metodologia de laboratório

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Metodologia de laboratório (procedimentos e análise) Os artefatos oriundos dos sítios arqueológicos e das ocorrências referentes ao Projeto de Resgate Arqueológico, Monitoramento e Educação Patrimonial !" #$$ %& !ui' on'aga aran*uns, !" #$$ %& aran*uns + Pau erro, !" #$$ %& a ran*uns + -ampin a r ande .. ., !" /0$ %& a ran*uns + Angel im . e sube st ação (1E) 1E #$$2 /0$ %& ara n*uns foram ma nuseados, ana lisados e acondicionados no Laboratório de Estudos Arqueológicos (LEA), que está localizado no Ce nt ro de ilosofia e Ciências !u ma na s (CC!) , da "n i# ersidade ede ra l de $ernambuco ("$E)% Os &rocedimentos adotados no tratamento dos artefatos consistiram na sele'o, lim&eza, registro e &osterior análise% nicialmente, foi realizada uma &r*#ia triagem de todo o ma teri al coletado em cam&o% +e st a forma, ut il izando co mo cr it* ri o a  &ossibilidade de informa'es que cada artefato &oderia fornecer, foram selecionados os fragmentos que a&resentaram atributos significati#os% Em seguida, &rosseguiu-se com a lim&eza mec.nica e /mida, fazendo uso de esco#a macia e água, e0ceto nos #estígios como o ti1olo, o ferro, o metal, o osso, o car#o, a madeira e o malacológico% Continuamente, na identifica'o indi#idual dos artefatos, estes foram numerados com as siglas corres&ondentes as iniciais dos nomes atribuídos aos sítios ou ocorrências, seguido da numera'o da etiqueta e o n/mero da &e'a (&or e0em&lo, 2ítio 3atobá 4, etiqueta 5678, &e'a 4, a numera'o corres&ond ente * 23A4-5678%4)% "ma #ez tombados, foi inic iada a aná lise indi#idual de ca da fragme nto conforme as car act erísti ca s tecnológicas, decorati#as e morfológicas de cada ti&o de material% As informa'es resultantes da identifica'o e análise de cada &e'a foram registradas em fic9as e armazenadas em um banco de dados (  Microsoft Access), &ara organiza' o e estatística dos materiais coletados% +esse modo, cada registro do banco de da do s corres &o nde a um ar te fato, a& resent an do as caracterís ti ca s re ferent es : morfologia, t*cnica de su&erfície, ti&o de decora'o, coordenadas geográficas, &onto to&ográfico, nome do sítio, data, n/mero da &e'a, n/mero da etiqueta, etc% A&ós todo o &rocesso que abarca lim&eza, identifica'o e análise, os art efa tos foram de# ida me nte acond ici onados em sa cos &lá sti cos den tro de cai 0a s  &lásticas numera das%

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Conforme figura a seguir, sero descritos os ti&os de materiais coletados e um

 bre#e resumo das características que foram consideradas nas análises laboratoriais;

 

Material -er3mico

 <o estudo da cer.mica do &eríodo 9istórico no =rasil nos de&aramos com #ários

 &roblemas de ordem cronológica, de origem, de terminologia, de conceitua'o e das

diferentes formas de &rodu'o% Al*m da cer.mica #inda de outros &aíses da Euro&a,

aquela &roduzida a&ós a descoberta do =rasil &ode ser identificada como

>neobrasileira4?, >regional?, >&ote de barro?, >&o&ular? e >cabloca?%

@ego (547, &% 5B) reflete sobre o estudo da cer.mica encontrada em sítios

9istóricos, mostrando o caráter ainda inci&iente desses estudos, e as discusses sobre as

quais seriam os termos a&ro&riados, a defini'o de conceitos e delimita'o es&a'o-

tem&oral da &rodu'o e uso da cer.mica &ós-contato;

+entre os &rimeiros trabal9os desen#ol#idos, destacam-se as &esquisas que

foram realizadas &or Odemar +ias 3r% (4B7) que a definiu como >umaimita'o e0ecutada &elo caboclo 8 , &artindo de um modelo, mais e#oluído,colonial?, e a conceituou como >cer.mica cabocla?% Dais tarde, no mesmoano, redefiniu-a como >cer.mica neobrasileira?, com este termo o autor fazreferência a gru&os neo-brasileiros (com 9ífen)% O termo neo-brasileiro foidesen#ol#ido atra#*s de &esquisas etnográficas realizadas no início do s*culo, &elo #ia1ante, etnólogo e indigenista Curt <imuenda1u (46B)% Eledesen#ol#eu o conceito <eo-brasileiros (ou neo-brazilians), que foi a&licado

