medidas assecuratórias e sujeitos do processo

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Faculdade Santo Agostinho de Sete Lagoas Direito – 7º período PROCESSO PENAL Professor: Gilson Santos Maciel Alunas: Ana Paula Oliveira Gonçalves Bruna Vasconcellos Barbosa Juliana Marques Braga Renata Carvalho Felix da Silva

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Medidas Assecuratórias e Sujeitos Do Processo

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Faculdade Santo Agostinho de Sete Lagoas

Direito 7 perodo

PROCESSO PENALProfessor: Gilson Santos Maciel

Alunas: Ana Paula Oliveira Gonalves

Bruna Vasconcellos Barbosa

Juliana Marques Braga

Renata Carvalho Felix da Silva

Sete Lagoas

2014

Ora, o homem prudente, quando chega o momento de agir com impetuosidade, no o sabe fazer, e por isso vai runa, pois, se alterasse sua natureza, de acordo com a poca e as coisas, no mudaria de sorte. MAQUIAVEL, O Prncipe Escritos Polticos

Sumrio

1. MEDIDAS ASSECURATRIAS ................................................................................05

1.1. Sequestro ............................................................................................................. 06a) Cabimento .................................................................................................. 06

b) Requisitos .................................................................................................. 07

c) Procedimento e inscrio ......................................................................... 07

d) Recurso e Embargos ................................................................................ 07

e) Levantamento ............................................................................................ 08

f) Destinao ao final do processo dos bens sequestrados ..................... 10

1.2. Hipoteca legal ...................................................................................................... 11

a) Cabimento: oportunidade e legitimidade ................................................ 11

b) Requisitos .................................................................................................. 12c) Procedimento ............................................................................................. 13

d) Recurso ...................................................................................................... 14

e) Levantamento ............................................................................................ 14

f) Destinao ao final do processo ...............................................................14

1.3. Arresto .................................................................................................................. 14

a) Cabimento .............................................................................................. 15

b) Procedimento ............................................................................................ 16

c) Recurso ...................................................................................................... 16

d) Levantamento ............................................................................................ 16

e) Destinao ao final do processo ............................................................. 162. SUJEITOS PROCESSUAIS .................................................................................... 18

2.1. JUIZ ...................................................................................................................... 18

2.2. MINISTRIO PBLICO ........................................................................................ 19

2.3. ACUSADO ............................................................................................................ 20

2.4. DEFENSOR .......................................................................................................... 23

2.5. CURADOR ............................................................................................................ 25

2.6. ASSISTENTE DE ACUSAO ............................................................................ 25

2.7. AUXULIARES DA JUSTIA ................................................................................. 25

a) Peritos .......................................................................................................... 25

b) intrpretes ....................................................................................................... 26

c) Funcionrio da Justia ............................................................................... 26

2.8. Ofendido .............................................................................................................. 27

Referncias Bibliogrficas............................................................................................ 291. MEDIDAS ASSECURATRIASNucci preleciona em sua obra que as medidas assecuratrias so as providncias tomadas, no processo criminal, para garantir futura indenizao ou reparao vtima da infrao penal, pagamento das despesas processuais ou penas pecunirias ao Estado ou mesmo evitar que o acusado obtenha lucro com a prtica criminosa.

Elas possuem o objetivo de assegurar a indenizao da vtima perante infraes penais que geram danos, seja eles materiais ou morais. Ou seja, visam a reparao de danos provocados a vtima.

previsto no Cdigo de Processo Penal trs tipos de medidas assecuratrias, cujas quais necessitam de prvio ajuizamento de ao civil, sendo elas: a) sequestro; b) hipoteca legal; e c) arresto.

Estas modalidades possuem natureza cautelar. Portanto, imprescindvel que haja o periculum in mora, que a presena do risco de dano perante a demora da prestao jurisdicional; e o fumus boni iuris, que a existncia de razovel probabilidade de que a pretenso da reparao seja acolhida. Elas ocasionam o surgimento do procedimento incidente, nos quais, quando ocorre as medidas precautrias e advindo sentena penal acusatria, sero encaminhadas ao juzo cvel diante do qual o ofendido oferecer a execuo ex delicto.

Perdero a validade as medidas assecuratrias outorgadas pelo juzo penal caso a sentena seja absolutria definitiva ou de deciso irrecorrvel que julgar extinta a punibilidade. Pedro Lanza preleciona acerca deste assunto em sua obra que muito embora o lesado possa, com base na legislao processual civil, deduzir pretenso cautelar perante o juzo cvel.

Essa perda de validade, ou como Pedro Lanza menciona em sua obra, esse desfazimento automtico das medidas, so reguladas de maneira taxativa. Ou seja, no havendo a possibilidade de discorrer acerca da ampliao das causas de levantamento: 1. A adeso ao Programa de Recuperao Fiscal Refis, implica a suspenso da pretenso punitiva e no a extino da punibilidade, que s ocorre com o pagamento integral dos tributos. 2. O levantamento do sequestro ou o cancelamento da hipoteca s ser possvel aps o trnsito em julgado de sentena absolutria ou de extino da punibilidade, nos termos do art. 141 do Cdigo de Processo Penal. 3. No caso, como s houve a suspenso da pretenso punitiva, por fora do art. 9 da Lei n. 9.964/2000, no se pode levantar as constries judiciais. Precedente. 4. A garantia prestada para a homologao da opo pelo Refis de natureza administrativa e no pode substituir as medidas assecuratrias judiciais. 5. Recurso provido (STJ REsp 762.072/RS 5 Turma Rel. Min. Laurita Vaz DJe 10.03.2008).

Ressalta-se o fato de que a jurisprudncia entende que as medidas assecuratrias previstas na legislao processual penal no justificam que seja mantido sob a custdia do Poder Judicirio bem cuja finalidade precpua, em princpio, no a atividade criminosa, mas sim a subsistncia de seu proprietrio e de sua famlia, mormente apresentando-se a constrio inteiramente desnecessria elucidao das investigaes (ACr 2005.71.00.012807-9,8T.rel.Salise Monteiro Sanchotente, 01.02.2006, v. u., Boletim AASP 2.492, p. 1.258).1.1. SequestroSequestro a medida assecuratria que se baseia na reteno de bens mveis e imveis do acusado visando que o mesmo disponha do bem. Recai somente sobre bens obtidos mediante proveito de infrao penal. Independe se o mesmo se encontre em poder de terceiros. Porm, quando houver agido de boa-f, poder o terceiro opor embargos ao sequestro.

