metodologia para auditoria de serviços em limpeza urbana

Upload: michele-bispo

Post on 09-Oct-2015

231 views

Category:

Documents


6 download

DESCRIPTION

Os serviços de limpeza urbana são de responsabilidade do poder público municipal que podem executá-los diretamente ou por meio de terceiros mediante licitação e contrato de prestação de serviços. Estudos indicam que, em média, dez por cento do orçamento anual das municipalidades são despendidos com a limpeza pública, que engloba os serviços de coleta, varrição, capina, raspagem, lavagem de feiras, disposição final e tratamento dos resíduos etc. Os custos e preços dos sistemas de limpeza pública diferem de região para região do nosso país, sendo que as quantidades e características dos equipamentos utilizados também influenciam esses valores. Não é tarefa fácil escrever sobre custos e preços de serviços em limpeza pública, pois é difícil encontrarmos literatura específica. Todavia, existem sistemas de cálculos apropriados e neste trabalho procuraremos fornecer uma noção geral a respeito da matéria, com enfoque nos custos de coleta dos Resíduos Sólidos Urbanos -RSU.

TRANSCRIPT

  • 1

    TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS XI SIMPSIO NACIONAL DE AUDITORIA DE OBRAS PBLICAS

    Alberto Magalhes Fonseca

    Valria Cristina Gonzaga

    METODOLOGIA PARA AUDITORIA DE SERVIOS DE

    LIMPEZA URBANA, COM ENFOQUE NOS CUSTOS DE

    COLETA DE RESDUOS SLIDOS URBANOS

    Belo Horizonte 2006

  • 2

    SUMRIO

    1. INTRODUO..................................................................................................03

    2. OS CUSTOS E PREOS NOS SERVIOS DE LIMPEZA URBANA.............03

    3. A IMPORTNCIA DO PLANEJAMENTO NA DEFINIO DOS CUSTOS....04

    4. COLETA DOMICILIAR.....................................................................................05

    5. DEFINIES GERAIS RELATIVAS AOS SERVIOS DE COLETA..............06

    5.1 Caracterizao dos resduos slidos................................................................06

    5.2 Despesas que compem o custo da coleta domiciliar......................................07

    5.2.1 Veculos coletores.............................................................................................07

    5.2.2 Guarnio.........................................................................................................08

    5.2.3 Freqncia da coleta........................................................................................09

    6. METODOLOGIA DO TCEMG PARA ANLISE DE CUSTOS........................09

    7. PROCEDIMENTOS A SEREM ADOTADOS NAS AUDITORIAS PARA

    APURAO DOS CUSTOS DOS SERVIOS DE COLETA .........................10

    7.1 Quantitativos de Resduos Slidos...................................................................10

    7.2 Valores a serem utilizados nos clculos...........................................................11

    7.3 Clculo dos custos de coleta............................................................................12

    7.3.1 Clculo da Quantidade de caminhes compactadores....................................12

    7.4 Clculo de Preos para uma atividade de coleta de lixo domiciliar..................13

    8. CONCLUSO...................................................................................................19

    REFERNCIAS 20

  • 3

    METODOLOGIA PARA AUDITORIA DE SERVIOS DE LIMPEZA URBANA, COM

    ENFOQUE NOS CUSTOS DE COLETA DE RESDUOS SLIDOS URBANOS

    1. INTRODUO

    Os servios de limpeza urbana so de responsabilidade do poder pblico municipal que

    podem execut-los diretamente ou por meio de terceiros mediante licitao e contrato

    de prestao de servios.

    Estudos indicam que, em mdia, dez por cento do oramento anual das

    municipalidades so despendidos com a limpeza pblica, que engloba os servios de

    coleta, varrio, capina, raspagem, lavagem de feiras, disposio final e tratamento dos

    resduos etc.

    Os custos e preos dos sistemas de limpeza pblica diferem de regio para regio do

    nosso pas, sendo que as quantidades e caractersticas dos equipamentos utilizados

    tambm influenciam esses valores.

    No tarefa fcil escrever sobre custos e preos de servios em limpeza pblica, pois

    difcil encontrarmos literatura especfica. Todavia, existem sistemas de clculos

    apropriados e neste trabalho procuraremos fornecer uma noo geral a respeito da

    matria, com enfoque nos custos de coleta dos Resduos Slidos Urbanos -RSU.

    2. OS CUSTOS E PREOS NOS SERVIOS DE LIMPEZA URBANA

    De um modo geral, na definio de custos de coleta de RSU podemos adotar a

    seguinte subdiviso:

    - custos variveis: so aqueles que mudam em funo da quilometragem

    percorrida pela frota de veculos. So subdivididos em combustveis, lubrificantes,

    rodagem (quilometragem) e peas (acessrios).

