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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM MATEMÁTICA - LICENCIATURA MATEMÁTICA E ILUSÃO DE ÓPTICA: CONSTRUÇÕES COM O GEOGEBRA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Marlei Tais Dickel Santa Maria, RS, Brasil 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM MATEMÁTICA - LICENCIATURA

MATEMÁTICA E ILUSÃO DE ÓPTICA:

CONSTRUÇÕES COM O GEOGEBRA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Marlei Tais Dickel

Santa Maria, RS, Brasil

2015

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Marlei Tais Marlei Tais Dickel

MATEMÁTICA E ILUSÃO DE ÓPTICA: CONSTRUÇÕES COM O GEOGEBRA

Dickel

Trabalho de Conclusão de curso apresentado ao

Curso de Graduação em Matemática -

Licenciatura, da Universidade Federal de Santa

Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para

obtenção do grau de Licenciada em Matemática.

Orientadora: Profª Drª Inês Farias Ferreira

Santa Maria, RS, Brasil

2015

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Marlei Tais Dickel

MATEMÁTICA E ILUSÃO DE ÓPTICA: CONSTRUÇÕES COM O GEOGEBRA

Trabalho de Conclusão de curso apresentado ao

Curso de Graduação em Matemática -

Licenciatura, da Universidade Federal de Santa

Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para

obtenção do grau de Licenciada em Matemática.

Aprovada em 02 de dezembro de 2015:

Inês Farias Ferreira, Drª (UFSM)

(Presidente/Orientadora)

Leandra Anversa Fioreze, Drª (UFRGS)

Rita de Cássia Pistóia Mariani, Drª (UFSM)

Sandra Eliza Vielmo, Drª (UFSM)

Santa Maria, 02 de dezembro de 2015.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me concedido a oportunidade de realizar o Curso, me amparado

espiritualmente, me guiando nos momentos de dúvidas e incertezas.

A minha família pelo apoio e incentivo durante o curso.

À minha orientadora, professora Inês Farias Ferreira, pela dedicação e contribuição com

seus conhecimentos e sugestões. Também, por me transmitir segurança e apontar caminhos nos

momentos de incertezas e tomadas de decisões. Obrigada por tudo!

Aos professores do Curso de Graduação em Matemática – Licenciatura - UFSM, que

contribuíram direta ou indiretamente com o desenvolvimento desta pesquisa.

Aos professores da banca examinadora que aceitaram o convite e colaboraram com

sugestões acerca da pesquisa.

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RESUMO

MATEMÁTICA E ILUSÃO DE ÓPTICA: CONSTRUÇÕES COM O

GEOGEBRA

AUTORA: MARLEI TAIS DICKEL

ORIENTADORA: PROFª DRª INÊS FARIAS FERREIRA

Este trabalho está embasado em uma pesquisa aplicada e tem como proposta realizar uma

abordagem que alia matemática e arte através do uso de um recurso computacional, no caso, o software

GeoGebra. O contexto da arte escolhido foi obras de arte inseridas na op art e de imagens que abordam

a ilusão de óptica. A partir da escolha de obras de arte e de imagens de ilusão de óptica foram elaboradas

réplicas no software. Inicialmente, para cada uma, realizou-se uma análise preliminar que possibilitou

serem identificados alguns conteúdos matemáticos que poderiam ser explorados a partir da análise visual

das mesmas. No entanto, ao se fazer uso do GeoGebra para a elaboração das réplicas, diversos conteúdos

e possibilidades de análise emergiram. As réplicas elaboradas foram constituídas fazendo-se uso do

caráter dinâmico, manipulável que o recurso tecnológico possibilita. Através deste trabalho de pesquisa

foi possível relacionar diferentes conteúdos matemáticos, tanto do Ensino Fundamental como do Médio

através do tema escolhido. Sendo que, o uso do software de matemática dinâmica permitiu a articulação

entre diversos conteúdos que, sem o seu uso, não seriam contemplados. Experiências desse tipo

contribuem no desenvolvimento profissional do futuro professor, pois possibilitam ampliar em sua

formação aspectos relacionados ao uso de ferramentas tecnológicas em sua prática docente.

Palavras-chave: Matemática. Arte. Ilusão de óptica. Recursos Tecnológicos. GeoGebra.

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ABSTRACT

MATHEMATICS AND OPTICAL ILLUSION OF: BUILDINGS WITH

GEOGEBRA

AUTHOR: MARLEI TAIS DICKEL

ADVISER: PROFª DRª INÊS FARIAS FERREIRA

This work is grounded into an applied research and it aims conducting an approach that

combines mathematics and art using a computational resource, in this case, GeoGebra software.

The context of art chosen was artworks inserted in op art and images that address the optical

illusion. From the choice of art and optical illusion pictures works, replicas were prepared in

the software. Initially, for each one, it was carried out a preliminary analysis where became

possible to identify some mathematical contents that could be explored from the visual analysis

of them. However, to make use of GeoGebra for the preparation of replicas, various contents

and analysis possibilities emerged. The elaborate replicas were set up making use of the

dynamic, manageable character that the technological resource allows. Through this research

work, it was possible to relate different mathematical content, from Elementary to Middle

School through the chosen theme. In addition, the use of dynamic mathematics software

allowed the articulation between various contents that without its use it would not be covered.

Such experiences contribute in the professional development of future teachers, because they

expand their training in aspects related to the use of technological tools in their teaching

practice.

Keywords: Mathematics. Art. Optical Illusion. Technological Resources. GeoGebra.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Obras de arte: (a) "Zebra", 1938; (b) “Britannia”, 1961. .......................................... 14

Figura 2: Obras de arte: (a) "Concreção 9678”, 1997; (b) “G173”, 1974. ............................... 14

Figura 3: Imagens de ilusão de óptica: (a) A moça e a velha; (b) Completamento visual do

cubo. ......................................................................................................................................... 15

Figura 4: Tela inicial do software GeoGebra. .......................................................................... 19

Figura 5: Imagens: (a) obra de arte de Lothar Charoux, 1971; (b), ilusão de óptica envolvendo

retas. .......................................................................................................................................... 20

Figura 6: Imagens de obra de arte: (a) Artista brasileiro Rubem Valentin, 1952; (b) do artista

holandês Piet Mondrian, 1913 e de uma tapeçaria do Azerbaijão, séc. XIX. .......................... 21

Figura 7: Imagens de obra de arte: Paul Klee, 1934 e da brasileira Tarsila do Amaral, 1924. 21

Figura 8: Imagem de ilusão de óptica de Ebbinghaus. ............................................................. 23

Figura 11: Identificação de circunferências concêntricas e também de circunferências

tangentes entre si. ..................................................................................................................... 27

Figura 12: Primeira verificação do questionamento inicial da ilusão de óptica. ...................... 28

Figura 13: Segunda verificação do questionamento inicial da ilusão de óptica. ...................... 28

Figura 14: Sequência de circunferências construídas ao redor da circunferência. ................... 30

Figura 15: Obra de arte de Luiz Sacilotto, “Concreção 9216”, 1992. ...................................... 31

Figura 16: Réplica da obra “Concreção 9216”. ........................................................................ 33

Figura 17: Fachada de um café em Bristol, Inglaterra. ............................................................ 35

Figura 18: Imagem de Ilusão de óptica, denominada “Cafe wall”. .......................................... 35

Figura 19: Retas paralelas e perpendiculares. .......................................................................... 38

Figura 20: Sequências de quadrados. ....................................................................................... 38

Figura 21: Observação na construção: (a) com deslocamento igual 0 ou 1; (b) com

deslocamento igual a 0,5. ......................................................................................................... 39

Figura 22: Obra de arte de Victor Vasarely, “Vonal Stri”, 1975.............................................. 41

Figura 24: Funções aproximadas modeladas através do GeoGebra. ........................................ 44

Figura 25: Sequência de pontos definidos sobre as funções modeladas. ................................. 45

Figura 26: Réplica da obra de arte “Vonal Stri”. ...................................................................... 45

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 9

2. OBJETIVOS .................................................................................................. 11

Objetivo Geral ..................................................................................................................... 11

Objetivos Específicos .......................................................................................................... 11

3. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................ 12

3.1 Educação Matemática e a Arte .................................................................................... 12

3.2 Arte Óptica (Op Art) ..................................................................................................... 13

3.3 Ilusão de óptica .............................................................................................................. 15

3.3.1 Percepção ............................................................................................................................................. 16

3.4 Recursos Computacionais na Educação Matemática ................................................ 17

3.4.1 Software GeoGebra como uma Ferramenta Didática ........................................................................... 18

4. METODOLOGIA ......................................................................................... 20

4.1 Descrição da construção das imagens de ilusão de óptica e obras de arte .............. 22

4.1.1 Imagem de ilusão de óptica: Ilusão de Ebbinghaus ............................................................................. 22 4.1.2 Obra de arte de Luiz Sacilotto: “Concreção 9216” .............................................................................. 30 4.1.2 Imagem de ilusão de óptica: Cafe Wall ............................................................................................... 34 4.1.3 Obra de arte de Victor Vasarely: “Vonal Stri” .................................................................................... 40

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 47

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 48

APÊNDICE: Protocolo de construção no GeoGebra dos principais arquivos

das réplicas ......................................................................................................... 51

1 – “Ilusão de Ebbinghaus” .......................................................................................................................... 51 2 – “Concreção 9216” ................................................................................................................................... 52 3 – “Cafe Wall” ............................................................................................................................................ 54 4 – “Vonal Stri” ............................................................................................................................................ 55

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1. INTRODUÇÃO

No decorrer da história, a matemática sempre caminhou ao lado da arte, estando

relacionadas pela criatividade, beleza e o dinamismo. Essa união se apresenta de tal forma que,

muitas vezes, estão implícitos conceitos matemáticos nas experiências artísticas, ou vice e

versa. Por exemplo, na arquitetura, isso pode ser observado em monumentos como o museu do

Louvre (Paris-França), o palácio de Alhambra (Granada – Espanha), onde formas geométricas

no plano e no espaço são identificadas naturalmente. Sendo que, para construí-las foram

necessários além da geometria, conhecimentos da álgebra, do cálculo diferencial e integral,

entre outros. Da mesma forma, em obras de arte, nos mais variados estilos e tipos como,

esculturas, pinturas em telas, grafismos podem ser explorados diversos conceitos e

procedimentos matemáticos.

