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Estratégias para a Gestão de Riscos para o Uso de Medicamentos em Unidades de Saúde.

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Estratégias para a Gestão de Riscos para o Uso de Medicamentos em Unidades de Saúde.

AstraZeneca do Brasil Ltda.Rod. Raposo Tavares, km 26,906707-000 – Cotia-SP – BrasilACCESS net / SAC 0800-014-55-78www.astrazeneca.com.br

1622590 - Produzido em Julho/2012

Material destinado a profi ssionais de saúde

Prof. Dr. Marcelo Polacow Bisson ...............................3

1. Introdução ........................................................3

2. Norma Regulamentadora Nº 32 de 2005 .............5

3. Risco biológico ..................................................6

4. Perfurocortantes ................................................8

5. Riscos químicos e antineoplásicos .....................10

6. Radiofármacos ................................................14

7. Portaria 1.748/2011........................................14

8. Medidas de controle para a prevenção de acidentes com materiais perfurocortantes ......17

9. Resolução CFF Nº 549/2011 ............................20

10. Conclusões ......................................................23

Referências bibliográfi cas ........................................24

Índice

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Estratégias para a Gestão de Riscos para o Uso de Medicamentos em Unidades de Saúde

Prof. Dr. Marcelo Polacow Bisson• Farmacêutico pela FCFRP-USP, • Mestre e Doutor em Farmacologia pela FOP-UNICAMP, • Especialista em Farmácia Hospitalar pela SBRAFH, • Membro da International Society of Pharmacoeconomics

and Outcomes Research (ISPOR), • Capitão Farmacêutico da Polícia Militar do Estado de São Paulo, • Professor da Faculdade de Medicina do ABC, • Professor do IPOG, • Professor da UGF, • Conselheiro Federal pelo Estado de São Paulo no CFF.

1. Introdução

Os trabalhadores dos estabelecimentos de assistência à saúde muitas vezes enfrentam situ-ações laborais inapropriadas não as considerando, entretanto, como perigosas, mesmo que as evi-dências científi cas mostrem a presença de vários agentes de riscos ocupacionais nos ambientes de trabalho1. A Norma Regulamentadora 32 (NR 32 do Ministério do Trabalho, publicada em 2005)3, é importante no cenário brasileiro, pois inexiste legislação específi ca que trate das questões de se-

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gurança e saúde no trabalho no setor da saúde e as normatizações existentes encontram-se esparsas e reunidas em outras NRs e resoluções, que não foram construídas especifi camente para tal fi nali-dade. Espera-se que mudanças benéfi cas poderão ser alcançadas por meio da implantação da refe-rida NR, uma vez que procedimentos e medidas protetoras deverão ser realizados, promovendo-se segurança no trabalho e prevenção de acidentes e doenças ocupacionais entre os trabalhadores da área da saúde.

A NR 32 foi atualizada pela Portaria1 748 de 30 de agosto de 2011 do Ministério do Trabalho, garantindo uma atuação mais efetiva no gerencia-mento dos riscos, em especial dos medicamentos e materiais de saúde4.

Aliado à NR 32, o Conselho Federal de Far-mácia (CFF) editou em 2011 a Resolução CFF Nº 549 que dispõe sobre as atribuições do farma-cêutico no exercício da gestão de produtos para a saúde, com o objetivo de atuar na Gestão de Riscos e acompanhar a utilização dos medicamentos por meio da farmacovigilância e dos produtos para a saúde, registrando e notifi cando as queixas técni-cas e eventos adversos para a Vigilância Sanitária, promovendo um trabalho efetivo de tecnovigilân-cia, que se traduza em aumento da segurança para o paciente2.

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Neste contexto, o objetivo deste artigo é for-necer subsídios e garantir a tomada de medidas para garantir o efi ciente gerenciamento dos riscos inerentes ao uso de medicamentos nas unidades de saúde (hospitalares e ambulatoriais).

2. Norma Regulamentadora Nº 32 de 2005

A NR 32 tem por fi nalidade estabelecer as di-retrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalha-dores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral. Para fi ns de aplicação da NR 32 entende-se por serviços de saúde qualquer edifi ca-ção destinada à prestação de assistência à saúde da população, e todas as ações de promoção, recu-peração, assistência, pesquisa e ensino em saúde em qualquer nível de complexidade3.

