maré de notícias #41

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Travessias 2 Exposição de arte contemporânea oferece também debates com personalidades como Marcelo Yuka e José Padilha, diretor de Tropa de Elite. Pág. 15 Alfabetização Nunca é tarde para superar limites! Pág. 3 Espaço Aberto Desenho, música, livro, poesia, piada Pág. 16 Seus Direitos Nesta edição, tema SAÚDE Pág. 6 e 7 41 Ano IV, N o maio de 2013 - Maré, Rio de Janeiro - distribuição gratuita Centro de Artes Pág. 14 Joaquim Agamenon Santos marcou época do Morro do Timbau. Liderou várias lutas, entre elas a construção de caixas d’água que facilitaram o acesso dos moradores ao precioso líquido. Na época, a Cedae envia- va uma conta geral para a comunidade e o Morro do Timbau chegou a ser conside- rado o maior consumidor de água da com- panhia. Essa e outras histórias do Timbau e do Parque Maré são contadas pelos pró- prios moradores no segundo livro do Série Tecendo Redes de Histórias e Memórias da Maré, a ser lançado pela Redes no fim de maio. Pág. 8 e 9 Ações policiais frequentes afetam o ir e vir de moradores e trabalhado- res, interrompem aula nas escolas, fecham postos de saúde e provo- cam até danos materiais. Quatro moradores apresentaram denúncia contra os policiais que fizeram in- cursão abusiva. Pág. 10 a 12 “O mercado sobe a favela, a cidadania desce” , afirma a pes- quisadora Sonia Fleury, da FGV, na segunda parte da entre- vista publicada nesta edição, sobre as UPPs. Pág. 13 Histórias vivas viram livro! Antes da UPP vem o quê? Entrevista Nossa manchete é um trava-língua - fale rápido quatro vezes: Pacificação em debate Fabíola Loureiro Rosilene Millioti Elisângela Leite veri-vg Fabíola Loureiro Reprodução

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No Maré de Notícias: Direitos dos pacientes; Segunda parte da entrevista com Sônia Fleury sobre UPPs; Pacificação em debate; Travessias 2; História de moradores se misturam com a história da comunidade e muito mais.

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Travessias 2

Exposição de arte contemporânea oferece também debates com

personalidades como Marcelo Yuka e José Padilha, diretor de Tropa de Elite.

Pág. 15

Alfabetização

Nunca é tarde para superar limites!Pág. 3

Espaço Aberto

Desenho, música, livro, poesia, piada Pág. 16

Seus DireitosNesta edição, tema SAÚDE Pág. 6 e 7

41Ano IV, No maio de 2013 - Maré, Rio de Janeiro - distribuição gratuita

Centro de ArtesPág. 14

Joaquim Agamenon Santos marcou época do Morro do Timbau. Liderou várias lutas, entre elas a construção de caixas d’água que facilitaram o acesso dos moradores ao precioso líquido. Na época, a Cedae envia-va uma conta geral para a comunidade e o Morro do Timbau chegou a ser conside-rado o maior consumidor de água da com-panhia. Essa e outras histórias do Timbau e do Parque Maré são contadas pelos pró-prios moradores no segundo livro do Série Tecendo Redes de Histórias e Memórias da Maré, a ser lançado pela Redes no � m de maio. Pág. 8 e 9

Ações policiais frequentes afetam o ir e vir de moradores e trabalhado-res, interrompem aula nas escolas, fecham postos de saúde e provo-cam até danos materiais. Quatro moradores apresentaram denúncia contra os policiais que � zeram in-cursão abusiva. Pág. 10 a 12

“O mercado sobe a favela, a cidadania desce”, a� rma a pes-quisadora Sonia Fleury, da FGV, na segunda parte da entre-vista publicada nesta edição, sobre as UPPs. Pág. 13

Histórias vivas viram livro!

Antes da UPP vem o quê?

Entrevista

Nossa manchete é um trava-língua - fale rápido quatro vezes:

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Redes de Desenvolvimento da Maré Rua Sargento Silva Nunes, 1012,

Nova Holanda / Maré CEP: 21044-242 (21) 3104.3276 (21)3105.5531

www.redesdamare.org.br [email protected]

Os artigos assinados não representam a opinião do jornal.

Parceiros:

Rosilene Miliotti Fabíola Loureiro (Estagiária)Mauricio Miranda (estagiário)

Fotógrafa Elisângela Leite

Projeto grá�coe diagramação

Pablo Ramos

Logotipo Monica Sof�atti

Colaboradores Anabela Paiva

André de LucenaAydano André Mota

Flávia Oliveira

Coord. de distribuição Givanildo Nascimento

Impressão Grá� ca Jornal do Commércio

Tiragem 40.000 exemplares

Leia nosso Maré na internet e baixe o PDF:www.redesdamare.org.br

Instituição Proponente Redes de Desenvolvimento da Maré

Diretoria Andréia Martins

Eblin Joseph Farage (Licenciada) Eliana Sousa Silva

Edson Diniz Nóbrega Júnior Helena Edir

Patrícia Sales Vianna

Coordenação de ComunicaçãoSilvia Noronha

Instituição Parceira Observatório de Favelas

Apoio Ação Comunitária do Brasil

Administraçãodo Piscinão de Ramos

Associação Comunitária

Roquete Pinto

Associação de Moradores e Amigos do Conjunto Bento Ribeiro Dantas

Associação dos Moradores e Amigos do Conjunto Esperança

Associação de Moradores do Conjunto Marcílio Dias

Associação de Moradores do Conjunto Pinheiros

Associação de Moradores do Morro do Timbau

Associação de Moradores do Parque Ecológico

Associação de Moradores do Parque Habitacional

da Praia de Ramos

Associação de Moradores do Parque Maré

Associação de Moradores do Parque Rubens Vaz

Associação de Moradoresdo Parque União

Associação de Moradores

da Vila do João

Associação Pró-Desenvolvimento da Comunidade de Nova Holanda

Biblioteca Comunitária Nélida Piñon

Centro de Referência de Mulheres da Maré - Carminha Rosa

Conexão G

Conjunto Habitacional Nova Maré

Conselho de Moradores da Vila dos Pinheiros

Luta pela Paz

União de Defesa e Melhoramentos do Parque

Proletário da Baixa do Sapateiro

União Esportiva Vila Olímpica da Maré

Editora executiva e jornalista responsável

Silvia Noronha (Mtb – 14.786/RJ)

Repórteres e redatores Aramis Assis

Hélio Euclides (Mtb – 29919/RJ)

EDIT

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EDU

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O Aprenderé viver !

Curso de alfabetização para jovens e adultos vai muito além das lições escolares

Editorial

A foto publicada na capa desta edição (reproduzida acima) é dos alunos do Centro

Social Tecno boxe, no Parque União. Leia mais sobre o assunto na pág. 4

Trava-línguas

Este mês tratamos de vários temas importantes na nossa Maré, um deles sobre a história contada pelos próprios moradores. A manchete de capa faz uma brincadeira com o leitor, que é desa� ado a falar várias vezes um “trava-línguas” – termo usado para um conjunto de palavras de difícil articulação. Não é fácil falar: “Histórias vivas viram livros”, não é mesmo?

Outro tema de destaque é segurança pública, em função das operações policiais que vêm afetando o cotidiano dos moradores e trabalhadores. No início de maio, quatro moradores decidiram denunciar os abusos cometidos pelos policiais. Entre eles está Bruno, que aparece na foto acima passando ao lado de um caveirão, que tem uma arma apontada em sua direção.

