metodologia científica em administração guia da … · o propósito deste guia é reunir, ......
TRANSCRIPT
O propósito deste guia é reunir, da forma mais objetiva possível, informações para elaboração
do produto final da disciplina, isto é, um artigo científico. Para tanto, conteúdos pertinentes
serão apresentados – sob a forma de respostas a um conjunto de indagações
Perguntas fundamentais (aulas 03 e 04)
1. O que é metodologia?
Metodologia é a parte da ciência que se dedica aos instrumentos empregados por ela
própria para gerar conhecimento
2. O que é conhecimento?
Conhecimento deriva de “conhecer”, que é uma relação que se estabelece entre um
sujeito (que pode conhecer) e um objeto (que possui características que interessam ao
sujeito)
3. E como podemos conhecer um objeto?
Podemos conhecer um objeto por meio do emprego da razão e/ou dos sentidos (da
experiência). O conhecimento filosófico emprega fundamentalmente a razão, pois se
dedica a reflexões que não são passíveis de comprovação material. O conhecimento
empírico (ou de senso comum) emprega essencialmente os sentidos: o sujeito se vale
da experiência do dia a dia (da observação) para estabelecer conclusões sobre o objeto.
O conhecimento científico requer o emprego dessas duas perspectivas (a razão e a
observação)
4. O conhecimento científico é potencialmente mais “poderoso” que o conhecimento
filosófico e o conhecimento empírico? Por que?
Sim. É mais poderoso, pois o conhecimento gerado por meio dele deve ser coerente
em relação: a) à razão humana (não deve contrariar a lógica) e b) aos fatos observáveis
na natureza e na sociedade
5. Há diferenças entre fatos observáveis na natureza e na sociedade? Qual o papel do sujeito
diante deles?
Há diferenças. Fatos observáveis na natureza são mais estáveis, mais regulares. Há
relações diretas e invariáveis entre causas e efeitos. Fatos sociais não manifestam
relações invariáveis de causas e efeitos. Ambos estão subordinados a elementos
culturais. Cabe ao pesquisador (sujeito) que lida com as ciências naturais descrever (e,
eventualmente medir) as relações para explicá-las. Cabe ao pesquisador (sujeito) que
lida com as ciências sociais compreender as relações para explicá-las
O artigo como meio para comunicação de conhecimentos gerados (aulas 14, 15 e 24)
6. O que é um artigo?
Um artigo é um meio para comunicação sintética de um esforço em prol da geração de
conhecimento. Este esforço emprega o método científico (combinação de razão e
observação)
7. Aonde é possível encontrar artigos científicos?
Em revistas dedicadas à divulgação científica (denominadas periódicos) e em portais
especializados da internet como o Google Acadêmico, o Scielo e o Spell
8. Como reconhecer a qualidade de um artigo científico?
A qualidade de um artigo é estimada pela qualidade do periódico em que foi publicado
e pelo número de vezes em que foi citado como fonte de outros trabalhos acadêmicos
9. Qual a estrutura mais convencional de um artigo científico?
Um artigo científico apresenta, normalmente, a seguinte estrutura:
1. Introdução
2. Referencial teórico
3. Procedimentos metodológicos
4. Resultados e discussão
5. Considerações finais
6. Referências
10. O que é e o que deve conter uma introdução?
A introdução corresponde à abertura do artigo. Ela deve, essencialmente, explicitar a
lacuna que o esforço de pesquisa pretende preencher. É possível sugerir uma estrutura
genérica para a introdução, composta pelas seguintes partes (que serão detalhadas em
sala de aula): a) contextualização; b) problematização; c) declaração do problema de
pesquisa; d) apresentação do objetivo geral do artigo; e) apresentação dos objetivos
específicos do artigo; f) justificativa da relevância do problema de pesquisa e g)
estrutura dissertativa do artigo. Em um texto acadêmico, a introdução é a última parte
