meio ambiente do trabalho - pós-graduação · permeando as normas regulamentadoras de natureza...

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO Por: Manoel Sequeira da Silva Orientador Prof. Ms. Francisco Carrera RIO DE JANEIRO 2008

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Page 1: MEIO AMBIENTE DO TRABALHO - Pós-Graduação · permeando as normas regulamentadoras de natureza administrativa. Nesse sentido, descreveremos sobre questões de responsabilidade civil

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

MEIO AMBIENTE DO TRABALHO

Por: Manoel Sequeira da Silva

Orientador

Prof. Ms. Francisco Carrera

RIO DE JANEIRO

2008

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2 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

MEIO AMBIENTE DO TRABALHO

Apresentação de monografia à

Universidade Cândido Mendes

como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista

em Direito Ambiental.

Por: Manoel Sequeira da Silva

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RESUMO

O presente trabalho se propõe a abordar o posicionamento atual do meio

ambiente do trabalho, bem como sua importância na vida do trabalhador. Com

isso procuraremos esclarecer melhor o conceito de meio ambiente do trabalho

englobando a legislação constitucional e infraconstitucional vigente,

permeando as normas regulamentadoras de natureza administrativa.

Nesse sentido, descreveremos sobre questões de responsabilidade civil em

razão do acidente de trabalho e o cabimento da legitimidade do Ministério

Público do Trabalho por meio de ação civil pública trabalhista.

Entre tantas questões polêmicas que envolvem o meio ambiente laboral,

trataremos da utilização do amianto pela indústria, ainda em fase de

julgamento por ação direta de inconstitucionalidade, sendo este um dos mais

controvertidos temas em questão na atualidade sobre proteção à saúde do

trabalhador e daqueles que o utilizam diretamente.

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SUMÁRIO

1. Introdução 4

2. Conceito e Natureza Jurídica 6

3. Legislação 9

3.1 Normas Regulamentadoras (administrativas) 14

4. Ação Civil Pública 18

4.1 Responsabilidade Civil 18

4.2 Legitimidade do Ministério Público do Trabalho 24

5 Acidente do Trabalho 28

6 Questões Polêmicas acerca do Tema 33

6.1 Amianto 33

6.2 Jurisprudência 35

7 Conclusão 38

8 Bibliografia 41

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1 - INTRODUÇÃO

É notória a preocupação mundial relativa às questões sobre o meio

ambiente como aquecimento global, reciclagem, alternativas de geração de

energia entre outras. É fato que em todos os debates acerca do tema a

educação ambiental é unanimidade para o desenvolvimento dos problemas de

base.

Quanto à educação ambiental, a lei nº 9795 de 27 de abril de 1999, logo

no artigo 1º, determinou o conceito normativo de educação ambiental:

“Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o

indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,

habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio

ambiente, bem como do uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de

vida e sua sustentabilidade “.

Na verdade o conceito formal tem por objetivo a conservação ambiental.

Já o conceito não-formal consiste em um conjunto de práticas e ações de

natureza educativa cujo objetivo é conscientizar a coletividade sobre as

questões ambientais para organização e participação na defesa da qualidade

do meio ambiente.

Para regular o meio ambiente há um vasto campo de normas que se

baseiam na Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB),

promulgada em 05/10/1988. Esta preconiza a todos um ambiente

ecologicamente equilibrado, preservando a vida com dignidade, objetivando

melhores condições de trabalho, moradia, saúde e educação e resgatando

assim, uma perfeita harmonia no aspecto físico, psíquico e social. A CRFB

dedica um capítulo exclusivo para o meio ambiente elevando-o à categoria de

direito fundamental e dando-lhe a natureza de bem de uso comum do povo.

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6 Desta forma, segundo o legislador constituinte originário, o meio

ambiente é qualificado como patrimônio público, bem de uso comum do povo,

assegurado e protegido para uso da coletividade e essencial à sadia qualidade

de vida. Portanto, o Estado no exercício de sua função institucional tem o dever

constitucional de preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado para

atuais e futuras gerações.

No que diz respeito ao conceito de meio ambiente e de direito ambiental,

há várias concepções teóricas, sociais e biológicas que permeiam uma

classificação do meio ambiente em: natural, cultural, artificial e do trabalho.

Com isso, podemos exemplificar o meio ambiente, como: o meio

ambiente natural formado pelo solo, água, ar, flora e fauna em perfeita

harmonia. O meio ambiente cultural é composto pelo patrimônio histórico,

artístico, arqueológico, paisagístico, turístico e científico. Já o meio ambiente

artificial é constituído pelo conjunto de edificações e equipamentos, rodovias e

tudo que formam o espaço urbano construído. Por último o meio ambiente do

trabalho é integrado pelo conjunto de bens, instrumentos e meios, de natureza

material e imaterial, em razão dos quais o ser humano exerce as atividades

laborais.

Assim sendo, optamos por fazer uma análise mais específica do meio

ambiente do trabalho, que possui vários pontos a serem explorados.

De certo, ao evoluirmos no tema enfrentaremos questões polêmicas

envolvendo competência ministerial, legislativa e de fiscalização; bem como,

decisões do poder judiciário e das normativas de caráter administrativo, sendo

permeadas pela própria medicina e segurança do trabalho para que na

essência seja observado o objetivo constitucional.

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2 - CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA

O meio ambiente divide-se conforme a Constituição da República

Federativa do Brasil em: natural (caput, parágrafo primeiro), cultural (art. 215 e

216), artificial (art. 21 XX, art. 182 e seguintes e art. 225) e do trabalho (art. 200

VIII).

De acordo com o professor Jose Afonso da Silva, “o meio ambiente do

trabalho pode ser definido como o local em que se desenrola boa parte da vida

do trabalhador, cuja qualidade de vida está, por isso, em íntima dependência

da qualidade daquele ambiente”.

O ambiente do trabalho é protegido por uma série de normas

constitucionais e legais destinadas a garantir-lhe condições de salubridade e

segurança. Nesse sentido, o meio ambiente do trabalho pode ser conceituado

como o conjunto de fatores físicos que interligados ou não estão presentes e

envolvem o local de trabalho da pessoa.

O art. 3º, I da lei 6938/81, que trata da Política Nacional do Meio

Ambiente, definiu meio ambiente como conjunto de condições, leis, influências

e interações de ordem física e biológica que permite, abriga e rege a vida em

todas as suas formas.

O Supremo Tribunal Federal, através do voto do Ministro Celso de Mello,

ora relator, conceituou o direito ao meio ambiente como “um típico direito de

terceira geração que assiste, de modo subjetivamente indeterminado, a todo o

gênero humano, circunstância essa que justifica a especial obrigação – que

incumbe ao Estado e à própria coletividade – de defendê-lo e de preservá-lo

em benefício das presentes e futuras gerações”.

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8 No que tange a compreensão jurídica acerca do meio ambiente do

trabalho precisamos esclarecer, pois são poucas as obras que abordam sobre

o tema e enquadram o meio ambiente do trabalho como integrante do regime

sistemático do meio ambiente como um todo. Portanto, é possível conceituar o

meio ambiente do trabalho como o ambiente no qual se desenvolve as

atividades do trabalho humano. Não se limita ao empregado; todo trabalhador

que cede a sua mão-de-obra exerce sua atividade em um ambiente de

trabalho. O meio ambiente de trabalho ecologicamente equilibrado, quando

considerado como interesse de todos os trabalhadores em defesa de

condições de saúde do trabalho, constitui direito essencialmente difuso.

Quando nos referimos aos interesses difusos dos trabalhadores a um meio

ambiente de trabalho livre de acidentes em sentido amplo.