Visa proporcionar a indenizao da vtima ou o impedimento de que o agente obtenha lucro mediante a atividade ilcita. Preleciona Nucci em sua obra a cerca do tema:No utiliza o Cdigo de Processo Penal o termo sequestro no seu sentido mais tcnico, como aponta a doutrina, que seria a reteno de coisa litigiosa, at que se eleja o seu autntico dono. Vale o sequestro, no processo penal, para recolher os proventos do crime - tudo aquilo que o agente adquiriu, valendo-se do produto do delito (ex.: carros, jias, apartamentos, terrenos, comprados com o dinheiro subtrado da vtima) -, visando-se indenizao parte lesada, mas tambm tendo por finalidade impedir que algum aufira lucro com a prtica de uma infrao penal. Logo, se no houver ofendido a requerer a indenizao, so os proventos do delito confiscados pela Unio.a) CabimentoCaber sequestro tanto para bens mveis quanto para imveis. Atravs da ordem judicial, o bem litigioso ser retido quando houver dvidas acerca de sua propriedade ou origem. Porm, no tocante aos bens mveis obtidos diretamente da infrao estaro sujeitos a busca e apreenso. J os bens imveis obtidos diretamente da infrao estaro sujeitos ao sequestro devido ao fato de que esto excludos do rol dos bens juridicamente apreensveis devido a sua insuscetibilidade natural apreenso.

Poder ser proposto tanto no inqurito quanto no processo. Ou seja, pode ser proposto em qualquer fase do processo. Inclusive, antes mesmo da prpria denncia ou queixa.

O art. 127 do CPP trata do seu cabimento, no qual consta que poder ser oferecida pelo juiz de ofcio, no qual dever ser baixada portaria e ordenada sua autuao em apenso, a requerimento do Ministrio Pblico ou do ofendido, ou mediante representao da autoridade policial. Ressalta-se o fato de que se estabelecida antes da ao penal, o Ministrio Pblico ou, quando ao privada, o querelante, dever ser ofertada a denncia ou queixa dentro de 60 dias aps a concluso da diligncia, sob pena de levantamento da medida.

de suma importncia ressaltar o fato que, conforme preleciona Predro Lanza, somente o juiz pode decret-lo, sendo vedada a aplicao de medida assecuratria por autoridade no investida de jurisdio.

Ressalta-se ainda o fato de que, de acordo com o art. 128 do CPP, uma vez realizado o sequestro, o juiz ordenar a sua inscrio no Registro de Imveis. Esta uma maneira de tornar pblica a restrio, de modo a ser assegurado a capacidade do provimento condenatrio final, do mesmo modo que proteger o direito de terceiros contra possvel evico.

Eugnio Pacelli de Oliveira preleciona acerca do crime cometido contra a fazenda pblica, de modo a alegar que:Cumpre registrar, ainda, o sequestro previsto no Decreto-Lei n 3.240/41, para satisfao de dbito oriundo de crime contra a Fazenda Pblica. Entre as particularidades da medida prevista no referido Decreto-Lei, tem-se a no exigncia de tratar-se de bens decorrentes da prtica criminosa para a obteno da cautela, sendo, por isso, irrelevante a origem dos bens que sofrero a constrio (ao contrrio do sequestro previsto no art. 125, do CPP). Para a decretao da medida, basta a existncia de prova ou indcio de algum crime perpetrado contra a Fazenda Pblica e que tenha resultado, em vista de seu cometimento, locupletamento (ilcito, por certo) para o acusado. Nesse sentido, no importa se tais bens foram adquiridos antes ou depois da prtica criminosa; se so, ou no, produto do crime, bem como se foram, ou no, adquiridos com proventos da infrao, e ainda, se so bens mveis ou imveis.

Por fim, o Superior Tribunal de Justia entende que o referido Decreto norma especial em relao ao art. 125, do Cdigo de Processo Penal, no tendo sido por ele revogado, j que constitui especfico meio acautelatrio de ressarcimento da Fazenda Pblica, em relao a crimes contra ela praticados.b) RequisitosConsta no art. 126 do CPP que para a decretao do sequestro, bastar a existncia de indcios veementes da provenincia ilcita dos bens. Porm, o pedido de sequestro deve possibilitar o entendimento da razo pela qual os bens que necessitam da cautela esto ligados atividade ilcita, sua relevncia como prova, assim como apontar especificamente o alcance do sequestro.

Eugnio Pacelli de Oliveira defende ainda o entendimento que:Embora o aludido art. 126 no faa referncia expressa ao perigo da demora, entendemos que tal exigncia, alm de consequncia lgica de toda e qualquer medida que se apesente como acautelatria, pode ser extrada da leitura do art. 131, I, que cuida da hiptese.c) Procedimento e inscrioLavrado o requerimento, portaria ou representao em apartado, deve o juiz averiguar se esto contidos os requisitos para a decretao da medida e julgar de maneira imparcial em relao as manifestaes da parte contrria. Tal fato se deve a que a participao desta poder causar prejuzos a eficcia da medida.

Estabelecido o sequestro, o juiz despachar mandado e, no caso de bem imvel, determinar a inscrio da medida no Registro de Imveis, visando informar terceiros a respeito da destinao do imvel ao cumprimento de responsabilidade civil derivado do ato ilcito.

Ressalta-se o fato de que o sequestro possui carter provisrio, de modo a ser cabvel a sua revogao ou substituio a qualquer tempo.

d) Recurso e EmbargosA sentena que concede ou que nega o requerimento do sequestro apelvel. previsto ainda pela lei a possibilidade de embargos contra o sequestro.

Os embargos so aes autnomas na medida cautelar de sequestro que permite o procedimento do contraditrio. Deste modo, cabvel ao acusado provar que o bem no fora obtido mediante proventos da infrao, ao mesmo tempo em que permite terceiro a provar que o bem fora obtido de maneira onerosa e mediante a boa-f.

Consta no art. 129 do CPP que o sequestro autuar-se- em apartado e admitir embargos de terceiro. Em relao a atuao em separado, esta se deve ao fato que o sequestro se trata de procedimento incidente, sobre o qual poder existir litgio. Deste modo, independente de o juiz ser a autoridade provocadora, deve o mesmo faz-lo em separado, de modo a conter os motivos que o fizeram decretar o sequestro e proporcionar as partes a cincia dos mesmos.

Garante tambm o art. 130 do mesmo que o sequestro poder ainda ser embargo pelo acusado, sob o fundamento de no terem os bens sido adquiridos com os proventos da infrao; e pelo terceiro, a quem houverem os bens sido transferidos a ttulo oneroso, sob o fundamento de t-los adquirido de boa-f.

