memórias de uma guerra suja

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  • 8/2/2019 Memrias de uma Guerra Suja

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    Memrias de uma Guerra Suja

    Livro bomba ! Apagaram o Fleury.

    Lei da Anistia para o Geisel ?

    Extrado do BlogConversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim

    O Conversa Afiada reproduz e-mail de amigo navegante Lus e se pergunta: como ser a reviso do historialismobrasileiro e a verso de que o general Geisel e o general Golbery so o Washington e o Jefferson da Democracia

    brasileira ?:

    PHA, t comendo mosca?

    Esta a notcia do dia, da semana, do ano, da dcada.

    O cara conta que apagaram o Fleury, confessa pela primeira vez detalhes do Riocentro, mostra como

    sumiram com Capistrano, Ana Kucinski et alli.

    E tudo tem a santa digital do Ustra.

    Agora, a Comisso da Verdade no pode fingir que t tudo bem.

    Bota de manchete e deixa l um bom tempo. O Brasil precisa saber.

    abs.

    Exclusivo: livro muda histria da ditadura

    Militantes de esquerda foram incinerados em usina de acar. Delegado revela em livro queviraram cinzas os corpos de David Capistrano, Ana Rosa Kucinski e outros oito opositores da

    ditadura

    A primeira confisso do atentado ao Riocentro

    http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2012/05/02/livro-bomba-apagaram-o-fleury-lei-da-anistia-para-o-geisel/http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2012/05/02/livro-bomba-apagaram-o-fleury-lei-da-anistia-para-o-geisel/http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2012/05/02/livro-bomba-apagaram-o-fleury-lei-da-anistia-para-o-geisel/http://www.conversaafiada.com.br/wp-content/uploads/2012/05/ditabranda.jpghttp://www.conversaafiada.com.br/wp-content/uploads/2012/05/ditabranda.jpghttp://www.conversaafiada.com.br/wp-content/uploads/2012/05/ditabranda.jpghttp://www.conversaafiada.com.br/brasil/2012/05/02/livro-bomba-apagaram-o-fleury-lei-da-anistia-para-o-geisel/
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    Ex-delegado do DOPS conta ter participado atentado, d nomes dos chefes militares da operaoe conta o que deu errado

    Tales Faria, iG Braslia

    Participeido atentado ao Riocentro (durante as comemoraes do Dia do Trabalhador, em 1981)e fiz parte das vrias equipes que tentaram provocar aquela que seria a maior tragdia, o grandegolpe contra o projeto de abertura democrtica, revela o ex-delegado Cludio Guerra, do DOPS(Departamento de Operaes Polticas e Socias), no livro Memrias de uma guerra suja.

    O depoimento aos jornalistas Rogrio Medeiros e Marcelo Netto, que acaba de ser publicado pelaeditora Topbooks, a primeira confisso de participao no atentado feita por um integrante das

    foras de resistncia redemocratizao do pas no final da dcada de 70.

    No Riocentro, bomba explodiu antes da hora do atentado previsto e matou agente de informaesdo Exrcito

    Cludio Guerra conta que a bomba explodiu por engano no colo do sargento Guilherme Pereirado Rosrio por um erro do capito Wilson Lus Chaves Machado, que dirigia o Puma onde osdois estavam:

    Aquela bomba era uma das trs que deveriam explodir no show. O capito Wilson estacionou oveculo embaixo de um fio de alta tenso e a carga eltrica desse fio, a energia que passava em

    cima do Puma, fechou o circuito da bomba, provocando a exploso. O erro foi do capito. () Euera especialista em explosivos.

    O ex-delegado d os nomes dos comandantes da operao, os mesmos de sempre:

    O coronel de Exrcito Freddie Perdigo (Servio Nacional de Informaes); o comandanteAntnio Vieira (Cenimar); e o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra (comandante do

    Departamento de Operaes de Informaes do 2 Exrcito DOI-Codi).

    http://www.conversaafiada.com.br/wp-content/uploads/2012/05/imagem011.jpg
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    Quanto sua equipe, a misso seria prender esquerdistas que seriam responsabilizados pelo

    atentado: Fuipara l com uma lista de nomes.

