manual do programa mãe coruja

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Programa Mãe Coruja Pernambucana Recife – PE 2011 MANUAL DO PROGRAMA MÃE CORUJA PERNAMBUCANA

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Page 1: Manual do programa mãe coruja

Programa Mãe Coruja Pernambucana

Recife – PE 2011

MANUAL DO PROGRAMA MÃE CORUJA PERNAMBUCANA

Page 2: Manual do programa mãe coruja

Programa Mãe Coruja Pernambucana

Eduardo Henrique Accioly Campos Governador do Estado Renata Andrade Lima Campos Coordenadora do Conselho Consultivo do Programa Mãe Coruja Cleuza Pereira do Nascimento Assessora Especial do Governador Antônio Carlos dos Santos Figueira Secretário de Saúde Anderson Gomes Secretário de Educação Laura Mota Gomes Secretária de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos Cristina Buarque Secretária Especial da Mulher Raquel Lyra Secretária da Criança e da Juventude Ranílson Ramos Secretário de Agricultura e Reforma Agrária Alexandre Rebêlo Secretário de Planejamento e Gestão Antônio Carlos Maranhão Secretário de Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo

COMITÊ EXECUTIVO

Ana Elizabeth de Andrade Lima Coordenadora do Comitê Executivo Diretora Geral de Gestão do Cuidado e das Políticas Estratégicas Secretaria Estadual de Saúde Ana Rita Suassuna Secretária Executiva Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos Cláudia Mendes de Abreu Furtado Gerente da Educação de Jovens e Adultos Secretaria de Educação

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Programa Mãe Coruja Pernambucana

COMITÊ DE ASSESSORAMENTO

Ana Elizabeth de Andrade Lima Secretaria Estadual de Saúde Cleuza Pereira do Nascimento Assessoria Especial do Governador Virgínia Maria Holanda de Moura Secretaria Estadual de Saúde Marta Cristina Santos Wanderley Secretaria Estadual de Saúde Danielle de Belli Claudino Gabinete do Governador Ana Paula Gomes da Silva Instituto Agronômico de Pernambuco Maria Inez Lima de Almeida Secretaria de Educação Maria Cristina Gonçalves Gameiro Secretaria de Educação Rafaella Romero Viana Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos Mariana de Andrade Lima Suassuna Superintendência de Segurança Alimentar e Nutricional Cantaluce Mércia Ferreira Paiva Secretaria de Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo Hélida Campos Pereira Lima Gerente Geral de Monitoramento e Avaliação Secretaria de Planejamento e Gestão Fábia Lopes Gomes da Silva Secretaria Especial da Mulher Maria Edivânia Vidal Pregrama Leite de Todos EQUIPE TÉCNICA

Lusanira Santa Cruz Gerente de Apoio Técnico Gustavo Burkhardt Coordenador de Acompanhamento do Programa Mãe Coruja da Região Metropolitana Milena Rebeka de Lira Freire Coordenadora de Acompanhamento do Programa Mãe Coruja da Zona da Mata Keduly Vieira Gadelha Coordenadora de Acompanhamento do Programa Mãe Coruja do Agreste Mikaelle Moreira Pedrosa Coordenadora de Acompanhamento do Programa Mãe Coruja do Sertão

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Programa Mãe Coruja Pernambucana

Ana Maria de Lima Oliveira Coordenadora de Ações Intersetoriais da Região Metropolitana e Zona da Mata Daniel Saboya Paes Barretto Coordenador de Ações Intersetoriais do Agreste Iramaraí José Vilela de Freitas Coordenador de Ações Intersetoriais do Sertão Wedja Santana da Silva Assessora Técnica Superintendência de Segurança Alimentar e Nutricional Tânia Maria de Andrade Lima Coordenação de Ações Intersetoriais Cristina Pinheiro Rodrigues Coordenador de Analise e Acompanhamento dos Indicadores Promgrama Mãe Coruja Ana Renata Pinto de Lemos Cordeiro Gerente de Atenção a Saúde da Mulher Alessandra Fam Galvão Machado e Silva Gestora da Saúde da Criança e do Adolescente

EQUIPE DE APOIO DA SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE André Luiz Feitosa Francisco Gonçalves de Queiroz Neto Valéria Wanda Heitor de Medeiros Noêmia Siqueira Garcia Marta de Melo Macedo Milton Amorim Soares Júnior Nadjane Cavalcante da Silva Burkhardt Carlos Antonio Vieira de Freitas Adelson José de Santana Paulo de França Nunes SISTEMA DE INFORMAÇÃO

José Henrique Lins Neto Coordenador de Desenvolvimento de Sistemas Almira Magalhães de Vasconcelos Farias Gerente de Sistemas

REVISÃO DE TEXTO Suzana Costa Carvalho

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Programa Mãe Coruja Pernambucana

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SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO .............................................................................. 6

2 INTRODUÇÃO .................................................................................... 7

2.1 Cenário: contextualização do problema da atenção à mulher e à

criança ................................................................................................

