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SEQUÊNCIA DIDÁTICA QUINCAS BORBA MELP II Agueda Bom Naomi Han Kim, 9371161 Bettyna Freitas, 8977787 Fernanda Palhari, 9334339 Julio Cinquina, 8972819 Natalie Garcia, 8024300

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SEQUÊNCIA DIDÁTICAQUINCAS BORBA

MELP IIAgueda Bom Naomi Han Kim, 9371161

Bettyna Freitas, 8977787Fernanda Palhari, 9334339

Julio Cinquina, 8972819 Natalie Garcia, 8024300

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Plano de aula● Divisão de aulas: 10 aulas, sendo duas aulas por semana (“dobradinhas”)● Alunos: 2º ano do Ensino Médio, 3º bimestre● Recursos necessários: computador, projetor, lousa, materiais impressos,

material escolar básico. Será disponibilizada uma versão em pdf do livro, porém os alunos podem optar pela versão impressa disponível

● Objetivos: fruição do texto literário; apontar a relação entre a obra e o contexto histórico de sua publicação; retomar a figura de linguagem ironia e os efeitos dela no texto literário e na vida cotidiana; apontar a construção das personagens; análise de gêneros literários; apontar a intertextualidade entre diferentes produções; produção de textos multimodais a partir da obra.

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Temas● Personagens realistas (oposição ao romantismo)● Sátira ao cientificismo (Humanitismo)● Aparência x Essência (indivíduos fingindo ser o que não são)● Narrador-personagem● Rubião, uma alegoria do Brasil● Loucura

Cronograma de leitura● Para as aulas 3 e 4: até o capítulo LXIII (63)● Para as aulas 5 e 6: até o capítulo CXXXVII (137)● Para as aulas 7 e 8: até o capítulo CCI (201)

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Aulas 1 e 2Introdução Geral

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Aula 1Objetivos: Introduzir o livro aos alunos, treinar a capacidade interpretativa, despertar curiosidade, antecipar expectativas.

Propostas

● Atividade com capas diversas● Leitura do primeiro capítulo

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Aula 1 - Capa e título● A sala será dividida em grupos, e será entregue uma capa diferente para

cada grupo. Os integrantes do grupo devem discutir e deduzir conjuntamente possíveis narrativas do livro apenas com as informações da capa.

● Algumas perguntas que podem guiar a discussão:○ O que a capa está mostrando? (título, autor, imagem, etc..)○ É possível deduzir os personagens pela capa?○ É possível deduzir quando se passa a história?○ Qual enredo você imagina à partir da capa?○ Por que você acha que o título é Quincas Borba?

● Terminada a discussão, cada grupo deve apresentar a sua hipótese para o resto da sala.

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Quincas Borba: diferentes publicações

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O livro● Apresentar o frontispício da primeira

edição● Publicado em 1891 no Rio de Janeiro

pela editora Garnier● A segunda edição foi publicada em

1896, com certas correções tipográficas. Já a terceira foi publicada em 1899.

● Leitura conjunta do primeiro capítulo.

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Capítulo I"Rubião fitava a enseada, — eram oito horas da manhã. Quem o visse, com os polegares metidos no cordão do chambre, à janela de uma grande casa de Botafogo, cuidaria que ele admirava aquele pedaço de água quieta; mas, em verdade, vos digo que pensava em outra coisa. Cotejava o passado com o presente. Que era, há um ano? Professor. Que é agora? Capitalista. Olha para si, para as chinelas (umas chinelas de Túnis, que lhe deu recente amigo, Cristiano Palha), para a casa, para o jardim, para a enseada, para os morros e para o céu; e tudo, desde as chinelas até o céu, tudo entra na mesma sensação de propriedade.

— Vejam como Deus escreve direito por linhas tortas, pensa ele. Se mana Piedade tem casado com Quincas Borba, apenas me daria uma esperança colateral. Não casou; ambos morreram, e aqui está tudo comigo; de modo que o que parecia uma desgraça..."

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Informações obtidas● Personagens: Rubião, Palha, Quincas Borba● Espaço: Botafogo, Rio de Janeiro ● Tempo: 1891? Os alunos podem assumir que sim● Atenção à técnica narrativa de suspense (gancho narrativo): primeiro capítulo

deixa em suspenso algumas questões.

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Aula 2Objetivos: passar aos alunos

informações gerais sobre a obra e o autor, conscientizá-los sobre

a variedade de edições e a possibilidade de escolhê-las a

seu favor, permitir que se tenha mais ou menos o perfil do leitor

Propostas

● Ver a revista A Estação● Ler o Capítulo I do folhetim e

comparar com a do livro● As edições modernas e seu

ponto positivo● Situar Quincas Borba no

projeto de Machado● Machado realista

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O folhetim ● Vimos que a primeira edição em livro foi

publicada em 1891. Antes disso, Quincas Borba foi publicado na seção Folhetim da revista A Estação entre 15 de junho de 1886 a 15 de setembro de 1891.

● Ver a revista com os alunos (http://hemerotecadigital.bn.br/acervo-digital/estacao/709816 ou http://memoria.bn.br/pdf/709816/per709816_1886_00011.pdf)

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A Estação - Jornal ilustrado para a família● "Edição brasileira de um periódico alemão de moda e entretenimento",

portanto tinha o público feminino como alvo● Inovação da versão brasileira: a seção folhetim, que atrairia o público

masculino● O fato de ter sido publicado primeiramente em folhetim, ao lado de anúncios

de propaganda, explica a presença de ganchos narrativos nos capítulos de Quincas Borba: era necessário atrair público e aumentar a venda.