    - custos fixos: so gastos que independem da quilometragem percorrida, em

    seu clculo esto includos os custos do capital (depreciao e remunerao). As

    despesas com pessoal e as administrativas tambm devem ser consideradas.

    A terminologia de custos fixos e variveis muito empregada em planilhas que

    determinam as tarifas das passagens nibus, no entanto, nos clculos de custos e

    preos nas atividades de limpeza pblica, apesar de correta, no comum depararmos

    com tais definies.

  • 4

    Para calcular o custo de determinada atividade em limpeza pblica necessrio coletar

    inmeros dados e principalmente identificar os gastos com:

    - mo-de-obra operacional e administrativa (salrios, leis sociais e benefcios);

    - operao e manuteno dos veculos, combustvel, pneus, lubrificao,

    impostos (IPVA), seguros, licenciamento, remunerao e depreciao do investimento,

    e demais equipamentos utilizados, tais como os contineres;

    - uniformes e equipamentos de segurana individuais (EPIs).

    O custo da prestao de servios em limpeza pblica consiste basicamente na soma

    das despesas acima relacionadas. Teoricamente estes gastos podem ser conhecidos

    por despesas ou custos diretos.

    No caso de terceirizao dos servios, para determinarmos os preos h necessidade

    de calcularmos os custos diretos, acrescendo a taxa de Benefcios e Despesas

    Indiretas (B. D. I), que varia de 25% a 30% aproximadamente.

    Para o caso de os servios serem executados diretamente pelo poder pblico,

    necessrio tambm identificar os gastos com a administrao (custos com aluguel da

    sede, contas telefnica, de energia eltrica, gua e esgoto, material para escritrio e

    almoxarifado), dentre outros;

    3. A IMPORTNCIA DO PLANEJAMENTO NA DEFINIO DOS CUSTOS

    No existe a possibilidade de calcularmos os custos e preos nas diferentes atividades

    de limpeza pblica sem conhecermos com certa profundidade o planejamento do

    sistema adotado. Aps os levantamentos dos dados, necessrio utilizar uma planilha

    para determinao dos valores.

    De um modo geral, observa-se que os Municpios, em razo de limitaes financeiras e

    da falta de pessoal capacitado, enfrentam dificuldades na organizao e operao dos

    servios de limpeza urbana.

    A coleta e transporte de resduos slidos regulares, dentre as demais atividades de

    limpeza pblica, a que gera, pela populao, reclamaes intensas e imediatas

    quando da sua no realizao. o sistema que possui o maior nmero de

    equipamentos/caminhes. Seu oramento estimado em 35% a 50% de todos os

    custos de um sistema de limpeza urbana. Caso esses servios no sejam

    equacionados corretamente ocasionam gastos excessivos. Os desperdcios quase

    sempre so observados quando os servios so prestados diretamente pelo poder

    pblico. So servios que exigem frequncia e periodicidade bem definidas e nos quais

  • 5

    a confiabilidade da populao em sua execuo de fundamental importncia. Para

    melhor analisarmos os custos ou preos praticados pela coleta e transporte dos

    resduos slidos regularmente descartados pela populao de uma cidade h

    necessidade de esclarecermos vrios aspectos, tais como:

    - Se a atividade realizada somente pela municipalidade, por empresa

    contratada ou tanto pela municipalidade quanto por uma empresa;

    - Os salrios praticados na regio referentes s diferentes funes existentes

    (coletores, motoristas, mecnicos, encarregados e outros);

    - A quantidade, tipo, ano de fabricao, capacidade e demais dados dos

    equipamentos/veculos e mquinas utilizados;

    - A quantidade de ajudantes gerais (coletores) utilizados nos veculos de coleta;

    - A freqncia (diria, alternada ou peridica) e a periodicidade utilizada nos

    servios (diurna, noturna ou diurna e noturna) etc.

    4.COLETA DOMICILIAR

    Este trabalho ter como enfoque a coleta de lixo domiciliar (domstico + comercial),

    uma vez que um servio muito expressivo monetariamente, pois representa, junto

    com o lixo pblico (que ser definido posteriormente), a maior parcela dos resduos

    slidos produzidos nas cidades.

    Infelizmente, comum no Brasil comparar os preos de coleta tendo como parmetro

    somente as populaes de determinadas cidades. Alm disso, existem municpios

    estimando seus preos para uma licitao mediante uma simples mdia aritmtica dos

    valores praticados por outras cidades, sendo que tais cidades sequer possuem

    populaes semelhantes.

    Somente um levantamento minucioso de dados durante a auditoria, caracterizando as

    peculiaridades locais (consumo de combustvel e de pneus, custos de manuteno de

    veculos, vida til de uniformes, equipamentos de proteo individual e coletiva, dentre

    outros) fornece elementos para o clculo dos valores a serem despendidos

    mensalmente.