 &ara designar o gru&o de quaisquer &essoas que no eram (ou no so)indígenas% $ara o &esquisador os índios eram os brasileiros de fato%

Esse autor discute tamb*m as #aria'es regionais, demonstrando que >as

características destas cerâmicas de tradição neobrasileira só poderiam ser diversas,

assim como o grupo de pessoas que foi reconhecido como detentor daquela tecnologia,

1 "ma tradi'o cultural caracterizada &ela cer.mica confeccionada &or gru&os familiares, neobrasileirosou caboclos, &ara usa domestico, com t*cnicas indígenas e de outras &rocedências, onde so diagnosticasas decora'es; corrugada, esco#ada, incisa, a&licada, digitada, roletada, bem como asas, alas, bases &lanas

e em &edestal, cac9imbos angulares, discos &erfurados de cer.mica e &ederneiras% (C!DFG et al,4HB;478)%

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os neo-brasileiros, ou melhor, todos aqueles que não eram são! índios, assim, estes

 primeiros trabalhos conseguiram mesmo que de forma ampla e superficial!, atingir 

 seu ob"etivo# a classificação do material arqueológico em categorias específicas com

associação direta a grupos%?% Essa situa'o foi alterada a&enas durante os anos no#enta

quando na Arqueologia !istórica brasileira 9ou#e >um salto &aradigmático?, onde os

estudos esta#am #oltados :s no#as &reocu&a'es sobre os >significados? dos artefatos

(@EIO 547)%

Como a&onta @ego (547, &% 5B) em seu estudo sobre as  $anelas de

 $ernambuco J do s*culo ao ;

A&esar da #ariedade temática dos estudos atra#*s das $anelas de %arro, estes no

configuram uma lin9a recorrente de &esquisas% Estes escassos estudos foraminicialmente desen#ol#idos no &eríodo que 2Kmansi (5) definiu como>forma'o da arqueologia 9istórica no =rasil?, entre 4B e 4M, e esta#am

 &reocu&ados com a classifica'o e a tentati#a de atribui'o daquelas >cer.micas deorigem du#idosa? a algum gru&o *tnico es&ecífico%

2egundo Amaral (545), essa designa'o &ara os #estígios arqueológicos

cer.micos encontrados em sítios 9istóricos #em sendo >vulgarmente designados em

alguns trabalhos como &neo-brasileiros', definição esta que desconsidera a

comple(idade da sociedade que os produziu)?%

A análise do material cer.mico buscou em &rimeiro lugar caracterizar de forma

geral os elementos t*cnicos que &ermitissem, no caso da cer.mica &r*-9istórica,

reconstituir um &erfil t*cnico dos gru&os ceramistasN e, no caso da cer.mica 9istórica, a

identificar os diferentes ti&os de &rodu'o, a origem e, quando &ossí#el a sua

cronologia% $rocurou-se, &ortanto, identificar a t*cnica de confec'o utilizada &ara a

 &rodu'o dos ob1etos, sendo analisados os seguintes atributos; o ti&o de &asta (&lástica,areia fina, areia grossa, areia bolo de argila), a t*cnica de manufatura (modelagem,

acordelamento, moldagem e torneamento), o ti&o de queima (com&leta ou incom&leta),

o tratamento de su&erfície interna e e0terna (alisado, inciso, esco#ado, &olido, digitado,

corrugado, ungulado, im&resso, brunido, roletado, &intado), a morfologia (borda, base,

 bo1o, asa, al'a, orel9a ou tam&a), a es&essura, e a forma dos ob1etos%

Estamos em uma fase de re#iso da terminologia e conceitos, e considerando

que nos conte0tos de sítios 9istóricos ou &r*-9istóricos * &ossí#el se encontrar cer.mica

de di#ersas origens e di#ersos &eríodos cronológicos, desde o início da coloniza'o

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euro&*ia, nessa &esquisa, al*m da cer.mica indígena, foi definida como cer.mica

9istórica, os seguintes ti&os; cer.mica 9istórica #ermel9a, cer.mica 9istórica bege,

cer.mica 9istórica le#e (de te0tura fina), cer.mica #itrificada e cer.mica &o&ular%

