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27/01/04 00 SINAPSE Menor é melhor ANTÔNIO GOIS da Folha de S.Paulo, no Rio Melhor prevenir que remediar. Como qualquer boa mãe sabe, e a ciência não cansa de demonstrar, a formação da pessoa começa a ser desenhada nas suas primeiras experiências de vida. Depois de anos de descaso, comprovados por indicadores sociais, e de muito trabalho e dinheiro gastos em operações do tipo "remediar", uma mobilização que envolve vários setores da sociedade tenta fazer com que a primeira infância seja, de verdade, uma prioridade no Brasil. Já que a ONU escolheu 2004 para ser dedicado à família, representantes de ONGs, da Justiça e dos governos federal, estaduais e municipais montam uma rede de proteção à criança brasileira de zero a seis anos. O primeiro objetivo dessa rede é capacitar neste ano 10 milhões de famílias para que aprendam a cuidar melhor de seus filhos. O esforço para colocar essa faixa etária no foco das políticas públicas está referendado em pesquisas científicas. Estudos mostram que a atenção dada à criança nesse começo da vida é muito mais importante para seu desenvolvimento do que se imaginava até a década de 80. Essa nova rede de proteção também se espelha em iniciativas adotadas em Cuba, no México, nos Estados Unidos e no Canadá. "O programa se inspirou nesses países para focalizar a família. A forma de atuação, no entanto, foi idealizada a partir de experiências já existentes no Brasil, como os programas de saúde da família e o trabalho da Pastoral da Criança", afirma Halim Girade, oficial de projetos do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), instituição que lidera o trabalho, apoiado pelo MEC (Ministério da Educação), a Fundação Orsa, a Unesco e a Sociedade Brasileira de Pediatria. As famílias e os agentes que irão treiná-las receberão calendários e cartilhas com informações sobre como tratar crianças de até seis anos. A distribuição do material e a disseminação de seu conteúdo terão o apoio de agentes comunitários de saúde, médicos e enfermeiros de programas de saúde da família e possivelmente de voluntários da Pastoral da Criança. "Estamos construindo esse material para que os pais saibam como interagir com as crianças. Uma criança que percebe que é desejada tem melhores condições de reagir bem às adversidades e de ser um cidadão mais integrado à sociedade, com mais possibilidade de sucesso", diz Girade, que atua na área de saúde e desenvolvimento infantil no Brasil. A necessidade de políticas públicas que priorizem a população até seis anos fica evidente quando se analisam alguns indicadores sociais. Na área de educação, o país tem uma estrutura de creches e pré- escolas que, na maioria dos municípios, não responde à demanda. Quando responde em quantidade de vagas, tem sua qualidade discutida —há especialistas que classificam as creches como "depósitos" de crianças. Na visão de Maria Malta Campos, 63, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas e professora de pós-graduação em educação na PUC-SP, há no Brasil um descompasso entre as conquistas na legislação e a política de financiamento à educação. "Enquanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação e a própria Constituição consagram todo o ensino básico como prioritário, a prioridade, em verbas, vem sendo dada apenas ao ensino fundamental, e aqui se trata de uma prioridade entendida como exclusividade", critica. Na fase conhecida como "janela de oportunidades", as competências se organizam De acordo com essa educadora, que participa do Movimento Interfóruns de Educação Infantil, há uma grande demanda reprimida por Continua

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27/01/04 00 SINAPSE

Menor é melhor

ANTÔNIO GOISda Folha de S.Paulo, no Rio

Melhor prevenir que remediar.Como qualquer boa mãe sabe, e aciência não cansa de demonstrar, aformação da pessoa começa a serdesenhada nas suas primeirasexperiências de vida.

Depois de anos de descaso,comprovados por indicadoressociais, e de muito trabalho e dinheirogastos em operações do tipo"remediar", uma mobilização queenvolve vários setores da sociedadetenta fazer com que a primeirainfância seja, de verdade, umaprioridade no Brasil.

Já que a ONU escolheu 2004para ser dedicado à família,representantes de ONGs, da Justiçae dos governos federal, estaduais emunicipais montam uma rede deproteção à criança brasileira de zeroa seis anos. O primeiro objetivodessa rede é capacitar neste ano 10milhões de famílias para queaprendam a cuidar melhor de seusfilhos.

O esforço para colocar essa faixaetária no foco das políticas públicasestá referendado em pesquisascientíficas. Estudos mostram que aatenção dada à criança nessecomeço da vida é muito maisimportante para seudesenvolvimento do que seimaginava até a década de 80.

Essa nova rede de proteçãotambém se espelha em iniciativasadotadas em Cuba, no México, nosEstados Unidos e no Canadá. "Oprograma se inspirou nesses paísespara focalizar a família. A forma deatuação, no entanto, foi idealizada apartir de experiências já existentes noBrasil, como os programas de saúdeda família e o trabalho da Pastoralda Criança", afirma Halim Girade,oficial de projetos do Unicef (Fundodas Nações Unidas para a Infância),instituição que lidera o trabalho,apoiado pelo MEC (Ministério daEducação), a Fundação Orsa, aUnesco e a Sociedade Brasileira dePediatria.

As famílias e os agentes que irãotreiná-las receberão calendários ecartilhas com informações sobrecomo tratar crianças de até seis anos.A distribuição do material e adisseminação de seu conteúdo terãoo apoio de agentes comunitários desaúde, médicos e enfermeiros deprogramas de saúde da família epossivelmente de voluntários daPastoral da Criança.

"Estamos construindo essematerial para que os pais saibamcomo interagir com as crianças. Umacriança que percebe que é desejadatem melhores condições de reagirbem às adversidades e de ser umcidadão mais integrado à sociedade,com mais possibilidade de sucesso",diz Girade, que atua na área de saúdee desenvolvimento infantil no Brasil.

A necessidade de políticaspúblicas que priorizem a populaçãoaté seis anos fica evidente quando seanalisam alguns indicadores sociais.

Na área de educação, o país temuma estrutura de creches e pré-escolas que, na maioria dosmunicípios, não responde àdemanda. Quando responde emquantidade de vagas, tem suaqualidade discutida —háespecialistas que classificam ascreches como "depósitos" decrianças.

Na visão de Maria MaltaCampos, 63, pesquisadora daFundação Carlos Chagas eprofessora de pós-graduação emeducação na PUC-SP, há no Brasilum descompasso entre as conquistasna legislação e a política definanciamento à educação. "Enquantoa Lei de Diretrizes e Bases daEducação e a própria Constituiçãoconsagram todo o ensino básicocomo prioritário, a prioridade, emverbas, vem sendo dada apenas aoensino fundamental, e aqui se tratade uma prioridade entendida comoexclusividade", critica.

Na fase conhecida como "janelade oportunidades", as competênciasse organizam

De acordo com essa educadora,que participa do MovimentoInterfóruns de Educação Infantil, háuma grande demanda reprimida por

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creches e pré-escolas. "As criançasmais pobres são justamente as maismal atendidas: em vez de compensaras desigualdades sociais, creches eescolas reforçam essas diferenças, oque é muito triste, especialmentenessa faixa de idade decisiva, quandoa criança é uma 'esponja' capaz deabsorver tudo. Aí, o sistema públicosó vai pegá-la na primeira série,quando já estará marcada por tantasoportunidades perdidas deaprendizado."

Segundo o Censo 2000 doIBGE, apenas 10,6% das criançasde zero a três anos estavam naescola em 2000. O Plano Nacionalde Educação, aprovado peloCongresso em 2001, estabelececomo meta chegar a 2011 com 50%dessa população atendida emcreches.

Um estudo feito pelo MECmostrou que, para atingir essa metacom qualidade, o gasto público emcreches teria de aumentar 1.088%até 2011, passando do patamar atualde R$ 898 milhões para R$ 10,7bilhões.

Mas o aumento da oferta nãopode ser dissociado das discussõessobre qualidade. O Censo Escolardo MEC de 2003 mostra que amaior parte dos professores (69%)sem nível superior trabalha em pré-escolas, com alunos entre quatro eseis anos.

"O professor com melhorqualificação deve ser aquele quetrabalha com a criança menor.Quanto menor, mais vulnerável é essacriança e mais sofrerá o impacto

negativo ou positivo dos adultos quese relacionam com ela", afirma oconsultor em educação infantil VitalDidonet, ex-presidente da Omep(Organização Mundial para aEducação Pré-Escolar).

Regina de Assis, doutora emeducação infantil pela Universidadede Columbia e ex-secretáriamunicipal de Educação do Rio,concorda: "Não adianta colocarsenhoras de boa vontade e mocinhasvoluntárias nas creches se elas nãotêm conhecimento das pesquisas quemostram a complexidade dosprocessos cognitivos, lingüísticos eemocionais nessa etapa da vida. Ouo Brasil toma vergonha e assume queé preciso ter profissionaisqualificados atendendo essascrianças, ou vamos ter de fazerprogramas como o Fome Zero e oBolsa-Escola durante décadas".

A educação não é a única áreaem que ainda há muito a ser feito. OCenso 2000 do IBGE mostra que,apesar das melhorias, o país aindaapresenta uma elevada taxa demortalidade infantil (29,7 por 1.000nascidos vivos) para padrões depaíses em desenvolvimento. Quasea metade (48,6%) das crianças dezero a seis anos vive em famílias nasquais o responsável pelo domicílioganha menos de dois saláriosmínimos por mês. Em 36,7% doscasos, o responsável é tambémanalfabeto.

Outro problema: 54,4% dascrianças nessa faixa etária moram emlares sem saneamento básicoadequado —uma das principaiscausas de doenças.

A necessidade de melhorar aspolíticas de atendimento à infânciaem tantas áreas indica que ostrabalhos devem ser integrados. "Acriança é um todo indistinto. Aspolíticas públicas para elas nãopodem estar compartimentadas.Cuidar e educar são ações intrínsecase de responsabilidade da família, dosprofessores e dos médicos. Todostêm de saber que só se cuidaeducando e que só se educacuidando", afirma Didonet.

O caminho até que o Brasil tenhauma política afinada com asnecessidades das crianças menoresexigirá mais empenho e recursos doque os empregados até agora. Nossarealidade de cuidado com a infânciaé ainda mais dramática, seconfrontada com o atualconhecimento científico sobre ofuncionamento do cérebro nosprimeiros anos de vida.

Foi só na década passada que osneurocientistas descobriram que hámuito de extraordinário no que sepassa no cérebro do bebê quandoele recebe um estímulo tão simplesquanto um carinho da mãe. Comoresposta ao gesto, em segundos,milhares de neurônios se conectam.

Essas conexões, as sinapses,podem durar para sempre oudesaparecer. Se muitas foremcriadas e fortalecidas no início davida, a criança terá mais chances deser um adulto saudável, com bomdesempenho na escola, no trabalhoe na vida afetiva.

As sinapses funcionam comopontes entre neurônios, permitem a

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troca de sinais entre eles. Quantomais sinapses, e mais resistentes,menor o esforço exigido do cérebropara processar informações eaprender novas funções.

Há uma oportunidade preciosapara o desenvolvimento das sinapsesna infância. Se não houver carinho,afeto e atenção da mãe —ou dequem cuida da criança nessa fase devida— será muito mais difícil criaressas sinapses no cérebro depois, naadolescência ou na fase adulta.

Pode parecer estranho quecientistas, há tempos debruçadossobre estudos do cérebro, tenhamdesvendado apenas na décadapassada algo que qualquer mãecarinhosa já sabia. No entanto, oconhecimento que atingiu seu ápicenos anos 90 —graças a técnicascomo a tomografia com emissão depósitrons e a ressonância magnéticafuncional— trouxe uma revolução nomodo de pensar o cérebro infantil.

As novas pesquisas derrubaramgradualmente o antigo pensamentosegundo o qual o desenvolvimentodo cérebro é linear, e sua estrutura,geneticamente determinada. Deacordo com essa linha, asexperiências nos primeiros anos devida tinham influência limitada naformação do ser humano.Acreditava-se que o cérebro sedesenvolveria à medida que a criançafosse crescendo.

As descobertas não negaram ainfluência da herança genética, maspassaram a dar mais importância àsvivências nos primeiros anos. Sabe-se agora que as experiências nainfância ajudam a formar a arquitetura

cerebral, com reflexos na vida adulta.

No livro "Repensando oCérebro" (Mercado Aberto), aneurocientista Rima Shore conta queas bases para essa evolução surgiramna década de 70, quando oneurocientista Peter Huttenlcher, daUniversidade de Chicago, pesquisouas sinapses do cérebro.

Huttenlcher observou que océrebro infantil tem muito maissinapses que o do adulto. Na barrigada mãe, o cérebro de um bebêproduz o dobro de neurônios do quevai precisar: é como uma margem desegurança para seu perfeitodesenvolvimento. Ao nascer, acriança tem cerca de 100 bilhões decélulas cerebrais. Mas a maioriadessas células tem poucas ligaçõesfeitas pelas sinapses.

Uma produção maior dessas"pontes" dependerá dos estímulosexternos. Assim como acontece comos neurônios do feto, o cérebro dacriança, nos primeiros anos de vida,também produz o dobro das sinapsesque necessita. Aos dois anos, aquantidade dessas células nervosasé a mesma de um cérebro adulto. Aostrês anos, a produção aumenta, eesse número chega a 1 quatrilhão, odobro do encontrado, em média, emum adulto. Essa quantidadepermanece estável até a puberdade."Para ser mais eficaz, o cérebroapaga as conexões que não sãomuito usadas. Até os três anos, essarede neuronial é muito densa. Elacomeça então a diminuir e, napuberdade, cai dramaticamente",explica o médico e secretárioestadual de Saúde do Rio Grande doSul, Osmar Terra.

E é aí que entra o papel dos paise dos educadores. Os estímulosrecebidos na primeira infância pelosórgãos sensoriais são fundamentais.

Isso explica por que osneurocientistas tentam tanto chamara atenção das famílias para ainteração com a criança nosprimeiros anos de vida: é a chamada"janela de oportunidades", períodoem que cada tipo de percepção e decompetência se organiza. Gestoscomo fazer um carinho, falar com obebê ou mostrar um brinquedo sãoo ponto de partida para uma intensareação no cérebro.

A negligência tem muitasconsequências. Um estudopublicado em 1999 na revista norte-americana da Sociedade para aPesquisa em DesenvolvimentoInfantil e coordenado pela psicólogaGeraldine Dawson, da Universidadede Washington, concluiu que filhosde mães deprimidas tendem a sermais retraídos, menos ativos e maispropensos a ter elevados índices decortisol, hormônio que, em altasdoses, atrapalha a capacidade deadaptação do indivíduo e aumenta aansiedade.

Dawson estudou, por meio deeletroencefalogramas, a funçãocerebral de 60 crianças, sendo que30 eram filhos de mães deprimidas.Ao expor as crianças a situaçõescomo a entrega de um brinquedo oua separação da mãe, ela constatouque 75% dos filhos de deprimidasapresentaram baixos níveis deatividade na região frontal esquerdado cérebro, associada à expressãoe ao controle das emoções. Entre osfilhos de não deprimidas, essa

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porcentagem foi de 10%. Segundoo estudo, "pais depressivos, muitasvezes, não respondem sensivelmenteaos choros e proclamas de seusfilhos por atenção".

A pesquisa de Dawson mostraque a depressão materna,principalmente se for crônica até osdois anos do filho, pode inibir o seudesenvolvimento.

Em 1994, os norte-americanosFelton Earls e Maya Carlson foramà Romênia para pesquisar órfãosdaquele país. A Romênia virou umlaboratório de pesquisa paraestudiosos do tema por terimplementado, nos anos 70 e 80,uma política de atendimento a órfãosem grandes instituições, onde ascrianças recebiam atendimentomédico, mas tinham pouco contatocom adultos que pudessem exercera função de "cuidadores".