Por outro lado, a Educação Matemática vem passando por profundas transformações,

nas quais os professores devem estar preparados para propor e desenvolver novas práticas de

ensino e aprendizagem em sala de aula (FAINGUELERNT, K; NUNES, K, 2009). Diante dessa

perspectiva, o perfil do professor passa a ser, essencialmente, de um mediador no processo de

aprendizagem, auxiliando o aluno na busca do novo. Para isso, há a necessidade de o mesmo

possuir uma formação mais ampla, que vai além do domínio do conteúdo matemático a ser

ensinado. Este aspecto é condição imprescindível, no entanto, não suficiente. Para que, em sua

prática, o professor possa exercer um papel de mediação entre os alunos e o conhecimento a ser

adquirido por estes, é primordial ter no seu desenvolvimento profissional diferentes

experiências que possam subsidiar seu trabalho. Neste contexto, é indispensável então dar ao

ensino de matemática uma dimensão mais dinâmica, rompendo com o mecanismo de

memorização e reprodução de conteúdos, no qual está tradicionalmente vinculado. Buscando-

se assim, se desenvolver em sala aula práticas que possam tornar esta área do conhecimento

mais significativa ao aluno, contribuindo para uma melhor aprendizagem destes. Em termos de

ferramentas didáticas, têm-se que os avanços tecnológicos das últimas décadas proporcionaram

o desenvolvimento de inúmeros recursos computacionais que podem também contribuir como

recursos importantes no processo de ensino e aprendizagem de matemática.

Sob estas perspectivas, são inúmeros os caminhos e histórias que levaram a autora a

desenvolver este trabalho de pesquisa, que constitui seu trabalho de conclusão de curso. Cabe

ressaltar que, partiram, principalmente, de sua participação em projetos de extensão e pesquisa

relacionados com o uso de softwares no ensino de matemática. Sendo que, no último tem

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desenvolvido estudos e pesquisa envolvendo a arte e a matemática, tendo o GeoGebra como

ferramenta computacional.

Portanto, a presente pesquisa apresenta uma proposta em que se procurou aliar

tendências na área de Educação Matemática, tendo como tema a arte e, como recurso didático,

o software GeoGebra a fim de serem discutidos alguns conceitos matemáticos. Para delimitar

o tema, o contexto da arte escolhido foi o da elaboração de réplicas de obras de arte inseridas

no movimento op art, bem como de imagens ligadas a ilusão de óptica.

Assim, procurou-se responder, no percurso da pesquisa, a seguinte questão: “Como e

quais conceitos matemáticos podem ser explorados a partir da utilização do GeoGebra na

reprodução de réplicas de algumas obras de arte e imagens vinculadas a ilusão de óptica?”

Inicialmente, os primeiros aspectos motivadores deste trabalho de pesquisa estão

relacionados a constatação, a partir de uma pesquisa, feita em diversos livros didáticos do

Ensino Fundamental e Médio, onde pode-se observar diversas imagens e obras de arte

envolvendo a ilusão de óptica, interligadas com o respectivo conteúdo matemático da respectiva

unidade. Estas imagens aparecem nestes livros, tanto no início de unidades, como motivadores

para a discussão de um novo conceito matemático; quanto em atividades propostas, assim

como, em seções contendo materiais complementares.

Ao se realizar uma análise investigativa mais detalhada em obras e imagens de ilusão

de óptica, são perceptíveis alguns conceitos matemáticos emergentes, citam-se: figuras planas,

transformações geométricas de figuras planas: isometrias e homotetias, sequências numéricas,

relações trigonométricas, funções, entre outros. Além disso, acredita-se que, ao se aliar o uso

do software GeoGebra a esta análise, pode-se observar melhor algumas características e

propriedades de alguns objetos através de potencialidades do recurso computacional.

Explorando-se dessa forma, alguns comandos que fazem também emergir conceitos ocultos que

acabam sendo identificados no desenvolvimento da réplica.

Como consequência deste trabalho, espera-se discutir alguns conceitos matemáticos

envolvendo os objetos inseridos nas imagens, interligando-os de uma forma dinâmica com as

artes.

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2. OBJETIVOS

Objetivo Geral

Investigar através da elaboração de algumas réplicas de imagens e obras de ilusão de óptica

utilizando-se o software GeoGebra, quais os conteúdos matemáticos que podem emergir.

Objetivos Específicos

Identificar conteúdos matemáticos nas construções de réplicas de imagens e obras de ilusão

de óptica, através da análise detalhada da imagem original das mesmas.

Retomar os conteúdos matemáticos que emergem a partir da elaboração das réplicas no

software GeoGebra.

Construir réplicas das imagens e obras de arte selecionadas fazendo-se uso de diversos

comandos, ferramentas e recursos disponíveis no software GeoGebra.

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3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Educação Matemática e a Arte

A arte está presente na matemática e a matemática está presente na arte, pois ambas se

encontram unidas nos mais variados meios e expressões. Como exemplos de interligação entre

as mesmas, apresentam-se inúmeros aspectos abordados na arquitetura, nas formas geométricas

encontradas na natureza, na constituição de músicas utilizando-se os mais variados

instrumentos, na visualização de obras de arte, desenhos, entre outros. Entretanto, normalmente

na sala de aula há uma fragmentação de conteúdos e conceitos que poderiam ser relacionados,

separando uma disciplina da outra. Dessa forma dificultando que o aluno possa perceber as

relações existentes entre estas áreas do conhecimento. Isso é corroborado nos documentos

oficiais criados para orientar professores em novas práticas e metodologias. Estes documentos

denominados Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (BRASIL, 1998) na área de

matemática, afirmam que:

O tratamento dos conteúdos em compartimentos estanques e numa rígida sucessão

linear deve dar lugar a uma abordagem em que as conexões sejam favorecidas e

destacadas. O significado da Matemática para o aluno resulta das conexões que ele

estabelece entre ela e as demais áreas. (BRASIL, 1998, p.57).

Desta forma é perceptível que, quando o aluno faz conexões tanto com o cotidiano

quanto com as demais disciplinas ele se torna mais investigador e interessado, favorecendo

assim a sua formação integral, corroborando tanto em termos pessoais, como acadêmicos.

Além da área da matemática, também, na área de Artes os PCN indicam que:

[...] O aluno que conhece arte pode estabelecer relações mais amplas quando estuda

um determinado período histórico. Um aluno que exercita continuamente sua

imaginação estará́ mais habilitado a construir um texto, a desenvolver estratégias

pessoais para desenvolver um problema matemático. (BRASIL, 1997, p.19).

Dessa forma, acredita-se em uma abordagem de ensino que possa ser baseada, em alguns

momentos, em uma aprendizagem contextualizada, onde surgem possibilidades de utilização

de diversos recursos, aliando-se resultados e mesclando práticas para a aprendizagem de novos

conceitos. Nesta perspectiva, este trabalho se propõe em abordar aspectos da arte, mais

especificamente, da op art, relacionando-os com a matemática, pois, constatou-se que, ao serem

construídas réplicas de imagens e de obras de arte desse tipo, com o uso do software GeoGebra

foi possível realizar diversas conexões entre a arte e a matemática. Embora a proposta deste

trabalho não esteja constituída na elaboração de uma sequência de atividades que possam ser

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implementadas em uma prática de sala de aula, acredita-se que o mesmo possa servir como

subsídio para a constituição de atividades neste contexto. Sendo possível, através das mesmas

explorar o raciocínio lógico e crítico, a sensibilidade e a criatividade dos alunos.

Em particular, existe uma forte relação entre a geometria e a arte. Uma vez que os

primeiros contatos com a geometria foram através do desenho e das formas que estão

intimamente ligados a arte. Assim, percebe-se que, estas áreas tem uma ligação natural e

histórica entre si. Exemplificando, segundo Gullar (2006) o artista plástico belga, Georges

Vantongerloo (1886-1965) possuía amplos conhecimentos matemáticos que influíram de

maneira decisiva na sua arte. Ainda, o matemático Barco (2005) afirma que: “O homem fez arte

usando matemática, e construiu matemática observando as artes”.

No ensino de matemática o estudo dos conceitos geométricos é extremamente

importante, pois ajuda o aluno a compreender, descrever e representar de forma organizada o

seu cotidiano. Nesse contexto, os PCN indicam que:

É fundamental que os estudos do espaço e forma sejam explorados a partir de objetos

do mundo físico, de obras de arte, pinturas, desenhos, esculturas e artesanato, de modo

que permita ao aluno estabelecer conexões entre a matemática e as outras áreas do

conhecimento. (BRASIL, 1998, p.51).

Assim, entende-se que explorar a elaboração de réplicas de imagens e obras de podem

enriquecer e auxiliar na construção de diversos conhecimentos necessários à formação básica

dos alunos.

