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Déborah Pereira Linhares MERCÚRIO NOS SEDIMENTOS DO RIO MADEIRA Trecho: Cachoeira de Teotônio à cidade de Porto Velho - RO. Porto Velho, Rondônia - Brasil 2005

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Page 1: MERCÚRIO NOS SEDIMENTOS DO RIO MADEIRA...ii UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA NÚCLEO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA LABORATÓRIO DE BIOGEOQUÍMICA AMBIENTAL MERCÚRIO

i

Déborah Pereira Linhares

MERCÚRIO NOS SEDIMENTOS DO RIO

MADEIRA Trecho: Cachoeira de Teotônio à cidade de Porto Velho - RO.

Porto Velho, Rondônia - Brasil

2005

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

NÚCLEO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

LABORATÓRIO DE BIOGEOQUÍMICA AMBIENTAL

MERCÚRIO NOS SEDIMENTOS DO RIO

MADEIRA Trecho: Cachoeira de Teotônio à cidade de Porto Velho - RO.

Déborah Pereira Linhares

Trabalho de Conclusão de Curso – TCC (Monografia),

apresentado ao Departamento de Geografia da Universidade

Federal de Rondônia para obtenção do título de bacharel em

Geografia, desenvolvido sob a orientação do Professor Dr. Ene

Glória da Silveira e Co-orientação do Professor Dr. Wanderley

Rodrigues Bastos.

Porto Velho, Rondônia - Brasil

2005

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DISTRIBUIÇÃO DO MERCÚRIO NOS SEDIMENTOS DO RIO MADEIRA

Trecho: Cachoeira de Teotônio à cidade de Porto Velho - RO.

DÉBORAH PEREIRA LINHARES

MONOGRAFIA SUMETIDA À UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA, PARA

OBTENÇÃO DO TÍTULO DE BACHAREL EM GEOGRAFIA.

COMISSÃO EXAMINADORA:

____________________________________________________________

DR. ENE GLÓRIA DA SILVEIRA

(Presidente da Banca)

____________________________________________________________

Dr. WANDERLEY RODRIGUES BASTOS

(Co-orientador)

____________________________________________________________

Dr. VANDERLEI MANIESI

(Membro da Banca)

____________________________________________________________

Ms. ElIOMAR PEREIRA DA SILVA FILHO

(Membro da Banca)

Porto Velho, Rondônia - Brasil

Agosto de 2005.

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Linhares, Déborah Pereira

MERCÚRIO NOS SEDIMENTOS DO RIO MADEIRA. Trecho: Cachoeira de Teotônio à cidade de Porto Velho – RO. Trabalho de Conclusão de Curso (Monografia) Porto Velho:UNIR, 2005. Orientador: Ene Glória da Silveira.

Wanderley Rodrigues Bastos

1. Rio Madeira 2. Sedimentos 3. Mercúrio

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O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; mas

os insensatos desprezam a sabedoria e a instrução (Provérbios,

Cap. 1, V. 7)

Ouça também, o sábio e cresça em ciência, e o

entendido adquira habilidade... (Provérbios, Cap. 1, V.5)

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vi

Aos meus pais, Sara e Antônio Linhares, por Vosso

amor e carinho!

Aos meus irmãos Isac, Ismael e Miriam, aos quais

dedico de maneira muito especia! Pelo nosso Amor!!!

Ao Joiada, pelos momentos de intensa alegria que já

vivemos juntos e por todo o aprendizado.

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AGRADECIMENTOS

DEUS!!!!!!!!!!!!!!! Obrigada!!!!!!!

Pois a partir de Sua presença em minha vida chego ao final deste trabalho, onde

no caminho tive pessoas especiais que contribuíram com a realização deste estudo. O

meu agradecimento pelo apoio, financiamento, companheirismo e orientação.

Aos meus pais, Sara e Antônio, pela minha formação pessoal e profissional.

Aos meus irmãos, Isac, Ismael e Miriam, e sobrinhos (Rebeca, Rísia, Antônio, Isac,

Glória, Tayná e Gabriel) de quem estou sempre longe...mais os amo muito... à minha

princesinha Letícia, por sua alegria constante.... A todos muito obrigada pela

compreensão...amor e pelas orações...AMOS-OS MUITO!

A você Joiada, meu amigo e namorado, por sua contribuição à realização deste

estudo, pelo incentivo, por seu amor e amizade... meu sincero agradecimento! Também

TE AMO!!!

À minha vovó Julia, tios e primos... aos que torcem por mim.

Equipe do Laboratório de Geografia e Planejamento Ambiental: professores

Dorisvalder e Antônio Cláudio; aos amigos Patrícia, Ricardo, Tatiane, Aldina, Luiz

Cleyton, Madalena, Josélia Ana Cristina e Emmanoel...pelos quatro anos de convivência

e aprendizado.

Ao professor Sérgio Rivero, pelo incentivo.

A equipe do Laboratório de Biogeoquímica Ambiental, João Paulo, Éderson,

Brysa Soares, Ailton, Ronaldo Cavalcante, Ândrio, Daniele Brasil, Ronaldo Almeida,

Grazy e Giselle...pelo apoio nas coletas e análises...pelas sugestões e porque com vocês

pude realizar este estudo...à você Elizabete, pela amizade e companhia durante o PIBIC.

Aos meus orientadores, professores Wanderley Rodrigues Bastos e Ene Glória

da Silveira, pelos momentos de reflexão e orientação, pelo apoio, oportunidade e

principalmente pela amizade.

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Aos amigos queridos Lucila, Dulciléia, Joelma, Simone, Quézia Rosa,

Cristiane Gondim, Cristiana Martins, Danielle, Dânio, Fabíula, Assis, Juliana, Adilson,

Alana e todos àqueles que torceram por mim...obrigada!!

À Alcatel e Brasil Telecom, nas pessoas do Sr. Freitas e Osvaldo, pela

cooperação durante minhas atividades de pesquisa quando precisei ausentar-me da

empresa. Ainda aos colegas Levi, Gorete, Falcão, Marcos, Anderson, André, Wagner,

Aloísio e Gabrieli.

À minha turma de graduação (2000), em especial à Madalena, Ivianny,

Glorieth, Patrícia, Maria Helena, José Silva, Almir, Leonilda, Lúcio, Audicléia, Marlene

e Osmair.

Aos professores do Departamento de Geografia da Universidade Federal de

Rondônia.

À Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia – CAERD, de onde foram

realizadas as coletas na cachoeira de Santo Antônio.

Ao Conselho Nacional de Pesquisa – CNPq, Banco da Amazônia – BASA,

Fundação Rio Madeira – RIOMAR e Universidade Federal de Rondônia, pelo apoio

financeiro e, esta última, ainda, pelo apoio Institucional.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AGPV Água Porto Velho

AGST Água Santo Antônio

AGTE Água Teotônio

AM Amazonas

CAERD Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia

CH3-Hg Metil-Mercúrio

CIT Convergência Intertropical

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

FIMS Flow Injection Mercury System

GPS Global Position System

Hg Mercúrio

H2SO4 Ácido Sulfúrico

HCL Ácido Clorídrico

HNO3 Ácido Nítrico

KMnO4 Permanganato de Potássio

mEc Massa de Ar Equatorial

NH2OH.HCL Cloridrato de Hidroxilamina

OD Oxigênio Dissolvido

OMS Organização Mundial de Saúde

pH Potencial Hidrogeniônico

PIBIC Programa Interinstitucional de Bolsas de Iniciação Científica

RO Rondônia

SDPV Sedimentos do leito Porto Velho

SDST Sedimentos do leito Santo Antônio

SDTE Sedimentos do leito Teotônio

TSS Total de Sólido em Suspensão

UFPA Universidade Federal do Pará

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

UNIR Universidade Federal de Rondônia

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LISTA DE FIGURAS, QUADROS E MAPAS

Figura 1 Reservas Medidas (Oficiais) de Ouro no Brasil ............................................ 19

Figura 2 Produção de ouro em Rondônia .................................................................... 20

Figura 3 Área de Reserva Garimpeira no rio Madeira ................................................ 21

Figura 4 Fonte de Sedimentos ..................................................................................... 26

Figura 5 Bacias Hidrográficas do Brasil ...................................................................... 29

Figura 6 Vazão do rio Madeira .................................................................................... 30

Figura 7 Temperatura e Umidade relativa do ar - Porto Velho/RO ............................ 33

Figura 8 Precipitação na Estação de Porto Velho/RO no ano de 1999 ....................... 34

Figura 9 Organograma Metodológico ......................................................................... 40

Figura 10 Comportamento da Vazão em relação a precipitação ................................... 49

Figura 11 Comportamento do TSS em relação a vazão no rio Madeira, trecho entre a

Cachoeira de Teotônio e PVH .......................................................................

50

Figura 12 Concentração de Hg em Sedimentos em suspensão (novembro de 2003)..... 51

Figura 13 Concentração de Hg em Sedimentos do leito (novembro de 2003)............... 51

Figura 14 Hg em sedimentos no rio Madeira ................................................................ 53

Figura 15 Comportamento do Hg em relação a vazão do rio Madeira .......................... 53

Figura 16 Mercúrio e Matéria Orgânica em Sedimentos do leito do rio Madeira, entre

as Cachoeiras de Teotônio e Santo Antônio ..................................................

54

Figura 17 Mercúrio em Sedimentos do leito, rio Madeira (nov/2003) .......................... 56

Figura 18 Concentração de Hg e MO nos sedimentos em suspensão no rio Madeira ... 57

Figura 19 Concentração de Hg e MO nos sedimentos do leito no rio Madeira ............. 57

Figura 20 Concentração de Hg e MO nos sedimentos do leito no rio Madeira ............. 58

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xi

Figura 21 Concentração de Hg em rochas entre as Cachoeiras de Teotônio e Santo

Antônio ..........................................................................................................

58

Figura 1 Balsas no rio Madeira ................................................................................... 20

Figura 2 Dragas no rio Madeira .................................................................................. 20

Figura 3 Lançamento da Draga de “Ekman” .............................................................. 41

Figura 4 Local de coleta na cachoeira de Santo Antônio ............................................ 42

Figura 5 Determinação de matéria orgânica na água .................................................. 43

Figura 6 Determinação de Hg no Flow Injection Mercury System – FIMS ............... 45

Figura 7 Imagem de dragas em atividade no rio Madeira ........................................... 55

Quadro 1 Fontes Potenciais de Mercúrio ...................................................................... 22

Quadro 2 Demonstrativo Amostral ............................................................................... 42

Quadro 3 Parâmetros físico-químico da área de estudo ................................................ 48

Quadro 4 Concentração de Mercúrio em Sedimentos do Leito e em Suspensão.

Trecho: cachoeira de Teotônio a cidade de Porto Velho – RO .....................

52

Mapa 1 Localização da área de estudo .......................................................................