● Ler o capítulo I do folhetim - mostrar a diferença com o livro● Percepção de que o livro é uma construção (nada é acaso)

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Tempo de publicação ≠ Tempo da narrativa● Publicação em folhetim: entre 1886 e 1891● Publicação em livro: 1891● Tempo da narrativa: entre 1867 e 1871● A diferença abre espaço para diferentes interpretações, o autor aborda a

época de publicação ou a época da narrativa?

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As edições● Ao fazer a leitura, os alunos podem sentir dificuldade por conta de

vocabulário e referências literárias. Portanto, orientá-los a usar o dicionário ou a internet quando for preciso. Reforçar que o uso excessivo do dicionário pode cansar a leitura, por isso usá-lo apenas quando não for possível deduzir o sentido, ou estiver prejudicando a compreensão.

● Explicar que a escolha da edição, dentre as mais modernas, pode contribuir para uma leitura mais fluida. Além de explicações de vocabulário, proporcionam informações culturais (históricas, geográficas, mitológicas, literárias e artísticas) por meio das notas e dos prefácios de estudiosos do autor e da obra.

● Sugestão de edições: Ateliê Editorial; Penguin; dentre outros. No acervo digital da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin é possível ter acesso a diversos livros nas suas primeiras edições.

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A trilogia realista de Machado de Assis● Joaquim Maria Machado de Assis (1893 - 1908), autor que

possui diversas maneiras de escrever dentro do seu projeto literário (romances, contos, crônicas, textos críticos)

● A "fase" realista:○ Memórias póstumas de Brás Cubas (1881)○ Quincas Borba (1891)○ Dom Casmurro (1899)

● Estilo irônico● Recursos frequentes: metalinguagem e digressões● Análise da realidade● Postura crítica

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Aulas 3 e 4Personagens

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Aula 3Proposta:

● Atividade de leitura, interpretação e pesquisa sobre cada um dos personagens tomados como principais a fim de definir suas características individuais

Objetivos:Apontar os personagens principais; observar e discutir suas características individuais.

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Proposta de atividade - Painel integrado:

- divisão da sala em seis grupos: cada um deles recebe uma folha com alguns trechos da obra que se referem a determinado personagem (Rubião, Sofia, Cristiano, Quincas (cachorro), Freitas e Carlos Maria).

- à partir da leitura dos trechos, os alunos de cada grupo devem inferir entre si características do personagem pelo qual ficaram responsáveis; se possível, após esse momento pode-se fazer uma pesquisa na internet para buscar as características mais cruas de cada personagem

- cada grupo deve combinar o que será falado para os outros grupos sobre seu personagem

- formam-se novos grupos, de maneira que em cada um deles haja ao menos um responsável de cada personagem. Cada aluno possui cerca de cinco minutos para apresentar as características de seus personagens aos outros integrantes

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Exemplo de trechos - Rubião:

“Algumas pessoas começaram a mofar do Rubião e da singular incumbência de guardar um cão em vez de ser o cão que o guardasse a ele. Vinha a risota, choviam as alcunhas. Em que havia de dar o professor! sentinela de cachorro! Rubião tinha medo da opinião pública. Com efeito, parecia-lhe ridículo; fugia aos olhos estranhos, olhava com fastio para o animal, dava-se ao diabo, arrenegava da vida. Não tivesse a esperança de um legado, pequeno que fosse. Era impossível que não lhe deixasse uma lembrança.” (Capítulo IX)

“O recatado de longos meses era agora (castas estrelas!) nada menos que um libertino. Disséreis que o diabo andara a enganar a moça com as duas grandes asas de arcanjo que Deus lhe pôs; de repente, meteu-as na algibeira, e desbarretou-se para mostrar as duas pontas malignas, fincadas na testa. E rindo, daquele riso oblíquo dos maus, propunha comprar-lhe não só a alma, mas a alma e o corpo… Castas estrelas! (Capítulo XL)

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“Curta foi a visita de Rubião. Às nove horas levantou-se ele discretamente, esperando qualquer palavra de Sofia, um pedido para que ficasse ainda algum tempo, que esperasse o marido que já vinha, um espanto que fosse: Já! mas nem isso. Sofia estendeu-lhe a mão, em que ele mal pode tocar. Contudo, a moça, durante a visita, mostrou-se tão natural, tão sem azedume... Não teve seguramente os olhos longos e loquazes, como dantes; parecia até que não houvera nada, nem bem nem mal, nem morangos, nem lua. Rubião tremia, não achava palavras; ela achava todas as que queria, e, se era preciso olhar para ele, fazia-o direitamente, tranquilamente.” (Capítulo LXV)

“- Você desculpe, disse-lhe ao cabo de alguns instantes, mas para que é que os quer? Não está certo que vai perdê-los, ou arriscá-los, ao menos?Rubião riu da objeção.- Se eu estivesse certo de que os perdia, não vinha buscá-los. Pode ser arriscado, mas não é sem arriscar que se ganha. Preciso deles para um negócio, - quero dizer, três negócios. Dois são empréstimos seguros, e não passam de um conto e quinhentos. Os oito contos e quinhentos são para uma empresa.. Por que abana a cabeça, se não sabe do que se trata?” (Capítulo CVIII)

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Propostas:

● Discussão oral, envolvendo toda a sala, sobre os personagens observados;

● Comparação de trechos do livro com trechos de obras românticas;

● Resolução de exercícios.