a ser redigida
11. O que é e o que deve conter um referencial teórico?
O referencial teórico responde pela primeira parte do método científico, isto é, pelo
emprego da razão do pesquisador. Dito de outra forma, é nessa parte que o autor do
artigo demonstra que se preparou intelectualmente para interagir com um objeto, no
mundo natural ou social. A maneira de demonstrar tal preparação é selecionar e
articular fontes teóricas, para que elas constituam categorias de análise do objeto de
estudo. É a construção do referencial teórico que torna o pesquisador sensível aos
contornos mais gerais daquilo que ele quer conhecer
12. O que é e o que deve conter a seção “procedimentos metodológicos”?
Nessa parte do artigo, o autor detalha a natureza de seu estudo (quantitativo ou
qualitativo, por exemplo), apresenta o modo como coletou evidências no mundo
natural ou social e discorre sobre como tais evidências foram analisadas para embasar
a resposta que ele elaborou para satisfazer ao problema de pesquisa
13. O que é e o que deve conter a seção “resultados e discussão”?
O próprio nome da seção explicita seu propósito. Nela, os resultados da interação do
pesquisador com o mundo real serão apresentados e discutidos. “Apresentar” significa
descrever as evidências coletadas junto ao mundo social ou natural. “Discutir”
significa refletir sobre as evidências. Essa reflexão se dá à luz do referencial teórico.
As evidências irão embasar a construção de uma resposta, que busca preencher a
lacuna declarada na introdução do artigo, ou seja, o problema de pesquisa
14. O que é e o que deve conter a seção “considerações finais”?
Nas considerações finais, o pesquisador deve apresentar objetivamente a resposta que
elaborou para o problema de pesquisa. Para tanto, ele deve se servir das análises
realizadas na seção “resultados e discussão”. Além disso, ele deve registrar: a) as
limitações do estudo que realizou (o que gostaria de ter feito para ampliar o rigor de
seu trabalho, mas não pôde fazê-lo) e b) oportunidades de novos estudos alinhados ao
seu tema (outras lacunas que o pesquisador pôde perceber, mas não teve meios para
explorá-las)
15. O que é e o que deve conter a seção “referências”?
Nas referências devem ser registradas as fontes empregadas pelo pesquisador. Há uma
forma específica de citar diferentes tipos de fontes (um artigo, um livro, uma
dissertação de mestrado)
16. Que cuidados com a linguagem devo tomar ao redigir um artigo científico?
A linguagem empregada em um artigo científico deve seguir os padrões formal e
impessoal. Desse modo, expressões em primeira pessoa devem ser evitadas:
Eu percebi, após a realização da pesquisa, que... [incorreto]
Percebe-se, após a realização da pesquisa, que... [correto]
Outro aspecto que favorece a boa escrita acadêmica é a objetividade. Portanto, não
escreva com cinco palavras aquilo que você pode redigir adequadamente com quatro.
Afirmações vagas ou imprecisas devem ser, sempre, objeto de detalhamento e
evidenciação:
O Brasil, nas últimas décadas, redefiniu suas políticas públicas... [incorreto]
O Brasil, a partir de 1988, redefiniu suas políticas públicas... [correto]
Muitos autores defendem a vigência de novos modelos gerenciais... [incorreto]
Castro (2010), Medeiros (2013) e Seabra (2014) defendem a vigência de novos
modelos gerenciais... [correto]
Tipos de pesquisa (aulas 05 e 06)
17. Existem diferentes tipos de pesquisa?
Sim. Muitas são as classificações possíveis para as diferentes modalidades de
pesquisa. A principal diferenciação se dá entre a pesquisa quantitativa e a pesquisa
qualitativa. O quadro da página seguinte busca estabelecer distinções fundamentais
entre ambas. A ênfase da disciplina “Metodologia Científica em Administração” diz
respeito à alternativa qualitativa
Outra classificação útil para se entender as diferentes formas de pesquisa diz respeito
ao seu propósito: exploratório, descritivo ou explicativo. Estudos exploratórios buscam
estabelecer compreensões gerais, preliminares, sobre um objeto de estudo. Estudos
descritivos visam reconhecer a natureza do objeto de estudo, identificando e
caracterizando relações entre propriedades do objeto e outras variáveis. Estudos
explicativos preocupam-se em compreender os elementos que condicionam a forma
e/ou o comportamento do objeto de estudo
pergunta capaz de inspirar um estudo exploratório: como os alunos do curso de
Administração da UFJF se organizam para estudar fora de sala de aula?
pergunta capaz de inspirar um estudo descritivo: qual a relação entre as
diferentes formas de estudo dos alunos de Administração da UFJF e o
desempenho dos mesmos nas avaliações?
pergunta capaz de inspirar um estudo explicativo: de que modo as trajetórias
pessoais dos alunos de Administração da UFJF explicam a opção dos mesmos
por esse curso?