    Cabe destacar que determinadas cidades possuem peculiaridades locais que

    necessitam ser detectadas para melhor compreenso do seu planejamento ou justificar

    seus custos e preos quando se apresentam relativamente altos. Como exemplo,

    citamos cidades beira-mar com intenso turismo principalmente em pocas de

    veraneio. Tal fato implica aumento considervel dos resduos slidos descartados

  • 6

    regulamente pela populao e a necessidade improrrogvel de colet -los e transport-

    los aos sistemas de tratamento ou destino final existentes. Para executar tais servios,

    os custos e preos so relativamente altos, pois h necessidade de aumentar pessoal

    e equipamentos.

    Algumas municipalidades que possuem condies de topografia e trafegabilidade

    desfavorveis tambm podem apresentar peculiaridades que alteram os valores

    econmicos despendidos para a realizao de sua limpeza pblica. Como exemplo,

    citamos as cidades de Petrpolis Rio de Janeiro (condies topogrficas

    desfavorveis) e Rio Branco Acre (condies de trafegabilidade insatisfatrias).

    Para diminuir constantes avarias mecnicas e custos de manuteno nessas cidades

    so utilizados caminhes coletores compactadores com menor capacidade de carga

    operacional, todavia em maior quantidade. Isso ocasiona aumento nos custos desses

    servios, pois h necessidade de mais caminhes coletores, bem como de mo de

    obral operacional (coletores, motoristas, mecnicos e outros).

    5. DEFINIES GERAIS RELATIVAS AOS SERVIOS DE COLETA

    5.1 CARACTERIZAO DOS RESDUOS SLIDOS

    A definio de resduos slidos para efeito de recolhimento pelo servio de coleta

    regular varia de uma cidade para outra. As leis e os regulamentos de limpeza pblica

    de um municpio procuram definir o conceito de resduos slidos para efeito de

    remoo.

    Os resduos slidos podem ser classificados de vrias formas, sendo que a origem o

    principal elemento para a caracterizao desses resduos. Segundo esse critrio, os

    diferentes tipos de lixo podem ser agrupados em cinco classes, a saber:

    Lixo domstico ou residencial: so os resduos gerados nas atividades dirias

    em casa, apartamentos e demais edificaes residenciais.

    Lixo comercial: so os resduos gerados em estabelecimentos comerciais,

    cujas caractersticas dependem da atividade ali desenvolvida.

    Lixo pblico: so os resduos presentes nos logradouros pblicos, em geral

    resultantes da natureza, tais como folhas, e aqueles descartados irregular e

    indevidamente pela populao, como papeis, restos de embalagens e alimentos etc.

    Lixo domiciliar especial: grupo que compreende os entulhos de obras, pneus

    etc.

    Lixo de fontes especiais: so resduos que, em funo de suas caractersticas

    peculiares, passam a merecer cuidados especiais em seu manuseio,

  • 7

    acondicionamento, estocagem, transporte ou destinao final. Ex.: resduos dos

    servios de sade.

    Os resduos slidos podem ser classificados de acordo com as caractersticas,

    qumicas, biolgicas e fsicas, sendo que esta a mais importante, uma vez que sem o

    seu conhecimento, praticamente impossvel se efetuar a gesto adequada dos

    servios de limpeza urbana.

    As caractersticas fsicas podem ser classificadas em gerao per capita, composio

    gravimtrica, peso especfico aparente, teor de umidade e compressividade.

    A gerao per capita relaciona a quantidade de resduos urbanos gerada diariamente

    e o nmero de habitantes de determinada regio e extremamente importante no

    dimensionamento dos veculos de coleta.

    As caractersticas qumicas e biolgicas esto mais relacionadas disposio final e

    tratamento dos RSU.

    5.2 DESPESAS QUE COMPEM O CUSTO DA COLETA DOMICILIAR

    Conforme j mencionado, o custo da prestao de servios em limpeza pblica

    consiste basicamente na soma de despesas como mo de obra operacional, uniformes,

    equipamentos de segurana individuais, operao e manuteno dos veculos,

    equipamentos de proteo coletiva, dentre outras. Ao custo direto dos servios so

    acrescidas despesas gerais da empresa, com a aplicao da taxa de Benefcios e

    Despesas Indiretas (BDI).

    Segue abaixo os aspectos considerados mais importantes para a composio do custo

    da coleta:

    5.2.1 VECULOS COLETORES

    Os caminhes compactadores normalmente so utilizados na coleta domiciliar, sendo

    que o nmero de veculos tem influncia direta no custo dos servios. Para o clculo da

    frota desses caminhes h necessidade de se conhecer diversas peculiaridades, como

    quantidade de lixo a ser coletada, a distncia do centro de coleta ao sistema de destino

    final, a capacidade dos caminhes compactadores, o percurso de coleta, a freqncia e

    horrio da coleta etc.