Aula 4

Objetivos:Compreender a complexidade dos personagens da obra; comparar e opor personagens realistas com os da escola anterior, românticos.

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Proposta de atividade - Discussão oral envolvendo toda a sala:

- à partir da discussão realizada em grupos, os alunos devem apontar as características de cada um dos personagens (elas devem ser ditas por estudantes que não ficaram responsáveis pelos trechos daquele personagem)

- o professor deve intervir para incentivá-los a participar e para enfatizar ou corrigir, se necessário, o que for levantado pelos alunos;

- os estudantes devem ser capazes de observar como os personagens são complexos (e não planos) e humanos, notando também a ausência de sentimentos nobres e de extremos

No exemplo anterior, Rubião:se importa com as aparências, propõe conquistar Sofia pelo dinheiro, gasta dinheiro em negócios duvidosos e não percebe (facilmente enganado)

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Proposta de atividade - Cotejamento entre personagem realista e personagem romântico

- leitura e comparação de trechos de Quincas Borba com trechos de obras do Romantismo (aqui usa-se como exemplo um trecho da obra Til, de José de Alencar, mas o professor pode optar por outro livro do movimento, como por exemplo um já trabalhado anteriormente em classe)

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- Não, Miguel! Lá todos são felizes! Meu lugar é aqui, onde todos sofrem.E rompendo o doce enlevo que a prendia um momento antes, soluçou:- Adeus! …Correu então para o mísero idiota e sentando-se na grama para deitá-lo ao colo, ocupou-se em afagá-lo.Quando moderou o acesso e que ele pode ouvi-la, falou-lhe com profunda comoção:- Eu sou Til! ... Til só!Compreendeu Brás a significação destas palavras, e adivinhou quanto sublime abnegação exprimiam elas?Nesse instante Miguel voltou-se além, na extrema do caminho onde ia sumir-se, e a brisa trouxe um eco de sua

voz:- Adeus, Inhá! …Os lábios de Berta murmuraram frouxamente:- Para sempre!(...)Quando o sol escondeu-se além, na cúpula da floresta, Berta ergueu-se ao doce lume do crepúsculo, e com os

olhos engolfados na primeira estrela, rezou a ave-maria, que repetiam, ajoelhados a seus pés, o idiota, a louca e o facínora remido.

Como as flores que nascem nos despenhadeiros e algares, onde não penetram os esplendores da natureza, a alma de Berta fora criada para perfumar os abismos da miséria, que se cavam nas almas, subvertidas pela desgraça.

Era a flor da caridade, alma sóror.” (Til, José de Alencar)

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“Foi assim que a nossa amiga, pouco a pouco, espanou a atmosfera. Cortou as relações antigas, familiares, algumas tão íntimas que dificilmente se poderiam dissolver; mas a arte de receber sem calor, ouvir sem interesse e despedir-se sem pesar, não era das suas menores prendas; e uma por uma, se foram indo as pobres criaturas modestas, sem maneiras, nem vestidos, amizades de pequena monta, de pagodes caseiros, de hábitos singelos e sem elevação. Com os homens fazia exatamente o que o major contara, quando eles a viam passar de carruagem, - que era sua, - entre parêntesis. A diferença é que já nem os espreitava para saber se a viam. Acabara a lua-de-mel da grandeza; agora torcia os olhos duramente para outro lado, conjurando, de um gesto definitivo, o perigo de alguma hesitação. Punha assim os velhos amigos na obrigação de lhe não tirarem o chapéu.” (Quincas Borba, Capítulo CXXXVIII, Machado de Assis)

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Proposta de atividade - Observação da crítica ao Romantismo dentro de Quincas

- leitura e interpretação de trecho que se opõe aos ideais românticos (mais especificamente ao sentimentalismo):

“- Então o diabo também é matuto, porque ele pareceu-me nada menos que diabo. E pedir-me que a certa hora olhasse para o Cruzeiro, a fim de que as nossas almas se encontrassem?

- Isso, sim, isso já cheira a namoro, concordou Palha; mas bem vês que é um pedido de alma cândida. É assim que as moças falam aos quinze anos; é assim que falam os tolos em todos os tempos, e os poetas também; mas ele nem é moça nem poeta.” (Quincas Borba, Capítulo L, Machado de Assis)

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Proposta de Atividade - Resolução de exercícios de verificação (e questões de vestibular se possível):

(1) Rubião (2) Sofia Palha (3) Cristiano Palha (4) Quincas Borba (cachorro) (5) Carlos Maria (6) Freitas

( ) Tem a si próprio em alta conta, comporta-se como superior aos demais

( ) Faz investimentos rentáveis, constrói relações vantajosas

( ) Bajulador, está sempre pronto para agradar

( ) Gasta dinheiro de forma indevida, é facilmente enganado

( ) Devotado, parece esconder uma sabedoria desconhecida (aparenta ao mesmo tempo ingenuidade e esperteza)

( ) Alvo de atenção, busca destaque social

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Questão 2À partir dos cotejamentos realizados, escreva um pequeno texto dissertativo apontando as características principais dos personagens realistas, citando trechos da obra Quincas Borba e apontando diferenças entre esse tipo de personagens e aqueles do Romantismo.

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Aula 5Sociedade de máscaras e o Humanitismo

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Aula 5Objetivos: continuar a discutir o contexto histórico, entender o retrato da elite do século XIX feito por Machado; discutir surgimento de teorias científicas e filosóficas na época e como isto aparece na obra.

