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Tema 01 Abordagens de aquisição de Língua Materna Você já parou para pensar quais mecanismos funcionam dentro do corpo humano para que seja possível entender a palavra falada e a palavra escrita? Se sim, você não é uma unanimidade. Ao longo dos séculos, muitos estudiosos – de áreas diversas – proferiram sobre a capacidade humana de transmitir a linguagem. Para Steven Pinker (2000), psicólogo e linguista canadense, a habilidade humana em ler e escrever é impressionante, pois cria uma ligação temporal, espacial e, também, de relacionamentos. Tal opinião não se distingue dos teóricos ocidentais, mas trava uma série de questionamentos acerca de seu surgimento e mecânica. Entre os teóricos ocidentais que estudaram a linguagem, estão: Aristóteles Da Grécia, o filósofo é um dos fundadores da Filosofia Ocidental, tendo estudado diversos assuntos. William Harvey Sua descrição do sistema circulatório é uma das pioneiras da Medicina. René Descartes O francês, que era filósofo, físico e matemático, tornou-se notável após sugerir a aglutinação da geometria com a álgebra. Nietzsche O alemão é autor da obra “Assim falou Zaratustra”. Francis Bacon O inglês é, por muitos, considerado o fundador da Ciência Moderna, tendo sido político, filósofo e ensaísta. John Locke O filósofo, que idealizou o liberalismo, é um dos principais representantes do empirismo britânico. Noam Chomsky Criador da Gramática Gerativista, o linguista e filósofo causou uma revolução nos estudos da Linguística. As teorias desses estudiosos sobre a linguagem estão ligadas à mente e ao cérebro. Para Aristóteles, o cérebro tinha como função principal esfriar o sangue, cabendo ao coração o armazenamento do conhecimento. Cerca de dois mil anos depois, Harvey desmentiu tal teoria, afirmando que a função do coração era bombear o sangue para o corpo – logo, o conhecimento não estava no sistema

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Tema 01Abordagens de aquisio de Lngua Materna Voc j parou para pensar quais mecanismos funcionam dentro do corpo humano para que seja possvel entender a palavra falada e a palavra escrita? Se sim, voc no uma unanimidade. Ao longo dos sculos, muitos estudiosos de reas diversas proferiram sobre a capacidade humana de transmitir a linguagem. Para Steven Pinker (2000), psiclogo e linguista canadense, a habilidade humana em ler e escrever impressionante, pois cria uma ligao temporal, espacial e, tambm, de relacionamentos. Tal opinio no se distingue dos tericos ocidentais, mas trava uma srie de questionamentos acerca de seu surgimento e mecnica. Entre os tericos ocidentais que estudaram a linguagem, esto:Aristteles Da Grcia, o filsofo um dos fundadores da Filosofia Ocidental, tendo estudado diversos assuntos.

William Harvey Sua descrio do sistema circulatrio uma das pioneiras da Medicina.

Ren Descartes O francs, que era filsofo, fsico e matemtico, tornou-se notvel aps sugerir a aglutinao da geometria com a lgebra.

Nietzsche O alemo autor da obra Assim falou Zaratustra.

Francis Bacon O ingls , por muitos, considerado o fundador da Cincia Moderna, tendo sido poltico, filsofo e ensasta.

John Locke O filsofo, que idealizou o liberalismo, um dos principais representantes do empirismo britnico.

Noam Chomsky Criador da Gramtica Gerativista, o linguista e filsofo causou uma revoluo nos estudos da Lingustica.

As teorias desses estudiosos sobre a linguagem esto ligadas mente e ao crebro. Para Aristteles, o crebro tinha como funo principal esfriar o sangue, cabendo ao corao o armazenamento do conhecimento. Cerca de dois mil anos depois, Harvey desmentiu tal teoria, afirmando que a funo do corao era bombear o sangue para o corpo logo, o conhecimento no estava no sistema cardiovascular do ser humano. Mais tarde, Descartes, famoso pela frase Penso, logo existo, afirmou que o crebro tinha funo apenas de bombear um fludo chamado animus pelos nervos, movimentando os msculos. Para ele, o mundo se dividia em duas partes: coisas e no coisas, sendo o primeiro aquilo que possvel comprovar; e o ltimo o que no possvel provar (GOMES, 2011, p. 22-23). Esse racionalismo de Descartes logo foi contestado por outros tericos, entre eles, Nietzsche, que afirmava que a linguagem uma interpretao mais ou menos inspirada, um tipo de mentira (GOMES, 2011, p. 24). Ou seja, quanto mais enganar, melhor a linguagem e o poder de entendimento do homem, tornando-o, assim, um super-homem. Mas Nietzsche no foi o nico a desmentir as teorias de Descartes. Bacon acreditava em trs pilares: alma, mente e matria adotando, assim, o empirismo ingls. Locke, outro filsofo que adepto ao empirismo experincia como formadora de ideias , dizia que a mente era uma placa em branco, uma tabula rasa, na qual a experincia colocaria suas inscries, criando a verdadeira mente de cada um (GOMES, 2011, p. 24).

Como voc viu, at metade do sculo XIX, as teorias foram marcadas por suposies, mas este cenrio mudou com comprovaes cientficas acerca da localizao da linguagem na mente. Os mdicos neurologistas Paul Broca e Carl Wernicke descobriram que uma leso no lado esquerdo do crebro prejudicava a fala, no entanto, sem prejudicar a compreenso; ao mesmo tempo, uma leso no lado direito do crebro no afetava a fala, mas, sim, a capacidade de compreenso. Com tais descobertas, o racionalismo jaz, dando lugar a uma nova premissa: o behaviorismo. Nesta linha, os pensadores afirmavam que qualquer ser poderia responder estmulos-respostas, o que fazia acreditar que todas as experincias estavam ligadas ao comportamento. Neste nterim, destacou-se Skinner, que afirmava que todo ser pode chegar perfeio de acordo com sua educao. Mas no tardou para ele ser contradito. Chomsky acreditava na lngua no como uma habilidade que se desenvolve atravs do estmulo e resposta, punio e recompensam, mas como um mdulo da mente humana, geneticamente construdo (GOMES, 2011, p. 26). Pinker (2000), cujas ideias tm influncia de Chomsky, acredita que a lngua no seja um artefato cultural, mas uma composio do crebro. Dessa forma, o autor afirma que a linguagem, apesar de ser uma habilidade complexa e especial, desenvolve-se de forma espontnea nas crianas, tendo estas que processar informaes e proferi-las para se comunicar. Tal afirmao contestada por outros psiclogos e linguistas que defendem que a lngua ensinada. Assim, chega-se em outra questo: como dada a aquisio da lngua materna? A aquisio da linguagem parte dos estudos de Lingustica, trazendo questes que abordam a aprendizagem de lnguas. As teorias acerca da linguagem tratam, inclusive, do funcionamento do processo de aquisio por parte de uma criana. A essas teorias, esto ligadas correntes tericas, tais quais: behaviorismo; inatismo; cognitivismo construtivista; e sociointerativismo.Behaviorismo, por Skinner Acreditava na aprendizagem da linguagem como um fator de exposio criana, ou seja, decorrente de mecanismos comportamentais, em um processo de estmulo-resposta. Inatismo, por Chomsky Para o autor, a aprendizagem da linguagem est inserida em um dispositivo de nascena da criana, uma dotao gentica que de nada era influenciada pelo ambiente ou comportamento. Dessa forma, Chomsky acreditava que a criana tinha uma gramtica internalizada, desabrochando a habilidade pela qual sempre esteve munida.

Correntes Tericas

Cognitivismo construtivista, por Jean Piaget O autor, conhecido pelo trabalho de organizao de desenvolvimento em estgios da cognio da criana, acredita que a experincia e a interao entre o ambiente e o organismo so responsveis pela inteligncia dos envolvidos. Sociointerativismo, por Lev Vygotsky O psiclogo props um novo modelo de desenvolvimento da criana, acreditando que a fala organizadora do pensamento, pois determina o comportamento.

Piaget e Vygotsky so tericos que desenvolveram proposies em destaque relacionadas aquisio da lngua materna. Veja, a seguir, quais so os principais pontos que cada um dos autores propuseram. Para Jean Piaget, o desenvolvimento da criana est dividido em trs estgios, sendo eles: sensrio-motor; pr-operatrio; e lgico-formal. O primeiro, sensrio-motor, vai do zero aos 18 meses, em que h o desenvolvimento da ao e percepo. A partir de 1 ano de idade, a criana passa para um estado holofrstico, em que comea a proferir as primeiras palavras-frase. No segundo estgio, pr-operatrio, o desenvolvimento compreende entre 18 meses e 12 anos de idade. Pelo tamanho do perodo, divido em trs subestgios, conforme Gomes (2011, p.35): Pr-conceitual dos 18 meses aos 4 anos: um subestgio em que a criana passa a formar frases e refletir sobre os tempos verbais, como pretrito, presente e futuro. Nessa fase, a criana passa a combinar palavras e, assim, concluir pensamentos.

Intuitivo dos 4 aos 7 anos: traz caractersticas da criana que desenvolveu capacidade de distinguir objetos, utiliza complementos verbais na construo de frases e passa a usar palavras bem formadas que pouco lembram o processo anterior. Operaes concretas dos 7 aos 12 anos: um subestgio reversvel no qual a criana passa a adquirir a lngua escrita junto com a fala, alm de conseguir resolver operaes lgicas. O estgio das operaes lgico formais, que vai dos 12 aos 16 anos, um processo em que a criana/adolescente passa a organizar aes mentais alm de prever situaes necessrias para provar uma hiptese. Dessa forma, ler e escrever se tornam uma atividade para a construo do conhecimento contnuo no desenvolvimento. Vygotsky, filsofo bielorrusso, tambm apresenta teorias de interao e aprendizagem, cujo desenvolvimento se d por meio do conceito de ZDP (Zona de Desenvolvimento Proximal). Tal conceito se divide em trs nveis, sendo eles: NDR (Nvel de Desenvolvimento Real), no qual a criana tem a capacidade de resolver problemas sem o auxlio de um adulto; NDP (Nvel de Desenvolvimento Potencial), em que a criana no consegue resolver problemas; e ZDP, em que a criana s consegue resolver problemas quando estimulada e auxiliada por um adulto (GOMES, 2011, p. 36). A teoria acredita que a ZDP faz intermdio entre os outros nveis, fazendo com que a criana auxiliada no presente seja capaz de efetuar aes de forma autnoma futuramente. A viso do adulto uma referncia para a educao da criana, contemplando a aquisio da lngua materna e sua respectiva aprendizagem. Assim, voc responsvel para que a criana esteja pronta para a compreenso de mundo, a fim de compreender a linguagem em diversas modalidades.