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RESUMO

Os estudos para conhecimento do ciclo do mercúrio e suas implicações à saúde e o meio

tiveram início a partir da contaminação de populações humanas. O objetivo deste estudo foi

determinar as [Hg] em sedimentos em suspensão e do leito do rio Madeira, área de atividade

garimpeira de ouro. A determinação de Hg ocorreu por espectrofotometria de absorção

atômica com geração de vapor frio – FIMS. Os resultados indicam concentrações de Hg com

variação sazonal nas amostras de sedimentos em suspensão.

PALAVRAS CHAVE: Mercúrio; Rio Madeira; Sedimentos.

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ABSTRACT

The studies for knowledge of the mercury cycle and their implications to the health and the

half had beginning starting from the Hg contamination of human populations. The objective of

this study was to determine the Hg concentrations in suspension solids and bottom sediments

of the Madeira River, gold mining area activity. The Hg determination happened for atomic

absorption spectrophotometer coupled vapor cold generation (FIMS-400). The results indicate

Hg concentrations with seasonal variation in the suspension solids samples.

KEYWORDS: Mercury; Madeira river; Sediment.

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ÍNDICE

1 – APRESENTAÇÃO .......................................................................................................

16

2 – INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 18

2.1. Garimpo na Amazônia ................................................................................................ 18

2.2. Garimpo no rio Madeira................................................................................................ 19

2.3. Mercúrio, Meio Ambiente e a População ....................................................................

21

3 – SEDIMENTOS .............................................................................................................

25

4 - ÁREA DE ESTUDO E AS CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS ........................ 29

4.1. Hidrologia .................................................................................................................... 29

4.2. Características Climáticas ............................................................................................ 32

4.2.1. Principais Sistemas de Circulação Atmosférica ........................................................ 32

4.2.2. Temperatura .............................................................................................................. 32

4.2.3. Pluviosidade............................................................................................................... 33

4.3. Geologia........................................................................................................................

34

5 – OBJETIVOS.................................................................................................................. 38

5.1. Geral.............................................................................................................................. 38

5.2. Específicos....................................................................................................................

38

6 – METODOLOGIA.......................................................................................................... 39

6.1. Materiais para coleta..................................................................................................... 39

6.2. Procedimentos no Campo............................................................................................. 41

6.3. Amostragem.................................................................................................................. 42

6.4. Análises Laboratoriais.................................................................................................. 43

6.4.1. Matéria Orgânica na Água ........................................................................................ 43

6.4.2. Matéria Orgânica no sedimento ................................................................................ 44

6.4.3. Determinação de Hg .................................................................................................. 44

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6.5. Controle de Qualidade.................................................................................................. 46

6.6. Organização e Tratamento dos resultados (dados) .......................................................

46

7 - RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 47

7.1. Caracterização físico-química do rio Madeira ............................................................. 47

7.2. Análise comparativa de teores de Mercúrio em Sedimentos em Suspensão e do leito

área de estudo e em afluentes do rio Madeira .....................................................................

50

7.3. Relação entre as concentrações de mercúrio e matéria orgânica ................................. 56

8 – CONSIDERAÇÕES ...................................................................................................... 59

9 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 61

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1 - APRESENTAÇÃO

A atividade garimpeira no rio Madeira, com o uso do mercúrio – Hg, elemento

utilizado amplamente durante o processo de recuperação do ouro, pode vir a causar sérios

danos à saúde humana, pois este metal não é essencial à saúde e foi lançado de forma

indiscriminada para o ambiente fluvial e lacustre da região em estudo.

O Hg lançado no ecossistema em sua forma metálica pode transforma-se em metil-

mercúrio, a forma química mais tóxica e nociva ao ser humano. Um dos principais fatos

históricos com relação a contaminação por este metal ocorreu no Japão por volta de 1950,

com casos de morte e graves seqüelas em vítimas diretas e seus descendentes decorrente de

contaminação por CH3Hg+.

Este estudo teve início durante minha participação no Programa de Iniciação

Científica – PIBIC, de agosto de 2002 até julho de 2004. Esta fase foi de muito aprendizado, e

onde pude em conjunto com a equipe dos laboratórios de Biogeoquímica Ambiental e

Geografia e Planejamento ambiental, publicar resumos e artigos completos em livros, revistas

e Anais de Congressos e outros eventos. Ao final deste não restava dúvida quanto o caminho

a seguir... que continua com este trabalho monográfico, e não encerra minhas atividades de

pesquisa, onde estamos em constante aprendizado.

A estrutura redacional deste foi organizada em nove partes, onde a primeira consta

desta breve apresentação. A segunda parte discorre sobre o período histórico do garimpo de

ouro na Amazônia e em particular no rio Madeira. E sobre o mercúrio - Hg e sua interação

com o meio ambiente e a população. Na terceira parte comentamos sobre os sedimentos, pois

a avaliação do Hg ocorre nesta matriz, considerado de fundamental importância, pois através

desta é possível fazer um retrospecto de contaminação pretérita. Estes servem ainda como

agregadores e dispersores do metal em estudo para outros ambientes.

Na quarta parte são descritas algumas características fisiográficas da região em estudo

baseada em algumas ciências ambientais, como a hidrologia, geologia e climatologia. Estas

foram escolhidas a partir de sua importância para a compreensão do comportamento do Hg

nos sedimentos. Os objetivos deste estudo são descritos na quinta parte.

A metodologia é detalhada na sexta parte, onde são descritos todos os procedimentos

antes da atividade de campo, durante e pós, assim como os equipamentos e instrumentos

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utilizados, além do controle de qualidade utilizado para garantir a confiabilidade dos

resultados.

E, por fim, são apresentados os resultados e feita a discussão destes. Posteriormente

são feitas as considerações a cerca deste estudo.

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18

2 - INTRODUÇÃO

2.1. Garimpo na Amazônia

A fronteira Amazônica, palco de mudanças e conflitos tem uma fase de exploração

mineral pela busca de ouro a partir da década de 1970, o que atrai diversos atores para a

região do Pará e Rondônia, em busca do mineral dourado. Esta exploração tem apoio do

Estado, que ver no incentivo a criação de espaços transnacionais (empresas nacionais e

estrangeiras desenvolvem a atividade de exploração) uma forma de tornar competitivas as

empresas brasileiras.

Neste mesmo período ocorrem mudanças tecnológicas, que são elementos que vão

remodelar a organização social, os meios e formas de produção, o que Santos (1988) chama

de período técnico científico, onde a ação vai estar baseada na informação e no conhecimento.

Becker (1998) destaca que a partir de então a produção industrial é estendida a países

“subdesenvolvidos” e um novo comportamento no sistema de produção vai remodelar o

controle e configuração do território.

A partir da década de 70, na Amazônia, aliado às mudanças tecnológicas, o governo

implementa “grandes projetos de exploração”, onde ocorrem elementos que vão remodelar o

espaço, como: a) mobilização de capital e mão-de-obra; b) isolamento durante a execução do

projeto, ou seja, não há participação de forças locais; c) relação econômica com grandes

sistemas financeiros; d) criação de núcleos urbanos, reconfiguração ou configuração espacial

natural de atores não inseridos no projeto. Em conseqüência deste último item, Vainer (1990)

e Becker (Op. Cit) destacam o surgimento de favelas, proliferação de doenças, exploração

ilegal, prostituição e outros.

A implantação de grandes projetos na região Amazônica tem alicerce numa conjuntura

econômica e tecnológica e ainda, no espaço, que facilita a implantação de empresas de grande

porte e principalmente, uma vasta reserva mineral.

No Brasil foram criadas Reservas Minerais onde, em pesquisa realizada por Nery &

Silva (2001), Rondônia aparece como a terceira maior reserva de ouro do Brasil, primeira na

Região Amazônica (figura 1). No entanto, o autor destaca que não necessariamente esta

reserva é uma mina, o que é função da qualidade do ouro encontrado na região, ou seja, o teor

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19

do ouro (0,11g/t para o da região de Porto Velho - RO), o que não impediu a exploração deste

recurso mineral nesta região.

42%

28%

5%

13%

8% 4%

M INAS GERAIS GOIÁS PARA

RONDÔNIA M ATO GROSSO OUTROS

Figura 1 - Reservas Medidas (Oficiais) de Ouro no Brasil (NERY E SILVA, 2001).

2.2. Garimpo no rio Madeira

A atividade mineral do ouro faz parte da história do Brasil, pois sua exploração

ocorre desde a colonização, a partir do século XVI e chegou a ser incentivada pela coroa

portuguesa que oferecia prêmios pela descoberta (VEIGA et. al, 2002). Bezerra et. al (1998)

registram que ainda neste período teve início à prática da garimpagem manual ou artesanal na

região Amazônica. Somente três séculos depois, por volta do ano de 1826 é registrado

oficialmente a descoberta de depósitos de aluviões próximo a Cachoeira de Ribeirão, a partir

dos escritos de Luis D’Alincourt, “Memórias acerca da Fronteira da Província de Mato

Grosso”. Mas a Atividade de garimpagem em Rondônia teve início no século XVIII,

precisamente em 1739, após a descoberta de ouro no rio Corumbiara (afluente do rio

Guaporé) por um grupo de garimpeiros (TEIXEIRA & FONSECA, 1998).

No ano 1978 iniciou-se o processo de extração por meio do método manual

(mineração artesanal). No ano seguinte, surgiram as primeiras balsas (foto 1) e no princípio da

década de 80 foram registradas as primeiras dragas (foto 2), período no qual se intensificou a

exploração aurífera em todo trecho que compreende o alto rio Madeira, sobretudo do garimpo

Periquitos, Santo Antonio e Belmonte (ADAMY & PEREIRA, 1991). Neste período houve

um aumento no quantitativo populacional, decorrente da notícia da existência de aluviões

mineralizados, fato que intensificou o fluxo de garimpeiros no rio Madeira.

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20

Foto 1 – Balsas no rio Madeira Foto 2 – Dragas no rio Madeira

Fonte: Laboratório de Biogeoquímica Ambiental (2002).

O ouro encontrado nos aluviões do rio Madeira é de granulação finíssima, ou seja,

ouro em pó, característica que dificulta a separação desse minério das demais partículas

extraídas no processo de garimpagem. A partir dessa propriedade a técnica granulométrica de

amalgamação com mercúrio - Hg é o processo utilizado pelos garimpeiros na recuperação do

ouro.

As décadas de 70 e 80 foi o auge da atividade garimpeira no rio Madeira e

conseqüentemente da produção de ouro (figura 2).

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

PERÍODO DE PRODUÇÃO

Kg

PRODUÇÃO OFICIAL PRODUÇÃO ESTIMADA

Figura 2 - Produção de ouro em Rondônia (CARVALHO NETO, 1998).

Fatores como a evasão fiscal e clandestinidade, não permitem que sejam

quantificados os valores reais do ouro explorado, o que nos remeteria a uma estimativa do

quantitativo de mercúrio utilizado e disponibilizado para o ambiente, porém, Kitamura (1994)

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21

e Lacerda & Meneses (1995) indicam entre 130 e 300 t de mercúrio por ano, para o ambiente

amazônico, seja para atmosfera, rios e solos.