7

3 O PROGRAMA MÃE CORUJA PERNAMBUCANA ........................... 9

3.1 A escolha do nome: Mãe Coruja Pernambucana ......................... 10

3.2 Objetivo Geral do Programa Mãe Coruja Pernambucana ............ 11

3.3 Secretarias Estaduais envolvidas com o Programa Mãe Coruja

Pernambucana ...................................................................................

11

3.4 Eixos Prioritários e seus objetivos ................................................ 11

3.4.1 Saúde ................................................................................... 11

3.4.2 Educação .............................................................................. 12

3.4.3 Desenvolvimento e Assistência Social ................................. 12

3.5 Organograma Programa Mãe Coruja Pernambucana .................. 12

3.6 O Canto Mãe Coruja Pernambucana e seus profissionais ........... 13

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................ 15

6 ANEXOS

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Programa Mãe Coruja Pernambucana

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1 APRESENTAÇÂO

Este manual é um instrumento de orientação para todos que, de

alguma forma, irão se envolver no processo de implantação, desenvolvimento,

monitoramento e avaliação das ações do Programa Mãe Coruja

Pernambucana, pois ele oferece algumas informações básicas sobre: o cenário

de atenção à saúde da mulher e da criança, no qual o programa foi inserido;

além de esclarecimentos sobre os objetivos, os eixos de atuação, as

secretarias envolvidas, o organograma da gestão, o Sistema de Informação, o

processo de trabalho e fluxograma do Canto Mãe Coruja; e ainda o porquê da

escolha do nome “Mãe Coruja”.

Atualmente o Programa Mãe Coruja Pernambucana está implantado

em 95 municípios do Estado (Anexo 1), beneficiando mais de 60 mil mulheres e

26 mil crianças (Gerência do Programa Mãe Coruja, agosto/2011), e todas as

ações desenvolvidas objetivam reduzir a mortalidade materna e infantil,

melhorando a qualidade de vida e as condições de saúde da população de

Pernambuco. A próxima etapa a ser conquistada é a implementação do

programa onde ele já está inserido e implantá-lo em mais oito municípios do

Estado (Casinhas, Condado, São Vicente Ferrer, Jaqueira, Riacho da Almas,

Mirandiba, Terra Nova e Iguaraci), onde os coeficientes de mortalidade infantil

também encontram-se muito elevados.

Antes de finalizar esta apresentação, aponta-se que os desafios

encontrados para o desenvolvimento e cumprimento dos objetivos de um

programa tão audacioso quanto o Mãe Coruja Pernambucana são muitos, mas

o desejo de mudança e os avanços alcançados, principalmente no Sertão do

Estado, são visíveis.

É nesse contexto que o Programa Mãe Coruja e toda a sua equipe dão

as boas vindas e recebem de coração aberto todos aqueles dispostos a

contribuir e abraçar o grande desafio de mudar a realidade e transformar vidas.

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Programa Mãe Coruja Pernambucana

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2 INTRODUÇÃO

2.1 Cenário: contextualização do problema da atenção à mulher e à

criança

O Brasil, apesar de grandes avanços legais, como o reconhecimento

dos direitos sexuais e reprodutivos e a promulgação do Estatuto da Criança e

do Adolescente, além de avanços nas áreas de saúde, educação e assistência

social, como revelam as estatísticas desses setores, ainda vivencia, em muitas

regiões e de forma desigual, problemas sociais que colocam em risco e em

situação de vulnerabilidade pessoal e social milhares de pessoas, sendo na

maioria dessas, mulheres e crianças.

No caso de Pernambuco, a vulnerabilidade das crianças e mulheres

em sua trajetória de maternidade acentuam-se no interior das comunidades

quilombolas, das aldeias indígenas, dos assentamentos e dos inúmeros

bolsões de miséria urbanos e rurais. Considerando a divisão geofísica, a zona

semi-árida pernambucana, assim como acontece em todo semi-árido brasileiro,

apresenta os piores indicadores de mortalidade materna e infantil.

