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Documento do Banco Mundial SOMENTE PARA USO OFICIAL Relatório N° 59840-BR MEMORANDO DE AVALIAÇÃO DE FINANCIAMENTO DE CARBONO SOBRE UMA PROPOSTA DE COMPRA DE REDUÇÕES DE EMISSÕES DE CARBONO POR PARTE DO FUNDO ESPANHOL DE CARBONO NO MONTANTE DE 6 MILHÕES DE tCO2e DO PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE N2O NO BRASIL (P125006) 17 DE FEVEREIRO DE 2011 Região da América Latina e do Caribe Departamento de Desenvolvimento Sustentável Unidade de Gerenciamento do País para o Brasil (LCC5C) A distribuição deste documento é restrita e ele somente poderá ser usado por pessoas no desempenho de suas funções oficiais. O conteúdo deste documento não poderá ser divulgado sem autorização prévia do Banco Mundial. Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized

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Documento do Banco Mundial

SOMENTE PARA USO OFICIAL

Relatório N° 59840-BR

MEMORANDO DE AVALIAÇÃO DE FINANCIAMENTO DE CARBONO

SOBRE UMA

PROPOSTA DE COMPRA DE REDUÇÕES DE EMISSÕES DE CARBONO POR PARTE DO FUNDO ESPANHOL DE CARBONO

NO MONTANTE DE

6 MILHÕES DE tCO2e

DO

PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE N2O NO BRASIL (P125006)

17 DE FEVEREIRO DE 2011

Região da América Latina e do Caribe Departamento de Desenvolvimento Sustentável Unidade de Gerenciamento do País para o Brasil (LCC5C)

A distribuição deste documento é restrita e ele somente poderá ser usado por pessoas no desempenho de suas funções oficiais. O conteúdo deste documento não poderá ser divulgado sem autorização prévia do Banco Mundial.

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EQUIVALÊNCIA DA MOEDA (Taxa de câmbio em vigor em 29 de novembro de 2010)

Unidade monetária = Euro � 1,00 = US$ 1,379

US$ 1,00 = � 0,726

ANO Civil 1o de janeiro – 31 de dezembro

ABREVIAÇÕES E ACRÔNIMOS

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica APP Áreas de Preservação Permanente ASPAPA Associação Paulinense de Proteção Ambiental BAU Condução Usual de Negócios CFU Unidade de Financiamento de Carbono (do Banco Mundial) CO2, CO2e Dióxido de Carbono, equivalente ao Dióxido de Carbono CPISP Comissão Pró-Índio de São Paulo CPS Estratégia de Parceria de Países DNA Autoridade Nacional Designada DOE Entidade Operacional Designada EMP Plano de Gestão Ambiental ER Redução de Emissões ERPA Acordo de Compra de Reduções de Emissões EUETS Esquema de Comércio de Emissões da União Europeia FUNAI Fundação Nacional do Índio GHG Gases de Efeito Estufa GWP Potencial de Aquecimento Global IFC Corporação Financeira Internacional ISA Instituto Socioambiental LoI Carta de Intenção MDL Mecanismo de Desenvolvimento Limpo N2O Óxido Nitroso NPV Valor Atual Líquido OP Política Operacional (do Grupo Banco Mundial) PCU Unidade de Coordenação do Projeto PDD Documento de Desenho do Projeto (para projetos de MDL) PNMC Plano Nacional sobre Mudança do Clima RCE Redução Certificada de Emissões SCF Fundo Espanhol de Carbono UNFCCC Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima UNICAMP Universidade Estadual de Campinas WBG Grupo Banco Mundial

Vice-Presidente: Pamela Cox

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Diretor de País: Makhtar Diop Diretora de Setor: Laura Tuck Gerente de Setor: Karin Erika Kemper

Chefe da Equipe do Projeto: Sebastian Martin Scholz

PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE N2O NO BRASIL

CONTEÚDO

A.  CONTEXTO ESTRATÉGICO E FUNDAMENTAÇÃO LÓGICA................................ 5 

B.  DESCRIÇÃO DO PROJETO.............................................................................................. 8 

C.  AVALIAÇÃO ........................................................................................................................ 9 

D.  Termos e condições do ERPA ............................................................................................ 16 

Anexo 1: Preparação e supervisão do projeto .......................................................................... 17 

Anexo 2: Condições gerais aplicáveis ao Acordo de Compra de Reduções de Emissões Certificadas para projetos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, de 1º de fevereiro de 2006.......................................................................................................................................... 18 

Anexo 3: Aspectos da Política de Salvaguardas ....................................................................... 21 

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PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE N2O NO BRASIL

Região da América Latina e do Caribe (LCR) Rede de Desenvolvimento Sustentável (SDN)

Data: 17 de fevereiro de 2011 Diretor de País: Makhtar Diop Diretora de Setor: Laura Tuck ID do projeto: P125006 Instrumento de empréstimo: Financiamento de carbono

Chefe da Equipe: Sebastian Martin Scholz Setor: Meio Ambiente (100%) Categoria Avaliação Ambiental: B

Dados de Financiamento do Projeto: [ ] Empréstimo [ ] Crédito [ ] Subsídio [ ] Garantia [X] Outros: Financiamento de carbono Para Empréstimos/Créditos/Outros: Financiamento de Carbono do Banco Mundial por meio da compra de Reduções Certificadas de Emissões (RCEs) no montante de 6 milhões de tCO2e.

Plano de financiamento (milhões de euros) Fonte Local Estrangeiro Total

Fundo Espanhol de Carbono TOTAL

Órgão Responsável da Contraparte: Rhodia Energia (Grupo Rhodia) Estimativa de pagamentos (EF Banco Mundial/Euros) O Banco Mundial pretende comprar Reduções de Emissões (ERs) em um montante de 6 milhões de tCO2e. De acordo com os termos comerciais para esta transação, os pagamentos não podem ser divulgados. Período de implementação do projeto: 2011-2013. Este período refere-se à duração do ERPA (Acordo de Compra de Reduções de Emissões) com o Fundo Espanhol de Carbono. Data prevista para entrada em vigor: Fevereiro de 2011 Data prevista para encerramento: Dezembro de 2013 O projeto afasta-se da Estratégia de Assistência aos Países (CAS, sigla em inglês) em termos de conteúdo ou outro ponto significativo?

Sim Não

O projeto requer quaisquer exceções das políticas do Banco Mundial? Essas exceções foram aprovadas pela Administração do Banco Mundial? A aprovação da Diretoria Executiva está sendo solicitada para alguma exceção das políticas?

Sim Não

não se aplica

Sim Não

O projeto inclui quaisquer riscos críticos classificados como "substanciais" ou "altos"?

Sim Não

O projeto atende aos critérios regionais de prontidão para implementação?

Sim Não

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A. CONTEXTO ESTRATÉGICO E FUNDAMENTAÇÃO LÓGICA 1. Questões do país e do setor 1. Em 2008, o Brasil tinha um total de emissões de gases de efeito estufa (GHGs) de aproximadamente 1,4 bilhão de toneladas de CO2e por ano, incluindo mudanças no uso da terra e emissões do setor de silvicultura de cerca de 550 milhões de toneladas por ano1.

2. O Brasil continua fortemente comprometido a reduzir suas emissões de GHGs.Em dezembro de 2008 o Presidente Lula lançou o Plano Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC)2 o qual, entre outras medidas, propõe uma redução de 70% no desmatamento até 2017. O PNMC baseia-se no trabalho da Comissão Interministerial sobre Mudança do Clima e de seu Grupo Executivo, em colaboração com o Fórum Brasileiro de Mudança do Clima e organizações da sociedade civil. Em dezembro de 2009 o legislativo brasileiro aprovou a Lei 12.187, criando o PNMC e estabelecendo um alvo nacional de redução voluntária de GHGs entre 36% e 38,9% das emissões projetadas em seus negócios de condução usual (BAU) até 20203, o que equivale a uma redução de 974 milhões a 1,05 bilhão de toneladas de CO2e. 3. O perfil das emissões de GHGs do Brasil é bastante especial. Cerca de 85% de toda a energia gerada no Brasil provêm de energia hidrelétrica4. Apesar da tendência crescente de outras fontes de eletricidade e apesar de restrições socioeconômicas e ambientais no tocante a projetos hidrelétricos em geral, a energia hidrelétrica continuará a ser a principal fonte de energia elétrica no Brasil no futuro previsível, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)5. Os transportes não são uma fonte importante de emissões de GHGs no Brasil, devido ao fato de o etanol substituir 40% da gasolina como combustível6. Portanto, os setores de energia e transportes no Brasil baseiam-se em grande parte em alternativas de baixo carbono e cumpre reconhecer esforços atuais no sentido de manter limpa a matriz energética.