Nesse sentido, o meio ambiente do trabalho é integrado pelo conjunto de

bens, instrumentos e meios, de natureza material e imaterial, em face dos

quais o ser humano exerce as atividades laborais (art.200, VIII CF). Porém, não

podemos confundir com o conceito de Local de Trabalho que é definido na

alínea c do art. 30 da Convenção 155, da OIT, como sendo "todos os lugares

onde os trabalhadores devem permanecer ou onde têm de comparecer, e que

estejam sob controle, direto ou indireto, do empregador."

Contudo, não há divergências que o meio ambiente do trabalho se

constitui no local onde as pessoas desempenham suas atividades laborais,

dessa forma passamos a relacionar conceitos e definições sobre o tema:

João Manoel Grott defende o Meio Ambiente do Trabalho “como um

conjunto de fatores físicos, climáticos ou de quaisquer outros que, interligados,

ou não, estão presentes e envolvem o local de trabalho do indivíduo.”

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9 Antônio Silveira R. dos Santos, define Meio Ambiente do Trabalho como

“o conjunto de fatores físicos, climáticos ou qualquer outro que interligados, ou

não, estão presentes e envolvem o local de trabalho da pessoa”.

Celso Antônio Pacheco Fiorillo compreende Meio Ambiente do Trabalho

como “local onde as pessoas desempenham suas atividades laborais, sejam

remuneradas ou não, cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na

ausência de agentes que comprometam a incolumidade físico-psíquica dos

trabalhadores, independentemente da condição que ostentem (homem ou

mulheres, maiores ou menores de idade, celetistas, servidores públicos,

autônomos, etc.)”.

Para o professor Amauri Mascaro Nascimento, o Meio Ambiente do

Trabalho “é exatamente, o complexo máquina-trabalho: as edificações do

estabelecimento, equipamentos de proteção individual, iluminação, conforto

térmico, instalações elétricas, condições de salubridade ou insalubridade, de

periculosidade ou não, meios de prevenção à fadiga, outras medidas de

proteção ao trabalhador, jornadas de trabalho e horas extras, intervalos,

descansos, férias, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais que

formam o conjunto de condições de trabalho, etc”.

Quanto à natureza jurídica do Meio Ambiente do Trabalho enfatiza o

professor Raimundo Simão de melo que se trata de “um direito fundamental do

cidadão trabalhador, não é um meio direito vinculado ao contrato de trabalho”.

Podemos concluir, portanto, que em termos conceituais o direito ao Meio

Ambiente do Trabalho é um Direito Difuso, uma vez que o seu descumprimento

atinge a toda a sociedade indistintamente.

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3 - LEGISLAÇÃO

Embora a definição do meio ambiente do trabalho aparente certo

individualismo, isto não acontece, pois ante a importância da proteção dos

trabalhadores e o interesse e obrigação do Estado de protegê-los, o conceito

extrapola na prática o aparente individualismo, tomando conotações de um

direito trans-individual e ao mesmo tempo difuso.

O meio ambiente do trabalho é protegido pela lei 7.347/85, que em seu

art. 1º, I, estabelece a adequação da ação civil pública na proteção do meio

ambiente, incluindo o inciso IV que trata dos danos causados a qualquer outro

interesse difuso ou coletivo, evidenciando a existência da ação civil pública

para resguardar os direitos dos trabalhadores de terem um ambiente de

trabalho sadio e ecologicamente equilibrado.

No trato do meio ambiente do trabalho, como bem preceitua a CRFB,

inclui-se entre os direitos dos trabalhadores a redução dos riscos inerentes ao

trabalho por meio de normas de saúde, higiene e segurança (art.7º, XXII) e isso

engloba as instalações físicas do local, tais como: iluminação natural ou

artificial, ventilação, ruído, móveis, maquinários e tudo que deve oferecer um

ambiente de trabalho saudável para a proteção do serviço, bem como deve ser

minimizado o contato com qualquer agente químico ou biológico que traga

riscos a saúde do trabalhador, e determinou que no sistema de saúde, o meio

ambiente do trabalho deve ser protegido (art. 200, VIII). Um ambiente de

trabalho sadio proporciona a manutenção da saúde do trabalhador, por sua

vez, um ambiente de trabalho agressivo leva ao surgimento de doenças

profissionais e, conseqüente, perda da capacidade laborativa do trabalhador.

Nesse sentido, a Consolidação das Leis do Trabalho trata da segurança

e saúde do trabalhador no art. 154 e seguintes. Há ainda Programa de Controle

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11 Médico e de Saúde Ocupacional e o Programa de Prevenção de Riscos

Ambientais, sem contar com a obrigatoriedade das empresas terem que

instituir as CIPAs – Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (art. 163

da CLT), visando à preservação da qualidade ambiental do local do trabalho.

A CRFB consagrou em seu art. 6º a saúde e o trabalho como direitos

sociais, bem como o art. 7º, XXII elenca como direito dos trabalhadores

urbanos e rurais a redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio de

normas de saúde, higiene e segurança, preceituando, ainda, que o direito à

saúde deve ser garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à

redução do risco de doenças e de outros agravos (art.196).

Neste caminho, a CLT em seu capítulo referente à segurança e medicina

do trabalho (art.189 a 192), dispõe o conceito de atividades insalubres e

perigosas, o pagamento do respectivo adicional, bem como fornecimento de

equipamentos de proteção individual, como é conhecido os EPI’s.

No que tange a proteção em sentido amplo do meio ambiente do

trabalho, o Ministério do Trabalho e Emprego, no uso de sua competência

normativa delegada pelo legislador consolidado, estabeleceu um conjunto de

normas técnicas complementares, denominadas normas regulamentadoras

(NR’s). Entre as principais normas que tratam da matéria, merece destaque, a

NR-6, que se refere ao fornecimento de equipamentos de proteção individual; a

NR 9, que dispõe sobre riscos ambientais; e a NR 15, que trata das atividades

e operações insalubres.

A CLT art. 155 reza que incumbe ao órgão de âmbito nacional

competente em matéria de segurança e medicina do trabalho estabelecer nos

limites de sua competência normas eficazes, que são as normas

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12 regulamentares assim estabelecidas pela portaria nº. 3.214/78 do Ministério do

Trabalho e do Emprego.

Nesse sentido, compete a Delegacia Regional do Trabalho promover a

fiscalização do cumprimento das normas de segurança e medicina do trabalho;

adotando as medidas que se tornem exigíveis, determinando as obras e

reparos que em qualquer local de trabalho se façam necessárias impondo as

penalidades cabíveis por seu descumprimento (art. 156 CLT).

De certo, cabe ao empregador cumprir e fazer cumprir as normas de

segurança do trabalho, instruir os empregados, por meio de ordens de serviço,

quanto às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho e

doenças ocupacionais; adotar medidas que lhe sejam determinadas pelo órgão

competente; e, facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente

(art. 157 CLT).

Por sua vez, os empregados deverão observar as normas de segurança

e medicina do trabalho e colaborar com a empresa quanto à aplicação de tais

normas (art. 158 CLT). Até porque, nos termos do parágrafo único do artigo

158 da CLT, constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada à

observância das instruções expedidas pelo empregador e ao uso dos

equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa.

É importante frisar sobre o artigo 160 da CLT que trata sobre a Inspeção

Prévia, que nenhum estabelecimento poderá iniciar suas atividades sem prévia

inspeção ou aprovação das respectivas instalações pela autoridade regional

competente em matéria de segurança e medicina do trabalho, bem como nova

inspeção deverá ser feita quando ocorrer uma substancial modificação nas

instalações, inclusive de equipamentos, ficando a empresa obrigada a

comunicar prontamente à Delegacia Regional do Trabalho.

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No trato do meio ambiente do trabalho, o Delegado Regional do

Trabalho, à vista do laudo técnico do serviço competente que demonstre grave

e iminente risco ao trabalhador, poderá interditar o estabelecimento, setor de

serviço, máquina ou equipamento, ou embargar a obra, indicando na decisão

tomada, com a brevidade que a ocorrência exigir, as providências que deverão

ser adotadas para prevenção de infortúnios de trabalho (art. 161 CLT).