Dessa forma os coeficientes de mortalidade infantil (CMI) de

Pernambuco refletem o cenário da desigualdade existente no Estado.

Enquanto na capital ocorrem 12,7 óbitos para cada mil crianças nascidas vivos,

no sertão este coeficiente sobe para 25,8 por mil (Ministério da Saúde,

DATASUS/SVS/DASIS/SINASC/SIM, 2007), indicando que as crianças

nascidas na capital têm maior chance de viver que as no sertão.

Quanto à condição da mulher nesse cenário, a quem historicamente

sempre coube o lugar de “cuidadora” por excelência, é observada uma

modificação através da ampliação de suas responsabilidades, que passaram a

combinar os papéis de cuidadora e provedora sem, contudo, se refazer, no

mesmo espaço de tempo, a simbologia da figura materna que desempenhou

em outros momentos qual seja a de garantidora de serviços e atenções ao

grupo familiar à custa da privação da condição de cidadã, ou seja, de direitos

civis, políticos e sociais.

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Programa Mãe Coruja Pernambucana

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Registra-se essa modificação em níveis diferenciados nas diversas

regiões do país, conquanto identifique-se nas áreas metropolitanas um

crescente aumento dessa representação feminina, não correspondendo,

contudo, a um aumento proporcional da participação masculina nas atividades

da vida privada.

Vê-se, portanto, que a mulher, ao passo que assume a

responsabilidade da família, enquanto pessoa de referência, reforça a sua

função de “cuidadora”, desencadeando a questão: se ela cuida de todos, quem

cuida da mulher?

Outro aspecto preocupante no processo de formação das famílias é a

presença de altos índices de gravidez na adolescência. Essa dinâmica

configura-se numa situação de risco, não só para adolescentes, mas também

para o das crianças frutos dessa geração.

Tal situação agrava-se quando a condição de imaturidade das futuras

mães está associada à baixa renda, a níveis de escolaridade precários e a

situações de desigualdades no acesso às políticas públicas, constituindo-se em

um problema social de largo espectro, cujo ponto de partida para a solução

localiza-se, sem dúvida, na articulação de ações entre saúde e educação.

Diante do exposto, o Governo do Estado de Pernambuco, em outubro

de 2007, lança o Programa Mãe Coruja Pernambucana, que surge do desejo

de realizar um programa que pudesse cuidar de forma ampla da mulher e das

crianças, fortalecendo os vínculos afetivos; promovendo uma gestação

saudável; e garantindo às crianças nascidas no território pernambucano o

direito a um nascimento e desenvolvimento saudável e harmonioso.

Esse programa, que oficialmente nasceu no dia 04 de outubro de 2007

por meio do Decreto nº. 30.859, foi instituído como Lei nº 13.959 (Anexo 2) em

15 de dezembro de 2009 e desde então trabalha com políticas públicas

integradas em defesa da vida.

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Programa Mãe Coruja Pernambucana

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3 O PROGRAMA MÃE CORUJA PERNAMBUCANA

Reduzir a mortalidade infantil e materna é o principal objetivo do

Programa Mãe Coruja Pernambucana, que cuidando de forma integral das

gestantes e crianças de 0 a 5 anos, através da articulação intersetorial de oito

secretarias do Estado que se unem e trabalham de forma integrada dentro de

três eixos: Saúde, Educação e Desenvolvimento e assistência social.

Esse programa se alicerça em três pilares:

1. No reconhecimento dos direitos das mulheres, visto que são elas que

engravidam e quando não acompanhadas de forma sistemática e plena pelo

Estado, pela sociedade e pela família são as que mais sofrem conseqüências,

muitas vezes irreversíveis;

2. No reconhecimento da infância como um dos universos etários

prioritários na formulação de políticas sociais conforme o Estatuto da Criança e

do Adolescente e;

3. No reconhecimento e definição como política prioritária e estratégica

para o Estado de Pernambuco no enfrentamento das desigualdades sociais.

Dessa forma, o processo de cuidados do Programa Mãe Coruja

Pernambucana com as mulheres e crianças se estabelece a partir da

confirmação da gravidez pela rede de saúde, seguida do acompanhamento do

pré-natal, com estímulos ao fortalecimento das relações familiares, vinculação

à maternidade, onde ocorrerá o parto humanizado, e estendendo-se às ações

de segurança alimentar e nutricional sustentável de mãe e filho. Além disso,

estimula-se a autonomia sócio-econômica através do direito à documentação,

da oferta de formação e profissionalização para as mulheres atendidas.