Através das Portarias Ministeriais nº 1345 (1979) e nº 1034 (1980) foi criada a

Reserva Garimpeira do rio Madeira, com uma área de 192 Km², no trecho compreendido entre

as Cachoeiras do Paredão e Teotônio (figura 3) (VEIGA et. al, 2002).

Figura 3 - Área de Reserva Garimpeira no rio Madeira.

É importante salientar que no Brasil o Decreto Lei nº 97.507 de 13 de fevereiro de

1989 proíbe o uso de mercúrio metálico na extração de ouro, salvo em atividade licenciada

pelo órgão ambiental competente (CABRAL, 1996).

2.3. Mercúrio, Meio Ambiente e a População

O mercúrio – Hg (do grego hydrárgyros, hidro=água e árgyros= prata) é um metal que

em temperatura ambiente e a 0°C apresenta-se em sua forma líquida, é inodoro e pertence a

família II B da Tabela Periódica (AZEVEDO, 2003). Fadini (1999), Silva (2003a) e Bastos et.

al (1998) destacam a presença natural deste metal em diversos compartimentos como

proveniente de atividades vulcânicas, intemperismo e de corpos aquáticos.

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22

“Sabe-se que o mercúrio pode ser encontrado de forma natural no meio

ambiente através da evaporação de corpos hídricos e gases vulcânicos, mas

ele pode ser emitido ao meio de maneira antropogênica, através da

mineração, indústrias, químicas, pesticidas, vermicidas, inseticidas e

fungicidas formados por compostos orgânicos e inorgânicos de mercúrio

(SILVA, 2003a).”

Quanto a origem, Marins et. al (2004) destacam quatro fontes, cuja ocorrência de

mercúrio vai variar, principalmente a antrópica, pois está relacionada ao uso ou aplicação

deste metal (quadro 1).

Quadro 1 – Fontes Potenciais de Mercúrio

ORIGEM OCORRÊNCIA

Processos

Naturais

Ressuspensão de partículas de solo pelos ventos, salssugem, emanações

vulcânicas, queimadas de florestas e emanações do solo e águas superficiais;

Intemperismo Através da rochas, mas no Brasil conhece-se apenas a região de Ouro Preto - MG

como mineralizadora de mercúrio;

Antrópica Despejos industriais como descarga de efluentes ou resíduos químicos na produção

de cloro-soda; descargas difusas (como produção de energia, combustão de carvão

e derivados do petróleo, queima de lixo, principalmente hospitalar).

Atmosférica Esta funciona como receptor das emissões natural e antropogênica que pode

dispersar mercúrio para os rios, lagos e outros ambientes.

Fonte: Adaptado de Marins et. al (2004).

A partir das suas características o Hg tem sido estudado em matrizes ambientais

(peixe, solos, água, sedimentos, macrófitas aquáticas) e humanas (cabelo, urina, leite materno)

em função de seus diversos usos e, principalmente, sua biodisponibilidade e toxicidade. Entre

suas formas químicas destacam-se: metálica e Hg+2(inorgânica) e metil-mercúrio (orgânica).

O mercúrio metálico é muito utilizado na fabricação de termômetros, barômetros,

obturações dentárias, fungicidas, medicamentos de uso externo (mercurocromo e metiolate),

pilhas, relógios, calculadoras, aparelhos eletro-eletrônicos, baterias, lâmpadas e outros. Além

de ser utilizado na atividade de mineração de ouro aluvionar. Esta última aplicação deve-se ao

fato de o Hg e o Au fazerem amálgama, o que permite que o ouro de granulação finíssima

possa ser garimpado do sedimento. Nesta atividade, o Hg é misturado a “lama” onde

previamente foi concentrada as partículas pesadas (onde está o ouro em pó) dentro de um

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recipiente chamado bateia, que é transferido para outro recipiente onde é feito o aquecimento,

e partir daí, parte do mercúrio evapora para a atmosfera e o restante, aderido as partículas

sólidas é descartado. Mas, observa-se que o Hg que volatiliza, após resfriamento pode

retornar ao solo ou aos rios por condensação e precipitação.

A forma orgânica do Hg, o metil-mercúrio, ainda tem diversos estudos para

conhecimento do seu comportamento, porém, sabe-se que essa forma pode causar danos

irreversíveis à saúde humana devido sua neorotoxicidade.

No sistema hídrico, após sua transformação química, o CH3Hg+ é disperso para outros

ambientes e absorvido e acumulado por espécies aquáticas. Entre outras características,

apresenta alta solubilidade em gorduras (MALM et. al, 1997).

Ainda em estudo, porém, sabe-se que a transformação química do Hg° e Hg+2 em

CH3Hg+ tem contribuição da matéria orgânica, conforme escrevera Jardim (1988), há forte

correlação de Hg e matéria orgânica nos sedimentos. Outra característica do Hg é a

capacidade que este tem de acumular-se no organismo, e através da cadeia alimentar chegar

ao topo, ou seja, ao homem. O que se agrava com a baixa eliminação deste metal devido sua

liposolubilidade. Diversos estudos (MALM et. al, 1997; LACERDA, 1995; KITAMURA,

1994) colocam em evidência essa característica de bioacumulação e biomagnificação do

mercúrio. E, ainda, o peixe como principal via de chegada do metil-mercúrio à população,

conforme Melamed & Lisboa (2002, p.8).

“A transformação do Hg (II) a metilmercúrio, além de se constituir no

mecanismo mais importante de bio-acumulação, aumenta a mobilidade e a

disseminação do mercúrio no meio ambiente”.

Este estudo considera o mercúrio utilizado na atividade de mineração de ouro,

elementar ou metálico. Os riscos desta forma estão associados ao fato que este metal tem a

capacidade de transformar-se quando em interação com outros elementos no ambiente e

chegar à forma metilada. Condições naturais como temperatura, matéria orgânica, acidez e

atividade bacteriana no meio aquático têm grande influência sobre esta transformação química

(KITAMURA, 1994).

Quanto às implicações à saúde da população, Malm et. al (1999) destacam distúrbios

neurológicos como: tremores, perda de memória, irritabilidade, fraqueza e insônia, mas

observam que estes sintomas assemelham-se ao da malária. Para a identificação da presença e

conseqüências do mercúrio no organismo humano são necessários estudos específicos,

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24

clínicos, em populações expostas1 a contaminação direta (que lidam diretamente com o metal)

e indireta (população “contaminada” através da cadeia trófica).

Na região Amazônica grupos da Universidade Federal do Pará - UFPA e

Universidade Federal de Rondônia – UNIR estudam a transferência de Hg para o feto através

da placenta. Em Rondônia, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal estuda o Hg

no cabelo de populações residem na região ribeirinha do rio Madeira. A Organização Mundial

de Saúde – OMS, indica como valor máximo de Hg no cabelo 6g.g-1. Em estudo realizado

por Linhares et. al (2002) grupos populacionais apresentaram valores acima deste limite. As

comunidades de Santa Rosa e Puruzinho, no rio Mamoré e Beni, respectivamente, destacam-

se por todos os participantes da avaliação apresentar valor acima do estabelecido pela OMS.

Vale salientar, que apesar deste estudo não focar a população e ter como matriz de

análise os sedimentos, na área do entorno do rio Madeira habitam diversas famílias que

compõem a comunidades “ribeirinhas” e estudos em desenvolvimento no Laboratório de

Biogeoquímica Ambiental – UNIR revelam que estas têm como principal fonte protéica o

peixe. Ainda, a cachoeira de Teotônio é palco de visitas turísticas e onde moram famílias que

vivem da pesca (consumo e comercial).

Estudos com estas populações são necessários em função das conseqüências do

mercúrio no organismo humano. Quanto a isso vale ressaltar uma frase de Lacerda (1997):

“Enquanto o desastre de Minamata pode ser considerado

acidental, dado o pouco conhecimento da época sobre a química

ambiental do Hg e seus efeitos, na Amazônia um incidente desse tipo

seria no mínimo, crime”.

Isto se aplica não somente ao conhecimento da toxicologia do mercúrio, mas a

estrutura social da região da Amazônia, em particular das comunidade de áreas garimpeiras.

1 Conforme Câmara (1993, p. 45) existem dois grupos: 1) Expostos ao mercúrio metálico: garimpeiros que

queimam ouro, funcionários de lojas que comercializam ouro e grupos que moram próximo a estas casas de

comercialização. 2) Expostos ao metil-mercúrio: populações que se alimentam de peixes, ribeirinhos e índios.

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25

3 - SEDIMENTOS

Ainda é incipiente o estudo sobre sedimentologia na região Amazônica,

principalmente quando a questão volta-se para a relação destes com os elementos químicos, a

exemplo dos metais pesados. Silva et. al (2003b) destacam a importância deste, visto que com

o crescimento e ocupação do espaço, aumentam-se os problemas derivados desta ocupação.

Um exemplo é o aumento dos processos erosivos como conseqüência do desmatamento. Esta

atividade em áreas no entorno de bacias hidrográficas tende a aumentar o aporte de

sedimentos para o canal fluvial.

Os sedimentos são detritos que podem variar de tamanho, forma e composição.

Guerra & Guerra (1993) conceitua sedimentos como material resultante da decomposição de

rochas pré-existentes, possível de ser transportado e ainda depositado em outro local. Estes,

entre outras categorias, podem ser eólios, lacustres, glaciais e fluviais. Em geral passam pelo

processo de remoção, transporte e deposição.

A origem das cargas sedimentares fluviais (objeto neste estudo) pode ser derivada de

processos químicos, pluviais e do regolito. O material intemperizado pelas rochas (detritos) é

transportado pelos rios, que segundo Silva et. al (2003b) e Christofoletti (1981) classificam-se

em três categorias:

Sedimento em suspensão: Algumas partículas (silte e argila, coletivamente chamadas

lama, quando úmidas, e poeira, quando secas) são tão pequenas que se conservam em

suspensão pelo fluxo de água turbulenta.

Sedimento do leito do rio: Partículas maiores, do tamanho de areia e cascalho, ou

pesados fragmentos de rocha, rolam deslizam ou saltam ao longo do leito de um rio.

Carga dissolvida: Os constituintes intemperizados das rochas, que são transportados

em solução química.

A carga total de sedimentos em suspensão é dada através da multiplicação do peso dos

sedimentos por unidade de volume com a vazão, para carga de sedimentos em toneladas por

dia ou unidade equivalentes.

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26

Quanto à carga do leito, supõe-se que esta corresponda a 10% da carga total de

sedimentos em suspensão, o que, no entanto, pode sofrer alterações conforme as

características do sistema de drenagem. A carga total dissolvida (que não afeta as

propriedades físicas da corrente) é expressa pela relação de análise química e vazão.

A figura 4 demonstra ainda que o sedimento em suspensão pode vir a ser do leito e o

contrário, o que veremos mais adiante. Quanto à origem dos sedimentos, esta pode variar, mas

a carga sedimentar fluvial, no entanto, tem influência direta dos processos erosivos e da vazão

do rio (CHRISTOFOLETTI, 1981).