● Assistir o vídeo “10 mandamentos do rei do camarote”

● leitura do trecho de um capítulo● discussão em classe

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10 mandamentos do rei do camarote● A aula começa com a exposição do vídeo

(https://youtu.be/atQvZ-nq0Go )● Perguntar aos alunos o que acharam do vídeo.● Respostas esperadas: engraçado, inveja, raiva,

“vergonha alheia”● Discussão: o que são os 10 mandamentos? O

vídeo foi elaborado com intenção de ser sério? O que faz o vídeo ser risível (para alguns)? Qual relação pode ser estabelecida com o livro Quincas Borba?

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A elite do século XIX- Efetua-se a leitura de um trecho do capítulo III que remete ao vídeo do "rei do

camarote", visto anteriormente

"Um criado trouxe o café. Rubião pegou na xícara, e, enquanto lhe deitava açúcar, ia disfarçadamente mirando a bandeja, que era de prata lavrada. Prata, ouro, eram os metais que amava de coração; não gostava de bronze, mas o amigo Palha disse-lhe que era matéria de preço, e assim se explica este par de figuras que aqui está na sala, um Mefistófeles e um Fausto. Tivesse, porém, de escolher, escolheria a bandeja, — primor de argentaria, execução fina e acabada. O criado esperava teso e sério. Era espanhol; e não foi sem resistência que Rubião o aceitou das mãos de Cristiano; por mais que lhe dissesse que estava acostumado aos seus crioulos de Minas, e não queria línguas estrangeiras em casa, o amigo Palha insistiu, demonstrando-lhe a necessidade de ter criados brancos. Rubião cedeu com pena. O seu bom pajem, que ele queria pôr na sala, como um pedaço da província, nem o pôde deixar na cozinha, onde reinava um francês, Jean; foi degradado a outros serviços".

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Aula 5 - a elite do século XIX- após a leitura, faz-se perguntas aos alunos para que respondam em voz alta:

- Por que Rubião gosta de ouro e prata?- Se esses eram os metais preferidos de Rubião, por que ele tinha as

figuras de bronze de Mefistófeles e Fausto? (aqui, cabe uma breve explicação sobre esses personagens)

- Por que era preciso ter criados brancos?- Como podemos relacionar o trecho lido com o vídeo do rei do camarote?

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Aula 5 - a elite do século XIXO trecho lido serve como exemplo da forma como Machado retrata a elite do século XIX como uma casta de pessoas medíocres, que vivem de aparências.

- metais (ouro e prata) servem para ostentar a riqueza;- figuras de Mefistófeles e Fausto servem para aparentar ter cultura (Rubião,

no entanto, gosta mais da simples bandeja de prata)- ter criados estrangeiros também é algo bem visto pela elite da época (de

pensamento liberal, que já discutia a abolição da escravatura e o branqueamento da população) e que agrega valor à pessoa.

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Aula 5 - humanitismo- Leitura de um trecho do capítulo CLXI:

"Um dia, no melhor dos trabalhos da comissão das Alagoas, perguntara-lhe uma das elegantes do tempo, casada com um senador. — Está lendo o romance de Feuillet, na Revista dos Dois Mundos?148 — Estou, acudiu Sofia; é muito interessante. Não estava lendo, nem conhecia a Revista; mas, no dia seguinte, pediu ao marido que a assinasse; leu o romance, leu os que saíram depois, e falava de todos os que lera ou ia lendo".

- Pergunta: "o que você sente quando o narrador diz 'não estava lendo', logo após a fala de Sofia? Como podemos relacionar esse trecho com o vídeo do rei do camarote? (forma como o narrador retrata os personagens de forma ácida).

- Aprofundamento da discussão através da pergunta: "Por que é preciso aparentar tudo isso, mesmo que seja mentira? Por que os personagens buscam ser bem vistos aos olhos dos elegantes?

- Alunos respondem o que pensam em voz alta.

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Aula 5 - humanitismo- Resposta: é questão de sobrevivência. - Essa a maneira como Machado representa duas teoria científico-filosóficas da época: o

determinismo social e o darwinismo social.- Explicamos brevemente aos alunos o que são essas teorias e como aparecem no livro:

- Determinismo social: crença de que o ambiente determina o comportamento dos indivíduos que ali nascem e vivem.

- Rubião, que é do interior de MG, até tenta se adaptar ao meio da Corte, mas falha e, no final, perece.

- Cada personagem natural da Corte triunfa à sua maneira (Freitas, Carlos Maria, Camacho, Palha e Sofia).

- Darwinismo social: crença de que a seleção natural de Darwin também se aplica às relações sociais e às sociedades.

- Em Quincas Borba, os personagens que possuem as competências sociais necessárias para manter-se como membros da elite, triunfam. Rubião, que não as possui, perece.

- Exemplos: Freitas (bajulador), Carlos Maria (parece ser mais do que é), Palha (capitalista de sucesso), Sofia (elegante e sedutora).

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Aula 5 - humanitismo- Introdução à questão do humanitismo, que vai além do darwinismo social: é

natural e necessário que certos grupos pereçam para que outros triunfem.

- O objetivo é fazer com que os alunos entendam que tudo isso é uma grande sátira tanto aos valores burgueses quanto ao surgimento de diversas teorias científicas e filosóficas que tentavam explicar tudo, inclusive opressões. Machado, quer demonstrar o quanto isso é problemático (leitura possível).➢ isso fica mais evidente no final do livro. O tema será retomado.

