metodologia para análise de regurgitações de coruja-das-torres

10
José Carlos Morais Metodologia para análise de regurgitações de Coruja-das-torres www.jcmorais.com

Upload: jose-carlos-morais

Post on 29-Jun-2015

133 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

A coruja-das-torres alimenta-se essencialmente de roedores (ratos dométicos, ratos do campo, rato-cego, ou ratazanas), mas também de insectívoros (musaranhos, toupeiras) e pequenas aves. Anfíbios e escaravelhos, embora de modo residual, podem também fazer parte da dieta.As corujas regurgitam pelo bico uma massa ovóide compacta que contém aquilo que não pode ser digerido. A identificação dos crâneos presentes nas regurgitações permite conhecer a diata da coruja e a comunidadede micro-mamíferos da sua área de caça. É uma excelente actividade para a prática de ecologia no ensino secundário.

TRANSCRIPT

Page 1: Metodologia para análise de regurgitações de Coruja-das-torres

José Carlos Morais

Metodologia para análise de

regurgitações de Coruja-das-torres

www.jcmorais.com

Page 2: Metodologia para análise de regurgitações de Coruja-das-torres

2

Page 3: Metodologia para análise de regurgitações de Coruja-das-torres

3

A coruja-das-torres alimenta-se essencialmente de roedores (ratos domésticos, ratos do campo, rato-cego, ou ratazanas), mas também de insectívoros (musaranhos, toupeiras) e pequenas aves.

Anfíbios e escaravelhos, embora de modo residual, podem também fazer parte da dieta.

As plumadas, podem ter vários tamanhos e o seu aspeto varia um pouco com o tempo.

As recentes são moles e pretas, depois passam a duras e lustrosas. As antigas têm um aspeto acinzentado e solto, fragmentando-se com facilidade.

A forma é oval, com um diâmetro maior entre 3 e 6,5 cm.

As corujas regurgitam pelo bico uma massa ovoide compacta que contém aquilo que não pode ser digerido pela ave : ossos, pelos, penas… A essa massa ovoide dá-se o nome de plumada ou egagrópila.

A sua análise permite conhecer o regime alimentar destas aves, revelando uma população de pequenos mamíferos da região, que de outro modo permaneceria invisível

o q

ue

o r

eg

urg

ita

çõ

es.

..

Page 4: Metodologia para análise de regurgitações de Coruja-das-torres

4

Entre os sítios onde se pode pesquisar indícios de presença da coruja-das-torres estão barracões e telheiros agrícolas, edifícios abandonados, silos, moinhos, pombais, depósitos de água, são com aberturas e torres de igreja.

Os proprietários ou trabalhadores das quintas e herdades são boas fontes de informações.

Grutas e cavidades naturais em escarpas, ou nos buracos de postes elétricos duplos em betão, são também dos locais privilegiados por corujas.

on

de

en

co

ntr

ar

reg

urg

ita

çõ

es.

..

As plumadas encontram-se facilmente perto dos locais de pouso habitual das corujas. Penas, dejetos (manchas brancas) e regurgitações, são indícios indicadores de ninhos e de poisos ocasionais ou regulares, dependendo da sua localização e abundância.

Page 5: Metodologia para análise de regurgitações de Coruja-das-torres

5

Trabalho de Campo

1. Procure um local com um número apreciável de regurgitações de coruja-das-torres.

2. Selecione e recolha , 30 regurgitações mais recentes e menos fragmentadas.

3. Se quiser pode envolver as regurgitações individualmente em papel de alumínio para melhor conservação.

4. Coloque-as num saco ou preferencialmente numa caixa de plástico ou frasco de vidro.

5. Registe os dados do local de recolha:

Data;

Hora;

Coordenadas (com auxílio de GPS ou Google Earth);

Relevo, tipo de vegetação e proximidade de cursos de água.

Fotos do local e zona envolvente;

Avistamento de corujas no local.

6. Coloque uma etiqueta no recipiente com as regurgitações.

7. Armazene no laboratório o recipiente fechado com as regurgitações. Se for possível coloque num congelador como medida preventiva contra o vírus da gripe das aves (H5N1).

an

álise

de

re

gu

rgita

çõ

es.

..