Uma foto ilustrativa do cotidiano da Maré, clicada no momento exato em que Bruno passava pelo caveirão, no dia da perícia feita em sua casa. Leia a partir da pág. 10 e acompanhe os acontecimentos pré-UPP na Maré no site da Redes (www.redesdamare.org.br) e curta nossa página no facebook ( /redesdamare ).

Humor: “Só morrendo” - André de Lucena

Expediente

Mauricio Miranda Fabíola Loureiro

Junte uma turma focada e uma professora dedicada ao ensino da fase mais importante na

educação: a alfabetização. É o que ocorre com a turma de Alfabetização de Jovens e Adultos iniciada em setembro do

ano passado, na Nova Holanda, com 22 alunos, todos moradores da Maré. Dentre eles, cinco são alunos com síndrome de Down.

Entrar na sala de aula é lidar com emocionantes histórias, como a de Marcos Antônio da Silva, que tem 48 anos e é um dos cinco com Down. Ele não esconde a felicidade de

participar do projeto. “Eu gosto muito da professora. Aprendi tudo com ela. Agora sei escrever meu nome”, orgulha-se.

Segundo a professora Adriana Machado, a diversidade da turma contribui para enriquecer o aprendizado e ajuda a unir a turma. “Trabalhamos em sala de aula essas questões de diferenças. Eles possuem a consciência

de que estão aqui para aprender e são unidos. Quando um tem di� culdade, tem sempre outro para apoiar”, revela a professora, que também se considera aluna. “Aprendo muito com esta turma. Há bastante aprendizado entre nós. Tanto

do aluno com o professor como do professor com o aluno”, a� rma.

Nunca é tarde para aprender

A empregada doméstica Luzia da Silva, de 56 anos, conta com a ajuda das colegas de turma e da � lha. “Todo tempo minha � lha falava: ‘Mãe, você tem que ir para escola’. Por causa do meu trabalho e dos meus � -lhos, não podia. Agora que eles cresceram, a alfabetização foi uma porta que se abriu. Nunca é tarde para aprender”, ressalta Lui-za, que também fala sobre as mudanças que o curso trouxe na sua vida. “São mui-tas in� uências. Minha letra, que antes era um garrancho, melhorou. A pontuação está mais correta”, observa ela, que participa também do projeto “Maré de Sabores”, o� ci-na de gastronomia da Redes da Maré.

As boas in� uências também � zeram Valter de Andrade, de 31 anos, voltar aos estudos. Valter trabalha com cristal de rocha e viu que para crescer na carreira precisava vol-tar para a sala de aula. “Eu tinha di� culdade para ler e escrever. Com o curso, estou me-lhorando minha leitura e escrita”, reconhece Valter.

As aulas acontecem em três dias na sema-na, das 18h às 21h, na Redes da Maré. Às segundas-feiras, há ensino com o auxílio de jornais (entre eles, o Maré de Notícias), quando os alunos trabalham com recorte e colagem. Às quartas-feiras ocorrem ativida-des de estímulo à leitura na Biblioteca Po-

pular Lima Barreto e, em seguida, os alunos vão à sala de informática, onde aprendem os fonemas com aplicativo multimídia for-necido pelo Movimento Down. Às quintas--feiras é feita uma revisão da semana.

Essas histórias prometem render novos capítulos. Segundo Diva Esteves, coor-denadora do projeto e representante do Rotary Club (instituição patrocinadora do curso), o contrato será renovado.

Para mais informações sobre a Alfabetização de Jovens e Adultos, entre em contato com a Redes da

Maré - Rua Sargento Silva Nunes, 1.012, Nova Holanda. Tel.: 3105-5531.

A foto publicada na capa desta edição (reproduzida acima) é dos alunos do Centro

Social Tecno boxe, no Parque União. Leia mais sobre o assunto na pág. 4

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Xô vans na zona sulPassageiros � cam sem transporte alternativo

Hélio Euclides Elisângela Leite

Desde 15 de abril, a cidade do Rio de Janeiro � cou sem um meio de ligação direta entre as zonas norte e sul. A prefeitura proibiu a circulação de vans e kombis pelos bairros da zona sul, deixando muitos passageiros sem transporte direto, precisando pegar dois ônibus para chegar ao trabalho.

“Não temos condução; só há ônibus para a zona sul bem cedo e � camos abandonados durante o restante do dia. Só nos resta a baldeação”, conta Michele Santana. Segundo

o coordenador da linha 484 do Parque União, Amilton Gomes, a decisão afetou mais de 4.000 passageiros que circulavam nessas 21 vans. O transporte alternativo era a única possibilidade de ligação do Parque União para Copacabana e bairros próximos. Moradores e trabalhadores de Rubens Vaz, Nova Holanda e Parque Maré também utilizavam as vans. De dentro da Vila do João também existia uma linha até Copacabana. Desde abril, os moradores precisam andar muito até a Avenida Brasil e lutar para conseguir um lugar no ônibus, que costuma passar lotado nos horários de rush.

Somos todos “povos da Baía”

O II Encontro do Comitê de Rios, intitulado “Os Povos em Defesa da Baía de Guanabara Viva”, reuniu, em 13 de abril, ambientalistas, pescadores artesanais, pesquisadores e pro� ssionais de saúde, num debate sobre os problemas vivenciados nas comunidades que margeiam a Sub-Bacia do Canal do Cunha. Entre elas, estão Maré, Complexo do Alemão, Manguinhos e Jacarezinho – áreas que, por falta de investimento público adequado em saneamento, convivem com sérios problemas, como valões e enchentes. Realizado na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o evento debateu as ações públicas na região. O público presente cobrou diálogo por parte do Estado.

A próxima articulação será desenvolver quatro o� cinas nas comunidades, para fomentar a discussão e a luta em defesa da Baía. No segundo semestre haverá novo encontro do grupo.

Seminário de Educação da Maré: Inscrições abertas

Estão abertas as inscrições para o III Seminário de Educação da Maré, marcado para 25 de maio, no auditório da Faculdade de Letras da UFRJ. O evento é promovido pelo Programa Criança Petrobras na Maré (PCP Maré). Inscrições em redesdamare.org.br/pcp.

O que acontece e o que não deixa de acontecer por aquiH

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Atividades no Centro social do Parque União

O Centro Social Tecno Boxe, que funciona no antigo escritório da Tecno Calha, fábrica de telhas, no Parque União, oferece a alunos dos 7 aos 18 anos aulas de jiu-jitsu, MMA, luta livre, capoeira, teatro, break dance e violão. Para a terceira idade, há dança de salão e ginástica. Há ainda uma academia de musculação para os jovens.

“Fui lutador amador; o esporte mudou a minha vida e pode mudar a de muitos. É por isso que desejo o projeto ainda maior, incentivando os jovens para um futuro através do esporte”, diz o presidente do centro, Francisco Braz, que reclama apenas da falta de patrocínio. A renda vem de um estacionamento no subsolo e de pequenos comerciantes que abraçaram a ideia. As aulas são gratuitas, menos a musculação (de R$ 35 a R$ 40). Fica na Av. Brigadeiro Trompowski, 200. De 2ª a 6ª feira, de 18h às 23h. Tel: 7833-7084 e 9610-4518.

