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EEEMBA MÁQUINAS E INSTALAÇÕES ELÉTRICAS I EMI 102 CURSO DE ELETROTÉCNICA Elaboração e montagem: Eng. Eletricista Dêdison Santos Moura Coordenação e Revisão: Prof. Fernando José de Azevedo 2ª. Rev. Jul/2012 ESCOLA TÉCNICA ELETRO-MECÂNICA DA BAHIA

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EEEMBA

MÁQUINAS E INSTALAÇÕES ELÉTRICAS I EMI 102

CURSO DE ELETROTÉCNICA

Elaboração e montagem: Eng. Eletricista Dêdison Santos Moura

Coordenação e Revisão: Prof. Fernando José de Azevedo

2ª. Rev. Jul/2012

ESCOLA TÉCNICA ELETRO-MECÂNICA DA BAHIA

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1 EEEMBA

SUMÁRIO

CAPÍTULO I – CONVERSÃO ELETROMECÂNICA DE ENERGIA ................................................................... 1

1.1 PRODUÇÃO DA ELETRICIDADE POR MEIO DO ELETROMAGNETISMO ....................................... 1

1.1.1 Magnetismo ..................................................................................................... 1

1.1.2 Campo Magnético ............................................................................................ 1

1.1.3 Interação entre dois ímãs ................................................................................. 2

1.1.4 Campos Eletromagnéticos ............................................................................... 2

1.1.5 Regra da Mão Direita ....................................................................................... 2

1.1.6 Eletroímã e Direcionamento de Fluxo Magnético ............................................ 3

1.1.7 Força Eletromagnética e Regra da Mão Esquerda ........................................... 3

CAPÍTULO II – TRANSFORMADORES ....................................................................................................... 5

2.1 NECESSIDADE DE TRANSFORMAÇÃO DAS CORRENTES ALTERNADAS ....................................... 5

2.2 PRINCÍPIO DE CONSTRUÇÃO DO TRANSFORMADOR ............................................................ 6

2.3 PRINCIPIO DE FUNCIONAMENTO DO TRANSFORMADOR ....................................................... 7

2.4 RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO ...................................................................................... 8

2.5 TIPOS DE ENROLAMENTOS .......................................................................................... 10

2.5.1 Enrolamentos Cilíndricos ou concêntricos ...................................................... 10

2.5.2 Enrolamentos bobinas em disco ou intercaladas ........................................... 11

2.5.3 Material do Núcleo ........................................................................................ 11

2.5.4 Lâminas Padronizadas e não padronizadas ................................................... 12

2.6 TIPOS DE NÚCLEOS .................................................................................................... 13

2.6.1 Núcleo Envolvido ............................................................................................ 13

2.6.2 Núcleo Envolvente ou Encouraçado ............................................................... 13

2.7 TIPOS DE RESFRIAMENTO ............................................................................................ 14

2.7.1 Transformador a Seco .................................................................................... 14

2.7.2 Transformador Imerso em Liquido Isolante ................................................... 15

2.8 RADIADORES ............................................................................................................ 16

2.9 CONSERVADOR DE LÍQUIDO ISOLANTE OU TANQUE DE EXPANSÃO ........................................ 17

2.9.1 Reservatório de sílica gel ou secador de ar .................................................... 17

2.10 Tipos de óleo isolante ..................................................................................... 17

2.10.1 Óleo mineral de base naftênica ..................................................................... 17

2.10.2 Óleo mineral de base parafínica .................................................................... 17

2.10.3 Óleo de silicone .............................................................................................. 17

2.10.4 Óleo vegetal isolante para transformadores ................................................. 18

2.11 PERDAS NO TRANSFORMADOR. .................................................................................... 18

2.11.1 Perdas no cobre.............................................................................................. 18

2.11.2 Ensaio a curto-circuito ................................................................................... 18

2.11.3 Perdas no ferro ............................................................................................... 18

2.11.4 Ensaio a vazio ................................................................................................. 19

2.12 RENDIMENTO ........................................................................................................... 20

2.13 IDENTIFICAÇÃO DOS TERMINAIS DOS TRANSFORMADORES. ................................................. 22

2.14 QUANTO AO NÚMERO DE FASES. .................................................................................. 23

2.15 AGRUPAMENTOS DE TRANSFORMADORES EM PARALELO. .................................................. 24

2.15.1 Análise de cada condição separadamente ..................................................... 25

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2 EEEMBA

2.16 AUTOTRANSFORMADOR ............................................................................................. 27

2.16.1 Tipos de Autotransformadores ...................................................................... 28

2.16.2 Diferenças entre um transformador convencional e um autotransformador.29

CAPÍTULO III – MOTOR ELÉTRICO DE CORRENTE ALTERNADA .............................................................. 34

3.1 TIPOS DE MOTORES ................................................................................................... 34

3.2 Campo magnético girante.............................................................................. 34

3.2.1 Velocidade do campo magnético girante (Velocidade Síncrona) ................... 37

3.3 MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO ................................................................................... 38

3.4 PARTES CONSTRUTIVAS DO MOTOR DE INDUÇÃO .............................................................. 38

3.4.1 Outras partes do motor de indução trifásico: ................................................ 39

3.5 ESCORREGAMENTO OU DESLIZAMENTO .......................................................................... 39

3.5.1 Conjugado ou torque ..................................................................................... 40

3.5.2 Relação entre conjugado e potência. ............................................................. 42

3.5.3 Relação entre torque e tensão de alimentação do motor. ............................ 42

3.5.4 Curva característica Conjugado x Velocidade. ............................................... 43

3.5.5 Categorias dos motores de indução ............................................................... 44

3.5.6 Motor de Indução com Rotor Bobinado ou de Anéis. .................................... 47

3.6 MOTOR DE INDUÇÃO BIFÁSICO .................................................................................... 48

3.7 Motor de Indução Monofásico ....................................................................... 49

3.7.1 Motor de indução monofásico de fase dividida ............................................. 49

3.7.2 Motor de indução monofásico com Capacitor de Partida.............................. 50

3.7.3 Motor de indução monofásico com Capacitor Permanente .......................... 51

3.7.4 Motor de indução monofásico com dois capacitores ..................................... 51

3.7.5 Motor de indução monofásico de Pólo Fendido ............................................. 52

3.8 MOTOR SÍNCRONO .................................................................................................... 53

3.8.1 Motor síncrono com um motor auxiliar ......................................................... 53

3.8.2 Motor síncrono com enrolamento compensador ........................................... 53

3.9 Excitação do enrolamento de campo ............................................................. 54

3.9.1 Excitação Dinâmica ........................................................................................ 55

3.9.1.1 Excitatriz com gerador de corrente continua. ................................................ 55

3.9.1.2 Excitatriz com gerador de corrente alternada ou sem escovas “Brushless”. . 55

3.9.1.3 Excitatriz Estática ........................................................................................... 56

3.10 Motor síncrono utilizado como capacitor ...................................................... 57

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA.............................................................................................................. 1

SITES RECOMENDADOS ......................................................................................................................... 1

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1 EEEMBA

CAPÍTULO I – CONVERSÃO ELETROMECÂNICA DE

ENERGIA

1.1 Produção da Eletricidade por Meio do Eletromagnetismo

Todo motor elétrico converte energia elétrica em energia mecânica. O

processo de conversão de energia dos motores de indução baseia-se na lei de indução de

Faraday e na lei de Lenz. Um motor de indução é um motor elétrico que funciona somente

em corrente alternada o mesmo acontece nos transformadores, isso será explicado com

mais detalhes a seguir.

1.1.1 Magnetismo

Denominamos de magnetismo, a força atrativa criada pelos ímãs naturais,

pelos artificiais e eletroímãs. Os três formatos mais comuns de imãs são a ferradura, a

barra e a agulha de bússola. Os ímãs possuem duas características principais, a de se

atraírem se os pólos são diferentes e de se repelirem se os pólos são iguais. Todo imã tem

dois pólos o norte (N) e o sul (S) e estes são indivisíveis.

Figura 1.1. Pólos de um campo magnético.

1.1.2 Campo Magnético

O campo magnético é invisível e circunda o material magnético, para torná-lo

visível representamos por meio de linhas fechadas que sai do pólo norte e entra no pólo

sul como pode ser visto na figura a seguir.

Figura 1.2. Linha de Fluxo Magnético.

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2 EEEMBA

1.1.3 Interação entre dois ímãs

Quando dois ímãs são aproximados, o fluxo magnético em torno destes irá

causar uma interação entre os mesmos. Se os ímãs forem aproximados com os pólos

contrários, os mesmos se atraem e com pólos iguais se repelem.

Figura 1.3. Interação entre dois imãs.

1.1.4 Campos Eletromagnéticos

Sempre que uma corrente elétrica percorre um condutor, um campo magnético

é gerado ao seu redor. O eletromagnetismo é parte importante da eletricidade, pois

explica o funcionamento dos dispositivos eletromagnéticos, transformadores, motores,

geradores, reles e contatores.

Figura 1.4. Corrente Provocando Campo Magnético.

1.1.5 Regra da Mão Direita

Figura 1.5. Regra da mão direita.

Page 6: máquinas e instalações

3 EEEMBA

O polegar está indicando o sentido da corrente elétrica que atravessa o

condutor, enquanto os demais dedos indicam direção do campo magnético.

1.1.6 Eletroímã e Direcionamento de Fluxo Magnético

Uma bobina constituída de condutor percorrida por uma corrente elétrica age

como um ímã. Os campos individuais se somam formando o campo principal. A força do

campo pode ser aumentada adicionando mais voltas à bobina ou aumentando a corrente

que circula pela mesma. O sentido das linhas de campo é determinado pela regra da mão

direita.

Figura 1.6. Eletroímã.

1.1.7 Força Eletromagnética e Regra da Mão Esquerda

Um condutor percorrido por corrente elétrica e colocado em um campo

magnético, este condutor fica submetido à ação de uma força chamada eletromagnética,

que tende a deslocar o condutor em certo sentido.

Figura 1.7. Força eletromagnética.

O sentido da força é determinado pela regra da mão esquerda. Posicionando

os dedos polegar, indicador e médio em 90° entre si. Apontando o dedo indicador no

mesmo sentido das linhas de força (N-S), o dedo médio no mesmo sentido da corrente, e

conseqüentemente o dedo polegar aponta o sentido de deslocamento da força

eletromagnética. A figura 1.8 mostra de forma ilustrativa a regra da mão esquerda.

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4 EEEMBA

Figura 1.8. Regra da mão esquerda.

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5 EEEMBA

CAPÍTULO II – TRANSFORMADORES

Figura 2.1. Transformador de potência.

Um transformador é um dispositivo (máquina estática) destinado a transmitir

energia elétrica ou potência elétrica de um circuito a outro, transformando tensões,

correntes e modificando os valores das Impedância elétrica de um circuito elétrico, eles

não são acoplados eletricamente, mas são fortemente acoplados magneticamente. Trata-se

de um dispositivo de corrente alternada que opera baseados nos princípios

eletromagnéticos, Lei de Faraday e da Lei de Lenz.