Técnicas de pesquisa (aulas 16 a 23)
18. Quais as principais técnicas de pesquisa empregadas em estudos qualitativos?
As principais técnicas de pesquisa empregadas em estudos qualitativos são: a
entrevista, a análise documental e a observação. A entrevista corresponde a uma
relação intersubjetiva, orientada para o levantamento de informações sobre o objeto de
estudo. A análise documental requer o olhar atento e sistemático do pesquisador para
documentos (registros que preservam informações do passado). Eles podem ser
escritos (como atas de reuniões) ou não (como fotografias). A observação é uma
técnica que emprega os sentidos do pesquisador, visando o reconhecimento e a
compreensão de atributos de seu objeto de estudo. Em processos de observação, o que
se vê e o que se ouve permite o estabelecimento de conclusões sobre especificidades
do mundo natural ou, principalmente, social
19. Que outras técnicas de pesquisa qualitativa podem ser destacadas?
Outras técnicas que podem ser destacadas são a pesquisa bibliográfica, o grupo focal,
a pesquisa ação, a história de vida e a grounded theory
20. Há uma técnica mais adequada para levantamentos quantitativos?
Sim. Trata-se do survey. Ela se caracteriza pelo emprego de questionários
estruturados, nos quais há opções prévias de resposta (categorias). Sua principal
vantagem é a facilidade de tratamento e apresentação dos dados coletados: a
frequência com que cada categoria é citada inspira a construção de gráficos (sendo os
de barras e setores os mais comuns)
21. Como é realizada a análise de dados qualitativos?
Uma das formas de se realizar a análise de dados qualitativos é empregando a técnica
“análise de conteúdo”. As possibilidades da técnica, assim como o passo a passo para
empregá-la serão detalhados em sala de aula
Aspectos éticos ligados à pesquisa científica (aula 25)
22. Quais as principais questões éticas envolvidas na prática da pesquisa científica em
ciências sociais aplicadas?
As principais questões éticas envolvidas na prática da pesquisa científica nesse campo
são: a) a originalidade dos estudos; b) a lisura na coleta, tratamento e divulgação dos
dados e c) o respeito ao anonimato das fontes (pessoas e organizações). Em segmentos
científicos que lidam com experimentos em seres humanos ou animais, dilemas éticos
mais profundos inspiram debates mundiais. A originalidade dos estudos traz à tona
problemas relacionados ao plágio. A lisura na coleta, tratamento e divulgação de
dados requer que o pesquisador seja absolutamente preciso e rigoroso no trato das
evidências de seus estudos, sob pena de comprometer sua reputação e sua carreira. O
respeito ao anonimato das fontes associa-se à percepção de que podemos aprender
com fatos e relatos, exclusivamente. Sendo assim, as pessoas e as organizações que
dão origem a eles devem preservados. Nenhum tipo de constrangimento deve ser
gerado às fontes de uma pesquisa
Esclarecimento complementar 01: como elaborar as partes fundamentais da introdução?
TEMA
O tema corresponde ao assunto que se deseja investigar. Trata-se de uma definição
vaga, que dará origem ao problema de pesquisa.
Na definição do tema, leve em consideração as seguintes questões:
a) que aspecto, ligado ao conjunto de tópicos abordados durante a graduação,
de fato, desperta meu interesse?
b) terei facilidades empíricas para desenvolvê-lo?
PROBLEMA DE PESQUISA
Diferentemente do tema, o problema de pesquisa não pode ser vago. Ele deve ser
formulado de maneira clara, pormenorizada. Além disso, ele deverá tomar a forma de
uma pergunta, que norteará o pesquisador.