Questo 1: Reflita sobre como voc acreditava ser o processo de aprendizado antes da leitura desse tema. Feito isso, aponte 3 itens que foram relevantes na leitura e que permitiram questionar seus paradigmas ou tornar mais clara a forma como compreendia a aprendizagem de lngua. Questo 2: Qual das afirmaes abaixo condiz com a corrente filosfica do empirismo, da qual Locke era adepto? a) Todo o conhecimento do homem j estava em seu ser, bastando a este lembrar o que j sabia no plano das ideias. b) O aprendizado se dava por estmulo-resposta e estavam intimamente ligadas ao comportamento humano. c) A lngua uma composio do crebro e no um artefato cultural. d) A mente era placa em branco, na qual a verdadeira mente de cada um seria criada a partir de suas experincias. e) A fala a organizadora do pensamento e determina o comportamento. Questo 3: Piaget influenciou, com suas pesquisas e publicaes, uma mudana no mbito educacional sem precedentes sobre os mtodos de ensino para o processo de aprendizagem da criana. Foi a partir de suas contribuies que: a) A criana passou a ser entendida como um sujeito participante da sociedade e que seu aprendizado acontecia nas interaes sociais, em convvio com pessoas mais experientes. b) O ensino passou a ser realizado de forma a trazer para as crianas todos os conhecimentos que ela precisava, construindo do zero todos os saberes necessrios para se viver em sociedade. c) A criana passou a ser entendida como um sujeito cognoscente, epistmico e ativo no processo de aprendizagem e no apenas uma tabula rasa a ser preenchida. d) O ensino passou a considerar as mltiplas inteligncias dos alunos, formados a partir de experincias pessoais e sociais, com atividades focadas na compreenso e no aprendizado emprico. Questo 4: Sobre as seguintes afirmaes: 1. O behaviorismo compreendia a aprendizagem da linguagem como decorrentede um mecanismo comportamental em um processo de estmulo-resposta. 2. Chomsky acreditava que a criana tinha uma gramtica internalizada, uma dotao gentica, que independia do ambiente para se formar. 3. Vygostky acreditava que as interaes sociais eram fundamentais para a aquisio da lngua materna e que a criana precisava de um par mais capaz, ou seja, de algum cuja experincia e conhecimento fossem maiores para seu aprendizado. correto afirmar que: a) Somente a 1 e a 3 esto corretas b) Somente a 1 e a 2 esto corretas c) Somente a 2 e a 3 esto corretas d) Todas esto corretas e) Nenhuma est correta. Questo 5: Segundo a teoria de Vygotsky, correlacione: 1. A criana tem capacidade de resolver seus problemas sem o auxlio de um adulto. 2. A criana no consegue resolver seus problemas 3. A criana consegue resolver seus problemas com auxlio de um adulto. ( ) Zona de Desenvolvimento Proximal. ( ) Nvel de Desenvolvimento Real. ( ) Nvel de Desenvolvimento Potencial. Questo 6: O modelo metodolgico de resoluo de problemas compartilha de muitos preceitos construtivistas. Apresente dois preceitos do construtivismo que esto presentes nesse tipo de atividade. Questo 7: Vigotsky defendia, em sua poca, a convivncia de crianas mais adiantadas com aquelas que ainda precisam de apoio em seu aprendizado. Explique os principais pressupostos que subsidiam essa opinio. Questo 8: Por que no construtivismo, a sociedade e, principalmente, seus integrantes mais experientes (adultos, em geral, e professores, em particular) so parte fundamental para a estruturao do que e como aprender? Questo 9: Na perspectiva vigotskiana, os signos so construdos e apropriados com base na relao com pares mais experientes, os quais emprestam significaes s aesrealizadas conjuntamente e esses significados so interiorizados ao longo de seu processo de desenvolvimento. Em que culmina esse processo histrico-cultural? Questo 10: Entre as teorias de Piaget e Vigotsky, em qual delas no se pode aceitar uma viso nica, universal, de desenvolvimento humano? Questo 1 Resposta: Nesta questo, espera-se que o aluno reflita sobre seus conhecimentos prvios e compare o que pensava com a leitura do texto, apontando itens que foram relevantes no seu aprendizado. Questo 2 Resposta: Alternativa D. Para Locke, bem como para a corrente empirista, a mente era uma tabula rasa a ser preenchida a partir de suas experincias. Questo 3 Resposta: Alternativa C. Piaget foi principal influenciador na mudana do mbito educacional ao passar a entender o sujeito como cognoscente, epistmico e ativo no processo de aprendizagem. Questo 4 Resposta: Alternativa D. Todas as afirmaes condizem com as teorias apresentadas. Questo 5 Resposta: Resposta: 3; 1; 2. Segundo Vigotsky: No Nvel de Desenvolvimento Real, a criana que tem capacidade de resolver seus problemas sem o auxlio de um adulto. No Nvel de Desenvolvimento Potencial, a criana no consegue resolver seus problemas. Na Zona de Desenvolvimento Proximal, a criana consegue resolver seus problemas com auxlio de um adultoQuesto 6 Resposta: Levando em considerao os preceitos construtivistas, espera-se uma resposta que traga preceitos inerentes desta teoria, tais como: anlise dos conhecimentos prvios dos alunos, favorecer o desenvolvimento da autonomia intelectual dos alunos, oferecer desafios de acordo com o desenvolvimento etrio das crianas, dentre outros. Questo 7 Resposta: Espera-se que o aluno apresente os conceitos de Zona de desenvolvimento proximal e a importncia do par mais capaz no aprendizado construdo socialmente (por meio da internalizao). Questo 8 Resposta: Espera-se que o aluno discorra sobre o fato da construo do conhecimento ser socialmente construdo, ou seja, a construo do pensamento e da subjetividade ser um processo cultural e, desta forma, ocorrer primeiro no plano externo e social (com outras pessoas) para depois ocorrer no plano interno e individual. Questo 9 Resposta: Esse processo de internalizao culmina no aparecimento do pensamento verbal, que a sntese entre a atividade prtica e a fala. Questo 10 Resposta: A teoria de Vigotsky compreende o ambiente como fundamental no desenvolvimento infantil, com os fatores externos preponderando sobre os fatores internos. Dessa forma, ao se variar contextos, varia-se tambm o desenvolvimento humano.TEMA 02 Os Campos da Lingustica Voc viu, ao longo da lio anterior, que a aquisio da lngua materna tem permeado a investigao de tericos por sculos, tratando-se de um tema de muita relevncia no cenrio psquico e lingustico. Agora, voc estudar o ensino da lngua materna e a aquisio da escrita. O termo Lingustica j foi explicado no tema anterior. Trata-se do estudo cientfico da linguagem e faz parte de outra cincia, chamada Semitica. Por ser abrangente, seu estudo se divide em diversas reas, todas contribuindo para a anlise da linguagem. So elas: fontica; fonologia; morfologia; sintaxe; semntica; pragmtica; lingustica textual; anlise do discurso; neurolingustica; psicolingustica; e sociolingustica. Conhea cada uma das reas, na tabela abaixo, elaborada a partir de Gomes (2011, p. 39-42):Fontica O que ? o estudo dos sons da fala, que se preocupa com os mecanismos de produo e audio. Por meio da fontica, possvel identificar a fala em distintos contextos sociais, que vo desde regies a faixa etria.

Fonologia O que ? Assim como a fontica, a fonologia se preocupa com os sons da fala, mas do ponto de vista da estrutura sonora da lngua. A fonologia descreve todos os segmentos da lngua, como consonantais e voclicos, alm da estruturao silbica, acentuao, ritmo e entonao. nesse estudo que abrange os fonemas, que so os segmentos da fonologia que identificam a estrutura do som emitido. Por exemplo: um /s/ pronunciado como [s] pela maioria dos brasileiros no final das palavras, mas para os cariocas, que regionalmente tem um sotaque diferente, tal fonema pronunciado como [ ].

Morfologia O que ? Trata-se do estudo da juno de morfemas que, juntos, formam unidades maiores, como a palavra e o sintagma. O morfema a menor unidade de uma palavra. Basta ver no exemplo: casinhas (casa + inha + s). A palavra formada por trs morfemas, sendo eles: objeto (casa); sufixo de diminutivo (inha); plural (s).

Sintaxe O que ? So as regras de combinao das palavras que formam sentenas na lngua. Nesse estudo, voc conhece como estruturada uma orao a ordem SVO (sujeito + verbo + objeto) , sempre considerando a ordem correta em situaes de inverso das palavras que podem tirar o sentido do que se quer exprimir.

Semntica O que ? Tem como pressuposto determinar o significado das palavras, alm de abordar a relao das coisas do mundo com a linguagem. Neste estudo, so consideradas as relaes de palavras com vrios significados (polissemia); palavras de significados distintos (antonmia); e palavras com significados equivalentes (sinonmia)

Pragmtica O que ? o estudo da linguagem que traz a finalidade como entendimento do contexto de uma palavra ou sentena. Dessa forma, visa abranger quais so as situaes que esto por trs de uma frase e/ou orao para que ela faa sentido em determinado contexto. Logo, trata-se da inteno do falante quando profere determinada frase.

Lingustica textual O que ? o estudo que tem como objeto o texto e seus elementos de anlise. Tais elementos so: coeso, coerncia, intertextualidade. Seu surgimento est ligado ao aprofundamento do estudo sintxico e semntico, pois sua abrangncia no se limita somente anlise de sentenas separadamente.

Anlise do discurso O que ? A anlise do discurso , como o prprio nome diz, a compreenso da linguagem dentro de um contexto oral, textual e escrito, que tem como cenrio abordagens histrico-ideolgicas.

Neurolingustica O que ? Trata-se de um estudo que j foi mencionado no tema anterior: a relao entre a linguagem e o crebro, mesclando, assim, duas reas de conhecimento.

Psicolingustica O que ? Assim como a neurolingustica, o encontro de duas reas do conhecimento, porm, relacionadas psicologia e a linguagem. Seu estudo est ambientado na compreenso dos processos mentais no que diz respeito produo da linguagem.

Sociolingustica O que ? o estudo que abrange as mudanas sociolgicas da linguagem, isto , o contexto social influenciando nas variedades lingusticas, o uso da norma culta e a avaliao da linguagem de forma a julgar o que certo e o que errado.

O ensino da lngua um desafio para o professor, pois a Lingustica apresenta diversas formas de estudo, cada qual com sua caracterstica e especificidade de anlise. importante destacar que, como um docente da Lngua Portuguesa, imprescindvel que algumas destas formas no estejam de fora do currculo escolar, como sintaxe, semntica, morfologia, fonologia e fontica (GOMES, 2011, p. 43). Tais desafios no esto ligados somente fala, mas, tambm, aquisio da escrita.Considerando que a criana chega escola j sabendo falar, o professor tem de lidar com as experincias anteriores de vocabulrio e o dialeto da comunidade em que ela est inserida. Para o professor universitrio atuante no campo da Lingustica Luiz Carlos Cagliari (2002), O objetivo mais geral do ensino do portugus para todas as sries da escola mostrar como funciona a linguagem humana, e de modo particular, o portugus: quais os usos que tem e como os alunos devem fazer para estenderem ao mximo, ou abrangendo metas especificas, esses usos na modalidade escrita e oral, em diferentes situaes de vida.Dessa forma, o professor deve mostrar qual a diferena entre a fala e a escrita, como voc pode ver na tabela elaborada por Gomes (2011, p.43) a seguir. Fala Escrita

1. Como acontece sempre em um determinado contexto, as referncias so claras (Isto aqui, aquela l). 1. Deve ser bem especificada para criar um contexto prprio.

2. O falante e o ouvinte esto em contato direto, e a interao acontece por troca de turnos. 2. O leitor no est presente quando se escreve e no h interao, exceto na conversa via internet ou telefone celular, embora no imediata quanto a oral.

3. O interlocutor , geralmente, algum especfico. 3. Muitas vezes, o leitor no conhecido pelo leitor.

4. Como existe interao, as reaes so, normalmente, imediatas e podem ser: Verbais: perguntas, comentrios, murmrios, resmungos. No verbais: expresses faciais ou corporais.

4. No possvel o escritor conhecer a reao imediata do leitor. Ele pode, no entanto, antecipar as reaes e comentar no texto. Nas interaes eletrnicas, existem os emoticons ().

5. A fala transitria. Se o interlocutor no compreende alguma coisa, pode interagir. 5. A escrita permanente e pode ser lida e relida quantas vezes for necessrio para a compreenso.

6. H hesitaes, frases incompletas, pausas e redundncias. 6. Espera-se maior estruturao da linguagem, organizada em forma de texto e construda com maior cuidado.

