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Mestrado em Ciências da Educação na Especialidade emEducação Especial: Domínio Cognitivo-MotorTRANSCRIPT
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I
Escola Superior de Educao Joo de Deus
Mestrado em Cincias da Educao na Especialidade em Educao Especial: Domnio Cognitivo-Motor
O Impacto das TIC no Sucesso Educativo de Alunos com Autismo
Raquel Pinho Pires
Lisboa, abril de 2014
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O IMPACTO DAS TIC NO SUCESSO EDUCATIVO DE CRIANAS COM AUTISMO
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II
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O IMPACTO DAS TIC NO SUCESSO EDUCATIVO DE CRIANAS COM AUTISMO
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III
Escola Superior de Educao Joo de Deus
Mestrado em Cincias da Educao na Especialidade em Educao Especial: Domnio Cognitivo-Motor
O Impacto das TIC no Sucesso Educativo de Alunos
com Autismo
Raquel Pinho Pires
Dissertao apresentada Escola Superior de Educao Joo de
Deus com vista obteno do grau de Mestre em Cincias da
Educao na Especialidade de Educao Especial: Domnio
Cognitivo e Motor sob a orientao da
Professora Doutora Cristina F. S. Pires Gonalves
Lisboa, abril de 2014
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O IMPACTO DAS TIC NO SUCESSO EDUCATIVO DE CRIANAS COM AUTISMO
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IV
AGRADECIMENTOS
Para a realizao deste projeto de investigao, que culminou agora com este
trabalho final, vrios foram os intervenientes que me ajudaram.
Um trabalho deste teor pois, fruto de uma rede de apoios institucionais e
pessoas que vo possibilitando o andamento do mesmo, quanto s fontes de estudo
necessrias.
Em primeiro lugar, de elementar justia agradecer ao Sr. Diretor da Escola
Superior e Educao Joo de Deus, Prof. Doutor Antnio Ponces de Carvalho que
proporcionou a possibilidade de enfrentar este desafio.
minha orientadora Prof. Dra. Cristina Saraiva Gonalves que foi iluminando
o caminho das minhas dvidas.
A todos os professores do curso, pela disponibilidade demonstrada.
s minhas colegas de grupo de trabalho, pelas tertlias pedaggicas que me
proporcionaram e a todos os docentes que colaboraram no preenchimento do
questionrio, possibilitando assim que pudesse extrair a matria de estudo expressa e
decifrada nas concluses apresentadas.
minha famlia sempre presente e atenta ao meu trabalho.
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O IMPACTO DAS TIC NO SUCESSO EDUCATIVO DE CRIANAS COM AUTISMO
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V
RESUMO
Com base na massificao das tecnologias o presente estudo pretende avaliar se
as tecnologias da informao e comunicao (TIC), nas suas mais variadas formas,
podem ser uma mais-valia no ensino/educao de autistas.
O estudo aqui apresentado, no pretende ser apenas mais um, mas antes mostrar
o trabalho efetuado at data e o que pode ainda ser realizado.
No sentido de conhecer um pouco melhor os conceitos relacionados com a rea
do autismo, foi necessrio recorrer a pesquisas na Internet, leitura de livros e a
reunies com pessoas ligadas a essa rea, tornando possvel uma maior aquisio de
saberes e uma nova viso sobre a temtica.
Para tal, elaborou-se ainda um questionrio que foi distribudo por docentes de
diferentes nveis de ensino, de modo a recolher opinies e conhecer algumas das suas
experincias relacionadas com a utilizao das TIC no processo de ensino-
aprendizagem, no s no campo das necessidades educativas especiais (NEE), mas mais
especificamente com a criana autista.
Os resultados deste estudo revelam que o sucesso educativo do aluno autista ser
mais favorecido se recorrer frequentemente s TIC, ainda que para isso estas
experincias tenham que ser devidamente adaptadas, acompanhadas e adequadas s
necessidades especficas de cada aluno.
Note-se ainda que ao reunir e estudar toda a informao frente apresentada,
torna-se possvel traar tambm o perfil atual das escolas portuguesas, nomeadamente,
quanto aos recursos tecnolgicos existentes, bem como o conhecimento dos professores,
no que toca temtica autismo/TIC.
Palavras chave: NEE; Autismo; TIC; Solues Tecnolgicas; Sucesso Educativo.
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O IMPACTO DAS TIC NO SUCESSO EDUCATIVO DE CRIANAS COM AUTISMO
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VI
ABSTRACT
Based on this approach, the study undertaken seeks to evaluate whether the new
technologies, in its many forms, can be a real asset in teaching autistic. Autism begins
to be seen as a field where studies and technological concepts can be developed and
exploited respectively. The study presented here is not intended to be just one more but
to show the work done so far and what can be accomplished by exposing proposals.
In a way to better understand the concepts related with the autistic area, it was
necessary to use Internet research, book reading and interviews with people connected
to that area, making possible an acquisition of knowledge and a new vision about the
thematic.
It was elaborated a questionnaire which was given to several teachers. In this
way it was possible to collect opinions and acknowledge some of their experiences
related to the use of ICT in the teaching-learning process under the special educational
needs, specifically with the autistic child.
The study results reveal that the educational success of the autistic student will
be favored if he frequently resorts to the ICT, although for this these experiences have
to be properly adapted, followed and adjusted to the specific needs of each student.
The analysis of existing resources allowed knowing the actual panorama of
methods and models in use. That in conjunction with the review of needs made with the
course of this work, contributed to understand the existing lacks and so to make, having
that acquired knowledge has a base, a proposal of a learning model based in
technologies to support autistic learning.
Keywords: Special Educational Needs; Autism; Information Technology and
Communication; Technology Solutions; Educational Success;
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O IMPACTO DAS TIC NO SUCESSO EDUCATIVO DE CRIANAS COM AUTISMO
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VII
NDICE
AGRADECIMENTOS ... IV
RESUMO .. V
ABSTRACT . VI
NDICE GERAL VII
LISTA DE FIGURAS . IX
LISTA DE QUADROS .... X
INTRODUO ... 11
I ENQUADRAMENTO TERICO
1. Autismo
1.1. Perspetiva Histrica .13
1.2. Definio . 14
1.3. A Causas . 16
1.4. Caractersticas . 17
1.5. Espectro Autstico . 20
1.6. Dificuldades do Autista na Aprendizagem . 22
1.7. Mtodos utilizados no ensino de Autistas .. 23
1.8.Autismo, Famlia e Sociedade . 27
1.9. Incluso ... 29
1.10.Tipificao das Necessidades Educativas Especiais ,. 31
1.11. Metodologias Atuais no Ensino de Autistas 33
2. Tecnologias da Informao e Comunicao
2.1. TIC/Sociedade 39
2.2. TIC/ Ensino . 40
2.3.TIC/NEE .. 46
2.4.TIC/Incluso .48
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O IMPACTO DAS TIC NO SUCESSO EDUCATIVO DE CRIANAS COM AUTISMO
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VIII
3. As TIC e o sucesso educativo da criana autista
3.1. Solues Tecnolgicas Existentes .. 50
3.2.Dispositivos de Comunicao . 57
3.3. Programas no especficos para Autistas ... 61
3.4. Consideraes Tecnolgicas Existentes . 64
II METODOLOGIA
1. Objetivos 66
2. Hipteses 66
3. Amostra .. 67
4.Questionrio 68
5.Procedimento .. 69
III APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS 70
CONCLUSO . 90
BIBLIOGRAFIA . 94
APNDICES 97
I. Propostas
II. Questionrio
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O IMPACTO DAS TIC NO SUCESSO EDUCATIVO DE CRIANAS COM AUTISMO
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IX
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Sistema inclusivo centrado no aluno
Figura 2 - Comunicao por figuras
Figura 3 - Equoterapia na educao de autistas
Figura 4 - Musicoterapia na formao de autistas
Figura 5 - Hidroterapia como base para promover a formao de autistas
Figura 6 - Zac Browser, ecr principal
Figura 7 - Zac Browser, filme
Figura 8 - Zac Browser, jogos
Figura 9 - Sc@ut, ecr inicial
Figura 10 - Sc@ut, ecr com opes
Figura 11 - CPA, Comunicador para Autistas
Figura 12 - Descobrir Emoes Emoes representadas
Figura 13 - Tartalogo, ecr
Figura 14 - Dispositivo de comunicao Alpha Talker
Figura 15 - Dispositivo de comunicao Vanguard
Figura 16 - Dispositivo de comunicao Cheap Talk
Figura 17 - Dispositivo Pahtfinder
Figura 18 - Mesa educacional para autistas
Figura 19 - Robot Kaspar
Figura 20 - Portal Smartkids
Figura 21 - Os Jogos das Mimocas
Figura 22 - Jogo do Coelho sabido
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O IMPACTO DAS TIC NO SUCESSO EDUCATIVO DE CRIANAS COM AUTISMO
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X
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Escala DSM IV TR - Manual de Diagnstico e Estatstica das
Perturbaes Mentais
Quadro 2 Panorama Mundial sobre o Autismo
Quadro 3 As TIC/Auxilio na educao de Autistas.
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INTRODUO
O presente trabalho surge com vista obteno do grau de Mestre em Cincias
da Educao na Especialidade de Educao Especial: Domnio Cognitivo e Motor pela
Escola Superior de Educao Joo de Deus.
O tema deste estudo A utilizao das TIC no processo de ensino-
aprendizagem em alunos com perturbaes globais autsticas e surge com o intuito de
investigar qual o seu impacto no sucesso escolar/educativo destes alunos.