3.2 Arte Óptica (Op Art)

A arte óptica, mais conhecida por op art é um estilo artístico visual que faz uso de ilusões

ópticas. Segundo, Alencar (2008) os trabalhos de op art são, em geral, abstratos concretos.

Sendo que, diversas obras foram criadas somente em preto e branco. Quando estas obras são

visualizadas, dão a impressão de movimento, clarões ou vibração, ou por vezes, parecem

inchar-se ou deformar-se, proporcionando a sensação de movimento.

Apesar do movimento da arte óptica ter surgido na década de 1930, a op art passou por

um desenvolvimento relativamente lento, o qual ganhou força efetivamente entre as décadas de

1950 e 1960, segundo Secchi e Bus (2011). O pintor húngaro Victor Vasarely (1908-1997) é o

precursor da op art. Alguns de seus trabalhos, como a obra "Zebra" (1938), ilustrada na Figura

1(a), é inteiramente composta por listas diagonais em preto e branco, curvadas de tal modo que

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dão a impressão tridimensional de uma zebra. Outros artistas se destacaram neste movimento,

citam-se: o francês François Morellet (1926-); a inglesa Bridget Riley (1931-), ver obra na

Figura 1(b); o venezuelano Jesús-Rafael Soto (1923 – 2005) e o americano Alexander Calder

(1898-1976), entre outros.

(a) (b)

Fonte: Imagens disponíveis em: (a) http://pt.wahooart.com/a55a04/w.nsf/Opra/BRUE-6WHLWT; (b)

http://www.op-art.co.uk/bridget-riley.

(a) (b)

Fonte: Imagens disponíveis em: http://www.sacilotto.com.br/.

Figura 1: Obras de arte: (a) "Zebra", 1938; (b) “Britannia”, 1961.

Figura 2: Obras de arte: (a) "Concreção 9678”, 1997; (b) “G173”, 1974.

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Em especial, no Brasil, um dos percursores foi Luiz Sacilotto (1924-2003), onde na

Figura 2 são ilustradas duas de suas obras de arte. Segundo a artista plástica Paula Caetano

(2015), Luiz Sacilotto em suas obras apresentava uma sistematização do movimento, sendo a

repetição e os jogos ópticos os pontos fundamentais para a construção de suas obras. As

imagens por ele criadas em seus trabalhos permitem a percepção da multiplicidade das formas

geométricas, dos giros e do jogo interminável das ilusões ópticas.

3.3 Ilusão de óptica

Ilusão de óptica refere-se a todas as imagens que momentaneamente enganam o cérebro,

fazendo com que a visão enxergue erroneamente. Como por exemplo, em algumas figuras é

difícil perceber o que existe. Por outro lado, em outras imagens podem ser vistas figuras que

não estão realmente presentes. As imagens da Figura 3, respectivamente, retratam o que está

sendo colocado.

As ilusões de óptica têm sido estudadas por psicólogos durante anos e indicam que nem

sempre, aquilo que a pessoa vê é o que se pensa que seja. Malba Tahan (1973), em seu livro

“As maravilhas da matemática”, no capítulo 8, retrata a ilusão de óptica sob o título “As

aparências enganam”. James Newman (apud TAHAN, 1973), reconhece que este tema não é

específico da matemática. Porém, é assunto de alto interesse para um estudioso da geometria,

no qual é sempre interessante saber como poderá o raciocínio interferir nas ilusões de óptica

que desvirtuam a visão natural das coisas.

Figura 3: Imagens de ilusão de óptica: (a) A moça e a velha; (b) Completamento visual do

cubo.

(a) (b)

Fonte: Imagens: (a) apresentada em LEIVAS (2013); (b) disponível em: http://ilusaodeotica.com.

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Numa descrição de ilusão de óptica, as pessoas descrevem diferentes formas, a partir do

que estão visualizando ou percebendo, no momento em que se apresenta uma imagem. Nesse

sentido, reporta-se novamente à Figura 3(a), produzida em 1915, pelo cartunista William Ely

Hill. Esta imagem causa uma ilusão de óptica, onde duas imagens podem ser visualizadas. Uma

delas seria uma jovem, posicionada de perfil olhando para longe e a outra seria o rosto de uma

senhora idosa que olha para o chão.

3.3.1 Percepção

Segundo Sternberg (2000) percepção é o conjunto de processos pelos quais se

reconhece, se organiza e se entende as sensações recebidas dos estímulos ambientais. Esta pode

ser classificada em diferentes aspectos. Porém, neste trabalho, será abordada apenas a

percepção visual, pois alguns estudos em relação a mesma a justificam e irão auxiliar no

entendimento de como são feitas as imagens de ilusão de óptica.

De acordo com Filho (2004), agrega-se a este tipo de percepção, os princípios

Gestálticos, tais conceitos também explicam a existência das ilusões de óptica. A Gestalt é

conhecida como a “psicologia da forma” e fundamenta-se na ideia de que “o todo difere da

soma de suas partes”. Neste trabalho, para a reprodução de algumas obras e imagens, far-se-á

necessário a utilização destes conceitos, tais como:

Boa forma ou pregnância das formas: qualidade que determina a facilidade com

que se percebem figuras. A percepção ocorre de forma mais fácil para as boas formas, ou seja,

as formas simples, regulares, simétricas e equilibradas.

Similaridade ou semelhança: objetos similares em forma ou tamanho ou cor são

mais facilmente interpretados como um grupo.

Acabamento: tende-se a acabar ou completar perceptivamente os objetos que não

estão, de fato, completos.

Proporções: linhas retas podem parecer inclinadas, assim como traços do mesmo

tamanho podem dar a impressão de que são diferentes. Tudo depende da maneira como essas

composições estão organizadas.

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Contraste de cores: objetos pequenos de tamanhos semelhantes organizados por cor

ou dimensão aparentarão estar agrupados. Assim como, linhas e cores são utilizadas para dar

profundidade a imagens bidimensionais.

Portanto, a percepção visual pode enganar, ou seja, não se engana pela visão e, sim,

somente pela compreensão ou percepção.

3.4 Recursos Computacionais na Educação Matemática

Há tempos, vem-se falando da integração de recursos tecnológicos no ensino e

aprendizagem em todos os níveis de ensino. Embora existam inúmeros recursos tecnológicos

que podem se constituir em ferramentas importantes na educação, no âmbito da sala de aula

ainda são poucas as práticas de ensino de matemática que contemplam, além da inserção da

tecnologia, a sua integração no processo de ensino e aprendizagem. No que tange ao uso do

computador, o pesquisador Victor Giraldo (2012) entende que:

[...] A respeito da integração de recursos computacionais na sala de aula de

Matemática, temos como meta uma incorporação efetiva à prática docente – sem que

o computador se reduza a um mero adereço, alegórico para a abordagem, e que a aula

no laboratório de informática adquira um caráter de curiosidade, desconectada da aula

“de verdade”, aquela com quadro negro e giz. (GIRALDO, 2012, p.7).

Sob esta ótica, pode-se ressaltar que os recursos tecnológicos, como um todo, são

ferramentas didáticas que podem auxiliar de forma significativa o ensino e aprendizagem dos

alunos. Os PCN (BRASIL, 1998) apontam o uso de tecnologias, como um dos caminhos para

se “fazer Matemática” em sala de aula. Segundo estes documentos, o recurso tecnológico

oferece as seguintes contribuições:

Possibilita o desenvolvimento, nos alunos, de um crescente interesse pela realização

de projetos e atividades de investigação e exploração como parte fundamental de sua

aprendizagem e permite que os alunos construam uma visão mais completa da

verdadeira natureza da atividade matemática e desenvolvam atitudes positivas diante

desse seu estudo. (BRASIL, 1998, p.44).

Desta forma, se considera importante que o professor possa aliar às suas práticas

pedagógicas os novos recursos tecnológicos, que vão além do quadro, giz e do livro didático.

Porém, como foi mencionado anteriormente há uma grande dificuldade, por parte destes

profissionais, em incorporá-los na sala de aula. Sendo que, um fator bastante relevante é o fato

destes não se sentirem, muitas vezes, seguros em desenvolver atividades que façam uso de

outros recursos onde sua prática pedagógica se modifica necessitando, muitas vezes, que se

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torne um mediador do processo de aprendizagem. Sendo que, isso se manifesta mais fortemente

junto aos professores que não possuem experiências nesse sentido.

Refletindo acerca do exposto, ressalta-se como fundamental que o professor de

matemática, conheça diferentes softwares que possam ser utilizados no ensino de matemática

para variados conteúdos. Ainda, que estes sejam capazes de reorganizar a sequência de

conteúdos e metodologias apropriadas para o trabalho com a tecnologia computacional.

3.4.1 Software GeoGebra como uma Ferramenta Didática

O pesquisador Markus Hohenwarter (2005) desenvolveu em sua tese de doutorado, na

Aústria, o software GeoGebra1. Este foi criado dentro da concepção da matemática dinâmica a

fim de ser usado em ambiente de sala de aula.

Nesse sentido, cabe evidenciar que os softwares de matemática dinâmica podem

proporcionar um ambiente propício, pois segundo Gravina e Contiero (2011), são aplicativos

que tem o recurso de “estabilidade sob ação de movimento”, isto é, após uma construção

geométrica, podem-se movimentar os objetos geométricos na tela do computador, variando seu

tamanho e posição. Entretanto, são preservadas as propriedades geométricas que foram

impostas no processo de construção, além das propriedades delas decorrentes. Ainda, Gravina

(1996) afirma que:

Assim, para um dado objeto ou propriedade, temos associada uma coleção de

“desenhos em movimento”, e os invariantes que aí aparecem correspondem as

propriedades geométricas intrínsecas ao problema. E este é o recurso didático

importante oferecido: a variedade de desenhos estabelece harmonia entre os aspectos

conceituais e figurais; configurações geométricas clássicas passam a ter

multiplicidade de representações; propriedades geométricas são descobertas a partir

dos invariantes no movimento. (GRAVINA, 1996, p.6).