4. O setor industrial do Brasil tem uma pegada significativa de GHGs devido ao seu elevado consumo de combustível fóssil e emissões correlatas, principalmente de Óxido Nitroso (N2O). Embora os setores de energia e transportes do Brasil não representem fontes importantes de GHGs – ao contrário do que normalmente ocorre nos países em desenvolvimento – o setor industrial desempenha um papel significativo. De

1 Banco Mundial, Estudo de Caso de País de Baixo Carbono no Brasil, 2010. 2 Plano Nacional sobre Mudança do Clima - (data da última consulta: 16 de novembro de 2010) 3 Anexo II – Ações de Mitigação Nacionalmente Apropriadas (NAMAS) de Partes dos Países em Desenvolvimento - http://unfccc.int/files/meetings/application/pdf/brazilcphaccord_app2.pdf (data da última consulta: 16 de novembro de 2010) 4 Estudo sobre Baixo Carbono para o Brasil – http://siteresources.worldbank.org/BRAZILEXTN/Resources/322340-1277832245764/LowCarbon_Fulldoc.pdf (data da última consulta: 16 de novembro de 2010) 5http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/energia_hidraulica/energia_hidraulica.htm (data da última consulta: 16 de novembro de 2010) 6 Estudo sobre Baixo Carbono para o Brasil – http://siteresources.worldbank.org/BRAZILEXTN/Resources/322340-1277832245764/LowCarbon_Fulldoc.pdf (data da última consulta: 16 de novembro de 2010)

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acordo com o último inventário de GHGs do Brasil, o N2O representa 25% do total de emissões de GHGs, excluindo a mudança no uso da terra e silvicultura.

5. Portanto, a redução de emissões de gases industriais deve ser considerada uma meta prioritária para diminuição das emissões globais, continuando ao mesmo tempo a crescer de maneira sustentável.

6. O projeto proposto tem como objetivo a redução de N2O no setor de produtos químicos do Brasil. O N2O é gerado como um subproduto do processo de produção de ácido adípico e é emitido na corrente de resíduos de gases. É um poderoso gás do efeito estufa com um potencial de aquecimento global (GWP) cerca de 300 vezes superior ao GWP do CO2. As emissões de N2O estão incluídas no grupo de seis GHGs regulamentados no Protocolo de Kyoto. 7. O uso principal do ácido adípico é como um componente de náilon e, portanto, as tendências de produção do ácido adípico estão estreitamente relacionadas com as tendências de consumo do náilon. A demanda crescente no setor de engenharia de plásticos provocou uma expansão da capacidade existente de ácido adípico na América do Norte e na Europa Ocidental, bem como em novas instalações na Região Ásia-Pacífico. Os impulsores econômicos da produção de ácido adípico incluem o início da construção de novas moradias e resinas de engenharia de náilon nas indústrias automotiva e eletrônica7.Em âmbito mundial há somente algumas instalações de produção de ácido adípico. Os Estados Unidos são um dos principais produtores. Três empresas em quatro locais são responsáveis por cerca de 40% da produção mundial. Entre outros países produtores figuram o Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Itália, Japão, Coreia, Cingapura, Ucrânia e Reino Unido. A maioria desses países tem apenas uma instalação de produção de ácido adípico. 8. Em 1990, a produção de ácido adípico era a maior fonte de emissões industriais de N2O. Por volta de 1999, segundo fontes industriais, quase todos os principais produtores de ácido adípico implementaram tecnologias de redução de N2O. Consequentemente, considera-se que atualmente a produção de ácido nítrico seja a maior fonte industrial de emissões de N2O8. As emissões globais de N2O respondiam por 9,4% do total de emissões globais (em 2000).

2. Fundamentação lógica da participação do Banco Mundial 9. N2O é o terceiro gás mais emitido entre os seis gases regulamentados no Protocolo de Kyoto9. O Protocolo de Kyoto da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) entrou em vigor em fevereiro de 2005. Este acordo

7 Emissões de N2O Provenientes da Produção de Ácido Adípico e Ácido Nitroso – http://www.ipcc-nggip.iges.or.jp/public/gp/bgp/3_2_Adipic_Acid_Nitric_Acid_Production.pdf (data da última consulta: 16 de novembro de 2010) 8 Emissões de N2O Provenientes da Produção de Ácido Adípico e Ácido Nitroso – http://www.ipcc-nggip.iges.or.jp/public/gp/bgp/3_2_Adipic_Acid_Nitric_Acid_Production.pdf (data da última consulta: 16 de novembro de 2010) 9WorldResourcesInstitute - http://cait.wri.org/cait.php?page=gases (data da última consulta: 16 de novembro de 2010)

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internacional compromete os países industrializados a reduzir suas emissões de carbono até uma média de 5,2% abaixo de seus níveis de 1990 entre 2008 e 2012. O Protocolo fornece “mecanismos flexíveis” como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) para cumprir tais obrigações. O MDL permite aos países industrializados atender à parte de suas obrigações por meio da compra de reduções de emissões de projetos que gerem tais reduções de emissões em países em desenvolvimento (que atualmente não possuem uma obrigação de reduzir tais emissões nos termos do Protocolo de Kyoto). 10. O projeto proposto alavanca o financiamento de carbono para tratar de um importante desafio do cronograma no setor industrial do Brasil. O Banco Mundial, por meio de seu envolvimento nas operações de financiamento de carbono, ajuda a garantir a coerência entre projetos individuais por ele apoiados e o diálogo internacional sobre a mudança do clima, ao mesmo tempo em que fornece a oportunidade de mobilizar profissionais com experiência global no campo, apoio técnico para a preparação de projetos, capacidade de supervisão e desenvolvimento de vínculos com outras fontes de conhecimento especializado e recursos financeiros. Ao mobilizar os setores público e privado em relação a uma nova e importante fonte de financiamento de projetos, o Banco Mundial está desenvolvendo uma importante base de conhecimento e está demonstrando como as percepções e a experiência dos dois setores podem ser agrupadas para organizar recursos adicionais para um desenvolvimento sustentável e abordar preocupações ambientais globais como a mudança do clima. 11. A operação proposta é de interesse corporativo e permitirá um total compromisso de capital do Fundo Espanhol de Carbono (SCF). O SCF, um dos maiores fundos de carbono do Negócio de Financiamento de Carbono do Banco Mundial10, fechou oficialmente para novos projetos em 15 de dezembro de 2010. O padrão de cumprimento incompleto de reduções de emissões (ERs) resultantes de uma combinação de falhas do projeto, subdesempenho do projeto, e atrasos regulatórios que afetam o mecanismo de desenvolvimento limpo como um todo tem sido também uma preocupação do SCF. A compra proposta de ERs sob esta transação é uma oportunidade para reequilibrar a carteira do SCF, abordar o cumprimento incompleto de ERs e comprometer os recursos financeiros do SCF dentro de um cronograma claramente definido. 12. O Banco Mundial envia um sinal do mercado de carbono pós-2012 e facilita a maior transação brasileira de MDL até esta data. No ambiente econômico e normativo, seria desafiador para qualquer comprador do setor privado executar uma transação deste tamanho (6 milhões de tCO2e) e horizonte temporal. Para um órgão do setor privado abordado pelo Esquema de Comércio de Emissões da União Europeia (EU ETS), as Reduções Certificadas de Emissões (RCEs) geradas até 31 de dezembro de 2012 precisam ser emitidas e cumpridas até 31 de março de 2013 para serem contadas dentro da Segunda Fase (2008-2012) do EU ETS.