    Mas deu tudo errado. Com a exploso da bomba no Puma, os militares policiais civis e os policiaiscivis que levavam outras duas bombas abortaram a operao.

    O destino daquela bomba era o palco. Tratava-se de um artefato de grande poder destruidor. Oefeito da carga explosiva no ambiente festivo, onde deveriam se apresentar uns oitenta artistas

    famosos, seria devastador. A expanso da exploso e a onda de pnico dentro do Riocentrogerariam consequncias desastrosas. Era evidente que muitas pessoas morreriam pisoteadas.

    Segundo conta Cludio Guerra, a coordenao feita pelo pessoal de inteligncia havia mandadosuspender todos os servios de apoio do Riocentro, incluindo o policiamento e a assistnciamdica, para que no houvesse socorro imediato s vtimas. At as portas de sada foramtrancadas e placas de trnsito com siglas da VPR (Vanguarda Popular Revolucionria) haviamsido pichadas para dar a entender que se tratava de uma ao da esquerda.

    Delegado Fleury foi morto pelos militares

    Delegado da ditadura diz ter participado da deciso. E confessa o assassinato de dirigentecomunista Nestor Veras

    Tales Faria, iG Braslia

    Delegado Cludio Guerra (Foto: Divulgao)

    Smbolo da linha-dura do regime militar, o delegado Srgio Paranhos Fleury titular daDelegacia de Investigaes Criminais (DEIC) de So Paulo foi assassinado por ordem de umgrupo de militares e de policiais rebelados contra o processo de abertura poltica iniciado pelo ex-presidente Ernesto Geisel. o que afirma Cludio Antnio Guerra, ex-delegado do DOPS(Departamento de Operaes Polticas e Sociais) do Esprito Santo.

    Em depoimento aos jornalistas Marcelo Netto e Rogrio Medeiros, no livro Memrias de umaguerra suja, que acaba de ser editado pela Topbooks, Guerra conta ter participado da reunio

    em que foi decidida a morte de Fleury.

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    Ele prprio teria dado a ideia de fazer tudo parecer um acidente. Acabou sendo enviado paraliquidar o colega. Mas, por problemas operacionais, a execuo teria ficado para um grupo de

    militares do Cenimar, o Centro de Informaes da Marinha.

    No livro ao qual o iG teve acesso, o delegado confessa ter sido um dos principais encarregados

    pelo regime militar de matar adversrios da ditadura entre os anos 70 e 80.

    Guerra est sob proteo da Polcia federal. Tornou-se uma testemunha-chave s vsperas doincio dos trabalhos da Comisso da Verdade, criada para apurar violaes aos direitos humanosentre 1946 e 1988, perodo que inclui a ditadura militar (1964-1988).

    Ele conta ter executado pessoalmente militantes de esquerda como Nestor Veras, do ComitCentral do Partido Comunista Brasileiro (PCB), aps uma sesso de tortura da qual afirma no

    ter participado:(Veras) tinha sido muito torturado e estava agonizando. Eu lhe dei o tiro de misericrdia, naverdade dois, um no peito e outro na cabea. Estava preso na Delegacia de Furtos em Belo

    Horizonte. Aps tir-lo de l, o levamos para uma mata e demos os tiros. Foi enterrado por ns.

    Alm do assassinato de Veras, Guerra conta como matou, a mando de seus superiores, outrosmilitantes contra o regime, como: Ronaldo Mouth Queiroz (estudante universitrio e membro daAliana Libertadora Nacional ALN); Emanuel Bezerra Santos, Manoel Lisboa de Moura eManoel Aleixo da Silva (os trs, do Partido Comunista Revolucionrio PCR).

    Queima de arquivo

    O delegado Fleury tinha de morrer. Foi uma deciso unnime de nossa comunidade, em SoPaulo, numa votao feita em local pblico, o restaurante BabyBeef, afirma Cludio Guerra.Alm dele, segundo conta, estavam sentados mesa e participaram da votao:

    O coronel do Exrcito nio Pimentel da Silveira (conhecido como DoutorNey); o coronel-aviador Juarez de Deus Gomes da Silva (Diviso de Segurana e Informaes do Ministrio daJustia); o delegado da Polcia Civil de So Paulo Aparecido Laertes Calandra; o coronel deExrcito Freddie Perdigo (Servio Nacional de Informaes); o comandante Antnio Vieira(Cenimar); e o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra (comandante do Departamento deOperaes de Informaes do 2 Exrcito DOI-Codi), que abriu a reunio.