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Aulas 6 e 7O narrador de Machado de Assis

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Aula 6Objetivos: Mostrar aos alunos como o narrador de Machado é construído, dar-lhes habilidades para perceber as minúcias do narrador

● Exibir um trecho da minissérie Capitu

● Amarrar a série na construção do narrador como um personagem/intruso

● Resolução de exercícios conjuntamente e oralmente

● Tarefa de casa

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Capitu ● Leitura dos primeiros capítulos do livro Dom Casmurro

● Exibir um trecho da minissérie Capitu;https://www.youtube.com/watch?v=UYjauaIcFoQ (até 12’55’’)

● O objetivo da exibição é fomentar a discussão com os alunos sobre os aspectos do narrador:

- quebra da quarta parede → conversa com o leitor; - descritivismo;- ironia; - salientar a diferença entre o narrador em 1ª e 3ª pessoa;- observar a adaptação do texto para o material audiovisual

(gancho com a proposta de avaliação)

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(UNESP - 2008) As questões de números 01 a 03 tomam por base trechos de duas obras de Machado de Assis (1839-1908).

– Mas, enfim, que pretendes fazer agora? perguntou-me Quincas Borba, indo pôr a xícara vazia no parapeito de uma das janelas.

– Não sei; vou meter-me na Tijuca; fugir aos homens. Estou envergonhado, aborrecido. Tantos sonhos, meu caro Borba, tantos sonhos, e não sou nada.

– Nada! interrompeu-me Quincas Borba com um gesto de indignação.Para distrair-me, convidou-me a sair; saímos para os lados do Engenho Velho.

Íamos a pé, filosofando as coisas. Nunca me há de esquecer o benefício desse passeio. A palavra daquele grande homem era o cordial da sabedoria. Disse-me ele que eu não podia fugir ao combate; se me fechavam a tribuna, cumpria-me abrir um jornal. Chegou a usar uma expressão menos elevada, mostrando assim que a língua filosófica podia, uma ou outra vez, retemperar-se no calão do povo. Funda um jornal, disse-me ele, e “desmancha toda esta igrejinha”.

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– Magnífica idéia! Vou fundar um jornal, vou escachá-los, vou… – Lutar. Podes escachá-los ou não; o essencial é que lutes. Vida é luta. Vida

sem luta é um mar morto no centro do organismo universal. Daí a pouco demos com uma briga de cães; fato que aos olhos de um homem vulgar não teria valor. Quincas Borba fez-me parar e observar os cães. Eram dois. Notou que ao pé deles estava um osso, motivo da guerra, e não deixou de chamar a minha atenção para a circunstância de que o osso não tinha carne. Um simples osso nu. Os cães mordiam-se, rosnavam, com o furor nos olhos… Quincas Borba meteu a bengala debaixo do braço, e parecia em êxtase.

(Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.)

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Este Quincas Borba, se acaso me fizeste o favor de ler as Memórias póstumas de Brás Cubas, é aquele mesmo náufrago da existência que ali aparece, mendigo, herdeiro inopinado, e inventor de uma filosofia [Humanitas]. Aqui o tens agora em Barbacena. Logo que chegou, enamorou-se de uma viúva, senhora de condição mediana e parcos meios de vida, mas, tão acanhada, que os suspiros do namorado ficavam sem eco. Chamava-se Maria da Piedade. Um irmão dela, que é o presente Rubião, fez todo o possível para casálos. Piedade resistiu, um pleuris a levou. Foi esse trechozinho de romance que ligou os dois homens. (…)

Rubião achou um rival no coração de Quincas Borba – um cão, um bonito cão, meio tamanho, pêlo cor de chumbo, malhado de preto. Quincas Borba levava-o para toda parte, dormiam no mesmo quarto. De manhã, era o cão que acordava o senhor, trepando ao leito, onde trocavam as primeiras saudações. Uma das extravagâncias do dono foi dar-lhe o seu próprio nome; mas, explicava-o por dois motivos, um doutrinário, outro particular.

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– Desde que Humanitas, segundo a minha doutrina, é o princípio da vida e reside em toda a parte, existe também no cão, e este pode assim receber um nome de gente, seja cristão ou muçulmano…

– Bem, mas por que não lhe deu antes o nome de Bernardo? disse Rubião com o pensamento em um rival político da localidade.

– Esse agora é o motivo particular. Se eu morrer antes, como presumo, sobreviverei no nome do meu bom cachorro. Ris-te, não? Rubião fez um gesto negativo.

– Pois devias rir, meu querido. Porque a imortalidade é o meu lote ou o meu dote, ou como melhor nome haja. Viverei perpetuamente no meu grande livro. Os que, porém, não souberem ler, chamarão Quincas Borba ao cachorro, e…

O cão, ouvindo o nome, correu à cama. Quincas Borba, comovido, olhou para Quincas Borba.

(Machado de Assis, Quincas Borba.)

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1. Em Quincas Borba, a opção por um enunciador em terceira pessoa, que apenas relata os fatos, difere da solução encontrada por Machado de Assis para Memórias póstumas de Brás Cubas, sua obra anterior, a qual marcara o início do Realismo no Brasil. Transcreva dois exemplos que caracterizam o tipo de enunciador presente em Memórias póstumas, dando explicações resumidas.

O gênero memorialístico, que Machado de Assis mimetiza na ficção de Memórias póstumas, caracteriza-se por ser enunciado em primeira pessoa, como fica evidente no texto a partir do primeiro pronome referente ao narrador: “perguntou-me”. Este e diversos outros pronomes de primeira pessoa, assim como duas formas verbais, uma no singular (“...eu não podia...”) e outra no plural (“...demos...”) não deixam dúvida a respeito do ponto de vista narrativo adotado no romance.