10 A Unidade de Financiamento de Carbono (CFU) do Banco Mundial atualmente administra 12 fundos/mecanismos, a saber: o Fundo Espanhol de Carbono (SCF), o Protótipo do Fundo do Carbono (PCF), o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo da Holanda (NCDF), o Fundo de Carbono para o Desenvolvimento da Comunidade (CDCF), o Fundo de BioCarbono (BioCF), o Fundo Italiano de Carbono (ICF), o Fundo Europeu de Carbono da Holanda (NECF), o Fundo Dinamarquês de Carbono (DCF), o Fundo do Carbono para a Europa (CFE) e o Mecanismo de Carbono Abrangente (UCF), o Mecanismo de Parceria de Carbono Florestal (FCPF) e o Mecanismo de Parceria de Carbono (CPF).

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13. O Banco Mundial, atuando como fiduciário de um fundo soberano de carbono como o SCF, pode utilizar as ERs cumpridas após 31 de março de 2013 para fins de cumprimento do Protocolo de Kyoto. Assim, esta transação proposta é uma oportunidade para a contraparte do projeto, o Governo Espanhol, bem como o Banco Mundial, implementar uma operação substancial de financiamento de carbono sem deixar de fora o setor privado. 3. Objetivo de desenvolvimento do projeto

14. O objetivo de desenvolvimento do projeto proposto é reduzir emissões de N2O, um poderoso gás causador do efeito estufa que, na ausência do projeto, tem sido emitido na atmosfera, contribuindo para os efeitos prejudiciais da mudança do clima.

4. Objetivos de nível mais elevado para os quais o projeto contribui 15. A Estratégia de Parceria de Países (CPS) do Grupo Banco Mundial 2008-2011 (Relatório No 2677-BR), discutida pela Diretoria Executiva em 1º de maio de 2008, e o Relatório de Progresso (Relatório No 53356-BR), discutido pela Diretoria Executiva em 20 de abril de 2010, apoiam as políticas e os investimentos que incentivarão o crescimento econômico e o desenvolvimento social em um contexto de estabilidade macroeconômica. O projeto proposto é coerente com a CPS e as prioridades de desenvolvimento do Banco Mundial no Brasil, com a promoção do desenvolvimento social e ambientalmente sustentável, incluindo:

(i) redução de emissões, poluição e impactos ambientais e de saúde associados ao setor de produtos químicos do Brasil;

(ii) criação de empregos regionais e prosperidade por meio de oportunidades de emprego de longo prazo em um setor de produtos químicos em operação de forma sustentável.

B. DESCRIÇÃO DO PROJETO 1. Componentes do projeto 16. A atividade do projeto consiste na instalação de uma unidade de decomposição térmica para emissões de N2O da produção de ácido adípico. O principal objetivo da atividade do projeto é reduzir as emissões de GHGs por meio da coleta e da decomposição térmica de N2O gerado como um subproduto da produção de ácido adípico. 17. A atividade do projeto será localizada dentro dos limites de uma fábrica de ácido adípico de propriedade da Rhodia Energia Brasil Ltda em Paulínia, Estado de São Paulo, Brasil. Os equipamentos de decomposição térmica foram instalados e estão em operação desde novembro de 2006, quando começou a destruição de N2O. 18. Este projeto de compensação de carbono enquadra-se na categoria de atividade de projeto de MDL em larga escala das indústrias químicas. Foi registrado como um

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projeto de MDL com a Diretoria Executiva do MDL em 25 de dezembro de 200511. Ageração total de ER para o primeiro período de crédito (2007 - 2013) é de cerca de 42 milhões de tCO2e (36 milhões de tCO2e antes do final de 2012), de acordo com o Documento de Desenho do Projeto (PDD). 19. O projeto está sendo totalmente implementado de acordo com a descrição apresentada no PDD. As verificações exigidas pelo MDL estão sendo realizadas regularmente e cerca de 600.000 RCEs estão atualmente sendo emitidas a cada mês.

Tabela 1: Resumo do Projeto de Redução das Emissões de N2O no Brasil

Projeto Projeto de Redução de Óxido Nitroso em Paulínia, SP, Brasil Registro do MDL Núm. 116 Parte anfitriã Brasil Outras partes envolvidas França, Reino Unido, Holanda, Japão e Suíça Data de registro 25 de dezembro de 2005 Escopo setorial Indústrias químicas Escala de atividades Grande Período de crédito 1o de janeiro de 2007 - 31 de dezembro de 2013 Metodologia AM0021 - Metodologia básica para decomposição de N2O de fábricas

existentes de produção de ácido adípico Montante de reduções 5.961.165 toneladas métricas de CO2 equivalente por ano

2. Principais indicadores

20. O indicador de desempenho primário é o cumprimento oportuno de ERs para as quais pagamentos serão feitos pelo Fundo Espanhol de Carbono, de acordo com o Acordo de Compra de Reduções de Emissões (ERPA). O período do contrato terminará em 30 de novembro de 2013 para a compra de ERs sob este ERPA específico com o Fundo Espanhol de Carbono - Parcela 1. A Rhodia Energia Brasil Ltda, Rhodia Energia, deve fornecer as RCEs de acordo com o seguinte cronograma de cumprimento a ser acordado no ERPA.

Volume de RCEs Data de fornecimento 1.500.000 Em 31 de dezembro de 2012 ou antes 4.500.000 Em 30 de novembro de 2013 ou antes

C. AVALIAÇÃO 1. Disposições institucionais e de implementação 21. A única contraparte do projeto é a empresa química francesa Grupo Rhodia e sua subsidiária Rhodia Energia, proprietária da fábrica de produção de ácido adípico em Paulínia, no Estado de São Paulo, Brasil. Como consequência dos incentivos criados pelo MDL, a Rhodia instalou os equipamentos do processo de coleta e decomposição térmica de N2O para a fábrica de ácido adípico em operação em Paulínia, após o registro do projeto do MDL com a Diretoria Executiva do MDL em dezembro de 2005. A própria

11Núm. de Referência do Projeto: 0116

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instalação de decomposição foi instalada no local da fábrica em Paulínia em outubro de 2006. Mais de três dúzias de verificações e emissões de ERs geradas pelo projeto foram concluídas pela Diretoria Executiva do MDL das Nações Unidas até novembro de 2010. 22. O Grupo Rhodia desenvolveu o projeto do MDL, que está totalmente em operação, com a Orbeo, uma joint venture entre a Rhodia e o Banco Francês Société Générale. O Fundo Espanhol de Carbono do Banco Mundial compraria ERs, uma vez que são gerados e emitidos de acordo com a metodologia subjacente e os procedimentos de monitoramento exigidos pelo MDL.

23. Uma Carta de Intenção (LoI) para a compra de RCEs do projeto foi assinada em 30 de novembro de 2010 entre a Rhodia Energia e o Banco Mundial como um fiduciário do Fundo Espanhol de Carbono. Na LoI, um acordo preliminar foi feito para uma estimativa de RCEs, preços indicativos e acordos de pagamento para as reduções de emissões compradas da operação proposta.

24. A “Carta de Aprovação” do projeto foi emitida pela Autoridade Nacional Designada (DNA) brasileira em 14 de outubro de 2005. A aprovação da DNA brasileira é a confirmação do país anfitrião da contribuição do projeto para um desenvolvimento sustentável, conforme exigido pelos dois objetivos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, ou seja, desenvolvimento sustentável e alcance de reduções de emissões. As regras e as modalidades sob o Protocolo de Kyoto exigem que os projetos do MDL sejam aprovados pelo governo nacional por meio da DNA para projetos do MDL. No Brasil, a DNA é a Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima. A DNA é responsável pela aprovação do projeto e fornece a confirmação de que o projeto é coerente com as prioridades gerais de desenvolvimento sustentável do país.