$ara essa classifica'o foram considerados os as&ectos que en#ol#em a

 &rodu'o, a mat*ria-&rima, neste caso, o ti&o de argila (que irá influenciar na cor da

cer.mica), assim como o ti&o de &asta (a te0tura)% A cer.mica 9istórica seria, &ortanto,

aquela &roduzida a &artir da coloniza'o euro&*ia, que &oderá, conforme Caldarelli

(5) mesclar t*cnicas euro&*ias, :s #ezes com t*cnicas indígenas, confeccionada com

a t*cnica do torno ou de rolamento e geralmente com a utiliza'o de forno, introduzida

 &elos euro&eus%

A cer3mica ind4gena * aquela &roduzida artesanalmente e sem o uso de torno

 &elas &o&ula'es &r*-9istóricas que ocu&aram o território brasileiro, antes e durante o

 &rocesso de coloniza'o% Esse ti&o de cer.mica a&resenta características di#ersas de

acordo com as tradi'es, mas geralmente a&resenta bai0o grau de sinteriza'o da queima%

A cer3mica *istórica 5ermel*a e a cer3mica *istórica bege a&resentam um com

anti&lástico de granulometria grossa (su&erior 4 mm), &asta de te0tura grossa, t*cnica de

manufatura torneada ou acordelada, es&essura de &arede das #asil9as mais grossa, sendo

a diferen'a estabelecida entre elas &ela cor da cer.mica; a #ermel9a que &oderia ter sido

 &roduzida com um ti&o de argila de origem cristalina, com uma alta concentra'o de

ó0ido de ferro e a cer.mica bege (ou branca) que seria &roduzida com argilas de origem

sedimentar, coletada em #ales de rios ou em lagoas%

A cer3mica 5itri6icada a&resenta uma im&ermeabiliza'o geralmente a&licada

na &arte interna dos reci&ientes, em tonalidades que #aria#am do amarelo-mostarda ao

#erde, marrom e #ermel9o% O &rocesso de #itrifica'o da cer.mica * con9ecido como

&*alt-glazed'% Esse ti&o de cer.mica era utilizado, sobretudo na &re&ara'o e

armazenamento de alimentos (LDA, 4M; 54M)%A cer3mica le5e a&resenta manufaturada com t*cnica mais elaborada, indicando

um ní#el mais ele#ado de &adroniza'o na confec'o dos #asil9ames, &odendo ser 

torneada, moldada ou at* mesmo acordelada% Caracteriza-se &ela &resen'a de &asta com

anti&lástico de granulometria bastante fina (at* 4 mm), com queima com&leta, colora'o

 bege claro, com es&essura normalmente delgada% $ara sua &rodu'o de#eria 9a#er,

 &ortanto, um maior controle na sele'o da mat*ria-&rima, na utiliza'o da t*cnica de

confec'o e no &rocesso de queima, indicando a &ossibilidade manufaturada

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es&ecializada, em maior escala e, tal#ez, de comercializa'o destes artefatos

(CAL+A@ELL, 56)%

3á a cer3mica popular abarca todo o ti&o que a&resenta uma boa resistência

mec.nica, al'ada atra#*s de fornos ou de uma boa queima ao ar li#re% $ode a&resentar 

t*cnicas de tratamento de su&erfície e de manufaturas di#ersas% "m crit*rio utilizado

tamb*m nesta classifica'o foi o seu isolamento, ou se1a, a ausência de outros #estígios

do &eríodo 9istórico associados a esse ti&o de cer.mica, tais como faian'a, lou'a, #idro,

metais,

Material de !ouça

E0istem diferentes categorias de cer.mica que se diferem &ela &asta, com&ondo

dois grandes gru&os; &rodutos &orosos absor#entes (lou'a de barro, terracota, maiólica,

lou'a refratária, faian'a, lou'a de &ó de &edra ou granito) e &rodutos no &orosos, no

absor#entes (lou'a #itrificada, gr*s e &orcelana) ($LEII, 48M, a&ud, POCC!EPPO,

54, &%54)%

 <os sítios e ocorrências do $ro1eto de @esgate e Donitoramento foram

identificados de acordo com as características das &astas, esmaltes, forma e decora'o,

fragmentos das seguintes categorias; faian'a fina, faian'a &ortuguesa, &orcelana, lou'a

recente e gr*s% O material foi analisado com a finalidade de fornecer indica'es

referentes ao &eríodo de fabrica'o das &e'as, de modo a se obter cronologias mais

a&uradas que &udesse estabelecer inferências sobre o consumo das &essoas que #i#eram

na área, tentando com&reender o &eríodo de &o#oamento e as mudan'as ocorridas nos