O presidente da Associação de Moradores do Piscinão de Ramos, Cristiano Reis, elogia as atividades de esportes e lazer, mas lamenta o abandono da Lona Cultural. “A estrutura está condenada e foi interditada pela Defesa Civil. A prefeitura tinha prometido retirar essa estrutura toda enferrujada e construir uma quadra poliesportiva, mas até agora nada”, reivindica ele, que também pede reforma nos banheiros do piscinão, que estão em más condições.

Lona abandonada

Programação

Mais de 15 atividades estão sendo oferecidas gratuitamente na Unidade de Esportes e Lazer, que funciona na praça do Piscinão de Ramos. A iniciativa é da prefeitura, sob administração do

Espaço Cidadania e Oportunidades Sociais (Ecos). Segundo o coordenador geral do equipamento, Rogaciano Filho, mais de 5.000 pessoas já foram atendidas desde setembro, quando o Ecos

passou a administrar o local. O espaço atende também crianças com de� ciências. Veja abaixo a grade de horário das atividades.

Namaré doPisciNÃO?SIM!

Terças e quintas-feiras

PCD – 7hGinástica – 7hAtletismo – 8hHidro – 8hRunning – 8hAlongamento – 9hBasquete – 9h, 13h e 14hVôlei de areia – 9h e 14hFutsal Feminino – 10h Futebol – 10h e 15hNatação – 10h, 15h e 16hJazz – 10h, 11h e 13hFutsal (6 a 9 anos) – 13h30Futsal (10 a 12 anos) – 14h30

Terças e quartas-feirasCondicionamento – 7h e 8h

Quartas e quintas-feirasVôlei (9 a 12 anos) – 19hRunning – 20h

Quartas e sextas-feirasGinástica – 7hNatação - 8h e 9hHandebol – 9h e 15hFutebol – 9h, 10h, 14h e 15hRecreação – 9h, 10h, 13h e 14hHandbeach – 10h

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TOS SEUS DIREITOS O mundo é nosso e o direito é de todos!

Coluna especial

Entenda o perfil de atendimento de cada equipamento de saúde e saiba qual unidade procurar, em caso de necessidade

Além dessa classi� cação, existem os centros “quaternários”, normalmente associados a núcleos acadêmicos, com disponibilidade de recursos muito além dos usuais, intensa produção cientí� ca, super-especialistas e atendimentos de casos muito raros e graves. Este é o caso dos Hospitais Universitários.

O Pronto-Socorro (ou pronto-atendimento/emergência) serve para atender casos potencialmente graves, de doenças agudas (de instalação muito recente), com risco de morte ou algum grau de incapacidade. Ao procurarmos o pronto-socorro para “ver como está o diabetes”, por exemplo, estamos reduzindo as chances de vida de outra pessoa que está infartando em silêncio ao nosso lado e vai ter que esperar (preciosos) minutos a mais. Além dos hospitais de emergência, são prontos socorros as Unidades de Pronto Atendimento 24h (UPA). Se você é morador de uma região onde já está instalada uma Unidade de Pronto Atendimento 24h, como é o caso da Maré (UPA da Vila do João) deve procurar o serviço em casos como: corte com pouco sangramento; queda com torsão e muita dor ou suspeita de fratura; febre acima de 39ºC; cólicas renais; intensa falta de ar; convulsão; dores fortes no peito;

vômito constante etc.

O � uxo dos pacientes entre esses níveis de atenção acontece através de um sistema de regulação informatizado que informa sobre as vagas disponíveis nas unidades, o SISREG.

Ajude a melhorar o SUS!A sociedade, através de seus representantes, pode participar, opinar, avaliar, de� nir, acompanhar e � scalizar as ações em saúde através dos Conselhos de Saúde. Exerça o Controle Social! Participe das reuniões dos Conselhos Municipais de Saúde e Distrital de Saúde.

Conselho Municipal de Saúde: Rua Afonso Cavalcanti, 455 - Bloco 1 - sala 814, Cidade NovaTelefone (s): 2976-2269 / 2293-0341(telfax) - E-mail: [email protected] Distrital de Saúde: Rua São Godofredo, s/nº, PenhaTelefone(s): 2260-0294 - e-mail: [email protected] Disque Saúde – Ouvidoria Geral do SUS136 ou www.saude.gov.br

Agora que você já conhece as diferentes portas de entrada dos serviços de saúde, pode acessá-las de forma correta. Seguem abaixo os principais polos de

atendimento da Maré e de seu entorno:

Clínica da Família Augusto Boal:Rua Guilherme Maxwel, n° 107Tels.: 3104-6087 / 3105-8982 8440-4537 / 3105-6560 Hospital Getúlio Vargas (HEGV):Rua Lobo Júnior nº 2293, PenhaTels.: 2334-7842 / 2334-7843Hospital Federal de Bonsucesso (HFB)Av. Londres, n° 616, BonsucessoTel.: 3977-9500Posto de Saúde Nova Holanda(Elis Regina): Rua Ivanildo Alves,s/nº, Nova HolandaTels.: 3105-5760 (adm) / 3105-7809 3105-5760 / 3105-6560(fax) Posto de Saúde Parque União:Rua Ari Leão, s/nº, Parque UniãoTel.: 3339-5604Posto de Saúde Vila do João:Rua 17 s/nº, Vila do JoãoTels.: 8440-4358 / 3109-4849 / 3109-0006

A Atenção Terciária é responsável por um número muito menor de condições, mas que demandam muitos recursos tecnológicos e atuação de sub-especialidades. Casos um pouco mais raros e com necessidade de cuidados mais especí� cos podem ser encaminhados, por exemplo, para o Hospital Federal de Bonsucesso ou para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, que também tem porta de atendimento de Emergência.

A Atenção Secundária surge quando há necessi-dade de consultas com especialistas, exames com-plementares e internações hospitalares por agravos que não requerem grande uso de tecnologia, como por exemplo, o Hospital Estadual Getúlio Vargas.

À Atenção Primária, cujo carro-chefe é o Programa de Saúde da Família, cabe resolver a grande maioria dos agravos (ou ameaças) à saúde. É da Atenção Primária (Posto de Saúde ou Centro Municipal de Saúde – CMS) a tarefa de de� nir quando um paciente deve ser referenciado aos níveis de mais alta complexidade, se houver necessidade do uso desses recursos. A Unidade Básica de Saúde mais próxima da sua casa deve servir de referência sempre que você precisar de orientações, desde informações sobre prevenção e cuidados até a necessidade de atendimento médico. Con� ra algumas situações em que você deve procurar o posto de saúde: retirada de preservativos; realização de vacinas; grupos de educação em saúde (diabéticos, hipertensos, obesos e gestantes); cuidados preventivos de câncer do colo do útero; bebês chorando sem razão aparente; febre abaixo dos 39ºc; sintomas de resfriados, gripes e dores de cabeça, dentre outros.

