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    Ms das Almas do Purgatrio

    Mons. Dr. Jos Basilio Pereira

    10.a EDIO 1943

    Editora Mensageiro da F Ltda. Salvador Baa

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    NIHIL OBSTAT: Baa, 19 de Julho de 1942

    FREI BRUNO MOOS, O. F. M. Cens. Dioc.

    REIMPRIMATUR Baa, 20 de Julho de 1942

    MONS. ANNIBAL MATTA - Pro-Vig. Geral

    DIREITOS RESERVADOS

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    MS DAS ALMAS DO PURGATRIO

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    Para as pobres almas, que sofrendo esto,

    Bom Jesus, no falte vossa compaixo.

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    INTRODUODoutrina da Igreja Catlica

    I

    Existncia do Purgatrio

    I. O Purgatrio um lugar de sofrimento em que asalmas dos que morrem em estado da graa, mas sem haversatisfeito justia divina quanto pena temporal incorridapor seus pecados, acabam de se purificar, solvendo essadvida para poderem ser admitidas no Cu, onde conformea Escritura, s entrar quem for puro.

    II. As provas da existncia do Purgatrio podem sertomadas :

    1. DA ESCRITURA SAGRADA. O Antigo Testamento mostra-nos Judas Macabeu recolhendo doze mil dracmas, espolio

    de uma vitria memorvel, e remetendo-as para Jerusalm,a fim de que se oferecessem sacrifcios pelas almas dos quehaviam perecido no combate, por ser, dizia ele, umpensamento pio e salutar o de orar pelos mortos para quese resgatem de suas faltas.

    O Novo Testamento refere-nos estas palavras de JesusCristo bem claras e precisas: H pecados que nunca so

    remetidos, nem neste mundo nem no outro. (Mat. 12)Haver, portanto, pecados que sero perdoados na outravida. No so menos frisantes estas outras palavras daparbola do credor: H uma priso donde no se sairseno quando se tiver pago o ceitil derradeiro. (Mat, 18). E estas de So Paulo: Haver no ltimo dia um fogo quedestruir as obras de certas almas, que s ento salvar-se-o. (Cr, 3.)

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    2. DA TRADIO INTEIRA, qual deu o Concilio de Trentoesta ratificao infalvel:

    Se algum pretender que todo pecador penitente, quandorecebe a graa da justificao, obtm a remisso da culpa eda pena eterna de tal sorte que no fica devedor denenhuma pena temporal a sofrer na terra ou na vida futurano Purgatrio, antes de entrar no reino dos Cus: sejaantema ! (Sess. 6.a)*

    3. DA RAZO, finalmente, como So Boaventura com sualucidez ordinria expe nestes termos:

    O Purgatrio deve existir por muitas causas:

    A primeira, como observa Santo Agostinho, que h trsordens de pessoas: Umas inteiramente ms, e a essas noaproveitam os sufrgios da Igreja; outras inteiramenteboas, que no precisam de tais sufrgios; outras, enfim, queno so de todo ms, nem de todo justas e a estas cabem as

    penas passageiras do Purgatrio, porque suas faltas soveniais.

    A segunda causa a prpria justia de Deus, porque, assimcomo a soberana bondade no sofre que o bem fique semremunerao, assim a suprema justia no permite que omal fique sem nenhuma punio...

    A terceira razo para que haja um Purgatrio a sublime esantssima dignidade da luz divina que somente olhospuros devem contemplar. preciso, pois, que volte cada um sua inocncia batismal, antes de comparecer na presena,do Altssimo.

    *

    O escritor no cita ipsis verbis os textos, mas d seu sentido exato. (DoTrad.)

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    Alm disso, todo pecado ofende a Majestade Divina, prejudicial Igreja e desfigura em ns a imagem deDeus.

    Ora, toda ofensa pede um castigo, todo dano umareparao, todo mal um remdio; portanto necessriotambm (neste mundo ou no outro) uma pena que cor-responda ao pecado.

    Demais, os contrrios ordinariamente curam-se com oscontrrios, e como o pecado nasce do prazer, o castigo vema ser o seu remdio natural.

    A ningum pode aproveitar a negligncia, que um defeito,e, se tal defeito no fosse punido, pareceria de vantagempara a vida futura no cuidar de fazer penitncia nestemundo. (Comp. teol., 7).

    II

    Penas do PurgatrioA revelao que nos fala claramente da existncia de umPurgatrio no se explica to claramente sobre o estado emque se acham as almas que precisam de purificar-se; nopodemos, portanto, saber com exatido nem onde elassofrem, nem o que sofrem, nem de que modo sofrem.

    S podemos afirmar que as penas do Purgatrio so

    extremamente graves e de duas -espcies: a primeira, amais insuportvel, diz o Conclio de Florena, a privaode Deus.

    A necessidade de ver e possuir a Deus, que a alma,desprendida do corpo, compreende ser o objeto nico desua felicidade: essa necessidade se faz sentir a todas asnossas faculdades com uma fora extraordinria.

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    uma sede ardente, uma fome devoradora, um vaziomedonho, uma espcie de asfixia produzida pela ausnciade Deus, que o alimento e o ar de nossa alma.

    A segunda uma dor que pe a alma em torturas maiscruis do que as que os tiranos infligiam aos mrtires.

    A Igreja no definiu a natureza desta dor, mas permiteensinar-se geralmente que h no Purgatrio, como noinferno, um fogo misterioso que envolve as almas semconsumi-las; e, diz La Luzerne, conquanto no seja um

    artigo de f, todas as autoridades do tanto peso doutrinade um fogo expiatrio que seria temeridade desprez-la.

    III

    Causas do Purgatrio

    So duas as causas do Purgatrio:

    1.a A falta de satisfao suficiente pelos pecados remetidos.

    de f que Deus, perdoando os pecados cometidos depoisdo batismo e a pena eterna devida a esses pecados quandoso mortais, deixa ordinariamente ao pecador jreconciliado a dvida de uma certa pena temporal que eleh de solver nesta vida ou na outra.

    2.a Os pecados veniais de que os justos podem estarmaculados quando partem deste mundo.

    IV

    Estado das almas do Purgatrio

    Conquanto padecendo os mais cruis tormentos, no seabandonam as almas do Purgatrio impacincia nem aodesespero: esto na graa e na caridade, e sua vontadetanto se conforma com a vontade divina, que elas queremcom alegria tudo o que Deus quer. Adoram a mo que as

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    castiga e, por mais desejos que tenham de seu livramento,no o almejam seno na ordem dos decretos divinos.Consolam-se com a certeza que tem de no ofender mais a

    Deus e de ir um dia possu-lo no Cu por toda a eternidade.

    V

    Durao das penas do Purgatrio

    Essas penas duraro pouco em relao s penas do infernoque so eternas, mas, consideradas em si mesmas, podemdurar muito tempo. A Igreja autoriza os sufrgios de

    aniversrio por muitos anos e at durante sculos: o que fazsupor que as almas podem ficar todo esse tempo noPurgatrio. Autores respeitveis, entre outros Belarmino,admitem que haja pecadores detidos no Purgatrio at ofim do mundo.

    VI

    Boas obras em favor das almas do PurgatrioH entre os fieis vivos e os fieis mortos comunicao dasboas obras.

    A Igreja catlica, esclarecida pelo Esprito Santo,aprendeu nas divinas Escrituras e na antiga Tradio dosSantos Padres e tem ensinado nos grandes Conclios que hum Purgatrio e que as almas detidas nesse lugar sosocorridas pelos sufrgios dos fiis e principalmente peloprecioso Sacrifcio do Altar. (Conc. Trent. sess, 25.)

    O corpo mstico de Jesus Cristo se compe de trs Igrejasbem distintas: a Igreja triunfante no Cu, a Igrejapadecente no Purgatrio, a Igreja militante na terra. EssasIgrejas, distintas em razo de sua situao diversa,compem realmente um s corpo, do qual Jesus Cristo acabea; em virtude da comunho dos Santos, que professam

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    no smbolo, elas se prestam mtuo auxilio. Tal a magnficaharmonia do corpo da Igreja catlica.

    No poderamos nunca, diz o catecismo romano, exaltar eagradecer devidamente a inefvel bondade divina queoutorgou aos homens o poder de satisfazer uns pelosoutros e pagar assim o que devido ao Senhor.

    VII

    As oraes das almas do Purgatrio

    certo que as almas do Purgatrio no podem merecerpara si, mas ensinam comumente os telogos, dizMonsenhor Devie, que se lhes pode fazer splicas e queDeus se digna atend-las, quando elas exercem a caridadepara conosco, pedindo o que necessrio. Os Santos noCu, acrescenta esse prelado, no podem merecer para si;entretanto eles pedem por ns. a doutrina de Belarmino,de Suarez, de Lessio e de Liguori.

    As almas que pensam, diz Belarmino, so santas, oramcomo os Santos; e so escutadas em razo de seus mritosanteriores.

    A opinio de que as almas do Purgatrio oram por ns, dizSuarez, muito pia e muito conforme ideia que temos dabondade divina: no em nada errnea.

    Os mortos, observa ainda Belarmino, podem vir em nossoauxilio, porque os membros devem imitar a cabea, o chefeJesus Cristo... H-de se dar a reciprocidade entre osmembros de um mesmo

    corpo: assim como na Igreja os vivos socorrem os mortos,os mortos devem socorrer os vivos, cada um a seu modo.

    Todavia, a Igreja em seu culto externo no pratica ainvocao das almas do Purgatrio.

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    VIII

    Aparies das almas do purgatrio

    1. Estas aparies esto na ordem, das coisas que Deuspode permitir, e no repugnam a nenhuma das suasperfeies.

    Mas as almas do Purgatrio, privadas dosseus corpos, nopodem por fora prpria entrar em comunicao com omundo sensvel: preciso um prodgio para que isto serealize.

    2. A Sagrada Escritura faz meno de aparies de mortoscomo de Samuel a Saul, de Jeremias e do gro-sacerdoteOnias a Judas Macabeu, de muitos que saram do tmulo namorte de Jesus Cristo e foram vistos em Jerusalm.

    3. Um grande nmero de aparies que se contam soimaginrias, mas certo que as tem havido verdadeiras, at

    mesmo em tempos no remotos. Santo Agostinho, S.Bernardo, S. Gregrio Magno e S. Liguori referem vrias, eseria mais do que temerrio acus-los de mentira ou deimbecilidade. S. Toms diz: As almas dos mortosmanifestam-se algumas vezes por uma disposioparticular da Providencia para se ocuparem de coisashumanas.*

    * portanto, contrria ao ensino da Igreja, alm de humilhante e afrontosa aos

    destinos e condio das almas dos finados, a doutrina do espiritismo que d aosmdiuns o poder de as chamar ao mundo a fazerem revelaes. A Igreja tem porvrias vezes condenado esse erro e suas funestas prticas e, ainda recentemente,ocupou-se do assunto o Instituto Psicolgico de Paris, nomeando para estud-lo umacomisso que a esse fim celebrou 60 sesses, nas quais tomou parte o medium maisafamado da Europa e cujo resultado Gustavo Le Bon, que um eminente cientista eno um clerical nos Annales de Sciences Psychiques, resume na seguinte concluso:

    O que h de certo no espiritismo ter abalado milhares de mioleiras que j noestavam muito slidas. (Do Trad.)

