máquinas elétricas, uma visão geral para iniciantes_v3.0
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Capítulo 1
Eletromagnetismo e circuitos magnéticos
Introdução
O eletromagnetismo desempenha um papel importante no funcionamento de
quase todos os eletrodomésticos com os quais estamos acostumados a lidar no dia a dia.
A bússola, por exemplo, utilizada como instrumento de navegação, possui uma agulha
imantada para indicar a direção do pólo norte magnético terrestre. Os refrigeradores,
que conservam os alimentos, utilizam motores elétricos, cujo princípio de
funcionamento é baseado nos fundamentos do eletromagnetismo.
Nesta introdução ao capítulo que trata do eletromagnetismo e dos circuitos
magnéticos é apresentada uma cronologia resumida acerca do desenvolvimento do
eletromagnetismo. Na antiguidade, Tales de Mileto (640-550 a.c.), astrônomo e
pensador grego, realizou algumas observações experimentais sobre o processo de
eletrização. Depois de muito tempo, Jérôme Cardan (1501 – 1576) explicou as
diferenças do fenômeno de atração entre corpos, diferenciando o processo de eletrização
e o que ocorre quando um corpo metálico é aproximado de uma pedra conhecida por
magnetita. Em 1600, William Gilbert publicou um tratado, De Magnete, versando
acerca do magnetismo e da eletricidade. Em seus experimentos, William observou que
metais não podiam ser eletrizados por fricção, traçou as linhas de indução magnética e
demonstrou a impossibilidade de obter um pólo magnético isolado. Por volta de 1663 o
físico alemão Otto von Guericke construiu o gerador eletrostático, máquina capaz de
eletrizar um determinado corpo sólido. O inglês Stephen Gray (1679 – 1736)
demonstrou a condução elétrica nos corpos sólidos, classificando-os como condutores e
não-condutores. Em 1785, Charles Augustin de Coulomb enunciou a famosa lei de
Coulomb: “a força eletrostática entre duas cargas puntiformes é diretamente
proporcional ao produto entre elas e inversamente proporcional ao quadrado da
distância que as separa”. Em 1820, o físico dinamarquês Hans Christian Oersted
descobriu que o ponteiro de uma bússola muda sua orientação quando colocado nas
proximidades de um fio percorrido por uma corrente elétrica. Esta foi uma primeira
evidência experimental da correlação entre a eletricidade e o magnetismo. Surgiu então
o ramo da ciência conhecido atualmente por eletromagnetismo. Também em 1820, foi
formulada a lei de Bio-Savart, formulada por Jean Baptiste Biot e Félix Savart, que
permite o cálculo de campos magnéticos produzidos por correntes elétricas. O primeiro
eletroímã foi descoberto por Dominique François Jean Arago e Joseph Louis Gay-
Lussac, em 1822. Nesse mesmo ano, André Marie Ampère formulou a regra para
determinar a direção do campo magnético, assim como, identificou as regras para a
atração e a repulsão entre condutores percorridos por correntes elétricas. Em 1826,
Goerg Simon Ohm separou os conceitos de força eletromotriz, gradiente de potencial e
intensidade de corrente elétrica. A partir desse estudo surgiu a lei que leva seu nome: a
lei de Ohm. Em 1828, Geroge Green publicou um ensaio sobre a aplicação da análise
matemática às teorias da eletricidade e do magnetismo. Em 1839, Karl Friedrich Gauss
publicou a teoria que leva seu nome, permitindo calcular a quantidade de cargas
elétricas a partir do conhecimento do fluxo do campo elétrico. Trabalhando
conjuntamente com Gauss, Wilhelm Weber investigou o magnetismo terrestre. Joseph
Henry, em 1830, foi o primeiro a observar os fenômenos de indução eletromagnética.
Entretanto, por não ter publicado os resultados, não obteve os créditos. Porém, recebeu
o reconhecimento pela descoberta do fenômeno da auto-indução. Em 1831, Michael
Faraday descobriu a indução eletromagnética ao realizar dois célebres ensaios. Logo em
seguida, no mesmo ano, Heinrich Friedrich Emil Lenz, estabeleceu que: o sentido da
corrente induzida se opõe à causa que a produziu. Em 1845, com apenas 21 anos,
Gustav Robert Kirchoff enunciou as leis que levam seu nome, permitindo calcular as
correntes e as tensões em circuitos ramificados. Entre 1855 e 1856 James Clerk
Maxwell estabeleceu a base matemática adequada para as leis do eletromagnetismo,
introduzindo o conceito de corrente de deslocamento, termo que faltava para
generalização de tais leis. Com a teoria eletromagnética estabelecida, surgiu em 1884
uma contribuição adicional, feita por John Henry Poynting, ao demonstrar que o fluxo
de energia de uma onda eletromagnética podia ser expresso de uma forma simples,
usando campos elétricos e magnéticos.
A carga elétrica
De uma forma bastante resumida, pretende-se, nesta seção, explicitar alguns
conceitos básicos acerca das cargas elétricas que permitam o entendimento das bases
2
para o estudo da eletrostática. Inicialmente, é importante ressaltar que cargas elétricas
estão presentes em todos os corpos. Entretanto, a menos que não esteja em equilíbrio, os
corpos encontram-se eletricamente neutros. Se dois corpos não são eletricamente
neutros, possuindo um excesso de carga negativa ou positiva, é possível presenciar um
efeito à distância de um corpo agindo sobre o outro. Contata-se, a partir de
experimentos simples, que cargas iguais se repelem e cargas diferentes se atraem. Na
época de Benjamim Franklin a carga elétrica era considerada contínua. Entretanto, sabe-
se, que a carga é quantizada e pode ser computada como um múltiplo da carga
elementar e, que é igual a .
A lei de Coulomb
A lei de Coulomb estabelece que a força eletrostática entre duas partículas
carregadas com cargas Q1 e Q2 é diretamente proporcional ao produto entre elas e
inversamente proporcional ao quadrado da distância que as separa. A equação (01)
expressa matematicamente o que foi acima descrito.
(01)
A constante εo é denominada constante de permissividade e o termo é
denominado constante eletrostática. A constante εo é igual a C2/Nm2.
O campo gravitacional
A existência de um campo em uma determinada região do espaço é verificada
através de seus efeitos. É possível perceber a ação à distância quando um corpo é
submetido à ação de uma força devido à existência de um campo externo. Esta força
pode ser de vários tipos: gravitacional, eletrostática, etc. Um corpo de massa m é
submetido a uma força proporcional ao produto das massas e inversamente proporcional
ao quadrado da distância, quando imerso em uma região do espaço na qual existe um
campo gravitacional.
3
O campo elétrico
A existência de um campo elétrico em uma determinada região do espaço é
verificada quando um corpo carregado eletricamente fica submetido a uma força de
atração ou repulsão. Esta é conhecida por força eletrostática. A equação (02) permite
calcular esta força uma vez conhecido o campo elétrico na região do espaço onde se
encontra uma carga de teste qo.
(02)
O potencial elétrico
O potencial elétrico é definido como a energia potencial elétrica por unidade de
carga elétrica, ou o trabalho por unidade de carga elétrica. A figura 1 mostra uma
analogia entre o potencial gravitacional e o potencial elétrico. É possível calcular o
potencial elétrico através da equação (03) que expressa o trabalho realizado sobre a
carga elétrica. O sinal negativo indica que o campo realiza trabalho sobre a carga. Outra
maneira de entender o sinal negativo na equação é que o potencial elétrico no ponto b é
menor que o potencial elétrico no ponto a. A unidade para o potencial elétrico é o volt.
(03)
Figura 1 – Analogia entre o potencial gravitacional e o potencial elétrico.
4
O campo magnético
Um campo magnético pode ser criado por cargas elétricas em movimento ou
utilizando-se um material magnetizado. Um imã permanente produz um campo
magnético em todos os pontos do espaço ao seu redor. Na região do espaço em que
existe um campo magnético, este pode ser representado por linhas de campo,
semelhantes às linhas de campo elétrico. Estas linhas de campo magnético saem do pólo
norte magnético, percorrendo um caminho fechado, e entram no pólo sul magnético.
Quanto maior a proximidade entre as linhas de campo magnético, maior a intensidade
do campo magnético por elas representado. A intensidade de campo magnético é
representada pela letra H, e sua unidade é o A∙esp/m (ampère espira por metro).
A figura 2 mostra um imã permanente e suas linhas de campo. É possível
observar, através da figura, que a agulha imantada se orienta na direção do campo
magnético.
Figura 2 – Imã permanente e suas respectivas linhas de campo.
O físico Dinamarquês Oersted constatou em 1820 que uma agulha magnética
colocada nas vizinhanças de um condutor percorrido por uma corrente elétrica, desvia e
tende a dispor-se normalmente ao condutor. Portanto, uma corrente elétrica cria um
campo magnético no espaço a ela circundante.
Se for colocado um material não-magnético nas proximidades de um imã
permanente, a distribuição das linhas de campo magnético sofrerá uma alteração quase
imperceptível. Entretanto, um material ferromagnético, como ferro doce, por exemplo,
colocado nas proximidades do mesmo imã, desviará as linhas de campo tenderão a
passar pelo material ferromagnético, e não pelo ar. Uma aplicação prática para o que foi
5
descrito anteriormente é a blindagem magnética cuja finalidade é a proteção de
instrumentos sensíveis contra a ação de campos magnéticos externos. Outra aplicação é
a utilização de núcleos de material ferromagnético em transformadores e motores
elétricos, para melhor aproveitamento do campo magnético.
A regra da mão direita permite determinar a direção e o sentido do campo
magnético criado por uma corrente elétrica ao circular por um condutor. Segurando o
condutor com a mão direita, com o polegar estendido apontando no sentido da corrente,
seus dedos irão naturalmente se encurvar no sentido das linhas de campo. Se o condutor
for dobrado para formar uma espira, as linhas de campo terão a mesma direção e sentido
no centro da espira e o campo magnético ficará mais intenso nessa região. A figura 3
exemplifica a regra da mão direita.
Figura 3 – Regra da mão direita.
A lei de Bio-Savart permite calcular o campo magnético em todos os pontos em
torno deste condutor. Aplicando a lei de Biot-Savart a um condutor percorrido por uma
corrente elétrica, como mostra a figura 3, chega-se à equação (04).
(04)
Densidade de fluxo ou indução magnética
A densidade de fluxo ou indução magnética B é definida como a relação entre o
fluxo magnético e a área da secção transversal através da qual este fluxo magnético flui.
A equação (05) apresenta o que foi descrito na forma de uma equação matemática que
permite calcular a densidade de fluxo, quando se conhece o fluxo magnético (φ) e a área
da secção transversal (A). A equação (06) mostra a relação não linear entre densidade
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de fluxo e intensidade de campo magnético. A unidade de densidade de fluxo é o Tesla
(T). A unidade de fluxo magnético é o Weber (Wb).
(05)
(06)
A equação (06) expressa a relação entre a intensidade de campo magnético e a
densidade de fluxo. Para a maioria das aplicações práticas, considera-se que a densidade
de fluxo é diretamente proporcional à intensidade de campo magnético e que a
permeabilidade magnética (μ) é uma constante que transforma esta proporcionalidade
em uma igualdade. Entretanto, apesar de a equação aparentemente ser linear, indicando
que um aumento na intensidade de campo magnético produz um incremento na
densidade de fluxo, isto é válido apenas para o ar ou vácuo. Em se tratando de materiais
ferromagnéticos, existe certa linearidade para pequenos valores de intensidade de
campo magnético. À medida que a intensidade de campo magnético aumenta, a não-
linearidade, característica do material ferromagnético, faz com que não ocorra aumento
proporcional na densidade de fluxo. Em outras palavras, a permeabilidade magnética
não é constante e sim uma função do fluxo magnético. Para uma determinada
intensidade de campo magnético, nenhum incremento na densidade de fluxo é
observado. Diz-se que o material atingiu a saturação magnética.
Força eletromagnética
Um campo magnético exerce uma força sobre as cargas elétricas negativas em
trânsito em um fio condutor. Essa força é transmitida ao fio porque os elétrons não
podem escapar do mesmo. A equação (07) permite determinar o módulo da força,
quando a indução magnética e o condutor são perpendiculares entre si. A situação é
ilustrada através da figura 4. É importante frisar que no sistema internacional (SI) de
unidades o comprimento é expresso em metro, a corrente em Ampère (A), a densidade
de fluxo em Tesla (T) e a força em Newton (N). A menos que constantes de conversão
estejam inseridas nas equações, todas as grandezas devem utilizar o sistema
internacional de unidades como referência. Isto é válido para área que deve ser expressa
7
em metro quadrado, volume que deve ser expresso em metro cúbico e assim por diante.
É importante enfatizar também que a indução magnética B é devido a uma fonte externa
de campo magnético e não se trata do campo devido à corrente que circula pelo fio
condutor.
(07)
Figura 4 – Força magnética sobre um fio.
Utiliza-se os dedos da mão direita dispostos ortogonalmente entre si para
determinar a direção e o sentido da força eletromagnética. O polegar aponta na direção
da corrente, o indicador na direção do campo magnético, o dedo médio irá apontar a
direção da força, desde que esses três dedos façam um ângulo de noventa graus entre si.
A figura 5 ilustra a situação descrita.
Figura 5 – Determinação do sentido da força eletromagnética.
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Materiais ferromagnéticos
Define-se permeabilidade magnética (µ) de um dado material como a habilidade
deste material ser magnetizado ou a habilidade de conduzir linhas magnéticas de força
em comparação com o ar e o vácuo.
Em relação às propriedades magnéticas, os materiais podem ser classificados em
ferromagnéticos, que possuem alta permeabilidade magnética (exemplos: ferro e
cobalto), diamagnéticos, cuja permeabilidade magnética é ligeiramente inferior a um e
paramagnéticos, que possuem permeabilidade ligeiramente superior a um.
O fluxo magnético pode se estabelecer pelo ar, formando um circuito magnético
fechado. Entretanto, o ar oferece uma relutância (oposição ao fluxo magnético) muito
superior à dos materiais ferromagnéticos. Assim sendo, a força magneto motriz (produto
entre a corrente e o número de espiras de uma bobina) necessária para estabelecer um
determinado fluxo magnético será menor quanto maior a permeabilidade magnética do
meio. Diz-se que materiais através dos quais é possível estabelecer um fluxo magnético
intenso com relativa facilidade são materiais que possuem elevada permeabilidade
magnética. O ar e o vácuo possuem permeabilidade magnética igual a uma constante µo
( ). A permeabilidade magnética dos materiais ferromagnéticos utilizados em
máquinas elétricas pode variar na faixa entre 2.000 e 80.000 vezes a permeabilidade
magnética do ar ou vácuo. Entretanto, os materiais ferromagnéticos, após atingir uma
determinada densidade de fluxo magnético, atingem a saturação. A saturação magnética
pode ser entendida como o ponto a partir do qual, mesmo aumentando a força magneto
motriz, a densidade de fluxo não aumenta. A figura 6 apresenta uma curva de
magnetização para um determinado material ferromagnético.
Figura 6 – Curva de magnetização para um determinado material ferromagnético.
Magnetismo e domínios magnéticos
9
O magnetismo dos materiais é resultado da estrutura eletrônica dos átomos. Um
elétron em órbita em torno de um átomo é equivalente a uma espira percorrida por uma
corrente. Os elétrons executam movimentos de rotação em torno de si mesmo. Este
movimento é equivalente a uma carga se movimentando. Dessa forma, cada elétron atua
como um magneto extremamente pequeno com dois pólos magnéticos: norte e sul. Um
material ferromagnético não-magnetizado possui seus domínios magnéticos orientados
aleatoriamente, como mostra a figura 7. Os domínios magnéticos podem ser entendidos
como um grupo de átomos com a mesma orientação magnética. Ao aplicar um
determinado campo magnético sobre este material ferromagnético, os domínios
magnéticos tendem a se orientar na direção do campo magnético. À medida que a
intensidade do campo magnético for suficientemente grande para que todos os domínios
estejam orientados na direção do campo magnético, atingi-se o ponto de saturação para
este material, como mostra a figura 8.
Figura 7 – Domínios magnéticos orientados aleatoriamente.
Figura 8 – Domínios orientados na direção do campo magnético.
O processo de magnetização de um determinado material ferromagnético quando
submetido à influência de um campo magnético externo pode ser assim descrito:
1. Ocorre o crescimento dos domínios magnéticos cujos momentos magnéticos
formam o menor ângulo com a direção do campo.
10
2. Ocorre a rotação dos momentos magnéticos na direção do campo externo.
Circuitos Magnéticos
O estudo dos circuitos magnéticos estabelece uma ponte entre o
eletromagnetismo e sua aplicação no funcionamento das máquinas elétricas:
transformadores, motores de corrente contínua, motores de corrente alternada, etc.
Aplicando a lei de Ampère e resolvendo-a para o circuito magnético mostrado na figura
9, composto por uma bobina com N espiras enroladas sobre um núcleo de material
ferromagnético, obtêm-se a equação (08). O produto entre o número de espiras N e a
corrente que circula pela bobina denomina-se força magneto motriz. A força magneto
motriz estabelece um fluxo magnético φ através do núcleo. A equação (09) relaciona a
força magneto motriz e o fluxo magnético.
(08)
H – Intensidade de campo magnético (A esp/m)
B - Densidade de fluxo (Tesla)
N – Número de espiras (espiras)
i – Corrente elétrica (A)
µ - Permeabilidade do meio (H/m)
l – Caminho magnético médio (m)
Figura 9 – Elementos de um circuito magnético.
Na verdade o fluxo magnético não percorre um caminho magnético médio,
como mostra a linha pontilhada na figura 9. Este se estabelece por toda a secção
transversal do material ferromagnético. Entretanto, para facilitar o equacionamento
11
matemático, e sabendo que esta simplificação não incorre em grandes erros, utiliza-se o
conceito de caminho magnético médio. Desta forma, para determinar este caminho
magnético médio, é necessário imaginar que todo o fluxo está concentrado em um único
ponto determinado pela intersecção de duas diagonais traçadas sobre a área da secção
transversal do núcleo mostrado na figura 9.
A força magneto motriz se relaciona com o fluxo magnético e a relutância
magnética através da equação (09), que é análoga a lei de ohm para a eletricidade.
Portanto, a força magneto motriz é o análogo magnético para a diferença de potencial, o
fluxo magnético o análogo magnético para a corrente elétrica e a relutância está para um
circuito magnético assim como a resistência está para um circuito elétrico. A figura 10
permite visualizar esta analogia através de um circuito esquemático.
(09)
O fluxo magnético φ é obtido pelo produto da densidade de fluxo pela área da
seção transversal, e é dado em Weber. A equação (10) expressa o fluxo magnético em
função da densidade de fluxo.