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2. No trecho transcrito de Memórias póstumas de Brás Cubas, está estampada uma oposição entre o lugar ocupado por Quincas Borba, um filósofo e um “grande homem”, e as pessoas comuns. Comente dois exemplos extraídos do fragmento, pelos quais fica evidente essa distinção, tanto no plano dos fatos quanto no plano linguístico.Ao relatar sua conversa com Quincas Borba, Brás Cubas destaca o caráter “elevado” da linguagem de seu interlocutor, ao observar que ele “chegou a usar uma expressão menos elevada, mostrando assim que a língua filosófica podia, uma ou outra vez, retemperar-se no calão do povo”. Entende-se, portanto, que Quincas Borba empregava vocabulário erudito, possivelmente eivado de jargão filosófico. No plano dos fatos, e não mais da linguagem, Brás Cubas relata o comportamento singular do “grande homem”, ao vislumbrar na briga dos cães — “fato que aos olhos de um homem vulgar não teria valor” — uma confirmação de suas mais profundas especulações filosóficas.

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3. Em Quincas Borba, as razões para o protagonista dar seu próprio nome ao cachorro de estimação se fundamentam em dois argumentos – um doutrinário e outro particular. Explique em que consiste a primeira razão, tendo em vista os dados fornecidos pelo texto.

Segundo o argumento de Quincas Borba, o cão, como todo ser vivo, é uma expressão de Humanitas. Assim, não seria descabido atribuir o mesmo nome a duas manifestações semelhantes do mesmo princípio — “seja cristão ou muçulmano” esse nome, como acrescenta ironicamente o filósofo incréu.

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Tarefa de casa

- Fixação dos conteúdos estudados em sala de aula;- Análise textual a partir das discussões feitas em sala de aula;- Comparação de textos machadianos (formação de leitores de Machados de Assis

e não apenas para o vestibular);- Autonomia do aluno para perceber suas fragilidades na compreensão do

conteúdo.

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Tarefa de casaE ENQUANTO uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico senhor; é a perfeição universal.

Tudo chorando seria monótono, tudo rindo cansativo, mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas, soluços e sarabandas, acaba por trazer à alma do mundo a variedade necessária, e faz-se o equilíbrio da vida.

A outra que ri é a alma do Rubião. Escutai a cantiga alegre, brilhante, com que ela desce o morro, dizendo as cousas mais íntimas às estrelas, espécie de rapsódia feita de uma linguagem que ninguém nunca alfabetou, por ser impossível achar um sinal que lhe exprima os vocábulos. Cá embaixo, as ruas desertas parecem-lhe povoadas, o silêncio é um tumulto, e de todas as janelas debruçam-se vultos de mulher, caras bonitas e grossas sobrancelhas, todas Sofias e uma Sofia única. Uma ou outra vez, Rubião acha que foi temerário, indiscreto, recorda o caso do jardim, a resistência, o enfado da moça, e chega a arrepender-se; tem então calafrios, fica aterrado com a idéia de que podem fechar-lhe a porta, e cortar inteiramente as relações tudo porque precipitou os acontecimentos. Sim, devia esperar; a ocasião não era própria; visitas, muitas luzes, que lembrança foi aquela de falar de amores, sem cautelas, desbragadamente?. . . Achava-lhe razão; era bem feito que o despedisse logo.

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a) O narrador de Quincas Borba, diferentemente das outras obras da trilogia realista machadiana, é construído em terceira pessoa. Argumente como o emprego desse narrador interfere em sua relação com as personagens no que se diz respeito à aproximação ou distanciamento das mesmas e aos recursos estilísticos que são incorporados à narração.

Embora o uso do narrador em 3ª pessoa não seja comum nas obras de Machado de Assis, é interessante notar que essa escolha formal traz um afastamento entre o narrador e as personagens, o narrador e o objeto narrado, e isto forma um dos pontos chaves do narrador em Quincas Borba, pois a despeito deste distanciamento, o narrador, extremamente agressivo, incorporará recursos, como o discurso indireto livre, para se alinhar ao estilo dos narradores machadianos.

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b) A relação do narrador em 3ª pessoa não se dá somente com os personagens do livro, mas também com os leitores. Como esse narrador dialoga com seus leitores durante a obra? Comprove sua resposta com elementos do trecho lido anteriormente.

O narrador em Quincas Borba orienta e interfere na leitura a todo o momento, tal como a maioria dos narradores machadianos e sua “pedagogia do leitor”, de maneira até a possibilitar uma leitura pretendida da obra. Ao se afastar das personagens, o narrador pode interpelar o leitor e também as personagens a todo o momento, da mesma maneira ácida e irônica sem que lhe ponham tantos limites morais, ou que o leitor tome por outro viés a história da personagem através da índole do narrador. No primeiro parágrafo do texto mencionado, por exemplo, o narrador se intromete na leitura e opina quanto ao que seria a perfeição universal; enquanto um chora o outro ri. A apresentação da teoria é dura quando colocada como necessidade para equilíbrio da vida, mas é dessa forma que esse narrador se constrói, sem se importar com as máscaras de agrado ao outro impostas pela sociedade.

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c) Observando especificamente o personagem Rubião, argumente como o narrador em 3ª pessoa interfere em sua construção. Qual alegoria é feita por meio dessa personagem?

