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Page 1: Março de 2012 - IBAP · O DOSSIÊ DE CANDIDATURA O Valor dos Bijagós; O Entrelaçar da Cul-tura Bijagó e a Conservação; Os Sítios Sagrados; Ameaças ao Património 2 EM DIRECTO
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Março de 2012

Boletim Informativo do IBAP

Nº 1

Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas da Guiné - Bissau

Dossier de Candidatura do Arquipélago dos Bijagós ao Sítio do Património

Mundial Natural e Cultural da Humanidade

Zonas Húmidas e Turismo na Guiné Bissau - Reflexão à volta da expansão da

urbanização na cidade de Bissau

Bemba di Vida

Nesta Edição

Page 3: Março de 2012 - IBAP · O DOSSIÊ DE CANDIDATURA O Valor dos Bijagós; O Entrelaçar da Cul-tura Bijagó e a Conservação; Os Sítios Sagrados; Ameaças ao Património 2 EM DIRECTO

O Instituto da

Biodiversida-

de e das Áreas

Protegidas

(IBAP) é uma instituição

pública do governo da Gui-

né-Bissau encarregue de

gerir as áreas protegidas e

seguir a biodiversidade,

sobretudo as espécies amea-

ças. Na sua abordagem de

intervenção prioriza as

acções com a participação

directa das comunidades

residentes. Assim, no inte-

rior das áreas protegidas da

Guiné-Bissau vivem popula-

ções que dependem directa

ou indirectamente dos seus

recursos para a sobrevivên-

cia. Elas são chamadas a

desempenhar o papel pre-

ponderante na gestão partici-

pativa no território das áreas

protegidas.

No entanto, nessa gestão

participativa dos recursos

naturais com implicação da

comunidade, a comunicação

e a educação ambiental são

considerados instrumentos

importantes e preponderan-

tes na formação e na disse-

minação de informação jun-

to do público-alvo.

O IBAP, reconhecendo a

sus fraquezas nesse domínio,

tem estado a reforçar a sua

capacidade no domínio da

comunicação através de pro-

dução de materiais de supor-

te, como desdobráveis, car-

tazes, produção de emissões

radiofónicas e televisivas de

forma de veicular as infor-

mações sobre o ambiente e a

biodiversidade em particular

para a sociedade guineense a

diferentes níveis.

Nesta perspectiva, o Institu-

to da Biodiversidade e das

Áreas Protegidas criou este

Boletim electrónico intitula-

do “Bemba di Vida” que

será difundido trimestral-

mente com notícias sobre as

actividades em cursos no

Sistema Nacional das Áreas

Protegidas e da biodiversida-

de em geral na Guiné-

Bissau.

Os técnicos e especialistas

nos domínios afins da biodi-

versidade são calorosamente

convidados a contribuírem

voluntariamente com infor-

mações na divulgação desta

ferramenta de comunicação

do IBAP.

EDITORIAL

Nesta Edição

Director do IBAP

Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas da Guiné - Bissau Página 1

Foto: Alfredo Simão a Silva

O DOSSIÊ DE CANDIDATURA

O Valor dos Bijagós; O Entrelaçar da Cul-

tura Bijagó e a Conservação; Os Sítios

Sagrados; Ameaças ao Património

2

EM DIRECTO

“Uma visão do futuro, que permita pensar

o desenvolvimento que perdure no tempo

e que contribua para o bem-estar da

nação guineense.” Director do IBAP

RETRATO

“A etnia Bijágó apresenta particularida-

des que a torna especial, sobretudo pela

relação entre a sua organização social e a

preservação do próprio ambiente natural

em que habitam.”

4

ECO

Importância da Nomeação dos Bijagós

EM FOCO

Notícias e actividades do IBAP e Parcei-

ros

EFEMÉRIDES

Zonas húmidas em Destaque

7

AGENDA EVENTOs 12

11

5

5

Page 4: Março de 2012 - IBAP · O DOSSIÊ DE CANDIDATURA O Valor dos Bijagós; O Entrelaçar da Cul-tura Bijagó e a Conservação; Os Sítios Sagrados; Ameaças ao Património 2 EM DIRECTO

ga os peixes e camarões na fase da reprodução.

O mangal é também habitado por uma fauna original, como é o caso dos manatins, ou ainda os hipopótamos, que apresen-tam aqui a particularidade única no mundo de viver na água do mar.

As praias constituem um habi-tat importante para as tartaru-gas marinhas. Estes répteis, vindos da profundeza do ocea-no, içam-se penosamente em direcção ao alto das praias onde cavam os seus ninhos para realizar a postura antes de voltar ao mar, deixando a areia quente com a incumbência de incubar os seus ovos. O arquipélago, sobretudo o ilhéu de Poilão, acolhe uma das 3 mais importan-tes colónias mundiais de tartarugas verdes.

o Dossier de Candidatura do Arquipélago dos Bijagós ao Sítio do Património Mundial

Natural e Cultural da Humanidade foi entregue na sede da UNESCO, em Paris, em finais de Janeiro de 2012.

A Guiné Bissau e, especialmente os Bija-gós, aguardam agora com expectativa o resultado, que ainda seguirá um longo processo de avaliação pelos técnicos desta instituição. A decisão será divulgada só em meados de 2013.

O Valor dos Bijagós

Tanto pelo meio natural como pela rique-za cultural, o dossier de candidatura do arquipélago ao Património Mundial da UNESCO coloca em evidência um con-junto de características que conferem o valor universal excepcional aos Bijagós:

É o único arquipélago deltaico da costa atlântica da África e, provavelmente de todo o continente africano.