O transformador consiste de duas ou mais bobinas ou enrolamentos. Todos os

transformadores têm o mesmo princípio de funcionamento, independente do seu tipo. No

caso dos transformadores de dois enrolamentos, é comum se denominá-los como

enrolamento primário e secundário, existem transformadores de três enrolamentos sendo

que o terceiro é chamado de terciário. Existe também um tipo de transformador

denominado Autotransformador, no qual o enrolamento secundário possui uma conexão

elétrica com o enrolamento do primário.

2.1 Necessidade de Transformação das Correntes Alternadas

O transformador é um dispositivo de grande importância nos sistemas

elétricos. Com ele é possível ajustar tensões para os mais diferentes níveis necessários no

sistema elétrico, possibilitando a geração, transmissão e distribuição em níveis de tensões

diferentes, a figura 2.2 mostra um esquema simplificado do sistema elétrico, onde é

possível identificar a importância do transformador.

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6 EEEMBA

Figura 2.2. Geração, transmissão, distribuição e consumo de energia elétrica .

Na figura 2.2 a energia contida na força das águas move a turbina fazendo

girar o rotor do gerador. A tensão é gerada em níveis baixos (1-15kV). Para evitar perdas

na transmissão (P=RI2) é necessário aumentar a tensão para reduzir a corrente, e

conseqüentemente reduzir a perda por efeito Joule. Esta elevação de tensão é feita por um

transformador chamado de elevador, que aumenta a tensão de (1-15kV) para cerca de

(100-700kV) . Por efeito de segurança os consumidores não podem utilizar a energia em

níveis altos de tensão, por isso há necessidade de abaixar a tensão das linhas de

transmissão para uma tensão compatível os consumidores, para isso se utiliza um

transformador denominado abaixador, que reduz a tensão das linhas de transmissão de

(100-700kV) para (127-220V ou 220 – 380V).

Alguns consumidores industriais recebem energia elétrica em alta tensão e

utilizam transformadores abaixadores para níveis de tensão adequados aos sistemas

industriais de força e de iluminação e equipamentos elétricos em baixa tensão.

2.2 Princípio de Construção do Transformador

O funcionamento de um transformador baseia-se nos fenômenos de indutância

mutua entre dois circuitos eletricamente isolados e magneticamente acoplados. Para que a

ligação magnética entre os dois circuitos seja a melhor possível, é necessário que os

enrolamentos estejam envolvidos sobre um núcleo magnético de pequena relutância

(resistência à passagem de fluxo magnético). Para evitar perdas no ferro, fatia-se o núcleo

em finas lâminas de espessura entre 0.1 a 0.5mm, diminuindo a sua área da secção

transversal e conseqüentemente aumentando a resistência elétrica. As lâminas que compõe

o núcleo são isoladas uma das outras. A figura 2.3 mostra um transformador com núcleo

envolvido, nesta figura também é possível se verificar a laminação do núcleo.

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Figura 2.3. Transformador Básico.

2.3 Principio de Funcionamento do Transformador

Alimentando o enrolamento primário de um transformador com uma fonte de

tensão alternada V1, uma corrente i percorrerá esse enrolamento, criando um fluxo

alternado que é direcionado pelo núcleo, passando “completamente” pelo secundário e

induzindo a tensão V2, conforme figura 2.4.

O enrolamento primário é aquele que esta ligada a fonte, e o secundário o que

está ligado à carga, não dependendo se os enrolamentos são de alta ou de baixa tensão.

Figura 2.4. Transformador com enrolamento secundário aberto

A tensão induzida no primário ou secundário será dada pela equação:

𝑉 = 4,44 × 10−8 𝑓 𝑁 𝛷

Onde: 𝑓 − 𝑓𝑟𝑒𝑞üê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑟𝑒𝑑𝑒 𝐻𝑧

𝑁 − 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎𝑠 𝑑𝑜 𝑒𝑛𝑟𝑜𝑙𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

𝛷 − 𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑚𝑎𝑔𝑛é𝑡𝑖𝑐𝑜 𝐺 𝐺𝑎𝑢𝑠𝑠 = 𝐵 × 𝑆

2.1

Page 11: máquinas e instalações

8 EEEMBA

É possível observar na equação 2.1 que a tensão induzida no transformador

não depende unicamente do número de espiras e do fluxo, esta tensão também é

diretamente proporcional a freqüência da fonte de alimentação, isso nos informa que em

maiores freqüências temos uma maior tensão induzida no secundário.

𝑉 = 4,44 𝑓 𝑁 𝐵 𝑆

Onde: f – freqüência da rede Hz (Hertz)

N – número de espiras do enrolamento

B – indução magnética T (Tesla)

S – área do núcleo m2 (metro quadrado)

2.4 Relação de Transformação

Nos transformadores, assim como em qualquer outro tipo de dispositivo, é

valido o princípio da conservação de energia, ou seja, “a energia não poder ser criada

nem destruída e sim transformada de uma forma para outra”. Assim, a potência do lado

primário dever ser igual à potência no lado secundário do transformador.

Figura 2.5. Transformador com enrolamento secundário com carga

A potência P1 é igual à potência P2. Lembrando do curso de eletricidade que a potência é

dada pelo produto da tensão e corrente na bobina, assim temos.

𝑃 = 𝑉𝐼 𝑃1 = 𝑃2

𝑉1𝐼1 = 𝑉2𝐼2

Isolando tensões e corrente de um mesmo lado temos:

𝑉1

𝑉2=

𝐼2

𝐼1

A partir da equação 2.5 podemos verificar que quanto maior a tensão, menor

deve ser a corrente para que se possa transmitir uma mesma potência. Para evitar as

perdas por efeito Joule, a transmissão de energia é feita em altas tensões o que possibilita

à redução da bitola dos condutores, desta forma as linhas de alta tensão tem cabos mais

finos que as linhas de baixa tensão.

P1 P2

2.5

2.4

2.2

2.3

Page 12: máquinas e instalações

9 EEEMBA

No capítulo anterior foi mencionado que a fluxo magnético é dependente do

número de espiras da bobina, por exemplo:

Quanto maior o número de espiras de um eletroímã, maior será a sua força de

atração do mesmo.

Esta força de atração é chamada de força magnetomotriz ou simplesmente de

fmm, ela tem a seguinte unidade A.e (Ampere-espira) e é expressa pela seguinte equação.

𝑓𝑚𝑚 = 𝑁𝐼

Como já mencionado, a energia é mantida nos dois lados do transformador,

então do lado primário tem-se uma fmm1 e do lado secundário uma fmm2 que são iguais.

𝑓𝑚𝑚1 = 𝑓𝑚𝑚2

𝑁1𝐼1 = 𝑁2𝐼2

Isolando correntes de um mesmo lado e número de espiras do outro, temos o seguinte:

𝑁1

𝑁2=

𝐼2

𝐼1

Observando as equações 2.5 e 2.9 vemos que existe algo em comum entre elas,

o lado direito dessas duas equações são iguais, assim podemos unir as duas equações em

uma só, da seguinte forma:

𝛼 =𝑉1

𝑉2=

𝑁1

𝑁2=

𝐼2

𝐼1

Onde α é chamado de Relação de Transformação de um Transformador.

Exemplo 1: Um transformador monofásico alimenta uma carga nominal que solicita do

secundário uma corrente de 30A, sabendo que a tensão no primário é de 1000V e que a

ralação de transformação do transformador é 10, determine:

a) A potência nominal do transformador.

b) A força magnetomotriz do transformador.

c) O número de espiras do secundário, sabendo que o número de espiras do primário é

100.

Resposta:

a) Sabemos que a potência nos dois lados do transformador é a mesma, então

necessitamos apenas da tensão no secundário, que pode ser obtida da relação de

transformação.

𝑉1

𝑉2

= 𝛼 = 10

1000

𝑉2

= 10

2.6

2.8

2.7

2.9

2.10

Page 13: máquinas e instalações

10 EEEMBA

𝑉2 = 100𝑉

𝑃 = 𝑃2 = 100 × 30 = 3000𝑉𝐴 = 3𝑘𝑉𝐴

b) Primeiro encontraremos o número de espiras do secundário em seguida a fmm.

𝑁1

𝑁2

= 𝛼 = 10

𝑁2 = 10

𝑓𝑚𝑚 = 𝑁𝐼 = 𝑁2𝐼2

𝑓𝑚𝑚 = 10 × 30 = 300𝐴𝑒

c) O número de espiras já foi encontrado no item anterior

𝑁2 = 10

2.5 Tipos de Enrolamentos

Independente do tipo de construção do transformador, os dois enrolamentos o

de alta tensão (A.T) e o de baixa tensão (B.T) são em geral colocados na mesmo coluna.

Com a intenção de reduzir a dispersão de fluxo magnético. Nos transformadores

industriais há varias maneira de dispor os enrolamentos. Existem dois tipos de

enrolamentos, o cilíndrico e em disco.

2.5.1 Enrolamentos Cilíndricos ou concêntricos

Nesta construção os dois enrolamentos são dispostos um dentro do outro.

Quando o transformador é de alta e baixa tensão, são separados por um material isolante.

Figura 2.6. Transformador com enrolameto cilindrico.

A figura 2.6 nos mostra o corte de um transformador de enrolamentos

cilíndrico, nesta mesma figura é possível observar também que o enrolamento de baixa

tensão está próximo do núcleo, isso não é por acaso, essa medida é tomada por motivos de

segurança. O enrolamento de alta é dividido em varias bobinas sobrepostas e devidamente

distanciadas em razão do maior número de espiras nos transformadores abaixadores.

Às vezes o enrolamento de B.T é subdividido em 2 bobinas, a primeira próxima

ao núcleo e o outro externamente ao enrolamento de A.T, como pode ser visto na figura

2.7. Este arranjo das bobinas diminui consideravelmente a dispersão de fluxo.

Page 14: máquinas e instalações

11 EEEMBA

Figura 2.7. Transformador com bobina de B.T subdividida.

2.5.2 Enrolamentos bobinas em disco ou intercaladas

Nesta construção as bobinas são subdivididas em pequenas bobinas de

comprimento axial pequeno em relação ao diâmetro (disco) ou panqueca. As bobinas de

A.T e B.T se sobrepõem alternadamente como se pode ver na figura 2.8.

Figura 2.8. Transformador com bobinas em disco.

As bobinas extremas são de baixa tensão, estas possuem metade da espessura

da bobina normal de B.T, esse tipo de disposição facilita a isolação entre o núcleo e a

carcaça e diminui a dispersão de fluxo.

Os enrolamentos de A.T e B.T têm construções diferentes. No enrolamento de

A.T o problema principal é a isolação e o B.T as dificuldades se concentram no manuseio

mecânico, pois elas possuem grande secção do condutor. O enrolamento de A.T tem uma

grande quantidade de espiras com secção do condutor pequena, enquanto o enrolamento

de B.T possui pequena quantidade de espiras com grande secção transversal do condutor.

A isolação das bobinas é feita normalmente com esmalte ou algodão.

2.5.3 Material do Núcleo

a) Aço silício

b) Aço silício de grãos orientados

Page 15: máquinas e instalações

12 EEEMBA

Com a intenção de reduzir as perdas por correntes parasitas deve-se aumentar

a resistência elétrica do núcleo, o silício, que é um material não condutor, é misturado ao

aço dando origem, ao aço silício utilizado na construção do núcleo.

O aço silício submetido a tratamento térmico e tendo os grãos do aço no

mesmo sentido da laminação reduz consideravelmente as perdas, dando origem ao aço

silício de grãos orientados utilizado nos transformadores de potencia por oferecerem

melhor rendimento.