    Fleury tinha se tornado um homem rico desviando dinheiro dos empresrios que pagavam parasustentar as aes clandestinas do regime militar. No obedecia mais a ningum, agindo porconta prpria. E exorbitava. () Nessa poca, o hbito de cheirar cocana tambm j fazia partede sua vida. Cansei de ver.

    Guerra conta que chegou a fazer campana para a execuo, mas o colega andava sempre cercado

    de muita gente. Dias depois os planos mudaram, porque Fleury comprou uma lancha.Informaram-me que a minha ideia do acidente seria mantida, mas agora envolvendo essa suanova aquisio um acidentecom o barco facilitaria muito o planejamento.

    A histria oficial , de fato, que o delegado paulista morreu acidentalmente em Ilhabela, aotombar da lancha. Mas Guerra afirma que Fleury na verdade foi dopado e levou uma pedrada nacabea antes de cair no mar.

    Militantes de esquerda foram incinerados em usina de acar

    Delegado revela em livro que viraram cinzas os corpos de David Capistrano, Ana Rosa Kucinski eoutros oito opositores da ditadura

    Tales Faria, iG Braslia

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    Capa de "Memrias de uma guerra suja", da editora Topbooks (Foto: Divulgao)

    Ele lanou bombas por todo o pas e participou, em 1981 no Rio de Janeiro, do atentado contra oshow do 1 de Maio no Pavilho do Riocentro. Esteve envolvido no assassinato deaproximadamente uma centena de pessoas durante a ditadura militar. Trata-se de um delegadocapixaba que herdou os subordinados do delegado paulista Srgio Paranhos Fleury nas foras deresistncia violenta redemocratizao do Brasil.

    Apesar disso, o nome de Cludio Guerra nunca esteve em listas de entidades de defesa dos direitoshumanos. Mas com o lanamento do livro Memrias de uma guerra suja, que acaba de sereditado, esse ex-delegado do DOPS (Departamento de Ordem Poltica e Social) entrar para a

    histria como um dos principais terroristas de direita que j existiu no Pas.

    Mais do que esse novo personagem, o depoimento recolhido pelos jornalistas Marcelo Netto eRogrio Medeiros, ao longo dos ltimos dois anos, traz revelaes bombsticas sobre alguns dos

    acontecimentos mais marcantes das dcadas de 70 e 80.

    Revelaes sobre o prprio caso do Riocentro; o assassinato do jornalista Alexandre VonBaumgarten, em 1982; a morte do delegado Fleury; a aproximao entre o crime organizado esetores militares na luta para manter a represso; e dos nomes de alguns dos financiadoresprivados das aes do terrorismo de Estado que se estabeleceu naquele perodo.

    A reportagem do iG teve acesso ao livro, editado pela Topbooks. O relato de Cludio Guerra impressionante. To detalhado e objetivo que tem tudo para se tornar um dos roteiros de trabalho

    da Comisso da verdade, criada para apurar violaes aos direitos humanos entre 1946 e 1988,perodo que inclui a ditadura militar (1964-1988).

    David Capistrano, Massena, Kucinski e outros incinerados

    Cludio Guerra conta, por exemplo, como incinerou os corpos de dez presos polticos numa usina

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    de acar do norte Estado do Rio de Janeiro. Corpos que nunca mais sero encontrados conforme ele testemunhade militantes de esquerda que foram torturados barbaramente.

    Em determinado momento da guerra contra os adversrios do regime passamos a discutir o quefazer com os corpos dos eliminados na luta clandestina. Estvamos no final de 1973.Precisvamos ter um plano. Embora a imprensa estivesse sob censura, havia resistncia interna e

    no exterior contra os atos clandestinos, a tortura e as mortes.