O afastamento que Machado produziu no narrador de Quincas Borba, também serve para demonstrar a ingenuidade da personagem principal, Rubião. O narrador irá contar a história do malfadado professor de Barbacena, que tem sua ascensão devida a uma herança recebida do falecido amigo Quincas Borba e que passa a viver na corte acabando por degradar-se e pagar o preço da ostentação do capitalismo selvagem, presente na sociedade (e ainda hoje) retratada – ainda que alegoricamente – na obra.

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Aula 7Objetivos: retomar e finalizar a discussão sobre o narrador a partir da percepção dos alunos sobre ele

● Correção da tarefa de casa em conjunto

● Discussão em grupos

● Breve retomada de tópicos sobre as características que constituem o narrador

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● Discussão em sextetos: partir de trechos do livro para analisar o narrador/personagem de Machado:

- um mesmo texto para cada dois grupos para que os alunos encontrem diferentes elementos, bem como elementos pareados

- Os alunos compartilharão as conclusões sobre os trechos e o professor deve fazer comentários, preencher as lacunas e fazer possíveis correções

● Espera-se que os grupos percebam:

- A relação do narrador com as personagens, complexidade dos sentimentos humanos, intromissão do narrador, sentimentalismo romântico (tristeza por amor - elevado) x natureza humana realista (ódio, raiva - baixo)

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Capítulo XLIII

“LADEIRA ABAIXO, D. Tonica foi ouvindo o resto do discurso do pai, que mudou de assunto, sem mudar de estilo,-difuso e derramado. Ouvia sem entender. Ia metida em si mesma, absorta, remoendo a noite, recompondo os olhares de Sofia e de Rubião.

Chegaram à casa na Rua do Senado; o pai foi dormir, a filha não se deitou logo, deixou- se estar em uma cadeirinha , ao pé da cômoda, onde tinha uma imagem da Virgem. Não trazia idéias de paz nem de candura. Sem conhecer o amor, tinha notícia do adultério, e a pessoa de Sofia pareceu-lhe hedionda. Via nela agora um monstro, metade gente, metade cobra, e sentiu que a aborrecia, que era capaz de vingar-se exemplarmente, de dizer tudo ao marido.

"Conto-lhe tudo,-ia pensando ou de viva voz, ou por uma carta... Carta não; digo-lhe tudo um dia, em particular."

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E, imaginando o colóquio, antevia o espanto do homem, depois o agastamento, depois os impropérios, as palavras duras que ele havia de dizer à mulher, miserável, indigna, vil... Todos esses nomes soavam bem aos ouvidos do seu desejo; ela fazia derivar por eles a própria cólera; fartava-se de a rebaixar assim, de a pôr debaixo dos pés do marido, já que o não podia fazer por si mesma. . . Vil, indigna, miserável…

Durou muito tempo essa explosão de raiva interior,-perto de vinte minutos; mas a alma cansou, e tornou a si. A imaginação não podia mais, e a realidade próxima atraiu-lhe a vista. Olhou em volta de si, mirou a alcova de solteira, arrumadinha com arte,-dessa arte engenhosa que faz da chita seda e de um retalho velho uma fita, que recama, enlaça, alegra ao mais que pode a nudez das cousas enfeita as paredes tristes, aprimora os trastes modestos e poucos. E tudo ali parecia feito para receber um noivo amado.

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Onde li eu que uma tradição antiga fazia esperar a uma virgem de Israel, durante certa noite do ano, a concepção divina? Seja onde for, comparemo-la à desta outra, que só difere daquela em não ter noite fixa, mas todas, todas, todas... O vento, zunindo fora, nunca lhe trouxe o varão esperado, nem a madrugada alva e menina lhe disse em que ponto da terra é que ele mora. Era só esperar, esperar . . .

Agora, aquietada a imaginação e o ressentimento, mira e remira a alcova solitária, recorda as amigas do colégio e de família, as mais íntimas, casadas todas. A derradeira delas desposou aos trinta anos um oficial de marinha, e foi ainda o que reverdeceu as esperanças à amiga solteira, que não pedia tanto, posto que a farda de aspirante foi a primeira cousa que lhe seduziu os olhos, aos quinze anos. . . Onde iam eles? Mas lá passaram cinco anos, cumpriu os trinta e nove, e os quarenta não tardam. Quarentona, solteirona, D. Tonica teve um calafrio. Olhou ainda, recordou tudo, ergueu-se de golpe, deu duas voltas e atirou-se à cama chorando…

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(Capítulo XLIV)Não vades crer que a dor aqui foi mais verdadeira que a cólera; foram iguais

em si mesmas, os efeitos é que foram diversos. A cólera deu em nada; a humilhação debulhou-se em lágrimas legítimas. E contudo não faltaram a esta senhora ímpetos de estrangular Sofia, calcá-la aos pés, arrancar-lhe o coração aos pedaços, dizendo-lhe na cara os nomes crus que atribuía ao marido... Tudo imaginações! Crede-me: há tiranos de intenção. Quem sabe? Na alma desta senhora passou agora um tênue fio de Calígula…”

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Aula 8Rubião, alegoria do Brasil

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Aula 8Objetivos: retomar e finalizar a discussão sobre o contexto histórico e sobre o humanitismo (agora, no desfecho do livro).

● leitura de trechos de capítulos;● discussão sobre a alegoria

feita com a queda do regime imperial;

● reflexão sobre o humanitismo no desfecho do livro.