    Cabe destacar que os equipamentos compactadores so recomendados para reas de

    mdia e alta densidade, em vias que apresentam condies favorveis de trfego. A

    relao custo x benefcio desfavorvel em reas de baixa densidade populacional.

  • 8

    Alm disso, vale lembrar que em cidades mdias e grandes existem reas com

    caractersticas diferentes que podem justificar o uso de diversos tipos de equipamentos

    (caso de favelas e becos de difcil acesso, por exemplo).

    Vrios so os aspectos que influenciam diretamente a qualidade de uma coleta e

    transporte de resduos slidos regulares, dentre os quais podemos citar o tipo de

    caminho coletor ou, mais precisamente, as caractersticas da caamba (coletora), a

    guarnio, a freqncia e o horrio da coleta.

    A utilizao de caminho com capacidade maior, como o caso dos veculos com

    capacidade volumtrica da caamba de 19 a 25m3, interessante e econmica, pois

    evitaria a cada 7,33 horas de trabalho a quantidade de duas viagens ao sistema de

    destino final. Desse modo durante o perodo de servio acima citado seria executada

    somente uma viagem ocorrendo economia na quilometragem de transporte, alm de

    aumentar a produtividade da guarnio coletora no respectivo setor. Todavia, esses

    caminhes necessitam de vias bem pavimentadas e que suportem seu peso (chassi,

    caamba compactadora e resduos slidos), bem como um sistema de tratamento e/ou

    destino final em condies adequadas.

    Na tabela a seguir tem-se a tonelagem de resduos slidos correlacionados com a

    capacidade volumtrica das caambas coletoras compactadoras existentes. Em termos

    prticos os valores so utilizados, pois correspondem a uma boa produtividade sem

    exigir grandes esforos, tanto a guarnio coletora quanto ao caminho coletor

    compactador.

    CAPACIDADE VOLUMTRICA DAS CAAMBAS COLETORAS

    COMPACTADORAS E SUA CORRESPONDENTE TONELAGEM

    m3 6 8 10 12 15 17 20 25

    toneladas 3,24 4,32 5,40 6,48 8,10 9,72 10,80 13,50

    5.2.2. GUARNIO

    Em um sistema de coleta e transporte de resduos slidos, o conjunto mquina

    (caminhes coletores) e mo de obra (guarnio coletora) deve ser muito bem

    equacionado para sucesso dos servios. Em nada adianta possuir um bom caminho

    coletor, caso no existam boas guarnies coletoras (motoristas e garis).

    As guarnies de um caminho coletor compactador traseiro variam de dois a quatro

    garis por veculo.

  • 9

    De acordo com levantamentos efetuados, o gari coletor de resduos slidos consegue

    sem grande esforo fsico, coletar 5 a 6 toneladas de resduos em 7,33 horas de

    trabalho geralmente divididas em dois turnos.

    A mo de obra total (operacional e administrativa) em um sistema privatizado, cujo

    empreiteiro opera somente a atividade de coleta de resduos slidos, representa

    geralmente 50% de seus custos totais. Pelo exposto verifica-se a importncia da menor

    quantidade possvel de guarnies coletoras sem afetar o grau de qualidade que uma

    cidade requer quanto prestao desses servios. As quantidades de garis acima

    indicadas so as mais apropriadas maioria dos municpios brasileiros. Todavia, por

    exigncia de alguns sindicatos, algumas cidades so obrigadas a usar em todo o

    sistema guarnies com 4 coletores alm do motorista.

    5.2.3 FREQUNCIA DA COLETA

    As cidades brasileiras que adotam freqncia diria para toda a coleta de resduos

    slidos domiciliar despendem considerveis recursos, tais como: equipamentos,

    pessoal, combustvel, pneus, leo lubrificante e outros. Esses recursos poderiam ser

    melhores aplicados em outros servios de limpeza pblica, caso houvesse uma coleta

    de resduos slidos com freqncia mista, ou seja, parte diria, parte alternada ou

    mesmo peridica.

    A coleta domiciliar diria somente necessria em vias pblicas com grande produo

    de resduos slidos, como por exemplo, rea central da cidade, ruas de intenso

    comrcio (mesmo aquelas situadas em bairros) e vias de intenso trfego e acesso ao

    centro da cidade.

    Em logradouros pblicos com mdia e baixa produo de resduos, por razes

    econmicas, a coleta alternada mais aconselhvel.

    A freqncia anteriormente mencionada traz uma economia da ordem de 30% a 40%

    em relao coleta diria. Em locais de pouca quantidade de resduos slidos, que so

    geralmente reas muito afastadas dos centros das cidades, podemos pensar em uma

    coleta peridica. Esta periodicidade pode ser de duas vezes por semana.