Devido ao fato de possurem natureza de ao, passvel de ampla produo de provas pelos interessados, porm, tais embargos somente sero julgados pelo juzo criminal depois de transitado em julgado o processo principal. Tal fato se deve a que a exigncia de fundamentao vinculada (s matrias mencionadas no art. 130, CPP) dos embargos pode esbarrar, no caso concreto, nas franquias constitucionais do devido processo legal, uma vez que ningum ser privado de seus bens sem a sua observncia (art. 5, LIV). Assim, parece-nos, tambm aqui, irrecusvel a observncia do princpio da ampla defesa e do contraditrio.

de suma importncia ressaltar o fato de que a deciso que julgar extinta a punibilidade no afetar o direito da vtima recomposio civil, mas somente no mbito criminal. Dependendo da concluso da sentena absolutria, poder ocorrer o mesmo que na anterior.

e) Levantamento a extino da eficcia do sequestro. Devido ao fato de ser uma medida constritiva e excepcional, a mesma pode ser revista, contanto que ocorra um dos seguintes casos:

a) Caso seja decretada durante a fase investigatrio e a ao penal no seja ajuizada dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, contados da data em que for concluda a diligncia;

de suma importncia transcrever parte do entendimento jurisprudencial, no qual defende que:Sequestro de bens mveis, cuja aquisio teria sido feita com o produto de apropriao indbita. Medida assecuratria decretada com fundamento no art. 127 do CPP. 2) Levantado o sequestro, decretado a requerimento do ministrio pblico, por no ter sido a ao penal intentada dentro do prazo, pode o juiz, de ofcio, ao receber a denncia, renovar essa medida assecuratria. Interpretao do art. 131, I, do CPP, em combinao com o art. 127, do mesmo estatuto processual. 3) Recurso extraordinrio conhecido, pelo dissdio, mas no provido (STF RE 86.635/SP 2 Turma Rel. Min. Leito de Abreu RTJ 82 -02 p. 596).

b) Quando decretada em qualquer fase e o terceiro de boa-f adquirente prestar cauo que assegure o valor que constitua provento auferido pelo agente com a prtica criminosa; e

c) Caso seja julgada extinta a punibilidade ou absolvido o ru, por sentena passada em julgado.

Preleciona Tvora e Alencar em sua obra que:Por ser medida de constrio patrimonial extrema, que retira o suposto titular do bem de sua administrao, a sua subsistncia deve estar pautada na estrita necessidade. Portanto, se a ao criminal no for intentada em 60 dias, contados da data em que for concluda a diligncia (e no do efetivo registro no cartrio imobilirio); ou se o terceiro prestar cauo, assegurando o ressarcimento dos danos causados pilo delito; ou ainda se houver sentena absolutria ou extintiva da punibilidade transitada em julgado, o instituto deve ser levantado, o que significa a desonerao do bem, que fica livre de qualquer impedimento.

f) Destinao ao final do processo dos bens sequestradosNo havendo oposio de embargos ou, se estes tiverem sido rejeitados, o juiz criminal, quando transitada em julgado a sentena condenatria, havendo o sequestro de bens imveis, incube ao prprio designar a avaliao e venda do bens em leilo pblico, de modo que a quantia recolhida, quando no couber ao lesado ou a terceiro de boa-f, ser destinada ao Tesouro Nacional.

1.2. Hipoteca legalVisa exclusivamente a garantia da solvabilidade do devedor, na liquidao de obrigao ou responsabilidade civil decorrente de infrao penal. concedida ao ofendido ou aos seus herdeiros, acerca de bens imveis provindos de origem lcita do infrator, para que assim o dano proporcionado, juntamente ao pagamento dos gastos judiciais possam ser sanados.

Eugnio Pacelli de Oliveira preleciona que ao contrrio do sequestro, que incide diretamente sobre o bem litigioso, e no qual a litigiosidade ~ revelada pela possibilidade de ter sido ele adquirido com proventos da infrao, a hipoteca legal sobre imveis do acusado independe da origem ou da fonte de aquisio da propriedade.

Devido ao fato de que a hipoteca legal j conferida a vtima pela prpria lei, basta apenas que a mesma intente sua especializao e a consequente inscrio. Isso se d ao fato de que a hipoteca legal nasce na prpria lei, desde o cometimento da infrao penal. Assim que cometido o crime, ser incidido diretamente a norma e os bens imveis do transgressor.

A especializao da hipoteca o mtodo utilizado para individualizar o imvel, ou imveis, no qual incidir a garantia a futura indenizao da vtima, de maneira a torn-lo indisponvel.

a) Cabimento: oportunidade e legitimidadeA decretao da hipoteca legal somente possui cabimento durante o processo.

Acerca deste assunto, Predro Lanza preleciona em sua obra que:Embora o art. 134 do Cdigo de Processo Penal disponha que a hipoteca poder ser requerida em qualquer fase do processo, partilhamos do entendimento de que pode sua especializao ter lugar tambm na fase do inqurito policial, uma vez que esse mesmo dispositivo refere-se aos imveis do indiciado.

A especializao da hipoteca poder ser requerida pelo ofendido, seu representante legal ou herdeiros. Caso a vtima seja pobre e requeira efetivao da medida, ou se houver interesse da Fazenda Pblica, poder ser requerido pelo Ministrio pblico.

Ressalta-se o fato de que, de acordo com Tvora e Alencar, no texto legal existe uma impropriedade terminolgica, cuja qual se refere a indiciado, sendo que o adequado seria se referir a ru devido ao fato de que a medida tpica da fase processual. Porm, Nucci ressalta em sua obra que:O termo indiciado em princpio, pareceu-nos equivocado a utilizao do termo indiciado neste artigo, pois, logo em seguida, fala-se em fase do processo. Ora, se h processo, o ideal seria falar ru. Ocorre que, melhor analisando o tema, deve-se salientar que possvel a decretao do sequestro, voltado hipoteca legal, ainda na fase do inqurito, logo, quando h indiciado. A incorreo deve-se palavra processo, que no pode ter um sentido estrito neste caso, sob pena de invalidar importante medida assecuratria. Logo, onde se l processo, deve-se ler procedimento, mais amplo e vlido tanto para a fase extrajudicial, quanto para a judicial..

b) RequisitosSo requisitos para a realizao da inscrio da hipoteca a certeza da existncia da infrao e indcios suficientes de autoria.

Nucci preleciona em sua obra que o requisito da certeza da infrao penal um termo infeliz. Tal fato se deve a que considerando que ainda no existe condenao com trnsito em julgado, razo pela qual o mrito no foi apreciado, no se pode dizer que h certeza da infrao penal. O melhor seria apenas mencionar, como se fez no art. 312, que cuida da preventiva, ser suficiente prova de existncia do crime, o que mais genrico e menos taxativo.

Acerca do mesmo assunto, Eugnio Pacelli preleciona que:A nosso aviso, a simples referncia a indcios de autoria e certeza da infrao indica que a medida poder ser tomada mesmo antes da ao penal, pois uma vez recebida a denncia ou queixa, a existncia dos indcios j estaria implcita. O fato de no haver previso de prazo para a instaurao da ao (como h no sequestro) no impressiona, uma vez que a medida poder atingir at mesmo quem no tem qualquer relao com o fato criminoso, o que no ocorre em relao hipoteca.c) ProcedimentoA especializao da hipoteca legal ocorre, de acordo com o art. 135 do CPP, mediante requerimento, em que a parte estimar o valor da responsabilidade civil, e designar e estimar o imvel ou imveis que tero de ficar especialmente hipotecados.