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    4. A Igreja no condenou, em tempo nenhum, esta crena.Cumpre dizer tambm que ela nunca sancionou com suaautoridade a autenticidade absoluta de nenhuma apario

    citada pelos Santos.5. Sendo as almas do Purgatrio santas, boas e caritativasconosco, quandotm de Deus a permisso de nos aparecerno evidentemente seno para testemunhar seu amor ouinvocar o nosso: longe, pois, de nos causar terror, umaapario deveria alegrar-nos.

    Assim devemos ter como alucinao fantasmagrica, contode pura inveno, toda apario que s tenha por fimapavorar os vivos. uma indignidade prestar este papel aalmas santas.

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    ORAES PARA CADA DIA DO MS

    Em nome do Padre, e do Filho e do Esprito Santo. Amem.

    Senhor, preparai e fortalecei nossos coraes com aabundncia de vossa graa, a fim de que, penetrando, emesprito de f, caridade e compaixo, nas tristes prises doPurgatrio, possamos levar aos fieis que nele sofrem ostesouros de sufrgios que do alvio a seus padecimentos,glria vossa divina Majestade, consolao e paz a nossasalmas.

    V. Vinde, Senhor, em meu auxilio.R. Deus, acudi em meu socorro.

    V. Dai s almas o repouso, Senhor.

    R. E da luz eterna o esplendor.

    V. Descansem em paz.

    R-. Amem.ORAO

    santa e augustssima Trindade! Jesus! Maria! Anjosbenditos; Santos e Santas do Paraso, alcanai-me as se-guintes graas que peo pelo Sangue de Jesus Cristo: Fazersempre a vontade de Deus;

    Viver estreitamente unido com Deus;Pensar incessantemente em Deus;

    Amar sobre todas as coisas a Deus;

    Fazer tudo por Deus;

    Procurar s a gloria de Deus;

    Fazer-me santo por amor de Deus;

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    Reconhecer minha misria e o meu nada; Conhecer cadavez mais a vontade de meu Deus.

    Santa Maria, oferecei ao Eterno Padre o Sangue precioso deJesus Cristo pela salvao de minha alma, pelas santasalmas do Purgatrio, pelas necessidades da Santa Igreja,pela converso dos pecadores, pelo mundo inteiro.

    L-se a Meditao prpria do dia, cuja srie se encontra adiante, e reza-se, depois esta

    Salve Rainha

    PELOS MORTOSSalve, Rainha, Me de misericrdia, vida, doura, esperananossa, no s neste vala de lgrimas, porm ainda no lugarde nossa expiao, salve! A vs clamamos, Consoladora dosaflitos; a vs suspiramos, gemendo e chorando por nossosirmos que sofrem no Purgatrio. Esses vossos olhosmisericordiosos volvei a eles, Advogada nossa; e mostrai-

    lhes Jesus, bendito fruto do vosso ventre. Isto vos rogamosencarecidamente por eles, clemente, piedosa, doceVirgem Maria! Intercedei pelos mortos, Santa Me de Deus,para que entrem j no gozo das promessas de Cristo.Amem.

    ORAO

    Jesus, abandonado de todos e at de vossos apstolos noJardim de Getsmani, dignai-vos lanar os olhos demisericrdia sobre as almas do Purgatrio, em particularsobre as que no recebem oraes nem consolaes e que,pelo decurso do tempo ou efeito de irreligiosidade enegligencia, esto esquecidas; fazei que participem dasoraes, santos sacrifcios, boas obras, cujo mrito nopuder ser aplicado queles por quem a Igreja os oferta. Ah!Senhor, no terei eu abandonado, em um criminoso olvido,

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    almas que tenham jus a meu reconhecimento, de parentes,de amigos, de benfeitores? Quero daqui em diante repararto grande ingratido... Se conhecesse algum meio eficaz,

    por mais penoso que me fosse, empreg-lo-ia para aliviaressas pobres almas sem proteo no meio de um oceano desofrimentos. Entretanto, eu me proponho fazer todos ossacrifcios que puder, e todo bem que fizer ofereo-vos vossa glria pelas almas do Purgatrio. em considerao desua f e esperana em vs, em considerao,principalmente, da agonia mortal e cruel abandono que

    sofrestes: dignai-vos, Jesus, remitir-lhes as penas queainda tm de sofrer, a fim de que possam ter livre entradano reino eterno a que aspiram e onde celebraro agrandeza inefvel de um Deus que no desampara ningum.

    Ladainha pelos fieis defuntos

    Extrada do Manual dos Ordenandos

    Senhor, tende piedade de ns.Jesus Cristo, tende piedade de ns.

    Senhor, tende piedade de ns.

    Jesus Cristo, ouvi-nos.

    Jesus Cristo, atendei-nos.

    Deus Padre, dos Cus, tende misericrdia dos fiis defuntos.

    Deus Filho, Redentor do mundo, tente misericrdia dos fiisdefuntos.

    Deus Esprito Santo, tende misericrdia dos fiis defuntos.

    Santssima Trindade, que sois um s Deus, tendemisericrdia dos fieis defuntos.

    Santa Maria, rogai pelos fieis defuntos.(*)

    Santa Me de Deus, rogai pelos fieis defuntos.

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    Santa Virgem das virgens, rogai pelos fieis defuntos.

    S. Miguel, rogai pelos fieis defuntos.

    Santos Anjos e Arcanjos, rogai pelos fieis defuntos.S. Joo Batista, rogai pelos fieis defuntos.

    S. Jos, rogai pelos fieis defuntos.

    Santos Patriarcas e Profetas, rogai pelos fieis defuntos.

    S. Pedro, rogai pelos fieis defuntos.

    S. Paulo, rogai pelos fieis defuntos.

    S. Joo, rogai pelos fieis defuntos.Santos Apstolos e Evangelistas, rogai pelos fieis defuntos.

    Santo Estevo, rogai pelos fieis defuntos.

    S. Loureno, rogai pelos fieis defuntos.

    Santos Mrtires, rogai pelos fieis defuntos.

    S. Gregrio, rogai pelos fieis defuntos.

    Santo Ambrsio, rogai pelos fieis defuntos.Santos Pontfices e Confessores, rogai pelos fieis defuntos.

    Santa Maria Madalena, rogai pelos fieis defuntos.

    Santa Catarina, rogai pelos fieis defuntos.

    Santas Virgens e Vivas, rogai pelos fieis defuntos.

    Santos todos e Santas de Deus, intercedei pelos fiis

    defuntos.Sede propcio: perdoai-lhes, Senhor.

    Sede propcio: escutai-nos, Senhor.

    De todo o mal, livrai-os, Senhor.

    Da vossa ira, livrai-os, Senhor.

    Do ardor da fogo, livrai-os, Senhor.

    Da regio das sombras da morte, livrai-os, Senhor.

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    17Ms das Almas do Purgatrio

    Por vossa admirvel conceio, livrai-os, Senhor.

    Por vosso nascimento, livrai-os, Senhor.

    Por vosso nome dulcssimo, livrai-os, Senhor.Pela multido de vossas misericrdias, livrai-os, Senhor.

    Por vossa Paixo acerbssima, livrai-os, Senhor.

    Por vossas chagas sacratssimas, livrai-os, Senhor.

    Pela morte ignominiosa com que, morrendo, vencestesnossa morte,

    Pecadores: ns vos rogamos, atendei- nos.Vs que absolvestes a pecadora e escutastes o bom ladro,ns vos rogamos, atendei- nos.

    Vs que salvastes gratuitamente todos os que esto salvos,ns vos rogamos, atendei- nos.

    Que absolvais de todos os seus pecados e penas aos nossosparentes, propnquos e benfeitores, ns vos rogamos,

    atendei- nos.Que vos digneis lembrar-vos e compadecer-vos de todos osfiis defuntos que no so mais lembrados na terra, ns vosrogamos, atendei- nos.

    Que outorgueis a todos os que descansam em Cristo o lugarde refrigrio, da luz e da paz, ns vos rogamos, atendei- nos.

    Que convertais sua tristeza e luto em alegria, ns vosrogamos, atendei- nos.

    Que vos digneis coroar sua aspirao, ns vos rogamos,atendei- nos.

    Que os faais bendizer-vos de tudo e vos oferecer parasempre o sacrifcio do vosso louvor, ns vos rogamos,atendei- nos.

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    18Ms das Almas do Purgatrio

    Que os eleveis ao grmio dos vossos escolhidos, ns vosrogamos, atendei- nos.

    Filho de Deus, ns vos rogamos, atendei- nos.

    Fonte de piedade, ns vos rogamos, atendei- nos.

    Vs que tendes a chave da morte e do inferno, ns vosrogamos, atendei- nos.

    Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, dai orepouso aos fiis defuntos.

    Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, dai o

    repouso aos fiis defuntos.Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, dai aosfiis defuntos o repouso eterno.

    Jesus Cristo, ouvi-nos.

    Jesus Cristo, atendei-nos.

    Senhor, tende piedade de ns.

    Jesus Cristo, tende piedade de ns.Senhor, tende piedade de ns.

    Padre-Nosso

    V. Das portas do inferno,

    R. Salvai as suas almas, Senhor.

    V. Descansem em paz.

    Amem.

    V. Senhor, escutai a minha orao,

    R-. E chegue at vs o meu clamor.

    OREMOS

    Deus, que perdoais aos pecadores e quereis a salvao

    dos homens, de vossa clemncia imploramos que, pela

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    intercesso da bem-aventurada sempre Virgem Maria e detodos os vossos Santos, leveis eterna bem-aventurananossos irmos, parentes e benfeitores que tem partido

    deste mundo. Por Jesus Cristo, nosso Senhor. Amem.Querendo orar especialmente por um defunto:

    Inclinai-vos, Senhor, a ouvir as humildes preces com quesolicitamos vossa misericrdia, para que transporteis regio da paz e da luz a alma de vosso servo .............. queretirastes deste mundo, e a faais participante da felicidadedos Santos. Por Cristo Nosso Senhor. Amem.

    Por uma defunta:

    Ns vos suplicamos, Senhor, por vossa misericrdia, quevos amerceeis da alma de vossa serva e, tendo-a liber-tado da corrupo da vida mortal, lhe deis a posse dasalvao eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Amem.

    Salmo DeProfundis:

    Do profundo abismo, em que me achava, clamei por vs,Senhor: Senhor, ouvi a minha voz.

    Inclinem-se vossos ouvidos atentos ao clamor de minhassplicas.

    Se considerardes nossas iniquidades, Senhor: Senhor, quemse poder sustentar?

    Mas em vs se encontra a propiciao, e Vossa lei me animaa confiar em vs, Senhor.

    Minha alma descansou na palavra do Senhor e nele pstoda a sua esperana.

    Espere assim Israel no Senhor, desde o raiar da aurora at omais escuro da noite.

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    20Ms das Almas do Purgatrio

    Porque o Senhor todo misericrdia, e copiosa a graa desua redeno.

    E ele mesmo h de remir Israel de todas as suasiniquidades.

    V. Dai-lhes o descanso eterno, Senhor,

    R. E da luz perpetua o esplendor.

    V. Da porta do inferno,

    R. Livrai, Senhor, suas almas.

    V. Descansem em paz.

    R. Amem.

    V. Ouvi, Senhor, a minha orao,

    R. E chegue a vs o meu clamor.

    ORAO

    Deus, Criador e Redentor de todos os fiis, concedei salmas de vossos servos e servas a remisso de todos osseus pecados, a fim de que, pelas humildes splicas devossa Igreja, obtenham o pleno perdo que sempreesperaram de vossa infinita misericrdia. Vs que viveis ereinais por todos os sculos dos sculos. Amem.