Posto de Saúde 14 de Julho:Avenida Guanabara s/n°Praia de RamosTel.: 3384-9635Posto de Saúde Gustavo Capanema:Via A1 s/nº, Vila do PinheiroTels.: 3885–6541 / 8440-4563Posto de Saúde Hélio Smidt:Av. Tancredo Neves, s/nº, Rubens VazTels.: 3882-3664 / 3881-9164 / 8440-4359 Posto de Saúde OperárioVicente Mariano:Rua Aterro da Maré, s/n°Baixa do SapateiroTel.: 3885-7391Posto de Saúde Samora Machel:Rua Principal, s/nº - Parque MaréTel.: 3105-3596 / 8440-4354UPA 24h: Av. Brasil 4800, Rua 9, esq. com a Rua 5, Vila do JoãoTels.: 2334-7832 / 2334-7831

A saúde é produto das condições de vida da população (habitacionais, alimentares, sociais, econômicas, culturais, de lazer, trabalho, renda, dentre outras) e das relações que as pessoas estabelecem entre si e com a natureza. Essas determinações podem aumentar ou diminuir a vulnerabilidade da população em relação à sua saúde.Para entender melhor a importância da saúde, vale destacar que o Brasil é um dos poucos países que oferecem atendimento gratuito, através do Sistema Único de Saúde, popularmente conhecido como SUS. A lei que regulamenta o SUS propõe que ele funcione com base em princípios éticos e em diretrizes organizacionais. Os princípios éticos são caracterizados pela:

Universalidade: saúde como um direito de todos; Integralidade: o atendimento deve incluir desde a prevenção até o tratamento/cura das pessoas e grupos;Equidade: todos os cidadãos devem ter igual oportunidade no uso dos serviços.

As diretrizes organizacionais estão relacionadas à descentralização (cada esfera do poder – municipal, estadual e federal – tem suas responsabilidades próprias), à regionalização e hierarquização (os serviços de saúde são divididos em níveis de complexidade) e à participação popular (os cidadãos participam da gestão do SUS através do Controle Social).

A primeira questão importante para conhecer como funciona o Sistema é compreender sua divisão através de Níveis de Atenção. Entendendo como isso funciona, é possível saber porque não devemos procurar um hospital de emergência para tratar pressão falta, por exemplo. O sistema de saúde é dividido em níveis de atenção. Cada nível atende a situações de determinada complexidade, custo e necessidade de uso de tecnologia.

Equipe Social da Redes da Maré[email protected]

Segundotema:Saúde

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Fabíola Loureiro Elisângela Leite

Joaquim Agamenon Santos veio para o Rio de Janeiro em 1949, aos 13 anos de idade, e foi morar no Engenho de Dentro. Começou a tra-balhar na Fábrica de Doces Ruth, em Ramos, onde conheceu Nadir de Araújo Santos, com quem se casou em 1966. O cearense, hoje aos 77 anos, conta que ao se casar, mudou--se para o Morro do Timbau. Um mês depois, foi chamado para participar da Associação de Moradores.

O Exército havia cercado o morro e cada morador tinha que se identi� car ao entrar e sair. Muitos mo-radores eram semi-analfabetos e por isso acabavam sendo explorados e maltratados, mas com a chegada de Agamenon, “tudo mudou”, garante ele, que será um dos personagens do próximo livro do Núcleo de Me-mória, da Redes da Maré (leia o artigo de Edson Diniz nesta página).

“Cheguei, organizei a associação e marquei eleição. Na época em que estive lá, todos os problemas eram resolvidos. Eu fui uma liderança muito forte. E sempre dizia que para ser presidente era preciso ter pulso � rme e cabeça. Muitas vezes fui chamado de déspota

Edson Diniz, Diretor da Redes da Maré e coordenador do Núcleo Memória e a Identidade da Maré

Revisitar o passado é uma ação permanen-te na vida de todas as pessoas. Em muitos momentos são as antigas recordações e as lições trazidas por elas que nos orientam e in-dicam os caminhos a seguir. Recordar signi� -ca revisitar bons momentos, lembrar pessoas e mesmo situações que não foram tão felizes.

Essa história é um tantinho assim de um vidão e tanto!“Nasci no Ceará em 1936 e lá o governador chamava-se Agamenon e, por isso, todo mundo tinha que teresse nome. Minha história é tão grande que se eu te contasse tudo, íamos � car 30 anos conversando.”

e autoritário, mas o morro precisava de organização. Era feito um rodízio na diretoria, eu escolhia quem ia ser o presidente, mas a palavra � nal sempre acabava sendo a minha, eu era um verdadeiro líder”, orgulha-se.

A chegada da água

Agamenon � cou à frente da associação du-rante 32 anos. Entre as melhorias veri� cadas neste longo período no morro destacam-se a construção de caixas d’água, iluminação e numeração das casas, sistema de esgo-to, consultório dentário e auxílio funerário. “A Cedae tinha feito uma tubulação, mas a água era bombeada e não chegava ao mor-ro todo. Fizemos uma reunião e falamos da ideia de construir as caixas d’água, depois

visitamos todos os moradores para falar do projeto. Ao todo foram 300 mil litros d’água e 850 casas cadastradas. Cada morador ar-mazenava um barril de 200 litros. Era preci-so uma contribuição, então dividimos o valor que custaria a obra pela quantidade de resi-dentes. Isso foi na década de 1970 e o povo sempre contribuía com a associação e par-ticipava das assembleias gerais“, lembra-se.

Como era uma conta geral, o Morro do Timbau chegou a ser considerado o maior consumidor de água da Cedae. Os moradores pagaram a conta desse jeito por dois anos, dividindo o valor entre todos. Depois o governador do Rio de Janeiro, Chagas Freitas, fez um decreto que isentava do pagamento de água os moradores de favelas e dos conjuntos habitacionais da Companhia Estadual de Habitação do Rio de Janeiro (Cehab).

Segundo Agamenon, na década de 1980, a Organização das Nações Unidades (ONU) fez uma matéria em uma revista norte-americana dizendo que o Timbau era uma favela padrão, sendo considerado o espaço popular mais bem organizado.

Agamenon, que estudou na Escola Municipal Bahia onde se formou em Técnico de Contabilidade, diz que já leu livros de

Marx (alemão, fundador do comunismo moderno) a Hitler (ditador alemão racista e anti-semita, que liderou a Alemanha na Segunda Guerra Mundial). Segundo ele, é necessário ler um pouco de cada autor e fazer as comparações.

Uma in� uência sua foi a escolha do nome do CIEP Operário Vicente Mariano, homenagem ao fundador e primeiro presidente da Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (Faferj). Os dois juntos tomaram “borrachada” da polícia na época da ditadura militar brasileira.

Um fato curioso ocorreu quando três moradores da Rua Capivari estavam internados no Hospital Getúlio Vargas e um deles faleceu. Quando o homem que trabalhava na funerária chegou para avisar a família, ele acabou indo na casa errada, o que causou uma grande confusão. Por isso, viu-se a necessidade de nomear e numerar todas as ruas para que não houvesse mais problemas como este. E assim foi feito.

Agamenon � cou na associação até 1997, teve vários empregos até se aposentar e � car trabalhando apenas na tendinha que tem no Timbau desde 1982.

morar no Engenho de Dentro. Começou a tra-balhar na Fábrica de Doces Ruth, em Ramos, onde conheceu Nadir de Araújo Santos, com quem se casou em 1966. O cearense, hoje aos 77 anos, conta que ao se casar, mudou--se para o Morro do Timbau. Um mês depois, foi chamado para participar da Associação de

O Exército havia cercado o morro e cada morador tinha que se identi� car ao entrar e sair. Muitos mo-radores eram semi-analfabetos e por isso acabavam sendo explorados e maltratados, mas com a chegada de Agamenon, “tudo mudou”, garante ele, que será um dos personagens do próximo livro do Núcleo de Me-mória, da Redes da Maré (leia o artigo de Edson Diniz

“Cheguei, organizei a associação e marquei eleição. Na época em que estive lá, todos os problemas eram resolvidos. Eu fui uma liderança muito forte. E sempre dizia que para ser presidente era preciso ter pulso � rme e cabeça. Muitas vezes fui chamado de déspota

ser o presidente, mas a palavra � nal sempre acabava sendo a minha, eu era um verdadeiro líder”, orgulha-se.

ideia de construir as caixas d’água, depois

Todo esse movimento em relação ao passado compõe o que pode-mos chamar de Memória. Cada pessoa constrói a sua. Nossas memórias são muito importantes porque elas dizem muito a respei-to de quem somos. São elas que produzem o que os estudiosos chamam de identidades.