O GeoGebra é um software computacional que permite desenvolver o estudo de

diferentes conteúdos matemáticos, tornando o seu ensino mais dinâmico e facilitado,

possibilitando despertar um maior interesse por parte dos alunos pela busca do conhecimento

matemático. É um software de código aberto, disponível para download na internet,

multiplataforma, que pode ser utilizado em diversos níveis de ensino. Além disso, abrange

diversas áreas do conhecimento matemático, pois engloba: geometria básica e avançada em

1 Disponível para download em: http://www.geogebra.org

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duas dimensões (2D) e três dimensões (3D), álgebra e cálculo. Possibilitando, ainda, relacioná-

los entre si, sendo possível também se fazer uso de planilhas e gráficos. Incluem-se como

características, a disponibilidade de inúmeros recursos exibidos em barras de comandos.

O formato inicial apresentado na tela, conforme ilustrado na Figura 4, é caracterizado

através de duas representações: a janela algébrica, onde ficam armazenadas as representações

algébricas e vetoriais e a janela de visualização, destinada a zona gráfica onde ficam dispostas

as representações geométricas dos objetos construídos. Dessa forma, o GeoGebra permite

simultaneamente a articulação entre a geometria e a álgebra.

Figura 4: Tela inicial do software GeoGebra.

Fonte: Autoria.

Gravina e Basso (2012) descrevem outras características relativas a interface deste

aplicativo, citando que:

A sua tela de trabalho disponibiliza, em linguagem clássica da geometria, recursos

para construção de figuras a partir das propriedades que as definem. O processo de

construção é feito mediante escolhas de primitivas que são disponibilizadas nos

diferentes menus – pontos, retas, círculos, retas paralelas, retas perpendiculares,

transformações geométricas, por exemplo. A base inicial de menus pode ser expandida

com a inclusão de automatização de rotina de construção – são as novas ferramentas

que se incorporam ao software. (GRAVINA; BASSO, 2012, p.19).

Especificamente, para essa pesquisa foram exploradas algumas funcionalidades e

potencialidades do GeoGebra, as quais encontram-se detalhadas ao longo do capítulo de

metodologia.

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4. METODOLOGIA

A metodologia utilizada para desenvolver esta pesquisa é a pesquisa aplicada. Esta tem

por objetivo, segundo Gerhardt (2013), gerar conhecimentos para a aplicação prática dirigidos

na solução de problemas específicos.

Sob esta perspectiva, a presente pesquisa aborda aspectos matemáticos contidos em

obras de arte do tipo op art e de imagens que envolvam a ilusão de óptica, através do uso de

um recurso computacional. Dessa forma serão discutidos alguns conceitos geométricos, de

matemática discreta e contínua, estudados na educação básica tendo como tema gerador obras

de arte, em particular a ilusão de óptica. Tal tema surgiu pelo fato da autora ter observado que

em diversos livros didáticos aparecem imagens de obras de arte em geral e, também, de ilusão

de óptica interligadas com o conteúdo matemático.

Nesse sentido, pesquisou-se em alguns livros didáticos do ensino fundamental final e

do ensino médio por imagens desse tipo. Sendo que, fora constatado, em diversos capítulos a

existência de inúmeras imagens de ilusão de óptica e também de obras de arte, relacionando-as

com determinados conteúdos matemáticos. Em alguns livros elas se apresentam no início do

capítulo, como recurso motivador, em outros, aparecem em atividades propostas e, também,

observou-se sua presença em seções de materiais complementares. Para ilustrar, a Figura 5

apresenta tais situações, uma delas como introdução de conteúdo e outra como atividade

proposta, contidas no livro de Barroso (2007).

Figura 5: Imagens: (a) obra de arte de Lothar Charoux, 1971; (b), ilusão de óptica envolvendo

retas.

(a) (b)

Fonte: BARROSO, 2007.

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Na Figura 6(a), a imagem é utilizada no capítulo para discutir aspectos de semelhança

de figuras inseridos na obra de arte, encontra-se no livro de Giovanni (2002).

Ainda, a partir da pesquisa realizada nos livros didáticos, destaca-se na Figura 6(b), no

capítulo de sólidos geométricos, ângulos e polígonos do livro do projeto teláris de autoria Dante

(2012), no 9º ano, atividades que envolvem a geometria e arte. Nesta, apresenta-se imagens de

uma obra de arte e de um artesanato de tapeçaria onde, no contexto é solicitada a identificação

de formas geométricas. Já, no 6º ano, nesta mesma coleção, são apresentadas no capítulo de

sólidos geométricos, regiões planas e contornos outras obras de arte, conforme ilustra a Figura

7.

(a) (b)

Fonte: (a) GIOVANNI, 2002; (b) DANTE, 2012.

Fonte: DANTE, 2012.

Figura 6: Imagens de obra de arte: (a) Artista brasileiro Rubem Valentin, 1952; (b) do artista

holandês Piet Mondrian, 1913 e de uma tapeçaria do Azerbaijão, séc. XIX.

Figura 7: Imagens de obra de arte: Paul Klee, 1934 e da brasileira Tarsila do Amaral, 1924.

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Concomitante, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, a respeito do ensino de

matemática e arte, a fim de constituir-se melhor um referencial teórico sobre o tema escolhido.

Dentre as obras e imagens identificadas neste contexto, foram selecionadas quatro, das

quais, duas são imagens de ilusão de óptica e duas são obras de arte (op art). Posteriormente,

foram feitas as construções das réplicas através do software GeoGebra. Alguns arquivos

elaborados para cada réplica encontram-se com descrição passo a passo no apêndice B. Nesta

etapa, foi necessário serem retomados diversos conteúdos matemáticos, bem como, ocorrer

apropriação de inúmeros comandos avançados do recurso. A descrição mais detalhada do

processo encontra-se na subseção a seguir.

No decorrer de cada elaboração das réplicas surgiram alguns questionamentos, os quais

estão descritos no apêndice A. Tais indagações poderão ser utilizadas em atividades

exploratórias que envolvam a discussão de alguns conceitos matemáticos aqui apresentados.

4.1 Descrição da construção das imagens de ilusão de óptica e obras de arte

Nesta subseção serão descritas com maior detalhe cada uma das quatro réplicas

elaboradas no recurso, bem como, de outras construções relacionadas que foram necessárias

para auxiliarem nas discussões e reflexões que emergiram durante o desenvolvimento do

trabalho.

4.1.1 Imagem de ilusão de óptica: Ilusão de Ebbinghaus

Descrição:

A ilusão de Ebbinghaus, também conhecida como os círculos titchener, é uma ilusão de

óptica de percepção de tamanho relativo. Além disso, ela é considerada tradicionalmente por

Rose (2002), como sendo uma ilusão cognitiva, pelo fato desta Figura ter sido vista pela

primeira vez em um livro de psicologia experimental, a qual fora usada em experimentos de

testes de inteligência.

O desafio da ilusão de Ebbinghaus é através da visualização responder: “As

circunferências centrais de cada Figura são congruentes? ”.

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Figura 8: Imagem de ilusão de óptica de Ebbinghaus.

Fonte: LUCKIESH, 1965.

Conceitos matemáticos e construções geométricas envolvidas:

Para contribuir com a análise e o desenvolvimento da construção no recurso, julgou-se

imprescindível fazer uma breve apresentação dos conceitos e construções geométricas

envolvidas na elaboração da réplica, ou seja, conceitos que foram revistos e que serviram de

subsídios e indicações para a elaboração da mesma, estes encontram-se no Quadro 1.

Quadro 1: Conceitos Matemáticos

Conceito Definição Autor

Lugar

Geométrico

É um conjunto de pontos caracterizado por certa

propriedade. Assim, diz-se que, um conjunto X é o

lugar geométrico dos pontos que satisfazem a

propriedade P quando forem satisfeitas as duas

condições:

1) se X ∈ X, então X satisfaz a propriedade

P;

2) se X satisfaz a propriedade P então X ∈

X.

TINOCO,

2011.

Congruência de

Figuras planas

Em geral, de modo intuitivo, duas Figuras planas

são congruentes se uma delas puder ser deslocada,

sem que sejam modificadas sua forma nem suas

medidas, até que passe a coincidir com a outra.

REZENDE;

QUEIROZ,

2008.

1 2

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Isometria

A isometria ou simetria é um movimento rígido no

plano que aplica um ornamento sobre si mesmo.

Isto quer dizer que ao efetuar um movimento em

uma figura ou elemento gerador sua forma e seu

tamanho não variam.

BIEMBENGU

T; HEIN,

2000.

Translação

Uma translação determinada pelo vetor 𝑣 é a

transformação geométrica 𝑇𝑣: Π → Π que leva cada

ponto 𝐴 do plano Π no ponto 𝐴′ = 𝐴 + 𝑣 desse

plano, ou seja, transforma toda reta em outra

paralela, e por ser uma isometria, transforma

qualquer figura em outra congruente.

WAGNER,

1993.

Proporcionalidad

e entre segmentos

A proporcionalidade entre segmentos é obtida

através da razão entre suas medidas de

comprimento em uma mesma unidade.

DANTE, 2013.