Considere o exemplo abaixo:
Tema: rotatividade de pessoal e gestão de recursos humanos
Objeto: organizações de pequeno porte voltadas à segurança patrimonial
Problema de pesquisa: quais são, na perspectiva dos gestores de recursos
humanos, as principais causas da rotatividade de pessoal no setor operacional
de empresas de pequeno porte voltadas à segurança patrimonial?
Observe como a natureza da pergunta já define, em grande medida, os passos do
pesquisador:
O que se pretende conhecer?
- as principais causas da rotatividade de pessoal
Em que contexto?
- no setor operacional de empresas de pequeno porte voltadas à
segurança patrimonial
Na perspectiva de que atores sociais?
- de gestores de recursos humanos
A elaboração de um bom problema de pesquisa não é tarefa fácil. Nesse sentido,
observe, de modo complementar, a figura da página seguinte. Ela busca ilustrar um
processo de delimitação, que parte de temas-chave da área de recursos humanos. Cada
nível descendente reduz o grau de incerteza do pesquisador em relação à sua
investigação.
OBJETIVO GERAL
O objetivo geral estabelece o que será feito para construção de uma resposta que
satisfaça ao problema de pesquisa. Empregando o mesmo exemplo:
Tema: rotatividade de pessoal e gestão de recursos humanos
Problema de pesquisa: quais são, na perspectiva dos gestores de recursos
humanos, as principais causas da rotatividade de pessoal no setor operacional
de empresas de pequeno porte voltadas à segurança patrimonial?
Objetivo geral: reconhecer e analisar, a partir da percepção de gestores de
recursos humanos, as principais causas da rotatividade de pessoal no setor
operacional de empresas de pequeno porte voltadas à segurança patrimonial
Pergunte-se, ao final da elaboração do objetivo geral:
- se eu fizer o que foi declarado, satisfaço ao problema de pesquisa?
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Os objetivos específicos representam o passo a passo para a realização do objetivo
geral. Em nosso exemplo:
Objetivo geral: reconhecer e analisar, a partir da percepção de gestores de
recursos humanos, as principais causas da rotatividade de pessoal no setor
operacional de empresas de pequeno porte voltadas à segurança patrimonial
Objetivos específicos:
a) descrever as especificidades do trabalho no segmento de segurança
patrimonial;
b) reconhecer, a partir da percepção de gestores de recursos
humanos, as principais causas da rotatividade de pessoal no setor
operacional de empresas de pequeno porte voltadas à segurança
patrimonial;
c) analisar tais causas, relacionando-as às especificidades do
trabalho no segmento de segurança patrimonial
Pergunte-se, ao final da construção dos objetivos específicos:
- se eu fizer o que foi declarado em cada item, atendo ao objetivo geral?
JUSTIFICATIVA
A justificativa busca reunir argumentos que defendam a relevância do estudo. Trata-se
de uma defesa do enfoque dado à pesquisa (enfoque expresso pelo problema de
pesquisa). Uma justificativa adequada à nossa investigação hipotética encontra-se
abaixo:
Justificativa: a compreensão das causas da rotatividade de pessoal no setor
operacional de empresas de pequeno porte voltadas à segurança patrimonial
pode contribuir para a redução da evasão de profissionais qualificados. A
natureza desta profissão requer o alinhamento de preparo e experiência, que
são adquiridos com o tempo e com a prática. Em paralelo, o enfoque em
pequenas empresas irá revelar a simetria ou a assimetria existente entre o
risco a que estão submetidos esses profissionais e os recursos que os mesmos
possuem para enfrentá-los. Por fim, trata-se de um objeto pouco investigado
pela ciência administrativa, fato que ficou comprovado após a revisão de
literatura
Esclarecimento complementar 02: como lidar com categorias analíticas extraídas do referencial teórico?
Esclarecimento complementar 03: o que devo apresentar como parâmetros metodológicos?
Este guia representa uma sugestão para redação de procedimentos metodológicos em
trabalhos acadêmicos. Seu propósito é favorecer a organização e o detalhamento de elementos
que caracterizam estudos qualitativos.
Para tanto, tópicos relacionados a) à natureza da pesquisa; b) aos instrumentos de
levantamento de dados e c) às técnicas voltadas à análise de evidências serão apresentados.