2. Metodologia da Linha de Base, Monitoramento e Avaliação de Resultados 25. A atividade do projeto já foi registrada e autorizada. Assim, o Projeto de Redução das Emissões de N2O no Brasil será avaliado de acordo com a geração real e o cumprimento das ERs previstas. Geralmente, os projetos de Financiamento de Carbono são avaliados com base em uma análise prévia da linha de base das emissões (geração convencional e emissões que teriam ocorrido na ausência do projeto) e na determinação de adicionalidade do projeto. Em seguida, o desempenho do projeto é monitorado de acordo com o Plano de Monitoramento incluído no PDD. O monitoramento e a avaliação das ERs no caso do projeto proposto são implícitos no sentido em que a geração da ER é uma função diretamente proporcional à quantidade de ácido adípico produzido pela instalação. 26. As emissões da linha de base consistem nas emissões de N2O que seriam liberadas sem a implementação da atividade do projeto (ou seja, sem a instalação do agente oxidante de N2O) e nas emissões de CO2 que seriam liberadas devido à queima de combustível fóssil no local para a produção de vapor caso a atividade do projeto não fosse implementada. Essas duas fontes de emissão são determinadas de acordo com a

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“Metodologia da Linha de Base para decomposição de N2O nas instalações de produção de ácido adípico existentes (AM0021)”.12

27. O projeto atende aos critérios de aplicabilidade da AM0021 uma vez que: a) o projeto usa um processo térmico para a decomposição do subproduto de N2O da produção de ácido adípico na instalação de produção existente em Paulínia; b) existem dados relativos às emissões da linha de base em Paulínia, o que permite realizar a avaliação da linha de base; além disso, as emissões relativas à atividade do projeto estão disponíveis devido aos esforços de monitoramento deste projeto; c) a fábrica de Paulínia existe desde 1965 e passou por diversas ampliações com a atual capacidade da placa de identificação estabelecida em 2001; d) não existe regulamentação que exija a redução de N2O no Brasil; e, por isso, e) sem o MDL não há nenhum incentivo econômico para instalar o centro de decomposição de N2O. 28. A metodologia detalhada está incluída no PDD, mas em termos gerais as reduções de emissões são calculadas do seguinte modo:

12 Metodologia de linha de base e monitoramento aprovada AM0021, “Metodologia da Linha de Base para decomposição de N2O nas instalações de produção de ácido adípico existentes”, AM0021 / Versão 03, Escopo Setorial: 05, EB 45 http://cdm.unfccc.int/filestorage/CDMWF_AM_BCEJNPA3ZPOWZOE318KULMRZPBLLWF/EB45_repan06_AM0021_ver03.pdf?t=Vkh8MTI5MjEwMzExMS45Nw==|_EL0En2gJeDeAX5EB9ribuxMQfU=

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yyyy LEPEBEER −−=

Onde: yER = Reduções das emissões no ano y (tCO2e)

yBE = Emissões da linha de base no ano y (tCO2e)

yPE = Emissões do projeto no ano y (tCO2e)

LEy = Emissões por vazamento no ano y (tCO2e)

29. Além disso, a metodologia de monitoramento ajuda a ajustar os cálculos prévios com base no desempenho real do projeto de N2O. Ametodologia inclui também o monitoramento de vazamentos13 e da pesquisa periódica de passageiros, e o monitoramento dos fatores de carga. Todos esses elementos da metodologia estão incluídos no PDD, bem como uma descrição detalhada das fontes de dados.

30. O monitoramento das emissões é realizado pela entidade do projeto com base na metodologia incluída no PDD e verificado por uma Entidade Operacional Designada (DOE), como exigido nas regras as do CDM. O DOE é uma entidade independente subordinada aos órgãos de supervisão do CDM, sendo responsável por validar as atividades do projeto e verificar as reduções de emissões dos gases de efeito estufa (GHG). Isso faz parte dos processos padrão de validação e verificação das reduções de emissões, conforme exigido pelas regras do CDM. O Banco Mundial exigirá que o DOE emita um Relatório de Verificação e Certificação composto por um demonstrativo do montante de reduções de emissões verificadas que o projeto gerou durante o período de verificação correspondente.

3. Análise econômica e financeira 31. A atividade do projeto não seria comercialmente viável sem as receitas das RCEs uma vez que não existe nenhum subproduto da instalação de decomposição que tenha qualquer valor econômico. Sendo assim, todos os custos – capital, combustível, custos operacionais e custos de manutenção têm que ser recuperados por meio da geração e venda de RCEs. Quanto a esses últimos, a metodologia do CDM aplicável (AM0021) exige documentação detalhada com a aplicação de uma análise de referência (Opção III do teste de adicionalidade conforme exigido na metologia AM0021 do projeto) – uma simples análise de custos não pode ser aplicada porque a atividade do projeto produz outras vantagens econômicas (externalidades positivas) além da renda relativa ao CDM.

13 O vazamento é considerado quando: (i) o projeto pode influenciar a taxa de ocupação dos veículos restantes e existe uma mudança no fator de carga do sistema de transporte da linha de base devido ao projeto; e (ii) contudo, a título de uma abordagem conservadora, o vazamento só é considerado caso o efeito anual total seja diminuir as reduções de emissões previstas.

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4. Políticas de salvaguarda 32. O projeto foi classificado como categoria ‘B’ e foram acionadas as políticas de salvaguarda de Avaliação Ambiental (OP/BP 4.01) e Hábitats Naturais (OP/BP 4.04),uma vez que os impactos potenciais são limitados em escopo, localizados, temporários e reversíveis. 33. O projeto foi registrado na UNFCCC e passou pelo processo de revisão pelos auditores terceirizados credenciados, conforme requerido pelo CDM. Além disso, o desenvolvedor do projeto, a Orbeo (uma joint venture entre a Rhodia e o banco francês Société Générale) aplica as auditorias em conformidade com os Princípios do Equador adotados pela Société Générale para suas atividades financeiras. 34. Do ponto de vista corporativo, o Grupo Rhodia tem uma classificação alta no Índice de Sustentabilidade Dow Jones, o principal índice global não financeiro das empresas mais eficientes na área de responsabilidade socioambiental.

35. O Sistema de Gestão de Qualidade das instalações da Rhodia tem o certificado ISO 14.000 e o local do projeto tem o certificado ISO 9001:2000, englobando também a fábrica de ácido adípico e a unidade de decomposição de N2O.

36. A unidade de decomposição térmica de N2O é conectada a uma instalação existente e não representou uma expansão da planta industrial. Entretanto, o Projeto de N2O faz parte de um complexo industrial maior, com 25 outras indústrias de produtos químicos pertencentes à Rhodia, uma instalação terceirizada de produção de gás e duas outras fábricas pertencentes a terceiros. Todas as fábricas ficam localizadas na mesma área, compartilhando os mesmos serviços públicos e instalações de gestão e controle de Meio Ambiente, Saúde e Segurança (EHS).

37. Uma auditoria conduzida para fins de devida diligência não identificou nenhuma falta de conformidade técnica ou jurídica que pudesse prejudicar a conformidade ambiental, social ou jurídica do Projeto de N2O e suas instalações associadas, de acordo com a legislação aplicável e as Salvaguardas do Banco Mundial. Em dezembro de 2010 e janeiro de 2011, uma empresa independente de consultoria avaliou a conformidade do projeto proposto com todas as leis e regulamentos federais e estaduais aplicáveis, bem como os padrões aplicáveis do Grupo Banco Mundial relativos a Meio Ambiente, Saúde e Segurança, especificamente as Diretrizes do Setor Industrial do WBG para a Fabricação de Polímeros Derivados do Petróleo. A auditoria também concluiu que os desvios localizados identificados nas instalações associadas são pequenos e consistentes com a capacidade local de assimilação ambiental das condições da instalação.

38. A avaliação ambiental verificou que o Projeto de N2O e o complexo industrial da Rhodia estão em conformidade com todas as legislações aplicáveis, usam as melhores tecnologias disponíveis e empregam recursos para melhorar as condições operacionais e ambientais do projeto de redução de N2O e de todo o complexo industrial.

