método de mapeamento mental aplicado ao gerenciamento na
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Serviço Público Federal
Universidade Federal do Pará
Centro Tecnológico
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil
LORENA SOUZA PEREIRA MACÊDO
MÉTODO DE MAPEAMENTO MENTAL APLICADO
AO GERENCIAMENTO NA BACIA HIDROGRÁFICA
DO RIO ARARANDEUA.
Belém-PA, 2010
LORENA SOUZA PEREIRA MACÊDO
CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL – PPGEC/ UFPA.
MÉTODO DE MAPEAMENTO MENTAL APLICADO
AO GERENCIAMENTO NA BACIA HIDROGRÁFICA
DO RIO ARARANDEUA.
Dissertação submetida à banca examinadora aprovada pelo Colegiado do Curso de Mestrado em Engenharia Civil do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará, como requisito para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil na área de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental.
Belém-PA, 2010
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) Biblioteca Central da Universidade Federal do Pará, Belém/PA
Macêdo, Lorena Souza Pereira, 1982–
Método de mapeamento mental aplicado ao gerenciamento na bacia hidrográfica do rio Ararandeua / Lorena Souza Pereira Macêdo; orientadora, Ana Rosa Baganha Barp. – 2010.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Pará, Instituto de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Belém, 2010.
1. Recursos hídricos – Desenvolvimento. 2. Bacias hidrográficas. 3.
Água – Uso. 4. Conflito – Administração. I. Título. CDD - 22. ed. 627
LORENA SOUZA PEREIRA MACÊDO
MÉTODO DE MAPEAMENTO MENTAL APLICADO
AO GERENCIAMENTO NA BACIA HIDROGRÁFICA
DO RIO ARARANDEUA.
Dissertação submetida à banca examinadora aprovada pelo Colegiado do Curso de Mestrado em Engenharia Civil do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará, como requisito para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil na área de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________________ Profª. Drª. Ana Rosa Baganha Barp
(Doutora em Engenharia Civil) (Orientadora).
__________________________________________________________
Prof. Dr. Lindemberg Lima Fernandes (Doutor em Ciências: Desenvolvimento Socioambiental) (Membro)
_________________________________________________________
Profª. Drª. Aline Maria Meiguins De Lima (Doutora em Ciências: Desenvolvimento Socioambiental); (Membro Externo /UEPA).
__________________________________________________________
Prof. Dr. Claudio José Cavalcante Blanco
Coordenador do PPGEC / IT / UFPA
JULGADO EM ___/___/_____ CONCEITO______________
DEDICATÓRIA
Á minha mãe, Maria de Nazaré Ribeiro, ao meu irmão,
Augusto César e ao meu esposo Alan Macêdo,
pelo amor e incentivo.
Á minha filha Aisha Macêdo,
...por tudo que representa em minha vida.
Dedico esse trabalho com todo amor.
AGRADECIMENTOS
Á Deus e a Nossa Senhora de Nazaré por Suas bênçãos, sabedoria e paciência
para superar as dificuldades no decorrer deste trabalho;
À minha mãe Maria de Nazaré, por todo amor e carinho em todos os momentos e
por sempre ter lutado para não nos deixar desperdiçar a chance à formação
educacional.
Ao meu irmão Augusto César por todo apoio e incentivo.
Ao meu esposo Alan Macêdo e minha filha Aisha Macêdo pelo o que representam
em minha vida, pelo incentivo e compreensão que tiveram ao suportar minha
ausência durante as horas dedicadas à pesquisa.
Aos professores do PPGEC da Universidade Federal do Pará, em especial, Profª Drª
Ana Rosa Baganha Barp pelo grande incentivo em todos os momentos e valiosa
orientação durante o desenvolvimento deste trabalho.
Aos amigos e professores do Grupo de Pesquisa em Recursos Hídricos da
Amazônia, pela parceria na pesquisa e no trabalho cotidiano;
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), Que através dos Fundos Setoriais de Recursos Hídricos e Agronegócio
apoiaram financeiramente o Projeto Água e Cidadania em Rondon do Pará, do qual
foi concebida essa Dissertação de Mestrado.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará (FAPESPA) e a VALE, pelo
apoio financeiro através de bolsa de Mestrado.
À Prefeitura Municipal de Rondon do Pará, através da Secretaria
Municipal de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de Rondon do Pará, pelo apoio
no trabalho de campo.
A todos que me apoiaram e contribuíram direta ou indiretamente para a realização
deste trabalho.
RESUMO
O presente trabalho da análise e aplicabilidade da técnica de mapeamento mental
através de um modelo qualitativo integrado. Utilizando a metodologia informacional
através do uso do programa computacional Intelimap no contexto da pesquisa de
recursos hídricos, visando auxiliar o processo de gerenciamento dos recursos
hídricos no âmbito bacia hidrográfica do Rio Ararandeua predominante no município
de Rondon do Pará. A pesquisa comprometida em esclarecer sobre os fatores que
estão relacionados com uma problemática ambiental, envolvendo bacias
hidrográficas urbanas e peri-urbanas, apresenta a concepção sobre os conflitos por
uso da água - uma realidade de conciliar a demanda dos usos consuntivos com a
disponibilidade de recursos hídricos. Procura- se analisar sobre a ocorrência de
conflitos por uso da água na região de Rondon do Pará, onde os usos que
sobressaem na região são para as atividades econômicas (basicamente indústria
extrativa de madeira e pecuária). A metodologia a ser empregada neste trabalho
será realizada através de uma ferramenta computacional suportada na teoria do
mapeamento mental. O modelo qualitativo apresenta-se como um importante
instrumento de avaliação da problemática situação existente na área de estudo,
através do qual serão agrupadas informações sistematizadas de levantamentos
bibliográficos e de observações locais, unindo componentes de causas e efeitos
representativos. A identificação e qualificação dos conflitos decorrentes dos usos
múltiplos da água serão realizadas a partir de entrevistas com os atores sociais da
área para posteriormente serem feitas análise nas informações segundo o
procedimento QC STORY, no qual será adota as seguintes etapas; Problema
(identificação do problema), Observação (reconhecimento dos aspectos do
problema), Análise (descoberta das principais causas. E posteriormente aplicar uma
técnica de metodologia informacional desenvolvendo a qualificação de conceitos,
chegando-se a pretensão da pesquisa para alcançar os seus objetivos, de
representação por mapas mentais dos aspectos gerais dos conflitos por uso
múltiplos da água na região decorrente da degradação ambiental do rio Ararandeua.
Palavras-chave: Gestão de Recursos Hídricos. Conflitos por múltiplos usos da água. Mapeamento mental. Metodologia informacional.
ABSTRACT
This work of analysis and applicability of the technique of mind mapping through an
integrated qualitative model. Using the methodology through the use of informational
program Intelimap computational research in the context of water resources, to assist
the process of water resources management in river basin Ararandeua predominant
in Rondon do Pará research committed to clarify the factors that are related to an
environmental issue involving watershed urban and peri-urban areas, presents the
design on the conflicts in water use - a fact to reconcile the demands of consumptive
uses with the availability of water resources. It seeks to analyze the occurrence of
water use conflicts in the region of Rondon do Pará, where the uses that stand in the
region is for economic activities (primarily wood extractive industry and livestock).
The methodology to be employed in this work will be accomplished through a
computational tool supported the theory of mind mapping. The qualitative model is
presented as an important tool to evaluate the problematic situation in the study area,
through which information will be grouped systematized bibliographical surveys and
site observations, linking components representative of causes and effects. The
identification and characterization of conflicts arising from multiple uses of water will
be conducted through interviews with social actors in the field for later analysis on the
information made under the procedure QC STORY, which will adopt the following
steps; Problem (problem identification ) Note (recognition of aspects of the problem),
Analysis (discovery of the main causes. And then apply a technique developed
methodology informational classification of concepts, coming to claim the research to
achieve its objectives, to be represented by mental maps general aspects of the
conflict by using multiple water in the region due to environmental degradation of the
river Ararandeua.
Keywords: Water Resources Management. Conflicts of multiple uses of water. Mapping mental. Methodology informational.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Localização do município de Rondon do Pará............................................. 27
FIGURA 2: Arco do Desmatamento na Amazônia e localização do Município de
Rondon do Pará. ............................................................................................................
28
FIGURA 3: Mapa da divisão em sub-bacias do rio Ararandeua..................................... 29
FIGURA 4: Localização da bacia do rio Ararandeua: divisão hidrográfica nacional; localização da região hidrográfica atlântico nordeste ocidental com as sub-divisões; bacia hidrográfica do rio Ararandeua..............................................................................
30
FIGURA 5: Exemplo de mapa mental, brainstorming.................................................... 35
FIGURA 6: Exemplo de mapa mental estruturado......................................................... 37
FIGURA 7: Mapa mental, gerado a partir do conceito de conflitos de uso da água a
partir de informações......................................................................................................
38
FIGURA 8: Menu de acesso do InteliMap –Árvore de Idéias ou fatos........................... 40
FIGURA 9: Modelo esquemático da pesquisa................................................................ 41
FIGURA 10: Estrutura gráfica do QC Story.................................................................... 44
FIGURA 11: Exemplo comum de queimadas................................................................. 48
FIGURA 12: Exemplo de área desmatada na bacia do rio Ararandeua......................... 49
FIGURA 13: Produção agrícola próxima da nascente do rio.......................................... 49
FIGURA 14: Rio Ararandeua, próximo a nascente......................................................... 50
FIGURA 15: Atividade de carvoaria na bacia................................................................. 50
FIGURA 16: Despejo de efluentes domésticos em local inadequado em desconformidade com a legislação ambiental.................................................................
51
FIGURA 17: Degradação ambiental devido efluentes domésticos no rio Ararandeua... 51
FIGURA 18: Despejo inadequado de efluentes industriais (matadouro) na área
urbana..............................................................................................................................
52
FIGURA19: Problemas na rede de drenagem de água pluviais na área urbana............ 52
FIGURA 20: Disposição inadequada de resíduos sólidos na área urbana..................... 53
FIGURA 21: Processo de extração mineral na bacia do rio Ararandeua........................ 53
FIGURA 22: Uso industrial da água no laticínio.............................................................. 54
FIGURA 23: Uso da água para produção agrícola......................................................... 54
FIGURA 24: Uso da água para atividade de piscicultura................................................ 55
FIGURA 25: Comunidade que utiliza a água para o consumo doméstico...................... 55
FIGURA 26: Localização dos usos e suas características no sistema – ZONA RURAL 61
FIGURA 27: Localização dos usos e suas características no sistema – ZONA URBANA..........................................................................................................................
61
FIGURA 28: Mapa mental, gerado a partir do desenvolvimento da pesquisa sobre “Cenários estratégicos em recursos hídricos: estudo da bacia do rio Ararandeua”........
63
FIGURA 29: Mapa mental, gerado a partir do desenvolvimento da pesquisa sobre “O reflexo da degradação ambiental e sua relação com a gestão hídrica da bacia hidrográfica do rio Ararandeua – Pa”..............................................................................
64
FIGURA 30: Mapa mental, gerado a partir do resultado da pesquisa sobre “Avaliação da sustentabilidade do uso da água na bacia hidrográfica do rio Ararandeua: estudo de caso de Rondon do Pará”..........................................................................................
64
FIGURA 31: Mapa Mental, Trecho do rio Ararandeua que apresentam pior valor de IQA...................................................................................................................................
65
FIGURA 32: Mapa Mental, Conflito por uso da água na Zona Urbana........................... 66
FIGURA 33: Mapa Mental, Conflito por uso da água na Zona Rural.............................. 66
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1: Tipologias de conflitos pelo uso da água............................. 22
QUADRO 2: Resumo das Características de Alguns dos Setores dos
Recursos Hídricos e suas Tendências......................................................
