

c) d)

Figura IV-03 –Desenvolvimento de uma SEV.

A programação de uma campanha de SEV inclui, além das questões de organização,

logística, infra-estrutura, etc., a escolha da densidade das medições, situação dos locais dos

centros das SEV´s, direções das linhas AMNB, e ainda, a determinação do espaçamento final

– profundidade de investigação, ou seja, quando dar por encerrada uma SEV?

Densidade dos Ensaios

A distância entre os centros de SEV´s contínuas – malha adotada, depende, de um lado,

do caráter e fase da investigação, e de outro, das estruturas geológicas existentes. Para que os

modelos geoelétricos, resultantes das interpretações das SEV´s, tenham uma correlação

satisfatória, recomenda-se que a distância adequada de separação entre os locais de

investigação, seja menor ou igual a duas vezes a profundidade do objetivo a ser atingido. Na

medida do possível, deve-se iniciar por um levantamento de caráter regional e posteriormente

detalhar os locais de maior interesse.

Para estabelecer uma malha de ensaios, estimando a quantidade de SEV’s a serem

executadas em função da profundidade de investigação (m) e das dimensões da área de estudo

(m2), pode-se utilizar a Equação IV-01. 2

.ínv.prof2área SEV

×= IV-01

Entretanto, a programação de uma campanha por SEV, deve aliar além da qualidade e

segurança dos resultados, prazos disponíveis e custos. Em áreas de grandes dimensões, com

profundidades de investigação relativamente pequenas, as relações anteriores, podem-se

tornar inviável, tanto economicamente como em termos de prazos. As relações entre, as

dimensões da área de estudo e a escala do trabalho, devem ser consideradas na definição da

malha ideal.

Braga, A.C.O.

55

Entretanto, uma das dificuldades encontradas na programação, principalmente

envolvendo profissionais inexperientes, diz respeito às relações entre as dimensões da área de

estudo e escala adequada a ser utilizada, ou seja, quais os tipos de escala mais adequados para

representar uma anomalia em níveis de detalhes diferenciados. Normalmente, utiliza-se o bom

senso, mas em alguns casos, os mapas apresentados, não apresentam uma representatividade

em função do grau de detalhe exigido na pesquisa.

Como uma tentativa de contribuição na programação de uma campanha de SEV, a Fig.

IV-04, apresenta um ábaco, que pode ser utilizado como um indicativo inicial para orientar a

quantidade de ensaios a serem desenvolvidos, em uma determinada área de trabalho. A

utilização do ábaco da Fig. IV-04 é simples: 1) de posse das dimensões da área de pesquisa - z

(metros quadrados), deve-se encontrar a reta correspondente; 2) ao longo dessa reta,

determinar a escala (x) de trabalho a se utilizada; e, 3) nesse ponto, tomar o valor

correspondente ao eixo y – quantidade de SEV’s recomendadas (y). Recomenda-se,

entretanto, um número mínimo de três ensaios.

1000 100002000 3000 5000 20000 30000 50000500ESCALA DA PESQUISA (1:)

1

10

100

1000

2

3

4

56789

20

30

40

5060708090

200

300

400

500600700800900

QU

ANTI

DAD

E D

E SE

V

1,000,000

10,000,000

100,000,000

2000000

3000000

5000000

20000000

30000000

50000000

200000000

300000000

500000

300000

200000

Dim

ensõ

es d

a Ár

ea (m

2 )

limite mínimo recomendado

a b c d fg

h

i

j

e

Braga, A.C.O.unesp

k

l

Dimensões da Área (m2)a) 2.500b) 5.000c) 10.000d) 20.000e) 40.000f) 80.000

g) 160.000h) 320.000i) 640.000j) 1.280.000k) 3.000.000l) 5.400.000m)10.000.000

m

Figura IV-04 – Densidade de ensaios/escala – Programação de SEV.

Ressalta-se que esse ábaco foi elaborado, considerando áreas de trabalho até 10.000.000

m2 (10 Km2). Isso se deve ao fato, de que a grande maioria dos trabalhos, para fins

Braga, A.C.O.

56

hidrogeológicos e ambientais, apresentam áreas menores que este limite estabelecido, e a

metodologia de cálculo deve mudar para áreas maiores.

Entretanto, através das Equações IV-02 e IV-03, a metodologia anterior pode ser

sintetizada, incluindo áreas maiores que as do ábaco, estimando-se a quantidade de SEV’s, em

função das dimensões da área de pesquisa e das escalas sugeridas, simultaneamente:

Áreas (m2) Escalas Sugeridas (1:) Equações

≤ 1.280.000 ≤ 20.000

1.280.000 a 10.000.000 10.000 a 30.000 ( ) ( )0,9051 z 14,1x y ×= − IV-02

> 10.000.000 25.000 a 500.000 ( ) ( )1,052 z 7,16x y ×= − IV-03

onde, y = quantidade de SEV’s recomendadas; x = escala de trabalho e z = dimensões da área de

pesquisa (m2).

Os valores obtidos para as quantidades de SEV’s, devem ser aproximados, de

preferência para mais, facilitando a programação. Deve-se ressaltar entretanto, que a

quantidade de ensaios finais, estará sempre ligada às especificidades de cada projeto. A

Tabela IV-03, apresenta alguns exemplos de aplicação dessas equações.

Tabela IV-03 – Estimativa da quantidade de SEV’s em função das dimensões da área de

pesquisa e da escala sugerida.

Área - z (m2) Escalas Sugeridas (1:) - x

Quantidade de SEV’s recomendadas - y

1.000 5 10.000 500 10

5.448.437 (5,45 Km2) - (Fundunesp, 1998) 12.000 119 Equação IV-02

624.000.000 (624 Km2) ~ Folha IBGE/1:50.000 50.000 12

500.000 62 250.000.000.000 (250.000 Km2) ~ Geológico do Estado de São Paulo/1:500.000 - IPT 250.000 248

Equação IV-03 Levantamentos de

caráter regional

Escolha do Local do Centro da SEV e Direção da Linha AMNB

A escolha do local do centro da SEV (ponto de atribuição dos resultados) é de

fundamental importância. Deve-se proceder a um reconhecimento prévio, procurando evitar

situações em possam interferir na qualidade dos resultados, tais como: encanamentos e

tubulações, formigueiros com grandes dimensões, caixas de alta tensão, etc.. Tais ocorrências,

situadas entre os eletrodos de potencial MN, podem provocar uma distorção do campo

elétrico, alterando os resultados de maneira contínua, afetando grande parte da curva de

campo. Já, próximas dos eletrodos de corrente AB, apresentam distorções pontuais, podendo

ser desprezadas, não prejudicando a curva final de campo.

Braga, A.C.O.

57

A Fig. IV-05, ilustra uma situação em que, os eletrodos de potenciais foram afetados

pelos materiais em subsuperfície. Esses eletrodos, cravados em solos pouco compactos, com

muitas raízes e presença de seixos (situação 1 – M1), não apresentam um contato eletrodo/solo

adequado, podendo resultar em dados totalmente imprecisos. Já na situação 2 – M2, com os

eletrodos de potenciais cravados em um solo mais compacto, resultou em dados adequados,

com a curva de campo dentro do esperado.

Observa-se ainda nessa

figura, que a camada superficial, de

pequena espessura, ainda pode ser

notada em função da diferença nos

segmentos de MN/2 = 0,30 e MN/2

= 2,0; já não se fazendo notar, com

os segmentos de MN/2 = 2,0 e

MN/2 = 5,0. 1 10 1002 4 6 8 20 40 60 80

Espaçamento AB/2 (m)

10

100

20

40

60

80

200

400

600

Res

istiv

idad

e Ap

aren

te (o

hm.m

)

MN/2=0,3MN/2=2,0MN/2=5,0

M1 - leituras com os eletrodosde MN cravados em solo fofo(grama com raízes)M2 - leituras com os eletrodosde MN cravados maisprofundos (ultrapassandoa grama com raízes) solo seco, fofo,

com muitas raízessolo seco, compacto,sem raízes

M1

M2

Figura IV-05 – Efeitos nos eletrodos de

potenciais - SEV. Devido a resistências de contato solo/eletrodo elevadas, o trabalho pode até ser

inviabilizado. Estas resistências afetam, tanto o circuito de emissão de corrente, como o

circuito de recepção de potencial.

Circuito de Emissão:

Este circuito consiste basicamente, de: uma fonte de alimentação; dois eletrodos de

barras de aço inoxidável (A e B); de um amperímetro (ou miliamperímetro) para as medidas

de I; e, dois cabos e elementos de conexões necessários. A partir da equação III-12, sendo K

= cte, tem-se que ∆V é proporcional a I. Tomando um esquema equivalente (Figura b) ao de

campo (Figura a), pode-se denominar: RF = resistência da fonte; RC = resistência ôhmica dos

cabos, RA e RB = resistência de contato eletrodos/solo; e, U = f.e.m. do gerador.

Braga, A.C.O.

58

Como RF e RC (linhas curtas) são pequenos, I só

depende de RA e RB. Ressalta-se que U é limitado por

razões práticas e de segurança. Portanto, conclui-se que,

as resistências de contato entre eletrodos/solo, são fatores

que limitam na prática o valor da intensidade I.

A B

a) esquema prático

b) esquema equivalente

RFRC

RA RB

RF RC RA RB+ + +I = U

mA

mA

Circuito de Recepção:

Para este circuito, tem-se: RI = resistência do

equipamento; RM e RN = resistência de contato

eletrodos/solo. Disso, resulta: o ∆V’ é o potencial lido no

equipamento, que é menor que o potencial criado. Isto se

deve à RM e RN, as quais produziriam uma queda de

tensão na leitura do equipamento. Como RM e RN não

podem ser diminuídos além de um certo limite, é melhor

que RI seja muito maior que estas, ou seja, deve-se

empregar um equipamento de impedância de entrada

muito grande.

mVM N

a) esquema prático

b) esquema equivalente

RIRM RM

mV

Ressalta-se que na utilização de eletrodos metálicos para medidas do potencial (M e N),

o fenômeno da polarização que ocorre entre estes e o solo (ORELLANA, 1972), normalmente

induz a erros nas leituras do potencial analisado, principalmente, na polarização induzida

(cargabilidade), na qual os valores são muitos baixos.

Visando minimizar estes efeitos de

polarização do solo, recomenda-se a

utilização de eletrodos impolarizáveis

do tipo pote de cerâmica (Fig. III.8),

parcialmente saturados, com solução

aquosa de sulfato de cobre, conectado à

linha de medição através de placas de

cobre eletrolítico.

Parte externaimpermeabilizada

Parte externaporosa

rolha

placas de cobre

solução de sulfatode cobre

circuito demedição de MN

Braga, A.C.O.unesp

Figura III.8 – Eletrodo de recepção

Braga, A.C.O.

59

impolarizável.

A solução de CuSO4, entra em contato com o solo, através de uma parte inferior porosa

do eletrodo. Deste modo, se consegue que essas polarizações sejam iguais em ambos eletrodos

e se anulem.

Situações naturais, tais como: depressões acentuadas no terreno, variações litológicas,

etc., também podem resultar em imprecisões nas leituras de campo. Portanto, o centro de uma

SEV deve atender uma melhor aproximação das condições de homogeneidade lateral,

atendendo a teoria dos meios estratificados.

A direção da linha AMNB deve se manter paralela às estruturas geológicas (contatos,

falhas, etc.) e de modo que a superfície topográfica apresente a mínima variação na direção

escolhida. Os eletrodos, preferencialmente, não devem cruzar falhamentos e/ou contatos

geológicos, pois essas variações laterais de resistividade, podem distorcer os campos elétricos

criados, levando à obtenção de dados imprecisos.

A Fig. IV-06, ilustra o desenvolvimento

adequado de várias SEV’s, em situação de

ocorrência de falhamento geológico, com

diferentes resistividades dos materiais presentes

em superfície e subsuperfície.

O perfil investigado é perpendicular à

estrutura geológica, enquanto que a direção da

linha AMNB se mantém aproximadamente

paralela à estrutura, procurando manter os

eletrodos sem heterogeneidades laterais.

Falha/Contato Geológico

B

SEV – direção do azimute AMNB

Braga, A.C.O.unesp

1

3

5

7

911

2

4

6

810

12

A

ρ1 ρ2

Figura IV-06 – Locação das SEV’s.

Os cuidados citados anteriormente, no desenvolvimento dos trabalhos de campo, são

considerados de extrema importância, para a qualidade dos dados de uma SEV. De nada vale,

softwares sofisticados, intérpretes experientes, se os dados não apresentam qualidade

adequada.

Espaçamento AB Final – Profundidade de Investigação

O espaçamento AB final de uma SEV, para se atingir os objetivos propostos, deve ser

estimado na programação dos ensaios. Pode-se tomar a relação AB/4 como sendo a

profundidade teórica atingida. Na prática alguns procedimentos podem ser seguidos para

escolher sobre o AB final:

Braga, A.C.O.

60

1) basear-se em resultados de campanhas

anteriores realizadas na área ou em áreas

geologicamente semelhantes;

2) efetuar algumas SEV´s em pontos

estratégicos da área ou junto a poços que

contenham descrições confiáveis; e,

3) tomar a relação AB/4 e prosseguir as

leituras, até se obter, no mínimo, três

pontos na curva de campo após atingir o

objetivo esperado (Fig. IV-07).

1 10 1002 4 6 8 20 40 60 80

Espaçamento AB/2 (m)

100

1000

200

400

600

800

Res

istiv

idad

e Ap

aren

te

(ohm

.m)

Figura IV-07 – Espaçamento AB final - SEV.

Na Hidrogeologia, as profundidades solicitadas visando à captação de águas

subterrâneas, de um modo geral, situam-se entre 100 e 500 metros. Portanto, a técnica a ser

utilizada não pode apresentar limitações, principalmente, quando envolve grandes

profundidades, sendo a técnica da SEV – Schlumberger, superior às demais, tanto na

resolução quanto na penetração.

Em estudos profundos, como é o caso do aqüífero Guarani (por volta de 1.500 metros

nas regiões oeste e noroeste do Estado de São Paulo), as SEV’s – Schlumberger, podem ser

utilizadas com sucesso. Nesse caso, podem-se destacar os trabalhos efetuados pelo Consórcio

CESP/IPT - PAULIPETRO (Fig. IV-08 - IPT, 1980).

Os objetivos dessas SEV’s foram o de determinar o topo do embasamento cristalino, em

áreas de afloramento dos sedimentos da Bacia do Paraná. O espaçamento utilizado foi de AB

= 10.000 m, determinando o topo do embasamento cristalino a 2.082,0 metros de

profundidade.

Braga, A.C.O.

61

1000

100

10

2000

3000

4000

200

300

400500600700800900

20

30

405060708090

Pro

fund

idad

e (m

)

10.0m

23.0m

138.0m

400.0m

2082.0m

1600

34

340

42

500010 100 1000 1000020 30 50 200 300 500 20003000 5000

Espaçamento AB/2 (m)

10

100

1000

10000

20

40

6080

200

400

600800

2000

4000

60008000

Res

istiv

idad

e A

pare

nte

(ohm

.m)

Curva de Campo

Obs.: níveis geoelétricos descritos em termos de predominânciado material geológico.

Sondagem Elétrica Vertical - Arranjo SchlumbergerSEV- 002/49Local: Folha de Avaré/SP (1:50.000 - IBGE)Data: 28/01/1980 - Coordenadas UTM: 719,90E - 7.453,40N

MODELO GEOELÉTRICO

NA

Fm Bauru

sedimentossuperficiaiszona nãosaturada

Fm Serra Geral

SEV-002/49

SedimentosMesozóicos e/ou

Paleozóicos

EmbasamentoCristalino

Figura IV-08 – SEV profunda (IPT, 1980).

Entretanto, para profundidades maiores que, aproximadamente, 2.500 metros (AB =

10.000 m), as SEV’s – arranjo Schlumberger não são produtivas, em termos de rendimento de

campo. Neste caso, deve-se recorrer às sondagens elétricas dipolares – arranjo equatorial

(Orellana, 1972). Em investigações envolvendo a contaminação de solos, rochas e águas

subterrâneas, as profundidades de investigação requeridas, são relativamente rasas,

normalmente não ultrapassando 100 metros. Nesses casos, as SEV’s apresentam uma relação

custo/benefício, satisfatória, sendo empregadas com sucesso.

As profundidades de investigação de uma SEV (AB/4), referidas anteriormente, são

teóricas, pois na prática, camadas de alta e baixa resistividade, podem mudar a relação

proposta. Uma questão importante na SEV-ER, diz respeito à profundidade de investigação

em terrenos sedimentares de alta resistividade, localizados superficialmente na zona não

saturada. A ocorrência desses materiais, pode ocasionar um “atraso” significativo nas curvas

de campo, deslocando os espaçamentos AB.

Orellana (1972), cita que em alguns casos, onde ocorre uma camada de alta resistividade

(podendo ser considerada isolante), a penetração de uma SEV não cresceria com o

espaçamento AB. O referido autor ressalta também que, a presença de camadas espessas e de

altas resistividades, em relação às camadas sobrejacentes, produziria na curva de

resistividades aparentes um ramo ascendente seguido de outro descendente, sendo que para se

Braga, A.C.O.

62

obter uma definição da camada resistiva, que permitiria sua interpretação, o espaçamento AB

teria que ser superior a dez vezes ou mais a profundidade de seu topo.

Em estudos geofísicos desenvolvidos nos estados de Tocantins e Pará (IPT, 1985/86),

foram executados ensaios por sísmica de refração e eletrorresistividade (SEV). De um modo

geral, as curvas de campo das SEV’s, apresentaram altos valores de resistividades aparentes

para as camadas superficiais. Essas curvas mostraram nos ramos iniciais, configuração

semelhante à descrita anteriormente por Orellana (op. cit.).

Analisando o tipo das curvas obtidas, constatou-se esse efeito em mais de 90% das

SEV’s executadas. Ao efetuar a interpretação dessas SEV’s, o modelo geoelétrico resultante

não era compatível com as informações geológicas disponíveis e com os resultados da sísmica

de refração – profundidades muito elevadas, indicando um claro deslocamento dos

espaçamentos AB.

Após várias análises dessas curvas, pode-se observar que o ramo final poderia ser

deslocado, mantendo as resistividades aparentes, para a esquerda do gráfico até coincidir com

as primeiras leituras de campo, eliminando com isso o efeito devido à camada resistiva

resultando em uma curva “reduzida”. Tomando-se um ou dois pontos AB/2 coincidentes, a

relação entre eles resulta em um fator denominado de fator de redução da profundidade –

FRP (equação IV-04).

( )campo

reduzido

2/AB)2/AB(

FRP = IV-04

As Fig.s IV-09 e IV-10 ilustram as situações descritas, sendo apresentadas as curvas de

campo, curva reduzida, modelo geoelétrico de campo e modelo geoelétrico reduzido e o

modelo da sísmica de refração.

No caso 1 (Fig. IV-09) os dados de campo, a partir do AB/2 = 30, foram deslocados até

coincidir com o início da curva original de campo (AB/2 = 3,0) resultando em um FRP = 0,1.

Tomando-se as profundidades do modelo de campo e aplicando o FRP, eliminando as

camadas superficiais delgadas, tem-se o modelo reduzido perfeitamente compatível com a

situação esperada.

No caso 2 (Fig. IV-10), tomou-se para redução os AB/2 = 6,0 e 60,0; sendo nesse caso

as resistividades aparentes do ramo inicial reduzidas. Observa-se nesse caso, a perfeita

correspondência do modelo reduzido com a sísmica de refração.

Braga, A.C.O.