7. Existe uma srie de recursos para a transmisso do significado: tonicidade, ritmo e entonao. As expresses faciais e os gestos servem a esse propsito. 7. Os recursos so grficos como: pontuao, letras maisculas, aspas, tipos de letras. Agora, tambm os emoticons.

Apesar das diferenas apresentadas, importante que o professor compreenda que se trata de duas formas complementares. Quando a escola forma leitores, deve, tambm, formar escritores, capazes de criarem textos com coerncia e com coeso. Dessa forma, o papel do professor importante na identificao de aspectos fnicos da Lngua Portuguesa, pois, assim, ajudar a criana a refletir sobre sua fala e, consequentemente, com a escrita.Questo 1: Durante seu perodo escolar, quais os contedos mais marcantes das aulas de portugus que voc se lembra de ter aprendido e a quais reas trabalhadas nesse tema (fontica; fonologia; morfologia; sintaxe; semntica; pragmtica; lingustica textual; anlise do discurso; neurolingustica; psicolingustica; e sociolingustica) esses contedos pertencem? Questo 2: Das afirmaes a seguir sobre a lingustica, todas esto corretas, exceto: a) A lingustica pode ser compreendida como parte de outra cincia, a semitica. b) Uma de suas reas, a morfologia, tem por finalidade compreender os contextos em que determinada frase/orao foi criada. c) A rea de neurolingustica busca compreender as relaes entre linguagem e crebro. d) A sociolingustica abrange os contextos sociais que influenciam as variedades lingusticas. e) Pertence a semntica o estudo das relaes de polissemia, antonmia e sinonmiaQuesto 3: Sobre a escrita, correto afirmar que: a) Deve ser bem especificada para criar um contexto prprio. b) possvel conhecer a reao imediata do receptor. c) Sua construo sempre traz hesitaes, redundncias e pausas. d) A estruturao da linguagem construda as pressas, sem cuidados. e) No h formas de se expressar sentimentos alm do que est escrito. Questo 4: Sobre a fala, incorreto afirmar que: a) Os envolvidos esto em contato direto b) A interao acontece normalmente por troca de turnos. c) possvel definir o interlocutor. d) Se o interlocutor no compreende alguma coisa, pode interagir. e) Toda a comunicao se d exclusivamente por palavras, verbalmente. Questo 5: A sintaxe tem por objetivo: a) Estudar as regras que compe a juno dos morfemas para criar os sintagmas. b) Estudar as regras de combinao de palavras que formam uma sentena. c) Estudar o significado das palavras e suas relaes com as coisas do mundo. d) Estudar o texto e seus elementos, tais como coerncia, coeso e intertextualidade. e) Estudar as questes relacionadas linguagem e a psicologia. Questo 6: As interaes eletrnicas sncronas (via comunicadores de mensagens instantneas) apesar se acontecer por meio da escrita, apresenta inmeras caractersticas da fala. Aponte 3 caractersticas da fala, segundo o texto, que podem estar presentes nessas interaes. Questo 7: Voc percebeu que, em sua turma, h um grande nmero de alunos que est com dificuldades para compreender como as palavras so formadas (por exemplo: conjugaes verbais e plurais). Em qual campo da lingustica voc pode buscar subsdios e por qu?

Questo 8: Quais reas da lingustica podem oferecer o maior nmero de subsdios para as disciplinas que envolvem a produo de redaes para o vestibular, do ponto de vista do aluno e sua produo? Questo 9: A linha que separa as caractersticas da fala e da escrita nem sempre so to claras, dependendo do contexto de interao. Um exemplo de prtica escrita cujas caractersticas da fala esto muito presentes a comunicao via chat ou outros comunicadores instantneos. Em contrapartida, h prticas cuja prtica da fala traz consigo muitas caractersticas da escrita. Aponte 3 contextos em que isso pode acontecer. Questo 10: Se a maioria dos alunos j chegam escola sabendo portugus pois, a no ser que esse aluno seja estrangeiro, ele provavelmente se comunica cotidianamente em portugus , qual a necessidade de se ensinar Lngua Portuguesa?Questo 1 Resposta: Essa pergunta visa resgatar os conhecimentos dos alunos acerca do aprendizado que teve em lngua portuguesa e confrontar com o tema estudado. Questo 2 Resposta: Alternativa B. A morfologia tem por finalidade estudar a juno de morfemas que, juntos, formam unidades maiores, como a palavra e o sintagma. Questo 3 Resposta: Alternativa A. A escrita deve ser bem especificada para criar um contexto prprio, uma vez que no h interao e os pressupostos devem ser apresentados. Questo 4 Resposta: Alternativa E. Toda a comunicao se d no apenas por palavras, mas por linguagem corporal, prosdia, tonicidade, ritmo, entonao. Questo 5 Resposta: Alternativa B. A sintaxe tem por objetivo Estudar as regras de combinao de palavras que formam uma sentena. Questo 6 Resposta: O falante e o ouvinte esto em contato direto, e a interao acontece por troca de turnos. O interlocutor , geralmente, algum especfico. Se o interlocutor no compreende alguma coisa, pode interagir. Como existe interao, as reaes so, normalmente, imediatas e podem ser verbais (perguntas, comentrios) ou no verbais (por meio de emoticons representando expresses faciais ou corporais).Questo 7 Resposta: No Campo da morfologia, responsvel pelos estudos da formao de palavra e sintagmas a partir dos morfemas da lngua. Questo 8 Resposta: Todas as reas podem contribuir em maior ou menor grau, mas as reas com maior influncia da perspectiva do aluno seriam: lingustica textual, semntica, sintaxe, morfologia e pragmtica. Questo 9 Resposta: Espera-se uma resposta em que o aluno reconhea e aponte qualquer prtica social formal, cuja fala tenha sido planejada previamente. Pode-se citar discursos polticos previamente escritos, apresentaes de palestras, telejornal e outros programas que apresentem textos que se aproximam mais da escrita e da formalidade e que no permitam interao dialgica. Questo 10 Resposta: O professor deve trabalhar a linguagem a partir de suas inmeras perspectivas, respeitando as diferenas lingusticas, ensinando a variante lingustica padro, inserindo o aluno em diferentes prticas letradas da norma culta, conduzindo reflexo sobre a lngua (metalinguagem) e a importncia da linguagem nas prticas sociais e no posicionamento dos sujeitos enquanto ser social ativo.