2.5.4 Lâminas Padronizadas e não padronizadas

As lâminas para transformadores de baixa potência são padronizadas nos

formatos e nas dimensões:

Formatos,

a) Em E

b) Em I

c) Em U

Figura 2.9. Lâminas padronizadas do núcleo.

As dimensões das laminas padronizadas obedecem a uma proporcionalidade

conforme a seguir:

Na figura abaixo repare que todas as dimensões da lamina tem como

referencia a perna central do núcleo ”a”, o que facilita e reduz o custo de fabricação dos

transformadores, principalmente, para pequena potencia que são produzidos em larga

escala para diversas finalidades.

Figura 2.10. Dimensões das lâminas padronizadas do núcleo.

a a/2

3a

a/2

1,5a

a/2

Page 16: máquinas e instalações

13 EEEMBA

2.6 Tipos de Núcleos

Como já mencionado anteriormente o núcleo é uma parte do transformador

que tem a função de fortalecer o acoplamento magnético criado no primário. O núcleo tem

também a função de servir de caminho para o fluxo magnético atravessar o enrolamento

secundário, induzindo tensão no mesmo de forma eficiente. Para reduzir as perdas o

núcleo não pode ser maciço, por isso é constituído por um pacote de finas lâminas (variam

entre 0,1 a 0.5mm), de espessura, isoladas entre si através de verniz ou do próprio óxido

de ferro das laminas..

Há dois formatos de núcleos dos transformadores, todos compostos de

material ferro magnético, são eles:

a) Núcleo Envolvido

b) Núcleo Envolvente

2.6.1 Núcleo Envolvido

É um formato muito utilizado, mais barato, fácil de fabricar, no entanto, menos

eficiente do que o núcleo envolvente. Nesse tipo de núcleo as bobinas do primário e

secundário abraçam o núcleo. A figura abaixo nos mostra o transformador com núcleo

envolvido.

Figura 2.11. Transformador com núcleo envolvido.

2.6.2 Núcleo Envolvente ou Encouraçado

No núcleo envolvente aumenta a quantidade de material ferro magnético, e

conseqüentemente aumenta o rendimento, isso se dá porque o fluxo encontra dois

caminhos paralelos internamente ao ferro. Obtêm-se dessa forma, o máximo de

acoplamento magnético, entretanto, necessita de tecnologia mais avançada na construção.

Nesse tipo de transformador o núcleo envolve as bobinas. A figura a seguir nos mostra o

transformador com núcleo envolvente.

Monofásico Trifásico

Page 17: máquinas e instalações

14 EEEMBA

Figura 2.12. Transformador com núcleo envolvente.

2.7 Tipos de Resfriamento

Em todos os transformadores é necessário se utilizar algum tipo de

resfriamento, isso é de grande importância por que mesmo o transformador sendo um

equipamento de grande eficiência, há perdas no núcleo e no cobre. Essa potência é

dissipada por efeito Joule (na forma de calor). Se a temperatura interna do transformador

chegar a níveis críticos, deteriora a isolação dos condutores causando um curto-circuito

interno, diminui a eficiência do equipamento, causa redução da vida útil e envelhecimento

do óleo isolante. Os tipos de resfriamento são: a seco e por óleo isolante.

2.7.1 Transformador a Seco

Em um transformador a seco, a forma de resfriamento é o próprio ar natural,

que circula o transformador ou forçado por meio de ventiladores.

Há pouco tempo atrás, os transformadores a seco existiam apenas para baixas

potências em baixa tensão. Com a evolução dos materiais isolantes, do material do núcleo

e da qualidade dos condutores, surgiram os transformadores de potência encapsulados em

resina epóxi sob alto vácuo. Estes novos transformadores podem trabalhar com tensão e

potência elevadas (até 60KV). A figura 2.13 é de um transformador a seco com os

enrolamentos encapsulados por resina epóxi.

Monofásico

Trifásico

Page 18: máquinas e instalações

15 EEEMBA

Figura 2.13. Transformadores de potência encapsulados em resina epóxi sob alto vácuo.

2.7.2 Transformador Imerso em Liquido Isolante

O transformador imerso em líquido isolante necessita de um tanque de aço

onde a parte ativa do transformador (núcleo e bobinas) fica completamente imerso no

líquido isolante.

Esse líquido isolante possui duas finalidades importantes, a primeira é isolar

os elementos sob tensão do tanque e possibilitar que os arcos elétricos internos ao

transformador devido às diferenças de tensão entre o primário e o secundário e tanque

(carcaça), sejam rapidamente interrompidos.

A outra finalidade importante é de resfriar o transformador dissipando o calor

produzido na parte ativa por condução e por convecção. O óleo, em contato com as partes

aquecidas do transformador fica menos denso, mais leve, o que causa um movimento

ascendente, o óleo mais afastado da parte ativa fica mais denso, mais pesado, o que causa

um movimento descendente, resultando uma lenta movimentação do óleo no tanque do

transformador, no processo chamado de convecção. Com esse processo transfere-se calor

da parte interna para o exterior através do tanque por condução.

O líquido isolante é submetido à variação de temperatura o que faz aumentar

o volume quando a temperatura cresce e reduzir quando a temperatura diminui. Por esta

razão no tanque deve existir um espaço chamado de “colchão de ar” para possibilitar

“respiração do transformador”, pela variação de volume do líquido isolante e do vapor

do líquido isolante decorrente da elevação da temperatura sem comprometer a pressão

interna do tanque.

Em transformadores de menor potencia o tanque pode ser de chapa de aço

plana, pois a área da superfície do tanque em contato com o ambiente é suficiente para

cumprir satisfatoriamente o resfriamento do transformador.

Aumentando a potencia do transformador e o conseqüente aquecimento

produzido pelo funcionamento normal, necessita maior área de superfície do tanque em

contato com o ambiente.

Para atender a essa última necessidade dispõe-se o transformador de

radiadores tubulares ou de chapa.

Page 19: máquinas e instalações

16 EEEMBA

Figura 2.14. Transformadores de potência monofásico imerso em óleo.

2.8 Radiadores

Os radiadores tubulares ligam a lateral inferior, a lateral superior do tanque

do transformador. No interior dos radiadores tubulares passa o óleo dissipando o calor

para o ambiente externo. Cumpre assim a necessidade de aumento da superfície do tanque

em contato com o ambiente.

Os radiadores de chapa ou achatados têm a mesma finalidade do radiador

tabular, porém com a vantagem de utilizar maior quantidade de radiador ocupando menor

espaço que o radiador tubular ocuparia. Nesse radiador o óleo passa por um tubo

achatado com maior área e menor espessura por seu interior dissipando o calor para o

ambiente externo. Conforme figura a seguir:

Os transformadores também podem ter uma ventilação forçada por meio de

ventiladores, esse é um artifício muito utilizado para aumentar a capacidade dos

transformadores em 25 a 30%, devido ao melhor resfriamento de suas partes internas.

Um transformador de 20MVA pode trabalhar sem problemas com 26MVA quando está

submetido à ventilação forçada.

Figura 2.15. Transformador com radiador tubular (a), radiador de chapas com conservador de óleo(b).

(a) (b)

Page 20: máquinas e instalações

17 EEEMBA

2.9 Conservador de líquido isolante ou tanque de expansão

Nos transformadores com tanque de expansão o líquido isolante deve

preencher completamente o tanque do transformador, assim o “colchão de ar” é

transferido para o tanque do conservador.

Por este motivo o tanque de expansão ou conservador fica acima do tanque do

transformador, em unidades superiores a 750kVA.

2.9.1 Reservatório de sílica gel ou secador de ar

Este reservatório é ligado ao tanque de expansão para possibilitar a

respiração do transformador decorrente da variação de temperatura do líquido isolante.

Para evitar a contaminação do líquido isolante, a umidade contida no ar, a

sílica gel tem papel higroscópico, ou seja, retém a umidade do ar que entra no

transformador durante a inspiração, devido à pressão negativa interna.

2.10 Tipos de óleo isolante

O líquido isolante utilizado nos transformadores é o óleo mineral, a função

desse óleo é a de isolação e resfriamento. O óleo mineral é um isolante melhor que o ar.

Os transformadores de distribuição, com tensão acima de 1,2kV, são

construídos de maneira a trabalharem imersos em óleos isolantes.

Os óleos isolantes possuem dupla finalidade: garantir isolação entre os

componentes do transformador e dissipar para o exterior o calor gerado nos enrolamentos

e no núcleo.

Para que o óleo possa cumprir satisfatoriamente as duas condições acima,

deve estar perfeitamente livre de umidade e outras impurezas para garantir seu alto poder

dielétrico. É considerado bom, o óleo com rigidez dielétrica superior a 30kV/mm.

2.10.1 Óleo mineral de base naftênica

O de base naftênica (tipo A), utilizado em equipamentos para tensões

superiores a 145kV.

2.10.2 Óleo mineral de base parafínica

O de base parafínica (tipo B), é usado em equipamentos com tensão igual ou

inferior a 145kV.

2.10.3 Óleo de silicone

Existem também, fluidos isolantes à base de silicone, recomendados para

áreas de alto grau de segurança. Ao contrário dos óleos minerais, este tipo de fluido

possui baixa inflamabilidade, reduzindo sensivelmente uma eventual situação de incêndio.

Pois no caso de combustão do óleo, forma-se na superfície uma camada de sílica

extinguindo a chama.

Page 21: máquinas e instalações

18 EEEMBA

2.10.4 Óleo vegetal isolante para transformadores

É usado também o óleo Rtemp que é um óleo vegetal isolante de alto ponto de

fulgor com características semelhantes ao silicone.

A utilização do óleo vegetal isolante Envirotemp e Biovolt é recente no

mercado. Tem por vantagem além de ser biodegradável possuir alto ponto de fulgor. Tem,

porém a desvantagem de ser altamente oxidante na presença de oxigênio, necessitando de

inibidores, sendo preferencialmente utilizado em transformadores selados.

2.11 Perdas no transformador.

A energia no primário é transferida para o secundário, mas parte dessa

energia é dissipada em forma de calor no cobre (condutores do primário e secundário) e

no ferro (correntes parasitas ou Foucault e Histerese). Para reduzir estas perdas haverá

necessidade de resfriamento do transformador ou instalá-lo em local bem ventilado

2.11.1 Perdas no cobre

As perdas no cobre representam a energia dissipada nos condutores dos

enrolamentos. A perda no cobre varia com a carga do transformador. Ao passar corrente

nos enrolamentos, há perdas de energia por efeito Joule, a equação seguinte calcula a

potência dissipada no cobre.

𝑃 = 𝑅𝐼2

R - Resistencia elétrica do enrolamento primário ou secundário

I - Corrente do primário ou do secundário

2.11.2 Ensaio a curto-circuito

No ensaio a curto-circuito do transformador pode-se medir a perda nos

enrolamentos (no cobre), e utilizado para determinar o seu rendimento.

Alimentando-se com tensão variável, pelo lado de tensão mais alta e estando

os terminais de tensão mais baixa em curto-circuito, até que a corrente nominal primária

𝐼𝑛1 seja lida no amperímetro. Neste ponto lê-se também a tensão de curto-circuito (𝑉𝑐𝑐 ) e a

potencia de curto-circuito (𝑃𝑐𝑐 ).