No caput deste mesmo art., consta que, aps o recebimento da requisio, o juiz mandar logo proceder ao arbitramento do valor da responsabilidade e avaliao do imvel ou imveis.

Dever a petio da medida assecuratria de hipoteca legal dever ser instrudo com as provas ou a indicao destas em que se funde a estimao da responsabilidade, junto a relao dos imveis que o responsvel possuir, alm daqueles apontados como objeto da hipoteca e, ainda, com documentao comprobatria do domnio. Este o embasamento mnimo para que a decretao da medida.

Depois de estabelecida a autuao em apartado, o juiz dever arbitrar um valor provisrio para a futura e possvel responsabilidade civil, assim como a determinao da avaliao do imvel indicado. Para isso, ser por ele nomeado um perito para deliberar acerca do valor da responsabilidade e a avaliao dos imveis. Posteriormente, as partes sero ouvidas no prazo de 02 (dois) dias, e o juiz poder corrigir o arbitramento do valor da responsabilidade, se lhe parecer excessivo ou deficiente. Caso concluir que os requisitos legais esto presentes, o juiz determinar a inscrio da hipoteca legal do imvel necessrio garantia da responsabilidade do autor da infrao. Porm, mesmo presente os requisitos, poder o juiz no proceder inscrio, contando que o ru oferea cauo suficiente, em dinheiro ou em ttulos da dvida pblica, pelo valor de sua cotao em Bolsa.

O valor da responsabilidade ser liquidado definitivamente aps a condenao, podendo ser requerido novo arbitramento se qualquer das partes no se conformar com o arbitramento anterior sentena condenatria.

O arbitramento do valor, assim como a avaliao do imvel especializado uma estimativa provisria feita no juzo criminal. Ela serve apenas como uma garantia a vtima. Deste modo, passvel o valor ser rediscutido aps a liquidao definitiva no juzo civil.

facultado ao juiz a avaliao preliminar do valor da responsabilidade. Atravs do laudo pericial, ser possvel uma avaliao para maior entendimento acerca do montante que seria cabvel a ttulo de indenizao civil. Seria, pois, fixado um valor de acordo com o seu critrio, de modo a adaptar o valor caso o entenda por excessivo ou distorcido. Nucci preleciona acerca do tema, de forma a defender o entendimento de que:O ideal no submeter os bens imveis do ru e a constrio injusta e desmedida, pois o acusado poder necessitar de parte deles para constituir um fundo de sustentao de sua prpria defesa, enquanto durar a demanda.

Neste mesmo sentido, destaca-se o fato de que somente os bens imveis necessrios para a indenizao que sero inscritos no Registro de Imveis, de modo que os demais ficaro no inclusos no mesmo. Porm, como acima j mencionado, caso o acusado oferea cauo, a inscrio da hipoteca no ser realizada.

d) RecursoDe acordo com o art. 593, II do CPP, da deciso do juiz de primeiro grau que determina ou nega a inscrio da hipoteca legal, cabe apelao ao tribunal ad quem.e) LevantamentoConsta no art. 141 do CPP que a hipoteca legal ser cancelada se por sentena irrecorrvel, o ru for absolvido ou julgada extinta a punibilidade.

f) Destinao ao final do processo garantido no art. 143 do CPP que os autos de hipoteca legal devem ser remetidos ao juiz cvel. Destaca-se ainda o fato de que as pretenses de ressarcimento sero resolvidas na esfera cvel, pois a sentena condenatria penal ttulo executivo judicial na esfera cvel.

Caso o ru seja absolvido ou se a punibilidade for julgada extinta, ocorrer o cancelamento da hipoteca por sentena irrecorrvel.

1.3. ArrestoO arresto , ao contrrio do sequestro, a reteno de qualquer bem. Porm, o objetivo o mesmo que o sequestro, sendo ele a garantia da solvabilidade do devedor. Para isso, possui como objeto o patrimnio lcito do agente.

O art. 136 do CPP distingue o arresto em duas modalidades, sendo elas:

a) O arresto de imveis preparatrio da hipoteca legal; e

b) O aresto de bens mveis.

O arresto de bens mveis era, antes da Lei 11.435/2001, denominado de maneira imprpria como sequestro definitivo no processo penal. Deste modo, consta no art. 137 do CPP que se os responsveis no possuir bens imveis ou o possuir valor insuficiente, e podero ser arrestados bens mveis suscetveis de penhora. Porm, o 2 do art.. 137 do CPP possibilita que das rendas dos bens mveis podero ser fornecidos recursos arbitrados pelo juiz, para a manuteno do indiciado e de sua famlia.

Caso os bens mveis sejam coisas fungveis e facilmente deteriorveis, ir proceder o 5 do art. 120 do CPP, no qual vem garantido que podem ser de pronto vendidos em leilo, depositando-se o valor apurado disposio do juzo, ou podem ser restitudos a quem os detinha mediante lavratura de termos nos autos, sendo este pessoa idnea e assumindo a responsabilidade.

J em relao aos bens imveis, era antigamente definido na Lei 11.435/2001 como sendo o sequestro prvio. Nesta modalidade, cair o arresto sobre bens imveis de origem lcita, os quais sero submetidos somente aps a hipoteca legal.

Consta no art. 136 do CPP que caso no seja provido o procedimento de especializao da hipoteca no prazo de quinze dias da determinao do arresto, ser ele revogado.

a) Cabimento Est garantido no art. 136 do CPP que o arresto do imvel poder ser decretado de incio. Caso o acusado no possua bens imveis ou o valor deste no for suficiente, poder durante a ao penal ou antes de seu exerccio, o arresto de bens mveis que integrem o seu patrimnio lcito.

J no art. 137 se refere aos bens mveis, no qual garante que caber cabimento quando: a) tiver o objetivo de garantir a satisfao de indenizao futura; b) o acusado no dispuser de imveis suficientes para garantir a indenizao, razo pela qual este arresto subsidirio e complementar, sendo prioridade a hipoteca legal (sobre bens imveis); e c) haja prova do crime e indcios de autoria.

Destaca-se o fato de que os bens mveis que constituam produto ou provento da infrao ou os bens impenhorveis no so passveis de arresto.

Conclui-se que o arresto de mveis medida residual, de maneira a somente ser invocada quando no houver bens imveis de origem lcita ou caso seja insuficiente para a viabilizao a indenizao dos canos causados pela infrao.

b) ProcedimentoDe acordo com o art. 138 do CPP, o pedido de arresto dever ser processado em apartado, de modo que caber ao autor o nus da existncia material do crime e a demonstrao dos indcios de autoria.