Graças aos seus grandes bancos de vasas e areia, que são os mais vastos do conti-nente, as aves aquáticas jun-tam-se nos bancos para bus-car alimento, sobretudo as migradoras que permanecem no arquipélago, constituindo a segunda maior concentra-ção na costa africana, depois do Banco de Arguim, na Mauritânia.

As suas águas são particularmente ricas por causa da presença de fenómenos oceanográficos, os “upwellings” , que fazem a riqueza marinha da região, e da associação de estuários sobre o litoral, que também trazem muitos elementos nutritivos.

Os habitats naturais diversificados se devem aos canais profundos que abrigam uma fauna marinha muito rica, estimada em 155 espécies de peixes, formando um sistema de cadeia alimentar interdepen-dente, que vai desde o plâncton até aos agora ameaçados tubarões.

Na parte alta dos bancos de vasas encon-tram-se o mangal, com a sua vegetação característica, capaz de se desenvolver em água salgada. Este habitat, precioso não apenas por proteger costa da erosão, abri-

No interior das ilhas os principais habi-tats são as zonas húmidas, as savanas, os palmeirais e as florestas.

Estes meios são explorados para a cultura do arroz, a exploração das palmeiras, o corte de palha para cobrir as casas, a far-macopeia tradicional ou ainda para o desenrolar de cerimónias religiosas, que são realizadas nas zonas de floresta den-sa.

O Entrelaçar da Cultura e

a Conservação

Se o arquipélago, no seu todo, permanece até aos nossos dias num estado de con-servação excepcional, é principalmente graças aos modos de gestão tradicional

O Dossier de Candidatura do Arquipélago dos Bijagós ao Sítio

do Património Mundial Natural e Cultural da Humanidade

Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas da Guiné - Bissau Página 2

“O que capta primeiro a atenção do observador

que mergulha nas águas do arquipélago é a beleza

e pureza das suas paisagens. A natureza parece tão

preservada e a marca do Homem tão ausente que

poderíamos crer estar perante a primeira manhã

do mundo”

Foto: Hellio eVanInguen

Por : Pierre Campredom

Foto: Hellio e VanInguen

Page 5: Março de 2012 - IBAP · O DOSSIÊ DE CANDIDATURA O Valor dos Bijagós; O Entrelaçar da Cul-tura Bijagó e a Conservação; Os Sítios Sagrados; Ameaças ao Património 2 EM DIRECTO

do espaço e dos recursos praticado pela etnia bijagó, que lhe deu nome.

Os 32 500 habitantes do arquipélago, grande maioria pertencente a esta etnia animista, no entanto, elas não ocupam, de forma permanente, mais do que 21 das 88 ilhas e ilhéus existentes. As outras ilhas são consideradas sagradas, onde são realizadas ritos iniciáticos ou cerimónias religiosas. Estas ilhas “protegidas por espíritos”, são regidas por regras estritas e permanece-ram, de facto, até aos nossos dias, verda-deiro oásis de biodiversidade, abrigando por exemplo, as praias de postura das tartarugas marinhas ou as colónias de reprodução de aves coloniais. As 21 ilhas habitadas são elas próprias

objecto de uma organização espacial que

tem uma influência directa sobre a con-

servação dos meios e das paisagens.

Os locais de iniciação inventariados, nos

quais o acesso é interdito aos não inicia-

dos, são, portanto, reservas integrais. As

aldeias estão todas instaladas no interior

das terras, deixando as franjas litorais

virgens de construções e de qualquer

outro sinal de presença humana, de

degradação ou de poluição.

Todas as decisões relativas à utilização de

recursos naturais são regidas por tabus.

As cerimónias são acompanhadas de

oferendas que fazem intervir elementos

específicos da biodiversidade, daí que a

necessidade na sua conservação tem fins

culturais.

A omnipresença da biodiversidade na

cosmogonia bijagó exprime-se na repre-

sentação cultural e artística original, parti-

cularmente demarcável nas esculturas ou

nas danças rituais.

Este modelo sofisticado de manejo do

território, com ilhas principais, secundá-

rias e sagradas, com locais de iniciação e

aldeias afastadas do litoral, explicam em

grande parte o estado de conservação

actual das paisagens, dos recursos e da

biodiversidade. O afastamento do arqui-

pélago ao largo da costa e a presença de

baixas, recifes e de quebra-mar contri-

buem para a protecção natural do sitio.

ocupados por pescadores estrangeiros,

de modo que as necessidades e as opor-

tunidades que suscitam influenciam na

natureza das trocas entre as populações

residentes e o exterior.

Ainda podemos observar regularmente a

pesca artesanal ilegal nas Áreas Protegi-

das (AP). A importância das superfícies

marinhas inclusas nos limites destas AP

torna a fiscalização difícil e dispendiosa.

A seguir à pesca, o turismo é o segundo

sector de desenvolvimento susceptível de

afectar o arquipélago. Contudo, falamos

de uma pressão relativa, na medida em

que esta actividade implica apenas 16

acampamentos, dos quais 10 na ilha de

Bubaque, com uma média de 14 camas

por acampamento. O número anual de

visitantes está hoje em dia estimado em

cerca de 1000 turistas. Este número con-

cerne, num primeiro plano, a pescadores

desportivos, pois 9 dos 16 acampamen-

tos são dedicados quase exclusivamente a

esta actividade. O estabelecimento de

acampamentos nos sítios isolados, espe-

cialmente nas ilhotas consideradas sagra-

das - ilhotas de Ancurai, Quéré, Galo,

coloca numerosos problemas. A aquisi-

ção de terras dá lugar a transacções com

os proprietários tradicionais sob forma

de oferendas e de promessas de empre-

go, educação, saúde, meios de transporte,

que nem sempre são conservadas, provo-

cando conflitos de interesse com conse-

quências negativas para ambas partes.