Carlson e Earls constataram queessas crianças possuíam níveisanormais de cortisol, semelhantes aosde outras que passaram por eventostraumáticos nos primeiros anos devida.

As seqüelas nos órfãos romenosforam analisadas também em 1997,em um estudo coordenado pelacanadense Elinor Ames, professorado Departamento de Psicologia daUniversidade Simon Fraser, noCanadá. Ames analisou criançasromenas adotadas por famíliascanadenses e concluiu que osproblemas podem ser evitados, casoas crianças sejam retiradas cedo deum ambiente de pouca atenção.

Ames comparou três grupos de

crianças: as que nunca estiveram emorfanatos, as adotadas antes dosquatro meses por famíliascanadenses e as adotadas entre 8 e53 meses.

As que nunca foram órfãs e asromenas adotadas antes dos quatromeses apresentaram umaporcentagem baixa (entre 20% e22%) de problemas graves decomportamento, Q.I. abaixo de 85ou padrões atípicos de insegurançaafetiva. Já entre as adotadas apósoito meses, foi percebida a existênciade pelo menos um desses problemasem 65% dos casos.

Num relatório ao governocanadense em 1999 (Estudo dosPrimeiros Anos de Vida), ospesquisadores Margaret Norrie eFraser Mustard afirmam, aocomentar o estudo de Ames, que "éaceitável concluir que a maioriadessas crianças adotadas após anosde negligência passou parte doperíodo crítico do desenvolvimentosem uma estimulação de qualidadepara criar estruturas e funçõesotimizadas do cérebro".

Em casos extremos, a omissãodos adultos responsáveis pela criançatambém ajuda a explicar a violência.No livro de 1997 "Ghosts from theNursery" ("Fantasmas do Berçário",sem tradução no Brasil), as autorasRobin Karr-Morse e Meredith Wileyentrevistaram adolescentes norte-americanos condenados porhomicídios. Em todas as históriaslevantadas foram identificadassituações de negligência, abuso oufalta total de cuidado nos doisprimeiros anos de vida.

Mas é preciso tomar cuidadopara não achar que todas as vítimasde negligência na infância serãonecessariamente adultos fracassados,violentos ou emocionalmenteinstáveis.

Uma extensa pesquisa iniciada em1955 e coordenada por EmmyWerner, professora de psicologiainfantil da Universidade de Nebraska(EUA), mostrou que nem todas ascrianças em situação de riscoapresentam problemas na vida adulta.Mesmo entre as que apresentaramdificuldades foi possível reverter essequadro em alguns casos.

O estudo foi feito na ilha de Kauai,no Estado do Havaí (EUA). Por maisde 30 anos, os pesquisadoresanalisaram a trajetória de cerca de2.000 crianças, inicialmenteclassificadas em grupos de "granderisco" e "baixo risco". Um terço dogrupo de alto risco não apresentoudificuldades de aprendizado aos dezanos. O estudo mostrou que amaioria dos adultos que foramcrianças com problemas dedelinqüência e falhas de aprendizadoconseguiu superar ou minimizar osefeitos da infância traumática.

Os pesquisadores constataramque muitos desses adultos haviamrecebido apoio, quando jovens, deum amigo ou de um adulto. Outrosdesenvolveram valores positivosbuscando suporte religioso oupsicológico. Alguns tambémestudaram em bons colégios ouconseguiram empregos que, dealguma forma, deram a eles umasegunda chance.

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Essa conclusão não contradiz a mais recente linha de estudo dedicada à infância. O que aspesquisas mostram é que, para reverter uma vida mal começada, a criança terá de fazer, nofuturo, um trabalho muito maior. Sem uma estrutura de política pública que garanta a ela umaajuda mínima, suas chances de sucesso são menores do que as de alguém que cresceu em umambiente favorável. Mas essa criança não pode ser considerada um "caso perdido".

A ciência, com toda a produção de conhecimento sobre o desenvolvimento do cérebro, jádeu o alarme. O custo da omissão hoje será muito maior do que qualquer aumento noinvestimento que se venha a fazer para proteger a primeira infância.

Agradecimentos (fotos): Berçário Mágico de Oz, Escola Aprendendo a Aprender, GAPAcademia, Escola Lumiar e Escola Viva.

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24/01/04 0 0 ESPECIAL 450 ANOS

CLÁUDIA COLLUCCIDA REPORTAGEM LOCAL

Mais de um século após acriação do seu primeiro jardim-de-infância, São Paulo ainda enfrenta umdos principais desafios na áreaeducacional: como garantir o acessodas crianças de zero a seis anos acreches e escolas infantis.

O direito, afiançado tanto pelaConstituição como pela LDB (Leide Diretrizes e Bases da EducaçãoNacional), ainda está longe sergarantido: 70% das criançaspaulistanas nessa faixa etária não têmacesso aos estabelecimentoseducacionais, segundo a Seade(Fundação Sistema Estadual deAnálise de Dados).

O maior gargalo ocorre na faixaetária entre zero e quatro anos. ASecretaria Municipal da Educação,responsável legal pelo ensino infantilna cidade, só consegue atender 11%desse público -879.404 crianças-nas suas 919 creches (redes direta,indireta e conveniada).

Na população entre quatro e seisanos -514.461 crianças-, osnúmeros são mais animadores: 67%delas estão na escola. Juntas, asEMEIs (Escolas Municipais deEducação Infantil) e as escolasparticulares cadastradas na

prefeitura atendem 343.234 crianças,segundo o CME (ConselhoMunicipal de Educação). Há aindaum contingente ignorado em crechesparticulares não-cadastradas.

Segundo a Secretaria daEducação, não há estimativa dequantas crianças aguardam vaga narede municipal, mas há previsão deconstruir mais 150 creches até o finaldeste ano. Em apenas uma dascreches que atendem a favelaHeliópolis -Padre Pedro Ballint-, nazona sul de São Paulo, há 750crianças na fila de espera, segundoMaria Aparecida Ferreira Vanderlei,39, diretora da instituição.

Para Nélio Bizzo, vice-diretor daFaculdade de Educação da USP, asituação pode mudar por causa daqueda na taxa de fecundidade dasmulheres na cidade. "Esse fenômenojá está presente nas creches e pré-escolas que atendem a classe média,e em poucos anos será sentido nascreches municipais. Poderá haverociosidade."

Além da universalização, oseducadores apontam como desafioa definição de uma políticaeducacional para a infância. Para eles,especialmente em relação às creches,é preciso que a prefeitura se distanciedo modelo assistencialista e adoteuma linha em que o profissional atue

como educador e não "cuidador decrianças".

O primeiro passo para isso já foidado, afirma Sônia Valverde, 39,diretora da Divisão de EducaçãoInfantil da Secretaria Municipal daEducação. Até o final do ano, diz ela,3.500 auxiliares de desenvolvimentoinfantil da rede municipal (50% dototal) terão diploma, salário e statusde professor.

A prefeitura iniciou há dois anosum programa para dar formação demagistério às funcionárias de crechesque não concluíram o ensino médio.Por exigência da LDB, todasprecisam ter, no mínimo, segundograu completo.

O entrave ainda é com relação àscreches conveniadas, responsáveispor quase 40% dos atendidos pelomunicípio. Como não sãofuncionárias municipais, cerca de 10mil "tias" não foram incluídas noprograma de formação.

A educadora da USP Ana Mello,diretora da creche Carochinha,considerada modelo, diz que épreciso propiciar à criança umambiente com espaços externos,árvores e tanques de areia. "Omodelo predominante é o europeu,fechado em espaços internos, compouca interação."

Acesso universal à pré-escolaé desafio para o município

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11/02/04- 00 ARTIGO

E o ensino médio?Ivonete Maia *

Há uma constatação, em meioa tudo que se diz, se fala e seafirma, a propósito de políticaseducacionais a serem deflagradasou fortalecidas: o ensino médio éo grande ausente no conjunto demedidas concretas acenadas paraa melhoria do sistema de educaçãobásica.

Na verdade, o ensinofundamental teve sua relevânciaconstruída, nos últimos seis anos,a partir da institucionalização doFundo de Manutenção eDesenvolvimento do EnsinoFundamental (Fundef), jáconsolidado. A educação infantil,responsabilidade a ser honradapelos municípios, tem lá suasdeficiências, suas carências, seusdesafios. Deficiência, carência edesafio maior representados,notadamente, pela formação equalificação dos professores e pelalimitação dos espaços destinadosàs crianças.

E, chegamos ao ensino médio,hoje só atribuição dos estados,cujas dificuldades para dar-lheeficácia parece de lenta superação.Sei, há unidades públicas deensino médio de reconhecidovalor, mas ainda é pouco para o

que se quer desse nível deescolarização. Não nosenvaideçamos com as exceções,queremos a melhoria real,demonstrada pelo sucesso dos queo concluem, favorecendo oingresso em cursos técnicos e nauniversidade.

De outra parte, o que não sequer mais são os espantos dos queconcluem o ensino médio e têmcomo indagação crucial: o que voufazer? É a pergunta que fazem enão têm resposta.

No Ceará, há escolas do ensinomédio a exigir melhorias urgentese necessárias. A Secretaria daEducação Básica sabe dasnecessidades prementes e sedebate com a limitação derecursos humanos e financeiros,indispensáveis para os avançostão aguardados, tão prometidos.Já se esperou tanto!

Vive-se, ao que parece, umasituação peculiar: a União reduza transferência de recursos e oestado se fragiliza, frustrando osmelhores planos e contrariando asmelhores intenções. Até quando?

* Ivonete Maia é jornalista

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09/02/04JORNAL DA CÂMARA 00 GERAL

Pinga-fogo - Educação infantil

Dr. Hélio (PDT-SP) registroualguns dados do Relatório Mundialda Infância 2004, produzido peloUnicef, que, em sua visão, destacamaspectos importantes do tema noBrasil e na América Latina. Odocumento afirma que existe umapartheid de gênero no sistemaeducacional em vários países, o queleva à exclusão das meninas dosbancos escolares. “Isso trazconseqüências para o futuro dessasmeninas, uma vez que ficarão sujeitasa doenças que poderiam serevitáveis, à violência, ao abuso e àexploração infantil, comoprostituição e trabalho infantil”,lamentou.

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08/02/04- 00 GERAIS

A caminho da escola ideal

Leticia Abras

Os números da inclusão

100 mil - Crianças quecompletam seis anos até 30 de abrilforam matriculadas no ensinofundamental de nove anos

60% - Dos 853 municípiosmineiros aderiram ao chamado daSecretaria de Estado da Educaçãoe também ao ensino fundamental denove anos. Até o final do ano, aexpectativa é de que todos osmunicípios ampliem o tempo deduração do ensino fundamental,universalizando o atendimento dascrianças de seis anos

R$ 30 milhões - Foram investidosna adaptação de salas de aula parareceber as crianças pequenas,compra de material pedagógicoapropriado e brinquedos

1,5 mil - Professoresalfabetizadores, das redes municipaise estadual participaram do SeminárioEstadual de Alfabetização, oprimeiro passo da capacitaçãodesses professores, que passam atrabalhar com uma faixa etáriadiferente da que estavamacostumados

Mudanças

• O ensino fundamental (antigoprimeiro grau), que até 2003 durava

oito anos, passa a durar nove, coma antecipação do ingresso dascrianças.

• A mudança só vale para ascrianças que entraram na escola esteano com seis anos. Quando elascompletarem sete anos, idade emque até ano passado as criançasestavam na primeira série, elas jáestarão na segunda série. Aos 14,idade dos alunos da atual oitavasérie, elas estarão cursando a nonasérie.

• Para os alunos já matriculadosna escola não muda nada. Elescontinuarão estudando apenas 8 anose sairão da escola fundamental aos14 anos.

• As crianças que completam seteanos este ano também ingressam nosistema antigo, para que possamterminar a escola fundamental aos 14anos. Por isso, pelo menos até 2011o Estado vai administrar duasseriações, uma com duração de oitoanos e outra de nove.

Benefícios

• O objetivo do ensinofundamental de nove anos é melhorara qualidade do aprendizado, já quea maioria das crianças não temacesso à pré-escola (o poder públiconão é obrigado a arcar com o ensinoinfantil, o que causa a falta de vagas).

• Entrando mais cedo na escola,a criança terá prazo de um ano paradesenvolver habilidadespreparatórias para a alfabetização,como a sociabilização, odesenvolvimento de hábitos, acoordenação motora e o gosto pelasatividades de leitura e escrita.

• Segundo dados da Organizaçãodas Nações Unidas para a Educaçãoe Cultura (Unesco), um ano de pré-escola diminui de 3% a 5% arepetência no ensino fundamental. Seas crianças entrassem para a escolaaos quatro anos, a repetência no País,que hoje gira em torno de 25%, seria12% menor.

• A mesma pesquisa revela quefilhos de pais analfabetos terão,quando forem adultos, um acréscimode 12,5% em relação à renda dospais, se conseguirem ter pelo menosum ano de pré-escola. O acréscimode renda dos filhos de pais quecursaram apenas até a quarta sérieseria de 7%.

• O ingresso das crianças de seisanos abre vagas, automaticamente,na educação infantil, ampliando oacesso para as crianças menores decinco anos, já que, com o fechamentodas turmas de terceiro período,sobram salas de aula para atendercrianças de primeiro e segundoperíodo (quatro e cinco anos) ecreche (zero a três anos).

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08/02/04- 00 GERAIS

Esforço garante matrículaFundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério(Fundef), que financia o antigo primeiro grau, só vai cobrir as despesas com as

crianças de seis anos a partir do próximo ano. Em 2004, recursos sairão dos cofres doEstado e municípios

Para matricular as 100 milcrianças, Estado e municípiostiveram que fazer um esforço degestão. É que, embora o Fundo deDesenvolvimento do EnsinoFundamental e Valorização doMagistério (Fundef), que financia oantigo primeiro grau, já permita acontabilização das crianças de seisanos na distribuição das verbas, odinheiro do Fundef só deverá cobriras novas matrículas a partir de 2005.O fundo considera as matrículaslevantadas no Censo Escolar doMinistério da Educação. Para oexercício de 2004, está valendo ocenso de 2003, que ainda nãocontabilizava as novas matrículas.

Mas em compensação, depois deum ano de aperto, a inclusão dascrianças de seis anos no ensinofundamental será mais vantajosopara a maioria dos municípios. Afinal,o antigo primeiro grau é o único nívelde ensino com fonte definanciamento garantido. A educaçãoinfantil, por exemplo, deve sermantida exclusivamente comrecursos orçamentários. Por isso, aotransferir as crianças da pré-escolapara o ensino fundamental, o poderpúblico garante recursos para cobrira despesa.

Outro benefício para osmunicípios que já ofereciam a pré-

escola é que automaticamente serãoabertas mais vagas para atender ascrianças menores. Afinal, as turmasde terceiro período nas escolasinfantis públicas tornam-sedesnecessárias, abrindo mais espaçopara as turmas de primeiro e segundoperíodos, ou do maternal. Foi o quese verificou na rede municipal deBelo Horizonte, que desde 1998funciona com o ensino fundamentalde nove anos. Com a antecipaçãodo ingresso na primeira série foramabertas cerca de 5 mil vagas para ascrianças com menos de cinco anosnas escolas infantis municipais econveniadas.

Miguel Gabriel Lessa da Silvacompleta seis anos no próximo dia27. Ansioso para conhecer osamigos, a sala de aula, a professorae o cardápio da merenda da EscolaEstadual Afonso Pena, no Centro deBelo Horizonte, o menino mal dormiunos últimos dias. Ele não tem idéiade que sua matrícula significa umpasso tão grande na história daeducação pública do País, mas suamãe, auxiliar de serviços gerais deuma escola, sabe exatamente adimensão do avanço.

“Criança devia estudar o máximopossível. Principalmente nós, que nãotemos muito recursos, só podemosdar a nossos filhos a educação. O

fato de não ter escola para criançapequena é ruim, porque aí ascrianças que não podem pagar jáficam prejudicadas em relação àsdemais. Agora, essa diferença vaidiminuir um pouco”, avalia JaquelineIzabel Lessa.