63

100

10

200

20

40

60

80

8

6

4

2

Pro

fund

idad

e (m

)

1.5m

5.4m

15.8m

42.8m

127.4m

200.0m

1.6m

4.3m

12.7m

20.0m

4.0m

12.0m

20.0m

5700.0

2500.0

6500.0

277.0

23.0

230.0

6000.0

220.0

22.0

290.0

0.3

1.4

2.7

1 10 100 10002 3 5 20 30 50 200 300 500

Espaçamento AB/2 (m)

10

100

1000

10000

20

40

6080

200

400

600800

2000

4000

60008000

Res

istiv

idad

e Ap

aren

te (o

hm.m

)

RES - campoRES - reduzida

Curva de Campo

Obs.: nível geoelétrico descrito em termos de predominânciado material geológico.

Sondagem Elétrica Vertical - Arranjo SchlumbergerSEV-35-E11/MDLocal: Tocantins - Santa Isabel - Marabá/PAEixo Sono 4 - Margem Direita/TOData: 29/04/1986

Modelocampo

Modeloreduzido

ModeloRefração

fator de redução daprofundidade

1

10,02,020,0

AB/2AB/2

FRPreduzida

campo ===

SEV - Resistividade Velocidade daonda sísmica

NA

não saturado

solo arenoso

arenito

Figura IV-09 – Efeito da resistividade na curva de campo – Caso 1.

100

10

200

20

40

60

80

8

6

4

2

Pro

fund

idad

e (m

) 1.2m

4.5m

14.6m

38.6m

165.8m

250.0m

1.5m

3.8m

16.6m

25.0m

3.5m

16.5m

25.0m

15100.0

2770.0

5000.0

824.0

54.0

300.0

12000.0

1270.0

51.0

320.0

0.5

1.6

2.6

1 10 100 10002 3 5 20 30 50 200 300 500

Espaçamento AB/2 (m)

10

100

1000

10000

20

40

6080

200

400

600800

2000

4000

60008000

Res

istiv

idad

e Ap

aren

te (o

hm.m

)

RES - campoRES - reduzida

Curva de Campo

Obs.: nível geoelétrico descrito em termos de predominânciado material geológico.

Sondagem Elétrica Vertical - Arranjo SchlumbergerSEV-20-E5/MELocal: Tocantins - Santa Isabel - Marabá/PAEixo Balsas 2 - Margem Esquerda/TOData: 23/04/1986

Modelocampo

Modeloreduzido

ModeloRefração

fator de redução daprofundidade

1

10,02,020,0

AB/2AB/2

FRPreduzida

campo ===

SEV - Resistividade Velocidade daonda sísmica

NA

arenito

solo arenoso

não saturado

Figura IV-10 – Efeito da resistividade na curva de campo – Caso 2.

Desenvolvimento dos Trabalhos de Campo

Os trabalhos de campo de uma SEV iniciam-se pela escolha do local exato do centro da

linha AMNB, considerando o exposto anteriormente. Neste local coloca-se uma estaca

Braga, A.C.O.

64

identificando o número da sondagem; recomenda-se que a numeração de identificação das

SEV’s seja seqüencial, independente das localizações. A partir desta estaca, mantendo a

direção da linha AMNB de acordo com o programado, esticam-se duas trenas, uma para cada

lado, previamente demarcadas com os espaçamentos a serem utilizados.

As trenas podem ter o comprimento de 100 metros com as devidas marcas dos

espaçamentos, o que facilita muito o início do ensaio, tornando-o mais rápido. A partir de 100

metros, as marcas (podem ser de 50 em 50 metros) devem ser fixadas nos próprios cabos das

bobinas, sendo controladas pelo operador. Como já comentado, ao introduzir-se, no subsolo, a

corrente elétrica (I) por meio dos eletrodos A e B, resulta que entre os eletrodos M e N mede-

se a diferença de potencial criada (∆V). As medidas obtidas são utilizadas para o cálculo da

resistividade aparente utilizando-se as Equações III-12 e III-13. O aumento do espaçamento

AB, implica em um aumento da profundidade de investigação.

Na obtenção do parâmetro cargabilidade aparente (método da polarização induzida), o

procedimento de campo e a atribuição dos dados obtidos é o mesmo descrito anteriormente,

diferindo na análise do potencial obtido. Enquanto que, na obtenção da resistividade o

equipamento analisa o momento de envio de corrente no subsolo, estudando o potencial

primário criado, na obtenção da cargabilidade aparente, o equipamento analisa o potencial

secundário (curva de descarga), no momento do corte da corrente elétrica.

No gráfico utilizado para a representação dos dados tem-se no eixo das ordenadas o

valor da resistividade aparente – ρa (ohm.m) e/ou cargabilidade aparente - Ma (mV/V ou ms)

e no eixo das abscissas a distância - AB/2 (m).

Cabe ressaltar a importância da utilização do gráfico, com os cálculos de campo sendo

plotados simultaneamente às leituras. Uma técnica, cuja interpretação deve resultar em

modelos quantitativos reais de campo, obrigatoriamente tem que ter um maior controle sobre

a qualidade dos dados de campo obtidos. Em levantamentos de campo, esperam-se curvas

suaves, sem interrupções bruscas, situações que só através dessas curvas, podem ser

identificadas (Fig.s IV-05 e IV-06).

A profundidade de investigação, como já comentado, de uma SEV é governada,

principalmente, pelo espaçamento entre os eletrodos de corrente AB, podendo ser tomada

como = AB/4. É definida como uma profundidade teórica investigada, pois, dependendo dos

contrastes entre, por exemplo, as resistividades das camadas geoelétricas, na prática, esta

relação pode ser alterada.

No desenvolvimento de uma SEV (arranjo Schlumberger), ao aumentar-se o

espaçamento entre os eletrodos AB (MN = fixo), o valor de ∆V diminui rapidamente, podendo

Braga, A.C.O.

65

atingir valores imprecisos. Uma das maneiras de se manter o ∆V com valor razoável, seria

através do aumento da intensidade da corrente I, entretanto, existe um limite, tanto devido às

características técnicas do equipamento em uso, como devido a problemas de segurança.

Visando melhorar as leituras de potenciais, uma operação utilizada, em conjunto com o

aumento da intensidade de corrente (I), é a chamada operação "embreagem". Esta operação

consiste, em aumentar o valor de ∆V, aumentando a separação entre os dois eletrodos de

potencial, mantendo-se fixos os dois eletrodos de corrente. Para isto, com o espaçamento AB

fixo, realizam-se duas leituras da diferença de potencial: uma com o espaçamento MN inicial;

e, outra com um espaçamento MN maior.

Após estas duas leituras, passa-se para o espaçamento AB seguinte, no qual, novamente,

realiza-se duas leituras de potencial, com os mesmos espaçamentos de MN anteriores.

Recomenda-se que para cada espaçamento AB/2, sejam efetuadas duas leituras do parâmetro

físico até o final do ensaio. Teremos, portanto, vários segmentos de curva plotados no gráfico.

A operação embreagem, além de melhorar o sinal medido, determina a qualidade dos

resultados obtidos, pois os vários segmentos de curva, devem manter um paralelismo. A Fig.

IV-11 ilustra um exemplo de embreagem com dois espaçamentos de MN. A diferença entre os

ramos se dá em função da área investigada em subsuperfície, sendo essa diferença mais

realçada quanto maior as variações laterais do terreno investigado.

A BM1 N1M2 N2

∆V1

100

1000

10000

1 10 100AB/2 (m)

a (o

hm.m

)

∆V2

Figura IV-11 – Esquema da embreagem nas curvas de SEV.

Os espaçamentos dos eletrodos AB e MN, a serem utilizados em um levantamento de

SEV são importantes e muitas vezes fundamentais. Dependendo do espaçamento, pode

ocorrer que uma camada de pequena espessura, não seja identificada em uma curva de campo.

Como já ressaltado, a identificação das camadas geoelétricas em uma curva de campo de

SEV, depende, além da existência de contrastes entre as propriedades físicas da camada com

as adjacentes, da relação de sua espessura com a profundidade em que esta camada ocorre.

Uma camada geoelétrica de pequena espessura (por exemplo: 2 metros), localizada a

pequena profundidade (10 metros), pode ser visualizada em uma curva de SEV; entretanto,

Braga, A.C.O.

66

esta mesma camada localizada a uma maior profundidade (por exemplo: 500 metros), não será

identificada. Portanto, o espaçamento ideal para os eletrodos AB, deve apresentar um bom

detalhamento, sem, entretanto, serem exagerados.

Ressalta-se ainda, que os espaçamentos utilizados, devem manter o limite da relação

MN ≤ AB/5 (Schlumberger), pois, desta maneira, trabalha-se com potenciais mais elevados,

reduzindo os efeitos perturbadores dos potenciais indesejáveis.

Fugas de Corrente

Uma das causas de erro mais freqüente e grave nas medidas de campo de uma SEV,

consiste no aparecimento das chamadas "fugas de corrente" no circuito de emissão. Estas

"fugas" se dão em função de um "escape" de corrente, gerada pelo transmissor, em um ponto

do circuito diferente das posições dos eletrodos A e B, aparecendo normalmente em dias de

chuva. Isto pode ocorrer devido a problemas de isolamento dos cabos, tal como pedaços de

fios descascados, situados em solo muito úmido e/ou fios submersos em poças d´águas e rios,

ou ainda, nas próprias bobinas do circuito AB.

A presença destas fugas equivaleria ao

de um eletrodo suplementar, que produziria

uma diferença de potencial adicional (∆V2)

no circuito, em função da corrente adicional

I2, resultando em uma leitura da ∆VMN = ∆V1

+ ∆V2 (Fig. IV-12).

A BM N

I1 I2

∆VMN = ∆V1 + ∆V2

Figura IV-12 – Fuga de corrente.

Estas fugas podem ser percebidas durante a plotagem dos valores calculados da

resistividade aparente na curva de campo. As embreagens, que deveriam manter um

paralelismo, começam, de maneira suave, a se distanciar. A Fig. IV-13, ilustra duas situações

de fugas de corrente.

Na Fig. IV-13(a) a fuga se dá próxima de um dos eletrodos com espaçamento de MN/2 =

0,30, resultando em um ramo da curva com falsa tendência de indicar a presença de uma

camada geoelétrica de alta resistividade. Pode-se observar, neste caso, que o espaçamento

MN/2 = 2,0 não é afetado pela corrente adicional, como foi demonstrado pela curva real

obtida após a eliminação dessa fuga. Na Fig. IV-13(b), a fuga, próxima de um dos eletrodos

MN/2 = 2,0, começou a partir da leitura do espaçamento de AB/2 = 20,0, quando se iniciou

uma forte chuva.

Braga, A.C.O.

67

1 10 1002 3 4 5 6 7 8 9 20 30 40 50 60 708090

Espaçamento AB/2 (m)

100

1000

10000

200

300

400

500600700800900

2000

3000

4000

50006000700080009000

Res

istiv

idad

e Ap

aren

te (o

hm.m

)

MN/2=0,30MN/2=2,0MN/2=5,0MN/2=0,30MN/2=2,0

1 10 1002 3 4 5 6 7 8 9 20 30 40 50 60 708090

Espaçamento AB/2 (m)

1000

10000

100000

2000

3000

4000

50006000700080009000

20000

30000

40000

5000060000700008000090000

Res

istiv

idad

e Ap

aren

te (o

hm.m

)

MN/2=0,30MN/2=2,0MN/2=5,0

(a) (b)

- sem fuga

- com fuga

leituras afetadas pelafuga de corrente

leituras afetadas pelafuga de corrente

Figura IV-13 – Exemplos de campo de fugas de corrente.

Uma maneira de comprovar sua existência, é executar o "teste de fuga": (1) desconectar

o cabo de um dos eletrodos A ou B, mantendo sua extremidade isolada; (2) enviar corrente

pelo equipamento; (3) se as leituras não são nulas, existem fugas deste lado do circuito.

Repetir este procedimento para o outro segmento do circuito. Comprovada sua existência,

deve-se proceder a uma verificação dos cabos, procurando localizar trechos expostos e efetuar

o devido isolamento, ou ainda, providenciar o isolamento das bobinas. Este teste deve ser

efetuado com cuidado, evitando possíveis choques no pessoal ajudante.

4.3.2. Caminhamento Elétrico – Dipolo-Dipolo

A programação de uma campanha pela técnica do CE - Dipolo-Dipolo, inclui, como na

SEV, além das questões de organização, logística, infra-estrutura, etc., a escolha do:

espaçamento entre os eletrodos AB-MN, os níveis a serem investigados, os espaçamentos

ideais entre os perfis, e ainda, as direções das linhas ABMN.

Espaçamento Entre os Eletrodos AB-MN e Níveis de Investigação

Tomando a Fig. III-17, tem-se que, o espaçamento x a ser utilizado deve ser definido em

função dos objetivos do trabalho e da profundidade máxima de investigação a ser atingida,

controlada pelo número de níveis investigados. Para estudos envolvendo a locação de poços

para captação de águas subterrâneas, em meios fraturados, recomenda-se adotar o

espaçamento x = 40 m – mínimo de cinco níveis. Para estudos ambientais, pode-se utilizar o

espaçamento x = 20 m – mínimo de cinco níveis.

Na escolha do espaçamento, deve-se considerar o número ideal de mudanças em função

das dimensões da área estudada, a fim de se obter uma seção representativa. Recomenda-se

Braga, A.C.O.

68

obter 10 mudanças completas de cinco níveis, e que o arranjo se inicie e termine além da área

de interesse de investigação.

Programação e Desenvolvimento dos Trabalhos de Campo

Os levantamentos devem ser executados, em linhas, previamente estaqueadas, paralelas

entre si, mantendo, de preferência, uma distância entre elas de 2 vezes o espaçamento dos

dipolos (x). As linhas devem manter uma direção perpendicular às estruturas de interesse,

como ilustrado na Fig. IV-14.

CE – direção do azimute ABMN

Braga, A.C.O.unesp

ρ1A NB M

b)

A B M N

A B M N

pluma de contaminação

ρ2

Aterro sanitário

CE – direção do azimute ABMN

Braga, A.C.O.unespρ1 ρ2

A B M

A NB M

N

A B M N

Falha/Contato Geológico

a)

x x x

2x

Figura IV-14 – Locação das linhas do CE.

No caso de zonas de fraturamento e/ou falhamento, as linhas devem ser locadas

perpendiculares às estruturas de interesse - Fig. IV-14(a), de modo a interceptar as prováveis

zonas de falhas. No caso de mapeamento de plumas de contaminação (aterros, vazamentos,

etc.) as linhas devem ser locadas paralelas ao aterro - Fig. IV-14(b), acompanhando as curvas

de nível (topografia do terreno), e perpendiculares à provável direção da pluma. As direções e

sentidos da evolução das plumas de contaminação, podem ser estimados previamente a partir

de mapas potenciométricos obtidos por SEV’s.

No desenvolvimento do CE - Dipolo-Dipolo, após a disposição do arranjo no terreno, e

obterem-se as leituras pertinentes, todo o arranjo é deslocado para a estaca seguinte e

efetuadas as leituras correspondentes, continuando este procedimento até final do perfil a ser

levantado.

Uma das grandes vantagens desse arranjo, é o fato de poder utilizar, simultaneamente,

vários dipolos de recepção dispostos ao longo da linha a ser levantada. Como já comentado,

cada dipolo refere-se a um nível de investigação, podendo, dependendo do caráter da

pesquisa, estudar as variações laterais de um parâmetro geoelétrico, ao longo de um perfil,

com um ou mais dipolos, atingindo várias profundidades de investigações. Dessa maneira, em

estudos ambientais, eventuais plumas de contaminação, podem ser delimitadas lateralmente e

em profundidade.

Braga, A.C.O.

69

CAPÍTULO 5. MÉTODOS GEOELÉTRICOS NA CAPTAÇÃO DE ÁGUAS

SUBTERRÂNEAS

5.1. ROCHAS SEDIMENTARES

Nos estudos hidrogeológicos para captação de águas subterrâneas, visando

abastecimento de determinada população, para fins industriais, agricultura, etc., em

sedimentos inconsolidados e rochas sedimentares, o aqüífero granular é constituído por

camadas predominantemente arenosas, de certo modo, plano paralelas à superfície do terreno.

A Figura V-01 apresenta a metodologia recomendada em estudos visando à captação de águas

subterrâneas em rochas sedimentares, com os principais produtos a serem obtidos.

METODOLOGIAGEOELÉTRICA

Litologia –Topo Rochoso

Profundidade do Nível d´Água

Prof. e Espessura do Aqüífero

Estimativa de Par. Hidráulicos

Contato Água Doce/Salgada

MapaPotenciométrico

Carstes eCavidades

CE-ER-IPDipolo-Dipolo

Captação de Águas Subterrâneas

Rochas Sedimentares

AqüíferosGranulares

AqüíferosCársticos

SEVSchlumbergerER ER-IP

Figura V-01 – Metodologia e produtos na captação de água subterrânea – Rochas

Sedimentares. Ressalta-se que, neste caso também, os sedimentos inconsolidados foram incorporadas

nas discussões envolvendo as rochas sedimentares – aqüíferos granulares. Dos produtos

referidos, destacam-se a determinação da: profundidade do nível d’água e identificação

litológica – caracterização do aqüífero, contato água doce/salgada – aqüíferos sedimentares

costeiros, cavidades em sedimentos, e estimativa de parâmetros hidráulicos.

Braga, A.C.O.

70

5.1.1. Aqüíferos Granulares

Após a análise qualitativa das curvas de campo, identificando os vários níveis

geoelétricos presentes, e o processamento dos dados de campo através de softwares

adequados, procurando determinar as resistividades, cargabilidades e espessuras reais das

diferentes litologias presentes, define-se a estratigrafia geoelétrica inicial da área. Nessa fase,

cabe destacar que na definição do modelo inicial, a inversão conjunta dos dados de

resistividade e cargabilidade podem contribuir para diminuir a ambigüidade da interpretação –

efeito de supressão de camadas (Capítulo 3).

A Figura V-02, ilustra um caso, no qual a definição do 2o e 5o nível geoelétrico, efetuou-

se com precisão, a partir da curva de cargabilidade aparente, pois a resistividade não

identificou com clareza estes níveis. Esse tipo de supressão de camada (5o nível), se dá, não

tanto em função de espessuras reduzidas, mas, mais em função dos contrastes de

resistividades, uma vez que, um nível geoelétrico com alta resistividade, pode "atrasar" a

identificação de outro subjacente.

Figura V-02 - Supressão de camada na curva de

resistividade aparente, identificada pela

cargabilidade - Fm Rio Claro (Modificado de Braga,

1997).

1 10 1002 4 6 8 20 40 60 80 200 400

Espaçamento AB/2 (m)

10

100

1000

20

40

6080

200

400

600

800

2000

4000

Res

istiv

idad

e ap

aren

te(o

hm.m

)

campo-ERcampo-IPmodelo-ERmodelo-IP

1

10

100

2

4

68

20

40

60

80

200

400

Car

gabi

lidad

e ap

aren

te (m

V/V

)

1o nível

5o nível

2o nível

3o nível

4o nível

1o nível

2o nível

3o nível

4o nível

5o nível

Pode ocorrer a situação inversa, na qual, a definição de um nível geoelétrico, seria

efetuada a partir da curva de resistividade aparente, não sendo clara, sua identificação na

cargabilidade.

Profundidade do Nível d’Água

Braga, A.C.O.

71

Na identificação da profundidade do nível d’água (NA), delimitando as zonas não

saturada e saturada, recomenda-se a SEV-ER; cuja determinação do NA deve ser efetuada,

inicialmente, de maneira qualitativa nas curvas de campo, procurando identificar as “quebras”

nos valores de resistividade aparente.

A Figura V-03, ilustra duas situações típicas de SEV’s executadas em áreas de rochas

sedimentares. A parte inicial das curvas é do tipo K, evidenciando, nas duas primeiras

camadas geoelétricas, as porções do solo não saturado: zona de evapotranspiração e retenção.

A terceira camada, que corresponderia à franja capilar, pode variar em função da litologia

local.

Na SEV-01, a franja capilar,

praticamente não ocorre, ou ocorre mas

com espessuras pequenas, apresentando

uma queda acentuada nos valores (AB/2

= 6,0 a 8,0) - curva tipo KH,

característica de sedimentos arenosos.