Tema 03 Influncia dos aspectos fonolgicos no aprendizado da escrita Influncia dos aspectos fonolgicos Voc certamente j se pegou, alguma vez, tentando lembrar como escrever uma determinada palavra a partir do som que ela faz e tentando buscar na mente como ela deveria ser escrita, no foi? Dvidas sobre se determinada palavra tem um s ou no antes do c, se escrita com z ou com s, se termina com l ou com u e tantas outras surgem muito mais do que se dado conta durante os incontveis textos que so escritos durante a vida. Essas dvidas sobre a grafia das palavras, que ocorrem na prtica textual, so ainda mais recorrentes na fase de alfabetizao. A criana, alm de possuir um repertrio lexical ainda ligado prtica oral (e, por sua vez, a estrutura fonolgica da Lngua Portuguesa), traz consigo inmeros traos de sua variante lingustica (forma de falar do grupo e contexto social em que vive e frequenta) que tornam as correlaes entre os sons da fala e a forma padro escrita ainda mais longe do que j so dentro da variante padro.Esse processo de transio entre as referncias sonoras da lngua e a forma escrita natural. E justamente por sua naturalidade e recorrncia que o professor precisa estar apto para reconhecer as possveis interferncias da fonologia na escrita e, principalmente, compreend-las no como erro, mas como amadurecimento do aluno na prtica letrada. Somente a compreenso desse processo permite ao professor adequar, guiar e orientar os alunos para se apropriem da norma culta da lngua. Mas importante saber que alguns desvios fonolgicos podem afetar a aquisio da escrita, a ponto do aluno necessitar de uma interveno especializada. Voc poder ver isso mais adiante, logo aps uma breve discusso sobre o sistema sonoro da Lngua Portuguesa. O Sistema sonoro da lngua. Para se aprofundar nos estudos do sistema fontico, voc precisaria estudar sobre as caractersticas da fontica sob os pontos de vista: articulatrio (produo da fala em seu aspecto fisiolgico e articulatrio); auditivo (percepo da fala); acstico (propriedades fsicas dos sons a partir do falante) e; instrumental (propriedades fsicas da falava, considerando o apoio de instrumentos laboratoriais). No que diz respeito articulao, todas as lnguas naturais contm vogais e consoantes. As vogais so produzidas por um fluxo de ar que passa livremente pelo aparelho fonador, sofrendo interferncia apenas da vibrao das cordas vocais. As consoantes, ou segmentos consonantais, so produzidas por algum tipo de obstruo, total ou parcial, da passagem de ar, podendo, inclusive, sofrer frico em seu percurso. A classificao dos segmentos consonantais depende de diversos fatores, tais como posio e articulao dos lbios, a posio do vu palatino, o estado da glote, entre outros. H ainda, elementos relevantes o Lugar de Articulao e o Modo ou Maneira de Articulao. Processos mais comuns da Lngua Portuguesa Por ora, para que voc possa compreender os impactos da produo oral na escrita, sero abordados os processos mais comuns das falas dos brasileiros e alguns processos que podem indicar problemas srios, a serem acompanhados por especialistas.Alguns processos comuns nas falas so oriundos de fatores como ritmo, entonao, nfase, entre outros, que podem causar algumas dificuldades normais para a criana na fase de aquisio da escrita e que so superados pela orientao e ensino em sala, so: Processos de monotongao do ditongo ou, em que o falante diz poco, oro, so ou ropa em vez de pouco, ouro, sou ou roupa. Processo de monotongao do ditongo ei e ai, em que o falante diz quejo, bejo, mantega e caxa em vez de queijo, beijo, manteiga e caixa. Para esses casos, ainda h os fatores de hipercorreo, em que o falante cria um ditongo em palavras que no o possuem, resultado em palavras como bandeija ou carangueijo em vez de bandeja e caranguejo. Supresso e assimilao da slaba tona, em que o falante diz chcra, fosfu, numro, falanu ou tamm em vez de chcara, fsforo, nmero, falando e tambm. Substituio da vogal o pela vogal u em posies tonas, em que o falante diz fsforu, lindu ou fotu em vez de fsforo, lindo e foto. As crianas, no processo de aquisio da lngua, tambm podem efetuar algumas substituies de um som por outro, tambm dentro de um processo normal, principalmente em sons dentro de uma mesma classificao fontica, tais como: Desvozeamento (exemplo: trocar d por t ou z por s), anteriorizao (exemplo: trocar ch ou x por s ou g por z), substituio de lquida (exemplo: trocar r ou rr por l), semivolalizao de lquida (exemplo: trocar v por b ou s por t), posteriorizao (exemplo: trocar d por g, som de z por som de s, som de s por som de x), vozeamento pr-voclico (exemplo: trocar c por g, f por v ou t por d). Processos que podem precisar de ateno H, entretanto, processos que so considerados desvios fonolgicos e a consulta ou acompanhamento por um profissional da rea de fonoaudiologia pode ser necessrio. Os casos mais comuns so: Nasalizao de lquida (exemplo: dizer pema em vez de beira, canafa, em vez de garrafa, emis, em vez de eles), africao (exemplo: trocar som de s por som de tch),desafricao (exemplo: trocar t pelo som de x ou d por z), plosivizao de lquida (exemplo: trocar lh por d), semivocalizao de nasal (exemplo: dizer cia, em vez de cama ou io, em vez de ano) Vale lembrar que mesmo esses casos podem ser normais na fase de aquisio de linguagem, mas recomenda-se fortemente o encaminhamento adequado para evitar problemas subsequentes. Ler e escrever O adequado domnio das prticas de leitura e escrita fundamental para a devida insero da criana nas prticas sociais. Seus alunos, por vezes, chegam escola sem o domnio da lngua padro e muito comum que esses alunos dominem apenas uma variedade lingustica estigmatizada pela sociedade ou que carreguem com eles muitos dos processos descritos anteriormente. Seu papel como educador, em situaes como esta, o de proporcionar a devida insero dessas crianas nas prticas letradas da lngua padro. Isso significa ensinar a reconhecer que: h uma grande diversidade lingustica dentro de sua prpria lngua; a variante padro precisa ser aprendida, sem detrimento da sua variante de origem; o papel de leitor e produtor de textos deve ser crtico e ativo e; o sucesso nas interaes sociais formais depende do adequado domnio das variedades de sua lngua.Questo 1: Sobre a relao entre linguagem oral e escrita, possvel afirmar que: a) A oralidade no influencia o aprendizado da escrita. b) A escrita a representao grfica fiel da lngua falada. c) H processos na fala que influenciam permanente e negativamente a aquisio da escrita. d) H processos na fala que so naturais na Lngua Portuguesa e que, transpostos para a escrita na fase de alfabetizao, causam erros irreparveis. e) H processos na fala que so naturais na Lngua Portuguesa e que, transpostos para a escrita na fase de alfabetizao, precisam ser orientados para sua adequao.Questo 2: A supresso e assimilao de uma slaba tona, como na frase o passarinho saiu vuanu, escrita por uma criana na fase inicial de alfabetizao, pode ser considerada: a) Um erro grave de grafia, resultado de falta de estudos. b) Um erro preocupante, por demonstrar problemas de fala da criana. c) Um processo normal, que ocorre por influncia da falta de letramento das pessoas do grupo em que convive. d) Um processo normal, mas que se for mantido, deve ser acompanhado por um profissional adequado. e) Um processo normal, que ocorre por um processo natural da lngua e superado com orientao adequada em sala de aula. Questo 3: Desvios fonolgicos, tais como a desafricao (troca de um som de d por z, por exemplo), pode ser considerado: a) Um erro grave de grafia, resultado de falta de estudos. b) Um erro preocupante, por demonstrar problemas de fala da criana. c) Um processo normal, que ocorre por influncia da falta de letramento das pessoas do grupo em que convive. d) Um processo normal, mas que se for mantido, deve ser acompanhado por um profissional adequado. e) Um processo normal, que ocorre por um processo natural da lngua e superado com orientao adequada em sala de aula. Questo 4: Qual o procedimento a ser adotado pelo professor ao notar que seus alunos apresentam escrita inadequada por influncia de processos fonolgicos naturais: a) Demonstrar que esses erros no devem ser cometidos e encaminh-los ao acompanhamento adequado. b) Realizar exerccios de repetio das palavras e termos errados. c) Orient-los sobre a norma culta, as variantes lingusticas e as diferenas entre fala e escrita e oferecer oportunidades para praticarem o que aprenderam. d) Orient-los sobre a norma culta, as variantes lingusticas e as diferenas entre fala e escrita e indic-los para acompanhamento adequado. e) No tomar atitude alguma, pois o aprendizado ocorre naturalmente.Questo 5: Leia as afirmaes a seguir: 1. O domnio das prticas de leitura e escrita importante para a insero da criana nas prticas sociais. 2. A variante padro deve suplantar a variante lingustica da criana, para que esta possa se apropriar das prticas escritas. 3. O professor deve sempre evitar o encaminhamento de crianas a profissionais de fonoaudiologia, exceto se elas sofrerem diversos desvios fonolgicos ao mesmo tempo. 4. A hipercorreo acontece quando a criana realiza uma substituio de lquida, ou seja, troca a l no lugar da letra r. Dessas, tem-se: a) V, V, V, V. b) V, V, F, V. c) V, V, F, F. d) V, F, F, F. e) V, F, V, F. Questo 6: Qual o objeto de estudo da fontica? Questo 7: Qual o objeto de estudo da fonologia? Questo 8: Cite um motivo para que o falante de Lngua Portuguesa cometa hipercorrees? Questo 9: Qual o procedimento mais adequado a se tomar com um aluno que, mesmo aps orientaes, mantm processos fonolgicos de substituio de lh por d ou que usa semivocalizao de nasais, dizendo laia, em vez de lama. Questo 10: Analise um texto escrito por uma criana entre seis e nove anos. H processos fonolgicos interferindo a escrita? Quais processos so notrios?Questo 1 Resposta: Alternativa E. Entre linguagem oral e escrita, h processos na fala que so naturais na lngua portuguesa e que, transpostos para a escrita na fase de alfabetizao, precisam ser orientados para sua adequao e aprendizado.Questo 2 Resposta: Alternativa E. Supresses e assimilaes de uma slaba tona so processos normais, que ocorrem por um processo natural da lngua, e so superados com orientao adequada em sala de aula. Questo 3 Resposta: Alternativa D. Outro processo normal na aquisio da oralidade so os desvios fonolgicos, tais como a desafricao. Entretanto, processos como estes, se forem mantidos, devem ser acompanhados por um profissional adequado. Questo 4 Resposta: Alternativa C. A escrita inadequada por influncia de processos fonolgicos naturais corrigida no curso natural das aulas, orientando os alunos sobre a norma culta, as variantes lingusticas e as diferenas entre fala e escrita e oferecer oportunidades para praticarem o que aprenderam. Questo 5 Resposta: Alternativa D. A nica afirmao que faz jus a teoria vista que reafirma a importncia do domnio das prticas de leitura e escrita para a insero da criana nas prticas sociais. Questo 6 Resposta: Os sons da fala, principalmente na linguagem humana, a partir da descrio, classificao e transcrio desses sons. Questo 7 Resposta: O sistema sonoro e a funo desses sons dentro de uma determinada lngua. Questo 8 Resposta: Busca excessiva por correo da fala/escrita e tentativa de enquadrar palavras dentro do que considera uma forma mais culta, a partir da comparao com palavras semelhantes. Questo 9 Resposta: Indicar o aluno ao acompanhamento por profissionais especializados. Questo 10 Resposta: Essa questo depende da busca e do resultado encontrado pelo aluno.

Tema 04Variao Lingustica1. No Brasil, de Roraima ao Rio Grande dos Sul, vive-se uma grande unidade lingustica; uma nao que fala a Lngua Portuguesa. 2. O item anterior uma grande mentira. Infelizmente, no Brasil, muitos acreditam que falada realmente apenas uma lngua uniforme. Essa crena traz diversos prejuzos, comeando por desconsiderar as centenas de lnguas indgenas remanescentes do pas, alm de ignorar diversas comunidades de imigrantes estrangeiros que mantm a lngua de seus ascendentes. Outro ponto que tal crena ignora a existncia das variedades lingusticas. Porm, antes de aprofundar no mito da unidade lingustica nacional, voc conhecer um pouco sobre as diferenas entre Lngua e Fala. A Lingustica s passou a ser compreendida como um campo autnomo da cincia graas s contribuies de Ferdinand de Saussure, linguista e filsofo suo. O livro Curso de Lingustica Geral, uma compilao feita por seus alunos com base em trs disciplinas de 61 lingustica ministradas por Saussure na Universidade de Genebra, considerada a obra seminal da cincia lingustica. O Curso de Lingustica Geral, obra fundamental para qualquer estudante de lingustica, traz as diversas dicotomias postuladas por Saussure, tais como a de Sintagma e Paradigma, Significante e Significado, Sincronia e Diacronia e a que interessa nessa discusso: Lngua e Fala. Saussure compreendia a linguagem, ento, da seguinte maneira: Lngua (langue) o aspecto social da linguagem. Ela homognea, possui ordem, sistematizao e compartilhada aos falantes de uma comunidade lingustica. Fala (parole) o aspecto individual da linguagem. Dessa forma, ela heterognea, imprevisvel e irredutvel a regras e sistematizaes. Isso significa que, ao olhar a Lngua Portuguesa enquanto langue, possvel dizer que todos os brasileiros pertencem a um pas que usa, de maneira oficial, o mesmo sistema lingustico. Por outro lado, dentro do Brasil, h diversas variedades lingusticas criadas a partir das individualidades e das especificidades dos diferentes grupos lingusticos. Se de fato o pas fosse uma grande unidade, voc nunca teria conversado ou escutado algum conversar sobre as diferenas de sotaque ou formas de falar de pessoas de outras regies ou classes sociais. Foi a partir das contribuies de Saussure que se notou a necessidade de estudos lingusticos com foco na fala, e foi em meados do sculo XX que surgiu a sociolingustica como modelo de pesquisa. Com os resultados das investigaes da sociolingustica foi possvel demonstrar que as lnguas variam, mudam ao longo do tempo e esto ligadas de maneira muito prxima a seus usurios. Variedades do Portugus Brasileiro Segundo Gomes (2011, p. 73), as lnguas, em geral, sofrem variaes oriundas das diferenas geogrficas, sociais/socioculturais e de contexto e tais variaes podem ter impacto em todos os nveis da lngua (lexical, fontico, morfolgico, sinttico ou pragmtico). Para perceber essas variaes, tente se lembrar das diferenas presentes entre as falas de gachos, mineiros, paulistas, cearenses, baianos, cariocas. E se voc se distanciar do Brasil, ver que a Lngua Portuguesa de outros pases, inclusive Portugal, traz variaes ainda mais marcantes. Com esse exerccio, notar que h diferenas fonticas (clorido x clorido), sintticas (no x , no), lexicais (mandioca x aipim ou moa x guria), semnticas (se um paulista pedir um prato de verduras em Pernambuco, ele poder receber tanto verduras quanto legumes), entre outras. Esses exemplos citados no pargrafo anterior dizem respeito, principalmente, s diferenas geogrficas, que podem acontecer por diferenas culturais, interferncia de outras culturas ou outras lnguas, por situaes especficas da regio (como clima, agricultura ou histria regional, por exemplo). No que diz respeito s diferenas sociais e socioculturais, possvel ver principalmente as diferenas que existem entre classe social, faixa etria e sexo. As diferenas nas faixas etrias so aquelas notadas entre as geraes, por meio dos arcasmos. Por exemplo, as grias (uma brasa, mora?), as palavras (assistir o poer do sol), e as construes sintticas (tom-la-emos). J as variaes lingusticas por classes sociais se do principalmente entre as ocorrncias padro/no padro, conservadora/inovadora ou de prestgio/estigmatizada. Esse assunto ser tratado mais profundamente no prximo tema dessa disciplina. H, ainda, as variaes referentes sexualidade, em que se pode notar diferenas lingusticas entre homens, mulheres e grupos LGBT. Os estudos nessa rea ainda trazem vrios questionamentos, mas j apontam alguns resultados acerca de algumas diferenas e variedades entre os grupos. Por fim, h tambm as diferenas de contexto, comumente notadas nos diferentes usos da lngua que um mesmo grupo pode fazer em diferentes situaes. Isso pode ser visto principalmente nas diferenas entre situaes formais e no formais (a forma de falar com sua famlia em contraposio aos contextos profissionais ou jurdicos, por exemplo), ou situaes de diferentes tipos de relacionamento (como a diferena entre conversar com um amigo ntimo e com um total desconhecido). Outro tipo de diferena de contexto pode ser notado nas relaes de grupos sociais ou profissionais. A gria, por exemplo, um tipo de linguagem especial que nasce em grupossociais que buscar gerar uma comunicao inteligvel somente entre seus integrantes (seja esse grupo uma comunidade, uma faixa etria, uma classe social de determinada regio geogrfica). Para os grupos profissionais, tem-se o jargo como outro tipo de linguagem especial. Os jarges profissionais so termos compreendidos somente entre as pessoas que dominam o assunto e a situao em que eles ocorrem. Como dito por Gnerre (2003 apud GOMES, 2011, p. 81), as linguagens especiais tem por funo social, alm da comunicao, reafirmar a identidade dos integrantes de um determinado grupo e excluir a comunicao de pessoas de comunidades lingusticas externas. De todas essas reflexes, o mais importante que voc perceba que, mesmo dentro de um grande sistema, chamado Lngua Portuguesa, existem diversas variedades lingusticas e infinitas possibilidades comunicativas. Tal diversidade justamente o que torna a lngua algo vivo, em constante transformao e evoluo, alm de marcar de maneira fundamental a identidade cultural de seus falantes e, claro, manter sua funo fundamental de comunicao.