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39. De acordo com a auditoria, a Rhodia Energy tem um sistema de gestão ambiental abrangente e avançado em uso, que foi projetado em parceria com a DNV. Existe um Plano de Gestão Ambiental em vigor para todas as operações da Rhodia e um documento consolidado que descreve as práticas de gestão ambiental foi registrado antes da assinatura do Acordo de Compra de Reduções de Emissões (ERPA). De acordo com a auditoria, não há indicações de que a empresa não dará prosseguimento às medidas contínuas de mitigação ambiental e monitoramento. 40. O projeto não resulta em nenhuma conversão ou degradação significativa dos hábitats naturais críticos. A política de Salvaguarda dos Hábitats Naturais foi acionada como medida preventiva. Nos anos 90, a Rhodia iniciou um programa de preservação abrangente para recuperar a vegetação ribeirinha e os ecossistemas naturais das instalações e tomou outras medidas para manter o hábitat natural remanescente e proteger a fauna e a flora locais, incluindo a construção de passagens para peixes no canal de entrada de água. 41. Uma vez que o projeto do MDL apenas adicionou um oxidante a uma instalação já existente e não envolveu a expansão da instalação, os aspectos relativos a reassentamento não são aplicáveis. Os principais interessados do projeto em termos de interações sociais locais das comunidades adjacentes com a Rhodia Energy são as autoridades locais e estaduais, as associações das comunidades circunvizinhas e a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), localizada perto da fábrica da Rhodia. A área de influência do projeto tem inúmeras associações comunitárias que representam a população circunvizinha, com as quais a administração da Rhodia tem contato por meio de uma série de atividades públicas comunitárias e de extensão. Essas atividades incluem a criação do Instituto Rhodia por ocasião da abertura oficial das instalações de Redução das Emissões de Gases de Efeito Estufa da Rhodia na unidade de produção de Paulínia. O Instituto Rhodia é uma organização independente criada para desenvolver projetos socioambientais no Brasil. O primeiro projeto da fundação, chamado de Alquimia Jovem é focado na educação. Engloba as comunidades de Paulínia e o distrito de Barão Geraldo, em Campinas, ambos próximos do centro industrial da Rhodia localizado nessa região. 42. Não há referências a Povos Indígenas ou a Terras Indígenas em Paulínia nem nas suas redondezas. Diferentes fontes indicam entre 17 (FUNAI) e 31 (CPISP/ISA) Terras Indígenas no Estado de São Paulo. Contudo, essas terras ficam localizadas a mais de 150 km de distância do local do projeto.

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5. Riscos críticos e possíveis aspectos controversos

Tabela 1: Riscos do projeto e medidas de mitigação

Risco Medida de mitigação do risco Classificação do risco com a mitigação

Risco da linha de base/projeto

A Diretoria Executiva do Mecanismo de de Desenvolvimento Limpo (MDL) aprovou a metodologia da linha de base usada neste tipo de projeto. As reduções das emissões são calculadas previamente, mas existe um requisito para monitorar e recalcular a geração de ERs durante o período de crédito. A metodologia de linha de base aprovada AM0021 é aplicável à atividade do projeto uma vez que ela atende às condições de aplicabilidade da AM0021. A metodologia de monitoramento aprovada AM0021 deverá ser usada em conjunto com a metodologia de linha de base aprovada AM0021 e, portanto, é aplicável à atividade do projeto.

Baixa

Adicionalidade14 O conceito de adicionalidade é uma condição essencial para a elegibilidade de um projeto no MDL. A adicionalidade deste projeto foi determinada por meio da "Ferramenta de demonstração e avaliação de adicionalidade" da UNFCCC.

Baixa

Gestão ambiental O Grupo Rhodia tem um sistema de gestão de EHS abrangente e realiza inúmeras ações para promover a proteção ambiental. O Grupo introduziu um sistema global de notificação de acidentes e incidentes que tenham impacto no meio ambiente e melhorou a gestão das suas descargas e emissões, entre outras atividades. As políticas e os programas de EHS do Grupo Rhodia estão descritos brevemente no relatório anual Essential Rhodia15 (Elementos Essenciais da Rhodia). As operações do Grupo no Brasil têm um Certificado ISO 14001-2004 permanente, entre outros certificados de qualidade, e seguem um sistema de gestão integrada de EHS desenvolvido pela Rhodia.

Baixa

Gestão social/de reassentamentos

Os principais grupos interessados do projeto são as autoridades municipais e estaduais, as associações comunitárias circunvizinhas e a Universidade Estadual de Campinas Campinas (UNICAMP), localizada nas proximidades da fábrica da Rhodia. A área de influência do projeto tem inúmeras associações comunitárias que representam a população circunvizinha, com as quais a administração da Rhodia tem contato por meio de uma série de atividades comunitárias e de mobilização pública. Uma vez que o projeto do MDL apenas adicionou um oxidante a uma instalação já existente, as questões relativas a reassentamento não se aplicam. Além disso, não há referências a Povos Indígenas ou a Terras Indígenas em Paulínia nem nas suas redondezas.

Baixa

Risco de não cumprimento de ERs

Os cálculos do cumprimento de ERs baseiam-se no PDD. A atividade do projeto já foi registrada e autorizada. Cerca de 600.000 RCEs foram emitidas por mês desde janeiro de 2007.

Baixa

14 Adicionalidade é a exigência de que as emissões de gases de efeito estufa após a implementação da atividade de um projeto do MDL sejam mais baixas do que as que ocorreriam no cenário alternativo mais plausível à implementação dessa atividade. Esse cenário alternativo pode ser o caso habitual (ou seja, a continuação dos níveis de emissão atuais na ausência da atividade do projeto do MDL) ou algum outro cenário que envolva uma redução gradual da intensidade das emissões. 15 Disponível em www.rodhia.com

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Risco Medida de mitigação do risco Classificação do risco com a mitigação

Comprometimento da entidade do projeto com a sustentabilidade do projeto

O sistema abrangente de gestão de EHS da Rhodia, seu sistema global de notificação de acidentes e incidentes que têm impacto no meio ambiente, bem como as atividades comunitárias e de mobilização pública, como a criação do Instituto Rhodia por ocasião da inauguração oficial das instalações de Redução das Emissões de Gases de Efeito Estufa da Rhodia na unidade de produção de Paulínia são todos indicações do comprometimento da entidade do projeto com a sustentabilidade global do projeto. O Instituto Rhodia é uma organização independente criada para desenvolver projetos socioambientais no Brasil. O primeiro projeto da fundação, chamado de Alquimia Jovem é focado na educação. Engloba as comunidades de Paulínia e o distrito de Barão Geraldo, em Campinas, ambos próximos do centro industrial da Rhodia localizado nessa região.

Baixa

Classificação do risco global Baixa

D. TERMOS E CONDIÇÕES DO ERPA

43. As "Condições Gerais Aplicáveis ao Acordo de Compra de Reduções de Emissões Certificadas para Projetos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento" de 1º de fevereiro de 2006 ("Condições Gerais"), determinaram os termos e condições aplicáveis a este Acordo,na medida e sujeitos a quaisquer modificações estabelecidas neste Acordo. A versão completa dessas Condições Gerais podem ser acessadas de modo on-line em: http://wbcarbonfinance.org/docs/CERGeneralConditions.pdf. O Anexo 2 apresenta um Sumário genérico dessas Condições Gerais. 44. A partir de outubro de 2010, as contrapartes do ERPA estão sujeitas às sanções do Banco Mundial para práticas de corrupção, fraude, conluio, coerção e obstrução.Nesse sentido haverá novas disposições nas Condições Gerais do Banco Mundial aplicáveis aos ERPAs que autorizariam o Banco a encerrar o ERPA com uma de suas contrapartes caso essa contraparte participe de uma prática corrupta, fraudulenta, coerciva, conluiada ou obstrutiva em relação a uma operação de financiamento de carbono. Os documentos legais relevantes foram compartilhados e analisados com a contraparte do projeto.

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ANEXO 1: PREPARAÇÃO E SUPERVISÃO DO PROJETO BRASIL: Projeto de Redução de Emissões de N2O

Planejado Real Revisão PCN 20/12/2010 20/12/2010 PID inicial para PIC 10/1/2011 28/1/2011 ISDS inicial para PIC 10/1/2011 28/1/2011 Avaliação 14/2/2011 17/2/2011 Negociações (ERPA) 15/2/2011 18/2/2011 Assinatura do ERPA 3/3/2011 28/2/2011

Principais instituições responsáveis pela preparação do projeto: Rhodia Energy: Proponente do projeto e entidade de implementação. Pessoal do Banco Mundial e consultores que trabalharam no projeto: Nome Cargo Unidade Sebastian Martin Scholz Chefe da Equipe do Projeto,

Economista Ambiental LCSEN

José Andreu Sidney Nakahodo Augusto Ferreira Mendonça

Gerente de Negociações Analista de Fundos Especialista Ambiental

ENVCF ENVCF LCSEN

Frank Fragano Especialista Ambiental Sênior LCSDE Chandra Shekhar Sinha Especialista Sênior em Energia LCSEG Eduardo Ferreira Especialista em Energia LCSEG Geise B. Santos Assistente de Programas LCSEN Flavia Rosembuj Consultor Sr. LEGEN Alberto Coelho Gomes Costa

Especialista Social LCSSO

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ANEXO 2: CONDIÇÕES GERAIS APLICÁVEIS AO ACORDO DE COMPRA DE REDUÇÕES DE EMISSÕES CERTIFICADAS PARA PROJETOS DO MECANISMO

DE DESENVOLVIMENTO LIMPO, DE 1º DE FEVEREIRO DE 2006

BRASIL: Projeto de Redução de Emissões de N2O

A versão completa das “Condições gerais aplicáveis ao Acordo de Compra de Reduções de Emissões Certificadas para projetos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo de 1º de fevereiro de 2006” pode ser acessada de modo on-line em:

http://wbcarbonfinance.org/docs/CERGeneralConditions.pdf.