Já, a SEV-02, apresenta uma

inflexão intermediária na queda dos

valores (AB/2 = 20,0), caso típico de

sedimentos argilosos, resultando na

ocorrência da franja capilar de

espessura significativa, identificada nas

curvas de campo - curva tipo KQH.

1 10 1002 4 6 8 20 40 60 80

Espaçamento AB/2 (m)

10

100

1000

20

40

60

80

200

400

600

800

Res

istiv

idad

e Ap

aren

te (o

hm.m

)

SEV-01

SEV-02

saturado

saturado

franja capilar

Figura V-03 – Curva de campo e o NA - SEV.

Na definição do nível d’água, tem-se constatado em vários trabalhos de campo, que a

cargabilidade não apresenta a mesma resolução que a resistividade. Procurando ilustrar essa

constatação, foram efetuadas medidas em laboratório, em amostras de sedimentos areno-

argilosos, conforme esquema da Figura V-04.

As medidas foram efetuadas

inicialmente na amostra seca e

posteriormente com a amostra

totalmente saturada, com três

espaçamentos de MN (2, 6 e 10 cm).

A BV

A

M N

30cm

Figura V-04 – Esquema de medidas em amostras.

Braga, A.C.O.

72

Pode-se observar na Figura V-05, que as resistividades apresentam uma ampla variação

nas faixas de valores para a amostra não saturada e saturada. Já a cargabilidade apresenta uma

insignificante variação entre os valores da amostra não saturada e saturada.

Figura V-05 – Medidas de resistividade e cargabilidade em

amostra não saturada e saturada.

0 0.04 0.08 0.120.02 0.06 0.1Espaçamento MN (m)

100

1000

200

300

400

500600700800900

2000

3000

4000

Res

istiv

idad

e Ap

aren

te (o

hm.m

)

1

10

2

3

4

56789

20

30

40

Car

gabi

lidad

e Ap

aren

te (m

s)

Resistividade seco saturado

Cargabilidade seco saturado

No campo, conforme Braga (1997) - Figura V-06, sedimentos argilosos da Formação

Corumbataí (COR), apresentaram os valores de cargabilidade para a zona não saturada

aproximadamente com a mesma faixa de variação que os valores para zona saturada.

100 1000 10000 100000Resistividade (ohm.m)

0.1

1

10

100

Car

gabi

lidad

e (m

V/V

)

Fm Rio ClaroZona não saturadaZona saturada

10 100 1000 10000Resistividade (ohm.m)

0.1

1

10

100

Car

gabi

lidad

e (m

V/V

)

Fm CorumbataíZona não saturadaZona saturada

sed. arenosos

sed.

ar e

no- a

r gi lo

sos

Figura V-06 – Resistividade/Cargabilidade e o NA (modificado de Braga, 1997).

Para os sedimentos arenosos da Formação Rio Claro (RC), os valores de cargabilidade

da zona não saturada são mais elevados que para os valores da zona saturada, enquanto que os

sedimentos areno-argilosos dessa formação, apresentaram faixas de cargabilidade semelhantes

para as zonas não saturada e saturada. Já, a resistividade, para as duas formações geológicas,

Braga, A.C.O.

73

define claramente as duas zonas de saturação dos solos, não importando a predominância

litológica.

Pode-se concluir das análises anteriores que, para sedimentos arenosos a cargabilidade

poderia definir a posição do nível d’água, embora sem a mesma intensidade que as

resistividades; já para sedimentos com ocorrência das argilas, essa definição seria inviável.

Identificação Litológica

A partir da quantificação do modelo inicial, faz-se então, a correlação com os dados

geológicos disponíveis, visando definir o tipo litológico identificado nas camadas geoelétricas

– modelo geoelétrico final (Figura V-07). Na zona não saturada, os valores de resistividade

apresentam uma ampla gama de variação, em função, principalmente, das variações no

conteúdo em água nesses sedimentos.

Dessa maneira, nessa porção do solo, os

valores de resistividade não caracterizam a

litologia local. Apenas podem indicar a

ocorrência estratigráfica das faixas de

evapotranspiração, retenção e capilar.

Na zona saturada, os valores de

resistividade definem, em termos de

predominância, as diferentes litologias presentes,

em função do conhecimento geológico da área em

questão.

ρ1 = 1.200Modelo Geoelétrico

Sedimentos superficiais Zona não saturada

Sedimentos arenosos

Sedimentos argilosos

Rocha sã - Basalto

SEV

Zona saturada

ρ2 = 5.000

ρ3 = 300

ρ4 = 80

ρ5 = 10

ρ6 = 300

Evapotranspiração

NA10,0m

25,0m

52,0m

9,0m

4,0m

Retenção

Capilar

Figura V-07 – Modelo geoelétrico.

A partir da coletânea de resultados de vários trabalhos desenvolvidos, a Tabela V-01

apresenta faixas de variação dos valores de resistividade e cargabilidade para sedimentos e

alguns tipos de rochas, para zona não saturada e saturada.

Tabela V-01 – Resistividade/cargabilidade e a litologia.

Tipo Litológico: Sedimentos/(Rochas) Resistividade (ohm.m)

Cargabilidade (mV/V)

Zona não saturada 20 a 30.000 2,0 a 25,0 Sedimentos Argilosos – (Argilitos) ≤ 20 Sedimentos Argilo-Arenosos 20 a 40

1,0 a 2,0

Sedimentos Areno-Argilosos 40 a 60 Sed. Silte-Argilosos – (Siltitos Argilosos)

7,0 a 30,0

Sed. Silte-Arenosos – (Siltitos Arenosos) 25 a 40

Zona saturada

Sedimentos Arenosos – (Arenitos) ≥ 60 2,5 a 6,0

Braga, A.C.O.

74

A Figura V-08, ilustra a correlação entre sedimentos arenosos e argilosos com a

resistividade e cargabilidade, para os sedimentos da zona saturada.

Figura V-08 – Variações da resistividade e cargabilidade em

função da litologia na zona saturada.

10 10020 40 60 80 200 400Resistividade (ohm.m)

1

10

2

3

4

5

6789

20

30

40

Car

gabi

lidad

e (m

V/V)

sedimentosargilosos

ou argilitos

sedimentosargilo-

arenosos

sedi

men

tos

silte

-are

noso

s

sedi

men

tos

aren

o-ar

gilo

sos

sedi

men

tos

silte

-arg

iloso

s

sedimentosarenosos

ou arenitos

Portanto, na definição da litologia visando identificar camadas geológicas com potencial

aqüífero para captação de águas subterrâneas, a partir da resistividade e cargabilidade, e

ainda, considerando as conclusões de Vacquier et al. (1957) e Draskovits et al. (1990) -

Capítulo 3, algumas considerações podem ser efetuadas:

1) a Figura V-08, modo geral concorda com os limites propostos por Draskovits et al. (op cit)

– Figura III-12, e utilizados por Braga (1997), e as camadas argilosas apresentam baixos

valores de resistividade e cargabilidade;

2) camadas argilo-arenosas, silte-arenosas e silte-argilosas, com a mesma faixa de variação

nos valores de resistividade, podem ser individualizadas a partir da cargabilidade;

3) camadas siltosas ou arenosas, com misturas de argilas (sedimentos siltes-argilosos e areno-

argilosos), apresentam uma resposta IP bem maior que a resposta em camadas argilosas ou

arenosas puras;

4) camadas arenosas, apresentam alta resistividade e cargabilidade intermediária; e,

5) em rochas sedimentares, os aqüíferos a serem explorados, em função da resistividade

e cargabilidade, devem apresentar valores, respectivamente, entre: 60,0 < ρ < 300,0

ohm.m e 2,5 < M < 6,0 mV/V.

A Figura V-09, apresenta um caso (Braga et al., 2005) de identificação litológica do

primeiro nível geoelétrico saturado – aqüífero livre (mapa) e uma seção geoelétrica, perfil

Braga, A.C.O.

75

AB, da seqüência estratigráfica da área, procurando delimitar a ocorrência dos aqüíferos livre

e confinado, a partir da técnica da SEV.

-29 51´ 58´´

-29 52´ 31´´

50 49´ 26´´50 52´ 31´´

O

O

O O

Braga, A.C.O.unesp

?

?

sondagem elétrica vertical

área industrial

lago

Rio Sapucaia

resistividade (ohm.m)101520253040506080100150200250

0m 200m 400m 600m

não saturado

aqüífero livre sed. argilosos

aqüífero confinado

sed. argilosos

0m 200m 400m 600m

A B

A Bescala horizontal

>60 arenoso 41-60 areno-argiloso 20-40 argilo-arenoso <20 argiloso

Figura V-09 – Mapa de resistividade do primeiro nível geoelétrico saturado e seção

geoelétrica AB (modificado de Braga et al., 2005). A Figura V-10a mostra

um caso de SEV-ER

executada no município de

Nova Odessa-SP, com a

finalidade de auxiliar a

locação de poço tubular

profundo para captação de

água subterrânea.

Pode-se observar a curva

de campo – resistividade

aparente, a curva de

resistividade real – modelo

geoelétrico e o perfil do poço

tubular perfurado.

1 10 100 10002 4 6 8 20 40 60 80 200 400 600 800

Espaçamento AB/2 (m)

100

1000

10000

200

400

600

800

2000

4000

6000

8000

80

60

40

20

Res

istiv

idad

e Ap

aren

te (o

hm.m

)

sedimentossuperficiais

nãosaturados

NA=

2,2m

solo

de

alte

raçã

o de

dia

bási

o

diabásio - rocha sã

Poço Tubular

arenito

embasamentocristalino

diabásio rocha sã

arenitoVazão = 12.000 l/hBomba a 220m

27,0

m

250,

0m

350,

0m

solo de alt. de diabásio e/ou diabásio fraturado

embasamentocristalino

4,6m

e/ou diabásio fraturado

Figura V-10a – SEV na locação de poço tubular

profundo. A seqüência estratigráfica da geologia local, indicava uma perfuração de risco, espessa

intrusão de diabásio e incerteza na ocorrência de aqüíferos promissores em profundidade

Braga, A.C.O.

76

(Formação Itararé). Após a perfuração do poço tubular, com uma vazão de 12.000 l/h, os

dados obtidos mostraram a boa precisão do modelo geoelétrico obtido previamente.

De acordo com a geologia e área a ser estudada, a técnica do CE-DD, pode ser

empregada na identificação litológica e determinação do nível d’água subterrâneo, com maior

detalhe que as SEV’s, as quais podem ser executadas, em menor número, sendo utilizadas

para calibrar o modelo da inversão do CE. A Figura V-10b, apresenta três seções geoelétricas

processadas, cujo modelo é associado com a geologia local.

Seção Geoelétrica - Linha 1 - Petrosix

770

775

780

785

790

795

800

Elev

ação

(m)

15 25 35 45 55 65 75 85 95 105 115 125 135 145 155 165 175 185 195 205 215 225 235 245 255265 275 285

solo argiloso secofolhelhofolhelho e margamargasiltito

SEV-03/E68

solo argiloso siltito argilosofolhelho

e/ou margaResistividade (ohm.m)

falh

amen

to

Descrição dassondagens mecânicas

siltito arenoso 4080600

Seção Geoelétrica - Linha 1 - Mogi Guaçu

-20

-15

-10

-5

0

Prof

undi

dade

(m)

10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150

204060Resistividade (ohm.m)

argilosoargilo-arenosoareno-argilosoarenoso

40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760Seção Geoelétrica - CE-DD - Coronel Macedo-SP

-60

-40

-20

0

Prof

undi

dade

(m)

40100300Resistividade (ohm.m)

arenoso argilosodique diabásio

ou capilarnão saturado

37014367331

57

Figura V-10b – Seções geoelétricas do CE-DD e a litologia.

Aqüíferos Sedimentares Costeiros

Uma aplicação importante da SEV-ER e com excelentes resultados, diz respeito a estudo

para captação de água subterrânea em aqüíferos sedimentares costeiros, onde nesse caso, as

intrusões salinas poderiam ser classificadas como poluição “natural”, podendo ser induzida

pelo homem.

Braga, A.C.O.

77

A Figura V-11 ilustra um

exemplo de estudo em zona litorânea,

com duas SEV’s executadas. Para os

sedimentos arenosos saturados com

água doce, a resistividade é bem mais

elevada (85 e 90 ohm.m) que para os

mesmos sedimentos saturados com

água salgada (4 ohm.m).

oceano

SEV-01600

85

5000

cunha

salina

água subterrânea

doce

água subterrânea

salgada

5000

90

300

4

nível do mar

SEV-02nível freático

embasamento cristalino

Figura V-11 – Aqüíferos sedimentares

costeiros.

Cavidades em Sedimentos

A Figura V-12 apresenta o modelo geoelétrico resultante da inversão dos dados de

campo da técnica do CE-DD, em estudos de identificação de cavidades em sedimentos,

visando: a proteção de frentes de lavras em mineração de areias – Caso 1, e a captação de

águas subterrâneas superficiais – Caso 2. Nos dois casos, as cavidades apresentam-se

saturadas – resistividades baixas.

CASO 1 - Seção Geoelétrica - Linha R4 - Jundu

620

630

640

650

660

Elev

ação

(m)

40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360 380

1500200025003000400050006000800010000Resistividade (ohm.m)

-100 -80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80 100 120 140

CASO 2 - Seção Geoelétrica - Itirapina

-30

-20

-10

0

Prof

undi

dade

(m)

300400500600700800100015002000250030004000Resistividade (ohm.m)

anomalias condutoras projetadasprovável extensão lateralprovável cavidade não saturada

NA

NA

235803360

8790

380

SEV-01

Figura V-12 – Cavidades em sedimentos.

5.1.2. Aqüíferos Cársticos

Neste tipo de aqüífero, um caso particular de bacias sedimentares – rochas calcárias, é

importante, tanto a caracterização dos materiais de maneira pontual (SEV), como a

caracterização de estruturas descontinuas a superfície do terreno (CE), como no caso de

falhamentos e cavidades por dissolução do material calcário. Como técnica principal, têm-se o

Braga, A.C.O.

78

CE-DD, o qual apresenta boa precisão. A técnica da SEV, pode ser utilizada para determinar

o topo das camadas, nível d´água, etc..

Como os resultados e produtos obtidos pelo CE-DD, em rochas calcárias, são

semelhantes aos obtidos em rochas cristalinas, serão discutidos no sub-item Rochas

Cristalinas.

5.1.3. Estimativa de Parâmetros Hidráulicos

O parâmetro físico resistividade pode ser correlacionado com certos parâmetros

importantes utilizados na Hidrogeologia, essas correlações, mesmo apresentando um caráter

aproximado, podem contribuir no entendimento dos modelos hidrogeológicos de uma

determinada área de estudo, minimizando os custos e prazos dos projetos.

Resistividade e a Porosidade

As relações entre as resistividades de uma formação aqüífera saturada não argilosa, a do

eletrólito que preenche seus poros e a porosidade total, podem ser estimadas através do

coeficiente F - Fator de Formação (Archie, 1942). Este fator pode ser calculado a partir das

equações:

W

RFρρ

= , e V-01F1Pm = V-02

onde, ρR = resistividade média da rocha (matriz e poros incluídos); ρW = resistividade da

solução de saturação dos poros; P = porosidade total; e, m = coeficiente de cimentação. Das

equações anteriores, tem-se:

R

WmPρρ

= V-03

Medidas da porosidade em laboratório, permitem calcular "m"; senão, tomando ρW = 10

ohm.m e a Equação V-01, pode-se estimar a porosidade a partir do gráfico da Figura V-13.

Vacúolos isolados não são considerados, portanto, obtém-se a porosidade total comunicante.

Assume-se que, para valores de porosidade total > 45%, predominam sedimentos argilosos.

Nesse gráfico, foram lançados valores de resistividade obtidos por 120 SEV’s por Braga

et al. (2005), aplicadas a estudos de aqüífero livre e confinado, apresentando a correlação

fator de formação/porosidade, com a litologia dos sedimentos definida pelos valores de

resistividade.

Na faixa de sedimentos argilo-arenosos (20<ρ<40 ohm.m), valores de porosidade >

45%, indicam muito pouco material arenoso; já valores de porosidade < 45%, indicam

Braga, A.C.O.

79

aumento na ocorrência de sedimentos arenosos. O aumento da granulometria dos sedimentos,

implica em um aumento dos valores de resistividade, e conseqüentemente, numa diminuição

da porosidade.

1 10 100 10002 4 6 8 20 40 60 80 200 400 600 800

Fator de Formação

10

100

20

30

40

50

60

70

80

90

9

8

7

6

5

4

3

Poro

sida

de T

otal

(%)

10 100 1000 1000020 40 60 80 200 400 600 800 2000 4000 60008000

Resistividade (ohm.m)

45

1 2

3

sedimentos argilosos

sedimentos argilo-arenosos

sedimentos areno-argilosos

sedimentos arenosos

• curva 1 (m = 1,3):

formação fofa – sedimentos

inconsolidados;

• curva 2 (m = 1,9): rocha

consolidada com

porosidade de interstícios

(quartzitos, arenitos);

• curva 3 (m = 2,35): rocha

consolidada, para a qual a

porosidade resultante da

fissuração é mais

importante que a de

interstício (calcários,

derrames basálticos).

Figura V-13 – Fator de formação e a porosidade (modificado de Archie, 1942).

Resistividade e a Condutividade Hidráulica e Transmissividade

A condutividade hidráulica (K) e a transmissividade (T) de uma camada geológica

(Capítulo 2), podem ser correlacionados com os parâmetros geoelétricos resistividade e

espessura das camadas processadas. Como demonstraram, entre outros, Henriet (1975) e

Griffiths (1976), a resistividade elétrica de sedimentos arenosos e argilosos saturados, pode

ser tomada como sendo diretamente proporcional à condutividade hidráulica desses materiais.

Portanto, como a resistência

transversal unitária TDZ (Capítulo 3), é o

produto da resistividade pela espessura

de uma camada (Equação III-16), tem-se

a seguinte correlação:

Transmissividade - T Resistência Transversal Unitária - TDZ

T = K x E (m2/s) TDZ = ρ x E (ohm.m2)

Como: K é diretamente proporcional a ρEntão: T é diretamente proporcional a TDZ

Em estudos hidrogeológicos envolvendo camadas arenosas ou argilosas saturadas, a

associação de mapas de resistência transversal unitária com mapas de resistividade, referentes

Braga, A.C.O.

80

a uma determinada camada de interesse, contribui significativamente com esses estudos,

podendo dirigir a locação dos poços tubulares em alvos mais promissores.

Como exemplo de aplicação desse parâmetro TDZ, apresentam-se a seguir alguns

resultados da campanha geofísica por Braga et al. (2005). A Figura V-14, mostra os valores

obtidos pelo modelo geoelétrico referente à primeira camada geoelétrica saturada, lançados no

gráfico padrão (Figura III-24). O estudo dessa primeira camada saturada, visou caracterizar o

aqüífero livre.

1 10 100 1000Resistividade (ohm.m)

1

10

100

1000

Esp

essu

ra (m

)

argi

loso

s

aren

osos

argi

lo-a

reno

sos

aren

o-ar

gilo

sos

T = 100

20 40 60

T = 500

T = 1000T = 50

T = 250

T = 2500

T = 5000

faixa de valoresideal -

aqüíferos maispromissores

Figura V-14 – Relação resistência transversal unitária/transmissividade (Braga et al.,

2005). Os valores de TDZ para os sedimentos arenosos, tendem a serem mais elevados que para

os sedimentos argilosos, entretanto podem-se observar também valores para os sedimentos

argilosos maiores que para os sedimentos arenosos; isto se dá em função de um aumento da

espessura dessa camada. Portanto, os valores de TDZ têm que estar associados a litologia –

mapa de resistividade.

A Figura V-15 mostra o mapa de TDZ para a área estudada, indicando locais associados à

maior transmissividade do aqüífero livre (TDZ > 400 ohm.m2), correlacionado com o mapa de

resistividade dessa primeira camada saturada.