A identidade é como cada um se apresenta ao mundo a partir de suas memórias. E nossas memórias e nossas identidades, somadas a de outras pessoas,

criam a história dos lugares e dos povos. Por isso, pensan-do no processo de revisitar a memória, reconstruí-la, estudá--la e preservá-la, a Redes da Maré, através do Núcleo de Memória e Identidade da Maré (Numim), lançará no � nal de maio o segundo volume da Sé-rie Tecendo Redes de Histórias e Memórias da Maré.

No segundo livro – o primeiro foi sobre Nova Holanda – moradores do Morro do Timbau e

do Parque Maré con-tam suas memórias e tecem a história de suas comunidades. O que poderemos ver é o desenrolar de histórias de muitas lutas, perse-verança, alegria, dor e esperança no futuro.

A publicação traz depoimentos como o do Sr. Agamenon Agamenon (leia reportagem nesta página), liderança do Morro do Tim-bau que enfrentou, junto com os morado-

res, as enormes adversi-dades que se colocavam no cotidiano sofrido da comunidade.

Traz muitos outros de-poimentos, como o do Sr. Edmundo Aquino, morador do Parque

Maré, que nos permite acompanhar sua trajetória desde a chegada ao Rio até seu estabelecimento na Maré e adaptação à nova vida. São memórias que nos fazem re� etir sobre a história da Maré, nos emo-

ARTIGO:A Memória e a

Identidade na Maré

Timbau chegou a ser considerado o maior consumidor de água da Cedae. Os moradores pagaram a conta desse jeito por dois anos, dividindo o valor entre todos. Depois o governador do Rio de Janeiro, Chagas Freitas, fez um decreto que isentava do pagamento de água os moradores de favelas e dos conjuntos habitacionais da Companhia Estadual de Habitação do Rio de Janeiro (Cehab).

Segundo Agamenon, na década de 1980, a Organização das Nações Unidades (ONU) fez uma matéria em uma revista norte-americana dizendo que o Timbau era uma favela padrão, sendo considerado o espaço popular mais bem organizado.

Agamenon, que estudou na Escola Municipal Bahia onde se formou em Técnico de Contabilidade, diz que já leu livros de

maior consumidor de água da Cedae. Os moradores pagaram a conta desse jeito por dois anos, dividindo o valor entre todos. Depois o governador do Rio de Janeiro, Chagas Freitas, fez um decreto que isentava do pagamento de água os moradores de

“Sempre dizia que para ser presidente era preciso ter pulso fi rme ecabeça. Muitas vezes fuichamado de déspota e autoritário, mas o morro precisava de organização”

suas memórias. E nossas memórias e nossas

criam a história dos lugares e dos povos. Por isso, pensan-do no processo de revisitar a memória, reconstruí-la, estudá--la e preservá-la, a Redes da Maré, através do Núcleo de Memória e Identidade da Maré (Numim), lançará no � nal de maio o segundo volume da Sé-rie Tecendo Redes de Histórias e Memórias da Maré.

No segundo livro – o primeiro foi sobre Nova

cionam e encantam pela bravura, solida-riedade e sabedoria de quem enfrentou as maiores di� culdades com a esperança de construir o seu lugar na cidade.

O primeiro livro da série Tecendo Redes de Histórias e Memórias da Maré, sobre a Nova Holanda, está disponível em http://redesdamare.org.br/?p=4151. O segundo livro será disponibilizado após o lan-çamento, em data a ser marcada. Acompanhe pelo facebook da Re-des (/redesdamare).

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As incursões policiais, que ocorrem quase diariamente na Maré desde março, atingem sobretudo o direito de ir e vir dos moradores e trabalhadores locais. Uma das principais consequências recai sobre crianças e adolescentes, que vêm � cando sem aulas a cada operação. No dia 2 de maio, uma operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque fez moradores reviverem o terror de ter suas casas invadidas pelos próprios policiais. Em pelo menos quatro casas, os moradores tiveram prejuízos materiais, entre eles o fotógrafo Ubirajara Carvalho, o Bira, que é cadeirante e teve sua câmera fotográ� ca destruída, e o professor de geogra� a da Redes, Bruno Paixão (leia na pág. ao lado). Os demais preferiram não se identi� car; um deles sofreu agressões físicas. Os casos

Licio Monteiro - Geógrafo e doutorando em Geogra� a pela UFRJ

Bruno reclamava da conversa excessiva dos alunos na sala de aula. Normal de todos os professores. Ele leciona geogra� a numa escola ali perto da Maré. Mas nesse dia os alunos foram outros. Crianças da Maré, como aquelas para quem ele dá aula, se amontoavam em frente à sua casa para ver o que estava acontecendo. Sob os olhares do defensor público e do policial civil, Bruno abria a porta de sua casa com a chave para narrar o que havia acontecido no dia anterior.

Com o pé na porta Um professor de Geografiae seus alunosAções da polícia geram prejuízo aos moradores

ARTIGO:

Diretora da Redes, Eliana Silva, acompanha delegado e perito na Maré

Licio Monteiro - Geógrafo e doutorando

foram denunciados e, no dia seguinte, um perito e um delegado da 21ª DP estiveram na Maré para averiguar os fatos. A Corregedoria da Polícia Militar � cou de investigar os policiais denunciados e a Defensoria Pública deve entrar com ação contra o Governo do Estado.

Na casa de Bruno, quando ele disse aos policiais que a ação dentro de sua casa, sem mandado de busca e apreensão, era ilegal, o PM respondeu que isso era “discurso de direitos humanos”.

Esse tipo de atitude, ainda comum, foi uma das razões que levou ao desenvolvimento da campanha “Somos da Maré e Temos Direitos”, pela Redes da Maré, Observatório de Favelas e Anistia Internacional. A campanha continua nas ruas, com a distribuição de material informativo sobre os direitos dos moradores e como proceder em caso de violação.

As três instituições também decidiram acompanhar a fase Pré-UPP na Maré, por meio de registros do que vem ocorrendo. Leia essas matérias do site da Redes: www.redesdamare.org.br, na aba: Maré Pré-UPP.

Ações afetam pais e alunos Mauricio Miranda

As crianças do recém-criado Espaço de Desenvolvimento Infantil (EDI) Moacyr de Góes, no Parque Maré, � caram duas semanas sem aulas em abril, o que prejudicou também os pais. É o que contam Lidiane do Nascimento e Francisca Pereira, mães de alunas do EDI.

A escola, que atende crianças de seis meses a cinco anos e 11 meses de idade, de segunda a sexta-feira, de 7 às 16 horas, retomou parcialmente as atividades em 24 de abril, funcionando até o meio dia. No dia 29, as aulas da � lha de Francisca, de quatro anos, voltaram ao horário integral.

Mas Lidiane não teve o que comemorar. A � lha de apenas dois anos seguia, no início de maio, com aulas até as 12h. “Chegamos à porta da escola e o diretor fala que estourou a bomba d’agua ou que não tem funcionários para o turno da tarde devido às incursões policiais. Eles têm medo de ir trabalhar pela falta de segurança”, conta Lidiane.

