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Proponho como mensagem, neste mês da Auxiliadora, o texto da sétima pergunta feita a Bento XVI na entrevista de 22 de abril de 2011, quinta-feira santa. É também um forte apelo a nosso caminho em direção a Czestochowa. Santo Padre, a última pergunta é sobre Maria. Aos pés da cruz, assistimos a um diálogo comovedor entre Jesus, sua mãe e João, no qual Jesus diz a Maria: «Eis aí o teu Filho», e a João, «Eis aí a tua mãe». No seu último livro «Jesus de Nazaré», Vossa Santidade define-o «uma última ordem de Jesus». Como devemos entender estas palavras? Que significado tinham naquele momento e que significado têm hoje? E em termos de recomendação, tenciona renovar uma consagração à Virgem no início deste novo milénio? “Estas palavras de Jesus são sobretudo um gesto muito humano. Vemos Jesus como verdadeiro homem que faz um gesto humano, um gesto de amor pela mãe e confia a mãe ao jovem João para que tenha proteção. Uma mulher sozinha, no Oriente, naquele tempo, encontrava-se numa situação impossível. Confia a mãe a este jovem e ao jovem dá a mãe, portanto Jesus realmente age como homem com um sentimento profundamente humano. Isto parece-me muito belo, muito importante, que antes de qualquer teologia vemos nisto a verdadeira humanidade, o verdadeiro humanismo de Jesus. Mas naturalmente isto se realiza em diversas dimensões, não se refere só a este momento, mas diz respeito a toda a história. Em João Jesus confia todos nós, toda a Igreja, todos os discípulos futuros, à mãe e a mãe a nós. E isto realizou-se ao longo da história: cada vez mais a humanidade e os cristãos compreenderam que a mãe de Jesus é a sua mãe. E cada vez mais se recomendaram à Mãe: pensemos nos grandes santuários, pensemos nesta devoção a Maria onde o povo sente cada vez mais «Esta é a tua Mãe». E também alguns que quase têm dificuldade de acesso a Jesus na sua grandeza de Filho de Deus, se recomendam sem dificuldade à Mãe. Há quem diz: «Mas isto não tem fundamento bíblico!». Aqui responderia com São Gregório Magno: «Ao ler - diz ele - crescem as palavras da Escritura». Ou seja, desenvolvem-se na realidade, crescem, e cada vez mais na história se desenvolve esta Palavra. Vemos como todos podemos ser gratos porque a Mãe existe realmente, a todos nós é dada uma mãe. E podemos, com grande confiança, ir ter com esta Mãe, que é Mãe também para cada um dos cristãos. E por outro lado é válido de igual modo que a Mãe expressa também a Igreja. Não podemos ser cristãos sozinhos, com um cristianismo construído segundo a minha idéia. A Mãe é imagem da Igreja, da Mãe- Igreja, e confiando-nos a Maria devemos confiar-nos também à Igreja, viver a Igreja, ser a Igreja com Maria. E assim chego ao ponto da entrega: os Papas - quer Pio XII, quer Paulo VI, quer João Paulo II - fizeram um grande ato de entrega a Nossa Senhora e parece-me, como gesto diante da humanidade, diante de Maria, que era um gesto muito importante. Penso que agora seja importante interiorizar este aspecto, deixar penetrar, realizá-lo em nós mesmos. Neste sentido, fui a alguns grandes santuários marianos no mundo: Lourdes, Fátima, Czestochowa, Altötting..., sempre com este sentido de concretização, de interiorizar este ato de entrega, para que se torne realmente o nosso ato. Penso que o ato grande, público, tenha sido feito. Talvez um dia seja necessário repeti-lo, mas no momento parece-me mais importante vivê-lo, realizá-lo, entrar nesta entrega, para que seja realmente nossa. Por exemplo, em Fátima, vi como as milhares de pessoas presentes entraram realmente nesta entrega, se confiaram, concretizaram em si mesmas, para si mesmas, esta entrega. Assim ela torna-se realidade na Igreja viva e desta forma cresce também a Igreja. A entrega comum a Maria, o deixar-se todos penetrar por esta presença e formar, entrar em comunhão com Maria, torna-nos Igreja, juntamente com Maria, realmente esta esposa de Cristo. Por conseguinte, atualmente não tenho a intenção de um novo ato público de entrega, mas por isso mesmo gostaria de convidar a entrar nesta entrega já feita, para que seja realidade vivida por nós todos os dias e assim cresça uma Igreja realmente mariana, que é Mãe e Esposa e Filha de Jesus”. Façamos nossa, esta extraordinária mensagem do Santo Padre e vivamo-la em nossos grupos, em nossas famílias, na Família Salesiana, caminhando todos em direção à Virgem Negra de Czestochowa. Boa Festa de Maria Auxiliadora! Pe. Pier Luigi Cameroni Animador Espiritual Mensagem Mensal Mensagem Mensal Mensagem Mensal Mensagem Mensal n. 5- 2011 “Esta é a tua Mãe”. Entremos na entrega confiante! 24 de maio de 2011 24 de maio de 2011 24 de maio de 2011 24 de maio de 2011