(10)
Figura 10 – Analogia entre circuito elétrico e circuito magnético.
A relutância magnética R é o elemento que oferece oposição à circulação do
fluxo magnético no circuito magnético. A unidade de relutância é o A∙esp/Wb (ampère
espira por Weber). Quanto maior a relutância, para uma mesma força magneto motriz,
menor o fluxo magnético. A relutância é dada pela equação (11).
12
(11)
A permeabilidade magnética de qualquer material é dada pela equação (12). A
permeabilidade relativa do vácuo e do ar são iguais a 1. A permeabilidade relativa de
um material ferromagnético é muito maior que 1.
(12)
- Permeabilidade relativa do material
- Permeabilidade do vácuo que é igual a 4π 10-7
Nas máquinas elétricas o estator e o rotor estão separados através de um espaço
vazio, preenchido com ar. A este espaço vazio dá-se o nome de entreferro. A razão para
esta nomenclatura reside no fato deste se encontrar entre duas peças fabricadas com
material ferromagnético: o rotor e o estator. Nos circuitos magnéticos que estamos
estudando, o entreferro é introduzido fazendo-se um corte no núcleo e retirando uma
fatia de material ferromagnético. A figura 11 ilustra o que foi dito. Após a introdução do
entreferro no circuito, este passa a possuir duas relutâncias: a do material
ferromagnético e a do entreferro. O fato da permeabilidade magnética do entreferro ser
muito menor que a permeabilidade magnética do núcleo, faz com que a relutância do
entreferro seja muito superior à relutância do ferro. Desta forma, comumente se
despreza a relutância do material ferromagnético.
Figura 11 – Circuito magnético com entreferro.
A lei da indução de Faraday
13
O cientista Inglês Michael Faraday realizou duas célebres experiências. Na
primeira ele aproximou um imã permanente de uma bobina ligada a um Galvanômetro
(medidor de corrente elétrica). Ao aproximar o imã da bobina, o galvanômetro mediu
corrente e depois retornou à zero. Ao afastar o imã da bobina, novamente o
galvanômetro mediu uma corrente na bobina, retornando a zero logo em seguida.
Quando o imã era mantido em repouso, parado, o galvanômetro não acusava circulação
de corrente na bobina. Quanto mais rápido era aproximado ou afastado o imã da bobina
maior era a intensidade da corrente medida. A figura 12 ilustra o primeiro experimento
de Faraday.
Figura 12 – Primeira experiência de Michael Faraday.
Em seu segundo experimento, Michael Faraday colocou ao lado da bobina
conectada ao medidor de corrente elétrica uma outra bobina ligada a uma bateria através
de uma resistência elétrica e um interruptor. Quando o interruptor era fechado, o
instrumento indicava a presença de corrente elétrica circulando pela bobina. Depois o
medidor retornava a zero. Ao abrir o interruptor o instrumento novamente marcava
corrente e depois retornava a posição de repouso. A figura 13 ilustra a segunda
experiência realizada por Faraday.
14
Figura 13 – Segunda experiência de Michael Faraday.
Após analisar os resultados desses dois experimentos, Michael Faraday chegou a
seguinte conclusão: Uma força eletromotriz (fem) é induzida em uma bobina somente
quando o numero de linhas de campo magnético que a atravessam estiver variando.
A equação (13) expressa analiticamente a Lei da indução de Faraday. A unidade de
força eletromotriz é o volt (V).
(13)
A lei de Lenz
Três anos após Michael Faraday ter formulado a lei da indução, Lenz formulou a
seguinte regra para determinação do sentido para a corrente induzida em uma espira
condutora fechada.
Uma corrente induzida surgirá em uma espira condutora fechada com um
sentido tal que ela se oporá à variação que a produziu.
A lei de Lenz refere-se a correntes induzidas e não a fems induzidas, o que
significa que só é possível aplicá-la a circuitos fechados. Entretanto, se o circuito não
for fechado, é possível pensar no comportamento do circuito se este fosse fechado e,
deste modo, determinar o sentido da fem induzida.
A lei de Lenz é uma confirmação da lei da conservação da energia. Se o sentido
da corrente não se opusesse à causa que a produziu, seria necessária apenas uma
pequena energia para induzir tal corrente. Após esta corrente circular pela espira e gerar
15
um campo magnético na região do espaço em torno da mesma, a interação entre os
campos magnéticos manteria o movimento necessário à manutenção da corrente.
Indutância
Um capacitor é um componente passivo que possui como característica a
capacidade de armazenar cargas elétricas e produzir um campo elétrico na região do
espaço localizada entre as placas onde as cargas estão armazenadas. Um indutor, de
maneira análoga, é um componente que possui a capacidade de armazenar energia de
campo magnético e produzir um determinado campo magnético na região do espaço
próxima onde se encontra o indutor. A figura 14 apresenta a simbologia utilizada para
representar o indutor.
Figura 14 – Simbologia adotada para representar o indutor.
Ao circular uma corrente elétrica por um indutor, estabelece-se em cada uma de
suas espiras um fluxo magnético φ, devido a esta corrente. Diz-se que as espiras estão
concatenadas por um fluxo partilhado. A indutância de um indutor é dada pela equação
(14) e sua unidade é o Henry (H).
(14)
A energia armazenada no indutor é dada pela equação (15). A unidade de
energia no sistema internacional de unidade é o joule (J).
(15)
16
Perdas em materiais ferromagnéticos
Quando em um determinado circuito magnético, um campo é produzido devido
a uma corrente elétrica alternada, o comportamento para a densidade de fluxo B em
função da intensidade de campo magnético H, que é proporcional à corrente elétrica,
assume a forma de um laço, como mostra a figura 15. Esse laço, denominado laço de
histerese, evidencia o comportamento não linear do material ferromagnético. A área
delimitada pelo laço de histerese é proporcional às perdas por histerese no material
ferromagnético. Estas perdas são devidas à energia necessária para rotação dos
domínios magnéticos na direção de um campo magnético externo. A equação (16) é
uma aproximação experimental que permite calcular as perdas por histerese. As perdas
no material ferromagnético são compostas por perdas por histerese e perdas por
correntes parasitas. Estas últimas são devidas ao fenômeno de indução magnética,
relativa ao fato do núcleo de material ferromagnético estar submetido a um campo
magnético variável. A equação (17) permite calcular as perdas por correntes parasitas. É
possível perceber que estas perdas são diretamente proporcionais ao quadrado da
freqüência. Portanto, ao duplicar a freqüência da corrente elétrica, as perdas são
quadruplicadas.
(16)
(17)
O coeficiente n na equação (16) varia entre 1,25 e 1,5. A densidade de fluxo
máxima depende do material ferromagnético, a freqüência depende da freqüência do
campo magnético aplicado. A constante KH depende do material ferromagnético e do
volume do núcleo.
17
Figura 15 – Laço de histerese.
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Exercícios
Eletromagnetismo e circuitos magnéticos
1. Uma carga puntiforme de 4µC dista 10m de uma outra de -2µC. Calcule o
módulo da força eletrostática que atua sobre cada carga.
2. Duas cargas de 1µC e -3µC estão separadas por uma distância igual a 10cm.
Qual a localização de uma terceira carga de modo que a força eletrostática
líquida sobre ela seja nula?
3. Qual deve ser o módulo de uma carga puntiforme de tal forma a criar um campo
elétrico igual a 1N/c em pontos situados a 1m de distância?
4. Qual o módulo de uma carga puntiforme cujo campo elétrico, a uma distância de
50cm, tem módulo igual a 2 N/C?
5. Uma esfera de massa 200g, eletrizada com 1C, é atirada com velocidade
horizontal igual a 10m/s em um campo eletrostático uniforme, no sentido terra-
céu. Considerando g=9,81m/s2, qual a intensidade do campo eletrostático que faz
com que o movimento da esfera seja horizontal?
6. O campo entre duas placas distantes 1,5cm uma da outra é uniforme e igual a
1,92x105 N/C. Determine a diferença de potencial entre as placas.
7. O solenóide mostrado na figura abaixo possui 250 espiras. Como o comprimento
é muito maior que o diâmetro, o campo magnético no interior do solenóide pode
ser considerado uniforme. Determine a intensidade de campo magnético e a
densidade de fluxo no interior do solenóide, assim como a indutância deste
solenóide. Despreze o campo magnético no exterior do solenóide. A corrente é
igual a 10A.
8. A profundidade do núcleo mostrado na figura abaixo é igual a 10cm. A
permeabilidade relativa do material é igual a 2500, o número de espiras igual a
300 e a corrente que alimenta o circuito igual a 1 ampère. Determine:
(a) O fluxo magnético no núcleo.
(b) A densidade de fluxo magnético nas partes do núcleo.
19
9. Para o circuito magnético mostrado no exercício anterior, determine a corrente
necessária para produzir um fluxo magnético igual a 12mWb.
10. Considere o circuito magnético abaixo. O núcleo é fabricado com chapas de aço
silício e possui seção quadrada. As correntes nos enrolamentos são i1=0,33A e
i2= 0,6A.
(a) Determine a densidade de fluxo no raio médio do núcleo.
(b) Considerando uma densidade de fluxo constante, a mesma calculada no item
anterior, determine o fluxo no núcleo.
(c) Calcule a permeabilidade relativa do núcleo.
11. Repita o exercício anterior considerando que o material utilizado para fabricação
do núcleo é ferro fundido, e que as correntes são iguais a i1=0,3A e i2= 0,7A.
12. Calcule o fluxo total para os dois circuitos magnéticos abaixo, considerando que
a permeabilidade do núcleo é infinita, e sabendo que:
N=100
i=2A
gap=2cm
20
Profundidade = 10cm.
µ0=4π 10-7
S=10cm
13. Considere o circuito magnético abaixo. As bobinas N1=700 e N2=200 estão
conectadas em série e conduzem 0,5A. Despreze os fluxos de dispersão e a
relutância do núcleo. Determine os fluxos e densidades de fluxo nos entreferros.
A área da secção transversal é igual a 6,25cm2.
14. Uma máquina síncrona de dois pólos, mostrada na figura abaixo, possui as
seguintes dimensões: Entreferro igual a 2,5mm, área da face do pólo igual a
500cm2, número de espiras igual a 500, corrente igual a 5 A e permeabilidade
infinita para o núcleo. Desenhe o circuito magnético equivalente e determine a
densidade de fluxo no entreferro.
15. O circuito magnético mostrado na figura abaixo possui número de espiras igual a
500 e a corrente igual a 20A. O material do núcleo possui relutância desprezível.
21
Determine o valor máximo para o entreferro para que uma densidade de fluxo de
1,4T seja estabelecida, considerando que a perna central possui o dobro da
dimensão das pernas laterais.
16. O toróide (núcleo magnético em forma de anel com seção transversal circular)
mostrado na figura abaixo é fabricado com ferro muito puro. Determine:
(a) A corrente necessária para produzir uma densidade de fluxo igual a 1,2T no raio
médio do toróide, sabendo que μr=8000.
(b) Qual o fluxo no núcleo?
(c) Se um entreferro igual a 2mm é inserido no toróide, na seção transversal AA’,
determine o valor da corrente necessária para manter a densidade de fluxo do
item (a).
17. Considerando o toróide da questão anterior, se a corrente for igual a 2A, a
permeabilidade relativa do núcleo igual a 2000 e a seção transversal do núcleo
for quadrada, determine:
(a) O valor máximo e o valor mínimo para a densidade de fluxo no núcleo.
(b) O fluxo magnético no núcleo.
(c) Determine a densidade de fluxo no raio médio e compare com a densidade
média para o núcleo.
22
Capítulo 2
Transformadores
Introdução
A primeira pessoa a escolher 60 Hz como freqüência para a rede foi o
engenheiro sérvio naturalizado americano Nikola Tesla, na década de 80 do século XIX.
Escolheu este valor após chegar à conclusão que era a menor freqüência para a qual a
cintilação da luz, devido à variação da corrente alternada, não era visível. Além disso,
esta freqüência não era demasiado elevada para produzir quedas de tensão significativas
nas reatâncias. Uma outra limitação para a freqüência refere-se às perdas no material
ferromagnético. As perdas por histerese e por correntes parasitas são diretamente
proporcionais à freqüência. Um aumento da freqüência implica em aumento nas perdas
em transformadores e outros equipamentos que utilizam materiais ferromagnéticos.
Um transformador é uma máquina estática. Embora não seja um componente de
conversão de energia propriamente dito, ele é indispensável em muitos sistemas que
realizam transformam um tipo de energia em outra. Um transformador consiste de duas
ou mais bobinas acopladas através de um campo magnético mútuo. Núcleos feitos com
material ferromagnético são utilizados para melhor aproveitamento do fluxo e para
obtenção de maiores densidades de fluxo. Devido ao fato do princípio de funcionamento
do transformador ser baseado na lei da indução de Faraday, este componente funciona
quando alimentado a partir de uma fonte de tensão alternada.
Dois tipos construtivos são normalmente empregados. A figura 16 mostra a
construção em que as bobinas são enroladas em torno da perna central. Este tipo
construtivo é denominado núcleo envolvente. A figura 17 mostra outro tipo construtivo,
em que uma bobina é enrolada em uma coluna lateral do núcleo e a outra bobina é
enrolada na outra. Este tipo construtivo é denominado núcleo envolvido O núcleo de
material ferromagnético é composto por chapas finas cobertas por uma camada de óxido
de modo a minimizar o efeito das correntes parasitas, responsáveis pelas perdas que
aquecem o equipamento.
Figura 16 – Transformador tipo núcleo envolvente.
Figura 17 - Transformador tipo núcleo envolvido.
O Transformador Ideal
O transformador ideal não existe na prática. Ele foi idealizado de modo a
facilitar o entendimento do funcionamento deste equipamento eletromagnético. Para
realizar o estudo do transformador ideal, que simplifica enormemente as equações e a
análise matemática dos problemas que envolvem este componente elétrico,
estabelecem-se as seguintes suposições:
1. As resistências dos enrolamentos são desprezíveis.
2. Todo o fluxo está confinado no núcleo e se concatena com ambos os
enrolamentos. Isto é, não existem fluxos de dispersão.
3. A permeabilidade do núcleo é infinita. Isto implica em dizer que a força
magneto motriz requerida para estabelecer o fluxo é zero.
A figura 18 mostra um transformador, desenhado de uma forma didática, com
dois enrolamentos. Uma bobina é dita primária e a outra secundária. A bobina dita
primária é conectada à fonte de alimentação e a bobina dita secundária é conectada à
carga. As tensões e as correntes de entrada e de saída do transformador se relacionam
24
através da relação entre o número de espiras do enrolamento primário e o número de
espiras do enrolamento secundário. A equação (18) mostra como se relacionam as
tensões do transformador e a equação (19) mostra como se relacionam as correntes.
Figura 18 – Transformador com duas bobinas.
(18)
(19)
A relação entre o número de espiras do primário e o número de espiras do
secundário é denominada relação de transformação, sendo representada pela letra a.
(20)
A simbologia utilizada para representar um transformador monofásico com dois
enrolamentos, enrolados sobre um núcleo que utiliza material ferromagnético, é
apresentada através da figura 19.
Figura 19 – Simbologia para um transformador com núcleo ferromagnético.
Reflexão de impedâncias
25
É possível refletir uma impedância do primário do transformador para o
secundário e vice-versa. Em algumas situações este artifício facilita a solução de um
problema específico, tornando sua solução mais simples. Em outras, é possível
determinar a relação de transformação de um transformador capaz de realizar o
casamento de impedâncias entre a fonte e a carga, possibilitando obter a máxima
transferência de potência. A equação (21) permite refletir uma impedância do
secundário (Z2) para o primário.
(21)
Polaridade do Transformador
Os enrolamentos do transformador são marcados para indicar os terminais de
mesma polaridade. O ponto que aparece no símbolo do transformador mostrado na
figura 20 indica que no instante de tempo em que a tensão é positiva no terminal que
está marcado com o ponto, no enrolamento primário, as demais tensões também serão
positivas em todos os demais terminais dos enrolamentos secundários que estão
marcados com o ponto.
Figura 20 – Marcas de polaridade para um transformador.
A polaridade dos transformadores depende de como são enroladas as bobinas
dos enrolamentos primário e secundário. Estas bobinas podem ter sentidos concordantes
ou discordantes, como se vê na figura 21.
Ao aplicar uma tensão ao primário de ambos os transformadores
apresentados na figura 21, considerando que a corrente está crescendo. Devido ao
estabelecido pela lei de Lenz, aparecerão forças eletro-motriz nos enrolamentos
26
secundários, opostas à variação de fluxo que as produziu, que produzirão as correntes
secundárias conforme indicadas.
Figura 21 – Influência do sentido do enrolamento na polaridade.
Como o fluxo resultante se concatena também com o enrolamento primário,
surge neste enrolamento uma tensão induzida, denominada força contra eletromotriz
(fcem).
Ligando-se os terminais 1 e 1’ em curto, e colocando-se um voltímetro entre 2 e
2’, verifica-se que as tensões induzidas fcem1 e fem2 irão subtrair-se no primeiro caso, e
somar-se no segundo caso. Daí surge a denominação para os transformadores com
polaridade subtrativa, ou polaridade aditiva, respectivamente.
A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) recomenda que os
terminais de tensão superior sejam marcados com as letras H1 e H2, e os de tensão
inferior com as letras X1 e X2. Ainda segundo a Associação Brasileira de Normas
Técnicas, os métodos de ensaio utilizados para determinação da polaridade de
transformadores são: método do golpe indutivo, método da corrente alternada e o
método do transformador padrão.
Método da corrente alternada
Apenas para ilustrar, será apresentado sucintamente o método da corrente
alternada para determinação da polaridade de transformadores. Ligam-se os terminais
de tensão superior a uma fonte de tensão alternada. Instala-se um voltímetro para
medição de tensão alternada, como mostrado na figura 22, de modo a se obter a leitura
da tensão entre os terminais de alta tensão. Em seguida, muda-se a chave para a posição
2. Se a primeira leitura for maior que a segunda a polaridade será subtrativa. Caso
contrário será aditiva.
27
Figura 22 – Método da corrente alternada para determinação da polaridade.
O Transformador Real
Certas suposições foram assumidas quando se estudou o transformador ideal.
Sabe-se, entretanto, que no transformador real a resistência de condução dos condutores
existe, nem todo o fluxo encontra-se confinado no núcleo, existindo fluxos dispersos, e
que a permeabilidade do núcleo não é infinita e as perdas no núcleo existem, quando o
mesmo é submetido a um campo magnético variável no tempo. A figura 23 apresenta o
circuito elétrico equivalente para um transformador real. As resistências de condução
dos condutores R1 e R2 foram consideradas, as reatâncias X1 e X2 representam o efeito
devido aos fluxos de dispersão no primário e no secundário, respectivamente, a
resistência Gc representa as perdas no núcleo e a reatância Bm o efeito devido à
magnetização do núcleo.