    6. METODOLOGIA DO TCEMG PARA ANLISE DE CUSTOS

    A metodologia a ser apresentada contempla procedimentos a serem adotados durante

    a inspeo in loco e na elaborao dos clculos dos custos da coleta.

  • 10

    Em sntese, para se calcular os custos de coleta necessrio:

    1) Calcular o nmero de veculos que devem ser utilizados (no final deste trabalho

    ser apresentada uma metodologia para o clculo da frota);

    2) A partir do nmero de veculos, calcula-se a quantidade de motoristas e coletores, a

    fim de se obter o valor referente mo de obra (informa-se que os salrios devem ser

    obtidos junto aos Sindicatos das respectivas categorias);

    3) Com base no nmero de coletores e motoristas devem ser computadas as

    despesas relativas a uniformes e equipamentos de proteo individual (EPI);

    4) As despesas relativas a combustvel, pneus, depreciao e custo de capital dos

    veculos, fator de manuteno etc, calculam-se com base no nmero de veculos e

    idade da frota (exigida no edital ou verificada in loco);

    7.0 PROCEDIMENTOS A SEREM ADOTADOS NAS AUDITORIAS PARA A

    APURAO DOS CUSTOS DOS SERVIOS DE COLETA

    interessante destacar alguns procedimentos a serem observados para a apurao

    dos custos de coleta:

    7.1 QUANTITATIVOS DE RESDUOS SLIDOS GERADOS

    Na realizao de auditorias de servios de limpeza urbana deve ser coletada in loco a

    mdia de lixo gerado naquele Municpio.

    Nos municpios onde h pesagem de caminhes, interessante verificar se os dados

    existentes (tickets de balanas) so confiveis, acompanhando as pesagens durante o

    perodo que a equipe de auditoria entender como razovel. Caso haja exigidade de

    tempo ou no seja possvel a verificao in loco, pode ser utilizada esta tabela para a

    determinao da quantidade de resduos coletada diariamente :

    TAMANHO DA CIDADE POPULAO URBANA

    (habitantes)

    GERAO PER CAPITA

    (Kg/hab/dia)

    Pequena At 30 mil 0,50

    Mdia De 30 mil a 500 mil De 0,50 a 0,80

    Grande De 500 mil a 5 milhes De 0,80 a 1,00

    Megalpole Acima de 5 milhes Acima de 1,00

  • 11

    Cabe ressaltar que muitos tcnicos consideram de 0,5 a 0,8 kg/hab./dia como a faixa

    de variao mdia para o Brasil. Ressalta-se tambm que fundamental verificar a

    cobertura dos servios de coleta, ou seja, qual o percentual da populao que est

    sendo atendido.

    A gerao per capita no pode ser correlacionada somente ao lixo domiciliar

    (domstico + comercial), por isso, nos clculos ela deve ser relacionada aos resduos

    urbanos (domiciliar + pblico + entulho, incluindo os resduos de servios de sade).

    Estudos realizados pela Superintendncia de Limpeza Urbana de Belo Horizonte

    indicaram a seguinte variao com relao ao total de lixo urbano gerado:

    Lixo Domiciliar =50 a 60% (lixo domstico e comercial)

    Lixo Pblico =20 a 30% (varrio, podas, capina etc)

    Entulhos =20 a 30%

    Lixo Hospitalar =1%

    Total de Lixo Urbano =100%

    Informa-se que esses percentuais tm sido utilizados com freqncia nos trabalhos

    desenvolvidos pela CAEP.

    Com base na quantidade de lixo pode-se dimensionar a frota de caminhes. O ideal

    que a frota seja dimensionada de acordo com a mdia de lixo a ser coletada,

    verificando se a frota reserva (10% a 20%) ser suficiente para atender o pico da

    demanda.

    preciso ter muita ateno porque a taxa de gerao de lixo pode variar de um ano

    para o outro, e at mesmo ao longo do ano.

    7.2 VALORES A SEREM UTILIZADOS NOS CLCULOS

    Depois de verificada a quantidade de lixo produzida, o prximo passo consiste na

    apurao in loco dos seguintes elementos: percursos de coleta; distncia do centro

    geomtrico de coleta ao local da destinao final dos resduos; capacidade e idade dos

    veculos, bem como a velocidade mdia de coleta e de transporte at o aterro;

    freqncia da coleta; consumo mdio de combustvel etc.

    Algumas despesas podem ser verificadas durante a inspeo, verificando-se as

    apropriaes feitas pela Administrao. No caso da no existncia desses dados, ou

    da no confiabilidade dos dados existentes, podem ser utilizados valores mdios

    usuais que sero apresentados no item 7.3 deste trabalho.