Todas as empresas, de acordo com as normas a serem expedidas pelo

Ministério do Trabalho, estarão obrigadas a manter serviços especializados em

segurança e em medicina do trabalho (art. 162 CLT).

Como vimos, é obrigatória a constituição da Comissão Interna de

Proteção e Acidentes (CIPA), de conformidade com instruções expedidas pelo

Ministério do Trabalho (art. 163 CLT).

No que diz respeito aos equipamentos de proteção individual, a empresa

é obrigada a fornecer gratuitamente, adequado ao risco e em perfeito estado

de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não

ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes ou danos à saúde

do empregado (art. 166 CLT).

A CLT conceitua as atividades insalubres como aquelas que por sua

natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a

agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da

natureza e intensidade do agente e do tempo de exposição dos seus efeitos

(art. 189 CLT).

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14 Quanto ao sistema de proteção ao meio ambiente do trabalho, ainda

podemos adotar outras medidas especiais de proteção, como por exemplo:

manutenção no estabelecimento, material necessário à prestação de primeiros

socorros médicos, de acordo com o risco da atividade; notificação das doenças

profissionais e das produzidas em virtude de condições especiais de trabalho

comprovada ou objeto de suspeita; as edificações deverão obedecer aos

requisitos técnicos que garantam perfeita segurança aos que nelas trabalhem;

os pisos dos locais de trabalho não deverão apresentar saliências ou

depressões que prejudiquem a circulação de pessoas ou movimentação de

materiais; proteção das aberturas nos pisos e paredes de forma que impeçam

a queda de pessoas e de objetos; as paredes, escadas, rampas de acesso,

passarela, pisos, corredores, coberturas ou passagens dos locais de trabalho

deverão obedecer às condições de segurança e higiene do trabalho,

estabelecidas pelo Ministério do trabalho e manter-se em perfeito estado de

conservação e limpeza; iluminação adequada, natural ou artificial apropriada à

natureza da atividade, uniformemente distribuída geral e difusa, a fim de evitar

ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos; os locais

de trabalho deverão ter ventilação natural, compatível com o serviço realizado;

a ventilação artificial é obrigatória caso não preencha as condições de conforto

térmico; se as condições de ambientes se tornarem desconfortáveis, em virtude

de instalações geradoras de frio ou de calor, será obrigatório o uso de

vestimenta adequada para o trabalho em tais condições, de forma que os

empregados fiquem protegidos contra as radiações térmicas; os reparos,

limpeza e ajustes somente poderão ser executados com as máquinas paradas,

salvo se o movimento for indispensável à realização do ajuste.

É importante ressaltar, que a proteção e saúde do trabalhador

constituem preocupação constante também no plano internacional. Sendo

assim, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) adota como um de seus

principais ditames “a elevação dos níveis de vida e a proteção adequada da

vida e da saúde dos trabalhadores em todas as ocupações”.

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As posições defendidas pela Organização Internacional do Trabalho com

o fim de garantir a saúde e segurança dos trabalhadores implicam na adoção,

por parte dos países que a integram, de medidas administrativas e legislativas

que importem na melhoria das condições do meio ambiente laboral.

Neste sentido, é possível apontar a Convenção nº 155 ratificada pelo

Brasil e promulgada através do Decreto nº 1.254, de setembro de 1994, que

todo país que ratificar deverá formular e pôr em prática uma política nacional

em matéria de saúde e segurança do trabalho. A Convenção nº 119, ratificada

pelo Brasil e promulgada através do decreto nº 1.255, de setembro de 1994,

este instrumento internacional estipula que a venda e a locação de máquinas,

cujos elementos perigosos estiverem desprovidos de dispositivos de proteção

apropriados “deverão ser proibidas pela legislação nacional e/ou impedidas por

outras medidas igualmente eficazes”.

Portanto, podemos observar a existência de uma tutela jurídica

positivada, que assegura a adoção de medidas de proteção à saúde e

segurança dos trabalhadores, consubstanciando um verdadeiro arcabouço

jurídico moderno. No entanto, constatamos uma realidade ainda retrógada,

pouco eficiente, que caminha ao longe desta ordem jurídica e das práticas que

legitimam uma sociedade democrática justa e solidária.

3.1 - Normas Regulamentadoras (Administrativas)

A tutela de segurança e medicina do trabalho são as normas inseridas

na Consolidação das Leis do Trabalho em seus artigos 154 a 201. Estas

normas tratam de complexa matéria o que merece regulamentação específica.

O Ministério do Trabalho, sendo o órgão competente para regular esta matéria

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16 expediu às Portarias de nº 3.214/78 e nº 3.067/88, nas quais estão incluídas as

Normas Regulamentadoras.

Nesse sentido, foram aprovadas e estão vigorando as seguintes Normas

Regulamentadoras, que tratam sobre os seguintes temas:

§ NR-1 de disposições gerais, complementa o artigo 157 da

CLT;

§ NR-2 de inspeção prévia, trata do artigo 160 da CLT;

§ NR-3 de embargo ou interdição, conceitua risco grave e

eminente nas relações laborais e regulamenta as regras de interdição ou

embargos de obras;

§ NR-4 dos Serviços Especializado em Engenharia de

Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT);

§ NR-5 das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes

(CIPA);

§ NR-06 de equipamentos de proteção individuais (EPIs);

§ NR-7 de Programa do Controle Médico de Saúde

Ocupacional (PCMSO), todos os trabalhadores devem saber os riscos

de sua atividade laboral;

§ NR-8 de edificações;

§ NR-9 de Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

(PPRA);

§ NR-10 de instalações sanitárias;

§ NR-11 de transporte e movimentação de materiais;

§ NR-12 de máquinas e equipamentos;

§ NR-13 de caldeiras e vasos de pressão;

§ NR-14 de fornos;

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17 § NR-15 de insalubridade;

§ NR-16 de periculosidade;

§ NR-17 de ergonomia;

§ NR-18 de meio ambiente da construção civil;

§ NR-19 de explosivos;

§ NR-20 de líquidos combustíveis e inflamáveis;

§ NR-21 de trabalhos a céu aberto;

§ NR-22 de trabalhos de mineração;

§ NR-23 de combate a incêndios;

§ NR-24 de condições sanitárias e de conforto nos locais de

trabalho;

§ NR-25 de resíduos industriais;

§ NR-26 de sinalização de segurança;

§ NR-27 de registro profissional;

§ NR-28 de fiscalização e penalidades;

§ NR-29 de segurança e saúde no trabalho portuário;

§ NR-30 de segurança e saúde no trabalho aquaviário;

§ NR-31 de segurança e saúde no trabalho na agricultura,

pecuária e silvicultura, exploração florestal e aquicultura;

§ NR-32 de segurança e saúde no trabalho em

estabelecimentos de saúde;

§ NR-33 de segurança e saúde no trabalho em espaços

confinados.

As empresas brasileiras têm dado a merecida importância à Saúde e

Segurança no trabalho e ao meio ambiente laboral, com o objetivo de obterem

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18 condições de concorrerem no mercado global, que é muito exigente,

especialmente no que tange à questão ambiental. Portanto, é fundamental o

cumprimento das normas de segurança e medicina do trabalho, pois faz parte

da boa imagem da vida das empresas, atualmente as empresas se preocupam

em conseguir o certificado da Norma ISO 9000 (Qualidade Total) e Norma ISO

14000 (Proteção ao Meio Ambiente).

É importante ressaltar que as empresas estão sofrendo maior

fiscalização por parte dos órgãos ambientais, inclusive, das Delegacias

Regionais do Trabalho e Emprego, que exigem a implantação do Plano de

Controle Ambiental (PCA).