Com as � lhas sem aula e precisando ir para o trabalho, as mães procuram alternativas. Francisca buscou ajuda da mãe e dos vizinhos e Lidiane ainda precisa pagar alguém para cuidar de sua � lha. “Você depende da escola e ela não cumpre com suas obrigações”, lamenta ela, que também tem uma � lha no Ciep Presidente Samora Machel, que � cou vários dias sem aula em abril. O posto de saúde situado dentro do Ciep � cou fechado quase um mês, desde 8 de abril. Seria reaberto em 6 de maio, dia do fechamento desta edição.

Diretora da Redes, Eliana Silva, acompanha delegado e perito na Maré

Diretora da Redes, Eliana Silva, acompanha delegado e perito na Maré

Diretora da Redes, Eliana Silva, acompanha

Aquele gesto, aquele evento, dizia algo mais. Dizia que uma casa, para ser aberta, precisaria da licença de seu morador. Era a lição do dia para todos os seus novos alunos. Em vez de giz e quadro, uma chave e uma porta. Os homens do Estado agora estavam lá para garantir os direitos dos moradores, chegaram para participar da aula do Bruno. A geogra� a não era o conteúdo do livro didático, estava inscrita em seu próprio terreno.

Não era um dia normal. Dia normal seria aquele das motocicletas passando pra lá

e pra cá, homens na garupa com armas apontadas pra cima. Dia normal teria sido o dia anterior, em que a operação policial saiu violando as casas dos moradores sem

mandado judicial.

Talvez aqueles no-vos alunos do Bru-no, agora atentos e em silêncio, tives-sem presenciado a cena do dia ante-rior. Quando Bruno

voltou pra casa, os policiais do Bope já es-tavam lá dentro. Bruno solicitou o mandado judicial. A� nal, se era o Estado que chegava à Maré, como insiste em dizer o discurso o� -cial, por que é sempre a polícia quem chega

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Como prometido na edição anterior, publicamos a seguir a segunda parte da entrevista com a pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV), Sonia Fleury, que tem avaliado as Unidades de Polícia Paci� cadora (UPP) e alertado para o processo de controle da população por parte dos policiais e do Estado. Sonia é doutora em Ciência Política e professora da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (Ebape/ FGV), onde coordena o Programa de Estudos sobre a Esfera Pública.Maré de Notícias: Com a UPP, a população de favela continua oprimida?

Sonia Fleury: Em muitos casos há um desrespei-to muito grande aos direitos de cidadania dentro das favelas por par-te das autoridades, que não estão preparadas; são autoridades co-ercitivas. É colocar câmeras, vigiar as pessoas e tudo mais. Quando há uma arbitrariedade, o caso é sempre levado contra o morador, como desacato, resistência. Até fui procurar se tinha aumentado o número de atos de desacato e resistência. Olhei numa UPP como o rapaz da PM registrava, mas quando chega na Secretaria de Segurança, os dados não aparecem c o m o desacato, resistência e s p e c i f i -c a m e n t e . Mas a gen-te sabe que acontece, es-pecialmente com os jovens quando se manifestam.

Maré: Como seria se a UPP desencadeasse um processo de emanci-pação da população dos espaços populares?

Sonia: Seria discutir a inserção do morador, a sua relação com o Estado, ele ser ouvido nas suas demandas e seria também criar situações em que a população tivesse poder de tomar decisões e não só ser consul-tada. Seria a população falar como fazer política naquele território. Mas o que acontece? No Santa Marta são 620 e tantos policiais e apenas 20 e poucas pessoas na área de saúde para aquela mesma população

“O mercado sobe a favela, a cidadania desce”Pesquisadora questiona a arbitrariedade da polícia e o poder do mercado nas favelas com UPP

e sem nenhum equipamento de saúde so� sticado, nem nada. Quer dizer, submete-se a política social a um pro-jeto de controle social e isso não pode emancipar nin-guém. E a sociedade carioca e brasileira não consegue perceber que ao apoiar esse processo da forma como ele está sendo feito, na base do silêncio, sem discutir, a população está outorgando ao Estado todo o poder de decisão sobre a sua vida. E quem é esse Estado que está decidindo? É um Estado empresário, extremamen-te ligado ao setor de construção civil que vai ganhar rios

de dinheiros com as UPPs e o Porto Maravilha, e que acaba � nanciando as campanhas dos próprios governan-tes. Então tem todo um conjunto de inte-resses. A população não está se dando conta de que o pro-cesso em toda a ci-

dade é o mesmo, é autorizar o governo a ser autoritário.

Maré: Você costuma dizer: “O mercado sobe a favela e a cidadania desce”, e que assim os direitos da população não estão sendo garantidos, mas os deveres estão sendo cobrados. Como é isso?

Sonia: Claro, porque no dia seguinte à entrada da UPP, há uma invasão de empresas. Elas chegam e as pessoas têm que começar a pagar,

porque agora elas são cidadãs. Têm que começar a pagar tudo, pois é seu dever. Mas elas não possuem os mesmos direitos que o pessoal do “asfalto”: não têm direito à árvore nem a um espaço social de lazer e os poucos que existiam estão sendo invadidos pela classe média. Com isso, os moradores estão perdendo até essas áreas que eles tinham conseguido; ou, ainda, estão colocando teleférico no lugar onde os meninos jogavam futebol. Ninguém perguntou se o melhor era isso para aquela comunidade. Claro que a comunidade quer ter forma de subir ali, que não seja trazendo a mercadoria nas costas, mas não se discute. Então há um risco muito grande de que as pessoas não consigam (arcar com os custos), de que elas

empobreçam, porque elas continuam ganhando a mesma coisa e vão ter um custo muito maior.

Maré: Há iniciativas tentando mudar essas imposições?

Sonia: O pessoal do Território da Paz (programa do governo federal) tenta fazer o melhor, no sentido de canalizar as demandas ou criar ca-nais para que as pessoas possam dialogar com o Estado, mas eles não têm poder. Outro ponto é que agora existe uma Ouvidoria da Polícia (tel: 3399-1199), onde a população pode denunciar os abusos.

primeiro, e na maioria das vezes joga sem o regulamento debaixo do braço? Bruno sabia disso, talvez tivesse se preparado a vida inteira para aquele momento, em que teria que dizer aos policiais que uma casa é uma casa, seja na favela ou no asfal-to. Mas a chave da polícia estava presa na sola do coturno, não houve conversa possível.

Os policiais não encontraram nada na casa de Bruno do que esperavam encontrar lá. Viram uma casa recém construída, com uma arquitetura bem diferente, com ma-teriais de qualidade. Passaporte com ca-rimbos da França e da Inglaterra, documen-tos da aprovação num mestrado europeu, livros acadêmicos, algumas libras ester-linas... Não. Tinha al-guma coisa estranha nisso tudo. A cabeça deles não tinha sido programada para isso.

E eles não quiseram aprender nada além. Só conheciam a linguagem da intimidação e da violência.

Mas Bruno aprendeu a abrir as portas públicas, que deveriam ter sempre estado abertas para todos, mas que insistem em manter fechadas para o povo. A confusão brasileira entre a casa e a rua, entre o público e o privado, construiu mais esse paradoxo:

aqueles que mais encontram portas públicas fechadas ao longo de suas vidas não têm o direito de fechar sua própria porta para o poder público.