Figura 23 – Circuito equivalente do transformador real.
Para determinação dos elementos que compõe o circuito elétrico equivalente
para o transformador real, se todos os dados de projeto estão disponíveis, é possível
utilizar as dimensões e as propriedades dos materiais utilizados. Por exemplo, as
28
resistências de condução podem ser calculadas a partir da resistividade dos fios de
cobre, do comprimento total e da área da seção transversal. A indutância de
magnetização Bm pode ser calculada através do número total de espiras e da relutância
do circuito magnético. As indutâncias de dispersão envolvem a parcela de fluxo
disperso, sendo este cálculo de difícil solução.
Estes parâmetros podem ser mais facilmente determinados através de ensaios
que envolvem um pequeno consumo de potência. Dois ensaios, o ensaio de circuito
aberto e o de curto-circuito, geram informações suficientes para determinação dos
elementos que compõe o circuito elétrico equivalente para o transformador real.
Ensaio de circuito aberto
Este ensaio é realizado aplicando uma tensão no enrolamento de alta ou de baixa
tensão, de acordo com a conveniência. Como as correntes envolvidas nesse ensaio são
desprezíveis, uma vez que o transformador está a vazio, apenas a corrente de excitação,
devido à magnetização e devido às perdas no núcleo, circulam pelo transformador. A
figura 24 apresenta as ligações e os instrumentos utilizados para realização do ensaio de
circuito aberto.
Figura 24 – Montagem para realização do ensaio de circuito aberto.
A resistência devido às perdas pode ser calculada utilizando a equação (22), na
qual a tensão Vca é a tensão aplicada e a potência Pca é a potência medida em watt, sem
carga. A corrente que circula na resistência Gc é determinada através da equação (23). A
corrente de magnetização é a diferença vetorial entre a corrente medida e a corrente
calculada através da equação (23). A corrente de magnetização é calculada através da
equação (24). A equação (25) permite calcular o valor para a reatância devido à
29
magnetização do núcleo. Todos os parâmetros estão referidos ao lado em que foram
realizadas as medições durante o ensaio.
(22)
(23)
(24)
(25)
Ensaio de curto circuito
Neste ensaio é conveniente aplicar a tensão ao enrolamento de alta tensão. A
tensão aplicada é tal que a corrente nominal circule pelo enrolamento. Com o
enrolamento de baixa em curto, a impedância do ramo paralelo pode ser desprezada e
considerada apenas a resistência de condução e a impedância devido ao fluxo de
dispersão. A figura 25 apresenta as ligações e os instrumentos utilizados para realização
do ensaio de curto circuito.
Figura 25 – Montagem para realização do ensaio de curto circuito.
A resistência equivalente Req é determinada através da equação (26). A
impedância equivalente pode ser calculada utilizando a equação (27). A equação (28)
permite determinar a reatância equivalente devido ao fluxo de dispersão. Todos os
parâmetros estão referidos ao lado em que foram realizadas as medições durante o
ensaio.
30
(26)
(27)
(28)
O ensaio de curto-circuito permite calcular o valor para a impedância percentual
do transformador. Este dado é de extrema importância quando se pretende colocar
transformadores em paralelo. Para que mais de uma unidade transformadora seja
colocada em paralelo é desejável que os transformadores possuam uma mesma
impedância percentual. Conhecendo a tensão de curto-circuito e a tensão nominal do
enrolamento, a impedância percentual é dada pela relação entre estas tensões, como
mostra a equação (29).
(29)
Regulação de tensão
A maioria das cargas conectadas ao secundário dos transformadores é projetada
para funcionarem com tensão constante. Entretanto, à medida que corrente é fornecida à
carga, a tensão nos terminais do transformador cai devido à queda de tensão na
impedância interna do transformador. Uma variação grande de tensão é indesejável para
a maioria das cargas. Para reduzir a variação de tensão na saída do transformador, este é
projetado com uma pequena impedância interna. A equação (30) define
matematicamente a regulação de tensão, onde V2_sc é a tensão de secundário sem carga,
e V2_cc é a tensão de secundário com carga.
(30)
Eficiência do transformador
31
O transformador é projetado para funcionar com eficiência elevada. Felizmente,
as perdas no transformador são pequenas. Como o transformador é um componente
estático, perdas por atrito ou rotacionais são inexistentes. Assim sendo, um
transformador bem projetado pode ter eficiência tão elevada quanto 99%. A eficiência
do transformador é dada pela equação (31).
(31)
Paralelismo de transformadores
A ligação de duas ou mais unidades transformadoras em paralelo é uma
importante aplicação para estes equipamentos. Faz-se esta ligação para aumentar a
confiabilidade de fornecimento de energia, aumentar a potência do sistema elétrico ou
até mesmo para facilitar as operações de manutenção no sistema.
A figura 26 mostra o esquema para uma subestação industrial típica com dois
transformadores. No caso de um defeito no transformador 1, ou devido à necessidade de
uma operação de manutenção de rotina, é possível atuar nos disjuntores D1 e D2,
retirando o referido transformador do circuito, mantendo ainda a condição de
fornecimento de energia.
Figura 26 – Subestação industrial típica.
Existem duas condições essenciais para que dois ou mais transformadores
possam ser colocados em paralelo:
32
1. Possuir a mesma relação de transformação
2. Pertencer ao mesmo grupo de defasagem angular.
Existe uma condição que não é essencial, porém desejável. Esta condição é que
os transformadores que serão colocados em paralelo possuam a mesma impedância
percentual. A razão é que se as impedâncias percentuais não forem iguais um
transformador irá fornecer mais potência do que o outro.
Transformadores trifásicos
Devido ao maior rendimento, e considerável economia de cobre, a geração e a
transmissão de energia elétrica são realizadas por circuitos trifásicos. Por razões físicas,
as tensões de saída dos geradores são geralmente limitadas a 25kV. Desta forma, a
transmissão de grande quantidade de energia resultaria em perdas que seriam
inaceitáveis, tornando o sistema inviável. Os transformadores trifásicos são utilizados
para elevar e abaixar as tensões nos vários estágios de transmissão de energia,
permitindo assim a transmissão em tensões da ordem de 230kV. Uma transformação
trifásica pode se dar através de um transformador trifásico propriamente dito, que se
utiliza de uma estrutura magnética comum, ou de um banco de transformadores
monofásicos.
Se for feito um comparativo, uma única unidade de transformação trifásica
possui a vantagem de ser mais leve, ocupar menos espaço, possuir menor custo de
aquisição e ser ligeiramente mais eficiente. Entretanto, a favor do banco de
transformadores monofásicos, tem-se que a área superficial maior propicia uma melhor
troca de calor com o ambiente. Além disso, na fase de implantação do sistema, é
possível adquirir apenas duas unidades, caso a demanda inicial seja menor que a
demanda nominal estipulada. Uma unidade reserva pode ser adquirida para uma
eventual substituição em caso de falha, bem como, se não houver esta unidade reserva,
o sistema pode funcionar apenas com duas unidades, como dito anteriormente. Portanto,
a escolha por um ou outro sistema passa a ser uma decisão que dependerá da
circunstância.
A figura 27 mostra uma forma construtiva frequentemente utilizada na
fabricação de transformadores trifásicos.
33
Figura 27 – Forma construtiva para transformadores trifásicos.
Banco de transformadores monofásicos
Os enrolamentos primários podem estar conectados em triângulo (Δ) ou estrela
(Υ). Existem quatro possibilidades para esta conexão:
ΥΔ: Esta conexão é normalmente utilizada para abaixar uma determinada tensão. O
neutro no primário pode ser aterrado, o que é desejável na maioria dos casos.
ΔΥ: Esta conexão é normalmente utilizada para elevar uma determinada tensão.
ΔΔ: Esta conexão possui a vantagem de um transformador do banco poder ser retirado
para manutenção, e os dois restantes continuarem fornecendo tensões trifásicas, com
uma capacidade de potência igual a 58% da capacidade nominal do banco. Esta situação
é conhecida como ligação delta aberto ou ligação V.
ΥΥ: Esta conexão é raramente utilizada devido aos problemas com a corrente de
excitação e tensões induzidas.
A figura 28 mostra a conexão estrela no primário e triângulo no secundário. A
figura 29 mostra a conexão triângulo no primário e estrela no secundário. A figura 30
apresenta a conexão triângulo no primário e no secundário e a figura 31 mostra ambos
os enrolamentos conectados em estrela. As relações entre a tensão de linha aplicada ao
primário e a tensão de linha no secundário para bancos trifásicos nas configurações
acima descritas podem ser facilmente determinadas lembrando que são três
transformadores monofásicos ligados de modo a realizar uma transformação trifásica.
Por exemplo, se for aplicada uma tensão de linha V ao primário conectado em estrela
34
mostrado na figura 28, a tensão de linha na saída será igual a , onde a é a relação
de transformação para cada transformador monofásico.
Figura 28 – Conexão ΥΔ para um banco de transformadores.
Figura 29 – Conexão ΔΥ para um banco de transformadores.
Figura 30 – Conexão ΔΔ para um banco de transformadores.
Figura 31 – Conexão ΥΥ para um banco de transformadores.
Corrente de excitação
35
A forma de onda para a corrente de excitação é não senoidal, principalmente
devido à característica não linear do núcleo de material ferromagnético. A figura 32
mostra a forma de onda para esta corrente.
Figura 32 – Forma de onda para a corrente de excitação.
A forma de onda mostrada é distorcida devido à presença de uma componente
fundamental e uma componente de terceira harmônica. A figura 33 mostra estas
componentes, que somadas resultam na corrente de excitação real iφ.
Figura 33 – Componente fundamental e terceira harmônica.
A corrente de excitação é a soma vetorial das correntes de magnetização,
necessária para orientar os domínios magnéticos no núcleo, e a corrente que circula pela
resistência Gc, representando as perdas no núcleo por correntes parasitas e por histerese.
Nos transformadores monofásicos a corrente de magnetização é pequena, o que
torna a amplitude da componente harmônica desprezível quando se compara com a
amplitude da corrente de carga. Assim, a forma de onda para a corrente resultante é
apenas levemente distorcida. Entretanto, em transformadores trifásicos, as três correntes
de magnetização têm suas fundamentais defasadas de 120o, mas as terceiras harmônicas
36
estão em fase. Quando existe um caminho fechado, as harmônicas são eliminadas e não
há distorção na tensão no secundário. Caso contrário surge uma componente com
amplitude três vezes maior que cada terceira harmônica da corrente de magnetização,
capaz de distorcer as tensões em cada um dos enrolamentos secundários.
O fato de não haver nenhum caminho fechado para as correntes harmônicas,
resultando na distorção da tensão no secundário do transformador, limita a utilização da
configuração YY para transformadores trifásicos. Para suprimir o efeito das harmônicas
de tensão e de corrente, quando em uma transformação YY, aterra-se o neutro no
primário e/ou no secundário. O neutro é fundamental para supressão das harmônicas em
uma transformação YY.
O Autotransformador
O autotransformador é um transformador abaixador ou elevador que não possui
uma isolação galvânica entre o primário e o secundário. Quando a relação de
transformação é aproximadamente unitária é possível utilizar um autotransformador
com vantagens:
1. Redução de custo.
2. Utilização de menor quantidade de cobre para uma mesma transformação.
3. O rendimento do autotransformador é maior.
4. A regulação de tensão do autotransformador é superior.
5. O tamanho do autotransformador é menor para uma mesma especificação.
A figura 34 mostra a representação para o autotransformador. Um enrolamento
comum montado sobre um mesmo núcleo de material ferromagnético possuindo um
número total de espiras N1 e uma derivação com N2 espiras. O princípio básico de
funcionamento é equivalente ao transformador com dois ou mais enrolamentos e as
equações (32) e (33) são equivalentes.
37
Figura 34 – Representação para o autotransformador.
(32)
(33)
Exercícios
Transformadores
1. Considere um transformador com 50 espiras no primário, e 250 espiras no
secundário. Se for aplicada uma tensão de 100 volts ao enrolamento de alta
tensão, qual a tensão no enrolamento de baixa? Se a potência nominal do
transformador for 1kVA, qual a corrente nominal de primário e de secundário?
2. Qual a eficiência de um transformador de 10kVA, sabendo que o mesmo drena
da rede de alimentação uma potência igual a 10,5kVA.
3. Considere um transformador no qual uma impedância de 50Ω está conectada ao
secundário. Se o número de espiras do primário é igual a 200 e o número de
espiras do secundário é igual a 400, qual o valor desta impedância refletida ao
primário?
4. Um transformador possui 500 espiras no primário e 10 espiras no secundário. Se
a tensão de primário for igual a 120V, qual a tesão no secundário do
transformador, considerando o secundário em aberto? Se uma carga resistiva
igual a 15Ω for conectada ao secundário, quais serão os valores para as correntes
no primário e no secundário?
38
5. Um transformador, cujo número de espiras de primário é igual a um terço do
número de espiras no secundário, possui uma tensão eficaz aplicada ao
enrolamento de baixa tensão igual a 220V. Se a tensão de saída sem carga é
igual a 660V, determine a regulação de tensão sabendo que com carga este
transformador apresenta uma tensão de saída igual a 640V.
6. Um banco composto por 3 transformadores monofásicos, no qual os primários
estão ligados em delta e os secundários em estrela, é alimentado com uma tensão
de linha igual a 18kV. Sabendo que o número de espiras no enrolamento
primário de cada transformador monofásico é 4 vezes maior que o número de
espiras no enrolamento secundário, determine a tensão de linha na saída do
banco.
7. Um transformador de distribuição cujas especificações são 4,6kVA, 2300/115V,
60Hz, foi projetado para uma força eletromotriz induzida de 2,5 volts/espira.
Considere o transformador ideal e calcule:
a) O número de espiras do enrolamento de alta
b) O número de espiras do enrolamento de baixa
c) A corrente nominal para o enrolamento de alta
d) A corrente nominal para o enrolamento de baixa
e) A relação de transformação funcionando como elevador
f) A relação de transformação funcionando como abaixador
8. Aplica-se, a um transformador cujo lado de baixa tensão possui 100 espiras e o
lado de alta tensão 800 espiras, uma tensão de 240V ao lado de alta. Se a
impedância de carga é 3 Ω e está ligada ao lado de baixa tensão, calcule:
b) A corrente e a tensão no secundário
c) A corrente no primário
d) A impedância de entrada a partir da relação entre a tensão e a corrente no
primário
e) A impedância de entrada refletindo-se a impedância do secundário para o
primário. (utilizar a relação entre as impedâncias e o quadrado da relação
de transformação)
9. Um transformador real de 500kVA, 60Hz, 2300/230V possui os seguintes
parâmetros: R1=0,1Ω, X1=0,3Ω, R2=0,001Ω e X2=0,003Ω. Determine as
impedâncias internas, no primário e no secundário e as fem induzidas no
primário e no secundário.
39
10. Um transformador de distribuição de 500kVA, 2300/208 V, 60Hz foi submetido
a ensaios de circuito aberto e curto circuito. A partir dos dados coletados,
obtenhas os parâmetros para o transformador real.
Ensaio Circuito
Aberto
Ensaio de Curto
Circuito
Vca = 208V Vcc=95V
Ica= 85A Icc=217,5A
Pca=1800W Pcc=8,2kW
11. Os dados do ensaio de curto circuito para um transformador de 20kVA,
230/20V, realizado no lado de alta tensão são: 4,5V, 87A e 250W. Calcule a
reatância série equivalente e a resistência série equivalente, referidas tanto ao
lado de alta tensão quanto ao lado de baixa tensão.
12. Uma planta industrial drena uma corrente de 100A com fator de potência igual a
0,7 em atraso do secundário de uma bancada transformadora de 2300/230 V
ligada em YΔ. Calcule a potência real em kW e a potência aparente em kVA.
Obs: Lembrar que ,onde é o fator de potência e que
, em que S é a potência aparente em VA.
13. Um banco de transformadores monofásicos Δ-Y é alimentado com uma tensão
de linha igual a 13800V. Sabendo que a relação de transformação é igual a 2,
determine a tensão de linha na saída do banco.
14. Um banco de transformadores monofásicos Y-Y é alimentado com uma tensão
de linha igual a 2300V. Sabendo que a relação de transformação é igual a 12,
determine a tensão de linha na saída do banco.
15. Um banco de transformadores monofásicos Y-Δ é alimentado com uma tensão
de linha igual a 69kV. Sabendo que a relação de transformação é igual a 0,125,
determine a tensão de linha na saída do banco.
16. Um transformador monofásico 100kVA, 2000/200V, com dois enrolamentos é
conectado como um autotransformador elevador tal que uma tensão igual a
2000V é aplicada ao enrolamento. Compute a potência em kVA para o
autotransformador.
40
Capítulo 3
Máquinas de corrente contínua
Introdução
A máquina de corrente contínua foi, durante muito tempo, a solução mais natural
para problemas em que era imprescindível variar a velocidade durante o funcionamento.
A simplicidade para variar a velocidade com este tipo de máquina, que pode ser obtida
variando a tensão de alimentação contínua ou variando a intensidade do campo
magnético
Princípio de funcionamento
A máquina de corrente contínua possui duas partes principais: o estator e o rotor.
O estator e o rotor encontram-se separados pelo entreferro. O estator é a parte da
máquina que é estacionária. Isto é, não possui movimento. O rotor é a parte móvel, ou
rotacionária. Ambos, estator e rotor, são construídos utilizando materiais
ferromagnéticos. Este é necessário para aumentar a densidade de fluxo e diminuir assim
o tamanho da máquina. A figura 35 mostra as partes principais para a máquina de
corrente contínua.
Figura 35 – Partes principais da máquina de corrente contínua.
Os condutores inseridos nos canais do estator ou do rotor são interconectados
para formar os enrolamentos. O enrolamento no qual a tensão é induzida é dito
enrolamento de armadura. O enrolamento no qual uma corrente elétrica circula com a
função de produzir uma fonte primária de fluxo é dito enrolamento de campo. Na
máquina de corrente contínua o enrolamento de campo encontra-se no estator e o
enrolamento de armadura no rotor, como pode ser visto na figura 36.
Figura 36 - Enrolamentos de armadura e de campo.
O princípio de funcionamento elementar de um motor de corrente contínua está
baseado na força eletromagnética que atua sobre cada condutor imerso em um campo
magnético, quando sobre ele circula uma corrente elétrica. Como a força útil que atua
em cada condutor está a uma distância R (raio) do centro do rotor, o somatório da
contribuição de todos os conjugados dá origem ao conjugado do motor. A figura 37
ilustra o que foi dito.