    W. Dai-lhes o descanso eterno, Senhor,

    R. E da luz perpetua o esplendor.

    V. Descansem em, paz.

    R. Amem.

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    LEMBRANA DAS ALMAS DOPURGATRIO

    DIA 1

    A viglia dos mortos

    Acabo de ler a tocante denominao da festa de amanh:Comemorao dos mortos, lembrana dos finados.

    A Igreja catlica no quer que sejamos ingratos eesquecidos, e por isso criou esta festa das recordaes,festa pia dos coraes amantes.

    Sede bendita, Santa Igreja, que depois de nos terdes

    assistido at nossa hora derradeira e depois de noshaverdes cerrado os olhos, ainda cuidais de ns: trazendo-nos lembrana daqueles que em vida tanto amamos, edando-lhes os meios de nos aliviarem e at obrigando-os apensar em ns!

    Os hereges abandonam os seus, quando a morte lhosarrebata: desde que cessam de v-los, no se interessam

    mais por eles. Para os descrentes e hereges tudo se acaba

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    22Ms das Almas do Purgatrio

    nessa hora: no podem oferecer mais nada a seus mortos e,se, no momento da separao, no ousam julgar admitidono cu o companheiro que perderam, desde logo cessou

    tudo, s lhes restam as lgrimas!Ah! as lgrimas so para os vivos, desafogam o corao,mas, sem as oraes, as lgrimas de nada servem aosmortos.

    Sede, pois, bendita, Santa Igreja catlica! Sede bendita pornos trazerdes, no meio das agitaes de nossa vidamaterial, como um eco de alm-tmulo, esse grito totocante em sua simplicidade:

    Tende compaixo de ns, vs ao menos, amigos deoutrora, porque a mo do Senhor se descarregou sobrens.

    Sede bendita Santa Igreja catlica, por nos dardes os meiosde sermos teis queles que Deus chamou a si.

    Se a crena no Purgatrio no existisse, o corao humano,pela voz de suas mais ntimas necessidades e de seus maisnobres instintos, o inventaria, fosse embora s parasuavizar a morte e para fazer a luz na tristeza e no crepedos funerais. Antigamente, em algumas comunidadesreligiosas, deixava-se desocupado na capela e no refeitrio,durante quarenta

    dias, o lugar de um irmo que falecia: na capela faziam-se-lhe as saudaes do costume, como se ele fra presente;dava-se-lhe o sculo de paz, e se dizia em sua direo orequiescant in pace do ofcio coral.

    No refeitrio serviam-lhe sua rao diria e, todos os dias,acabada a refeio comum, vinha um pobre com-la de joe-lhos, orando pelo finado.

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    Ns desejamos tambm, durante este ms, convidar-vospara o nosso lar, mortos queridos ! queremos ocupar-nosde vs, orar convosco, trabalhar convosco!

    Daremos igualmente aos pobres, pelo repouso de vossaalma, a parte que vos tocaria em nosso labor cotidiano.

    DIA 2

    Lembrana dos mortos

    No esqueais vossos mortos, vs a quem eles tanto

    amaram! Vi estas palavras gravadas, na porta de umcemitrio, aos ps de um crucifixo, e me despertaram umasrie de pensamentos de tristeza, de confuso e de remorso!

    No esqueais vossos mortos, que tanto vos amaram! Estaspalavras se deveriam escrever, no s na porta docemitrio em que repousam seus corpos, aguardando a

    ressurreio, mas ainda em cada um dos mveis que temosao redor de ns e que deles recebemos.

    Neste aposento. No foi ele, esse finado talvez jesquecido, esse pai que queria tanto; no foi ele quem odisps tal qual est proporcionando-nos tantascomodidades?

    No- foi nesse leito que ele exalou o ltimo suspiro, que

    nos disse o derradeiro adeus e que nos deu a sua ultimabeno?

    Nestes moveis. No foi essa me, de quem talvez j nonos lembrvamos, quem os comprou para ns? Evoquemosnossas recordaes: foi para a festa de nosso dia de anos:ela fizera economias, condenara-se a privaes para nosadquirir esses objetos, porque uma vez lhe manifestamos

    vagamente o desejo de possu-los.

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    Nesta cadeira. No a que ela ocupou em seus ltimosdias, donde tanto nos acariciava? Esse lugar junto mesano era o seu?

    Neste oratrio. No era aquela boa irm, menina topiedosa, quem o ornava? Ns vnhamos rezar ali com ela e,chamados por ela, vnhamos todos, pai, me, os irmospequenos... e agora, est abandonado talvez... como alembrana daquela que j no pode mais orar conosco.

    Neste crucifixo que guardamos como uma relquia, Norecebeu ele os sculos derradeiros de um pai, de uma me,de um filho?

    meus mortos mui queridos, com que dita eu acolho estasrecordaes que me comovem, consolando-me? com queprazer eu vos revejo em esprito e peo a Deus vosso alvio,vossa paz, vosso repouso eterno!

    Se o tivsseis querido, Senhor, estes seres to amados,

    viveriam ainda e estariam junto a ns!Eu me resignei vossa santa vontade: aceitai em ateno aesta resignao dolorosa, mas submissa, recebei as oraesque por eles fao hoje e quero fazer todos os dias destems.

    DIA 3

    Lembrana dos mortosA lembrana dos mortos um encanto para o corao.

    Uma animao para o trabalho.

    Um conforto para as horas do cansao.

    Um freio para o mpeto das paixes.

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    Quantas vezes, vendo um rfo crescer e desenvolver-se nainteligncia e no corao, dizem os amigos da famlia: Oh!se os pais o vissem, como se julgariam felizes !

    Quantas vezes, tambm ns temos dito nessas horas emque, aflitos, no encontramos um corao que se nosabrisse e com o qual desafogssemos: ah! se minha meaqui estivesse, eu no sofreria tanto! se meu irmo, seminha irm, se meu amigo vivesse, no estaria agoraabandonado!

    Qual de ns se no surpreendeu j num desses momentosde angstias que atravessam toda a existncia humana, ex-clamando: Meu pai! minha me!

    At em nossas alegrias, em nossos triunfos, acaso noternos repetido s vezes: Se minha me me visse, queprazer teria!

    Recordaes to caras, embora to dolorosas, vs

    rejuvenesceis minha vida!Quantas vezes, um bilhete velho de um amigo de infncia, uma carta, principalmente de pai ou me,demonstrando-nos sua afeio, dando um conselho,fazendo uma advertncia, carta deparada por acaso nofundo de uma gaveta, levou-nos de novo a esses diaspassados em que vivemos todos juntos, trabalhando e so-

    frendo unidos, e ajudando-nos uns aos outros! E essasrecordaes nos despertaram tambm a de que no fomossempre bastante indulgentes, bastante obedientes eamantes: e pusemo-nos a corrigir os erros.

    Oh! no ser estril a lembrana de hoje! Meu pai, minhame, vou reler vossas cartas, escutar vossas advertncias, ea satisfao que no vos dei, quando estveis a meu lado,

    vs a tereis agora.

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    Conta-se de uma me que, na idade em que a filhocomeava a compreender e sentir, o levou em frente aoretrato do pai e lhe disse: Jura que te esforars para ser

    digno dele!O menino jurou, e, por vezes, se detinha ante o retrato queparecia olh-lo, e assim o interpelava: Meu pai, estcontente comigo?

    Eis a minha promessa de hoje: Sim, eu me farei digno devs, meus mortos muito amados! Vs me haveis de verfiel a Deus, fiel a meus deveres, fiel aos vossos exemplos.

    DIA 4

    Relaes com os mortos

    Se a lembrana dos mortos to grata, se tem tanta forapara nos determinar a fazer o bem, que ser o pensamentontimo de nossas relaes de cada instante com eles?

    A doutrina catlica oferece a perspectiva mais consoladorasobre essa estreita e afetuosa comunicao das almas dosescolhidos, que comea alm-tmulo e prossegue na bemaventurana eterna.

    O ensino da Igreja nos permite crer que nossos defuntosno esto ausentes, mas apenas velados e sempre junto ans.

    Ah! o pai, a me, o filho, o amigo a quem eu prezava, no erasomente aquele Corpo que se via e se tocava, mas tambmaquela alma a quem Deus havia concedido toda a afeioque me mostrava e que eu lhe retribua. Aquela alma j nose manifesta mais exteriormente, porm ainda me faz sentirsua presena.

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    Falem a respeito aqueles a quem Deus outorgou a graa decompreender o que essa comunicao das Igrejas militantee

    purgante encerra de consolador e suave! Aquele a quemchoramos, escrevia Fenelon, no se ausentou de ns,fazendo-se invisvel. Ele nos v, ele nos quer, ele secompadece de nossas necessidades. Os sentidos e aimaginao s que perderam seu objeto. Aquele que jno podemos ver, est mais do que antes conosco.Encontr-los-emos sempre no meio de ns, olhando-nos e

    oferecendo-nos os verdadeiros socorros. No- sofrendomais suas enfermidades, melhor do que ns conhece ele asnossas, e pede os remdios que nos do cura. Emboraprivado de v-lo h muitos anos, eu lhe falo, abro-lhe meucorao, tenho a crena de encontr-lo na presena deDeus; e, conquanto j o tenha chorado amargamente, noposso dizer que o perdi. Oh! quanto real esta unio

    ntima!A morte, diz S. Bernardo, no separa dois coraes unidospela piedade.

    As almas dos justos no nos deixam. Se quisermos, elas seconservaro conosco e nos faro experimentar um bemestar indefinvel, mas real. Invoquemo-las frequentementecom as nossas preces, com as nossas aspiraes, e com as

    boas obras que lhes fizeram e tambm a ns faro ganhar oCu. (Gergers)

    Eu posso, portanto, associar-vos a meus trabalhos, a minhasoraes, a minhas alegrias, a minhas tristezas, meusqueridos finados! Que bem me faz este pensamento!

    DIA 5

    Relaes com os mortos

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    Ocupemo-nos ainda hoje das relaes ntimas que h entrenossa alma e as almas dos nossos mortos. Nada maistriste, escreve Ozanam, nada mais desolador do que o vcuo

    aberto pela morte ao redor de ns. Eu conheci essetormento depois da morte de minha me, porm duroupouco. No tardaram a vir outros momentos em que entreia compreender que no estava s, em que alguma coisa desuavidade infinita se passou dentro de mim: era como umaconfiana de que no me haviam abandonado, era comouma vizinhana benfazeja, embora invisvel; era como se

    uma alma estremecida, de passagem, me acariciasse com aponte de suas asas.

    E, assim como outrora eu reconhecia os passos, a voz, arespirao de minha me; assim quando um bafejo aqueciaou reanimava minhas foras, quando uma ideia nobrepreponderava era meu esprito quando um impulsogeneroso abalava minha vontade, logo me vinha o pensa-

    mento de que partia dela.J se passaram dois anos, correu o tempo que dissipa todasas iluses da imaginao perturbada, e experimentosempre a mesma coisa.