Quando Bruno construiu aquela

casa, depois de demolir a casa em que seus pais

viveram e morreram, sonhava com um novo lugar. Uma república estudantil em plena Maré, do lado do Fundão. Pude ver seu entusiasmo com a planta desenhada

por seus amigos franceses, estudantes de

arquitetura, quando o térreo ainda estava coberto de entulho,

e depois numa das pré-inaugurações que fez. Mal sabia ele que a casa seria o palco de sua aula mais importante.

Os novos alunos do Bruno aprenderam algo diferente naquele dia. Principal-mente aquele descalço de braço cruza-do ali na primeira � la (ver foto na pág. anterior): altivo e orgulhoso de seu novo professor, como todos nós estamos nes-se momento orgulhosos da coragem de nosso amigo Bruno.

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E eles não quiseram aprender nada além. Só conheciam a linguagem da intimidação

que insistem em manter fechadas para o povo. A confusão brasileira entre a casa e a rua, entre o público e o

casa, depois de demolir a casa em que seus pais

viveram e morreram,

franceses, estudantes de arquitetura, quando o térreo

ainda estava coberto de entulho,

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cultura

A Lona da Maré reabrirá em breve!

Herbert ViannaLona cultural

Dança de rua Segundas-feiras, das 17h30 às 19h

Iniciante, a partir de 8 anos

Percussão (a partir de 10 anos) Terças-feiras, das 20h às 21h30

Consciência corporal Terças-feiras, das 18h30 às 20h

Quintas-feiras, das 18h30 às 20hA partir de 16 anos

Dança contemporânea Quartas-feiras, das 18h30 às 20hQuintas-feiras, das 20h às 21h30

A partir de 12 anos

Encontros do Travessias 2 - Arte Contemporânea na Maré Sábados, dias 04, 11 e 25 de Maio, de 16h às 19h

Leia a programação completa na página ao lado

Corpo e expressão (nova o� cina infantil) Quartas-feiras, das 17h30 às 18h30Sextas-feiras, das 17h30 às 18h30

Para crianças entre 04 e 08 anos

Dança de salãoa partir de 16 anos

Sextas-feiras, das 18h30 às 19h30 - InicianteSextas-feiras, das 19h30 às 20h30

Intermediário, salsa e samba de ga� eiraSextas-feiras, das 20h30 às 21h30

Intermediário, forró e soltinho

Dança criativaQuintas-feiras, das 18h30 às 20h

Para crianças de 08 a 12 anos

ofi cinas regulares

PROGRAMAÇÃO

ofi cinas regulares

Pinguim se comeA arte que estimula novos olharesLembra do papai noel feito de morangos, da edição de natal? Pois é, agora essa ave típi-ca do Hemisfério Sul virou um lindo aperitivo para enfeitar e degustar. Descobrimos essa brilhante ideia no Facebook do Farofa Fina.

Ingredientes:Cenoura cruaAzeitonas pretas grandes Queijo tipo Polenguinho ou A vaca que riPalitos de madeira

Modo de fazer:Cada pinguim leva duas azeitonas. Para o corpo, corte a azeitona pela lateral e recheie com o queijo, de modo que ele � que visível. Para a ca-beça, use a outra azeitona, fazendo um corte numa das pontas para en-caixar um pedacinho de cenoura cor-tada, que fará a vez de bico. Os pés são feitos de rodela de cenoura com um cortezinho no meio.

Para juntar direitinho o corpo, a cabe-ça e os pés, � nque um palito do alto para baixo.

Farofa Fina

veri-vg

A segunda edição do Travessias – Arte contemporânea na Maré segue até 23 de junho, apresentando obras inéditas de dez artistas renomados, entre eles Carlos Vergara, Ernesto Neto, Vik Muniz e o fotógrafo Ratão Diniz, morador da Maré. Aos sábados, os organizadores do evento prepararam ainda encontros abertos ao público, sempre com a presença de um dos artistas participantes e personalidades que contribuem para a transformação da cidade e criação de novos espaços simbólicos.

Também faz parte do evento a montagem de uma grande maquete da Nova Holanda, por um grupo de estudantes de arquitetura e moradores da Maré. O trabalho está sendo executado neste mês de maio, a tempo de ser exposto no Travessias. Essa maquete, que terá 4x6m, será o primeiro módulo de uma série que pretende reproduzir todo o complexo da Maré.

Con� ra in loco visitando o Galpão Bela Maré e o Centro de Artes da Maré, que � cam lado a lado na Nova Holanda (leia o serviço completo nesta página). O evento é uma produção do Observatório de Favelas e da Automática, com apoio da Redes da Maré. A curadoria é de Raul Mourão e Felipe Scovino.

Sábado 11 de maio, 16h Relato de artista: Carlos VergaraApresentação de projeto: Ricardo Henriques,apresentando o tema “políticas públicas integradasno território e participação comunitária”Entrevista: com Fernanda Abreu e MV Bill

Sábado 25 de maio, 16h Relato de artista: Ratão DinizApresentação de projeto: Ronaldo Lemos, discutindoo Marco Civil para Internet no BrasilEntrevista: com Marcelo Yuka e José Padilha

Sábado 08 de junho, 16h Relato de artista: Daniel SeniseApresentação de projeto:Paul Heritage, apresentando o Rio Occupation London

Travessias 2 – Arte contemporânea na Maré - Entrada gratuita!Período: até 23 de junho no Galpão Bela Maré

Rua Bittencourt Sampaio, 169 (entre as passarelas 9 e 10 da Av. Brasil)

Quartas, sábados e domingos, das 10h às 18h - Quintas e sextas, das 10h às 20hMais informações: www.travessias.org.br

Programação Paralela: Centro de Artes da Maré (CAM)Rua Bittencourt Sampaio, 181 - Aos sábados, às 16h

Ernesto Neto permite que os visitantes

brinquem com a sua criação

Visão geral do Galpão Bela Maré: à esqu.,os quadros de Carlos Vergara

Uma visitante observa

o trabalho de Arjan Martins

Exercício M, de movimento e de maré Sábados, dias 04, 11 e 25 de maio, às 19h

Núcleo 2 de formação intensiva da Escola Livre de Dança da Maré (ELDM)

R. Bitencourt Sampaio, 181 Nova Holanda (21) 3105-7265 - Programação no local ou pelo tel. 3105-7265 - 2 a a 6a, de 14h às 21h30

Rosilene Miliotti Elisângela Leite

Nos últimos meses, 12 jovens alunos do Núcleo 2 de formação intensiva da Escola Livre de Dança da Maré (ELDM) e quatro bailarinas convi-dadas mergulharam em partes do repertório e em alguns dos proces-sos de pesquisa e criação da Lia Rodrigues Companhia de Danças. Juntos desenvolveram uma série de estratégias para que esses jovens em formação experimentassem o material coreográ� co e deixassem suas marcas.

É desta imersão que sai o “Exercício M, de movimento e de maré”, uma experiência compartilhada, com caráter pedagógico, que conta com patrocínio da Secreta-ria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, através do Fundo de Apoio à Dança (Fada) e apoio da Fondation Hermès. Os 12 jovens do Núcleo 2 foram selecionados em março de 2012, quando mais de 50 pessoas participaram de uma audição. Ao longo desse pe-

ríodo, de segunda a sexta-feira, du-rante quatro horas diárias, eles pas-

saram por uma intensa formação em dança contemporânea. “Para fechar esse primeiro ano de tra-balho, pensamos a experiência a

partir de material de uma escrita core-ográ� ca que a Lia Rodrigues está de-senvolvendo com esses jovens e mais quatro bailarinas convidadas desde janeiro desse ano”, explica Silvia Soter, coordenadora do Centro de Artes da Maré, que é um Ponto de Cultura man-tido pela Redes da Maré.