O turismo traz também o seu séquito de

impactos, tanto ambientais (com águas

usadas e resíduos) como socioculturais,

tal como a mendigação ou a prostituição,

que começam a se fazer sentir especial-

mente em Bubaque.

Por entre os outros sectores de desenvol-

vimento susceptíveis de afectar o arquipé-

lago figuram as indústrias extractivas, se

bem que os projectos considerados se

situem no exterior. Trata-se, antes de

tudo, de prospecção petrolífera

“offshore” a uma centena de quilómetros

a Noroeste do arquipélago. O outro pro-

jecto concerne à extracção de bauxite no

Este do país, que prevê a construção de

um porto mineiro no Rio Grande de

Buba. Ainda que este projecto de infra-

estruturas seja afastado, a sua realização

acarretaria impactos prováveis devido à

passagem de embarcações mineiras via

canal de Orango e de Canhabaque, assim

como devido ao transporte de poeiras e

outros poluentes pelas correntes de maré,

atingindo e dispersando-se pelo arquipé-

lago.

Apesar do seu estado excepcional de con-

servação, o arquipélago dos Bijagós não

deixa de ser um sítio vulnerável, tanto no

plano natural como no cultural. As pres-

sões exercidas pela pesca artesanal

comercial sobre certas espécies de peixes,

especialmente as raias e os tubarões que

apresentam taxas reprodutivas baixas, são

insustentáveis.

O estabelecimento de acampamentos de

pesca ilegais é uma grande preocupação,

pois, para além da exploração dos recur-

sos halieutico, a utilização dos ramos do

mangal para a fumagem de peixe pode,

por sua vez, ter consequências na erosão

litoral a uma escala local. As repercussões

ao nível sociocultural são também signifi-

cativas na medida que a maior parte dos

acampamentos de pesca artesanal são

As Ameaças ao Património

Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas da Guiné - Bissau Página 3

“A seguir à pesca, o

turismo é o segundo sector

de desenvolvimento

susceptível de afectar o

arquipélago”

Page 6: Março de 2012 - IBAP · O DOSSIÊ DE CANDIDATURA O Valor dos Bijagós; O Entrelaçar da Cul-tura Bijagó e a Conservação; Os Sítios Sagrados; Ameaças ao Património 2 EM DIRECTO

A intenção da candidatura

dos Bijagós ao Património

Mundial da Humanidade

foi anunciada na primeira

exposição fotográfica sobre o arquipé-

lago, realizada na sede da UNESCO,

em Paris. Estávamos em 2005.

A partir daí o processo foi longo,

“fruto de um o trabalho árduo, difícil e

com muito pormenor. Passados 7

anos, a proposta oficial da candidatura

foi submetida a UNESCO no dia 25 de

Janeiro de 2012 pelo Governo da Gui-

né-Bissau”.

Entrevista ao Alfredo Simão da Silva

Director Geral do IBAP

Porquê tanto tempo? É verdade, o processo de classificação do

Arquipélago dos Bijagós como sítio do

património natural e cultural mundial

demorou bastante, mas este processo é

mesmo assim. O comité de pilotagem,

encabeçado pelo IBAP, já tinha a cons-

ciência desta demora. Uma das razões

prende-se com a opção da Guiné-Bissau

de concorrer para a classificação de um

sítio misto, quer dizer natural e cultural ao

mesmo tempo. Este facto teve o seu refle-

xo no tempo porque as exigências são

maiores sobretudo na qualidade dos argu-

mentos e na apresentação da proposta

final.

Como descreve o processo? Antes da submissão da proposta oficial,

teria que se fazer alguns trabalhos de base.

Neste âmbito, foram envolvidos consulto-

res nacionais e estrangeiros que encarrega-

ram-se de compilar as informações exis-

tentes sobre o Arquipélago dos Bijagós,

proceder a análise dos aspectos culturais,

jurídico-institucionais e finalmente a

redacção final da proposta.

Que exigências tiveram que cumprir? Foi realizada uma ampla consulta junto

das instituições nacionais concernentes e

também no terreno, junto das comunida-

des do Arquipélago dos Bijagós. É perti-

nente frisar que durante todo o processo

de preparação da candidatura, o Governo

da Guiné-Bissau teve o apoio técnico e

financeiro de várias instituições parceiras.

O que significaria a nomeação para o Arquipélago, para o país e para a huma-nidade? Em primeiro lugar, com a nomeação o

Arquipélago dos Bijagós passará a fazer parte

da lista dos sítios do património da humani-

dade.

É uma marca internacional de prestígio.

Sítios de patrimónios mundiais são sítios de

atracção turística por excelência. Este galar-

dão poderá atrair investimentos duráveis em

benefício das comunidades e que contribuam

para a redução da pobreza, com ênfase num

desenvolvimento sustentável, planificado e

equilibrado com a natureza.

Que aspectos centrais retira nesta candi-datura? Uma visão do futuro, que permita pensar o

desenvolvimento que perdure no tempo e

que contribua para o bem-estar da nação

guineense.

É possível conciliar a exploração de recursos e sustentabilidade ambiental num contexto de pobreza como é o caso da Guiné Bissau? Sim. As duas vias são interdependentes. A

economia e a sobrevivência da maior parte

da população guineense dependem directa-

mente da exploração da biodiversidade e dos

recursos naturais.