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Questo 1: Busque se lembrar de trs sotaques diferentes do seu e de como eles soaram para voc. Soaram estranhos ou soaram naturais? Agora responda a seguinte pergunta: como esses sotaques (ritmo, escolha e sons das palavras) soam para os falantes de portugus de outros lugares, idades e classes sociais? Questo 2: Sobre a Lngua Portuguesa (LP), as afirmaes abaixo esto corretas, exceto: a) A LP evolui ao longo tempo. b) A LP a nica lngua falada no Brasil. c) A LP apresenta diversas variedades. d) A forma como os falantes usam a LP varia de acordo com a localizao geogrfica. e) Apesar da LP vir de Portugal, no Brasil no se fala a LP da mesma forma que os portugueses. Questo 3: Leia as afirmaes abaixo: 1. As lnguas podem sofrer variaes lexicais, fonticas, morfolgicas, sintticas ou pragmticas, dependendo das situaes em que so utilizadas. 66

2. As variaes da lngua que acontecem por diferenas socioculturais so consideradas erro e devem ser corrigidas nas aulas de portugus. 3. Os jarges so criados somente para dar nome aos objetos e procedimentos de uma determinada profisso. Destas frases, temos que: a) Somente a 1 verdade. b) Somente a 2 verdadeira. c) 1 e 3 so verdadeiras. d) Somente a 3 falsa. e) Todas so falsas. Questo 4: As variaes lingusticas ocasionadas por diferena etria e sexo so exemplos que acontecem por conta das diferenas: a) Geogrficas. b) De classe social. c) Socioculturais. d) De contexto. e) Morfolgicas. Questo 5: As variaes lingusticas por faixa etria que acontecem por escolhas lexicais que esto caindo ou caram em desuso se d o nome de: a) Gria. b) Jargo. c) Langue. d) Arcasmo. e) Apagamento. Questo 6: Ao receber um aluno de outra regio do pas, qual deveria ser sua postura, como professor, ao perceber que h estranhamento dos alunos em relao forma de falar do novo aluno? Questo 7: Identifique, dentro de sua variante lingustica, quais as mudanas que voc mesmo realiza ao comparar uma conversa entre voc e seus amigos e outra em voc e outros profissionais de sua rea. Quais so as principais mudanas percebidas?

Questo 8: Converse com algum mais velho e com algum mais novo que voc. Nesses dilogos, preste ateno s palavras escolhidas e as construes lexicais feitas. Quais diferenas voc consegue encontrar e por que elas acontecem? Questo 9: Escolha um filme brasileiro que esteja contextualizado em um local diferente de onde voc convive. Ao assisti-lo, busque identificar as expresses regionais e grias que os personagens usaram durante suas falas. Reflita sobre elas e busque ver quais delas fazem parte do seu vocabulrio, quais voc no conhece e quais voc conhece mas no usa em seu cotidiano, e por que. Questo 10: A contribuio de Ferdinand de Saussure foi inquestionvel para consolidar a lingustica como cincia. Alm do paradigma Lngua x Fala, apresentado neste tema, houve mais trs outras dicotomias apresentadas em seu livro Curso de Lingustica Geral com grande importncia para os estudos lingusticos. Pesquise quais so e o que significam essas trs outras dicotomias e como elas podem ajudar a compreender os temas que j foram trabalhados nesta disciplina. Questo 1 Resposta: Essa pergunta no tem uma resposta correta, mas espera-se uma anlise pessoal das variantes lingusticas conhecidas pelo aluno, observando seus ritmos de fala, escolhas de palavras, e o impacto dessa variante quando presente em um contexto diferente ao que pertence. Questo 2 Resposta: Alternativa B. H dezenas de lnguas faladas no Brasil quando considera-se as lnguas indgenas e a de descendentes estrangeiros que moram em comunidades e se comunicam em suas lnguas maternas. Questo 3 Resposta: Alternativa A. A nica afirmao que condiz com a teoria apresentada a que diz que as lnguas podem sofrer variaes lexicais, fonticas, morfolgicas, sintticas ou pragmticas, dependendo das situaes em que so utilizadas. Questo 4 Resposta: Alternativa C. Das variaes lingusticas ocasionadas por diferenas socioculturais, possvel apontar as diferenas por faixa etria e sexo. Questo 5 Resposta: Alternativa D. O arcasmo caracterizado por palavras, expresses ou construes sintticas que saram de uso na norma atual de uma lngua. Questo 6 Resposta: Espera-se que o professor realize um dilogo, prepare aulas e atividades que ensinem aos alunos sobre as variedades lingusticas e o respeito s diferenas.70 Questo 7 Resposta: Espera-se, nessa questo, que o aluno reflita sobre a linguagem formal e informal, os possveis jarges e grias envolvidos ou evitados e demais variveis que possam surgir nessa reflexo. Questo 8 Resposta: Espera-se ,que o aluno encontre arcasmos, grias e construes diferentes e perceba enquanto um intermedirio entre as duas geraes que analisou. Questo 9 Resposta: O objetivo dessa questo fazer com que o aluno: reflita sobre as expresses regionais e grias; identifique a qual grupo elas pertencem; identifique como pertencente de um mesmo sistema lingustico (por conhecer e at mesmo usar algumas grias e expresso); perceba que o filme retrata uma variedade que no a de seu grupo, regio ou contexto social. Questo 10 Resposta: Espera-se com essa questo uma pesquisa de aprofundamento sobre os primeiros pilares da lingustica enquanto cincia e a correlao dos paradigmas de: sincronia e diacronia (que o ajuda a compreender a evoluo da lngua e a necessidade de um recorte no tempo para estudar o objeto lingustico); sintagma e paradigma (que o ajuda a compreender as escolhas nos eixos sintticos e paradigmticos e, por sua vez, nas escolhas lexicais e nas construes morfolgicas); e de significante e significado (que o ajuda a compreender as discusses sobre construo de significados da lngua).

Tema 05 Preconceito LingusticoHabilidades Ao final, voc dever ser capaz de responder as seguintes questes: Como se caracteriza o preconceito lingustico? Como se define a variedade padro da Lngua Portuguesa? Qual deve ser o papel do professor de Lngua Portuguesa frente s variedades da lngua?

Preconceito Lingustico Faa uma busca sincera em suas lembranas e responda: voc j riu ou ficou irritado de um erro de portugus que algum falou escreveu em algum lugar? Ironizar essas ocorrncias to comum que basta uma procura simples pelos buscadores da internet para assistir diversos vdeos com pessoas falando uma variedade no padro da lngua ou encontrar inmeras fotos de cartazes com palavras ou frases que tragam produtos cem agrotxicos, ceja benvindo, prescisa-se, aeitamos, femenino. Essas ironias, geralmente, acabam por rotular o falante como nscio, possuidor de baixa escolaridade, com m formao ou inepto para as prticas letradas de sua prpria lngua. Basta um nis vai, um menas coisas ou um as menina no gosta para que algum, prontamente, julgue a capacidade intelectual de quem disse uma dessas frases. A variedade padro da Lngua Portuguesa Como voc pde ver nos temas anteriores, a Lngua Portuguesa sofre diversas mudanas e, em seu bojo, coexistem incontveis variaes oriundas das diferenas geogrficas, sociais/ socioculturais e contextuais. Como as lnguas evoluem, passando por mudanas diacrnicas, as academias de letras dos pases falantes de Lngua Portuguesa, de tempos em tempos, buscam identificar as ocorrncias lingusticas a serem institudas como as formas corretas da lngua. Ao se definir uma determinada variedade da Lngua Portuguesa como sendo a padro, faz-se um recorte da lngua falada por um grupo de pessoas em um lugar e tempo. O mais recente exemplo foi o Acordo Ortogrfico da Lngua Portuguesa, proposto em 1990, ratificado em 2008 por Portugal, envolvendo a Comunidade dos Pases de Lngua Portuguesa (CPLP), formada por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guin-Bissau, Moambique, Portugal, So Tom e Prncipe e Timor Leste. Quando se define uma variedade padro, ela ganha tanta importncia e tanto prestgio social que todas as demais variedades so consideradas imprprias, inadequadas, feias, erradas, deficientes, pobre... (BAGNO, 1999, p. 22). por isso que palavras como idia, vo, herico, pharmacia ou civilisao que tiveram sua vez como correta e culta hoje so vistas como palavras inadequadamente escritas. O conceito de erro A escolha das ocorrncias eleitas como padro no seguem, necessariamente, critrios pautados em estudos lingusticos sobre evoluo da lngua. Suas escolhas, em geral, privilegiam as variantes da elite intelectual e cultural, ainda que isso contrarie o uso mais amplo da lngua. Segundo Bagno (1999), possvel ver, como resultado de estudos sobre a evoluo das lnguas, que algumas ocorrncias seriam naturais na Lngua Portuguesa, tais como: a eliminao das marcas de redundncia do plural (Os passarinho come tudo); a Assimilao (transformar nd em n e mb em m. Exemplo: Estou falano com ele tamm); a Reduo de ditongo ou em o (Exemplo: tem um poco de ropa na mala); a Reduo de ditongo ei em e. (Exemplo: Ela me deu um bejo no quexo); a Reduo de e e o tonos pretnicos. (Exemplo: piriquito, priguia, assubio e dumingo); a contrao de proparoxtona. (Exemplo: rvre e tauba) entre diversos outros. H muitas outras ocorrncias tambm usuais na Lngua Portuguesa. Em uma busca pela palavra mussarela, no buscador Google, por exemplo, em novembro de 2012, retorna aproximadamente 143 milhes de resultados. Sua forma dicionarizada (muarela), por sua vez, retorna algo prximo de 106 mil resultados, ou seja, 0,07% do nmero total. Outro exemplo a regra gramatical que probe iniciar frases com pronomes tonos, como se os falantes brasileiros dissessem normalmente empresta-me ou amo-te em vez de me empresta ou te amo. Chega a ser difcil justificar porque a variedade escolhida como padro to pouco utilizada ou soe to antiquada. E apesar de tantas ocorrncias naturais na evoluo da lngua falada e usadas cotidianamente, essas mudanas continuam rotuladas de erros feitos por pessoas incultas, com m formao, uma vez que o padro adotado no compartilha dessas ocorrncias em sua escrita. Com a institucionalizao das ocorrncias escolhidas como padro, a gramtica, os dicionrios e os livros didticos tambm passam a difundi-la, normatizando e valorizando esse recorte da Lngua Portuguesa. Como afirma Leite (1999 apud GOMES, 2011, p. 85), a norma um acordo tcito - um contrato social feito entre os membros de uma comunidade (...), as rupturas a ela no so bem aceita; so negativamente avaliadas. Consequentemente, o domnio dessa norma torna-se um requisito bsico para qualquer falante que pretenda participar das interaes sociais formais letradas. O papel da norma padro muito importante e inegvel, principalmente quando se pensa na construo de um sistema de Lngua Portuguesa a ser compartilhado pelos falantes, sendo a fora opositora que busca estabilizar o caos das inmeras variveis da fala. A atuao do professor de Lngua Portuguesa Diante desse cenrio, qual o papel do professor de Lngua Portuguesa? Deixar de lado o ensino de ortografia e gramtica em nome de um laissez-faire lingustico ou ignorar todas essas consideraes e manter o ensino gramatical de certo e errado? Bagno (2005 apud GOMES, 2011) aponta que um mito ainda muito presente no ensino de lngua diz que preciso aprender gramtica para se falar e escrever bem. O autor mostra que, na verdade, preciso dominar as prticas da lngua (ler, escrever e falar) para se estudar gramtica. Com isso, percebe-se que o processo deveria ser inverso e, a despeito de toda presso da sociedade que ainda se prende ao mito da gramtica, os alunos deveriam realizar reflexes sobre a lngua a partir de exerccios de produo e interpretao, ou seja, de prticas significativas do uso da lngua. Como afirma Possenti (2006 apud GOMES, 2011, p. 89), o papel da escola ensinar a lngua padro, o que no significa ensinar regras, normas e buscar o apagamento da variante do aluno. escola cabe o papel de formar alunos aptos a interagirem e se tornarem sujeitos crticos inseridos nas prticas sociais. Ao professor de Lngua Portuguesa cabe o papel de ensinar o aluno sobre o uso da lngua por meio de prticas de linguagem que viabilizem sua insero em contextos sociais e culturais diversos, dentro dos padres socioculturais hegemnicos. Ou seja, cabe ao professor ensinar, sim, a norma culta e cobrando seu uso, mas tambm ensinar qual o verdadeiro papel da lngua padro, a diferena entre lngua e fala e qual o papel dessa variedade dentro de sua sociedade.Vdeos Preconceito Lingustico, de Marcos Bagno. Disponvel em: . Acesso em: 9 dez. 2013. Esse vdeo traz uma explicao didtica e ilustrativa sobre o preconceito lingustico no Brasil. LINKSIMPORTANTESAGORAASUAVEZ