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Proponho como mensagem, neste mês da Auxiliadora, o texto da sétima pergunta feita a Bento XVI na entrevista de 22 de abril de 2011, quinta-feira santa. É também um forte apelo a nosso caminho em direção a Czestochowa. Santo Padre, a última pergunta é sobre Maria. Aos pés da cruz, assistimos a um diálogo comovedor

entre Jesus, sua mãe e João, no qual Jesus diz a Maria: «Eis aí o teu Filho», e a João, «Eis aí a tua mãe». No seu último livro «Jesus de Nazaré», Vossa Santidade define-o «uma última ordem de Jesus». Como devemos entender estas palavras? Que significado tinham naquele momento e que significado têm hoje? E em termos de recomendação, tenciona renovar uma consagração à Virgem no início deste novo milénio?

“Estas palavras de Jesus são sobretudo um gesto muito humano. Vemos Jesus como verdadeiro homem que faz um gesto humano, um gesto de amor pela mãe e confia a mãe ao jovem João para

que tenha proteção. Uma mulher sozinha, no Oriente, naquele tempo, encontrava-se numa situação impossível. Confia a mãe a este jovem e ao jovem dá a mãe, portanto Jesus realmente age como homem com um sentimento profundamente humano. Isto parece-me muito belo, muito importante, que antes de qualquer teologia vemos nisto a verdadeira humanidade, o verdadeiro humanismo de Jesus. Mas naturalmente isto se realiza em diversas dimensões, não se refere só a este momento, mas diz respeito a toda a história. Em João Jesus confia todos nós, toda a Igreja, todos os discípulos futuros, à mãe e a mãe a nós. E isto realizou-se ao longo da história: cada vez mais a humanidade e os cristãos compreenderam que a mãe de Jesus é a sua mãe. E cada vez mais se recomendaram à Mãe: pensemos nos grandes santuários, pensemos nesta devoção a Maria onde o povo sente cada vez mais «Esta é a tua Mãe». E também alguns que quase têm dificuldade de acesso a Jesus na sua grandeza de Filho de Deus, se recomendam sem dificuldade à Mãe. Há quem diz: «Mas isto não tem fundamento bíblico!». Aqui responderia com São Gregório Magno: «Ao ler - diz ele - crescem as palavras da Escritura». Ou seja, desenvolvem-se na realidade, crescem, e cada vez mais na história se desenvolve esta Palavra. Vemos como todos podemos ser gratos porque a Mãe existe realmente, a todos nós é dada uma mãe. E podemos, com grande confiança, ir ter com esta Mãe, que é Mãe também para cada um dos cristãos. E por outro lado é válido de igual modo que a Mãe expressa também a Igreja. Não podemos ser cristãos sozinhos, com um cristianismo construído segundo a minha idéia. A Mãe é imagem da Igreja, da Mãe-Igreja, e confiando-nos a Maria devemos confiar-nos também à Igreja, viver a Igreja, ser a Igreja com Maria. E assim chego ao ponto da entrega: os Papas - quer Pio XII, quer Paulo VI, quer João Paulo II - fizeram um grande ato de entrega a Nossa Senhora e parece-me, como gesto diante da humanidade, diante de Maria, que era um gesto muito importante. Penso que agora seja importante interiorizar este aspecto, deixar penetrar, realizá-lo em nós mesmos. Neste sentido, fui a alguns grandes santuários marianos no mundo: Lourdes, Fátima, Czestochowa, Altötting..., sempre com este sentido de concretização, de interiorizar este ato de entrega, para que se torne realmente o nosso ato. Penso que o ato grande, público, tenha sido feito. Talvez um dia seja necessário repeti-lo, mas no momento parece-me mais importante vivê-lo, realizá-lo, entrar nesta entrega, para que seja realmente nossa. Por exemplo, em Fátima, vi como as milhares de pessoas presentes entraram realmente nesta entrega, se confiaram, concretizaram em si mesmas, para si mesmas, esta entrega. Assim ela torna-se realidade na Igreja viva e desta forma cresce também a Igreja. A entrega comum a Maria, o deixar-se todos penetrar por esta presença e formar, entrar em comunhão com Maria, torna-nos Igreja, juntamente com Maria, realmente esta esposa de Cristo. Por conseguinte, atualmente não tenho a intenção de um novo ato público de entrega, mas por isso mesmo gostaria de convidar a entrar nesta entrega já feita, para que seja realidade vivida por nós todos os dias e assim cresça uma Igreja realmente mariana, que é Mãe e Esposa e Filha de Jesus”. Façamos nossa, esta extraordinária mensagem do Santo Padre e vivamo-la em nossos grupos, em nossas famílias, na Família Salesiana, caminhando todos em direção à Virgem Negra de Czestochowa. Boa Festa de Maria Auxiliadora!