Dever a medida ser requerida pela parte interessada. No haver incidncia do art. 142 do CPP, onde houver a existncia de Defensorias Pblicas. Ou seja, no caber ao Ministrio Pblico, mas sim ao Defensor Pblico. Ressalta-se o fato de que o Ministrio Pblico tambm no ser mais o representante dos interesses da Fazenda Pblica.

Correr o processo de arresto de bem mvel em auto apartado. Os bens arrestados sero entregues a um depositrio, de modo a sujeitar-se ao regime do CPC.

c) RecursoNo caber recurso especfico nas sentenas que decretar ou denegar o arresto. Tvora e Alencar defendem a ideia de que tal fato leva a ser admitido a impetrao de mandado de segurana como mandado de segurana como sucedneo recursal.

d) LevantamentoEst assegurado no art.141 do CPP que o arresto ser levantado quando por sentena irrecorrvel, o ru for absolvido ou julgada extinta a punibilidade.

e) Destinao ao final do processoAo contrrio do que ocorre no sequestro, que os autos so resolvidos no prprio juzo penal, o arreto dever ser remetido ao juiz cvel, no qual ser resolvida a pretenso do ressarcimento.

Nucci traz em sua obra um esquema acerca da medidas assecuratrias. Seno, veja-se:

2. SUJEITOS DO PROCESSOO Cdigo de Processo Penal aborda no somente as partes do processo, mas tambm aborda acerca de outros que participam da relao processual. Devido ao fato de no estar contido somente as partes, mas tambm outros que participam da relao processual, a matria abordada no CPP como Dos Sujeitos do Processo, de maneira a poder enquadrar todos estes.

Existe uma certa divergncia na doutrina a cerca da considerao de quem parte no processo penal e quem no o . H doutrinadores que resistem a ideia de considerar pessoas imparciais como parte do processo. Exemplo a participao do Ministrio Pblico, cujo qual age de maneira imparcial, podendo optar entre acusar ou pleitar pelo absolvimento do ru.

Deste modo, a doutrina faz referncia a parte formal e a parte material. Aquela referente a posio processual da parte, de modo a no depender do contedo de direito material a ser objeto dos pedidos e alegaes do Ministrio pblico. Enquanto que esta referente as pessoas que atuam no processo de maneira parcial.

Ressalta-se ainda o entendimento de Eugnio Pacelli, cujo qual explica em sua obra que a palavra parte, no sentido tcnico que lhe empresta a boa doutrina processual, refere-se tanto quela pessoa que pede algo em juzo quanto quela perante a qual feito o pedido. Ou seja, as partes seriam o autor e o ru. Aquele referente a quem pede, enquanto que este referente a quem se pede.

Pedro Lenza entende que existem os sujeitos essenciais (principais) e os acessrios (secundrios). Os principais so o autor, o ru e o juiz, de modo que os dois primeiros so sujeitos parciais, enquanto que o ltimo sujeito imparcial. J os acessrios so aqueles que possuem a participao dispensvel durante o processo.

Tvora e Alencar prelecionam que os sujeitos processuais so todas as pessoas que atuam no processo.

2.1. Juiz

No Processo Penal, o juiz tem a funo de aplicar a lei ao caso concreto. Ao magistrado investido na funo, cabe ser imparcial, compondo a relao processual como sujeito at o findar da deciso, conduzindo o desenvolvimentos dos atos processuais. Em se tratando de Processo Penal, Nucci entende no ser possvel a extino do feito, sem julgamento de mrito, por inpcia de qualquer das partes, cabendo ao juiz prover a regularidade do processo.

Ao magistrado a lei concedeu poder de polcia, para que possa manter a ordem nas dependncias do Poder Judicirio, como por exemplo no curso de audincias. Porm, deve-se ressaltar que, no caso de excessos por parte do magistrado, este responder pelo abuso de autoridade.

A investidura do juiz se d mediante aprovao em concurso pblico de provas e ttulos, alm de dever possuir aptides diversas, alm de dever atuar sempre com imparcialidade. Na hiptese de o juiz se parcial, diz-se que ele impedido de exercer suas funes jurisdicionais. Existe um rol taxativo de situaes em que o magistrado considerado impedido de atuar em determinado processo, este rol est presente no art.252 do CPP.

So hipteses que acarretam o impedimento do magistrado: participao, na causa, de cnjuge ou parente; juiz atuante em funo diversa da jurisdicional; atuao como juiz de instncia diversa; juiz, cnjuge ou parente como parte; nos juzos coletivos, os parentes, consangneos ou afins, em linha reta ou colateral at o terceiro grau.

importante ressaltar que as violaes dos atos de impedimentos do juiz implicaro a inexistncia de todos os atos praticados por tal magistrado impedido. A suspeio configura causas de parcialidade do juiz, sendo assim uma ofensa ao princpio constitucional do juiz imparcial; uma hiptese em que a causa de impedimento se relaciona com o interesse do julgador e a matria em debate. O rol contido no art. 254 do Cdigo de Processo Penal meramente exemplificativo, sendo que existem outras possibilidades que tornem o juiz impedido de atuar, gerando a sua suspeio.

No possvel argir a suspeio do juiz quando ela for causada pela parte de m-f, pois no se pode privilegiar a malcia ou a m-f, como causas de afastamento do juiz natural. Se a parte ofende o magistrado, nos autos ou fora dele, somente para, em seguida, acoim-lo de inimigo capital, deve arcar com sua viperina atitude.2.2. Ministrio Pblico

O Ministrio Pblico uma instituio permanente que exerce funo essencial jurisdio do Estado. A instituio regida pelos princpios da unidade, indivisibilidade e independncia funcional. Ao Ministrio Pblico incube promover a Ao Penal Pblica, conforme a legislao, nestes casos, os membros do Ministrio Pblico ocuparo frente ao processo penal as posies do sujeito da relao processual, alm de ser tambm parte, uma vez que defende os interesses do Estado.

Para Nucci, o membro do parquet no imparcial, uma vez que pode pedir tanto a condenao do ru como a sua absolvio quando achar que o ru no o culpado.

Nas hipteses de ao penal privadas, o Ministrio Pblico atua como fiscal da lei, sendo considerado como parte tambm, uma vez que atua defendendo a pretenso punitiva do Estado, assim como nas aes penais pblicas. Na situao de exceo, a ao penal privada subsidiria da pblica, haver a participao do mesmo modo do Ministrio Pblico, sendo que configura o nico legitimado a representar os interesses do Estado em sua funo de punio.