Questo 1: Pense nos ltimos dilogos que participou antes de ler essa pergunta. Busque lembrar as frases que os participantes usaram, as palavras que escolheram e tente anotar ao menos 3 palavras ou construes que, de alguma forma, no estavam de acordo com a norma culta da Lngua Portuguesa e aponte os motivos para essas palavras/construes terem sido utilizadas fora da norma. Questo 2: Mudanas diacrnicas so as mudanas que a lngua sofre: a) Em diferentes regies. b) Em diferentes classes sociais. c) Ao longo do tempo. d) Em diferentes contextos. e) Por influencia de outras lnguas. 81

Questo 3: O acordo ortogrfico da Lngua Portuguesa prev: a) Mudanas na Lngua Portuguesa do Brasil. b) A adoo da Lngua Portuguesa do Brasil em Portugal. c) Um ajuste no sistema escrito da Lngua Portuguesa nos pases falantes do portugus. d) Alteraes na norma culta da Lngua Portuguesa para os pases pertencentes Comunidade de Pases de Lngua Portuguesa. e) Alteraes da Lngua Portuguesa oral para os pases pertencentes Comunidade de Pases de Lngua Portuguesa. Questo 4: Das afirmaes abaixo: 1. A lngua estanque e no sofre alteraes em sua norma culta. 2. A norma culta criada a partir de estudos lingusticos que visam evoluo lingustica de simplificao. 3. A norma culta uma sistematizao de regras e usos da lngua oral e escrita com base em determinado tempo/espao/varivel. correto afirmar que: a) Somente a est 1 certa. b) Somente a est 2 certa. c) Somente a est 3 certa. d) A afirmao 1 e 2 esto corretas. e) Todas esto erradas. Questo 5: Sobre a norma culta, errado dizer que: a) Deve ser ensinada na escola. b) criada com base em escolhas feitas a partir das variveis presentes na lngua. c) A redundncia dos marcadores de plural pode se perder em algumas variedades da lngua. d) Seu aprendizado deve ser superficial e o professor deve salientar, preferencialmente, a varivel do aluno em suas produes. e) Seu aprendizado deve ser consistente e o professor deve salientar, preferencialmente, a importncia de aprend-la para as prticas sociais. Questo 6: Sobre o Acordo Ortogrfico do Brasil, por que ele considerado um acordo e no uma Reforma Ortogrfica? AGORAASUAVEZ82

Questo 7: Segundo Bagno (1999), no h erros, mas formas adequadas e inadequadas para determinados contextos. Proponha uma atividade aos seus alunos para que resgatem as formas que utilizam em contextos de internet ou outros informais e traduzam seus textos para uma comunicao formal. Questo 8: Escolha um filme nacional e faa uma anlise das variaes da lngua utilizada em seu roteiro. Nas interaes entre os personagens possvel identificar algum tipo de preconceito ou estigmatizao por conta dos padres lingusticos? Explique o motivo. Questo 9: Pesquise na internet casos de discriminao oriundos do preconceito lingustico. Qual a variante da pessoa que sofreu o preconceito e como foi possvel identificar que houve preconceito? Questo 10: Pesquise uma msica cuja letra apresente uma variao da Lngua Portuguesa discrepante da norma culta. As marcas textuais remetem essa variao a qual grupo/ contexto? Como essa msica poderia ser adequada para a norma culta?

GABARITOQuesto 1 Resposta: Espera-se uma anlise pessoal em que demonstre ao aluno o quanto a oralidade no condiz com a norma culta e que perceba as situaes de contexto e as particularidades da variao a que pertence. Questo 2 Resposta: Alternativa C. O processo de diacronia acontece com as mudanas sofridas pela lngua ao longo do tempo. Questo 3 Resposta: Alternativa D. O acordo ortogrfico da lngua portuguesa foi realizado para que acontecessem alteraes na norma culta da lngua portuguesa nos pases pertencentes Comunidade de Pases de Lngua Portuguesa. Questo 4 Resposta: Alternativa C. A nica afirmao correta a que diz que a norma culta uma sistematizao de regras e usos da lngua oral e escrita com base em determinado tempo/ espao/varivel. Questo 5 Resposta: Alternativa D. O aprendizado da norma culta deve ser aprofundado e pelo professor e os alunos devem ter momentos de prticas sociais desta norma. Questo 6 Resposta: O acordo diz respeito a um alinhamento entre pases falantes de determinada lngua, enquanto a reforma feita somente dentro de um pas falante. Questo 7 Resposta: Espera-se uma atividade que conduza os alunos a reflexo sobre a prpria variao e como transpor seu texto para a norma culta. Questo 8 Resposta: Questo aberta de pesquisa, que espera do aluno uma anlise mais detalhada sobre o preconceito lingustico e as variaes da lngua. Questo 9 Resposta: Espera-se que a pesquisa do aluno traga por resultado um exemplo prtico de preconceito e uma anlise da interao que apresente a contraposio entre norma culta e ato de fala produzido pela vtima do preconceito. Questo 10 Resposta: Espera-se o desenvolvimento de uma atividade que, alm de auxiliar na reflexo sobre as variaes e a norma culta, pode ser utilizada como atividade em sala de aula posteriormente.Tema 06 Compreenso e produo Oral

Habilidades Ao final, voc dever ser capaz de responder as seguintes questes: Quais so os objetivos do ensino de Lngua Portuguesa segundo o PCN? Quais as caractersticas da habilidade de escutar? Quais as caractersticas da habilidade de falar? Compreenso e produo Oral Aps a leitura dos temas anteriores, nas quais voc pde ver questes sobre linguagem e crebro, aquisio de linguagem, diversidade e preconceitos lingusticos, voc ir ler neste e nos prximos temas sobre as habilidades da Lngua Portuguesa em sua modalidade oral (ouvir e falar) e em sua modalidade escrita (ler e escrever). Neste tema, por ora, vamos nos ater especialmente ao que se espera do ensino das quatro habilidades em Lngua Portuguesa no sistema educacional brasileiro e, em seguida, compreenso e produo oral. O ensino Lngua Portuguesa no Brasil No Brasil, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDB Lei Federal n 9.394), aprovada em 20 de dezembro de 1996, o poder pblico consolida sua atuao com o ensino fundamental, buscando balizar uma formao comum indispensvel para o exerccio da cidadania (BRASIL, 1997a, p. 14). Com esse intuito, foram publicados os Parmetros Curriculares Nacionais (PCN), com o objetivo de se tornarem referenciais de qualidade para a educao no Ensino Fundamental do Brasil, com funo de orientar e garantir a coerncia dos investimentos no sistema educacional, socializando discusses, pesquisas e recomendaes, subsidiando a participao de tcnicos e professores brasileiros, principalmente daqueles que se encontram mais isolados, com menor contato com a produo pedaggica atual (BRASIL, 1997a, p.13). O PCN de Lngua Portuguesa, por sua vez, aponta alguns objetivos bsicos sobre o ensino da lngua. Ao longo dos oito anos do ensino fundamental, espera-se que os alunos adquiram progressivamente uma competncia em relao linguagem que lhes possibilite resolver problemas da vida cotidiana, ter acesso aos bens culturais e alcanar a participao plena no mundo letrado. (BRASIL, 1997b, p. 33) E para que esses objetivos gerais sejam alcanados, o PCN orienta que o ensino de Lngua Portuguesa seja organizado de forma que a propiciar aos alunos: Expandir o uso da linguagem em instncias privadas e utiliz-la com eficcia em instncias pblicas, sabendo assumir a palavra e produzir textos tanto orais como escritos (...). Utilizar diferentes registros, inclusive os mais formais da variedade lingustica valorizada socialmente, sabendo adequ-los s circunstncias da situao comunicativa de que participam. Conhecer e respeitar as diferentes variedades lingusticas do portugus falado. Compreender os textos orais e escritos com os quais se defrontam em diferentes situaes de participao social, interpretando-os corretamente e inferindo as intenes de quem os produz; (...). valer-se da linguagem para melhorar a qualidade de suas relaes pessoais, sendo capazes de expressar seus sentimentos, experincias, ideias e opinies, bem como de acolher, interpretar e considerar os dos outros, contrapondo-os quando necessrio; (...) conhecer e analisar criticamente os usos da lngua como veculo de valores e preconceitos de classe, credo, gnero ou etnia. (BRASIL, 1997b, p. 33). Tendo em vista tais objetivos e orientaes, voc estudar sobre as habilidades de ouvir e falar e como elas podem contribuir para a realizao dos objetivos apontados pelo PCN.Produo e compreenso oral Como visto nas orientaes do PCN e nos temas anteriores, a funo da escola a de ensinar e cobrar o aprendizado da lngua padro e, neste caso, o estudo ser iniciado pela habilidade de ouvir. A escuta Muitos estudos buscam demonstrar como funciona o sistema auditivo quando utilizado para compreender e processar sons resultantes de uma linguagem. Segundo Lent (2001 apud GOMES, 2011, p. 104), o crebro humano: realiza uma identificao fonolgica (reconhece os sons lingusticos); identifica o lxico (ou seja, as palavras ditas); identifica a sintaxe (a estrutura e ordem utilizada na enunciao) e, por fim; identifica a semntica (dando significao ao que ouviu). Alis, alguns autores fazem distino entre ouvir, e escutar, em que ouvir seria estar consciente do que se est ouvindo, dar ateno ao que se ouve. Isso porque, no processo de compreenso auditiva, escutar seria prestar ateno e buscar interpretar o que est ouvindo, desenvolvendo mais adequadamente a habilidade auditiva da lngua. Contudo, independente da terminologia utilizada, importante notar que, alm da parte anatmica do ouvir, h fatores psicolgicos e sociais que interferem significativamente na comunicao oral, tais como: a rapidez do pensamento, a audio ser seletiva, os prejulgamentos e a influncia do ambiente, apontados por Gomes (2011, p. 106). Por isso, segundo a autora, preciso aprender a escutar, manter o foco na conversa, ter empatia para escutar quem est falando, buscar compreender, respeitar o turno de fala, evitar interrupes e desenvolver o sentimento de respeito pelas opinies alheias. Ao praticar a ateno e o respeito ao interlocutor, cria-se um ambiente propcio para o dilogo, para a negociao de sentido e para um bom resultado comunicativo (GOMES, 2011, p. 106). A fala Alm dos processos de aquisio e variao, j discutidos nos temas anteriores, existe tambm a atividade cerebral responsvel pela fala. Gomes (2011, p. 107) aponta que o homem utiliza a fala para exprimir o seu pensamento, e os mecanismos cerebrais necessrios passam por uma primeira fase de planejamento e depois por uma fase de formulao. Segundo o modelo de Levelt (1998 apud GOMES, 2011, p. 107), a construo de qualquer sentena enunciada segue: 1. Conceitualizao: planejamento do contedo da mensagem e busca por lxico. 2. Formulao: estruturao das sentenas, segundo as regras da lngua, e busca por informaes fonolgicas. 3. Articulao: acionamento do aparelho fonador para pronunciar a sentena. Essa explicao, no entanto, atende somente o aspecto fsico da fala e desconsidera questes de personalidade, emoes, culturais e fatores da prosdia. Algumas dessas so apontadas por Gomes (2011, p. 109): ritmo de fala; altura, tom de voz e entonao vocal; segurana; adequao ao interlocutor e ao contexto e; linguagem corporal. Com tais apontamentos, possvel concluir que falar corretamente no diz repeito somente ao conhecimento das regras da norma padro. Escutar e falar, tornando-se um sujeito ativo e inserido nas prticas sociais, tal qual apresentado nos objetivos do PCN, exige do falante reconhecer as inmeras variveis presentes no momento da enunciao e saber como modelar seu discurso e se adequar ao contexto em que est presente.Questo 1: Busque lembrar quais foram, durante seu perodo de escolarizao, as estratgias utilizadas por seus professores para aprender a utilizar a linguagem oral. Voc teve esse tipo de aprendizado? Se teve, como voc percebe as estratgias utilizadas? Voc concorda com elas ou mudaria algumas delas? Questo 2: Os parmetros curriculares nacionais apontam que: a) Os alunos devem aprender, fundamentalmente, as regras gramaticais da Lngua Portuguesa. b) Os alunos devem adquirir uma competncia em linguagem que lhes permita passar nos vestibulares e concursos pblicos. c) Os alunos devem adquirir uma competncia em linguagem que lhes permita acesso aos bens culturais e participar do mundo letrado. d) Os alunos devem aprender, fundamentalmente, o uso comunicacional da lngua, sem se ater s regras da Lngua Portuguesa