Semelhança entre

duas figuras

Duas figuras F e F’ são semelhantes quando

guardam entre elas uma proporção. Isto é, existe

uma correspondência biunívoca entre os pontos de

F e os pontos de F’, tal que 𝑋𝑌

𝑋′𝑌′= 𝑟, onde X e Y

são pontos de F e X’ e Y’ são pontos de F’ e r é a

constante da razão de semelhança.

WAGNER,

1993.

Circunferências

concêntricas

São todas as circunferências que possuem o mesmo

centro e raios diferentes.

LEVY;

RAMOS,

2012.

Relações

trigonométricas

na circunferência

Todo ponto em uma circunferência pode ser escrito

utilizando-se as relações trigonométricas do ciclo

trigonométrico, definindo, assim, o ponto de

coordenadas (𝑟 cos(𝜃) , 𝑟 𝑠𝑒𝑛(𝜃)).

GIOVANNI,

2002.

Sequências

É qualquer função 𝑓 cujo domínio é ℕ∗. Por

exemplo, (𝑎1, 𝑎2, 𝑎3, 𝑎4, … ), onde 𝑎𝑛 é o termo

geral da sequência, onde o subscrito (índice) indica

a posição do termo ou do elemento na sequência.

Se a sequência possui o último termo dizemos que

a mesma é finita, caso contrário, é infinita. Ainda,

GIOVANNI,

2002.

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25

uma sequência pode ser considerada um padrão

numérico.

Quadro 2: Construções Geométricas

Conceito Construção geométrica Autor

Centro de uma

circunferência

Determinação com régua e compasso do centro de

uma circunferência dada: Inicialmente, traçam-se

duas retas secantes ou cordas, em qualquer posição,

determinando-se na circunferência os pontos A, B, C

e D. Após constrói-se a mediatriz de cada uma dessas

cordas. Determina-se a interseção dessas mediatrizes,

definindo o ponto “O” que corresponde ao centro da

circunferência, conforme ilustrado na Figura 9.

Figura 9: Determinação do centro de uma

circunferência dada com régua e compasso.

LEVY; RAMOS,

2012.

Mediatriz

Determinação da mediatriz de um segmento dado:

Primeiramente, traça-se um segmento qualquer AB,

determinando o segmento base. Em seguida, constrói-

se uma circunferência de raio AB e centro em A. Da

mesma forma, determina-se a circunferência de raio

AB com centro em B. Após, identifica-se os pontos de

intersecção entre as circunferências construídas. Por

fim, a partir dos pontos de intersecção traça-se a reta,

que corresponde a mediatriz do segmento AB.

LEVY; RAMOS,

2012.

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Figura 10: Construção da reta mediatriz de um

segmento dado.

Fonte: Construção elaborada no GeoGebra pela autora.

Análise preliminar:

A primeira parte da construção constituiu-se na análise da imagem em forma estática,

ou seja, em uma cópia impressa no papel. Neste momento, foram identificadas algumas ideias

principais, como a verificação da ilusão. Isto é, fez-se através da utilização de régua e compasso,

a comprovação de que as circunferências centrais, das duas Figuras eram congruentes. No

entanto, apenas foi constatado que ambas as circunferências apresentavam aproximadamente a

mesma medida. Posteriormente, buscou-se validar este resultado matematicamente. Para isso,

foi necessário, apropriar-se de ferramentas do desenho geométrico, como compasso, para

determinar os centros de todas as circunferências contidas na imagem, concluindo-se assim que

as circunferências realmente eram congruentes. Para tal, buscou-se seguir a construção descrita

por Levy e Ramos (2012) que fora apresentada anteriormente.

Ao se examinar mais detalhadamente a imagem, a fim de construí-la no software

GeoGebra, verificou-se que existiam nas duas Figuras algumas proporcionalidades entre as

circunferências centrais e as que estavam ao seu redor. Além disso, foi possível perceber uma

relação de proporcionalidade entre as circunferências da Figura 8. Assim, ao realizar as

medições, observou-se em relação a medida do raio, que as circunferências maiores na Figura

1 eram o dobro do que a medida do raio da circunferência central, e que, na Figura 2, tinha-se

a metade da medida do raio da circunferência central.

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Neste contexto, ainda não era possível construir a imagem, foi então que se observou

que existiam circunferências concêntricas, a partir dos lugares geométricos apresentados nas

figuras, conforme ilustra a Figura 11.

Figura 9: Identificação de circunferências concêntricas e também de circunferências tangentes

entre si.

Fonte: Construção elaborada no GeoGebra pela autora.

Em consequência disso, pode-se notar que tais circunferências concêntricas também

possuíam uma proporcionalidade entre si e, entre elas e a circunferência central correspondente.

A partir de todas estas constatações, partiu-se para a construção de fato, da réplica.

Construção no recurso:

Inicialmente, procurou-se adequar a construção da réplica da imagem com a

potencialidade do recurso computacional. Isso, pelo fato do recurso apresentar uma concepção

de matemática dinâmica que possibilita o uso de potencialidades que auxiliam na visualização

e confirmação ou não de conjecturas. A partir disso, surgiram alguns questionamentos

imprescindíveis para a construção, os quais foram:

É possível verificar se as circunferências centrais são congruentes através da

sobreposição?

Se as circunferências fossem de outros tamanhos, será que a ilusão de óptica

permaneceria?

Se o número de circunferências ao redor fosse alterado, o que aconteceria com a

ilusão de óptica?

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Com estes questionamentos sendo considerados deu-se a construção no recurso, onde

foram criadas três construções em arquivos distintos. Sendo que, nos quais se procurou

responder aos mesmos. Para isso, se fez uso de ferramentas como controle deslizante, caixas

para exibir/ocultar e comandos auxiliares presentes no GeoGebra.

Assim, para responder a pergunta proposta pela ilusão de óptica, ou seja, “as

circunferências centrais são congruentes?”, foram elaboradas translações, tanto das

circunferências centrais, como das circunferências ao seu redor, conforme mostra a Figura 12.

Nesta imagem é possível perceber que se utilizou uma translação da circunferência central, para

que esta possa se sobrepor a segunda, mantendo as demais circunferências estáticas.

Figura 10: Primeira verificação do questionamento inicial da ilusão de óptica.

Fonte: Construção elaborada no GeoGebra pela autora.

A Figura 13 relata a translação das circunferências ao redor, deixando os centros

fixados, para que assim seja possível perceber que ambas as circunferências sejam congruentes

a “olho nu”.

A partir destas verificações feitas através de transformações geométricas, em particular

isometrias, pode-se concluir que ambas as circunferências centrais são congruentes,

respondendo o primeiro questionamento.

Figura 11: Segunda verificação do questionamento inicial da ilusão de óptica.

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Fonte: Construção elaborada no GeoGebra pela autora.

Em um segundo arquivo, a fim de serem geradas circunferências com raios de medidas

variáveis, utilizou-se um controle deslizante. Dessa forma foi possível, visualizar a imagem

com diferentes tamanhos de circunferências e observar até que momento a ilusão de óptica

ainda permaneceria. Além disso, verificou-se a necessidade de ser mantida uma certa distância

entre ambas as figuras. Neste instante, o recurso serviu como ferramenta de teste para a

verificação e tomada de conclusões a respeito dos limites de distanciamento necessários entre

as figuras.

Por outro lado, questionou-se sobre o que aconteceria se fossem modificadas as

quantidades de circunferências ao redor da circunferência central em ambas as figuras. Em

virtude desse terceiro questionamento percebeu-se que pode se obter a partir dos centros das

circunferências, os vértices de um polígono regular que, no caso da imagem original, Figura 8,

seria um hexágono, e que este, ainda, estaria inscrito na circunferência concêntrica identificada

anteriormente.

Posteriormente, sob esta perspectiva, buscou-se criar uma sequência finita de pontos

sobre a circunferência descrita a partir dos centros, ou seja, uma sequência de pontos que

dividisse a circunferência concêntrica. Esta sequência irá constituir a quantidade de

circunferências que podem estar ao redor da circunferência, ou seja, define os vértices do

polígono que pode ser construído. Após análise e estudo, chegou-se que o ponto do centro da

circunferência poderia ser representado por 𝐴 = (𝑟 ∙ 𝑐𝑜𝑠 (2𝜋(𝑛−1)

𝑛) , 𝑟 ∙ 𝑠𝑒𝑛 (

2𝜋(𝑛−1)

𝑛)), onde 𝑟

corresponde ao raio da circunferência e 𝑛 a quantidade de pontos sobre a circunferência.

Assim, com os pontos construídos pode-se criar uma sequência de circunferências, cujos

centros correspondem aos elementos da sequência de pontos construída. Na Figura 14, ilustra-

se tal construção quando 𝑛 = 5.

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Figura 12: Sequência de circunferências construídas ao redor da circunferência.

Fonte: Construção elaborada no GeoGebra pela autora.

Portanto, com estas construções foi possível responder ao terceiro questionamento, pois

se forem mantidas as proporções não importará a quantidade de circunferências, a ilusão de

óptica permanecerá para uma quantidade finita de circunferências ao seu redor.

No decorrer da análise e/ou construção da réplica surgiram alguns questionamentos que

futuramente podem compor uma proposta de atividades de ensino envolvendo o tema escolhido.

Os questionamentos são os seguintes:

1. O que você visualiza na Figura?

2. O que podemos afirmar ao observar atentamente as duas circunferências centrais?

Elas apresentam o mesmo tamanho?

3. Para cada uma das Figuras, você consegue identificar os lugares geométricos a partir

dos centros?

4. É possível identificar outras circunferências com o mesmo centro?