Tanto ao nível macroeconómico como ao

nível local, a agricultura, a extracção e a

exploração dos recursos naturais constituem

a base do desenvolvimento do país.

Para conter a degradação da biodiversidade a

Guiné-Bissau optou pela promoção de uma

de utilização durável da biodiversidade com

base na criação de Áreas Protegidas com o

objectivo de proteger o material genético, a

diversidade biológica, os recursos naturais e

culturais associados. Na Guiné-Bissau, ao

contrário de muitos países do mundo e da

África Ocidental em particular, as Áreas Pro-

tegidas são vistas como uma filosofia de

desenvolvimento, nelas as populações habi-

tam dentro dos seus limites e tiram proveitos

dos seus recursos de forma sustentável.

Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas da Guiné - Bissau Página 4

EM DIRECTO

“A economia e a

sobrevivência da maior

parte da população

guineense dependem

directamente da

exploração da bio-

diversidade e dos

recursos naturais.”

Page 7: Março de 2012 - IBAP · O DOSSIÊ DE CANDIDATURA O Valor dos Bijagós; O Entrelaçar da Cul-tura Bijagó e a Conservação; Os Sítios Sagrados; Ameaças ao Património 2 EM DIRECTO

Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas da Guiné - Bissau Página 5

“O impacto dessa nomeação será muito evidente, já que as

preocupações relativas a preservação do referido património

passariam a ser de toda a humanidade. A Guiné-Bissau assumirá

um compromisso perante a comunidade internacional e será

exigida, de si, por todos os países a assunção de processos

económicos coerentes.”

(…)

“A preservação do meio ambiente não significa estaticismo cultural.

O povo bijagó precisa de saber ler e escrever, precisa de ter uma boa

casa com luz e água corrente, precisa de ter acesso a saúde materno

infantil, etc. Tudo isso pode acontecer sem que seja vendida as suas

terras aráveis a troco de zinco podre e de empregos sujos para os

filhos.”

Meio Dia Sepa Có

Coordenador da Reserva da Biosfera

A etnia Bijágó apresenta particularida-des que a tornam especial, sobretudo pela relação entre a sua organização social e a preservação do próprio

ambiente natural em que habitam. Por Justino Biai , Encarregado de Programa do IBAP Para além das tabancas e das respectivas terras, os diferentes clãs podem ser também proprietários tradi-cionais sobre terras situadas nas proximidades das ilhas principais e habitadas, assim como as não habita-das pelo homem. Estas últimas servem muitas das vezes de reservas produtivas para momentos especiais na tabanca, caso do fanado, “toca tchur de régulo, etc.”. As formas de uso dos espaços e dos recursos naturais e as épocas de produção e restrições diversas para cada lugar no Arquipélago são determinados pelo dono di tchon e são geralmente, acatadas e respeitadas por todos os outros membros da comunidade bijagó.

A pertença sexual e de classe de idade limitam o aces-

so a certos espaços, sobretudo aqueles considerados

sagrados ou sacralizados “mandjidûs” e ao uso dos

recursos neles contidos. Zonas classificadas como

sagradas incluem florestas, praias, ribeirinhas, assim

como ilhas e ilhéus e são utilizadas para cerimónias de

iniciação dos homens e das mulheres, áreas de entro-

nização dos régulos (reis), caminho das almas, etc.

Estas localidades, por serem consideradas „‟sagradas‟‟,

mesmo apresentando variados recursos para a explo-

ração, não podem ser habitadas, não se pode praticar

nenhuma actividade económica ou só podem ser

exploradas periodicamente e em pequena escala.

Estes, embora espaços de reprodução sócio-cultural,

constituem no seu todo um sistema tradicional de

gestão, que permite conservar áreas sensíveis, criar

espaços de reserva futuro, assim como a protecção de

algumas espécies.

Por outro lado, os bijagós vivem combinando a agri-

cultura itinerante com o extrativismo florestal, a colec-

ta de moluscos e crustáceos e a pesca. No entanto,

estas comunidades reproduzem explorando uma mul-

tiplicidade de habitats, ecossistemas e recursos natu-

rais. Esta estratégia de combinação de práticas e uso

dos recursos naturais visa, por um lado, reduzir os

riscos da dependência de um só recurso que se pode-

ria esgotar, ameaçando a sobrevivência do grupo que

dela dependem, e, por outro, pelo facto de não haver

concentração de esforços de exploração de um único

recurso, permite a regeneração e renovação dos esto-

ques e a sustentabilidade dos processos ecológicos

fundamentais.

RETRATO

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“A nomeação da Reserva ao Património

Mundial trará consigo grandes desafios no

que respeita a capacidade de uma

fiscalização eficaz e dissuasiva de todo o

arquipélago. Neste momento o IBAP tem o

mandato de fiscalizar somente as Áreas

Marinhas Protegidas, (AMP), e a Reserva

no seu todo são 10.000 Km2, ou seja, é

quase um terço do país, o que significa um

desafio maior, e portanto, uma grande

responsabilidade por parte de todos os actores

implicados neste processo.”

João Sousa Cordeiro

Coordenador da

Unidade Central de Fiscalização

“Muitos vêm o Arquipélago dos Bijagós como um

espaço de oportunidades de negócio. Nós que conhecemos

e admiramos as suas riquezas naturais e culturais

consideramo-la como a nossa maior “Bemba di vida”. A

aceitação pela UNESCO da candidatura do

Arquipélago dos Bijagós como Sitio do Património

Mundial Natural e Cultural é um reconhecimento do

seu valor único e universal. A atribuição efectiva deste

label vai depender da demonstração da nossa capacidade

e determinação em conservar este património e manter a

longo prazo esse valor único e universal. É um desafio

que é lançado agora ao IBAP, ao Governo e a toda a

sociedade guineense. Porque com a atribuição da

prestigiada designação de sítio do património da

humanidade, a nossa “Bemba di Vida” fica mais

protegida e podemos atrair “bons investimentos” para o

Arquipélago dos Bijagós.”