    Quando pratico o bem, quando fao qualquer coisa pelospobres, a quem minha me acudia tanto, quando estou empaz com Deus que ela servia bem, afigura-se-me que ela me

    sorri de longe.s vezes, ao rezar, julgo ouvir sua orao acompanhando aminha, como fazamos juntos, noite, aos ps do crucifixo.Finalmente, quando tenho a felicidade de comungar,quando o Salvador vem me visitar, parece-me que ela osegue a meu msero corao, como tantas vezes seguia,levado em Vitico, s casas dos indigentes.

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    Todo o corao amante e piedoso h de experimentar maisou menos o que experimentava Ozanam, mas isto sacontece ao que tiver sido realmente piedoso, ao que amar

    sinceramente a Deus, ao que houver sido bom e dedicadoenquanto viveram aqueles a quem chora!

    S esse poder dizer o que S. Jernimo diz de Santa Paula:Ns a possumos ainda conosco... Aquele que volta aoSenhor continua a fazer parte da famlia.

    DIA 6

    A depositria das recordaesNo grata ao corao dos mortos, no consoladora essareconstituio, pelo pensamento, da famlia, que a mortedispersou.

    Me! esse filho que morreu em teus braos, a esta hora oamigo, o irmo o companheiro de teu anjo da guarda perto

    de ti, a teu lado talvez; ele te diz baixinho: No chores, me,eu sou feliz!

    Filho! tua me, teu pai, mortos na paz do Senhor, so comooutrora, embora de um modo invisvel, teu guia, teu conse-lheiro, teu defensor!

    Amigos, irmos, esposos! aquele que o bom Deus chamou asi, no cessa de vos amar: mais puro com a expiao do pur-

    gatrio, mais amante pela sua unio com Deus, no Cu eleser para convosco tudo o que era na terra, e ainda maisclara e poderosamente!

    Nutri-vos destas ideias, pobres almas aflitas; ossentimentos que elas despertarem suavizaro a amargurade vossa dor. Se tais sentimentos perseverarem, se fizerempermanncia em vossa vida, oh! como os dias vos correro

    tranquilos! Mas, ah! o sentimento de sua natureza

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    passageiro: tanto mais impressionvel quanto maisdelicado, o corao tambm v apagarem-se, pouco apouco, suas impresses substitudas por outras. Os vestidos

    do luto ficam durante algum tempo a avivar nossasrecordaes queridas, mas esses vestidos se deixam, e comeles aliviam-se primeiro e depois desaparecem tambm aslembranas.

    Pobre natureza humana! a Igreja bem o conhece, e, noquerendo que nos tornemos esquecidos, constituiu-se, emnome de Deus, a depositaria das recordaes de nossos

    mortos.Vejamos o que ela fez.

    Consagrou um dia inteiro todos os anos, orao pelosfinados. Nesse dia, reveste-se de todas as suas pompasfnebres e nos conduz todos ao cemitrio a olhar mais umavez o tmulo dos nossos mortos.

    Quis que um dia de cada semana, a segunda-feira fosseespecialmente consagrado a sufragar os falecidos, e, emmuitas Ordens religiosas, junta-se nesse dia ao Ofciocannico o dos mortos.

    Disps que no fim de cada Ofcio, isto , sete vezes por dia,todos os sacerdotes e religiosos tivessem uma lembranaem favor dos mortos e rogassem a Deus para eles o

    descanso e a paz.Instituiu aniversrios, a fim de que as famlias viessemregularmente, todos os anos, ajoelhar-se ao p do altar parapedir de um modo particular por seus defuntos.

    Determinou que todas as manhs, no santo sacrifcio daMissa, houvesse uma recomendao e um mementoespecial pelos mortos.

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    Concedeu indulgncias particulares s oraes pelosdefuntos, e permitiu que se aplique em favor deles grandenmero de indulgncias ganhas por oraes e boas obras.

    Aprova, sustenta e acorooa* a fundao das confrariasconsagradas ao cuidado dos mortos.

    Vs que praticais o culto dos mortos, amai a Igreja que tema misso de conserv-lo em vossos coraes!

    Aquele que no vai mais Igreja, esquece depressa osmortos!

    DIA 7

    Consolao

    Serve a todos a pgina seguinte, embora escritaexpressamente para a consolao de um s.

    Todos aqueles que amavam e a quem a morte arrebatou o

    objeto do seu amor, todos carecem das mesmas palavrasque levantam o esprito e que o tranquilizam.

    No podeis habituar-vos idia de no achar mais emparte alguma, sobre a terra, o ente a quem parecia ligadavossa vida. dolorosa, muito dolorosa a separao que vosferiu, mas lembrai-vos de que nossos laos s se quebramna aparncia... Deus, que os formou na terra, transporta aosCus aqueles a quem prezamos, para nos forar a erguer osolhos at sua manso eterna.

    A vista do cristo fixa o outro mundo, mas o olhar docorao encontra um vcuo desolador. Vs, principalmente,que podeis esperar a salvao de vossa irm, no lastimeissua sorte que a convivncia com os anjos. A vida piedosa, amorte edificante que teve, fazem crer que sua alma est

    *Acorooar significa incitar, animar.

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    gozando de uma felicidade que vs no podeis prometer-lhe nem dar-lhe. Dizei antes, pensando em sua ausncia:Ns nos tornaremos a ver bem cedo, e ento nada mais nos

    h de separar!Penetremos nos intuitos divinos: Deus nos fere quandoquer, e no ponto mais Sensvel. s a f que nos d foraspara estes sacrifcios naturalmente impossveis. Um cristono pode afligir-se como quem no tem a esperana! Falaipouco aos homens e muito a Deus sobre a vossa tristeza. Eiso segredo da resignao.

    No esqueais de que devemos: sempre amar a Deus que bom, at mesmo quando nos envia a tribulao.Estranhareis acaso que ele tenha recompensada aquela quelhe fez to generoso sacrifcio de sua mocidade, de suabeleza, de sua fortuna e de sua vida?

    Lembrai-vos do momento solene em que o sacerdote; semabaixar a voz, disse-lhe: Sai, alma crist, sai deste mundo!Como respondeu ela com um sorriso anglico: Sim, meuDeus, j, se o quiserdes!

    Ela estava, portanto, preparada para esta viagem eterna !

    Ela morreu como morrem os santos. Voou para o lugar defelicidade em que a esperava, para coro-la, o Deus a quemtanto amou. Olhai para o Cu, e esse olhar fortalecer o

    vosso corao dilacerado. Aproximai-vos do sagradoTabernculo. Que coisa melhor poderia fazer um coraoaflito que, a todo momento se apega s criaturas! Sofreijunto de Jesus Cristo: sofrereis amando.

    O amor suaviza tudo e nos consola de sobrevivermosqueles que queramos mais do que a ns mesmos.

    DIA 8

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    Consolao

    Nosso Senhor Jesus Cristo quis para nossa consolao

    experimentar as amarguras que causa ao corao humano aperda daqueles a quem ama.

    Lzaro era apenas seu amigo, diz Monsenhor Segur; Jesusia cientemente ressuscit-lo, e, todavia, quis chorar, quissofrer, para santificar as dolorosas emoes da separao.

    A morte dos que nos so intimamente caros , pode-sedizer, a dor das dores.

    Vedes este esquife? dizia-me um dia um pobre operrioque seguia, soluando, o prstito de seu filho nico: minhavida que se vai!

    Para essas torturas, para tais dores que, com toda averdade, se tem chamado uma dor louca, s h umaconsolao: a que Vs dispensais, meu Deus! Perto de Vs,sob vossa mo paternal, que fere e que cura, o pobrecorao recobra a paz, a prpria felicidade, no a da terra,mas a do Cu: a felicidade da terra cessou para ele.

    Escutemos algumas palavras, eco abenoado de um coraopartido, mas de um corao ditoso dessa ventura celeste.

    Haveis de vos considerar muito infeliz, dizia-se uma meverdadeiramente crist que acabava de perder sua filha.

    Infeliz? respondeu ela brandamente, oh! no! eu sofromuito, mas sei que minha filha est com Deus.

    Meu corao est traspassado, dizia um pai a quemfalavam da morte de seu filho, o nico arrimo de suavelhice. Mas, eu sinto ainda assim uma certa alegria nofundo d'alma: Meu filho est salvo! Sabeis o que ele erapara comigo, sabeis quanto eu o queria e ele a mim. Poisbem, se o bom Deus me propusesse restituir-mo, eu no o

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    aceitaria. Meu filho est salvo, salvo por toda a eternidade!Tudo mais no nada!

    Eis que vosso filho est a seguro e possui a salvaoeterna! escrevia a uma me S. Francisco de Sales. Ei-loescapo e garantido contra toda a perdio!... Foi paraproteger vosso filho que Deus o levou to cedo... Oh! quantoele h de estar contente e agradecido pelo cuidado que deletivestes enquanto se achava a vosso cargo, e principalmentepelas devoes que praticais em seu beneficio! Emcompensao, roga ele a Deus por vs e faz mil votos por

    vossa vida, para que ela seja cada vez mais conforme vontade divina e assim possais ganhar o Cu de que elegoza. Ficai, portanto, em paz e erguei bem o vosso coraoao Cu onde contais com esse bom santinho.

    Ei-las, as palavras de verdadeira consolao: Aquele que euchoro est no Cu, est ao abrigo das misrias... e me es-pera!

    DIA 9

    Felicidade de ser util aos mortos

    Oh, se tudo estivesse acabado para sempre, se eu nopudesse me ocupar mais dele, se no tivesse mais o prazer,no digo s, de torn-lo a ver no Cu, mas de lhe ser aindatil durante o resto de minha vida, como seria isto cruel!

    dizia uma pobre me junto ao corpo inanimado de seu filho.

    Deveria ser muito doloroso, sim; mas consolai-vos, pobresfilhos, vs podereis ainda ser teis queles que a morte vosroubou, podeis ajud-los a mais depressa ganhar o Cu! AIgreja compreendeu essa necessidade de vosso corao edeu alimento a vosso amor.

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    A morte separa: parte os laos materiais que nos prendiamuns aos outros; no dissolve os laos imateriais que ligavamuma alma a outra alma, um corao a outro corao.

    Est longe, no est perdido: o grito da alma crist, eassim, um pai, uma me, um filho podem sempre ocupar-sedaqueles que amavam, quando os possuam consigo, e queainda prezam, mesmo sem os verem.

    Os atos de dedicao, de que foram cheios os vossos dias eque tinham por objeto faz-los felizes, podeis pratic-losainda, e, oferecendo-os a Deus pelo repouso dessas almas,vs continuareis a trabalhar em sua felicidade.

    O trabalho material que fazeis por eles podeis prossegui-loainda em sua inteno, e o fruto lhes ser aplicado pelamisericrdia divina.

    As riquezas que acumulveis para eles, podeis junt-lasainda, e o que em seu nome distribuirdes aos pobres, lhes

    h de ser comunicado por Deus de um modo muito maistil do que vs mesmos o tereis feito.

    Conheci, diz o Visconde Walsh, um luterano que, por amorde nossa crena no Purgatrio, se fez catlico.

    Perdera um irmo querido no meio de um banquete elembrava-se a cada instante, dessa passagem to brusca deuma orgia para o fundo de um fretro.