Figura 37 – Forças eletromagnéticas na máquina CC.
O princípio de funcionamento do motor de corrente contínua também pode ser
entendido através do princípio de atração e repulsão entre campos magnéticos, devido à
interação do campo magnético criado pelas bobinas de campo com o campo magnético
criado pelas bobinas de armadura, conforme ilustrado na figura 38.
A figura 39 permite visualizar que a retificação mecânica é realizada pelo
conjunto comutador (fabricado em cobre) e escova (fabricado em carvão e grafito). A
escova 1, posicionada próxima ao pólo norte magnético, sempre estará em contato com
o segmento positivo do comutador. A escova 2, posicionada próxima ao pólo sul
42
magnético, sempre estará em contato com o segmento negativo do comutador. A figura
40 mostra a forma de onda para a tensão induzida, alternada, e a forma de onda para a
tensão após a retificação, contínua.
Figura 38 – Atração e repulsão entre campos magnéticos.
Figura 39 – Processo de retificação mecânica.
Figura 40 – Formas de onda para a tensão induzida e retificada.
Equações para a máquina de corrente contínua
Enquanto o enrolamento de armadura gira imerso no campo magnético
produzido pelo enrolamento de campo, localizado no estator, uma tensão alternada é
43
induzida no enrolamento de armadura. A equação (34) permite calcular a tensão gerada
ou fcem. A figura 41 ilustra o fato de que a tensão gerada ou fcem Ea é induzida no
enrolamento de armadura.
(34)
(35)
Ka – constante da máquina.
Φ – fluxo por pólo em Wb.
ωm – velocidade angular em Rad/s.
Ea – Tensão gerada ou força contra eletromotriz em volts.
n – Rotação do eixo em RPM.
Figura 41 – A força contra eletromotriz ou tensão gerada é induzida no enrolamento de armadura.
Esta expressão para a tensão induzida no enrolamento de armadura é valida tanto
para a máquina funcionando como motor como para a máquina funcionando como
gerador. Funcionando como motor ela é conhecida como força contra eletromotriz e
funcionando como gerador ela é conhecida por tensão gerada.
O torque desenvolvido quando o enrolamento de armadura conduz uma corrente
elétrica e encontra-se imerso em um campo magnético produzido pelo enrolamento de
campo, é determinado através da equação (36).
(36)
T – Torque ou conjugado em Nm.
Ia – corrente de armadura em A.
44
No caso de um motor de corrente contínua ideal, a potência elétrica de entrada
deve ser igual à potência mecânica de saída, como mostra a equação (37). O inverso é
verdadeiro para a máquina funcionando como gerador.
(37)
Exemplo: Considere uma máquina de corrente contínua de quatro pólos, funcionando a
150 rotações por minuto, com constante de máquina igual a 73,53 e fluxo por pólo igual
a 27,6mWb. Determine a tensão gerada e o torque desenvolvido pelo motor quando a
corrente de armadura for igual a 400A. Qual a potência de entrada para esta máquina?
Reação de armadura
Se a corrente no enrolamento de armadura é igual à zero, o fluxo na máquina é
estabelecido pela força magneto motriz devido a corrente que circula pelo enrolamento
de campo, como mostrado na figura 42.
Figura 42 – Fluxo produzido apenas pela corrente que circula no enrolamento de campo.
Entretanto, se uma corrente elétrica circula pelo enrolamento de armadura, ela
produz sua própria força magneto motriz e, consequentemente, fluxo magnético. A
distribuição original de fluxo na máquina é então alterada. O fluxo produzido pela
armadura se opõe ao fluxo produzido pelo enrolamento de campo em uma metade do
pólo e se soma ao fluxo produzido pelo enrolamento de campo na outra metade deste
mesmo pólo, como mostrado na figura 43. Consequentemente, a densidade de fluxo em
uma metade de pólo aumenta e na outra metade diminui. Este aumento na densidade de
fluxo pode causar saturação magnética e provocar como resultado líquido uma
45
diminuição do fluxo por pólo. A diminuição do fluxo por pólo resultante implica em
redução de torque e de força contra eletromotriz.
Figura 43 – Efeito da reação de armadura.
Entretanto, o sentido da distorção causada pela reação de armadura do motor é
oposto ao do gerador. No motor, a reação da armadura desloca o plano neutro no
sentido contrário ao de rotação. A figura 44 ilustra esse deslocamento. Para compensar
o efeito da reação de armadura em um motor, as escovas podem ser deslocadas para
trás, até que o centelhamento seja mínimo. Neste ponto, a bobina posta em curto-
circuito pelas escovas está no plano neutro e não há força eletromotriz induzida nela. A
reação de armadura também pode ser corrigida por meio de enrolamentos
compensadores, de modo que o plano neutro fique sempre exatamente no meio do
espaço entre os pólos principais. Assim, as escovas não têm de ser movidas depois de
corretamente ajustadas.
Figura 44 – Deslocamento do plano neutro para o motor e para o gerador.
Enrolamento de compensação
Para neutralizar ou contrabalançar o fluxo de armadura, utiliza-se um
enrolamento no circuito de armadura, denominado enrolamento de compensação. Este
46
enrolamento é inserido em ranhuras da face da sapata polar estacionária. Desse modo, a
força magneto motriz de armadura é contrabalançada pela força magneto motriz do
enrolamento de compensação. A figura 45 mostra o uso do enrolamento de
compensação para neutralizar a força magneto motriz do enrolamento de armadura.
Figura 45 - enrolamento de compensação para neutralizar a força magneto motriz do enrolamento de
armadura.
Gerador de corrente contínua
A geração de corrente contínua é obtida quando uma máquina primária é
conectada ao eixo de uma máquina de corrente contínua, aplicando a este eixo um
conjugado mecânico e imprimindo uma determinada velocidade à máquina. Os
geradores de corrente contínua são classificados da seguinte forma:
Gerador com excitação de campo independente.
Gerador com excitação de campo paralelo.
Gerador com excitação de campo série.
Gerador com excitação de campo composta.
Em todas as configurações, nas diversas aplicações, é essencial conhecer o
comportamento da tensão nos terminais do gerador com a variação da corrente de carga,
conhecida como característica externa do gerador. Entretanto, devido ao fato deste
aprofundamento não fazer parte do objetivo principal para o presente texto, serão
abordadas apenas as características básicas para cada configuração.
Gerador com excitação independente
47
Nesta configuração o enrolamento de campo deve ser alimentado por uma fonte
de corrente contínua independente. Esta fonte de alimentação pode ser um outro gerador
de corrente contínua, uma fonte retificada ou até mesmo uma bateria. A figura 46 ilustra
esta configuração para o gerador de corrente contínua.
Figura 46 – Gerador cc com excitação independente.
Gerador com excitação de campo paralelo
Nesta configuração o enrolamento de campo é conectado em paralelo com o
enrolamento de armadura. O enrolamento de armadura fornece a alimentação necessária
ao enrolamento de campo. Surge então a pergunta: como é possível o enrolamento de
armadura fornecer uma tensão para alimentar o enrolamento de campo, se o primeiro
necessita do segundo como fonte de força magneto motriz? A resposta reside na
capacidade do material ferromagnético de reter uma determinada densidade de fluxo
residual. Este magnetismo residual é o responsável por gerar uma pequena tensão nos
terminais de saída do gerador, tensão esta que irá realimentar o enrolamento de campo,
aumentando desta maneira o fluxo por pólo necessário para que o gerador atinja a
tensão de saída nominal em seus terminais de saída. Este processo é conhecido como
escorvamento do gerador de corrente contínua. A figura 47 apresenta o circuito para o
gerador de corrente contínua com excitação de campo paralelo.
48
Figura 47 – Gerador cc com excitação de campo paralelo.
Gerador com excitação de campo série
O gerador com excitação de campo série possui a peculiaridade de que é
necessária uma carga conectada entre seus terminais de saída para que exista uma
corrente no enrolamento de campo. Como a corrente de armadura é a responsável pela
excitação do enrolamento de campo, é fundamental para o funcionamento deste gerador
que os terminais de saída estejam conectados à carga. A excitação inicial também é
devido ao magnetismo residual. A figura 48 ilustra o circuito elétrico para o gerador
série.
Figura 48 – Gerador de cc com excitação de campo série.
Gerador com excitação de campo composta
A conexão do enrolamento de campo da forma como é apresentada na figura 49
possibilita contornar os problemas devido à queda de tensão na resistência de armadura
e a diminuição do fluxo por pólo devido à reação de armadura. A bobina adicional,
conectada em série, pode fornecer força magneto motriz adicional para aumentar ou
diminuir o fluxo por pólo, de acordo com a necessidade.
49
Figura 49 – Gerador de cc com excitação composta.
Classificação dos motores de corrente contínua
Os motores de corrente contínua são classificados de acordo com as ligações do
enrolamento de campo:
Motor derivação.
Motor série.
Motor de excitação composta.
Motor derivação
A figura 50 mostra um circuito esquemático para o motor derivação. O
enrolamento de armadura e o enrolamento de campo estão dispostos em paralelo e
conectados a uma fonte de alimentação contínua. Um reostato externo é utilizado para
controlar a velocidade do motor através do controle do fluxo produzido pelo
enrolamento de campo. As equações para o motor derivação são apresentadas através
das equações (38) e (39).
(38)
(39)
50
Figura 50 – Motor derivação.
Os motores de corrente contínua são utilizados em muitas aplicações. Algumas
aplicações requerem que a velocidade permaneça constante à medida que varia a carga
aplicada ao eixo do motor. Em outras aplicações, é necessário variar a velocidade dentro
de uma determinada faixa. O técnico responsável pela escolha do motor para uma
determinada aplicação deve conhecer a curva da velocidade em função do torque. A
figura 51 apresenta esta curva para o motor derivação.
Figura 51 – Curva velocidade de rotação em função do torque desenvolvido.
Motor série
A figura 52 mostra o motor série esquematizado. Um reostato externo em série
com o enrolamento de armadura pode ser utilizado para controlar a velocidade do
motor. As equações (40) e (41) são as principais equações para o motor série. A
equação (41) permite concluir que o motor série não deve ser utilizado sem carga, pois
nessas condições, a corrente de armadura Ia é muito pequena e a velocidade de rotação
muito elevada, podendo atingir valores perigosos.
51
(40)
(41)
O motor série gira lentamente com cargas pesadas e muito rapidamente com
cargas leves. Se a carga for retirada completamente, a velocidade aumentará
perigosamente, podendo até despedaçar o motor, pois a corrente de armadura será muito
pequena. A redução no valor da corrente drenada pelo motor implica em redução do
fluxo devido ao enrolamento de campo série. A força contra eletromotriz responsável
por limitar a corrente de armadura, de acordo com a equação (34), para manter-se
constante, requer um aumento na velocidade da máquina para compensar o efeito na
redução do fluxo por pólo. Dessa maneira, o motor poderá não girar com velocidade
suficiente para gerar uma força contra eletromotriz capaz de restabelecer o equilíbrio.
Os motores tipo série nunca devem funcionar sem carga, e raramente são usados com
transmissão por correias, em que a carga pode ser removida.
Figura 52 – Circuito equivalente para o motor série.
As curvas características de velocidade em função do torque para vários tipos de
motores de corrente contínua são apresentadas na figura 53. O motor série apresenta
uma grande variação de velocidade à medida que aumenta o torque desenvolvido pelo
motor.
52
Figura 53 – Curvas de velocidade em função do torque para motores de corrente contínua.
Motor com excitação composta
O motor com excitação composta é uma combinação dos motores tipo série e
tipo derivação. O enrolamento de campo é composto por um enrolamento com muitas
espiras de fio fino, ligado em paralelo com o enrolamento de armadura, e um outro com
poucas espiras de fio grosso, ligado em série com o enrolamento de armadura. A figura
54 mostra o circuito elétrico para o motor com excitação composta.
Figura 54 – Motor de excitação composta.
A característica do motor com excitação composta é uma combinação das
características dos motores tipo série e derivação. Os motores com excitação composta
cumulativos, cujos campos em paralelo e em série se reforçam, são os mais utilizados.
Nestes, um aumento de carga diminui a velocidade e causam um grande aumento de
torque. O torque de partida também é elevado. Eles possuem uma velocidade
razoavelmente constante, bom rendimento com cargas pesadas e um bom torque de
partida.
53
Nos motores com excitação composta diferenciais, o campo série se opõe ao
campo em paralelo e o campo total diminui quando a carga aumenta. Isto permite que a
velocidade aumente com o aumento da carga até um ponto de operação seguro. O
torque de partida é pequeno. Estes motores raramente são utilizados.
Velocidade e inversão do sentido de rotação do motor
O torque desenvolvido por um motor para movimentar uma determinada carga
depende da intensidade de corrente que a armadura solicita da fonte de alimentação.
Quanto maior a carga, maior deve ser o conjugado e consequentemente maior a
intensidade de corrente. Se a carga for menor, o torque será menor e a intensidade de
corrente também. Para se obter um torque maior, o motor necessita girar a uma
velocidade menor. Portanto, a velocidade de um motor de corrente contínua depende da
carga acoplada ao eixo.
O sentido de rotação de um motor depende do sentido do campo magnético e do
sentido da corrente na armadura. Se for invertido o sentido do campo ou da corrente, a
rotação do motor também inverterá. Entretanto, se os dois forem invertidos ao mesmo
tempo, o motor continuará a girar no mesmo sentido.
Variação da velocidade de um motor
A velocidade de um motor de corrente contínua depende da intensidade do
campo magnético, do valor da tensão aplicada e da carga. Se a intensidade de campo
diminui, a velocidade aumenta, tentando manter a força contra eletromotriz. Se o
enrolamento de campo se abrisse, restaria apenas o magnetismo residual e a velocidade
aumentaria perigosamente, tentando manter a força contra eletromotriz necessária para
se opor à tensão aplicada. Com uma carga leve, ou sem carga, um circuito de campo
aberto poderia causar um aumento de velocidade tal que o motor se despedaçaria. As
laminas do comutador e outras partes da máquina seriam arremessadas para longe
podendo causar ferimentos graves nas pessoas próximas à máquina.
A velocidade do motor pode ser controlada através do controle da corrente de
campo, utilizando um reostato, ou através do controle da tensão aplicada, utilizando-se
conversores estáticos. Se uma fonte de tensão alternada, a rede de alimentação, por
exemplo, for retificada, ela pode ser utilizada para converter uma fonte de alimentação
54
alternada fixa em uma fonte de alimentação contínua variável. Através da variação da
tensão aplicada ao motor de corrente contínua, é possível variar a velocidade de rotação
do mesmo. A figura 55 mostra um conversor estático muito utilizado para realizar este
controle de velocidade, empregando retificadores controlados a silício para retificar a
tensão alternada e variar a tensão contínua aplicada à máquina.
Figura 55 – Controle da velocidade do motor de corrente contínua.
Exercícios
Máquinas de Corrente Contínua
1. Considere um gerador cc com enrolamento de campo em paralelo cuja
resistência é igual a 80Ω. A resistência do enrolamento de armadura é igual a 0,1
Ω. A potência nominal igual a 12kW, a tensão gerada igual a 100V e a
velocidade nominal igual a 1000rpm. Determine:
(a) O circuito elétrico equivalente.
(b) A tensão nos terminais do gerador.
2. Considerando a máquina do exercício anterior, determine a corrente total
fornecida à carga quando o gerador fornece potência nominal.
3. Um motor de derivação possui uma resistência de armadura igual a 0,2 Ω, uma
resistência de campo igual a 100 Ω, uma força contra eletromotriz igual a 100V
e uma tensão de alimentação igual a 110V. Determine:
(a) O circuito elétrico equivalente.
(b) A corrente de armadura.
(c) A corrente de campo.
(d) A constante Ka, se o fluxo por pólo é igual a 0,02wb e a velocidade igual
a 1200rpm.
55
4. Qual a variação para a corrente de campo, considerando o exercício anterior, se
um reostato de 150 Ω for inserido em série com o enrolamento de campo?
5. Considere um motor série cujo enrolamento de campo possui uma resistência
igual a 0,1 Ω e o enrolamento de armadura possui uma resistência igual a 0,25
Ω. Se a tensão de alimentação for igual a 230V, determine:
(a) O circuito elétrico equivalente.
(b) A corrente de armadura e a corrente de campo sabendo que a tensão
gerada é igual a 225V.
(c) Determine a potência desenvolvida pelo motor.
(d) Sabendo que a velocidade é igual a 1200 rpm, determine o torque
desenvolvido pelo motor.
6. Considere o motor do exercício anterior. Se a constante Ksr for igual a 1, qual a
velocidade para este motor?
7. Um motor cc série , 230V, 12cv, 1200 rpm é conectado a uma fonte de
alimentação de 230V, drena uma corrente igual a 40A, e gira a 1200rpm. Se a
resistência de armadura é igual a 0,25 Ω e a resistência de campo igual a 0,1 Ω,
determine:
(a) O circuito elétrico equivalente.
(b) A potência e o torque desenvolvidos pelo motor.
(c) A potência se o motor drena 20A.
8. Um motor derivação 50cv, 250V é conectado a uma fonte de alimentação de
230V e fornece potência à carga drenando uma corrente igual a 200 A e girando
a uma velocidade igual a 1200 rpm. A resistência de armadura é igual a 0,2 Ω.
Determine:
(a) O circuito equivalente.
(b) A tensão gerada.
(c) O torque de carga, sabendo que as perdas rotacionais são iguais a 500W.
(d) Determine a eficiência do motor se a resistência de campo for igual a 115
Ω.
9. Um gerador derivação, 250V, 150kW, possui uma resistência de campo igual a
50Ω e uma resistência de armadura igual a 0,05Ω. Calcule:
(a) A corrente de plena carga.
(b) A corrente de campo
(c) A corrente de armadura
56
(d) A tensão gerada na situação de plena carga.
10. Supondo excitação de campo constante, calcule a tensão a vazio de um gerador
com excitação independente cuja tensão de armadura é 150V em uma
velocidade de 1800 rpm, quando:
(a) a velocidade aumenta para 2000 rpm.
(b) a velocidade é reduzida para 1600 rpm.
11. A regulação de tensão de um gerador CC de 250V é 10,5%. Calcule a tensão do
gerador sem carga.
12. A tensão sem carga de um gerador CC é 135V, e sua tensão a plena carga é
125V. Calcule a regulação de tensão para o gerador.
57
Capítulo 4
Máquina síncrona
Introdução
Os motores elétricos são responsáveis pela maior parcela do processamento de
energia elétrica no Brasil. Dados da Eletrobrás apontam o setor industrial como
responsável pelo consumo de quase metade da energia elétrica do país. A figura 56
mostra o gráfico do consumo de energia elétrica no Brasil por setores, tendo como ano
base 2008.