Pe. Pier Luigi Cameroni Animador Espiritual

Mensagem MensalMensagem MensalMensagem MensalMensagem Mensal

n. 5- 2011

“Esta é a tua Mãe”. Entremos na entrega confiante! 24 de maio de 201124 de maio de 201124 de maio de 201124 de maio de 2011

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Entregar-se com confiança a Maria é encontrar auxílio e proteção nos perigos e nas necessidades da vida e da fé (cf. LG 66). Seu título de “Auxiliadora” reflete a consciência de que os crentes têm considerado desde o início que Maria é u'a mãe terna e muito enérgica. Entre as mais antigas orações dedicadas a Nossa Senhora, há uma conhecida como Sub tuum presidium (século III), que Dom Bosco rezava reportando-a imediatamente à Auxiliadora: Sob a vossa proteção nos refugiamos ó Santa Mãe de Deus: não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita. A Auxiliadora é aquela que defende maternalmente a Igreja e os cristãos, do inimigo, com aquela solicitude e aquele vigor que fazem dela a mulher bela e terrível dos Cânticos dos Cânticos: Quem é esta que avança como a aurora,

formosa como a lua, brilhante como o sol, e terrível como um exército em ordem de batalha? (Ct.6,10). Algo notável: Deus colocou a defesa de seus filhos sob o signo de uma mulher. Notável, mas também compreensível: a força de Deus está na ordem do amor, e o amor na ordem da humildade. Por isto Deus colocou inimizade entre a Mulher e a serpente, e será ela que lhe “esmagará a sua cabeça” (Gn 3,15). O povo de Deus se volta a Maria com plena confiança, bem expressa nas orações da Auxiliadora: Deus, que em Maria, Mãe do teu Filho, colocou o sinal de nossa defesa e de nosso auxílio, concede ao povo cristão sempre viver sob a sua proteção e de gozar de uma paz indestrutível. Faça ó Senhor que a tua Igreja tenha sempre a força de superar com paciência e vencer com amor, todas as provas internas e externas, para que possa revelar ao mundo, o mistério de Cristo. Confiar-se a Maria é a melhor maneira de aumentar a inteligência espiritual e a coragem de testemunhas dos verdadeiros discípulos do Senhor, segundo o que é dito no Evangelho por Jesus Bom Pastor e segundo o que observa profundamente Grignion de Montfort a respeito dos filhos de Maria. Deus não constituíu apenas uma inimizade, mas as inimizades; uma entre Maria e o demônio, a outra entre a linhagem de Nossa Senhora e a linhagem do demônio. Em outras palavras, Deus colocou inimizades, antipatias e ódios secretos entre os verdadeiros filhos e servos de Nossa Senhora e os filhos e escravos do demônio. Não se amam entre eles, não há entendimento entre eles! 1. A AUXILIADORA COMO EDUCADORA DA FÉ A Auxiliadora é reconhecida pela Igreja como a Nossa Senhora dos tempos difíceis, tempos nos quais a Igreja é atacada enquanto Igreja, nos quais os cristãos são perseguidos, porque falam de Deus com franqueza, porque testemunham que Jesus é o Senhor, porque contestam as idéias atuais tornando-se um sinal de contradição. A missão materna da Virgem Santíssima exorta o Povo de Deus a se voltar àquela que está sempre pronta para ouví-lo com afeto de Mãe e com eficaz socorro de Auxiliadora. Por isso, é normal invocá-la como Consoladora dos aflitos, Saúde dos enfermos, Refúgio dos pecadores, para se ter consolo nas tribulações, alívio nas doenças, força libertadora na culpa; porque ela, que é livre do pecado, a isto conduz os seus filhos: a debelar com enérgica resolução, o pecado. E tal libertação do pecado e do mal (cf. Mt 6,13) é – é preciso reafirmá-lo – a premissa necessária para cada renovação da vida cristã (MC 57). É-nos pedido para crermos firmemente na presença e no socorro da Auxiliadora: é um dom de consolação e de conforto, de proteção e de coragem que vem de Deus! Na oração eucarística da Missa de Maria Auxiliadora se diz assim: Tu destes a Imaculada Virgem Maria, mãe do teu Filho, como auxiliadora e mãe do povo cristão, para que enfrente destemido o bom combate da fé, e firmemente amparado pelos Apóstolos, proceda com segurança entre as tempestades do mundo, até encontrar a perfeita alegria na pátria celeste. Dom Bosco já havia compreendido em seu tempo, aquilo que vemos hoje com mais clareza, que as forças do mal, através da difusão de opiniões errôneas e de práticas irreligiosas, principalmente através da ditadura antes do racionalismo e agora do relativismo, estão desencadeando um ataque direto e inédito à Igreja e aos dogmas de fé, diante dos quais os fiéis sozinhos se sentem indefesos. O pensamento de Dom Bosco é que a primeira ação da Auxiliadora diante desta onda de secularismo está no defender os direitos de Deus, no proteger a Igreja, no promover a autenticidade da doutrina da fé e no cuidar da pureza dos corações cristãos. O que é hoje ainda mais necessário e urgente do que era no passado. Porque, caso contrário, poderia distorcer, inclusive, as obras de caridade. Consideremos a profunda analogia entre as palavras de Dom Bosco e a recente intervenção em defesa do Papa, feita por Dom Crepaldi, Secretário do Pontifício Conselho pela justiça e a paz: A necessidade universal de

Rumo a Czestochowa 9. Maria é a Auxiliadora dos Cristãos (Pe. Roberto Carelli)