Figura 4 - Fonte de Sedimentos (CHRISTOFOLETTI, 1981).

No período de chuva há uma diminuição na carga em solução em função da diluição

de sais. A quantidade e qualidade da carga dissolvida dependem de fatores como o clima da

região, tipos de solo e volume de água. Em águas profundas, no entanto, há um aumento na

quantidade de sais em solução, exceto em áreas com processos de intemperismo (exemplo as

lateritas, que são ricas em Fe).

O aumento na vazão do rio aumenta a velocidade e turbulência, e, consequentemente a

capacidade de transporte e manutenção de partículas suspensas. Além da vazão (volume da

PROCESSOS QUÍMICOS

CARGA EM

SOLUÇÃO

PROCESSOS PLUVIAIS

PROCESSOS DO REGOLITO

CARGA EM SUSPENSÃO

CARGA TOTAL DE SEDIMENTOS

CARGA MATERIAL DO LEITO

CARGA DO LEITO

CARGA EM SALTAÇÃO

CARGA EM CONTATO

FONTE DE SEDIMENTOS

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27

água, conseqüência direta da pluviosidade), um maior gradiente do rio e a forma do canal vão

influenciar diretamente no aumento da velocidade.

A dinâmica de transporte dos sedimentos pode ocorrer de forma mecânica e coloidal

para os detritos em suspensão e por arraste ou por salto para os detritos do leito.

Os detritos depositados no leito do rio, através de arraste ou saltios, são transportados

ao longo do canal fluvial. A irregularidade do leito do rio, o que aumenta o turbilhamento, vai

aumentar a capacidade de arraste. Neste caso tendem a ser transportadas as partículas de

menor granulometria, principalmente onde houver maior velocidade do rio.

Com a diminuição da velocidade do rio, e a redução da capacidade de transporte de

sedimentos, ocorre o processo de sedimentação do material em suspensão. Ao longo de todo o

canal fluvial pode ter variação deste processo, conforme a dinâmica fluvial e as demais

características já mencionadas.

Em direção a foz há uma diminuição no quantitativo de sedimentos em relação à

vazão, ou seja, há uma maior diluição. E, no período de vazante o sedimento depositado tende

a formar uma área chamada de aluvião. Este aluvião pode ser novamente erodido e

transportado. Este comportamento influencia no deslocamento dos meandros de um rio.

Leinz & Amaral (1995) observam, no entanto, que se a velocidade de um rio dobrar,

a regra geral é que o diâmetro do seixo a ser transportado aumente em até quatro vezes. O

que, no entanto, não se aplica as partículas menores que as areias, cujo diâmetro é de 2 mm no

máximo.

Em geral, à medida que aumenta a vazão tende aumentar a carga sedimentar. Isto

indica que a largura ou profundidade, e a ampliação do canal pelos processos erosivos não são

diretamente os grandes influenciadores do aumento no quantitativo de sedimentos de um

canal. Os formadores do rio Madeira, de origem andina, indicam este comportamento, o que

pode ser confirmado por estudos já realizados quanto à carga sedimentar e variação conforme

a dinâmica pluvial, de forma pontual (FILIZOLA JUNIOR, 1999; MORTATTI, 1988).

Os sedimentos constituem-se parte do sistema natural e são de fundamental

importância em estudos que avaliem cursos de água em função de sua integração no sistema

aquático. Através destes é possível avaliar a contaminação passada e presente de um

determinado ambiente. Esteves (1998) ratifica que nos sedimentos ocorrem processos

biológicos, físicos e/ou químicos que influenciam diretamente o metabolismo de todo o

sistema.

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28

O presente estudo consiste em determinar a concentração de Hg nos sedimentos

fluviais do leito e em suspensão no rio Madeira em função de...

“A ação química dos metais pesados tem despertado grande interesse ambiental. Isto deve-

se, em parte, ao fato de não possuírem caráter de biodegradabilidade, o que determina que

permaneçam em ciclos biogeoquímicos globais nos quais as águas naturais são seus

principais meios de condução, podendo se acumular na biota aquática em níveis

significativamente elevados” (SILVA, 2002, p. 5).

Silva (Op. Cit) escreve, de forma geral, sobre a capacidade que os diversos metais

têm de resistir aos processos de degradação. O Hg, em particular, após vários estudos, tem

comprovada sua persistência e transformação geoquímica, fatores associados à sua toxicidade.

Os sedimentos, por sua vez, têm capacidade de transporte destes metais para outros

ambientes.

“Os metais preferencialmente se associam ao material fino que contem argilas, silte e

matéria orgânica particulada, que são os principais carreadores de metais nos ecossistemas

aquáticos; essa fração é similar ao material carreado em suspensão, que representa o

material de maior importância para o transporte a longas distâncias no meio aquático

(MARINS et. al, 2004, p. 765).”

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4 - ÁREA DE ESTUDO E AS CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS

4.1. Hidrologia

O Brasil tem uma extensa rede hidrográfica, no total são 10 Bacias (figura 5) que

somam uma área de 8.512.000 Km², onde seus principais rios têm origem em três centros

dispersores de água: planalto das Guianas, cordilheira dos Andes e planalto Brasileiro. Dentre

estas está a Bacia Amazônica, que recebe água destas três regiões e detém mais de 50% desta

extensa rede (CUNHA, 1998).

58%

9%

8%

7%

6%5%

3% 2% 2%0%

Amazônica Atlântico Nordeste Paraná

Tocantins São Francisco Atlântico Leste

Paraguai Atlântico Sudeste Uruguai

Atlântico Norte

Figura 5 - Bacias Hidrográficas do Brasil (CUNHA, 1998).

A Bacia Amazônica possui uma área estimada em 6.112.000Km² e cruza 7 Estados da

Federação (Rondônia, Amazonas, Acre, Roraima, Pará, Mato Grosso e Amapá). No Estado de

Rondônia, localiza-se o rio Madeira, principal afluente da margem direita do rio Amazonas,

que cruza o Estado do Amazonas, cuja nascente está na Cordilheira dos Andes, o que se

constitui uma fonte natural de sedimentos para este sistema de drenagem e lhe classifica como

um rio de águas brancas (SIOLI, 1991). Estes sedimentos presentes no rio Madeira são bem

diversificados, incluindo os lateritos, cascalhos, areias, siltes e argilas (Sousa & Araújo, s/d).

A extensão da bacia do rio Madeira apresenta divergência quanto ao autor que a

estuda, mas Mortatti (1987) indica 1.350.000Km². Seus principais afluentes são os rios Ji-

Paraná (Machado), Candeias, Jamari, Jaci Paraná, Preto e Jacundá (Rondônia) e Manicoré e

Aripuanã (Amazonas).

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30

O rio Madeira é subdividido em dois trechos: a) Alto Madeira, a partir de seus

formadores, rio Beni (na Bolívia) e Mamoré (em território brasileiro), até a Cachoeira de

Santo Antônio; b) Baixo Madeira, da cidade de Porto Velho (RO) até a foz, com 1090 Km² de

extensão utilizada como hidrovia em função de sua navegabilidade (BATISTA, 1999).

A área central deste estudo localiza-se no rio Madeira, no trecho compreendido a partir

da cachoeira de Teotônio até a cidade Porto Velho (mapa 1). Esta área localiza-se no II

Domínio do sistema fluvial Guaporé-Mamoré-Alto-Madeira, onde o trecho das Cachoeiras

apresenta uma planície fluvial pouco expressiva, decorrente da característica da drenagem e

morfologia, que proporciona o aspecto encachoeirado (SOUZA FILHO et. al, 1999).

Esta bacia apresenta dois períodos distintos, um de cheia e outro de vazante, o que está

condicionado ao comportamento da pluviosidade na região e tem influência direta na vazão,

conforme figura 6.

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

40.000

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Meses

po

r seg

un

do

1999 2000 2001

Figura 6 - Vazão do rio Madeira (BRASIL, 2002 ).

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31

MAPA 1 - RIO MADEIRA

Localização dos Pontos de Coleta de Amostras de Água e Sedimento

LABOGEOHPA/GISCART

Base Cartográfica extraída das Cartas Planialtimétricas SC.20-V-B-

V; SC.20-V-B-IV e SC.20-V-B-II - escala 1:100.000, elaborada pela

DSG-Diretoria de Serviço Geográfico/Ministério do Exército.

Mapa temático d elaborado a partir de Cooperação

Técnico-Científica entre Giscart - Serviços Técnicos de Cartografia,

Topografia e Geodésia Ltda e LABOGEOHPA - Laboratório de

Geografia Humana e Planejamento Ambiental,

e finalizado em Corel Draw 10.

Arte Gráfica: Luiz CLeyton Holanda Lobato

igitalizado e

a partir do Sistema

Maxicad 32 versão 3.1.11.22.

DIREITOS DE REPRODUÇÃO RESERVADOSA GISCART/LABOGEOHPA (comunicaçã[email protected]) AGRADECE A GENTILEZA

DA COMUNICAÇÃO DE FALHAS OU OMISSÕES VERIFICADAS NESTA FOLHA

Localização da Folha

72° 66° 60° 54° 48° 42° 36°

12°

18°

24°

30°

72° 66° 60° 54° 48° 42° 36°

12°

18°

24°

30°

ESCALA GRÁFICA

PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR

x150

x132

COVENÇÕES CARTOGRÁFICAS

Linhas Vicinais

Prefixo de estradasFederais; Estaduais.

Rodovias não pavimentadas

Rodovias pavimentadas

InternacionalEstaduais

Cota não comprovadaCota comprovada

VIAS DE CIRCULAÇÃO

LIMITES

ELEMENTOS ALTIMÉTRICOS

429 20

Escola

Ponte

Aeroporto

Terreno sujeito a inundação

Rios e igarapés

LEGENDA

Área Edificada

Capital

Municípios

Distritos

Pontos de ColetasAmostrais

Universidade Federal de Rondônia

Localidades

012km 2 4km

129 88

76

102

136

7689

85

102

96

90

85

76

102

81

83

88

93

80

00

ProjetoPró-Peixe

Vila de Teotônio

FV

DE

SM

AN

TELA

DA

FV D

ESM

ANTEL

ADA

Trata Sério

Fazenda FortalezaFazenda São Francisco

Sítio Boa Esperança

Sítio Santa Elisa

Sítio Bom Jesus

Colônia Areia Branca

Colônia 13 de Setembro

Colônia Areia Branca

Vila Princesa

ColôniaPenal

Granja

Vila deSão Sebastião

SítioNova Guiné

Colonia PenalAgrícola

Pedreira

REMA

UNIR

319

364

364

AMAZONAS

RONDÔNIA

00

92

92

86

86

32 32

24 24

16 N

16

E 08

08

PORTO VELHO

LABOGE HPA

(01)

(02)

(03)

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32

4.2. Características Climáticas

4.2.1. Principais Sistemas de Circulação Atmosférica:

A região em estudo apresenta uma topografia que vai influenciar no clima local por ser

baixa e plana, o que vai promover a circulação dos ventos e desta forma condicionar

temperaturas elevadas durante todo o ano. Mas compreender o clima de uma região parte da

compreensão de outros fatores, a exemplo do sistema de circulação atmosférica.