24
QUADRO 3: O uso de medidas não-estruturais na solução de conflitos.
31
SUMÁRIO
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO, HIPÓTESE, OBJETIVOS.......................................
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................
2. OBJETIVOS..........................................................................................................
CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................
2.1 - Elementos de interface na gestão da água...................................................
2.1.1 Bacia hidrográfica...........................................................................................
2.1.2 Gestão e Gerenciamento de Rhi....................................................................
2.1.3 Planejamento...................................................................................................
2.1.4 Legislação.......................................................................................................
2.2 - Conflitos por Usos múltiplos da água...........................................................
2.2.1 Usos múltiplos da água..................................................................................
2.2.2 Conflito Sócio Ambiental...............................................................................
2.2.3 Conflito por usos múltiplos da água........................................................
2.3 – Área de estudo: a bacia hidrográfica do rio Ararandeua............................
2.3.1 Localização Geográfica..................................................................................
2.4 – A interface dos Impactos ambientais com a Educação ambiental............
2.4.1 Impactos ambientais......................................................................................
2.4.2 Medidas não-estruturais............................................................................
2.4.3 Educação ambiental.......................................................................................
CAPÍTULO III. MODELAGEM QUALITATIVA COMO SUPORTE PARA A
GESTÃO DE CONFLITOS POR MÚLTIPLOS USOS DA ÁGUA..........................
3.1 Metodologia informacional...............................................................................
3.2 Mapeamento Mental...........................................................................................
CAPÍTULO IV – MATERIAIS E MÉTODOS..............................................................
4.1 Caracterização básica do método....................................................................
4.2 O Modelo Qualitativo e Resultados (Análise dos Dados, Aplicação do
modelo qualitativo)..................................................................................................
4.2.1 Modelos qualitativos......................................................................................
4.2.2 Análise de dados (Resultado)........................................................................
4.3 Aplicação do modelo qualitativo......................................................................
CAPÍTULO V – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...............................................
CAPÍTULO VI – CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................
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69
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................
ANEXO......................................................................................................................
71
77
14
CAPÍTULO I – Introdução, Hipótese, Objetivos.
1 INTRODUÇÃO
A região Amazônica abriga uma grande parte da água das bacias
hidrográficas, porém observa-se que a população não consegue lidar
satisfatoriamente com esse recurso. A partir do principio de que a água é um recurso
finito e vulnerável, essencial para sustentar a vida. Segundo Uhly e Lopes de Souza
(2004), a escassez e o mau uso desse recurso são fatores de crescente risco ao
desenvolvimento sustentável e á proteção do meio ambiente.
O processo de expansão urbana, as grandes procuras pelos recursos
hídricos, suportada por interesses diferenciados e a sua escassez, conseqüência da
degradação ambiental, levam à ocorrência de conflitos por usos múltiplos da água,
principalmente nas bacias densamente urbanizadas. Os conflitos de uso causam
problemas mais imediatos como às inundações urbanas, a contaminação e poluição
de águas superficiais e subterrâneas e a escassez de água para abastecimento
público colocando em deficiência a saúde pública e o saneamento ambiental de
concentrações populacionais. Desse modo, envolvendo futuramente elevados
custos sociais, ambientais e econômicos para sua correção. A identificação dos
conflitos pelo uso múltiplo da água da bacia hidrográfica do Rio Ararandeua vem a
ser o objeto central desta pesquisa entendidos como um fato inserido numa grande
problemática dos dias atuais, relacionados com o agravamento dos impactos
ambientais das bacias hidrográficas urbanas e peri-urbanas. Seguindo da
qualificação dos potenciais processos indicadores de conflitos que estão diretamente
relacionados aos mesmos será de grande contribuição para a área de pesquisa por
buscar possíveis soluções como instrumento de apoio a tomada de decisões no
âmbito da gestão de recursos hídricos e, por sua vez, trazer melhoria para a
qualidade de vida da população e seu ambiente natural.
A estrutura básica pretendida para dissertação da pesquisa será
composta por capítulos que fundamentarão o estudo. Incluindo a realidade empírica
observada na região de Rondon do Pará. O trabalho contará com o arcabouço que
envolve uma pesquisa qualitativa, baseando – se na analise de procedimentos de
15
resolução de problemas juntamente com a metodologia informacional que darão
suporte para o desenvolvimento da pesquisa e resultados.
Inicialmente, no capitulo 1, será apresentada uma concisa Introdução
abordando a Justificativa da pesquisa, a Realidade Empírica Observada, Hipótese,
Objetivos, Motivação e o Conteúdo dos Capítulos. Questões importantes para um
primeiro momento, como compreensão do que se trata a pesquisa.
Para um segundo, momento compondo o capitulo 2, introduzirá a revisão
bibliográfica que irá fundamentar o trabalho descrevendo importantes conceitos,
categorias e noções, tais como: a Bacia hidrográfica; Gestão e Gerenciamento de
recursos hídricos; Planejamento; Legislação; Conflito Sócio Ambiental; Usos
múltiplos da água; Área de estudo; Impactos ambientais; Educação ambiental;.
O capitulo 3 descreverá sobre a Modelagem qualitativa como suporte para
a gestão de conflitos por múltiplos usos da água. Desta forma, fazem parte deste
capitulo os temas: Metodologia informacional e Mapeamento Mental.
O próximo capítulo apresentará questões que envolvem modelos
qualitativos e resultados da pesquisa, inclusos na caracterização básica do método,
destacando a análise de dados, além da aplicação do modelo qualitativo.
O capitulo seguinte versará sobre a discussão dos resultados. Destacará
introduzido no contexto do trabalho o tema Processo decisório, de importância
relevante para um processo de tomada de decisão, questão em evidência para tal
pesquisa.
O último capítulo apresentará Conclusões e Sugestões para estudos
futuros fundamentado em conceitos sobre Medidas não-estruturais e Educação
ambiental.
16
2 OBJETIVOS
Geral
Identificar e qualificar os potenciais processos indicadores de conflitos que
estão diretamente relacionados aos múltiplos usos da água na bacia do rio
Ararandeua.
Específicos
Aplicar a metodologia informacional no contexto da pesquisa de recursos hídricos,
visando auxiliar o processo de gerenciamento dos recursos hídricos no âmbito
bacia hidrográfica do Rio Ararandeua.
Analisar a aplicabilidade da técnica de mapeamento mental através de um modelo
qualitativo integrado utilizando como análise auxiliar o procedimento QC STORY
(KUME, 1993), seguindo as etapas; Problema (identificação do problema),
Observação (reconhecimento dos aspectos do problema) e Análise (descoberta
das principais causas).
Aplicar as ferramentas informacionais como instrumento para a elaboração de
uma Cartilha de Educação Ambiental, propondo uma estratégia de ensino
estimulando à participação do educando e o interesse nas questões ambientais e
impactos causados pelas atividades antrópicas.
17
CAPÍTULO II– Fundamentação Teórica
2.1 - Elementos de interface na gestão da água
2.1.1 Bacia hidrográfica Adotando a bacia hidrográfica, tal como Tucci (2001):
Um sistema físico onde a entrada é o volume de água precipitado e a saída é o volume de água escoado pelo exutório (ponto de saída), considerando-se como perdas intermediárias os volumes evaporados e transpirados e também os infiltrados profundamente.
Esta área física é uma importante unidade de planejamento e de
execução de atividades sócio-econômicas, ambientais, culturais e educativas
objetivando adequação de uso, controle e proteção das águas.
Sua importância está norteada por ser um dos fundamentos da Política
Nacional de Recursos Hídricos, a bacia hidrográfica como unidade territorial para
implementação da mesma e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos (Lei 9.433/97).
Em se tratando de bacias hidrográficas urbanas e peri-urbana, entende-
se, a primeira denominação por aquela que está localizada nas áreas mais
urbanizadas, se comparadas às outras e a segunda pela localização nas áreas em
que há intersecção das zonas urbanas e rurais. Enquadrando-se as suas
características ao cenário que reflete os conflitos de uso do recurso hídrico no que
diz respeito aos usos consuntivos e usos não-consuntivos. Estes respectivamente
entendidos por aquele em que há o consumo efetivo da água e o uso em que o
consumo da água não ocorre ou é muito pequeno. (TUCCI, HESPANHOL e NETTO,
2001; FEPAM, 2006).
2.1.2 Gestão e Gerenciamento de Recursos Hídricos
18
A gestão de recursos hídricos é tratada por Sett et al (2001), como a
gestão das águas, sendo entendida como uma atividade analítica e criativa voltada à
formulação de princípios e diretrizes, para o preparo de documentos orientadores e
normativos, estruturação de sistemas gerenciais e tomada de decisões que têm por
objetivo final promover o inventário, uso, controle e proteção dos recursos hídricos.
Para tanto a definição de gerenciamento está englobada na gestão apresentando-se
incluída, considerada uma atividade de governo.
Sett et al (2001), resume então, considerando que uma gestão das águas
eficiente deve ser constituída por uma política, que estabeleça as diretrizes gerais,
um modelo de gerenciamento,que estabeleça a organização legal e institucional e
um sistema de gerenciamento, que reúna os instrumentos para o preparo e
execução do planejamento do uso, controle e proteção das águas.
Em se tratando de bacia hidrográfica, para Freitas (2000) a gestão de
bacias hidrográficas representa:
Uma ação conjunta dos diferentes atores envolvidos (sociais, econômicos ou socioculturais), no intuito de melhor adequar o uso, controle e proteção de um recurso natural, sujeitando as respectivas ações antrópicas à legislação ambiental existente, visando atingir deste modo o desenvolvimento sustentável.
Por essa concepção adota-se a bacia hidrográfica, segundo fundamento
em que se baseia a Política Nacional de Recursos Hídricos, considerando-a como
unidade de planejamento e gerenciamento de recursos hídricos, o marco referencial,
a principal ferramenta para se trabalhar o contexto do problema. Além de determinar
na gestão, proporcionar o uso múltiplo de forma integrada e descentralizada,
contando com ampla participação social.
2.1.3 Planejamento
Constata-se na visão de Mauad e Lima (2003), a importância do
planejamento, o qual os autores tratam por estratégico para o desenvolvimento
sustentável com o objetivo de orientar as decisões futuras.
Neste sentido Barp (2004), enfatiza que a adoção da bacia hidrográfica
como unidade de planejamento serve também para facilitar a promoção do
19
desenvolvimento sustentável e a interação entre regiões hidrológicas com interesses
comuns e\ou conflitantes.
Almeja-se um planejamento e gerenciamento sustentável de recursos
hídricos que pratica a noção de participação dos usuários da água -principais
interessados- que incorpore a informação, a educação e mobilização dos usuários,
procurando chegar a um consenso, em se tratando do contexto focado nos conflitos
entre os setores de usuário da água.
Entende-se então por planejamento, um processo sucessivo que envolve
decisões ou escolhas de formas alternativas de utilização das soluções disponíveis
com o objetivo de atingir metas característica em um determinado tempo no futuro.
Tal técnica, além de envolver definição de objetivos e prioridades estuda as diversas
conseqüências do plano de ação.
Em sentido amplo, para resolver problemas relacionados com recursos
hídricos e seus múltiplos usos, o planejamento visa soluções, desenvolvendo
atividades que envolvem desde uma concepção inicial até um programa de obras,
beneficiando a comunidade e localidades necessitadas de suas ações.