Hoje em dia, nas escolas, assistimos a uma crescente transformao tecnolgica
e a uma necessidade permanente de reorganizar todo o sistema de ensino, pois de
repente os livros passaram a ser computadores portteis, os quadros de lousa tornaram-
se em interativos, o lpis deu lugar ao teclado
Poder-se-iam identificar inmeras transformaes e todas elas levar-nos-iam
apenas a uma concluso - A sociedade mudana e esta mudana passa,
inevitavelmente, pela utilizao das novas tecnologias. Assim sendo, e numa tentativa
de quebrar com o desinvestimento, a desmotivao e enriquecer as intervenes
pedaggicas, este projeto pretende apelar a uma nova organizao das nossas escolas,
no esquecendo por isso a necessidade de se atualizar e acompanhar o progresso das
novas tecnologias, sendo elas parte integrante do dia-a-dia dos alunos.
Enquanto agentes educativos, no ignoramos o facto de que as instituies de
ensino j no so os nicos centros de distribuio do conhecimento, no entanto
enquanto profissionais de educao no podemos assistir de braos cruzados
constante mutao da sociedade e da informao.
Interessa ento perceber como poder a escola atender aos diferentes alunos,
tendo em conta as suas especificidades e responder ao novo desafio de mudana. Por
isso, impe-se no s s escolas um grande desafio, mas tambm aos professores na
medida em que so eles que devero saber utilizar as diferentes ferramentas e tcnicas,
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O IMPACTO DAS TIC NO SUCESSO EDUCATIVO DE CRIANAS COM AUTISMO
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para assim direcionar a interveno pedaggica atendendo os interesses e necessidades
reais dos seus alunos, principalmente dos alunos com autismo.
Conscientes de que a escola ainda no proporciona a todos os seus alunos igual
acesso s novas tecnologias, como meio facilitador e impulsionador de novas
aprendizagens, considerou-se relevante explorar a temtica das TIC no contexto de
apoio e reforo nas prticas educativas do autista.
Tal como j foi referido, este trabalho procura analisar qual o impacto que a
utilizao das novas tecnologias pode causar na educao da pessoa autista, no entanto
no se pode esquecer que para isso necessrio:
- Compreender as suas necessidades de formao e respetivas dificuldades;
- Identificar possveis benefcios atendendo aos recursos existentes no atual contexto;
- Refletir sobre as implicaes destes na evoluo social e formativa do autista;
- Propor aplicaes que possam desempenhar um papel importante na resposta a estes
desafios, de modo a colaborar para uma possvel melhoria da sua qualidade de vida.
Assim, com o presente estudo, pretende-se contribuir para a divulgao e
discusso sobre esta temtica, com o intuito de ajudar, educadores/professores e pais
que lidam com o autismo de perto.
Em suma, este trabalho est dividido em vrias partes sendo que a primeira
rene, aps reviso bibliogrfica, a temtica das NEE/autismo e o contributo das TIC. J
a segunda parte revela a pertinncia, a metodologia e a hiptese para a temtica em
estudo e todos os procedimentos relacionados com a elaborao e aplicao do
questionrio. Finalmente, feita a interpretao dos resultados obtidos e respetivo
registo das concluses.
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I ENQUADRAMENTO TERICO
1. Autismo
1.1.Perspetiva Histrica
Apesar do autismo ser j longamente conhecido, s em 1943 Leo Kanner, um
psiquiatra peditrico da escola mdica da universidade John Hopkins, atribui tal designao a
esta desordem desenvolvimental. Este termo foi importado de Eugene Bleuler, psiquiatra
suo, que o usou em 1911 para descrever o isolamento ativo das interaes sociais que
verificava nos seus pacientes esquizofrnicos.
Desde a dcada de 40 at aos anos 60, de modo geral, acreditava-se que o individuo
autista tinha o desejo consciente de no participar em qualquer interao social. Atualmente,
porm, sabe-se que tal isolamento no resulta de qualquer desejo ou vontade consciente e
ocorre, pelo contrrio, na sequncia de alteraes neurolgicas e bioqumicas que tm lugar
no crebro.
1.2.Definio
Como define Tomatis (1994), a palavra Autismo vem do grego Autos que significa eu
ou prprio. Esta designao usada porque as crianas possuidoras da sndroma passam por
um estdio em que se voltam para si mesmas, e no se interessam pelo mundo exterior.
Existem vrias definies de autismo. Segundo uma dessas definies, o autismo um
problema neurolgico ou cerebral que se caracteriza por um decrscimo da comunicao e das
interaes sociais. O New Lexicon Webstrs Encyclopedic Dictionary (1991) define autismo
como uma desordem psiquitrica em que o individuo se recolhe dentro de si prprio, no
responde a fatores externos e exibe indiferena relativamente a outros indivduos ou a
acontecimentos exteriores a ele mesmo.
A sociedade Americana de autismo (Autism Society of America), Los Angeles, define
autismo como uma desordem desenvolvimental vitalcia com perturbaes em competncias
fsicas, sociais e de linguagem (Gilingham, 1995).
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O IMPACTO DAS TIC NO SUCESSO EDUCATIVO DE CRIANAS COM AUTISMO
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No entanto, muitos autores tm questionado se o Autismo uma entidade distinta.
Segundo Baron-Colten e Botton (1994), citados por Pereira, E. (1996), as crianas com
Autismo no formam uma imagem mental do que se pode estar a passar na mente dos outros.
Este facto resulta da incapacidade de pensarem acerca dos seus prprios estados
mentais, assim como nos estados mentais dos outros. Deste modo, tal como nos diz Borges,
M.F. (2008) ao no desenvolver uma Teoria da Mente, vai ter um comportamento
problemtico, quer ao nvel social, quer cognitivo, na medida em que encara os outros como
meros objetos.
Filmes como Rainman fizeram muito para que o autismo fosse conhecido pelo
grande pblico. O autismo est, de facto, no centro de um continuum de perturbaes que
partilham todas de caractersticas comuns mas que se manifestam de maneira muito diferente
a nvel individual.
O autismo uma deficincia grave que afecta a comunicao e a interaco com as
outras pessoas mas tambm com o mundo. De acordo com Marques (2000) O termo
autismo () pode ser definido como uma condio ou estado de algum que aparenta estar
invulgarmente absorvido em si prprio..
O grau de autismo varia segundo um eixo que vai de severo a ligeiro, se bem que o
efeito seja sempre grave. Uma pessoa pode ter autismo severo com graves dificuldades de
aprendizagem e ser assim extremamente deficiente ou ter autismo ligeiro e inteligncia
normal ou elevada. A maioria das pessoas com autismo tem dificuldades de aprendizagem. O
desenvolvimento da linguagem muito varivel no autismo. Certas pessoas tm linguagem
desenvolvida tendo contudo limites de compreenso e dificuldades de linguagem, enquanto
grande parte daquelas que tm autismo tpico no falam. A hipersensibilidade aos barulhos,
luz e ao tacto, ao cheiro tal como uma fraca reaco dor so muito frequentes. (Siegel, 2008)
Lorna Wing (psiquiatra inglesa) aps vrios estudos, concluiu existir um trao
distintivo do autismo isto uma Trade de Impedimentos Sociais que se caracteriza por
dfices na interaco social, na comunicao e na imaginao, que variam ao longo do tempo
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O IMPACTO DAS TIC NO SUCESSO EDUCATIVO DE CRIANAS COM AUTISMO
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tanto no seu grau de severidade, quanto na sua forma. Ao conjunto destes trs sintomas deu-se
o nome de Lorna Wing Trade. Tal como refere Jordan (2000) esta trade que define o
que comum a todas elas, consistindo em dificuldades em trs reas do desenvolvimento mas
nenhuma dessas reas, isoladamente e por si s, se pode assumir como reveladora de
autismo. a trade, no seu conjunto, que indica se a criana estar, ou no, a seguir um
padro de desenvolvimento anmalo e, no caso de se registar uma deficincia numa das
reas a penas, ela poder radicar numa causa completamente diferente.
As pessoas com autismo tm trs grandes grupos de perturbaes. Segundo Lorna
Wing (Wing & Gould,1979), a partir de uma investigao feita em Camberwell, a trade de
perturbaes no autismo manifesta-se em trs domnios: social, linguagem e comunicao,
pensamento e comportamento.
- Domnio social: o desenvolvimento social perturbado, diferente dos padres habituais,
especialmente o desenvolvimento interpessoal. A criana com autismo pode isolar-se mas
pode tambm interagir de forma estranha, fora dos padres habituais.
- Domnio da linguagem e comunicao: a comunicao, tanto verbal como no verbal
deficiente e desviada doa padres habituais. A linguagem pode ter desvios semnticos e
pragmticos. Muitas pessoas com autismo (estima-se que cerca de 50%) no desenvolvem
linguagem durante toda a vida.
- Domnio do pensamento e do comportamento: rigidez do pensamento e do
comportamento, fraca imaginao social. Comportamentos ritualistas e obsessivos,
dependncia em rotinas, atraso intelectual e ausncia de jogo imaginativo.
1.3.Causas
A causa exata do autismo , no entanto, desconhecida. A determinada altura, pensou-se
que a origem desta desordem estaria numa falta de ternura e de calor humano por parte dos
progenitores. Sabe-se agora que tal no corresponde verdade, uma vez que o autismo no
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causado por fatores de ordem psicolgica. Todos os dados existentes apontam para uma
origem biolgica do autismo relacionado com uma disfuno metablica a nvel do crebro.
Dado que cerca das crianas autistas apresenta sinais de problemas neurolgicos,
possvel que, em certo grau, o seu crebro tenha sido afetado. Bernard Rimland, fundador da
sociedade nacional para crianas Autistas (National Society for Autistic Children), diretor do
instituto de investigao do autismo (Autism Research Institute), em San Diego, e
preconizador do recurso modelao de comportamentos, acredita que causa do autismo tem
uma raiz neurolgica envolvendo uma possvel disfuno da formao reticular do tronco
cerebral. A formao reticular representa uma rede de clulas nervosas do tronco cerebral que
esto envolvidas na perceo. Quando se regista um mau funcionamento neste campo, na
origem pode estar uma deficincia do funcionamento reticular.