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Aula 8 - retomada do contexto histórico- Terminada a leitura do livro, algumas questões começam a ficar mais

evidentes;- Retomamos o que havia sido dito no início da sequência sobre a época de

publicação do livro e a época onde a história se passa (algumas décadas anteriores à publicação);

- Retomamos a questão das modificações feitas na edição em livro, após a publicação do romance em folhetim;

- Uma delas é a mudança do nome de Rubião (Rubião José de Castro torna-se Pedro Rubião de Alvarenga). Na edição em livro, o protagonista está identificado com D. Pedro II e se torna uma alegoria da decadência do regime imperial.

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Aula 8 - retomada do contexto histórico- Fazemos as seguintes perguntas aos alunos:

- Se pensarmos que Machado viveu o fim do regime imperial, podemos enxergar isso no livro de alguma maneira? Vocês acham que ele retratou esse processo? (diversas questões políticas da época)

- O nome de Rubião foi alterado na edição em livro para Pedro Rubião. Essa mudança não foi por acaso. Qual vocês acham que foi a razão para isso? (alegoria com D. Pedro II)

- Do começo ao final do livro, Rubião passa por um processo de ascensão e decadência. Se pensarmos de forma alegórica, como isso se relaciona com o contexto histórico da época? (declínio do regime imperial)

- Considerando o processo de decadência de Rubião, vocês acham que o livro faz sentido apenas para quem conhece o contexto histórico do Brasil naquela época? (tema universal da loucura, desencontro entre indivíduo e sociedade [mudança de Rubião])

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Aula 8 - humanitismo- Retomamos a teoria do humanitismo;- Perguntamos aos alunos:

- No final do livro, Rubião morre tentando dizer "ao vencedor, as batatas!". Ele é um vencedor?- Quem, de fato, podemos dizer que são os vencedores? Quem triunfa?- O narrador opina sobre o que acontece com Rubião?

- Retomamos o final do último capítulo, onde o narrador se mostra indiferente com a morte de Rubião:

- "Eia! chora os dois recentes mortos, se tens lágrimas. Se só tens riso, ri-te! É a mesma coisa. O Cruzeiro, que a linda Sofia não quis fitar, como lhe pedia Rubião, está assaz alto para não discernir os risos e as lágrimas dos homens".

- Perguntamos aos alunos:- O que vocês acharam do final do livro? O que sentiram?- O que acham da indiferença do narrador para com a tragédia de Rubião e Quincas Borba

(cachorro)?

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Aula 8 - humanitismo- Finalizamos a aula dizendo que uma das leituras possíveis é a de que

Machado, através da indiferença do narrador (que pode causar os sentimentos de pena e indignação no leitor), quer criticar tais teorias filosófico-científicas surgidas na época, que buscavam justificar opressões.

- Assim, retomamos e fixamos o conteúdo da aula 5, que fica mais claro após o término da leitura do livro.

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Aulas 9 e 10Retomada da obra e produção textual

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Aula 9● Retomada expositiva do

conteúdo● Organizar a sala em grupos de

4 ou 5 alunos● Discussão

Objetivos: retomada de conteúdo

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Revisão● Em aula expositiva, o professor deve rememorar o que foi visto e suscitar

algumas questões.- Em Quincas Borba acompanhamos a vida de Rubião, antes professor falido,

depois capitalista em ascensão e depois louco decadente. Quais personagens o acompanham em cada uma dessas fases? (Fazer uma linha do tempo)

- De que modo eles se relacionam com Rubião? Como são identificados pelo narrador?

- Considerando o que aprendemos, por que o livro leva o nome de Quincas Borba?

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Revisão● Os alunos se reúnem para discutir as questões e deverão respondê-las em

um vídeo curto de 2 minutos. ● Depois os vídeos serão vistos pela turma toda e o professor guiará a

“correção”

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Aula 10● Instruções sobre a atividade● Organização da sala em

grupos de 4 ou 5 alunos● Início da produção de conteúdo Objetivos: produzir textos

escritos e visuais para outro tipo de mídia - o Instagram - retomando a obra lida

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Justificativa- A produção que será elaborada ao fim da sequência será realizada a partir da

criação de textos e imagens/fotos em contas “fake” no Instagram.- Justificativa: segundo a BNCC, a multimodalidade deve ser explorada em

sala de aula, de modo que os alunos tenham acesso a diferentes tipos de linguagem. Assim, a proposta retoma as formas de escrita e de imagem utilizadas na atualidade e ao mesmo tempo reinterpreta para os dias de hoje a obra de Machado de Assis.

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Atividade● Orientações: nós acompanhamos ao longo das aulas as inúmeras edições

pelas quais o livro passou, inclusive sua primeira publicação em Folhetim. Cada grupo deverá reeditar a obra usando um suporte de escrita atual, o Instagram. Para fazer esta atividade, vocês precisam primeiro escolher um dos personagens principais e pensar no ponto de vista dele. A partir disso criarão um perfil fake no Instagram, podendo usar como base para a foto do perfil uma das capas das edições de Quincas Borba. Também devem criar uma bio.

● Depois criarão posts no Instagram com imagem e texto, reescrevendo a partir do ponto de vista do personagem ao menos 1 episódio (um acontecimento) de Quincas Borba, que pode ser publicado diariamente ou semanalmente.

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Avaliação● O professor avaliará a atividade verificando as contas criadas no Instagram e

analisando se as tarefas se adequam à proposta.● As cont@s da rede social serão enviadas para o professor, que compartilhará

com o restante da turma● É possível depois ler algumas das histórias em voz alta em sala de aula, de

forma a ressaltar os aspectos que foram vistos (como a posição do narrador, a ironia) e outros aspectos novos criados pelos alunos.