 &adres da tral9a dom*stica adquirida (2FDA<2Q, 4H)%

aiança 6ina

+e acordo com Pocc9etto (54, &%54), a faian'a fina * uma categoria entre a

faian'a e a &orcelana% A faian'a fina foi resultante de uma lou'a com &asta &ermeá#el,

o&aca, com te0tura granular e quebra irregular que &ara se tornar im&ermeá#el foiesmaltada% A autora afirma que esta faian'a foi : classe de lou'a dom*stica mais

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utilizada no =rasil em 4M, im&ortada da nglaterra &rinci&almente a&ós a abertura dos

 &ortos em 4MM%

Entre as t*cnicas decorati#as das faian'as finas com su&erfície no modificada,

identificaram-se nos fragmentos;

 •$intadas : mo li#re%

•  +ipped  realizada a &artir da a&lica'o de uma camada fina de argila colorida na

forma de fai0as e listras, delimitando um rele#o%

• Carimbada * uma t*cnica que consiste na a&lica'o de carimbo, sendo comum o

moti#o de flores e figuras geom*tricas, com &rodu'o em 4M78 e início do

s*culo %

ransfer $inting  im&resso &or transferência, com &rodu'o que #ai de 4HM6 a4MH%

• *patter * uma decora'o resultante de um sal&icado a &artir de &ancadas le#es

do &incel, &roduzida na nglaterra no s*culo , &rinci&almente &ara

e0&orta'o, e a&ós 4M8 &elos E"A%

• *ponge que utiliza#a uma es&on1a &ara &intar a &e'a, com &rodu'o inglesa e

norte americana, no &eríodo entre 4MB e 468%

• lo. %lue * uma t*cnica obtida a &artir da coloca'o dos reci&ientes, contendocloretos #oláteis, no forno durante a queima &ara a&lica'o do esmalte

 &ro#ocando um borro, com &rodu'o de 4M68 at* início do s*culo %

Entre os &adres decorati#os obser#ados esto;

•  $easant *t/le que se caracteriza &ela &resen'a de moti#os florais com largas

 &inceladas, em&regado entre 4M4 e 4MB%•  *prig *t/le com &equenos elementos florais e finas &inceladas, &roduzida entre

4M7 e 4MB%

•  %anded.are com fai0as &aralelas, es&essuras distintas e desen9o em carretil9a,

 &roduzida entre 4H e início do s*culo %

•   Mocha.are com moti#os dentríticos e a&arência de alga, ambos associados a

fai0as e frisos, &roduzida do come'o da /ltima d*cada do s*culo R%

• ai0as e frisos, com &rodu'o do final do s*culo R ao início do %

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3á entre faian'as &intadas : mo com su&erfície modificada se #erificaram;

• O &adro decorati#o *hell 0dged  que a&resenta lin9as em s*rie situadas ao longo

da borda e &er&endiculares a ela, em cores como o azul, o #erde, o #ermel9o e o

rosa, &roduzida entre 4HH8 at* início do s*culo %

• A decora'o &lástica &roduzida &or &resso de molde, utilizada no s*culo %

aiança Portuguesa

Os e0em&lares de faian'a &ortuguesa, analisados no LEA (Laboratório de

Estudos Arqueológicos), a&resentaram decora'o sim&les com fai0as azuis,

característica da &rodu'o &ara #enda no mercado interno e destinada &ara uso cotidiano

em $ortugal%

@essalta Caldarelli (5, &%44) que a faian'a &ortuguesa c9egou ao =rasil na

segunda metade do s*culo R e início do % E conclui que este ti&o de lou'a *

recon9ecido &elo fácil des&rendimento do esmalte e #idrado facilmente &erce&tí#el%

Porcelana

Conforme Ganettini (4MB, &%456), a &orcelana * uma in#en'o c9inesa e &ode

ser di#idia em duas categorias; dura e mole% A &rimeira foi descoberta na C9ina, durante

o &eríodo Pang (B4M a B a%C%)% <a Euro&a, o &rimeiro e0em&lar foi &roduzido na

Aleman9a (no s*culo R)% <o =rasil, este ti&o foi feito &or 3oo Danso $ereira em

4H6% O restante da &rodu'o nacional * recente, do s*culo , sendo uma &asta

com&osta de argila branca (caulim), quartzo, felds&ato, cozida a alta tem&eratura% A