A defi nição de serviço de saúde incorpo-ra o conceito de edifi cação. Assim, todos os trabalhadores que exerçam atividades nessas edi-fi cações, relacionadas ou não com a promoção e assistência à saúde, são abrangidos pela norma. Por exemplo, atividade de limpeza, lavanderia, re-forma e manutenção.

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Para efeito desta NR, consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológi-cos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensi-dade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. O reconhecimento dos riscos ambientais é uma etapa fundamental do processo que servirá de base para decisões quan-to às ações de prevenção, eliminação ou controle desses riscos. Reconhecer o risco signifi ca identifi -car, no ambiente de trabalho, fatores ou situações com potencial de dano à saúde do trabalhador ou, em outras palavras, se existe a possibilidade deste dano3.

3. Risco biológico

Considera-se Risco biológico a probabilidade da exposição ocupacional a agentes biológicos. A exposição ocupacional a agentes biológicos de-corre da presença desses agentes no ambiente de trabalho, podendo-se distinguir duas categorias de exposição3:1. Exposição derivada da atividade laboral

que implique a utilização ou manipulação do agente biológico, que constitui o objeto principal do trabalho. É conhecida também como exposição com intenção deliberada. Nesses casos, na maioria das vezes, a

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presença do agente já está estabelecida e determinada. O reconhecimento dos riscos será relativamente simples, pois as características do agente são conhecidas e os procedimentos de manipulação estão bem determinados, assim como os riscos de exposição. Na área de saúde, alguns exemplos poderiam ser: atividades de pesquisa ou desenvolvimento que envolvam a manipulação direta de agentes biológicos, atividades realizadas em laboratórios de diagnóstico microbiológico, atividades relacionadas à biotecnologia (desenvolvimento de antibióticos, enzimas e vacinas, entre outros)3.

2. Exposição que decorre da atividade laboral sem que essa implique na manipulação direta deliberada do agente biológico como objeto principal do trabalho. Nesses casos a exposição é considerada não deliberada. Alguns exemplos de atividades: atendimento em saúde, laboratórios clínicos (com exceção do setor de microbiologia), consultórios médicos e odontológicos, limpeza e lavanderia em serviços de saúde3.A diferenciação desses dois tipos de exposição

é importante porque condiciona o método de aná-lise dos riscos e consequentemente as medidas de proteção a serem adotadas.

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4. Perfurocortantes

Em relação aos acidentes perfurocortan-tes os profi ssionais de enfermagem e farmácia são os trabalhadores mais expostos. A gravidade dos acidentes com perfurocortante está em que eles podem ser a porta de entrada de doenças infecciosas graves e letais como a Hepatite B e C e a AIDS5.

São vedados o reencape e a desconexão manual de agulhas. O objetivo deste item é o de diminuir a ocorrência dos acidentes com agulhas. Estudos nacionais e internacionais relatam que práticas de risco são responsáveis por parte sig-nifi cativa da ocorrência de acidentes de trabalho com perfurocortantes. Nesses estudos, a prática de reencapar agulhas foi responsável por 15 a 35% desses acidentes. Estudo em hospital universitário da cidade de São Paulo evidenciou que o reenca-pe manual de agulhas foi responsável por 13,7% dos acidentes com agulhas. Os ferimentos com perfurocortantes estão primariamente associados à transmissão ocupacional dos vírus da hepatite B (HBV), hepatite C (HCV) e HIV5.

Após um acidente com agulha contaminada com o agente, estima-se que o risco de contami-nação com o vírus da hepatite B (HBV) é de 6 a 30%, com o vírus da hepatite C (HCV) é de 0,5 a 2%, e como vírus da AIDS (HIV) é de 0,3 a 0,4%.

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A frequência de exposições é maior entre auxilia-res e técnicos de enfermagem, quando comparados a profi ssionais de nível superior. Entre 30 a 35% dos casos das exposições percutâneas estão asso-ciados à retirada de sangue ou de punção venosa periférica. Entre 60 e 80% das exposições ocor-rem após a realização do procedimento e podem ser evitadas com as práticas de precauções pa-drão e com o uso sistemático de dispositivos de segurança5.