Braga, A.C.O.

81

-29 51´ 58´´

-29 52´ 31´´

50 49´ 26´´50 52´ 31´´

O

O

O O

Braga, A.C.O.unesp

?

?

2resistência transversal

T (ohm-m )

> 400

Rio Sapucaia sondagem elétrica verticalárea industrial

lago

101520253040506080100150200250resistividade (ohm.m)

0m 200m 400m 600m

arenoso argilosoareno-argiloso argilo-arenoso

Figura V-15 – Mapa de resistência transversal unitária e resistividade do aqüífero livre (Braga et al., 2005).

5.2. ROCHAS CRISTALINAS

Na captação de águas subterrâneas, visando abastecimento, em terrenos cristalinos, o

aqüífero é constituído por falhas e/ou fraturas nas rochas, normalmente não paralelas à

superfície do terreno, cujo objetivo principal da geofísica é o de posicionar os falhamentos

e/ou fraturamentos em superfície, indicando o sentido de mergulho.

Conforme já comentado no sub-item

4.2.1., a técnica mais adequada sugerida, é o

caminhamento elétrico – arranjo dipolo-

dipolo (CE-DD), com os métodos da

eletrorresistividade e polarização induzida. A

técnica do SEV, pode ser utilizada em

situações específicas, com menor detalhe do

que a técnica do CE.

A Figura V-16, apresenta a metodologia

recomendada em estudos visando à captação

de águas subterrâneas em rochas cristalinas,

com os principais produtos a serem obtidos.

Com destaque para a determinação de falhas

e fraturamentos.

Contatos Geológicos

TopoRochoso

Falhas eFraturamentos

Diques/Derrames Basálticos

SEV-ER-IPSchlumberger

CE-ER-IPDipolo-Dipolo

Rochas Cristalinas

METODOLOGIAGEOELÉTRICA

Captação de Águas Subterrâneas

AqüíferosFraturados

Figura V-16 – Metodologia e produtos na captação de água subterrânea – Rochas

Cristalinas.

Braga, A.C.O.

82

5.2.1. Aqüíferos Fraturados

Este tipo de aqüífero é composto por rochas compactas, nas quais a água ocorre

ocupando fissuras, fendas ou fraturas dessa rocha. Ressalta-se que nesse caso, devido ao

caráter da anomalia visada, incluem-se nessa discussão os aqüíferos cársticos (rochas

sedimentares). Através do CE, pode-se posicionar, em superfície, a zona de anomalia

condutora (associada a falhamentos e/ou fraturamentos saturados), bem como estimar o

mergulho da estrutura identificada.

Recomenda-se, a utilização do arranjo dipolo-dipolo, com no mínimo três linhas

topográficas de levantamento, espaçamento entre os dipolos x = 40 metros e, no mínimo,

cinco níveis de investigação, os quais atingiriam a uma profundidade teórica total de 120

metros, satisfatória para se identificar anomalias significativas. De um modo geral, as

resistividades das rochas cristalinas (por exemplo, granito, gnaisses) e calcárias, possuem

valores elevados, apresentando um bom contraste com as zonas fraturadas e/ou falhadas

saturadas com água – faixas de baixa resistividade.

Inicialmente, a determinação das anomalias geofísicas, pode ser efetuada

qualitativamente, nas pseudo-seções, posicionando-as na superfície do terreno, com o

mergulho indicado. Mapas dos vários níveis investigados pelo dipolo-dipolo, podem ser

traçados, procurando localizar, em planta, as direções das zonas de interesse, em várias

profundidades de investigação, constituindo uma visão em 3D.

Procurando analisar as anomalias resultantes de fraturas/falhamentos na rocha, quanto a

sua forma e intensidade, alguns casos históricos são discutidos, sendo aplicados os parâmetros

DZ: condutância longitudinal total (S), resistência transversal total (T) e resistividade média

(ρm). As pseudo-seções, obtidas pelo CE, podem ainda ser interpretadas em 2D utilizando-se

de softwares que possibilitam a inversão dos dados de resistividade aparente – interpretação

quantitativa, gerando um modelo geoelétrico real.

Caso Histórico - 1:

A Figura V-17 ilustra uma aplicação em aqüíferos cársticos. Observa-se nessa figura,

que a intensidade da anomalia na seção de condutância longitudinal total (S) é maior que na

seção de resistência transversal total (T), isto se deve, principalmente, ao fato de que nesta

situação a resistividade longitudinal é mais sensível à zona fraturada que a resistividade

transversal.

A seção de resistividade média, “filtra” as resistividades aparentes, indicando a posição

da anomalia na superfície do terreno, e a direção do mergulho (E-280 para E-360, à direita da

seção); fato confirmado por dados geológicos disponíveis.

Braga, A.C.O.

83

0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640Linha 3 - Resistividade Aparente - Cajamar

-120

-100

-80

-60

-40

-20

0

Prof

undi

dade

teór

ica

(m)

366

689

1700

2100

1950

330

452

646

1130

151

386

1130

1270

203

95

408

603

132

90

242

422

118

92

203

237

207

95

238

292

363

80

71

93

97

95

180

254

353

537

373

254

296

268

537

650

408

350

410

580

700

600

723

780

920

1250

1510

985

1250

1130

1245

0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640Linha 3 - Condutância Longitudinal Total - Cajamar

-120

-100

-80

-60

-40

-20

0

Prof

undi

dade

teór

ica

(m)

0.11

0.09

0.05

0.05

0.06

0.12

0.13

0.12

0.09

0.79

0.10

0.05

0.06

0.49

1.26

0.10

0.10

0.61

1.11

0.50

0.09

0.51

0.87

0.49

0.51

0.19

0.63

0.34

0.34

0.33

0.50

0.85

0.86

1.03

1.26

0.22

0.24

0.23

0.19

0.32

0.16

0.20

0.30

0.19

0.18

0.10

0.17

0.20

0.17

0.17

0.07

0.08

0.10

0.11

0.03

0.04

0.08

0.03

0.05

0.03

0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640Linha 3 - Resistência Transversal Total - Cajamar

-120

-100

-80

-60

-40

-20

Prof

undi

dade

teór

ica

(m)

14640

41340

136000

210000

234000

13200

27120

51680

113000

18120

15440

67800

101600

20300

11400

16320

36180

10560

9000

29040

16880

7080

7360

20300

28440

8280

5700

19040

29200

43560

3200

4260

7440

9700

11400

7200

15240

28240

53700

44760

10160

17760

21440

53700

78000

16320

21000

32800

58000

84000

23986

43400

62061

92120

50000

90600

78878

50000

67800

49772

0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640Linha 3 - Resistividade Média - Cajamar

-120

-100

-80

-60

-40

-20

0

Prof

undi

dade

teór

ica

(m)

366

534

888

1175

1343

330

398

493

663

421

386

729

917

537

331

408

516

280

194

205

422

199

146

162

180

207

130

169

203

240

80

74

82

87

89

180

221

272

346

354

254

278

274

349

419

408

372

388

448

512

600

671

717

784

1250

1400

1198

1250

1177

1245

ST

m ∑∑=ρ

∑=i i

ii

ESρ

ET iii

i ρ∑=

Figura V-17 – Resistividade aparente e os parâmetros de DZ – CE-DD (Caso 1). Procurando analisar a anomalia condutiva, quanto a sua forma e intensidade, a Figura V-

18 apresenta a pseudo-seção de resistividade aparente plotada pelo sistema de média

triangular lateral (sub-item 3.4.2. – Figura III-20). A posição e o mergulho da anomalia

condutora, ficam bem evidentes.

11 2

1 2

1 2

1 2resistividade aparente média

triangular lateral

0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640Linha 3 - Resistividade Aparente Média Triangular Lateral - Cajamar

-120

-100

-80

-60

-40

-20

0

Prof

undi

dade

teór

ica

(m)

422

360

681

666

1093

207

106

185

247

262

80

83

92

93

95

180

162

295

370

307

254

275

180

414

443

408

323

381

338

531

Figura V-18 – Pseudo-seção de resistividade aparente – plotagem média triangular

lateral. A Figura V-19, mostra o resultado da inversão da Linha 3 – resistividade aparente,

utilizando o software Res2dinv, com a seção geoelétrica real, sendo as resistividades e

profundidades obtidas pela inversão das resistividades aparentes. Observa-se, pela inversão,

Braga, A.C.O.

84

uma anomalia condutiva vertical, centralizada entre as estacas 280 e 320, com pequeno

prolongamento à direita, semelhante à Figura V-18.

40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600

Seção Geoelétrica - Linha 3 - Cajamar

-60

-40

-20

0

Prof

undi

dade

(m)

58132031487511617927843267010391613250238827502Resistividade (ohm.m)

Figura V-19 – Inversão da Linha 3 – Caso 1 - Res2dinv (Geotomo).

Caso Histórico - 2:

A Figura V-20, ilustra um caso de rochas cristalinas (Fundunesp, 1997/a), sendo que as

mesmas considerações e conclusões anteriores podem ser aplicadas nesse caso. Com destaque

para as seções de resistividade média e condutância longitudinal.

160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760 800 840 880 920 960 1000 1040

-140

-120

-100

-80

-60

-40

-20

0

Prof

undi

dade

teór

ica

(m)

0.120.25

0.260.24

0.130.23

0.190.26

0.250.13

0.230.33

0.200.20

0.110.18

0.250.29

0.230.14

0.220.30

0.140.24

0.330.29

0.120.25

0.130.44

0.350.15

0.290.32

0.340.16

0.080.15

0.170.18

0.280.17

0.310.32

0.310.29

0.110.43

0.650.69

0.680.75

0.060.27

0.310.31

0.20

0.080.25

0.240.20

0.080.26

0.220.21

0.240.13

0.070.30

0.260.31

0.140.94

0.410.27

0.400.20

1.241.57

160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760 800 840 880 920 960 1000 1040

Campinas - LINHA 1 - Resistividade Aparente

-140

-120

-100

-80

-60

-40

-20

0

Prof

undi

dade

teór

ica

(m)

577317

402471

587

1042

325239

307418

911

610

215227

324752

531

418

202299

740565

485

482

176437

366336

281248

240346

963

566

310136

226670

417

440

118364

972649

686

793

142343

260312

391

484

356139

123145

177

186

635222

262327

588

491244

339499

499229

364481

508

1102

538197

305322

831

149

97225

198503

97

89

160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760 800 840 880 920 960 1000 1040

-140

-120

-100

-80

-60

-40

-20

0

Prof

undi

dade

teór

ica

(m)

1300014340

2456041800

10932085400

860013620

2592075200

6372058520

808017940

5920056500

5820067480

704026220

2928033600

1124014880

1920034600

11556079240

124008160

1808067000

5004061600

472021840

7776064900

82320111020

568020580

2080031200

4692067760

142408340

984014500

2124026040

2540013320

2096032700

70560

1964014640

2712049900

1996013740

2912048100

60960154280

2152011820

2440032200

9972020860

388013500

1584050300

1164012460

160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760 800 840 880 920 960 1000 1040

-140

-120

-100

-80

-60

-40

-20

0

Prof

undi

dade

teór

ica

(m)

325270

286327

449610

215222

263385

421418

202255

410455

463482

176302

327330

330

281261

251282

416566

310190

204314

338440

118230

422478

524793

142240

248269

300484

356204

165158

163186

635341

306313

377

491324

330382

382

499314

334380

4131102

538297

300307

416149

97160

175255

19489

ET iii

i ρ∑=

ST

m ∑∑=ρ

∑=i i

ii

ESρ

Resistividade Média

Condutância LongitudinalTotal

Resistência TransversalTotal

Figura V-20 – Resistividade aparente e os parâmetros de DZ – CE-DD (Caso 2). A Figura V-21, mostra o resultado da inversão da Linha 1, utilizando o mesmo software

anterior. O modelo geoelétrico definiu, como nas seções da Figura V-20, uma anomalia

condutora, posicionada entre as E-520 a E-560; entretanto o modelo apresenta um

fraturamento horizontal ao longo da seção.

Braga, A.C.O.

85

200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760 800 840 880 920 960 1000

Seção Geoelétrica - Linha 1 - Campinas

-60

-40

-20

0Pr

ofun

dida

de (m

)

20040050060080010001500200030005549Resistividade (ohm.m)

Figura V-21 – Inversão da Linha 1 – Caso 2 - Res2dinv (Geotomo).

A pseudo-seção de resistividade aparente, foi processada e plotada pelo sistema de

média triangular lateral (Figura V-22). Observa-se na seção “filtrada” que a anomalia

condutora não apresenta uma continuidade em profundidade, evidenciando um fraturamento

lateral, como mostra a Figura V-21. Nesse caso, o poço tubular perfurado entre as estacas

560-600, apresentou uma vazão que atendia à demanda, entretanto com rebaixamento

significativo, não mantendo a vazão inicial.

160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760 800 840 880 920 960 1000 1040

Campinas - LINHA 1 - Resistividade Aparente Média Triangular Lateral

-140

-120

-100

-80

-60

-40

-20

0

Prof

undi

dade

teór

ica

(m)

281342490549937804

310192296617474525

118250606492585605

142353243329435483

356241547407570393

635117261488502583

491233241405643545

499236313313449947

538213332324504316

97211281501342137

11 2

1 2

1 2

1 2resistividade aparente média

triangular lateral Figura V-22 – Pseudo-seção de resistividade aparente – plotagem média triangular

lateral (Caso 2). Caso Histórico - 3:

Cabe ressaltar que os levantamentos

geofísicos, podem inviabilizar uma perfuração

para captação de água subterrânea, dependo

dos resultados obtidos. A Figura V-23, ilustra

um caso de aplicação do CE – arranjo

gradiente, na identificação de zonas favoráveis

à locação de poço tubular (UHE Balbina/AM).

Nesse caso, as resistividades

determinaram uma faixa anômala de altos

valores de resistividades, indicando uma zona,

de falhamento resistivo, não adequada à

locação de poços visando à captação de água

subterrânea.

3000375050006500800095001100013000 3000375050006500800095001100013000

Figura V-23 – CE/Gradiente.

Braga, A.C.O.

86

Posteriormente, mesmo com os resultados da geofísica, foi perfurado um poço no centro

da anomalia, e como se esperava, totalmente seco, indicando uma falha preenchida de arenito

silicificado.

5.2.2. Rochas Basálticas e Diabásios

A Figura V-24, apresenta um caso de mapeamento de um dique de diabásio em rochas

sedimentares da Bacia do Paraná-SP, através da técnica do CE-DD. A anomalia resistiva da

pseudo-seção de resistividade aparente, associada ao dique, é bem definida, apresentando um

flanco (efeito dos eletrodos de corrente) mais intenso, indicando um forte mergulho aparente à

direita da linha. Nesse caso, interpreta-se o sentido do mergulho para esquerda da linha.

0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760 800

CE-DD - Dique - Resistividade Aparente

-120

-100

-80

-60

-40

Prof

. teó

rica

(m)

60 278 735 531 407 729 596 358 133 1252 787 355 206 230 270 102 76

45 47 62 64 60 71 53 68 89 267 133 80 110 38 62 69 41

45 23 29 36 39 49 55 51 63 103 109 63 58 22 66 56

35 24 29 47 70 59 41 46 44 176 117 45 38 28 61

34 12 34 92 93 43 36 29 77 176 92 32 50 30

0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760 800

-120

-100

-80

-60

-40

Prof

. teó

rica

(m)

0.67 0.14 0.05 0.08 0.10 0.05 0.07 0.11 0.30 0.03 0.05 0.11 0.19 0.17 0.15 0.39 0.53

1.33 1.28 0.97 0.94 1.00 0.85 1.13 0.88 0.67 0.22 0.45 0.75 0.55 1.58 0.97 0.87 1.46

1.78 3.48 2.76 2.22 2.05 1.63 1.45 1.57 1.27 0.78 0.73 1.27 1.38 3.64 1.21 1.43

2.86 4.17 3.45 2.13 1.43 1.69 2.44 2.17 2.27 0.57 0.85 2.22 2.63 3.57 1.64

3.53 10.00 3.53 1.30 1.29 2.79 3.33 4.14 1.56 0.68 1.30 3.75 2.40 4.00

0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760 800

-120

-100

-80

-60

-40

Prof

. teó

rica

(m)

2400 11120 29400 21240 16280 29160 23840 14320 5320 50080 31480 14200 8240 9200 10800 4080 3040

2700 2820 3720 3840 3600 4260 3180 4080 5340 16020 7980 4800 6600 2280 3720 4140 2460

3600 1840 2320 2880 3120 3920 4400 4080 5040 8240 8720 5040 4640 1760 5280 4480

3500 2400 2900 4700 7000 5900 4100 4600 4400 17600 11700 4500 3800 2800 6100

4080 1440 4080 11040 11160 5160 4320 3480 9240 21120 11040 3840 6000 3600

0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760 800

-120

-100

-80

-60

-40

Prof

. teó

rica

(m)

60 278 735 531 407 729 596 358 133 1252 787 355 206 230 270 102 76

50 99 180 157 135 193 150 136 105 507 280 148 142 81 114 81 53

48 57 97 93 85 121 109 94 84 268 197 106 96 50 92 69

43 45 73 78 81 101 84 76 67 240 169 81 70 42 81

40 32 63 81 84 83 69 59 69 223 145 63 64 39

40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760Seção Geoelétrica - CE-DD - Coronel Macedo-SP

-60

-40

-20

0

Prof

undi

dade

(m)

40100300

Resistividade (ohm.m)

arenoso argilosodique diabásio

ou capilarnão saturado

diquediabásio

ResistividadeMédia

CondutânciaLongitudinal

Total

ResistênciaTransversal

Total

∑=i i

ii

ESρ

ET iii

i ρ∑=

ST

m ∑∑=ρ

Figura V-24 – Resistividade (CE-DD) – rocha intrusiva/diabásio.

Braga, A.C.O.

87

As seções DZ, apenas destacam a anomalia resistiva referida. A seção geoelétrica

resultante da inversão dos dados de resistividade aparente, define a posição do dique,

indicando o sentido de mergulho. Observa-se, nas seções, a posição do nível d’água bem

definida.

Os resultados do levantamento magnetométrico executado na mesma linha que o CE-DD

são apresentados na Figura V-25. Pode-se observar que os resultados são semelhantes,

confirmando a posição e o sentido de mergulho do corpo do dique, definidos na seção

geoelétrica – modelo geoelétrico resultante da inversão.

23100

23200

23300

23400

23500

23600

23700

Cam

po T

otal

- nT

0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760 800Estacas - Magnetometria

-40

-30

-20

-10

0

Prof

undi

dade

(m)

320 360 400 440 480Estacas

Modelo daMagnetometriaProfundidade = 16,0mLargura = 40,0mDireção = N60WMergulho = 35 SW

35o

Figura V-25 – Magnetometria – rocha intrusiva/diabásio.

Procurando analisar a anomalia resistiva do caso anterior, quanto a sua forma e

intensidade, a Figura V-26 apresenta a pseudo-seção de resistividade aparente plotada pelo

sistema de médias triangulares laterais. Observa-se que a pseudo-seção resultante indica a

posição real de mergulho da anomalia, conforme os resultados indicados anteriormente da

magnetometria e seção geoelétrica com inversão dos dados.

0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760 800

CE-DD - Dique - Resistividade Aparente Média Triangular Lateral

-120

-100

-80

-60

-40

Prof

. teó

rica

(m)

407

62

34

47

64

729

66

43

44

28

596

62

47

44

35

358

61

50

58

61

133

79

59

52

85

1252

178

77

109

110

787

200

86

82

64

355

107

83

45

31

206

95

84

107

64

230

74

43

73

103

11 2

1 2

1 2

1 2resistividade aparente média

triangular lateral Figura V-26 – Pseudo-seção de resistividade aparente – plotagem média triangular

lateral (rocha intrusiva/diabásio). O método de plotagem dos dados de campo, pela média triangular lateral, pode auxiliar

na interpretação final, de maneira qualitativa, posicionando as anomalias com maior precisão.