O Ministrio Pblico engloba: Ministrio Pblico da Unio, que composto pelo Ministrio Pblico Federal, do Trabalho, Militar e do Distrito Federal; e Ministrio Pblico dos Estados. Existe ainda a competncia do Ministrio Pblico Federal em atuar juntamente com a Justia Eleitoral.

cabvel exceo de impedimento ou suspeio face ao membro do Ministrio Pblico. Em conformidade com o art. 258 do CPP, as hipteses previstas em relao s causas de impedimento e suspeio do juiz sero tambm aplicadas ao membro do Ministrio Pblico. No que tange s funes do Ministrio Pblico no Processo Penal, tem-se como principais a promoo privativa da ao penal pblica incondicionada e a fiscalizao da execuo da lei. H duas importantes pontuaes a serem feitas: a primeira se refere ao poder de investigao criminal, que compete polcia judiciria e no ao Ministrio Pblico; a segunda se refere titularidade da ao penal pblica incondicionada, em caso de omisso, pode o ofendido tomar frente e propor a ao penal privada subsidiria da pblica.2.3. Acusado

O acusado a parte passiva da relao processual penal. Ou seja, contra o qual se deduz a pretenso punitiva. Quando da fase de investigao criminal, denomina-o de indiciado; quando do oferecimento da denncia, chama-o de denunciado ou imputado; aps o recebimento da denncia, passa-se a chamar de ru. Na hiptese de ao penal privada, quando h a figura da queixa, denominado querelado. Deve ser pessoa maior, capaz, pessoa fsica ou jurdica.

A capacidade dividida em capacidade de estar em juizo em todo e qualquer processo (legitimario ad processum) e a capacidade para processo determinado e especfico (legitimatio ad causam).

O menor de 18 (dezoito) anos, penalmente inimputvel, sendo tambm a capacidade ou legitimao ad processum.

Em relao ao maior de 18 (dezoito) e menor do que 21 (vinte e um) no mais necessrio com que o mesmo seja companhado por curador, pois o art. 194 do CPP que exigia tal nomeao fora expressamente revogado. Pacelli defende em sua obra que embora no tenha havido revogao expressa do art. 262 do CPP, que cuida tambm da nomeao do curador ao ru menor (de 21 anos), para todo o processo, pensamos que a hiptese mesmo de revogao implcita, por manifesta incompatibilidade normativa entre as novas regas e o citado art. 262.

J ao que se refere ao absolutamente incapaz devido a doena ou retardamento mental, ser nomeado curador para poder represent-lo. Poder ser tanto o que j estiver na funo de curador legal ou, na falta deste, ser nomeado pelo juiz criminal. Este poder ser submetido medida de segurana. Porm, para tal, necessrio com que ocorre mediante o devido processo legal devido ao fato de que tal medida , como se refere Pacelli, uma verdadeira condenao.

necessrio com que se tenha certeza de quem o acusado para poder propor a ao penal devido ao fato de que a responsabilidade criminal possui carter personalssimo.

Caso no se saiba especificamente quem o seja, dever a vtima prestar informaes acerca das caractersticas do acusado para que assim possa distinguir o mesmo de outros indivduos. Ou seja, deve ter no mnimo o conhecimento certo da aparncia fsica do acusado.

A garantia de tal direito est contida no art. 41 do CPP, no qual prev que a qualificao do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identific-lo.

Ou seja, a acusao nunca passar da pessoa do acusado; o acusado deve ser sempre qualificado, individualizado, identificado. Quando houver dvidas, ou for difcil obter elementos da real identidade do acusado, poder ser feita a identificao datiloscpica.

Poder ocorrer a retificao do acusado a qualquer momento durante o curso do processo de conhecimento ou da execuo caso se tome conhecimento da qualificao do acusado. Ela ser feita por termo e no haver prejuzos dos atos precedentes.

Lanza preleciona em sua obra que igual procedimento dever ser adotado caso se verifique que o autor do crime foi denunciado ou at condenado com nome falso.

Garante o art. 260 do CPP que facultado ao juiz determinar a conduo coercitiva do acusado que no atender intimao para o interrogatrio, reconhecimento ou qualquer outro ato que no possa ser realizado sem sua presena.

Para evitar o rbitro estatal, existem direitos e garantias atribudos ao acusado. Consta no art. 5, LIV da CF que ningum ser privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. Esta garantia conhecida como clusula do devido processo penal. Ele a base sobre a qual surgem todas as garantias que reguardam s partes o direito a uma deciso justa.

Lanza preleciona que constituem expresses do devido processo legal as seguintes prerrogativas outorgadas ao sujeito passivo da ao penal:a) direito ao processo a pretenso punitiva estatal deve ser sempre submetida ao Poder Judicirio, sem que se possa cogitar da aplicao de pena por deciso de autoridade no investida de jurisdio (nulla poena sine judicio);

b) direito ao conhecimento do teor da acusao (direito de informao) desdobra-se no direito citao e no direito ao prvio conhecimento do teor da imputao;

c) direito presuno de inocncia (art. 5, LVII, da CF);

d) direito ao julgamento em prazo razovel (art. 5, LXXVIII, da CF);

e) direito ao contraditrio e ampla defesa (art. 5, LV, da CF) engloba o direito de interveno (produo de provas e exerccio de atividade argumentativa), o direito bilateralidade dos atos, o direito paridade de armas, o direito de presena, o direito autodefesa e o direito defesa tcnica;

f) direito de no ser processado com base em prova ilcita (art. 5, LVI, da CF);

g) direito ao juiz natural (art. 5, XXXVII e LIII, da CF);

h) direito ao silncio (art. 5, LXIII, da CF);

i) direito de no ser preso seno em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciria competente (art. 5, LXI, da CF);

j) direito de recorrer, na forma da lei.Alm das garantias, existe ainda os deveres que devem ser seguidos pelos acusados, cuja inobservncia acarretar consequncias judiciais. Sendo eles:a) dever de comparecimento a atos processuais para cuja realizao sua presena seja necessria o desatendimento a convocao para comparecimento pode ensejar a conduo coercitiva do acusado (art. 260 do CPP);

b) dever de responder com a verdade em relao a sua identidade e seus antecedentes na medida em que defeso ao ru calar-se ou mentir no interrogatrio de qualificao (art. 187, 1, do CPP), o silncio ou a falsa resposta podem ensejar sua responsabilizao, respectivamente, por desobedincia ou por falsa identidade;

c) dever de sujeitar-se a medidas cautelares pessoais diversas da priso que lhe tenham sido impostas o desrespeito a obrigaes decorrentes de medida cautelar pode ensejar a decretao da priso do acusado.Ressalta-se ainda o fato de que o direito de defesa do acusado indisponvel e decorre do direito da indisponibilidade do direito de liberdade. Assim, mesmo que o acusado no queira se defender ser nomeado a ele um defensor habilitado para o exerccio de tal funo. Deve ser garantida a ampla defesa do acusado, para fins de processo penal.