 &orcelana mole (ou tenra) a&resenta maior quantidade e felds&ato que a dura% Pem uma

 &asta de colora'o le#emente amarelada, sendo uma in#en'o italiana do s*culo R,

 &osteriormente &roduzida em outros &aíses euro&eus, &rinci&almente na ran'a%

 <o =rasil, a &orcelana dura c9inesa se fez &resente desde os &rimeiros s*culos,

trazida &elas naus euro&eias, decaindo logo a&ós a e0tin'o das Com&an9ias de

Com*rcio do s*culo % A influência francesa sobre a elite brasileira oitocentista

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resultou no com*rcio de di#ersos &rodutos de &orcelana dura e mole% 3á no s*culo ,

c9ega a &orcelana euro&eia de outros &aíses, como a alem e a t9eco-eslo#aca% 2oma-se

a essa a &rodu'o nacional (GA<EPP<, 4MB, &% 457)%

As &orcelanas do $ro1eto de @esgate no a&resentaram as t*cnicas decorati#as

que indicassem o &eríodo de &rodu'o, e0ceto quando ocasionalmente está im&resso na

 &e'a a marca eSou data do fabricante%

r7s

O gr*s, de &asta mais dura e mais o&aca que a &orcelana, foi originado na C9ina,

sendo &roduzido na Euro&a &ela Aleman9a no s*culo R, mas foi largamente fabricado

 &ela ran'a, !olanda, Estados "nidos e nglaterra (CAL+A@ELL, 5, &%455)%

m&ortado da nglaterra e !olanda, o gr*s utilizado no =rasil está associado a

garrafas, garrafes e boti1as (enquanto contentores de líquidos), alimentos em conser#a

e tinteiros (=@ACA<PE 4M4, a&ud 2O"GA, 546, &%77)%

Os ob1etos em gr*s cer.mico a&resentam te0tura forte, densa, im&ermeá#el, de

gro fino, cozidos a altas tem&eraturas e a&resentam #itrifica'o total ($LEII, a&ud,

GA<EPP<, 4MB, &%454)%

Os fragmentos de bo1o, base e gargalo de gr*s oriundos do $ro1eto de @esgate

Arqueológico, foram identificados como dois ti&os; o *tone.are %ristol 1laze 1inger 

 %eer %ottle que foi &roduzido entre 4M68-4, &ela nglaterra e Estados "nidos (&ossui

uma su&erfície coberta com esmalte muito bril9ante com dois tons, um esbranqui'ado e

outro mostarda) e o *tone.are 2henish %ro.n, &roduzido entre 48-4H &ela

nglaterra, que a&resenta a colora'o marrom%

+estaca-se que dois fragmentos a&resentaram as marcas de fabrica'o, gerando a &ossibilidade de identifica'o do &aís de origem; na ocorrência 55, com inscri'o

incom&leta >Amster?, e no 2ítio 2ocorro, com a inscri'o >terdan?, ambos originários

da regio de Amsterd, na !olanda%

• Material &4treo

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O #idro se caracteriza como uma subst.ncia inorg.nica, 9omogênea e amorfa,

obtida atra#*s do resfriamento de uma massa em fuso% T com&osto &or sílica (2i O5),

comumente sob a forma de areia, e álcalis, como o &otássio (Q5O), magn*sio (DgO),

alumina (Al5O6), cálcio (CaO) e sódio (<a52O7)% A cor natural do #idro #aria de

acordo com as im&urezas contidas na areia, #ariando do #erde ao .mbar% As cores

artificiais so obtidas atra#*s da adi'o de corantes como selênio, cobre, cobalto, ferro,

manganês, estan9o, ouro e magn*sio (CAL+A@ELL, 5, &%4H5)%

 <o =rasil, a &rimeira oficina de #idro remonta ao &eríodo das in#ases

9olandesas, entre 4B57 e 4B68, em $ernambuco% abrica#am-se #idros &ara 1anelas,

co&os e frascos% A fábrica fec9ara a&ós a e0&ulso dos 9olandeses em 4B87%

O #idro só #oltou a ocu&ar es&a'o no ma&a econUmico do &aís a &artir e 4M4,

quando o &ortuguês rancisco gnácio da 2iqueira <obre recebeu a carta r*gia com a

autoriza'o &ara im&lantar uma ind/stria de #idro no =rasil% A @eal ábrica de Ridros