Augusta Henriques

Secretaria Geral da ONG Tiniguena

Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas da Guiné - Bissau Página 6

Foto: Hellio eVanInguen

“Zonas classificadas

como sagradas inclui

florestas, praias,

ribeirinhas, assim como

ilhas e ilhéus e são

utilizadas para cerimónias

de iniciação dos homens e

das mulheres, áreas de

entronização dos régulos

(reis), caminho das almas,

etc.”

Foto: Hellio eVanInguen

“O capital natural da Reserva da

Biosfera Bolama Bijagós é o património

económico preponderante nas vantagens

comparativas da Guiné-Bissau inserida

na sub-região da África Ocidental”

Nelson Gomes Dias

Representante da UICN

na Guiné Bissau

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O IBAP está neste momento

a avaliar a sua estratégia de

2007/2011 com vista a propo-

sição da sua actualização ou

a elaboração de uma nova

estratégia para os próximos

cinco anos, ou seja, 2012 a

2017.

Os resultados desta avaliação

irão determinar a estratégia

quinquenal que será validada no

Atelier de Planificação Estratégi-

ca do IBAP, que está agendada

para a segunda semana do mês

de Abril.

Por ser de grande relevância, a

validação da estratégia do IBAP

para os próximos 5 anos contará

com a presença de representan-

tes dos principais parceiros

estratégicos do IBAP.

A nova estratégia que irá sair

desta reunião virá contextualizar

as acções do IBAP em face aos

novos desafios, nomeadamente

o das alterações climáticas.

Neste sentido a estratégia dos

próximos anos já terá como

objectivo a expansão das Áreas

Protegidas através do projecto

de criação de Áreas Protegidas

Terrestres de Dulombi, Boé e

Tcheche.

Alfredo Simão da Silva, Director

do IBAP, apresentou a visão e

as perspectivas gerais que nor-

tearão as acções do IBAP ao

longo deste ano, seguido depois

das apresentações das estratégias

e actividades previstas para os

departamentos de fiscalização, o

Seguimento e Avaliação, Comu-

nicação, e por fim, a apresenta-

ção do Plano de Acção da

Reserva da Biosfera, pelo coor-

denador, Meio Dia Có.

Com o reforçado das suas capa-

cidades em algumas áreas estra-

tégicas, nomeadamente, o

departamento de comunicação,

desenvolvimento comunitário e

de seguimento e avaliação, os

parceiros mostraram-se satisfei-

tos e apresentaram um parecer

positivo, prometendo o seu

engajamento para o cumprimen-

to do plano apresentado.

Ambiente e Desenvolvimento

Durável, Dias Sami.

A cerimónia, que decorreu na

sede do IBAP, foi presidida pelo

Secretário de Estado, Dias Sami,

e contou com a presença do

Director do IBAP, Alfredo

Simão da Silva e dos constituin-

tes dos Conselhos Consultivo e

Administrativo da Fundação,

composto pelos principais par-

ceiros estratégicos do IBAP,

para além de outros convidados.

Através deste protocolo o

Governo associa-se, assim,

como um dos parceiros a par de

outros como o GEF/ Banco

Mundial, a UICN, a Fundação

MAVA, a WWF, a FIBA,

PNUD a EU, entre outros.

Em face da tendência de escas-

sez de financiamento e dos

grandes desafios na conservação

da biodiversidade, nomeada-

mente a consolidação e expan-

são da Rede de Áreas Protegi-

das, que foi estabelecida nas

últimas duas décadas, a Funda-

ção BioGuiné constituirá um

instrumento muito importante

para o país, na medida em que

irá garantir a continuidade das

acções com vista a conservação

e ao desenvolvimento sustentá-

vel.

A Fundação BioGuiné assi-

nou, no dia 17 de Fevereiro de

2012, o protocolo de acordo

com o Governo da Guiné-

Bissau, representado pelo

Secretário de Estado do

Momento da Assinatura

do Protocolo de Acordo.

Foto: Ana Vaz

EM FOCO

Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas da Guiné - Bissau Página 7

Estratégia do IBAP para os Próximos Cinco Anos

Assinatura de Protocolo entre BioGuiné e Governo da Guiné-Bissau

IBAP apresenta o Plano de Acção aos Parceiros

O IBAP reuniu com os seus parceiros estratégicos em Feverei-

ro de 2012 para apresentação

das realizações orçamentais

de 2011 e o Plano de Acção de

2012.

Durante a apresentação do Plano de Acção

Foto: Meio Dia Có

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espécie ameaçada de tartarugas

migradoras.

Para além desta espécie verificaram-se

ainda a presença de 14 tartarugas

E.Imbricata no ilhéu de Poilão.

Este projecto desenvolveu-se entre os

meses de Agosto e Novembro, no Par-

que Nacional do grupo de ilhas de Oran-

go e no Parque Nacional Marinho de

João Vieira e Poilão, contando com o

financiamento das fundações internacio-

nais MAVA e da FIBA.

Esta campanha irá permitir também

conhecer melhor a dinâmica da popula-

ção de tartarugas e, com isso, a sua

melhor protecção.