Cortez (2003) observa que o Estado de Rondônia tem influência dos ventos do Vale do

rio Madeira e das massas de ar Equatorial continental - mEc, massa Tropical continental –

mTc e massa Subtropical.

A mEc é caracterizada pela forte umidade específica e ausência de subsidência

superior, o que, devido esta instabilidade, origina chuvas abundantes. A mTc é uma massa

quente e seca, que quando chega à região ocasiona o déficit hídrico, característico entre os

meses de junho a agosto.

O fenômeno denominado de friagem que ocorre na região é conseqüência de alguns

anticiclones, que empurram (embora raramente) sua superfície frontal para além da linha do

Equador, no Estado do Amazonas. No verão este anticiclone raramente ultrapassa os Estados

do Acre e Rondônia, em virtude do aprofundamento da baixa termodinâmica do Chaco, nesta

época.

4.2.2. Temperatura

A região Norte é cortada pela linha do Equador e está próxima ao nível do mar, o que a

potencializa como uma região de clima quente, mas algumas áreas ao sudoeste da Região

possuem temperaturas mais amenas. Esta condição é dada pela maior participação de massa

polar e localização em áreas serranas da fronteira setentrional e da chapada dos Parecis, em

Rondônia, com temperatura média entre 24º C e 26ºC.

Nimer (1989), registra uma variação térmica entre a amplitude diurna e noturna na

região norte, porém, destaca que o vento da região é caracterizado pela constante presença de

umidade, o que é favorecido pela condição natural do solo, sistema de drenagem, cobertura

vegetal e forte nebulosidade anual. E que tem a Região Norte do Brasil apresenta certa

homogeneidade espacial e estacional, ou seja, apresenta pouca variedade térmica ao longo de

seu território e uma variação estacional pouco significativa, o mesmo não acontece em relação

à pluviosidade.

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33

Na área de estudo a temperatura está diretamente relacionada com a chegada de

energia solar na superfície terrestre. Estudos afirmam que quanto menor a latitude maior será

a temperatura, a qual está relacionada com a zona intertropical da terra, que fica entre os

trópicos de câncer e capricórnio, onde ocorrem os maiores índices de raios solares (CONTI,

1998)

A cidade de Porto Velho por sua localização na “zona intertropical tórrida” e nas

baixas latitudes, onde recebe grande quantidade de energia solar, tem como resultado uma

elevada temperatura, oscilando entre 20,7ºC e 32,2ºC (valores médios mínimo e máximo,

respectivamente), anualmente (SILVEIRA, 1998). Na figura 7 apresenta-se o valor médio

anual da temperatura e umidade relativa, cujo percentual anual é superior a 80%.

22.5

23

23.5

24

24.5

25

25.5

26

26.5

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Tem

pera

tura

do

ar

(ºC

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Um

idad

e R

ela

tiva (

%)

Temperatura do ar Umidade Relativa

Figura 7 - Temperatura e Umidade relativa do ar - Porto Velho/RO (Rondônia, 2000).

4.2.3. Pluviosidade

Em decorrência dos sistemas de circulação perturbada, a região Norte do Brasil

possui domínio climático mais pluvioso do Brasil (Nimer, 1989).

Em função do comportamento das precipitações a Região de Rondônia faz parte de

um corredor central que vai de Roraima até o Estado do Acre e é caracterizado por três meses

secos. Mas o fato de existir um período seco não indica que neste não ocorram chuvas nesta

estação.

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34

O período de máxima nas chuvas na região ocorre em duas faixas, onde a primeira

vai do sudoeste do Amazonas até o sudeste de RO e a segunda do sudoeste do AM (próximo

ao Acre) até o sudoeste de RO. A primeira apresenta precipitação máxima de janeiro a março

e a segunda de dezembro a fevereiro. A área central de estudo localiza-se na primeira faixa,

no entanto, seu afluentes principais (a montante) encontram-se na segunda faixa, o que

significa que a bacia tem seu período pluviométrico máximo entre os meses de dezembro a

março.

Na figura 8 pode ser visualizado o comportamento climático de Porto Velho quanto ao

índice pluviométrico, onde fica claro um período de altos índices com um período seco. Os

meses que apresentam mais dias de chuva são dezembro (21 dias), fevereiro (20 dias) e

janeiro e março (com dezenove dias). O mês mais seco é o de julho, com apenas 2 (dois) dias

de chuva (RONDÔNIA, 2000).

403.1

295.9

244.6259.3

195.8

60.7

5.8

48.5

212.6

116.1

266.4254.5

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

(mm

)

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Período de Amostragem

Precipitação

Figura 8 - Precipitação na Estação de Porto Velho/RO no ano de 1999

(RONDÔNIA, 2000).

4.3. Geologia

O continente sul-americano possui uma geologia caracterizada pela Plataforma Sul-

Americana e Patagônica, que são áreas estáveis, e pelas faixas de dobramento da Cordilheira

dos Andes e, ainda, o Sistema Montanhoso do Caribe. A Plataforma Sul-Americana, onde

está inserido o território brasileiro é composta pelas coberturas sedimentares do Fanerozóico e

Embasamento Pré-Cambriano exposto.

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35

Brasil (1991) esclarece que o limite entre um EON, ou seja, entre o Pré-Cambriano e o

Fanerozóico, são eventos geológicos ocorridos em escala mundial, inclusive no Brasil. Estes

eventos são denominados de ciclos orogênicos, ou seja, são os fenômenos de dobramento e

metamorfismo. Em conseqüência, cadeias de montanhas são edificadas, a exemplo da

Cordilheira dos Andes.

Os ciclos orogênicos duram até a região dobrada ou metamorfizada adquirir

estabilidade ou ainda, passar por outro ciclo. No momento em que ocorre estabilidade, os

processos erosivos expõem partes internas ou as raízes da cadeias de montanhas. Essas rochas

possuem alto grau metamórfico por terem sido formadas durante a atuação do ciclo, a

exemplo das rochas granito-gnaissica.

O Brasil situa-se em área estável, pois não apresenta histórico de fenômenos

orogênicos. No entanto, um outro fenômeno, conhecido como epirogênico, propiciaram a

sedimentação em extensas bacias da plataforma. As eras do Fanerozóico indicam as diversas

mudanças ocorridas durante o desenvolvimento da vida na Terra. Foi na Era Paleozóica (vida

antiga) que ocorreram grandes transgressões marinhas na Plataforma Sul-Americana. E, na

Mesozóica (vida intermediária), ocorreram eventos de reativação da plataforma, ou seja,

enquanto ocorria a separação e deriva dos continentes, as plataformas assistiram a um intenso

processo de falhamentos e fraturamentos acompanhados de magmatismo notadamente básico

e de sedimentação em ambiente continental. A Era mais recente, Cenozóica, ainda apresenta

oscilações, porém, estas são lentas e com deposição de sedimentos continentais (não

marinhos) em áreas rebaixadas e, dependendo das condições climáticas, laterização nas áreas

emersas (BRASIL, 1991).

Em síntese, a Plataforma Sul-Americana é constituída por um embasamento de rochas

metamórficas, sedimentares e ígneas (de idade arqueana e proterozóica) e pelas coberturas

sedimentares (formadas no fanerozóico).

Outros elementos geológicos de menor ordem, como os crátons (regiões estáveis), as

faixas de dobramentos (regiões em atividade, que assim como os crátons são limitadas por

faixa de dobramento) e as bacias intracratônicas podem ser formadas por subsidência da

crosta ou ainda por processos de falhamentos em blocos, constituindo os grábens.

A partir das características de evolução estratigráfica, tectônica, metamórfica e

magmática do território brasileiro, Amaral (1984) fizeram uma classificação da geologia,

onde o Brasil apresenta dez Províncias Estruturais. Em escala regional, a área em estudo

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situa-se na Província Estrutural do Tapajós, ou seja, no Escudo do Brasil Central. Esta

província apresenta características idênticas a Rio Branco, que se localiza no Escudo das

guianas.

Estas Províncias apresentam as mesmas características de evolução no Pré-Cambriano,

o que ocorre no Arqueano e Proterozóico Inferior, com a ocorrência de rochas metamórficas e

em uma terceira fase, no Proterozóico Médio e Superior, as duas regiões não apresentam

fenômenos metamórficos.

O Estado de Rondônia está localizado na Província do Tapajós, sub-província do

Madeira. Mas, segundo Scandolara (1999), ao norte do Estado uma pequena faixa situa-se na

Província Amazônica.

Dentro da sub-província Madeira a área de estudo é formada por coberturas

fanerozóicas e ainda, por um complexo basal constituído de rochas metamórficas de médio e

alto graus.

A partir de informações petrológicas, petrográficas, geocronológicas, geofísicas e

estruturais, foi elaborado um esboço tectono-estratigráfico referente ao Estado de Rondônia,

onde a região em análise apresenta formações da Faixa Móvel do Guaporé no Domínio

Ariquemes - Porto Velho e Formações Superficiais. A seguir são descritas as quatro Unidades

Estratigráficas identificadas na área de estudo (Complexo Jamari – PMjm, Suíte Intrusiva

Teotônio – Mt, Suíte Intrusiva Santo Antônio – Mst e Formação Superficial – QHt):

O Complexo Jamari é formado por um conjunto de rochas antigas, que segundo

Scandolara (1999) é constituído principalmente por rochas ortoderivadas de composição

granítica, granodiorítica, tonalítica e diorítica. No entanto, foram identificadas ainda, porém

com presença mais limitada, entre os Domínios Ariquemes – Porto Velho e Central de

Rondônia, exposições de rochas de paraderivação (biotita gnaisses e biotita-granada ganisses).

A Suíte Intrusiva Santo Antônio é composta em grande parte pelo chamado batólito2

homônimo, que é constituído por biotita-monzogranitos, biotita-sienogranitos e anfibólio-

biotita-quartzo. As rochas que compõem este conjunto de rochas têm afloramentos ao longo

do rio Madeira, na região da Cachoeira de Santo Antônio e a cidade de Porto Velho.

Os granitóides desta região são em sua maioria rochas metamorfizadas a partir da

injeção de material magmático que sofreu processo de fusão.

2 Batólito é definido por Guerra (2001) como “grandes injeções maciças de material magmático que aparecem

através de fendas da crosta”.

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A Suíte Intrusiva Teotônio tem uma área relativamente menor em relação a Mst e pode

ser visualizada ao longo das margens e canal fluvial do rio Madeira, apresentando uma

topografia suave e caracterizada por terraços fluviais. Esta Unidade Estratigráfica é composta

por rochas granitóides e sienitóides, divididas em três grupos: a) alcalifeldspato granito

maciço de granulação grossa; b) alcalifeldspato granito bandado de granulação média; c)

alcalifeldspato-quartzo sienito e sienogranito de granulação média a grossa. Os granitóides

que fazem parte desta Suíte são, conforme Scandolara (1999), de origem predominantemente

magmática.