    Ah! disse-me ele num dia de finados, por causa de meuirmo vou me fazer catlico... Quando me for permitidorezar por meu irmo, ento respirarei, viverei para pedirtodos os dias o Cu para aquele a quem tanto estimei naterra. Vossa Igreja faz que os seres que se prezam possamajudar-se mutuamente ainda depois da morte. Vossasoraes tiram ao sepulcro sua mudez pavorosa, Vsconversais ainda com os que j partiram desta vida;

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    conhecestes a fraqueza humana, essa fraqueza que no crime, mas ainda menos a pureza; e, entre os limites doCu e do inferno, Deus vos revelou um lugar de expiao, o

    Purgatrio.Meu irmo est a, talvez: eu me fao catlico para libert-lodessa priso para me consolar neste inundo, para mealiviar deste peso que me oprime, peso que eu no sentireimais, quando me for dado orar.

    DIA 10

    Esperana

    Um pensamento sombrio vem, talvez, lanar o terror naalma hora em que evoca a lembrana de seus mortos.

    Ah! diz ela, eu me tranquilizaria, ficaria em paz e mejulgaria feliz, se pudesse cont-lo no Cu, se houvessefalecido cercado das preces da Igreja e purificado pelos

    ltimos sacramentos, Mas ah! morreu de repente, morreulonge do bom Deus a quem tinha esquecido em sua vidainteira!

    Pobre corao aflito, eu vos responderei a isto com aspalavras que a Igreja me autoriza a dizer-vos:

    A Igreja no condena definitivamente a ningum. Baixadecretos para declaraes de que uma alma est no Cu e

    assim pode ter culto, mas nunca expede nenhum,publicando que uma alma esteja no inferno.

    So Francisco de Sales no queria que se desesperassenunca da converso dos pecadores at seu ltimo suspiro,e, ainda depois de mortos, no admitia que se julgasse malmesmo dos que tinham levado uma vida irregular, a no serdaqueles cuja condenao consta da Escritura. Alegava

    como razo disso que nem a primeira graa nem a

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    derradeira, que a perseverana, se d por mrito, isto ,ambas so de todo gratuitas. Entendia, portanto, que sedevia presumir sempre bem da pessoa que expirava, ainda

    no sendo sua morte edificante, porque todas as nossasconjecturas s se podem firmar sobre as aparncias, eessas, muitas vezes, iludem ainda os mais experientes.

    Entre o ltimo suspiro do moribundo e a eternidade, hum abismo de misericrdia, disse um bispo ilustre. Passam- se entre Deus e a alma certos mistrios de amorque ns s conheceremos no Cu.

    Que precisa este agonizante para obter o perdo? Uma luzque lhe mostre a justia e a misericrdia divinas; uma luz,ainda rpida como um relmpago; essa luz pode produzirum sentimento de contrio e de amor, este sentimentobasta para lhe fechar o inferno e abrir o Purgatrio.

    Esta luz Jesus, apresentando-se quela alma e dizendo-lhecom um olhar ligeiro como o pensamento: a mim ou aodemnio que tu queres? e a alma dizendo com a mesmarapidez: A vs, a vs, Senhor! e a misericrdia triunfa!Esperai pois, esperai sempre; dirigi vossas precesconstantes por esses mortos que vos fazem estar inquietos:ningum pode calcular at que ponto essas preces podemser atendidas.

    DIA 11Esperana

    Ainda algumas palavras de esperana sobre as almas denossos mortos. Fala o padre Bougaud em sua obra: OCristianismo e os tempos presentes.

    Quem poder narrar as misericrdias de Deus no leito de

    morte de seus filhos? A nessas sombras confusas da hora

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    ultima, em que o olhar do homem nada mais distingue,quem pode saber o que se passa entre Deus e uma alma?Quando o esprito paira nos lbios como um ligeiro sopro,

    j no mais da terra, nem ainda do Cu: no momento: emque Deus se inclina para recolher essa alma, quem poderdizer o que se passa? Uma me repeliria seu filho, aindamesmo sendo um ingrato? no tentar ela por todos osmeios traz-lo de novo a si? No ir sempre ao seuencontro, at o fim? no esgotar todos os recursos parasalv-lo, a despeito de toda a obstinao dele em fugir-lhe?

    Ora, Deus mais do que a me.Vede o que fez Ele para tornar impossvel a perda dasalmas! No lhe bastou haver-nos envolvido nessa graa quenos previne, nos segue e nos banha como uma atmosfera.Foi pouco ter estabelecido sete sacramentos, isto , seterios de luz e de fora que inundam a vida inteira e cada umde seus perodos, como tudo isso no satisfazia ainda seu

    corao de pai, vede e adorai a maravilhosa inveno de seuamor.

    Estais enfermo: j sentis que sobre vs estende a mortesuas negras asas. Acodem-vos memria vossos pecados,vossas fraquezas, aquele ato do qual vos disse aconscincia: Isto, incontestavelmente, um mal. Osacerdote no chega a tempo de recolher vossa confisso,

    oferec-la a Deus e vos perdoar em seu nome: que fazer?Vs tendes um corao: arrancai dele um alento, um grito,uma lgrima, uma palavra de arrependimento, um ato deamor, um s! sereis logo absolvido: ficais purificado eperdoado.

    Aquele homem, prestes a morrer, ainda h poucoblasfemava; o sacerdote veio, ele o repeliu: apresentaram-

    lhe o Crucifixo, ele o afastou com a mo. Foi seu derradeiro

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    movimento; seu ltimo ato. Os socorros da religio nopodero chegar mais at sua alma j profundamentemergulhada nas sombras da morte. Mas resta-lhe o corao,

    e, para ser salvo, perdoado, que ser preciso? Um simplesato de amor, um s desejo, um s pesar, uma s palavra:Meu Deus, eu vos amo!

    Homens cegos, que chorais de desespero em redor desseleito! talvez mesma hora os anjos conduzam essa almacom gritos de alegria.

    Ela salvou-se com esse ato de amor.

    O Purgatrio a recebeu.

    Esse homem que acaba de suicidar-se, cometeu um crimesinistro. A Igreja afasta-se com horror de seus restosmutilados, e faz bem. Mas ensinar ela que o msero estejaperdido sem recurso? No, absolutamente ; pois quem sabeo que fez este alma no momento em que, lacerada, partiu

    desse mundo? Quem sabe o que ela viu ao claro do tiro demorte? que revelao teve ao disparar a arma fatal? Tevemuito pouco tempo! direis vs. Ah! que importa? Umapalavra, um grito, um olhar, um transporte de amor a Deus,basta para que ela saia deste mundo purificada.

    DIA 12

    EsperanaOh! como desconhecemos ns o corao de Deus! quandoo homem est prestes a morrer, o homem que ele criou porsuas mos, sobre quem velou com ternura (durante a vida,a quem seguiu passo a passo, a quem tocou e iluminou paracham-lo a si e que no atendeu a nada disto; quando est morte, Deus se prepara para dar-lhe o derradeiro combate,

    o combate do amor, o combate supremo de uma me que,

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    vendo o filho quase arrebatado, fica louca, terrvel, chega aoparoxismo da indignao e do amor. Desce, por isso, esseDeus de bondade; inclina-se esse pai inquieto, para o leito

    de dor em que vai morrer um de seus filhos.Apela para tudo o que havia j empregado com o fim de ovencer, luzes, graas, ternuras, benefcios: Eu vo-los dei smos cheias, t-los-eis sem medida!

    Se o enfermo rende-se aos primeiros assaltos, v-se otriunfo, e a religio ganha a converso de um pecador. Mas,se o homem resiste e, antes de ter cedido, cai nas sombrasque precedem a morte, nem por isso termina o combate. Aocontrario, redobra de esforo, e a vitria pode ainda ser deDeus, mesmo quando no h mais para os homens nenhummeio de o saber. Quando os olhos do enfermo ficam turba-dos; quando as extremidades ficam frias; quando paraverificar se ainda vive precisa-se pr a mo sobre seucorao: se a mo do homem fosse mais sensvel, sentiria a

    luta que continua, a luta suprema. Trata-se de obter umapalavra, nada mais do que uma simples palavra, um alento,um leve movimento! Deus trabalha para isso com aobstinao do amor: e quem no compreende que Deus,lutador hbil, h de consegui-lo muitas vezes?

    Vs dir-me-eis: Que que sabeis, ao certo, em tudo isso?onde encontrastes a histria dessa luta? Respondo: Achei-a

    em vosso corao. Sois pai? sois me? O que eu digo, no ofareis vs?

    Ento, o corao de Deus no velar o vosso?! tereis vs agloria de fazer por vossos filhos mais do que Deus pelosseus? Impossvel. assim, religio divina, que no h doralguma sem consolao: tu as refrigeras todas naesperana.

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    Minha luz divina, dizia Nosso Senhor a SantaGertrudes, que lhe pedia graas para um pobre pecadorfalecido sem sacramentos,minha divina luz que penetra

    no futuro, manifestando-me que vs fareis por ele estaorao, eu lhe despertei no corao boas disposies que opreparassem a gozar os efeitos da vossa caridade.

    Palavras de consolao! diz o padre Blot: Na previso denossas oraes futuras, Deus se digna conceder ao pecadormoribundo boas disposies que assegurem a salvao desua alma!

    Sim, palavras consoladoras, bem prprias para nutrir aesperana em nossa alma.

    SOFRIMENTO DAS ALMAS DOPURGATRIO

    DIA 13

    1 sofrimento Pena dos sentidos meus caros mortos, se para meu corao toda a penafosse a da separao, seria cruel, por certo; mas opensamento de comunicar convosco pela orao, e aindamais a ideia de vos tornar a ver no Cu, e de vos tornar aver mais santos e mais amantes, aliviaria esta dor; mas, ah!este mesmo pensamento que me d a esperana de vostornar a ver, leva-me a contemplar-vos nas chamas doPurgatrio, sofrendo e consternados.

    No escutarei a imaginao, que poderia levar-me alm darealidade; quero ouvir os santos, e o que me dizem elesacerca do que vs sofreis, bastante para excitar a minhacompaixo, e obrigar-me a socorrer-vos.

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    Reuni, diz Santa Catarina de Gnova, todas as penas que oshomens tm sofrido, sofrem e sofrero, desde o principiodo mundo at o fim dos tempos; juntai todos os tormentos

    que os tiranos e os algozes tm feito sofrer aos mrtires;ser uma plida imagem dos tormentos do Purgatrio; e, ses pobres encarceradas fosse permitida a escolha,prefeririam aqueles suplcios durante mil anos a ficarem noPurgatrio mais um dia; porque, diz S. Toms, o fogo que osenvolve o mesmo que atormenta os condenados noinferno, e esse fogo, oh, terrvel!

    Deus, escolhendo o fogo, soube achar um reparador dignode sua justia!

    No h dor, dizem os que tm estudado a natureza desseelemento, que iguale a que ele causa.

    No objeteis que o corpo no est no Purgatrio: a dor, dizS. Toms, no o golpe que se recebe, mas a sensaodolorosa desse golpe. Quanto mais delicadeza h nessasensao, mais viva a dor, e a alma, ainda sendo ferida, elasozinha experimenta ao mesmo tempo a aflio que lhefariam sofrer todos os membros do corpo atacadosseparadamente.

    Esse fogo do Purgatrio, cuja natureza no conhecemos,dotado por Deus de uma espcie de inteligncia paraesmerilhar nos recessos da alma e consumir todas asmanchas que lhe deixou o pecado, obra

    ao mesmo tempo sobre a imaginao e a memria, sobre ojuzo e a vontade...