5. Como podemos denominar essas circunferências?

6. Duas circunferências quaisquer são semelhantes?

7. Você consegue identificar a razão de semelhança entre as medidas dos raios da

circunferência da central e da circunferência ao seu redor?

8. Qual a relação destas circunferências com as transformações geométricas do tipo

isometrias: rotação, translação, reflexão?

4.1.2 Obra de arte de Luiz Sacilotto: “Concreção 9216”

Descrição:

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A obra de arte visualizada na Figura 15 foi desenvolvida pelo artista plástico Luiz

Sacilotto em 1992, onde utilizou tinta têmpera acrílica em uma tela de 120 x 150 cm. Neste

trabalho, Sacilotto consegue criar uma ilusão de óptica gerando na superfície plana uma ilusão

de profundidade através da mudança de cores, variando-as em claras e escuras. Como

mencionado anteriormente por Steinberger (2000), o contraste de cores auxilia na ilusão de

profundidade.

Fonte: FAINGUELERNT; NUNES, 2009.

Conceitos matemáticos envolvidos:

Para subsidiar o desenvolvimento da réplica desta imagem de ilusão de óptica foram

identificados alguns conceitos matemáticos que são descritos no Quadro 2.

Quadro 3: Conceitos Matemáticos

Conceito Definição Autor

Reta A reta é formada por infinitos pontos que estão

alinhados. Ela é ilimitada nos dois sentidos.

BARROSO,

2007.

Retas paralelas

Duas retas no plano são paralelas quando não têm

ponto em comum.

BARROSO,

2007.

Retas

perpendiculares

São retas concorrentes que quando se encontram

formando quatro ângulos retos iguais. LIMA, 2006.

Figura 13: Obra de arte de Luiz Sacilotto, “Concreção 9216”, 1992.

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32

Isometria

A isometria ou simetria é um movimento rígido no

plano que aplica um ornamento sobre si mesmo. Isto

quer dizer que ao efetuar um movimento em uma

figura ou elemento gerador sua forma e seu tamanho

não variam.

BIEMBENGUT

; HEIN, 2000.

Reflexão

A reflexão em torno de uma reta r é a transformação

geométrica 𝑆𝑟 que faz corresponder a cada ponto A

do plano o ponto 𝐴′ = 𝑆𝑟(𝐴), simétrico de A em

relação a reta r. A reflexão é uma isometria e,

portanto, transforma cada figura em outra

congruente a ela.

WAGNER,

1993.

Polígono

É a região do plano limitada por uma linha quebrada

ou poligonal fechada. Entenda-se aqui como linha

poligonal uma linha formada pela junção de

segmentos de reta, de extremidade a extremidade.

LEVY;

RAMOS, 2012.

Decomposição

de polígonos em

triângulos

utilizou-se o resultado que: “Todo polígono admite

uma triangulação”.

MARQUES,

2012.

Congruência de

figuras planas

Em geral, de modo intuitivo, duas Figuras planas

são congruentes se uma delas puder ser deslocada,

sem que sejam modificadas sua forma nem suas

medidas, até que passe a coincidir com a outra.

REZENDE;

QUEIROZ,

2008.

Quadrado

É uma Figura plana poligonal formada por quatro

lados que possuem a mesma medida e cujos ângulos

internos são congruentes entre si.

TINOCO, 2011.

Sequências

É qualquer função 𝑓 cujo domínio é ℕ∗. Por

exemplo, (𝑎1, 𝑎2, 𝑎3, 𝑎4, … ), onde 𝑎𝑛 é o termo

geral da sequência, onde o subscrito (índice) indica

a posição do termo ou do elemento na sequência. Se

a sequência possui o último termo dizemos que a

mesma é finita, caso contrário, é infinita. Ainda,

uma sequência pode ser considerada um padrão

numérico.

GIOVANNI,

2002.

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Análise preliminar:

A obra de arte “Concreção 9216” de Luiz Sacilotto foi inicialmente analisada de forma

estática. Através desta, identificou-se alguns elementos geométricos importantes, como

polígonos, retas paralelas e perpendiculares. No entanto, nesta obra o que se reporta a ilusão de

óptica não são as formas geométricas, mas sim, as cores escuras e claras que nos fazem

visualizar uma profundidade na imagem, dando a ideia de a mesma estar no espaço.

Por outro lado, não se observando mais as cores e, sim os polígonos, pode-se identificar

translações geométricas, em particular isometrias, tais como: translações e reflexões. A partir

destas constatações elaborou-se a réplica no GeoGebra.

Construção no recurso:

Primeiramente, construiu-se a réplica com as cores e polígonos exatamente como na

obra de arte original, para tal foram utilizados comandos no software envolvendo

transformações geométricas, em particular, translações. Após, foram definidas as cores através

das propriedades de cada objeto criado, fez-se necessário, então, pesquisar a tabela de cores

RGB para a variação e identificação dos valores a serem utilizados na criação das cores e seus

tons que melhor se aproxima da imagem original.

Por outro lado, para uma melhor visualização da obra de arte sem as cores, estas que

fazem o observador imaginar que existe uma profundidade na obra, criou-se, empregando

comandos de sequências finitas, os quadrados apresentados na mesma. Para finalizar a

construção da réplica, definiu-se os paralelogramos, conforme ilustra a Figura 16.

Figura 14: Réplica da obra “Concreção 9216”.

Fonte: Imagem elaborada no GeoGebra pela autora.

Além dos comandos e ferramentas citadas acima, foram utilizados, como apoio e melhor

organização visual, caixas para exibir/esconder objetos e controles deslizantes, entre outros.

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No transcorrer da análise e/ou construção da réplica foram identificados alguns

questionamentos que futuramente podem compor uma proposta de atividades de ensino

envolvendo o tema escolhido. Os questionamentos são os seguintes:

1. Quais os polígonos que constituem esta obra?

2. Quantos quadrados figuram na obra? Quantos triângulos surgem?

3. Como são classificados cada um dos triângulos que figuram na obra, quanto à medida

de seus lados? Quanto à medida de seus ângulos?

4. Considerando todos os triângulos que podem ser considerados na obra, quanto

representa a soma de suas áreas, em fração, em relação a área de toda a obra?

5. A soma da área de todos os quadrados da obra representam que fração da área total

da obra?

6. Existe alguma razão entre as frações citadas anteriormente? Se sim, qual?

7. Existe alguma relação de isometria na obra? Qual?

8. Pode se reduzir a obra somente a um objeto pertencente a mesma?

4.1.2 Imagem de ilusão de óptica: Cafe Wall

Descrição:

Esta imagem de ilusão de óptica foi primeiramente descrita em um artigo dos

pesquisadores Gregory e Heard (1979), foi intitulada “Café Wall”, por fazer parte de uma

fachada de um café na Inglaterra. Eles observaram este efeito curioso nas linhas da parede de

um café, conforme mostra a Figura 17. Esta ilusão de óptica faz com que linhas horizontais

paralelas se pareçam levemente “tortas”. É essencial para a ilusão que, os “tijolos” estejam

envoltos por uma camada de “cimento”, no caso, representados na imagem pelas linhas de cor

cinza, conforme Figura 18.

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Fonte: Gregory e Heard, 1979.

Figura 16: Imagem de Ilusão de óptica, denominada “Cafe wall”.

Fonte: http://www.richardgregory.org/papers/cafe_wall/cafe-wall.pdf .

Conceitos matemáticos envolvidos:

Ao estudar mais atentamente esta imagem de ilusão de óptica foram identificados alguns

conceitos matemáticos que são descritos no Quadro 3.

Quadro 4: Conceitos Matemáticos

Conceito Definição Autor

Reta A reta é formada por infinitos pontos que estão

alinhados. Ela é ilimitada nos dois sentidos.

BARROSO,

2007.

Retas paralelas

Duas retas no plano são paralelas quando não têm

ponto em comum.

BARROSO,

2007.

Isometria A isometria ou simetria é um movimento rígido no

plano que aplica um ornamento sobre si mesmo. Isto

BIEMBENGUT

; HEIN, 2000.

Figura 15: Fachada de um café em Bristol, Inglaterra.

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36

quer dizer que ao efetuar um movimento em uma

figura ou elemento gerador sua forma e seu tamanho

não variam.

Reflexão

A reflexão em torno de uma reta r é a transformação

geométrica 𝑆𝑟 que faz corresponder a cada ponto A

do plano o ponto 𝐴′ = 𝑆𝑟(𝐴), simétrico de A em

relação a reta r. A reflexão é uma isometria e,

portanto, transforma cada figura em outra congruente

a ela.

WAGNER,

1993.

Polígono

É a região do plano limitada por uma linha quebrada

ou poligonal fechada. Entenda-se aqui como linha

poligonal uma linha formada pela junção de

segmentos de reta, de extremidade a extremidade.

LEVY;

RAMOS, 2012.

Congruência

de figuras

planas

Em geral, de modo intuitivo, duas Figuras planas

são congruentes se uma delas puder ser deslocada,

sem que sejam modificadas sua forma nem suas

medidas, até que passe a coincidir com a outra.

REZENDE;

QUEIROZ,

2008.

Quadrado

É uma Figura plana poligonal formada por quatro

lados que possuem a mesma medida e cujos ângulos

internos são congruentes entre si.

TINOCO, 2011.

Sequências

É qualquer função 𝑓 cujo domínio é ℕ∗. Por

exemplo, (𝑎1, 𝑎2, 𝑎3, 𝑎4, … ), onde 𝑎𝑛 é o termo geral

da sequência, onde o subscrito (índice) indica a

posição do termo ou do elemento na sequência. Se a

sequência possui o último termo dizemos que a

mesma é finita, caso contrário, é infinita. Ainda, uma

sequência pode ser considerada um padrão numérico.