Os trabalhadores que utilizarem objetos per-furocortantes devem ser os responsáveis pelo seu descarte. O trabalhador deve descartar as agulhas e outros materiais perfurocortantes, sem reenca-par, dentro da caixa apropriada, obedecendo ao limite de enchimento. O processo de trabalho, du-rante a utilização de objetos com características perfurocortantes, deve ser considerado como fi nali-zado somente após o descarte seguro dos mesmos. Estudos demonstram que 41% dos acidentes ocor-rem após o uso e antes do descarte, 39% durante o uso do produto e 16% após o descarte. Dessa forma, 80% dos acidentes ocorrem sob a respon-sabilidade do profi ssional que está realizando o procedimento. O objetivo desse item da NR é con-tribuir para a diminuição dessa taxa ao exigir que o descarte imediato de perfurocortantes seja realiza-do exclusivamente pelos trabalhadores do serviço de saúde, bem como daqueles que exercem ativi-

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dades de promoção e assistência à saúde envolvida no procedimento. Ressalte-se que o descarte deve ser feito em recipiente apropriado e situado o mais próximo possível do local onde o procedimento é executado5.

5. Riscos químicos e antineoplásicos

No capítulo dos riscos químicos da NR 32, o destaque está na proteção ao trabalhador que manuseia as substâncias quimioterápicas anti-neoplásicas. Com relação aos quimioterápicos, entende-se por acidente ambiental a contamina-ção do ambiente devido à saída do medicamento do envase no qual esteja acondicionado, seja por derramamento ou por aerodispersoides sólidos ou líquidos; pessoal: contaminação gerada por contato ou inalação dos medicamentos da terapia quimio-terápica antineoplásica em qualquer das etapas do processo3.

Para que não ocorram acidentes é necessário observar as recomendações contidas nos itens da NR 32 e na Resolução RDC Nº 220, de 21 de se-tembro de 2004 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária − ANVISA.

Com relação aos quimioterápicos antineoplási-cos, compete ao empregador: proibir fumar, comer ou beber, bem como portar adornos ou maquiar-se; afastar das atividades as trabalhadoras gestantes e

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nutrizes; proibir que os trabalhadores expostos re-alizem atividades com possibilidade de exposição aos agentes ionizantes; fornecer aos trabalhadores avental confeccionado de material impermeável, com frente resistente e fechado nas costas, manga comprida e punho justo, quando do seu preparo e administração; fornecer aos trabalhadores dis-positivos de segurança que minimizem a geração de aerossóis e a ocorrência de acidentes duran-te a manipulação e administração; fornecer aos trabalhadores dispositivos de segurança para a pre-venção de acidentes durante o transporte, além do cumprimento do disposto na legislação vigente3.

Os Equipamentos de Proteção Individual - EPI devem atender às seguintes exigências: ser avalia-dos diariamente quanto ao estado de conservação e segurança; estar armazenados em locais de fácil acesso e em quantidade sufi ciente para imediata substituição, segundo as exigências do procedi-mento ou em caso de contaminação ou dano.

Com relação aos quimioterápicos antineoplá-sicos é vedado: iniciar qualquer atividade na falta de EPI; dar continuidade às atividades de mani-pulação quando ocorrer qualquer interrupção do funcionamento da cabine de segurança biológica.

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Segundo a recomendação da ANVISA – RDC 220, quando o Serviço de Terapia Antineoplásica (STA) contar com farmácia própria, esta deve aten-der aos seguintes requisitos mínimos: • Área destinada a paramentação provida de

lavatório para higienização das mãos;

• Sala exclusiva para a preparação de medicamentos para TA, com área mínima de 5 (cinco) m2 por cabine de segurança biológica;

• Cabine de Segurança Biológica (CSB) Classe I B2 que deve ser instalada seguindo as orientações contidas na RDC/ANVISA n° 50, de 21/02/2002;

• Área de armazenamento exclusiva para estocagem de medicamentos específi cos da TA;

• Todos os equipamentos devem ser submetidos à manutenção preventiva e corretiva, de acordo com um programa formal, obedecendo às especifi cações do manual do fabricante;

• Deve existir registro por escrito das manutenções preventivas e corretivas realizadas;

• As etiquetas com datas referentes à última e à próxima verifi cação devem estar afi xadas nos equipamentos.

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Nas áreas de preparação, armazenamento e administração e para o transporte, deve ser man-tido um “kit” de derramamento identifi cado e disponível, que deve conter no mínimo: luvas de procedimento, avental impermeável, compressas absorventes, proteção respiratória, proteção ocular, sabão, recipiente identifi cado para recolhimento de resíduos e descrição do procedimento.

