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A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos. Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s) documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença. Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s) título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do respetivo autor ou editor da obra. Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por este aviso. Estudo das rochas da região de Elvas, colhidas numa exploração geológica Autor(es): Morais, J. Custódio de Publicado por: Imprensa da Universidade de Coimbra URL persistente: http://hdl.handle.net/10316.2/36495 Accessed : 29-Mar-2021 06:56:35 digitalis.uc.pt impactum.uc.pt

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documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por

este aviso.

Estudo das rochas da região de Elvas, colhidas numa exploração geológica

Autor(es): Morais, J. Custódio de

Publicado por: Imprensa da Universidade de Coimbra

URLpersistente: http://hdl.handle.net/10316.2/36495

Accessed : 29-Mar-2021 06:56:35

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PUBLICAÇÕES DO MUSEU MINERALÓGICO E GEOLÓGICODA

UNIVERSIDADE DE COIMBRA

N.° 8

Memóriase Notícias

COIMBRA

TIPOGRAFIA DA ATLANTIDA

1935

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Estudo das rochas da região de Elvas, colhidas numa exploração geológica

Duma maneira geral estas rochas são dioritos de augite, em parte frescas em parte alteradas, havendo formações um pouco mais ácidas, uma de granito sem elemento ferro-magné- sicos, e outra de sienito.

Abundam também calcários bastante metamorfisados, e quartzitos que sofreram a mesma acção, devendo ter pre­dominado o metamorfismo dinâmico, a avaliar pelas amos­tras abaixo estudadas.

As amostras são:

N.° 1 — Da encruzilhada para a S.a da Piedade.N.° 2 — Estrada de Barbacena, encosta S. do Monte de

S.t0 Amaro.N.° 3 — Estrada de Campo Maior, Monte da Meimôa.N.° 4 — Monte de S.t0 Amaro, junto da Capela.N.° 5 — Estrada para Vila Boim, junto da Ponte da

Ribeira do Baixinho.N.° 6 — A 2 km. de Elvas, indo para Vila Boim.N.° 7 — Junto do Aqueduto de Elvas.N.° 8 — Encosta Norte do Castelo.N.° 9 — A 2 km. de Elvas, indo para Vila Fernando,

junto do aqueduto.N.° 10—Estrada de Barbacena. Encosta S. do Monte

de S.t0 Amaro.N.° 11 — Estrada de Vila Fernando, perto do Cemitério.

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As amostras n.os 1, 4, 6, 7, 8, 9 mostram à simples vista a mesma composição: textura granitoide, com bastantes cristais de piroxena, dando à rocha um tom escuro.

O grão é maior na amostra n.° 6, não deixando de ser vem visível em todas as outras.

No campo do microscópio mostram todas estas a mesma composição: andesina, alguma labradorite com bastantes macias segundo as leis da albite, periclina e Carlsbad com- binadas, especialmente nítidas na amostra n.° 7, de que adiante vão umas fotografias (1) com os n.os 7 A, 7 B.

Nas outras esta plagioclase está muito alterada, a ponto de ser nos n.os 1 e 4 um agregado de pequeninas lâminas de produto de alteração, mas mantendo ainda algumas manchas identificáveis.

Segue-se, em quantidade, a augite egirínica, um pouco violácea, sendo mais interessante a n.° 6, onde esta piroxena está cheia de pequenas manchas dum amarelo esverdeado, de horneblenda comum, as quais extinguem simultâneamente em todas as secções, incluídas no mesmo cristal de augite.

Naquela amostra vêem-se muitas secções basais com as clivagens nítidas dos 2 minerais, especialmente da anfíbola, mas não se nota no seu contacto produto algum de altera­ção, como é frequente nas alterações dos minerais. Muitas vezes é a linha de clivagem que separa os 2 indivíduos, outras vezes nota-se a mudança de cor e pleocroismo sem haver clivagem a separar.

A fotografia n.° 6 A, mostra esta transformação, sendo muito nítida a clivagem da anfíbola, cujos cristais estão um pouco mais escuros.

Na fotografia 6 B, tirada noutra posição, em que a anfí­bola está quási no máximo de absorção, destacam-se bem os seus cristais e a regularidade da sua clivagem no meio da irregularidade da clivagem da augite.

Parece que aquela alteração deve ter sido primitiva, e

(1) Os números das fotografias são os mesmos das rochas.

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não de origem secundária, aliás apareceriam outros pro­dutos.

Notam-se ainda, como minerais secundários, esfena; bem determinável na amostra n.° 9, como produto de alteração da augite, e na n.° 8, resultante da alteração da ilmenite, com a qual se vê em contacto.

Aparecem algumas agulhas de apatite.A amostra n.° 4, muito semelhante à n.° 1, tem bastante

esfena com cristais visíveis a olho nú, com faces nítidas, e destacável da rocha. Contém também esta amostra mais apatite que as anteriores.

Podemos designar todas estas rochas por dioritos de augite uralitizada.

A rocha n.° 5 tem à simples vista um aspecto diferente, pois tem o grão mais fino, e é dum tom amarelo escuro.

A análise microscópica mostra grande abundância de feldspato, grãos de contornos irregulares e que os nicois cruzados mostram cheios de veios sem contornos nítidos, e com outra orientação ótica, o que denuncia a grande pres­são a que a rocha esteve sujeita (fenómeno que se repete nas amostras adiante estudadas). Através de cristais de ortoclase aparecem as macias de albite em penetração grá­fica, e microclina (pertite) Ver as fotografias n.os 5 A e 5 B.

Entre as fendas ou veios do feldspato notam-se ainda produtos amarelados, de alteração.

Como elementos incolores notam-se ainda alguns cristais de quartzo, o que está de harmonia com a maior acidez da plagioclase.