A partir dos anos 60, a investigao cientfica, baseada sobretudo em estudos de casos de
gmeos e nas doenas genticas associadas ao autismo (X Frgil, esclerose tuberosa,
fenilcetonria, neurofibromatose, diversas anomalias cromossmicas) mostrou a existncia de
um fator gentico multifatorial e de diversas causas orgnicas relacionadas com a sua origem.
Estas causas so diversas e refletem a diversidade das pessoas com autismo.
Parece haver genes candidatos, ou seja uma predisposio para o autismo o que
explica a incidncia de casos de autismo nos filhos de um mesmo casal. possvel
existirem fatores hereditrios com uma contribuio gentica complexa e
multidimensional.
Alguns fatores pr natais (ex.rubola materna, hipertiroidismo) e peri natais (ex.
prematuridade, baixo peso ao nascer, infees graves neonatais, traumatismo de parto)
podem ter grande influncia no aparecimento das perturbaes do espectro do
autismo.
H uma grande incidncia de epilepsia na populao autista (26 a 47%) enquanto na
populao em geral a incidncia de cerca de 0,5%.
H tambm estudos post mortem em curso sobre as anomalias nas estruturas (cerebelo,
hipocampus, amgdala) e funes cerebrais das pessoas com autismo.
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necessrio continuar a desenvolver a investigao sobre o autismo e, embora haja
muitos estudos em curso, ignoramos qual o seu impacto no futuro das crianas e jovens com
autismo.
H contudo, neste momento uma concluso importante que rene o consenso da
comunidade cientfica - no h ligao causal entre atitudes e aes dos pais e o aparecimento
das perturbaes do espectro autista. As pessoas com autismo podem nascer em qualquer pas
ou cultura e o autismo independente da raa, da classe social ou da educao parental.
1.4.Caractersticas
As caractersticas essenciais da Perturbao Autstica so a presena de um
desenvolvimento acentuadamente anormal ou deficitrio da interao e comunicao social e
um repertrio acentuadamente restritivo de atividades e interesses.
De acordo com o estudo realizado pela Universidade de Trs-os-Montes e Alto Douro
(2005) a perturbao pode manifestar-se antes dos 3 anos de idade por um atraso ou
funcionamento anormal em pelo menos uma das seguintes reas: interao social, linguagem
usada na comunicao social, jogo simblico ou imaginativo (critrio B).
No existe tipicamente um perodo de desenvolvimento normal, embora em cerca de 20%
dos casos os pais tenham descrito um desenvolvimento relativamente normal durante um ou
dois anos. Nestes casos, os pais referem uma regresso no desenvolvimento da linguagem,
geralmente manifestada por uma paragem da fala depois de a criana ter adquirido 5 a 10
palavras.
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O diagnstico do autismo hoje efetuado a partir das caractersticas definidas no DSM-IV-
TR. (Manual de Diagnstico e Estatstica das Perturbaes Mentais, 4 ed., Texto revisto,
Lisboa, Climepsi Editores, 2002)
Quadro 1 - Manual de Diagnstico e Estatstica das perturbaes Mentais
A. Um total de seis (ou mais) itens de (1) (2) e (3), com pelo menos dois de (1), e
um de (2) e de (3).
(1) dfice qualitativo na
interao social,
manifestado pelo menos
por duas das seguintes
caractersticas:
(2) dfices qualitativos na
comunicao, manifestados
pelo menos por uma das
seguintes caractersticas:
(3) padres de
comportamento, interesses
e atividades restritos,
repetitivos e
estereotipados, que se
manifestam pelo menos por
uma das seguintes
caractersticas:
(a) acentuado dfice no uso
de mltiplos
comportamentos no
verbais, tais como contacto
ocular, expresso fcil,
postura corporal e gestos
reguladores da interao
social;
(b) incapacidade para
desenvolver relaes com
os companheiros,
adequadas ao nvel de
desenvolvimento;
(c) ausncia da tendncia
espontnea para partilhar
com os outros prazeres,
interesses ou objetivos (por
exemplo; no mostrar,
trazer ou indicar objetos de
interesse);
(d) falta de reciprocidade
social ou emocional;
(a) atraso ou ausncia total
de desenvolvimento da
linguagem oral (no
acompanhada de tentativas
para compensar atravs de
modos alternativos de
comunicao, tais como
gestos ou mmica);
(b) nos sujeitos com um
discurso adequado, uma
acentuada incapacidade na
competncia para iniciar ou
manter uma conversao
com os outros;
(c) uso estereotipado ou
repetitivo da linguagem ou
linguagem idiossincrtica;
(d) ausncia de jogo
realista espontneo,
variado, ou de jogo social
imitativo adequado ao
nvel de desenvolvimento;
(a) preocupao absorvente
por um ou mais padres
estereotipados e restritivos
de interesses que resultam
anormais, quer na
intensidade quer no
objetivo;
(b) adeso, aparentemente
inflexvel, a rotinas ou
rituais especficos, no
funcionais;
(c) maneirismos motores
estereotipados e repetitivos
(por exemplo, sacudir ou
rodar as mos ou dedos ou
movimentos complexos de
todo o corpo);
(d) preocupao persistente
com partes de objetos.
B. Atraso ou funcionamento anormal em pelo menos uma das seguintes reas,
com incio antes dos trs anos de idade: (1) interao social, (2) linguagem usada
na comunicao social (3) jogo simblico ou imaginativo.
C. A perturbao no melhor explicada pela presena de uma Perturbao de
Rett ou Perturbao Desintegrativa da Segunda Infncia.
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O IMPACTO DAS TIC NO SUCESSO EDUCATIVO DE CRIANAS COM AUTISMO
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Assim, em suma, e de acordo com Nielsen (1999). Apontam-se as principais
caractersticas do autismo da seguinte forma:
- Dificuldades quanto ao relacionamento com pessoas, objetos ou eventos;
- Uso invulgar de brinquedos e objetos;
- Incapacidade de estabelecer interaes sociais com outras crianas;
- Incapacidade de ter conscincia dos outros;
- Relacionamento em que os outros so tratados como objetos inanimados;
- Contacto visual difcil sendo normalmente evitado;
- Incapacidade para receber afetividade;
- Intolerncia a contactos fsicos;
- Dependncia de rotinas e resistncia mudana;
- Comportamentos compulsivos e ritualsticos;
- Comportamentos de autoestimulao;
- Comportamentos que produzem danos fsicos, como bater persistentemente com a cabea;
- Hper ou Hipo sensibilidade a vrios estmulos sensoriais;
- Acessos de clera, muitas vezes sem razo aparente;
- Comportamentos violentos dirigidos a outros;
- Competncias comunicativas verbais e no-verbais severamente afetadas;
- Incapacidade para comunicar com palavras ou gestos;
- Vocalizaes no relacionadas com a fala;
- Repetio de palavras proferidas por outros (ecolalia);
- Repetio de expresses anteriormente ouvidas (ecolalia retardada);
- Preocupao com as mos.
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- A criana, pode parecer surda e, no entanto, ser capaz de ouvir palavras sussurradas
distncia. A recusa em ouvir uma caracterstica muito comum no autista. Os pais e todos os
que trabalham com estas crianas nunca devem tomar esta recusa e os seus comportamentos
em termos pessoais.
ainda de notar que uma ou mais destas caractersticas podem ocorrer em crianas
que apresentem outras deficincias. Nestes casos, usada a expresso comportamento de tipo
autista.
1.5.Espectro Autstico
Neste documento usado o termo autismo para caracterizar de um modo geral a pessoa
autista, apesar de existir espectro autstico, ou seja, grupos de pessoas quem partilham
algumas das principais caractersticas do autismo revelando no entanto diferentes nveis de
dificuldades.
Atravs de textos de Dra. Carla Gikovate (mdica neurologista formada pela universidade
do estado do Rio de Janeiro. Mestre em Psicologia Clinica Pontifcia Universidade Catlica
do Rio de Janeiro. Autora de vrios livros e artigos cientficos) identifica-se atualmente o
seguinte espectro autstico, com os seguintes graus de autismo:
Autismo verbal;
Autismo ecolalia;
Autismo no verbal;
Asperguer;
Transtornos invasivos do desenvolvimento sem outra especificao.
No stio, autistas.org, pgina de referncia de autismo com informaes sobre a temtica
para pais, amigos e familiares referido que alguns dos espectros mais conhecidos do autismo
so:
Sndrome de Angelman;
Sndrome de Asperger;
Sndrome do X Frgil;
Hiperlexia;
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Sndrome de Landau Kleffner;
Distrbio Obsessivo-Compulsivo;
Sndrome de Rett;
Sndrome de Prader-Willi;
Transtorno de Dficite de Ateno.
Em seguida, de modo sucinto, apresentado uma breve descrio sobre os espectros
mencionados.
A sndrome de Angelman est associada a uma perturbao de matria gentico de
origem materna, localizado no cromossoma 15. Quando nesta mesma localizao
cromossmica, h uma alterao do material gentico de provenincia paterna, as
crianas apresentam outras caractersticas de desenvolvimento e a doena tem a
designao de sndrome de PRader-Willi, uma doena caracterizada pela diminuio
da atividade fetal. Atraso mental, baixa estatura, obesidade, apneia do sono, diabetes e
ps pequenos. (Associao Portuguesa para as Perturbaes do Desenvolvimento e
Autismo [APPDA], 2009)
A sndrome de Asperger o nome dado a um grupo de problemas que algumas
pessoas possuem quando tentam comunicar, sendo considerado desvios da inteao
social, uso da linguagem para a comunicao de certas caractersticas repetitivas. As
pessoas com sndrome de Asperger geralmente apresentam elevadas habilidades
cognitivas se comparadas a outras desordens do espectro. (Teixeira, 2009)
A sndrome do X-Frgil uma doena gentica ligada ao cromossoma X e a causa
mais frequente de atraso mental hereditrio. As caractersticas associadas so o dfice
cognitivo, hiperatividade ou problemas de ateno e concentrao, ansiedade social e
timidez excessiva, humor instvel, hipersensibilidade sensorial, fraco contacto ocular,
problemas de linguagem e ecolalia. (Associao Portuguesa da Sndrome do X-Frgil
[APSXF], 2009)
Segundo o autor (Matos, 2003) o fenmeno de hiperlexia, afeta algumas crianas
autistas, descrito como alteraes ou atraso no desenvolvimento e caracterizado
pela aptido em aceder leitura de forma precoce e autodidata. Esta capacidade para
as palavras no est relacionada com o nvel intelectual apresentando dificuldades de
relacionamento social.