Figura 56 - Consumo de energia elétrica no Brasil.Fonte: Eletrobrás, 2008.
Da energia elétrica processada no setor industrial, 55% é consumida pelos
motores elétricos. Isto significa que a participação do motor elétrico, apenas no setor
industrial, é estimada em aproximadamente 25% do consumo global de energia elétrica.
Considerando os demais setores, o motor elétrico é responsável por no mínimo 35% da
energia consumida no país. A figura 57 mostra o gráfico dos consumidores mais
importantes do setor industrial, ano base 2008.
Figura 57 - Gráfico dos consumidores mais importantes do setor industrial
Fonte: Eletrobrás, 2008.
Ao mesmo tempo em que se constata a grande importância dos motores
elétricos, por serem responsáveis pelo processamento de mais de 1/3 da energia elétrica,
é evidente que medidas adotadas visando um aumento da eficiência no processo de
operação, resultarão em economia de energia elétrica. A utilização adequada desses
motores traz benefícios imediatos aos usuários e a sociedade brasileira.
Máquina Síncrona
O enrolamento de campo na máquina síncrona encontra-se no rotor, parte
rotacionária da máquina. O enrolamento de armadura encontra-se no estator, parte
estacionária. O rotor nas máquinas síncronas pode ser do tipo saliente ou liso. A figura
58 mostra um rotor com pólos salientes.
Figura 58 – Rotor de uma máquina síncrona com dois pólos do tipo saliente.
O rotor da máquina síncrona gira a uma velocidade constante em regime
permanente. Esta é a principal característica para estas máquinas. O campo magnético
girante, resultante da interação entre as forças magneto motrizes devido às correntes
alternadas senoidais trifásicas, gira à mesma velocidade do rotor. A velocidade de
rotação do rotor e do campo magnético girante é denominada velocidade síncrona. A
velocidade síncrona é determinada pela equação (42).
(42)
ns – velocidade síncrona em rpm.
f – freqüência em Hz.
59
P – número de pólos da máquina.
O enrolamento de campo é alimentado com corrente contínua dando origem ao
fluxo magnético no entreferro. Esta alimentação é realizada, principalmente, através de
dois anéis coletores girantes, localizados no eixo do rotor, que fazem contato com
escovas fixas. A excitação pode ser realizada por uma rede de corrente contínua ou por
uma rede de corrente alternada retificada.
Aplicações:
1. As máquinas síncronas são usadas primeiramente como unidades geradoras em
usinas hidroelétricas, usinas nucleares ou termoelétricas.
2. Motores síncronos de grande porte são utilizados como bombas e em aplicações
de potência fracionaria como relógios elétricos, temporizadores e outras aplicações.
3. Na indústria, os motores síncronos são utilizados em aplicações em que a
velocidade constante é necessária.
Gerador Síncrono
A máquina síncrona pode funcionar tanto como gerador quanto como motor.
Quando a máquina síncrona funciona como gerador, energia mecânica é aplicada ao
eixo da máquina, dando origem ao movimento de rotação. Dessa forma, o campo
magnético que atravessa as bobinas do estator varia de forma senoidal, na freqüência de
rotação do rotor, induzindo tensões alternadas senoidais nos enrolamentos de armadura.
A tensão induzida em cada enrolamento é dada pela equação (43).
(43)
Ef – Tensão eficaz por fase.
Φf – fluxo por pólo.
N – número de espiras do enrolamento.
Kw – Fator de enrolamento. Para a maioria das máquinas trifásicas esse fator varia de 0,85 a 0,95.
Paralelismo de Geradores Síncronos
60
Um sistema confiável normalmente consiste de várias estações geradoras
operando em paralelo. As principais vantagens da operação em paralelo são:
1. Se uma unidade de grande potência deixar de funcionar, todo o sistema também
deixará de funcionar.
2. Uma unidade, para funcionar com o rendimento máximo, deverá ser carregada até
sua capacidade nominal. Várias unidades em paralelo podem ser removidas ou
acrescidas de acordo com a demanda.
3. Se há necessidade de reparo ou de uma parada geral para manutenção, as unidades
menores facilitam estas operações.
4. Quando a demanda média aumenta, instalam-se novas unidades geradoras em
paralelo para acompanhar o acréscimo da demanda.
5. Há limites físicos e econômicos para a capacidade de uma unidade geradora única.
Pelas razões acima citadas, aconselha-se a operação em paralelo.
Existem algumas condições necessárias para a operação em paralelo de
geradores. As principais são:
1. Cada gerador deve ter a mesma tensão nominal e a mesma regulação de tensão.
2. As polaridades de todos os geradores ligados em paralelo devem ser tais que
estejam em oposição, isto é, mais com mais, menos com menos.
3. As tensões geradas devem ser mais elevadas que a tensão do barramento.
4. As formas de ondas devem as mesmas.
5. As freqüências devem ser iguais.
6. Para máquinas polifásicas, a seqüência de fase da máquina que entra no sistema
deve ser a mesma do barramento.
A figura 59 ilustra a operação em paralelo de dois geradores derivação.
61
Figura 59 – Dois geradores - derivação em paralelo.
Excitatriz
A excitatriz é a fonte responsável pelo fornecimento da energia para o
enrolamento de campo na máquina síncrona. As tensões de fornecimento variam de 50 a
1.500V, e as potências das excitatrizes situam-se entre 1 a 5% da potência da máquina.
Excitatriz rotativa
As excitatrizes rotativas são geralmente geradores cc shunt derivação ou
geradores cc com excitação de campo composta. São montadas no eixo da máquina
principal, fornecendo alimentação contínua ao enrolamento de campo através de
escovas e anéis coletores. A figura 60 ilustra uma excitatriz rotativa.
A resposta da excitatriz rotativa é lenta, possui elevado nível de rádio-
interferência e necessita de manutenção nas escovas e no comutador do gerador de
corrente contínua.
A tensão de saída do gerador síncrono é realimentada para que através do
controle da excitação do campo da excitatriz, o regulador de tensão regule o nível da
tensão de saída do gerador.
Figura 60 – Excitatriz rotativa
62
Excitatriz Estática
A excitatriz estática consiste em um regulador eletrônico, composto de uma
ponte tiristorizada e circuitos de comando e controle, capaz de fornecer a excitação
necessária ao enrolamento de campo da máquina síncrona através de anéis coletores e
escovas. Esta excitatriz é uma das mais utilizadas atualmente. Possui resposta rápida às
variações sentidas na tensão de saída do gerador. Entretanto, possui elevado nível de
rádio-interferência e distorção harmônica da tensão de saída. A figura 61 apresenta uma
ilustração da excitatriz estática.
Figura 61 – Excitatriz Estática.
Excitatriz sem escovas
A excitatriz sem escovas é mais conhecida pela expressão “brushless”, que em
inglês significa ausência de escovas. O princípio de funcionamento é baseado na lei da
indução eletromagnética. O campo da excitatriz é fixo e montado em torno do eixo da
máquina, sendo a armadura da excitatriz montada sobre o eixo. Ao executar o
movimento de rotação, o campo magnético na armadura da excitatriz varia, induzindo
uma força eletromotriz alternada em suas bobinas. Esta fem alternada é retificada
através de uma ponte de diodos rotativa e alimenta o enrolamento de campo principal da
máquina síncrona. A figura 62 ilustra o que foi acima descrito. A figura 63 apresenta em
detalhes os circuitos elétricos e eletrônicos envolvidos.
63
Figura 62 – Excitatriz sem escovas.
Figura 63 – Circuitos que compõe a excitatriz sem escovas.
Motor síncrono
O motor síncrono não entra em funcionamento assim que conectado à rede de
alimentação. Ao contrário, ele entra em processo de vibração. Vamos supor um motor
síncrono com 2 pólos, 3 fases e alimentado a partir de uma rede de alimentação trifásica
380V/60Hz. As correntes no estator irão produzir um campo magnético girante que irá
girar a 3600rpm. Esse campo gira tão rápido que antes que o rotor inicie o movimento
de rotação, o sentido do torque desenvolvido pelo rotor já inverteu o sentido.
O motor síncrono pode iniciar o movimento de rotação de duas formas:
1. Utilizando uma fonte de alimentação com freqüência variável.
2. Como um motor de indução monofásico.
64
A figura 64 mostra o esquema de partida do motor síncrono utilizando um
inversor de freqüência. O motor parte com uma freqüência baixa, de maneira que o rotor
consegue acompanhar o campo magnético girante.
Figura 64 – Método de partida do motor síncrono através de inversor de freqüência.
Para partir o motor síncrono como um motor de indução, o enrolamento de
campo não é excitado durante a partida e um enrolamento auxiliar é providenciado de
modo a estabelecer um torque de partida semelhante ao que ocorre com o motor de
indução monofásico. A figura 65 mostra o esquema de partida de um motor síncrono
com um enrolamento auxiliar.
Figura 65 – Partida do motor síncrono como motor de indução monofásico.
Curvas V para o motor síncrono
Uma característica importante do motor síncrono é que ele pode solicitar da rede
uma corrente em atraso ou em avanço, dependendo do controle da corrente de campo.
Através do controle desta corrente de campo, é possível corrigir o fator de potência de
uma determinada planta industrial.
O fator de potência com o qual um motor síncrono drena corrente da rede de
alimentação pode ser controlado. A figura 66 apresenta as curvas que expressam a
relação entre a corrente de armadura, a corrente de campo e o fator de potência,
conhecida como curvas V. Para uma potência constante, a corrente de armadura é
65
mínima quando o fator de potência é unitário, e aumenta conforme o fator de potência
decresce.
Figura 66 - Curvas V para um motor síncrono.
Fator de potência
Aparentemente, o produto entre a tensão e a corrente seria a potência necessária
para o motor executar o seu trabalho. Mas ocorre que, para o motor elétrico executar a
transformação de energia elétrica em mecânica, ele necessita magnetizar os circuitos
magnéticos do rotor e do estator.
Desta forma, este produto entre a tensão e a corrente engloba dois componentes
distintos de potência:
1) Um componente relacionado ao trabalho mecânico e perdas.
2) Um componente para assegurar a existência dos campos magnéticos
Potência aparente
A potência aparente é definida como o produto entre a tensão e a corrente que é
fornecida ao motor elétrico e é expressa em volt-ampère (VA). Para circuitos
monofásicos é dada pela equação (44). Para circuitos trifásicos, pela equação (45).
(44)
66
(45)
Potência reativa
A potência reativa é definida como a parcela de potência associada à
magnetização dos circuitos magnéticos e é expressa em volt-ampère reativo (VAr). Para
circuitos monofásicos, é dada pela equação (46). Para circuitos trifásicos, pela equação
(47).
(46)
(47)
Potência ativa
A potência ativa é definida como a parcela de potência que o motor realmente
converte em energia mecânica, utilizada para acionar a carga, associada às perdas
internas. Para circuitos monofásicos é dada pela equação (48). Para circuitos trifásicos,
pela equação (49). A unidade de potência ativa é o watt.
(48)
(49)
Triângulo de potências
O triângulo de potências é um recurso gráfico utilizado para representar as três
potências: aparente, ativa e reativa. O fato da potência ativa e potência reativa
representarem grandezas diferentes requer que elas estejam dispostas em eixos de
referência distintos. É comum então representarmos graficamente a potência ativa na
direção horizontal e a potência reativa na direção vertical. A potência aparente é a soma
vetorial das duas primeiras. Dessa forma, o gráfico tem a forma de um triângulo
retângulo denominado triângulo de potências, como mostra a figura 67.
67
Figura 67 – Triângulo de potências.
A equação (50) resulta da composição vetorial dessas três potências.
(50)
O ângulo θ representa o ângulo de defasagem entre a tensão e a corrente em um
circuito elétrico em corrente alternada. Dessa maneira, a equação (51) define
matematicamente o fator de potência.
(51)
É importante, tanto para o usuário quanto para a companhia fornecedora de
energia elétrica, que se drene corrente com fator de potência elevado. A legislação atual
exige que os consumidores operem com um fator de potência maior que 0,92. Abaixo
desse valor existe aplicação de multa, de acordo com a portaria no 1.569, de 1993,
DNAEE.
A correção do fator de potência pode ser feita através da instalação de
capacitores individuais próximos às cargas reativas, de um banco de capacitores ou
utilizando-se motores síncronos trabalhando de forma superexcitada. A maneira pela
qual será realizada a correção do fator de potência deve ser resultado de um estudo
técnico e econômico. Entretanto, a forma mais comumente empregada é a instalação de
um banco de capacitores com comutação automática.
Correção do fator de potência
Como mencionado, a correção do fator de potência pode ser feita de várias
maneiras.
68
O uso de capacitores é o mais empregado, mas alguns procedimentos
operacionais devem também ser levados em consideração. Aspectos como:
1. Reavaliar o tamanho dos motores utilizados e a real necessidade do sistema;
2. Analisar as possibilidades de um aproveitamento mais racional dos motores que
trabalham com pouca carga ou em vazio durante alguns períodos de tempo;
3. Verificar a possibilidade de desligar os motores que trabalham em vazio e religá-los
novamente, quando for necessário;
4. Verificar a possibilidade de motores superdimensionados que possuem chave de
partida estrela-triângulo atender a carga a ser acionada sem se efetuar a transição
de estrela para triângulo. Para uma mesma carga, o fator de potência aumenta
quando a tensão de alimentação diminui;
A instalação de capacitores deve ser bem analisada, pois, em determinadas
situações, podem provocar efeitos indesejáveis.
Basicamente, existem dois métodos para a correção do fator de potência pelo uso
de capacitores:
l. Um único banco de capacitores é instalado na entrada do sistema de distribuição,
fazendo a correção global do fator de potência;
2. Vários bancos menores de capacitores são instalados junto aos motores de maior
capacidade.
Ambos os métodos apresentam vantagens. O primeiro reduz o número de
capacitores. Entretanto, eles devem possuir dispositivos de chaveamento, de modo que
possam ser removidos parcialmente, conforme a carga elétrica varie ao longo do dia.
Sobrecorreção (excesso de correção) pode ser um problema com este método. Se
os capacitores forem dimensionados considerando-se a plena carga de todo o sistema,
69
e este possuir grandes cargas que serão eventualmente removidas, o banco de
capacitores injetará o excesso de reativo na rede da concessionária, ocasionando
sobretensões. E isto é tão indesejável quanto solicitar reativo em demasia.
O segundo método faz a correção individualizada nos pontos onde estão
instalados os grandes motores. A vantagem deste método é que a correção só é realizada
quando o motor está em operação.
Cálculo da potência reativa
A potência reativa (kVAr) de capacitores necessária para corrigir o fator de
potência, no ponto da rede onde está ligado um motor com baixo valor de fator de
potência, para um novo valor corrigido, é determinado pelo cálculo da diferença de
kVAr nas duas condições.
A figura 68 mostra as duas situações, onde os índices 1 e 2 correspondem aos
casos de fator de potência corrigido e sem correção, respectivamente.
Figura 68 – Triângulo de potências para cálculo da correção do fator de potência.
Exemplo: Considere um motor acionando uma carga de 50CV, tal que sua eficiência
para esta condição de carga é 91%. O fator de potência de operação é 0,87 e deseja-se
corrígi-lo para 0,95.
A potência ativa que o motor solicita à rede é dada por:
Calcula-se a potência aparente para ambos os fatores de potência.
70
Calcula-se a potência reativa para ambas situações.
Finalmente, a potência reativa de capacitores necessária para corrigir o fator de
potência no ponto da rede onde está instalado o motor é:
Embora seja comum dizer-se que o fator de potência do motor foi corrigido, isto
não é correto. O que se corrige é o fator de potência no ponto da rede onde está
conectado o motor. O motor continuará exigindo a mesma potência ativa e a mesma
potência reativa para executar seu trabalho. Assim, o motor continuará,
individualmente, com um fator de potência abaixo do permitido. Entretanto, a rede neste
ponto – conjunto motor e banco de capacitores – possui fator de potência elevado. A
figura 69 ilustra a distribuição de potências ativa e reativa antes e após a correção do
fator de potência para o exemplo considerado.
Figura 69 – Influência da instalação de capacitores na potência reativa da rede.
Modelo de circuito equivalente
A corrente de campo if produz um fluxo Φf no entreferro. A corrente no estator ia
produz um fluxo Φar. Parte do fluxo produzido pela corrente de estator se concatena
apenas com o enrolamento do estator. Este fluxo é dito disperso. A maior parte do fluxo
produzido pelo enrolamento de armadura, Φar, se estabelece no entreferro e se concatena
com o fluxo produzido pelo enrolamento de campo. O fluxo resultante, Φr, produz a
tensão resultante Er. A equação (52) expressa o que foi dito.
71
(52)
A figura 70 apresenta um modelo de circuito equivalente em que a fonte de
tensão Ef representa a contribuição devido ao fluxo produzido pelo enrolamento de
campo e a impedância Xs=Xar+Xal composta pelas contribuições devido ao fluxo de
dispersão e devido ao fluxo que se distribui no entreferro. A resistência Ra do
enrolamento de armadura também é considerada nesse modelo equivalente.
Figura 70 – Circuito equivalente para a máquina síncrona.
Característica de torque e potência
Apesar de girar a uma velocidade constante, dita velocidade síncrona, a máquina
síncrona perde sincronismo e pára se um torque muito elevado for aplicado ao eixo do
motor. O ângulo de torque δ, ângulo entre a tensão aplicada e a tensão induzida devido
ao fluxo de campo, não deve exceder 90 graus. A curva de torque em função do ângulo
de torque é obtida através da equação (53).
T=Tmaxseno(δ) (53)
O funcionamento do motor síncrono é função desse ângulo. A potência
relaciona-se com o torque através de uma constante. Dessa forma, variam igualmente
com a variação do ângulo de torque. A figura 71 mostra um gráfico da potência e do
torque em função do ângulo de torque.
72
Figura 71 – Gráfico da potência e do torque em função do ângulo de torque.
Controle de velocidade do motor síncrono
O controle de velocidade do motor síncrono pode ser realizado através da
variação da freqüência de alimentação. Para qualquer freqüência fixa a velocidade de
rotação é constante, a menos que o motor perca sincronismo.
Existem dois métodos normalmente empregados para controle da velocidade do
motor síncrono:
1. A velocidade é controlada diretamente através da variação do par tensão e
freqüência de alimentação do motor síncrono.
2. A freqüência é ajustada através do controle da velocidade do motor em malha
fechada e o motor é dito autocontrolado.
Para controle da velocidade através da variação da freqüência e da tensão utiliza-
se comumente um inversor de freqüência como mostra a figura 72.
Figura 72 – Método com variação da freqüência para controle da velocidade.
73
Vantagens e desvantagens do motor síncrono
As principais vantagens e desvantagens do motor síncrono estão resumidas na
tabela abaixo.