Braga, A.C.O.

88

CAPÍTULO 6. MÉTODOS GEOELÉTRICOS NOS ESTUDOS DA

CONTAMINAÇÃO DE SOLOS, ROCHAS E ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

6.1. ROCHAS SEDIMENTARES

Nos estudos ambientais, visando obter um diagnóstico de solos, rochas e águas

subterrâneas, frente a contaminantes, em sedimentos inconsolidados e rochas sedimentares,

tem-se as técnicas mais adequadas sugeridas, considerando resolução, custo e rapidez, a

sondagem elétrica vertical – arranjo Schlumberger (SEV) e o caminhamento elétrico – arranjo

Dipolo-Dipolo (CE), com os métodos da eletrorresistividade e polarização induzida.

A técnica do CE-DD, assume papel importante nesses estudos ambientais, delimitando

com detalhe, lateralmente e em profundidade, eventuais plumas de contaminação, com maior

resolução e prazos reduzidos em relação as SEV’s e demais métodos/técnicas geofísicas.

Quanto à resolução, a superioridade dessa técnica em relação, por exemplo, ao radar de

penetração no solo (GPR), deve-se ao fato de que, além de não ser afetada por várias

interferências comuns no GPR, não apresenta problemas quanto à profundidade de

investigação na presença de camadas muito condutoras, podendo, dependendo do

espaçamento entre os dipolos, atingir profundidades ideais nesse tipo de estudo.

Como já ressaltado

anteriormente, nos estudos envolvendo

prováveis contaminações, a fase do

empreendimento, pré ou pós-

instalação, juntamente com a geologia

local, é importante na definição da

metodologia geoelétrica e nos

produtos a serem obtidos.

A Figura VI-01, apresenta a

metodologia recomendada, com os

principais produtos. Ressalta-se que,

neste caso também, os sedimentos

inconsolidados foram incorporadas nas

discussões envolvendo as rochas

sedimentares – aqüíferos granulares.

METODOLOGIAGEOELÉTRICA

Rochas Sedimentares

Contaminação de Solos, Rochas e

Águas Subterrâneas

Préempreendimento

Pósempreendimento

Litologia –Topo Rochoso

MapaPotenciométrico

Estimativa de Par. Hidráulicos

Profundidade do Nível d´Água

Plumas de Contaminação

Contaminação CE-ER-IPDipolo-Dipolo

SEV-ERSchlumberger

SEV-ER-IPSchlumberger

SEV-ERSchlumberger

SEV-ER-IPSchlumberger

CE-ER-IPDipolo-Dipolo

Figura VI-01 – Metodologia e produtos em estudos ambientais – Rochas Sedimentares.

Braga, A.C.O.

89

Dos produtos referidos na Figura VI-01, destacam-se a determinação da: profundidade

do nível d’água, mapa potenciométrico, identificação litológica, identificação e delimitação

de plumas de contaminação e estimativa de parâmetros hidráulicos. Os produtos

profundidade do nível d’água e identificação litológica, foram abordados no Capítulo 5, e

suas discussões aplicam-se nos estudos ambientais envolvendo as fases pré e pós-

empreendimento.

6.1.1. Mapa Potenciométrico

Na elaboração do mapa potenciométrico, o método da eletrorresistividade com a técnica

da SEV – Schlumberger, adquire um papel fundamental, para o entendimento do fluxo d’água

subterrâneo, permitindo um recobrimento de pequenas a grandes áreas de estudos, de maneira

rápida, precisão satisfatória e custos relativamente reduzidos.

Outro fato que merece destaque, diz respeito à coleta de dados do nível d’água de poços

de monitoramento (PM) para elaboração do mapa potenciométrico, pois se deve prestar a

atenção nos aqüíferos perfurados pelos poços (Figura VI-02). Não tem sentido misturar dados

referentes a aqüíferos livres e confinados, e traçar um mapa.

Em muitos dados de poços

disponíveis, essa informação não esta

clara. Neste ponto, as SEV’s são

fundamentais, pois podem individualizar

esses diferentes aqüíferos, fornecendo

com certeza os dados necessários.

Aqüífero confinado

Sed. argilosos

Sed. argilosos

1500

80

15

12

SEV – NA=5,0m

20

10

0

18161412

8642

zhlivre =

PM – NA=3,2m

γ/pzh aconf +=

NA-poço

65

Não saturadoNA

Aqüífero livre

filtro

Figura VI-02 – Nível d’água – PM e SEV.

Na identificação do NA, para elaboração de mapas potenciométricos, cabe ressaltar

ainda que, na zona não saturada, os valores de resistividade tendem a serem altos

(normalmente, superiores a 500 ohm.m), diminuindo, significativamente, quando atingem as

zonas saturadas, sendo possível identificar com razoável precisão o nível d’água. A Figura VI-03 (Braga et al., 2005) apresenta os mapas topográfico e potenciométrico

em 3D de uma refinaria de combustível. A área apresenta grandes dimensões (> 4 Km2),

inviabilizando o levantamento através de poços, mais caro e demorado que as SEV’s. A partir

dos resultados da campanha de 120 SEV’s, poços de monitoramento foram locados com maior

precisão em alvos pré-determinados, diminuindo a quantidade inicialmente programada.

A Figura VI-04, ilustra os mapas topográfico e potenciométrico 3D, em área de

mineração de areia. Nesse caso, efetua-se um monitoramento anual do comportamento das

águas subterrâneas frente ao avanço da lavra.

Braga, A.C.O.

90

MAPA POTENCIOMÉTRICO - 3D

MAPA TOPOGRÁFICO - 3D

0m 500m 1000m

curvas de nível (metros)20

fluxo

curvas de nível das águassubterrâneas (metros)

Sapucaia River

Sapucaia River

lago

área industrial

SEV

Figura VI-03 – Potenciométrico em 3D – SEV (modificado de Braga et al., 2005).

MAPA POTENCIOMÉTRICO - 3D

TOPOGRAFIA - 3D

isovalor da cota do NA

sondagem elétrica verticalSE-01F2

linhas de fluxo

divisor de águassubterrâneas

0m 40m 80m120m

Figura VI-04 – Potenciométrico em 3D - SEV.

Entretanto, em áreas pós-

empreendimento, com ocorrência de

poluentes, as resistividades naturais da

zona não saturada, normalmente,

diminuem devido à presença de

determinados tipos de poluentes,

dificultando a correta definição do NA

(Figura VI-05a).

aterro

ρ = 90

ρ = 12

sedimentos arenosos

NA

ρ = 80

ρ = 15

ρ = 1800zona não saturadasedimentos arenosos

sedimentos argilosos

SEV-01SEV-02 Braga, A.C.O.

unesp

ρ = 1500

ρ = 18

ρ = 1200

chorume

aqüífero livre

Figura VI-05a – NA e contaminantes.

Essa alteração, em função da presença de contaminantes, nos valores dos parâmetros

geoelétricos dos materiais geológicos, também pode trazer certas dificuldades na identificação

litológica. A interpretação conjunta de várias SEV’s, dados de poços e localização dos

ensaios, revelam-se fundamentais na definição do modelo final.

A Figura VI-05b, apresenta uma situação típica, na qual o nível geoelétrico condutor

identificado na SEV-02 (15 ohm.m), foi caracterizado como sedimentos arenosos

contaminados em função, tanto dos dados dos poços como suas localizações na área de

estudo.

Braga, A.C.O.

91

planta

L-1

L-2

Aterro

SEV-1 SEV-2 SEV-3

P-1P-2

seçãorio

Sed. arenosos

Rocha sã - Granito

27,0m

P1 NA=12,0m

28,0m

P2

Sed. arenosos

Rocha sã - Granito

NA=11,0m

0

5

10

15

20

25

30

0

5

10

15

20

25

30

SEV-1

1200

80

5000

1350

85

5000

1250

60

5000

15

Sed. arenosos

Cristalino

Não saturadoNA

SEV-2 SEV-3L-1

contaminante

0

5

10

15

20

25

30 Figura VI-05b – Identificação de contaminantes - SEV.

6.1.2. Identificação e Delimitação de Plumas de Contaminação

A introdução de alguns tipos principais de contaminantes no subsolo, altera

significativamente os valores naturais dos principais parâmetros geoelétricos. Experiências de

campo, comprovam que valores de resistividades, por exemplo, de sedimentos arenosos, na

presença de chorumes, podem diminuir até dez vezes o valor natural. Na identificação e

delimitação de plumas de contaminação, a técnica do CE-DD, é de extrema utilidade.

Através dessa técnica, as

evoluções das plumas podem ser

estudadas lateralmente e em

profundidade a partir de mapas

extraídos das pseudo-seções, revelando

o comportamento dos contaminantes em

3D.

A Figura VI-06(a) (Fundunesp,

1997/b), ilustra os resultados obtidos

pela técnica do CE-DD, representados

pelos mapas de resistividades aparentes

referentes ao primeiro, terceiro e quinto

nível de investigação. A pluma de

contaminação, é bem caracterizada, e

tem sua evolução bem definida

lateralmente e em profundidade.

Primeiro NívelProfundidade

Teórica de Investigação = 10,0 m

Terceiro NívelProfundidade

Teórica de Investigação = 20,0 m

Quinto NívelProfundidade

Teórica de Investigação = 30,0 m

1525

4060

100200

300500

8001500

resi

stiv

idad

e ap

aren

te (o

hm.m

)

Figura VI-06 (a) – Mapas de resistividade aparente (Fundunesp-1997/b).

Braga, A.C.O.

92

A Figura VI-06(b) - Funep, 2005(b), mostra um caso de identificação e delimitação da

pluma de contaminação pela técnica do CE-DD (n1 = 10,0 metros) e o mapa potenciométrico

pela técnica da SEV-Schlumberger. Podendo ser observada a correspondência das plumas com

as direções e sentidos do fluxo subterrâneo.

1020

3040

5060

8010

0R

esis

tivid

ade

Apar

ente

(ohm

.m)

Prov

ável

oco

rrên

cia

de c

onta

min

ante

s

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

220

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

220

240

260

280

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

220

240

260

280

300

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

220

240

260

280

300

320

340

360

SEV-01

SEV-02

SEV-03

SEV-04

SEV-05

SEV-06

SEV-07

SEV-08

SEV-09

SEV-10

0 0.025 0.05 0.075

Escala (m)

25 50 75

SEV-04

L-2

L-3

L-4

SEV-01

anomalia condutoraprojeta na superfície

SEV

CE - DD200 220

L-1

L-1

linhas defluxo

divi

sor

de á

guas

subt

errâ

neas

Figura VI-06(b) – Pluma de contaminação e mapa potenciométrico (Funep, 2005b).

As SEV’s também podem ser utilizadas na identificação de plumas de contaminação;

entretanto apresentam resultados pontuais, exigindo um detalhamento improdutivo (custos e

prazos) em relação ao CE-DD. O emprego das SEV’s é recomendado em situações onde as

áreas de estudos são de grandes dimensões, por exemplo > 4 Km2, onde, nesse caso, o CE-DD

não é aconselhável; podendo ser utilizado, entretanto, em detalhamento das anomalias

identificadas nas SEV’s.

Derivados de Hidrocarbonetos

Nesse caso em particular, a contaminação dos materiais em subsuperfície por derivados

de hidrocarbonetos, por exemplo, gasolina e óleo diesel, apresentam um aspecto em

particular, no qual as resistividades desses materiais geológicos, apresentam uma variação

com o tempo (Sauck, 2000 e Fapesp, 2005).

(1) Projeto FAPESP (2005) – Ensaios em Laboratório

Ensaios geofísicos pelos métodos da eletrorresistividade e polarização induzida, através

das técnicas de campo da SEV - (arranjo Schlumberger), CE (arranjos dipolo-dipolo e

gradiente) e PERF (arranjo polo-dipolo), foram efetuados em modelos reduzidos de

Braga, A.C.O.

93

laboratório, em três tanques contendo sedimentos areno-argilosos e arenosos da Formação Rio

Claro, contaminados por derivados de hidrocarbonetos (gasolina e óleo diesel).

As SEV’s apresentaram um espaçamento máximo AB/2 de 16 cm. Para o CE – arranjo

dipolo-dipolo, o espaçamento utilizado, considerando o fator de escala 100, foi de 5 cm, com

quatro níveis de investigação. No arranjo Gradiente, os espaçamentos foram os seguintes: AB

= 40 cm; MN = 2 cm; cuja profundidade teórica de investigação foi de 10 cm. O terço central

investigado foi de 14x16 cm. Foram locadas 9 linhas, de 14 cm cada, espaçadas entre si de 2

cm.

No tanque 3, de dimensões 100,0 cm x 34,0 cm x 40,0 cm (Figura VI-07), com

sedimentos secos (solo orgânico) e saturados (areia da Fm Rio Claro) – nível d’água = 6,0 cm,

foram executadas as técnicas do caminhamento elétrico – arranjos dipolo-dipolo e gradiente, e

da sondagem elétrica vertical – arranjo Schlumberger.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95

Tanque Seção

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

Nível d'Água

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

CE-GRADCE-DD SEV

solo orgânico

areia - Fm RC trincheiraFuros - introdução docontaminante

0cm 5cm 10cm 15cm

Escala Gráfica

Figura VI-07 – Esquema do tanque 3 utilizado nos ensaios de laboratório (Fapesp, 2005).

As contaminações foram monitoradas durante dez meses. Para apresentação nesse

trabalho, apenas alguns resultados das SEV’s e CE-DD, mais representativos, do tanque 3

(gasolina), são discutidos, sendo que todas as observações referentes à gasolina, aplicam-se

ao óleo diesel (tanques 1 e 2). Os ensaios geofísicos foram iniciados da seguinte maneira:

Data Técnica Geoelétrica/Arranjo Situação 05/01/04 SEV – Schlumberger • sem contaminação

CE - Dipolo-Dipolo e Gradiente • sem contaminação CE – Gradiente • 30 minutos após contaminação 06/01/04 SEV – Schlumberger • 60 minutos após contaminação

07/01/04 CE - Dipolo-Dipolo • com contaminação Conforme resultados do projeto de pesquisa desenvolvido, demonstrou-se que os valores

de resistividade de sedimentos areno-argilosos não saturados, aumentaram até 4 vezes o

valor natural no dia seguinte à contaminação por gasolina. Depois de seis meses de

Braga, A.C.O.

94

monitoramento (aproximadamente 219 dias), esses valores inverteram e tornaram-se

condutivos em relação aos valores naturais. Os valores de cargabilidade apresentaram uma

variação, também significativa, com valores mais baixos que os naturais, sem contaminação.

Entretanto, com o tempo, os valores se tornaram, aproximadamente, constantes,

diferentemente da resistividade. Em todos os ensaios, pode-se observar que a cargabilidade

não responde imediatamente à presença da gasolina, como a resistividade.

A Figura VI-08, apresenta resultados obtidos pelas SEV –ER/IP, ao longo do tempo.

0.01 0.1 1Espaçamento AB/2 (m)

1

10

100

2

4

6

8

20

40

60

80

Car

gabi

lidad

e A

pare

nte

(ms)

0.01 0.1 1Espaçamento AB/2 (m)

10

100

1000

20

40

60

80

200

400

600

800

Res

istiv

idad

e A

pare

nte

(ohm

.m)

05/01 - sem contaminação06/01 - 60 minutos após04/02 - 29 dias após03/03 - 57 dias após22/04 - 107 dias após12/08 - 219 dias após08/10 - 275 dias após

Figura VI-08 – SEV–ER/IP (Fapesp, 2005).

Na Figura anterior, são apresentadas algumas curvas de campo, pois o monitoramento se

desenvolveu com pelo menos quatro SEV’s por mês. Ressalta-se que as SEV’s foram

desenvolvidas com um espaçamento AB/2 máximo de 16 cm, e mantendo o MN/2 de 0,3 cm,

procurando evitar o efeito lateral das caixas nas leituras (Orellana, 1972).

Na discussão qualitativa, observa-se que as curvas de campo de resistividade e

cargabilidade aparentes, apresentaram alterações significativas, variando totalmente o ciclo na

escala logarítmica (eixo y), considerando a SEV-05/01 – sem gasolina e SEV-06/01 – com

gasolina. Os valores de resistividade aumentaram expressivamente, já os valores de

cargabilidade diminuíram.

A partir do mês de agosto, nas SEV’s 12/08 (219 dias após contaminação) e 08/10 (275

dias após contaminação), a parte inicial das curvas de campo de resistividade, tornaram-se

mais condutivas que a SEV-05/01; enquanto que os valores de cargabilidade continuavam

abaixo dos valores iniciais, sem contaminante; entretanto a SEV 08/10, apresenta uma

tendência de se aproximar da SEV 05/01.

Braga, A.C.O.

95

O CE-DD (Figura VI-09), foi desenvolvido com espaçamento de 5 cm, com quatro

níveis de investigação (profundidades teóricas: 2,5 – 3,75 – 5,0 – 6,25 cm). A contaminação

por gasolina se deu entre as estacas 20 e 25, cuja anomalia resultante resistiva, esta

perfeitamente definida na DD-2 (dia 07/01). A cargabilidade apresenta uma anomalia de

baixos valores.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50DD1 - Dia 06/01 - Cargabilidade Aparente - sem contaminação

-12.5

-10.0

-7.5

-5.0

-2.5

0.0

Prof

. teó

rica

(cm

)

2.73.4

3.33.2

3.03.2

3.53.5

2.63.6

3.04.0

3.04.6

3.72.3

6.86.5

2.83.2

5.45.3

3.1

5.53.0

8.3

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50DD2 - Dia 07/01 - Resistividade Aparente - 1 dia após contaminação

-12.5

-10.0

-7.5

-5.0

-2.5

0.0

Prof

. teó

rica

(cm

)

42.040.6

63.226.9

30.658.8

24.723.5

72.930.5

34.430.0

40.042.5

38.336.5

67.777.0

73.763.8

40.046.8

42.4

44.845.9

39.5

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50DD2 - Dia 07/01 - Cargabilidade Aparente - 1 dia após contaminação

-12.5

-10.0

-7.5

-5.0

-2.5

0.0

Prof

. teó

rica

(cm

)

1.31.5

0.16.7

1.11.6

1.57.4

1.61.6

1.71.5

1.61.6

2.10.9

0.70.5

1.71.8

1.81.7

1.6

1.71.9

1.8

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50DD10 - Dia 05/08 - Cargabilidade Aparente - 212 dias após contaminação

-12.5

-10.0

-7.5

-5.0

-2.5

0.0

Prof

. teó

rica

(cm

)

0.00.1

0.60.3

0.30.6

0.20.4

0.50.2

0.50.2

0.50.4

0.40.6

0.20.1

0.50.3

0.50.4

0.3

0.30.4

0.3

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50DD10 - Dia 05/08 - Resistividade Aparente - 212 dias após contaminação

-12.5

-10.0

-7.5

-5.0

-2.5

0.0

Prof

. teó

rica

(cm

)

16.820.4

25.319.8

15.223.4

20.117.0

23.824.5

22.616.2

18.621.4

17.717.8

21.222.0

25.922.1

18.826.1

23.9

22.623.0

19.420253040506080

00.10.30.511.5234567.5

Resistividade Aparente (ohm.m)

Cargabilidade Aparente (ms)

Anomalia projetada na superfície do terreno- contaminante

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50DD1 - Dia 06/01 - Resistividade Aparente - sem contaminação

-12.5

-10.0

-7.5

-5.0

-2.5

0.0

Prof

. teó

rica

(cm

)

26.138.4

39.732.2

45.647.5

44.640.4

34.735.1

32.328.1

30.238.6

32.427.7

48.045.1

35.437.4

33.437.5

36.7

43.445.8

65.3

Figura VI-09 – CE-DD (Fapesp, 2005).

O levantamento DD-10 (dia 05/08) foi desenvolvido 212 dias após contaminação,

mostrando, como nas SEV’s, que os valores de resistividades aparentes foram mais baixos que

os registrados antes da contaminação (DD-1 - 06/01), e as cargabilidades continuam com

valores baixos.