2.1.4 Legislação A respeito da evolução da legislação do setor, toma-se por marco base
para os princípios orientadores da gestão de águas para tal estudo, a Política
Nacional de Recursos Hídricos, Lei nº 9.433/97, referentes ao uso da água no Brasil,
quando o mesmo introduz novo modelo de gestão da água. Sendo que
anteriormente era marcado seguindo do Código de Águas caracterizado pelo modelo
“burocrático” de gestão da água, com seqüência do modelo “econômico-financeiro”,
sofrendo transição para o modelo “sistêmico de integração participativa”. A
existência destes três modelos de gestão da água foi mencionada sob a óptica de
aplicação de modelos de gerenciamento de Recursos Hídricos segundo Setti et AL
(2001).
Conforme Tucci, Hespanhol e Netto (2000), a Política desdobra-se em:
fundamentos, objetivos, diretrizes de ação e Instrumentos.
Dentre os instrumentos previstos, destacam-se os Planos de Recursos
Hídricos, como documentos que consolidam o processo de planejamento prévio da
20
utilização, preservação e recuperação dos recursos hídricos; a outorga de direitos de
uso, como meio de assegurar e controlar os direitos de uso desses recursos e a
cobrança pelo uso da água, como meio de reconhecer o valor econômico desta e
incentivar a racionalização de seu uso. Alem de tratar do enquadramento dos corpos
de água em classes, segundo seus usos preponderantes; a compensação aos
municípios e assim como o sistema de informações sobre recursos hídricos.
Instrumentos estes que recebem destaque por sua implementação nas unidades de
planejamento ser de extrema importância para a definição das ações em um
processo de gestão.
Sobre os Estados e Municípios sabe-se que as leis estaduais tratam de
política, diretrizes e critérios de gerenciamento dos recursos hídricos que prevêem o
instrumento da outorga e a constituição de Comitês de Bacias Hidrográficas de
composição variável, porém a participação dos usuários é comum a todas.
No que concerne ao Estado do Pará, tem-se a Lei Estadual no. 5793 de
04/01/1994 que define a política Minerária e Hídrica do Estado, seus objetivos,
diretrizes, instrumentos, e contém disposições distintas das demais leis estaduais já
aprovadas. Além desta, destaca-se para o Estado a Lei n.º 6.381, de 25 de Julho de
2001 que dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos e instituí o Sistema
de Gerenciamento de Recursos Hídricos, como proposta de suprir a necessidade de
uma legislação específica sobre recursos hídricos, no momento em que o Pará faz
parte da região do Brasil, tratada como a mais rica em água.
2.2 - Conflitos por Usos múltiplos da água
2.2.1 Usos múltiplos da água Para a gestão dos recursos hídricos, segundo fundamentos da Política
Nacional dos Recursos Hídricos (Lei nº 9.433/97), a mesma deve sempre
proporcionar o uso múltiplo das águas.
Quando se pensa em usos múltiplos da água, essencialmente reflete-se o
desequilíbrio decorrido do crescimento populacional somado ao desenvolvimento
econômico gerando um aumento da intensidade e variedade dos usos acometendo
a pratica que denominamos de usos múltiplos. Dentre os mesmos destacam-se:
21
abastecimento humano; consumo industrial; irrigação; recreação; dessedentação de
animais; geração de energia elétrica; transporte; diluição de despejos; preservação
da flora e fauna.
Neste contexto, a disponibilidade hídrica qualitativa ou quantitativa pode
tornar-se insuficiente para atender todas as demandas existentes, ocorrendo o que
se convencionou chamar de conflito de uso da água.
2.2.2 Conflito Sócio Ambiental
A concepção dos conflitos passou a ser essencial para o planejamento de
gestão dos mesmos. No propósito que os tomadores de decisão devem aprofundar-
se na diferenciação entre esses conceitos, pois é notório que grande parte dos
conflitos acontece pela ocorrência de interesses distintos. Sendo assim, no que
concernem alguns autores fazem as seguintes conceituações:
Conflito é uma palavra que se origina do latim e significa colisão, choque,
desavença, embate conforme Little (2001). Os conflitos são divergências naturais,
decorrente de convívios de pessoas ou de grupos que diferem em atitudes, crenças,
valores ou necessidades, e podem ser conceituados como formas de
enfrentamentos sociais, onde as dimensões, os níveis e a intensidade dos conflitos
variam consideravelmente, atenta Wolf (1998).
Para Nandalal e Simonovic (2003), conflito é um também é considerado
um desentendimento natural resultante de atitudes, opiniões, valores, ou
necessidades de diferentes indivíduos ou grupos dentro de uma sociedade.
Segundo o “Netherlands Organisation for Social Research”-NOSR (2007
apud CAP-NET, 2008) define-se conflito da seguinte forma:
Conflito é um processo que começa quando um indivíduo ou grupo percebe diferenças entre si próprio e da oposição e outro indivíduo ou grupo sobre interesses e recursos, as crenças, valores e práticas que interessam a eles. Este processo pode ser aplicado ao ver todos os tipos de partes - as nações, organizações, grupos ou indivíduos - e para todos os tipos de conflito - a partir de tensões latentes ao manifesto violência.
Pode-se entender a partir da concepção de que conflitos partem das
disputas entre diferentes atores e setores por um bem comum, neste caso, conflitos
22
sociais onde os atores apresentam interesses que divergem com relação aos
recursos naturais e de uso do meio ambiente comum.
Na compreensão de Louzada (2008), conflitos ambientais podem ser
classificados em dois principais grupos, os conflitos relacionados a problemas
globais ou regionais, entendidos como problemas conflitantes de proteção de
florestas, de espécies em extinção, recursos hídricos, poluição do solo e ar, entre
outros; e os conflitos relacionados a problemas localizados, que são aqueles que
interferem direta e localmente nas partes envolvidas nas disputas.
Considerando a conjuntura abordada, em meio a conflitos, tem-se um
evento envolvido aos usos da água partindo de diferentes interesses. Dessa forma
faz-se necessária a gestão de tais conflitos buscando-se discernimento em
pesquisas para identificação e sugestões de mediação, subsidiada em programas de
planejamento de gestão.
Segue-se então nesta linha de abrangência, buscando a interseção entre
conflitos ambientais e conflitos relacionados a problemas localizados para melhor
entender a dinâmica de aproveitamento de um recurso hídrico para múltiplas
atividades, vinculadas a prática de ações com interesse comum envolvendo uma
região e seus grupos sociais, levando a confrontos diretos e indiretos, reconhecendo
nestes, os conflitos socioambientais pelo uso múltiplo da água.
2.2.3 Conflito por usos múltiplos da água
Os conflitos são originados pela falta de disponibilidade de água na
quantidade e/ou qualidade necessária para atender a todos os usuários. Os usuários
em conflito podem ser do mesmo setor de atividade ou não. Logo no contexto
regional, reportando-se ao uso das águas em pequenos municípios, o interesse de
diferentes atores para atender a uma distinta atividade que envolve um recurso
hídrico caracterizam-se os tipos de conflitos como: conflitos entre usuário e conflitos
setoriais segundo percepção da situação local.
Conforme Nascimento (2001) todo conflito tem um conjunto de elementos
que o caracterizam e regem sua evolução e intensidade, considerando como
principais, a natureza, atores sociais diversos, campo especifico, objeto em disputa,
lógica ou dinâmica de evolução, mediadores e tipologia. Neste sentido apresenta-se
23
como ponto de partida para entendimento dos conflitos pelo uso da água o quadro 1
com o resumo das tipologias de conflitos por múltiplos usos da água apresentadas
por Louzada (2009) conforme os autores citados no quadro, e suas respectivas
definições.
Autores Tipos de Conflitos Definições
Gleick (2008)
Controle de Recursos Hídricos As raízes das tensões estão associadas ao abastecimento de água ou ao acesso às fontes de água.
Ferramenta Militar Os recursos hídricos são utilizados como uma arma por uma nação ou Estado, durante uma ação militar.
Alvo Militar Os recursos hídricos são alvo de ações militares por nações ou Estados
Instrumento político Os recursos hídricos são utilizados tanto por Nações, Estados, ou agentes privados como um objetivo político.
Terrorismo Conflitos em que os recursos hídricos são alvos ou instrumentos de violência e/ou de coerção por agentes não-estatais.
Conflitos de desenvolvimento Os recursos hídricos são uma grande fonte de controvérsias e conflitos no contexto do desenvolvimento econômico e social.
Lanna (2002) Conflitos de Disponibilidade Quantitativa
Ocorre uma escassez quantitativa da disponibilidade de água em função de uso intensivo.
Conflitos de Disponibilidade Qualitativa
Decorrentes da poluição e/ou contaminação da água.
Conflitos de Destinação de Uso A utilização das águas é realizada em discordância das decisões políticas de usos.
CPT (2004) Apropriação particular pelo uso da água
Estas tipologias relacionam-se as situações que caracterizam os conflitos, ou seja, as fontes que desencadeiam os conflitos. Uso e preservação
Barragens e açudes
Cordeiro Netto (2006)
Conflitos entre usuários de mesma categoria
Conflitos entre usuários de uma mesma categoria de uso dos recursos hídricos;
Conflitos verificados entre usos distintos
Conflitos entre usos de água para fins distintos;
Conflito entre uso produtivo e conservação ambiental
Conflitos de usos das águas em processos produtivos, diante da possibilidade de conservação hídrica.
Conflito no tempo, no espaço e na fase de planejamento de hidrelétricas
Conflitos decorrentes de planejamento, construções e operações de usinas hidrelétricas.
Malta (2006) Conflitos pelo uso da água Entre setores usuários de águas nas bacias hidrográficas.
Conflitos de cunho institucional Envolvendo articulações políticas e institucionais.
Conflitos pela regulamentação da Política Nacional de recursos Hídricos
Conflitos envolvendo competências legais e administrativas dos recursos hídricos.
Quadro 1 :Tipologias de conflitos pelo uso da água. Fonte: LOUZADA, 2009 [Adaptado de Gleick (2008), Lanna (2002), CPT (2004), Cordeiro Netto
(2006) e Malta (2006).]
24
Assim posto, as tipificações de conflitos por múltiplos usos da água
podem ser apuradas, podendo conforme as particularidades a que devem ser
atribuídas, pretendendo contribuir para as esferas em que são encontradas e
identificadas. Pretende-se contribuir com uma classificação de tipos e definições de
conflitos relacionados aos conflitos por múltiplos usos da água na bacia hidrográfica
do rio Ararandeua.
Segundo a Agência Nacional de Água – ANA (2008), “A gestão dos
recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas". A afirmação
está na Lei 9.433, de 08 de janeiro de 1997, artigo 1º, que institui a Política Nacional
de Recursos Hídricos, entre outros aspectos. Tendo esse enunciado como um dos
seus fundamentos. No entanto, devido ao alto crescimento da demanda de energia
elétrica e da água destinada ao abastecimento público, industrial e agrícola, o uso
múltiplo das águas provocou o surgimento de conflitos que envolvem principalmente
aspectos ambientais.
Na escala nacional, estudiosos procuram, objetivando a gestão da água
no Brasil, avaliar a situação atual e as perspectivas futuras, resultando deste
argumento um resumo das características de alguns setores dos recursos hídricos e
suas tendências, no quadro 2.