Leituras de apoio também serão sugeridas.
NATUREZA DA PESQUISA
Em metodologia científica, há uma grande dicotomia, que divide trabalhos entre
quantitativos e qualitativos.
Trabalhos quantitativos se voltam a objetos cujas características podem ser medidas ou
contadas. Nesses casos, a linguagem matemática é predominante e as análises
estatísticas são soberanas. O pesquisador quantitativo busca decodificar relações de
causa e efeito.
Pesquisas qualitativas se voltam a objetos cujas características não podem ser medidas
ou contadas. Devem ser, portanto, compreendidas e relacionadas a outros fatos. A
linguagem matemática cede espaço à descrição criteriosa. O pesquisador qualitativo
representa o instrumento básico de coleta e análise de evidências.
Para compreender a origem, as características e o emprego da pesquisa qualitativa em
estudos organizacionais, leia as referências abaixo:
GODOY, A. S. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista
de Administração de Empresas, v. 35, n. 2, p. 57-63, 1995
GODOY, A. S. Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de
Administração de Empresas, v. 35, n. 3, p. 20-29, 1995
GODOY, A. S. A pesquisa qualitativa e sua utilização em administração de
empresas. Revista de Administração de Empresas, v. 35, n. 4, p. 65-71, 1995
Uma distinção importante entre investigações quantitativas e qualitativas refere-se ao
processo de pesquisa. Estudos quantitativos apresentam um processo linear, que
emprega a experimentação para confirmar (ou não) hipóteses, que são respostas
preliminares e imperfeitas ao problema de pesquisa. Uma representação de tal
processo encontra-se na página seguinte:
Processo linear de pesquisa (Spradley, 1980)
Estudos qualitativos apresentam um processo circular, por meio do qual o pesquisador
interage continuamente com referenciais teóricos e evidências empíricas. Nessa
dinâmica, representada na figura abaixo, o problema de pesquisa pode ser aprimorado
e o olhar do estudioso se torna mais seletivo. Além disso, o emprego de hipóteses pode
se mostrar contraproducente, em função da existência de causas múltiplas e não
evidentes para um fenômeno.
Processo circular de pesquisa (Spradley, 1980)
Para o correto entendimento dos processos linear e circular de pesquisa, recomenda-se
a leitura do texto abaixo:
SPRADLEY, J. Participant observation. Nova York: Holt, Rinehart &
Winston, 1980. 195 p.
Por fim, é importante esclarecer se o estudo é exploratório, descritivo ou explicativo.
Estudos exploratórios buscam estabelecer concepções gerais e aproximadas sobre um
fato. Trata-se do reconhecimento preliminar, que poderá evoluir para perspectivas
descritivas ou explicativas. Estudos descritivos visam compreender um fenômeno,
caracterizando relações entre os seus elementos. Estudos explicativos preocupam-se
em elucidar as razões dos fatos e/ou seu significado para uma classe de atores sociais1.
1 Em certos casos, é pertinente caracterizar a pesquisa, também, como um estudo de caso. Mais informações sobre a técnica
encontram-se em: CAMPOMAR, M. C. Do uso de “estudo de caso” em pesquisas para dissertações e teses em
Administração. Revista de Administração de Empresas, 1991, v. 26, n. 3, p. 95-97
SELEÇÃO DE INFORMANTES E MEIOS DE COLETA DE DADOS
O processo de coleta de dados qualitativos requer, por parte do pesquisador, decisões
sobre a natureza de suas fontes, que poderão ser acessadas por meio de técnicas
diversas, sendo as mais comuns: a entrevista, a análise documental, o grupo focal e a
observação (participante ou não participante).
As entrevistas e os grupos focais irão exigir o detalhamento do tipo de amostragem
realizado. Estudos qualitativos empregam, normalmente, amostragens não
probabilísticas, isto é, que não seguem critérios de aleatoriedade. Os dois tipos mais
comuns de amostragem não probabilísticas são “por conveniência” ou “por
julgamento”.
Em amostragens por conveniência o pesquisador irá selecionar respondentes que
podem ser consultados de modo mais fácil. Ela deve ser empregada com absoluta
reserva, pois é menos rigorosa que a amostragem por julgamento. Nessa alternativa, o
pesquisador comporá a amostra com os integrantes considerados mais aptos para o
provimento de informações.