O objetivo da ELDM, inaugurada em outubro de 2011, é democratizar o acesso dos moradores à arte e à dança,

num trabalho acompanhado pela re� exão teórica que permite contextualizar historicamente a produção artística e desenvolver a capacidade de re� exão crítica dos alunos diante da arte e da sociedade.

Sábado 22 de junho, 16h Mesa de encerramento: Fred Coelho,Luisa Duarte, Jailson de Souza,Felipe Scovino e Luiza Mello

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uma família perdida na selva, Depois de 40 dias, encontrara um lago. todos tomam banho, menos a avó. depois de outros 40 dias de caminhada encontram outro lago, e Novamente todos tomam banho, menos a avó. o filme é...?- Avó ta imunda em 80 dias !

Um cachorro passou em frente ao cinema, viu muita pedra, areia e tijolos.Que filme estava passando?- Nenhum, o cinema estava em obras

qual o nome do filme?

Desenho na veia

Filmes gratuitospela internet

Porque a poesia sara!

Recicle e ganhe!O estudante Emanuel, de ape-nas 12 anos, tem dom para o desenho. Morador da Nova Holanda e aluno do Colégio Santa Mônica, de Bonsucesso, o garoto desenha paisagens e aviões desde os quatro anos de idade. Ele começou a apri-morar sua técnica com 9 anos e atualmente conta com as di-cas do livro de artes da escola. “Adoro desenhar. Este desenho da foto eu � z para mostrar a re-alidade do que acontece na fa-vela. Vejo muita caricatura por aí e eu queria mostrar como é, com as casas de tijolos e tudo”, conta Emanuel.

Quem tem acesso à internet pode assistir a pelo menos uma cente-na de � lmes brasileiros comple-tos de graça. São � lmes clássicos e outros recentes disponibiliza-dos pelos diretores e produtores. O internauta Eduardo Carli de Moraes facilitou a vida da gente ao agrupar todos esses � lmes num só canal do You Tube: www.youtube.com/user/educmoraes. Entre os � lmes estão “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glau-ber Rocha; “O Bandido da Luz Vermelha”, de Rogério Sganzerla; e muitos outros.

Não sabe o que fazer com o óleo de cozinha usado? Jogá-lo pelo ralo faz mal ao meio ambiente. Aqui na Maré, tudo o que jogamos pelo ralo vai para os valões e para a Baía de Gua-nabara. Para evitar que isso aconteça, o cantor e compositor Bhega, morador do Parque União, oferece uma cópia de seu CD ou DVD “Paz, amor e natureza”, em troca de dois litros de óleo de cozinha usado. “O morador ajuda o meio am-biente e eu vendo o óleo para ser reciclado. Com o dinheiro que arrecado, consigo fazer mais cópias do CD”, conta ele. Entre as músicas gravadas estão alguns clássicos, como “Dia D da Dengue” e “Cui-dado Eleitor”. Contato do Bhega: 9206-5867.

A moradora e � el leitora do Maré, Sara Alves, lançou o livro “Momentos”, pela editora Multifoco. “Fico emocionada em saber que a minha escrita pode interessar a outras pessoas, isto é muito grati� cante”, a� rma ela. Para dar um gostinho de ler o livro, veja abaixo uma poesia de Sara.

Favela.Nem tudo é mentira.Nem tudo é verdade.

Favela também é lugar de gentecontente,decente,inteligente.

Favela não é só lugar dedesempregado,desamparado,alienado.Asfalto.Nem tudo é mentira.Nem tudo é verdade.

Os meus Momentos surgidos no ventoexpressam milésimos do meu eterno viver.Simbolicamente rabiscados, “escrita” infantil inicial,com liberdade e prazer do fazer-escrever.Eternizando o presente do passado e do futuro,compartilhando com você seja por amizade, curiosidade

ou por qualquer outra realidade, um pouco dos meus Eussurgidos no vento... os meus... Momentos.

Sara Alves é uma poeta pedagoga que consegue retratar na sua poesia a sua história e de muitas outras pessoas.Em seus Momentos buscou escrever de forma clara e tranquila os sentimentos inerentes a todos nós, divertindo a si mesma e ao leitor, que tem a alegria de viajar em suas palavras.Percebemos claramente na sua escrita as formas com-plexas da vida, as quais a autora consegue transmitir de forma lúdica e perspicaz, questões importantes da existência humana (amor, amizade, alegria, ilusões, solidão, etc.).

O livro não pretende ensi-nar ninguém a viver. Ao contrário, ele é, sim, uma exaltação ao viver, resultado de momentos e lembranças alegres, tristes, engraçadas, intrigantes, e todas muito interessantes.A poesia de Sara Alves é um convite ao leitor para passe-ar por todos esses Momen-tos e ser feliz na caminhada da vida.

Cláudia Santos é amiga de Sara Alves, cantora e assistente social da Prefeitura do Rio de Janeiro.

SARA nasceu em 25/08/67.Reside no Complexo da Maré. Foi educadora voluntária.Atuou na Creche-Escola Comunitária Nova Holanda. É agente comunitária da prefeitura do RJ/SMDS.

ISBN

Momentos

S a r a A l v e s

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Sara Alves

Os meus Momentos surgidos no vento

expressam milésimos do meu eterno viver.

Simbolicamente rabiscados, “escrita” infantil inicial,

com liberdade e prazer do fazer-escrever.

Eternizando o presente do passado e do futuro,

compartilhando com você seja por amizade,

curiosidade

ou por qualquer outra realidade,

um pouco dos meus Eus

surgidos no vento...

os meus... Momentos.

Sara Alves é uma poeta pedagoga que consegue retratar na sua poesia a sua história e de muitas outras pessoas.Em seus Momentos buscou escrever de forma clara e tranquila os sentimentos inerentes a todos nós, divertindo a si mesma e ao leitor, que tem a alegria de viajar em suas palavras.Percebemos claramente na sua escrita as formas com-plexas da vida, as quais a autora consegue transmitir de forma lúdica e perspicaz, questões importantes da existência humana (amor, amizade, alegria, ilusões, solidão, etc.).O livro não pretende ensi-nar ninguém a viver. Ao contrário, ele é, sim, uma exaltação ao viver, resultado de momentos e lembranças alegres, tristes, engraçadas, intrigantes, e todas muito interessantes.A poesia de Sara Alves é um convite ao leitor para passe-ar por todos esses Momen-tos e ser feliz na caminhada da vida.

Cláudia Santos é amiga de Sara

Alves, cantora e assistente social

da Prefeitura do Rio de Janeiro.

SARA nasceu em 25/08/67.Reside no Complexo

da Maré. Foi educadora voluntária.Atuou na Creche-Escola

Comunitária Nova Holanda. É agente comunitária da prefeitura do RJ/SMDS.

ISBN

Momentos

S a r a A l v e s

Mo

men

tos

Sara Alves

Asfalto também élugar de gentecontente,decente,inteligente.

Asfalto, é fato,não é só lugar decorrupção,violação,extorsão.Cidade Maravilhosa!Asfalto Favelesco.Favela Asfaltosa.Exclusão Escandalosa.

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Elis

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