25
Setor Principais problemas Tendências Necessidades
Institucional incipiente da legislação dos recursos hídricos
-regulamentação da cobrança pelo uso da água
excessiva na gestão dos recursos hídricos
institucional das bacias com conflito
Agência Nacional da Água (ANA)
da cobrança pelo uso da água
institucional em nível federal e estadual
gestão, com maior participação dos municípios e da população e da iniciativa privada
ntação institucional do Sistema
Desenvolvimento Urbano mananciais
de tratamento dos efluentes;
institucionais
com risco de inundação
urbana que agravam enchentes
limitações na disposição de resíduos sólidos
grandes cidades, com falta de manancial de abastecimento
construção de canais de drenagem que somente agravam as enchentes
condições ambientais das cidades médias que são pólos de desenvolvimento
das cidades com aumento de doenças de veiculação hídrica
treinamento de profissionais municipais
federais que tratem o gerenciamento integrado dos recursos hídricos e meio ambiente das cidades
desenvolvimento de planos diretores de saneamento e drenagem urbana
financiamento para apoio aos planos das cidades
Desenvolvimento Rural agropecuária com o abastecimento de água às populações humanas
assoreamento dos rios
irrigação
dos efluentes
pagamento pelo uso da água o que dificulta a racionalização do uso desse insumo
áreas com oferta hídrica e solo adequados
específicas onde a oferta de água é crítica nos anos de estiagem
conservação do solo em algumas regiões
ação da agricultura com redução de mão-de-obra
rural, principalmente nas áreas deficientes
programas de eficiência agrícola e ambiental através de financiamento da produção
pelo uso da água como mecanismo de melhoria da eficiência
comitê e agência de bacia para as áreas críticas
Quadro 2: Resumo das Características de Alguns dos Setores dos Recursos Hídricos e suas Tendências.
Fonte: adaptado de Tucci,Hespanhol e Netto(2000).
26
Enfatiza- se, o início do enfoque do desenvolvimento sustentável e gestão
integrada de recursos hídricos. A tendência da expansão agrícola em áreas com
oferta hídrica e solos adequados. Contrastando com a realidade da presença de
conflito em regiões específicas onde a oferta de água é crítica, situação referente às
questões relacionadas com as multiplicidades de usos inadequados e deficientes de
gestão.
Sendo assim, para Barp (2004) da identificação do conflito pelo uso da
água, cada vez mais freqüente, percebe-se que a gestão eficiente dos recursos
hídricos, que deve propor a integração harmônica dos usos da água ao sistema
hídrico, toma um caráter emergencial. O gerenciamento dos recursos hídricos surge
como solução para a resolução de grande parte desses problemas.
2.3 – Área de estudo: a bacia hidrográfica do rio Ararandeua.
2.3.1 Localização Geográfica
O município de Rondon do Pará pertence à mesorregião do Sudeste
Paraense e à microrregião de Paragominas com uma população estimada de 47.776
habitantes (IBGE, 2009), e área territorial de 8.241,10 km², é produto do modelo
desordenado de ocupação da Amazônia nas décadas de 60-70(MMA/SCA/SPRN,
2003). Resultante de um processo migratório intenso e de exploração predatória dos
recursos naturais. A Bacia Hidrográfica do Rio Ararandeua, área de estudo da
pesquisa, se encontra na sede administrativa do Município de Rondon do Pará,
demonstrada na Figura 1. Localiza-se na região sudeste do estado do Pará, com
uma área total 10.742,62 km², desta 95,22 % estão no estado do Pará e 4,78% no
estado do Maranhão.
27
Figura 1: Localização do município de Rondon do Pará
Fonte: IBGE. (2002).
Deve-se observar que esse município encontra-se na região do Estado,
onde o incremento na velocidade do desmatamento ocorreu, com maior intensidade,
nos três últimos anos, uma região que possui um dos maiores índices de
desmatamento em todo território brasileiro. Conforme Magalhães (2008), hoje possui
menos de 40% de sua área inalterada, estando localizado na área denominada de
Arco do Desmatamento1, conforme mostra a Figura 2, onde estão situados os 50
municípios responsáveis por 70% do desmatamento ocorrido no período de 2000-
2003 na Amazônia.
1 A maior parte do desmatamento na região tem se concentrado ao longo de um “Arco” que se
estende entre o sudeste do Maranhão, o norte do Tocantins, sul do Pará, norte de Mato Grosso, Rondônia, sul do Amazonas e o sudeste do Acre, Brasil. (2004).
28
Figura 2: Localização do município de Rondon do Pará no “arco desflorestamento”.
Fonte: Base cartográfica do IBGE. Monteiro, et al (2006).
Na hidrografia de Rondon do Pará, destaca-se o rio Surubiju. Entretanto,
o rio Ararandeua é o principal rio do município, o qual nasce em terras do Estado do
Maranhão, mas tem todo o seu curso atravessando o Município na direção Sudeste-
Noroeste-Norte e recebe, pela margem direita, vários rios e igarapés de relativa
extensão.
O município conta com a intervenção da Secretaria Municipal de Ciência,
Tecnologia, Meio Ambiente e Turismo - SECMA criada através da Lei Municipal nº
472, de 20 de outubro 2005 no seu processo de gestão ambiental. Embasado na Lei
Municipal nº. 412/2002, de 27 de maio de 2002, instituiu-se o Conselho Municipal do
Meio Ambiente (CONSEMA) -, com competência deliberativa, composto
majoritariamente por representantes da sociedade civil. Já a Política Municipal de
Proteção, Controle, Conservação e Recuperação do Meio Ambiente, foi instituída
pela Lei Municipal nº 421, de 27 de setembro de 2002, cuja criação se deu no
mesmo ato o Fundo Municipal de Defesa do Meio Ambiente e o Sistema Municipal
de Informações e Cadastros Ambientais, como órgãos integrantes do Sistema
Municipal de Meio Ambiente.
A divisão da bacia hidrográfica por área de drenagem consiste em duas
zonas distintas: o Alto Rio Ararandeua e o Baixo - Médio Rio Ararandeua,como
29
mostra a figura 3. O rio Ararandeua compreende os Estados do Pará e o Estado do
Maranhão, com os municípios de Rondon do Pará-PA e Açailândia-MA.
Figura 3: Mapa da divisão em sub-bacias do rio Ararandeua
Fonte: CACELA FILHO (2009).
A economia local do município de Rondon do Pará ainda é sustentada
basicamente pela indústria extrativa de madeira e pela pecuária. O modelo de
pecuária é o extensivo, sem controle de desmatamento, de queimadas ou respeito
aos limites legais de desmatamento, gerando além da destruição dos recursos
florestais à contaminação, erosão e assoreamento dos cursos d’água na região.
A partir do exposto por Magalhães (2008), o regime hídrico é diretamente
afetado pela dinâmica e manejo da vegetação, que podem contribuir tanto para sua
perfeita manutenção e circulação no planeta ou ainda para a sua indisponibilidade. A
dinâmica da vegetação inclui mudanças naturais (fatos normais do ecossistema, que
não comprometem a disponibilidade de água) e as antrópicas (sendo o
desmatamento a prática mais comum). A vegetação tem influência direta no
processo de erosão, na qualidade da água, na dinâmica de nutrientes, na proteção
de mananciais e na produção de água.
O município de Rondon do Pará faz parte da Bacia Hidrográfica do
Atlântico Nordeste Ocidental e possui uma rede de drenagem que deságua no rio
Capim e posteriormente escoa para o rio Guamá. O rio Ararandeua é o principal rio
do município, conforme Figura 4.
30
Figura 4: Localização da Região Hidrográfica Costa Atlântica-Nordeste com as sub-divisões e foco na
bacia hidrográfica do rio Ararandeua. Fonte: ADAPTADO/SEMA (2008)
2.4 – A interface dos Impactos ambientais com as Medidas não-estruturais e a
promoção da Educação ambiental
2.4.1 Impactos ambientais
São ocasionados por confrontos diretos ou indiretos entre o homem e o
meio natural. Exemplos bem conhecidos de impacto ambiental são os
desmatamentos, as queimadas, a poluição das águas, entre outras ações ou
atividades que causam alterações no meio ambiente ou em algum de seus
componentes.
Sendo assim para o Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA
(1986), considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas,
31
químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou
energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a
saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e
econômicas; a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e; a
qualidade dos recursos ambientais.
Alguns impactos podem ainda interagir ocasionando uma degradação de
um bem natural. No que concerne a recursos hídricos, ações como o desmatamento,
as queimadas, extração imprópria de minério e, a poluição das águas são fatores
determinantes para a deterioração de um corpo hídrico, por exemplo.
2.4.2 Medidas não-estruturais Tucci, Hespanhol e Netto, (2000) tratam as medidas não estruturais como
sendo aquelas que “envolvem convivência com o rio”. Seguindo essa linha de
pensamento a concepção de tais medidas de caráter preventivo e corretivo,
impostas ao gerenciamento de bacias hidrografias são de instrumentos evidentes de
ação não estrutural voltadas a minimizar os problemas advindos do mau uso da
água.
Silva (2003), em meio às definições identificadas afirma que ao falar de
medidas não-estruturais também se está falando de ações que constituem a gestão
da demanda e dependendo do problema que se tem para equacionar ou mesmo
resolver, podem ser tratadas ora por medida preventiva, ora por medida corretiva ou
de controle, não só se amplifica a definição e assim a percepção do que seja
“medidas não-estruturais”,
Acordando com a definição de que as medidas não-estruturais podem ser
aquelas (programas ou atividades) que não requerem construção de estruturas e
que agem diretamente no processo de planejamento de recursos hídricos,
objetivando disciplinar a conduta de usuários e consumidores, a fim de que o uso
das águas seja feito de maneira regrada. Apresenta-se uma correlação a partir da
classificação dos tipos de conflito identificados por Lanna (2002) e as cabíveis
medidas não estruturais a serem tomadas têm-se um quadro confeccionado por
Silva (2003) para tal representação somente como forma de tornar mais clara como
seria a atuação das medidas não-estruturais sobre os conflitos especificamente:
32
Quadro 3 – O uso de medidas não-estruturais na solução de conflitos
Fonte: adaptado de SILVA (2003).
Observa-se então que as medidas não estruturais servem como
prevenção de possíveis eventos causados pelo uso inadequado da água, daí sua
importância.
2.4.3 Educação ambiental Sobre o que dispõe a lei no 9.795, de 27 de abril de 1999 que institui a
Política Nacional de Educação Ambiental:
Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Apresentando como parte do processo de educação ambiental, mais amplo onde todos têm direito à educação ambiental, incumbindo dentre outros ao Poder Público e às instituições educativas promover a educação ambiental, assim como à sociedade como um todo, ações que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solução de problemas ambientais.
33
Acrescenta - se ainda segundo a Fundação Nacional de Saúde - FUNASA
(1999) ser educação ambiental um processo de aprendizado, a comunicação de
questões relacionadas à interação do homem com seu ambiente natural.
Instrumento de formação de uma consciência pelo conhecimento e reflexão sobre a
realidade ambiental.
Sob a ótica da gestão de recursos hídricos Bustos (2003), ressalta sobre
a implantação na sociedade pública, das atividades de educação ambiental relativas
ao meio ambiente, aos recursos hídricos e ao saneamento, os quais defendem entre
os componentes da comunidade uma visão integrada, participativa e melhores
mudanças de padrões para com a proteção e o controle da água.
Objetivando Informar e sensibilizar as pessoas sobre os problemas e
possíveis soluções, existentes em sua comunidade, buscando transformá-las em
indivíduos que participem das decisões sobre seus futuros, torna-se instrumento
indispensável no processo de desenvolvimento sustentável, exercendo, desse
modo, o direito à cidadania.
A promoção da educação ambiental é para mostrar e sensibilizar sobre a
importância da água em nossas vidas. Edificar ou se interessar por essa pratica,
espera – se buscar um bom equilíbrio do ambiente em que se vive com as suas
necessidades naturais.
34
CAPÍTULO III. Modelagem qualitativa como suporte para a gestão de conflitos
por múltiplos usos da água
3.1 Metodologia informacional
De um modo geral, trata-se de usar técnicas computacionais que dêem
um suporte ao desenvolvimento da pesquisa qualitativa. A partir de ferramentas que
buscam interpretar as informações, através de elementos de análise como palavras,
idéias e, imagens cuja finalidade é constatar, dentre as possibilidades encontradas,
a utilização desta técnica como um instrumento de auxílio à tomada de decisão
aplicada à gestão hídrica de bacias hidrográficas.