Começou a ser implementado

em finais de 2011 o projecto BioCos

(Gestão da Biodiversidade Marinha e

Costeira Oeste Africana para o Refor-

ço das Iniciativas de Conservação e

de Seguimento nas Áreas Marinhas

Protegida), com o objectivo de medir

os impactos ecológicos e socioeconó-

micos das AMP.

Financiado pelo FIBA e FFEM, as activi-

dades estão a ser implementadas pelos

técnicos do IBAP e da ONG Tiniguena

de forma participativa através de um gru-

po de mulheres das ilhas de Formosa,

Nago e Tchediã.

Esta experiência permitirá melhorar os

conhecimentos da biologia e ecologia

destes recursos, e por outro lado, preten-

de-se ainda com este estudo conseguir

sensibilizar as comunidades sobre os

benefícios das AMP e contribuir com

mais dados nas tomadas de decisão sobre

a gestão das mesmas.

Seguimento de Espécies Chegaram no final do ano passado

duas das três vedetas que virão refor-

çar a capacidade de fiscalização nas

Áreas Marinhas Protegidas (AMP) da

Guiné-Bissau.

Uma delas já está a operar no Parque

Nacional Marinho João Vieira e Poilão e a

segunda seguirá para o Parque de Cachéu.

A terceira virá cobrir as necessidades de

fiscalização no Parque Nacional de Oran-

go, que ficará assim munido de duas vede-

tas.

Segundo o Coordenador da Unidade Cen-

tral de Fiscalização(UCF), Dr. João Sousa

Cordeiro, o projecto elaborado com o

apoio da UICN é financiado pela LifeWeb

no montante de 77 mil e 300 dólares, e

terá a duração de 3 anos.

No âmbito da chegada das vedetas fize-

ram duas acções de formação em Bubaque

e Cachéu, na qual participaram os respon-

sáveis de fiscalização, directores dos par-

ques, guardas e marinheiros. Adquiriram

conhecimentos na área de marinhagem,

navegação, abordagem e interpelação da

piroga e o papel dos tripulantes na vedeta

de fiscalização.

No entanto, a fiscalização não é a única

componente. Segundo Dr. João Sousa

Cordeiro, “as vedetas também irão cobrir

as necessidades no âmbito do seguimento

das espécies, e, por outro lado, existem as

componentes da educação e sensibilização

ambiental, da zonagem nas AMP e outras

actividades voltada para as comunidades”.

Está em curso o seguimento

das tartarugas de Ridley

(Lepidochelys olivacea) nas praias de

Adonga, ilha de Orango Grande

(PNO).

O projecto “Reforço da contribuição das

AMP para a conservação das tartarugas

marinhas na África Ocidental” é coorde-

nado pelo Programa Marinho e Costeiro

(MACO), da UICN, e implementado pelo

IBAP, no âmbito do plano de actividades

de seguimento das espécies.

A actividade foi iniciada em Fevereiro

deste ano e termina em Abril, período de

desova desta espécie de tartaruga mari-

nha, que tem o seu pico no mês de Março

na Guiné-Bissau.

Em 2011 a equipa do IBAP, em

parceria com investigadores estran-

geiros, que fizeram o seguimento de

tartarugas marinhas contabilizaram

cerca de 37.240 fêmeas de tartarugas

verdes a desovar no ilhéu de Poilão, o

3º local no mundo de desova desta

Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas da Guiné - Bissau Página 8

A primeira vedeta

já está a operar no

Parque Nacional

Marinho João

Vieira e Poilão.

Foto : João Sousa

Cordeiro

Tartaruga verde (Chelonia mydas)

Foto: Hellio eVanInguen

Foto: Aissa Regalla

Vedetas para Reforço da Fiscalização das AMP

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Conselho de Gestão dos PNO e PNMJVP

Os Parques Nacionais de

Orango (PNO) e de João

Vieira e Poilão (PNMJVP)

realizaram a 9ª e a 10ª reunião

de Conselho de Gestão no

passado mês de Dezembro de

2011.

Em conjunto com ONGs par-

ceiras e algumas instituições do

Estado, os responsáveis do

IBAP, nomeadamente o Res-

ponsável da Reserva

e os directores dos

parques, discutiram

com os 13 membros

das comunidades

residentes os regula-

mentos internos das

duas Áreas Marinhas

Protegidas. Da con-

certação resultou a

actualização do regu-

lamento interno no

PNMJVP e a aprova-

ção do Regulamento Interno no

PNO, documentos que agora

aguardam um enquadramento

jurídico das emendas feitas para

a sua entrada em vigor.

Na mesa também estiveram

presentes a problemática das

pescas e alguns conflitos inter-

nos. Os pescadores residentes,

nomeadamente da ilha de Buba-

que, expuseram a sua preocupa-

das Áreas Protegidas da

Guiné-Bissau.

O Stand do IBAP

atraiu, durante quatro

dias, uma grande parte

dos visitantes com a

introdução de uma

nova dinâmica de expo-

sição, que conjugou a

exposição artesanal,

fotográfica, literária e

multimédia, com uma vertente

de sensibilização directa. O prin-

cipal objectivo foi de realçar a

importância da conservação da

biodiversidade da Guiné-Bissau

como garante de um desenvolvi-

mento sustentável.

O filme “Bemba de

Vida” destacou-se, e o

público, consciente e

preocupado com as

questões ambientais,

aproveitou a oportuni-

dade para conhecer

melhor o país e até para intervir

durante as mini palestras que se

fizeram no local.