    Os dez presos incineradosJoo Batista e Joaquim Pires Cerveira, presos na Argentina pela equipe do delegado Fleury;Ana Rosa Kucinsk e Wilson Silva, a mulher apresentava marcas de mordidas pelo corpo, talvezpor ter sido violentada sexualmente, e o jovem no tinha as unhas da mo direita;David Capistrano (lhe haviam arrancado a mo direita) , Joo Massena Mello, Jos Roman eLuiz Igncio Maranho Filho, dirigentes histricos do PCB; Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira e Eduardo Collier Filho, militantes da Ao PopularMarxista Leninista (APML).

    O delegado lembrou do ex-vice-governador do Rio de Janeiro Heli Ribeiro, proprietrio da usina

    de acar Cambahyba, localizada no municpio de Campos, a quem ele fornecia armasregularmente para combater os sem-terra da regio. Heli Ribeiro, segundo conta, faria o quefosse preciso para evitar que o comunismo tomasse o poder noBrasil.

    Cludio Guerra revelou a amizade com o dono da usina para seus superiores: o coronel dacavalaria do Exrcito Freddie Perdigo Pereira, que trabalhava para o Servio Nacional deInformaes (SNI), e o comandante da Marinha Antnio Vieira, que atuava no Centro deInformaes da Marinha (Cenimar).Afirma que levou, ento, os dois comandantes at a fazenda:

    O local foi aprovado. O forno da usina era enorme. Ideal para transformar em cinzas qualquervestgio humano.

    A usina passou, em contrapartida, a receber benefcios dos militares pelos bons serviosprestados. Era um perodo de dificuldade econmica e os usineiros da regio estavam penduradosem dvidas. Mas o pessoal da Cambahyba, no. Eles tinham acesso fcil a financiamentos e

    outros benefcios que o Estado poderia prestar.

    Saiu naCarta Maior, a propsito de Bomba: apagaram o Fleury: dar anistia ao Geisel ?:

    Desaparecidos polticos: incinerados em forno de usina de acarEm Memrias de uma guerra suja, um depoimento a Rogrio Medeiros e Marcelo Netto, oex-delegado Cludio Guerra, do DOPS afirma que 11 desaparecidos polticos brasileiros foram

    reduzidos a cinzas em 1973 num imenso forno da Usina Cambahyba, localizada no municpiofluminense de Campos. Seu proprietrio, um anti-comunista radical, Heli Ribeiro, era amigopessoal de Guerra.

    As vtimas desse Auschwitz tropical, segundo o livro, seriam: Joo Batista e Joaquim PiresCerveira, presos na Argentina pela equipe do delegado Fleury; Ana Rosa Kucinsk e seucompanheiro Wilson Silva, a mulher apresentava marcas de mordidas pelo corpo, talvez porter sido violentada sexualmente, e o jovem no tinha as unhas da mo direita; DavidCapistrano (lhe haviam arrancado a mo direita) , Joo Massena Mello, Jos Roman e LuizIgncio Maranho Filho, dirigentes histricos do PCB; Fernando Augusto Santa CruzOliveira e Eduardo Collier Filho, militantes da Ao Popular Marxista Leninista (APML).

    Informado hoje sobre a verso, o irmo de Ana Rosa Kucinski, jornalista e escritor BernardoKucinski, no descarta a hiptese: Nunca tinha ouvido antes, mas verossmel: os

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    precursores desse mtodo foram os nazistas, diz Bernardo, autor de um romance que leva oleitor a percorrer o outro lado igualmente cruel da tragdia: a labirntica procura de um paipela filha tragada no sorvedouro do aparato repressivo. K, lanado no ano passado pelaEditora Expresso Popular, est na segunda edio com lanamentos previstos este ano naInglaterra e Espanha.

    Leia as resenhas de Flvio Aguiar, Marco Weissheimer e Eric Nepomuceno, publicadas emCarta Maior. Bernardo recebeu a notcia hoje quando se preparava para prestar umdepoimento Promotoria Pblica sobre o desaparecimento da irm; uma rotina de dor ebusca pela verdade que se arrasta por quatro dcadas.