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invocar Nossa Senhora hoje, não é particular, mas geral, não se trata apenas de animar os tíbios, converter os pecadores, preservar os inocentes. Tudo isto é sempre útil em todo lugar, para toda a gente. Mas hoje é a própria Igreja Católica que é atacada. É atacada nas suas funções, nas suas instituições sacras, no seu chefe, nas sua doutrina, na sua disciplina; é atacada como Igreja Católica, como centro da verdade, como mestra de todos os fiéis... A Virgem Santíssima nos ajude a vivermos todos unidos à doutrina e à fé, do qual é cabeça, o Romano Pontífice, Vigário de Jesus Cristo, e nos obtenha a graça de perseverarmos no santo divino serviço na terra, para podermos, depois, um dia, chegarmos ao reino da glória no céu . Às perseguições de tantos cristãos, literalmente crucificados em várias partes do mundo, às muitas tentativas de erradicar o cristianismo em uma sociedade, um tempo cristão com uma violência devastadora em termos legislativos, educativos e dos costumes, se une há tempos uma fúria contra o Papa Bento XVI, cuja grandeza providencial está clara a todos. A estes ataques fazem eco muitos que não escutam o Papa, também entre os eclesiásticos, professores de teologia, sacerdotes e leigos. Estes não acusam abertamente o Pontífice, mas não escutam os seus ensinamentos, não lêem os documentos de seu magistério, escrevem e falam, apoiando exatamente o contrário de tudo o que ele diz, dão vida a iniciativas pastorais e culturais em aberta divergência a tudo o que ele ensina. A situação é grave, porque esta lacuna entre os fiéis que escutam o Papa e aqueles que não o escutam se difunde por todos os lugares, até nos seminários diocesanos e institutos de ciências religiosas, e anima duas pastorais muito diferentes, quase expressões de duas igrejas diferentes, provocando incerteza e perda em muitos fiéis3. 2. A AUXILIADORA COMO EDUCADORA DA GRAÇA O dom de Maria traz consigo uma identidade educativa, “a delicadíssima tarefa de ser 'educadora da Graça', ou seja, de saber anunciar e fazer crescer no mistério de Cristo e da vida no seu Espírito, os jovens de hoje” . Na verdade, a sensibilidade salesiana, inspirada na doçura e na força da Auxiliadora, conduz a se viver e aprofundar uma espiritualidade e uma pedagogia preventiva, caracterizada por uma dupla atenção: por um lado, a da força do bem e da bondade do homem, por outro lado, a da fragilidade do bem e da fraqueza do homem. Em primeiro lugar, Maria nos é Auxiliadora, antes de tudo porque foi e sempre será, também como Mãe e Rainha, a criatura mais humilde, que esquece de si mesma e fica totalmente atenta a Deus! Sem humildade ninguém suporta a sua cruz e nem há espaço para a alegria: quem não é humilde é preocupado consigo mesmo, com o próprio sucesso e com a opinião dos outros com suas próprias culpas e própria santidade. Sem humildade não há caridade: a alma não se ocupa totalmente de Deus, não deseja que seja feita a vontade de Deus mais do que qualquer outra coisa, não tem coragem de viver a missão recebida por Deus. Sem humildade, falta aquela despreocupação, aquela franqueza e aquela energia que são necessárias para servir o Senhor, e que brilham de maneira exemplar na vida dos santos e na fecundidade de suas obras. Grignion de Montfort explica que Maria ajuda a percorrer todos os graus de humildade: A humilde Virgem te fará partícipe de sua humildade profunda, assim te desprezará, não desprezará ninguém e gostará de ser desprezado. Em segundo lugar, a Auxiliadora faz de tudo para nos fazer crescer em uma fé viva e verdadeira, e com obras. Só Deus sabe o quanto é ameaçada a fé dos jovens, que obstáculos insidiosos são colocados diante deles, quanta angústia e impotência vivem os pais e educadores. Sempre segundo Montfort: A Virgem Santíssima te fará partícipe de sua fé: uma fé que vence, aqui, aquela dos patriarcas, dos profetas, dos apóstolos e dos santos... uma fé pura, na qual não se preocupa muito com o que é sensível e extraordinário. Uma fé viva e animada pela caridade, que te faz agir só por puro amor. Uma fé firme e inabalável como a rocha, que te faz permanecer firme e constante em meios a furacões e tempestades. Uma fé ativa e penetrante que, como misteriosa chave polivalente, te permite entrar em todos os mistérios de Jesus Cristo, na finalidade do homem e no coração do próprio Deus. Uma fé corajosa que te faz ter e levar a termo, grandes coisas para Deus e para a salvação das almas. Em terceiro lugar, Maria é Auxiliadora porque nos socorre em todas as nossas necessidades com o coração de Mãe: compreende o que trazemos em nossos corações, conhece o nosso verdadeiro bem, vem ativamente em nosso socorro. Há uma página de Pe. Livio Fangaza, bastante incentivadora: Não compreenderemos a maternidade de Maria em nossos confrontos se não a reconhecermos nos momentos da prova. Qualquer que seja este momento, ela nos espera para confortar, para nos encorajar e sobretudo para nos ajudar a levar o nosso fardo, sem ficarmos oprimidos. Aquele que se entrega com confiança a Maria não caminha sozinho ao longo das estradas intransitáveis da vida. A Mãe nos acompanha de mãos dadas. Os nossos problemas, as nossas angústias, as nossas dificuldades e os nossos medos lhe pertencem. Tudo o que diz respeito a nós, lhe interessa diretamente e ela o leva a sério. Estes cuidados maternos não devem nos surpreender se tivermos confiança incondicional em Nossa Senhora, e é isto o