  • 12

    7.3 CLCULO DOS CUSTOS DE COLETA

    7.3.1 CLCULO DA QUANTIDADE DE CAMINHES COLETORES

    COMPACTADORES

    1 - Clculo da quantidade de resduos slidos coletados por dia

    n hab x gerao per capita = "q" t/d

    2- Clculo de tempo despendido pelo transporte de cada viagem ao sistema de

    tratamento ou destino final (t)

    t= 2D + t' Vt

    D = distncia mdia do centro geogrfico da cidade at o sistema de destino final

    Vt = velocidade de transporte dos resduos slidos coletado at o sistema de destino

    final (25km/h em mdia)

    t 10 minutos = 0,1666 horas (tempo despendido para acesso, pesagem, descarga do

    resduos slidos e sada do local de destino final)

    3 - Clculo do nmero de viagens possveis de realizar dentro de 1 perodo de 7,33

    horas de trabalho.

    n = (q.Vc.T)/((L/2) . c + q. Vc . t)

    Onde:

    n = quantidade mdia de viagens por dia

    q = quantidade to tal de resduos slidos coletada por dia

    Vc = velocidade de coleta (varia de 5 a 7 km/h)

    T = quantidade de horas de servio por dia (7,33 horas)

    L = comprimento total de vias da cidade a serem atendidas pelo sistema de

    coleta (km)

    c = capacidade de carga por viagem (ton.)

    Informa-se que na ausncia de todos os elementos para se calcular o nmero de

    viagens, pode-se adotar n=2,33 viagens.

  • 13

    4 - Clculo da quantidade de caminhes coletores compactadores.

    x = 1/n ((q/c) - Y) + K (frota reserva)

    K = 10% da frota efetiva (servio terceirizado)

    20% da frota efetiva (execuo direta)

    VALOR DE Y retirado da tabela que relaciona a quantidade de viagens e caminhes

    coletores em funo da populao:

    POPULAO QUANTIDADE

    x 1000 VIAGENS CAMINHES

    Y Z

    50 0 0

    100 1,6 1

    200 3,2 2

    300 4,8 3

    400 6,4 4

    : : : : : :

    De posse do nmero de caminhes, calcula -se a quantidade de motoristas e coletores

    que sero necessrios para a execuo dos servios. Vale lembrar, que o nmero

    mnimo de coletores pode ser uma exigncia do sindicato conforme mencionado no

    item 5.2.2.

    7.4 CLCULO DE PREOS PARA UMA ATIVIDADE DE COLETA DE LIXO

    DOMICILIAR

    Ser apresentado um exemplo de composio de custos de coleta domiciliar, utilizando

    um municpio fictcio de aproximadamente 80.000 habitantes, com uma gerao mdia

    RSU de 772 ton/ms e percurso total de coleta de 85 km/dia. Informa-se que os valores

    apresentados so relativos ao ano de 2005.

    1- FROTA DE VECULOS :

    Utilizando-se a metodologia do subitem 7.3.1 obteve-se:

  • 14

    Coleta diurna 2

    Coleta Noturna 2

    Reserva Tcnica 1

    N VECULOS 3 (*)

    (*) Utilizao dos veculos em dois turnos de coleta

    2. CLCULO MO DE OBRA

    Utilizando-se a metodologia do subitem 5.2.2 obteve-se:

    Funes

    Operacionais

    Garis

    Demais Dados

    Motoristas

    3 x n veculos

    Coleta Diurna 3 9

    Coleta Noturna 1 3

    Reserva 1 3

    Total 5 15

    3.QUILOMETRAGEM TOTAL PERCORRIDA:

    4 setores X 26 dias/ms X 85 km/dia = 8.840 km/ms

    4.MO-DE-OBRA DIRETA:

    4.1 Salrios

    Motoristas: R$ 680,00

    Garis: R$ 380,00

    4.2 Adicional de insalubridade:

    Motoristas: 20% do salrio .mnimo. = R$ 60,00

    Garis: 40% do salrio mnimo. = R$ 120,00

    4.3 Ticket Alimentao:

    Motoristas: R$ 0,00 1 (1X25,25XR$ 0,00 R$ 680,00 X0,01)

    Garis: R$ 0,00 1 (1X25,25XR$ 0,00-R$ 380,00X0,01)

  • 15

    4.4 Cesta Bsica:

    Motoristas: R$ 65,00

    Garis: R$ 65,00

    4.5 Vale Transporte:

    Motoristas: R$ 50,67 1 (2x26,25x25x R$ 1 ,60 R$ 680,00 X 0,06)

    Garis: R$ 58,59 1 (2x25,25 x R$1,60-R$380,00x0,06)