Com estes valores pode-se calcular a impedância equivalente, 𝑍𝑒 = 𝑉𝑐𝑐 /𝐼𝑛1 e a

resistência equivalente, 𝑅𝑒 = 𝑃𝑐𝑐 /𝐼𝑛12 .

A resistência equivalente do transformador de terminada no ensaio e curto-

circuito representa unicamente a perda no cobre por feito Joule e depende diretamente da

carga ligada ao transformador.

2.11.3 Perdas no ferro

Quando um fluxo magnético atravessa uma massa metálica (núcleo), essa

massa fica sujeita a uma fmm, que produz grandes correntes chamadas de correntes

parasitas ou correntes de Foucault. Estas correntes não transferem energia para o

secundário, apenas aquecem o núcleo. Uma forma de reduzir essas correntes parasitas é

aumentar a resistência elétrica do núcleo, conforme o que foi mencionado na seção 2.5.3.

2.11

Page 22: máquinas e instalações

19 EEEMBA

Figura 2.16. Correntes parasitas nas laminas do núcleo..

Outra perda no ferro é a histerese magnética. Essa perda depende do material

usado na construção do núcleo. Quando uma corrente alternada no primário inverte seu

sentido, há também inversão de polaridade no campo magnético circulante no núcleo. A

inversão do campo no núcleo consome certa quantidade de energia na forma de calor que

representa a perda por histerese. Alguns materiais, como o aço silício de grãos

orientados, mudam a polaridade do campo facilmente por que os grãos estão orientados

no sentido do fluxo magnético, isso reduz as perdas por histerese. A perda por histerese é

representada pelo ciclo histerético cuja forma depende da qualidade do material

ferromagnético do núcleo.

Figura 2.17. Ciclo de histerese para materiais diferentes.

2.11.4 Ensaio a vazio

No ensaio a vazio do transformador pode-se medir a perda no ferro (núcleo), e

utilizado para determinar o seu rendimento.

Alimentando-se com tensão e freqüência nominais, pelo lado de tensão mais

baixa e estando os terminais de tensão mais alta em aberto, mede-se a tensão nominal

(𝑉𝑛), corrente de magnetização (𝐼𝑚 ) e a potencia a circuito aberto, (𝑃𝑐𝑎 ). Assim obtêm-se

as perdas no núcleo caracterizadas pelas perdas por correntes parasitas e pela histerese

magnética, considerando que no enrolamento em aberto a corrente é nula sendo, portanto

igual a zero a perda Joule.

Uma lâmina do núcleo

Correntes Parasitas

Page 23: máquinas e instalações

20 EEEMBA

𝑃𝑓𝑒 = 𝑃𝑐𝑎 − 𝐼𝑚2 × 𝑅𝑒

2.12 Rendimento

O rendimento de um transformador é a relação entre a potência de saída e a

potência de entrada, desconsiderando-se as perdas na transformação e o tipo de carga

alimentada, (resistiva, indutiva ou capacitiva), conforme 2.12.

𝜂 =𝑃2

𝑃1

𝑃2 = 𝑃𝑜𝑡𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑠𝑎í𝑑𝑎 𝑛𝑜 𝑠𝑒𝑐𝑢𝑛𝑑á𝑟𝑖𝑜 (𝑊)

𝑃1 = 𝑃𝑜𝑡𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑛𝑜 𝑝𝑟𝑖𝑚á𝑟𝑖𝑜 (𝑊)

Vimos no parágrafo 2.11, que a diferença entre a potência de entrada e a

potência de saída corresponde às perdas no cobre, correntes parasitas e histerese,

conforme equação 2.13, onde:

𝑃1 − 𝑃2 = 𝑃𝐹𝑒 + 𝑃𝐶𝑜

Lembrando que: 𝑃𝐹𝑒 = 𝑃𝐻 + 𝑃𝑐𝑝

Considerando as perdas fixas e sem importar o tipo de carga nem o nível de

carregamento do transformador, ou seja, da quantidade de potencia alimentada em relação a

potencia nominal do transformador, teremos a equação 2.14.

𝜂 =𝑃2

𝑃2 + 𝑃𝐶𝑜 + 𝑃𝑐𝑝 + 𝑃𝐻

Onde:

𝑃𝐹𝑒 − 𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 𝑛𝑜 𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜 𝑒𝑚 (𝑊)

𝑃𝐶𝑜 − 𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 𝑛𝑜 𝑐𝑜𝑏𝑟𝑒 𝑒𝑚 (𝑊)

𝑃𝑐𝑝 − 𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎 𝑛𝑜 𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑎𝑠𝑖𝑡𝑎𝑠 𝑒𝑚 (𝑊)

𝑃𝐻 − 𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎 𝑛𝑜 𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑕𝑖𝑠𝑡𝑒𝑟𝑒𝑠𝑒 𝑚𝑎𝑔𝑛é𝑡𝑖𝑐𝑎 𝑒𝑚 (𝑊)

𝑃1 − 𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑒𝑚 (𝑊)

𝑃2 − 𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑠𝑎í𝑑𝑎 𝑒𝑚 (𝑊)

Agora considerando que a perda no cobre varia diretamente com a carga, ou

seja, varia com o quadrado da corrente de carga, podemos calcular o fator de carga

através da equação 2.15:

𝐹𝑐 = 𝑃𝑓𝑒

𝑃𝑐𝑜 𝑜𝑢 𝐹𝑐 =

𝑆

𝑆𝑛

Além do carregamento do transformador, podemos considerar também o tipo

de carga alimentada pelo transformador, ou seja, se a carga é indutiva, resistiva ou

capacitiva, o que influi diretamente no fator de potencia da carga, ficando assim a

equação do rendimento 2.16.

2.12

2.13

2.14

2.15

2.16

Page 24: máquinas e instalações

21 EEEMBA

𝜂 = 100 − (𝑃𝑓𝑒 + 𝐹𝑐

2 × 𝑃𝑐𝑜

𝐹𝑐 × 𝑆𝑛 × 𝑐𝑜𝑠 𝜑 + 𝑃𝑓𝑒 + 𝐹𝑐2 × 𝑃𝑐𝑜

× 100)

𝜂 =𝐹𝑐 × 𝑉2 × 𝐼2 × 𝑐𝑜𝑠𝜑

𝑉2 × 𝐼2 × 𝑐𝑜𝑠𝜑 + 𝑃𝑓𝑒 + 𝐹𝑐2 × 𝑃𝑐𝑜

Conclusão: Com um fator de carga constante o rendimento diminui com o

fator de potencia da carga.

Com um fator de potencia constante, o rendimento varia em função

do fator de carga.

Figura 2.18. Curvas de rendimento, perdas no cobre, perdas no ferro para fator de potencia e fator de

carga diversos.

Exemplo 1- Um transformador monofásico de 10kVA, 2200/220 V, 60Hz. A partir de

ensaios se constatou que as perdas no ferro e por histerese são de 100W, a resistência do

primário 1,2Ω e do secundário 0,05Ω. Determine o rendimento do transformador quando

ele está funcionando a potência nominal.

Resposta.

Pela relação de transformação e pela potência do transformador temos a corrente do

primário e secundário.

𝑉1

𝑉2=

2200

220= 𝛼 = 10

𝑃1 = 𝑉1𝐼1

10000 = 2200𝐼1

𝐼1 =10000

2200= 4,54𝐴

𝑃2 = 𝑉2𝐼2

Perdas Rendimento

Perdas no

cobre

Perdas no ferro

Relação

Page 25: máquinas e instalações

22 EEEMBA

10000 = 220𝐼1

𝐼2 =10000

220= 45,45𝐴

As perdas no cobre dos dois enrolamentos são:

𝑃𝐷𝑖𝑠𝑠𝑖𝑝𝑎𝑑𝑎 1 = 𝑅1𝐼12

𝑃𝐷𝑖𝑠𝑠𝑖𝑝𝑎𝑑𝑎 1 = 1,2 × 4,542 = 24,73𝑊

𝑃𝐷𝑖𝑠𝑠𝑖𝑝𝑎𝑑𝑎 2 = 𝑅2𝐼22

𝑃𝐷𝑖𝑠𝑠𝑖𝑝𝑎𝑑𝑎 2 = 0,05 × 45,452 = 103,28𝑊

Rendimento

𝜂% =10000

10000 + 100 + 24,73 + 103,28× 100 = 97,7%

Exemplo 2- Um transformador monofásico de 100kVA, 13,8kV, 220V, nos ensaios a vazio

e a curto-circuito mediu-se os seguintes valores 280W e 1220W respectivamente.

Determinar o rendimento do transformador, sabendo-se que o fator de potencia da carga é

0,92 e que o mesmo trabalha a plena carga.

𝜂 = 100 − (𝑃𝑓𝑒 + 𝐹𝑐

2 × 𝑃𝑐𝑜

𝐹𝑐 × 𝑆𝑛 × 𝑐𝑜𝑠 𝜑 + 𝑃𝑓𝑒 + 𝐹𝑐2 × 𝑃𝑐𝑜

× 100)

𝜂 = 100 − 0,28 + 1 × 1,22

1 × 100 × 0,92 +0,28 + 1 × 1,22× 100 = 98,39%

2.13 Identificação dos terminais dos transformadores.

Conforme a ABNT (Associação Brasileira de Normas e Técnicas), os terminas

de alta tensão A.T é denominado pela letra H seguido de um número; sendo que o número

0 (zero) corresponde ao terminal neutro e os números 1,2 e 3 representam as fases. Ex.

H0, H1, H2, H3.

O lado de baixa tensão B.T é denominado pela letra X seguido de um número,

sendo que o número 0 (zero) corresponde ao terminal neutro e os números 1,2 e 3

representam as fases. Ex. X0, X1, X2, X3.

Figura 2.19. Identificação dos terminas secundários do transformador.

Denominação

dos terminais

de baixa tensão

X0, X1, X2, X3

Page 26: máquinas e instalações

23 EEEMBA

2.14 Quanto ao número de fases.

Os transformadores são construídos com o número de fases necessário ao

atendimento das cargas que serão atendidas.

Podendo ser:

(a) Monofásico

Estes são construídos para potencias inferiores a 100kVA e utilizados para

consumidores rurais e residenciais. Possuem uma bucha no primário e duas ou três no

secundário. Operam com uma bucha ligada a uma fase e outro terminal aterrado.

Figura 2.20. Transformador monofásico com duas e tres buchas no secundário.

(b) Bifásico

Estes são utilizados para consumidores rurais e residenciais monofásicos.

Possuem duas buchas no primário e duas ou três no secundário. Operam as duas buchas

ligadas fase-fase.

Figura 2.21. Transformador bifásico com duas e tres buchas no secundário.

(c) Trifásico

Estes são mais utilizados nos sistemas de distribuição, transmissão e no

atendimento de cargas industriais.

Neste caso os enrolamentos, primário e secundário, podem ser ligados da

forma como apresentado no quadro abaixo:

Figura 2.22. Transformador trifásico com quatro buchas no secundário.