GIOVANNI,

2002.

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Análise preliminar:

Na análise estática desta figura foram verificados, inicialmente, se realmente as retas

horizontais, em particular os segmentos, eram paralelos. Para a comprovação desta suposição,

foram aproveitados conceitos de geometria plana, principalmente de desenho geométrico, pois

segundo Levy e Ramos (2012) retas paralelas “[...] são as retas que conservam sempre a mesma

distância entre si, isto é, não possuem ponto em comum. Ou seja, nunca se encontram.”

Consequentemente, fez-se a comprovação de que os quadrados figurados na imagem

são congruentes, tanto os pretos quanto os brancos. Em virtude disso, percebeu-se que existiam

relações entre estes quadrados, podendo ser formado a partir de um destes os demais. Isso,

através de transformações geométricas do tipo isometrias, como reflexão, rotação e translação.

Construção no recurso:

Tendo em vista os aspectos observados estaticamente, considerou-se relevante construir

a réplica desta ilusão de óptica duas formas diferentes. Em uma delas, os quadrados brancos e

pretos foram constituídos apenas a partir de transformações geométricas do tipo translações.

Por outro lado, construiu-se, em um segundo arquivo, os mesmos quadrados através da

utilização de comandos de sequência finita, gerando-se os inúmeros de quadrados da imagem.

Na primeira construção levou-se em conta, essencialmente, uma elaboração que pudesse

averiguar o questionamento proposto originalmente: “As retas horizontais não são paralelas?”.

Para isto, foram utilizadas ferramentas disponíveis no GeoGebra, de exibir e ocultar objetos a

fim de ser retirada as cores dos quadrados, as quais contribuíam para que as retas horizontais

parecerem não serem paralelas entre si.

Em consequência disso, criou-se, ainda, segmentos perpendiculares aos horizontais,

com o propósito de comprovar que os segmentos horizontais são equidistantes e não possuem

nenhum ponto em comum, mesmo traçando as retas suportes destes segmentos, conforme

ilustrado na Figura 19.

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Figura 17: Retas paralelas e perpendiculares.

Fonte: Imagem elaborada no GeoGebra pela autora.

Outro fator perceptível na imagem da Figura 19 é o lugar geométrico das retas paralelas

no sentido vertical, as quais passam pelos lados dos quadrados de algumas das sequências de

quadrados definidas.

Por outro lado, na segunda construção foi dada ênfase na ilusão de óptica criada pela

imagem. Perguntando-se qual seria a posição limite que os quadrados correspondentes a duas

faixas consecutivas deveriam estar dispostos para se manter a ilusão de óptica. Para tal, se fez

uso comandos específicos no GeoGebra para gerar três sequências finitas de quadrados, pois na

imagem original foi observada três posições distintas para as faixas, conforme ilustra a Figura

20.

Figura 18: Sequências de quadrados.

Fonte: Construção feita no GeoGebra pela autora.

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Desta forma, na Figura 20 é possível observar que a sequência de quadrados de cor

vermelha esta deslocada horizontalmente a uma distância de 1

3 dos quadrados de cor verde, já a

sequência de quadrados de cor preta está a uma distância de 1

6 dos quadrados de cor verde. Após,

surgiu o seguinte questionamento: Até que ponto o deslocamento entre as faixas de quadrados,

afetaria a ilusão de óptica? Para respondê-lo, construiu-se no GeoGebra um controle deslizante

que variasse entre 0 e 1, para definir a distância, identificada anteriormente como sendo, 1

3 e

1

6

. Neste caso, a mesma se torna variável.

Posteriormente, com a construção realizada no recurso, analisou-se a partir da variação

do deslocamento o que aconteceria. Concluiu-se que, para valores próximos a 0, 0,5 e 1 a ilusão

de óptica é perdida, pois nesses valores é visível que a retas horizontais são paralelas, como

mostra a Figura 21.

Figura 19: Observação na construção: (a) com deslocamento igual 0 ou 1; (b) com

deslocamento igual a 0,5.

(a) (b)

Fonte: Construção feita no GeoGebra pela autora.

Por fim, foi analisado se o número de faixas de quadrados influenciaria na ilusão de

óptica. Para isso, procurou-se responder quantas sequências horizontais de quadrados seriam

necessárias para ocorrer a ilusão de óptica. Nesse sentido, concluiu-se que, a partir da terceira

sequência se inicia a ilusão, fazendo com que o observador suponha que as retas evidenciadas

sejam concorrentes.

Cabe salientar que, os comandos e ferramentas do GeoGebra, citados anteriormente,

foram utilizados como apoio e para uma melhor organização visual, desenvolvendo-se dessa

forma uma réplica dinâmica que pudesse contribuir nas discussões realizadas.

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No perpassar da análise e/ou construção da réplica surgiram alguns questionamentos

que futuramente podem compor uma proposta de atividades de ensino envolvendo o tema

escolhido. Os questionamentos são os seguintes:

1. Quais os polígonos que constituem esta imagem de ilusão de óptica?

2. Como se classifica cada um dos polígonos que Figuram na imagem?

3. A área de todos os quadrados de cor branca representam que fração da área total da

imagem? E os quadrados de cor preta?

4. Quanto aos segmentos de reta, como pode-se classificá-los?

5. É possível identificar um deslocamento entre os quadrados de cada linha? Existe alguma

relação de distância entre estes? Se houver, qual seria?

6. Ao identificar as retas verticais, o que se pode afirmar sobre elas?

7. Existe alguma relação de isometria na imagem? Se houver, qual seria?

8. Pode-se reduzir a imagem somente a um objeto pertencente a mesma?

4.1.3 Obra de arte de Victor Vasarely: “Vonal Stri”

Descrição:

Silva et al (2013) mencionam que foi a partir de 1947 que o pintor e escultor húngaro

Victor Vasarely, considerado o pai da op art, passou a mudar as suas pinturas de abstratas

representando imagens para obras abstratas inteiramente compostas por formas geométricas.

Ainda, segundo informações de Mora (2015), a obra “Vonal Stri” do artista, considerado o pai

da op art, foi criada em 1975. Além disso, as cores em suas obras desempenham um papel

fundamental no desenvolvimento de uma situação de curiosidade, possibilitando a imaginação

de cada observador no que se refere ao final da curvatura. A obra selecionada foi pintada sobre

uma tela de 200 x 200 cm, com tinta acrílica, cuja imagem é ilustrada na Figura 22.

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Figura 20: Obra de arte de Victor Vasarely, “Vonal Stri”, 1975.

Fonte: http://www.op-art.co.uk/op-art-gallery/victor-vasarely/vonal-stri

Conceitos matemáticos envolvidos:

Novamente, menciona-se os conceitos matemáticos, utilizados na elaboração da réplica

da obra “Vonal Stri”, conforme Quadro 5.

Quadro 5: Conceitos Matemáticos

Conceito Definição Autor

Polígono

É a região do plano limitada por uma linha

quebrada ou poligonal fechada. Entenda-se aqui

como linha poligonal uma linha formada pela

junção de segmentos de reta, de extremidade a

extremidade.

LEVY;

RAMOS, 2012.

Isometria

A isometria ou simetria é um movimento rígido no

plano que aplica um ornamento sobre si mesmo. Isto

quer dizer que ao efetuar um movimento em uma

figura ou elemento gerador sua forma e seu tamanho

não variam.

BIEMBENGUT

; HEIN, 2000.

Reflexão

A reflexão em torno de uma reta r é a transformação

geométrica 𝑆𝑟 que faz corresponder a cada ponto A

do plano o ponto 𝐴′ = 𝑆𝑟(𝐴), simétrico de A em

WAGNER,

1993.

Page 42: MATEMÁTICA E ILUSÃO DE ÓPTICA: CONSTRUÇÕES COM O …w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_FINAL_Marlei_Dickel.pdf · A partir da escolha de obras de arte e de imagens de

42

relação a reta r. A reflexão é uma isometria e,

portanto, transforma cada figura em outra congruente

a ela.

Função

quadrática

A função 𝑓: ℝ → ℝ dada por 𝑓(𝑥) = 𝑎𝑥2 + 𝑏𝑥 + 𝑐

com a, b e c reais e 𝑎 ≠ 0, denomina-se função

quadrática. Os números representados por a, b, e c

são os coeficientes da função.

GIOVANNI,

2002.

Translação

horizontal de

uma função

Aplicando a translação horizontal (𝑥, 𝑦) → (𝑥 +

𝑚, 𝑦) ao gráfico da função 𝑓: ℝ → ℝ, obtém-se o

gráfico da função 𝑓1: ℝ → ℝ, tal que, 𝑓1(𝑥) =

𝑓(𝑥 − 𝑚), para todo 𝑥 ∈ ℝ.

LIMA, 2006.

Translação

vertical de

uma função

A translação vertical (𝑥, 𝑦) → (𝑥, 𝑦 + 𝑘) transforma

o gráfico da função 𝑓: ℝ → ℝ no gráfico da função

𝑓1: ℝ → ℝ, tal que, 𝑓1(𝑥) = 𝑓(𝑥) + 𝑘, para todo 𝑥 ∈

ℝ.

LIMA, 2006

Sequências

É qualquer função 𝑓 cujo domínio é ℕ∗. Por

exemplo, (𝑎1, 𝑎2, 𝑎3, 𝑎4, … ), onde 𝑎𝑛 é o termo geral

da sequência, onde o subscrito (índice) indica a

posição do termo ou do elemento na sequência. Se a

sequência possui o último termo dizemos que a

mesma é finita, caso contrário, é infinita. Ainda, uma

sequência pode ser considerada um padrão numérico.