É no entrelaçamento dessa teia social que o Programa Mãe Coruja

Pernambucana, implantado em 95 municípios do Estado, apresenta-se.

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Programa Mãe Coruja Pernambucana

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3.1 A escolha do nome: Mãe Coruja Pernambucana

O imaginário coletivo tem um forte poder nas

práticas da sociedade e não é a toa que muitas vezes as

pessoas se remetem aos contos, ritos e ditados

populares para justificar e explicar as coisas do cotidiano, tempo e espaço

onde vivem.

A expressão “mãe coruja” faz parte da cultura popular e diz respeito às

mães que cuidam e se orgulham de seus filhos. Conta a fábula, de origem

incerta e atribuída a vários autores, de La Fontaine à Monteiro Lobato, que uma

coruja teve seus filhotes devorados por uma águia, porque ao referir-se a eles,

só ressaltava as qualidades.

A coruja também é o símbolo clássico da filosofia. Esse animal possui

boa visão durante o dia, apesar de muitos pensarem o contrário. Ele tem a

capacidade de ampliar seu campo de visão durante a noite dilatando suas

pupilas para aproveitar o máximo da claridade, e consegue movimentar-se de

forma a enxergar tudo em sua volta. Além disso, tem intuição e sabedoria, e na

tradição Guarani, o Grande Espírito manifestou-se em forma de colibri e de

uma coruja.

Diante do exposto, acrescenta-se que a escolha do nome Mãe Coruja

Pernambucana veio da reflexão sobre o desejo de se colocar em prática um

programa que precisaria enxergar o todo, compreender e articular as partes

com muita sabedoria, para cuidar de forma ampla da mulher gestante e de

seus filhos, integrando as ações de oito secretarias do Estado e alcançando

seu objetivo principal de combater a mortalidade infantil e materna nas áreas

mais vulneráveis do Estado de Pernambuco.

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Programa Mãe Coruja Pernambucana

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3.2 Objetivo Geral do Programa Mãe Coruja Pernambucana

Garantir atenção integral às gestantes usuárias do sistema público de

saúde, bem como aos seus filhos e famílias, incentivando o fortalecimento dos

vínculos afetivos e criando uma rede solidária para redução da mortalidade

infantil e materna, além da melhoria de outros indicadores sociais, através de

ações articuladas nos eixos da saúde, educação, desenvolvimento e

assistência social.

3.3 Secretarias Estaduais envolvidas com o Programa Mãe Coruja

Pernambucana

Secretaria de Saúde

Secretaria da Mulher

Secretaria de Educação

Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos

Secretaria de Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo

Secretaria da Criança e Juventude

Secretaria da Agricultura

Secretaria de Planejamento e Gestão

3.4 Eixos Prioritários e seus objetivos

3.4.1 Saúde

Implantar a Política de Direitos Reprodutivos;

Garantir atenção ao pré-natal com qualidade;

Garantir acesso ao parto/nascimento humanizado;

Assegurar acompanhamento do puerpério e puericultura;

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Programa Mãe Coruja Pernambucana

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Garantir atenção integral e humanizada à mulher e à criança nas

intercorrências da gestação, parto, nascimento, puerpério e situação de

abortamento

Reduzir o número de internações de crianças de 0 a 5 anos por

doenças diarréicas, respiratórias e por acidentes;

Promover ações para reduzir os índices de desnutrição infantil e

materna;

Mobilizar agentes sociais em defesa dos direitos de crianças e

mulheres

3.4.2 Educação

Atender as mulheres cadastradas no programa, com objetivo de

consolidar processos de alfabetização, letramento e elevação de escolaridade,

possibilitando as mesmas, o pleno exercício de cidadania e sua maior inserção

no mercado de trabalho.

3.4.3 Desenvolvimento e Assistência Social

Promover a proteção e inclusão social das pessoas e famílias em

situação de vulnerabilidade e risco social;

Consolidar os direitos sociais e de cidadania;

Melhorar a regularidade, quantidade e qualidade da alimentação das

crianças, gestantes e nutrizes com vistas à segurança alimentar e nutricional

sustentável.

3.5 Organograma do Programa Mãe Coruja

O Programa Mãe Coruja Pernambucana está estruturado e instituído

dentro da estrutura organizacional da Secretaria de Saúde e apresenta também

um fluxograma de gestão com categorias intersetoriais, conforme explicitado na

figura 1.