A seguir é fornecido um Sumário genérico das Condições Gerais supracitadas para fins de informação.

***

SUMÁRIO

PARTE A: CONDIÇÕES GERAIS

ARTIGO I: RELACIONAMENTO COM O ERPA..................................................... 1

Seção 1.01 Aplicação das condições gerais........................................................... 1 Seção 1.02 Inconsistência com o ERPA ................................................................... 1

ARTIGO II: DEFINIÇÕES; INTERPRETAÇÃO; CABEÇALHOS; CRONOGRAMAS 1

Seção 2.01 Definições ............................................................................................. 1 Seção 2.02 Interpretação; Cabeçalhos; Cronogramas......................................... 10

ARTIGO III: COMPRA E VENDA DE REDUÇÕES CERTIFICADAS DE EMISSÕES 11

Seção 3.01 Compra e venda ................................................................................... 11

Seção 3.02 Cumprimento das RCEs do contrato ................................................ 11

ARTIGO IV: OPÇÃO DE COMPRA.......................................................................... 11

Seção 4.01 Concessão da opção de compra............................................................ 11 Seção 4.02 Exercício da opção de compra.............................................................. 12 Seção 4.03 Cumprimento das RCEs do contrato .................................................. 12 Seção 4.04 Cessação da opção de compra ............................................................. 12 Seção 4.05 Exercício das RCEs da opção pelo representante ou

procurador do fiduciário .................................................................... 12

ARTIGO V: CUMPRIMENTO E PAGAMENTO..................................................... 12

Seção 5.01 Relatório anual de ERs e relatórios de verificação e certificação..... 12 Seção 5.02 Cumprimento de RCEs....................................................................... 13

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Seção 5.03 Pagamento e transferência do título de propriedade legal............ 13 Seção 5.04 Custos ................................................................................................. 13 Seção 5.05 Impostos e parcela da renda .............................................................. 14

ARTIGO VI: DESENVOLVIMENTO DO PROJETO E RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DA IMPLEMENTAÇÃO......................................................14

Seção 6.01 Desenvolvimento do projeto...................................................................14 Seção 6.02 Relatório de Monitoramento da Implementação.................................14 Seção 6.03 Documentação ...................................................................................... 14 Seção 6.04 Inclusão de participantes no projeto ................................................ 15

ARTIGO VII: CARTA DE DISTRIBUIÇÃO ...............................................................15

Seção 7.01 Carta de distribuição ............................................................................. 15

ARTIGO VIII: REGISTRO, VERIFICAÇÃO E CERTIFICAÇÃO........................16

Seção 8.01 Registro ..................................................................................................16 Seção 8.02 Verificação e certificação ..................................................................... 16

ARTIGO IX: OPERAÇÃO E GESTÃO DO PROJETO ............................................16

Seção 9.01 Operação do do projeto......................................................................... 16

ARTIGO X: COMUNICAÇÃO .....................................................................................17

Seção 10.01 Comunicação relativa às RCEs ......................................................... 17

ARTIGO XI: EVENTOS DE FORÇA MAIOR ........................................................... 18

Seção 11.01 Notificação de evento de força maior............................................... 18 Seção 11.02 Efeito dos eventos de força maior..................................................... 18

ARTIGO XII: REPRESENTAÇÕES E GARANTIAS .............................................. 19

Seção 12.01 Aspectos gerais.................................................................................... 19 Seção 12.02 Representações e garantias da entidade do projeto ...................... 19

ARTIGO XIII: FALHA NO CUMPRIMENTO, CASOS DE INADIMPLÊNCIA E MEDIDAS CORRETIVAS................................................................................................20

Seção 13.01 Casos de inadimplência ..................................................................... 20 Seção 13.02 Notificação e medidas corretivas para casos de inadimplência .. 21 Seção 13.03 Medidas corretivas do fiduciário para um caso de inadimplência21

Seção 13.04 Medidas corretivas da entidade do projeto para um caso de inadimplência.................................................................................... 22

ARTIGO XIV: OUTROS EVENTOS DE CESSAÇÃO .............................................. 23

Seção 14.01 Retirada do Protocolo de Kyoto ou cessação do fundo................... 23

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ARTIGO XV: DISPOSIÇÕES DIVERSAS.................................................................. 23

Seção 15.01 Alterações no ERPA ........................................................................... 23 Seção 15.02 Legislação aplicável ............................................................................ 23 Seção 15.03 Arbitragem........................................................................................... 24 Seção 15.04 Capacidade do BIRD; sem direito a recursos; privilégios

e imunidades..........................................................................................24 Seção 15.05 Evidência de autoridade .....................................................................24 Seção 15.06 Cessão e novação..................................................................................24 Seção 15.07 Somente compra e venda....................................................................25 Seção 15.08 Direitos de terceiros.............................................................................25 Seção 15.09 Sobrevivência das disposições............................................................26 Seção 15.10 Todo o acordo .......................................................................................26 Seção 15.11 Execução nas contrapartes; idioma ...................................................26

PARTE B: PROJETOS AGREGADOS

ARTIGO XVI: SUBPROJETOS ....................................................................................26

Seção 16.01 Desenvolvimento de subprojetos....................................................... 26 Seção 16.02 Implementação de subprojetos .......................................................... 26 Seção 16.03 Verificação de subprojetos ................................................................. 27 Seção 16.04 Operação e gestão de subprojetos...................................................... 27 Seção 16.05 Subprojetos em situação irregular.................................................... 28 Seção 16.06 Inclusão de subprojetos ...................................................................... 28 Seção 16.07 Inventário de subprojetos................................................................... 29 Seção 16.08 Representações e garantias de subprojetos ...................................... 29 Seção 16.09 Responsabilidade da entidade do projeto pelo subprojeto ........... 29 Seção 16.10 Efeito da notificação de situação irregular ...................................... 30

Cronograma 1: Notificação de exercício Cronograma 2: Notificação de cessão Cronograma 3: Acordo de novação

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ANEXO 3: ASPECTOS DA POLÍTICA DE SALVAGUARDAS BRASIL: Projeto de Redução de Emissões N2O (P125006)

1. Políticas de salvaguarda acionadas Sim Não Avaliação Ambiental (OP/BP 4.01) X Hábitats Naturais (OP/BP 4.04) X Florestas (OP/BP 4.36) X Controle de Pragas (OP 4.09) X Recursos Culturais Físicos (OP/BP 4.11) X Povos Indígenas (OP/BP 4.10) X Reassentamento Involuntário (OP/BP 4.12) X Segurança de Barragens (OP/BP 4.37) X Projetos em Vias Aquáticas Internacionais (OP/BP 7.50)

X

Projetos em Áreas Controversas (OP/BP 7.60) X

2. Especialistas em salvaguardas socioambientais da equipe:

Augusto Mendonça – Especialista ambiental

Alberto Coelho Gomes Costa – Especialista social

3. Localização do projeto e características físicas relevantes para a análise de salvaguardas

O Projeto de Redução das Emissões de N2O no Brasil está localizado em Paulínia, um pequeno município de oito mil habitantes situado a noroeste da Região Metropolitana de Campinas, no estado de São Paulo. Essa região é uma das mais desenvolvidas do país, com excelente infraestrutura e atividades econômicas concentradas. Paulínia é amplamente conhecida por seu grande polo da indústria petroquímica, que inclui a Refinaria de Paulínia (REPLAN), a maior refinaria de petróleo do Brasil, além de outros importantes setores da indústria. O Estado de São Paulo tem uma capacidade institucional ambiental bem desenvolvida. Por exemplo: a Lei sobre Poluição do Estado de São Paulo vigora desde 1976 e criou o bem equipado Órgão Ambiental do Estado de São Paulo, chamado Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, ou apenas CETESB. O escritório da CETESB em Paulínia é responsável pelo licenciamento ambiental e supervisão do complexo industrial da Rhodia. Esse complexo está localizado ao longo das margens do Rio Atibaia, à jusante de Campinas. O Rio Atibaia abastece de água a cidade de Campinas, além de outras. Depois de atravessar Paulínia, o rio junta-se a outros afluentes e forma o Rio Piracicaba. A bacia de Piracicaba é considerada uma das mais degradadas do país devido à densa ocupação, falta de saneamento urbano e numerosas atividades industriais. Na década de