Para analisar a dieta da coruja-das-torres, a correção metodológica da fase de trabalho de campo é fundamental. Depois de identificado um local de pouso habitual de corujas, e importante preparar o material para a saída e recolha das regurgitações.

Page 6: Metodologia para análise de regurgitações de Coruja-das-torres

6

Trabalho Laboratorial

Material necessário: Pinças e agulhas de dissecação

Placa de Petri

Régua

Tina

Frasco de lavagem com água

Papel absorvente

Lupa binocular

Chave de classificação

Analise as regurgitações individualmente, não iniciando a análise de uma nova enquanto não concluir a análise anterior.

1. Atribua um número à plumada e, com auxílio de uma régua, registe a medida do maior diâmetro da plumada.

2. Coloque a plumada a amolecer dentro duma tina com água.

3. Com a ajuda de pinças e agulhas de dissecação, abra com cuidado a regurgitação dentro de uma placa de Petri.

an

álise

de

re

gu

rgita

çõ

es.

..

A dissecação das regurgitações em laboratório e a identificação das presas é um trabalho de descoberta fascinante. Uma vez mais a correção da metodologia e do registo são essenciais para o trabalho científico.

Procedimento laboratorial:

Page 7: Metodologia para análise de regurgitações de Coruja-das-torres

7

4. Separe crânios e mandíbulas de pelos e outros ossos não utilizados para a identificação das presas.

5. Limpe o melhor que puder, recorrendo agulhas, pincéis ou escovas de dentes os crâneos e mandíbulas separadas.

6. Tente fazer corresponder os crânios com as mandíbulas encontradas (duas mandíbulas por crânio, mas podem não estar na mesma plumada)

7. Observe a dentição de crânios e mandíbulas à lupa binocular, tentando identificar a presa recorrendo a uma chave de classificação.

8. Guarde os restos identificados num saco ou pequeno embrulho de papel, registando no mesmo o nº da plumada e a presa identificada. Este arquivo poderá ser útil para comparações e esclarecimento de dúvidas de classificação.

an

álise

de

re

gu

rgita

çõ

es.

..

Trabalho Laboratorial

A dissecação das regurgitações em laboratório e a identificação das presas é um trabalho de descoberta fascinante. Uma vez mais a correção da metodologia e do registo são essenciais para o trabalho científico.

Procedimento laboratorial:

Page 8: Metodologia para análise de regurgitações de Coruja-das-torres

8

Depois de concluído o registo da análise da regurgitações e preenchida uma tabela semelhante à da última página, é altura de tratar os dados e discutir os resultados.

Aqui ficam algumas sugestões:

Tamanho das regurgitações:

Calcule o diâmetro médio, e verifique a relação entre o tamanho da plumada e o nº ou tipo de presas encontradas.

Tipo de dieta:

Construa e discuta, um gráfico com as frequências dos diversos grupos de presas identificados na análise da regurgitações. Tente relacionar a frequências das diversas presas com o tipo de habitat do local de recolha.

Coleópteros1% Anfíbios

1% Aves1%

Crocidura14%

Arvicola4%

Microtus22%

Rattus6%

Mus42%

Apodemus8%

Eliomys1%

Diferenças sazonais e de habitat:

Compare dietas de duas corujas que caçam em territórios com características diferentes (por exemplo uma zona mais urbana e outra mais rural). Compare também as características da dieta de uma mesma coruja em diferentes épocas do ano.

dis

cu

ssã

o d

e r

esu

lta

do

s...

Trabalho Laboratorial

Depois de identificadas as presas presentes nas regurgitações analisadas, é tempo de interpretar os resultados, estabelecendo relações entre proporções de presas, condições de habitat ou variações sazonais.

Algumas pistas de discussão:

Page 9: Metodologia para análise de regurgitações de Coruja-das-torres

9

Tabela de Registo de Resultados

Local: Data:

Coordenadas:

Características do Local:

Regu

rgitação

Total

Diâm

etro (cm

)

Co

leóp

teros

An

fíb

ios

Aves

Talpa

Crocid

ura

Arvico

la

Micro

tus

Rattus

Mus

Apodem

us

Eliomys

Total d

e In

divíd

uo

s

tab

ela

de

re

gis

to d

e r

esu

lta

do

s

Page 10: Metodologia para análise de regurgitações de Coruja-das-torres

www.jcmorais.com