Na Figura VI-10, tem-se a inversão dos dados de resistividade aparente, com seus

modelos geoelétricos, dos três levantamentos anteriores. Observa-se na seção invertida DD-2

a contaminação pela gasolina perfeitamente definida, mostrando uma evolução à direita da

seção. Na DD-10 fica claro o caráter condutivo temporal dos sedimentos, em relação à DD-1.

Nessas seções invertidas, pode-se observar o nível d’água a 6,0 cm.

Os dados da cargabilidade aparente foram processados e as seções resultantes da

inversão dos dados de campo são apresentadas na Figura VI-11. Como nas SEV’s, observa-se

na DD-2 uma anomalia de baixos valores de cargabilidade entre as estacas 15-25. Na DD-10,

os valores ainda continuam baixos em relação à DD-1.

Braga, A.C.O.

96

5 10 15 20 25 30 35 40 45DD-1 - Resistividade - Seção Geoelétrica - sem contaminação

-6

-4

-2

0

5 10 15 20 25 30 35 40 45DD-2 - Resistividade - Seção Geoelétrica - 1 dia após contaminação

-6

-4

-2

0

5 10 15 20 25 30 35 40 45DD-10 - Resistividade - Seção Geoelétrica - 212 dias após contaminação

-6

-4

-2

0

Prof

undi

dade

(m)

Prof

undi

dade

(m)

P rof

undi

dade

(m)

Res

istiv

idad

e (o

hm.m

)

10

20

30

40

50

60

80

100

150

190

solo - Fm

NA

NA

plumacontaminação

NA

solo - Fm

solo - Fm

Figura VI-10 – CE-DD - Modelo geoelétrico/resistividade (Fapesp, 2005).

5 10 15 20 25 30 35 40 45DD-10 - Cargabilidade - Seção Geoelétrica - 212 dias após contaminação

-6

-4

-2

0

5 10 15 20 25 30 35 40 45DD-2 - Cargabilidade - Seção Geoelétrica - 1 dia após contaminação

-6

-4

-2

0

5 10 15 20 25 30 35 40 45DD-1 - Cargabilidade - Seção Geoelétrica - sem contaminação

-6

-4

-2

0

0.3

0.4

0.5

0.6

0.8

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

4.0

5.0

6.0

8.0

10.0

11.0

Car

gabi

lidad

e (m

s)

Prof

undi

dade

(m)

Prof

undi

dade

(m)

Prof

undi

dade

(m)

solo - Fm

solo - Fm

solo - Fm

plumacontaminação

Figura VI-11 – CE-DD - Modelo geoelétrico/cargabilidade (Fapesp, 2005).

A Figura VI-12 apresenta os resultados do CE-Gradiente, com destaque para o perfil da

linha 5. Ressaltando que a profundidade teórica de investigação desse arranjo é de 10 cm.

Braga, A.C.O.

97

L-1

L-2

L-3

L-4

L-5

L-6

L-7

L-8

L-9

1 2 3 4 5 6 7 8

9 10 11 12 13 14 15 16

17 18 19 20 21 22 23 24

25 26 27 28 29 30 31 32

33 34 35 36 37 38 39 40

41 42 43 44 45 46 47 48

49 50 51 52 53 54 55 56

57 58 59 60 61 62 63 64

65 66 67 68 69 70 71 72

GRAD1 - Dia 06/01 - sem contaminação1 2 3 4 5 6 7 8

9 10 11 12 13 14 15 16

17 18 19 20 21 22 23 24

25 26 27 28 29 30 31 32

33 34 35 36 37 38 39 40

41 42 43 44 45 46 47 48

49 50 51 52 53 54 55 56

57 58 59 60 61 62 63 64

65 66 67 68 69 70 71 72

GRAD2 - Dia 06/01 - 30 minutos após

Resistividade (ohm

.m)

1 2 3 4 5 6 7 8

9 10 11 12 13 14 15 16

17 18 19 20 21 22 23 24

25 26 27 28 29 30 31 32

33 34 35 36 37 38 39 40

41 42 43 44 45 46 47 48

49 50 51 52 53 54 55 56

57 58 59 60 61 62 63 64

65 66 67 68 69 70 71 72

GRAD3 - Dia 07/01 - 1 dia após1 2 3 4 5 6 7 8

9 10 11 12 13 14 15 16

17 18 19 20 21 22 23 24

25 26 27 28 29 30 31 32

33 34 35 36 37 38 39 40

41 42 43 44 45 46 47 48

49 50 51 52 53 54 55 56

57 58 59 60 61 62 63 64

65 66 67 68 69 70 71 72

GRAD12 -Dia 05/08 - 212 dias após

30

40

50

60

80

100

150

170

1 2 3 4 5 6 7 8

9 10 11 12 13 14 15 16

17 18 19 20 21 22 23 24

25 26 27 28 29 30 31 32

33 34 35 36 37 38 39 40

41 42 43 44 45 46 47 48

49 50 51 52 53 54 55 56

57 58 59 60 61 62 63 64

65 66 67 68 69 70 71 72

GRAD13 -Dia 15/09 - 252 dias após0cm 2cm 4cm 6cm

fontes de contaminação

GRAD-1GRAD-2GRAD-3

GRAD-12GRAD-13

Estacas

Gradiente - L5 - Resistividade

40

60

80

100

120

140

160

180

Res

istiv

idad

e (o

hm.m

)

33 34 35 36 37 38 39 40

L-1

L-2

L-3

L-4

L-5

L-6

L-7

L-8

L-9 Figura VI-12 – CE-GRAD (Fapesp, 2005).

A pesquisa demonstrou que a resistividade dos sedimentos aumentou significativamente,

imediatamente após a introdução dos contaminantes, enquanto a cargabilidade diminuiu. Com

o passar do tempo, aproximadamente seis meses após a contaminação, os valores de

resistividade diminuíram, tornando os sedimentos mais condutivos em relação ao meio não

contaminado. A cargabilidade, apesar de não voltar ao padrão inicial, apresentou uma

tendência de elevação nos valores.

Portanto, pode-se concluir de uma maneira geral, que em vazamentos de derivados de

hidrocarbonetos, o fator tempo é fundamental na caracterização dos parâmetros geoelétricos:

resistividade e cargabilidade. Em relação ao meio natural (sem contaminante), vazamentos

recentes deverão apresentar: resistividades altas – anomalias resistivas e cargabilidades

baixas – anomalias de baixa cargabilidade. Em vazamentos antigos, a situação se inverte: a

resistividade deverá ser baixa - anomalias condutivas, e a cargabilidade alta - anomalias de

alta cargabilidade.

(2) Refinarias de Combustível - Petrobrás

Braga, A.C.O.

98

Em áreas de grandes dimensões envolvendo um diagnóstico do solo, rochas e águas

subterrâneas frente a eventuais contaminantes, como é o caso de refinarias de combustíveis (>

4 Km2), as SEV’s podem ser utilizadas em forma de semidetalhe, visando à elaboração de

mapas potenciométricos, identificação litológica e de eventuais contaminações no subsolo.

Conforme já comentado, se for necessário, pode-se utilizar o CE-DD, inviável em termos de

prazos e custos nesses casos, em locais de maior interesse, detalhando os resultados das

SEV’s.

Nessas áreas, o método da eletrorresistividade é insubstituível, pois com equipamentos

adequados, as leituras de campo apresentam precisão satisfatória. A utilização da técnica da

SEV, apresenta a vantagem de que, em eventuais interferências locais nas leituras de campo

(existência de tubulações, galerias, etc.), estas podem ser desprezadas nas curvas de campo,

não afetando a interpretação final como um todo.

No projeto Cubatão-SP Fundunesp (1999/a), a Figura VI-13 apresenta o mapa, com

valores de resistividades correspondentes à zona não saturada, onde normalmente os valores

tendem a serem altos. Portanto, baixos valores podem ser associados à presença de

contaminantes não recentes, nos sedimentos superficiais não saturados. Essa tendência é

perfeitamente coerente com os mapas do topo do embasamento cristalino e potenciométrico,

cujo fluxo subterrâneo esta associado ao contorno do embasamento.

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

2.0

2.0

0.0

0.00.0

1.5

0.0

1.1

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

1.1

0.0

0.0

1.3

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.01.4

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

3.6

0.0

0.0

0.0

0 0

0.0

0.0

0.0

0.00.0

0.0

0.00.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.00.0

0.81.00.7

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.7

0.0

0.0

0.0

0.0

0.9

0.0

0.00.0

0.0

0.00.00.00.00.0

0.0

0.0

0.4

0.0

0.0 0.0

0.0

0.0

0.0

0.00.70.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.7

0.0

0.0

1.2

0.0

0.0

0.0

0.0

0.00.0

0.0

0.0

0.0

0.00.0

0.0

0.0 0.0

0.0

0.00.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0 0.0

0.0

0.0

0.00.0

0.00.00.00.00.00.00.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.0

0.00.0

7.18

6.18

24.46

29.75

33.46

22.60

19.86

7.72

17.64

25.00

6.06

4.914.49

5.54

5.77

6.47

12.48

11.74

7.15

8.29

9.52

7.62

12.42

7.83

10.14

8.08

5.97

5.44

7.09

6.93

4.60

7.23

7.507.05

7.19

23.20

9.31

11.41

8.79

8.37

10.05

9.64

8.95

23.61

21.23

17.87

5.75

4.23

4 79

7.94

8.00

6.45

6.477.10

9.57

7.857.54

7.40

7.91

7.84

7.24

12.1537.43

10.2710.0910.19

10.28

6.55

7.10

6.76

7.24

6.96

6.64

6.33

6.66

7.36

7.75

15.34

9.45

9.43

9.42

11.9211.29

11.89

12.6612.6112.6312.7012.79

9.40

9.31

8.17

5.54

5.87 6.19

6.64

6.08

6.18

6.246.845.26

5.09

5.41

6.01

6.11

6.10

4.97

6.09

6.40

11.72

7.05

7.39

7.02

7.17

7.057.50

7.25

5.30

7.73

6.557.61

9.30

8.40 8.55

8.41

8.758.76

7.35

7.65

7.75

8.50

7.05 6.85

6.00

6.40

6.466.65

9.579.308.858.759.459.009.50

8.80

11.00

13.00

16.40

12.75

11.00

10.50

11.25

12.00

8.006.85

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

1.98

2.01

0.00

0.000.00

1.45

0.00

1.10

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

1.12

0.00

0.00

1.26

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.001.37

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

3.56

0.00

0.00

0.00

0 00

0.00

0.00

0.00

0.000.00

0.00

0.000.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.000.00

0.791.010.66

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.72

0.00

0.00

0.00

0.00

0.92

0.00

0.000.00

0.00

0.000.000.000.000.00

0.00

0.00

0.44

0.00

0.00 0.00

0.00

0.00

0.00

0.000.690.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.65

0.00

0.00

1.17

0.00

0.00

0.00

0.00

0.000.00

0.00

0.00

0.00

0.000.00

0.00

0.00 0.00

0.00

0.000.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00 0.00

0.00

0.00

0.000.00

0.000.000.000.000.000.000.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.000.00

56.0

94.0

232.0

558.0

583.0

151.0

79.0

370.0

107.0

156.0

112.0

217 0

47.0

131.0

63.0

474.0

440.0

558.0

92.0

248.0

185.0

225.0

6.8

298.0

514.0

63.0

301.0

653.0

339.0

208.0

315.0

354.0117.0

376.0

183.0

769.0

273.0

176.0

407.0

190.0

207.0

246.0

331.0

166.0

184.0

142.0

111.0

533.0

126.0

345.0

268.070.0

167.0

128.051.0

132.0

167.0

210.0

241.0

200.0686.0

2.02.09.0

451.0

85.0

53.0

103.0

152.0

147.0

165.0

188.0

67.0

139.0

283.0

256.0

261.0

450.0

144.0

232.0131.0

175.0

22.06.0235.091.0128.0

172.0

128.0

118.0

231.0

160.0 43.0

122.0

404.0

227.0

144.081.087.0

214.0

225.0

482.0

122.0

95.0

106.0

223.0

229.0

125.0

163.0

239.0

272.0

112.0

167.0206.0

181.0

155.0

235.0

103.0130.0

207.0

119.0 764.0

162.0

218.096.0

125.0

122.0

90.0

59.0

185.0

87.0146.0

773.0

264.0

380.0488.0

797.0207.0311.0108.0585.0858.0472.0

143.0

100.0

312.0

183.0

929.0

664.0

373.0

271.0

259.0

242.0

89.043.0

10.32

6.22

6.37

5.57

8.12

10.27

7.37

8.38

11.80

10.06

10.17

7.40

9.42

8.54

9.82

5.78

11.90

8.90

8.08

1

2

3

47

8

9

10

11

12

1314

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

31

32

33

3435

36

40

41

42

44

45

46

47

48

49

50

51

52

5354

555657

58

5960

61

62

63

64

6567

68697071

72

73

7475

7677

78

79

80

81

82

8384

85

8687

88

8990919293

9495

96

97

98 99100

101

102

103104105

106

107

108

109110

111

112

113

114

115

116

117

118

199120

121

122123

124125

126

127 129

130

132

134

135136

137138139

140141

142143

144145146147148149152

153154

155

156

157

158

159

160

161162

P1

P2

P3

P4

P5

P6

P7

P8

P9

P10

P11

P12

P13

P16

P17P18

P19

P20

P21

mEscala

Res

istiv

idad

e ap

aren

te (o

hm.m

)

0 200 400 600

50

150

250

350

450

550

650

750

850

sed.

sec

osnã

o co

ntam

inad

osse

d. s

ecos

com

prov

ável

con

tam

inaç

ão

área construídada Refinaria

Rio Cubatão

Figura VI-13 – Mapa de resistividade do nível não

saturado (Fundunesp, 1999/a).

A Figura VI-14 apresenta um dos resultados do projeto Fundunesp (1999/b),

desenvolvido visando mapear pluma de contaminação no solo não saturado, resultante de

vazamento de óleo diesel. Observa-se nas seções de resistividade aparente e geoelétrica

Braga, A.C.O.

99

(inversão) da linha 3, anomalia condutora bem definida, entre as estacas 70-95 e estaca 120,

associada à contaminação por óleo diesel. Ressalta-se que de acordo com as conclusões

anteriores, essa anomalia deve corresponder a vazamentos com mais de quatro a cinco meses

de ocorrência.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200CE3 - Pseudo Seção de Resistividade Aparente

-25-20-15-10

-50

Prof

. teó

rica

(m)

215512

754754

4901221

12816368

12641643

2355867

1055995

772490

490588

414791

177196

433414

92286

30175

279445

38377

14923

207188

34392

3581432

537398

1714904

5733240

20541545

39943640

32031959

10361259

9041055

56904672

50876029

41454898

6029

53696707

4936

20030040050080010001500200030004000500080001000025000 Resistividade (ohm.m)

10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200CE3 - Seção Geoelétrica

-10

-5

0

Prof

. (m

)

contaminantesolo não saturado Figura VI-14 – Linha 3 – CE-DD (Fundunesp, 1999/b).

Nos estudos ambientais que se desenvolvem na refinaria de combustível da Petrobrás,

em Paulínia-SP (Fundunesp, 2002/b), foram executadas 100 SEV’s, visando traçar o mapa

potenciométrico, identificar a litologia e eventuais plumas de contaminação (Figura VI-15).

Nessa Figura, tem-se o mapa de resistividade da zona não saturada, com as faixas de baixos

valores de resistividades (< 200 ohm.m), associadas à provável antigas contaminações desses

sedimentos, e o potenciométrico.

SEV01

SEV02SEV03

SEV04

SEV05

SEV06 SEV07

SEV08SEV09

SEV10

SEV11

SEV12

SEV13

SEV14

SEV15

SEV19

SEV20

SEV21

SEV22

SEV23

SEV24

SEV25

SEV26

SEV27SEV28

SEV29

SEV30

SEV31

SEV32

SEV33

SEV34SEV35

SEV36SEV37

SEV38SEV39 SEV40

SEV41

SEV42

SEV43

SEV44

SEV45

SEV46

SEV47

SEV48

SEV49

SEV50SEV51

SEV52

SEV53SEV54

SEV55 SEV56

SEV57

SEV58

SEV59

SEV60SEV61

SEV62SEV63SEV64

SEV65SEV66

SEV67

SEV68SEV69

SEV70

SEV71

SEV72

SEV73 SEV74SEV75

SEV76 SEV77

SEV78SEV79

SEV80

SEV81 SEV82SEV83

SEV84SEV85

SEV86

SEV87

SEV88

SEV89SEV90

SEV91 SEV92

SEV93SEV94 SEV95

SEV96

SEV97

SEV98SEV99

SEV100

10203040506080100200Resistividade do não saturado (ohm.m) - Contaminado

isovalor da cota do NAlinhas de fluxo divisor de águas subterrâneas

0m 500m 1000m

Figura VI-15 – Potenciométrico e Resistividade do não saturado (Fundunesp, 2002/b).

Disposição de Outros Tipos de Resíduos – Aterros

Braga, A.C.O.

100

A Figura VI-16 apresenta os resultados do CE-DD – seção geoelétrica (inversão) de

duas linhas representativas dos ensaios efetuados em área de disposição de resíduos sanitários

(lixão) no município de São Carlos/SP. A linha 1 foi executada próxima do lixão e a linha 2 à

jusante.

20406010020040010003000500010000Resistividade (ohm.m)

contaminante - chorume

10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110

Seção Geoelétrica - Linha 2 - São Carlos

-15

-10

-5

0

Prof

undi

dade

(m)

20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210

Seção Geoelétrica - Linha 1 - São Carlos

-15

-10

-5

0

Prof

undi

dade

(m)

chorume - pluma de contaminação

chorume - pluma de contaminação

Figura VI-16 – Área de lixão/Linhas 1 e 2 - CE-DD.

Pode-se observar nas figuras anteriores, o contraste significativo entre os valores de

resistividade do solo não saturado e do solo contaminado pelo chorume (E-40 a E-170 – Linha

1; e, E-40 a 80 – Linha 2), resultante da decomposição dos resíduos. Poços de monitoramento

podem ser locados com grande precisão, resultando em dados representativos.

O projeto Fundunesp (2002/c), apresentou um resultado interessante, em termos de

identificação de plumas de contaminação. A indústria estudada localiza-se no município de

Matão-SP, e os resíduos gerados da fundição, dispostos na superfície do terreno, são:

chumbo, cromo total, alumínio, ferro e manganês, conforme análises efetuadas.

A Figura VI-17 apresenta a

localização dos ensaios geofísicos

realizados, sendo quatro linhas de

CE-DD e três SEV’s.

O nível d’água, na época do

levantamento, localizava-se a uma

profundidade de 15,0 a 17,0 metros,

conforme dados das SEV’s e poço

tubular existente.

01

23

45

67

89

1011

1213

1415

1617

1819

2021

2223

24

01

23

45

67

89

1011

1213

1415

1617

1819

2021

2223

01

23

45

67

89

1011

1213

1415

16

1718

1920

2122

23

01

23

45

67

89

10

1112

1314

1516

1718

1920

21

L-1

L-2

L-3

L-4

0m 10m 20m 30m

linhas do caminhamento elétrico - CEestacas topográficas

sondagem elétrica vertical - SEV

SEV-01

SEV-02SEV-03

SEV-01

01

Disposição de

resíduos

Figura VI-17 – Mapa de localização dos ensaios

geofísicos (Fundunesp, 2002/c). Entretanto, conforme se pode observar na Figura VI-18, as seções de resistividade

aparente e geoelétricas (inversão) de duas linhas representativas (L-1 e L-2) identificaram

Braga, A.C.O.

101

camadas planas-paralelas à superfície do terreno, cujas resistividades aparentes diminuem em

profundidade, até atingir o terceiro nível (muito condutor). Já, o último nível de investigação,

apresentou valores extremamente altos, indicando, como nos dados das SEV’s e poço, que a

seção do CE investigou a zona não saturada, não atingindo o nível d’água.