Existe o princpio constitucional no qual ningum obrigado a produzir provas contra si mesmo, assim, o acusado no s tem o direito de permanecer calado, como tambm o no comparecimento em audincia, no fornecer documentos e at mesmo material biolgico para prova tcnica. 2.4. Defensor

Consta no art. 261 do CPP que nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, ser processado ou julgado sem defensor.

O pargrafo nico do art. 261 do CPP garante que a defesa tcnica, quando realizada por defensor pblico ou dativo, ser sempre exercida atravs de manifestao fundamentada.

Tal fato se deve a que a lei visa no somente a simples participao do defensor no processo, como tambm uma atuao com um mnimo de eficincia.

A suma importncia da sua representao do ru pelo defensor se d ao fato de que atravs deste que ser manifesto o direito da ampla defesa, mediante a defesa tcnica.

Porm, na prtica, quem ir na maioria das vezes exercer a defesa de maneira efetiva ser o prprio ru, pois este o possuidor das informaes necessrias para que a sua defesa seja feita.

Defende Lanza que apenas o advogado (profissional inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil) pode desempenhar a defesa tcnica, na medida em que a qualificao especfica necessria para garantir que haja equilbrio no antagonismo com o rgo acusador, que jurisperito.

Tal garantia visa proporcionar a igualdade de foras no embate processual.

Consta no art. 263 que a nica hiptese em que o acusado pode dispensar a assistncia de advogado aquela em que ele mesmo for habilitado tecnicamente (isto , quanto ele for advogado) e optar por realizar a prpria defesa.

As fundamentaes das manifestaes sero aplicadas somente nas fases procedimentais em que houverem debates acerca de questes de fato e de direito. A importncia de tal fundamentao se deve ao fato de que, como preleciona Pacelli, como a resposta escrita antecede fase da absolvio sumria, na qual se examinas questes de mrito, deve a defesa tcnica apreciar em maiores detalhes a acusao, particularmente sobre a questo de direito.

No tocante a nulidade do processo perante a falta de devida fundamentao, Pacelli defende de que a mesma no procedente, somente o sendo quando houver prejuzo provocado pela m atuao da defesa tcnica.

Consta na smula 523 do STF que no processo penal, a fala de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficincia s o anular se houver prova de prejuzo para o ru.

Porm, nos casos das alegaes finais, sejam elas escritas ou orais, haver nulidade absoluta em caso de indevida fundamentao em respeito ao princpio da ampla defesa, condio em que o mesmo seria violado.

Ressalta-se tambm o fato de que a ausncia do defensor tambm violar o princpio da ampla defesa, o que far com que o processo seja declarado como nulidade absoluta.

O defensor poder ser:

a) o defensor constitudo: aquele escolhido livremente pelo acusado;

b) o defensor dativo: aquele nomeado pelo Estado para os que no forem capazes de constituir um particular ou para os que no quiserem constituir um defensor;

c) o defensor ad hoc: aquele especificamente designado para a prtica de determinado ato processual quando no estiver presente os constitudos ou os dativos.

Quando o acusado tiver condies de arcar com advogados, o mesmo dever custear os honorrios institudos para o defensor dativo. Caso no tenha condies para tal, o mesmo ser custeado pelo Estado.

Onde j houver a Defensoria Pblica, ser esta, quando disponvel, quem atuar como defensor dativo, cujos quais tero o prazo em dobro dos prazos procedimentais.Dever ser nomeado outro defensor pelo juiz caso o mesmo entenda que a defesa apresentada seja insuficiente, deficiente ou inexistente. Poder neste caso o juiz nomear o defensor ad hoc para que atue em determinado e especfico ato processual, substituindo aquele que fora anteriormente mal ou no realizado.Esclarece Pacelli que quando, ao revs, tratar-se de defensor constitudo, o juiz no poder adotar a mesma providncia, uma vez que este (advogado constitudo), ao contrrio daquele (advogado dativo), no foi por ele nomeado.

Destaca-se o fato que pode ser constitudo defensor a qualquer momento, assim como o mesmo pode ser substitudo.

Eles podero ser constitudos das seguintes maneiras: a) por procurao, na qual ser obrigatrio a juntada nos autos do instrumento de mandato, sob pena de no se conhecer dos requerimentos que vierem a ser formulados; e b) por indicao no momento do interrogatrio (apud acta), de modo a ser dispensado a juntada de instrumento de mandato.

Consta no art. 265 que o defensor no poder abandonar o processo seno por motivo imperioso, comunicando previamente o juiz, sob pena de multa de dez a cem salrios mnimos, sem prejuzo das demais sanes cabveis.Pacceli inclui como modalidade e/ou manifestao da defesa, a defesa efetiva. Esta no se mantm somente possibilidade de participar no processo, pois esta j garantida no direito ao contraditrio. Ela vai alm, de modo a exigir a efetiva atuao do defensor em prol dos interesses do acusado.

A autodefesa feita mediante toda a atividade desenvolvida pelo prprio acusado, de modo a visar seus prprios interesses, por ocasio do interrogatrio. Este um meio de defesa, no qual poder o acusado apresentar a sua prpria verso dos fatos.

2.5. Curador

Atualmente a figura do curador no mais possvel, pois o Cdigo Civil estabeleceu a maioridade aos 18 anos.

Antes este assitia os menores de 21 anos e os maiores de 18 anos no processo penal.2.6. Assistente de acusao

Ele auxilia o MP na ao penal, sendo nomeado pelo ofendido ou por seu cnjuge, ascendente, descendente ou irmo. a interveno da vtima na ao penal, uma vez que, em algumas situaes de interesse da vtima na condenao do acusado quando as aes penais produzem, alm da sano penal, efeitos patrimoniais.2.7. Auxiliares da justia

a) Peritos

O perito, considerado um auxiliar da justia, no exerccio de suas atribuies efetuam atividades tcnico-cientficas: de descobertas, de defesa, de recolhimento e de exame de vestgios em procedimentos pr-processuais e judicirios, com a finalidade de colaborar com o juiz nos pontos em que este precisa de esclarecimentos ou de conhecimentos especializados. Para tanto, pode ser oficial ou nomeadoadhoc, ou seja, somente para determinado ato.Conforme o artigo 275 do CPP,est sujeito disciplina judiciria, embora e se encontre obrigado a aceitar o encargo, admitindo excees, a exemplo, as hipteses de suspeio ou impedimento. Prevendo que o perito pudesse deixar de atender ao chamdo do jui, sem motivo plausvel, o legislador previu a aplicao de uma multa, conforme artigo 277 do CPP. Tal previso no exclui a possibilidade de conduo coercitiva do perito que desobedecer injustificadamente ordem judicial, nos termos do artigo 278 do CPP. Entretanto, tal medida deve possuir carter extremo, devendo ser aplicada apenas diante da impossibilidade de designao de outro perito.b) Interprete

A funo do intrprete assegurar que cada participante do processo possa se comunicar de forma efetiva, para tanto, lhe compete a atribuio de captar o significado da fala na outra lngua, encontrar um termo equivalente na lngua ptria e express-lo com exatido.