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Programa Mãe Coruja Pernambucana

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Figura 1 – Organograma da Gestão do Programa Mãe Coruja

Pernambucana.

3.6 O Canto Mãe Coruja Pernambucana e seus profissionais

O Canto Mãe Coruja é um espaço de acolhimento, onde ocorre o

cadastramento das gestantes, funcionando como ponto de apoio para os

profissionais selecionados pelo Estado para atuarem nos municípios como

articuladores do programa no âmbito local.

O Canto Mãe Coruja monitora a gestante desde o momento em que a

gravidez é detectada. Esse acompanhamento é feito através do processo de

cadastramento, encaminhamento e monitoramento do pré-natal, parto, pós-

parto e crescimento e desenvolvimento da criança do nascimento até os 05

anos de idade.

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Programa Mãe Coruja Pernambucana

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Cada Canto Mãe Coruja possui dois profissionais, cujo trabalho

consiste em cadastrar e monitorar as gestantes identificadas, articulando no

território do município as ações das diversas Secretarias Estaduais e

Municipais que participam do programa; potencializando os diversos

instrumentos governamentais e da sociedade organizada que trabalham para a

promoção da melhoria das condições de vida das gestantes, crianças e seus

familiares. Segue abaixo esquema com o fluxograma do Canto Mãe Coruja

Figura 2 – Fluxograma do Canto Mãe Coruja

O monitoramento das gestantes e crianças do programa é realizado por

um Sistema de Informação, acessado a partir do portal da Secretaria Estadual

de Saúde, que é alimentado pelo profissional do canto. Esse sistema foi

desenvolvido baseado nas informações do formulário de cadastramento e

monitoramento do Canto Mãe Coruja, que os profissionais do canto utilizam

para cadastrar e acompanhar gestantes e crianças.

Page 15: Manual do programa mãe coruja

Programa Mãe Coruja Pernambucana

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O Sistema de Informação, que foi criado pela Secretaria de Saúde de

Pernambuco, visa auxiliar todos os profissionais envolvidos com o Programa

Mãe Coruja e constitui-se na ferramenta oficial para coleta de dados,

operacionalização das atividades e extração de informação. Através desse

sistema, acessado pela Internet, o profissional do Canto Mãe Coruja e os

profissionais de todas as secretarias e gerências que participam do programa

poderão realizar o acompanhamento e avaliação de suas atividades. Além

disso, esse sistema oferece informações e indicadores em tempo real,

facilitando as análises de resultados e subsidiando o planejamento e a tomada

de decisão.

Figura 3 – Fluxo do Sistema de Informação do Programa Mãe Coruja

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma grande mobilização a favor da vida foi iniciada em 2007 no Sertão

do Araripe, onde estavam os piores indicadores saúde de Pernambuco, além

de muitos cemitérios clandestinos que já faziam parte do cotidiano das pessoas

e confundiam-se, muitas vezes, com o costume “cultural” de ter seus entes

enterrados nos quintais das casas, forma de mantê-los por perto. Essa região,

considerada longínqua e esquecida, que não fazia parte da agenda de políticas

públicas, foi o local escolhido para iniciar a implantação do Programa Mãe

Coruja, o qual sonhava mudar a realidade e transformar vidas.

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Programa Mãe Coruja Pernambucana

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Hoje, esse programa está implantado e tem suas ações consolidadas

em 95 municípios Pernambucanos, nos quais já cadastrou mais de 60 mil

mulheres, dentre elas, atualmente 19.243 estão gestantes (Gerência do

Programa Mãe Coruja, agosto/2011). Com o intuito de contribuir mais para a

redução da mortalidade materna e infantil, melhorando as condições de vida e

saúde da população, o Programa Mãe Coruja será implantado em mais oito

municípios do Estado.

Para que esta implantação seja bem sucedida, é fundamental que os

Secretários de Saúde, Educação e Desenvolvimento e Assistência Social,

assim como as demais pastas dos municípios, destacando-se os

Coordenadores da Atenção Primária à Saúde, os Diretores das Maternidades e

Unidades de Saúde municipais e regionais, e todas as entidades e órgãos

parceiros, conheçam o Programa Mãe Coruja Pernambucana.