No tópico “seleção de informantes e meios de coleta de dados” é fundamental
apresentar as características, méritos e limitações de cada técnica empregada.
Informações básicas sobre as principais encontram-se abaixo2:
Entrevista:
FRASER, M. T. D.; GONDIM, S. M. G. Da fala do outro ao texto negociado:
discussões sobre a entrevista na pesquisa qualitativa. Paidéia, 2004, v. 14, n.
28, p. 139-152
Análise documental:
PIMENTEL, A. O método da análise documental: seu uso numa pesquisa
historiográfica. Cadernos de Pesquisa, 2001, n. 114, p. 179-195
Grupo focal:
RESSEL, L. B.; BECK, C. L. C.; GUALDA, D. M. R.; HOFFMANN, I. C.
SILVA; R. M.; SEHNEM, G. D. O uso do grupo focal em pesquisa qualitativa.
Texto & contexto – Enfermagem, 2008, v. 17, n. 4, p. 779-786
Observação:
SERVA, M.; JAIME JR., P. Observação participante e pesquisa em
administração: uma postura antropológica. Revista de Administração de
Empresas, 1995, v. 35, n. 1, p. 64-79
Existem outros recursos, de emprego menos frequente, voltados ao levantamento de
evidências. Merecem destaque, entre eles: a pesquisa bibliográfica, a pesquisa ação, a
história de vida, a grounded theory e o survey.
2 O detalhamento dessas técnicas podem ser encontrados em diversos livros-textos sobre metodologia de pesquisa
ORGANIZAÇÃO E ANÁLISE DE INFORMAÇÕES
As informações levantadas pelas entrevistas pessoais e pela pesquisa documental
devem ser organizadas e analisadas sob a luz de orientações específicas, com destaque
para a análise de conteúdo. Esse método contempla um conjunto de técnicas de análise
das comunicações que emprega procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição
do conteúdo de mensagens. Sua intenção é a inferência de conhecimentos relativos às
condições de produção das mesmas ou, eventualmente, de recepção.
A análise de conteúdo busca fornecer ao leitor informações suplementares sobre o
emissor, o receptor, a mensagem e o meio (suporte material da comunicação). Em
pesquisas, a observação do código e da essência das mensagens, ou seja, de
significantes e significados, é capaz de revelar elementos estruturantes do fenômeno
de interesse. Informações preliminares sobre essa técnica encontram-se em3:
OLIVEIRA, D. C. Análise de conteúdo temático-categorial: uma
proposta de sistematização. Revista de enfermagem, 2008, v. 16, n. 4, p.
569-576
3 Uma referência fundamental para efetiva compreensão da análise de conteúdo é: BARDIN, L. Análise de
conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2004
Esclarecimento complementar 04: o artigo da disciplina deverá ser entregue em que formato?