Na falta de definio das atribuies do intrprete no direito processual penal, buscou-se o art. 151 do Diploma Processual Civil para encontrar tal definio, quais sejam: analisar documento redigido em lngua estrangeira; traduzir para a lngua portuguesa as declaraes das partes e das testemunhas e traduzir a linguagem mmica dos surdos-mudos que no puderem se manifestar por escrito.

O legislador equiparou, para todos os efeitos, o intrprete ao perito, conforme disposto no artigo 281. Vale dizer, que, em regra, as disposies direcionadas aos peritos podem ser aplicadas aos intrpretes, tais como as causas de suspeio e impedimento, como tambm a obrigatoriedade de atendimento determinao judicial e suas penalidades em caso de descumprimento injustificado.Contudo, partindo de uma interpretao sistemtica, verificam-se outros motivos de impedimento ao exerccio das atribuies tanto do perito quanto do intrprete: indignidade ou inidoneidade (CP, art. 47, I e II); os que estiverem sujeitos interdio de direito mencionada nos incisos I e IV do art. 69 do Cdigo Penal; incompatibilidade os que j tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre o objeto da percia, e os analfabetos e menores de 21 anos.c) Funcionrios da Justia

Segundo Nuccias expresses funcionrios e serventurios da justia so termos equivalentes, pois, denominam tanto os ocupantes de cargos pblicos efetivos, como tambm os ocupantes de cargo ou funo comissionados, desde que pagos pelo Estado e estejam a servio do Poder Judicirio, a exemplo, os escrives, escreventes, oficiais de justia, dentre outros.

Durante todo o andamento do processo, vrios atos so realizados pelos funcionrios da justia, decorrente das imputaes dos prprios cargos ou funes, so os chamados atos ordinrios, independentes de despacho podendo serem praticados de ofcio. Constantes nos regimentos internos do prprio tribunal de justia.De acordo com o art. 274 do Cdigo de Processo Penal, estendem-se aos funcionrios da justia as disposies relativas aos casos de impedimento e suspeio dos juzes. Nesses casos, estes devero abster-se de servir no processo e imediatamente prestar declarao nos autos, de acordo com o art. 112 do referido diploma. Caso isto no ocorra, o impedimento poder ser argido pelas partes, atravs do instrumento da exceo de suspeio, nos termos do art. 105 do CPP.8. OfendidoA Lei 11.690/08 gerou uma srie de inovaes extensivas figura do ofendido. Deste modo, de acordo com o art. 159, 3 do CPP, permitido ao ofendido a formulao de quesitos e de indicao de assistente tcnico, bem como a comunicao de determinados atos processuais e o encaminhamento para atendimento multidisciplinar.

Consta no art. 201 do CPP que:Sempre que possvel, o ofendido ser qualificado e perguntado sobre as circunstncias da infrao, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se por termo as suas declaraes.

()

2: O fendido ser comunicado dos atos processuais relativos ao ingresso e sada do acusado da priso, designao de data para audincia e sentena e respectivos acrdos que o mantenham ou modifiquem.

(...)

4: Antes do incio da audincia e durante a sua realizao, ser reservado espao separado para o ofendido.

5: Se o juiz entender necessrio, poder encaminhar o ofendido para atendimento multidisciplinar, especialmente nas reas psicossocial, de assistncia jurdica e de sade, a expensas do ofensor ou do Estado.

Ressalta-se o fato de que logo o incio do citado art., consta o termo sempre que possvel, o que gera a obrigatoriedade da sua inquirio. Tal fato se deve ao respeito do princpio da verdade real, cujo qual visa o dever do juiz de sempre buscar o estado de certeza subjetivo atravs do meio do colhimento de todas as provas lcitas e plausveis. Deste modo, caso as partes no arrolem a vtima, deve o magistrado faz-lo de ofcio. Caso contrrio, poder as partes pleitarem pela nulidade relativa em pro do enfraquecimento de juntamento de provas e consequente prejuzo causado.

O 1 do citado art. pode representar apenas o direito de proteo ao manter o ofendido informado da localizao do seu agressor. Porm, conforme preleciona Nucci, pode significar ainda a possibilidade de o incentivar a contratar um assistente a acusao, em busca da realizao do que considera justo. Porm, a primeira hiptese se justifica somente perante os delitos de maior periculosidade, cometidos com o uso de violncia. Por outro lado, a segunda hiptese permanece em todos os casos, pois, de acordo com a posio majoritria tanto da doutrina quanto da jurisprudncia, o assistente de acusao no possui legitimidade para poder recorrer contra a deciso que declarou a liberdade do acusado.

Acerca do tema, Nucci preleciona ainda que alterando-se a viso que se tem acerca da vtima no processo penal, conferindo-lhe tantas informaes e medidas protetoras, parece-nos bvio deva haver, concomitantemente, a mudana de mentalidade em relao inatividade do ofendido nesse campo. preciso permitir que a vtima, tomando cincia da soltura indevida do ru, na sua viso, apresente recurso em sentido estrito ao Tribunal. Afinal, cientificar da liberdade do acusado sem permitir que, processualmente, algo possa ser feito, soa-nos incuo e quase uma instigao realizao de justia pelas prprias mos.

Neste mesmo sentido, manter a vtima informada sobre as sentenas de igual importncia devido ao fato de que somente aps o conhecimento da mesma podero entrar com recurso contra a mesma.

Diante de todo o acima exposto, conclui-se que o ofendido possui, aps o advento da Lei 11.690/08, a capacidade de atuar como parte do processo. Pois, como preleciona Eugnio Pacelli, o ofendido atuar como parte, embora sua contribuio na formao do convencimento judicial esteja limitada prova pericial. Mas parece-nos irrecusvel que essa tipicamente uma posio de parte processual, instrumentalizada com poderes e faculdades processuais.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

Vade Mecum Saraiva / obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaborao de Luiz Robeto Curia, Livia Cspedes E Juliana Nicoletti 17. ed. atual. E ampl. - So Paulo: Saraiva, 2014.TVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de Direito Processual Penal. 8. ed. Salvador: Jus podivm, 2013.

OLIVEIRA, Eugnio Pacelli de. Curso de Processo Penal. 15. ed., rev e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.

REIS, Alexandre Cebrian Arajo; GONALVES, Victor Eduardo Rios; LENZA, Pedro. Direito Processual Penal Esquematizado. So Paulo: Saraiva, 2012.

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NUCCI, Guilherme de Souza. Cdigo de Processo Penal Comentado. 11. ed., rev. E atual. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2012.

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