AberturaO governador Aécio Neves faz a

abertura oficial do ano letivo na redepública amanhã, às 15h, na EscolaEstadual Dona Augusta GonçalvesNogueira, no Aglomerado SantaLúcia, zona Sul de Belo Horizonte.A escola foi escolhida pelo trabalhodiferenciado de inclusão social querealiza. Dos 596 alunos da escola,200 são atendidos em tempointegral, com aulas de balé, capoeira,informática, dança, literatura, cozinhaexperimental e reforço escolar. Oscursos são mantidos por meio deparcerias. O governador deveanunciar que, ao longo do ano, oEstado vai investir R$ 50 milhões emobras na rede física e na compra demobiliário e de material pedagógicoespecífico. Os professoresalfabetizadores das redes estadual emunicipais, que em outubro edezembro passados participaram deseminários e congressos dealfabetização, também continuarãorecebendo apoio da Secretaria deEstado da Educação.

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04/02/04ZERO HORA (RS) 00 GERAL

Professores participam de encontro de estudos

A Secretaria Municipal de Educação de Rio Pardo promoveu, ontem,um encontro de estudos para os profissionais que atuam na EducaçãoInfantil. A atividade se desenvolveu no auditório do Instituto Estadual deEducação Ernesto Alves.

Cerca de 50 pessoas - entre professores e funcionários das EscolasMunicipais de Educação Infantil (Emeis) - participam. Entre os temasabordados estiveram a primeira infância e o processo de leitura. O eventoé parte de uma programação organizada para o início do ano letivo dasEmeis. Na semana passada, as diretoras das sete instituições do municípiose reuniram na secretaria. Para hoje, estão previstas reuniões nas Emeis,para o planejamento e limpeza das escolas. A abertura das escolas paraa comunidade, com o início do ano letivo, está marcada para amanhã.

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03/02/04 0 0 CIDADES

Mães passam noite na fila por uma vaga em crecheRose DominguesDa Redação

Mais uma vez a cena se repetena Grande Cuiabá: mães com filhosa tiracolo acampam na frente decreches para conseguir vaga. Oinício do ano letivo da rede municipalde ensino é no próximo dia nove e,até lá, mulheres fazem umaverdadeira maratona, debaixo de sole chuva, para tentar matricular ascrianças menores de cinco anos."Vim para cá no domingo e nãoarredo o pé até ter certeza que asvagas para meus três filhos estejamgarantidas", afirmou Taís Barbosa,20, que pretende estudar e trabalharem 2004.

Ela e outras dez mães já fizeramuma lista e as 50 vagas que surgiramna Creche Municipal Rafael Rueda,no bairro Pedra 90, já estãopraticamente preenchidas, apesar damatrícula estar agendada apenaspara hoje de manhã. "Se eu não ficaraqui, outra pessoa fica e aí é o meufilho que perde oportunidade deestudar na creche", disse SimoneCosta, 29, que tem uma criança de

nove meses e outra de quatro anos.As duas estão dormindo com ela narua, na porta da instituição.

Para todas essas mães, dormirem uma fila significa muito mais quedeixar de cuidar dos afazeresdomésticos, é uma humilhação."Você acha que alguém gostaria deestar aqui? Sinceramente, quemcritica não sabe o que se passa coma nossa vida. É um absurdo a genteprecisar dormir em uma fila",disparou Cláudia Moraes, 25, quepretende matricular dois filhos na pré-escola.

Deixar para vir no horário que aSecretaria Municipal de Educaçãoanuncia é o mesmo que "desistir davaga" ou "partir para a briga". Deacordo com Fabiana Carla Norota,18, mãe de um bebê de apenas novemeses, é difícil viver com o saláriosó do marido. "A gente precisabuscar outra alternativa, procuraremprego é fundamental. Mas, paraisso, não posso contar com babá.Também não confio em deixar o meubebê com vizinhos ou amigos, melhorque ele esteja bem cuidado na

creche".

A diretora da Creche RafaelRueda, Sandra Palhano, explicouque o número de vagas realmente épouco para atender a demanda local,principalmente porque o Pedra 90 érodeado de bairros ainda mais semestrutura. "Eu não gosto de ver umacena dessa, mas, infelizmente, não háo número de vagas necessário paratanta gente".

Segundo ela, a instituição atende250 crianças com idades entre quatromeses e 4,11 anos. Quem já estavacom o filho estudando no local tevea matrícula automaticamenterenovada, assim que aulasencerraram, em dezembro.

As mães que dormiram duasnoites em frente da única instituiçãodo Pedra 90 a oferecer educaçãoinfantil prometem fazer chamada enão deixar ninguém que chegar nahora pegar senha. "Estamospreparadas para brigar se alguémtentar passar na nossa frente",completou Cláudia.

A GAZETA (MT)

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30/03/04AMAZONAS EM TEMPO 00 MANCHETE

DesabamentoPânico na escola

O desabamento da cobertura daárea de recreação da EscolaMunicipal de Educação Infantil JeanPiaget, na rua Lauro Bittencourt,bairro Santo Antônio, zona Oeste,por volta das 15 horas destasegunda-feira, deixou feridas comlesões consideradas leves, setecrianças com idades entre 4 e 5 anosque foram atendidas no Pronto-Socorro da Criança, na Compensa.A quantidade de telhas e a estruturade sustentação de madeira, além deblocos de concreto do acabamentoda parede, que desabaram sobrecerca de 30 crianças de apenas umadas seis salas de aula da Escola, semfazer nenhuma vítima fatal ouprovocar lesões graves, foiconsiderado um verdadeiro milagrepela direção e professores.

As crianças atendidas no PSC daCompensa foram Camila SouzaLima, Wesley Felipe da Silva,Manoel Cristian Morais de Souza,Maitê de Oliveira Serra, WellingtonOliveira Serra (irmãos gêmeos),todos com 5 anos de idade e PaulaMartins de Almeida e Jhones Riveri,ambos com 4 anos de idade. Asprofessoras Maria José Colares, 41,e Lilian Cristina Martins, 35, também

foram atendidas no Pronto-Socorroda Criança e segundo informaçõessofreram pequenas lesões. A diretoraLeni Albuquerque disse que a EscolaJean Piaget tem onze anos deexistência e passou pela últimareforma em 2002 e por obras deampliação em 2003 um ano depoisde passar da administração doGoverno do Estado para a PrefeituraMunicipal.

A secretária Municipal deEducação, Therezinha Ruiz, esteveno local do desabamento edeterminou a suspensão das aulas,muito embora somente a área derecreação tenha sido afetada noacidente de ontem à tarde. Ela disseque estaria requisitando umainspeção minuciosa do Departamentode Engenharia da Semed na Escolae que também vai aguardar osresultados dos laudos da SecretariaMunicipal de Obras, da Implurb, doCorpo de Bombeiros e de DefesaCivil, para saber o que realmenteprovocou o desabamento dotelhado. A secretária estavaacompanhada de alguns vereadores,o deputado Edilson Gurgel, que morano bairro, e do secretário de DefesaCivil, Estévão Pedrosa.

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29/03/04 00 CIDADES

Marta inaugura 18.º CEU e diz que fará mais no 'próximo' governo

Prefeita aproveita festa na zonaleste para fazer balanço degoverno e se defender de

críticas

A prefeita Marta Suplicy (PT)inaugurou ontem mais um CentroEducacional Unificado (CEU), des-ta vez em São Rafael, região de SãoMateus, zona leste.

Ele é o 18.º CEU dos 21 comentrega prometida pela Prefeiturapara a gestão e já funcionava desdeo início de março. "Vão ser 21 nes-se governo, mas eu espero 45 aotodo se tivermos um próximo", dis-se a prefeitura no discurso que fezpara uma multidão de moradoresque lotou o CEU. Os últimos trêsCEUs (M'Boi-Mirim, Campo Lim-po e Freguesia do Ó) já estão pron-tos e devem ser inaugurados até ju-nho.

Aproveitando a participação en-tusiasmada da população, a prefeita

não deixou passar a chance de fazercampanha e mandou um breve ba-lanço de sua administração. "Come-çamos nosso governo pelas regiõesmais excluídas, pelos que têm me-nos. Quem vai ao centro percebe queSão Paulo é outra cidade. Mas quemvem aqui para a periferia tambémencontra outras São Paulo." Fezquestão também de ressaltarmelhorias na saúde e no transporte,que, segundo ela, vai melhorar aindamais em maio, quando entra em vi-gor o bilhete único.

E tentou se defender das críticas."Sabemos que ainda falta muita coi-sa.

Milagre não tem."

O CEU São Rafael tem 2.400vagas - 300 para creche, 840 desti-nadas à educação infantil e 1.260para o ensino fundamental. (NizaSouza)

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26/03/04 0 0 ARTIGOS

E a educação infantil?CEZAR MIOLA*/ Procurador-geral do

Ministério Público Especial junto ao TCE/RS

A temática da educação érecorrente na sociedade, ocupa aatenção de parlamentares egovernantes e é também alvo daatuação dos órgãos incumbidos docontrole.

O presente artigo estádirecionado particularmente àeducação infantil. A partir dosinformes do Censo Escolar de 2003,verifica-se que, de norte a sul dopaís, ainda temos muito por fazernesse campo. Isso porque escassos9,11% das crianças brasileiras comaté três anos são atendidas emcreches e apenas 48,83% dosmenores na faixa de quatro a seisanos estão na pré-escola. Assim,parece certo que não serãocumpridas as já modestas metas doPlano Nacional de Educação deatender, até 2006, "30% dascrianças de zero a três anos e 60%das de quatro a seis anos". E ohorizonte é sombrio: pela lentaevolução até aqui verificada, taisobjetivos não vão se concretizar tãocedo (para se comparar, basta dizerque em 2001 aqueles números eram,respectivamente, de 8,26% e46,87%).

Já em termos qualitativos,embora haja instituições modelares,muitas creches e pré-escolas

cumprem funções meramenteassistenciais. Também há carência deprofissionais habilitados, de materialde apoio e de instalaçõesapropriadas (com o que, por vezes,tais estabelecimentos se tornamverdadeiros "depósitos decrianças").

Pode-se dizer que háunanimidade entre os estudiosos nodestaque à importância decisivadessa fase da vida na formação e nodesenvolvimento do indivíduo.Porém, os recursos alocados àeducação infantil são escassos emuitos pequeninos de até seis anos,particularmente os filhos das famíliasde menor renda, padecem numaespécie de "segundo plano". E senão tratarmos de mudar esse quadro,é possível que algumas das ações"emergenciais" contempladas noFome Zero sejam o fatídico e eternodestino de um contingente cada vezmais numeroso de brasileiros.

Os alicerces para a construçãode um país mais justo devem seassentar no tratamento digno àinfância e à juventude, oferecendo-se incentivos e oportunidades, comresultados óbvios inclusive naprevenção de tantas formas deviolência.

A propósito, embora aConstituição estabeleça que esse éum campo de atuação prioritária dosmunicípios, é preciso recordar que aUnião deve prestar assistênciatécnica e financeira aos Estados, aoDF e aos municípios (art. 211). Masnão é só de recursos que se está atratar: coordenação, articulação eplanejamento são fundamentais epodem ser cumpridos com êxito pelopoder central.

Muito se tem falado na "reformauniversitária" e não se quer minimizara importância de temas como ofinanciamento do Ensino Superior, aautonomia das instituições, a políticade cotas e outros igualmentesignificativos. Entretanto, se "naponta de baixo" tudo permanecercomo está, só se fará ampliar asdesigualdades e seus deletériosefeitos, além da diminuição do járeduzido número de estudantescarentes com acesso à universidadepública.

* Procurador-geral doMinistério Público Especial juntoao TCE/RS e Presidente daAssociação Nacional do MinistérioPúblico de Contas

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24/03/04- 00 CIDADE

Creches voltam a funcionar no dia 12 de abril

As creches comunitáriasvinculadas à Secretaria da AçãoSocial (SAS) do Estado voltam afuncionar no próximo dia 12 de abril.O retorno das atividades foigarantido a partir da promessa deliberação do repasse de recursosatrasados, desde o último mês dejaneiro, para a manutenção dascreches pelo titular da SAS,Raimundo Gomes de Matos, apósreunião com Federação de Bairrose Favelas e Fórum das CrechesComunitárias de Fortaleza.

Depois de passarem por umarigorosa avaliação, apenas 99 das138 creches comunitáriascontinuarão oferecendo os serviçosà população, já que algumas tinhamproblemas de orçamento e deestrutura. Os contratos de serviçodas 99 creches começaram a serassinados desde ontem e seguem atéa próxima sexta-feira.

Para suprir a demanda reprimidapelo fechamento dessas 39 creches,a SAS solicitou a interferência daProcuradoria Geral de Justiça,através da procuradora geralSocorro França, para que oMunicípio de Fortaleza assuma aresponsabilidade da educaçãoinfantil - já que é legalmente sua -remanejando as crianças para outrasunidades.

Um dos grandes problemas dascreches, conforme a diretora daFederação de Bairros e Favelas,Eliana Gomes, é que o município nãoassume a responsabilidade sobre aeducação infantil, que acaba sendoprejudicada por depender derecursos advindos da área daassistência social. “A Prefeitura nãoatende a demanda e a situação ficacrítica”, disse.

A educação infantil, segundoEliana Gomes, é fundamental, pois éa base da formação das crianças edeve ter qualidade. Raimundo Gomesde Matos ressaltou que a creche nãoé só lugar de alimentação, é tambémde educação e inclusão, já que ospais dependem do serviço paratrabalharem.

PAGAMENTO - Na reunião,também ficou acertado que opagamento dos salários de janeiro ea manutenção do mês de marçoserão pagos na próxima segunda-feira, 29 de março. Já no período de15 a 20 de abril, serão pagos ossalários de fevereiro e a manutençãodo mês abril. Como nos meses dejaneiro e fevereiro as crechesestavam fechadas para fériasescolares, não haverá pagamento demanutenção referentes a esseperíodo.

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24/03/04JORNAL DO DIA (AP) 00 AMAPÁ NEWS

GEA defende propostas para a educação infantil no Amapá

Discutir políticas públicas para aeducação infantil no Amapá. Esta foia pauta principal do I FórumAmapaense de Educação Infantil ,ocorrido na terça-feira, 23, noMuseu Sacaca, em Macapá. OFórum foi realizado pela Secretariade Estado da Educação (Seed),Secretaria Municipal de Educaçãoe pela União Nacional dosDirigentes Municipais de Educação(Undime). Uma das propostasdefendidas no encontro foi aaprovação do texto da chamadaCarta de Princípios. O tema centraldo Fórum foi “Educação: direito detoda criança – cuidar e educar”.

O evento contou com a presençade professores, educadores,técnicos em educação e acadêmicosde pedagogia.

Rosângela Carvalho Nascimento,chefe da Divisão de EducaçãoInfantil (DEI) da Seed, destacou queo conteúdo da Carta de Princípiosestabelece todas as propostas ediretrizes planejadas pelasinstituições públicas para a educaçãoinfantil.

Entre as propostas defendidas naCarta de Princípios estão a criaçãode uma instância de discussão,mobilização e divulgação daspolíticas para a educação infantil.

Também defendem-se estratégias dedivulgação de uma concepção destamodalidade educacional, com auniversalização dos direitosfundamentais das crianças e comconsciência coletiva sobre aimportância dos primeiros anos devida no desenvolvimento do serhumano.

EstatísticaA chefe do DEI, lembrou que ano

passado o Governo do Estadomatriculou cerca de 13 mil alunoscom idade entre zero e seis anos(creche e pré-escolar). Oinvestimento do Governo do Estadonesta modalidade de ensino anopassado foi de R$ 1, 3 milhão. Esteano, a Seed pretende investir cercade R$ 2,5 milhões, com a garantiade aproximadamente 15 milmatriculas.