Page 27: máquinas e instalações

24 EEEMBA

Figura 2.23. Principais ligaçoes dos transformadores trifásicos

Os transformadores monofásicos em unidades individuais podem ser ligados

de forma a constituírem bancos trifásicos para atenderem a cargas trifásicas. A potência

do banco é a soma das potências dos três transformadores monofásicos que compõe o

banco. 𝑆3∅ = 𝑆1 + 𝑆2 + 𝑆3

Figura 2.24. Principais ligaçoes dos transformadores trifásicos

2.15 Agrupamentos de transformadores em paralelo.

Figura 2.25. Dois transformadores de 50KVA em paralelo.

2.18

Page 28: máquinas e instalações

25 EEEMBA

O agrupamento de transformadores em paralelo é de suma importância nos

sistemas elétricos de potência, as principais vantagens desse agrupamento são as

seguintes:

a) Maior confiabilidade do sistema - Caso ocorra defeito em um dos transformadores, o

outro permanece alimentando a carga.

b) Possibilidade de manutenção sem desligamento do sistema - Há possibilidade de

realizar manutenção em um dos transformadores sem que as cargas sejam desligadas.

c) Expansão do sistema – possibilidade de aumento da capacidade do sistema

acrescentando um ou mais transformadores para aliviar o que esteja no limite de

carga, sem necessidade da mudança por transformador de maior potência.

Como vimos, há grandes vantagens em colocar transformadores em paralelo,

entretanto, é necessário obedecer algumas condições para que o paralelismo seja feito

com segurança e confiabilidade. Estas condições são mostradas a seguir:

1- Mesma seqüência de fase.

2- Mesmo módulo das tensões do primário e secundário (inclusive derivações).

3- Mesma Impedância do transformador.

4- Mesma defasagem ou deslocamento angular.

Se estas condições forem seguidas a risca, se pode fazer o paralelismo de dois

ou mais transformadores sem problemas.

2.15.1 Análise de cada condição separadamente

1- Mesma seqüência de fase.

Chama-se seqüência de fases à ordem de rotação dos fasores. Por exemplo:

seqüência positiva abc (sentido horário) e seqüência negativa acb (sentido anti-horário).

Os transformadores cuja seqüência de fases esteja oposta, não podem ser

ligados em paralelo. De fato, num determinado instante os vetores de tensão secundária

vão coincidir, mas no instante seguinte os vetores começam a deslocar-se e aparecem

diferenças de potencial entre as fases, o que provoca uma corrente de circulação entre os

transformadores que estejam em paralelo nessa situação.

2- Mesmo módulo das tensões do primário e secundário (inclusive derivações).

Se os módulos de tensão não forem iguais, haverá uma diferença de tensão nos

transformadores e conseqüentemente uma circulação de corrente entre os

transformadores em paralelo.

3- Mesma Impedância do transformador.

Sabe-se que quanto maior a impedância, maior é a dificuldade de passagem de

corrente, assim, se um transformador que esteja ligado em paralelo com outro de menor

impedância, ele estará trabalhando com mais carga que os outros, pois a corrente procura

o caminho mais fácil para sua passagem.

Page 29: máquinas e instalações

26 EEEMBA

Exemplo 1: Considerar dois transformadores em paralelo com as

características abaixo, sabendo-se que a demanda da carga é de 500 kVA, pede-se

determinar a distribuição de carga para cada transformador.

T1 Pn1 = 300 kVA – Zp1 = 4,5%

T2 Pn2 = 150 kVA – Zp2 = 5,5%

Impedância média

𝑍𝑚 = 𝑃𝑛1 + 𝑃𝑛2 + … + 𝑃𝑛𝑛

𝑃1

𝑍𝑝1+

𝑃2

𝑍𝑝2+ … +

𝑃𝑛

𝑍𝑝𝑛

𝑍𝑚 = 300 + 150

3004,5

+ 1505,5

= 4,8 %

Distribuição das cargas para cada transformador

𝑃𝑐1 = 𝑃𝑐 × 𝑃𝑛1 × 𝑍𝑚

𝑃𝑛1 + 𝑃𝑛2 + … + 𝑃𝑛𝑛 × 𝑍𝑝1

𝑃𝑐1 = 500 × 300 × 4,8

300 + 150 × 4,5= 355,5 𝑘𝑉𝐴

𝑃𝑐2 = 𝑃𝑐 × 𝑃𝑛2 × 𝑍𝑚

𝑃𝑛1 + 𝑃𝑛2 + … + 𝑃𝑛𝑛 × 𝑍𝑝2

𝑃𝑐2 = 500 × 150 × 4,8

300 + 150 × 5,5= 145,4 𝑘𝑉𝐴

Distribuição percentual das cargas

𝐶1% = 𝑃𝑐1 − 𝑃𝑛1

𝑃𝑛1 × 100

𝐶1% = 355,5 − 300

300 × 100 = 18,5 % (𝑒𝑚 𝑠𝑜𝑏𝑟𝑒𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎)

𝐶2% = 𝑃𝑐2 − 𝑃𝑛2

𝑃𝑛2 × 100

𝐶2% = 145,5 − 150

150 × 100 = −3,0 % (𝑒𝑚 𝑠𝑢𝑏𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎)

4- Mesma defasagem ou deslocamento angular.

As defasagens dos transformadores trifásicos podem ser de 30 graus ou 0

grau. Se os transformadores em paralelo tiverem defasagens diferentes haverá resultante

Page 30: máquinas e instalações

27 EEEMBA

de tensão nos seus terminais, fazendo circular uma corrente indesejada entre os

transformadores em paralelo. A defasagem de 30° acontece quando o primário e o

secundário estão ligados de forma diferente (Δ-Y ou Y-Δ). A defasagem de 0° quando o

tipo de ligação é a mesma no primário e secundário (Y-Y ou Δ-Δ).

Exemplo 1: Dois transformadores de 150 kVA – 13.800-220/127 V, Z% =

3,5%. Sabendo-se que o transformador T1 tem deslocamento angular 30o e T2

deslocamento angular 0o, pede-se determinar a corrente de circulação resultante.

𝐼2 = 150

3 𝑥 0,22= 393,6 𝐴

𝛼 = 300 − 00 = 300

𝐼𝑐𝑖𝑟 = 393,6 × 𝑠𝑒𝑛(300 2 )

3,5 × 100 = 2.910 𝐴

Exemplo 2: Com os dados do exemplo 1, calcular a corrente de circulação,

considerando os dois transformadores com deslocamento angular de 30o.

𝛼 = 300 − 300 = 00

𝐼𝑐𝑖𝑟 = 393,6 × 𝑠𝑒𝑛(00 2 )

3,5 × 100 = 0 𝐴

2.16 Autotransformador

Um autotransformador é um transformador com um único enrolamento; é um

dispositivo muito útil para algumas aplicações por causa da sua simplicidade e baixo

custo, quando comparado com um transformador convencional. Entretanto, ele não

apresenta um isolamento elétrico entre o primário e secundário e, portanto não pode ser

utilizado quando esse aspecto é necessário.

O autotransformador da figura 2.20 (b) pode ser desenvolvido a partir de um

transformador convencional de dois enrolamentos; para isso, basta fazer a conexão

elétrica dos dois enrolamentos em série. O primário do autotransformador é agora a soma

dos dois enrolamentos do transformador convencional da figura 2.20(a),

conseqüentemente a relação de transformação do transformador é dada pela seguinte

equação.

𝛼′ =𝑁2 + 𝑁1

𝑁2= 𝛼 + 1

Além de apresentar uma maior razão de transformação, um autotransformador, pode

também desenvolver maior potência aparente que o transformador convencional. A razão

é que a transferência de potência do primário para o secundário num autotransformador

não é somente por indução eletromagnética, como no caso de um transformador

convencional, mas também por condução.

2.14

Page 31: máquinas e instalações

28 EEEMBA

Figura 2.26. (a) Transformador convencional (b) conexão como autotransformador.

Os autotransformadores têm o mesmo princípio de funcionamento dos demais.

A potência e a força magnetomotriz para o autotransformador da figura 2.20 (b) são as

mesmas nos dois lados (primário e secundário).

𝑃1 = 𝑃2

𝑓𝑚𝑚1 = 𝑓𝑚𝑚2

𝑁1𝐼1 = 𝑁2(𝐼2 − 𝐼1)

2.16.1 Tipos de Autotransformadores

Os autotransformadores podem ser abaixador e elevador, depende apenas do

tipo de ligação. As figuras abaixo mostram o tipo de ligação para um autotransformador

elevador e um abaixador.

Figura 2.27. (a) autotransformador elevador - (b) autotransformador abaixador

Os autotransformadores também podem ser monofásicos e trifásicos, podendo

ser os trifásicos constituidos de tres autotransformadores monofásicos associados em

estrela ou em triangulo, conforme a necessidade.

Conforme se mencionou acima, o autotransformador pode conduzir mais

potencia que o transformador convencional pelo fato de que no autotransformador a parte

do enrolamento não comum, ou seja nas figuras 2.21(a) e (b) seria o trecho “ab”,

2.15

2.16

2.17

I2 I1

Page 32: máquinas e instalações

29 EEEMBA

responsável pela condução da potencia para o secundário, também chamada de potencia

transformada, a qual é também a potencia de projeto do autotransformador. A parte

comum do enrolamento, ou seja nas figuras 2.21(a) e (b) seria o trecho “bc”, responsável

pela potencia transferida eletromagneticamente chamada de potencia propria ou potencia

interna.

Essas potencias podem ser determinadas conforme a seguir e diferem apenas

quanto ao tipo de autotransformador:

Para o autotransformador elevador conforme figura 2.21(a)

A potencia transformada será:

Pt = I2 (V2 – V1)

A potencia propria ou interna:

Pp = V1 I2

Para o autotransformador abaixador conforme figura 2.21(b)

A potencia transformada será:

Pt = I1 (V1 – V2)

A potencia propria ou interna:

Pp = V2 I1

2.16.2 Diferenças entre um transformador convencional e um autotransformador.

Vantagens de um autotransformador

Baixo fluxo de dispersão;

Baixa perda;

Baixa corrente de excitação;

Custo menor;

Possibilidade de transformar a potência e a tensão

Se um autotransformador tem tantas vantagens em relação a um

transformador convencional, então porque não utilizá-los em todos os casos?

Desvantagem de um autotransformador

Não tem isolação elétrica entre o primário e secundário

Essa desvantagem pode parecer simples frente às várias vantagens, mas ela

pode ser muito perigosa. Se ocorrer um problema no enrolamento N2 da figura 2.21 (b) a

alta tensão do primário passará integralmente para o secundário o que pode provocar

danos irrecuperáveis ao dispositivo ligado no secundário. Por este motivo o

autotransformador deve ter o ponto comum permanentemente aterrado. Devido a esse

grande problema os autotransformadores são normalmente utilizados com relação de

transformação entre alta e baixa de no máximo 3.

Com os diferentes tipos de ligação de um transformador convencional, é

possível fazer com que um autotransformador mude de tensão e potência nominal. O

exemplo 3 explica essa afirmação com maiores detalhes.

Page 33: máquinas e instalações

30 EEEMBA

Exemplo 3 – Um transformador convencional monofásico de 50kVA, 2400/240 V é ligado

como um autotransformador elevador como mostrado na figura abaixo, na qual ab é o

enrolamento de 240V e bc o enrolamento de 2400V.

Determine:

a) a tensão VH,

b) as correntes no primário e no secundário, de a para b e de b para c.

c) a potência aparente nominal do autotransformador.

d) o acréscimo percentual da potencia do autotransformador em relação ao

transformador convencional.