Além disso, é de extrema importância que todos estejam sintonizados

com esse movimento de combate e enfrentamento à mortalidade materna e

infantil, o qual foi desencadeado pelos que acreditam e atuam no Programa

Mãe Coruja Pernambucana, ou em parceria com ele, em âmbito municipal,

regional e estadual. Foi por meio do desenvolvimento de um trabalho integrado

e participativo que hoje, após três anos de implantação, a redução da

mortalidade infantil, nos sertões do Araripe, Moxotó e São Francisco, foram,

respectivamente 22,0%, 14,5% e 20,9%, percentual bem superior a diminuição

do CMI no Estado, que é de 10,0%, indicando que o Programa Mãe Coruja

Pernambucana caminha na direção certa.

Finalmente, podemos afirmar que o caminho é longo, mas juntos, e

respaldados por uma vontade política incontestável de mudança, Estado,

Municípios e sociedade civil constroem um Pernambuco menos desigual e com

mais justiça social.

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Programa Mãe Coruja Pernambucana

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ANEXO 1

Relação dos municípios que possuem o Programa Mãe Coruja

por Regional de Saúde

I Regional de Saúde

Araçoiaba

II Regional de Saúde

Aliança

Cumaru

Ferreiros

Macaparana

Salgadinho

III Regional de Saúde

Amaraji

Catende

Cortês

Joaquim Nabuco

Lagoa dos Gatos

Maraial

Palmares

Quipapá

Rio Formoso

Xexéu

IV Regional de Saúde

Agrestina

Belo Jardim

Bonito

Camocim de São Félix

Ibirajuba

Jataúba

Jurema

Panelas

Sairé

Sanharó

São Caitano

Tacaimbó

Vertentes V Regional de Saúde Águas Belas Angelim Bom Conselho Brejão Caetés Calçado Canhotinho Capoeiras Correntes Garanhuns Iati Itaíba Jucati

Jupi Lagoa do Ouro Lajedo Palmeirina Paranatama Saloá São João Terezinha VI Regional de Saúde Arcoverde Buíque Custódia Ibimirim Inajá Jatobá Manari Pedra Petrolândia Sertânia Tacaratu Tupanatinga Venturosa VIII Regional de Saúde Afrânio Cabrobó Dormentes Lagoa Grande Orocó Petrolina Santa Maria da Boa Vista IX Regional de Saúde Araripina Bodocó Exu Granito Ipubi Moreilandia Ouricuri Parnamirim Santa Cruz Santa Filomena Trindade X Regional de Saúde Carnaíba Itapetim Santa Terezinha Solidão XI Regional de Saúde Betania Calumbi Carnaubeira da Penha Flores Floresta Itacuruba Santa Cruz da Baixa Verde Sao Jose do Belmonte Serra Talhada Triunfo

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Programa Mãe Coruja Pernambucana

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LEI Nº 13.959, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2009.

Dispõe sobre o Programa Mãe Coruja Pernambucana.

O GOVERNADOR DO ESTADO DE PERNAMBUCO:

Faço saber que a Assembléia Legislativa decretou e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

DOS OBJETIVOS

Art. 1º O Programa Mãe Coruja Pernambucana, instituído em conformidade com o Decreto nº. 30.859, de 04 de outubro de 2007, e com o Decreto nº. 31.247, de 28 de dezembro de 2007, e alteração, observará o disposto na presente Lei.

Art. 2º O Programa Mãe Coruja Pernambucana tem os seguintes objetivos:

I – articular, formular, executar e monitorar ações que promovam a redução da morbi-mortalidade materna e infantil no Estado de Pernambuco;

II – qualificar a atenção integral e humanizada à mulher durante o ciclo gravídico-puerperal;

III – qualificar a atenção integral e humanizada às crianças até o primeiro ano de vida;

IV – articular, fortalecer e supervisionar as políticas públicas de atenção à primeira infância desenvolvidas pelos Municípios;

V – fortalecer os Comitês de Investigação do Óbito Infantil e Materno e os Comitês de Prevenção e Redução da Mortalidade Infantil em todo o Estado;

VI – consolidar os direitos de cidadania mediante acesso à documentação;

VII – fortalecer vínculos familiares através da proteção social básica;

VIII – fortalecer a segurança alimentar e nutricional de gestantes cadastradas no programa e de suas crianças por meio de ações de educação alimentar e da articulação de programas governamentais e não-governamentais nas áreas de saúde, assistência social e agricultura;

IX – propiciar espaços de informação e qualificação profissional das famílias beneficiárias, promovendo a sua inclusão produtiva de modo sustentável;

X – consolidar a alfabetização e a melhoria do nível de escolaridade das famílias acompanhadas;

XI – promover ações articuladas, constituindo uma rede de solidariedade entre programas e ações desenvolvidos pelo Estado, pelos Municípios, por entidades não-governamentais e pela sociedade.