    No aprofundemos mais este ponto; porm, fixando aateno, escutemos o grito pungente que, do fundo desseabismo de fogo, vem at ns: Eu sofro, sofro muito no meio

    destas chamas: uma gota d'gua! uma prece, por piedade!

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    DIA 14

    2 sofrimento Pena do dano

    A pena mais terrvel do Purgatrio certamente a pena dodano, isto , a separao forada de Deus ou uma forairresistvel que a cada instante afasta bruscamente de Deusa alma que a todo momento; por instinto de sua natureza,corre a se unir com ele.

    Pode-se fazer uma ideia dela pelo suplcio de uma me que,chamada pelo filho prestes a ser devorado por uma fera,

    fosse retida por uma fora invencvel no momento em quese precipitasse em seu socorro, e isso no uma s vez,porm dez, cem vezes.

    H neste suplcio, dizem os santos, uma angstia maissensvel, de certo modo, que a do inferno. Os mseroscondenados no amam a Deus, seu desejo insacivel e sem-pre renascente ver a Deus aniquilado.

    Mas as santas almas do Purgatrio amam ao Senhor, amam-no tanto quanto o conhecem, e porque o viram,compreenderam o amor que lhes tem, sentem quanto hsido bom para com elas, sabem quanto sero felizes pertodele e em sua unio... e, todavia, esto detidas longe dele!nada podem, nada, para se lhe aproximarem! uma sedesem fim, a qual nada capaz de imitar. uma fome sem

    limites, que no h nada que possa fartar: um pesoenorme que abafa, e do qual no possvel desembaraar-se.

    Santa Teresa experimentou alguma coisa destas angustiasmisteriosas:

    Em vo, diz ela, tentaria eu explicar sua natureza. A alma,

    por vezes, sente um desejo irresistvel de Deus que parece

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    transport-la a um deserto onde ela nada mais v parapoder descansar. Nenhuma consolao, nem do Cu, ondeainda no est, nem da terra a que j no pertence.

    Jesus, exclama a santa, quem poderia fazer uma pinturafiel desse estado? um martrio que a natureza custa asuportar; os ossos se separam e ficam como deslocados, asmos tomam tal rigidez que se no podem juntar, e, at oseguinte dia, sente-se uma dor to violenta, como se todo ocorpo estivesse desconjuntado; um s desejo nos consome:morrer! morrer! ir a Deus! Esse estado, conclui a santa,

    o das almas do Purgatrio.Oh! vs que amastes tanto na terra e que tanto sofrestescom a morte daqueles que amveis, vs a quem a separaoainda tortura, escutai, escutai o grito dessas almas quechamam a Deus e que no dizem : Vs no-lo podeis dar, ohdai-nos nosso Deus! fazei-nos dignos dele!

    DIA 153 sofrimento Impotncia de se acudirem a

    si prprias

    O estado das almas do Purgatrio, diz o Pe. Faber, aimpotncia absoluta.

    No podem nem fazer penitncia, nem merecer, nem

    satisfazer, nem ganhar uma indulgncia, nem receber ossacramentos. Alguns telogos asseguram que elas nopodem nem orar por si. Esto mergulhadas nessa noiteprofunda de que fala S. Joo, durante a qual ningum podemais trabalhar.

    Foram lanadas, nessas trevas exteriores, em que s hlgrimas e gemidos.

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    Parecem-se com esse paraltico estendido beira da fontede Silo, que no pde fazer o menor movimento para terum alvio... e ainda o paraltico podia chamar em seu

    socorro e tinha a esperana de ser ouvido. Mas, vs, pobresalmas do Purgatrio, vossa triste voz no pode chegar atns sem uma permisso especial de Deus... e quando chega,porventura sempre ouvida?

    Elas veem na terra uma infinidade de graas, das quais umas as aliviaria, as libertaria talvez, e no podem se aprovei-tar delas para si. o suplcio contnuo do faminto preso

    pouca distncia de uma mesa lauta, para a qual se dirigesem nunca chegar a alcan-la. Na terra, quantas oraes sedizem, quantas comunhes se fazem, quantas missas secelebram, quantas indulgncias se ganham! Filhos prdigos,expiando sua fuga da casa paterna, dizem elas em pranto:Quantas riquezas na casa de nosso pai! e ns aqui transidasde fome!

    Isto talvez uma punio especial de Deus: esqueceram asalmas do Purgatrio enquanto viviam sobre a terra. Deuspermite que tambm sejam esquecidas.

    Veem suas companheiras de infortnio aliviadas, de temposa tempos, recebendo os frutos de uma comunho, o valordo sangue de Jesus Cristo, e elas... ficam esquecidas...

    Vs que viveis na terra e que to facilmente vos comoveisante o sofrimento e a ideia do abandono, ouvi as almas doPurgatrio pedindo-vos uma migalha desse Po dos Anjosque Deus vos d com tanta abundncia e generosidade, umapequena parte de vossas oraes, de vossas boas obras, devossos sofrimentos!

    DIA 16

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    4 sofrimento O Conhecimento dos seuspecados

    As almas no Purgatrio veem as coisas de Deusdiversamente de ns. Esclarecidas pela divina luz,compreendem elas o respeito, o amor, a obedincia queDeus lhes merecia, e toda a felicidade, ingratido e covardiados pecados que cometeram.

    E essa fealdade e laxido, sempre ante seus olhos, enchem-nas de tanta vergonha, que procuram, embora inutilmente,

    fugir das vistas de suas companheiras de tormento.Essa ingratido, sempre patente, oprime-as de tantosremorsos, que seu corao se confrange a cada instante esente a necessidade de sofrer para expiar tanta falta deamor.

    Podem comparar-se, diz um piedoso bispo, com um homemque, no .meio de um calor insuportvel, envolto,

    comprimido, esmagado por um manto, cujo peso o aniquilae que est como soldado a todos os seus membros.

    E sob esse manto esto encerrados, como em sua moradanatural, vermes que se nutrem da carne desse homem e oatormentam, mordendo-o, sem que possa expeli-los.

    E esse manto est roto, sujo, repugnante, e o infeliz

    obrigado a estar com ele em presena do Ser mais santo emais puro, que o v e, vendo-o assim, h de experimentarum sentimento de repulso. Que estado esse! que dor, quevergonha!

    o estado permanente, o sofrimento contnuo, a vergonhadas almas do Purgatrio recordao de suas faltas e empresena dos anjos e do prprio Deus.

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    A esta vergonha vem se unir o pensamento de que teriampodido facilmente evitar as faltas que as fazem sofrer!

    Ah! dizem elas, se eu tivesse obedecido ao meu Deusnaquela ocasio em que me custava to pouco; se eu nolhe houvesse recusado um sacrifcio que era bem leve! seeu no proferisse aquela palavra que minha conscinciareprovava; se eu no me tivesse descuidado de ganharaquela indulgncia to fcil... no me veria como me vejoneste momento! no sofreria o que sofro!

    Tardio arrependimento! as lgrimas no purificam mais,quando se tem deixado passar o tempo da misericrdia!

    almas queridas, possam ao menos as vossas dores servir-nos de lio!

    DIA 17

    5 sofrimento O olvido em que caem

    Ver-se esquecido na terra, esquecido por aqueles a quem seamou e que nos amaram, uma dor pungente para ocorao mas ver-se esquecido, quando, se est noPurgatrio, quando o corao mais sensvel e nada deexterior o distrai dessa ideia, deve ser um golpe ainda maiscruel.

    Oh! como so justas as queixas que um Religioso ouviu

    desses pobres coraes abandonados! irmos! irmos! amigos! pois que h tanto tempo vosaguardamos, e vs no vindes; vos chamamos, e norespondeis; sofremos tormentos que no tm iguais, e novos compadeceis; gememos, e no nos consolais!

    Ai de ns! todos os que ammos na terra com toda nossaafeio, nos abandonaram; choramos no meio desta noiteescura, e no h quem nos console.

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    Ah! tudo se acabou, acabou-se para sempre! esqueceram-me e j nem mais uma lembrana me prende terra!...

    Em toda a parte est o esquecimento: sobre minha vidainteira que nenhuma palavra lembra mais, sobre meu nomeque j ningum pronuncia, sobre meu tmulo que ningumvisita, sobre minha morte que no h mais quem chore; naterra s tenho o esquecimento em todos e em tudo!

    A despeito dos adeuses to sentidos, a despeito dosprotestos to afetuosos, a despeito dos juramentos toardentes, eis em que d tudo entre os vivos, no totalesquecimento dos mortos.

    Ningum para rezar, ningum sequer para lembrar-sedeles!...

    Ningum?! oh! vs vos enganais, almas queridas! H naterra um corao que nunca esquece, um corao a todahora disposto a vir em socorro dos mortos olvidados: o

    corao da Igreja catlica, corao de uma me!Ela pede para vs, todos os dias, o repouso, o refrigrio, aluz. E ns, seus filhos, como vs: ns, vossos irmos quetanto vos temos esquecido, queremos desde j associar-nosa todas as suas oraes e todas as suas obras...

    DIA 18

    6 sofrimento Incerteza do tempo a sofrer nopurgatrio

    Um homem, diz o padre Felix, gemia, h tempos, numapriso clebre. Certo dia, cansado de sofrer, concebeu aideia de livrar-se. Nessa poca existia uma senhora de altovalimento que podia bastante para quebrar as algemas dopreso e pr termo a seus sofrimentos.

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    Eis aqui, reza a histria, em que termos eloquentes omsero lhe dirigiu sua splica; Senhora, a 25 do correntede 1760, faz cem mil horas que eu peno, e ainda me restam

    duzentas mil a sofrer. No sei que despacho teve estapetio. O corao desta mulher teve a dureza de resistir aesta eloquncia? No sei, mas parece-me impossvel dizermais em to poucas palavras! H cem mil horas que sofro,tenho ainda que sofrer duzentas mil!... H cem mil horas...Portanto, ele as tinha contado?! Sim, como vs podeiscontar, uma a uma, as pancadas de um relgio durante uma

    noite longa e triste em que o sofrimento vos faz perder osono. Ora, se assim com os presos da terra, que dizerdesses encarcerados do mundo invisvel (o Purgatrio)?Quem nos dir o que para esses padecentes de almmundo a passagem de seu prazo de tormento? A duraopara ns no o tempo que passa, o que sentimos passar;e a lentido dessa passagem cresce para os que sofrem, naproporo de sua angstia. isto o que, em relao s

    almas do Purgatrio, d a extenso de longos dias aosminutos, a de anos inteiros aos dias, e aos anos a de sculosque parece nunca se acabarem!

    Um Religioso, aparecendo, depois de morto, a um de seusIrmos, lhe revelou que trs dias passados no Purgatriolhe haviam parecido mais longos do que centenas de anos.Outro, havendo experimentado numa viso o suplcio do

    Purgatrio, desde as matinas somente at a aurora,persuadiu-se de que sofria h mais de um sculo. Umhomem, que fazia desprezo das penas do Purgatrio, viuaparecerem-lhe dois moos que rapidamente o transpor-taram a esse triste lugar; depois de um quarto de hora desofrimento, ele j clamava: Retirai-me, retirai-me, h tantotempo que eu sofro. Assim os encarcerados do Purgatrio,

    muito mais do que os presos da terra, contam essas horas

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    interminveis que tanto custam a passar e que o suplcioparece tornar eternas!