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5 - OBJETIVOS

5.1. Geral:

Analisar a distribuição das concentrações de mercúrio total em sedimentos do leito e

suspensão no rio Madeira. Trecho: Cachoeira de Teotônio a cidade de Porto Velho - RO, no

ano de 2004.

5.2. Específicos:

Relacionar as concentrações de Hg com as características hidrogeológicas (vazão e

carga sedimentar);

Detectar as concentrações de Hg a partir da disponibilidade de outros parâmetros físicos

e químicos (pH, Matéria Orgânica e temperatura);

Relacionar os resultados de Hg e Matéria Ogânica nos sedimentos do leito e em

suspensão no rio Madeira.

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39

6 - METODOLOGIA

Para a realização desta pesquisa foi adotado um conjunto de procedimentos e

técnicas em função dos objetivos que nos propomos alcançar, dividas em três partes: campo,

laboratório e estrutura do trabalho, que foi realizado em gabinete. Esta última refere-se a fase

de junção dos resultados analíticos com o referencial teórico, interpretação e apresentação dos

resultados (figura 9).

Num primeiro momento foram realizados o levantamento bibliográfico e seleção do

material pertinente a esta pesquisa. No entanto, esta fase é considerada contínua, visto que

durante todo o estudo é feita busca de material que referencie teoricamente esta pesquisa.

A etapa de campo foi constituída pela coleta de amostra de sedimento do leito

depositado superficialmente e água para posterior retenção dos sólidos em suspensão no rio

Madeira. Para as coletas existe todo um preparo do equipamento utilizado em campo e que

será detalhado posteriormente. Em laboratório, após abertura química, estas amostras foram

analisadas por espectrofotometria de absorção atômica com geração de vapor frio. A partir

dos resultados das análises foi feito o cruzamento destes com o referencial teórico.

Nos subitens a seguir estão relacionados os materiais utilizados para coleta de

amostras em campo e são detalhados os procedimentos laboratoriais de análise para

determinação de Matéria Orgânica - MO e mercúrio – Hg.

6.1. Materiais para coleta

Para as coletas de amostras de água foram utilizadas garrafas de polietileno (5 litros e

1 litro), que foram previamente descontaminadas com HNO3 a 5%, enxaguadas com água

deionizada, secas em estufa e plastificadas para evitar contaminação durante o transporte até o

local de coleta.

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40

Figura 9 - Organograma Metodológico

Determinação de Hg

(Bastos et. al, 1998.)

Análise no Espectrofotômetro de

Absorção Atômica - FIMS 400

Água Sedimento do

Leito

Filtragem em

membrana de

celulose

(0,45 m)

Estufa ( 50°C)

Gravimetria

Granulometria

(200 Mesh)

Solubilização Ácida

Banho Maria ( 20 minutos)

MO (H2O)

(ELETRONORTE, S/D)

MO (SD LEITO)

(LACERDA, 1999)

LABORATÓRIO GABINETE

Registro Fotográfico

Revisão Bibliográfica

Leitura e

Fichamento

Tratamento dos dados

produzidos

Cruzamento dos

resultados com teoria

Elaboração: quadros,

tabelas e figuras

Redação da

Monografia

Digitação em Microsoft

Word 2003

Estatística Descritiva:

Desvio Padrão

Distribuição de Freqüência

Relação (R²)

Média

Tabulação em planilha

EXCEL

APRESENTAÇÃO DA

MONOGRAFIA

Coleta de Amostras

(Água e Sedimento)

Medição de Parâmetros

(pH e Temperatura)

Pontos GPS

(coordenadas geográficas)

ESTRUTURA METODOLÓGICA

CAMPO

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6.2. Procedimentos no Campo

Em campo, nos pontos de coleta, foram medidos alguns parâmetros físico-

químico (pH, temperatura do ar e da água) e realizada a localização geográfica com

GPS (Global Position System). Ainda registrou-se horário de coleta e outras

observações consideradas relevante, como por exemplo, presença ou ausência de sol ou

chuva. Estas últimas constituindo uma informação a mais para uma necessidade de

análise.

Para sedimentos do leito a coleta foi feita utilizando um equipamento

conhecido como “busca fundo” (draga de “Ekman”), de aço, que é lançado ao rio e em

seguida um “mensageiro” é lançado, quando este se fecha (foto 3). Isso não significa

que no primeiro lançamento é feita a coleta. Devido condições da corrente,

principalmente velocidade onde foram realizados os lançamentos, foi necessário repetir

o processo diversas vezes até conseguir uma quantidades suficiente para análise. Estas

amostras foram armazenadas em sacos plásticos virgens.

Foto 3 – Lançamento da Draga de “Ekman”

Fonte: Laboratório de Biogeoquímica Ambiental (2004)

As amostras de água foram coletadas em garrafas de polietileno (5 litros para

retenção do material particulado e 1 litro para análise de MO), que foram submersas

diretamente no rio até ficarem completamente cheias. Na cachoeira de Teotônio e

próximo da cidade de Porto Velho estas coletas foram realizadas através de “voadeira”

(barco de alumínio com motor de popa). Na cachoeira de Santo Antônio as coletas

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foram realizadas através da plataforma de captação de água da Companhia de Águas e

Esgoto de Rondônia – CAERD (foto 4).

Foto 4 – Local de coleta na cachoeira de Santo Antônio.

Fonte: Laboratório de Biogeoquímica Ambiental (2004)

As amostras foram todas identificadas com código de campo e posteriormente,

no laboratório, registradas no livro de coletas e, a partir de então, receberam um código

de referência, conforme o tipo de amostra e ponto amostral (SD para sedimento do leito

e AG para amostra de água).

É importante ressaltar que as coletas foram realizadas em grupo, pela equipe do

Laboratório de Biogeoquímica Ambiental da Universidade Federal de Rondônia.

6.3. Amostragem

Foram coletadas 98 amostras de água e sedimento do leito no Alto-Madeira e

seus formadores, conforme quadro 2.

Quadro 2 - Demonstrativo Amostral

LOCAL SD SUSPENSÃO SD LEITO

Cachoeira de Teotônio 5 5

Cachoeira de Santo Antônio 5 5

Porto Velho 5 5

Rio Madeira* 33 22

Rio Abunã 3 2

Rio Mutum Paraná 1 1

Rio Mamoré 1 1

Rio Beni 1 1

Rio Jacy Paraná 1 1

N amostral 55 43

* Diversos pontos localizados à montante da área principal.

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6.4. Análises Laboratoriais

6.4.1. Matéria Orgânica na Água (Eletronorte, s/d):

Para esta análise, utilizou-se 100mL da amostra de água, 100mL de água

deionizada para a amostra branco controle e 90mL de água deionizada para o padrão.

Fora adicionado 5mL de H2SO4 para cada amostra e exceto para a amostra

padrão, às demais se acrescentou 10mL a 0,02 N de permanganato de potássio, que tem

a função de consumir a matéria orgânica. Após esta etapa, as amostras ficaram

aproximadamente 10 minutos em chapa quente. Ao início do processo de ebulição foi

adicionado 100mL de ácido oxálico. Este, ao ser adicionado, altera a cor das amostras,

onde as amostras de água passaram a apresentar cor vermelha, o padrão e branco

controle ficam incolor.

Fora da chapa, na bureta, foi adicionado KMnO4 até o ponto em que as

amostras ficam com a cor idêntica a amostra natural, ou seja, sem interferência de

ácidos (foto 5).

Foto 5 – Determinação de matéria orgânica na água

Fonte: Laboratório de Biogeoquímica Ambiental (2004)

Através da amostra branco controle é obtido a normalidade, para lançamento na

fórmula e cálculo.

Fórmula para normalidade do KMnO4

Norm.KMnO4 = 0,2 / Vol. P – Vol. B

Onde:

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Vol. P = quantidade de KMnO4 utilizada na amostra padrão.

Vol. B = quantidade de KMnO4 utilizada na amostra branco.

Fórmula para Matéria Orgânica:

Vol. KMnO4 x NkMnO4 x 8 /Vol. Amostra x 1000

Onde:

Vol. KMnO4 = Quantidade utilizada

N KMnO4 = Normalidade do Permanganato

8 = da fórmula

1000 = da fórmula

Vol. Amostra = Quantidade de amostra em análise

6.4.2. Matéria Orgânica no sedimento (Lacerda et. al, 1999):

Esta análise foi realizada por gravimetria, onde as amostras, passam por

combustão em forno “mufla” durante 24 horas a uma temperatura de 450ºC. Para

confiabilidade dos resultados, todas as amostras foram analisadas em duplicata. Para

esta análise foram pesados aproximadamente 1g de sedimento em sua forma úmida,

seca e calcinada. O cálculo do percentual (%) de matéria orgânica é feito através da

expressão:

((Ps – Pcalc) x 100) / (Pu – Cad))

Onde:

Ps = Peso seco

Pcalc = Peso calcinado

Pu = Peso úmido

Cad = Peso do cadinho (vidraria utilizada no processo de gravimetria).

6.4.3. Determinação de Hg

A determinação do Hg nas amostras de sedimentos (suspensão e fundo) foi

realizada a partir de procedimentos determinados por Bastos et al (1998).

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45

Em laboratório as amostras de água são filtradas em membrana de celulose de

0,45 µm de porosidade, pesada previamente, para retenção do material sólido (partículas

suspensas). Após a filtragem, seca em estuda a 100°C e, posteriormente o filtro é pesado

novamente. A diferença do peso, com e sem amostra representa a massa do material em

suspensão por litro de água.

Antes da análise, o sedimento do leito passa por peneiras de 200 mesh

(convenção internacional = 0,074mm), é seco em estufa e macerado. Foram pesados

aproximadamente 500 mg de cada amostra em duplicata para a determinação de

mercúrio total.

Todas as membranas com sedimento e amostras de sedimento do leito foram

colocadas separadamente em tubo de ensaio, onde para cada uma é adicionado 1mL de

água milli-Q, 5mL de água régia (1 parte de HNOз para 3 HCl, 8mL de KMnO4). As

amostras ficaram em banho Maria por vinte minutos ou até que haja dissolução total da

amostra. Após este processo adicionou-se cloridrato de hidroxilamina a 12% para pré-

redução das amostras. Foi feita aferição de cada amostra ao total de 14ml. Após esta

etapa de extração o Hg foi determinado em Espectofotômetro de Absorção Atômica –

FIMS, por geração de vapor frio (foto 6).

O resultado analítico então é calculado através da expressão:

(g/g Hg x diluição) – amostra branco x Vol. Final / massa

Foto 6 - Determinação de Hg no Flow Injection Mercury System - FIMS

Foto: Laboratório de Biogeoquímica Ambiental, 2004.

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46

6.5. Controle de Qualidade

Durante todo o procedimento laboratorial foram tomados cuidados a fim de

evitar acidentes e garantir a confiabilidade dos resultados das análises.