Questo 3: Segundo o PCN de Lngua Portuguesa, os professores devem propiciar aos aluno as seguintes situaes, exceto: a) Utilizar diferentes registros, inclusive os mais formais da variedade lingustica valorizada socialmente, sabendo adequ-los s circunstncias da situao comunicativa de que participam. b) Manter o uso da linguagem aprendida em instncias privadas e utiliz-la sem alteraes em instncias pblicas. c) Conhecer e respeitar as diferentes variedades lingusticas do portugus falado. d) Compreender os textos orais e escritos com os quais se defrontam em diferentes situaes de participao social, interpretando-os corretamente e inferindo as intenes de quem os produz; (...). e) Conhecer e analisar criticamente os usos da lngua como veculo de valores e preconceitos de classe, credo, gnero ou etnia. Questo 4: Segundo Gomes (2011), h fatores que interferem significativamente na escuta de uma comunicao oral. Alguns exemplos so: ( ) a aparncia sonora da fala. ( ) a rapidez do pensamento. ( ) a faixa etria do enunciador. ( ) a audio ser seletiva. ( ) os prejulgamentos e a influncia do ambiente. A sequncia correta de frases verdadeiras ou falsas : a) V, V, F, V, V. b) F, F, V, V, V. c) V, F, V, F, V. d) F, V, F, V, F. e) F, V, F, V, V. Questo 5: Gomes (2011) diz que, alm do aspecto fsico da fala, as questes de personalidade, emocionais e culturais devem ser consideradas, tais como: a) Ritmo de fala; altura, tom de voz e entonao vocal; segurana; adequao ao interlocutor e ao contexto e; linguagem corporal. b) Ritmo de fala; altura, tom de voz e entonao vocal; segurana; correo do sotaque utilizado e; linguagem corporal. c) Ritmo de fala; altura, tom de voz e entonao vocal; segurana; uso permanente da norma padro e; linguagem corporal. d) Ritmo de fala; altura, tom de voz e entonao vocal; segurana; ateno irrestrita a forma de articular as palavras e; linguagem corporal. Questo 6: Pesquise por planos de aula prontos que trabalhem com produo oral na formao de alunos do ensino fundamental. De que forma esses planos dialogam com as diretrizes do PCN de Lngua Portuguesa? Se voc pudesse propor alteraes nesse plano, o que proporia? Questo 7: Pense em trs situaes cuja audio seletiva, ou seja, a prtica de ouvir o que mais relevante para cada um, tenha prejudicado a compreenso do dilogo. Reflita sobre os principais motivos que levam o ouvinte a se desligar do que no interessante na comunicao e como ele pode evitar que isso acontea em momentos errados. Questo 8: Na prtica da escuta, um dos fatores que atrapalha a compreenso da comunicao oral o prejulgamento, ou seja, a interpretao do que se ouve de acordo com a viso de mundo que se possui. Que tipo de atividade voc poderia criar para estimular seus alunos a escutarem com maior tolerncia e evitar prejulgamentos? Questo 9: Faa uma pesquisa sobre tcnicas de falar em grupo. Elenque ao menos cinco tcnicas que dizem respeito, especificamente, s caractersticas da fala que podem afetar a eficcia da comunicao. Questo 10: Elabore uma atividade que poderia ser aplicada a alunos do ensino fundamental cujo objetivo seja adequar sua fala a diferentes contextos e interlocutores. GABARITOQuesto 1 Resposta: Essa uma questo de reflexo pessoal e no h respostas corretas. Espera-se somente que o aluno faa questionamentos acerca de qual foi o paradigma que conduziu seus professores durante sua escolarizao e como ele percebe esses paradigmas hoje. Questo 2 Resposta: Alternativa C. diretriz dos parmetros curriculares nacionais que os alunos devam adquirir uma competncia em linguagem que lhes permita acesso aos bens culturais e participar do mundo letrado. Questo 3 Resposta: Alternativa B. Segundo PCN de lngua portuguesa, o propsito da linguagem aprendida na norma culta o de utiliz-la em instncias pblicas. Questo 4 Resposta: Alternativa E. A rapidez do pensamento, a audio ser seletiva e os prejulgamentos e a influncia do ambiente podem interferir significativamente na escuta de uma comunicao oral. Questo 5 Resposta: Alternativa A. Questes de personalidade, emocionais e culturais devem ser consideradas, tais como ritmo de fala; altura, tom de voz e entonao vocal; segurana; adequao ao interlocutor e ao contexto e; linguagem corporal. Questo 6 Resposta: Espera-se nessa proposta de pesquisa, que o aluno reflita sobre a prtica docente realizada por outros profissionais, sua adequao aos Parmetros Curriculares Nacionais e, o que j aprendeu at o momento sobre a lngua portuguesa e o ensino de produo oral. Questo 7 Resposta: Espera-se uma reflexo do aluno acerca da valorizao do que ouvinte d a determinados assuntos e em comunicaes cujo contexto permita disperso. Alm disso, espera-se a sugesto de prticas e estratgias para se manter o foco e a ateno no interlocutor como soluo em situaes cuja comunicao no seja tolerante a tal seleo. Questo 8 Resposta: Espera-se uma proposta do aluno, com base em reflexes e pesquisa, de como trabalhar a questo do prejulgamento lingustico em comunicaes orais. Questo 9 Resposta: Espera-se que o aluno encontre sugestes para ajustar adequadamente o ritmo de fala; a altura, o tom de voz e sua entonao vocal; a segurana; a adequao ao interlocutor e ao contexto e; a linguagem corporal durante sua apresentao. Questo 10 Resposta: Espera-se nessa atividade que o aluno proponha uma atividade na qual ele determine um tema a ser abordado e o apresente tendo por interlocutores pessoais de diferentes variedades lingusticas ou com diferentes graus de formalidade.

Tema 07 Compreenso e produo Escrita: a habilidade de lerHabilidades Ao final, voc dever ser capaz de responder as seguintes questes: Quais e como so os modelos de leitura? Quais as influncias que interferem no desenvolvimento do leitor? Como se d a interao entre leitor e texto?

LEITURAOBRIGATRIACompreenso e produo Escrita: a habilidade de ler No tema anterior, voc pde ver as orientaes sobre o ensino de Lngua Portuguesa segundo os Parmetros Curriculares Nacionais, bem como os aspectos da modalidade oral, com a habilidade de escuta e fala. Continuando os estudos sobre as habilidades da lngua, voc ver a partir de agora sobre a escrita, principal objetivo das sries iniciais do ensino fundamental e, mais especificamente no presente tema, com a habilidade da leitura. Diferente da oralidade, aprendida pelas crianas no contato com falantes da lngua naturalmente, a escrita depende de um esforo social para ser aprendida, o que acontece, via de regra, por meio do ensino escolar. Tal diferena se encontra em diversos as aspectos e, segundo Lent (2001 apud GOMES, 2011), a linguagem escrita difere fundamentalmente da fala porque carece de uma dinmica temporal que essencial na segunda. Para entender essa diferena, basta fazer um teste: tente consultar um dicionrio ou qualquer outra fonte de informao no meio de um dilogo. A conversa provavelmente se dispersar, mudar de sentido ou voc poder perder algum trecho do que est sendo dito, diferente da leitura de um livro, prtica que permite interrupes e releitura. Leitura H diversas metodologias para se alfabetizar uma criana em sua fase inicial. Uma maneira simplista de compreender os dois principais paradigmas que servem de base para a maioria das metodologias classific-los em: mtodos sintticos (que buscam ensinar as partes letras e slabas para depois partir para o todo) e mtodos analticos (partir do todo para chegar s partes que a compe). No entanto, o que interessa a voc nesse momento saber que a leitura proficiente no reconhece letra por letra ou slaba por slaba de uma palavra, mas faz um reconhecimento de blocos (chuncks), ou seja, palavras e seguimentos inteiros de uma frase. Voc um leitor proficiente e duvida disso? Preste ateno a sua leitura e veja voc mesmo que, nesta frase de palavras simples, voc provavelmente no precisou analisar nenhuma palavra lentamente. Talvez voc precise recorrer a uma leitura mais lenta, silbica por vezes, somente em casos que apaream palavras estrambticas, estapafrdias ou de uso infrequente, como quando voc precisa ler em voz alta que algumas possveis tradues de shopaholic (pessoa viciada em compras) so: onemano, onemanaco, onomanaco ou onmano. Alguns autores, como cita Gomes (2011, p. 112), apontam a existncia de um lxico visual, que seriam uma representao visual da palavra escrita que vai sendo armazenada numa espcie de dicionrio mental. Dessa forma, a prtica da leitura aumentaria o dicionrio e, consequentemente, a velocidade da leitura. Mas, no que tange a decodificao da linguagem escrita, Gomes (2011, p. 113) apresenta trs modelos bsicos que tentam explicar como acontece o processamento da leitura em diferentes proficincias ou com diferentes necessidades. Modelos de leitura O que ocorre Impactos

Modelo ascendente (Bottom-up) Leitura das letras, palavras e depois sentenas. A compreenso se faz por anlise e sntese de cada parte para chegar ao todo. Leitor usa pouca deduo e inferncia. Leitura lenta e pouco fluente.