Vantagens Desvantagens
Permitem fácil controle do fator de
potência através da corrente de campo. Podem
auxiliar na correção do fator de potência.
Na partida, não poderá partir como um motor
síncrono propriamente dito, porque não possui conjugado de
partida.
Em elevadas potências e baixas
velocidades, são mais econômicos.
Necessidade de usar corrente contínua para a sua
excitação.
Apresentam bom rendimento, mesmo
trabalhando com carga parcial.
Uma perturbação no sistema poderá fazer com que
o motor pare devido à perda do sincronismo.
Para baixas velocidades, possuem menor
peso do que seu equivalente assíncrono.
O controle e automação de um motor síncrono não é tão
simples quanto o de um motor assíncrono.
Motor síncrono com imã permanente
O motor síncrono com imã permanente no rotor apresenta um elevado
rendimento, baixo nível de ruído e tamanho reduzido. A presença de imãs de terras raras
elimina a necessidade de alimentar o circuito de campo, eliminando a circulação de
corrente no rotor. Reduzem-se assim as perdas por efeito Joule no rotor e a temperatura
de operação do motor. Por trabalhar mais frio, aumenta-se a vida útil da máquina.
Diminui-se também o tamanho do motor.
Este motor foi projetado para funcionar com inversor de freqüência, estando
apto para funcionar em ampla faixa de velocidade com torque constante. A figura 73
apresenta a curva de torque em função da velocidade para o motor síncrono com imã
permanente.
Figura 73 – Curva de torque em função da velocidade.
74
As aplicações para este motor são aquelas em que se requer torque constante
para uma ampla faixa de velocidade. Alguns exemplos de aplicação para o motor
síncrono com imã permanente são: bombas, sistemas de ventilação, elevadores,
compressores e esteira transportadora.
Exercícios
Máquinas Síncronas
1. Considere uma máquina síncrona com 8 pólos. Se a fonte de alimentação deste
motor for uma fonte de tensão 110V/50Hz, qual a velocidade de rotação deste
motor?
2. Como pode uma máquina síncrona ser utilizada para correção do fator de
potência de uma planta industrial?
3. Desenhe a distribuição de densidade de fluxo ao longo do entreferro para uma
máquina síncrona com dois pólos.
4. Considere uma máquina síncrona de 4 pólos sendo acionada a 1800 rpm por uma
máquina motriz. Se o número de espiras de um enrolamento da máquina for igual a
250, o fator de enrolamento igual a 0,9 e o fluxo pó pólo igual a 10 -3 Wb, qual a
tensão gerada nesse enrolamento?
5. Por que o motor síncrono não entra funcionamento assim que conectado a uma
fonte de alimentação? Quais as possibilidades para partida do motor síncrono?
6. É possível que a máquina síncrona perca o sincronismo e pare de girar?
Explique.
7. Como pode ser controlado o motor síncrono? Explique.
8. Quais as vantagens e desvantagens da máquina síncrona?
9. Em uma indústria, uma máquina síncrona é instalada para melhorar o fator de
potência da instalação. Sabendo que nessa indústria, existem 800kVA de motores de
indução, com fator de potência igual a 0,82 em atraso. A potência para a máquina
síncrona a ser instalada é 500kVA, com fator de potência unitário. Qual o fator de
potência da indústria após a instalação da máquina síncrona?
10. Um motor síncrono de 2 pólos, alimentado a partir da rede de alimentação de
220V e 60Hz foi convertido em um motor síncrono de 6 pólos. Qual o aumento
percentual na velocidade do motor?
75
11. O rotor de um alternador de 6 pólos, 60 Hz produz um fluxo polar de 5 106
linhas por pólo. Determine a velocidade na qual o alternador deve ser movimentado
para produzir a freqüência nominal, e a tensão efetiva por fase se o estator possui
200 espiras. (Obs:1wb=108 linhas)
12. Uma máquina síncrona tem um total de 8000 espiras de campo. Quando
circulam 2,5 A, é produzido um fluxo total de 5,2 106 linhas. Calcule a indutância
própria das bobinas de campo e a tensão média gerada se a corrente cai a zero em
10ms.
13. Um alternador com 16 pólos é movimentado numa velocidade de 3000 rpm.
Calcule a freqüência gerada na armadura.
14. As bobinas de campo de uma máquina síncrona tem uma indutância de 8H, uma
resistência de 60Ω e são conectadas a uma fonte cc de 120V. Calcule:
a. O valor do resistor de drenagem a ser ligado através das bobinas de
campo se tensão através do circuito de campo não puder exceder 150V.
b. O tempo requerido para descarregar a energia armazena no campo
magnético através do resistor de drenagem do campo.
c. A energia total descarregada quando o circuito de campo é desligado da
fonte.
15. Uma fábrica drena uma carga em atraso de 2000kW a um fator de potência de
0,6 a partir de uma rede de 6.000V. Um compensador síncrono é adquirido para
elevar, até a unidade, o fator de potência total. Imaginando as perdas do
compensador síncrono iguais a 275kW, calcule:
a. Os KVArs originais em atraso.
b. Os KVArs de correção necessários para trazer o fator de potência a um valor
unitário.
c. A capacidade em KVA do compensador síncrono e seu fator de potência.
16. Considere um motor acionando uma carga de 20CV, tal que sua eficiência para
esta condição de carga é 93%. O fator de potência de operação é 0,89 e deseja-se
corrigi-lo para 0,93. Qual a potência reativa de capacitores necessária?
17. Considere a situação abaixo ilustrada. Calcule o fator de potência e a potência
aparente fornecida pela subestação. Sugestão: Traçar o triângulo de potência para
cada carga individual.
76
18. Em uma indústria, uma máquina síncrona é instalada para melhorar o fator de
potência da instalação. Sabendo que nessa indústria, existe um motor de indução de
150kVA, com fator de potência igual a 0,81 em atraso, existe um outro motor de
indução de 250kVA, com fator de potência igual a 0,75 em atraso e um motor de
indução de 350kVA, com fator de potência igual a 0,69 em atraso. A potência para a
máquina síncrona a ser instalada é 500kVA, com fator de potência 0,95 em avanço.
Qual o fator de potência da indústria após a instalação da máquina síncrona?
77
Capítulo 5
Máquina assíncrona
Introdução
A máquina assíncrona é, dentre as máquinas elétricas girantes, a mais utilizada
no setor industrial. Tanto o rotor quanto o estator conduzem corrente alternada. A
corrente que circula pelo rotor é uma corrente induzida devido a um campo magnético
variável em relação ao enrolamento do rotor. Este campo magnético variável em relação
ao enrolamento do rotor é devido à diferença de velocidade de rotação do rotor e do
campo magnético girante. Por isso a nomenclatura máquina de indução. A máquina de
indução pode funcionar tanto como motor quanto como gerador. Entretanto, as
características da máquina funcionando como gerador não são satisfatórias e a máquina
é extensivamente utilizada como motor.
Ao contrário da máquina de corrente contínua, a máquina de indução possui um
entreferro uniforme. O rotor pode possuir uma construção tipo gaiola de esquilo ou tipo
bobinado. As bobinas do estator estão distribuídas ao longo do entreferro de modo a
melhor aproveitar o material ferromagnético e assim melhorar a distribuição de força
magneto motriz, suavizando o torque desenvolvido pela máquina. A figura 74(a) mostra
uma representação dos enrolamentos trifásicos distribuídos representados por três
enrolamentos concentrados. A figura 74(b) mostra os enrolamentos conectados em
estrela (Y) e a figura 74(c) mostra os enrolamentos conectados em triângulo (Δ).
Figura 74 – (a) Vista em corte da máquina assíncrona. (b) Enrolamento do estator conectado em Y. (c) Enrolamento do estator conectado em delta.
Campo magnético girante
Os enrolamentos trifásicos localizados no estator representados por aa’, bb’ e cc’
estão deslocados de 120 graus entre si. Quando uma corrente alternada senoidal circula
por um enrolamento ela produz uma força magneto motriz também senoidal e centrada
no eixo do enrolamento. Cada força magneto motriz pode ser representada por um vetor
com magnitude proporcional ao valor instantâneo da corrente. As correntes instantâneas
em cada enrolamento são mostradas na figura 75.
Figura 75 – Correntes instantâneas em cada enrolamento.
A força magneto motriz resultante é a composição vetorial das três componentes
de força magneto motriz, que pode ser computada graficamente através da figura 76. No
instante de tempo t0, a corrente na fase a passa por um máximo positivo e as correntes
nas fases b e c por metade da amplitude máxima negativa. Devido ao fato da corrente na
fase a estar em um instante de máximo, a força magneto motriz produzida por este
enrolamento é máxima. A força magneto motriz resultante da composição vetorial das
forças magneto motriz devido aos três enrolamentos é dada pela equação (54). Além do
mais, a força magneto motriz resultante é distribuída senoidalmente ao longo do
entreferro. Analisando o que acontece à medida que as correntes em cada enrolamento
variam senoidalmente, nota-se que o vetor resultante possui a mesma amplitude em
todos os instantes de tempo, mas ele gira em sentido anti-horário.
79
Figura 76 – Campo magnético girante.
(54)
Princípio de funcionamento
O princípio de funcionamento para a máquina assíncrona pode ser ilustrado
utilizando um imã permanente e um disco livre para girar, como mostrado na figura 77.
O imã permanente é suspenso sobre um disco metálico, preso por um pino em um
mancal de ferro. O fluxo magnético produzido pelo imã permanente flui através do
circuito magnético série composto pelo imã permanente, os entreferros e a placa de
ferro. Ao girar o imã permanente, o disco que se encontra sob o imã também gira. O
disco acompanha o movimento de rotação do imã permanente devido à circulação de
correntes induzidas. Estas correntes são induzidas devido ao movimento relativo entre o
disco e o imã permanente. As correntes induzidas tendem a produzir, de acordo com a
lei de Lenz, um pólo sul magnético no disco sob o pólo norte magnético girante do imã
permanente, assim como um pólo norte magnético no disco sob o pólo sul magnético
girante do imã permanente. Enquanto o imã continua seu movimento em relação ao
disco, continuará a indução de correntes parasitas e pólos magnéticos com polaridades
opostas. O disco, desta forma, gira no mesmo sentido que o imã permanente, mas deve
girar a uma velocidade menor para que haja uma velocidade relativa entre o imã
permanente e o disco metálico.
80
Figura 77 – Ilustração para o princípio de funcionamento da máquina assíncrona.
Tensões induzidas
Foi dito na seção anterior que, quando correntes balanceadas circulam pelos
enrolamentos trifásicos do estator, um campo magnético senoidal distribuído gira no
entreferro da máquina. O efeito produzido por este campo magnético girante é similar
ao produzido por um par de pólos girando no entreferro, de tal forma que a distribuição
de densidade de fluxo ao longo deste entreferro seja senoidal com o pico ao longo do
eixo dos pólos magnéticos. Esta situação é ilustrada através da figura 78. O campo
magnético girante induz tensões nas fases do estator. As expressões para as tensões
induzidas podem ser obtidas utilizando a lei da indução de Faraday.
Figura 78 – Distribuição de densidade de fluxo ao longo do entreferro.
A equação (55) expressa a densidade de fluxo ao longo do entreferro. Utilizando
a lei da indução de Faraday, a força eletromotriz, que é dada pela variação do fluxo no
tempo multiplicada pelo número de espiras, permite escrever a expressão (56). A
equação (57) permite calcular a tensão eficaz por fase. O fator de enrolamento Kw varia
de 0,85 a 0,95 para a maioria das máquinas elétricas.
(55)
81
(56)
(57)
A tensão induzida no rotor quando este se encontra parado é dado pela equação
(58). Note que nesta equação a freqüência é a mesma da fonte de alimentação, uma vez
que esta é a freqüência da corrente induzida no circuito do rotor. Quando o rotor está em
movimento, a tensão induzida no rotor é dada pela equação (59), onde s é o
escorregamento da máquina.
(58)
(59)
Escorregamento
Se o enrolamento do estator for conectado a uma fonte de alimentação trifásica e
o circuito do rotor é fechado, as correntes induzidas no rotor irão produzir um campo
magnético que irá interagir com o campo magnético girante no entreferro, dando origem
a um torque. O rotor, se livre, irá iniciar o movimento de rotação. De acordo com a lei
de Lenz, o rotor gira na direção do campo magnético girante de tal maneira que a
velocidade relativa entre o campo magnético girante e o enrolamento do rotor diminua .
O rotor irá atingir uma velocidade de rotação n que é inferior à velocidade de rotação
síncrona ns. É óbvio que a velocidade do rotor n não pode ser igual à velocidade
síncrona, pois assim nenhuma corrente seria induzida no enrolamento do rotor e
consequentemente nenhum torque seria produzido. A diferença entre a velocidade
síncrona do campo magnético girante e a velocidade do rotor é denominada
escorregamento e é definida através da equação (60).
(60)
82
Reorganizando a equação (60), pode-se explicitar a velocidade do motor n, como
mostra a equação (61)
(61)
A freqüência da corrente induzida no circuito do rotor é dada pela equação (62).
(62)
Exemplo: Um motor de indução trifásico, 460V, 100cv, 60Hz, 4 pólos funcionando a
plena carga com escorregamento s=0,05. Determine:
(a) A velocidade síncrona e a velocidade do motor.
(b) A velocidade do campo magnético girante.
Circuito equivalente
O circuito equivalente pode ser utilizado para estudar e antecipar o desempenho
da máquina de indução trifásica com apreciável proximidade do seu comportamento
real. O circuito equivalente mostrado na figura 79 considera as perdas por condução por
fase no enrolamento de estator através da resistência R1, o fluxo de dispersão por fase
no enrolamento de estator através da reatância X1, as perdas no núcleo através da
resistência Rc, a energia necessária para magnetização do núcleo através da reatância
Xm, o fluxo de dispersão no rotor refletido ao estator através da reatância X2’ e a
resistência de condução do enrolamento do rotor refletido ao estator. Para se determinar
os parâmetros do circuito elétrico equivalente podem-se utilizar os ensaios sem carga e
com rotor bloqueado.
Figura 79 – Circuito elétrico equivalente para a máquina de indução.
83
Conjugado desenvolvido pelo motor
O conjugado desenvolvido pelo motor é resultado da interação mútua entre dois
campos magnéticos. O conjugado ou torque desenvolvido quando o motor está parado é
dado pela equação (63).
(63)
Onde:
Kt – É uma constante de torque para o número de pólos, o enrolamento, etc.
VL – Tensão de linha no enrolamento do estator.
Características de desempenho
O circuito elétrico equivalente apresentado anteriormente pode ser utilizado para
antecipar as características de desempenho para a máquina assíncrona. A figura 80
mostra as curvas de conjugados em função da velocidade de rotação do motor, para as
diferentes categorias. Estas categorias são definidas pela norma NBR 7094.
Categoria N
Os motores pertencentes a esta categoria são caracterizados por possuírem um
conjugado de partida normal, corrente de partida normal e pequeno valor de
escorregamento em regime permanente. Constituem a maioria dos motores encontrados
no mercado e prestam-se ao acionamento de cargas normais, com baixo conjugado de
partida como bombas e máquinas operatrizes.
84
Figura 80 – Curvas conjugados x velocidade paras as categorias N, H e D.
Categoria H
Os motores que se enquadram nessa categoria são caracterizados por possuírem
um conjugado de partida elevado, corrente de partida normal e baixo valor para o
escorregamento em regime permanente. Esta categoria de motores é utilizada para
acionamento de cargas que exigem maior conjugado de partida, como peneiras,
transportadores carregados, cargas com alta inércia, etc.
Categoria D
São motores caracterizados por conjugado de partida elevado, corrente de
partida normal e alto escorregamento. Utilizados para acionamento de cargas como
prensas excêntricas e máquinas semelhantes, em que a carga apresenta picos periódicos
e cargas que necessitam de conjugado de partida elevado e corrente de partida limitada.
Controle de velocidade
Um motor de indução trifásico é essencialmente um motor de velocidade
constante quando conectado a uma fonte de tensão constante e freqüência fixa. A
velocidade em regime permanente é muito próxima da velocidade síncrona. Entretanto,
quando o torque solicitado aumenta, a velocidade diminui. A figura 81 mostra um
gráfico onde se tem uma carga solicitando um torque elevado e outra que solicita um
85
torque moderado. Pode-se observar que para a carga que solicita um torque elevado, no
ponto de operação, o motor possui menor velocidade. Portanto, a velocidade do motor é
dada pela intersecção entre a curva de conjugado para o motor e a curva de carga.
Em muitas aplicações industriais, velocidades variáveis ou continuamente
ajustáveis são necessárias. Tradicionalmente, motores de corrente contínua sempre
foram utilizados em aplicações onde era necessária variação de velocidade. Entretanto,
motores de corrente contínua são caros, requerem manutenção das escovas e dos
comutadores e são proibitivos em ambientes agressivos. Em contrapartida, motores de
indução são baratos, não requerem manutenção, estão aptos a funcionar em ambientes
agressivos e estão disponíveis para velocidades elevadas. Com o advento da tecnologia
de conversores estáticos, os inversores de freqüência permitiram a disseminação dos
motores de indução trifásicos em aplicações onde o controle de velocidade se faz
necessário. A figura 82 exemplifica o método de controle da velocidade do motor
utilizando um inversor de freqüência.
Figura 81 – Solicitação de torque durante a partida e em regime permanente.
Figura 82 – Controle de velocidade através da variação da freqüência.
86
Métodos de partida dos motores de indução
Os motores com rotor tipo gaiola de esquilo são frequentemente conectados
diretamente à rede de alimentação. Uma corrente de partida entre 5 e 8 vezes maior que
a corrente nominal pode circular pelo motor. Esta corrente elevada ocorre com ou sem
carga aplicada ao eixo. A diferença reside no fato de que com carga aplicada ao eixo o
tempo que o motor fica submetido à corrente de partida é maior. Além de causar uma
queda de tensão apreciável na rede de alimentação, pode afetar outras cargas conectadas
à rede de alimentação. Além disso, se uma corrente elevada circular no motor por um
longo intervalo de tempo, poderá aquecê-lo, danificando o isolamento do enrolamento.
Nestes casos, costuma-se utilizar uma tensão reduzida durante a partida do motor para
reduzir os efeitos da partida de motores assíncronos de grande porte.
No instante da partida, a corrente do rotor (e, portanto, a corrente do estator) é
determinada pela equação (64). Através desta equação, verifica-se que na partida,
quando o escorregamento é unitário, a corrente é elevada devido ao reduzido valor para
a impedância do rotor. Na velocidade nominal, quando o escorregamento é
aproximadamente nulo, a impedância é maior e consequentemente a corrente é menor.