As análises foram realizadas com amostras branco controle, em duplicata e

ainda, com amostra de referência certificada (IAEA-356), cujo valore é conhecido. Os

resultados indicam que as análises apresentaram ótima recuperação (próximo a 100%),

ou seja, dentro dos padrões de confiabilidade analítica.

6.6. Organização e Tratamento dos resultados (dados)

Após análise os dados foram organizado em planilha EXCEL e a partir de

então foi feita a distribuição de freqüência, cálculo de média, desvio padrão e relação

entre as variáveis (Hg e MO).

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7 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

7.1. Caracterização físico-química do rio Madeira

Em um estudo do comportamento de metais pesados, a exemplo do mercúrio e

outros metais, é importante a análise conjunta com outros elementos, a exemplo da

matéria orgânica, pH e temperatura, pois a partir da relação destes podem ser feitas

inferências quanto a relação e comportamento deste poluente nas diferentes matrizes.

Portanto, neste estudo o foco principal é a relação Hg e matéria orgânica em sedimentos

em suspensão e do leito, no entanto, foram feitas análise de outras variáveis: pH,

temperatura do ar e água.

Embora o objetivo principal deste trabalho priorize uma análise da distribuição

e concentração de mercúrio total em particulado em suspensão e do leito, entre a

cachoeira de Teotônio e a cidade de Porto Velho, foram feitas análises de Hg de outros

pontos, desde a nascente da confluência dos rios Beni e Mamoré até a foz do rio Jacy

Paraná com o rio Madeira.

A partir dos resultados analíticos verificou-se que no rio Madeira, em todos os

pontos à montante das Cachoeiras em estudo, apresenta pH entre 6,72 e 7,8. Os

afluentes, Jirau, Mutum-Paraná, Mamoré, Beni e Jacy apresentam pH entre 6,77 e 7,52.

No entanto, o rio Abunã apresenta pH entre 4,75 e 5,48. Estas informações foram

coletadas no mês de novembro de 2003. Entre as cachoeiras o pH variou entre 5,55 e

7,31, onde o menor valor ocorreu na Cachoeira de Santo Antônio no período de cheia,

especificamente no mês de fevereiro (quadro 3). A determinação do pH numa análise de

Hg é relevante em função da habilidade que este tem de influenciar a transformação

química deste metal em suas diferentes formas, especificamente do Hgo e Hg², como

estudo realizado por Melamed e Vilas Boas ( 2002):

“ A complexidade da química do Hg deve-se ao fato desse

elemento formar vários complexos iônicos solúveis, com variados

graus de estabilidade, e à possibilidade da existência de vários estados

de oxidação. Dependendo das condições de oxirredução do sistema,

podem ocorre as formas Hgo, Hg (II); Em adição ao potencial de

oxirredução, o pH e a concentração de íons Cl- são parâmetros

importantes na especiação química do Hg em solução...”

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Quadro 3 – Parâmetros físico-químico da área de estudo

LOCAL DE AMOSTRAGEM TEMPERATURA (ºC)

pH AR ÁGUA

Rio Madeira3,4 25,7 – 38,5 28,6 – 32 6,72 – 7,8

Jirau 1, 5 29,5 – 31,5 28,9 – 29,6 7,16 – 7,24

Abunã 1, ³ 31 – 36,1 29,7 – 30 4,75 – 5,48

Mutum Paraná 26,4 28,4 6,77

Mamoré 30,6 30,5 7,52

Beni 30,5 29,3 7,47

Jacy Paraná 31 30,2 6,82

Cachoeira Santo Antônio 27,6 – 33¹ 27 – 30¹ 5,55 – 7,18¹

Cachoeira Teotônio 27,1 – 37¹ 27,5 – 30¹ 6,25 –7,31¹

Fonte: Laboratório de Biogeoquímica (2004)

De acordo com Sioli (1964) os rios da Amazônia são classificados em três

categorias, rios de água branca, preta e clara. Dentro destas o rio Madeira é classificado

como um rio de águas brancas ou barrenta, dada a carga sedimentar que transporta, o

que lhe confere uma cor amarelada, turva. . Entre a Cachoeira de Teotônio e a cidade de

Porto Velho o rio Madeira apresenta variação no quantitativo sedimentar, o que está

relacionado ao clima regional, pois a pluviometria influencia diretamente na vazão.

Conforme dados obtidos no Boletim Meteorológico da Secretaria Estadual de

Meio Ambiente – SEDAM referente aos anos de 1999 a 2000 a pluviometria no período

de estiagem (junho a agosto) na área de estudo apresentou variação entre 43,29 ± 68,95

mm (média mensal). Já no período de chuvas (novembro a abril) o mínimo registrado

foi de 195,8 e o máximo de 403,1 mm. Esta dinâmica pluvial tem influência direta sobre

o comportamento da vazão, conforme verifica-se na média mensal da vazão do período

em questão, onde a mínima registrada no período de estiagem foi de 4.325 m³/s ³ por

segundo e a máxima de 14.850 m³/s. E no período de cheia a vazão variou entre 8.365

(mês de novembro) e 30.562 m³/s (mês de abril) (figura 10).

Souza e Araújo (s/d) observam que o rio Madeira, nos meses de março e abril,

apresenta o período de maior vazão e que a mínima ocorre nos meses de setembro e

3 Valores mínimo e máximo. 4 Resultado referente a 30 amostras à montante da cidade de Porto Velho. 5 Resultado referente a 3 amostras.

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outubro. Destacam ainda que esta é regulada pelo pluviometria, e a menor e maior

vazão correspondem ao período de estiagem e chuva, respectivamente.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Precip

ita

çã

o

(mm

)

0

8.000

16.000

24.000

32.000

Va

o -

po

r s

eg

un

do

Vazão (média entre 1999, 2000 e 2001)

Precipitação (média de 1999 e 2000)

Figura 10: Comportamento da Vazão em relação a precipitação (RONDÔNIA, 2000,

2001 e 2002).

Nesse contexto, a dinâmica hidrossedimentológica do rio Madeira está

diretamente relacionada aos fenômenos hidroclimáticos, conforme análise realizada em

amostras (coletadas nos meses de dezembro de 2002, fevereiro, abril e agosto do ano de

2003 e maio de 2004) de água e que nos permitiram quantificar a disponibilidade de

sedimentos em suspensão. Em geral, o teor de sólidos em suspensão variou de 41,55 a

1114,5 mg/L. Os meses mais chuvosos apresentaram elevada concentração de sólidos

em suspensão, chegando a 1114,5mg/L no mês de fevereiro. Agosto, chamado de mês

seco devido a diminuição na pluviosidade nesta região apresentou média de 53,6mg/L

de sedimentos. E foi verificado que no período chuvoso há uma maior

redisponibilização dos sedimentos do leito (figura 11).

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50

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

FEV ABR MAI AGO DEZ

Vazão M

édia

- m

3 p

or

segundo

0

200

400

600

800

1.000

1.200

Sedim

ento

s -

mg/L

Média (vazão) Teotônio (SD) Santo Antônio (SD) Porto Velho (SD)

Figura 11 - Comportamento do TSS em relação a vazão no rio Madeira, trecho entre a

Cachoeira de Teotônio e PVH.

É a partir destas características que os rios Madeira e Solimões são

responsáveis por aproximadamente 90 a 95% do sedimento transportado para o rio

Amazonas (CUNHA, 1998). No entanto, este autor cita ainda que o quantitativo de

sedimentos sofre variação em função das condições do local de coleta, a exemplo de

processos erosivos, seja este em razão de ações antrópicas ou ainda natural, o que

significa que ao longo deste canal fluvial podem ocorrer variações, conforme o local de

amostragem.

7.2. Análise comparativa de teores de Mercúrio em Sedimentos em Suspensão e do

leito área de estudo e em afluentes do rio Madeira

A análise comparativa dos teores de Hg em sedimentos foi realizada em

amostras do rio Madeira e alguns de seus afluentes (Abunã, Mutum-Paraná, Jacy-

Paraná, Beni e Mamoré) para verificar a influência destes em relação a área principal de

estudo. A análise de pontos à montante do trecho principal de estudo amplia o leque de

possibilidades de análise e pode ainda, indicar a contribuição de mercúrio de outros

ambientes através do transporte de sedimentos.

Na figura 12 apresentam-se os valores para os pontos acima mencionados e o

rio Madeira, para o qual consta a média de 33 amostras (que apresentou valor mínimo

de 37,01 e máximo de 86,84 g Hg.Kg-1), todos coletados à montante da Cachoeira de

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Teotônio. Em todos os pontos o teor de Hg em sedimentos em suspensão variou de 5,67

a 247,02 g Hg.Kg-1.

Figura 12 – Concentração de Hg em Sedimentos em suspensão (novembro de 2003).

Para sedimentos do leito, foram analisadas 22 amostras do rio Madeira (à

montante da Cachoeira de Teotônio) cujos teores oscilaram entre 24,14 e 87,73 g

Hg.Kg-1, com média de 48,91 g Hg.Kg-1. No entanto, o maior valor foi determinado no

rio Mutum-Paraná, que apresentou 124,13 g Hg.Kg-1 (figura 13).

Figura 13 – Concentração de Hg em Sedimentos do leito (novembro de 2003).

Foi observado que à montante da área de estudo as concentrações de Hg

determinado nos sedimentos em suspensão mostram-se como melhor indicador para

avaliar a dinâmica espacial deste metal em ambiente fluvial, onde a capacidade de

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transporte é mais eficiente. Esta característica não foi observada nos sedimentos do

leito. A diferença no quantitativo de Hg em amostras de sedimentos do leito e suspensão

chega a variar em 50%.

No trecho entre a cachoeira de Teotônio e a cidade de Porto Velho, no rio

Madeira, as concentrações de Hg em sedimentos do leito variaram entre 26 e 126

g.Kg-1, onde o maior valor foi determinado para o ponto localizado à jusante das

Cachoeiras, onde se concentram os barcos que chegam e saem da cidade de Porto Velho

(quadro 4). O fluxo hidroviário pode ser um mecanismo antrópico indireto de

redisposição do mercúrio adsorvido as partículas sólidas depositadas no leito do rio.

Pode, ainda, ser um indicativo de que o sedimento remobilizado no período chuvoso

esteja sendo depositado a jusante (conforme consta em literatura citada neste estudo).

Quanto aos sedimentos em suspensão, o intervalo foi de 38,88 a 177,53 g

Hg.Kg-1, ambos para a cachoeira de Teotônio. O valor mínimo ocorreu no mês de maio,

considerado mês de transição do período chuvoso para o seco. E o máximo ocorreu no

mês de agosto, propriamente o mês seco (quadro 4)

QUADRO 4 – Concentração de Mercúrio em Sedimentos do Leito e em

Suspensão. Trecho: cachoeira de Teotônio a cidade de Porto Velho – RO.