Art. 3º O Programa Mãe Coruja Pernambucana tem a seguinte estrutura:

I - Conselho Consultivo;

II – Comitê Executivo;

III – Comitê de Assessoramento; e

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Programa Mãe Coruja Pernambucana

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IV – Comitês Regionais.

Parágrafo único. A definição do objetivo, dos membros e o modo de funcionamento dos órgãos de que trata o caput deste artigo serão estabelecidos em Decreto.

CAPÍTULO II

DAS BENEFICIÁRIAS E DO CADASTRAMENTO

Art. 4º O Programa Mãe Coruja Pernambucana destina-se às mulheres gestantes, residentes no Estado de Pernambuco, usuárias do Sistema Único de Saúde, a partir da confirmação da gravidez, abrangendo a atenção integral à gestação, parto e puerpério, estímulo à alfabetização das gestantes, proteção social e segurança alimentar e nutricional da mãe e da criança.

§1º São, ainda, destinatárias do Programa, as crianças cuja gestação e parto foram acompanhados pelo Estado na forma desta Lei.

§ 2º O Programa englobará, além do estabelecido no caput deste artigo, ações de estímulo à autonomia socioeconômica, através da viabilização do direito à documentação e da formação e profissionalização das mulheres atendidas e respectivas famílias.

Art. 5º Serão cadastradas no Programa as mulheres residentes no Estado de Pernambuco, usuárias do Sistema Único de Saúde do Município contemplado na forma do art. 6º desta Lei, até o 5º mês de gestação.

Parágrafo único. A gestante que, após o 5º mês de gestação, comprovar a realização de, pelo menos, 04 (quatro) consultas de pré-natal, poderá ser incluída no Programa, após análise dos profissionais do "Canto Mãe Coruja", em conjunto com os profissionais de saúde.

CAPÍTULO III

DA ADESÃO DOS MUNICÍPIOS

Art. 6º O Programa Mãe Coruja Pernambucana será implantado nos Municípios do Estado, mediante assinatura de termo de cooperação, de acordo com as diretrizes estabelecidas no plano de trabalho de que trata o parágrafo único do artigo 2º do Decreto nº 30.859, de 04 de outubro de 2007, ou de outro documento que venha a substituí-lo, e do coeficiente de mortalidade infantil da localidade.

Parágrafo único. Em cada Município contemplado pelo Programa haverá um espaço de referência, denominado "Canto Mãe Coruja", a ser instalado de acordo com o respectivo termo de cooperação, tendo por atribuição atender diretamente as gestantes e crianças beneficiadas, realizando o cadastramento e o encaminhamento às ações específicas de cada Secretaria Estadual ou órgão municipal envolvidos.

Art. 7º A Secretaria Estadual de Saúde editará portaria fixando critérios e condições para habilitação de hospitais como "Hospital-Maternidade Mãe Coruja", com o objetivo de criar uma rede estadual materno-infantil para qualificação e humanização do parto das gestantes usuárias do Sistema Único de Saúde no Estado.

CAPÍTULO IV

DAS AÇÕES DO PROGRAMA

Art. 8º As mulheres cadastradas no Programa poderão ser beneficiadas com as seguintes ações:

I – realização do parto humanizado;

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Programa Mãe Coruja Pernambucana

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II – alfabetização e melhoria do nível de escolaridade;

III - educação em segurança alimentar e nutricional;

IV – acesso à documentação;

V – oferta de cursos de formação e profissionalização;

VI – enxoval básico para o recém-nascido.

§ 1º As gestantes cadastradas no Programa somente poderão vir a receber o enxoval básico de que trata o inciso VI do caput deste artigo se comprovada a realização de, no mínimo, 06 (seis) consultas de acompanhamento pré-natal.

§ 2º Não se aplica o disposto no parágrafo anterior às gestantes cujos partos sejam realizados prematuramente.

§ 3º Os familiares da gestante poderão ser incluídos nas políticas e ações estabelecidas pelo Programa.