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A sndrome de Landau Kleffner caracterizada pela manifestao de disfuno de
linguagem nas crianas. O transtorno da linguagem pode desaparecer, embora
permaneam com disfuno severa de linguagem, incluindo afasia e agnosia auditiva.
(Neurol, 1997)
O distrbio obsessivo-compulsivo manifesta-se como incapacidade de conseguir
realizar com eficcia determinadas tarefas em consequncia de a pessoa ser dominada
por uma resistncia passiva a atuar.
O autor (Neural, 1997) descreve a sndrome de Rett como um transtorno hereditrio
do desenvolvimento neurolgico associado com o cromossoma X, originando a perda
progressiva do controlo dos movimentos das mos e das habilidades de comunicao.
1.6.Dificuldades do autista na aprendizagem
Um autista, criana ou adulto, revela dificuldades prprias na aprendizagem. A
perceo sensorial desordenada, no conseguindo assimilar toda a informao originada
pelos sentidos como audio, olfato, paladar e toque. O no compreender dessa informao
cria um ambiente adverso, que pode levar a uma perda de controlo.
A comunicao com os outros, atravs da linguagem, pode ser difcil. As expresses
usadas podem revelar-se demasiado complexas para o autista, nomeadamente o sentido oculto
das palavras, uma vez que o pensamento concreto, no conseguindo fazer abstraes.
Na linguagem de um autista podem, por vezes, surgir palavras complexas,
memorizadas do ambiente que o rodeia. Essas palavras podem surgir de diversas fontes, no
entanto o seu significado e compreenso estranho a um autista, este apenas as diz como
resposta. Isto chamado de ecolalia, sintoma de linguagem descrito como repetio em eco
da fala de outro. A repetio da fala do outro tem sido considerada como "porta de entrada"
da criana na linguagem. (Siegel, 2008)
As complicaes na comunicao manifestam-se de vrias formas, quer a nvel verbal
como no-verbal de transmitir a informao. As crianas autistas revelam, na sua
generalidade, dificuldades na aquisio da habilidade comunicacional. Algumas mostram uma
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dificuldade acrescida, sendo que outras no conseguem desenvolver essa capacidade, mesmo
atingindo a idade adulta. As dificuldades apresentadas na comunicao acarretam outros
obstculos, como contrariedades na interao social.
Ao nvel da motivao encontra dificuldades em orientar o seu comportamento no
sentido de alcanar um objetivo, tem dificuldade em compreender a finalidade das tarefas, em
aprender a tarefa como um todo e no possui o desejo de agradar. (Almeida et al., 2009)
Para o autista o perodo de ateno e concentrao curto existindo dificuldade em
mudar o foco de ateno. Revela dificuldade em focalizar a ateno em mais do que um
estmulo de cada vez no compreendendo o significado social da situao, apresentando
dificuldade em compreender aces e comunicaes de terceiros. (Almeida et al., 2009)
Ainda segundo o autor, a pessoa autista apresenta tendncia para criar e executar
rotinas, sendo que a sua alterao ou execuo meramente parcial pode induzir elevados
nveis de angstia e de ansiedade.
1.7.Mtodos utilizados no ensino de autista
O ensino atravs de tentativas discretas uma metodologia especfica utilizada para
maximizar a aprendizagem, segundo o ABA - Centro de Terapias Comportamentais. Trata-se
de um processo de ensino usado para desenvolver vrias capacidades, incluindo cognio,
comunicao, socializao, autoajuda e mesmo para brincar.
A tcnica envolve dividir a capacidade em partes mais pequenas, ensinar cada
capacidade individualmente at ser aprendida, permitir uma prtica repetida durante um
perodo concentrado de tempo, providenciar ajudas e a sua extino conforme necessria e
recorrer a procedimentos de reforo. (ABA-CTC, 2009)
Atualmente existem vrios modelos de interveno, entre outros destacam-se os
modelos:
Teacch;
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Floortime;
ABA;
Son-rise;
CFN;
PECS (sistema de comunicao por figuras).
1.7.1) Modelo Teacch
O Modelo Teacch (Treatment and Education of Autistic and Related Communication
Handicapped Children) surgiu em 1943 e basicamente apela a uma interveno especfica,
caracterizada por uma adequao do ambiente, no sentido de reduzir a ansiedade e deste
modo, potencializar a aprendizagem.
Este modelo tem por base a estruturao de modo a diminuir os comportamentos
problemticos. Esta estruturao a chave do sucesso deste modelo porque, as crianas com
autismo, so crianas que no tem uma estrutura interna bem definida e, como tal, para
funcionarem, precisam que algum lhes fornece esta estrutura. Ser, pois, atravs de um
espao organizado, com atividades adequadas e com rotinas rgidas que essa estrutura
coerente e consistente lhes poder ser garantida.
Uma sala de Modelo Teacch est organizada de modo a aumentar o trabalho
independente da criana. (Educom, 2009)
O mtodo de funcionamento deste modelo, garante uma estruturao do ambiente,
uma previsibilidade do meio e, consequentemente, uma diminuio dos problemas
comportamentais. Esta metodologia assenta toda a sua dinmica funcional atravs do
fornecimento a estas crianas de padres de referncia, padres estes garantidos por uma
estruturao da sala. Esta estruturao fundamentalmente garantida por estruturas visuais,
uma vez que se faz muito recurso imagem e ao estmulo visual.
Este modelo foi criado para dar resposta a crianas e adolescentes com perturbaes
do espectro autista. Em suma, o que este modelo proporciona , atravs de um ambiente bem
estruturado e organizado, a garantia de padres de referncia, padres esses que so to
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importantes para uma crianas autista, como para uma crianas com dificuldades cognitivas
e/ou comportamentais. (Educom, 2009)
1.7.2) Modelo Floor-time
A abordagem Floor-time um modo de interveno interativa no dirigida, que tem
como objetivo envolver a criana numa relao afetiva, baseado numa abordagem estruturada
e na certeza que em todas as crianas existe alguma capacidade para comunicar e que essa
capacidade depende do seu grau de motivao e de envolvimento afetivo. Em conjunto com
as interaes semiestruturadas de resoluo de problemas em que a criana levada a cumprir
objetivos especficos de aprendizagem atravs da criao de desafios dinmicos que a criana
quer resolver. baseado na premissa de que a criana pode melhorar e construir um grande
crculo de interesses e de interao com um adulto. O objetivo do Floor-time desenvolver a
criana para a plenitude do desenvolvimento emocional e intelectual do indivduo. (Borges,
M.F., 2008)
1.7.3) Modelo ABA
O Modelo ABA - Anlise Comportamental Aplicada consiste na aplicao de mtodos
de anlise comportamental e de dados cientficos com o objetivo de modificar
comportamentos. O autismo uma das vrias reas nas quais a anlise comportamental tem
sido aplicada com sucesso, segundo refere o Centro Abc-real Portugal (CAP).
Segundo a evidncia cientfica atual, a terapia com melhores resultados. A evoluo
de cada pessoa atravs de um programa ABA depende de vrios fatores, nomeadamente, das
capacidades e competncias do sujeito, das suas necessidades e da forma como o modelo
implementado. Recorre-se observao e avaliao do comportamento do indivduo, no
sentido de potenciar a sua aprendizagem e promover o seu desenvolvimento e autonomia.
(CAP, 2009)
Envolve o ensino da linguagem, o desenvolvimento cognitivo e social e competncias
de autoajuda em vrios meios, dividindo estas competncias em pequenas partes/tarefas que
so ensinadas de forma estruturada e hierarquizada. dada muita importncia recompensa
ou reforo de comportamentos desejados, minimizando e desencorajando comportamentos
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inadequados. Este tipo de interveno deve iniciar-se o mais precocemente possvel, o que
permitir que as crianas adquiram competncias bsicas, ao nvel social e cognitivo, e
reduzam os seus comportamentos estereotipados e destrutivos antes que estes se instalem.
Contudo, sempre til adotar esta metodologia, mesmo na idade adulta. Esta interveno
intensiva permite que uma percentagem significativa dos alunos possa acompanhar os seus
pares, com mais ou menos apoio, nas escolas regulares. (CAP, 2009)
1.7.4) Modelo CFN (Currculo Funcional Natural)
O mtodo CFN (Currculo Funcional Natural) foi desenvolvido no Kansas, Estados
Unidos da Amrica, por um grupo de educadores como proposta de trabalho para crianas na
faixa etria de quatro a cinco anos.
O CFN consiste num conjunto de instrues e informaes que renem no apenas
uma prtica em sala de aula, como tambm uma filosofia e um conjunto de procedimentos
pensado com o objetivo de desenvolver habilidades na criana, de modo a torn-la mais
independente e criativa. A proposta do CFN ilimitada no que se refere s habilidades da
criana, ampliando as suas possibilidades de modo a favorecer a sua aceitao e insero no
convvio social (Azevedo, 2009).
1.7.5) Modelo Son-Rise
O modelo Son-rise adota um sistema especfico e compreensivo de tratamento para
ajudar as famlias e educadores a proporcionar s crianas uma maior progressividade em
todas as reas de ensino, desenvolvimento, comunicao e aumento de aptides. Este modelo
educacional pretende unir as crianas em vez de ir contra elas, colocando os pais na situao
de professores, terapeutas e responsveis dos seus prprios programas, utilizando os seus lares
como o melhor ambiente para ajudar as crianas.