Exemplo de turismo sustentável

nas áreas protegidas, a beleza

natural e cultural nas fotografias,

o valor das plantas medicinais,

as preocupações com as mudan-

ças climáticas e o problema do

lixo urbano, comporam o cená-

rio interactivo que mereceu a

atenção dos visitantes e da orga-

nização, que premiou o Stand

pela melhor apresentação e

informação ao público.

“Biodiversidade i Raiz di nô

Balur” foi o lema com que o

IBAP conquistou o título do

“Stand de melhor animação”,

durante a Feira da Terra, que

se realizou no final do ano

2011 em Bissau.

A 3ª Feira da Terra sob o lema

“produtos di terra i firkidj di no

ekonomia”, organizada pela

ONG Tiniguena, no Bairro de

Bissau Velho, permitiu ao IBAP

apresentar a visão, os valores e a

filosofia de conservação e gestão

Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas da Guiné - Bissau Página 9

ção quanto às restrições de pes-

ca dentro dos limites dos par-

ques, mas foram esclarecidos

pelo responsável de Fiscalização

do IBAP sobre a necessidade de

haver um estudo prévio para o

seguimento e o conhecimento

da evolução de algumas espé-

cies existentes no parque, e

posteriormente se abrir a possi-

bilidade de uma experiência

piloto de pesca no parque com

alguns pescadores.

As reuniões de Conselho de

Gestão dos Parques devem ser

realizadas duas vezes por ano

segundo Lei-quadro das Áreas

Protegidas, e é a partir delas que

partem as propostas de orça-

mento, os regulamentos e os

plano de gestão, entre outras

questões do parque.

IBAP conquista prémio na Feira Da Terra 2011

Postais do IBAP - foto superior

Sessão de cinema - em baixo à esquerda

Foto:: Ana Vaz

Foto: Castro Barbosa

Foto: Castro Barbosa

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Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas da Guiné - Bissau Página 10

1ª Jornada de Reflexão sobre o Lixo

Decorreu em Dezembro de 2011 a 1ª Jornada de refle-

xão sobre o Lixo, organizada pela ONG Palmeirinha,

que durante todo o ano promoveu campanhas de sen-

sibilização e educação ambiental em algumas escolas

primárias da capital sobre os perigos do lixo e a sua

reciclagem.

A campanha terminou com um dia de festa e exposição

dos trabalhos e actividades que as crianças vinha ensaian-

do, com o objectivo de concorrer aos inúmeros prémios

que foram atribuídos às escolas e alunos mais apreciados.

Para além da exposição, apresentaram-se teatros, poesias,

canções perante uma centena de alunos e espectadores que

ali se encontravam.

O prémio mais honrado foi o Hino da jornada que foi

várias vezes entoado durante a cerimónia.

Esta jornada contou com a presença de inúmeras Institui-

ções, entre as quais a do IBAP, a Secretaria do Estado do

Ambiente, representantes do Ministério da Educação, a

UICN, entre outras organizações e personalidades.

Fotos: Ana Vaz

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IBAP conquista prémio na Feira Da Terra 2011

Postais do IBAP - foto superior

Sessão de cinema - em baixo à esquerda

Foto:: Ana Vaz

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Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas da Guiné - Bissau Página 11

EFEMÉRIDES

02 /02/2012

Março

Dia Mundial da Floresta e da Árvore

21 /03/2012

22 /03/2012

Dia Mundial da Água

22 /03/2012

Dia Mundial da Meteorologia

Fevereiro

N o passado dia

dois de Março,

celebrou-se o Dia

Mundial das Zonas Húmi-

das sob o tema “As Zonas

Húmidas e o Turismo”.

Segundo a Ramsar Concervation

quase metade do turismo ao

nível internacional, está rela-

cionado com as zonas húmi-

das, nomeadamente zonas

costeiras, gerando receitas

significativas ao nível local.

No entanto, a má gestão do

turismo pode ter impactos

negativos sobre a envolvente

ambiental destas zonas e nos

próprios meios de subsistên-

cia das comunidades locais.

No dia da celebração, a Secre-

tária Geral de Ramsar, Anada

Tiéga, realçou que o tema

deste ano constitui “uma

oportunidade para se focar

nos autores que actuam nesta

área, de forma a garantir que o

turismo em zonas húmidas

seja sustentável(…) e de acor-

do com os princípios do Ram-

sar sobre a utilização racional

dos recursos."

Pela sua importância, este

tema será ainda debatido

durante a conferências dos

membros da Convenção

Ramsar, que terá lugar em

Julho próximo, em Bucareste,

Roménia. O tema será “Zonas

Húmidas, Turismo e Recrea-

ção”.

Na Guiné Bissau, os serviços

prestados por este tipo de

ecossistemas à sociedade

ultrapassam o turismo, sendo

que a maioria da população

depende dos recursos naturais

directamente ligados às zonas

costeiras.

O turismo responsável nestes

ecossistemas é assim, funda-

mental para a preservação não

só das zonas húmidas, da sua

fauna e flora, mas também

para a preservação das pró-

prias economias locais.

Maio

Dia Mundial das Aves

09 /05/2012

21 /05/2012

Dia Mundial para a Diversidade Cultural e

para o Diálogo e o Desenvolvimento

22 /05/2012

Dia Internacional da Biodiversidade

Dia Mundial das Zonas Húmidas

Zonas Húmidas e Turismo na Guiné Bissau

O dia 2 de Fevereiro foi

comemorado este ano na

Guiné-Bissau à volta da

reflexão sobre as constru-

ções nas Zonas húmidas,

no debate radiofónico emi-

tido pela Rádio Pindjiquiti,

em cadeia com a Rádio

Nacional e rádios comuni-

tárias.