Em caso de acidente, deve-se registrá-los em formulário específi co. O vestuário deve ser remo-vido imediatamente quando houver contaminação. As áreas da pele atingidas devem ser lavadas com água e sabão, e quando da contaminação dos olhos ou outras mucosas, lavar com água ou solução isotônica em abundância, providenciar acompa-nhamento médico. Na cabine deve-se promover a descontaminação de toda a superfície interna da cabine, sendo que em caso de contaminação direta da superfície do fi ltro HEPA, a cabine deverá ser isolada até a substituição do fi ltro. O responsável pela descontaminação deve paramentar-se antes de iniciar o procedimento. A área do derramamen-to, após identifi cação e restrição de acesso, deve ser limitada com compressas absorventes. Os pós devem ser recolhidos com compressa absorvente umedecida. Os líquidos devem ser recolhidos com compressas absorventes secas. A área deve ser lim-pa com água e sabão em abundância. Quando da existência de fragmentos, estes devem ser recolhi-dos e descartados3.

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6. Radiofármacos

Em relação aos radiofármacos, o quarto desti-nado à internação de paciente para administração desses medicamentos deve possuir3:• Blindagem;

• Paredes e pisos com cantos arredondados, revestidos de materiais impermeáveis, que permitam sua descontaminação;

• Sanitário privativo;

• Biombo blindado junto ao leito;

• Sinalização externa da presença de radiação ionizante;

• Acesso controlado.

7. Portaria 1.748/2011

Portaria 1.748 de 30 de agosto de 2011 do Ministério do Trabalho aperfeiçoou os controles exigidos pela NR 32, obrigando o empregador a elaborar e implementar Plano de Prevenção de Riscos de Acidentes com Materiais Perfurocortan-tes. As empresas que produzem ou comercializam materiais perfurocortantes devem disponibilizar, para os trabalhadores dos serviços de saúde, ca-pacitação sobre a correta utilização do dispositivo de segurança4.

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No âmbito dessa portaria os materiais perfu-rocortantes são aqueles utilizados na assistência à saúde que têm ponta ou gume, ou que possam perfurar ou cortar. O dispositivo de segurança é um item integrado a um conjunto do qual faça parte o elemento perfurocortante ou uma tecnologia capaz de reduzir o risco de acidente, seja qual for o meca-nismo de ativação do mesmo4.

A Portaria obriga a criação de uma co-missão gestora multidisciplinar que tem como objetivo reduzir os riscos de acidentes com ma-teriais perfurocortantes, com probabilidade de exposição a agentes biológicos, por meio da ela-boração, implementação e atualização de plano de prevenção de riscos de acidentes com materiais perfurocortantes4.

A comissão deve ser constituída, sempre que aplicável, pelos seguintes membros:a) o empregador, seu representante legal ou

representante da direção do serviço de saúde;b) representante do Serviço Especializado em

Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho - SESMT, conforme a Norma Regulamentadora nº 4;

c) vice-presidente da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA ou o designado responsável pelo cumprimento dos objetivos da Norma Regulamentadora nº 5, nos casos em que não é obrigatória a constituição de CIPA;

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d) representante da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar;

e) direção de enfermagem;f) direção clínica;g) responsável pela elaboração e implemen-

tação do PGRSS - Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde;

h) representante da Central de Material e Esteri-lização;

i) representante do setor de compras; e j) representante do setor de padronização de

material.A Comissão Gestora deve analisar as informa-

ções existentes no PPRA e no PCMSO, além das referentes aos acidentes do trabalho ocorridos com materiais perfurocortantes e não deve se restringir às informações previamente existentes no servi-ço de saúde, devendo proceder às suas próprias análises dos acidentes do trabalho ocorridos e si-tuações de risco com materiais perfurocortantes. A Comissão Gestora deve elaborar e implantar procedimentos de registro e investigação de aci-dentes e situações de risco envolvendo materiais perfurocortantes4.