Os elementos corados são a augite, muito alterada em produtos micáceos, onde se pode ver a biolite amarela. Estes produtos de alteração são muito abundantes, e dão a cor a rocha

Aparece ainda um elemento opaco, a ilmenite, que em muiros pontos passa a uma massa leitosa de leucoxena.

Como estas rochas teem abundância de titânio, aparece ainda a esfena.

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A pequena quantidade de quartzo leva-nos a designá-la por sienito de augite.

A rocha n.° ti, de aspecto granitoide, é muito branca, sem elementos escuros, e mostra no campo do microscópio muitos grãos de quartzo, em várias orientações, mas que não extinguem duma só vez. A mancha preta, próximo da extinção, caminha como uma onda, resultando daqui que o mesmo fragmento não tem uma posição de extinção única, pois chega a variar 8o aquela posição.

Este fenómeno indica que durante o solidificar da rocha esta esteve sujeita a grandes pressões. Veja a fotogra­fia n.° u B. O feldspato é bastante ácido, pois acusa a existência de albite, e microclina penetrando na ortoclase. Veja a fotografia n.° u A. A abundância de macias cruza­das está também de harmonia com a pressão a que a massa esteve sujeita.

Aparece ainda, em pequena quantidade, alguma mosco- vite, reconhecível pelas cores de interferência, e pelas figuras biaxiais obtidas nas lâminas de clivagem pela trituração da rocha.

Trata-se pois dum granito sem elementos ferroma- gnésicos, em quantidade apreciável.

A rocha n.° 3, escura, com ligeira estratificação mostra no campo do microscópio ser um quarteto constituído quási exclusivamente por quartzo; a cor da rocha provém de inú­meros e minúsculos grãos opacos, pretos, de óxido de ferro. (Veja a microfotografia n.° 3).

Os grãos de quartzo teem, como aí se vê, contornos bas­tante irregulares, e teem extinção ondulatória, parecendo formados de faxas paralelas e mal delimitadas, dirigidas paralelamente ao eixo principal do cristal, enquanto que as linhas de inclusões lhe estão grosseiramente perpendiculares.

Vê-se que êste quartzito sofreu o metamorfismo dinâmico que lhe deu uma ligeira xistosidade, e as indicadas proprie­dades óticas.

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Vêem-se ainda, raros e pequenos cristais com o aspecto micáceo, minerais do grupo da clorite, e nos intervalos das folhas de xistosidade arrancam-se pequenas lâminas de biotite ás vezes com a estrela de três raios.

A rocha n.° 2 é um calcário cristalino, esverdeado, com a estratificação aparente.

No campo do microscópio nota-se a calcite quere maclada numa ou duas direcções (ver a fotografia n.° 2 A) quere só com as clivagens evidentes. Ás vezes o eixo ótico desdo­bra-se em dois, devido à pressão a que a rocha esteve sujeita.

Contém ainda, em quantidade secundária, grãos, um pouco estalados, levemente esverdeados, e que não extinguem duma vez só, pois são um agregado de grãozinhos e lamelas, com o aspecto de granadas.

Dissolvendo a rocha em HCl diluido (com grande eferves­cência) ficam no fim lâminas de biotite amarelo-esverdeadas, grãos de granadas, fibras de anfibolas incolores, etc.

A rocha n.° lo é formada quási toda de grãos com cli­vagem romboédrica, bastante análogos aos da calcite, embora sem macias.

A lentidão com que o HCl a ataca mostra tratar-se de dolomite.

A rocha tem numerosas cavidades e os cristais que as cercam estão cobertos duma capa acastanhada de limonite.

Encontram-se ainda alguns cristais de quartzo.

DESCRIÇÃO DAS FOTOGRAFIAS

N.° 2 —Á esquerda, macias de calcite, em 2 direc-ções, tendo por cima um agregado de mine­rais acessórios (preto). Por cima da granada, calcite com as clivagens visíveis. A direita biotite. Nicois cruzados.

N.° 3 — Quási tudo quartzo, com extinção ondulató­

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ria, e grãos pretos de óxido de ferro. Nicoís cruzados.

N.° 5 A — Cristal de microclina, e algum preto de óxido de ferro, nicois cruzados.

N.° 5 B — A maior parte da fotografia mostra, um cris­tal (claro) de feldspato, com linhas irregula­res, pretas, com diferente orientação ótica, e ao lado vê-se um cristal de ortoclase pene­trado pelas macias de microclina, cercado por uma mancha preta que é de leucoxena. E’ através daquelas linhas que aparecem as plagioclases macladas.

N.° 6 A — Secção basal dum cristal de augite com cli­vagem um pouco irregular, contendo inclui,- dos cristais de horneblenda, de clivagem mais fina e muito regular.

N.° 6 B — O mesmo do anterior, mas na posição em que os cristais de horneblenda absorvem mais luz.

N.° 7 A — Macias de albite e periclina. Nicois cruzados.N.° 7B — Andesina maclada pela lei da albite, ven­

do se nos cantos superior direito e inferior esquerdo os cristais da fig. 6 B. Nic. cru­zados.

N.° 11 —Plagioclases macladas e quartzo nas duas manchas claras; e, na mancha grande da

direita, nebulosa de alto a baixo, mostrando a extinção ondulatória.

NOTA — Êste estudo foi feito com um microscópio de Leitz, modêlo Cemykku, adquirido pelo fundo de Sá Pinto. As fotografias tiradas com um aparelho da mesma casa, Makam pertencente ao Museu de Mineralogia.

J. Custódio de Morais.

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N.° 5 A

N.o 3

N.° 2

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N.° 5 B

N.° 6 B

N.° 6 A

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N.° 7 B

N.° 11

N.° 7 A