O modelo defende que o respeito e o cuidado intensivo so os fatores mais importantes
no impacto da motivao de uma criana para aprender (ATCA, 2009).
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Outros modelos existem para o ensino das pessoas autistas, no entanto e pela leitura de
diversos artigos os descritos anteriormente so os mais utilizados na tentativa de melhorar o
processo de aprendizagem.
1.8.Autismo, Famlia e Sociedade
1.8.1) O papel dos intervenientes educativos na educao da criana com Espectro
Autista
A auto imagem influencia a perceo que as pessoas tm das suas competncias e do
seu valor. Sabe-se que a presena da deficincia numa famlia pode ter impacto na identidade
da famlia e como diz Leito (1993), referido por Ramos (1999):
Os pais das crianas e jovens com deficincia vivenciam muitas vezes, dificuldades
nos seus sentimentos de competncia e de autoestima como pais, situao que em parte se
deve ao facto de os filhos serem parceiros comunicativamente menos competentes e menos
responsivos, proporcionando menos experincias contingentes aos seus pais.
Constata-se que, se as atividades (famlia/escola/tcnicos) forem desenvolvidas em
conjunto, atravs de programas educativos (apoio afetivo-emocional), a deficincia no
passar a ser a maior caracterstica de identificao da famlia.
Forest e Reynolds (1988), conforme Pereira, Edgar (1996), acentuam que, os
profissionais tm um grande papel, no sentido de ajudar a famlia a elevar o nvel das suas
expectativas, quanto ao desenvolvimento global da criana.
Tumbul e Tumbul (1998), ibidem, chamam a ateno para a necessidade de
profissionais e famlia a comearem a dotar a criana com deficincia de slills, na rea das
tomadas de deciso, dando sistematicamente continuidade aos treinos desta rea atravs do
programa educativo. Dizem ainda os autores que esta aprendizagem e experincia dot-la-
com skills que lhe permitiro tomar decises sobre a sua carreira educacional,
transformando as suas expectativas em realidades. (1996:42)
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As boas relaes entre profissionais e as famlias, promovem uma maior participao
destas na elaborao e consequente implementao de programas educativos. Contudo, os
pais sentem necessidade, no s no que diz respeito prioridade da criana, mas tambm
planificao do seu futuro. Como nos diz Faure (1972), citado por Pereira, F. (1996), todo o
ser humano por essncia educvel. No basta equacionar a educao de crianas
deficientes, necessrio planificar at idade adulta ou mesmo at terceira idade. O mesmo
autor salienta que para educar necessrio humanizar e para humanizar necessrio educar
tendo como mxima o importante sentir. (ibidem).
Embora existam casos de sucesso, na maioria, os pais e educadores queixam-se da
falta de meios e das dificuldades num acompanhamento personalizado e adequado a estas
crianas. As dificuldades variam consoante o espectro autstico e sua profundidade mas todas
elas acabam por recair sobre as formas de comunicao da pessoa autista com os outros e dos
outros com eles (Rodeia, 2008).
Num estudo que abrangeu 7 pases europeus, incluindo Portugal, a autora Teresa
Oliveira estudou os obstculos e constrangimentos sentidos pelos familiares de autistas,
concluindo que estes necessitam de:
Ter acesso a mais e melhor formao;
Pretendem cursos de autismo acessveis monetariamente e perto dos locais de
residncia;
Sentem falta de apoio de pessoal qualificado e recursos educativos;
Estruturas e necessidade de uma parceria efetiva entre pais e profissionais para
efetivar a educao dos seus filhos.
Com a declarao de Salamanca, em 1994, o conceito de integrao de alunos com
necessidades educativas especiais evoluiu e hoje fala-se em escola inclusiva. No entanto as
dificuldades de integrao e formao destes alunos persistem.
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Apesar da evoluo constante das novas tecnologias, familiares e educadores, deparam-se
com a ausncia ou quase inexistncia de programas educativos adaptados e adequados para
este tipo de alunos, com necessidades muito especficas, nesta rea.
A demonstrao da carncia deste tipo de software bem visvel, no caso da navegao na
Internet, com uma total ausncia at 2006 de um browser destinado a pessoas com autismo.
1.9.A incluso
Nos finais dos anos 70, reconheceu-se que os alunos com NEE conseguiam alcanar
sucesso escolar nas classes regulares, pelo menos aqueles que apresentavam problemas
ligeiros podendo fazer parte do sistema regular de ensino.
Em 1986 surge ento nos EUA, um movimento chamado de Regular Education Iniciative
(REI), que pretendia encontrar formas de atender s necessidades do maior nmero de alunos
com NEE na classe regular, propondo a adaptao dessa mesma classe, de forma a facilitar as
aprendizagens dos alunos com NEE nesse ambiente (Will, 1986, cit. Correia, 2005). Este
movimento acabou por mais tarde, dar origem ao princpio da incluso que recebeu vrios
apoios e crticas de muitos investigadores e educadores.
A educao especial passa de um lugar a um servio, sendo reconhecido ao aluno com
NEE o direito de frequentar a classe regular, possibilitando-lhe o acesso ao currculo comum
atravs de um conjunto de apoios apropriados s suas caractersticas e necessidades (Correia,
2005).
A incluso deve ser um processo dinmico que se proponha responder s necessidades de
todos e de cada um dos alunos, dando-lhes uma educao apropriada que considere trs nveis
de desenvolvimento essenciais: acadmico, socioemocional e pessoal (Correia, 2005).
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Para alm do aluno com NEE ser considerado como um todo e como centro de ateno
por parte da escola, da famlia e da comunidade, o Estado tambm um factor essencial, pois
tem um papel fundamental na implementao de um sistema inclusivo eficaz.
O sistema tradicional, ento, afetado por este novo conceito de Necessidade
Educativa Especial, o que implica que para cada criana necessrio proceder-se a uma
cuidadosa identificao e avaliao das suas necessidades, para que se possa organizar o
programa mais adequado de acordo com o sistema educativo geral.
Para superar as dificuldades apresentadas pelas crianas, pode recorrer-se a mltiplos e
variados tipos de apoio, nomeadamente a um mtodo de ensino especializado, para que o
aluno possa aceder ao currculo normal, a um currculo modificado e adaptado s suas
possibilidades e a algum apoio educativo contextualizado. Para isso, devem disponibilizar-se
diferentes modalidades de servios, desde a sala regular a tempo inteiro, com ou sem ajuda do
professor de ensino especial, sala regular mais sala de apoio, at escola especial para um
reduzido nmero de crianas com problemas graves (Veiga, 2000).
Figura 1 Sistema inclusivo centrado no aluno (Correia, 1999)
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1.10.Tipificao das Necessidades Educativas Especiais
Segundo Bairro (1998), o conceito de Necessidade Educativa Especial (NEE) foi
introduzido por Warnock Report, no Reino Unido em 1978, em sequncia de vrios
movimentos de integrao que se faziam sentir, um pouco por toda a Europa. O Warnock
Report refere ento trs categorias de necessidades educativas especiais:
- Necessidades aplicadas (sensoriais) fundamentalmente a crianas com problemas
sensoriais e que necessitam de ajuda no campo da comunicao e da expresso e a
crianas/adultos com problemas motores que necessitam de ajuda no sentido mais vasto do
termos;
- Necessidades aplicadas (aprendizagem), por exemplo, a crianas com graves
dificuldades de aprendizagem que necessitam de suporte para aprender determinadas reas
curriculares que outras crianas atingem sem nenhuma forma de ajuda.
- Necessidades (emoes) que dizem respeito a esforos para criar ambientes que
atenuem presses que as crianas e os adultos, emocionalmente mais vulnerveis, no
conseguem suportar.
No nosso pas este conceito de necessidade educativa especial, foi adotado no final da
dcada de 80 e pouco mais tarde, com publicao do Decreto-lei 319/91 ficou garantido o
direito de frequncia nas escolas regulares de muitos destes alunos. Citando o referido decreto
de 23 de Agosto de 1991:
foi considerada no presente diploma a evoluo dos conceitos resultantes do
desenvolvimento das experincias de integrao, havendo a salientar: A substituio da
classificao em diferentes categorias, baseada em decises de foro mdico, pelo conceito de
alunos com necessidades educativas especiais, baseado em critrios pedaggicos.
Segundo a CIF (Classificao Internacional da Funcionalidade, Incapacidade e Sade)
(2001), este conceito de necessidades educativas especiais atinge ainda um grupo muito
heterogneo de alunos, em que as suas dificuldades podem ir de grau ligeiro a severo e podem
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ter um carcter mais ou menos prolongado, no estando ainda muito centrado nos problemas
dos alunos. Muitas vezes so fatores extrnsecos que causam as primeiras dificuldades nas
crianas e jovens.
muitos dos alunos considerados com NEE podero necessitar, acima de tudo, de
um ensino de qualidade, pautado pelos princpios da flexibilizao, adequao e estratgias
de diferenciao pedaggica e no necessariamente de medidas de educao especial (CIF,
2001).
De acordo com os pontos um e dois do artigo 10 do decreto-lei n6/2001, aos alunos
com necessidades educativas especiais de carcter permanente oferecida a modalidade de
educao especial. Estas, so atribudas a:
alunos que apresentem incapacidade ou incapacidades que se reflitam numa ou
mais reas de realizao de aprendizagens, resultantes de deficincias de ordem sensorial,
motora ou mental, de perturbaes da fala e da linguagem, de perturbaes graves da
personalidade ou do comportamento ou graves problemas de sade.