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1990, o Governo do Estado de São Paulo deu início a um amplo programa de recuperação, com o objetivo de restaurar a qualidade da água da bacia de Piracicaba até 2030. Os níveis da qualidade do ar da região estão de modo geral em conformidade com as normas brasileiras. Contudo, o ozônio do nível do solo em alguns pontos específicos, tais como Paulínia, pode ultrapassar as normas nacionais durante alguns dias do ano. Procurando melhorar a qualidade do ar, a CETESB definiu normas específicas para as emissões de ar para a Região Metropolitana de Campinas, com base no seu plano de gestão da bacia aérea.

4. Potenciais impactos de grande escala significativos e/ou irreversíveis.

O projeto foi classificado na categoria "B" e foram acionadas políticas de salvaguarda para Avaliação Ambiental (OP/BP 4.01) e Hábitats Naturais (OP/BP 4.04), pois os impactos têm abrangência limitada, são localizados, temporários e reversíveis. Avaliação Ambiental (OP/BP 4.01). Durante os meses de dezembro de 2010 e janeiro de 2011, uma empresa de consultoria independente avaliou a conformidade do projeto proposto com todas as leis e regulamentações ambientais federais e estaduais, bem como as normas pertinentes do Grupo Banco Mundial (WBG) / normas de Meio Ambiente, Saúde e Segurança da IFC, particularmente as Diretrizes do Grupo Banco Mundial para o setor de fabricação de polímeros a partir do petróleo. A auditoria, realizada por E. Labore/Ambio seguiu os Termos de Referência que foram preparados pelo Pessoal do Banco Mundial e incluiu uma análise completa de todas as informações de base, tais como: emissões e odores do ar, uso da água, tratamento da água e efluentes, qualidade do solo e de águas subterrâneas, normas e relatórios corporativos de saúde e segurança, questões herdadas relacionadas à conformidade ambiental, queixas públicas, instalações associadas, recursos de monitoramento e resposta de emergência, entre outros aspectos. É importante ressaltar que a auditoria não se limitou ao equipamento de redução de N2O, mas abrangeu também as outras fábricas e instalações do complexo industrial da Rhodia, incluindo as instalações industriais que não pertencem ao Grupo Rhodia. Segundo a auditoria, a Rhodia utiliza um sistema de gestão ambiental avançado chamado SIMSER+, que foi projetado em parceria com o DNV. O sistema é auditado periodicamente e define a gestão ambiental e a estratégia da Rhodia. Além do SIMSER+, a Rhodia tem uma certificação ISO 14.000 permanente que é periodicamente auditada pelo Bureau Veritas. A auditoria confirmou a conformidade do Projeto N2O com os requisitos estabelecidos pelas autoridades ambientais municipais, estaduais e federais. Uma revisão de todos os licenciamentos ambientais pertinentes confirmou que a fábrica de ácido adípico (inclusive o equipamento de redução de N2O) está em conformidade com os requisitos legais necessários. Com relação ao complexo industrial onde o projeto de N2O está localizado, também foi confirmada a conformidade ambiental com a legislação

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pertinente. O relatório da auditoria fez uma pequena observação com relação ao licenciamento de outra unidade dentro do complexo industrial da Rhodia. No momento em que a auditoria estava sendo realizada, a licença de renovação da área de armazenamento de sílica estava pendente. A fábrica de ácido adípico e as emissões de N2O do projeto na atmosfera, além dos efluentes, estão em conformidade com as legislações estadual e federal pertinentes e não divergem dos parâmetros sugeridos de emissões do Grupo Banco Mundial / IFC. Os efluentes da estação da fase 1 de tratamento de águas residuais que serve à fábrica de ácido adípico estão em conformidade com os requisitos das autoridades locais e com os parâmetros sugeridos pelo Grupo Banco Mundial / IFC. A Rhodia tem uma trajetória de redução da emissão de efluentes. Os resultados do investimento ambiental da empresa podem ser confirmados pela significativa redução das emissões e descarte de efluentes, apesar do aumento da produção. A Rhodia converteu de óleo combustível para gás seu equipamento de cogeração, reduzindo, assim, significativamente as emissões de SOx; construiu novas estações de tratamento de águas residuais com tecnologia de lama ativada diminuindo, portanto, a demanda de oxigênio bioquímico (BOD) e descarte de fenol e construiu um sistema de drenagem para emergências e retenção das águas pluviais (o chamado sistema Bacon), que garante a proteção dos corpos de água circunvizinhos. As emissões e os efluentes das outras plantas dentro do complexo industrial da Rhodia também estão em conformidade com as legislações estadual e federal. Dois desvios localizados dos parâmetros de emissões do Banco Mundial / IFC recomendados para equipamentos novos foram identificados para outras plantas específicas no complexo. Primeiro, as caldeiras do complexo industrial demonstram algumas emissões de NOX mais elevadas em comparação com os parâmetros recomendados pelo Grupo Banco Mundial / IFC para equipamentos novos. Tendo em vista o fato de a Rhodia ter alcançado reduções significativas de emissões, renovando e convertendo as mencionadas caldeiras de óleo para gás, esse afastamento é justificado pelas limitações dos equipamentos existentes. Ademais, a licença permanente das caldeiras está em conformidade com o instrumento jurídico específico da bacia aérea relativo à poluição do ar para a região metropolitana de Campinas, que determina os padrões de emissão de NOX e VOC dentro da bacia aérea. Em segundo lugar, a eficiência na remoção de BOD das atuais estações de tratamento de água residual orgânica e de fenol é superior a 90%, cumprindo, assim, as regulamentações brasileiras e os limites locais de descarte de efluentes. Entretanto, as cargas orgânicas residuais dos efluentes ainda são superiores aos parâmetros recomendados pelo Grupo Banco Mundial /IFC para novas instalações. A Rhodia vem implementando uma série de medidas para reduzir o resíduo da carga orgânico dos efluentes por meio da melhoria dos processos de produção e alteração da sua tecnologia para o tratamento.

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Não há indicação de que a carga residual de BOD esteja causando impacto cumulativo relevante para o receptor. Também é importante mencionar que o fluxo conjunto de efluentes das estações de tratamento das águas residuais orgânicas e de fenol é de aproximadamente 45 litros/seg, o que representa cerca de 0,1% do fluxo médio do rio Atibaia e 0,38% durante os períodos críticos de fluxo. Em resumo, esses desvios registrados dos parâmetros recomendados pelo Grupo Banco Mundial / IFC são considerados justificáveis no Relatório de Auditoria, que concluiu que tais desvios não comprometem o ambiente circunvizinho e são coerentes com a capacidade de assimilação do meio ambiente local, além de outros fatores do projeto. A auditoria concluiu ainda que a Rhodia está cumprindo o “Acordo” (Termo de Ajuste de Conduta – TAC) assinado em 1996 com os Procuradores do Estado de São Paulo e que a maioria dos problemas identificados naquela época foi totalmente solucionada. Os itens restantes que a Rhodia ainda está tentando cumprir incluem o monitoramento das emissões de NOX das caldeiras e da fábrica de ácido adípico. A Rhodia também tem que continuar o monitoramento e a remediação do local da fábrica de fenol e dos aquíferos calcários da área da bacia hidrográfica. Os documentos com referências aos passivos ambientais e à remediação foram analisados em detalhe como parte da auditoria, bem como os quatro programas de monitoramento que a Rhodia criou. Os relatórios periódicos da situação da conformidade com o TAC apresentados às autoridades pertinentes de São Paulo serão analisados como parte do monitoramento do projeto. A auditoria não identificou qualquer falta de conformidade técnica ou jurídica que pudesse por em risco a conformidade ambiental, social ou jurídica do Projeto de N2O e instalações associadas, de acordo com a legislação pertinente e com as Salvaguardas do Banco Mundial. A auditoria concluiu ainda que os desvios localizados identificados nas instalações associadas são coerentes com a capacidade de assimilação do meio ambiente local relativa às condições da fábrica. Em suma, a auditoria constatou que o Projeto N2O e o complexo da Rhodia cumprem toda a legislação pertinente, utilizam a melhor tecnologia disponível e empregam recursos para aprimorar as condições operacionais e ambientais do projeto de redução de NO2 e de todo o complexo industrial. A Rhodia possui um amplo sistema de gestão ambiental e não há qualquer indicação de que a empresa não dará prosseguimento às medidas contínuas de mitigação e monitoramento ambientais. Hábitats Naturais (OP/BP 4.04). O projeto não produz qualquer conversão ou degradação significativa dos hábitats naturais críticos. A Salvaguarda de Hábitats Naturais foi acionada como medida de precaução, considerando-se que os rios Atibaia e Anhumas atravessam as instalações da Rhodia, com áreas de vegetação ribeirinha ao longo das margens dos rios. O complexo industrial foi construído muitos anos antes do Código Florestal Brasileiro de 1965 (Lei nº 4.771) que criou áreas de proteção nas margens dos rios (APP). Assim, as partes das instalações de Paulínia anteriores à lei estavam em conformidade com as