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que ela espera de seus filhos. Infelizmente, poucos têm esta atitude de abandono filial, e em vez disso, apresentam à Mãe, as suas aflições,retendo-as e aumentando-as até o desespero. Praticar a entrega confiante significa compreender a difícil arte de colocar no coração de Nossa Senhora tudo aquilo que nos preocupa e aflige. Nada deve ser excluído. Confiemos a ela os problemas, as dificuldades, os medos e todas as cruzes. Não nos esqueçamos nem mesmo dos pequenos aborrecimentos de cada dia, que a gente considera que pode resolver sozinho. Confiemos ao seu coração, também as preocupações materiais do dia-a-dia, a Mãe toma tudo para si. Não tenhamos vergonha de lhe entregar toda preocupação. Nossa Senhora escuta e entende como nenhuma outra mãe poderia fazê-lo. A partir do momento em que podemos confiar uma preocupação a Maria, tomamos consciência de que nos sentimos mais aliviados; que o peso não é assim tão esmagador porque um resto de esperança surge onde antes só havia trevas... Em quarto lugar, a Auxiliadora nos ajuda como nenhuma outra criatura a conseguir vitória em toda tentação, lá onde a nossa inexperiência, ingenuidade, fragilidade e descaminhos são maiores, e onde há a necessidade, em primeiro lugar, de u'a Mãe prudente e protetora. Grignion de Montfort disse acertadamente que A maior inimiga do diabo criada por Deus é Maria, a sua santa Mãe. Desde o paraíso terrestre – embora ela não existisse ainda a não ser em sua mente - o Senhor lhe inspirou tanto ódio naquele amaldiçoado inimigo de Deus, e lhe deu tanta habilidade para descobrir a malícia daquela antiga serpente, tanta força para vencer, abater e esmagar aquele ímpio orgulhoso, que o demônio a teme, mais do que teme todos os anjos e homens, e não só isto, mas de certo modo até, mais do que teme o próprio Deus . Para vencer as tentações é preciso a graça, mas para se obter a graça é preciso o auxílio de Maria. As tentações são, assim, tão insidiosas que às vezes não as percebemos e dificilmente sabemos como enfrentá-las: apresentam-se, de forma trivial, geralmente sob a forma do bem, mas apontam diretamente ao nosso mal, à nossa ruína eterna. Portanto, explica Pe. Livio Fanzaga, Quando a tentação enfurece, nada resta senão invocar Maria, se não quer permanecer oprimido. A Mãe amorosa vem depressa em nosso auxílio, obtendo do coração de Jesus, as graças das quais temos necessidade para sairmos vitoriosos. Ela conhece melhor que nós, a gravidade da situação e a maldade daquele que está nos seduzindo com as suas lisonjas. Toda tentação tem uma intensidade e uma duração que jamais é superior às nossas forças e às graças que Deus concede para superá-las. Neste período de tempo que lhe é concedido tenta nos conduzir ao rendimento, fazendo crer que é impossível resistir ao mal. Seu poder de sugestão é tal que facilmente desistiríamos se não tivéssemos um forte apoio no qual nos segurar... Se nos entregarmos com confiança à Nossa Senhora, ela nos ajudará a evitar as tentações ou a enfrentá-las, não como um soldado que ignora que está para cair numa emboscada, mas como combatente corajoso que descobrira o inimigo. Maria vê as armadilhas que a serpente está prestes a empreender e sem o nosso conhecimento, nos prepara espiritualmente, pedindo que rezemos, infundindo-nos a luz do discernimento e a força da decisão . Finalmente, a Auxiliadora nos ajuda a enfrentar de maneira cristã, o momento decisivo da morte, onde a nossa necessidade de ajuda, conforto e proteção é muito maior. Invocada inumeráveis vezes, tantas vezes quantas são as Ave Marias que rezamos no decorrer de nossa vida, ela estará certamente presente nesta hora. Todos os grandes mestres espirituais ensinaram a viver na perspectiva da morte, como encontro com o Senhor. E Dom Bosco fazia com que os seus rapazes vivessem os retiros espirituais como “exercícios da boa morte”. Para o cristão, a morte não vai exorcizada, mas preparada, e a confiança em Maria faz parte desta preparação. PARA A ORAÇÃO E E A VIDA Meditamos na Auxiliadora como educadora da fé e da graça. 1. Minha fé é autêntica, forte, fervorosa ? É alimentada nas fontes seguras da Palavra de Deus e do Magistério da Igreja e do Papa? Ou é cruzada por crenças errôneas e perigosas? Como cresço na vida da graça? Como luto contra o orgulho? Como enfrento as tentações? Nas provações da vida, como confio? O que penso da morte, e como eu penso sobre a vida eterna? Invoquemos a poderosa ajuda da Auxiliadora para que a fé seja anunciada com integridade e coragem. Peçamos que não se apague nem esmoreça, a fé no coração dos crentes. Confiemos a Maria todo o trabalho de evangelização e de educação, que, como Família Salesiana somos chamados a viver, em tempo de forte secularização e de urgência educativa.