come'ou a o&erar em 4M45, no estado da =a9ia, com &rodu'o de #idros lisos, de cristal

 branco, frascos, garrafes e garrafas% Poda#ia, em decorrência das grandes dificuldades

financeiras, fec9ou em 4M58%

Em 4M6 * fundada no @io de 3aneiro a fábrica <acional de Ridros 2o @oque,

com 76 o&erários italianos e brasileiros, trabal9ando com fornos cadin9os (onde a

mistura * aquecida e fundida a tem&eraturas &ró0imas a 4%6 VC, sendo o material

retirado do forno &or meio de tubos aquecidos, e modelado #ia so&ro eSou manuseio

 &elo arteso) e &rocesso inteiramente manual%

Em 4MHM, rancisco AntUnio Esberard funda a ábrica de Ridros e Cristais do

=rasil em 2o Cristó#o (@3)% A &artir de fornos e máquinas a #a&or e el*trica, fabrica#a

#idros &ara lam&ies, 1anelas, co&os e artigos de mesa e im&orta#a suas máquinas da

Euro&a &ara fabricar garrafas e frascos% A fábrica de Ridro Esberard este#e ati#a at*

47%Outra fábrica destacada foi a ratelli Rita, da =a9ia, fundada em 45, que

 &roduziu garrafas &ara sodas, refrigerantes e cristais de qualidade%

At* o s*culo , a &rodu'o de #idro era essencialmente artesanal, utilizando os

 &rocessos de so&ro e de &rensagem, sendo as &e'as &roduzidas uma a uma% oi a &artir 

do início daquele s*culo que a ind/stria do #idro se desen#ol#eu com a introdu'o de

fornos contínuos e equi&ados com máquinas semi ou totalmente automáticas &ara

 &rodu'es em massa%

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Moeda

+e acordo com Caldarelli (5, &%46), toda moeda * um ti&o de documento

9istórico im&ortante, &ois * um elemento cronológico de e#entos 9istóricos, &ortanto de

e0tremo #alor &ara a Arqueologia% As &oucas moedas coletadas no a&resentaram gra#e

desgaste, fato que &ossibilitou a obser#a'o das datas nos re#ersos (face o&osta : face

 &rinci&al a moeda)% Podas foram &roduzidas em níquel com data'es do s*culo , so

elas; 4B (um cruzeiro), 4BH (#inte centa#os), 4HH (cinquenta centa#os), 4H (um

cruzeiro), 4MB (cinco cruzados) e de 4MM (dez cruzados), 4MM (um cruzado)%

• Material -onstruti5o

Outra classe de material identificado * o construti#o relacionado :s tel9as, os

ti1olos e os ladril9os% <este caso foram identificados alguns fragmentos de tel9a e de

ti1olos manufaturados artesanalmente e do ti&o colonial%

O &rocesso de &rodu'o de tel9as e ti1olos fornece os sinais, marcas e tra'os que

 &ermite &erceber se foram fabricados a &artir de t*cnicas coloniais ou no% A e0em&lo

disso, nas tel9as se &ode obser#ar a &resen'a de elementos intrusi#os que so resultantes

diretos da falta de 9omogeneidade na mistura da massa, ran9uras no lado cUnca#o das

tel9as que &odem indicar a retirada do guarla&e (molde que se utiliza &ara dar forma

semicUnica afunilada), a marca do fabricante feita com as mos ou carimbo, todos estes

so elementos im&ortantes &ara o diagnóstico de tel9a colonial% <os ti1olos, assim como

nas tel9as, &ode ser obser#ado o alisamento na face su&erior, marca do fabricante e a

marca os dedos do oleiro na face inferior (CO2PA, 58, &% 7)%

A maior &arte dos fragmentos (se1am &ro0imais, mesiais e distais) de tel9as e

e0em&lares de ti1olos foi oriunda dos sítios 9istóricos +ona 2in9á e gre1a Rel9a%

2egundo informa'es locais, a área do 2ítio +ona 2in9á era uma fazenda, no municí&io

de garassu, que &ertencia a Ienerosa, dona de engen9o no sul do =rasil, que utiliza#aas instala'es como casa de #eraneio no s*culo % 2endo um dos n/cleos a antiga

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