(64)
Onde:
I2=Corrente no rotor
E2=Tensão induzida no rotor quando o rotor está bloqueado.
R2=Resistência do rotor.
X2=Reatância do rotor bloqueado.
Um autotransformador abaixador pode ser utilizado para reduzir a tensão
durante a partida, como mostra a figura 83. Após atingir a velocidade nominal, o motor
é alimentado com tensão nominal.
87
Figura 83 – Método de partida utilizando autotransformador.
Outro método utilizado para reduzir a corrente de partida é através da conexão
dos enrolamentos em estrela durante a partida do motor. Após atingir 90% da
velocidade nominal do motor, desfaz-se a conexão estrela e estabelece-se a
configuração em triângulo que é a conexão normal de operação para o motor. A figura
84 mostra este método de partida para a máquina de indução trifásica. Devido à redução
no conjugado de partida, o método de partida estrela-triângulo é recomendado para
motores que acionam cargas com baixa inércia ou quando o motor parte sem carga
aplicada ao eixo.
Figura 84 – Método de partida utilizando a conexão estrela-triângulo.
Um conversor de estado sólido pode ser utilizado para reduzir a tensão durante a
partida do motor de indução trifásico. Essa configuração, além de suavizar a partida do
motor, é capaz de controlar a velocidade do motor em regime permanente. A figura 85
apresenta um diagrama esquemático quando o conversor atua diretamente na tensão de
alimentação do motor. O conversor de estado sólido mais utilizado para esta finalidade é
o “soft-starter”, que traduzindo para o português, significa partida suave. Esta chave
eletrônica permite um controle da corrente de partida e da corrente de parada do motor
através do controle do ângulo de disparo dos tiristores no circuito de potência. Após a
88
partida do motor os tiristores são desligados e o motor passa a ser alimentado
diretamente a partir da rede de alimentação. O inversor de freqüência pode ser utilizado
como chave de partida eletrônica quando a aplicação requer redução da corrente de
partida e também controle de velocidade e/ou torque.
Figura 85 – Método de partida utilizando um conversor estático.
É importante ressaltar que embora tensões menores reduzam a corrente durante a
partida dos motores, o torque de partida decresce porque o torque é proporcional ao
quadrado da tensão aplicada.
Frequentemente, motores de indução trifásicos tipo gaiola são projetados com
enrolamentos de fase dividida, isto é, dois enrolamentos idênticos por fase cada um dos
quais produzirá o mesmo numero de pólos e o mesmo campo girante. A vantagem é que
eles podem ser ligados em série para sistemas de alta tensão ou em paralelo para
sistemas de baixa tensão. A figura 86 mostra um motor com enrolamentos de fase
dividida. Na partida somente uma seção estrela é empregada. Com isso e impedância é
maior, e a corrente de partida é aproximadamente igual a 65% da corrente de partida
normal. O motor parte, assim, com metade de seu enrolamento ligado em estrela, e
quando atinge velocidade, o segundo enrolamento é ligado em paralelo. Devido ao
decréscimo no conjugado durante a partida, os fabricantes recomendam que a partida
por fase dividida seja utilizada apenas quando o motor parte com carga muito pequena
ou sem carga nenhuma, como no caso de ventiladores ou furadeiras.
Figura 86 – Partida de motor de indução com fase dividida.
89
Influência da rede elétrica na operação do MIT
A operação eficiente dos motores de indução trifásicos depende, dentre outras
coisas, da qualidade da rede elétrica de alimentação. O ideal é que esta rede seja
equilibrada e com suas tensões apresentando amplitude e freqüência constantes.
Entre as causas do desequilíbrio de um sistema trifásico, a principal é a ligação
desproporcional de cargas monofásicas, tais como, sistemas de iluminação e motores
monofásicos, nas suas três fases.
O desequilíbrio das tensões provoca vários problemas:
1. Desperdício de energia devido à elevação das perdas, provocadas por altas
correntes desequilibradas.
2. Elevação da temperatura acima dos níveis aceitáveis pelo motor.
3. Redução do torque disponível para a carga, pela existência de componentes de
campo magnético girante em sentido contrário ao da rotação do motor.
4. Pequena redução do fator de potência.
Estudos já demonstraram que um pequeno desequilíbrio de 3,5% na tensão pode
aumentar as perdas do motor em 20%. Um desequilíbrio de 5% ou mais pode destruí-lo
rapidamente.
A eficiência e o fator de potência dos motores de indução trifásicos variam
segundo o valor da tensão de alimentação. Estes motores são projetados para
suportarem variações de ±10% da tensão nominal.
Os motores podem suportar variações de freqüência de -5% até +3%. Uma
variação simultânea da amplitude e da freqüência pode ser prejudicial para o motor.
Uma tensão de alimentação abaixo do valor nominal do motor provoca aumento
da corrente. Este aumento é devido à necessidade em continuar fornecendo a potência
solicitada pela carga, com uma tensão de alimentação reduzida. Este aumento na
corrente implica em elevação da temperatura e ainda redução dos torques de partida e de
regime. Por outro lado, um valor de tensão acima do nominal acarreta redução do fator
de potência e aumento da corrente de partida.
Sendo o torque dos motores de indução trifásicos proporcional ao quadrado da
tensão, motores alimentados com tensão abaixo do valor nominal apresentam
dificuldades para partir ou acionar cargas de alta inércia. Por exemplo, se a tensão de
alimentação for 80% do valor nominal, o torque de partida disponível é somente 64%
do seu valor original. Resumindo, a alimentação com tensão acima ou abaixo da
90
nominal influencia significativamente o comportamento dos motores de indução
trifásicos.
É possível alimentar um motor projetado para uma freqüência igual a 50 Hz com
uma fonte de alimentação cuja freqüência seja igual a 60 Hz. Entretanto, a potência
nominal, a corrente nominal, a corrente de partida e as relações entre o conjugado de
partida e o conjugado nominal e o conjugado máximo e o nominal diminuem. A
velocidade aumenta em torno de 20%. O contrário, alimentar um motor projetado para
uma freqüência igual a 60 Hz com uma fonte de alimentação cuja freqüência seja igual
a 50 Hz implica em redução na velocidade, o que resulta em redução na ventilação.
Além disso, ocorre uma redução na reatância indutiva e na força contra eletromotriz o
que implica aumento na corrente do motor. O aumento na corrente e a redução na
ventilação provocam aumento de temperatura. Por este motivo, esta situação não é
aconselhável.
Influência da carga mecânica na operação do MIT
Se o motor de indução trifásico não apresenta características compatíveis com a
carga, possuindo uma potência muito acima ou inferior à necessária, também neste caso
o motor não apresentará um bom comportamento elétrico, mecânico ou térmico.
Uma das causas mais comuns de operação ineficiente dos motores elétricos é o
motor dimensionado com uma potência muito superior à necessária. Um motor
dimensionado com uma potência muito superior à necessária implica em conseqüências:
1. Maior custo, volume e peso do motor.
2. Redução do fator de potência.
3. Redução da eficiência, embora muito motores apresentem sua eficiência máxima
a, aproximadamente, 75% da sua carga nominal.
4. Maior corrente de partida, acarretando maior custo da instalação e proteção.
Estudos realizados pelo PROCEL/CEMIG/EFEI mostraram que nem sempre o
motor dimensionado com uma potência muito superior à necessária corresponde a
maiores perdas de energia. Cada caso deve ser analisado. Em geral, para cargas entre 75
e 100% da nominal, o motor pode ser considerado estando bem dimensionado.
91
O motor dimensionado com uma potência muito inferior à necessária apresenta
sobre aquecimento, acarretando redução da vida útil do motor. Entretanto, esta situação
é, geralmente, prontamente percebida e, consequentemente corrigida.
Fator de serviço
A norma ABNT NBR 7094/1996, define fator de serviço como um multiplicador
que, quando aplicado à potência nominal do motor, indica a carga que pode ser acionada
continuamente sob tensão e freqüência nominais. Entretanto, a utilização do fator de
serviço implica em vida útil inferior àquela do motor com carga nominal.
Influência do ambiente na operação do MIT
As condições ambientais onde está instalado o motor têm influência na sua
operação. Poeiras que se depositam na sua carcaça, ao absorverem umidade ou
partículas de óleo, formam uma crosta que dificulta a liberação do calor. Por causa
disso, a temperatura interna do motor se eleva. Uma das conseqüências é aumentar o
valor para a resistência do enrolamento e diminuir a eficiência do motor.
Áreas de processamento de cereais e de siderurgia são exemplos de ambientes
que requerem cuidados com a refrigeração dos motores, devido à presença de pós,
poeiras, partículas em suspensão, etc.
A elevação de temperatura pela presença de sujeira na carcaça acaba provocando
também a deterioração do lubrificante, óleo ou graxa, utilizado no mancal ou rolamento,
pois a sua capacidade de lubrificação diminui com o aumento da temperatura.
A umidade é uma das principais causas de falhas na isolação dos motores. Em
ambientes úmidos ocorrem problemas de corrosão e deterioração do isolamento, já que
a umidade facilita o depósito e a absorção de poeiras e produtos químicos.
Comprovadamente, motores que operam em ambientes úmidos apresentam mais
falhas no seu sistema de isolação do que aqueles que trabalham em ambientes secos
sujeitos ao mesmo tipo de sujeiras, pós e agentes químicos.
Motores que trabalham em ambientes desfavoráveis ou mesmo agressivos
devem ser providos de um grau de proteção. A norma brasileira NBR 6146 define os
vários graus de proteção para os motores elétricos, por meio das letras características IP,
seguida por dois algarismos. As tabelas abaixo apresentam os critérios de proteção.
92
Grau de proteção contra penetração de corpos sólidos
1o Algarismo
Algarismo Indicação
0 Sem proteção
1 Corpos estranhos acima de 50mm.
2 Corpos estranhos acima de 12mm.
3 Corpos estranhos acima de 2,5mm.
4 Corpos estranhos acima de 1,0mm.
5 Proteção contra acúmulo de poeiras
prejudiciais ao motor.
6 Totalmente protegido contra poeira.
Grau de proteção contra penetração de água
2o Algarismo
Algarismo Indicação
0 Sem proteção.
1 Pingos de água na vertical.
2 Pingos de água até a inclinação de 15o com a
vertical.
3 Pingos de água até a inclinação de 60o com a
vertical.
4 Respingos em todas as direções.
5 Jatos de água em todas as direções.
6 Água de vagalhões.
7 Imersão temporária.
8 Imersão permanente.
Para motores que são instalados ao tempo, a norma prevê uma designação com a
letra W entre as letras IP e os algarismos. Assim, um motor que irá trabalhar em
ambiente aberto e poeirento deve ter grau de proteção IPW55.
As perdas que os motores elétricos apresentam provocam elevação de
temperatura em suas diversas partes construtivas. Desta forma, os enrolamentos dos
motores são isolados com materiais conhecidos como materiais isolantes, que suportam
temperaturas elevadas.
A isolação tem influência na eficiência do motor. Em geral, maior será a
eficiência se mais fina for a camada de isolante utilizada.
93
Os materiais isolantes definem a classe de isolação do motor, as quais
correspondem à temperatura máxima que cada material pode suportar sem apresentar
alterações nas suas características isolantes.
As classes de isolamento utilizadas em máquinas elétricas e os respectivos
limites de temperatura conforme a norma NBR 7094 são os seguintes:
Classe A – 105oC
Classe E – 120oC
Classe B – 130oC
Classe F – 155oC
Classe H – 180oC
As classes B e F são as comumente utilizadas em motores normais. Na classe B
são empregados materiais a base de poliéster e poli-imídicos aglutinados ou
impregnados com materiais orgânicos. Já na classe F o isolante é composto por
materiais a base de mica, amianto e fibra de vidro, aglutinados com materiais sintéticos,
usualmente silicones, poliésteres ou epóxi.
Não é justificável avaliar-se a temperatura dos enrolamentos simplesmente
sentindo-se a temperatura externa do motor com o auxílio das mãos. Uma carcaça fria
necessariamente não está à mesma temperatura que os enrolamentos do motor. Um
exemplo típico é no caso da partida, onde as perdas provocam um maior aquecimento
dos enrolamentos, enquanto na carcaça a temperatura permanece inalterada.
A vida de um motor praticamente termina quando o isolamento dos
enrolamentos se deteriora, tornando-se ressecado e quebradiço. Isso se dá, em média,
em torno de 20 anos.
O motor de alto rendimento
As inúmeras vantagens que o motor de indução de gaiola apresenta, o torna o
mais importante equipamento de uso final da energia elétrica. No Brasil, a quantidade
de energia que ele processa é superior a 1/3 de toda a energia elétrica consumida. Diante
do exposto, qualquer iniciativa que se desenvolva para aumentar a eficiência deste
equipamento trará grande economia ao país.
94
A figura 87 mostra uma comparação, segundo a norma americana NEMA, entre
a eficiência de motores de alto rendimento e motores padrão.
Figura 87 – Eficiência nominal para motores padrão e de alto rendimento.
Evidentemente que a redução das perdas, com o conseqüente aumento da
eficiência, implica em aumento dos custos de material e de fabricação. Assim, motores
de alto rendimento possuem custo de aquisição inicial maior que os motores padrão.
Entretanto, sua utilização pode trazer grande economia em curto prazo.
Os motores de alto rendimento têm o seu projeto modificado, em relação aos
motores da linha padrão, objetivando a diminuição da sua perda global.
Como todo equipamento, os motores de alto rendimento apresentam benefícios
na sua utilização. A tabela abaixo apresenta as principais vantagens e também as
desvantagens, quando comparados com os motores padrão.
Vantagens Desvantagens
Economizam no consumo de
energia elétrica.
Custo inicial mais elevado.
A maioria apresenta um fator de
potência maior.
Pesam mais e ocupam mais
volume.
Mesmo com carga abaixo da
nominal, apresentam eficiência maior e
mais constante.
A economia só é considerável
quando o fator de carga é elevado.
95
Especificação de motores elétricos
Quando se deseja escolher um motor elétrico para acionar uma determinada
carga, é necessário conhecer o conjugado requerido pela carga e a rotação que esta
carga solicita em condições normais. A potência nominal do motor é dada pela equação
(65).
(65)
Se o acoplamento for com redução de velocidade, deve-se levar em consideração
a relação entre as velocidades e o rendimento do acoplamento. O rendimento do
acoplamento é a relação entre a potência transmitida à carga e a potência do motor. A
equação (66) expressa matematicamente o que foi dito.
(66)
A tabela abaixo fornece a faixa de rendimento para diferentes tipos de
acoplamentos.
Acoplamento Rendimento (%)
Acoplamento direto 100
Polia com correia em V 97-99
Polia com correia plana 95-98
Correia dentada 97-98
Engrenagem 96-99
Cardã 25-100
O critério básico para especificação de um motor para acionamento de uma
determinada carga é que o conjugado do motor seja superior ao conjugado da carga, em
toda a faixa de velocidade. Além disso, é necessário que o tempo de aceleração do
motor seja menor que 80% do tempo de rotor bloqueado. Este critério visa proteger o
isolamento da máquina. O tempo de aceleração é calculado através da equação (67).
96
(67)
Jm – Inércia do motor.
Je – Inércia da carga referida ao eixo do motor.
Cmmed – Conjugado médio do motor.
Crmed – Conjugado resistente médio referido ao eixo do motor.
O conjugado resistente médio é igual ao conjugado de carga de carga médio
multiplicado pela relação entre a velocidade da carga e a velocidade do motor. As
equações (68) e (69) expressam a relação de transmissão e o conjugado resistente
médio, respectivamente.
(68)
(69)
O conjugado de carga médio depende do tipo de carga que o motor deve acionar.
Uma carga com conjugado linear, como por exemplo, uma bomba de vácuo, possui
conjugado de carga médio dado pela equação (70). Uma bomba centrífuga, um
ventilador, um misturador centrífugo e um compressor centrífugo possuem conjugado
de carga médio parabólico dado pela equação (71).
(70)
(71)
O momento de inércia da carga referida ao eixo do motor é igual ao momento de
inércia da carga multiplicado pela relação de transmissão ao quadrado. A equação (72)
expressa o momento de inércia da carga referido ao eixo do motor.
(72)
97
O conjugado do motor médio para as categorias N e H é dado pela equação (73),
onde Cp/Cn e Cmax/Cn são dados fornecidos pelos fabricantes dos motores de indução
trifásicos. Estes dados constam nos manuais destes motores. O conjugado nominal Cn
também consta nos manuais dos motores.
(73)
Para iniciar o processo de escolha do motor adequado é necessário conhecer a
rotação e a potência necessária. De acordo com o tipo de carga a ser acionada
determina-se a potência do motor utilizando uma equação específica. Para especificar
um motor para uma talha utiliza-se a equação (74) que relaciona o peso da carga e a
velocidade de içamento, levando-se em consideração o rendimento da talha. Para
especificar um motor para acionar uma bomba centrífuga utiliza-se a equação (75) que
relaciona a massa específica, a altura manométrica e a vazão da bomba, levando em
consideração o rendimento da bomba. Em aplicações com conjugado constante e nas
quais se conhece a velocidade angular é possível determinar a potência utilizando a
equação (76).
(74)
(75)
(76)
Exemplo: Considere o sistema abaixo utilizado para levantamento de um determinado
peso com capacidade para levantamento de 50kg, com uma velocidade de içamento
igual a 0,5m/s. Se o raio da polia é igual a 90mm, a redução de 1:32, o rendimento da
talha é igual a 97%, a inércia das partes girantes é igual a 0,0005Kgm2. Especifique o
motor capaz de realizar este trabalho.
98
A potência necessária para levantar o peso é calculada em função do peso e da
velocidade de içamento.
Wvgm
Ptalha
25297,0
5,081,950
O conjugado requerido pela carga é calculado para a potência de 252W e
velocidade de içamento de 0,5m/s.
A velocidade de rotação do motor é determinada utilizando a velocidade de
içamento, o raio da polia e a redução de 1:32.
O motor escolhido para executar esta tarefa foi o abaixo descrito. Estes dados
foram extraídos do catálogo geral de motores de um determinado fabricante.
Tipo do motor Motor de alto rendimento plus
Potência 0,5 CV
Número de pólos 4 pólos
Rotação 1720 rpm
Conjugado nominal (Cn) 0,21 Kgfm
Cp/Cn 2,7
Cmax/Cn 3
J 0,00079
Tempo de rotor bloqueado 10 s
In 2,07 A
99
Cálculo das inércias
O conjugado resistente médio é calculado referindo-o ao eixo do motor. O
conjugado do motor médio é calculado utilizando a equação (65).
Enfim, calcula-se o tempo de aceleração que deve ser menor que 80% do tempo
de rotor bloqueado.
Como o tempo de rotor bloqueado é muito maior que o tempo de aceleração, o
motor especificado atende.