Portanto, pode-se concluir que os valores baixos de resistividade devem refletir os

resíduos metálicos dispostos no terreno, “devidamente” cobertos e compactados, não

refletindo percolação iônica. Ressaltando que os ensaios geofísicos foram executados em um

período de, aproximadamente, cinco meses sem chuvas. Nesse caso, a resistividade é

influenciada, principalmente, pela condutividade eletrônica dos minerais metálicos dispostos,

e não pela condutividade iônica – fluidos incompressíveis, como nos casos anteriores

discutidos.

Linha 1

Linha 2

Figura VI-18 – CE-DD - linhas 1 e 2 (Fundunesp, 2002/c).

Braga, A.C.O.

102

O modelo do CE-DD - Linha 2, foi ajustado ao modelo da SEV-02, executada na E-100

do CE (Figura VI-19), mostrando a perfeita identificação dos níveis contaminantes. Portanto,

nesse tipo de geologia e situação, a técnica do caminhamento elétrico executada com, por

exemplo, oito níveis de investigação, poderiam definir com precisão a situação da área

estudada com maior detalhe que as SEV’s.

10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210

Linha 2 - Seção Geoelétrica - Matão

-15

-10

-5

0

Prof

undi

dade

(m) 1500

1884

548

7Resistividade (ohm.m)

SEV-02

sedimentosargilosos saturados

contaminante NA 2003005008001500300050007000

Figura VI-19 – Modelo do CE-DD – linha 2 - ajustado com modelo da SEV-02.

6.1.3. Aplicação dos Parâmetros de Dar Zarrouk

Na fase de prevenção, ou seja, pré-empreendimento, a aplicação dos parâmetros de Dar

Zarrouk pode contribuir de maneira significativa com os estudos hidrogeológicos. Através dos

parâmetros resistividade e resistência transversal unitária - TDZ, discutidos no Capítulo

anterior, podem-se estimar áreas de maior condutividade hidráulica e transmissividade das

formações geológicas.

O parâmetro condutância longitudinal unitária - SDZ, na fase de pré-empreendimento,

assume papel de extrema importância nos estudos de prevenção a contaminantes, envolvendo

aqüíferos. Através desse parâmetro, pode-se ter uma avaliação de quanto esse aqüífero estaria

vulnerável ou não a determinado tipo de contaminante. Seus resultados poderiam orientar

futuras instalações de áreas de disposição de resíduos, bacias de tratamento de efluentes, etc.

A Figura VI-20, apresenta a correlação SDZ com o

grau de proteção de um aqüífero (camada 3). Calculando a

condutância longitudinal unitária para a camada 2, tem-se

que, quanto maior o valor de S2, maior será o grau de

proteção do aqüífero, frente a contaminantes superficiais,

pois: (1) Quanto maior a espessura da camada 2: maior o

tempo de percolação do poluente – maior filtro; e, (2)

Quanto menor sua resistividade: mais argiloso – mais

impermeável.

ρ1E1

ρ2E2

ρ3E3

Camada 1 – não saturado

Camada 3 – aqüífero

Camada 2 ES2

22 ρ

=

Figura VI-20 – Condutância

longitudinal unitária/proteção do aqüífero.

A seguir apresentam-se os resultados da campanha geofísica por SEV’s, já referida em

Braga et al. (2005). Os valores da condutância longitudinal da camada sobrejacente ao

aqüífero confinado, foram calculados e lançados no gráfico padrão (Figura III-24) e

Braga, A.C.O.

103

apresentados na Figura VI-21. Para sedimentos argilosos, os valores de SDZ, tendem a serem

mais elevados que para os sedimentos arenosos, entretanto têm-se valores para os sedimentos

arenosos maiores que para os sedimentos argilosos (função das espessuras), portanto, o valor

de SDZ, como no caso de TDZ tem que estar associado a litologia, para uma perfeita

associação.

1 10 100 1000Resistividade (ohm.m)

1

10

100

1000

Esp

essu

ra (m

)

argi

loso

s

aren

osos

argi

lo-a

reno

sos

aren

o-ar

gilo

sos

S = 1,0

S = 0,5

S = 0,1

S = 3,0

S = 0,05

S = 5,0

20 40 60

S = 0,01

S = 0,3

faixa de valoresideal -

aqüíferos maisprotegidos

Figura VI-21 – Condutância

longitudinal unitária resultante da relação

resistividade - espessura (Braga et al.,

2005).

A Figura VI-22 apresenta o mapa da condutância longitudinal unitária sobreposto ao

mapa de resistividade da camada sobrejacente ao aqüífero confinado.

Braga, A.C.O.

104

Braga, A.C.O.unesp

3

fracamédia

Condutância Longitudinal Unitária da Camada Sobrejacente (siemens)< 0.5

0.5 - 1.0

Resistividade da Camada Sobrejacente (ohm.m) < 20 argila20 - 40 argilo-arenoso

-29 51´ 58´´

-29 52´ 31´´

50 49´ 26´´50 52´ 31´´

O

O

O O

0m 200m 400m 600m

sondagem elétrica vertical

área industrial

lago

Rio Sapucaia

1.0 - 3.0>3.0

boamuito boa

Figura VI-22 – Relação condutância longitudinal unitária e resistividade da camada sobrejacente ao aqüífero confinado (Braga et al., 2005).

Na figura anterior tem-se que, locais com SDZ > 1,0 siemens apresentam boa proteção ao

aqüífero confinado, destacando as faixas com valores SDZ > 3,0 siemens. Já nos demais locais,

recomenda-se cuidados, pois esse aqüífero apresenta-se mais vulnerável às contaminações, ou

devido à ocorrência de sedimentos mais arenosos, ou em função de menor espessura da

camada sobrejacente.

Na fase pós-empreendimento, supondo a existência de contaminantes nos solos e águas

subterrâneas, não tem sentido a aplicação dos parâmetros de Dar Zarrouk na correlação com

parâmetros hidráulicos, pois os valores naturais de resistividade modificam-se em função da

presença dos contaminantes, resultando em uma correlação totalmente inadequada.

Entretanto, como discutido no Capítulo anterior, visando analisar as anomalias, resultantes

da técnica do CE-DD, quanto suas intensidades e definições, os parâmetros de DZ podem ser

aplicados em estudos ambientais, auxiliando na interpretação das anomalias existentes.

A Figura VI-23 apresenta os resultados já referidos, do projeto Fapesp (2005), aplicando

os parâmetros de Dar Zarrouk, antes (DD1-06/01) e depois (DD2-07/01 – 1 dia após e DD10-

05/08 – 212 dia após) da contaminação dos sedimentos por gasolina. Esses resultados

compreendem as fases, respectivamente, pré e pós-empreendimento. As escalas de cores das

pseudo-seções foram mantidas as mesmas, antes e depois da contaminação.

As pseudo-seções DD-1 e DD-10, são similares quanto às variações dos valores ao

longo da seção, diferindo no fato de que nas seções da DD-10, o contaminante esta presente

em toda a seção, com valores refletindo essa contaminação, ou seja, valores mais baixos nas

seções de resistividade aparente, resistividade média e resistência transversal total, e mais

Braga, A.C.O.

105

altos na condutância longitudinal total. Ressalta-se que na pseudo-seção de resistência

transversal total da DD-10, a anomalia condutora é mais intensa que nas demais seções desse

levantamento.

Já nas pseudo-seções da DD-2, com a gasolina presente em forma de pluma, as

anomalias são mais significativas, com destaques para a resistência transversal total, e a

resistividade média, pois conforme já comentado anteriormente, a resistividade média “filtra”

os dados de resistividade aparente, e como pode ser observado nesse levantamento,

identificou um flanco mais intenso à direita da seção, indicando uma percolação do

contaminante nessa direção, o que pode ser comprovado pela seção geoelétrica invertida

(Figura VI-10).

Braga, A.C.O.

106

05

1015

2025

3035

4045

50R

esis

tivid

ade

Apa

rent

e

-12.

5

-10.

0

-7.5

-5.0

-2.50.0

Prof. teórica (cm)

26.1 38

.4 39.7 32

.2

45.6 47

.5 44.6 40

.4

34.7 35

.1 32.3 28

.1

30.2 38

.6 32.4 27

.7

48.0 45

.1 35.4 37

.4

33.4 37

.5 36.7

43.4 45

.865.3

05

1015

2025

3035

4045

50R

esis

tivid

ade

Méd

ia

-12.

5

-10.

0

-7.5

-5.0

-2.50.0

Profundidade teórica (cm)

2633

3634

4647

4644

3535

3432

3035

3432

4846

4140

3336

364345

65

05

1015

2025

3035

4045

50C

ondu

tânc

ia L

ongi

tudi

nal T

otal

-12.

5

-10.

0

-7.5

-5.0

-2.50.0

Profundidade teórica (cm)

0.19

0.20

0.25

0.39

0.11

0.16

0.22

0.31

0.14

0.21

0.31

0.44

0.17

0.19

0.31

0.45

0.10

0.17

0.28

0.33

0.15

0.20

0.27

0.12

0.16

0.08

05

1015

2025

3035

4045

50R

esis

tênc

ia T

rans

vers

al T

otal

-12.

5

-10.

0

-7.5

-5.0

-2.50.0

Profundidade teórica (cm)

131 28

8 397 40

2

228 35

6 446 50

5

173 26

4 323 35

1

151 29

0 324 34

6

240 33

8 354 46

7

167 28

1 367

217 34

4326

DD

1 - 0

6/01

(sem

con

tam

inaç

ão)

I”VK

.a

05

1015

2025

3035

4045

50C

ondu

tânc

ia L

ongi

tudi

nal T

otal

0.12

0.18

0.16

0.46

0.16

0.13

0.41

0.53

0.07

0.25

0.29

0.42

0.13

0.18

0.26

0.34

0.07

0.10

0.14

0.20

0.12

0.16

0.24

0.11

0.16

0.13

05

1015

2025

3035

4045

50R

esis

tênc

ia T

rans

vers

al T

otal

210 30

5 632 33

6

153 44

1 247 29

3

365 22

9 344 37

5

200 31

9 383 45

7

338 57

8 737 79

7

200 35

1 424

224 34

5197

05

1015

2025

3035

4045

50R

esis

tivid

ade

Apa

rent

e

42.0 40

.6 63.2 26

.9

30.6 58

.8 24.7 23

.5

72.9 30

.5 34.4 30

.0

40.0 42

.5 38.3 36

.5

67.7 77

.0 73.7 63

.8

40.0 46

.8 42.4

44.8 45

.939.5

05

1015

2025

3035

4045

50R

esis

tivid

ade

Méd

ia

4241

5040

3145

3530

7343

3936

4041

4039

6873

7370

4044

434545

39

05

1015

2025

3035

4045

50C

ondu

tânc

ia L

ongi

tudi

nal T

otal

0.09

0.16

0.21

0.32

0.17

0.20

0.33

0.46

0.09

0.17

0.24

0.33

0.16

0.22

0.30

0.42

0.09

0.15

0.21

0.28

0.13

0.18

0.24

0.10

0.15

0.11

05

1015

2025

3035

4045

50R

esis

tênc

ia T

rans

vers

al T

otal

266 36

1 471 49

5

151 28

5 304 34

2

269 33

6 422 48

0

155 26

0 330 37

5

268 36

4 477 55

9

185 31

2 417

256 38

5226

05

1015

2025

3035

4045

50R

esis

tivid

ade

Apa

rent

e

16.8 20

.4 25.3 19

.8

15.2 23

.4 20.1 17

.0

23.8 24

.5 22.6 16

.2

18.6 21

.4 17.7 17

.8

21.2 22

.0 25.9 22

.1

18.8 26

.1 23.9

22.6 23

.019.4

05

1015

2025

3035

4045

50R

esis

tivid

ade

Méd

ia

1719

2121

1520

2019

2424

2421

1920

1919

2122

2323

1923

232323

19

2025

3040

5060

80R

esis

tivid

ade

Apar

ente

e M

édia

0.05

0.1

0.15

0.2

0.25

0.3

0.4

0.5

0.55

Con

dutâ

ncia

Lon

gitu

dina

l (si

emen

s)15

020

025

030

040

050

060

080

0R

esis

tênc

ia T

rans

vers

al (o

hm.m

)2

Ano

mal

ia p

roje

tada

na

supe

rfíci

e do

terr

eno

- con

tam

inan

te

DD

2 - 0

7/01

(1 d

ia a

pós

a co

ntam

inaç

ão)

DD

10 -

05/0

8 (2

12 d

ias

após

a c

onta

min

ação

)

ST

m∑∑

∑=

iii

iE

E

Ti

ii

∑=

Figu

ra V

I-23

– C

orre

spon

dênc

ia d

os p

arâm

etro

s E

R-D

Z, a

ntes

(DD

1) e

dep

ois

(DD

2 e

DD

10) d

a co

ntam

inaç

ão -

(Fap

esp,

200

5).

Braga, A.C.O.

107

Pode-se concluir que, nas investigações de anomalias associadas a plumas de

contaminação em terrenos sedimentares, a resistividade transversal é mais representativa que

a resistividade longitudinal, conseqüentemente a resistência transversal total deve refletir,

essas anomalias, com maior intensidade, e que a resistividade média posiciona com maior

precisão as anomalias resultantes dos contaminantes presentes, mostrando uma seção bem

próxima da real.

Exemplos das conclusões anteriores podem ser vistos nos casos históricos, já

comentados anteriormente, e destacados a seguir:

(1) Projeto REVAP (Fundunesp, 1999/b)

A aplicação dos parâmetros de Dar Zarrouk nos dados de campo desse projeto (Figura

VI-24), mostra que a seção geoelétrica resultante da inversão (Figura VI-14) é bem

semelhante à pseudo-seção de resistividade média, em termos de posicionamento da anomalia

condutiva devida à ocorrência do óleo diesel (entre as E-60-125, com centro nas E-100-110 e

70-80).

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200

CE3 - Resistividade Aparente

-25.0-20.0-15.0-10.0

-5.00.0

Prof

. teó

rica

(m)

215512

754754

4901221

12816368

12641643

2355867

1055995

772490

490588

414791

177196

433414

92286

30175

279445

38377

14923

207188

34392

3581432

537398

1714904

5733240

20541545

39943640

32031959

10361259

9041055

56904672

50876029

41454898

6029

53696707

4936

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200CE3 - Resistividade Média

-25.0-20.0-15.0-10.0

-5.00.0

Prof

. teó

rica

(m)

215347

468538

490811

9641829

12641462

17691410

10551021

913748

490542

487568

177187

263302

92172

211154

279361

139175

14954

85103

34127

170306

537455

783815

5731473

16411614

39943793

35452929

10361154

10471050

56905100

50955375

41454548

5090

53696075

4936

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200CE3 - Condutância Longitudinal

-25.0-20.0-15.0-10.0

-5.00.0

Prof

. teó

rica

(m)

0.0470.024

0.0200.023

0.0200.010

0.0120.003

0.0080.008

0.0060.020

0.0090.013

0.0190.036

0.0200.021

0.0360.022

0.0560.064

0.0350.042

0.1090.044

0.0500.233

0.0360.028

0.3950.046

0.0670.543

0.0720.093

0.2940.032

0.0420.012

0.0190.031

0.0090.019

0.0170.004

0.0070.011

0.0030.003

0.0050.009

0.0100.010

0.0170.017

0.0020.003

0.0030.003

0.0020.003

0.002

0.0020.002

0.002

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200CE3 - Resistência Transversal

-25.0-20.0-15.0-10.0

-5.00.0

Prof

. teó

rica

(m)

21506400

1131013195

490015263

19215111440

1264020538

3532515173

1055012438

115808575

49007350

621013843

17702450

64957245

9203575

45151313

27905563

5706598

1490288

31053290

3404900

537025060

53704975

2571015820

573040500

3081027038

3994045500

4804534283

1036015738

1356018463

5690058400

76305105508

4145061225

90435

5369083838

49360

ET iii

i ρ∑=

ST

m ∑∑=ρ

∑=i i

ii

ESρ

Figura VI-24 – Parâmetros de DZ – Pós-empreendimento (Fundunesp, 1999/b).

(2) Projeto Limeira (Fundunesp, 1997/b)

Braga, A.C.O.

108

Nesse projeto, a linha 3 foi destacada (Figura VI-25). A anomalia condutora principal

esta situada entre as E-150-160 com prolongamento para o final da linha, outra anomalia

localiza-se entre as E-10-20. Interessante notar na seção de resistividade média os efeitos

correspondentes a essas anomalias identificadas. Enquanto que a anomalia entre as E-10-20

assume um caráter mais pontual, com mergulho definido à direita da pseudo-seção, a

anomalia entre as E-150-160 evidencia uma extensão do condutor no sentido do final da linha,

comportando-se como uma camada de baixa resistividade. O efeito registrado nessa pseudo-

seção, nas E-10-20, é semelhante ao registrado nas rochas cristalinas identificando fraturas e

falhamentos (Capítulo 5).

-40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250 260

Seção Geoelétrica - Linha 3 - Limeira

-15-10-50

Prof

. (m

)

38204511025060014003900Resistividade (ohm.m)

-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250 260 270

Limeira - Linha 3 - Resistividade Aparente

-30-25-20-15-10

-50

prof

undi

dade

teór

ica

(m)

1051754

286138

13551522

603207

346

1338641

254414

462

612335

546565

791

234482

589761

791

291369

433414

392

186291

309241

293

315414

904420

475

351358

484558

590

233403

539575

646

271463

543593

725

270411

492618

676

264411

596699

857

207407

546701

462

232401

565373

227

238457

326234

218

277252

223122

145

140170

89109

145

9645

94117

112

1549

6366

59

3630

3532

36

6189

96117

152

4350

6079

260

3644

63188

142

2540

11883

162

3692

73143

188

8667

141171

76179

212

-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250 260 270

Limeira - Linha 3 - Condutância Longitudinal

-30-25-20-15-10

-50

prof

undi

dade

teór

ica

(m)

0.010.03

0.090.22

0.010.01

0.030.12

0.09

0.010.02

0.080.06

0.06

0.020.04

0.040.04

0.04

0.040.03

0.030.03

0.04

0.030.04

0.050.06

0.08

0.050.05

0.060.10

0.10

0.030.04

0.020.06

0.06

0.030.04

0.040.04

0.05

0.040.04

0.040.04

0.05

0.040.03

0.040.04

0.04

0.040.04

0.040.04

0.04

0.040.04

0.030.04

0.03

0.050.04

0.040.04

0.06

0.040.04

0.040.07

0.13

0.040.03

0.060.11

0.14

0.040.06

0.090.20

0.21

0.070.09

0.230.23

0.21

0.100.33

0.210.21

0.27

0.680.31

0.320.38

0.51

0.280.50

0.570.78

0.83

0.160.17

0.210.21

0.20

0.230.30

0.330.32

0.12

0.280.34

0.320.13

0.21

0.400.38

0.170.30

0.19

0.280.16

0.280.17

0.16

0.120.22

0.140.15

0.130.08

0.09

-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250 260 270

Limeira - Linha 3 - Resistência Transversal

-30-25-20-15-10

-50

prof

undi

dade

teór

ica

(m)

1576915072

71594154

1354622834

120585181

10386

133769608

508710362

13847

61235030

1092714130

23738

23367235

1177519028

23738

29115539

866610362

11770

18614369

61806029

8803

31466217

1808610503

14243

35145369

968413942

17705

23276048

1077614366

19386

27136952

1085214837

21760

27046161

983415449

20277

26386161

1192617474

25717

20726104

1092717521

13847

23176019

113049326

6825

23836856

65195840

6528

27693787

44653062

4352

14042543

17712732

4352

961678

18842920

3363

147729

12621649

1780

355452

697801

1088

6081328

19222920

4550

433752

12061978

7814

363661

12624710

4253

250593

23552072

4847

3641379

14513580

5638

8601012

28264286

7652685

4239

-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250 260 270

Limeira - Linha 3 - Resistividade Média

-30-25-20-15-10

-50

prof

undi

dade

teór

ica

(m)

1051869

545350

13551453

980560

498

1338863

506476

472

612427

475505

577

234360

445536

599

291336

376389

390

186243

270260

269

315371

552504

495

351355

408456

492

233323

404457

505

477476

484498

527

510503

502511

525

513508

513523

543

529525

525533

529

520516

518511

490

484483

478465

450

447442

434414

397

392386

370357

347

342325

317309

301

279271

264256

246

241233

224214

205

203201

200198

198

196193

190188

189

187185

182183

182

179177

176175

175

173172

171171

171

170169

169169

169169

169

ET iii

i ρ∑=

ST

m ∑∑=ρ

∑=i i

ii

ESρ

contaminaçãocont.