    Se, ao menos, soubessem essas almas a hora do resgate,poderiam dizer: depois de tantos mil e mil minutos, meusuplcio terminar e eu subirei ao Cu! Mas no. Sabemperfeitamente e tal a esperana e o amor de Deus, vivoe ardente em seus coraes, que, dizem os telogos,distinguem o Purgatrio do Inferno sabem com certezaque h de soar a hora do seu livramento; mas quando soaressa hora suspirada?

    Ignoram-no, e at o momento marcado por Deus, parece-lhes ouvir cada vez que perguntam: Quando ser? uma vozterrvel que lhes responde: Ainda no! Ainda h muito queexpiar!

    Este pensamento deve atuar em ns para continuarmossempre em nossas oraes pelos mortos. Eu temo, diz S.Francisco de Sales, temo do bom conceito que meusamigos tm feito de mim; entendendo que eu j estouno Cu, sem querer me deixaro ficar no Purgatrio.

    ALVIO S ALMAS DO PURGATRIO

    Motivos que nos determinam a socorrer s

    almas do Purgatrio

    DIA 19

    Primeiro motivo: O servio que prestamos aDeus e a gloria que lhe proporcionamos

    verdade que ns, frgeis e mseras criaturas, podemos

    prestar servio a Deus, podemos realmente lhe ser teis?

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    Sim, diz Bourdaloue, cuja doutrina sempre segura, sim,podemos. O Purgatrio um estado de violncia para oprprio Deus. Ali, v Deus almas a quem quer com um amor

    sincero, terno e paternal, almas que sofrem e s quaistodavia no pode Ele acudir, almas cheias de mrito, desantidade, de virtude, mas a quem no pode Ele aindaremunerar, almas que so suas escolhidas, suas esposas,e que Ele forado a ferir e castigar... Pois bem! nspodemos, ns, pobres criaturas, fazer cessar esse estado deviolncia, dando justia divina tudo o que ela pede...

    No me dado compreender o que se passa no corao doSenhor, quando com as minhas oraes e boas obras eu tirouma alma do Purgatrio, e essa alma, numa espcie dedelrio de alegria, vai lanar-se no seio de Deus, dizendo-lhe: Meu pai! meu pai! mas imagino o que ex-perimentaria o corao de uma me que, tendoconhecimento de que seu filho foi condenado priso por

    muitos anos, o visse, de repente, trazido por um amigo queo houvesse libertado. Oh que alegria! oh que amplexo! eque reconhecimento pelo salvador desse filho.

    esta alegria, esta felicidade a que eu proporciono a Deus! esse reconhecimento o que obtenho em seu corao.

    E, alm da alegria que ocasiono a Deus, concorro tambmpara sua gloria, essa gloria de que Deus to cioso.

    Ouamos ainda Bourdaloue: Ns admiramos, diz ele, esseshomens apostlicos que, levados pelo esprito de Deus,atravessam os mares e vo aos pases brbaros ganhar aDeus os infiis, mas compreendeis que a devoo das almasdo Purgatrio para seu alivio e livramento uma espcie dezelo que, em relao a seu objeto, no cede ao da conversodos pagos e at o vence de certo modo. que, sendo as

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    almas confirmadas na graa, ho de ser incomparavelmentemais nobres aos olhos de

    Deus que as dos pagos elas esto, mormente na ocasio,num estado muito mais apto para glorificar a Deus que asdos infiis.

    Qual de ns recusar-se- a contribuir assim para afelicidade e glria de Deus?

    DIA 20

    Segundo motivo: O servio que prestamos a nsmesmos

    1. Adquirimos um protetor certo no Cu. A alma quenossas oraes tiverem libertado, contraiu para conosco, spelo fato de seu resgate, uma estrita obrigao dereconhecimento; primeiro, diz o padre Faber, pela glria daqual lhe antecipamos a hora; depois, em razo dos horrveis

    sofrimentos aos quais a arrancamos; assim, para ela umdever obter-nos incessantes graas e bnos. No Cutambm se ama e se reconhecido!

    E no somente essa alma que fica reconhecida, seu anjoda guarda tambm, a Santssima Virgem a quem essa almaera consagrada, o prprio Jesus que a nossas oraes deveo glorific-la mais cedo. E o anjo da guarda, e Maria e

    Jesus, tambm eles nos testemunham sua alegria combenefcios novos.

    2. Constitumos no Cu um representante nosso que,em nosso nome, adora, louva e glorifica o Senhor. Aqueleque serve a Deus na terra, nunca est satisfeito; no sabe,no pode amar como deseja e sente a necessidade de faz-lo; mas, se libertou uma alma do Purgatrio, oh que alegria,

    que consolao a de poder dizer: Uma alma santa que ama

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    perfeitamente a Deus, foi am-lo por mim; e, enquanto euestou na terra ocupado, nas funes e trabalhos da vida,talvez at esquecendo-me de Deus, l no Cu ela, talvez

    muitas, sem interromperem um s momento seu cntico deamor indizvel, adoram, glorificam a majestade e a belezado Altssimo, e fazem-no em meu nome!

    3. Constitumos protetores nossos as almas por quemoramos. O ensino comum dos telogos que, no podendoas almas do Purgatrio orar eficazmente por si, podem,todavia, alcanar graas para ns, So santas, diz Suarez,

    caras a Deus; a caridade leva-as a nos amar... Por que nointercedero conosco, mesmo quando expiam por si? oque se d conosco sobre a terra, pois que, emboradevedores em relao a Deus, no hesitamos nunca emrogar pelo prximo.

    Pode-se, portanto, invoc-las nas necessidades, nos perigos,nas inquietaes. Os fiis o praticam habitualmente e h

    poucas almas piedosas que no possam dizer: Quandotenho pedido alguma graa pelas almas do Purgatrio, raro que no a tenha alcanado.

    DIA 21

    Terceiro motivo: As principais virtudes queassim praticamos

    Socorrendo as almas do Purgatrio, praticamos acaridade em toda a sua extenso. A devoo s almas doPurgatrio, diz S. Francisco de Sales, encerra todas as obrasde misericrdia, cuja prtica, elevada ao sobrenatural peloesprito de f, nos h de merecer o Cu.

    Descer ao meio desses fogos devoradores, levar s almasprostradas em seu leito de chamas a esmola de nossasoraes, no , de algum modo, visitar os enfermos?

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    No dar de beber aos que tm sede, chover o doce orvalhode graa celeste sobre as almas que ardem na sede de ver aDeus face a face?

    Adiantar para elas o momento em que ho de entrar naposse da bem aventurana, do Cu, de Deus, do qual estomais famintas do que o mendigo o est do pedao de poque lhe estendemos: , em verdade, alimentar os que nospedem de comer.

    Ns remimos cativos, pagando o resgate das santas almasprisioneiras da justia divina, despedaando as cadeias queas retm longe do Cu, e que cadeias!

    Vestimos com magnificncia os que esto nus, abrindo, coma nossa penitncia, aos mortos a manso de glria em que oSenhor lhes tem preparado uma tnica de luz de eternosesplendores.

    Que admirvel hospitalidade exercemos, introduzindo-as

    na Jerusalm celeste, na cidade triunfante dos espritos bemaventurados!

    Poderamos acaso comparar o mrito do sepultar corposdados em pasto aos vermes, com a inaprecivel felicidadede fazer subir ao Cu almas imortais? Sufragando as almasdo Purgatrio, exercitamos a gratido. Certamente no soestranhos aos que imploram socorro, so os nossos: pai,

    me, amigos...Esses coraes dedicados que outrora tanto trabalharam esofreram, que, por nossa causa talvez por nos amaremcom excesso, cometeram essas faltas, em cuja expiaosofrem agora; esses coraes que muitas vezes ferimoscom a nossa indiferena, com as nossas queixas, comrecriminaes mesmo: hoje que no palpitam mais na terra,

    no verdade que sentimos remorsos de no lhes haver

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    55Ms das Almas do Purgatrio

    testemunhado bastante a nossa afeio? Pois bem, nspodemos reparar tudo, orando por eles! Muitas vezes osdeixamos ss: vamos pensar neles; muitas vezes lhes

    desobedecemos: escutemos suas splicas e faamos poreles tudo o que nos pedem; faltamos-lhes complacnciae afabilidade, preferimos nosso prazer sua felicidade:privemo-nos de alguns momentos de distrao paraconsagr-los a orar por eles.

    meus queridos mortos, sereis contentes daquele quetanto se arrepende de vos haver penalizado na terra: eu vo-

    lo prometo.

    DIA 22

    Quarto motivo: O julgamento que nos esperaaps a morte

    Ouvi estas palavras do Evangelho:

    O que fizerdes ao mnimo dos meus, a mim que o fazeis. Sereis medidos com a mesma medida de que houverdesusado com outros.

    Vir um dia, e talvez esse dia no esteja longe, em queestareis vs mesmos no lugar da terrvel expiao.Conhecereis ento, por uma experincia pessoal e dolorosa,o que o Purgatrio; e, como as pobres almas que l sofrem

    a esta hora, clamareis com um acento aflitivo: tendepiedade de mim, tende piedade!

    E, por uma justa permisso divina, estes gritosdespedaadores penetraro na alma daqueles a quem vosdirigirdes na medida em que agora as splicas das almascalam em vosso corao: esquecestes? sereis esquecido!;repelistes como importunos seus pedidos de oraes?

    vossas instncias tambm sero repelidas; no quisestes

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    56Ms das Almas do Purgatrio

    sofrer uma privao para dar uma esmola em favor dosmortos? no se far esmola em vosso beneficio. E assimficareis s, sem amigos, obrigado a permanecer no fogo

    purificador at expiardes vs mesmo ainda a mais pequenamancha.

    E, mesmo quando, mais caridosos que vs, vossos parentesintercedessem por vosso livramento, Deus, rbitrosupremo da aplicao de seus sufrgios, qui no vosdeixar sentir em toda sua medida os efeitos de umacaridade da qual vos tornastes to pouco digno.

    Oh! no nos coloquemos em condies de ser assimabandonados!

    Mas, se houverdes sido bom, dedicado, generoso com essaspobres almas, Deus Ele o disse Deus mesmo quevos retribuir, e no cntuplo, o que tiverdes feito em seunome pelos seus, e, at dado que vossos parentes e amigosvos abandonem, Deus suscitar boas almas que ho de orare expiar por vs; ou, talvez, por uma abundncia de graatoda especial, aumentando aqui mesmo na terra vossoamor por Ele, vos far expiar em vida todos os vossospecados.

    Deus muito justo para deixar uma s ao boa semrecompensa, e, recompensando como Deus, d sempre maisdo que se lhe deu.

    Terminemos com estas palavras de Santo Ambrsio: Tudoo que damos por caridade s almas do Purgatrio converte-se em graas para ns, e, aps a morte, encontramos o seuvalor centuplicado.

    O Purgatrio como um banco espiritual em que podemosdepositar cotidianamente nossas boas obras, por menores

    que sejam; e a esto em seguro e se multiplicam; e, quando

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    nos vemos aflitos e inquietos, da vem, como viria o rendi-mento de um dinheiro depositado, a luz, a fora e aprudncia que nos so preciosas em nossas dificuldades.

    Sejamos, pois, generosos, muito generosos.

    Meios que nos fornece a Igreja para aliviar as almas doPurgatrio

    DIA 23

    Meios gerais

    Graas, meu Deus, mil graas de terdes em vossa infinitamisericrdia permitido a meu corao fazer bem a meuspobres finados e de haverdes multiplicado em redor demim os meios de faz-lo.