Rosângela Carvalho reforçou quefoi exatamente em 2003 que oGoverno do Estado iniciou oprocesso de municipalização doensino infantil. Hoje cerca de dezescolas na capital Macapá quetrabalham com o ensino infantil jáforam municipalizadas. O FórumAmapaense de Educação Infantilcontou com a presença de VitóriaBarreto, representante do Ministérioda Educação (MEC).

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04/03/04O LIBERAL (PA) 00 PAINEL

Educação infantil ainda vive de pires na mão

Aline Monteiro - Para a Editoriade Painel

Está na Constituição, é reafirmadono Estatuto da Criança e doAdolescente e garantido pela Lei deDiretrizes e Bases da Educação: ascrianças de zero a seis anos têm direitoà educação infantil e é dever doEstado garantir o atendimento àdemanda. Mas esse nível de ensinocontinua sendo apelidado peloseducadores de “primo pobre” daeducação. Faltam recursosespecíficos, o que tem se refletido emdéficit na oferta de vagas e, no casode Belém, num jogo de empurra entregovernos estadual e municipal sobrea responsabilidade no atendimento.Enquanto o Estado mostra que omunicípio é o responsável, segundo aLDB, o município retruca que faltaverba.

O relatório da Unicef sobre asituação da infância e adolescência,baseado no Censo Demográfico de2000, indica que 71,59% das criançasaté seis anos e 59% das crianças entrequatro e seis anos estavam fora daescola no Pará. Os números daexclusão em outros Estados tambémsão consideráveis, o que mostra quea situação é nacional. No Rio Grandedo Sul, eram 52,11% das criançasentre quatro e seis anos nãomatriculadas , 40,9% em MinasGerais, 36,7% no Maranhão e 595 noAmazonas.

A pequena Beatriz Vidigal é umapersonagem dessa exclusão. Prestesa completar seis anos, agora é queela entrou na escola, numa turma dealfabetização de uma instituiçãoparticular, paga num esforço integrado

da família, que desistiu de buscar umavaga na rede pública depois de duastentativas frustradas. “Buscamosvaga no pré-escolar quando ela tinhatrês anos e disseram que só atendiama crianças a partir de quatro anos.Depois, quando já tinha idade, nãoconseguimos vaga mesmo”, diz a tiada menina, a jornalista Enize Vidigal.

A diferença com os colegas declasse que tiveram a oportunidade defazer as séries iniciais ficou visível.“Não poderia colocá-la em uma turmade jardim, porque ela ficaria deslocadajunto das crianças menores. Mas elasentiu dificuldades na alfa, ficavaintimidada, acanhada com apossibilidade de errar”, diz a tia. Amenina está se adaptando, tambémpor ter contado com o auxílio de umaprofessora particular antes de entrarna escola. Mas a coordenadora daescola em que Beatriz estuda, apedagoga Marilda Mota, diz queexistem, sim, diferenças noaprendizado das crianças que nãopassam pelo pré-escolar ou não têmqualquer tipo de apoio em casa e vãodireto para o ensino fundamental.“Claro que quando elas têm esseaprendizado da pré-escola ou o apoiodos pais em atividades que estimulemsuas habilidades, têm muito maisfacilidade de entender os comandosdos professores nas classesseguintes.”

Segundo os dados do InstitutoNacional de Estudos e PesquisasEducacionais (Inep), em 2000, nãohavia nem oferta de vagas em crechesvinculadas ao sistema educacional emBelém. Em 2003, foram matriculadas2.831 crianças em creches nomunicípio, entre instituições estaduais,

municipais, federais e particulares. Nomesmo ano, foram 17.353 criançasmatriculadas na pré-escola e 2.936 naalfabetização. Mas o Estado vemdiminuindo drasticamente a oferta devagas no município. Em 2000, 10.006matrículas na pré-escola foram feitasem escolas estaduais. Em 2003, asescolas do Estado só matricularam1.044 alunos na pré-escola. Enquantoisso, o município aumentou bem poucoa oferta. As escolas municipaisfizeram 7.281 matrículas na pré-escola em 2000. Três anos depois,matricularam apenas 8.909. Naalfabetização, o caso foi ainda pior. Omunicípio não matriculou nenhumaluno entre os anos de 2000 e 2002.Em 2003, quando a prefeiturapreencheu 313 vagas, o Estado nãoofereceu nenhuma.

A questão gerou um termo deajustamento de conduta no MinistérioPúblico e, em fevereiro do anopassado, uma decisão da juíza MariaRita Lima Xavier, da 3ª Vara Cível daInfância e Juventude, estabelecendoregras de cooperação entre as duasesferas de governo, com amanutenção de pelo menos 14.283vagas nos jardins I e II, para criançasa partir de cinco anos, como foiregistrado no Censo Escolar de 2000;que o município garanta a ampliaçãode vagas de pelo menos 30% dademanda para crianças de até 3 anose 60% das crianças entre quatro e seisanos até 2007; e que o Estado presteassistência financeira ao municípiopara tanto, sendo que há multa fixadaem um salário ao dia por vaga nãopreenchida ou descumprimento dosprazos.

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30/04/04 0 0 OPINIÃO

Uma ação afirmativa para a educação infantilMagno de Aguiar Maranhão*

Jamais foram feitos tantosdiagnósticos da educação brasileiracomo nos últimos sete anos, desdeque a Lei de Diretrizes e Bases doEnsino (1996) determinou uma novaorganização e as mudançasnecessárias para sua melhoria eexpansão. Jamais se discutiu tanto o“como fazer” desde de que o PlanoNacional de Educação, em 2001,estabeleceu metas para cada nível emodalidade de ensino, e prazos paraque sejam atingidas. Então, por quenão demos, ainda, o salto dequalidade esperado?

Na verdade, o complicadomosaico de problemas que afetamo setor não é contemplado de formaabrangente e, sempre que se dádestaque a um nível de ensino (comoo ensino superior e a polêmicareforma universitária, atualmente),todo o barulho feito em torno deoutro (como ocorreu com relação aodéficit na educação infantil) cai novazio, pois o Brasil ainda nãoconcebe a educação comoprocesso, um todo indivisível ondenão cabem ações fragmentadas,razão pela qual recursos financeirose humanos são sacrificados sem quese faça do sistema de ensino oespaço de inserção social e reduçãodas desigualdades que deveria ser.

Se desejamos que a educaçãoseja um instrumento para a inclusão,o crescimento e o equilíbrio social,não conseguiremos isso empenhandoos esforços em ações afirmativas láno alto da pirâmide, em cursos degraduação. Os problemas maisespinhosos, que geram e alimentamtodos os outros, estão na base,naquele nível de ensino de poucostatus, destinado a atender os maisde 20 milhões de brasileiros entrezero a seis anos de idade, e queabsorve somente 6,3 milhões, apesarde reconhecido como direito dacriança pela Constituição, peloEstatuto da Criança e doAdolescente, e alçado a primeiropatamar da educação básica pelaLDB.

Embora todos os níveis de ensinosofram carências que afetamprofundamente os demais, isto épercebido de maneira especialmentedramática no âmbito da educaçãoinfantil, que abrange justo o períododa vida em que ocorre a maior partedo desenvolvimento do cérebrohumano, em que os estímulos doambiente e as habilidades aprendidassão decisivos para o percursoeducacional, profissional e social doser humano. No entanto, que

providências têm sido tomadas (nãoquestiono que planos têm sido feitos,pois são muitos) para universalizar aassistência à infância?

Em um país onde 30,5 dasfamílias com crianças entre zero eseis anos vivem com renda per capitaigual ou inferior a meio saláriomínimo; onde 5,5 milhões decrianças a partir dos cinco até os 17anos ajudam no sustento da família;onde 1,4 milhão entre sete e 14 anos,que deveriam freqüentar o ensinofundamental, estão fora das salas deaula e onde a taxa de repetência naprimeira série chega a quase 40%devido à entrada tardia no sistemaescolar, por que ainda nãoimplantamos uma política séria deexpansão da educação infantil? Atéquando ficaremos mirabolandosoluções para o desempenho sofríveldos alunos da educação básica,enquanto deixamos que eles vivamaté os sete anos por sua conta e risco,tornando árdua para o melhor dosprofessores a tarefa de ajustá-las aqualquer processo de ensino eaprendizagem?

(*Magno de Aguiar Maranhãoé do Conselho Estadual deEducação do Rio de Janeiro)

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22/04/04 0 0 ENSINOCORREIO DO POVO (RS)

Plano de carreira em discussão

O Seminário Nacional sobre Política de Valorização de Trabalhadoresem Educação, que ocorrerá em Brasília, entre os próximos dias 26 e 28,debaterá a questão dos planos de carreira para profissionais da EducaçãoBásica pública. O deputado Carlos Abicalil (PT-MT), autor de projeto delei sobre o tema, aponta que mais da metade dos municípios não têm planode carreira para os professores, apesar de ser um mandamentoconstitucional.

Segundo ele, o projeto define os planos como condição para atransferência de recursos da União aos municípios, citando o Fundo deManutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizaçãodo Magistério (Fundef). Conforme o deputado, a proposição estabelecepiso salarial, mas não define o valor, já que essa iniciativa deve partir doPoder Executivo. O seminário, promovido pela Secretaria de EducaçãoBásica do Ministério da Educação, visa formular política nacional dereconhecimento profissional.

Repasse e obras deverãobeneficiar o Ensino Infantil

Durante o encontro emcomemoração aos 29 anos defundação da Associação dosMoradores da Vila Restinga(Amovir), foi anunciado ontem orepasse mensal de R$ 5,3 mil àcreche comunitária da entidade. Oprefeito João Verle assinou aconcessão de uso do terreno dacreche, que será conveniada com aprefeitura e cujas obras de melhoriaserão entregues em maio àcomunidade, expandindo ação daSecretaria de Educação (Smed) noatendimento à Educação Infantil naCapital.

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22/05/04 00 GERAL

Só o ensino infantil vai mal em SCMapa da Educação Catarinense,baseado no Censo Escolar 2003

do MEC, revela falta deatendimento a crianças de zero a

seis anos de idade, mas indicaque outros segmentos avançam

no ranking

JEFERSON BERTOLINI

Se fosse um estudante, SantaCatarina estaria ansioso para chegarem casa e mostrar aos pais o boletimescolar. É que o Estado ganhou nota8,05 em um teste anual que analisa14 itens, entre os quais o número devagas nas escolas, o grau derepetência dos alunos e o nível escolardos professores. Comparada à notade 2002, a de 2003 cresceu 0,34%.

O teste se baseou em dados doCenso Escolar 2003 do Ministério daEducação. E os resultados dele paraSanta Catarina foram divulgadosontem à tarde pela Secretaria deEstado da Educação.

O Mapa da Educação Catarinensemostra que o Estado tem nota menorque sete no item Educação Infantil,por não garantir vagas suficientespara os menores de seis anos. Poroutro lado, indica avanço significativona formação de professores.

Os números mostram que asmaiores cidades do Estadoapresentaram notas menores em 2003se comparadas às de 2002. Criciúma,por exemplo, tinha a sétima melhornota em 2002. Em 2003 caiu para 15º,entre as 293 cidades pesquisadas.

A Capital apresentou tombo maior:estava em 13º lugar em 2002 e em2003 caiu para o 56º. A queda fez oÍndice Educacional da cidade baixar2,27% no período, caindo de 8,4 para8,2. A Secretaria Estadual deEducação considera esse desempenho"nível médio" de satisfação escolar.

Cidades do Vale lideram

Na lista dos 10 municípios quemais cresceram, dois ficam no Valedo Rio Tijucas (Nova Trento e SãoJoão Batista) e outras dois no AltoVale do Itajaí (Chapadão do Lageadoe Alfredo Wagner). As demais ficamna Grande Florianópolis (Angelina), noSul (Timbé do Sul), na Serra (CerroNegro) e no Oeste (Zortea, Saltinhoe São Miguel da Boa Vista).

O gerente de InformaçõesEducacionais da Secretaria deEducação, João Andersen, considerousatisfatório o crescimento de 0,34%no Estado. Disse que quando se estáem um nível satisfatório (nos 14 itens),a evolução se torna lenta. "A dança(sobe e desce) dos municípios énormal."

O Mapa da Educação Catarinenseengloba dados das redes estadual,municipal, particular e federal deensino. O trabalho foi divulgado pelaprimeira vez no ano passado. Osresultados apontam que áreasprecisam de melhorias, segundo aSecretaria de Educação.

Como ficou o boletim do Estado

- A pesquisaO Mapa da Educação Catarinense

foi feito com base nos dados do CensoEscolar 2003 do Ministério daEducação. O Censo levou em contanúmeros das redes municipal,particular, estadual e federal deensino. A Secretaria de Estado daEducação também chama o trabalhode Índice de Desenvolvimento daEducação Básica de Santa Catarina

- Pontos analisados Notas obtidas*Atendimento na educação infantil

(zero a seis anos) 0,33Escolaridade do professor da

educação infantil 0,92Escolaridade do professor do pré-

escolar (cinco a seis anos) 0,97Atendimento no ensino

fundamental (sete a 14 anos) 0,98Repetência no ensino fundamental

0,91Afastamento por abandono do

ensino fundamental 0,99Reprovação no ensino

fundamental 0,90Distorção Idade-série no ensino

fundamental 0,75Escolaridade do professor de 1º a

4º séries 0,55Escolaridade do professor de 5º a

8º séries 0,78Atendimento no ensino médio (15

a 17 anos) 0,57Afastados por abandono no ensino

médio 0,91Reprovação no ensino médio 0,90Escolaridade do professor do

ensino médio 0,81Índice de Desenvolvimento da

Educação (média) 0,805* A nota vai de 0,00 a 1,00, por

isso os resultados são fracionados

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05/05/04A GAZETA (ES) 00 GRANDE VITÓRIA

Educação infantilvira ‘artigo de luxo’

Paulo Mario Martinse LucilaKose

Ao contrário do determina aConstituição Federal, a Educaçãonão é para todos. A renda familiar éque define o acesso à educaçãoinfantil. O resultado é que a maioriadas crianças brasileiras de zero a seisanos que ocupa um banco nasescolas vem de famílias que têmdinheiro no bolso.

A exclusão é demonstrada peloCenso Demográfico de 2000, feitopelo Instituto Brasileiro de Geografiae Estatística (IBGE). A pesquisamostra que 59% dos alunosbrasileiros vivem em famílias comrenda de mais de cinco saláriosmínimos, enquanto outros 27% sãode famílias com rendimento mensalde até meio salário mínimo.

A significativa diferença épercebida em todas as regiões dopaís. Mas quando comparadas assituações regionais, é a RegiãoNordeste que acumula a maior taxade atendimento de crianças mais

pobres: 32%.

No Norte, Sul e Centro-Oeste,somente 21% das crianças cujasfamílias têm renda mensal per capitade até meio salário mínimoconseguem ter acesso à educaçãoinfantil. No Sudeste, o índice é de26%. Ou seja, quase a mesma taxanacional.

Na Grande Vitória, a situação nãoé diferente. "Só está na escola acriança que tem uma família que temdinheiro. Na Serra, tem criança atéde seis anos que nunca foi à escola,porque não consegue vaga. Arealidade é esta", diz o lídercomunitário da 5ª Região da Serra,Silas Pereira Campos.

Demanda

O secretário municipal deEducação, Audifax Barcelos, afirmaque houve um crescimento de 192%no número de vagas nos últimos oitoanos. Segundo ele, existem 48unidades de educação infantil,oferecendo ao todo 13,5 mil vagas

no município. Mas o secretário nãosoube dizer qual é a demanda porvagas.

Em Cariacica, existem apenassete creches, que atendem 700crianças. Para atingir toda ademanda, a Secretaria municipal deEducação estima que seriamnecessários 20 Centros de EducaçãoInfantil, ofertando um total de 6 milvagas.