GIOVANNI,

2002.

Análise preliminar:

Ao analisar a obra “Vonal Stri” foram constatadas algumas características relevantes

que puderam contribuir de forma significativa na elaboração da réplica através do GeoGebra,

tais como, o lugar geométrico dos pontos que satisfazem determinadas funções que tendem a

levar o observador aos vértices do quadrado central da obra. Para isso foi necessário considerar-

se uma rotação de 90° no sentido anti-horário, a fim de serem utilizadas funções quadráticas

para modelar a posição dos vértices dos polígonos definidos, conforme ilustrado na Figura 23.

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43

Figura 23: Identificação de funções quadráticas na obra “Vonal Stri”.

Fonte: Construção feita no GeoGebra pela autora.

Ao contrário das outras obras e imagens, nesta não se obteve muitas informações, além

desta, na observação da imagem estática. Assim, recorreu-se ao software GeoGebra a fim de

serem identificadas mais características da obra. Nesse sentido, pode-se concluir que, as quatro

funções identificadas na Figura 23, podem ser representadas analiticamente por uma única lei

de associação, pois a partir de uma delas, é possível através de translações constituir as demais.

Além disso, é perceptível uma sequência de polígonos que são formados a partir de

pontos sobre o gráfico destas funções.

Construção no recurso:

Após a análise anterior, iniciou-se a construção da réplica. No entanto, para a definição

da lei de associação da função que serviria de base para a construção das outras foi necessário,

modelar através da análise do comportamento da função quadrática à medida que os seus

parâmetros fossem alterados. Isso foi feito através do GeoGebra, pois este permite a inclusão

de imagens na tela gráfica. Assim, com a variação dos parâmetros e, tendo conhecimento do

que cada um destes poderiam afetar na representação geométrica, obteve-se algebricamente a

representação de uma função que melhor se aproximasse dos pontos que corresponderiam aos

vértices dos polígonos definidos na imagem da obra de arte. Cabe salientar, que inicialmente,

criou-se no GeoGebra um quadrado de lado medindo 0,4 u.c. (quadrado central) e outro

medindo 12 u.c. (quadrado maior), sendo que, os pontos destes quadrados serviram como

pontos que satisfariam a representação algébrica das referidas funções.

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A função quadrática modelada dessa forma foi representada por

𝑓(𝑥) = −6

34,8𝑥² −

2,4

69,6𝑥.

Sendo que a mesma satisfaz os pontos: A=(0,0), B=(-6,-6) e C=(-0,2, 0). A partir dessas, as

outras três funções foram obtidas. Para a função refletida em relação ao eixo das ordenadas,

utilizou-se a definição de função quadrática, pois nesta nova função o argumento b é positivo,

assim a função resultou, em termos algébricos,

𝑔(𝑥) = −6

34,8𝑥2 +

2,4

69,6𝑥.

Para as outras duas funções que estão localizadas no primeiro e segundo quadrante, foi

necessário utilizar alguns conceitos de translação horizontal e vertical de funções. Para tanto,

foram transladas as funções 𝑓(𝑥) e 𝑔(𝑥), respectivamente. Assim, obteve-se 𝑓1(𝑥) =

(−6

34,8(𝑥 − 6)² −

2,4

69,6(𝑥 − 6)) + 6 e 𝑔1(𝑥) = (

−6

34,8(𝑥 + 6)2 +

2,4

69,6(𝑥 + 6)) + 6.

As quatro funções descritas foram determinadas em um intervalo apropriado, no qual

estes variaram de acordo com os valores dos pontos dos quadrados construídos inicialmente.

Ou seja, 𝑓(𝑥) = −6

34,8𝑥² −

2,4

69,6𝑥 , definida em −6 ≤ 𝑥 ≤ −0,2; 𝑔(𝑥) =

−6

34,8𝑥2 +

2,4

69,6𝑥, em

0.2 ≤ 𝑥 ≤ 6; 𝑓1(𝑥) = (−6

34,8(𝑥 − 6)² −

2,4

69,6(𝑥 − 6)) + 6, em 0,2 ≤ 𝑥 ≤ 6 e 𝑔1(𝑥) =

(−6

34,8(𝑥 + 6)2 +

2,4

69,6(𝑥 + 6)) + 6, definida em −6 ≤ 𝑥 ≤ −0,2. Para uma melhor

compreensão ilustra-se as mesmas na Figura 24.

Figura 214: Funções aproximadas modeladas através do GeoGebra.

Fonte: Construção feita no GeoGebra pela autora.

A partir da construção das funções, foi possível criar uma sequência finita de pontos, os

quais foram definidos sobre as respectivas funções, ou seja, seriam pontos cujas coordenadas

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45

correspondem a (𝑎, ℎ(𝑎)), onde 𝑎 varia de acordo com o intervalo 𝑥 já pré-determinado e h,

corresponde às funções f, g, f1 e g1. A Figura 25 mostra as sequências assim definidas.

Figura 225: Sequência de pontos definidos sobre as funções modeladas.

Fonte: Construção feita no GeoGebra pela autora.

Com os pontos das sequências definidos conseguiu-se construir os quadriláteros

compostos por um ponto de cada uma das sequências resultando, na réplica da obra de arte em

questão, conforme ilustrado na Figura 26.

Figura 236: Réplica da obra de arte “Vonal Stri”.

Fonte: Construção feita no GeoGebra pela autora.

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Ainda, convém lembrar que, ao finalizar a construção da réplica percebeu-se que, ao

rotacionar a figura inicial da obra, havia uma impressão de mudança na questão visual da

mesma. No entanto, sabe-se que as propriedades dos objetos que a constituem se mantém.

No transcorrer da análise e/ou construção da réplica foram identificados alguns

questionamentos que futuramente podem compor uma proposta de atividades de ensino

envolvendo o tema escolhido. Os questionamentos são os seguintes:

1. Em termos geométricos, o que se visualiza na obra?

2. Quanto a ideia visual de profundidade identificada na obra, o que pudesse associar

algebricamente para descrevê-la? E geometricamente?

3. Como pode se classificar as funções que modelam a ideia de profundidade identificada?

4. Quais são as características deste tipo de função?

5. Existe alguma relação entre os quatro ramos que podem ser identificados na obra?

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As considerações descritas aqui não têm a pretensão de serem entendidas como

acabadas ou prontas. No entanto, podem ser vistas como resultado desta pesquisa partindo dos

subsídios teóricos apresentados interligados com os conhecimentos adquiridos pela acadêmica

durante o desenvolvimento deste trabalho.

Pautando-se nos aspectos já mencionados e observados no desenvolvimento desta

pesquisa, e que foram relatados detalhadamente no capítulo de metodologia, pode-se concluir

que, a partir de diferentes momentos, sejam eles nas análises preliminares e/ou na elaboração

das réplicas das imagens selecionadas envolvendo a ilusão de óptica, diversos conteúdos

matemáticos emergiram, relacionando-se entre si, em diferentes representações. Sendo

necessária a retomada de vários conceitos e propriedades envolvendo conteúdos de geometria,

álgebra, matemática discreta e cálculo.

Dessa forma, este trabalho contribuiu para que determinadas conexões fossem feitas

entre os conteúdos. Além disso, o uso do GeoGebra esteve presente na pesquisa como uma

ferramenta de apoio importante, pois houve a necessidade de uso de diversos conteúdos

matemáticos para compor a elaboração das réplicas.

Por outro lado, durante a etapa de constituição das réplicas, a partir de reflexões e estudo,

diversos questionamentos foram feitos. Tanto no sentido, dos conteúdos necessários para a sua

elaboração, bem como, de questionamentos relativos ao que influenciava diretamente para que

fossem mantidas as ilusões de ótica apresentadas em cada imagem. Sendo que, o caráter

dinâmico do recurso utilizado foi de grande valia para auxiliar a validar, ou não, as conjecturas

feitas em cada construção.

Também, uma das contribuições que este trabalho proporcionou foi a pesquisa e estudo

realizados para constituir a relação entre a matemática e as artes. Diversos aspectos da ilusão

de ótica contidas em obras de arte e imagens foram aprendidos. Ainda, mencionam-se os

conhecimentos adquiridos, relativos a artistas brasileiros, que se dedicaram em produzir seus

trabalhos na linha da op art. Além disso, foi possível constatar que este tipo de arte está presente

em diversos livros didáticos de matemática.

Para finalizar, espera-se que este trabalho possa ter continuidade futuramente na

realização de uma pós-graduação pela autora, em particular, no Mestrado em Educação

Matemática e Ensino Física da Universidade Federal de Santa Maria.

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REFERÊNCIAS

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e-ilusao-de-otica.htm>. Acesso: 12 nov. 2015.

BARCO, L. Série: Arte e Matemática. TVE / Rede Brasil, 2005. Disponível em:

<http://www2.tvcultura.com.br/artematematica/programas.html>. Acesso: 12 nov. 2015.

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Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais - Ensino Médio. Brasília, 1998.

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CAETANO, P. Papel assinado: Luiz Sacilloto. Disponível em: <

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DANTE, L. R. Projeto teláris: matemática 9º ano. 1º ed. São Paulo: Ática, 2012.

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APÊNDICE: Protocolo de construção no GeoGebra dos principais arquivos das réplicas

1 – “Ilusão de Ebbinghaus”

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2 – “Concreção 9216”

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3 – “Cafe Wall”

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4 – “Vonal Stri”

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