Modelo descendente (Top-down) Leitura com base nos conhecimentos lingusticos e extralingusticos. Leitor interfere com seu conhecimento de mundo. Leitor dialoga com texto. Leitura mais fluente, veloz, focada nas ideias principais do texto. Pode levar a uma m interpretao se feita de maneira negligente.

Modelo Interativo Os dois modelos anteriores so alternados, de acordo com a situao da leitura, para sua melhor realizao. Melhor leitura e compreenso do texto.

O leitor Como foi aprender a ler e o que essa prtica significa para voc? Saiba que o desenvolvimento e a prtica da leitura dependem muito de como se deu a relao entre o leitor e o texto escrito em sua vida. Gomes (2011, p. 114-115), com base em diversos autores, mostra que algumas das principais influncias no engajamento dos leitores so: a famlia, por criar um ambiente que demonstra o valor e o prazer pela leitura; a comunidade, quando seus membros so leitores e as experincias forem diversas e significativas; a escola, como ambiente decisivo por fornecer o aprendizado da leitura; a cultura, por incorporar os fatores j citados e por influenciar toda a vida do sujeito; as caractersticas individuais, como personalidade, motivao e atitudes. Essas influncias tambm interferem na construo dos esquemas, ou seja, informaes prvias, crenas e hbitos que o leitor possui sobre qualquer assunto (histria, cultura, poltica, msica, geografia), alm do prprio histrico de leituras j realizadas e que auxiliam a compreenso da leitura realizada. Outra influncia relevante na compreenso da leitura o reconhecimento do gnero do texto, que ver logo a seguir. O texto A maioria das pessoas pensa em livros, jornais e revistas quando se fala de leitura. O que diariamente so lidos, entretanto, uma mirade de textos: manuais, bulas de remdio, cartazes, placas, embalagens, bilhetes, receitas, endereos, catlogos e tantos outros mais, presentes em Gomes (2011, p. 116). Para quem nunca pensou no assunto, essas diferenas podem parecer, a primeira vista, quase irrelevantes. Contudo, as caractersticas de um gnero de escrita (tais como: contedo, organizao da informao, estrutura gramatical, vocabulrio e diagramao, por exemplo) interferem em sua leitura e, por sua vez, na compreenso que o leitor venha a ter. Os gneros textuais so, de certa forma, modelos criados nas atividades sociais e adaptados de acordo com as situaes histricas em que a ao comunicativa acontece. Assim, voc consegue reconhecer um texto de e-mail, uma conversa de chat, uma conversa com um parceiro de negcios, uma discusso com seus familiares, uma receita de sobremesa ou o cardpio do restaurante. LEITURAOBRIGATRIAInterao leitor / texto Todos os fatores apresentados at aqui, neste tema, podem interferir na compreenso, mas a interao entre o leitor e o texto, como apontam Aebersold; Field (1997 apud GOMES, 2011, p. 118-120), podem fazer com que um mesmo texto tenha diferentes interpretaes por diferentes leitores. Algumas dessas formas de interao seriam: Entre o propsito e a maneira de ler: ou seja, o objetivo da leitura. Por exemplo: dar uma olhada rpida, fazer leitura atenta para estudar, consultar informaes, entre outros. Por meio de Estratgias de leitura: estratgias desenvolvidas ou aprendidas durante as prticas de leitura. Por exemplo: reconhecer rapidamente as palavras, identificar as principais ideias do texto, tolerar ambiguidades temporariamente, manter propsito da leitura, utilizar modelos ascendentes e descendentes de leitura. Por meio de esquemas: uso dos conhecimentos prvios na leitura. Por exemplo: esquemas de contedo (conhecimento do tema), esquema formal (conhecimento da organizao textual), esquema lingustico (conhecimento da lngua e de sua estrutura discursiva).

Com esse pequeno panorama sobre o processo de leitura textual, voc j deve ter percebido o quanto importante a prtica da leitura na formao de um leitor competente. No prximo tema, voc poder ver o processo de escrita e da produo textual.AGORAASUAVEZ

Questo 1: Ao fazer um retrospecto em sua formao, quais foram as maiores influncias que voc teve durante seu aprendizado de leitura? Que resultados isso ainda traz para sua prtica cotidiana? Questo 2: Sobre a habilidade de ler, correto afirmar que: a) A leitura de um leitor proficiente ocorre letra por letra, que as une habilmente e de maneira muito rpida em slabas, palavras e frases, sucessivamente, para decodificar o sentido do que est lendo. b) O leitor sempre depreende o que est no texto de maneira objetiva e sem interferncias extratextuais. c) A leitura de um leitor proficiente se d em blocos de palavras e seguimentos inteiros de uma frase e essa capacidade aumenta com a prtica da leitura. d) O leitor proficiente compreende sua leitura a partir da anlise e sntese de cada parte do texto, utilizando um modelo de leitura ascendente. Questo 3: Sobre as afirmaes: ( ) Leitura mais fluente, focada nas ideias principais na leitura e dialogando com o texto. Realiza-se utilizando conhecimentos lingusticos e extralingusticos, bem como todo o seu conhecimento cultural e de mundo. Leitor dialoga com o texto. Pode levar a ms interpretaes se feita de maneira negligente. ( ) Leitura geralmente lenta e pouco fluente, realizada decodificando primeiro as letras, depois as palavras e por fim as sentenas. A compreenso se faz por anlise e sntese de cada parte para chegar ao todo. ( ) Leitura fluente que busca a melhor forma de compreenso do texto, a partir de uma mistura de tcnicas de leitura, utilizando os melhores recursos de cada modelo. Essas correspondem, respectivamente, aos modelos de leitura: a) Ascendente (Bottom-up), Descendente (Top-down) e Interativo. b) Interativo, Ascendente (Bottom-up) e Descendente (Top-down). c) Descendente (Top-down), Interativo e Ascendente (Bottom-up). d) Descendente (Top-down), Ascendente (Bottom-up) e Interativo. Questo 4: Sobre os gneros textuais, podemos afirmar que: a) So classificados como: narrao, a descrio, a dissertao ou exposio, a informao e a injuno. b) So modelos criados nas atividades sociais e adaptados de acordo com as situaes histricas em que a ao comunicativa acontece. c) Possuem caractersticas especficas a cada contexto, tais como vocabulrio, estrutura gramatical e diagramao, por exemplo. d) So exemplos de gneros textuais: e-mail, conversa de chat, uma receita de sobremesa. e) Seu reconhecimento auxilia na prtica da leitura, por oferecer subsdios pautados nos conhecimentos prvios do leitor. Questo 5: Segundo Gomes (2011), estratgias como: definir o objetivo da leitura, identificar as principais ideias do texto, tolerar ambiguidades temporariamente, manter propsito da leitura e usar os conhecimentos prvios na leitura, so:a) Formas de interao entre leitor e texto. b) Formas de aprendizagem de leitura. c) Formas de se reconhecer os chuncks. d) Formas de influenciar o gosto pela leitura em aula. Questo 6: Procure um texto tcnico de uma rea que no pertence e tente ler seu contedo o mais rpido possvel. Em seguida, leia lentamente, buscando compreender cada trecho. Como foram as leituras? Quais mtodos voc usou para compreender o que estava lendo. Questo 7: Defina um dia normal de sua semana para essa experincia. Durante todo o dia, voc ir prestar em todos os textos que leu. A quais gneros voc acredita que eles pertencem? Escolha dois que julgue mais diferentes entre eles e aponte, ao menos, 3 itens que os diferencia. Questo 8: Decida por um gnero textual com caractersticas que julga estarem claras para voc (receita de bolo, manual tcnico, carta comercial). Agora produza, buscando seguir ao mximo a estrutura e forma desse gnero, um texto de gnero que considere totalmente diferente (uma receita de bolo escrita no formato de carta comercial, por exemplo). Foi fcil produzir o texto? Como acredita que as pessoas compreenderiam sua produo, se as mandasse ler? Por quais motivos isso poderia acontecer? Questo 9: Escolha um texto terico de sua rea de atuao e realize uma breve leitura, com o objetivo de compreender ao mximo o que o texto diz. Quais estratgias voc utilizou durante a leitura? Quo eficiente julga ter sido sua leitura e por qual motivo? Questo 10: Escolha um amigo e proponha o seguinte desafio: conversar durante 10 minutos sobre um assunto que ambos conhecem, mas organizando suas falas dentro dos moldes da lngua escrita (evitando repetir a mesma palavra vrias vezes, fazendo pausas da fala, organizando as ideias por meio de conectores e preposies). Qual foi o resultado da conversa? GABARITOQuesto 1 Resposta: Espera-se uma resposta subjetiva, de autorreflexo, com o objetivo de tornar conscientes os processos pelos quais o aluno passou, quais impactos isso trouxe a sua vida e o ajude a reconhecer em sua prtica profissional as boas e ms influncias que poder exercer sobre seus alunos. Questo 2 Resposta: Alternativa C. Um leitor proficiente l por meio de chuncks, ou seja, blocos de palavras, ou seguimentos inteiros de uma frase, e sua capacidade de leitura aumenta com a prtica. Questo 3 Resposta: Alternativa D. As afirmaes correspondem, respectivamente, aos modelos Descendente (Top-down), Ascendente (Bottom-up) e Interativo. Questo 4 Resposta: Alternativa A. Os itens elencados nessa opo referem-se s tipologias textuais e no aos gneros textuais. Questo 5 Resposta: Alternativa A. Algumas das formas de interao entre leitor e texto so: Entre o propsito e a maneira de ler, por meio de Estratgias de leitura e por meio de esquemas. Questo 6 Resposta: Essa questo tem por objetivo demonstrar para o aluno, de maneira prtica, os mtodos de leitura ascendente e descendente e espera uma reflexo sobre esses mtodos em sua prtica.Questo 7 Resposta: Essa proposta de pesquisa espera do aluno o reconhecimento de diferentes gneros textuais e a reflexo sobre algumas de suas caractersticas sociolingusticas. Questo 8 Resposta: Essa atividade tem por objetivo oferecer ao aluno uma oportunidade de pesquisar e aprofundar seus conhecimentos sobre gnero textual e como suas marcas so definidas. Questo 9 Resposta: Obter do aluno uma reflexo pragmtica sobre as estratgias de leitura. Questo 10 Resposta: Espera-se, nessa atividade, que o aluno reflita sobre as diferenas entre linguagem escrita e falada e perceba a influncia do gnero e do contexto na leitura.

Tema 08 Compreenso e produo Escrita: a habilidade de escreverEscrever , provavelmente, uma das habilidades mais complexas que voc viu nos temas que foram trabalhados at agora, ao ativar memria, raciocnio, agilidade mental, habilidades motoras e vrios outros fatores que poder ver a seguir. A escrita uma prtica social e, como tal, exige que o escritor se relacione com o assunto e tenha muitos cuidados alm de se preocupar com o leitor. Para escrever, necessrio tomar diversas decises: em que ordem voc vai expor suas ideias? Quais palavras voc ir