Por fim, pelo enorme índice de acidentes no trabalho que são

registrados e conseqüentes perdas de produtividade, as empresas estão se

conscientizando da importância para a sua imagem que é lucrativo investir em

medidas de prevenção dos riscos de acidentes no meio ambiente do trabalho.

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4 - AÇÃO CIVIL PÚBLICA

A Constituição da república federativa do Brasil de 1988 prevê em seu

artigo 129, III que entre as funções atribuídas ao Ministério Público está

“promover o inquérito civil a ação civil pública, para proteção do patrimônio

público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos”.

Como bem preceitua o professor José dos Santos Carvalho Filho, “Ação

civil pública é o instrumento judicial adequado à proteção dos interesses

coletivos e difusos”. A lei nº 7.347/85 disciplina a ação civil pública e tem como

natureza jurídica ação de rito especial.

4.1 - Responsabilidade Civil

O equilíbrio e a harmonização social, a partir da reparação dos danos,

refletem a responsabilidade civil como um dos mais relevantes temas para as

ciências humanas, especialmente para a jurídica. Com isso, aquele que em

razão de sua conduta ou exercício de atividade produz uma modificação

negativa no mundo exterior, violando direitos de outrem, responderá pelos seus

atos com a finalidade de satisfazer não só o lesado, mas principalmente,

visando à pacificação social.

Há inúmeros casos de acidentes do trabalho, na sua grande maioria,

provocados pelo descaso dos empregadores ao manter um meio ambiente do

trabalho em péssimas condições, o que traduz um verdadeiro desrespeito ao

princípio constitucional da dignidade humana e da integridade física, psíquica e

moral do trabalhador.

Page 20: MEIO AMBIENTE DO TRABALHO - Pós-Graduação · permeando as normas regulamentadoras de natureza administrativa. Nesse sentido, descreveremos sobre questões de responsabilidade civil

20 O acidente de trabalho é essencialmente danoso não só para a vítima

como também para seus dependentes e, em alguns casos, é irreparável,

devida à complexidade de seus efeitos. Sempre que houver um sinistro

relacionado ao meio ambiente laboral, ocasionando perda parcial ou total,

temporária ou permanente da capacidade para trabalhar ou até mesmo a

morte, deverá ser reparado independentemente de culpa do empregado ou

empregador, mesmo que a possível indenização apenas minimize o mal

sofrido, para que na medida do possível, se desfaça seus efeitos funestos e

restitua o status quo ante aquele que sofreu o prejuízo.

A constituição da república federativa do Brasil de 1988 assegura ao

trabalhador, com base nos princípios da valorização do trabalho e da dignidade

humana, o direito ao meio ambiente laboral salutar, portanto a responsabilidade

civil decorrente de acidente do trabalho, por sua natureza social foi elevada à

categoria constitucional. Mas no que tange à reparação a lesão ao meio

ambiente, inclusive, ao meio ambiente do trabalho, a Constituição, cujo bem

maior protegido é a vida, determina também, em seu parágrafo 3º, artigo 225

que:

“As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente

sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e

administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos

causados”.

Na verdade, verificamos na prática que são muitas as hipóteses em que

é quase impossível ao lesado provar a culpa do responsável pela violação do

seu direito. Uma delas é o que acontece nos casos de acidente do trabalho

decorrente de culpa ou dolo do empregador (CF/88, art. 7º, inc. XXVIII). Nestes

casos, se não houver a inversão do ônus da prova, dificilmente o lesado poderá

provar a culpabilidade do empregador.

Page 21: MEIO AMBIENTE DO TRABALHO - Pós-Graduação · permeando as normas regulamentadoras de natureza administrativa. Nesse sentido, descreveremos sobre questões de responsabilidade civil

21 A tendência atual do direito positivo brasileiro caminha no sentido de

substituir a culpa pela idéia do risco, a responsabilidade subjetiva pela

responsabilidade objetiva, havendo uma grande evolução na teoria da

responsabilidade civil em busca da socialização dos riscos.

Entre tantos fatores, constatamos a impossibilidade de concretizar a

reparação dos danos oriundos de acidentes de trabalho, cujo número cresceu

assustadoramente nos últimos anos, e que determinou uma insuficiência da

responsabilidade subjetiva. O operário ou seus dependentes sempre se

encontraram em desvantagem em relação ao poder do empregador. É difícil

provar a culpa do empregador, pois a lei que por um lado tutelava o direito à

integridade física e a reparação dos danos ocorridos com a violação desse

direito, praticamente, negava o efetivo direito de ação, ao dificultar a prova da

culpa do empregador, ou seja, concedia o direito à reparação do dano aos

lesados, mas inviabilizava instrumentos para provar o direito.

Nesse sentido, a Teoria do Risco Profissional foi desenvolvida

especificamente para justificar a reparação dos prejuízos advindos de

acidentes do trabalho, protegendo não só os empregados, mas também suas

famílias que dependem da sua sobrevivência, e esta era necessária para

fundamentar a responsabilidade objetiva e para tanto, sendo suficiente a lesão,

seja em decorrência da atividade ou da profissão do lesado.

No que diz respeito ao ressarcimento do prejudicado, cabe verificar

apenas se ocorreu o evento e dele a causa do dano, não cabendo a discussão

dos fatos quanto da imputabilidade ou antijuridicidade do fato danoso.

Basta à relação de causalidade entre o prejuízo e aquele que

materialmente o causou, isto é, trata-se apenas da comprovação do nexo

causal entre o dano e o fato gerador. O empregador deve ser responsabilizado

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22 pelo simples fato da ocorrência do fato danoso prejudicial ao empregado

sempre estar relacionado à atividade exercida, visto que o empregador

assumiu a responsabilidade com base na culpa que se tornou insuficiente para

solucionar questões complexas em torno de eventos danosos oriundos dos

riscos de determinadas atividades econômicas, especialmente dos eventuais

sinistros ocorridos no ambiente de trabalho.

O acidente do trabalho além de causar prejuízo ao corpo do empregado

vítima do acidente de trabalho e ao seu estado moral, normalmente também

afeta, concomitantemente, o mundo patrimonial da vítima e de seus

beneficiários, visto que dependem economicamente do trabalho executado

para viver. É certo que a vida não tem um valor econômico determinado,

contudo é indiscutível que as atividades laborais fazem parte dos instrumentos

pelos quais o empregado agrega seus meios de aquisição econômica.

A conseqüência relativa aos danos causados ao patrimônio do

empregado e seus dependentes advindos de lesões ou morte do trabalhador,

tem como evidente a indenização dos prejuízos efetivos de possíveis lucros.

Normalmente verificam-se muito rapidamente quando ocorrem lesões

corporais ou problemas relacionados à saúde do meio ambiente de trabalho

inadequado. No entanto, há casos de problemas que não são apenas físicos,

pois podem ocorrer também problemas de cunho psíquico, como por exemplo,

traumas, fobias, psicoses, etc.

Por conseguinte não temos temor em afirmar que as doenças psíquicas

ou neurológicas relacionadas ao trabalho, equiparam-se a acidentes de

trabalho e atingem tanto os bens patrimoniais quanto os morais. Portanto,

como os acidentes de trabalho típicos, estes também deverão ser indenizados,

ou seja, caso o trabalhador devido às agressões físicas ou psíquicas sofridas

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23 no ambiente laboral, desenvolva alguma fobia, ou algum outro distúrbio mental,

que o incapacita, parcial ou totalmente, para o exercício de sua profissão ou de

qualquer outro trabalho, igualmente deverá ser indenizado.