Resposta:

(a) A tensão do lado de baixa VL, será os mesmos 2400V e do lado de alta VH, será a

tensão Vab somado com a tensão Vbc.

𝑉𝐿 = 𝑉𝑏𝑐 = 2400𝑉

𝑉𝐻 = 𝑉𝑎𝑏 + 𝑉𝑏𝑐 = 2400 + 240 = 2640𝑉

(b) Para encontrarmos as correntes (primário e secundário do autotransformador) é

necessário encontrar as correntes em cada bobina usando a potência nominal do

transformador convencional.

Cálculo da corrente primária:

𝑃1 = 𝑉1 × 𝐼1

50000 = 2400 × 𝐼1

𝐼1 =50000

2400= 20,8𝐴

Cálculo da corrente secundária:

𝑃2 = 𝑉2 × 𝐼2

50000 = 240 × 𝐼2

𝐼2 =50000

240= 208,0𝐴

Assim temos que a corrente que passa no enrolamento bc é 20,8A e no

enrolamento ab 208,0A .

Lembrando que a corrente no primário IL é a soma das correntes Iab e Ibc, pela

lei de Kirchhoff das correntes:

Page 34: máquinas e instalações

31 EEEMBA

𝐼𝐿 = 𝐼𝑎𝑏 + 𝐼𝑏𝑐 = 20,8 + 208,0 = 228,8𝐴

a corrente do secundário é a mesma corrente do enrolamento ab. 𝐼𝐻 = 208,0𝐴

Cálculo da potencia do autotransformador

c) a nova potência do autotransformador dada por:

𝑃2 = 𝑉𝐻 × 𝐼𝐻 = 2640 × 208,0 = 550𝑘𝑉𝐴

d) o acréscimo percentual da potencia do autotransformador em relação ao

transformador convencional resulta:

𝑃2% =550𝑘𝑉𝐴

50𝑘𝑉𝐴 × 100 = 1.100 %

Note que a potência nominal do transformador convencional é de 50kVA,

quando ligado como autotransformador a potencia nominal aumenta para 550kVA

correspondendo a um aumento de potência de 1100%.

A ligação de um transformador convencional como autotransformador resulta

em um tamanho menor de autotransformador da mesma capacidade comparado com um

transformador convencional.

Page 35: máquinas e instalações

32 EEEMBA

Figura 2.28. Transformador gigante – 225MVA – 275kV – 241t

Fabricação WEG , para Nokian Capacitors - Escócia

Page 36: máquinas e instalações

33 EEEMBA

PROBLEMAS

1. Que tipo de máquina é um transformador e qual a sua função de operação?

2. Qual a função do núcleo do transformador?

3. Porque o núcleo do transformar é laminado?

4. Quais materiais são utilizados na construção do núcleo do transformador? E qual

a função desses materiais?

5. Quais os tipos de perdas no transformador e como elas acontecem?

6. Qual a função do aço silício de grãos orientados na construção do núcleo do

transformador?

7. Quais os tipos de resfriamento do transformador.

8. Qual a função do óleo mineral e dos radiadores em um transformador?

9. Qual a máxima potência que um transformador de 200kVA pode trabalhar quando

está submetido a uma ventilação forçada?

10. O que é um autotransformador e quais as suas principais vantagens e desvantagens

com relação a um transformador convencional?

11. Ligando um transformador de 500VA 220/127V a uma fonte de tensão contínua de

100V no primário qual a tensão que surgira no secundário após alguns minutos?

12. Um transformador de 15kVA, é alimentado com tensão no primário de 13800V, no

secundário é colocada carga nominal que consome 200A. Determinar a tensão no

secundário, e a corrente no primário, assim como a relação de transformação do

transformador.

13. No transformador do item anterior a tensão do primário é reduzida para 9kV, qual

a tensão de saída no secundário? Qual a potência máxima que o transformador pode

fornecer nessa situação, sabendo que a corrente no secundário continua 200A?

14. Em um transformador de 50kVA, 69/13,8kV, sabe-se que as perdas no ferro são de

400W e as perdas no cobre são de 40W, qual a eficiência desse transformador? E o que

poderia ser feito na construção dele para que a eficiência fosse maior?

15. Um transformador convencional de 60kVA, 380/220V é conectado como

autotransformador, determine.

a) O número de espiras do primário do transformador convencional é 500, qual o

número de espiras do secundário.

b) As correntes nominais do primário e secundário do transformador convencional.

c) As ligações que devem ser feitas para que o autotransformador seja um elevador e

para ser um abaixador.

d) Qual a tensão e corrente do primário e secundário, a potência e as tensões

transformadas para o caso do autotransformador elevador.

e) Repita o item d para o caso do autotransformador abaixador. Qual a função da

sílica gel nos transformadores imersos em óleo mineral?

Page 37: máquinas e instalações

34 EEEMBA

CAPÍTULO III – MOTOR ELÉTRICO DE CORRENTE

ALTERNADA

3.1 Tipos de Motores

Figura 3.1. Tipos de Motores Elétricos

Como é possível se verificar na figura 3.1, existe uma grande quantidade de

motores, entretanto neste capítulo serão abordados os motores de corrente alternada.

3.2 Campo magnético girante

Para entender o funcionamento do motor de corrente alternada precisamos

compreender o que faz o rotor girar.

Para melhor entendimento do campo magnético girante utilizaremos as

tensões de um sistema trifásico. A figura abaixo apresenta as tensões de um sistema

trifásico onde as retas 1, 2, 3, assinalam o instante em que cada uma das fases passam

pelo ponto zero enquanto as demais não são.

A figura 3.3 mostra um estator trifásico e as fases defasadas entre si de 120°.

Figura 3.2. Sistema trifásico de tensões

Vc3

Vb1

1 2 3

Va2 Vb3 Vc1

Va3

Va Vb Vc

Va1

Vc2

Vb2

Page 38: máquinas e instalações

35 EEEMBA

Figura 3.3. Estator trifásico.

Alimentando o estator trifásico da figura 3.3 com as tensões trifásicas

mostradas na figura 3.2, analisaremos a reação causada por cada uma das três tensões

em cada fase do estator.

Na figura 3.2 a reta 1 indica o instante em que a tensão na fase A é nula e das

fases B e C não são. Sem se preocupar com o valor das tensões e sim com as correntes que

possibilita a seguinte análise:

Sendo a tensão na fase A nula, não há corrente, entretanto, a fase B não sendo

nula tem corrente, a corrente que entra na fase B cria um campo magnético ao redor do

condutor com sentido determinado pela regra da mão direita, como mostrado na figura

3.4, a corrente que sai pela fase B’ também cria um campo magnético. O mesmo acontece

com a fase C. Unindo-se os campos das fases B e C que estão no mesmo sentido,

construímos um único campo resultante indicado na figura 3.4 pela seta em negro no

centro.

Figura 3.4. Va=0 e Vb e Vc ≠0 .

Fazendo a mesma análise para a reta 2 da figura 3.2, podemos ver que nesse

instante tomado como referencia a tensão na fase B é nula e das fases A e C não são.

Sendo a tensão na fase B nula, não há corrente, entretanto, a fase A cria um

campo magnético ao redor do condutor com sentido determinado pela regra da mão

direita, como mostrado na figura 3.5, a corrente que sai pela fase A’ também cria um

campo magnético. O mesmo acontece com a fase C. Unindo os campos das fases A e C que

estão no mesmo sentido, construímos um único campo resultante indicado na figura 3.5

pela seta em negro no centro.

Hac

Ha

b Hcb

Hca

Hb

a

A'

a

B

C'

a

C

B'

a

A

A'

a

B

C'

a

C

B'

a

A

120°

a

120°

a

120°

a

Page 39: máquinas e instalações

36 EEEMBA

Figura 3.5. Vb=0 e Va e Vc ≠0 .

Por fim, analisaremos a reta 3 da figura 3.2, podemos ver que nesse instante

considerado, a tensão na fase C é nula e das fases A e B não são.

Sendo a fase C nula e as fases A e B não nulas podemos acompanhar o mesmo

raciocínio utilizado para analisar as outras duas fases. Pois, a corrente que entra na fase

A e sai na fase A’ cria um campo magnético ao redor do condutor com sentido

determinado pela regra da mão direita, como mostrado na figura 3.6. O mesmo ocorre na

fase B. Unindo-se os campos magnéticos de A e B que estão no mesmo sentido,

construímos um único campo resultante conforme indicado na figura 3.6 pela seta em

negro no centro.

Figura 3.6. Vc=0 e Va e Vb ≠0 .

A figura 3.7 apresenta a superposição das figuras 3.4, 3.5 e 3.6 em uma única

figura, mostrando graficamente o campo magnético girante em relação ao estator trifásico

da figura 3.3.

Hac

Hab Hcb

Hca

Hba

A'

a

B

C'

a

C

B'

a

A

Hac

Hab Hcb

Hca

Hba

A'

a

B

C'

a

C

B'

a

A

Page 40: máquinas e instalações

37 EEEMBA

Figura 3.7. Superposição das figuras 3.4, 3.5 e 3.6

É possível observar que os terminais das bobinas continuam no mesmo lugar,

apenas o campo magnético muda de posição1. Como as tensões variam com uma

determinada freqüência, esse campo magnético girante varia com a mesma freqüência (de

alimentação da rede), que no Brasil é de 60Hz.

3.2.1 Velocidade do campo magnético girante (Velocidade Síncrona)

A velocidade síncrona é definida pela velocidade de rotação do campo girante,

a qual depende do número de pólos e da freqüência (f) da rede, em hertz. Os enrolamentos

do estator são distribuídos simetricamente nas ranhuras por fase e por pólo. O campo

girante percorre um par de pólos (p) a cada ciclo.

Assim, a velocidade do campo será:

𝑛𝑠 =60𝑓

𝑃=

120𝑓

𝑝

Onde: 𝑛𝑠 − 𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑠í𝑛𝑐𝑟𝑜𝑛𝑎 (𝑅𝑃𝑀) 𝑓 − 𝐹𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑟𝑒𝑑𝑒 (𝐻𝑧) 𝑃 − 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑝ó𝑙𝑜𝑠 𝑑𝑜 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑝 − 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑝ó𝑙𝑜𝑠 𝑑𝑜 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑡𝑜𝑟

Exemplos:

1) Qual a rotação síncrona de um motor de 6 pólos, 50Hz?

𝑛𝑠 =60𝑓

𝑃=

120𝑓

𝑝=

120 × 50

6= 1000𝑅𝑃𝑀

1 O método para apresentar graficamente o campo magnético girante foi desenvolvido pelo

Prof. Fernando Azevedo para o curso de Eletrotécnica da Escola de Engenharia Eletromecânica da Bahia

na disciplina de Máquinas Elétricas.

3.1

Hac

Hab Hcb

Hca

Hba

A'

a

B

C'

a

C

B'

a

A

Page 41: máquinas e instalações

38 EEEMBA

2) Motor de 12 pólos, 60Hz?

𝑛𝑠 =60𝑓

𝑃=

120𝑓

𝑝=

120 × 60

12= 600𝑅𝑃𝑀

Note que o número de pólos do motor é sempre par, para formar os pares de

pólos.

3.3 Motor de indução trifásico

Inicialmente estudamos o campo girante a partir da alimentação do estator,

independente da ação que tem no motor.