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regulamentações vigentes na época da construção. Todavia, desde a década de 1990, a Rhodia vem empreendendo um programa de preservação abrangente para recuperar a vegetação ribeirinha e os ecossistemas naturais das instalações. Por exemplo: a Rhodia removeu todas as possíveis instalações das margens dos rios, plantou 30.000 árvores nativas e recuperou cerca de 18 hectares de vegetação ribeirinha. A Rhodia também adotou outras medidas para manter o hábitat natural remanescente e proteger a fauna e a flora locais, incluindo a construção de passagens para peixes no canal de entrada de água. As medidas que a Rhodia vem adotando para proteger as águas do rio da contaminação por possíveis transbordamentos incluem um sistema de coleta de águas pluviais capaz de reter e tratar no local toda a água acumulada nas instalações durante um evento significativo de chuva ou inundação. Existe um sistema on-line de monitoramento da qualidade da água relativo aos efluentes que são lançados no rio e a extração da água das instalações dispõe da licença apropriada. A Rhodia também está realizando um estudo abrangente com o objetivo de detectar possíveis problemas de toxicidade no ecossistema aquático com o objetivo de definir medidas de mitigação se for necessário.

5. Impactos potenciais diretos e/ou indiretos de longo prazo devidos às atividades futuras previstas na área do projeto:

Os impactos líquidos de longo prazo do projeto de redução do N2O devem ser positivos, tanto da perspectiva do clima quanto da perspectiva da qualidade do ar local. Entretanto, os impactos potenciais do complexo industrial, inclusive a fábrica de ácido adípico, não podem ser considerados menores e exigem um programa permanente de monitoramento e mitigação. Devido à sua natureza e dimensão, as instalações industriais precisam de um sistema de gestão ambiental abrangente e rigoroso para garantir o controle da poluição. A auditoria ambiental concluiu que o Projeto de N2O está em conformidade com todas as leis e regulamentos aplicáveis no Brasil. Não há indicação de que a empresa não continuará a realizar as medidas gerenciais adequadas ou que deixará de melhorar o controle das emissões e efluentes por razões corporativas, mesmo que não seja exigido pelos novos instrumentos jurídicos. Nesse aspecto, é importante observar que a Rhodia está localizada em uma região desenvolvida, rodeada de grupos interessados bem informados e atuantes e, além disso, é supervisionada por um órgão ambiental qualificado e bem equipado, a CETESB. Pequenos incidentes já podem resultar em penalidades ou mesmo na total interrupção da produção.

6. Medidas adotadas pelo mutuário para abordar os problemas de salvaguarda. Fornecer uma avaliação da capacidade do mutuário para planejar e implementar as medidas descritas.

As operações da Rhodia no Brasil e as instalações industriais de Paulínia seguem um sistema integrado de gestão de segurança e meio ambiente chamado SIMSER+. O sistema de gerenciamento ambiental do complexo industrial de Paulínia foi lançado em 1989 e trata da identificação, análise e avaliação do impacto de todos os aspectos ambientais relacionados com as instalações.

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O sistema possui procedimentos e programas de monitoramento para assegurar a conformidade com os requisitos legais e normativos. A gestão ambiental está sob a responsabilidade da Unidade Corporativa da Divisão de Saúde Ambiental e Segurança/Emergência de Paulínia, composta por 40 funcionários em tempo integral. Destes, 24 dedicam-se às atividades de emergência e 14 são responsáveis por meio ambiente e saúde. O sistema de gestão ambiental tem procedimentos bem definidos para eliminar, mitigar e monitorar os impactos ambientais. O complexo industrial tem numerosos instrumentos para mitigar os impactos, inclusive cinco estações de tratamento de água residual, o sistema de retenção de águas pluviais e um equipamento de controle e redução das emissões para a atmosfera. A Rhodia tem um programa para reduzir ou eliminar as emissões na origem, revisando constantemente os procedimentos de trabalho e processamento. A identificação, avaliação e mitigação dos riscos também são tratadas pelo sistema. A identificação de perigos potencialmente associados a produtos e matérias-primas, a preparação de rótulos para embalagens de produtos (contendo informações de segurança relacionadas à saúde e ao meio ambiente) e os procedimentos específicos para a inserção e manipulação de novos produtos químicos, são uma ação importante para reduzir os riscos ao meio ambiente e à saúde. A instalação possui um programa de monitoramento rigoroso para orientar as operações e assegurar a conformidade com os termos da licença ambiental. O programa de monitoramento inclui os parâmetros de qualidade do ar e da água em diferentes pontos, com diferente frequência de monitoramento. Os aspectos que fazem parte do programa de monitoramento são o descarte de efluentes, emissões para a atmosfera, odores e ruído. Adicionalmente, as instalações têm cerca de 200 poços subterrâneos para monitorar os aquíferos do sítio. Os muros das instalações também são monitorados regularmente. Os dados do monitoramento são consolidados em relatórios mensais e enviados a CETESB. A fábrica possui também com programa complexo de gestão dos resíduos. Sempre que possível, os resíduos são reciclados internamente. Entretanto, a maior parte dos resíduos é incinerada em fábricas de cimento certificadas. A Rhodia supervisiona o transporte e a incineração dos resíduos para garantir a total conformidade com as normas pertinentes e a eliminação apropriada. Além disso, a Rhodia desenvolveu um sistema eficiente para comunicar-se com a comunidade no seu entorno e com os grupos interessados no caso de dúvidas, solicitações, reclamações e para a divulgação das iniciativas da empresa. O programa de comunicação é conhecido como “Rhodia Way”.

7. Principais grupos interessados e mecanismos de consulta e divulgação sobre políticas de salvaguarda com ênfase nas pessoas potencialmente afetadas.

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Os principais grupos interessados no projeto são a comunidade circunvizinha, as autoridades municipais e estaduais e a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), também localizada próxima às instalações da Rhodia. A auditoria identificou uma ONG, a Associação Paulinense de Proteção Ambiental (ASPAPA), que se dedica à proteção da qualidade ambiental no Município de Paulínia. A auditoria analisou os registros do programa de relações com a comunidade da Rhodia e realizou uma consulta independente aos principais grupos interessados para avaliar sua posição com relação à operação da Rhodia. A auditoria avaliou também a consistência dos dados do programa da comunidade e comunicações da Rhodia. A consulta independente não identificou qualquer aspecto ou problema novo relacionado ao projeto. As principais entrevistas realizadas estão transcritas no relatório da auditoria. É importante observar que a Rhodia tem o próprio instituto (Instituto Rhodia) para conduzir as iniciativas sociais com a população circunvizinha. Não há referência a Povos Indígenas ou Terras Indígenas em Paulínia ou nas suas proximidades. Fontes diferentes indicam entre 17 (FUNAI) e 31 (CPISP/ISA) terras indígenas no Estado de São Paulo. Contudo, essas terras estão a mais de 150 quilômetros de distância do local do projeto.