Em alguns casos mais graves de acidente de trabalho o bem maior é

atingido, e neste caso, quando ocorre a morte do trabalhador, há prejuízo de

cunho moral para seus familiares, que é a própria perda do ente querido, sendo

os sentimentos afetivos bens de valor incalculável. Porém, para aqueles que

dependiam do acidentado, que na maioria dos casos é o chefe da família,

aquela vida humana tem valor econômico, uma vez que era a principal fonte de

recursos econômicos se consubstanciando em dano de caráter patrimonial.

De forma irrefutável afirmamos que a vida humana pela própria natureza

ética, é um bem de natureza não patrimonial. É um direito amparado como bem

maior pelo ordenamento jurídico brasileiro, uma vez que a existência humana é

essencial às demais categorias de direito. Portanto, qualquer ofensa direta ou

indireta aos direitos a ela inerentes, como à incolumidade física e psíquica, à

saúde, implica em ofensa moral direta, por ser imensurável.

Dessa forma, os acidentes ocorridos no meio ambiente de trabalho, que

causam dano à integridade física ou psíquica e à saúde dos trabalhadores

afetam a esfera moral do lesionado, sendo causa de dano moral direto. Com

isso, devemos sempre presumir o prejuízo resultante da dor imputada à pessoa

do trabalhador, bem como de seus dependentes em razão do problema do

acidente laboral que causou a redução ou incapacidade para realizar seu

ofício. Se o acidente de trabalho resultar em morte da vítima, os ofendidos

serão, evidentemente, sempre os beneficiários.

Como já mencionado anteriormente, e agora ratificando, ao observarmos

a matéria legal que trata dos riscos das atividades econômicas de natureza

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24 laboral, especificamente dos riscos de acidentes do trabalho e doenças

profissionais, tem por fundamento a teoria do risco. Vale ressaltar que no

Brasil, o dever da Previdência Social de indenizar por acidente do trabalho tem

fulcro na teoria do risco integral. Basta o trabalhador ou seus dependentes

provar a relação de emprego e que o dano foi decorrente de uma situação

relacionada ao seu trabalho. Não afastam seus direitos as tradicionais causas

excludentes ou atenuantes da responsabilidade: culpa exclusiva da vítima,

força maior, caso fortuito ou fato de terceiro.

Cabe ressaltar, portanto, como já está previsto no ordenamento jurídico

brasileiro, que a responsabilidade para indenizar sem culpa tem caráter positivo

e é um mandamento legal. Podemos citar várias normativas sobre o tema

desta infortunística, como por exemplo, o Decreto Legislativo nº 3.724/19,

Decreto nº 24.637/34, Decreto nº 7.036/44, Decreto-lei nº 293/91, Lei nº

5.316/67, Lei nº 6.367/76. No entanto, a lei previdenciária nº 8.213/91 reza dois

fatores sobre a responsabilidade objetiva para assegurar a relação jurídica:

uma do seguro social e a outra do direito de reparação da vitima de acidente.

A lei por um lado impõe ao empregador á responsabilidade objetiva de

natureza previdenciária que é o verdadeiro ônus de arcar com a manutenção

do seguro coletivo para reparação dos danos decorrentes de acidente do

trabalho. Além disso, não podemos esquecer que a própria norma obriga ao

empregador a arcar com a responsabilidade de natureza trabalhista de pagar

os primeiros quinze dias de afastamento do empregado e de garantir-lhe a

estabilidade acidentária de um ano após a cessação do auxílio-doença

acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente, conforme

previsão nos artigos 29 e 118, respectivamente, da Lei 8.213/91.

Por outro lado, a mesma norma busca impor à Previdência Social, a

responsabilidade objetiva de proteger o trabalhador acidentado que conseguir

provar sua relação de emprego e o nexo causal entre o acidente e o exercício

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25 de sua profissão, cabendo assim indenização deste empregado,

independentemente deste ter recebido as parcelas do seguro do empregador,

cabendo-lhe cobrar deste as contribuições previdenciárias devidas.

Entretanto, observamos que a norma garante à Previdência Social o

direito de regresso, contra eventuais responsáveis pelo acidente do trabalho,

nos termos do artigo 120 da Lei nº 8.213/91, sempre que for provada

negligência quanto à implementação das normas de proteção ao trabalhador,

pois a verdadeira razão de ser da lei é que o trabalhador acidentado não fique

desamparado, assegurando minimamente a família do vitimado.

Cabe ressaltar, que a Constituição da república de 1988 veio confirmar o

regramento da responsabilidade do empregador de forma subjetiva, isso no art.

7º, inc. XXVIII, que possui a seguinte dicção:

"seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem

excluir a indenização a que está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa".

Esse dispositivo veio dirimir qualquer dúvida da aplicação da Súmula

229, do Supremo Tribunal Federal, ou seja, o empregador responde por culpa

e em qualquer grau. Entretanto, sempre se verificou a responsabilidade do

empregador de forma objetiva, com fundamento no risco para os casos de

acidente do trabalho.

4.2 - Legitimidade do Ministério Público do Trabalho

O Ministério Público da União abrange o Ministério Público do Trabalho,

o Ministério Público Federal, o Ministério Público Militar e o Ministério Público

do Distrito Federal e Territórios. O chefe do Ministério Público da União é o

Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente da República dentre

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26 integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de

seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para

mandato de dois anos, permitida a recondução. Tradicionalmente a escolha do

Procurador-Geral da República tem sido feita somente pelos membros do

Ministério Público Federal. No entanto, buscando a aplicação dos princípios

democráticos na escolha do chefe do Ministério Público da União e o

cumprimento do que diz expressamente a Constituição da República, há

defesas dentro da Instituição no sentido de que todos os membros participem

da escolha do Procurador-Geral da República. Nessa linha, os membros do

Ministério Público do Trabalho, do Ministério Público do Distrito Federal e

Territórios e do Ministério Público Militar fizeram uma votação para a escolha

do Procurador-Geral da República em maio de 2007.

O Ministério Público do Trabalho é o ramo do Ministério Público da

União que funciona processualmente nas causas de competência da Justiça do

Trabalho. Possui atribuições judiciais e extrajudiciais. A atuação judicial refere-

se à atuação nos processos judiciais, seja como parte, autora ou ré, seja como

fiscal da lei. Já a atuação extrajudicial refere-se à sua atuação fora do âmbito

judicial, na esfera administrativa e, além disso, destaca-se a sua atuação como

agente de articulação social, incentivando e orientando os setores não-

governamentais e governamentais na execução de políticas de elevado

interesse social, especialmente nas questões ligadas à erradicação do trabalho

infantil, do trabalho forçado e escravo, bem como no combate a quaisquer

formas de discriminação no mercado de trabalho.

Historicamente o caminho percorrido pelo Ministério Público demonstra

que a instituição adquiriu sua posição atual de proteção da sociedade calçado

no regime democrático de direito legitimado pelo constituinte originário. O

fortalecimento da sociedade civil impõe a estruturação de um Ministério Público

independente e direcionado para a defesa dos interesses sociais e dos valores

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27 democráticos, servindo à abertura de novos espaços de participação, à

conquista de direitos e à ampliação da cidadania.

No trato relativo à Ação Civil pública trabalhista cabe esclarecer alguns

pontos importantes. Nesse sentido, é imperioso considerar que a Lei nº

7.347/85 não faz alusão expressa à defesa dos interesses difusos e coletivos

afetos às relações de trabalho. Por outro lado, não existe um diploma legal

específico sobre a ação civil pública em defesa dos direitos trabalhistas. Nem

por isso, no entanto, estão os interesses coletivos e individuais homogêneos

decorrentes das relações laborais fora do âmbito de proteção da ação civil

pública, mesmo porque, é exatamente na seara trabalhista que se concentram

os conflitos de interesses coletivos mais latentes da chamada sociedade de

massas.

É de fácil constatação a verdade da tutela trabalhista, que o primeiro

diploma legal brasileiro a tratar da defesa dos direitos coletivos foi a CLT –

Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-lei 5.452, de 1º de

maio de 1943, que, ainda na primeira metade do século XX já dispunha sobre a

ação de dissídio coletivo (arts. 856/875), na realidade, a denominada ação civil

pública trabalhista não representa uma nova espécie de ação civil.