Mas, de acordo com a assessoriade imprensa da prefeitura, omunicípio não tem condições deinvestir nesta área.

Já em Vila Velha, existem 28unidades e 8 mil vagas. "A demandaé grande e a gente não consegueatingir a todos. Mas vale lembrar queem três anos, quase que triplicamosa oferta de vagas", pondera osecretário de Educação, RobertoBelling.

Em Vitória, são 18 mil vagas em41 centros. A prefeitura aponta que74% da demanda é atendida.

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29/06/04 0 0 REGIONAL

Centros de Educação Infantil são mantidos com dificuldades

“ Está cada vez mais difícil manteros Centros de Educação Infanti comos recursos oriundos do GovernoFederal. Eles não são suficientrespara cobrer os custos damanutenção desses Centros”. Adeclaração é da nutricionista SoraiaPinto, do Município de Canindé.Segundo ela, de se não fosse aparticipação da Secretaria daEducação e Cultura do Município,a educação infantil seria inviabilizada.

No Município de Canindé,atualmente, existem 42 Centros deEducação Infantil que atendem3.600 crianças. Para garantir aalimentação diária destas crianças,o Município recebe do Programa deAlimentação Nacional de AçãoContinuada (Panac) R$ 4,557,76,suficiente para atender apenas 1.156alunos. O restante 2.444 criançassão bancadas com recursos dopróprio Município num total de R$15.442,29.

Mesmo com os poucos recursos,a Prefeitura fornece duas refeiçõesláctea, sendo um lanche e umarefeição salgada com cardápioselaborados pela nutricionistas. Aalimentação visa garantir o

suprimento das proteínas e vitaminasnecessárias para o crescimento dascrianças. Para o Ensino Fundamentala Prefeitura recebe R$ 44.132,00para 16.974 alunos, além de 1.743crianças do Pré- Escola.

Para Soraia Pinto, é uma tarefamuito difícil suprir as necessidadescalóricas e protéicas do pré-escolarcom recursos tão escassos.

“Procuramos dentro do possíveloferecer refeições que se desligaramdo programa Bolsa Alimentaçãodevido à idade e que precisamreceber alimentação para sair doestágio da desnutrição e isso tambémgera despesa”, observa.

Segundo Soraia Pinto, o seutrabalho busca conciliar a verba coma questão nutricional e os hábitos dascrianças. Mingaus com massas e atémucilagem na primeira refeição sãoalguns nutrientes indispensáveis namerenda da manhã. O almoço segueum padrão de alimentação típica dospais para evitar disparidade. “Ocardápio sempre possui alimentosenergéticos como arroz, amido demilho, macarrão, feijão, óleo,biscoitos, açúcar e massa de milho,

assim como alimentos construtores,leite, frango, carne e outros. Temosainda alimentos reguladoresformados por legumes quecomplementam o cardápio”, diz anutricionista. Na sobremesa, suco ourapadura, fonte de ferro. “Não é maisservido o doce devido a altatemperatura, tornando o produto nãoapto ao consumo das crianças”,salienta Soraia Pinto.

Um exemplo é o Centro deEducação Infantil Maria do CarmoVilaça. Segundo a coordenadoraCarlinda Cídio Coelho, existem hoje160 crianças atendidas em doisexpedientes. Na creche foramimplantados berçários para garantiruma maior atenção às crianças queantes viviam sem nenhumaperspectiva de melhoria de vida.

A secretária de Educação,Daniela Monteiro disse que ocardápio é elaborado mensalmentee contempla a sede e zona rural. Ascrianças têm acesso ainda a aosmateriais de higiene, como,sabonetes, escova e creme dental,sabão líquido e xampu e recebemacompanhamento médico-odontológico.

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22/07/04 00 MINAS

Acesso à educação infantil mobiliza MGJanaína MartinsREPÓRTER

Ampliar o atendimento a crianças dezero a três anos de idade, levar a educa-ção infantil às famílias em condições devulnerabilidade social e discutir formasde financiamento para a educação de zeroa seis anos. Esses são alguns dos pon-tos que estão sendo discutidos em BeloHorizonte, durante o primeiro SeminárioRegional Política Nacional de EducaçãoInfantil em Debate, promovido pelo Mi-nistério da Educação (MEC). O encon-tro, que acontece até amanhã, reúne 275representantes de municípios mineiros e25 de cidades do Espírito Santo, no OthonPalace Hotel.

O objetivo do encontro é construiruma política de educação infantil quecontemple as especificidades de cada re-gião do país. Esse é o primeiro de oitoseminários que acontecerão até setem-bro. São dois no Sudeste (BH e São Pau-lo), dois no Norte (Belém e Manaus), doisno Nordeste (Recife e Natal), um na re-gião Sul (Porto Alegre) e um no Centro-Oeste (Goiânia).

Qualidade do ensino

A partir do documento preliminar Po-lítica Nacional de Educação Infantil, ela-borado no fim do ano passado, pelo De-partamento de Políticas de Educação In-fantil e do Ensino Fundamental do MEC,os participantes do seminário vão discu-tir temas como os parâmetros da qualida-de do ensino, integração das instituiçõesde educação infantil aos sistemas muni-cipais de ensino, formação dos profes-sores da área e a ampliação do atendi-mento, sobretudo para crianças de zero atrês anos.

Segundo a assessora e membro doConselho Municipal de Educação, Rita

Coelho, as dificuldades para ampliação,com qualidade, da educação infantil sãonacionais. Por isso, o MEC está trazendopropostas que serão discutidas nos se-minários, de onde deverão sair emendase sugestões para a consolidação do do-cumento em um seminário nacional, queirá acontecer no início do próximo ano. “Éuma iniciativa importante, a de pautar dis-cussões regionalizadas sobre a educaçãoinfantil, porque existe uma demanda mui-to grande e, apesar de as políticas públi-cas terem avançado, elas caminharam deforma desordenada", avalia Rita Coelho.

Atualmente, em Minas Gerais, existem7.724 instituições de ensino infantil, en-tre creches e pré-escolas. De acordo como Censo da Educação Infantil, realizadopelo MEC e pelo Instituto de PesquisaEconômica Aplicada (Ipea) em 2000,65,9% dos municípios mineiros possuemcreches (para crianças de zero a três anos)e 97,9% possuem pré-escolas (para crian-ças de quatro a seis anos).

BH tem 51 mil crianças de zero a 6 anossem escola

Belo Horizonte, segundo a assessorado Conselho Municipal de Educação, RitaCoelho, está mostrando sua experiênciacom a educação infantil no seminário, jáque o município é considerado referêncianessa área, apesar de ter 51 mil criançasde zero a seis anos sem atendimento. “Éuma política de governo que estamosconstruindo há mais de dez anos. Desde1993, estamos redefinindo investimentosnessa área. Enfrentamos vários desafios,fizemos várias rupturas para conseguiravançar", afirma Rita Coelho.

Belo Horizonte criou a carreira de edu-cador infantil no final do ano passado erealizou o concurso em fevereiro desteano. Segundo Karina Lopes, coordena-

dora geral de Educação Infantil do MEC,a formação dos professores é um dos pi-lares do ensino de qualidade. O Censo daEducação Infantil mostrou que apenas27% das pré-escolas do país contam comprofessores com nível superior. Nas cre-ches, o percentual é ainda menor, apenas16% dos estabelecimentos brasileiros têmprofessores com formação universitária.

Na página de Educação da última quin-ta-feira, o HOJE EM DIA mostrou umpouco da situação da educação infantilem Belo Horizonte. O município vem ten-tando ampliar o atendimento, principal-mente das crianças de zero a três anos.Para isso, serão inauguradas, neste se-gundo semestre, dezenas de UnidadesMunicipais de Educação Infantil (Umeis),que deverão fazer, pela primeira vez, oatendimento a crianças de zero a três anosna rede pública municipal. Até então, ascrianças eram atendidas em crechesconveniadas à PBH ou pela rede privada.

As Umeis também ampliarão as tur-mas com crianças de três a seis anos. Aperspectiva é de criação de seis mil no-vas vagas. Outro ponto que está sendodiscutido no seminário e que já foi im-plantado na capital mineira é a transfe-rência da rede conveniada (creches e pré-escolas) para a Secretaria Municipal deEducação - antes eram ligadas à de As-sistência Social. “Assumimos a redeconveniada como prioridade de educa-ção", afirma Rita Coelho.

Sobre a questão do financiamento daeducação infantil, ele deverá ser garanti-do com a substituição do Fundo de Ma-nutenção e Desenvolvimento do EnsinoFundamental e Valorização do Magisté-rio (Fundef) pelo Fundo da EducaçãoBásica (Fundeb), que destinará recursospara outras etapas da educação, como ainfantil, Ensino Médio e de jovens e adul-tos.

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20/07/04 0 0 AQUI SALVADOR

Educação idealOs especialistas garantem que a faixa etária mais eficaz

para iniciar o processo educacional é de 0 a 3 anos

Davi Lemos

Não se pode trataruniformemente o processo deaprendizado de uma criança, muitomenos apontar o ingresso na escolanormal como único meio paraobtenção de conhecimento nosprimeiros seis anos de vida. O quese aponta como consenso é que todacriança tem direito a ser educadadesde o nascimento, de forma quecontribua positivamente para aconstrução da cidadania.Representantes do Fundo dasNações Unidas para a Infância(Unicef) de seis países se reúnem emSalvador até a próxima sexta-feira,para analisar o que denominam como"padrões de aprendizagem precoce"e tentar estabelecer um critériocomum ao processo educacional.

Cerca de 20 especialistas doBrasil, Gana, Jordânia, Paraguai,Filipinas e África do Sul avaliarãoesses padrões. "Nós estamosouvindo essas experiências deaplicação dos métodos educacionaise dos indicadores para oaprendizado dessas crianças noprimeiro ciclo de vida", disse a oficialde projetos do Unicef na Bahia e emSergipe, Vilma Cabral. Durante asconversas, os representantes doórgão tentarão estabelecerparâmetros mais próximos, já que oconceito de primeiro ciclo deaprendizado muda de um país paraoutro, variando de 4 a 6 anos.

O oficial de educação do Unicefna Amazônia ressalta a necessidadede se discutir o assunto não apenasnas esferas de poder constituídos,mas também em família. "Bastapensarmos no que queremos paranossos filhos. Dessa forma veremosque eles podem ser educadostambém em sociedade, de formalúdica". Mazzoli informa que a faseem que a criança mais começa aaprender é entre 0 e 3 anos, mas quesó passam a freqüentar a escola apartir dos 4 anos, o que a impede dese desenvolver no período em queapresenta as melhores condiçõespara tal.

Mazzoli enfatiza que ignorar issoé, para ele, impedir que a pessoa sedesenvolva de forma plena. "Éprincipalmente até os 3 anos que acriança precisa de estímulos para oprocesso de aprendizado. E é papeldas pessoas, dos cidadãos, cobrarisso de quem governa", analisaMazzoli.

Retorno - Ele acrescenta quepensar os critérios de aprendizadodentro dos padrões normais paracada faixa de idade da infânciagarante benefícios tambémeconômicos. Ele considera que,atendendo às necessidadesespecíficas em cada época dainfância, pode-se evitar maioresgastos também com evasão escolare repetência. "O prejuízo anual deuma cidade na Amazônia foi de R$22

milhões só com repetência da 1ª à5ª série. Se metade disso fosseaplicado para acompanharadequadamente o processo deaprendizado, essas mesmas criançasse tornariam cidadãos motivados",salienta.

A chefe mundial de educação doUnicef, Patrice Engle, citou anecessidade de estabelecer os perfisnormais de aprendizado emencionou o caso de Barbados, naAmérica Central. Os educadoresdaquele país definiram períodos deaprendizado - de 0 a 1 mês, de 1mês a 1 ano, de 1 a 4 anos e de 4 a6 anos -, relacionando a cada estágiouma meta de aprendizado. "Se acriança não atinge o que se consideranormal, ela recebe um tipodiferenciado de acompanhamento.Não é simplesmente consideradamenos inteligente que outra criança",comenta Patrice.

De acordo com Patrice, nosEstados Unidos, esse forma deverificação da evolução da criança élargamente utilizada. "Dessa forma épossível entender o que está sepassando com a criança, há umaforma de medir se ela está ou nãoatingindo as metas de aprendizadodaquela determinada idade", avalia.Os educadores continuarão asdiscussões até sexta-feira, quandoobservarão as experiênciasdesenvolvidas na Bahia, com umavisita ao Centro de Educação InfantilCid Passos, na Avenida Suburbana.

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05/07/04 00 MARCIO FAGUNDES

MEC discute Fundeb em BH

O secretário da Educação Básica do Ministério da Educação, Franciscodas Chagas Fernandes, coordena hoje, em Belo Horizonte, o Encontro doFundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Seráo quarto debate que o MEC promove sobre a criação e implantação do Fundeb,em substituição ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fun-damental e de Valorização do Magistério (Fundef).

O Fundeb contemplará com financiamento todos os níveis da educaçãobásica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) e deve substituiro Fundef a partir de 2005. O projeto que cria o fundo deverá ser enviado emagosto para a Presidência da República. O debate será realizado no Centro deReferência do Professor (Casa Rosada), na Praça da Liberdade.

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28/08/04 0 0 ENSINOCORREIO DO POVO (RS)

Região Sul debate o Ensino InfantilSecretários municipais e

coordenadores pedagógicoselaboraram propostas para a

análise do MEC

Intensificar a supervisão sobreestabelecimentos de EducaçãoInfantil das redes pública e privadae fiscalizar as empresas para garantirque disponibilizem creches aos filhosdos funcionários foram algumaspropostas apresentadas ontem, noencerramento do SeminárioRegional Política Nacional deEducação Infantil em Debate,realizado na Capital desde quarta-feira. A necessidade de criarmecanismos para calcular o custopor aluno para definir políticaspúblicas e programas adequados àrealidade local também foi sugerida.A maioria das emendas - desecretários municipais de Educaçãoe coordenadores pedagógicos demunicípios da região Sul - se referemais à redação do texto do que aoseu teor.

As intervenções foramsemelhantes às dos seminários emoutros estados, conforme avaliou adiretora do Departamento dePolíticas de Educação Infantil eEnsino Fundamental do MEC,Jeanete Beauchamp. 'Aguardaremosos outros seminários parasistematizar o texto final, que serádiscutido em seminário nacional no

começo de 2005', disse. Em relaçãoà maior fiscalização das escolas deEducação Infantil, Jeaneteargumentou que, apesar de sercompetência de municípios eestados, isso não vem acontecendo.'Estão sendo criadas muitasmodalidades de estabelecimentosque atendem crianças de zero a 6anos, o que dificulta a fiscalização.Além disso, muitas não sãocadastradas', frisou. Esse foi o sextode oito seminários regionaisprogramados pelo Ministério daEducação (MEC). Os próximoseventos serão em Goiânia e Manaus.Dados do IBGE revelam que, das22 milhões de crianças entre zero e6 anos no país, atualmente mais dametade não é atendida pelossistemas de Ensino.

A secretária de Educação dePorto Alegre, Fátima Baierle,destacou o convênio da prefeitura daCapital com as creches comunitárias,iniciado em 1993, com 40instituições, e que hoje chega a 133,atendendo 9.014 crianças. 'Essascreches recebem recursos mensaisda secretaria, assessoria pedagógicae administrativa, além de cursos deformação e seminários para oseducadores.' A Smed ainda crioudois cursos de Magistério/Modalidade Normal paraeducadores das creches conveniadase fez parceria com a UniversidadeEstadual do RS (Uergs) na área dePedagogia.