Mês de Coleta Código SD Leito

DP

Código SD

Suspensão

DP

dez/02 SDPV 5070 45,40 0,0223 AGPV 5073 71,43 -

dez/02 SDST 5071 76,50 0,0676 AGST 5074 56,05 -

dez/02 SDTE 5072 64,80 0,0195 AGTE 5075 65,64 -

fev/03 SDPV 5204 126,40 0,0186 AGPV 5201 76,68 -

fev/03 SDST 5205 70,00 0,0115

AGST 5202 67,07 -

fev/03 SDTE 5206 26,00 0,0025

AGTE 5203 67,17 -

abr/03 SDPV 5470 92,70 0,0025 AGPV 5467 94,40 -

abr/03 SDST 5471 44,00 0,0123 AGST 5468 94,45 -

abr/03 SDTE 5472 27,00 0,0052 AGTE 5469 89,88 -

ago/03 SDPV 5643 37,74 0,0141 AGPV 5646 108,25 0,0055

ago/03 SDST 5644 73,65 0,0494 AGST 5647 156,06 0,0250

ago/03 SDTE 5645 44,49 0,0305

AGTE 5648 177,53 0,0204

mai/04 SDPV 7140 34,98 0,0208 AGPV 7137 40,37 0,0018

mai/04 SDST 7139 54,94 0,0121 AGST 7136 38,88 0,0016

mai/04 SDTE 7138 93,77 0,0208 AGTE 7135 40,59 0,0054

Fonte: Laboratório de Biogeoquímica (2004)

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Na média geral o mercúrio nos sedimentos do rio Madeira, entre a Cachoeira

de Teotônio e a cidade de Porto Velho/RO, trecho principal de estudo, variou entre

51,96 até 74,13 g Hg.Kg-1 para sedimentos do leito depositado superficialmente e entre

39,94 até 147,28 g Hg.Kg-1 para sedimentos em suspensão. Estes valores

correspondem a média mensal do trecho acima mencionado (figura 14).

Figura 14 - Hg em sedimentos no rio Madeira.

Ainda na figura 14, observa-se que os teores de Hg equiparam-se para

sedimentos do leito e em suspensão. No entanto, no mês de agosto constata-se, para

sedimentos em suspensão, um valor muito acima do valor para sedimentos do leito

(figura 15). Algumas inferências podem ser feitas quanto este comportamento, o que, no

entanto, precisa de uma análise que envolva outros componentes ou parâmetros para

uma melhor avaliação.

Figura 15 - Comportamento do Hg em relação a vazão do rio Madeira.

62,23

64,37

74,13

70,3

54,56

92,91

61,23

39,94

51,96

147,28

0

20

40

60

80

100

120

140

160

g

.Kg

-1

dezembro fevereiro abril maio agosto

leito

suspensão

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Mas vejamos, conforme Melamed & Villas Boas (2002) o mercúrio tem como

característica uma orientação para adsorção às partículas de menor granulometria ou

fração fina, menor que < 0,45mm. E, conforme já citado, a bacia em estudo tem um

regime fluvial condicionado pela dinâmica pluvial da região. E, ainda, no período de

baixa vazão a velocidade do rio diminui, assim como sua capacidade de transporte, ou

seja, tende a ficar disponível em suspensão apenas as partículas com menor fração

granulométrica.

Ainda, Suguio (2003) destaca que as areias e cascalhos tendem a ser

transportados por arraste em função do peso e tamanho e as partículas argilosas e

sílticas em suspensão, devido a forma e peso destas.

Estas características, em primeiro momento indicam que esta diferença no

valor de Hg para sedimentos do leito e em suspensão pode está associada a estes

eventos. E que se faz necessário um estudo que envolva a análise granulométrica e

textural do sedimento.

Nesta mesma área Silveira (1998) desenvolveu estudo das concentrações de

mercúrio em sedimentos do leito na área das cachoeiras de Teotônio e Santo Antônio,

cujos resultados serão comparados aos deste estudo mais recente. O objetivo principal

desta comparação é fazer um retrospecto histórico da evolução e comportamento do Hg.

Neste estudo os resultados para mercúrio entre as Cachoeiras citadas variaram

entre 26 e 93,77 g Hg.Kg-1. Estes valores foram encontrados na Cachoeira de

Teotônio, nos meses de fevereiro e maio, respectivamente. No trabalho de Silveira o

quantitativo de Hg variou entre 36,5 e 135,7 g Hg.Kg-1 (figura 16).

0

20

40

60

80

100

120

140

160

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

N Amostral

g

/Kg

-1

Figura 16 - Mercúrio e Matéria Orgânica em Sedimentos do leito do rio Madeira, entre as

Cachoeiras de Teotônio e Santo Antônio (Silveira, 1998).

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Mas observa-se que não é identificado o mês de coleta e local exato de

amostragem. Através destes resultados observa-se que apesar da dinâmica fluvial da

região, os valores para mercúrio não sofrem grandes alterações. Isto, no entanto, pode

está associado a atividade garimpeira ainda presente na região (foto 7) a própria

característica do Hg, um metal pesado que não se degrada e tende a transformar-se

quimicamente quando em interação com outros elementos no ambiente.

Foto 7 - Imagem de dragas em atividade no rio Madeira

Foto: Laboratório de Biogeoquímica Ambiental, 2003.

Quanto a valores limite para concentração de Hg em sedimentos, não foi

identificado um valor de “background” para a região, porém, Jardim (1988) indica

como valor limite para solos e sedimentos 40 g Hg.Kg-1. Ao considerar este valor pode

ser observado que os valores médios para a região estão acima deste. O que, no entanto,

não pode ser entendido como contaminação do meio ambiente, pois é preciso que sejam

analisadas outras variáveis e outros ambientes na região para que possamos tentar

determinar um valor limite. Na figura 17 consta o resultado de 11 pontos onde foram

coletadas amostras de sedimento do leito no mês de novembro.

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Figura 17 - Mercúrio em Sedimentos do leito, rio Madeira (nov/2003).

7.3. Relação entre as concentrações de mercúrio e matéria orgânica

As figuras 18 e 19 representam o comportamento das concentrações de Hg e

Mo nos sedimentos em suspensão e do leito no rio Madeira, entre a cachoeira de

Teotônio e a cidade de Porto Velho - RO. Nestas pode ser observado que não há relação

destes elementos, apesar de os estudos que envolvam estas variáveis indicarem o

contrário.

A partir deste resultado podemos inferir que esta não-relação deve-se

principalmente a característica físico-química da bacia em questão. Este comportamento

pode, ainda, ser resultado da influência de outros elementos, a exemplo da textura, ou

seja, composição deste sedimento. Como exemplo da textura arenosa, que pode

influenciar a não adsorção de MO (Linhares et. al., 2005).

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y = -0,0138x + 9,0056

R2 = 0,018

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0 50 100 150 200

[Hg] g.Kg-1

MO

(m

g.L

)

Figura 18 – Concentração de Hg e MO nos sedimentos em suspensão no rio Madeira

y = 0,0156x + 0,851

R2 = 0,2358

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

0 20 40 60 80 100 120 140

[Hg] g.Kg-1

MO

(%

)

Figura 19 – Concentração de Hg e MO nos sedimentos do leito no rio Madeira

Este mesmo comportamento pode ser observado quando da comparação entre

os resultados de Silveira (1998), conforme figura 20, em dados referente as cachoeiras

de Teotônio e Santo Antônio.

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y = -0,0005x + 1,2216

R2 = 0,0018

n=18

0

0,5

1

1,5

2

0 25 50 75 100 125 150

Concentração de Mercúrio (g.Kg-1)

Maté

ria O

rgân

ica (

%)

Figura 20 - Concentração de Hg e MO nos sedimentos do leito no

rio Madeira (Silveira, 1998)

Por fim, neste trabalho destacamos, ainda, valores quanto a concentração de

mercúrio em rochas na região em estudo. Estes foram agrupados a partir de Silveira

(1998), onde os valores para Hg não ultrapassou 7,2 g Hg.Kg-1. Nesta região, em

particular, contrapondo a possibilidade de o Hg nesta região ser de origem natural, os

resultados indicam que este pode ser em sua maioria de origem antrópica, o que está

diretamente relacionado ao histórico da região (figura 21).

Figura 21 – Concentração de Hg em rochas entre as Cachoeiras de

Teotônio e Santo Antônio (SILVEIRA, 1998).

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8 - CONSIDERAÇÕES

Quando o governo pensou a ocupação da Amazônia, seja através dos projetos de

investimento para exploração mineral ou ainda, pelos diversos Projetos de

Assentamento na Região de Rondônia e criação de Reservas Garimpeiras, não planejou

o uso dos recursos naturais de forma a não resultar em efeitos negativos à população.

Durante o processo de recuperação de ouro, o auge do garimpo no rio Madeira, o

contingente que migrou para a região não tinha equipamentos redutores da dispersão do

mercúrio para o ambiente.

Um outro projeto, recente para a Amazônia e ainda não implementado, é a

construção de uma hidrelétrica no rio Madeira, o que traz à discussão os possíveis

impactos quanto a mobilidade de sedimentos, fluxo e transporte destes. Neste estudo

observa-se a necessidade de monitoramento das concentrações de mercúrio, em função

do represamento das águas, o que tende a reduzir a vazão à jusante do empreendimento,

podendo promover mudanças nas condições físico-químicas do meio. Principalmente

considerando que os maiores valores para Hg foram determinados no período seco.

A partir dos resultados deste estudo observou-se ainda que:

No período de chuva há menor quantitativo de Hg no sedimento em suspensão,

o que pode está relacionado ao aumento da vazão (que proporciona uma maior

diluição), ou ainda, ao tamanho das partículas, pois no período de vazante com a

diminuição da velocidade a capacidade de transporte também é reduzida. Neste período

tende a ficar suspensa somente as partículas de menor granulometria. Conforme a

literatura o Hg tende a ficar adsorvido as menores partículas.

No sedimento do leito (superficial) não foi observado relação com a vazão, no

entanto, os maiores valores dos três pontos principais, foi determinado no ponto

próximo ao bairro Cai N´água, na cidade de Porto Velho, onde há um movimento

constante de embarcações, o que pode redisponibilizar Hg.

Nos sedimentos do leito e suspensão não foi verificada relação entre Hg e MO,

opondo-se a trabalhos onde estes elementos apresentam relação. Entretanto, em trabalho

sobre solos no rio Madeira, realizado por nossa equipe, foi identificada esta relação, o

que pode ser um indício que esta relação pode ser influenciada pela dinâmica fluvial.

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Quanto aos maiores teores de mercúrio nos sedimentos em suspensão (247,02

g Hg.Kg-1) e do leito (124,13 g Hg.Kg-1) no rio Mutum Paraná, estes podem está

associado a atividade de manutenção de dragas, realizado nessa região.

E, ainda, que o estudo de mercúrio nos sedimentos requer uma avaliação da

granulometria e textura destes, assim como a relação com outros metais, para que sejam

feitas inferências do comportamento deste metal num ambiente geográfico tão dinâmico

e com peculiaridades que são características da Amazônia.

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