Segundo a concepção de Silva (2003), trata-se de novas metodologias de
observação, novos instrumentos e técnicas, sobretudo, no ambiente da pesquisa
qualitativa, reformulando assim as estratégias de investigação. Completando diz
que, além dos dados quantitativos, dados qualitativos terão também o auxílio da
informática em suas respectivas análises e interpretações.
Torna-se importante o entendimento de metodologias informacionais na
elaboração de uma pesquisa e aplicação no estudo pela representatividade de um
sistema inserido no contexto dos recursos hídricos através da análise de elementos
qualitativos necessários para avaliação na modelagem qualitativa.
3.2 Mapeamento Mental
Para entendimento sobre a definição de Mapeamento por Margulies
(2001), trata-se de um processo que permitirá gerar para desfrutar e organizar seus
pensamentos e habilmente a sua apresentação aos outros. Ou seja, ao fazer um
mapa mental aprendem-se artifícios que possam levar a melhor compreensão de um
assunto.
No âmbito das Decisões através do mapeamento o mesmo autor afirma:
35
Poder usar as comparações e contrastes em forma de mapa, pesar decisões, analisar situações ou acontecimentos atuais, além de procurar semelhanças e diferenças. Por exemplo, mapear as vantagens, desvantagens, e interessantes pontos de uma possível ação, evento, ou de direito. MARGULIES (2001).
Exemplificado a seguir pela figura 5 por um mapa mental de um processo
de Brainstorming2.
Figura 5: Exemplo de mapa mental, brainstorming.
Fonte: MARGULIES (2001).
A utilização da metodologia a ser empregada neste trabalho é de
considerável representatividade como uma ferramenta computacional suportada na
teoria do mapeamento mental, que segundo Tony Buzan, criador da técnica no final
dos anos 1960, consiste em uma idéia central (expressa na forma de uma imagem
ou de palavras e de um retrato) as quais irradiam aquilo que relacionam à estrutura
central da idéia. Por Buzan (2002) acrescenta-se ainda:
2 Brainstorming possui inúmeras definições, mas o mais comum é definí-lo como o caminho para
gerar idéias relacionadas a um tópico específico. Normalmente, Brainstorming envolve um grupo de pessoas gerando um apanhado de idéias em um curto período de tempo(INTELIMAP, 2008).
36
Um mapa mental é uma maneira mais fácil de introduzir e de extrair informações do seu cérebro — é uma forma criativa e eficaz de anotar que literalmente “mapeia” os seus pensamentos.
Segundo Millen; Ashriefer e Dray (2005), o Mapa Mental é “uma técnica
simples e eficaz de representar nossos pensamentos, idéias e informações através
de imagens, palavras-chave, cores e associações”.
O formato de um mapa mental se compara à estrutura de pensamento
humano facilita o desenvolvimento e a geração de idéias de forma imediata,
integrando a capacidade imaginativa com a lógico-racional, possibilitando uma
rápida tomada de decisão por viabilizar uma visão global do assunto.
kolkman, kok, Van der veen (2005) consideram a teoria do mapeamento
mental uma “técnica de mapear um nível cognitivo que pode revelar experiências,
percepções, suposições, conhecimento e crenças subjetivas dos agentes, peritos e
outros atores, e pode estimular a comunicação e a aprendizagem”.
Semelhante a percepção que já foi alcançada, os autores também
avaliam que o modelo mental, assim também conhecido, quer pessoalmente ou
coletivamente, determina quais os dados e perspectivas que se examina, em um
mundo excessivo de fontes de dados e uma infinidade de formas de visualização de
dados. Admitem que os modelos mentais influenciem e são influenciados por cada
passo do processo.
Na pesquisa qualitativa a função de entender as informações, tendo como
subsídios básicos de análise de palavras, idéias, e maior interesse na qualidade das
informações são dos métodos de mapeamento para a estruturação de dados
qualitativos.
O mapeamento mental consiste, fundamentado em conceitos, numa
técnica de memorização e aprendizado bastante eficaz destinada à organização de
idéias, registro de informações e pensamentos, melhorar os processos de tomada de
decisões, apresentações, análise de problemas, planejamento em geral, roteiros,
processos de criatividade; estudos, problematizar, interpretar, dentre outros. Além de
apresentar muitos conceitos em um único sentido, rico em símbolos. Conforme
mostra a figura 6.
37
Figura 6: Exemplo de mapa mental estruturado. Mapa mental água.
Fonte: VIANA (2009).
Alguns profissionais nas suas referentes áreas de compreensão do
conhecimento se beneficiam dos mapas mentais para enriquecer a sua capacidade
criativa, assim como a engenharia poderá mapear problemas e promover soluções.
Alguns exemplos de aplicação da técnica de mapeamento mental encontram-se em
kolkman, kok, Van der veen (2005) com “Modelo de Mapeamento Mental como uma
nova ferramenta para analisar a utilização de informação no processo de decisão na
gestão integrada da água”, destacando como pontos metodológicos de pesquisa
análogos com a proposta deste trabalho, quando recomendam o modelo de
mapeamento mental para visualizar a utilização de conhecimentos, a fim de analisar
as dificuldades na solução do problema. Utilizaram da teoria de mapeamento como
ferramenta para considerar a utilização de informação no processo de decisão na
gestão integrada da água. Em conclusão, alia-se a comparação dos modelos
mentais, estrutura e processo decisório ao real uso do conhecimento que pode
revelar potenciais pontos de conflitos.
Já para Giordani, Bezzi, Cassol (2008) sobre “Elementos cartográficos
em mapas mentais para avaliação/ validação do Objeto Escolar Hipermídia
Decifrando os Mapas”, a metodologia foi utilizada como instrumento de
interatividade, proporcionando a participação dos sujeitos da pesquisa (alunos do
ensino fundamental) antes e após o uso do Objeto Escolar Hipermídia – OEH,
Decifrando os Mapas (instrumento auxiliar do processo ensino-aprendizagem),
realizando uma análise dos mapas mentais elaborados pelos próprios alunos.
38
Considerou-se, neste estudo que as temáticas geográficas necessitam do visual
para alcançar a sua compreensão, tem-se, então, OEH. Respostas obtidas antes e
após a validação do Decifrando os Mapas via mapas mentais.
Como mencionado um “mapa mental permite que se tenha uma visão
abrangente dos fatores relevantes de um problema a um só olhar”. (VILELA, 2008).
Neste sentido um exemplo de mapa mental e sua aplicabilidade mostra-se no
seguinte exemplo, sobre o tema que trata de conflitos de uso da água. O mapa
mental foi desenvolvido para obter informações sobre os conceitos destes conflitos e
identificar de que forma podem ser classificados.
Figura 7: Mapa mental, gerado a partir do conceito de conflitos de uso da água a partir de
informações. Fonte: PEREIRA (2007).
O mapa mental é um esquema usado para a qualificação de um conceito,
gerar idéias e obter uma melhor visualização da estrutura lógica do pensamento,
através do vínculo entre palavras e imagens a uma idéia central. Para tanto, entende
- se por Lógica, “os métodos que se usa para provar a conclusão “(CLARK, 2009).
Sendo assim o estudo baseado na ordem lógica , justifica-se pela ordem como os
acontecimentos vão ocorrendo, e conforme sua devida importancia para o estudo e
sua compreenção.
Enquadrando-se na proposta de trabalho a prática dos mapas mentais
permitirá analisar e entender criteriosamente os principais problemas encontrados
39
pelo uso da água pela população envolvida, investigando-os de forma que cada
tópico e sub tópico do mapeamento apresentem dados condizentes à situação da
área de estudo, além de seguir uma temporalidade reduzida para desempenhar o
projeto, ou seja, ao analisar o problema em questão por outros métodos,
possivelmente tende-se a seguir uma análise que necessite de um tempo
prolongado para sua execução e daí chegar às conclusões e considerações
pertinentes.
A técnica de mapeamento mental é inserida no contexto do trabalho
através do programa computacional InteliMap, possibilitando a construção de mapas
mentais.
Através do Software “Intelimap” os tópicos de um mapa mental serão
visualizados de forma dinâmica que faz com que o problema apresentado seja
mostrado como um todo e explanando os principais tópicos de forma clara e
objetiva. Com isso, possibilitando identificar cada problema apresentado interligado a
uma idéia central. É um programa em ambiente Windows normal, com menus,
barras de ferramentas e painel de edição. Sua interface segue os padrões do MS-
Office quando possível. Adicionalmente, pode haver na tela uma caixa de edição das
notas de tópicos, de exibição opcional. Como mostra a figura 8.
40
Figura 8: Menu de acesso do InteliMap –Árvore de Idéias ou fatos.
Fonte: INTELIMAP, (2005).
Ao montar uma árvore de idéias, fatos ou o que for o InteliMap formata e
distribui automaticamente os tópicos. Os comandos de arquivos também são
tradicionais: novo, abrir, salvar, fechar (PEREIRA, 2007).
O uso do InteliMap será aplicado adotando as etapas, a saber:
a) desenvolver um mapa mental em que as idéias são integradas e organizadas em
níveis, para facilitar sua aplicação prática;
b) a organização das idéias em um mapa mental, permitindo também em alguns
casos colocá-las em uma ordem lógica.
c) formar Mapas Mentais, tendo condições de conduzir coletas de dados rápidas
para o levantamento de pontos que irão nos ajudar em uma análise mais completa;
d) Mapas Mentais que permitem rapidamente ampliar a visão que temos dos pontos
registrados durante uma coleta de dados, de forma a identificarmos seus
componentes mais importantes (como em uma estrutura analítica de projetos);
e) inserir em um mapa mental a proposta da construção de soluções admissíveis e
práticas, combinando as opiniões de pessoas diferentes;
f) trabalhar em uma rápida divisão de tarefas entre os participantes de uma reunião
para uma efetiva tomada de decisão.
41
CAPÍTULO IV – MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Caracterização básica do método
O trabalho contará com o arcabouço que envolve uma pesquisa qualitativa,
baseando – se em analisar procedimentos de resolução de problemas juntamente
com a metodologia informacional que darão suporte para o desenvolvimento da
pesquisa e resultados.
Para o adequado desenvolvimento dos passos metodológicos foi criado um
desenho com as etapas da pesquisa, o diagrama utilizou a técnica de mapeamento
mental criada por Tony Buzan (2002), ou seja, através de uma forma criativa e eficaz
de anotar o que literalmente “mapeia” os pensamentos.
A Figura 9 apresenta o “mapa mental” utilizado para esboçar as fases da pesquisa.
Figura 9: Modelo esquemático da pesquisa
42
4.2 O Modelo Qualitativo e Resultados (Análise dos Dados, Aplicação do
modelo qualitativo).
4.2.1 Modelos qualitativos
Torna-se importante o uso de ferramentas computacionais para o
planejamento em recursos hídricos, que auxiliam na escolha de alternativas que se
adaptem aos interesses dos usuários e da sociedade, quando integrados formam o
Sistema de Suporte a Decisão, princípio que se enquadram num conceito geral de
sistemas.
Segundo Tucci (2001), revelando a definição de sistema por
Googe(1973), o qual concluiu:
Sistema é qualquer estrutura, esquema ou procedimento, real ou abstrato, que num dado tempo de referencia interrelaciona-se com uma entrada, causa ou estímulo de energia ou informação, e uma saída, efeito ou resposta de energia ou informação.
Para tanto, Anderson e Johnson (2003) define sistema como:
Um grupo ou componente interdependente e interligado que forma um todo complexo e unificado. Uma das componentes do sistema podem ser objetos físicos que você pode tocar como as várias partes que compõem um carro. Os componentes também podem ser imaterial, tal como processo; relacionamento; companhia políticas; os fluxos de informação; interações interpessoais; interna e estados de espírito, como sentimentos, valores e crenças.