Figura VI-25 – Rochas sedimentares - Aplicação dos parâmetros de DZ – Pós-

empreendimento (Fundunesp, 1997/b).

(3) Projeto Capivari (Funep, 2005-c)

As mesmas considerações do projeto anterior, aplicam-se nesse caso (Figura VI-26),

com destaque para a pseudo-seção de resistividade média.

Braga, A.C.O.

109

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180

Linha 1 - Condutância Longitudinal

-20

-15

-10

-5

0

Prof

undi

dade

teór

ica

(m)

0.030.04

0.070.07

0.030.04

0.090.03

0.030.06

0.090.15

0.050.08

0.130.19

0.030.05

0.110.16

0.030.07

0.090.12

0.060.08

0.110.21

0.070.10

0.160.21

0.100.16

0.200.26

0.140.17

0.230.11

0.180.22

0.100.09

0.230.09

0.080.10

0.080.06

0.060.10

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180

Linha 1 - Resistência Transversal

-20

-15

-10

-5

0

Prof

undi

dade

teór

ica

(m)

39383768

33914352

39564145

25729034

33162685

24022044

18651969

16961583

37683109

19781912

31272393

25432638

15732016

21201451

13751611

13851451

991980

11021187

703914

9892769

544725

23173231

4301714

29113099

12382675

34762967

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180

Linha 1 - Resistividade Aparente

-20

-15

-10

-5

0Pr

ofun

dida

de te

óric

a (m

)

394301

226249

396332

171516

332215

160117

187158

11390

377249

132109

313191

170151

157161

14183

138129

9283

9978

7368

7073

66158

5458

154185

43137

194177

124214

232170

12

ET iii

i ρ∑=

ST

m ∑∑=ρ

∑=i i

ii

ESρ

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180

Linha 1 - Resistividade Média

-20

-15

-10

-5

0

Prof

undi

dade

teór

ica

(m)

394339

289275

291332

232315

317296

160135

146148

14090

156177

165151

313238

208188

183161

150119

122123

9287

9087

8468

6970

6985

5456

85107

94137

166170

160169

179177

10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170Seção Geoelétrica - Linha 1 - Capivari

-10

-5

0

Prof

. (m

)

040508010015020030040060080010001780Resistividade (ohm.m)

2 1

Figura VI-26 – Rochas sedimentares - Aplicação dos parâmetros de DZ – Pós-

empreendimento (Funep, 2005-a).

6.2. ROCHAS CRISTALINAS

Nos estudos ambientais, visando obter um diagnóstico dos aqüíferos fraturados, frente a

contaminantes, em rochas cristalinas, tem-se a técnica mais adequada, considerando

resolução, custo e rapidez, o caminhamento elétrico – arranjo Dipolo-Dipolo (CE-DD), com

os métodos da eletrorresistividade e polarização induzida. Nesse caso, o radar de penetração

no solo (GPR), também pode ser utilizado com relativo sucesso, entretanto, caracteriza-se por

atingir pequenas profundidades de investigação, o que não é o caso do CE-DD.

Como já ressaltado anteriormente, nos estudos envolvendo prováveis contaminações,

resultantes de aterros, refinarias, postos de combustíveis, etc., a fase do empreendimento, pré

ou pós-instalação, juntamente com a geologia local, é importante na definição da metodologia

geoelétrica e nos produtos a serem obtidos. A Figura VI-27, apresenta a metodologia

recomendada, com os principais produtos a serem obtidos, considerando as fases do

Braga, A.C.O.

110

empreendimento. Dos produtos referidos nessa figura, destaca-se a determinação de: falhas e

fraturamento e plumas de contaminação.

METODOLOGIAGEOELÉTRICA

Contaminação de Solos, Rochas e

Águas Subterrâneas

Rochas Cristalinas

Préempreendimento

Pósempreendimento

Topo Rochoso

Plumas de Contaminação

CE-ER-IPDipolo-Dipolo

SEV-ER-IPSchlumberger

SEV-ER-IPSchlumberger

CE-ER-IPDipolo-Dipolo

Falhas eFraturamentos

Diques/Derrames Basálticos

Figura VI-27 – Metodologia e produtos em estudos ambientais – Rochas Cristalinas.

Nas fases pré e pós-empreendimento, envolvendo a determinação de falhas e

fraturamentos, a metodologia geoelétrica e análise dos dados seguem o descrito no Capítulo 5.

6.2.1. Identificação e Delimitação de Plumas de Contaminação

Como já comentado no Capítulo 5, os valores de resistividade das rochas cristalinas -

granitos, gnaisses, etc., são altos (normalmente, superiores a 3.000 ohm.m), sendo que, nesse

caso, técnicas geoelétricas aplicadas visando identificar aqüíferos fraturados, determinará

anomalias condutoras em relação ao meio, associadas a fraturas/falhas nas rochas.

Portanto, tanto na fase pré-empreendimento quanto na fase pós-empreendimento,

determinam-se zonas de fraturamento, com suas direções e mergulhos, caminho provável dos

contaminantes, sendo difícil identificar se as águas percolantes estão ou não contaminadas.

A Figura VI-28, apresenta mapa de resistividade aparente do primeiro nível, de um

estudo visando determinar provável pluma de contaminação (Fundunesp, 2002/a). O resíduo

industrial disposto no tanque, é resultante da industria de curtume da região. Os resultados

obtidos na interpretação das pseudo-seções, estão sintetizados na figura com o mapa do

primeiro nível.

O estudo se deu em rochas basálticas fraturadas. Pode-se observar nessa figura, uma

zona de baixos valores de resistividade, associada à zona de fratura na rocha, passando ao

lado do tanque de resíduos.

Braga, A.C.O.

111

Mapa de Resistividade Aparente - Primeiro Nível

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130

0m 10m 20m 30m

tanque de disposiçãode resíduos

L-1

L-2

L-3

L-4

anomalias condutoras projetadasna superfície do terreno

10030050080015002500400060009000resistividade aparente (ohm.m)

Figura VI-28 – Mapa de resistividade aparente – Fundunesp (2002/a).

Devido à ocorrência da anomalia condutora na Linha 1, realçada a partir do segundo

nível – mais profunda (pseudo-seção – Linha 1) e situada à montante da área estudada

(topograficamente mais elevada), não se pode afirmar a priori, que o condutor reflete

contaminação.

Nesse caso, pode-se simplesmente indicar zona de fratura condutora, sendo, portanto,

necessário a locação de um poço de monitoramento (Linha 3 – E-60), para coleta e análise das

águas subterrâneas. A partir dos resultados da geofísica, pode-se direcionar com maior

precisão a locação desse(s) poço(s).

Entretanto, o projeto Fundunesp (2000/c), executado em um aterro sanitário localizado

em terrenos cristalinos (Figura VI-29), com aproximadamente 40 metros de resíduos

acumulados, apresentou resultados interessantes utilizando as técnicas da sondagem elétrica

vertical e caminhamento elétrico.

A partir de SEV’s executadas, pode-se traçar o mapa potenciométrico do aterro com as

direções e sentido do fluxo do fluido incompressível (contaminante) subterrâneo. Em função

dos resultados do CE-DD - Linha 1 (Figura VI-30), observa-se duas anomalias condutoras

bem definidas entre as E-120-140 e E-200-240, associadas a fraturamento/falhamento na

rocha.

Essas anomalias do CE-DD, bem caracterizadas na seção geoelétrica, aliadas ao mapa de

fluxo das SEV’s, demonstram uma percolação do contaminante (chorume) nesse sentido (NE),

contrariando a tendência geral de sentido leste. A ocorrência do contaminante nessa região,

foi confirmada após a instalação de poço de monitoramento e coleta e análise das águas.

Braga, A.C.O.

112

linhas de isovalor da cotado nível d´água (m)

linhas de fluxo d´água subterrâneo

anomalia muito condutora (CE)

Legenda dos Resultados da Geofísica

sondagens elétrica verticaisSEV

caminhamento elétricoCE-DD

0m 30m 60m 90m

LINHA 1C

LINHA 3C

LINHA 4C

LINHA 2C

E-120-140 E-200-240

Figura VI-29 – Mapa potenciométrico e resultados do CE-DD – Fundunesp (2000/c).

20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240

260280

300320

340360 380 400 420 440

Seção Geoelétrica - Linha 1 - Jundiaí

740

750

760

770

780

790

800

Elev

ação

(m)

251232822105401400Resistividade (ohm.m)

Seção Geoelétrica - Linha 4 - Jundiaí

750

760

770

Elev

ação

(m)

20 30 40 50 6070

8090 100 110 120 130 140

5102045952004209002300Resistividade (ohm.m)

anomalias condutoras projetadasprovável extensão lateral

Figura VI-30 –Seção geoelétrica – processamento das Linhas 1 e 4/CE-DD – Fundunesp

(2000/c). Ressalta-se que na linha 4 do CE-DD, bem no centro, localiza-se um poço de

monitoramento e coleta de chorume para tratamento. A partir desses resultados, novos poços

foram programados.

Braga, A.C.O.

113

CAPÍTULO 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

7.1. MÉTODOS GEOELÉTRICOS APLICADOS NA HIDROGEOLOGIA

7.1.1. Considerações Metodológicas

Além das considerações teóricas e práticas sobre os métodos da eletrorresistividade e

polarização induzida e das técnicas da sondagem elétrica vertical – Schlumberger e

caminhamento elétrico - dipolo-dipolo, esse trabalho apresentou uma proposta de

classificação para os métodos geoelétricos de maneira geral, na qual procurou-se normalizar

e, principalmente, facilitar o entendimento das variáveis que envolvem esses métodos,

evitando confusões entre, por exemplo: métodos, técnicas e arranjos. Nessa proposta

procuraram-se definir de maneira simples e objetiva, os métodos geoelétricos como aplicação,

principalmente, para usuários da Geofísica.

Discutiu-se ainda a escolha da metodologia geoelétrica mais adequada, considerando os

objetivos gerais do trabalho, ou seja, a aplicação visando à captação de águas subterrâneas,

atendendo às mais variadas finalidades, e estudos de caráter ambiental, envolvendo a

contaminação de solos, rochas e águas subterrâneas. Nessa definição metodológica mais

adequada, a geologia local aliada aos objetivos específicos do trabalho - produtos, é

fundamental na decisão final.

Dependendo da geologia da área estudada, determinada metodologia pode se tornar

inviável, sendo necessário recorrer a outro tipo menos precisa. Os objetivos específicos

envolvem os produtos a serem obtidos, tais como: determinação da profundidade do nível

d’água, mapa potenciométrico, identificação litológica, aqüíferos promissores,etc. No alcance

desses objetivos específicos, certos critérios de análise, devem ser considerados, tais como:

profundidade de investigação a ser atingida, espessura e forma do corpo a ser prospectado

(ligada à geologia), tipos e contrastes de propriedades físicas entre o corpo a ser prospectado

e o meio encaixante, além de levar em consideração as questões de custos e prazos do projeto.

Quanto à definição dessa metodologia, consideraram-se ainda, as diferentes fases de um

projeto envolvendo questões ambientais (pré ou pós-empreendimento), onde a ocorrência ou

não de eventuais plumas de contaminação, somam às outras considerações anteriores na

utilização ou não de determinadas técnicas de campo.

Nas discussões sobre a programação e desenvolvimento da técnica de campo da SEV-

Schlumberger, apresentou-se, como uma tentativa de contribuição na programação, um ábaco,

que pode ser utilizado como um indicativo inicial para orientar a quantidade de ensaios a

serem desenvolvidos, em uma determinada área de pesquisa. Ressalta-se entretanto, que a

Braga, A.C.O.

114

quantidade de ensaios finais, estará sempre ligada às especificidades de cada pesquisa.

Quanto à profundidade de investigação de uma SEV, procurou-se abordar questões práticas,

tais como o efeito de penetração em terrenos de alta resistividade, determinando-se o fator de

redução da profundidade. Várias outras questões práticas, envolvendo também a técnica do

CE-Dipolo-Dipolo, foram abordadas.

7.1.2. Tratamento dos Dados e Produtos Obtidos

Nas discussões envolvendo o tratamento dos dados de campo e seus principais produtos

obtidos (Capítulos 5 e 6), ressalta-se a definição da litologia, a partir da resistividade e

cargabilidade, visando identificar camadas geológicas com potencial aqüífero para captação

de águas subterrâneas em terrenos de rochas sedimentares. Concluiu-se, principalmente, que

os aqüíferos a serem explorados, em função da resistividade e cargabilidade, devem

apresentar valores, respectivamente, entre: 60,0 - 300,0 ohm.m e 2,5 - 6,0 mV/V.

De acordo com a geologia e área a ser estudada, a técnica do CE-DD, pode ser

empregada na identificação litológica e determinação do nível d’água subterrâneo, com maior

detalhe que as SEV’s, as quais podem ser executadas, em menor número, sendo utilizadas

para calibrar o modelo da inversão do CE

As aplicações dos parâmetros de Dar Zarrouk, resistência transversal e condutância

longitudinal, revelam-se de extrema utilidade no entendimento do modelo final. Nos estudos

visando tanto à captação de águas subterrâneas como no diagnóstico ambiental de solos,

rochas e águas subterrâneas, esses parâmetros podem ser utilizados com critérios

estabelecidos.

Nas associações dos parâmetros hidrogeológicos: condutividade hidráulica e

transmissividade, com os parâmetros de Dar Zarrouk, mostrou-se que os valores de resistência

transversal (TDZ) para sedimentos arenosos, tendem a serem mais elevados que para

sedimentos argilosos. Entretanto observaram-se também valores para os sedimentos argilosos

maiores que para os sedimentos arenosos, evidenciando que nesse tipo de correlação, a

litologia, através por exemplo do mapa de resistividade, tem que ser considerada.

Em terrenos de rochas cristalinas ou em rochas cársticas, onde os aqüíferos a serem

investigados apresentam semelhanças em termos de investigação geoelétrica, observou-se

que, de um modo geral, ao aplicar os parâmetros de Dar Zarrouk na técnica do CE-Dipolo-

Dipolo, a intensidade da anomalia na pseudo-seção de condutância longitudinal total (SDZ) é

maior que na pseudo-seção de resistência transversal total (TDZ), isto se deve, principalmente,

ao fato de que nesta situação a resistividade longitudinal é mais sensível à zona fraturada que

Braga, A.C.O.

115

a resistividade transversal. Nas pseudo-seções de resistividade média, observou-se uma

filtragem das resistividades aparentes, indicando posições mais precisas de anomalias e suas

direções de mergulho. As inversões dos dados do CE, através do software Res2dinv

(Geotomo), apresentaram resultados bem satisfatórios, cujos modelos geoelétricos finais são

bem próximos à geologia.

Nas questões ambientais, estudando as diferentes fases de um empreendimento,

destacam-se os resultados obtidos no Projeto FAPESP/2005 – ensaios em laboratório.

Conforme resultados do referido projeto, demonstrou-se que os valores de resistividade, de

sedimentos areno-argilosos não saturados, aumentaram significativamente, imediatamente

após a contaminação por gasolina. Depois de seis meses de monitoramento, esses valores

tornaram-se condutivos em relação aos valores naturais.

Já, os valores de cargabilidade apresentaram uma variação, também significativa, com

valores mais baixos que os naturais, sem contaminação. Entretanto, com o tempo, os valores

se tornaram, aproximadamente constantes, diferentemente da resistividade. Em todos os

ensaios, observou-se que a cargabilidade não responde imediatamente à presença da gasolina,

como a resistividade.

Portanto, conclui-se a partir desses estudos em laboratório que, de uma maneira geral,

em vazamentos de derivados de hidrocarbonetos, atingindo os solos e rochas sedimentares e

as águas subterrâneas, o fator temporal é fundamental. Em relação ao meio natural (sem

contaminante), vazamentos recentes deverão apresentar: resistividades altas – anomalias

resistivas e cargabilidades baixas – anomalias de baixa cargabilidade. Em vazamentos

antigos, a situação tende a se inverter: a resistividade deverá ser baixa - anomalias

condutivas, e a cargabilidade alta - anomalias de alta cargabilidade. Em vários projetos

desenvolvidos em refinarias de combustíveis, antigos vazamentos de derivados de

hidrocarbonetos, apresentaram baixos valores de resistividade em relação ao meio sem

contaminação, fato devidamente comprovado por poços de monitoramento.

Nesses estudos ambientais, a aplicação dos parâmetros de Dar Zarrouk na técnica do

CE-Dipolo-Dipolo, em terrenos sedimentares, mostrou que a resistência transversal total

realçou mais a anomalia que a condutância longitudinal total, isto se deve ao fato de que,

nesses casos, a resistividade transversal predomina sobre a resistividade longitudinal.

Destaca-se ainda a importância da aplicação do parâmetro condutância longitudinal unitária

obtida principalmente através das SEV’s, visando estudar o grau de proteção de uma camada

aqüífera frente a contaminantes.

Braga, A.C.O.

116

A aplicação dos parâmetros de Dar Zarrouk (TDZ e SDZ) é fundamental em uma fase pré-

empreendimento, e não recomendados em fases pós-empreendimento, onde as presenças de

contaminantes alteram os valores de resistividade do meio natural, tornando inviável qualquer

correlação com os tipos litológicos e suas características. Nessa fase pós-empreendimento, a

aplicação dos parâmetros de Dar Zarrouk visa apenas obter uma análise das anomalias

existentes quanto às suas intensidades e definições, auxiliando na interpretação do modelo

final.

7.2. CONCLUSÕES

Somado aos objetivos, amplamente discutidos anteriormente, esse trabalho procurou

apresentar uma discussão sobre os principais métodos e técnicas de campo dos métodos

geoelétricos aplicados em estudos hidrogeológicos, com destaque na captação para

abastecimento e diagnóstico de solos, rochas e águas subterrâneas frente a poluentes.

É evidente que a integração de vários métodos geofísicos, aplicados simultaneamente,

podem definir as diferentes características geológicas de cada área estudada, com maior

precisão e detalhamento. Entretanto, essa proposição metodológica apresentada, procurou

aplicar uma relação entre a resolução de métodos e técnicas com custos e prazos adequados a

um trabalho envolvendo a Geofísica Aplicada em estudos hidrogeológicos.

O emprego da eletrorresistividade, com as técnicas da SEV e CE, por si só, revela-se

decisivo para atingir os mais variados fins envolvendo esses tipos de estudos. A resistividade

elétrica dos materiais geológicos, é definida, principalmente, em função de seus constituintes

mineralógicos e o tipo de fluido presente, sendo, portanto, ideal para os estudos

hidrogeológicos de maneira geral. Cabe ressaltar ainda, que além do fato desse método

apresentar conceitos simples para seu entendimento e os valores de resistividade,

normalmente, não necessitarem de filtros especiais para suas determinações, os equipamentos

eletrorresistivímetros, estão entre os que apresentam os custos mais reduzidos no mercado.

Braga, A.C.O.

117

BIBLIOGRAFIAS REFERENCIADAS E CONSULTADAS

São apresentadas a seguir as publicações que foram referenciadas no desenvolvimento

do texto dessa monografia e as publicações consultadas, importantes no trabalho, mas não

referenciadas. Algumas publicações são consideradas clássicas nas discussões sobre os

métodos geoelétricos e outras apresentam aplicações práticas e atuais.

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