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João Paulo II e a sua entrega confiante à Auxiliadora, Mãe da Igreja

A vida do Beato João Paulo II testemunha a verdade de sua insígnia e de seu lema: todo de Maria, para ser todo de Jesus. Com Maria aos pés da cruz, para ser com Maria, verdadeiro discípulo e apóstolo apaixonado de Jesus Cristo e servo fiel e generoso na Igreja. O próprio Papa contou uma vez aos salesianos, logo depois da eleição como Sumo Pontífice, que sua última visita a um santuário mariano antes de sua eleição como Papa, em setembro de 1978, foi exatamente na Basílica de Maria Auxiliadora em Valdocco, quando voltando de Roma, indo a Varsóvia, depois do início do Pontificado de João Paulo I, veio a Turim, rezou diante do Santo Sudário, na exposição jubilar daquele ano de 1978, e depois fez uma parada para rezar diante da Auxiliadora, nesta Basílica, e aí, rezou sozinho, demoradamente, a Via Sacra. Em duas ocasiões veio como Papa, visitar os lugares da tradição e da santidade salesiana de Turim e do Piemonte: em abril de 1980 e no centenário da morte de Dom Bosco, em 1988. Em especial, são de estraordinária relevância, três Angelus do Papa João Paulo II, pronunciados no decurso do ano de 1988, Ano Mariano e ano jubilar da morte de Dom Bosco, Angelus estes que ilustram o significado e a importância da devoção a Maria Auxiliadora para Dom Bosco, para a Família Salesiana e para toda a Igreja. Transcrevemos o de 31 de janeiro de 1988: “1.Em nossa peregrinação a santuários de Maria, hoje fomos com o pensamento a Turim, à Basílica de Maria Auxiliadora. Fazemo-lo com uma intenção específica muito cara ao meu coração: De fato, este Santuário é um monumento à Nossa Senhora, construído por São João Bosco, cujo primeiro centenário de morte recordamos hoje . Dom Bosco, como é carinhosamente conhecido em todo o mundo, não só pela grande Família Salesiana, da qual é fundador, venerou, amou, imitou profundamente Nossa Senhora, sob o título de “Auxilium Christianorum” repetidamente difundiu a sua devoção, fundamento de toda a sua obra já no mundo todo, em favor da juventude e da promoção e defesa da fé. Ele gostava de dizer que "a própria Maria construiu a sua casa", como salientando que a Nossa Senhora tinha milagrosamente inspirado todo o seu caminho espiritual e apostólico de grande educador e, ainda mais amplamente, como Maria tinha sido colocada por Deus como auxílio e defesa de toda a Igreja. 2.Eu tenho gravado na minha memória o grande quadro colocado sobre o altar-mor do Santuário. Nele Dom Bosco quis expressar a visão que ele tinha, do papel eclesial de nossa Senhora, de ser "Mãe da Igreja e Auxílio dos cristãos" (cf. “Maravigile della Madre di Dio invocata sotto il titolo di Maria Ausiliatrice”, Turim 1868, pág. 6). Na pintura, a Virgem Santíssima se destaca no alto, iluminada pelo Espírito Santo, rodeada pelos Apóstolos. O Santo pedira ao artista Lorenzone, que fossem reproduzidos em torno dela, os momentos mais significativos da história, nos quais a Auxiliadora havia mostrado a sua materna e extraordinária proteção diante da Igreja. O artista disse que precisaria de todas as paredes do templo, e ainda assim não conseguiria captar em imagens a grandiosa proposta de Dom Bosco. De qualquer forma, o coração do santo, via Nossa Senhora realmente nesta dimensão e perspectiva eclesial. 3.Sabemos bem que a veneração de Maria Auxiliadora, é anterior à seu grande devoto Dom Bosco; o título está na Ladainha de Loreto e destaca a presença ativa de Maria nos momentos difíceis da história da Igreja: presença da salvação inesperada, sinal prodigioso do infalível apoio do Espírito de verdade e de graça. Hoje, quando a fé é posta à prova, e vários filhos e filhas do Povo de Deus são expostos a dificuldades por causa da sua fidelidade ao Senhor Jesus, quando a humanidade, no seu caminho para o Grande Jubileu de dois mil, mostra uma grave crise de valores espirituais, a Igreja sente a necessidade da intervenção maternal de Maria: para reforçar a sua adesão ao único Senhor e Salvador, para continuar com a espontaneidade e a coragem das origens cristãs, para iluminar e guiar a fé da comunidade e dos fiéis individualmente, em particular para educar no sentido cristão da vida, os jovens, aos quais Dom Bosco deu tudo de si como pai e mestre... "Maria Auxilium Christianorum, ora pro nobis”.