A ação metodológica da modelagem vem da edificação de um sistema
simplificado para representar as situações que ocorrem no sistema real visando seu
estudo.
Na pesquisa qualitativa, proposta neste trabalho toma-se por base a
adoção de modelos qualitativos, elementos fundamentais de um sistema que
auxiliará na tomada de decisão.
Modelos podem ser classificados respectivamente como Estáticos e
Dinâmicos, Jung (2004), aquele que é utilizado na representação formal dos
parâmetros e características da qualidade de produtos e processos e o outro que
43
viabiliza o estudo longitudinal do comportamento de um sistema ou processo.
Enquadrados nesta classificação estão Modelos Quantitativos, utilizado
universalmente para demonstrar através de métodos e símbolos numéricos as
diferenças, proporcionalidades ou não, entre sistemas que compõe a natureza;
Sistêmicos, considera as variáveis, parâmetros e os efeitos das relações internas do
produto ou processo, e os recursos humanos, materiais e financeiros envolvidos; e
Qualitativos.
Na concepção de Jung (2004) os modelos qualitativos são aqueles
formulados a partir de descrições intuitivas do pesquisador ou indivíduo pesquisado.
Este modelo tem por finalidade a representação dos objetos ou indivíduos e as
relações associadas para formulação de um modelo interativo. O interessante no
modelo qualitativo que ele admite a interferência dos valores do pesquisador e
considera a existência de múltiplas realidades.
Ainda justificando a utilização deste modelo, de acordo com Louzada
(2008), o mesmo de alguma maneira tenta descrever o comportamento de um
sistema, representando os aspectos essenciais de um dado problema, de acordo
com a apreensão da realidade. As interações do sistema serão fornecidas aos
modelos pelas variáveis de entrada e de saída.
A diversidade na classificação de modelos é desenvolvida visando a
diferentes propostas metodológicas, neste contexto, no entanto a concepção de
modelo qualitativo para o incremento deste trabalho será de fundamental
importância. Neste sentido com o objetivo de observação em termos qualitativo e até
mesmo quantitativos de comportamentos, sugeridos nos eventos relacionados com
uma região e sua sociedade, com o intuito descrever ações e atividades para que
sejam empiricamente interpretados na identificação das causas dos fenômenos
ocorridos, a julgar os relacionados com recursos hídricos.
A utilização de um modelo qualitativo apresenta-se como um importante
instrumento de avaliação da problemática situação existente na área de estudo,
através do qual serão agrupadas informações sistematizadas de levantamentos
bibliográficos e de observações locais, unindo componentes de causas e efeitos
representativos. A identificação e qualificação dos conflitos decorrentes dos usos
múltiplos da água serão realizadas a partir de entrevistas com os atores sociais
locais para posteriormente serem feitas análise nas informações segundo o
procedimento QC STORY (KUME, 1993). Este método possui os seguintes
44
componentes: a) Problema, b) Observação, c) Análise, d) Ação, e) Verificação, f)
Padronização e g) Conclusão. E posteriormente aplicar uma técnica de metodologia
informacional que representa uma importante ferramenta computacional, suportada
na teoria do mapeamento mental. Teoria que servirá de auxílio aos tomadores de
decisão, no gerenciamento dos recursos hídricos, quanto à análise de formas de
mediação e minimização dos conflitos relacionados com o uso múltiplo do recurso
hídrico (Rio Ararandeua).
A metodologia segundo o procedimento do QC Story será desenvolvida
seguindo algumas etapas, conforme figura, tais como:
Figura 10: Estrutura gráfica do QC Story
Fonte: FERREIRA, (2008).
O processo 1, trata da identificação do problema, a partir da escolha do problema
a ser resolvido; busca-se um entendimento no histórico da situação para que se
possa fazer uma cuidadosa análise da mesma;
No processo 2, se resguarda a fase da observação(reconhecimento dos aspectos
do problema). Nesta etapa procura-se ampliar as discussões, principalmente com
os colaboradores mais experientes, visando buscar maiores informações a serem
utilizadas na etapa seguinte. Onde se procurará através do diagrama causa-
efeito verificar que a maioria dos usos estão localizados em quais e em quantos
45
setores. Estratificamos estes atores visando conhecer suas características, bem
como sua situação junto ao sistema. Parte-se então para a descoberta das
características do problema através da observação no local. Nesta fase propõe-se
também um CRONOGRAMA, ORÇAMENTO E META a serem alcançadas.
Realiza-se uma simulação de proposta de cronograma, suscetível a mudanças.
Como o problema em questão (conflito por uso da água) está comprometendo a
qualidade e quantidade, deverá ser estimado um cronograma e meta ativos, em
nível de prazo e objetivos para realizações de um Plano de Ação, como forma de
reverter a situação ou até mesmo amenizar. A meta proposta será a de
“REVERTER A SITUAÇÃO OU ATÉ MESMO AMENIZAR. O PERÍODO ESTÁ A
SE DISCUTIR”.
O processo 3 envolve a etapa da análise para se chegar a descoberta e definição
das causas influentes. De posse das informações e observações até então
adquiridas, a fim de identificar as possíveis causas, elabora-se o diagrama
espinha de peixe (causa e efeito), para verificação dos motivos das não
conformidades. a partir de então se tem a escolha das causas mais prováveis.
No processo 4 enfatizará uma proposta para o plano de ação para atingimento da
meta, devendo ser discutido com os atores e gestores envolvidos;
A conclusão (revisão das atividades e planejamentos para trabalho futuro)
efetiva do procedimento se dará com a realização das etapas seguintes: Ação(ação
para eliminar as causas), Verificação(verificação da eficácia da ação) e
Padronização(eliminação das causas) as quais deverão ser gerenciadas pela equipe
que efetuar o plano de ação com base no diagnóstico do problema.
O QC Story tem origem nas atividades dos círculos de controle da
qualidade (CCQs), em meados da década de 60, no Japão. Existem diferentes
apresentações para o QC Story, o qual também é conhecido em nosso país por
Método de Análise e Solução de Problemas (MASP).
QC Story é o método mais abrangente, uma vez que suas etapas
contemplam desde a identificação do problema até a avaliação dos resultados
obtidos após a implantação da solução. É o método mais flexível em termos das
técnicas utilizadas para operacionalizar suas etapas. A sua abordagem não é
prescritiva, ou seja, as técnicas não são especificadas para cada etapa. Todavia, é
possível considerar para fins de análise apenas as técnicas mais utilizadas, as Sete
Ferramentas de CQ e as Sete Novas Ferramentas. O primeiro grupo de ferramentas
46
utiliza uma abordagem basicamente quantitativa, que dispõe as informações em
gráficos; o segundo grupo tem natureza qualitativa. Questão percebida em
FERREIRA (2008), quando em sua produção sobre “Metodologia para análise e
solução de problemas”, demonstra tal situação a partir do processo 3, onde descreve
sobre a “Análise” através de uma abordagem qualitativa.
O QC Story, apesar de ter as suas aplicações geralmente associadas a
problemas no chão de fábrica, tem sido amplamente utilizado em uma série de
empresas, em muitos casos, vinculado às atividades dos círculos de controle da
qualidade-CCQs, pode ser aplicado a outras situações, desde que sejam utilizadas
técnicas adequadas para tanto.
4.2.2 Análise de dados (Resultado)
Esta análise apresenta-se como resultado da pesquisa. O início do
processo de análise dos dados se direciona para alcançar os objetivos da pesquisa,
desempenhados a partir dos seguintes passos metodológicos:
i) Definir um objeto de estudo (sendo este a Identificação e qualificação
dos potenciais processos indicadores de conflitos por múltiplos usos da água na
bacia do rio Ararandeua), elegendo as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo,
observando os efeitos que a variável causa no objeto;
a) Atividades produtivas (agricultura, pecuária, mineração, indústria e outros) e
sua influência nas alterações do sistema hídrico.
A agricultura mostra-se ativa ao colaborar para o processo de contaminação
do rio, com o uso de defensivos agrícolas;
A pecuária acirra o ciclo de desmatamento;
A atividade de carvoaria como um dos elementos de maior impacto social e
ambiental;
Exploração mineral prejudica a tanto a qualidade da água, quanto o
assoreamento do rio;
47
Laticínios e matadouros - vêm diminuindo a produção de água para jusante
da bacia, além de prejudicar outras atividades produtivas (como agricultura
familiar, criação de peixes, turismo e pesca) colaboram com a falta de
planejamento urbano, sem infra-estrutura de saneamento básico para
população urbana e rural, o que agrava a situação ambiental da bacia e
prejudica a população, que fica sem acesso à água potável.
b) Modelo de gestão pública institucional adotado nos âmbitos nacional, estadual
e local e sua relação com os marcos regulatórios tanto de recursos hídricos, quanto
de meio ambiente.
Gestão ambiental e hídrica no âmbito do Estado do Pará e Maranhão é
conivente com os problemas ambientais da região. E no âmbito federal a Política de
Recursos hídricos torna-se inoperante, pois os mecanismos de gestão não se
aplicam à realidade regional. Além disso, a sociedade civil está desorganizada para
o desafio de promover o desenvolvimento da bacia do Rio Ararandeua.
c) Interesses dos atores sociais envolvidos nos processos decisórios
relacionados com a gestão de recursos hídricos na bacia hidrográfica do Rio
Ararandeua.
ii) Estudo de caso (BRHA): Abrange a investigação de estudos realizados
na área e de constatação da situação atual da área de estudo relevantes a pesquisa.
a) Situação atual da área de estudo: a bacia hidrográfica do rio Ararandeua (alto
Ararandeua)
Neste elemento do capítulo será ilustrado no que concerne à situação da
área correspondente a influencia da bacia hidrográfica do rio Ararandeua,
principalmente na sede administrativa do Município de Rondon do Pará.
As informações mais recentes revelam no município uma população
estimada em 47.776 habitantes (IBGE, 2009), sendo 49% de mulheres e 51% de
homens, apresentando taxa anual de crescimento populacional situada em 3,14%. A
população na sua maioria 75% reside na zona urbana; e 25% residem na zona rural.
48
A densidade populacional é de 5,50 habitantes/km2, com uma taxa de ocupação de
4,4 habitantes por domicílio.
No setor econômico o qual é sustentado pela atividade de transformação
dos recursos florestais, o município passa por um processo entendido como um
esvaziamento econômico estrutural, ocorrendo uma redução das oportunidades de
trabalho em conseqüência a queda da renda da população. Este cenário é percebido
com a “migração” da indústria madeireira para novas frentes de expansão, devido à
matéria prima florestal torna-se mais escassa a cada ano. Tal situação que se deve
a relação de exploração predatória insustentável, base esta que a comunidade se
estabeleceu, compete então se alterar esta relação, buscando minimizar os impactos
ambientais decorrentes.
Outra aptidão referente ao município que deve ser ressaltada é a da
pecuária. A bacia leiteira do mesmo vem ganhando cada vez mais espaço,
crescendo e se fortalecendo a cada ano, sobretudo em meio às dificuldades de infra-
estrutura e no modelo produtivo de pastagem extensiva. Ainda em relação à
atividade da pecuária, cabe registrar que o matadouro municipal, cuja estrutura física
precisa de ajustes as normas sanitárias e ambiental legal apresenta sua parcela de
contribuição para problemas de impacto ambiental quando seu efluente sem
tratamento é despejado diretamente no rio.
Quanto à produção agrícola, nas lavouras temporárias, passou por
grande crescimento de 1994 a 2000, e forte declínio de 2001 a 2004. Contudo
observou-se que a produção agrícola ainda não representa a potencialidade do
município identificada pela disposição das terras para agricultura e mecanização.