    Esses meios, diz um piedoso autor, so to numerososcomo as pulsaes de meu corao, como meuspensamentos, como minhas palavras, meus suspiros,

    minhas aes, porque no h uma s destas coisas que nolhes possa aproveitar.

    Um movimento do corao em sua inteno, um olharpara o Cu em sua lembrana, um suspiro de piedadepor eles, um pensamento de compaixo sobre os malesque sofrem, os nomes de Jesus e de Maria pronunciadoscom devoo em seu favor,a menor obra boa em

    recordao deles, diminuem certamente suas penas,contanto que a caridade tenha parte nisso e que esteja emestado de graa aquele que pensa neles e por eles trabalha.

    Realmente custa-nos muito pouco sufragar os defuntos.Somos obrigados a fazer certas oraes, quer em particular,quer em pblico, a assistir santa Missa, ao menos nosdomingos e festas de preceitos, a aproximar-nos dos

    sacramentos em certas pocas, a fazer alguns jejuns e

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    esmolas, a perdoar aos nossos inimigos. Tudo isto, se,estando na graa de Deus, o oferecemos pelas almas do Pur-gatrio, aceito por Deus e serve para alvio delas.

    E os males de todos os dias? os dissabores que perturbamquase continuamente nossa vida, a fadiga do trabalhoobrigatrio, as enfermidades enviadas discretamentepor Deus, as humilhaes imerecidas, a intemprieinevitvel das estaes, a tarefa de suportar os humores ecaprichos dos que nos rodeiam, tudo isso ainda pode servirpara expiar nossos pecados e os pecados das pobres almas

    do Purgatrio.Aceitemos, pois, tudo o que o bom Deus permite, semmurmurar jamais contra ele: todas as manhs, ofereamosa Deus, em favor dos nossos finados, todo o bem quepudermos fazer... oh! de que sofrimentos sero aliviados noPurgatrio!

    Quo rico o homem, diz Bossuet, pois que com to poucopode ganhar o Cu e faz-lo ganhar aos outros!

    DIA 24

    Primeiro meio: A Orao

    A orao, feita diretamente pelas almas do Purgatrio, asplica de um filho a Deus para que se mostre bom e

    misericordioso.A uma orao feita assim, no fundo da alma, ser Deusinsensvel?

    De mais, a orao, quando parte de um corao puro e feita com instncia, tem por si s, diz S. Tiago, uma foraimensa. Eleva-se at o corao de Deus, penetra nessecorao, comove-o, e lhe arranca, de alguma sorte, a

    despeito de sua justia, o perdo e a misericrdia.

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    Portanto, eu rogarei muito a Deus por meus mortos, farei aDeus esta violncia que lhe to grata.

    Entre minhas oraes, empregarei, de preferncia, as queso indulgenciadas: o Tero, a Via Sacra, invocaes espe-ciais... etc.

    Uma indulgncia a remisso total ou parcial das penastemporais devidas aos pecados j perdoados quanto ofensa e pena eterna: essa remisso outorgada pelaIgreja, que recebeu de seu divino Fundador o poder de faz-lo pela aplicao dos mritos superabundantes do mesmoJesus Cristo e dos Santos.

    Aos que vivem neste mundo, como ainda esto sob ajurisdio do Papa, este quem aplica as indulgncias amodo de absolvio por fora destas palavras de JesusCristo: Tudo o que remitirdes na terra ser remitido noCu. Quanto aos mortos, no estando mais sob essa juris-dio, as indulgncias s lhes so aplicadas por modo desufrgio, isto , o Papa toma do tesouro da Igreja, formadopelos mritos de Jesus Cristo e dos Santos, o que suaprudncia julga conveniente e o faz oferecer pelos fieis, emfavor dos defuntos, a Deus que o aceita em satisfao poreles. Assim, os vivos substituem os mortos em virtude dacomunho, dos santos. o que faz Sto. Toms dizer que aindulgncia no uma pura remisso, mas uma espcie de

    resgate.Doutrina consoladora! Ela me d ocasio de ser bom paracom os meus defuntos: incute-me a convico de que possoacumular para eles, proporciona-me o prazer de fazer poreles alguns sacrifcios, e expiar assim a falta de afeio e dereconhecimento de minha parte que, durante sua vida, lhesfoi sem dvida to sensvel!

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    Uma indulgncia uma chave que a Igreja me confia parapenetrar em seu tesouro, onde esto os mritos de JesusCristo e dos Santos, com permisso de retirar a soma que

    ela mesma indicou; esta soma de mritos, eu a entrego aDeus para solver as dvidas das almas do Purgatrio, e Deusa aceita, aplicando-a na medida que julga de convenincia.

    Oh! quanto sois verdadeiramente me, vs que nosentregais assim os vossos tesouros: eu quero, pois, euvou me aproveitar deles !

    DIA 25Segundo meio: A santa missa

    o meio mais eficaz e mais pronto para, aliviar e libertar asalmas de nossos mortos.

    A cada Missa celebrada com devoo, diz S. Jernimo, saemmuitas almas do Purgatrio. E no sofrem tormento al-

    gum durante a Missa aplicada por elas, acrescenta o mesmoDoutor.

    Na Missa, o prprio Jesus que se oferece ao Eterno Padreem troca, por assim dizer, da alma de quem se lhe pede olivramento. Um santo sacerdote, diz o Cura d'Ars, oravapor certo amigo que ele sabia estar no Purgatrio: veio-lhea ideia de que no podia fazer nada de melhor do que

    oferecer por sua alma o santo sacrifcio da Missa. Chegado omomento da consagrao, tomou a hstia entre as mos edisse: Pai santo e eterno, faamos uma troca. Vs tendes aalma de meu amigo que est no Purgatrio, e eu tenho emminhas mos o corpo de vosso Filho: pois bem! livrai meuamigo e eu vos ofereo vosso Filho com todos os mritos desua Paixo e Morte. No momento da elevao, viu ele aalma do amigo que, toda radiante de glria, subia ao Cu.

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    Na santa Missa, o sangue de Jesus com que se querlibertar, e este sangue tem valor infinito.

    A indignidade daquele que manda dizer a Missa ou mesmode quem a diz, no tira o valor da oferenda. Qualquer outraorao ou obra boa, feita em estado de pecado mortal, uma obra morta, mas o sacrifcio da Missa tem sempreintrinsecamente o mesmo valor. Seu mrito, dizBourdaloue, no depende da santidade de quem o oferecer,e muito menos de quem o faz oferecer, mas ligado s pessoa de Jesus Cristo e ao preo de seu sangue; donde

    segue-se que um pecador, ainda em seu estadodesordenado, pode contribuir para o repouso das almas doPurgatrio... Pode e deve-o, tanto mais quanto estesacrifcio o nico meio que ele tem de suprir a impotnciaem que est de socorrer de outro modo essas almaspredestinadas. Deus olha a Hstia que se apresenta, que Jesus Cristo, e no aqueles pelo ministrio ou cuidado de

    quem ela lhe oferecida.Farei, portanto, oferecer a santa Missa por meus finados. Seno puder, ouvirei a Missa por eles: ouvir a Missa, unir-seao sacerdote que a celebra, oferecer tambm a santavtima. Lembrai-vos, Senhor diz o sacerdote aoofertrio de vossos servos aqui presentes por quem vosoferecemos este sacrifcio ou que vo-lo oferecem eles

    mesmos.Comungarei por eles: a santa comunho , depois do santosacrifcio, o ato mais sublime da religio, o que d maisgloria a Deus; o que, pelos sentimentos de humildade,contrio e amor que desperta na alma, constitui uma dasobras satisfatrias mais teis.

    DIA 26

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    Terceiro meio: O jejum, as mortificaes, aesmola

    Os atos de mortificao, em geral, nos fazem maiscomedidos, mais piedosos e, consequentemente, maisagradveis a Deus; as oraes que conjuntamente fazemosso acolhidas mais favoravelmente: Deus no repele ocorao contrito e humilhado; mas, alm do valor que essesatos do a nossas oraes, eles so por si mesmos umareparao em favor das almas do Purgatrio.

    Estas almas sofrem porque foram negligentes, sensuais,tbias, pouco submissas... e ns, esforando-nos por sermosmais ativos nos trabalhos, mais firmes na resistncia stentaes, mais mortificados nos sentidos, mais generosospara dar, reparamos o que elas fizeram mal, suprimos oque omitiram, compensamos o que fizeram de modoimperfeito, e, assim, pagamos realmente a Deus as dvidas,que contraram.

    Sofrem essas almas, porque buscaram com sofreguido osprazeres do mundo, permitidos, sim, mas em certos limitese moderadamente; abandonaram-se a uma curiosidadeque feriu a delicadeza de sua virtude, tiveram algumasensualidade em suas refeies... Oh! pois que Deus nosaceita como reparadores e redentores em favor delas,privemo-nos de assistir quela festa mundana que nosimpediria de orar com recolhimento; no vamos aonde nosconvida a simples curiosidade, embora no parearepreensvel; evitemos o que pode lisonjear nossaspaixes, sejamos, sobretudo, severos observadores dosjejuns e da abstinncia imposta pela Igreja.

    Meus pobres mortos, sei que padeceis, e hei-de entregar-meao prazer? privando-me apenas do que seria um perigopara minha alma, posso aliviar-vos, e no o farei ? meu

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    Deus, aqui estou! feri a mim, porm poupai a eles! acudi-lhes!

    Faamos tambm a esmola em inteno de nossos finados.Quando um pobre bate nossa porta, ns lhe dizemos,entregando o que nos possvel dar; Pedi por meus pobresmortos! Oh! se nos fosse dado ver o que nossa esmola fazda orao desse mendigo! Faz dela, afirma S. JooCrisstomo, a amiga de Deus, orao sempre escutada;nossa esmola em suas mos torna-se alguma coisa deonipotente: move o corao de Deus, alcana dele tudoquanto quer. Passa-se uma espcie de contrato entreDeus e o homem: ns damos capitais, bens; privamo-nospara dar; Deus, em compensao, em troca, d o alivio, e oresgate quelas almas.

    Se soubermos que nossos mortos deixaram dvidas,quitemo-las pronta e generosamente.

    Se soubermos que eles cometeram alguma injustia, vamosrepar-la, e, dando a esmola, tenhamos a inteno decompensar os danos que possam ter causado e queignoramos.

    Se nos fizeram algumas recomendaes, no tardemos decumpri-las.

    Se nos pediram Missas, providenciemos para que secelebrem o mais prontamente possvel.

    A vontade e at os desejos dos moribundos devem sersagrados.

    DIA 27

    Quarto meio: O ato heroico

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    Um derradeiro meio que encerra em si todos os outros oato heroico, que consiste em aplicar s almas do Purgatriotudo de que podemos dispor em nossas oraes e obras

    pessoais, e ainda em ceder-lhes a aplicao que nos tocardas oraes e obras de outros.

    O ato heroico o mais prprio das almas que s se julgamfelizes quando, depois de haverem dado tudo, do-se a simesmas; por isso a instituio desse ato foi bem aceita e ele praticado com fervor.

    Demais, esse ato no empobrece a ningum; antes,centuplica o mrito de todas as nossas boas obras. Omrito de uma obra procede, com efeito, da caridade, equanto maior caridade houver em uma ao, mais meritria