    4.6. RESUMO:

    4.6.1 - MOTORISTAS:

    a- Coleta Diurna: 3 motoristas R$ 680,00 = R$ 2.040,00

    b- Coleta Noturna: 2 motoristas R$ 680,00 = R$ 1.360,00

    c- Adicional Noturno: 2 motoristas R$ 44,88 = R$ 89,76

    d- Insalubridade: 5 motoristas R$ 60,00 = R$300,00

    SUB-TOTAL = R$3.789,76/ms

    4.7.2 -GARIS

    a- Coleta Diurna: 9 garis R$ 380,00= R$ 3.420,00

    c- Coleta Noturna: 6 garis R$ 380,00= R$ 2.280,00

    e- Adicional Noturno: 6 garis R$ 44,88 = R$ 269,28

    f- Insalubridade: 15 garis R$ 120,00= R$ 1.800,00

    SUB-TOTAL = R$ 7.769,28

    - Custo da mo- de- obra direta:

    a- Motoristas: R$ 3.789,76

    b- Garis: R$7.769,28

    SUB-TOTAL = R$11.559,04

    Encargos Sociais: 76,36% = R$ 20.385,52/ms

    c -Cesta Bsica: 20 funcionrios R$ 65,00 = R$ 1.300,00/ms

    d- Vale transporte:5 motoristas x R$ 42,40 = R$ 212,00

    15 garis x R$60,40 = R$ 906,00

    TOTAL DA MO-DE OBRA DIRETA R$ 22.803,52/ms

  • 16

    5- UNIFORMES:

    Foram adotados os seguintes consumos para os uniformes:

    5.1- MOTORISTAS:

    Cala/camisa/bota: 6 jogos/ano x R$ 36,25 / jogo/12 = R$ 18,13/ms

    5.2. GARIS:

    Cala: 6 un/ano x R$ 25,00 / um/12 = R$ 12,50 /ms

    Camisa: 6 un/ano x R$ 20,00 / un./ 12 = R$ 10,00 /ms

    Tnis: 12 par/ano x R$ 15,00 / par /12= R$ 15,00/ms

    Bon: 2 un/ano x R$ 6,00 / un. / 12= R$ 1,00/ ms

    Capa de PVC: 2 un/ano x R$ 15,00/un./ 12= R$ 2,50/ms

    Luva: 30 par/ano x R$ 4,50/par / 12= R$11,25/ms

    Coletores 2 un/ano x R$ 18,00/un / 12= R$ 3,00/ms

    TOTAL = R$ 55,25/ms

    5.3. CUSTO DE UNIFORMES

    5 mot. X R$ 18,13 + 15 gari x R$ 55,25= R$919,40/ms

    TOTAL DE UNIFORME: R$ 919,40

    6 - COMBUSTVEL:

    8.840,00 km/ms x R$ 1,78 /I : 1,80 km/I=R$ 8.741,78

    Informa-se que o consumo de combustvel encontrado nas auditorias realizadas pelo

    TCMG tem variado de 1,8 a 4,5 km/l.

    7. PNEU:

    - Tipo utilizado : 1000 x 20 `` x 16

    - Vida til (mdia) : 30.000 km com duas recapagens

    - Custo mensal

    6 pneus x R$ 650,00 /un. = R$3.900,00

    6 cmaras x R$ 67,00 /un. = R$402,00

    6 protetores x R$ 32,00 /un. = R$192,00

    2 recapagens x R$ 185,00 /un. = R$370,00

    SUB-TOTAL = R$ 4.864,00

  • 17

    R$ 4.864,00 : 30.000 KM X 8.840,00 KM/MS = R$ 1.433,26

    TOTAL DE PNEU R$ 1.433,26 /ms

    8. LUBRIFICAO E LAVAGEM:

    - Custo p/km R$ 0,10 /km

    R$ 8.840,00 km/ms x R$ 0,10/km = R$ 884,00

    TOTAL DE LUBRIFICAO E LAVAGEM R$ 884,00 /ms

    9 - MANUTENO:

    -Preo por unidade :

    Chassis = R$ 69.000,00

    Compactador 12m ano 2002 R$ 40.000,00

    TOTAL R$ 109.000,00

    -Custo de manuteno: 65,00 % do valor do veculo novo durante sua vida til

    -Custo total de manuteno:

    3 veic. X (R$ 85.000,00 / vec.) x 0,85 : 60 meses = R$ 4.632,50/ms

    TOTAL DE MANUTENO: R$ 4.632,50 /ms

    10. DEPRECIAO:

    Considerando o valor residual de 10,00 % aps a vida til do veculo.