CAPÍTULO V

DAS ATRIBUIÇÕES DOS ÓRGÃOS ESTATAIS

SEÇÃO I

DA SECRETARIA DE SAÚDE

Art.9º Compete à Secretaria de Saúde, no âmbito do Programa:

I – implantar a Política de Direitos Sexuais e Reprodutivos;

II – fortalecer ações para garantir atenção ao pré-natal com qualidade;

III – viabilizar o acesso ao parto humanizado;

IV – qualificar o acompanhamento à saúde da mãe, no puerpério, e da criança, na forma desta Lei;

V – qualificar a atenção integral e humanizada à gestante e à criança nas intercorrências da gestação, parto, nascimento, puerpério e situação de abortamento;

VI – promover ações de redução dos índices de desnutrição infantil e materna; e

VII – mobilizar agentes sociais em defesa dos direitos de crianças e mulheres.

SEÇÃO II

DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

Art. 10. Compete à Secretaria de Educação, no âmbito do Programa, estimular a alfabetização e a melhoria da escolaridade das gestantes e de suas famílias.

SEÇÃO III

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Programa Mãe Coruja Pernambucana

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DA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL E DIREITOS HUMANOS

Art. 11. Compete à Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, no âmbito do Programa:

I – identificar gestantes e crianças em situação de vulnerabilidade social, alimentar e nutricional, articulando programas e ações sociais de saúde e de extensão rural na perspectiva da segurança alimentar e nutricional;

II – realizar ações de educação alimentar com vistas à segurança alimentar e nutricional por meio de oficinas se aproveitamento total dos alimentos e práticas alimentares saudáveis;

III - estimular o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, através de uma política de proteção social;

IV – qualificar o atendimento dos Centros de Referência de Assistência Social – CRAS e da rede socioassistencial, através da capacitação dos agentes públicos e sociais;

V – articular a inclusão da gestante e de sua família em outros programas sociais e o seu atendimento através do Sistema Único da Assistência Social – SUAS.

SEÇÃO IV

DA SECRETARIA DE AGRICULTURA E REFORMA AGRÁRIA

Art. 12. Compete à Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária, no âmbito do Programa:

I - promover a realização de cursos de aproveitamento integral dos alimentos;

II - promover a realização de oficinas de orientação, para redução e prevenção da intoxicação e infecção alimentar;

III – promover a realização de oficinas de orientação, para descarte adequado do lixo alimentar;

IV – promover a inclusão das gestantes e de suas famílias nos programas e ações desenvolvidos pela Secretaria.

SEÇÃO V

DA SECRETARIA ESPECIAL DE JUVENTUDE E EMPREGO

Art. 13. Compete à Secretaria Especial de Juventude e Emprego, no âmbito do Programa:

I - promover a inclusão das gestantes e respectivas famílias em programas de qualificação profissional;

II – facilitar a inclusão das gestantes e respectivas famílias no mercado de trabalho, através da Agência do Trabalho.

SEÇÃO VI

DA SECRETARIA ESPECIAL DA MULHER

Art. 14. Compete à Secretaria Especial da Mulher, no âmbito do Programa:

I – promover ações de sensibilização dos agentes sociais e da comunidade para os direitos da mulher; e

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Programa Mãe Coruja Pernambucana

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II – inserir as beneficiárias em ações de promoção de acesso à documentação, em conjunto com a Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos.

CAPÍTULO VI

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 15. Poderão ser desenvolvidas, pelos órgãos e entidades estatais, ações que não estejam elencadas nos Capítulos IV e V desta Lei, desde que relacionadas com os objetivos do Programa, constantes do seu art. 2º.

Art. 16. O Poder Executivo regulamentará a presente Lei, mediante Decreto.

Parágrafo único. Permanecem em vigor, no que não contrariarem a presente Lei, o Decreto nº 30.859, de 04 de outubro de 2007, o Decreto nº 31.247, de 28 de dezembro de 2007, e o Decreto nº 33.386, de 18 de maio de 2009.

Art. 17. As despesas com a execução da presente Lei correrão à conta de dotações orçamentárias previstas na Lei Orçamentária Anual.

Art. 18. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, retroagindo os seus efeitos a 04 de outubro de 2007.

Art. 19. Revogam-se as disposições em contrário.

PALÁCIO DO CAMPO DAS PRINCESAS, em 15 de dezembro de 2009.

EDUARDO HENRIQUE ACCIOLY CAMPOS

Governador do Estado

DJALMO DE OLIVEIRA LEÃO

LUIZ RICARDO LEITE DE CASTRO LEITÃO

FERNANDO BEZERRA DE SOUZA COELHO

FRANCISCO TADEU BARBOSA DE ALENCAR