Desde a instituição da ação civil pública houve uma grande discussão

sobre a possibilidade de ajuizamento em matéria trabalhista. Hoje, com o

advento do inc. III, do art. 83 da Lei Complementar nº 75/93, tanto a doutrina

quanto a jurisprudência pátria são unânimes sobre o entendimento de que é

cabível Ação Civil Pública na Justiça do Trabalho quando os direitos

trabalhistas difusos e coletivos, previstos em nosso ordenamento jurídico,

forem violados ou estejam ameaçados de lesão.

Page 28: MEIO AMBIENTE DO TRABALHO - Pós-Graduação · permeando as normas regulamentadoras de natureza administrativa. Nesse sentido, descreveremos sobre questões de responsabilidade civil

28 Na verdade, temos uma legislação processual comum extravagante,

que prevê a ação civil pública em matéria trabalhista, pois a ação civil pública

neste caso tem como objetivo eliminar eventuais causas de acidente do

trabalho no ambiente laboral. Portanto, a ação civil pública visa proteger o meio

ambiente de trabalho eliminando eventuais riscos à saúde do trabalhador. A

doutrina e a jurisprudência reconhecem a possibilidade do dissídio coletivo

visando delimitar normas já existentes, no sentido de interpretar as leis,

acordos coletivos, convenções coletivas e sentenças normativas e incidentes

sobre as relações de trabalho de uma dada categoria.

Entretanto, no que diz respeito à ação civil pública no processo do

trabalho, encontramos um problema na distinção entre ação coletiva buscando

melhores condições de trabalho e a ação civil pública para a defesa de

interesses ou direitos coletivos não derivantes da relação jurídica de trabalho.

O Ministério Público do Trabalho possui atuação legal inerente ao tema,

porém atua indistintamente na esfera extrajudicial e judicial. Quanto a sua

atuação especificamente, verificamos imperiosa na defesa de interesses

coletivos quando, como também tutelados pelas leis trabalhistas, podendo

inclusive propor ações para declaração de nulidade de cláusulas de contrato,

acordo ou convenção coletiva que violem liberdades individuais ou coletivas, ou

ainda, direitos individuais indisponíveis dos trabalhadores. Deve também atuar

em qualquer tempo e fase processual trabalhista, por iniciativa própria, do

magistrado ou das partes, seja como parte ou como custus legis.

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29

5 – ACIDENTE DO TRABALHO

O conceito legal de acidente do trabalho está definido no artigo 19 da lei

nº 8.213/91, ou seja, “ Acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do

trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados

referidos no inciso VII, do artigo 11 desta lei, provocando lesão corporal ou

perturbação funcional que cause morte ou perda ou a redução, permanente ou

temporária, da capacidade para o trabalho”. Nesse sentido, para a lei

previdenciária, o acidente de trabalho somente ocorre com trabalhadores, os

quais, no exercício de suas atividades, prestam serviço à empresa, o segurado

empregado ou empregado avulso, bem como o segurado especial.

Com relação a este tema, é importante ressaltar o artigo 20 da lei nº

8.213/91, que tem natureza previdenciária, que além de expressar o acidente

de trabalho convencional propriamente dito, traz também as doenças

ocupacionais considerando-as como acidente do trabalho.

Nestes termos, consideram-se acidente do trabalho: doença profissional,

assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho

peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada

pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social; doença do trabalho, assim

entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em

que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente; excluindo as

seguintes doenças: a) doença degenerativa; b) doença inerente a grupo etário;

c) doença que não produza incapacidade laborativa; d) a doença endêmica

adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva.

Mesmo eventuais doenças não relacionadas nas listas elaboradas pelo

Ministério do Trabalho e Emprego, mas que resultem das condições especiais

em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, deverão

ser consideradas como acidente do trabalho pela Previdência Social. A

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30 exceção abrange também as doenças endêmicas que, comprovadamente,

resultem da exposição ou contato direto determinado pela natureza do

trabalho.

Com a finalidade de ampliar o rol dos acidentes de trabalho e amparar o

trabalhador, o legislador enumera outras situações diversas das condições

específicas determinadas pela natureza do trabalho. Equiparam, pois, ao

acidente do trabalho, para efeitos da citada lei previdenciária em seu artigo 21

e seus incisos: o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a

causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para

redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que

exija atenção médica para a sua recuperação; o acidente sofrido pelo segurado

no local e no horário do trabalho, em conseqüência de: ato de agressão,

sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho;

ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa

relacionada ao trabalho; ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de

terceiro ou de companheiro de trabalho; ato de pessoa privada do uso da

razão; desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou

decorrentes de força maior; a doença proveniente de contaminação acidental

do empregado no exercício de sua atividade; o acidente sofrido pelo segurado,

ainda que fora do local e horário de trabalho: na execução de ordem ou na

realização de serviço sob a autoridade da empresa; na prestação espontânea

de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar

proveito; em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando

financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-

obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de

propriedade do segurado; no percurso da residência para o local de trabalho

ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive

veículo de propriedade do segurado.

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31 A lei previdenciária trata de esclarecer que: nos períodos destinados à

refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades

fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado

no exercício do trabalho; não é considerada agravação ou complicação de

acidente do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se

associe ou se superponha às conseqüências do anterior.

As doenças ocupacionais são divididas em duas espécies, que são as

doenças do trabalho e estão ligadas ao exercício da profissão e as doenças

profissionais, que pela própria natureza da atividade ocorre incapacitação para

o trabalho. Estas doenças ocorrem pela exposição diária do trabalhador à

agentes de qualquer natureza, presentes no ambiente laboral.

O Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) reconhece de pronto o

trabalhador portador de doença profissional. Entretanto, quando ocorrem

doenças do trabalho será obrigatoriamente necessária a comprovação do nexo

de causalidade por meio de laudo técnico assinado pelo engenheiro de

segurança ou médico do trabalho.

Cabe ressaltar, que todo processo administrativo relativo a acidente de

trabalho deve necessariamente iniciar pelo documento de comunicação de

acidente de trabalho apontando o sinistro. Este documento, que tem como sigla

CAT, só é obrigatório para funcionários devidamente registrados em carteira de

trabalho, excluindo-se, portanto todas as demais classes de trabalhadores.

Na verdade temos uma drástica conseqüência relativa aos acidentes de

trabalho que são os custos sociais advindos deste problema, como por

exemplo, o aumento de aposentadorias especiais e por invalidez significando

considerável preocupação para a previdência social, além daqueles que se

traduzem em custos relativos à pensão por morte, auxílio-doença, auxílio-

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32 acidente, entre outros. Neste caso, temos outros problemas sociais, pois os

efeitos dos acidentes de trabalho lamentavelmente aumentam o número de

trabalhadores mutilados ou com danos físicos irreversíveis, bem como com

problemas psíquicos que se traduzem em famílias que se tornam mais pobres.

De certo temos uma falsa impressão que só os trabalhadores

acidentados são prejudicados com a realidade do descaso no ambiente de

trabalho. Já vimos, no entanto, que o Estado também sofre com a falta de

controle e fiscalização nas empresas. Como se não bastasse, este quadro

revela outro ponto não menos importante para a sociedade brasileira, as

empresas contabilizam cada vez mais perdas em todos os aspectos com a falta

de cuidado no ambiente laboral, sendo este tema uma das maiores

preocupações das empresas atualmente.

Temos hoje consciência que o custo das empresas com o trabalhador

acidentado é bem maior que o trato na prevenção de acidentes no exercício da

profissão. Verificamos um enorme rol de prejuízos, entre eles estão o

atendimento médico-ambulatorial, transporte, medicamentos, pagamento às

vítimas de diárias correspondentes ao valor proporcional de seu salário-base

até o 15º dia de afastamento, sem isenção dos encargos sociais relativos.