Exercícios
Máquinas Assíncronas
1. Considere um motor de indução trifásico de 5cv, 208V, 60Hz, funcionando a
1746 rpm e fornecendo potência nominal a carga. Determine o número de pólos
da máquina, o escorregamento e a freqüência da corrente no rotor.
2. Um motor de indução trifásico, 460V, 100cv, 60Hz, 6 pólos funciona com um
escorregamento igual a 3%. Determine a velocidade de rotação do motor, a
freqüência da corrente no rotor e a velocidade do campo girante.
3. Sabendo que o conjugado nominal do motor é dado pela relação entre a
velocidade da carga e a velocidade nominal do motor, multiplicada pelo
100
conjugado da carga, e que a potência nominal do motor é dada pela equação
abaixo, determine a potência que um motor de 4 pólos, 60Hz deve ter para
acionar uma carga com conjugado de 4 Nm e rotação de 1200 rpm.
4. Considere um motor 1CV. Se a tensão de alimentação é uma tensão trifásica de
380V e o fator de potência quando o fator de serviço de 1,15 está em plena
utilização é igual a 80%, qual a corrente solicitada por este motor?
5. Qual a velocidade nominal de um motor de indução de 6 pólos cuja tensão de
alimentação é 440V e 60Hz, cujo escorregamento é igual a 0,06?
6. Qual o rendimento de um motor de indução trifásico de 3cv, sabendo que a
tensão de alimentação deste motor é igual a 380V e que a corrente solicitada da
rede é igual a 4,3 ampères?
7. Dimensionar os condutores para um motor de 15cv, IV pólos, trifásico, 220V,
corrente nominal igual a 40 A, localizado a 60m da rede de alimentação, com
instalação dos cabos em eletroduto. Utilizar o critério da máxima capacidade de
corrente.
Obs: De acordo com a norma NBR 5410, o dimensionamento pela capacidade de
corrente estabelece que o condutor deve ser dimensionado para uma capacidade 25%
superior à corrente nominal do motor.
8. Um motor trifásico 5CV, dois pólos, ligado em estrela, a plena carga com
escorregamento de 8%, rendimento de 80% e fator de potência de 0,86 é
alimentado pela rede elétrica de 220/380V-60Hz. Calcule:
(a) A potência elétrica fornecida.
(b) A corrente por fase. E o conjugado do motor
9. Qual a potência para um motor assíncrono de 4 pólos, alimentado com uma
tensão 380V, 60Hz, que deverá acionar uma carga com conjugado igual a 4Nm,
rotação 1200rpm e acoplamento com correia dentada cujo rendimento do
acoplamento é igual a 97%?
10. Especificar um motor de indução de gaiola para acionar uma carga com
conjugado constante com as seguintes características:
101
Alimentação 380V/60Hz
Pc=80kW
Cc=44kgfm
Jc=10,5kgm2
Acoplamento carda
Selecionar um motor de alto rendimento plus
11. Especificar um motor de indução de alto rendimento para acionar uma bomba
centrífuga (ηc = 44%) utilizada para o bombeamento de um fluido a uma altura
manométrica de 24m. A massa específica do fluido é 1,5kg/m3 e a vazão da
bomba é de 3,6m3/s a uma rotação de 3400 rpm. A inércia da bomba é de
7,8kgm2. A alimentação é 380V, 60Hz. Considere a carga inicial igual a 20% da
carga nominal.
12. Que motor deve ser empregado para acionar uma talha com as seguintes
características:
Massa a ser levantada igual a 1100kg.
Raio da polia/tambor de 90mm
Velocidade de içamento de 0,5m/s
Redução de 1:31
Rendimento total do sistema igual a 97%
Inércia das partes girantes é de 0,00049kgm2
Classe de operação da talha é de 1 Dm(ED=15%; 80 manobras por hora)
102
Capítulo 6
Motor de indução monofásico
Introdução
Os motores de indução monofásicos são motores pequenos, projetados para
potências fracionadas. A maioria desses motores é construída com potências menores
que 1CV. Esses motores encontram aplicações em equipamentos domésticos, lojas,
fábricas, etc. Uma residência média, nos Estados Unidos da América, utiliza uma dúzia
ou mais de motores monofásicos. Esses motores possuem uma construção relativamente
simples e são classificados de acordo com o método de partida utilizado, uma vez que
são motores que não possuem conjugado de partida.
Características do motor de indução monofásico
O Motor de indução monofásico possui rotor com enrolamento tipo gaiola de
esquilo e estator com enrolamento distribuído. A corrente que circula pelo enrolamento
localizado no rotor é uma corrente induzida, em acordo com a lei da indução de
Faraday. A figura 88 mostra um diagrama esquemático para um motor de indução
monofásico. Por não possuir torque de partida, se alimentado o enrolamento do estator,
o rotor não iniciará o movimento de rotação. Entretanto, se for dada uma rotação inicial
no rotor, com o auxilio da mão ou outro meio qualquer, o rotor continuará o movimento
enquanto o enrolamento do estator permanecer alimentado.
A figura 89 mostra a curva de torque em função da velocidade do rotor. Como
pode ser observado, se a velocidade do rotor for nula, ou seja, se o rotor estiver parado,
o torque líquido desenvolvido também será nulo. A explicação reside no fato de que
com o rotor parado o torque positivo é igual, em magnitude, ao torque negativo. Assim,
nenhum torque líquido é desenvolvido. Na velocidade síncrona o torque desenvolvido
também é nulo. Uma vez iniciado o movimento de rotação, o motor de indução
monofásico desenvolverá conjugado no mesmo sentido em que foi iniciado o
movimento.
Figura88 – Diagrama para o motor de indução monofásico.
A curva de torque em função da velocidade de rotação do rotor pode ser alterada
através da inserção de alguns componentes auxiliares.
Figura 89 – Curva de torque em função da velocidade do rotor.
Teoria do duplo campo magnético girante
Após a partida, o motor de indução monofásico desenvolve conjugado
eletromagnético, o que pode ser explicado através da teoria do duplo campo magnético
girante. Um campo pulsante é equivalente a dois campos magnéticos com metade da
amplitude original, girando à mesma velocidade síncrona, porém em direções opostas.
Considere dois vetores, f e b, de igual amplitude OP, f movendo-se em sentido anti-
horário e b em sentido horário, como mostra a figura 90. O vetor resultante OR alterna
em amplitude entre 2OP e -2OP, consistindo de um campo magnético pulsante,
resultante do duplo campo magnético girante. Ambos os campos magnéticos girantes
produzem conjugados, porém em sentidos opostos, como mostra a figura 95. Assim, em
qualquer velocidade diferente da nula e da síncrona, um conjugado líquido é produzido.
104
Figura 90 – Campo magnético pulsante devido ao duplo campo magnético girante.
Escorregamento
Considerando que o rotor está girando com velocidade n, e que a velocidade
síncrona é dada por ns, o escorregamento é dado pela equação (77).
(77)
Tensão induzida no estator
A tensão induzida no estator é dada pela equação (78).
(78)
f - Freqüência em Hz.
N – número de espiras.
Φ – fluxo no entreferro
Métodos de partida e classificação
Como explicado anteriormente, o motor de indução monofásico não produz
torque líquido quando o rotor está parado. Para que o motor entre em funcionamento, é
necessário utilizar algum artifício durante a partida. Os motores são classificados de
acordo com o método de partida: motor com enrolamento auxiliar, motor com capacitor
105
de partida, motor com capacitor de partida e enrolamento auxiliar permanente e motor
com capacitor de partida e capacitor permanente. Após a partida, o motor produz
torque líquido mesmo com apenas um enrolamento de estator. A seguir são
apresentados de forma mais detalhada os diversos tipos de motores de indução
monofásicos de acordo com o método utilizado para a partida.
Motor com enrolamento auxiliar
A figura 91(a) apresenta o diagrama esquemático para o motor monofásico com
enrolamento auxiliar. A figura 91(b) mostra o diagrama fasorial para as correntes no
enrolamento auxiliar e no enrolamento principal. A chave centrífuga encontra-se em
série com o enrolamento auxiliar.
Figura 91 – (a) Diagrama para o método de partida com enrolamento auxiliar. (b) Diagrama de Fasores.
Um enrolamento auxiliar com uma reatância maior que o enrolamento principal
é inserido em paralelo com o enrolamento principal somente durante a partida do motor.
Quando o rotor atinge 75% da velocidade síncrona, uma chave centrífuga retira o
enrolamento auxiliar do circuito, permanecendo apenas o enrolamento principal. Antes
que a chave centrífuga atue, as correntes no enrolamento principal e no enrolamento
auxiliar estão defasadas entre si de um ângulo α. O torque desenvolvido é proporcional
à corrente no enrolamento principal, à corrente no enrolamento auxiliar e ao seno do
ângulo de defasagem entre essas duas correntes. A equação (79) expressa esta
proporcionalidade para o torque desenvolvido.
(79)
Para inverter o sentido de rotação é necessário inverter as ligações terminais no
enrolamento auxiliar de partida em relação às do enrolamento principal de
106
funcionamento. Ao contrário dos motores de indução trifásicos, a inversão do sentido de
rotação nunca pode ser realizada em condições de funcionamento. A explicação reside
no fato do torque bifásico ou de campo dividido ser menor que o torque devido à força
eletromotriz de velocidade produzida pelo campo cruzado do rotor.
Motor com capacitor de partida
Um torque de partida maior pode ser obtido se um capacitor for introduzido em
série com o enrolamento auxiliar, como mostra a figura 92(a). Este aumento no torque é
devido ao aumento no ângulo de defasagem entre as correntes. Um valor de capacitor
típico para um motor de 1/2 hp é 300µF. Por ser inserido no circuito apenas durante a
partida do motor, este capacitor pode ser um capacitor eletrolítico de baixo custo. A
figura 92(b) apresenta o diagrama fasorial para esta configuração.
Figura 92 – (a) Diagrama para o método de partida com capacitor de partida. (b) Diagrama de Fasores.
Ao contrário dos motores de indução com enrolamento de partida auxiliar, a
inversão do sentido de rotação pode ser realizada em condições de funcionamento. A
explicação reside no fato do torque bifásico ou de campo dividido ser maior que o
torque devido à força eletromotriz de velocidade, estabelecendo-se um torque no sentido
oposto ao de rotação.
Motor com capacitor e enrolamento auxiliar permanente
A figura 93 mostra o diagrama esquemático e curva de torque em função da
velocidade para a configuração em que tanto o enrolamento auxiliar quanto o capacitor
são permanentes. Nesta configuração não se tem a chave centrífuga. Isto simplifica a
construção do motor e reduz o custo de produção. O capacitor utilizado é da ordem de
107
20 a 50 µF. Devido ao fato deste funcionar continuamente, utiliza-se um capacitor de
óleo para corrente alternada.
Figura 93 – (a) Diagrama para o método de partida com enrolamento auxiliar e capacitor permanentes. (b) Gráfico torque percentual em função do percentual da velocidade síncrona.
Motor com capacitor de partida e capacitor permanente.
A figura 94 ilustra o método de partida para o motor de indução monofásico em
que se tem um capacitor permanente e um capacitor de partida. Este último é retirado do
circuito com o auxilio de uma chave centrífuga. Teoricamente, um desempenho ótimo é
obtido com essa configuração, tanto durante a partida quanto em regime permanente. O
capacitor de partida é um capacitor grande e do tipo eletrolítico para corrente alternada.
O capacitor permanente é um capacitor de óleo, pequeno e para corrente alternada. Esta
configuração possui o melhor desempenho e o maior custo.
Figura 94 - (a) Diagrama para o método de partida com capacitor de partida e capacitor permanente. (b) Gráfico torque percentual em função do percentual da velocidade síncrona.
Projeto do capacitor de partida
Considere um motor possuindo um enrolamento auxiliar e um capacitor
permanente, conforme mostrado na figura 95. O enrolamento principal e o enrolamento
auxiliar, além da auto-indutância, possuem resistência elétrica. O capacitor pode ser
calculado através da equação (80).
108
Figura 95 – Motor de indução monofásico com capacitor permanente.
(80)
O capacitor calculado através da equação acima, quando conectado em série com
a bobina auxiliar, produzirá um torque máximo durante a partida.
Exercícios
Motores de indução monofásicos
1. Um motor de indução monofásico de 0,25HP, 110V, de fase dividida, solicita por
seu enrolamento auxiliar uma corrente de 4 A com ângulo de fase igual a 15o em
atraso em relação à tensão da fonte, e, por seu enrolamento principal, uma corrente de
6 A com ângulo de fase igual a 40o. No instante da partida calcule a corrente total a
rotor bloqueado e o fator de potência.
2. Acrescentando um capacitor ao enrolamento auxiliar do exercício anterior,
provoca-se um ângulo de fase igual a 42o em avanço, relacionado à corrente no
enrolamento auxiliar. Calcule a corrente total a rotor bloqueado e o fator de potência.
3. Considere um motor de indução monofásico com enrolamento auxiliar e capacitor
de partida permanente. A impedância do enrolamento principal é igual a 2,2+j2,5 Ω.
A impedância do enrolamento auxiliar é igual a 3,5+j2,5Ω. Se a fonte de alimentação
possui uma freqüência igual a 60Hz, calcule o capacitor necessário para a partida do
motor.
4. Um motor de indução monofásico é alimentado a partir de um alternador síncrono.
Este alternador é acionado por uma máquina primária a 3000rpm, com 2 pólos, possui
109
1500 espiras por fase e o fluxo por pólo é igual a 1mWb. Considerando o fator de
enrolamento igual a 1, e o motor monofásico sendo alimentado por duas fases do
alternador, determine a corrente fornecida ao motor se este é um motor de ½ HP.
110
Capítulo 7
O Servomotor
Introdução
Grandes máquinas elétricas como motores de indução monofásicos, motores
síncronos, motores assíncronos trifásicos e motores de corrente contínua são utilizados
quando se necessita de uma conversão contínua de energia. Entretanto, existem algumas
aplicações especiais nas quais não é necessário utilizar um processo de conversão
contínua de energia. Por exemplo, a robótica requer sistemas que sejam capazes de
realizar o posicionamento de um braço mecânico em uma determinada posição com
uma determinada dinâmica. Outra aplicação, por exemplo, requer a utilização de um
motor capaz de realizar uma operação específica. O princípio de funcionamento básico
desses motores é igual ao princípio de funcionamento das máquinas elétricas girantes
apresentadas nos capítulos anteriores. Entretanto, o servomotor difere no projeto, na
construção e no modo de operação.
O servomotor, muitas vezes chamado motor para controle, é um motor elétrico
especialmente projetado e construído para uso em sistemas de controle realimentados,
exercendo o papel de elemento atuador. A potencia nominal desses motores pode variar
desde frações até centenas de watts. Esses motores possuem uma resposta dinâmica
elevada, requerendo pequena inércia do rotor. Outra característica desses motores é que
eles possuem menor diâmetro e maior comprimento. Os servomotores normalmente
funcionam em baixa velocidade com conjugado elevado. Entretanto, podem funcionar
com velocidade elevada, uma vez que a faixa de velocidade dos servomotores varia
entre 2.000 e 6.000 rotações por minuto. Como exemplo de aplicações onde se utilizam
servo motores é possível citar: empacotadeiras, esteiras com paradas programadas,
máquinas de corte e solda, máquinas gráficas, computadores, controladores de processo,
etc.
Quando comparadas às soluções com inversores de freqüência e motores de
indução, as principais vantagens são rápida aceleração, grande precisão de velocidade,
maior controle de torque, aliado à possibilidade de controle de posição.
Conceitos básicos
O servomotor é projetado para funcionar aliado a um servoconversor, formando
um conjunto conhecido por servoacionamento, capaz de seguir fielmente uma referência
de torque, velocidade ou posição. A figura 96 ilustra o conjunto servomotor e
servoconversor.
Figura 96 – Conjunto servomotor e servoconversor.
As principais características que se deseja em qualquer servomotor são: rotação
suave, elevada dinâmica, baixo nível de ruído e vibração, conjugado de saída do motor
aproximadamente proporcional à tensão aplicada e sentido do conjugado determinado
pela polaridade instantânea da tensão de controle.
O tipo de servomotor mais utilizado atualmente é o servomotor alimentado a
partir de uma fonte de alimentação alternada. Nesta configuração, normalmente, o rotor
utiliza imãs permanentes, geralmente fabricados com terras raras. A carcaça é fabricada
em alumínio, o estator é formado por um pacote de lâminas e um sensor (enconder ou
resolver) é responsável por fornecer sinais de realimentação para o servoconversor.
Através desses sinais o conversor é capaz de acionar de forma precisa o servomotor.
O sensor resolver é um tipo de transformador rotativo. Um sinal elétrico
alternado é aplicado ao primário deste transformador rotativo e nos dois enrolamentos
de saída, um sinal alternado induzido de acordo com a lei da indução de Faraday
permite obter a velocidade e a posição do eixo do rotor. O sinal de saída do resolver é
um sinal analógico. O sinal de saída de um encoder é um sinal digital.
Os servomotores podem ser classificados como servomotor de corrente contínua
e servomotor de corrente alternada.
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Servomotor de corrente contínua
O servomotor de corrente contínua possui excitação de campo independente ou
magnetismo permanente como fonte primária de fluxo. O servomotor de corrente
contínua normalmente possui controle na armadura. A armadura é projetada de modo a
possuir um elevado valor de resistência de tal forma que a relação entre o conjugado e a
velocidade é linear, e possui coeficiente angular negativo. O coeficiente angular
positivo representa um amortecimento negativo no sistema de controle, o que pode levar
à instabilidade do sistema. A figura 97 ilustra o servomotor de corrente contínua com
excitação independente e sua respectiva curva conjugado em função da rotação.
Figura 97 – Servomotor com excitação independente e respectiva curva de conjugado versus velocidade.
Este servomotor possui alimentação de campo CC fornecida por uma fonte de
tensão constante. Este método de controle possui certas vantagens dinâmicas. Uma
variação súbita, grande ou pequena, da corrente de armadura, produzida por um sinal de
erro, causará uma resposta quase imediata no conjugado. Se o sinal de erro e a
polaridade da tensão da armadura se invertem, o motor gira no sentido oposto.
Servomotor de corrente alternada
O servomotor de corrente alternada é uma máquina síncrona projetada para
realizar operações que uma máquina elétrica girante convencional não é capaz de
realizar. O Servomotor de corrente alternada é robusto e possui menor inércia.
Entretanto, é uma máquina não linear e sua característica conjugado versus velocidade
não é tão ideal quanto à do servomotor de corrente contínua. Além disso, é uma
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máquina que possui menor conjugado que outra de corrente contínua, considerando que
ambas possuem tamanhos equivalentes.
Bibliografia
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