O artigo a ser entregue como trabalho final da disciplina deverá atender à formatação e à
organização apresentadas abaixo:
1. Formação
Papel: A4 (21 x 29,7 cm)
Margens: superior e esquerda: 3 cm; inferior e direita: 2 cm
Fonte: Times New Roman
Tamanho: 12
Espaçamento entre linhas: 1,5
Espaçamento entre parágrafos: antes: 0 pt; depois: 0 pt
Primeira linha do parágrafo: deslocar tabulação padrão (1,25 cm)
Número de páginas: entre 10 e 15 (incluindo a bibliografia). Se o número de
páginas exceder um pouco, não há problema
As páginas deverão ser numeradas, na parte inferior direita
2. Estrutura
1 Introdução [mínimo de 01 página]
Contextualização
Problematização
Declaração do problema de pesquisa
Objetivo geral
Objetivos específicos
Justificativa
Organização do texto
2 Referencial teórico [mínimo de 03 páginas, articulando, ao menos, 05 fontes
acadêmicas]
Apresentação da articulação teórica que irá embasar o trabalho
(expressa o processo de preparação racional do pesquisador para
apreender a dinâmica de interesse)
Esta seção pode apresentar um nome representativo de seu conteúdo
3 Procedimentos metodológicos [mínimo de 01 página, empregando, ao
menos, 02 técnicas de pesquisa]
Fornece ao leitor detalhes sobre as características e os meios de
operacionalização da pesquisa. Deve conter informações sobre:
- a natureza da pesquisa (quantitativa ou qualitativa)
- a amostragem e os instrumentos de coleta de dados
- as técnicas de análise e interpretação dos dados
4 Resultados e discussão [mínimo de 03 páginas, relatando a consulta a 03
atores sociais, ao menos]
Descrição e discussão (à luz da teoria) das evidências reunidas pelo
pesquisador para embasar a construção de uma resposta lógica e
coerente, que satisfaça ao problema de pesquisa
Esta seção pode apresentar um nome representativo de seu conteúdo
5 Considerações finais [mínimo de 01 página]
Partindo do princípio que o desenvolvimento do trabalho permitiu ao
pesquisador construir e fundamentar uma resposta ao problema de
pesquisa, este é o espaço para declará-la. Para tanto, é importante:
- retomar o problema de pesquisa
- apresentar uma resposta ao problema de pesquisa (síntese
“conclusiva” da articulação teórico-empírica realizada ao longo
do texto)
- apresentar as limitações do estudo
- detalhar oportunidades para novas investigações relacionadas
ao tema
6 Referências [mínimo de 01 página]
Apresentam as fontes utilizadas pelo pesquisador
3. Formato da primeira página
Observações:
a) título centralizado, em letras maiúsculas e negrito
b) identificação dos autores alinhada à direita
c) no resumo, detalhar os objetivos do artigo, o aporte teórico utilizado, a
metodologia e os resultados. Ele deve ser escrito em um único parágrafo, em
espaçamento simples
d) palavras-chave: devem estar separadas por ponto e vírgula
e) iniciar o texto do artigo imediatamente após as palavras-chave
4. Modelo de diagramação de quadros, figuras e tabelas
QUADRO 1 - Competências concorrentes e atribuições municipais
Nível de governo Serviços ou atividades
Federal, estadual e
local (competências
compartilhadas)
Saúde e assistência pública; assistência aos portadores de
deficiência; preservação do patrimônio histórico, artístico e
cultural; proteção do meio ambiente e dos recursos naturais;
cultura, educação e ciência; preservação das florestas, da fauna e
da flora; agricultura e abastecimento alimentar; habitação e
saneamento; combate à pobreza e aos fatores de marginalização
social; exploração das atividades hídricas e minerais; turismo e
lazer; segurança no trânsito e políticas para pequenas empresas
Predominantemente
local
Pré-escola e educação fundamental; saúde e preservação
histórico-cultural
Apenas local
Transporte coletivo e uso do solo
Fonte: Souza (2004)
FIGURA 1 - Regiões de planejamento de Minas Gerais
Fonte: Fundação João Pinheiro (2007).
TABELA 1 - Desempenho da arrecadação tributária por nível de governo
Ano Em milhões de reais
Em números-índice
(ano-base: 1988)
Central Estadual Local Central Estadual Local
1991 117.686 55.118 8.937 101 128 189
1992 117.739 50.269 7.657 101 117 162
1993 128.360 46.194 6.826 110 108 144
1994 142.118 57.297 7.332 122 133 155
1995 151.050 63.464 10.187 129 148 215
1996 159.631 70.046 13.447 137 163 284
1997 168.313 71.079 13.730 144 165 290
Fonte: Afonso et al. (1998).
Observações:
a) quadros, figuras e tabelas devem apresentar número, título e fonte
b) evitar o emprego de cores entre os campos que integram quadros e tabelas
c) os quadros são sempre fechados nas laterais, formando um retângulo ou um
quadrado
d) a fonte de quadros, figuras e tabelas deve ser a mesma do texto, mas pode
variar entre os tamanhos 10 e 12
e) qualquer informação sintetizada em quadro, figura ou tabela originária do
trabalho dos próprios autores deve registrar na fonte: “Fonte: dados da
pesquisa, 2011”
f) as tabelas, diferentemente dos quadros, não são fechadas com bordas
verticais. As bordas horizontais são mais grossas que as demais linhas
5. Referências básicas para citação bibliográfica*
1- Documentos considerados integralmente
AUTOR(ES). Título: subtítulo. Edição. Local de publicação: Editora, data. Número de
páginas e/ou volumes. (Série). Outras notas.