Ainda podemos apontar a queda na produção pela perda e eficiência do

procedimento, contratação de substituto ou necessidade de horas extras, como

também, a longo prazo, o trabalhador acidentado deverá ser novamente

inserido com observância no período de estabilidade adquirida por lei em razão

do acidente. Sem contar que na maioria dos casos ainda há despesas

advocatícias, judiciais, indenizatórias, multas administrativas, como também

perdas negociais, e outras ligadas a contratos com clientes. Ressaltando ainda

a possibilidade da perda de certificados de gestão de qualidade e de gestão

ambiental, os quais estão ligados muito intimamente com o meio ambiente do

trabalho.

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33 Com isso, dado o altíssimo índice mundial de acidentes do trabalho, a

Organização Internacional do Trabalho (OIT), com fito de reduzi-lo, lançou em

1976, o programa para o melhoramento das condições e do meio ambiente do

trabalho (PIACT), mediante a implantação e implementação de medidas de

segurança e higiene laboral, cujo início se deu na América Latina. Após o

lançamento desse programa, especialmente no Brasil, notou-se a efetiva queda

dos índices dos infortúnios do trabalho entre os operários segurados pela

Previdência Social, segundo estatísticas oficiais. Observou-se, também que

além de evitar os conhecidos prejuízos sociais e humanos, as empresas que

implementaram esse programa tiveram significativa diminuição dos prejuízos

econômicos (continuidade e elevação da qualidade da produção, eliminação de

desperdícios, etc.).

Page 34: MEIO AMBIENTE DO TRABALHO - Pós-Graduação · permeando as normas regulamentadoras de natureza administrativa. Nesse sentido, descreveremos sobre questões de responsabilidade civil

34

6 - QUESTÕES POLÉMICAS ACERCA DO TEMA

6.1 - Amianto

O uso do amianto tem sido objeto de grande debate no Brasil e no

mundo. Trata-se de uma fibra mineral usada em larga produção desde o século

XVIII, sendo de início utilizado comercialmente no revestimento das máquinas

a vapor como isolante térmico, na época da revolução industrial, em razão de

sua eficiência e baixo custo.

No Brasil permanece uma grande discussão sobre os verdadeiros

efeitos do amianto na saúde do trabalhador. Estudos estão sendo realizados

entre empregados de uma mineradora atualmente em larga produção no país.

Estes estudos de certo são alimentados por interesses econômicos. Na

verdade o que sabemos é que os trabalhadores estão adoecendo devido à

exposição de forma regular ao amianto, e na maioria dos casos são

funcionários que atuam diretamente na industrialização desta matéria prima.

Contemporaneamente o amianto é muito usado na industrialização de

telhas, caixas d’água e diversos produtos na indústria automobilística como

lonas e pastilhas de freios, revestimentos de discos de embreagem, massas e

tintas, entre outros.

Muito embora, existam vários defensores da continuidade da produção

de amianto no país, não há dúvida que é um problema de saúde pública

ambiental, e que já atingem trabalhadores direta ou indiretamente expostos,

seus familiares, moradores do entorno das fábricas e minas. Com o agravante

de ser um material que permanece disperso no ar, contaminando ambientes

internos e externos e também é de difícil destinação final.

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35 O que há de concreto é que as pessoas que adoecem devido à

exposição ao amianto são geralmente aquelas expostas de forma regular, no

seu posto de trabalho propriamente dito, em contato direto com o material ou

através de contato ambiental substancial.

Os relatos são de casos que normalmente o diagnóstico é de Asbestose,

doença pulmonar de origem ocupacional decorrente da inalação de poeira de

amianto e caracterizada for fibrose pulmonar crônica e irreversível ou incurável.

Seu aparecimento está relacionado ao tamanho e concentração das fibras

presentes no ambiente de trabalho, tempo de exposição, tipo de atividade e

intensidade do esforço físico desenvolvido pelo trabalhador.

As fibras menores de amianto conseguem chegar aos alvéolos onde

produzem reação inflamatória com formação de cicratizes que impedem a

função da troca gasosa pulmonar. Normalmente, a asbestose se desenvolve

após 120 meses de exposição, porém, quando os níveis de poeira do amianto

são elevados, os trabalhadores poderão desenvolver a doença em 60 meses.

As manifestações são tardias e o sintoma mais importante é a dificuldade de

respirar, primeiramente, quando se faz esforço e depois até quando a pessoa

está em repouso, refletindo a gravidade do comprometimento pulmonar. Ainda

como agravante, a incidência de câncer de pulmão em pessoas com asbestose

é extremamente elevada, a ponto desse câncer ser considerado uma

complicação da asbestose, no entanto, o câncer pode aparecer sem

diagnóstico anterior de asbestose.

Atualmente, tramita no Supremo Tribunal Federal, a ADI nº 3937, tendo

como requerente a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria em

face do Governador de São Paulo e da Assembléia Legislativa do Estado de

São Paulo, em razão da promulgação da lei nº 12.684/07, que proíbe o uso, no

Estado de São Paulo, de produtos, materiais ou artefatos que contenham

quaisquer tipos de amianto ou asbesto ou outros minerais que, acidentalmente,

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36 tenham fibras de amianto na sua composição. A ADI nº 3937 tem como relator

o Ministro Marco Aurélio, ainda em votação com vistas ao Ministro Eros Grau.

Entre estes fatos expostos, a preocupação evidente é o meio ambiente

laboral, bem como o meio ambiente natural, preservando a saúde em

detrimento a interesses meramente econômicos, e mais uma vez, o tribunal

pleno deve se pronunciar ao lado do constituinte, visando nosso maior

patrimônio.

6.2 - Jurisprudência Relativa Aos Acidentes De Trabalho

Ementas de julgados que acolhem a culpa subjetiva do empregador nas

hipóteses de acidente do trabalho – culpa levíssima.

É mais comum os julgados que adotam a responsabilidade subjetiva do

empregador. Porém, a culpa, ainda que levíssima, justifica a condenação do

empregador a reparar os danos causados ao empregado oriundos de

infortúnios laborais, principalmente, quando o empreendimento oferece, por

sua natureza, riscos. Abaixo, um exemplo de jurisprudência que segue essa

linha de raciocínio:

EMENTA - ACIDENTE DO TRABALHO - RISCOS AMBIENTAIS - DIREITO

DE INFORMAÇÃO - OMISSÃO DO EMPREGADOR - RESPONSABILIDADE

CIVIL - A preocupação com a saúde e segurança do trabalhador no Brasil,

talvez motivada pela expectação diuturna de imenso número de vítimas fatais

em acidente do trabalho, motivou o legislador constituinte a alçar a nível

constitucional as normas de saúde, higiene e segurança do trabalho, obrigando

o patrão a adotar medidas tendentes a garantir a integridade física do

trabalhador. Desta forma, cabe ao empregador, mormente aquele que

explora atividade que oferece risco à saúde e segurança do empregado,

como no caso da reclamada, informar seus empregados dos riscos a que

estão expostos e sobre as formas de prevenção, oferecendo-lhe o

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37 treinamento adequado para o desenvolvimento de seus misteres dentro

da empresa. Aliás, o direito à informação dos empregados sobre os riscos da

operação que realizam e de sua participação nos mecanismos de proteção

contra acidentes foi objeto de várias Convenções da OIT ratificadas pelo

Brasil, dentre elas as de nos. 148, 155 e 161, encontrando, também, previsão

na NR 9, da Portaria 3214/78 do MTb. E demonstrando que o assunto é

deveras preocupante, foi instituído em 1992, o Mapa de Riscos Ambientais,

em que a CIPA, em colaboração com o SESMT, após ouvir os trabalhadores

de todos os setores, elabora o referido mapa de riscos, identificando os

existentes em cada local de trabalho, o qual deve ser afixado de forma visível

e de fácil acesso para o trabalhadores, onde deverão ser descritos os riscos,

físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidente, tendo sido instituído,