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Crônica da família

VENEZUELA – Acompanhamos de perto todas as publicações em espanhol, da ADMA on line e as difundimos a nível nacional. No sábado, 9 de abril de 2011, organizamos o Retiro Quaresmal com o tema “ Vem e vede: como assimilar e promover uma cultura vocacional por parte da ADMA”, segundo o auxílio que nos foi dado por nosso animador, Pe. Luis Azzalini, à luz da Estréia do Reitor-Mor e do que é dito no artigo 14 de nosso Regulamento. O dia foi dirigido e animado por Pe. Robert Senior, Diretor da Escola Técnica Dom Bosco de Boleíta (Caracas). Participaram do Retiro, os associados dos seguintes grupos: La Dolorita, La Vega, Boleíta, Sarría, e Los Teques (Pão de Açúcar e El Vigia). Também, enviamos uma comunicação a todos os outros grupos da Venezuela, convidando-os a organizarem o Retiro Quaresmal com o mesmo tema, para assim, trabalharmos em sintonia (Ingrid González de Gómez – Presidente).

O Boletim pode ser lido nos seguintes sites:

www.admadonbosco.org/index.php?lang=pt

y: www.donbosco-torino.it/

Para posteriores comunicações podem se dirigir ao seguinte endereço eletrônico: [email protected]

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PANAMÁ – Prosseguimos o nosso programa de formação para 2011. Além dos temas do Congresso, de maneira simples, adicionamos ainda novos temas, com a idéia de que todos caminhamos na mesma direção. Devo comunicar-lhes, com alegria, que um dos participantes de nosso grupo de formação entrou para o Seminário Nacional, e esperamos que o Senhor o acompanhe de modo a poder ser luz a todos aqueles que estiverem em seu caminho. Também entre as nossas atividades quaresmais, tivemos um Retiro, com a animação de Pe. Carlos, onde foi lida a Palavra através da Lectio Divina, a meditação, o exercício do silêncio, a reza do Terço, e para encerrar, a Eucaristia. Foram momentos de alegria, de fraternidade e de grande concentração. O nosso Presidente Nacional da ADMA e sua esposa Ivette, estão vivendo momentos muito especiais porque no dia 19 de abril nasceu o primeiro filho do casal, após 10 anos de espera. O bom é que é um filho desejado e pedido a Dom Bosco por vários anos, e foi durante a visita da urna de Dom Bosco no Panamá que aconteceu o grande milagre. O grupo todo se reuniu para demonstrar a felicidade pelo ocorrido (num Chá de Bebê) , ofertando aos novos papais carrinho de assento de carro para o novo cristão, que se chamará João de Deus. Para o Mês de Maio, como atividade da ADMA, estamos preparando a entronização da imagem de Nossa Senhora Auxiliadora no Hospital “24 de Dezembro”, que acabou de ser inaugurado. Preparamo-nos com imagens, placas comemorativas, brochuras sobre a história de Nossa Senhora, porque se trata de um novo bairro, de pessoas de poucos recursos e queremos que elas conheçam Nossa Senhora e se tornem devotos como nós. A imagem que doamos tem mais que 90 anos, e tem passado de geração a geração na família Mayroa, onde foi sempre muito valorizada e amada, mas decidiram doá-la a fim de difundirem a sua devoção. São todos, acontecimentos de grande comunhão com Jesus e Maria (Xiomara).

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DON SEBASTIANO VIOTTI

(*Rivalta Bormida (AL) 25/07/1921† Torino 09/05/2011)

Deus chamou a si, no dia 9 de maio, o P. Sebastiano VIOTTI.

Tinha 89 anos de idade, 71 de profissão e 60 de sacerdócio. O P.

Viotti fora, de 1988 a 2007, o animador espiritual da ADMA

Primária, desenvolvendo, com grande empenho, a animação e a

difusão da devoção a Nossa Senhora Auxiliadora em todo o

mundo.

Confiamo-lo a Maria e rezamos por ele.

(Dele faremos memória especial no próximo número.)