1.1- Livro
FRANÇA, J. L.; VASCONCELLOS, A. C. de; BORGES, S. M.; MAGALHÃES, M. H.
de A. Manual para normalização de publicações técnico-científicas. 4. ed. rev. e aum.
Belo Horizonte: UFMG, 1998. 213 p. (Coleção aprender).
1.2- Teses e dissertações
LÜCHMANN, L. H. H. Possibilidades e limites da democracia deliberativa: a
experiência do orçamento participativo de Porto Alegre. 2002. 226 p. Tese (Doutorado em
Ciência Política) – IFCH, Unicamp, Campinas, 2002.
1.3- Legislações
JURISDIÇÃO. Título, número e data (dia, mês e ano). Ementa. Dados da publicação que
transcreveu a legislação.
BRASIL. Lei n.º 5.517, 23 out. 1968. Dispõe sobre o exercício da profissão de Médico-
veterinário e cria os Conselhos Federal e Regional de Medicina Veterinária. Belo
Horizonte: Conselho Regional de Medicina Veterinária, 1970. 48 p.
2- Documentos considerados em parte
AUTOR DA PARTE REFERENCIADA. Título da parte. In: AUTOR DA OBRA. Título
da obra. Edição. Local: Editora, Data. N.º do volume, n.º do capítulo, página inicial e
final da parte referenciada. (Série).
2.1- Parte de livro
FLEURY, J. A. Análise a nível de empresa dos impactos da automação sobre a
organização da produção de trabalho. In: SOARES, R. M. S. M. Gestão da empresa.
Brasília: IPEA/IPLAN, 1980. p. 149-159.
2.2- Trabalhos apresentados em eventos
AUTOR DO TRABALHO. Título do trabalho: subtítulo. In: NOME DO CONGRESSO,
n.º, ano, local de realização. Título da publicação... : subtítulo. Local de publicação:
Editora, data. Página inicial-final .
SILVA, J. N. M. Possibilidades de produção sustentada de madeira em floresta densa de
terra firme da Amazônia brasileira. In: CONGRESSO FLORESTAL BRASILEIRO, 6.,
1990, Campos do Jordão. Anais... Campos do Jordão: SBS/SBEF, 1990. p. 39-45.
2.3- Artigo de periódico
AUTOR. Título do artigo. Título do periódico, Local de publicação, n.º do volume, n.º do
fascículo, página inicial-final, mês e ano.
REY, L. Problema de saúde pública: hidatidose humana. Revista Roche, Rio de Janeiro,
v. 18, p. 298-301, 1958; v. 19, p. 26-32, 58-64, 84-93, 120-127, 1959.
2.4- Artigo de jornal
AUTOR. Título do Artigo. Título do Jornal, Local, dia, mês, ano. N.º ou título do
caderno, seção ou suplemento, página inicial-final, n.º de ordem da(s) coluna(s).
GARCIA, A. R. Usar anabolizante no gado é crime hediondo. O Estado de São Paulo,
São Paulo, 14 out. 1998. Suplemento Agrícola, p. 9, c. 1-5.
2.5- Parte de periódico disponível na internet
Obras extraídas da internet são referenciadas conforme as normas específicas de cada tipo
de documento, acrescidas de informações sobre o endereço eletrônico apresentado entre
braquetes (< >), precedido da expressão “Disponível em:” e da data de acesso ao
documento, precedida da expressão “Acesso em:”.
BAGGIO, R. A sociedade da informação e a infoexclusão. Ciência da Informação,
Brasília, n. 29, fev. 2000. Disponível em: <http://www.ibict.br/cionline>. Acesso em: 28
nov. 2000.
* As informações acima foram sintetizadas da obra:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS. Biblioteca Central. Manual de orientação
em referenciação bibliográfica (NBR 6023 – ABNT): revisão e atualização. Lavras:
UFLA, 2001. 50 p.