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26/08/04 0 0 GERAL

MEC capacita professoresda área de ensino infantil

Os 37 mil professores do Paísque atuam na área de educaçãoinfantil vão participar de cursos decapacitação a partir do próximo ano,com a implementação do FundoNacional de Manutenção daEducação Básica (Fundeb). Ogoverno federal pretende realizarparcerias com os governos municipale estadual para implementação doprojeto. O anúncio foi feito ontemna Capital pela diretora de PolíticasEducacionais da Educação Infantil edo Ensino Fundamental doMinistério da Educação (MEC),Jeanete Beauchamp, que participaaté sexta-feira do Seminário RegionalPolítica Nacional de EducaçãoInfantil em Debate, uma promoçãoda Secretaria de Educação Básicado MEC e da União dos DirigentesMunicipais de Educação (Undime).

Segundo Jeanete Beauchamp, oMinistério da Educação querpropiciar a capacitação através decursos universitários, comoPedagogia, História e Letras, para

os educadores que trabalham comcrianças de até 6 anos e que possuemapenas o ensino médio.

O Fundo de Manutenção doEnsino Fundamental (Fundef) queserá substituído pelo Fundeb vaiincluir nos critérios de financiamentodo MEC a educação infantil, oensino médio e as modalidades deEducação de Jovens e Adultos (EJA)e Educação Especial. O projeto doFundeb deverá ser enviado aindaeste ano pelo MEC ao CongressoNacional.

As propostas dos oito semináriosregionais - ainda faltam dois - serãoapresentadas em um seminárionacional em Brasília no início de2005. No encontro de ontem, oseducadores e secretários municipaisde Santa Catarina, Paraná e domunicípio de Porto Alegre discutiramtambém a qualidade do ensino daeducação infantil e problemas comoa falta infra-estrutura das escolas -falta de equipamento, material efuncionários.

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26/08/04 0 0 ENSINOCORREIO DO POVO (RS)

Educação Infantil quer mais verbas

No seminário regional quediscute problemas do setor,SEC afirma que não abrirá

mais vagas no RS

O Brasil tem atualmente 22milhões de crianças entre 0 e 6 anos,das quais mais da metade (13,3milhões) não são atendidas pelossistemas de Ensino, segundo dadosdo IBGE. Na faixa de 0 a 3 anos, ataxa de freqüência à creche ouescola é de apenas 10,6%. Paradiscutir as deficiências do atualsistema e definir uma políticanacional para a Educação decrianças de até 6 anos, foi abertoontem, em Porto Alegre, o sexto, deuma série de oito, seminário regionalpromovido pelo Ministério daEducação (MEC).

As discussões têm como base aPolítica Nacional de EducaçãoInfantil, texto formulado pelo MEC,que fixa algumas metas e estratégiasrelativas à Educação Infantil.Conforme a diretora doDepartamento de Políticas de

Educação Infantil e EnsinoFundamental da SEB/MEC, JeaneteBeauchamp, é preciso ampliar oatendimento e a qualificação dosprofessores. Cerca de 37 mil pessoasatuam na Educação Infantil semhabilitação mínima (Ensino Médio ouMagistério). Grande parte nãopossui sequer o Ensino Fundamentalcompleto, mas passa a atuar emcreches por ter habilidade comcrianças. 'É preciso integrar ascreches ao sistema de Educação. Emmuitos municípios, elas ainda estãoligadas à assistência social',destacou. Jeanete lembrou ainda quea Educação Infantil é competênciadas prefeituras.

A expectativa é que a inclusão dascrianças se torne viável com aaprovação da proposta do governofederal de criação do Fundo deManutenção e Desenvolvimento daEducação Básica (Fundeb), quedeverá financiar a Educação Infantil,o Ensino Fundamental e o EnsinoMédio no país.

Em Porto Alegre, 14 mil criançassão atendidas em 33 escolas

municipais infantis, sete jardins depraças e 133 creches comunitáriasconveniadas com a prefeitura. Asecretária municipal da Educação,Fátima Baierle, frisou que paraconseguir atender as escolas deEducação Infantil, os municípiosprecisam de verbas da União. A titularda Smed disse que só com ascreches comunitárias, a Prefeitura daCapital gasta R$ 9 milhões por ano.

Apesar de a competência ser dosmunicípios, a rede pública estadualpossui 2,2 mil escolas de EducaçãoInfantil, que atendem 60 mil crianças.Conforme a coordenadora geral deEducação Infantil do Estado (SEC),Beatriz Kulisz, o governo seguiráatendendo os alunos e investindo naqualificação docente e espaço físico,mas sem abrir novas vagas. Asconclusões dos oito semináriosregionais serão transformadas ememendas ao texto do MEC. Em2005, o relatório final será discutidoem seminário nacional. O encontrona Capital reúne até amanhã 200municípios do Sul.

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26/08/04 00 REGIONAL

Recursos federais para transporte escolar são liberados

O Brasil participa de uma pesquisa para levantar informações sobre as políticas e os serviços voltados para a Educação Infantil

Brasília — A quinta parcela doPrograma Nacional de Apoio aoTransporte Escolar (Pnate),administrado pelo Fundo Nacionalde Desenvolvimento da Educação(FNDE/MEC), foi depositada naúltima segunda-feira, nas contascorrentes das Secretarias deEducação dos estados e municípios.Ao todo, os recursos são da ordemde R$ 27.193.492,37.

Os estados da Bahia, MatoGrosso do Sul, Santa Catarina, SãoPaulo e Tocantins optaram por nãoreceber o recurso, preferindo que aparcela referente à SecretariaEstadual seja depositada diretamentena conta dos municípios. Essasituação permite que aresponsabilidade pelo transportedos alunos da rede estadual seja dosmunicípios beneficiados com orecurso.

Com um orçamento de R$ 246milhões, o Pnate foi instituído pelaMedida Provisória nº 173, assinadapelo presidente Luiz Inácio Lula daSilva, durante a 7ª Marcha dosPrefeitos a Brasília, em marçopassado, e regulamentado pelaResolução nº 18 do FNDE. Essaverba deve ser empregada nocusteio de serviços e pagamentos aterceirizados do transporte escolarde quase 3,22 milhões de estudantesque vivem na zona rural.PESQUISA — O Brasil participa,

juntamente com o Cazaquistão,Indonésia e Quênia, de uma pesquisapara levantar informações sobre aspolíticas e os serviços voltados paraa Educação Infantil. O trabalhocomeça no próximo mês e serárealizado pelo Instituto Nacional deEstudos e Pesquisas EducacionaisAnísio Teixeira (Inep/MEC) nosmunicípios de Belém e Benevides(PA), Blumenau (SC), Recife (PE),Sobral (CE), Rio de Janeiro e SãoGonçalo (RJ), São Carlos (SP),Campos Belos e Valparaíso (GO).Uma reunião entre técnicos do Inep,da Secretaria de Educação Básica(SEB/MEC) e da Organização dasNações Unidas para a Educação,Ciência e Cultura (Unesco), queaconteceu na terça-feira, definiu asestratégias para o trabalho decampo. A pesquisa vai levar emconta aspectos como acesso,participação e eqüidade, além derecursos humanos, pedagógicos,físicos e financeiros das políticas eserviços da Educação Infantil (crechee pré-escola). Em dezembro, orelatório brasileiro será enviado àUnesco, que coordena o trabalho emparceria com a Organização para aCooperação e DesenvolvimentoEconômico (OCDE). A pesquisatambém abrangerá os serviçosvoltados para as famílias dosestudantes.

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25/08/04 0 0 ENSINOCORREIO DO POVO (RS)

Unesco colherá dadossobre Educação Infantil

A Organização das Nações Unidas para a Educação,a Ciência e a Cultura (Unesco) irá realizar uma pesquisapara levantar informações sobre as políticas e serviçosque deverão auxiliar na redefinição de estratégias paraa Educação Infantil. No Brasil, o trabalho começa nomês de setembro e será realizado pelo Instituto Nacionalde Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgãoligado ao Ministério da Educação (MEC). Segundo ocoordenador de Estatísticas Sociais do Inep, MoisésDomingos, pretende-se fazer um estudo comparativoentre o Brasil e outros três países: Cazaquistão, Indonésiae Quênia.

A Educação Infantil é tema que mobiliza também aSecretaria de Educação da Capital (Smed), que sedia,de hoje a sexta-feira, o seminário regional 'PolíticaNacional em Educação Infantil em Debate'. Promovidopela Secretaria de Educação Básica do MEC e Uniãodos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), oevento discute políticas para o setor, com ênfase naqualidade social da Educação da criança de 0 a 6 anos.São esperados secretários de Ensino, coordenadorespedagógicos e representantes da sociedade civil de 300municípios.

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13/08/04 00 CIDADES

Crianças ficam ociosas o dia todoFabiana BatistaDa Redação

Algumas creches localizadas naperiferia de Cuiabá estão comdificuldade de desenvolveratividades pedagógicas. A falta demateriais específicos e deprofissionais capacitados contribuipara atrasar o desenvolvimento dascrianças, que costumam ficar ociosasdurante mais de 10 horas diárias.

É o que vem ocorrendo, porexemplo, na creche municipalProfessor Rafael Rueda, no Pedra90. Cerca de 200 crianças ficam látodos os dias das 6h30 até as 17h,quase 12 horas diárias. Independenteda faixa etária, as atividades sãopraticamente as mesmas: correr noparquinho, andar no pátio, comer,tomar banho e dormir. "Não temosnenhum material pedagógico, comoos de encaixe, de cores ou deletrinhas. A não ser folhas de papel,giz e alguma tinta, mesmo assim, aentrega não é constante. Às vezestemos que ir buscar", afirma adiretora da creche, Sandra Palhano.

Ela é pedagoga e tenta orientaras funcionárias do local para quetentem desenvolver alguma atividadesem materiais ou com reciclados.Mas o fato é que falta qualificação.As crianças são cuidadas porAuxiliares de DesenvolvimentoInfantil (ADIs), que são profissionaiscom formação escolar até segundo

grau. "Temos entre os ADIs atépessoas com curso superior, comogeógrafos, historiadores e assistentessociais, mas que não têm formaçãoespecífica em pedagogia", pontuaSandra. A infra-estrutura da crecheé considerada por ela "razoável". Háespaço físico, limpeza e o cardápiodas refeições é definido pornutricionistas. Mas, em pouco tempode permanência no local, é visível aociosidade das crianças: os bebêsficam nos berçários, no chão,brincando com uma bonequinha semcabeça ou um carrinho sem rodas.

As crianças maiores (até cincoanos) "cursam" as séries maternal eo jardim, mas dentro das salas é umvazio. Não há cadeiras, mesas, nemmaterial didático. A solução é deixá-las brincando no parque ou na quadrada escola vizinha, conforme explicaa diretora.

Ela avalia ainda que a falta dessasatividades pedagógicas trazdificuldades para as crianças em ummomento posterior. "Elas entram naescola sem conhecer cores, números,formas, letras e se deparam com asituação de terem caderno e lápis. Éum choque", analisa.

Situação cria desigualdadesNão se pode dizer que uma

criança que deixa de desenvolvercertas atividades durante a infâncianão vá poder recuperar o "tempoperdido". "Essas atividades são

A GAZETA (MT)

fundamentais, mas nãocomprometem completamente oaprendizado", explica a mestre emEducação pela Universidade Federalde Mato Grosso (UFMT),professora Sandra Regina Lorensini.Ela concorda, no entanto, que se criauma relação de desigualdade com ascrianças que tiveram ambientepropício para desenvolver oaprendizado e a relação com o meiosocial.

"Quando uma criança pula estaetapa e chega na escola propriamentedita tem que reduzir seu ritmo deavanço para recuperar o que deixoude aprender em um momentoanterior. Fica, portanto, em condiçãode desigualdade com aquelas quetiveram a oportunidade de teratividades educativas", completa.

De acordo com a coordenadorade Educação Infantil da SecretariaMunicipal de Educação, TelmaFernandes, os ADIs estão sendoqualificados para atuar em atividadeseducativas com as crianças. Deacordo com ela, nos últimos doisanos, 536 ADIs das 32 crechesmunicipais da Capital passaram porcurso. Sete creches tambémparticipam da primeira turma de umacapacitação mais intensa (de 1 anoe oito meses) e serão elevados doquadro de pessoal de ADI paraTécnicos em DesenvolvimentoEducacional. "Esse trabalho égradativo", observa Telma. Ano quevem, outra turma irá se preparar.(FB)

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04/08/04 0 0 GERAL

Educação infantil está no vermelho

Das 711 mil crianças que deveriamfreqüentar instituições, só 232,6

mil conseguem direito em SC

ÂNGELA BASTOS

A cor vermelha da atenção marca omapa do Estado quando o assunto éeducação infantil. Das 711.128 criançasde zero a seis anos que, de acordo coma Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e aConstituição Federal, deveriamfreqüentar alguma instituição, 232.668conseguem acessar o direito.

O problema não é apenas a falta devagas nas creches - zero a três anos -e pré-escola, acima desta idade. Aescassez de investimentos dosmunicípios, que não aplicam os 10%definidos pela lei, e a baixa qualificaçãodos profissionais também colocam emrisco um dos principais pilares dodesenvolvimento humano.

As conclusões são dos integrantesdo Fórum Catarinense pela EducaçãoInfantil, formado por instituiçõesgovernamentais e não-governamentais.Entre as garantias exigidas está auniversalização da educação infantilpelos municípios em 50% para a faixade quatro meses a três anos e 100%para as crianças de quatro a seis anos.

Para isso, explica Elaine Paes eLima, presidente da OrganizaçãoMundial para Educação Pré-escolarpara o Estado (Omep), é necessário queos prefeitos priorizem no orçamento daeducação a aplicação dos 10%. "Nãose pode conceber que os recursossejam desviados para outros fins, como

nos confirmou o Tribunal de Contasdo Estado."

Por lei o município precisa destinar25% do orçamento para a educação,sendo que 15% é destinado para aeducação fundamental conformedetermina o Fundef. "Queremos os10% restantes para a educação infantil",defende. De olho nas próximas eleições,os integrantes do Fórum Estadual estãoconversando com os candidatos paraque o assunto seja um compromissoassumido desde agora.

Melhor trabalho é feito pela redepública

"Queremos que a definição nosorçamentos ocorra em nível demunicípio, do Estado e da União",sugere. Existe também a expectativa deque o Congresso Nacional estabeleçano Orçamento da União percentuaisdefinidos - ao serem incluídos no Fundode Educação Básica - para o setor.Ainda assim, reconhece Elaine, omelhor trabalho na educação infantil éfeito pela rede pública municipal.

"As famílias que buscam asinstituições mantidas pelas prefeiturasprovam isso." Para ela, é preciso separara questão demanda e qualidade."Sabemos que faltam muitas vagas, maso trabalho feito para aquelas criançasque têm acesso é muito bom. Váriosmunicípios investem na formaçãocontinuada dos profissionais", dizElaine.

( [email protected] )

Situação em SCEstado não consegue atender a

demandaCrianças de zero a seis anos 711.128Freqüentam alguma instituição

232.668Crianças de zero a quatro anos

497.847Freqüentam alguma instituição

41.474Crianças de quatro a seis anos

213.281Freqüentam alguma instituição

141.190Formação dos profissionais também

é problemaAtendem crianças de zero a quatro

anos 7.040Com nível médio 4.792Com ensino fundamental 597Com nível superior 1.651Atendem crianças de quatro a seis

anos 10.755Com nível médio 5.928Com ensino fundamental 276Com nível superior 4.551No paísO Brasil tem 22 milhões de crianças

de zero a seis anosDestas, 13,3 milhões deixam de ser

atendidas pelos sistemas de ensino,segundo dados de 2001 do IBGE

Na faixa de zero a três anos, a taxade freqüência à escola ou creche é deapenas 10,6%

De uma população de 12,3 milhõesde crianças, 11 milhões não sãoatendidas

Na faixa de quatro a seis anos, afreqüência é bem maior (65,6%)

Mesmo assim, de uma população de9,7 milhões, 3,3 milhões de criançasficam fora da escola

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29/09/04 00 EDITORIAL

Contrato e reciprocidade

Foi um choque para a sociedade a confissão doministro Patrus Ananias, do Desenvolvimento Social eCombate à Fome, de que o governo não dispõe demecanismos para o controle adequado da freqüência dosalunos de escolas públicas inscritos no Programa BolsaFamília. Ainda que pareça crueldade cortar recursos defamílias carentes, a condição de mandar as crianças paraa aula precisa ser cumprida por parte dos beneficiários.E o poder público não tem outra alternativa a não serexigir a reciprocidade combinada, pois só assim estaráfazendo bom uso dos recursos empregados no custeiodo programa. Mais do que isso: só assim estarácontribuindo efetivamente para encaminhar muitascrianças para um futuro digno.