Agora veremos que o motor sendo um conversor de energia, utiliza a ação do

campo girante para agir sobre o rotor, fazendo-o girar, convertendo a energia elétrica em

energia mecânica e transmitindo através do eixo do rotor a força necessária para

realização de um trabalho mecânico.

O motor de indução é o mais resistente dos motores, seu custo por potência é

relativamente baixo e sua manutenção é muito menor que os demais motores, por isso este

tipo de motor é o mais usado nas indústrias. Como na maioria dos motores, o motor de

indução é composto por um estator e um rotor.

A figura abaixo mostra todos os componentes de um motor de indução.

Figura 3.8. Motor Eletrico de Indução ou assíncrono.

3.4 Partes construtivas do motor de indução

Estator

1. Carcaça (1) - é a estrutura suporte do conjunto; de construção robusta em ferro

fundido, aço ou alumínio injetado, resistente a corrosão e com altas.

2. Núcleo de chapas (2) - as chapas são de aço magnético, tratadas termicamente para

reduzir ao mínimo as perdas no ferro.

3. Enrolamento trifásico (8) - três conjuntos iguais de bobinas, uma para cada fase,

formando um sistema trifásico ligado a rede trifásica de alimentação.

Page 42: máquinas e instalações

39 EEEMBA

Rotor

1. Eixo (7) - transmite a potência mecânica desenvolvida pelo motor. É tratado

termicamente para evitar problemas como empenamento e fadiga.

2. Núcleo de chapas (3) - as chapas possuem as mesmas características das chapas

do estator.

3. Barras e anéis de curto-circuito (12) - são de alumínio ou cobre injetado sob

pressão numa única peça.

Figura 3.9. Rotor em gaiola de esquilo

3.4.1 Outras partes do motor de indução trifásico:

Tampa (4)

Ventilador (5)

Tampa defletora (6)

Caixa de ligação (9)

Terminais (10)

Rolamentos (11)

O foco deste capítulo é o “motor de gaiola”, cujo rotor é constituído de um

conjunto de barras não isoladas e interligadas por anéis de curto-circuito.

A figura 3.9 mostra um rotor em gaiola que é utilizado nos motores de indução

ou motores assíncronos.

O que caracteriza o motor de indução é que o estator é ligado à rede de

alimentação, enquanto o rotor não é alimentado externamente, as correntes que circulam

neste, são induzidas eletromagneticamente pelo campo magnético girante no estator, daí

o nome de motor de indução.

O motor de indução pode ser considerado como um transformador no qual o

estator representa o primário (ligado à fonte de alimentação) e o rotor em curto-circuito

corresponde ao secundário.

3.5 Escorregamento ou deslizamento

No momento que as tensões trifásicas alimentam o estator surge um campo

magnético girante, entretanto, o rotor não começa a girar instantaneamente com o campo

magnético girante, demorando um tempo (imperceptível ao olho humano) para começar a

girar. O que ocorre é como se o campo magnético deslizasse sobre o rotor, esse

deslizamento faz com que a velocidade do rotor (n) seja sempre menor que a velocidade

síncrona. Se isso não ocorresse, e a velocidade do rotor fosse igual à velocidade síncrona,

o campo magnético girante estaria estático com relação ao rotor, conseqüentemente não

haveria indução magnética no rotor, e por conseqüência não haveria tensão induzida no

Page 43: máquinas e instalações

40 EEEMBA

mesmo, sem tensão não há corrente, sem corrente não há campo magnético no rotor para

fazê-lo girar, ou seja, o motor teria força nula.

O escorregamento é, portanto a diferença entre a velocidade síncrona e a

velocidade do rotor expresso em percentagem representada pela seguinte formula.

Por isso, este motor é também chamado de motor assíncrono, ou seja, a

velocidade do rotor é diferente da velocidade síncrona.

𝑠% =𝑛𝑠 − 𝑛

𝑛𝑠× 100

𝑛 − 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑟𝑜𝑡𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟 (𝑅𝑃𝑀)

Exemplo: Qual o escorregamento de um motor de 6 pólos, 50Hz, se sua velocidade é de

960 rpm?

𝑠% =1000 − 960

1000× 100 = 4%

3.5.1 Conjugado ou torque

Chamamos de conjugado ou torque a força de giro em um motor transmitida

através do eixo.

Para melhor entendimento do conceito de torque, iremos relembrar o conceito

de trabalho. A figura 3.10 nos mostra uma força F aplicada em um bloco de massa m, que

desloca o bloco em uma distância d.

Figura 3.10. Deslocamento de um bloco.

O trabalho mecânico realizado pela força para deslocar o bloco de uma

distância d é dada pela seguinte equação. 𝜏 = 𝐹 × 𝑑

Onde: 𝐹 − 𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑘𝑔𝑓 𝑜𝑢 (𝑁)

𝑑 − 𝑑𝑖𝑠𝑡𝑎𝑛𝑐𝑖𝑎 (𝑚)

𝜏 − 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙𝑕𝑜 𝑟𝑒𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑎 𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑘𝑔𝑓𝑚 𝑜𝑢 (𝑁𝑚)

O trabalho demora algum tempo para ser realizado pela força, a relação entre

o trabalho e o tempo é chamada de potência mecânica e é representado pela equação 3.4.

𝑃 =𝜏

𝑡= 𝐹 ×

𝒅

𝒕= 𝐹. 𝑣

𝑘𝑔𝑓𝑚

𝑠 𝑜𝑢 (

𝑁𝑚

𝑠)

Onde: 𝑡 − 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑙𝑜𝑐𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 (𝑠)

𝑣 − 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑙𝑜𝑐𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 ( 𝑚

𝑠 )

3.2

m F m

d

3.3

3.4

Page 44: máquinas e instalações

41 EEEMBA

Sabemos por experiência prática que para levantar um peso por um processo

semelhante ao usado em poços conforme figura 3.11 – a força F necessária para girar a

manivela depende do comprimento r da manivela. Quanto maior for o comprimento de r

da manivela, menor será a força necessária.

Se dobrarmos o tamanho r da manivela, e o peso for o mesmo, a força F

necessária será reduzida a metade.

Como vimos para medir o “esforço” necessário para girar o eixo, não basta

definir a força empregada, é preciso também dizer a que distância do eixo a força é

aplicada. O “esforço” é medido pelo conjugado, que é o produto da força pelo

comprimento do braço da alavanca.

Figura 3.11. Conjugado.

𝐶𝑗 = 𝐹 × 𝑟

O conjugado também chamado torque, momento ou binário é a medida do

esforço necessário para girar um eixo, ou seja, não existe conjugado para movimentos

A figura acima mostra uma máquina simples para elevação de água em um

poço. Nota-se que o movimento feito pela manivela é semelhante ao realizado por um

motor elétrico, ou seja, por meio de movimento circular. Portanto, devemos substituir a

velocidade linear (m/s) em 3.4 pela velocidade angular (rad/s).

Entretanto o radiano por segundo não é uma unidade usual para determinar a

velocidade de um motor, mas sim rotações por minuto (RPM), assim a velocidade angular

fica conforme a seguir:

𝜔 =2 𝜋 𝑟 𝑛

60

Substituindo em 3.4, teremos:

𝑃 =2 𝜋 𝑭 𝒓 𝑛

60

Verificando que o produto F por r corresponde ao conjugado conforme 3.5,

teremos:

𝑃 =2 𝜋 𝐶𝑗 𝑛

60

3.7

3.5

3.6

Page 45: máquinas e instalações

42 EEEMBA

Na prática a potencia dos motores em cavalo-vapor (cv) ou em kW e a RPM

estão na placa de identificação, sendo necessário às vezes conhecer o conjugado da

máquina, portanto:

𝐶𝑗 =60 × 𝑃

2 𝜋 𝑛

Lembrando que 1cv = 75kgfm/s = 736W = 0,736kW, pode-se obter o

conjugado em kgfm ou em Nm, dependendo da unidade da potencia do motor em cv ou em

kW.

Para se obter o conjugado em kgfm tendo-se a potencia em cv, teremos:

𝐶𝑗 =𝟕𝟓 × 𝟔𝟎 × 𝑃

𝟐 𝝅 𝑛

Simplificando,

𝐶𝑗 =716 × 𝑃

𝑛

𝑃 − 𝑝𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑜 𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟 𝑒𝑚 (𝑐𝑣)

𝐶𝑗 − 𝐶𝑜𝑛𝑗𝑢𝑔𝑎𝑑𝑜 𝑒𝑚 (𝑘𝑔𝑓𝑚)

𝑛 − 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟 𝑒𝑚 𝑅𝑃𝑀

Para melhor entendimento das relações mostradas a seguir é necessário

lembrar que:

1- 1kgf = 9,81N

2- 1kW = 1,36cv

3.5.2 Relação entre conjugado e potência.

Na prática quando necessitamos aplicar um motor em uma máquina qualquer,

precisamos conhecer o conjugado exigido para o perfeito funcionamento

Por este motivo os fabricantes de motores indicam nas especificações técnicas

a potencia em (cv ou kW), tensão, corrente, r.p.m. nominal e fator de potencia, incluindo o

conjugado nominal, de partida e máximo em (kgfm ou Nm).

Assim podemos utilizar uma das equações que relacionam conjugado em (kgfm

ou Nm), potência em (cv ou kW) e velocidade em r.p.m.:

𝐶𝑗 𝑘𝑔𝑓𝑚 =716 × 𝑃 𝐶𝑉

𝑛 𝑅𝑃𝑀 =

974 × 𝑃 𝑘𝑤

𝑛 𝑅𝑃𝑀

𝐶𝑗 𝑁𝑚 =7024 × 𝑃 𝐶𝑉

𝑛 𝑅𝑃𝑀 =

9555 × 𝑃 𝑘𝑤

𝑛 𝑅𝑃𝑀

3.5.3 Relação entre torque e tensão de alimentação do motor.

Uma relação muito importante quando se trata de máquinas de indução

trifásica (MIT) é a relação tensão torque. Esta relação é importante porque muitas vezes

há necessidade de alterar o torque de determinada máquina para que ela consiga acionar

uma determinada carga. Esta relação é dada pela equação 3.9.

3.8

3.10

3.11

3.9

Page 46: máquinas e instalações

43 EEEMBA

𝑇 = 𝐾𝑉2

𝑉 − 𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑙𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎çã𝑜 𝑛𝑜 𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟

𝐾 − 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑝𝑜𝑟𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒

Na equação 3.12 é possível observar que o torque de uma máquina de indução

trifásica é diretamente proporcional ao quadrado da tensão de alimentação da máquina.

O valor de K é uma constante de proporcionalidade que depende dos parâmetros da

máquina.

3.5.4 Curva característica Conjugado x Velocidade.

Figura 3.12. Curva característica do motor de indução.

Na figura 3.12 é representada pela curva característica conjugado-rotação de

um motor de indução trifásico. No escorregamento de 100% (velocidade 𝑛 = 0 𝑟𝑝𝑚), ou

seja, na partida, tem-se um torque inicial ou de partida (𝐶𝑗 𝑝) que é o conjugado mínimo

para o motor sair da inércia e começar a acelerar.