Verificou-se que as atividades de pecuária e carvoaria no município o
configuram como área de desmatamento resultado das queimadas na região.
Evento que merece especial atenção no cenário amazônico. (Figuras 11 e 12)
49
Figura 11 – Exemplo comum de queimadas
Figura 12: Exemplo de área desmatada na bacia do rio Ararandeua.
Em Açailândia-MA, de onde se reúne as principais características
socioambientais para o estudo, por este município conter em seu território nascentes
da citada bacia hidrográfica que se deu partida para as observações locais de área.
Em área próxima a nascente observou-se a presença de atividade
agrícola, fator este que poder ser um ponto favorável para se detectar grau de
poluição.
50
Figura 13: Produção agrícola próxima da nascente do rio.
Ao sair de uma propriedade particular, onde se relata pelo proprietário
manter as condições naturais da água, o corpo hídrico formado já apresenta sinal de
degradação, pois é encontrado um ponto de lançamento de efluente sem tratamento
de uma indústria de laticínio promovendo problemas ambientais, constatado por
análise visual. (Figura 14).
Figura 14: Rio Ararandeua, próximo a nascente.
Em outros pontos das nascentes do rio Ararandeua a restrição é com a
mata ciliar que se encontra extinguida devido atividades de carvoarias e
agropecuária. (Figura15).
Nascente
51
Figura 15: Atividade de carvoaria na bacia.
Em área urbana da bacia, já na sede municipal de Rondon do Pará.
Identificada como área de crescimento urbano desordenado, verifica-se dificuldades
em relação ao saneamento ambiental, através de problemas com o abastecimento
de água, coleta e tratamento de esgoto, problemas na rede de drenagem de águas
pluviais e destinação final de resíduos sólidos. Como mostra as Figuras de 16 a 20,
a seguir.
Figura16: Despejo de efluentes domésticos em local inadequado em desconformidade com a
legislação ambiental.
52
Figura 17: Degradação ambiental devido efluentes domésticos no rio Ararandeua.
Figura 18: Despejo inadequado de efluentes industriais (matadouro) na área urbana.
53
Figura19: Problemas na rede de drenagem de água pluviais na área urbana.
Figura 20: Disposição inadequada de resíduos sólidos na área urbana
Ainda no meio urbano constatou-se como uma das causas de
assoreamento do rio, atividade de extração de minério, destruição da mata ciliar.
(Figura 21)
54
Figura 21: Processo de extração mineral na bacia do rio Ararandeua
Atenta-se, sobretudo na região de influência da sub-bacia do auto-
Ararandeua para os conflitos decorrentes dos usos da água desde a principal
nascente do rio no município de Açailância-MA, assim como constatado por
Magalhães (2008) e confirmado por trabalho de campo, incluindo as entrevista,
nesta pesquisa, envolvendo quatro importantes atores sociais da bacia:
1. uso industrial da água no laticínio (Figura 22),
2. uso da água para produção agrícola (Figura 23) ,
3. uso da água para atividade de piscicultura (Figura 24),
4. comunidade que utiliza a água para o consumo doméstico (Figura 25).
Figura 22: Uso industrial da água no laticínio.
55
Figura 23: Uso da água para produção agrícola
Figura 24: Uso da água para atividade de piscicultura.
56
Figura 25: Comunidade que utiliza a água para o consumo doméstico.
Verifica-se que as atividades produtivas são responsáveis por uma boa
parcela dos problemas socioambientais na bacia hidrográfica, estes já listados por
Magalhães (2008) em seus estudos, contudo detectados e ratificados na visita “in
loco” as tais condições que são:
o desmatamento descontrolado;
a deposição de resíduos de serrarias em locais inadequados, como margens de
rios e na área urbana;
a poluição do ar causada pela atividade de carvoarias e queima de resíduos de
madeiras em área urbana;
a poluição dos rios, na área urbana, por lixos e dejetos lançados pelo matadouro,
por empreendimentos e atividades comerciais e industriais poluidores e a
canalização de fossas domésticas para os canais de águas pluviais; e na área
rural, pelo desmatamento da mata ciliar;
as queimadas indiscriminadas, gerando poluição do ar e destruição dos recursos
florestais;
a extração desordenada de minérios, provocando assoreamento e poluição dos
rios;
57
a deposição de lixo em locais públicos inadequados, contribuindo para a
proliferação de insetos, roedores e doenças, assim como a ausência de tratamento
do lixo;
a baixa capacidade do poder público em planejar estrategicamente o
desenvolvimento sustentável do município;
a baixa qualificação técnica dos quadros da administração pública e da sociedade
civil local;
Além desses problemas constatou-se a falta de informação e pouca
preocupação com os problemas ambientais e impactos causados por atividades
antrópicas ocorridas na região, por parte dos setores educacional, da saúde e
ambiental, assim como, pelo poder público. Uma vez que, apenas recentemente
observaram-se ações relacionadas com a Educação ambiental por parte de alguns
setores, ainda assim necessitando de compromisso com a questão.
4.3 Aplicação do modelo qualitativo
A composição para a aplicação do modelo qualitativo desta pesquisa está
fundamentada em três períodos principais:
A. A identificação e qualificação dos conflitos decorrentes dos usos múltiplos da
água foram realizadas a partir de entrevistas com os atores sociais locais;
Para a confirmação das informações adquiridas no levantamento
bibliográfico e descoberta de novos elementos de contribuição para a pesquisa,
optou-se por desenvolver um trabalho de investigação no espaço do conflito. As
entrevistas foram realizadas em um primeiro momento, no trabalho de campo em
Rondon do Pará no período de dezembro de 2008. As informações da entrevista
foram obtidas conforme uma conversa informal, que respondesse questões
relacionadas com os eventos ocasionados pelos diversos usos da água no local
baseando-se nas definições destes eventos, possíveis causas e conseqüências.
58
Obteve-se então relato de um representante da fabrica de laticínio
localizada próxima a nascente e do agricultor que irriga a plantação com a mesma
água;
Sendo assim constatou-se ocorrência de conflito entre uma fabrica de
laticínio que despeja o rejeito do processo de fabricação no curso d água e o
agricultor que irriga a plantação com a mesma água obtendo prejuízo por conta da
água contaminada. E conflito também por conta do agricultor, pois em seu processo
de plantio faz uso de agrotóxico contribuindo para contaminação do solo e
conseqüentemente a água da nascente.
B. Num segundo momento, agrupam-se as informações sistematizadas de
levantamentos bibliográficos e de observações locais, unindo componentes de
causas e efeitos representativos para a investigação.
Neste período será realizado análise auxiliar nas informações segundo o
procedimento QC STORY (KUME, 1993), conforme citado anteriormente, seguindo
as etapas: identificação do problema; reconhecimento dos aspectos do problema;
descoberta das principais causas;
Processo 1 - Identificação do problema: ocorre a escolha do problema;
ESCOLHA DO PROBLEMA: Conflitos por usos múltiplos da água
HISTÓRICO DO PROBLEMA: Expansão urbana, as grandes procuras pelos
recursos hídricos, suportada por interesses diferenciados. O regime hídrico é
diretamente afetado pela dinâmica e manejo da vegetação, alem de ser usado pelo
setor industrial para despejo de efluente.
ANÁLISE DO PROBLEMA
Busca-se analisar neste item o comportamento dos usuários em relação à
demanda nos períodos de início do processo de exploração predatória dos recursos
naturais.
A análise se restringe aos consumidores, comerciais (agropecuária) e industriais.
59
1. Uso do curso d água próximo da nascente para despejo de efluentes de uma
indústria de laticínios.
2. Derivação da água para piscicultura.
3. Poluição/contaminação dos cursos hídricos pelos dejetos animais e agrotóxicos
4. Derivações da água para a prática da pesca, turismo e lazer
5. Uso do curso d água para despejo de efluentes sem tratamento do matadouro na
área urbana
6. Poluição do rio Ararandeua por despejo inadequado de efluentes domésticos.
7. Inviável o uso da água para o consumo humano diante do resultado dos outros
usos que se faz da água do rio Ararandeua.
Processo 2 – OBSERVAÇÃO
Nesta etapa procura-se ampliar as discussões, principalmente com os
colaboradores mais experientes, visando buscar maiores informações a serem
utilizadas na etapa seguinte.
Separam-se os consumidores visando conhecer suas características, bem
como sua situação junto ao sistema, visando identificar as causas mais possíveis.
DESCOBERTA DAS CARACTERÍSTICAS DO PROBLEMA ATRAVÉS DA
OBSERVAÇÃO NO LOCAL
Desempenhou-se esta atividade em duas campanhas, a primeira em
dezembro de 2008 e a segunda em junho 2009. Foram cumpridas visitas a
localidades próximas e de influencia da bacia hidrográfica do Rio Ararandeua, como
a nascente, na área rural, no município de Açailância-MA e já na área urbana,
espaços de lazer e turismo, a extração de minério, assim como se obteve contatos
de importante representatividade na cidade para o processo de investigação da
problemática ambiental local. A realização de uma visita técnica ao município teve
como finalidade comprovar e levantar dados técnicos do mesmo para prática das
atividades de campo.
Ocorreu a identificação de problemas de acordo com informações
colhidas por entrevista e observações locais: (verificação onde a maioria dos usos
está localizado e em quais e quantos setores). Nas entrevistas realizadas segundo o
60
procedimento de uma conversa informal foi levado em consideração o
comportamento dos atores dentro do sistema estudado.
Área rural: o conflito pelo uso da água na principal nascente do Rio Ararandeua, no
município de Açailância-MA, envolve quatro atores sociais importantes da bacia:
a) indústria de laticínio,
As informações a respeito revelam que o rejeito da indústria é despejado
no corpo hídrico próximo, sem tratamento adequado. Prejudicando as outras
atividades usuárias de água.
b)uso da água para produção agrícola,
A água do rio não é diretamente usada para a agricultura, porém ocorre,
com a prática de uso dos agrotóxicos, os rejeitos percolam para o corpo d’água
potencializando poluição e contaminação.
c)uso da água para atividade de piscicultura,
A água do rio utilizada nos tanques de cultivo para os peixes está
sofrendo com os efeitos da poluição.
d)comunidade que utiliza a água para o consumo doméstico.
Na zona rural, a cobertura do abastecimento de água é através de
microssistemas de abastecimento de água administrados pela Prefeitura e pelas
próprias comunidades. Diante do descaso dos outros usos para com a preservação
da água do rio Ararandeua, tornando-se inevitável seu uso para suprir as
necessidades básicas do consumo humano.
Área urbana: o conflito pelo uso da água na sede municipal, no município de
Rondon do Pará, envolvendo outros atores sociais importantes da bacia:
a)abastecimento de água,
Cerca 70% da população é atendida pelo sistema de abastecimento do
SAAE por captação de água subterrânea. Enquanto que o remanescente da
população, 25% são supridos por microssistemas comunitários e 15% não têm
cobertura de serviço. É visível a péssima condição da água do corpo hídrico para
fornecimento ao consumo doméstico, além de não haver água suficiente no rio para
tal uso.
b)coleta e tratamento de esgoto,
61
As tubulações em estado precário não atendem a necessidade de coleta
do esgoto. Além disso, há uma falta de sistema de tratamento e destinação final de
esgoto. A população da cidade em sua maioria constrói o próprio sistema de
esgotamento sanitário para destinação final de resíduos sólidos. Os moradores
canalizam as fossas domésticas para as galerias de redes de drenagem que
deságuam no rio Ararandeua.
c)problemas na rede de drenagem de águas pluviais
As tubulações de drenagem de águas pluviais recebem também
contribuição de esgotos domésticos da cidade incluindo dejetos humanos. As
mesmas encontram-se em visível estado precário de conservação dentre outras
irregularidades que promovem a degradação do corpo d água, como por exemplo, á
jusante do balneário Rio dos Garimpos.