Ainda bem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silvareagiu prontamente e exigiu dos ministérios da Saúde,Desenvolvimento Social e Educação providênciasimediatas para aprimorar o controle do governo federalsobre o programa. Em resposta, o ministro Tarso Genro,da Educação, assegurou que até o final do ano que vemo controle digital da freqüência já deverá atingir 70%das escolas. Porém, ainda este ano, os três ministériosapresentarão alternativas no sentido de cobrar dasescolas a verificação de freqüência.

Há que se distinguir dois aspectos nesta discussão.Um é o estado de carência das famílias cadastradas. Seestas não dispõem de outra alternativa de subsistência,têm que ser enquadradas num programa de assistência

social compatível com suas necessidades. O BolsaFamília destina-se prioritariamente à educação infantil.E aí entra o outro aspecto da questão: além de ser umdireito constitucional, a presença na escola de criançasentre 7 e 12 anos é também um dever da família e doEstado. Se cabe ao Estado oferecer ensino fundamentalgratuito, cabe à família cuidar para que as crianças sejamefetivamente beneficiadas por este serviço público.

Paralelamente ao aperfeiçoamento dos mecanismosde aferição de freqüência, os governantes devemdesenvolver métodos de cobrança efetiva das famílias,até mesmo para evitar distorções como a constatadarecentemente na cidade do Rio de Janeiro. Umlevantamento da Secretaria Municipal de AssistênciaSocial mostrou que apenas 3,7% das crianças quetrabalham nas ruas estão fora da escola. Ou seja: de380 crianças pesquisadas, 82,6% estão matriculadas emalguma escola. Significa que a simples adesão a umprograma como o Bolsa Família não impede que os paise responsáveis mandem as crianças para as ruas a fimde complementar a renda familiar, seja trabalhando nocomércio informal ou na mendicância.

Há, portanto, uma questão social irresolvida, mas oprograma Bolsa Família não pode ser desvirtuado porisso. Se o governo abrir mão de exigir a contrapartida,que é a presença das crianças na escola, estarátransformando uma idéia generosa em mais um projetode assistencialismo improdutivo.

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28/09/04 00 PAINEL

Educação infantil éo desafio no Estado

Secretaria Municipal de Educação ressalta que Belém ainda possui muitascrianças de zero a cinco anos de idade sem creche e fora da pré-escola

O desafio maior na área da edu-cação no Pará, e particularmente nacapital, continua sendo o atendimen-to à educação infantil. Ao fazer essaconstatação, a secretária municipalde Educação e Cultura, Luciene dasGraças Miranda Medeiros, ressaltaque, mesmo sendo Belém o municí-pio que mais atende a esse nível deensino, ainda temos aqui muitas cri-anças de zero a cinco anos sem cre-che e fora da pré-escola. A titularda Semec faz, porém, uma ressalva:ao contrário do que se imagina, etambém do que alguns procuramapregoar, sobretudo em períodoseleitorais, a educação infantil - tantoquanto o ensino fundamental -, nãoé, por lei, de responsabilidade ex-clusiva do município, mas tambémdo Estado.

De qualquer forma, LucieneMedeiros chama a atenção para umamedida que considera da maior im-portância, e que é atualmente obje-to de ampla discussão nacional pe-las autoridades do setor. Trata-se dainstituição do Fundo da EducaçãoBásica, o Fundeb, prevista em pro-posta de emenda constitucional queestá no momento em poder do Ga-binete Civil da Presidência da Re-pública. Ao contrário do atualFundef, que só financia o ensinoobrigatório de 7 a 14 anos, o Fundeb

prevê que a União aportará recur-sos para o financiamento da educa-ção infantil, do ensino fundamental eaté do ensino de nível médio.

Especificamente em relação aoensino fundamental, destacou a se-cretária que, enquanto o Fundef temcusto por aluno de primeira à quartasérie de R$ 537,71, e de quinta àoitava série de R$ 564,60, na pre-feitura de Belém o custo de uma cri-ança na educação infantil é de R$987,83, enquanto o do ensino fun-damental chega a R$ 1.640,20.

Por conta dessa decisão política,conforme frisou, o município deBelém perde anualmente, para oFundef, cerca de R$ 17 milhões.Considerando o período que vai de1997 a 2004, de acordo com a se-cretária, essas perdas devem supe-rar a casa de R$ 86 milhões. E essevalor seria ainda maior se a ele fosseacrescentado o relativo à vinculaçãode receita para a educação, mas quea prefeitura deixou de receber emvirtude da redução de sua cota-par-te de ICMS.

Apesar das dificuldades, todos osnúmeros citados por LucieneMedeiros mostram uma grande evo-lução no desempenho do setor edu-cacional em Belém a partir de 1997,quando se iniciou a administraçãoEdmilson Rodrigues. O orçamento

da Semec, por exemplo, que em1996 era de R$ 46,7 milhões, cres-ceu 11,6% já no ano seguinte e che-gou no ano passado a R$ 111 mi-lhões, o que representou, duranteesse período, um crescimento de137,1%.

Há ainda outro dado que refletea prioridade absoluta conferida aosetor educacional pela administraçãoatual, segundo Luciene Medeiros. Alegislação estabelece que os municí-pios devem gastar no mínimo 25%em educação. Em Belém, nessesoito anos, os gastos no setor educa-cional oscilaram entre 28% e 31,8%.E com um detalhe importante, res-saltado pela secretária: toda a políti-ca educacional tem se pautado, des-de 1997, em dois princípiosbasilares: a inclusão social e a efeti-va participação popular.

EVASÃO ESCOLARDIFICULTA A BUSCAPOR EMPREGO

A falta de oportunidade para con-seguir um emprego estável é uma dasprincipais conseqüencias da evasãoescolar, visível nas ruas de Belém.Fernando de Oliveira, 32, por exem-plo, abandonou a escola aos 12 anospara trabalhar, quando cursava a 7ªsérie. Desde então, nunca mais vol-

Continua

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28/09/04Continuação

tou à escola. Trabalha vendendo pas-téis nas ruas do bairro do Telégrafo.No final de semana, tenta engrossara renda da família com a venda debalões.

“Larguei a escola por opção. Co-mecei vendendo pipoca depois daaula para ajudar em casa. Depois,sabe como é, adolescente, queriacalçados e roupas melhores. Então,passei só a trabalhar”, recordou. Parao autônomo, o que faz, rende o sufi-ciente para sustentar mulher e umafilha, cerca de R$ 50 por dia, masavalia que a educação faz falta. “Dequalquer forma, mesmo se eu tives-se estudado, acho que ganho maisdinheiro com pastel que se tivesseterminado o segundo grau”, disse.

Fernando sabe que a sua opçãonão vale para a filha. “Quero ter con-dições de pagar um bom colégio paraela. Não quero que fique trabalhan-do assim como eu, atrás do balcão”,ressaltou. Quanto à sua educação,Fernando de Oliveira não acredita

mais que possa recuperar o que jápassou: “o que tinha que aprender,eu já aprendi. E, agora mesmo, é quenão tenho mais tempo para apren-der”, justifica-se.

É comum encontrar estudantescom defasagem série/idade de doisou mais anos. Martinho Amaral, 20anos, só deve concluir o EnsinoMédio este ano. Ele disse que deci-diu largar os estudos porque se di-vertir era prioridade. “Não levavamuito a sério, queria mais era namo-rar”, relatou. Para Selma Lima, adistorção série/idade é maior. Com22 anos, ela faz as primeira e segun-da etapas do Ensino Médio da Edu-cação de Jovens e Adultos (EJA).Ela conta que parou de estudar pordois anos, quando veio morar nacapital e que só conseguiu voltar àsala de aula em 2003. Célio Pinho,19, também tenta concluir os estu-dos pela EJA. Cursa 5ª e 6ª séries ànoite. Durante o dia, ajuda o pai avender produtos eletroeletrônicos.

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12/09/04- 0 0 REGIONAL

MEC vai lançar ProInfantil no início de 2005

Brasília - A Secretaria deEducação a Distância (Seed) doMinistério da Educação, por meiode uma parceria com a Secretariade Educação Básica (SEB/MEC),deve lançar, no início de 2005, oPrograma de Formação Inicial deProfessores em Exercício naEducação Infantil (ProInfantil). Oprograma é voltado para a formaçãoa distância de docentes de crechese da pré-escola que tenham apenaso ensino fundamental ou que nãotenham cursado o magistério.

O ProInfantil será estruturado nosmesmos moldes do Programa deFormação de Professores emExercício (Proformação) da Seed/MEC, que forma educadores de 1ªa 4ª série. “O material está sendoadaptado para ser utilizado noProInfantil. Esperamos podermontar turmas do novo programa jáno primeiro semestre de 2005”,

explica Luciane Andrade,coordenadora nacional doProformação.

Segundo Luciane, a formação deprofessores do ensino infantil é umademanda antiga dos municípios euma necessidade refletida, inclusive,no Censo da Educação de 2002, querevelou que 14% dos docentesatuando em creches em todo o Paíspossuem apenas o ensinofundamental, e 11,7%, emboratenham concluído o ensino médio,não cursaram magistério. Já nas salasde pré-escola, 4,4% dos educadorescursaram até a 4ª série e 4,2% estãosem magistério.

A exemplo do Proformação, oProInfantil deve funcionar por meiodo sistema de coleta de assinaturasdos prefeitos de municípiosinteressados em ter seus docentesformados pelo programa.

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10/09/04AMAZONAS EM TEMPO 00 CIDADE

MEC discute política de financiamento

Buscar novos caminhos para odesenvolvimento da Educação Infantile, desta forma, aumentar o númerode vagas para as crianças de 0 a 6anos. Este é o objetivo do SeminárioRegional de Política Nacional deEducação Infantil, que está sendorealizado pelo Ministério da Educação(MEC) em todas as regiões do país.

Envolvendo as secretariasmunicipais das principais cidades decada região, o MEC pretendedetectar as dificuldades enfrentadasquanto a investimentos, infra-estruturae conhecer as iniciativas que cadamunicípio empreendeu na aplicaçãoda educação infantil.

O Seminário Regional sobrePolítica Nacional de EducaçãoInfantil, que contará com aparticipação de secretários deeducação do Amazonas, Acre,Rondônia e Roraima e representantesdo Ministério da Educação, encerrahoje no Hotel Da Vinci.

Ao todo estão sendo realizadosoito seminários para ampliar osdebates sobre a elaboração de umdocumento preliminar a cerca daEducação Infantil. A meta é darênfase na qualidade social daeducação da criança de 0 a 6 anos,discutindo temas como PolíticaNacional para Educação Infantil, osparâmetros de qualidade para oatendimento nas instituições deeducação infantil, padrões de infra-estrutura para as instituições deensino e discussões sobrefinanciamento da educação infantil ea formação inicial, ampliação daescolaridade e formação continuadade professores de educação infantil.

Para colocar o ministério a par detodas as discussões, a coordenadorageral da Educação Infantil do MEC,Karina Rezer Lopes, participou doprimeiro dia de debates em Manaus.Para Karina é necessário entender aeducação infantil, principalmenteaplicada a crianças de 0 a 3 anos deidade, como uma fase importante daeducação do cidadão. “Aindaenfrentamos algumas dificuldadescom relação a Educação Infantil. Aprimeira é o fato de termos um fundonacional de manutenção edesenvolvimento, voltado única eexclusivamente para o ensinofundamental. Então temos quetransformar esse fundo paraeducação básica, que englobaeducação infantil e ensino médio. Nãodá para falar de ampliação de ofertasde vagas e qualidade sem ter umapolítica de financiamento que suporteessas questões”, disse Karina Lopes.

A coordenadora negou que aindahaja um preconceito em relação aeducação infantil, excluindo-a comoum processo fundamental para aformação da criança. “Hoje essepreconceito caiu muito nos últimosanos, tanto em virtude dosmovimentos sociais e política local,quanto por conta das pesquisasrelativas as faixas etárias de 0 a 6anos. Então, tanto os dirigentes quantoos pais, a sociedade civil como umtodo entendem a importância dacriança de 0 a 6 estar numa instituiçãode educação. E não mais olhar paraeducação infantil como umanecessidade da mãe que trabalha, massim, como um direito da criança nasua fase de desenvolvimento”,explicou Karina.

Para ela, os municípios têmcolaborado com a Política Nacionalem relação a Educação Infantil.“Tenho certeza que vamos conseguirconstruir uma política nacional quepossa subsidiar as políticas locais. Elagarante a participação dos dirigentesmunicipais. Não é mais aquela idéiado MEC propor uma política e pedirpara o município implementar, sem queele tenha participado, discutido”,afirmou.

Avaliação

Para a secretária municipal deEducação, Terezinha Ruiz, oseminário é uma forma de mostrar aosrepresentantes do MEC, as iniciativasjá implementadas em Manaus.“Estamos conversando e avaliandotoda a proposta do MEC eapresentando as nossas propostas, atéporque nós já temos uma experiênciacom crianças de 4 a 5 anos.Queremos também buscar soluçõesa respeito dos recursos federais paraa Educação Infantil, porque ainda nãotem. Só tem para merenda escolarque é de R$ 0,13 por criança”, disse.

Ruiz garantiu que a Semed iráapresentar propostas que achapertinente. “Temos que expandir aoferta de vagas para a EducaçãoInfantil e principalmente a criação devagas para crianças de 0 a 3 anos.Segundo a secretária, hoje a redemunicipal tem poucas vagas para essafaixa etária e 45 mil na educaçãoinfantil de 4 a 5 anos.

Maria Derzi

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14/10/04 00 CIDADE

Educadores debatem educaçãoinfantil e diretrizes curriculares

Foi realizado ontem no auditórioda Federação da Indústria eComércio do Ceará (FIEC) oEncontro de Educação Infantil como objetivo de promover o estudo ea discussão das Diretrizes Nacionaisde Educação Infantil junto aosresponsáveis pela educação nosmunicípios cearenses.

A professora Luíza TeodoroVieira, 73, diretora-pedagógica daFaculdade Contemporânea doCeará, falou sobre a importância doreconhecimento das DiretrizesCurriculares Nacionais, como pilarindispensável na construção doprojeto político pedagógico e daproposta curricular das instituiçõesde educação infantil. Foi aindadiscutida a identificação dosparadigmas das Diretrizes Nacionaisde Educação Infantil, que concebemo educar e cuidar com qualidade nasinstituições de educação.

O movimento segue amanhã, às9 horas, na Praça do Ferreira, coma finalidade de sensibilizar oCongresso Nacional para a inclusãodas creches no conjunto quereceberá recursos do Fundo deManutenção e Desenvolvimento daEducação Básica e de Valorizaçãodos Profissionais da Educação(Fundeb). A mobilização vaicontinuar no dia 18, às 10 horas, naagência central dos Correios, emFortaleza.