em 1994, o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, tudo com objetivo

de resguardar a saúde e a integridade física dos trabalhadores. Inobstante a

existência de todas estas normas, o que se verifica dos autos é que a

reclamada não está muito afinada com os avanços na área de segurança do

trabalho e, muito menos, com a obrigação que a constituição e a lei lhe

atribuíram no particular. Explorando a empresa-ré atividade de risco à saúde

do trabalhador, tanto que culminou com a morte prematura do autor (19 anos

de idade), a ela incumbia implementar meios de reduzir os riscos de acidente

do trabalho, propiciando a seus empregados trabalharem em condições

dignas, saudáveis e seguras. No entanto, a prova dos autos revela justamente

o contrário, pois no local onde foi encontrada morta a vítima não havia qualquer

sinalização sobre o perigo de asfixiamento por flocos de espuma moída,

demonstrando ainda a prova oral que no local onde ocorreu o acidente havia

espuma na altura de três metros, tornando a operação arriscada, mesmo

porque não possuía o compartimento janelas ou portas, mas pequenas

aberturas, o que, sem dúvida, dificultou o salvamento do "de cujus" ou mesmo

o pedido de socorro. Neste contexto, nota-se que a reclamada agiu com culpa

no infortúnio sofrido pelo autor e ainda que se argumente sua ocorrência em

grau leve, sua responsabilização impõe-se, considerando que até a culpa

levíssima gera responsabilização civil. Confira-se, a propósito, a lição do ilustre

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38 magistrado Sebastião Geraldo de Oliveira em sua brilhante obra Proteção

Jurídica à Saúde do Trabalhador, 3a. edição, LTR, pág. 228/229: Como se vê,

foi ampliado consideravelmente o entendimento da Súmula 229/STF, que só

deferia indenização no caso de dolo ou culpa grave. Agora, havendo culpa do

empregador ou de outrem, de qualquer grau, mesmo na culpa levíssima, o

acidentado faz jus à reparação.

(RO NUM: 8666/2000, Rel. Juíza Maristela Íris da Silva Malheiros, 2ª Turma,

TRT – 3ª Região, 24/04/2001)

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7 - CONCLUSÃO

Não temos dúvidas, que a maioria dos casos de acidente no meio

ambiente do trabalho traz uma relação ao espetacular crescimento tecnológico

experimentado pela humanidade nos últimos tempos e ao excessivo aumento

da produção para atender as demandas da sociedade brasileira.

Nesse aspecto, vemos claramente a economia apontar sempre para

lucros imediatos, sem levar em conta os investimentos em programas e

equipamentos adequados à proteção coletiva no ambiente laboral, que são

meios eficazes de combate a acidentes do trabalho. Preferem-se equipamentos

paliativos de proteção individual, aos equipamentos de proteção grupal ou

outras, a tomar medidas preventivas coletivas, por julgá-los mais onerosos, o

que caracteriza o desinteresse pelo meio ambiente laboral salutar.

Como vimos anteriormente, o descaso quanto às normas de segurança

do trabalho também se traduzem como causas indiretas do aumento de

doenças provenientes das condições insalubres, perigosas e penosas do

ambiente laboral, tais como, exposição aos ruídos, excessivo calor, bem como

a manipulação de substâncias tóxicas, além daquelas que possuem

efetivamente o trato da tecnologia como automação, informatização e

complexidade das máquinas da linha de produção que necessitam de um

treinamento adequado para sua operação traçando um retrato da real postura

empresarial do Brasil.

Como se não bastasse, reconhecemos a absoluta negligência quanto à

ausência de efetividade das normas protetoras do ambiente laboral, tendo

como gerador deste problema: a deficiência no sistema de inspeção do

trabalho, o excesso de horas extras, o sistema inadequado de compensação

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40 de quadro de horários e dos turnos de revezamento, a ausência de

conscientização, a desmotivação, as exigências rigorosas nos processos de

seleção combinada com deficiência de formação profissional, as dificuldades

para atualizar os conhecimentos e acompanhar o desenvolvimento tecnológico

para assegurar o direito ao trabalho digno, o temor do desemprego, a

precariedade dos direitos dos trabalhadores, o trabalho informal, a fadiga física

e a tensão mental do trabalhador.

Desse modo, para prevenção e redução de inúmeras ocorrências no

ambiente laboral, é imprescindível fazer um levantamento amplo e específico

sobre o real motivo de acidentes, como os fatos agressores mediatos e

imediatos causadores do evento, o local, as condições de trabalho, etc. Assim,

além de possibilitar a implementação de programas de prevenção de acidentes

de trabalho pelos atores do ambiente laboral, aponta os locais em que a

fiscalização deve ser realizada com mais rigor.

A preocupação com o meio ambiente deve levar em consideração o ser

humano. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 quando

garantiu a todos um ambiente ecologicamente equilibrado, o fez com escopo

de preservar a vida com dignidade. A busca de ambientes ecologicamente

equilibrados devem compreender condições decentes de trabalho, moradia,

educação, saúde, ou seja, se resgata a prioridade de aspirar a um estado de

completo bem-estar físico, psíquico e social. É verdade que não podemos

desconsiderar a importância econômica da atividade agrícola, de serviço ou

industrial, entretanto, torna-se necessário estabelecermos um equilíbrio entre a

atividade econômica e o bem-estar, a vida daqueles que dependem desta

atividade como meio de subsistência, não meio de risco e de morte no trabalho.

No aspecto humanitário, podemos observar que o trabalho faz parte de

nossas vidas, passamos pelo menos um terço de nossos dias, ou seja, enorme

parte de nosso tempo em ambientes de trabalho. Sendo assim, deixando de

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41 lado a segurança do trabalho convencional, em um olhar clínico, verificamos

que as exigências estruturais de caráter administrativo e operacional, o

autoritarismo e seus abusos organizacionais, a proliferação do medo de

represálias, da perda de benefícios ou mesmo do emprego, compelem as

pessoas a se sentirem subjugadas, oprimidas em sua liberdade para falar o

que pensam e o que sentem, mesmo quando se trata de patentes injustiças.

Ao contrário deste panorama que pode levar os trabalhadores uma

depressão funcional, o ambiente de trabalho deveria ser estimulante,

descontraído e alegre, onde as pessoas estariam se dedicando em

desenvolver atividades de interesse geral, benéficas para outros indivíduos. No

entanto, diagnosticamos hoje um ambiente de trabalho, onde encontramos

principalmente indivíduos desanimados e sem motivação, porque acabaram se

transformando em meros instrumentos de produção.

Por fim, devemos construir um novo ambiente de trabalho saudável,

forte e sem medo, perfilando um respeito às normas de segurança e saúde no

ambiente de trabalho, não só para cumprir o garantismo estatal positivado. Mas

também com a consciência que cada funcionário, cada trabalhador, cada

prestador de serviço, que cada ser humano em labuta, faz parte integrante de

um patrimônio que deve ser protegido e que este novo ambiente de trabalho

seja caracterizado por um clima de verdade e abertura, cujos empregados não

tenham o medo de ser demitidos, punidos, intimidados pela verdadeira

indústria do medo e da opressão imposta pelo mercado de trabalho

contemporâneo.

Propomos enfim, que haja perfeita harmonia entre as relações de

trabalho em todos os aspectos, trazendo assim, transformações profundas na

qualidade dos serviços que os Homens prestam uns aos outros, construindo,

nesse processo, um país perfeito, saudável, justo e solidário, com o respeito

que todo ser humano merece.

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