No programa patrocinado

pela BirdLife, os diferentes

actores na área da conserva-

ção tais como a ODZH, o

IBAP, Planificação Costeira, a

Secretaria de Estado do

Ambiente e Desenvolvimento

Durável, a Wetlands Internatio-

nal e a UICN, convidaram

algumas instituições directa-

mente envolvidas nesta ques-

tão para debater sobre o

impacto das construções que

se tem assistido actualmente

no país, nomeadamente na

cidade de Bissau, e também

em algumas regiões com inte-

resses turísticos ou industriais.

Para além da sensibilização e

o alerta sobre os riscos com

que a cidade de Bissau se

depara, em face da crescente

construção nas zonas sensí-

veis da cidade, alargou-se ain-

da a análise para as grandes

zonas húmidas do país como

a Lagoa de Cufada, o 1º Sítio

Ramsar da Guiné Bissau, e o

lago Vendu Tcham, pela sua

importância e pelo potencial

de vir a ser o 2º sítio Ramsar.

Augusta Henriques

Prémio Ramsar 2011 Pela Conservação

de Zonas Húmidas

Foto: The Ramsar Convention on Wetlands

A Ramsar atribuiu

a Sra. Augusta Henriques,

Secretária Geral da Tini-

guena, o “Prémio Ramsar

para a Gestão de Zonas

Húmidas”, pelo seu

papel na fundação

da ONG Tiniguena "Esta

terra é nossa!", em 1991, e

pelo seu trabalho com as

comunidades na criação

da primeira Área Marinha

Protegida Comunitária

das Ilhas

Urok, reconhecida pelo

Governo da Guiné-Bissau.

“Nos países em desenvolvimento, como a Guiné-Bissau, os recursos natu-

rais ocupam um lugar preponderante, tanto na economia como pelo garante

à segurança alimentar das populações.

Para manter a produtividade destes recursos renováveis, é necessário que os ecossis-

temas estejam em bom estado de saúde. Para isso, é essencial que as comunida-

des mantenham o domínio de seu território (terras) e tenham direito de acesso prio-

ritário reconhecidos.

Com efeito, se lhes forem dadas os meios, a confiança e as garantias a longo pra-

zo dos seus direitos, essas comunidades estão em melhores condições e com maior

interesse em assegurar uma utilização racional das zonas húmidas.

Pela sua cultura, conhecimentos e a sua vital dependência dos recursos naturais, as

comunidades são os verdadeiros guardiões e garantes da durabilidade das zonas

húmidas”

Augusta Henriques em entrevista sobre o prémio Ramsar 2011

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Orango Parque Hotel

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Evento Data Local

29 - 31 Março

2012

Macau

20 - 22 Junho

2012

Rio de Janeiro

Brasil

6 - 13 Julho

2012

Bucareste

Roménia

07 -11 Setembro

2012

Jeju, Koreia

RIO + 20 - Conferência das Nações

Unidas sobre o Desenvolvimento

"Fórum e Exposição Internacional

de Cooperção Ambiental de

Macau" (MIECF)

Congresso Mundial Sobre a Conser-

vação, UICN

AGENDA

Direcção: Gabinete de Comunicação do IBAB, sob coordenação da Respon-sável de Comunicação, Ana Cristina Vaz Neste Número colaboraram Aissa Regalla, Frédéric Airaud, Gerima Fon-seca, Mohamed Baldé, Pierre Campredon, Contribuições: Alfredo Simão da Silva, Augusta Henriques, Castro Barbo-sa, Domingos Betunde, Emanuel Dias, João Sousa Cordeiro, Justino Biai, Meio Dia Có, Nelson Gomes Dias. Edição, design e paginação: Ana Vaz Fotografias: Ana Vaz, Aisa Regalla, Hellio eVanInguen, Peirre Campredon

Morada Av. Dom Settimio Arturro Ferrazzetta, C.P - 70 - Bissau, República da Guiné Bissau Tel: (245) 20 71 06/07 Correio electrónico: [email protected] Sítio Web: www.ibap-gb.org

Ficha Técnica

Parque Nacional das Ilhas de

Orango

Fundação CBD Habitat, Bissau

Telf: (+245) 535 24 46

Telf: (+34) 91 415 60 52

Fax: (+34) 91 413 54 92

Email: [email protected]

Site: www.orangohotel.com

Conferência de Membros da Con-

venção Ramsar - “Zonas húmidas

Turismo e Recreação”

Augusta Henriques

Prémio Ramsar 2011 Pela Conservação

de Zonas Húmidas

“Nos países em desenvolvimento, como a Guiné-Bissau, os recursos natu-

rais ocupam um lugar preponderante, tanto na economia como pelo garante

à segurança alimentar das populações.

Para manter a produtividade destes recursos renováveis, é necessário que os ecossis-

temas estejam em bom estado de saúde. Para isso, é essencial que as comunida-

des mantenham o domínio de seu território (terras) e tenham direito de acesso prio-

ritário reconhecidos.

Com efeito, se lhes forem dadas os meios, a confiança e as garantias a longo pra-

zo dos seus direitos, essas comunidades estão em melhores condições e com maior

interesse em assegurar uma utilização racional das zonas húmidas.

Pela sua cultura, conhecimentos e a sua vital dependência dos recursos naturais, as

comunidades são os verdadeiros guardiões e garantes da durabilidade das zonas

húmidas”

Augusta Henriques em entrevista sobre o prémio Ramsar 2011

Foto: The Ramsar Convention on Wetlands