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13/10/04 00 NACIONAL

Creche e pré-escola, os desafios da educação

Das 800 mil crianças que deve-riam estar em creches na

capital, só 137 mil têm vagas

RENATA CAFARDO

A idéia de criar um símbolo fortena educação deu certo. Difícil falarhoje em ensino municipal sem lem-brar logo dos 21 Centros Educaci-onais Unificados (CEUs), cuja sigla- não por acaso - é pronunciadacomo céu. Raro é o educador quedesaprova a estrutura do novo equi-pamento, integrando cultura e lazerà escola, num espaço também des-frutado pela comunidade. Mais deum ano depois da entrega da primei-ra unidade, o maior questionamentocontinua sendo a opção feita pelaPrefeitura de investir altos valores emum projeto que atinge 4,5% dos es-tudantes da rede. Com os R$ 16milhões usados na construção decada CEU, seria possível abrir 18creches e diminuir o déficit no aten-dimento de crianças de 0 a 3 anos,hoje o principal problema da edu-cação pública na capital.

São Paulo tem atualmente cercade 800 mil crianças nessa faixa etáriae 137 mil delas estão matriculadasem creches públicas ou particulares.De acordo com o Censo Escolar2004 do Ministério da Educação(MEC), 44.796 usam a rede muni-cipal. Outras 60 mil estão em cen-tros administrados por convêniosentre a Prefeitura e entidades. A cre-che, assim como a pré-escola, faz

parte hoje da chamada educação in-fantil, nível de ensino com ofereci-mento obrigatório.

"Gostaria que existissem muitosCEUs, mas, como educadora, nãoconsigo esquecer as crianças quenão estão sendo atendidas", diz aprofessora da Universidade de SãoPaulo (USP) Marieta Nicolau.

Processos - Ao longo da gestãode Marta Suplicy, o Ministério Pú-blico abriu diversos processos con-tra a Prefeitura, exigindo vagas paracrianças que não encontravam lugarnas creches. O número do atendi-mento municipal dobrou nestes qua-tro anos, mas as reclamações e asfilas continuam. "Fizemos váriosacordos, o problema foi bem ataca-do, mas ele ainda continua para opróximo prefeito", diz o promotor daInfância e da Juventude do Ministé-rio Público Vidal Serrano Júnior.

Apesar da diferença gritante en-tre o número de crianças de 0 a 3anos e as matrículas nas creches, édifícil saber quantas não são atendi-das. Nem todas as mães procuramefetivamente uma vaga para seus fi-lhos pequenos em creches, seja pordesconhecer a importância da edu-cação infantil ou mesmo pela jásabida falta de oferta.

O problema da falta de vagas nãose repete no ensino fundamental (1.ªa 8.ª série); o índice de crianças naescola entre 7 e 14 anos beira os

100% na capital. Todos uniformiza-dos, com mochila, canetas, lápis, ré-gua, entre outros materiais forneci-dos pela Prefeitura. Com acordosque garantiram maioria governista naCâmara, Marta conseguiu incluir es-ses itens - e outros como RendaMínima e Leve Leite - nos atuais31% do Orçamento da cidade des-tinados à educação. A previsão para2004 é usar R$ 60 milhões em uni-formes e material escolar.

Lata - Cerca de 50 mil crianças,número semelhante ao que estudanos CEUs, continuam tendo aulasnos inferninhos das escolas de lata.A Prefeitura alega que o processopara aquisição de terrenos para asnovas construções foi lento e garan-te que o problema estará resolvidoem 2005. "Foram criados dois ru-mos na educação, um dos que estãona escolas tradicionais ou precáriase os privilegiados dos CEUs", afir-ma o educador e professor de pós-graduação da Pontifícia Universida-de Católica (PUC) AntonioChizzotti.

Na Favela de Heliópolis, a do-méstica Maria Luiza Barbosa da Sil-va não entende porque nenhum deseus cinco filhos estuda no CEU dobairro. A vizinha, Valdenir Costa deSouza, foi esperta, como ela mesmadiz, e conseguiu a vaga na unidadepara a filha de 4 anos. "Queria quepelo menos o pequeno fosse para lá",diz ela sobre Felipe, de 7 anos, hip-notizado pela pequena TV no bar-

Continua

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13/10/04Continuação

raco escuro. Ele veste o uniforme da Prefeitura e não reclama da escola. "Masno CEU tem natação, teatro, computador", completa a mãe.

A prefeita Marta teve mais votos que seu oponente José Serra (PSDB) em19 dos 21 bairros em que foram instalados CEUs. Só perdeu no Ipiranga,onde ficam o CEU Meninos e a Favela de Heliópolis, e no Butantã. Mesmoreconhecendo o valor eleitoral do projeto, a diretora da Faculdade de Educa-ção da USP, Selma Pimenta, assim como muitos de seus colegas ouvidos peloEstado, defendem sua continuidade e expansão. Segundo eles, o bom ambien-te escolar melhora a aprendizagem e a qualidade do ensino. "Os CEUs têmimportância social, cultural e pedagógica, além de representar um dinamismona vida econômica da periferia", completa o professor da PUC-SP Alípio Casali.A manutenção de cada unidade custa R$ 500 mil por mês.

Comparação - Com os debates no segundo turno polarizados entre o PT eo PSDB, serão inevitáveis as comparações entre a rede municipal e a estadualde ensino, responsabilidade, respectivamente, de Marta e do governador Ge-raldo Alckmin (PSDB). Na capital, o Estado tem 1.109 escolas de ensino fun-damental e médio; o município, 1.233, entre educação infantil e fundamental.

Com a ajuda de um plano de carreira já consolidado, os salários são histo-ricamente melhores na Prefeitura. Um professor do fundamental em início deatividade, com nível superior, recebe cerca de R$ 1.200 por mês. A rede esta-dual paga R$ 840. A Prefeitura atende 1,1 milhão de estudantes, enquanto asescolas estaduais têm 1,2 milhão de alunos na capital.

As duas redes financiam cursos de ensino superior para seus professores,mas educadores alertam que ainda falta um forte programa de atualização des-ses profissionais, além de melhores salários. Muitos deles não sabem trabalharno sistema de ciclos - comum às redes estadual e municipal - em que não hárepetência. Um dos desafios do profissional é se adequar aos estágios de de-senvolvimento de cada criança ou adolescente. "Os professores estão ame-drontados nas salas de aula, não têm repertório, não sabem educar na socieda-de contemporânea", completa Casali.

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07/10/04 00 BRASIL

Ensino fundamental sofre quedaTendência à redução do número de alunos já vem ocorrendo desde 1999

Sérgio Pardellas

BRASÍLIA - Existem atualmenteno Brasil 55 milhões de estudantesmatriculados na Educação Básica -ensinos infantil, fundamental e médio- dos quais 88% estão em escolaspúblicas. Em relação ao anopassado, houve um aumento de0,7% no número de alunosmatriculados, que em 2003totalizavam 54,6 milhões. Osnúmeros foram divulgados ontempelo presidente do Instituto Nacionalde Estudos e PesquisasEducacionais do Ministério daEducação (Inep), Eliezer MoreiraPacheco, e constam dos dadospreliminares do Censo Escolar 2004que serão publicados hoje no DiárioOficial da União.

Os dados apontam a educaçãoinfantil, incluindo creches e pré-escolas, como o nível de ensino queapresentou a maior taxa decrescimento esse ano: uma expansãode 7,9% - 6,4 milhões de alunosmatriculados em 2003 para 6,9milhões em 2004. No ensino médio,o aumento foi tímido, de apenas 1%- 9,072 milhões para 9,1 milhões dealunos. Nesse nível de ensino,registrou-se crescimento nas regiõesNordeste (3,6%), Norte (2,8%) eCentro-Oeste (2,9%) e queda noSul (0,1%) e Sudeste (0,8%).

- O baixo índice do ensino médiodeveu-se à pressão do mercado detrabalho, que levou os alunos abuscarem uma forma mais rápida deconcluí-lo como a Educação deJovens e Adultos, por exemplo -

justificou Eliezer Moreira.

O número de estudantes naEducação de Jovens e Adultosaumentou 3,9% em relação ao últimoano - 4,40 milhões em 2003 para4,57 milhões em 2004.

O mesmo ocorreu com oprocesso de inclusão de estudantescom necessidades especiais, emfranca ascensão no País. O númerode alunos aumentou 12,3%,chegando a 566 mil matriculas esteano. De acordo com o CensoEscolar, o número de alunos comnecessidades especiais em classescomuns aumentou 34,1% em relaçãoa 2003 e o de estudantes em escolasespecializadas 3,5%. Em 1998, anoda primeira pesquisa realizada sobreo tema, a matrícula correspondia a15% do total e em 2002, 24%.

A baixa ficou por conta do ensinofundamental. Foi registrada umaqueda de 1,2% no número de alunos,que atualmente são cerca de 34milhões. De acordo com o Ministérioda Educação, esse dado confirmouuma tendência verificada desde1999. O decréscimo no número dealunos matriculados no ensinofundamental foi atribuído pelopresidente do Inep a fatores comoredução da repetência, queda nataxa de natalidade da população,correção do fluxo escolar e o índiceconsolidado de 97,2% de criançasde 7 a 14 anos atendidas na escola:

- Já chegamos à universalizaçãodesse nível de ensino. Por isso, agoraa tendência é de queda - alegou.

Segundo o Censo Escolar, o Riode Janeiro apresentou umcrescimento no número de alunosmatriculados em todos os níveis daEducação Básica de 2003 para 2004,inclusive no ensino fundamental. Noensino médio, houve um aumento de0,8% - 763, 8 mil para 769,7 milestudantes matriculados no Estado.Na educação infantil, o CensoEscolar indicou um crescimento de11,7% no número de alunosmatriculados em creches e de 6,6%em pré-escolas.

Este ano, durante a realização doCenso, o Ministério da Educação(MEC) verificou a existência de 102mil matrículas ''fantasmas'' - 4,5% dototal - em quatro mil escolas de 309municípios brasileiros. No anopassado, a diferença encontrada foide 150 mil matrículas. A partir deamanhã, as secretarias de Educaçãoestaduais, municipais e do DF terão30 dias para apresentar recursoscaso queiram retificar as informaçõespublicadas. Segundo, EliezerPacheco, a maioria das situações éfruto de ''erros na apuração dasinformações e não má-fé''.

Segundo o MEC, os dadosdivulgados ontem servirão desubsídio para políticas educacionaisvoltadas para o setor público. Entreos programas que baseiam-se noCenso Escolar, estão o Fundo deManutenção e Desenvolvimento doEnsino Fundamental (Fundef),Merenda Escolar, Dinheiro Direto naEscola e o Livro Didático.

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30/11/04CORREIO BRAZILIENSE 18 EDITORIAL

Ao investir na educação infantil, o Distrito Federaltoma posição de vanguarda na resposta ao desafiode melhorar a qualidade do ensino básico. A partirde 2005, as crianças começarão o fundamental comseis anos de idade. Acrescentarão, assim, um ano aosoito que têm necessariamente de cursar. A Secretariade Educação foi além. Prometeu abrir vagas paraatender a demanda por escola para meninos emeninas de quatro e cinco anos.

A previsão era de 12 mil novos alunos. Paraabrigar os freqüentadores-mirins, a infra-estruturaexistente será otimizada com aproveitamento deespaços ociosos ou remanejamento de estudantes. Emlocais em que a adaptação não for possível, serãoalugadas salas em colégios particulares ou seconstruirão instalações de madeirite.

Mas o GDF foi surpreendido com procura bemmaior que a oferta. Provavelmente mais de 30 milpedidos de matrícula devem ser registrados até 3 dedezembro, dia em que se encerrarão as inscrições.Considerando que o ano letivo se iniciará em 14 defevereiro, há pouco tempo para buscar respostascapazes de não frustrar as expectativas de pais,alunos e sociedade em geral.

É imprescindível não voltar atrás no propósitode universalizar imediatamente o acesso ao ensinoinfantil para os dependentes da escola pública. Ainiciativa constitui passo importante no sentido de

democratizar a oportunidade de começar os estudosmais cedo. Crianças cujas famílias dispõem derecursos para pagar maternais e prezinhos levamvantagem em relação às impossibilitadas de fazerfrente a mensalidades.

Elas adquirem aptidões e competências que ashabilitam a enfrentar melhor o futuro escolar. Oconvívio as socializa. E as práticas pedagógicas aspreparam para dominar o complexo processo daleitura, da escrita e do desenvolvimento do raciocíniológico-matemático. Vale lembrar que o maior índicede repetência registra-se na primeira série econcentra-se em crianças sem passagem pelaeducação infantil.

Mais: avaliações aplicadas pelo MEC revelamque estudantes apresentam desempenhoinsatisfatório em disciplinas fundamentais comoPortuguês e Matemática. Falta-lhes a habilidade deler compreensivamente textos com pequenadificuldade ou de proceder a raciocínio complexo nalide com os números.

A entrada mais cedo na escola — acompanhadade profissionais qualificados e material didático deexcelência — pode contribuir na reversão do quadro.Bem conduzida, a iniciativa representa providênciaconcreta na busca da qualidade do ensino. É o iníciodo que as gerações passadas chamavam de primáriobem-feito.

VISÃO DO CORREIOEducação infantil

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30/11/04 00 BRASÍLIA

DF terá 36 mil alunos na educação infantilUniversalização do ensino para crianças de quatro anos começa em 2005

No novo calendário escolar parao ano letivo de 2005, a Secretariade Educação incluiu novos projetose programas, entre eles um desafio:cumprir a meta de universalização doensino para mais de 36 mil criançasde quatro anos. A partir do próximoano, todas as crianças do DF destafaixa etária terão vaga assegurada noensino infantil. É o que promete asubsecretária Dora Vianna.

- Para isso algumas escolasclasses, centros de ensinofundamental e escolas normais estãosendo readaptadas para crianças de4 anos. Como educação infantil nãonecessita de todos os dias do anoletivo, pode ser que atrase umpouco o início das aulas. Mas istonão é problema. Ampliar a educaçãoinfantil é o sonho de todo o educadoré ver brasileiro - afirma.

As aulas vão começar no dia 14de fevereiro e terminam em 19 dedezembro. Serão 100 dias para cadasemestre, conforme estipulado porlei. A outra novidade é o Bloco Inicialde Alfabetização, projeto de caráterexperimental que amplia de oito para

nove anos o ensino fundamental, ouseja, cria mais uma série. O projeto,que começa pela Ceilândia, vai incluirno ensino médio crianças de seisanos, criando uma série anterior aoque hoje corresponde a 1ª série.

- É uma experiência - enfatizaDora.

As atividades da Secretaria deEducação para 2005 já foramfechadas. O que falta ainda é traçaras estratégias. Segundo asubsecretária, isto depende doencerramento das matrículas previstapara o dia 3 de dezembro. Até atarde de ontem, 54.118 novos alunosestavam matriculados na rede públicade ensino, por meio do serviço deTelematrícula - 156. A maioriaingressou no ensino infantil: 36.314alunos. Em contrapartida aos 13.623do ensino fundamental e 4.181estudantes do ensino médio.

- O ano de 2004 foi muitopositivo. Principalmente, por causada ampla participação dacomunidade. Sem dúvida, há umamaior preocupação com a qualidade

do ensino - diz Dora.

Dentre os trabalhos iniciados ouconsolidados em 2004, está acriação do Sistema Integrado deGestão Escolar, que possibilita, porexemplo, que o pai faça oacompanhamento escolar do filhopela página da secretaria na Internet;o atendimento a 37 mil famílias pormeio do projeto Escola Bate à suaPorta, responsável por monitorar afreqüência do aluno; e o projeto deEducação Inclusiva, que atendeu,com monitoramento, portadores denecessidades especiais em escolaspúblicas do DF. Das 608 escolas, 66já fazem parte do projeto.

Segundo a subsecretária, o panode fundo para todas as atividades daSecretaria são os índices deabandono, evasão e reprovaçãoescolar. Pelos dados da Secretaria,em 1999 o índice de abandonoescolar para o ensino médio, porexemplo, era de 12,2%. Em 2003,este índice baixou para 10,3%. Oíndice de reprovação, no entanto,passou de 16% para 21,1%.