Na sequncia da publicao do decreto referido anteriormente, a DGIDC (Direco
Geral de Inovao e de Desenvolvimento Curricular) avana com uma definio para o
conceito de NEE, numa perspetiva mais prxima dos atuais modelos de interveno nesta
rea:
Consideram-se alunos com necessidades educativas especiais de carter prolongado
aqueles que experienciam graves dificuldades no processo de aprendizagem e participao
no contexto escolar, familiar e comunitrio, decorrentes da interao entre fatores
ambientais (fsicos, sociais e atitudinais) e limitaes de grau acentuado ao nvel do seu
funcionamento num ou mais dos seguintes domnios:
- sensorial (viso e audio);
- motor;
- cognitivo;
- comunicao;
- linguagem e fala;
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- emocional e personalidade.
1.11.Terapias atuais no ensino de autistas
Ensinar no uma funo vital, porque no tem o fim em si mesma; a funo vital aprender.
(Aristteles)
1.11.1) O modelo atual
Muitas das tcnicas usadas na educao tradicional, no so eficazes no ensino de
crianas autistas, uma vez que estas necessitam de formao especfica.
Aps algumas pesquisas, verificou-se a existncia de vrias terapias para a educao
de uma pessoa autista. Musicoterapia, equoterapia, hidroterapia, reorganizao neurolgica,
comunicao facilitada, comunicao por figuras, terapia ocupacional, terapia familiar, entre
outros.
Dos modelos referidos, so explicados de modo sucinto, aqueles que se destacam pelo
seu uso e relevo para este trabalho.
1.11.2) Comunicao por figuras
O Sistema de Comunicao por Figuras (PECS) - e o mtodo de comunicao mais
utilizado com autistas, como pode ser lido na pgina austistas.org. Este mtodo comea a ser
utilizado nas crianas autistas desde os primeiros anos de idade.
O sistema de comunicao por figuras muito popular como referiu o psiclogo Joo
Teixeira do Centro de Estudos e Apoio Criana e Famlia da APPDA-Norte. O PECS
revela-se importante para autistas no-verbais.
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Segundo a autora Isabel Santos (Santos et al., 2009) as crianas autistas apresentam
frequentemente considerveis dificuldades no uso da linguagem expressiva, pelo que ser
benfico o recurso a intervenes intensas e altamente estruturadas.
Outra das suas principais dificuldades reporta-se ao relacionamento interpessoal,
tambm fortemente marcada pela linguagem. Neste sentido, alguns autores tm defendido
sistemas de comunicao alternativos, onde no haja envolvimento da fala. A linguagem por
sinais, imagens e outros smbolos visuais tem-se revelado um sistema relativamente lento de
aprendizagem, visto que a linguagem por sinais requer a imitao e os sistemas de imagens
implicam a sinalizao, processos que podem ser confusos e exigem uma enorme ateno por
parte do autista. A comunicao por figuras possui a preocupao de ir ao encontro daquilo
que atrai as crianas, como alimentos, bebidas, brinquedos, livros, etc. Depois de se
conhecerem as preferncias da criana so feitas imagens desses objectos que, lhe so,
apresentadas e oferecidas. Lentamente, retirada a ajuda fsica para apanhar a imagem,
constatando-se que a criana comea a desenvolver a iniciativa de principiar a interaco,
pegando na imagem e entregando-a a um terapeuta. Progressivamente o grau de dificuldade
ser aumentado, ao ponto do modelo ensinar a criana a criar enunciados simples a partir de
vrias imagens. (Santos et al., 2009)
Figura 2 Comunicao por figuras, exemplo retirado do site universo do autista interveno
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Equoterapia
As terapias que usam animais fornecem benefcios em termos de bem-estar fsico e
emocional como mostram muitos estudos sobre os ganhos proporcionados pela interao
entre o homem e o animal na promoo da sade humana e como terapia especfica.
A equoterapia um mtodo teraputico e educacional que utiliza o cavalo dentro de
uma abordagem interdisciplinar, nas reas de sade, educao e equitao. A equoterapia
permite uma grande diversidade de estmulos sensoriais, atravs da viso, tato, olfato e
audio, algo que incrementa a consciencializao corporal, o desenvolvimento da fora
muscular, o aperfeioamento da coordenao motora e o equilbrio. O cavalo extremamente
sensvel, expressando emoes de forma clara e variada, o que facilita a interpretao por
parte o ser humano. (Bastos et al 2004)
Para alm da sua funo teraputica, o uso de cavalos em tratamentos tem uma
participao importante no aspeto psquico, j que a pessoa usa o animal para desenvolver e
modificar as suas atitudes e comportamentos. (Freire, 2009)
Ao andar de cavalo a pessoa necessita de coordenar os seus movimentos com a do
animal e com isso precisa de concentrao para prestar ateno a todo o meio que o envolve.
A terapia encoraja o autista a desenvolver o seu processo de aprendizagem na
realizao de tarefas funcionais.
Figura 3 Equoterapia na educao de autistas retirado do site da Revista Crescer
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Musicoterapia
De acordo com a definio da Federao Mundial de Musicoterapia (WFMT), a
musicoterapia consiste na utilizao da msica ou dos seus elementos (som, ritmo, melodia e
harmonia), por um musicoterapeuta qualificado, num processo sistematizado de forma a
facilitar e promover a comunicao, o relacionamento, a aprendizagem, a mobilizao, a
expresso e organizao de processos psquicos de um ou mais indivduos para que sejam
capazes de recuperar as suas funes e desenvolver o seu potencial adquirindo uma melhor
qualidade de vida.
A interveno envolve atividades musicais que podem ser feitas individualmente ou
em grupo, num processo planificado e continuado no tempo, levado a cabo por profissionais
com formao especfica, afirma a Associao Portuguesa de Musicoterapia (APMT) na sua
pgina oficial.
A musicoterapia destina-se especialmente a pessoas com problemas de
relacionamento, comunicao, comportamento e integrao social, como o caso das pessoas
autistas.
Segundo Santos, a utilizao de estmulos musicais na motivao das pessoas autistas,
revela-se benfica, induzindo respostas afetivas positivas que podem fomentar a sua
participao em atividades de socializao e desenvolvimento da linguagem. Acresce a isto o
fato da msica poder criar um contexto essencial ao desenvolvimento da curiosidade e do
interesse exploratrio, aspetos essenciais do processo de reabilitao.
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O som do instrumento, assim como o seu aspeto visual e tctil, podem auxiliar o
autista a compreender melhor os outros, propiciando quantidades inumerveis de relaes que
podem ser a chave do xito da terapia.
Figura 4 Musicoterapia na formao de autistas retirado do sitio da internet Caminhos do Autismo
Terapia Ocupacional
Segundo a autora (Mota, 2004) a sade apoiada e mantida quando o indivduo
consegue realizar as suas atividades e ocupaes, que permitem uma participao desejada e
necessria em situaes de vida comunitria.
Ainda segundo a mesma autora se o estado de sade de um determinado indivduo
afetar as suas capacidades impedindo-o de realizar certas atividades necessrias para se
sentir competente e com qualidade de vida, a terapia ocupacional apoia a pessoa no sentido
de melhorar o desempenho das suas atividades de vida diria, para que o indivduo consiga
desempenhar de forma desejada os seus papis na sociedade e noutros contextos da sua
vida.
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O terapeuta ocupacional tenta prevenir a incapacidade e facilitar a reabilitao da
pessoa, procurando a obteno do mximo de funo e independncia a todos os nveis
atravs de um envolvimento significativo e gratificante.
Na terapia ocupacional podem ser realizados treinos especficos, simulao de
desempenhos e ensino de estratgias a contextualizar. Pode ainda utilizar ajudas tcnicas ou
adaptaes para substituir as funes perdidas, no caso de no ser possvel recuper-las e
modificar a habitao de forma a eliminar as barreiras arquitetnicas e adaptar o espao s
necessidades do indivduo. Pode tambm intervir no meio social ou profissional da pessoa,
promovendo a reintegrao (Mota, 2004).
Hidroterapia
Diversos estudos realizados apontam como instrumento relevante, a hidroterapia, na
interveno das crianas com necessidades educativas especiais para melhorar o seu
desenvolvimento e comportamentos sociais, permitindo tambm uma estimulao motora e
sensorial.
A gua torna-se estimulante para alguns movimentos que no so possveis nos
tradicionais exerccios no solo, proporcionando uma sensao de bem-estar, pois focaliza as
habilidades do autista na gua e no as suas limitaes.
A atividade fsica para as crianas com NEE mas na gua torna-se mais acessvel,
ganhando confiana, autoestima e interao social, uma vez que na gua so capazes de
concorrer com elementos que no tm necessidades especiais.
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Esta terapia fornece estimulao visual e auditiva tentando tambm melhorar a
respirao, de modo a possibilitar um maior equilbrio e controlo pessoal. (Matos, et al.,
2009)
Figura 5 Hidroterapia como base para promover a formao de autistas retirado do site universo do
autista
2. Tecnologias da Informao e Comunicao
2.1. Tecnologias da Informao e Comunicao [TIC] / Sociedade
A sociedade est num processo de mudana em que as novas tecnologias so as
principais responsveis, alguns autores identificam um novo paradigma de sociedade que se
baseia num bem precioso, a informao, atribuindo-lhe vrias designaes, entre elas a
sociedade da informao. (Naisbitt, 1998; Drucker, 1993; Toffler, 1984; Santos, 2004).
Esta sociedade poder ser responsvel por grandes diferenas sociais, tendo em conta
o seu grau de existncia. Como uma sociedade que vive do poder da informao, tendo
como base as novas tecnologias, ela poder ser muito discriminatria, quer entre pases, quer
internamente, entre empresas, entre pessoas. At algum tempo atrs o saber ler e interpretar
textos, bem como efetuar clculos matemticos simples, era obrigatrio para se viver em
harmonia e bem estar na sociedade, este cenrio mudou e as necessidades de qualificaes
profissionais e acadmicas aumentaram consideravelmente. (Lyon, 1998)
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O IMPACTO DAS TIC NO SUCESSO EDUCATIVO DE CRIANAS COM AUTISMO
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As pessoas tm de ser capazes de se adaptarem a diversos meios, desenvolvendo uma
atitude flexvel, com conhecimentos generalistas, capazes de se formarem ao longo da vida de
acordo com as suas necessidades e que dominem as Tecnologias da Informao e
Comunicao (TIC). A sociedade exige da escola pessoas com uma formao ampla,
especializada, com um esprito empreendedor e criativo, com o domnio de uma ou vrias
lnguas estrangeiras, com grandes capacidades de resoluo de problemas (Martins, 1999;
Matos, 2004).