    3 VEIC. X (R$ 109.000,00 / v c. ) x 0,90 :60 meses = R$ 4.905,00/ms

    TOTAL DA DEPRECIAO: R$ 4.905,00 /ms

    11. CUSTO DO CAPITAL INVESTIDO:

    3 vec. X (R$ 109.000,00 / vec.) x 1,00 % a.m. = R$ 3.270,00/ms

    TOTAL DO CUSTO DO CAPITAL INVESTIDO: R$ 3.270,00/ms

    12. LICENCIAMENTO, SEGUROS OBRIGATRIO , IPVA (1% do valor de chassi)

    - Seguro obrigatrio: = R$ 55,43/ano

    - IPVA: = R$ 485,80 / ano

    - Seguro total e contra terceiros: 4,50% = R$ 3.825,00/ano

    - Licenciamento: = R$ 15,20/ ano

  • 18

    - Custo mensal: = R$ 1,090,00/ano

    3 vec. X (R$ 1.090,00 /ano.)12 meses = R$ 272,50/ms

    TOTAL DE LICENCIAMENTO E SEGURO: R$ 272,50/ms

    13.RESUMO DOS CUSTOS PARA A OPERAO:

    - Mo- de-obra-direta = R$ 22.803,52/ms

    - Uniforme = R$ 919,40 /ms

    - Combustvel = R$8.741,78/ms

    - Pneu = R$1.433,26/ms

    - Lubrificao e Lavagem = R$ 884,00 /ms

    -Manuteno = R$ 4.632,50/ms

    - Depreciao = R$ 5.450,00/ms

    - Custo do capital investido = R$ 3.270,00/ms

    - Licenciamento e Seguro = R$ 272,50/ms

    TOTAL = R$48.406,96/ms

    Mo de obra indireta:

    1 Aux. Operacional x 850,00/ms= R$ 850,00/ms

    Encargos Sociais Mensalistas: 76,36% = R$ 1.499,18/ms

    Vale Alimentao: 1 funcionrio x R$0,00=R$ 0,00/ms

    Cesta Bsica: 1 funcionrio x R$ 65,00 =R$ 65,00/ms

    Vale Transporte: 1 funcionrio x R$32,20 = R$32,20/ms

    TOTAL = R$1.531,26 /ms

    VECULO PARA SUPERVISO, TRANSPORTE E FISCALIZAO (1 veculo tipo

    Perua)

    R$ 4.242,85 x 1 perua = R$ 1.963,28/ms

    VECULO PARA FISCALIZAO E DEMAIS ATIVIDADES

    R$ 1.150,00 X 1 MOTO=R$ 1.150,00/ms

    Considerada a taxa de 15,00 % sobre os custos para cobrir honorrios,

    ordenados,transportes,taxas e despesas gerais.

    - Operao = R$48.406,96/ms

    - Mo-de-obra indireta R$ 1.531,26/ms

  • 19

    - Veculo de superviso R$ 1.963,00/ms

    - Veculo de Fiscalizao = R$ 1.150,00/ms

    = R$ 53.051,22/ms

    - Total das despesas administrativas:

    R$ 53.051,22 x 0,12 = R$ 6.366,15/ms

    14- FATURAMENTO MENSAL (F):

    - Operao + Mo-de-obra indireta+ Veculo de Superviso+Veculo de

    Fiscalizao+Despesas Administrativas

    F = R$ 59.417,37

    15 .B.D.I.= 26,98 %

    16- PREO POR TONELADA COLETADA DE LIXO:

    - Faturamento total: R$ 75.448,17

    - Quantidade de lixo coletado: R$ 772,20

    - Preo Unitrio: R$97,70

    8. CONCLUSO

    O trabalho buscou demonstrar os efeitos prticos de uma metodologia que vem sendo

    utilizada pelos engenheiros do TCEMG para anlise dos preos dos contratos de coleta

    de lixo, com o objetivo de que o controle externo atue tempestivamente no caso de

    ocorrncias de indcios de irregularidades na contratao e prestao desses servios.

  • 20

    REFERNCIAS

    BRETAS, Adalberto Leo. Apostila da Associao Brasileira de Resduos Slidos e

    Limpeza Pblica ABLP;

    Manual de Gerenciamento Integrado de Resduos Slidos elaborado pelo Instituto Brasileiro de Administrao Municipal IBAM, sob o patrocnio da Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidncia da Repblica SEDU/PR.

  • 21

    Autores:

    Nome: Valria Cristina Gonzaga

    Funo: Engenheira Perita

    rgo: Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais

    Endereo: Av. Raja Gabaglia, 1315, 1 andar do Prdio Sede (CAEP), Bairro

    Luxemburgo, CEP 30380-090, Belo Horizonte-MG, telefone: (31)3348-2334, e-mail:

    [email protected]

    Nome: Alberto Magalhes Fonseca

    Funo: Engenheiro Perito

    rgo: Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais

    Endereo: Av. Raja Gabaglia, 1315, 1 andar do Prdio Sede (CAEP), Bairro

    Luxemburgo, CEP 30380-090, Belo Horizonte-MG, telefone: (31)3348-2334, e-mail:

    [email protected]