A partir da análise das situações de risco e dos acidentes de trabalho ocorridos com materiais per-furocortantes, a Comissão Gestora deve estabelecer as prioridades, considerando obrigatoriamente os seguintes aspectos:

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a) situações de risco e acidentes com materiais perfurocortantes que possuem maior probabi-lidade de transmissão de agentes biológicos veiculados pelo sangue;

b) frequência de ocorrência de acidentes em procedimentos com utilização de um material perfurocortante específi co;

c) procedimentos de limpeza, descontaminação ou descarte que contribuem para uma elevada ocorrência de acidentes; e

d) número de trabalhadores expostos às situações de risco de acidentes com materiais perfuro-cortantes.

8. Medidas de controle para a prevenção de acidentes com materiais perfurocortantes

A adoção das medidas de controle deve obede-cer à seguinte hierarquia:a) substituir o uso de agulhas e outros perfuro-

cortantes quando for tecnicamente possível;b) adotar controles de engenharia no ambiente

(por exemplo, coletores de descarte);c) adotar o uso de material perfurocortante com

dispositivo de segurança, quando existente, disponível e tecnicamente possível; e

d) mudanças na organização e nas práticas de trabalho.

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Seleção dos materiais perfurocortantes com dispositivo de segurança.

Esta seleção deve ser conduzida pela Comissão Gestora Multidisciplinar, atendendo às seguintes etapas:

a) defi nição dos materiais perfurocortantes prioritários para substituição a partir da análise das situações de risco e dos acidentes de trabalho ocorridos;

b) defi nição de critérios para a seleção dos materiais perfurocortantes com dispositivo de segurança e obtenção de produtos para a avaliação;

c) planejamento dos testes para substituição em áreas selecionadas no serviço de saúde, decorrente da análise das situações de risco e dos acidentes de trabalho ocorridos; e

d) análise do desempenho da substituição do produto a partir das perspectivas da saúde do trabalhador, dos cuidados ao paciente e da efetividade, para posterior decisão de qual material adotar.

Capacitação dos trabalhadores:

Na implementação do plano, os trabalhado-res devem ser capacitados antes da adoção de qualquer medida de controle e de forma continu-

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ada para a prevenção de acidentes com materiais perfurocortantes.

A capacitação deve ser comprovada por meio de documentos que informem a data, o horário, a carga horária, o conteúdo ministrado, o nome e a formação ou capacitação profi ssional do instrutor e dos trabalhadores envolvidos.

Cronograma de implementação:

O plano deve conter um cronograma para a sua implementação. Esse cronograma e a comprovação da implantação devem estar disponíveis para a Fis-calização do Ministério do Trabalho e Emprego e para os trabalhadores ou seus representantes.

Monitoramento do plano:

O plano deve contemplar monitoração sis-temática da exposição dos trabalhadores a agentes biológicos na utilização de materiais per-furocortantes, utilizando a análise das situações de risco e acidentes do trabalho ocorridos antes e após a sua implementação, como indicadores de acompanhamento.

Avaliação da efi cácia do plano:

O plano deve ser avaliado a cada ano, no mí-nimo, e sempre que se produza uma mudança nas condições de trabalho e quando a análise das situ-ações de risco e dos acidentes assim o determinar.

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9. Resolução CFF Nº 549/2011

Essa resolução dá responsabilidades ao farma-cêutico, objetivando diminuir e gerenciar os riscos associados ao uso de medicamentos2. Entre outras responsabilidades, o farmacêutico deverá partici-par ativamente nos processos de aquisição, por meio de:• Especifi cação técnica detalhada dos produtos

para a saúde;

• Seleção e avaliação de desempenho de fornecedores com base em parâmetros sanitários e técnicos que assegurem a disponibilidade de produtos com comprovada efi cácia, efetividade e segurança;

• Avaliação da documentação técnica dos fornecedores e dos produtos para a saúde;

• Interface com os outros profi ssionais de saúde, que compõem a equipe multiprofi ssional, para a avaliação técnica dos produtos para a saúde;

• Além disso, o farmacêutico deve assegurar junto aos fornecedores e, em conformidade com a Portaria 1.748/2011, o adequado treinamento para os profi ssionais de saúde que trabalham com os produtos para a saúde que contêm dispositivos de segurança. Complementarmente compete ao profi ssional farmacêutico2:

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a) Receber e conferir para garantir a proce-dência, condições de transporte e outros fatores que possam comprometer a qualidade dos produtos adquiridos;

b) Adotar ações de armazenamento, guarda e conservação, de acordo com as boas práticas de armazenamento e recomendações especí-fi cas, fornecidas pelos fabricantes, para os produtos para a saúde que assim o exigirem;

c) Promover a distribuição dos produtos para a saúde, de forma conjugada com os medica-mentos, quando estes últimos necessitarem, de forma a assegurar o seu uso racional;

d) Adotar medidas para garantir a rastreabilidade dos produtos para a saúde, em conformidade com a RDC nº 59/2000 (ou outra em vigor ou que venha a alterá-la), com foco na melhoria dos processos assistenciais e para a segurança do paciente;

e) Assegurar, junto aos fornecedores e, em confor-midade com a Portaria GM nº 939/2008, o adequado treinamento para os profi ssionais de saúde que trabalham com os produtos para a saúde que contêm dispositivos de segurança;

f) Atuar na Gestão de Riscos e acompanhar a utilização dos produtos para a saúde, regis-trando e notifi cando as queixas técnicas e eventos adversos para a Vigilância Sanitária, promovendo um trabalho efetivo de tecno-

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vigilância, que se traduza em aumento da segurança para o paciente;

g) Atuar na Comissão Multiprofi ssional de Geren-ciamento dos Resíduos de Saúde, de forma a assegurar o correto tratamento dos resíduos sólidos originários dos produtos médicos;

h) Atuar na Comissão Multiprofi ssional de Reprocessamento dos Produtos Médicos, nas instituições hospitalares, em conformidade com as exigências da RDC nº 156/2006 e suas respectivas REs nº 2.605/2006 e 2.606/2006, e suas atualizações, de forma a garantir a integridade daqueles produtos passíveis de reprocessamento, com o objetivo de oferecer maior segurança ao paciente;

i) Atuar no Serviço de Controle de Infecções Hospitalares (SCIH), por meio de mecanismos que controlem a utilização dos produtos médicos empregados em procedimentos invasivos;

j) Participar dos estudos de avaliação de tecno-logias em saúde (ATS) dos produtos para a saúde, produzindo relatórios e defi nindo indica-dores que forneçam subsídios, aos gestores, para defi nição quanto à incorporação de novas tecnologias;

k) Desempenhar atividades de auditoria, com foco na utilização dos produtos médicos, nos sistemas de avaliação e controle efetuados pelo

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setor público, privado (operadoras de planos de saúde) e em auditorias para acreditação, premiações de qualidade e consultorias;

l) Acompanhar e atuar junto às equipes dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) e da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), dentro dos estabeleci-mentos, auxiliando na avaliação dos riscos, químicos e biológicos, perante os cuidados com os profi ssionais do estabelecimento propondo e implantando ou implementando medidas para minimização dos mesmos em conformidade com as exigências do Ministério do Trabalho.

10. Conclusões

O conhecimento das normas e legislações per-tinentes à segurança do uso de medicamentos em unidades de saúde, junto como seu fi el cumpri-mento, possibilita ganhos expressivos na qualidade do atendimento, bem como alia segurança ao pa-ciente e garantia de saúde para o trabalhador.

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Referências bibliográfi cas

1 - ROBAZZI, M.L.C.C.; MARZIALE, M.H.P. A norma regulamentadora 32 e suas implicações sobre os trabalhadores de enfermagem. Rev. Latino--am Enfermagem 2004 setembro-outubro; 12(5):834-6.

2 - BRASIL. CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resolução CFF Nº 549 de 2011. Dispõe sobre as atribuições do farmacêutico no exercício da gestão de produtos para a saúde e dá outras providências.

3- BRASIL. MINISTÉRIO DO TRABALHO. Norma Regulamentadora Nº 32 de 2005. Dispõe sobre Segurança e Saúde no Trabalho em Estabeleci-mentos de Saúde.

4 - BRASIL. MINISTÉRIO DO TRABALHO. Portaria 1.748 de 30 de agosto de 2011. Dispõe sobre a elaboração e implementação do Plano de Pre-venção de Riscos de Acidentes com Materiais Perfurocortantes.

5 - BRASIL. Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo. Folheto informativo sobre a NR-32. URL: http://inter.coren-sp.gov.br/sites/default/fi les/NR-32.pdf consultada em 16 de julho de 2012.

Estratégias para a Gestão de Riscos para o Uso de Medicamentos em Unidades de Saúde.

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