A sociedade atual est a transformar-se numa sociedade digital, com a crescente
influncia da tecnologia do nosso quotidiano.
2.2. TIC e o Ensino
O presente captulo procura sintetizar marcos importantes sobre a utilizao das TIC
na educao no panorama nacional, que se multiplicaram em anos recentes. uma temtica
sobre a qual muito se escreveu, mas que porm escasseiam documentos sobre a especificidade
que envolve a sua utilizao com alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE).
Irei aqui relacionar a evoluo desta temtica evidenciando as implicaes para os
alunos com e sem necessidades educativas especiais.
Tal como em qualquer interveno em educao especial, o normal o fio
orientador a partir do qual so realizadas as adaptaes necessrias para individualizar e
acomodar as necessidades de cada aluno. Considerando o mbito do presente trabalho,
afigura-se como pertinente a incluso de uma componente que ilustre as principais vantagens
da utilizao das TIC na educao dita regular para, de seguida, se efetuar a transio para a
educao de alunos com problemas de aprendizagem. Neste cenrio, importa caracterizar o
momento atual da utilizao das Tecnologias na educao ao nvel do ensino pblico no
superior, de onde efetivamente se destaca o Plano Tecnolgico para a Educao e a
sustentao da modernizao tecnolgica da educao ainda em curso.
incomensurvel a dimenso tecnolgica do mundo que habitamos, a qual no
podemos ignorar, com ramificaes para quase todos os aspetos da vida quotidiana e,
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consequentemente, na educao. As crianas e jovens crescem hoje em ambientes altamente
mediados pela tecnologia, principalmente a audiovisual e a digital (Sancho & Hernandz,
2006). A televiso, o cinema, os videojogos e o computador conquistam, de forma especial, a
ateno dos mais jovens que desenvolvem grande aptido para captar as suas mensagens
(Sancho & Hernandz, 2006). Osrio e Valente (2006) acrescentam mesmo que as crianas
so atradas pelas tecnologias de forma quase impulsiva.
Todavia, e em sequncia, Osrio e Valente (2006) salientam que esse aspeto nem
sempre aproveitado pela Escola para integrar outras aprendizagens, apesar dos alertas
integradores de alguns investigadores do conhecimento.
No panorama nacional discutem-se principalmente os novos papis da escola e do
professor, as preocupaes e implicaes subjacentes a nvel de estratgias pedaggicas e
formao dos agentes educativos na utilizao educativa das TIC. As iniciativas pblicas e
privadas que visam a utilizao das TIC nas escolas, em Portugal, so j muito frequentes,
com a sua gnese mais entusistica na dcada de 80 do sculo passado. Das iniciativas com
maior impacto destacam-se o Projeto Minerva (Meios Informticos no Ensino:
Racionalizao, Valorizao, Atualizao) (1985/1994), que constituiu a primeira iniciativa
financiada pelo Ministrio da Educao que teve uma expresso nacional na introduo das
novas tecnologias no ensino em Portugal.
Atualmente, o Plano Tecnolgico para a Educao (PTE), igualmente sob a alada do
Ministrio da Educao, ainda ativo, constitui o mais recente esforo para o desenvolvimento
das competncias de alunos e professores e, pessoal no docentes das escolas.
frequentemente mencionado que as tcnicas pedaggicas suportadas pelas TIC
revolucionam a educao e proporcionam amplas oportunidades e potencialidades de
inovao nas metodologias de ensino e de aprendizagem. Em 1997, Ponte, no seu estudo de
aplicaes do computador em vrias instituies internacionais, refere:
O computador, pela sua flexibilidade, presta-se a mltiplas funes e pode enriquecer o
ensino de diversas maneiras. (Ponte 1997).
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A versatilidade, bem como, o conjunto extremamente diversificado de uso, afiguram
se como caractersticas mais genunas da tecnologia, que justificam a argumentao de vrias
perspetivas sobre ensino e aprendizagem de que o computador um aliado de valor
inestimvel para a sua atuao (Sancho & Hernndez, 2006). Estes autores indicam que tanto
as correntes behaviorista e neo-behaviorista que visualizam o computador como mquina de
ensinar (programas de tutoria), bem como as correntes cognitivistas, que o visionam como
metfora do crebro humano, vislumbram-no como ferramenta que transforma o que toca.
possvel apontar vrias vantagens gerais e especficas que advm da utilizao do
computador e parece ser j ponto assente da comunidade educativa internacional que Os
benefcios e as vantagens de ensinar com as TIC so muitos. (Curriculum Online, 2008).
A ACOT (Apple Classrooms of Tomorrow) desenvolveu um estudo por um perodo de
10 anos, finalizado em 1998, que concluiu que a introduo de tecnologia na sala de aula pode
aumentar significativamente o potencial para a aprendizagem, especialmente quando
utilizada para apoiar o trabalho colaborativo, o acesso informao e a representao e a
expresso de ideias e pensamentos dos alunos (Apple Computer, Inc., 1995). Recentemente,
esta iniciativa foi repetida (ACOT) com o objetivo especfico de contribuir para a reforma
educacional nos EUA, atravs da modernizao do ensino, aproximando as escolas da criao
do tipo de ambiente de aprendizagem que a atual gerao de alunos espera e contribuindo para
a sua permanncia na escola. O relatrio final de 2008 alerta para a obrigatoriedade de dotar
os alunos com competncias que lhes permitam perseverar no mundo atual, ressalta o papel
essencial da tecnologia na vida e trabalho do sculo XXI e, consequentemente, o papel que
deve desempenhar na aprendizagem. Aceira os benefcios do uso da tecnologia na educao
de todos os alunos, salienta que do acesso ubquo tecnologia advm vantagens tambm para
os alunos com incapacidades pelas propriedades equalizadoras que permitem formas de
conexo com o mundo nunca antes vistas (ACOT, 2008).
Estudos realizados em 2006 pela European Schoolnet (Consrcio de 28 Ministrios de
Educao Europeus) e o relatrio anual de 2007 da BECTA (British Agency for Educational
Communication and Technology) vm reforar a perceo da irrefutabilidade das vantagens
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da utilizao das TIC no apoio aos processos de ensino e aprendizagem para todos os
envolvidos (Becta, 2007a; Balanskat, Blamire & Kefala, 2006). A nvel nacional a
implementao do Plano Tecnolgico da Educao reconhece os benefcios da utilizao das
TIC na educao em geral e considera que:
essencial valorizar e modernizar a escola, criar as condies fsicas que
favoream o sucesso escolar dos alunos e consolidar o papel das tecnologias da informao e
da comunicao (TIC) enquanto ferramenta bsica para aprender e ensinar nesta nova era.
[] A integrao das TIC nos processos de ensino e de aprendizagem e nos sistemas de
gesto da escola condio essencial para a construo da escola do futuro e para o sucesso
escolar das novas geraes de Portugueses. (Resoluo do Conselho de Ministros n.
137/2007) e almejava colocar Portugal entre os cinco pases europeus mais avanados na
modernizao tecnolgica do ensino 2010 (Plano Tecnolgico da Educao, 2008).
Um importante estudo do Department for Education Skills (DfES), de 2002, sobre
sucesso educacional concluiu que as TIC esto positivamente associadas a melhorias na
aprendizagem em reas diversas (Curriculum Online, 2008).
Num primeiro aspeto, generaliza-se o fator motivacional. H relativamente pouco
tempo, foi produzido um estudo nacional pelos Centros de Competncia Nnio da
Universidades do Minho e de vora, e pela Faculdade de Cincias de Lisboa que demonstrou
que as TIC podem auxiliar o desenvolvimento de competncias e melhorar a aprendizagem
dos alunos, assim como possibilitar uma melhor integrao dos alunos na escola
(Ministrioda Educao, 2002).
Numa segunda viso deparamo-nos com a multiplicidade de caractersticas que a
utilizao das TIC transporta: mltiplas fontes de informao, de vias de acesso informao,
de representaes da informao, vrias formas de manipulao da informao e, ainda, vrias
formas de enviar informao bem como a possibilidade de explorar ambientes diferentes de
aprendizagem. Dentre esta multiplicidade vislumbra-se a capacidade que as TIC possuem
para suprimir barreiras fsicas e geogrficas, permitindo a comunicao, a obteno de
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informao e aprendizagens que, longinquamente, se aproximam daqueles que veem nas TIC
uma ponte para o conhecimento.
Amante (2008) considera que difcil ignorar o contributo destes novos media para o
enriquecimento dos contextos de aprendizagem, quer pela natureza dos programas utilizados,
quer pelas possibilidades de acesso informao e comunicao disponveis atravs da
Internet. que acarreta a utilizao das TIC por professores e principalmente pelos alunos,
despertando interesses, incrementando a motivao para a descoberta e despoletando a
curiosidade e nsia de obter conhecimento sobre o que possvel realizar com as ferramentas
tecnolgicas de que atualmente dispomos.
De facto, a BECTA (2007b) declara, acerca do impacto das TIC nas escolas, que
avassaladora a mensagem passada por alunos e professores de que a introduo das TIC na
sala de aula produziu desenvolvimentos positivos, motivando alunos e professores de igual
modo e modificando as experincias de ensino e aprendizagem de ambos.
Estas constataes, associadas flexibilidade permitida e maior possibilidade de
escolhas e de reduo de esforo, permitem-nos atestar facilmente que quando se utilizam as
TIC verifica-se para alm de um incremento da motivao, um maior envolvimento na
aprendizagem e consequente satisfao que se repercutem na acelerao da aprendizagem,
bem como num progresso mais evidente (BECTA, 2008).