Processo 3 – ANÁLISE
DEFINIÇÃO DAS CAUSAS INFLUENTES
De posse das informações e observações até então adquiridas, a fim de
identificar as possíveis causas através elabora-se o diagrama Espinha de Peixe
(causa e efeito), para verificação dos motivos das não conformidades.
Através do diagrama causa- efeito, verificamos onde estão localizados a
maioria dos usos e em quais e quantos setores.
62
Conflito por uso da água
Uso_Produção agrícola
Uso_Piscicultura
Uso_Indústria de laticínio
Uso_Abastecimento doméstico
Efeito
Uso da água para o tanque de cultivo
O corpo hídrico Recebe o rejeito
industrial
Despejo de esgoto sem tratamento
adequado
A água do Rio torna-se imprópria e em quantidade insuficiente para
consumo
Fatores (Causas)
Zona Rural
Uso de agrotóxico
Lixiviação para o corpo hídrico
durante irrigação
coleta e tratamento de
esgoto irregular
Figura 26: Localização dos usos e suas características no sistema – ZONA RURAL
Figura 27: Localização dos usos e suas características no sistema – ZONA URBANA
63
ESCOLHA DAS CAUSAS MAIS PROVÁVEIS PARA OCORRÊNCIA DOS
CONFLITOS
Notou-se que as possíveis causas coletadas durante o processo até então
convergiam para (5) evidências.
a) uso industrial predatório (extração de minério e madeireira),
b) uso da água para produção agrícola,
c) uso da água para atividade de piscicultura,
d uso da água como corpo receptor de esgoto,
e) problemas na rede de drenagem de águas pluviais
Processo 4 - PLANO DE AÇÃO PARA ATINGIMENTO DA META
Planilha 3 - plano de ação para alcance da meta.
Deverá ser discutido com os atores e gestores envolvidos
CONCLUSÃO
Sugere-se que as etapas seguintes: Ação, Verificação e Padronização
sejam gerenciadas pela equipe que efetuar o plano de ação com base no
diagnóstico do problema.
C. O terceiro momento reserva-se para a qualificação de conceitos, gerar idéias
e obter uma melhor visualização da estrutura lógica. Será aplicada a técnica de
mapeamento mental. Teoria que servirá de auxílio aos tomadores de decisão, no
gerenciamento dos recursos hídricos, quanto à análise de formas de mediação e
minimização dos conflitos relacionados com o uso múltiplo do recurso hídrico na
bacia hidrográfica do rio Ararandeua (BHRA).
O desenvolvimento desta próxima fase terá dois percursos distintos,
sendo o primeiro, o registro dos produtos das dissertações desenvolvidas por parte
dos membros do Grupo de Pesquisa em Recursos Hídricos da Amazônia
(GRHAMA). Resultante da pesquisa empregada na área da bacia do rio Ararandeua
com o Projeto “Água e Cidadania para o Desenvolvimento Local Sustentável das
Bacias Hidrográficas de Rondon do Pará”.
64
Para incrementar os objetivos da pesquisa foram desempenhados os
seguintes passos metodológicos:
1opasso: Representação por mapas mentais dos aspectos gerais dos resultados de
pesquisas sobre os seguintes títulos: i)Cenários estratégicos em recursos hídricos:
estudo da bacia do rio Ararandeua (MAGALHÃES, 2009); ii)O reflexo da degradação
ambiental e sua relação com a gestão hídrica da bacia hidrográfica do rio
Ararandeua – Pa( CACELA FILHO,2009); e iii)Avaliação da sustentabilidade do uso
da água na bacia hidrográfica do rio Ararandeua: estudo de caso de Rondon do
Pará(REGO,2009).
i) Cenários estratégicos em recursos hídricos: estudo da bacia do rio
Ararandeua.
Figura 28: Mapa mental, gerado a partir do desenvolvimento da pesquisa sobre “Cenários estratégicos em recursos hídricos: estudo da bacia do rio Ararandeua”.
RESULTADO
65
ii) O reflexo da degradação ambiental e sua relação com a gestão hídrica da bacia
hidrográfica do rio Ararandeua – Pa
Figura 29: Mapa mental, gerado a partir do desenvolvimento da pesquisa sobre “O reflexo da degradação ambiental e sua relação com a gestão hídrica da bacia hidrográfica do rio Ararandeua – Pa”.
iii) Avaliação da sustentabilidade do uso da água na bacia hidrográfica do rio
Ararandeua: estudo de caso de Rondon do Pará
Figura 30: Mapa mental, gerado a partir do resultado da pesquisa sobre “Avaliação da
sustentabilidade do uso da água na bacia hidrográfica do rio Ararandeua: estudo de caso de Rondon do Pará”.
66
As informações acima registradas conforme Mapas Mentais justificam-se
pelo valor comparativo à escolha do município de Rondon do Pará e das variáveis
desta pesquisa que tratam das atividades produtivas (agricultura, pecuária,
mineração, indústria e outros) e sua influência nas alterações do sistema hídrico;
modelo de gestão pública institucional adotada nos âmbitos nacional, estadual, local
e sua relação com os marcos regulatórios tanto de recursos hídricos, quanto de meio
ambiente; além de revelar elementos necessários à gestão de recursos hídricos na
bacia hidrográfica do Rio Ararandeua.
iv) Acrescenta-se ainda a esta fase uma melhor visualização da relação referente ao
trecho do rio Ararandeua que apresenta pior valor de IQA, o ponto A04, segundo
calculado na pesquisa “Avaliação da sustentabilidade do uso da água na bacia
hidrográfica do rio Ararandeua: estudo de caso de Rondon do Pará” e a influência
sofrida pelos outros pontos indicados no trecho (A02-A03-A04).
Figura 31: Mapa Mental, Trecho do rio Ararandeua que apresentam pior valor de IQA.
2opasso: A representação por Mapas Mentais dos Conflitos por uso múltiplos da
água na região decorrente da degradação ambiental do rio Ararandeua.
67
Figura 32: Mapa Mental, Conflito por uso da água na Zona Urbana.
Figura 33: Mapa Mental, Conflito por uso da água na Zona Rural.
68
CAPÍTULO V – Discussão dos Resultados.
A pretensão desta pesquisa para alcançar os seus objetivos de buscar
ferramentas informacionais como proposta de soluções encontrada pelo
mapeamento, e obtendo os objetivos propostos, o apoio na gestão dos recursos
hídricos poderá dispor da participação da sociedade envolvida estimulando o
interesse nas questões ambientais.
Mostra-se a partir de estudos e avaliações realizados constantemente a
preocupação em inserir e valorizar a participação da sociedade civil em um processo
decisório envolvendo questões relacionadas a bacias hidrográficas.
Segundo referido, como parte de um processo de decisão aspira-se o
diagnóstico das causas do problema, analise e avaliação das conseqüências. Estes
objetos sendo atingidos parte-se então para prática da solução, tem-se a
modificação do processo de decisão em ação. Tais ações apontadas na inserção e
valorização da participação da sociedade civil, principalmente dos atores envolvidos.
A conscientização dos atores sociais abrangidos na problemática pode
ser um primeiro passo da solução de um problema, acredita-se que para atender um
nível global as ações estratégicas devem ser implantadas a começar de um nível
inferior, porém importante.
A efetivação de programas de desenvolvimento sustentável na bacia
hidrográfica e a implantação da gestão democrática e participativa com execução
das políticas públicas das águas são recomendadas assegurando o envolvimento do
Poder Público, dos usuários e das comunidades, condição prevista pela Lei 9433/97.
A recomendação de tais medidas visa combater as atividades
degradadoras e a poluição hídrica, implantando atividades de fiscalização do mau
uso e monitoramento da qualidade da água na bacia hidrográfica. A participação da
sociedade na gestão das águas poderá ser solidificada com a criação e
fortalecimento de um comitê de bacias hidrográficas e dos diálogos com
comunidades, fator determinante para um entendimento mais ambiental e
democrático da gestão das águas.
69
CAPÍTULO VI – Considerações finais
Os processos indicadores de conflitos que se apresentam relacionados
aos múltiplos usos da água na bacia do rio Ararandeua foram identificados como as
causas coletadas durante o processo, sendo elas:
a) uso industrial predatório (extração de minério e madeireira),
b) uso da água para produção agrícola,
c) uso da água para atividade de piscicultura,
d uso da água como corpo receptor de esgoto,
c) problemas na rede de drenagem de águas pluviais
A metodologia informacional embasada no mapeamento mental
apresentado neste trabalho possibilitou analisar e entender criteriosamente os
principais problemas relacionados com indicadores de conflitos por múltiplos usos da
água na região de Rondon do Pará, solucionando-os de forma que cada tópico e sub
tópico do mapeamento apresente dados condizentes à situação da área de estudo,
de modo que, analisar o problema em questão por outros métodos, possivelmente o
tempo para se chegar a uma conclusão e interpretar a situação em que se encontra
a área de estudo seria mais prolongado.
O desenvolvimento de um modelo qualitativo integrado utilizando como
análise auxiliar o procedimento QC STORY por ser um Método de Análise e Solução
de Problemas associadas a problemas no chão de fábrica vinculado às atividades
dos círculos de controle da qualidade-CCQs, apresentou-se como um procedimento
também necessário à expansão, para tomadas de decisão de medidas mitigadoras
de conflitos, a partir das tipologias identificadas, assim como para áreas relativas a
saneamento ambiental, saúde pública, gerenciamento de resíduos sólidos e estudos
de concepção de projetos de infra-estrutura urbana, por conter em suas etapas a
descrição sobre a “Análise” através de uma abordagem qualitativa.
Deste modo, considerando o exposto sobre métodos de mapeamento de
representação de conhecimento (idéias), que fornece uma estrutura de dados
qualitativos, possibilitarem um auxílio ao gerenciamento integrado dos recursos
hídricos das Bacias hidrográficas de Rondon do Pará, julga-se tal metodologia como
proposta de solução viável à tomada de decisão no âmbito de recursos hídricos.
70
De um modo geral recomenda-se a aplicação de medidas estruturais e
não estruturais para controlar os sistemas hídricos, naturais e artificiais, em benefício
humano e atendendo a objetivos ambientais que faz a Gestão de Recursos Hídricos.
Podendo-se identificar a sociedade como o sujeito do gerenciamento, e ações do
gerenciamento sobre um objeto, a natureza ou sociedade.
Como sugestões aplicáveis a problemática do trabalho, referem- se às
seguintes medidas não estruturais, como prevenção de possíveis ocorrências
causadas pelo uso impróprio da água, as seguintes.
a) A implantação de atividades de fiscalização do mau uso da água do corpo
hídrico;
b) Monitoramento da qualidade da água na bacia hidrográfica.
c) Conscientização e diálogos com as comunidades envolvidas, para um
entendimento ambiental e democrático da gestão das águas.
d) Ações de educação ambiental, discussão, fiscalização pública, criação de
técnicas sustentáveis para produção agrícola em combate ao uso de agrotóxico.
Sendo assim, conclui-se um dos objetivos do trabalho em aplicar as
ferramentas informacionais como instrumento para a elaboração de uma Cartilha de
Educação Ambiental, material podendo ser observado no Anexo 2. A mesma foi
produzida apresentando-se como uma estratégia de ensino estimulando a
participação do educando e o interesse nas questões ambientais e impactos
causados pelas atividades antrópicas inserida no contexto do processo de
gerenciamento dos recursos hídricos na área da bacia hidrográfica do Rio
Ararandeua. Sendo esta uma alternativa a conscientização dos atores sociais
envolvidos na problemática pode ser um primeiro passo da solução de um problema.
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ANEXO
A - CARTILHA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL (Lorena S. P. Macêdo/GRHAMA UFPA)
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