Os professores portugueses referem, frequentemente, o carcter apelativo das TIC para
auxiliar a aprendizagem, assim como as potencialidades disciplinadoras demonstram um
aumento mais veloz nos resultados de desempenho que as escolas com nveis inferiores das
TIC, na medida que focalizam a ateno do aluno e permitem, por exemplo, a utilizao dos
clebres quadros interativos, possibilitando que o professor se encontre mais fisicamente
direcionado para a turma que leciona.
Segundo Palloff e Pratt (1999), citados por Carvalho (s.d) as novas tecnologias podem
enriquecer o ato pedaggico favorecendo uma interatividade efetiva entre os agentes do
processo: alunos e professores.
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As vantagens de se associar as TIC educao no se esgotam com a sua implicao
direta no processo presencial de ensino e aprendizagem e so tambm conhecidas vantagens a
nvel do apoio administrativo (gesto curricular) e da planificao de contedos para a sala de
aula. Neste ponto importante aferir, nas palavras de Erstad (2009), a dimenso holstica da
integrao das TIC na escola, no s no processo de ensino e aprendizagem, bem como na
estrutura envolvente, a componente organizacional, ao nvel superior ao da sala de aula e do
docente, evidencia ter um papel relevante no valor que as TIC podero acrescentar na
educao. , portanto, um dado adquirido que os ganhos da integrao das TIC na escola no
devem apenas ser procurados e considerados individualmente nas atividades letivas dos
docentes mas tambm na vida da prpria organizao (Carneiro, Melo, Lopes, Lis &
Carvalho, 2010).
O governo britnico, atravs do seu site oficial gerido pela BECTA, sintetiza, numa
smula de pesquisas, cinco razes para a utilizao das TIC (Curriculum Online, 2008)
referindo que:
- As TIC constituem uma ferramenta atual e futura de trabalho. O ensino apoiado pelas TIC,
alm de uma mais-valia na aprendizagem, prepara o aluno para um posto de trabalho j
dominado pelo computador, onde a tecnologia j uma realidade do presente.
- A incorporao das TIC e de recursos multimdia nas atividades de sala de aula apresenta-se
como ferramenta de eleio para captar os alunos para aprendizagem pela banalizao da sua
utilizao nos restantes contextos da sua vida.
As TIC auxiliam os profissionais da educao, providenciando oportunidades para injetar
nova paixo nos contedos, adotar abordagens frescas (inexploradas) em materiais j
conhecidos e para desenvolver novas competncias para expandir o seu prprio potencial de
carreira.
A utilizao das TIC permite economizar tempo e energia. Num inqurito realizado por
esta organizao governamental s escolas pblicas em 2003, a maioria declara que as TIC
ajudam a reduzir a carga do trabalho dos professores em termos de preparao de aulas,
planeamento e avaliao.
As TIC possuem uma componente ldica para a maioria dos utilizadores.
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2.3. TIC e NEE
frequentemente advogado que, da utilizao das TIC, advm benefcios no processo
de ensino-aprendizagem, no s pela disponibilidade de novos meios de transmisso de
conhecimentos, mas tambm pela carga motivacional que despoleta nos jovens da atualidade,
que vivem assoberbados com inovaes tecnolgicas. Com efeito, so j numerosos os
estudos de mbito europeu e internacional que comprovam os benefcios da associao de
tecnologia e educao, com provas concludentes de melhorias ao nvel do desempenho e
participao. Nesta conjuntura relevante a afirmao de Florian e Hegarty Technology can
be used to overcome barriers to learning for all learners, but particularly those with
disabilities, wherever that learning takes place.(Florian & Hegarty, 2004, p. 6)
A nvel internacional tem sido amplamente discutida a utilizao de tecnologias e o
apoio aos processos de ensino e de aprendizagem dos alunos com necessidades educativas
especiais (Almeida, 2006).
Almeida (2006), numa reviso de estudos internacionais, referencia ainda que
possibilidades de adaptao e configurao de atividades, tarefas e nveis de dificuldade,
associada elevada motivao de alunos com NEE no contacto com este tipo de ferramentas e
s possibilidades de fornecimento de feedback tm contribudo para um aumento significativo
de propostas, projetos e estudos nesta rea.
Se assumido que as TIC transportam uma amlgama de benefcios para os alunos do
ensino regular, em Portugal ainda se percorrem caminhos algo imaturos quanto ao seu
potencial como instrumento pedaggico e/ou tecnologia de apoio individual do aluno com
Necessidades Educativas Especiais.
A incluso surge como uma obrigatoriedade para se atingir a igualdade de
oportunidades e a equidade educativa, para que para todos os alunos tenham acesso a um
ensino de qualidade que lhes permita a obteno de melhores resultados possveis para assim
desenvolverem competncias que lhes permitam a vivncia plena da cidadania.
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Neste mbito, as TIC que se encontram contempladas na atual legislao de educao
especial assumem-se como ferramentas de elevado potencial para a consecuo dos
propsitos pretendidos, revelando-se capacitadoras e permitindo no s o derrube de barreiras
de acesso s prprias tecnologias e contedos disciplinares, como tambm o combate s
dificuldades daqueles alunos que no conseguem acompanhar os mtodos tradicionais de
ensino. Se, para alguns alunos, constituem novas formas de acesso informao e construo
de conhecimento, para outros afiguram-se como a nica forma de aceder aos contedos e
concretizar uma participao ativa no seu processo individual de aprendizagem.
As TIC ajudam a equilibrar a balana entre competncias e deficincia, assumindo-se
com um utenslio ao servio da equidade. Lewis (1999) refere mesmo que a tecnologia da
educao especial , em muitos aspetos uma fora de equalizao, uma maneira de contornar
deficincia e permitir o acesso s atividades que as pessoas sem deficincia tomam por
garantido.
A heterogeneidade dos alunos caracteriza a escola inclusiva e, perante uma
diversidade de caractersticas, observa-se que as experincias de aprendizagem e a capacidade
de resolver problemas dos alunos so diferenciadas e que, portanto, necessitam de desafios
diferentes. As TIC providenciam formas de criar novos desafios de aprendizagem ajustados s
necessidades especficas de cada aluno. Esta diversidade de caractersticas com utilizao das
TIC em resposta s mesmas funciona em prole de qualquer aluno: possibilitando a
transferncia das iniciativas TIC para o ensino regular; permitindo melhorar a anlise
contnua e adaptar os desafios na escola para as necessidades particulares de cada aluno; e
permitindo aumentar o nmero de alunos que frequentam a escola regular (Andresen, 2004).
Todavia, a implementao das TIC como suporte aos alunos com NEE,
desconstruindo e permitindo a transposio de barreiras e dificuldades, seja como Tecnologia
de Apoio/Produtos de Apoio ou como instrumento pedaggico, necessitam de profissionais
cientes das potencialidades e limitaes inerentes e, sobretudo, instrudos e dinmicos, para
que uma ferramenta que se pretende de incluso no se torne fator de excluso.
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Em jeito de concluso, e de uma forma sintetizada e generalizada, constata-se que as
TIC podem auxiliar o processo de ensino e de aprendizagem dos alunos com NEE
(Sparrowhawk & Heald, 2007):
- Incrementando a motivao;
- Possibilitando ou Facilitando/Melhorando o acesso;
- Melhorando o desempenho e aumentando expectativas;
- Facilitando a diferenciao;
- Providenciando alternativas;
- Promovendo o envolvimento com o mundo real;
- Facilitando o acompanhamento e avaliao pelo professor;
- Apoiando o trabalho administrativo;
- Suportando a ligao com o lar e a comunidade.
2.4. As TIC / Incluso
Uma escola que pretenda a incorporao plena de alunos com NEE, portanto, uma
escola inclusiva, deve reconhecer e satisfazer as necessidades particulares dos alunos,
adaptando-se a diferentes ritmos de aprendizagem, s experincias e inter-relao do
indivduo com o meio, atravs de adaptaes curriculares, de estratgias pedaggicas
diversificadas e de uma boa organizao escolar (Santos, 2006). Deve procurar a igualdade de
oportunidades, minimizando as incapacidades para que o aluno com NEE possa efetuar um
percurso escolar e social o menos restritivo possvel, como preconiza a Declarao de
Salamanca de 1994, da Unesco.
Santos (2006), citando Fonseca (1984), salienta que fundamental fornecer s
crianas com NEE uma interveno educativa especializada, assim como meios e cuidados, os
professores precisam de recursos que os possam ajudar a compensar as situaes
desfavorveis dos seus alunos. As TIC revelam-se, assim, um instrumento poderoso, na
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medida em que podero diminuir as incapacidades e desvantagens dos alunos com NEE,
promovendo a integrao escolar e social (Santos, 2006).
Nos alunos com problemas mais severos, possuidores de uma deficincia redutora de
funcionalidade, as TIC podem atuar como orttese ou prtese, ou seja, como uma tecnologia
de apoio individual (Produto de Apoio) no sentido de compensar ou substituir a funo que se
encontra afetada, que poder ser sensorial, motora ou intelectual.
No entanto, a aplicabilidade das TIC no Ensino Especial no se esgota na funo de
Ajuda Tcnica, substituindo ou compensando funes. Tal como no ensino regular, e talvez
ainda com maior relevo, as TIC assumem-se como um instrumento importante ao servio do
professor e do aluno para ultrapassar barreiras e facilitar a aquisio de competncias.
Florian (2004) apresenta um espectro do uso pedaggico das TIC com alunos com
NEE onde se vislumbram as diferentes abordagens que propiciam diferentes oportunidades e
desafios que vo desde tutoria, explorao e comunicao, bem como ferramentas de apoio
aprendizagem (ex. processador de texto). Santos (2006), menciona que a utilizao das TIC,
permite e potencia a existncia de novas perspetivas na educao inclusiva.
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