À medida que o rotor vai acelerando, o conjugado diminui e chega a seu valor

mínimo (𝐶𝑗 𝑚𝑖𝑛) sendo o conjugado desenvolvido pelo motor ao acelerar desde a velocidade

zero até a velocidade correspondente ao conjugado máximo. Na prática, este valor não

deve ser muito baixo, isto é, a curva não deve apresentar uma depressão acentuada na

aceleração, para que a partida não seja muito demorada, sobre aquecendo o motor,

especialmente nos casos de alta inércia ou partida com tensão reduzida.

O próximo ponto de mudança da curva é no conjugado máximo (𝐶𝑗 𝑚á𝑥)

desenvolvido pelo motor, sob tensão e freqüência nominal, sem queda brusca de

velocidade. Esse conjugado máximo deve ser o mais alto possível, por duas razões:

1) O motor deve ser capaz de vencer, sem grandes dificuldades, eventuais

picos de carga como pode acontecer em certas aplicações, como em britadores, calandras,

misturadores e outras.

2) O motor não deve arriar, isto é, perder bruscamente a velocidade, quando

ocorrem quedas de tensão, momentaneamente, excessivas.

3.12

Page 47: máquinas e instalações

44 EEEMBA

Ao atingir a rotação nominal, o motor desenvolve conjugado nominal (𝐶𝑗 𝑛)

com potência, tensão e freqüência nominais e escorregamento nominal.

Se a velocidade do rotor iguala a velocidade síncrona (𝑛𝑠 = 𝑛), ou seja,

escorregamento 0 (zero) não há torque resultante na máquina, isso se dá porque o rotor e

o estator terão velocidade relativa nula, não tendo variação de fluxo no rotor e

conseqüentemente não havendo tensão induzida. Se não há tensão não há corrente, e se

não há corrente não há torque.

3.5.5 Categorias dos motores de indução

Categoria N

Conjugado de partida normal, corrente de partida normal; baixo

escorregamento. É a maioria dos motores encontrados no mercado e prestam-se ao

acionamento de cargas normais, como bombas, máquinas operatrizes, ventiladores.

Categoria H

Conjugado de partida alto, corrente de partida normal; baixo escorregamento.

Motores utilizados para cargas que exigem maior conjugado na partida, como peneiras,

transportadores carregadores, cargas de alta inércia, britadores, etc.

Categoria D

Conjugado de partida alto, corrente de partida normal; alto escorregamento

(maior de 5%). Usados em prensas excêntricas e máquinas semelhantes, onde a carga

apresenta picos periódicos. Usados também em elevadores e cargas que necessitam de

conjugados de partida muito altos e correntes de partida limitada. As curvas conjugado X

velocidade das diferentes categorias podem ser vistas na figura 3.13.

Figura 3.13. Categorias dos motores de indução

Page 48: máquinas e instalações

45 EEEMBA

Motor

M

10m

As categorias dos motores de indução de rotor em gaiola dependem da

geometria, profundidade e resistência das barras condutoras do rotor para atender à

norma NBR 7094 da ABNT. Assim mostramos abaixo de forma aproximada como essas

características são utilizadas para corresponder a cada categoria.

Figura 3.14. Categorias dos motores de indução

Exemplo 1- Uma carga de 5 toneladas dever ser elevada do solo a uma altura de 10m em

50s. Determine qual deve ser a menor potência em (kW e cv) do motor para realizar essa

operação.

Resolução:

𝑃 =𝐹 × 𝑑

𝑡=

5000(𝑘𝑔𝑓) × 10(𝑚)

50(𝑠)= 1000𝑘𝑔𝑓

𝑚

𝑠

Lembrando que 1𝑐𝑣 = 75𝑘𝑔𝑓𝑚/𝑠

𝑃[𝑐𝑣] = 13,33𝑐𝑣

Lembrando que 1𝑐𝑣 = 736𝑊

𝑃 𝑘𝑊 = 9813,33𝑊 = 9,81𝑘𝑊

Exemplo 2- Um motor de indução de 60Hz, 3cv,4 pólos,220/127V e velocidade nominal de

1737 r.p.m.. Determine a velocidade síncrona do motor, o escorregamento, e o torque

nominal em kgf.m e Nm.

Resolução:

Categoria N Categoria H Categoria D

Page 49: máquinas e instalações

46 EEEMBA

Cálculo da velocidade síncrona.

𝑛𝑠 =120 × 60

4= 1800𝑟𝑝𝑚

Cálculo do escorregamento

𝑠 =𝑛𝑠 − 𝑛

𝑛𝑠× 100 =

1800 − 1737

1800× 100 = 3,5%

Cálculo do torque ou conjugado

𝐶𝑗 𝑘𝑔𝑓𝑚 =716 × 3

1737= 1,24𝑘𝑔𝑓𝑚

𝐶𝑗 𝑁𝑚 =7024 × 3

1737= 12,13𝑁𝑚

OBS: Lembrando que 1kgf = 9,81N, basta multiplicar o conjugado encontrado de

1,24kgfm por 9,81N para obter diretamente o conjugado de 12,16Nm, bem próximo do

valor encontrado pela equação acima.

Exemplo 3- Um motor de indução de 25cv, 380/220V, 60Hz, aciona uma carga que

requisita uma conjugado de 5,15kgfm. Pede-se determinar:

a) a velocidade de rotação do motor;

b) o número de pólos do motor sabendo que velocidade síncrona é de 3600rpm;

c) o escorregamento nominal do motor.

Resolução

Velocidade:

Sabemos que o conjugado é dado por:

𝐶𝑗 𝑘𝑔𝑓𝑚 =716 × 𝑃 𝑐𝑣

𝑛 𝑟𝑝𝑚

Então a velocidade de rotação é dada por:

𝑛 𝑟𝑝𝑚 =716 × 𝑃 𝑐𝑣

𝐶𝑗 𝑘𝑔𝑓𝑚

𝑛 𝑟𝑝𝑚 =716 × 25

5,15= 3475𝑟𝑝𝑚

Número de pólos:

𝑛𝑠 =120 × 𝑓

𝑝

𝑝 =120 × 𝑓

𝑛𝑠=

120 × 60

3600= 2 𝑝ó𝑙𝑜𝑠 (𝑜𝑢 1 𝑝𝑎𝑟 𝑑𝑒 𝑝ó𝑙𝑜𝑠)

Page 50: máquinas e instalações

47 EEEMBA

Escorregamento:

𝑠% =𝑛𝑠 − 𝑛

𝑛𝑠× 100 =

3600 − 3475

3600× 100 = 3,47%

3.5.6 Motor de Indução com Rotor Bobinado ou de Anéis.

O motor de anéis possui a mesma característica construtiva do motor de

indução com relação ao estator, porém o seu rotor é bobinado com um enrolamento

trifásico em estrela, acessível através de três anéis onde deslizam escovas estacionárias e

ligadas a caixa de resistores externa.

Estes motores são largamente utilizados no acionamento de sistemas de

elevada inércia e nos casos em que o conjugado resistente em baixas rotações seja alto

comparado com o conjugado nominal. Por outro lado com baixa inércia (carga) este tipo

de motor pode apresentar baixa corrente de partida.

Figura 3.15. Desenho esquemático do motor de anéis.

As figuras abaixo mostram um motor com rotor bobinado aberto e a variação

das curvas de conjugado com o aumento da resistência do rotor respectivamente.

Figura 3.16. Motor de Indução Trifásico com Rotor Bobinado (de anéis).

A curva conjugado X velocidade varia de acordo com a resistência do rotor,

esta resistência pode ser alterada no rotor já que os terminais de suas bobinas são

expostos.

L1

L3

L2

Estator Rotor bobinado Anéis Resistências variáveis

estrela

Barra

curto-circuitante S1 S2 S3

Page 51: máquinas e instalações

48 EEEMBA

Figura 3.17. Curvas de conjugado com variação da resistência do rotor.

Quando a resistência do rotor é aumentada, ocorre conseqüentemente redução

da corrente de partida do motor, e aumento do torque e do escorregamento, conforme

visto na figura 3.16. Na prática, a resistência de partida é construída de tal forma que

possa ser excluída progressivamente por meio de um cursor, proporcionando meio ao

motor de produzir torque máximo a velocidades cada vez maiores, até que o torque

máximo possa ser produzido com a velocidade próxima a normal e as resistências

totalmente excluídas. Existe um valor adequado da resistência inserida no rotor que

fornece o torque máximo no instante da partida.

3.6 Motor de Indução Bifásico

No motor bifásico, como o próprio nome diz, tem apenas duas fases. Para

fazer a análise do campo magnético girante criado nos enrolamentos do estator, faremos a

mesma análise que foi feita para o campo magnético girante de um motor de indução

trifásico, com a diferença de que nesse caso serão utilizadas apenas duas fases.

A figura abaixo nos mostra dois estatores alimentados por duas fases, A e B

em dois instantes diferentes. No primeiro instante, a figura 3.17(a), a tensão na bobina A é

diferente de zero e a bobina B igual a zero, no segundo instante, figura 3.17 (b), a tensão

na bobina B é diferente de zero e a bobina A igual a zero

Figura 3.18. Campo mágnético girante em um Motor de Indução Bifásico.

Na figura 3.17 é possível observar que à medida que as fases A e B se

alternam o posicionamento do campo magnético também muda isso nos indica que mesmo

com apenas duas fases, há formação de campo magnético girante o que faz que um rotor

em gaiola colocado no estator de um motor bifásico girar da mesma forma que acontece

em um motor trifásico.

H

a

c H

a

b

H

c

b

H

c

a

H

b

a

A'

a

B B'

A

H

a

c H

a

b

H

c

b

H

c

a

H

b

a

A'

a

B B'

A

(a) (b)

Page 52: máquinas e instalações

49 EEEMBA

Em um motor bifásico as bobinas são colocadas em quadratura, ou seja,

separadas entre si de 90°. A figura abaixo mostra um circuito em que as bobinas estão

separas 90° uma da outra.

Figura 3.19. Circuirto de um Motor de Indução Bifásico.

3.7 Motor de Indução Monofásico

O motor monofásico é alimentado por apenas uma fase. A figura a seguir

mostra o estator de um motor de indução monofásico.

Figura 3.20. Estator de um motor de indução monofásico.

Com apenas uma fase é impossível a criação de um campo magnético girante,

conseqüentemente o motor monofásico não tem conjugado de partida. Para que o rotor

possa girar é necessário dar um impulso inicial no sentido horário ou anti-horário, assim

passa o rotor a girar no sentido do impulso enquanto for mantida a alimentação do motor,

independente de estar movimentando uma carga ou não. Os tópicos a seguir mostram as

várias maneiras de se conseguir o torque de partida de um motor monofásico.

3.7.1 Motor de indução monofásico de fase dividida

Neste tipo de motor, o estator é constituído por dois enrolamentos deslocados de 90° no

espaço, com características diferentes a fim de provocar um defasamento entre as correntes que

circulam nestes enrolamentos, conforme a figura 3.20.

Fase A

Fase B

A'

a

A

Page 53: máquinas e instalações

50 EEEMBA

Figura 3.21. Motor de indução monofásico de fase dividida.

O motor de indução monofásico de fase dividida é assim denominado por ter a

única fase de alimentação dividida entre o enrolamento principal e de partida ou auxiliar.

Comparando esta configuração com a do motor bifásico, fica fácil entender o fato de o

motor com uma única fase ser capaz de ter um campo magnético girante.

No tópico anterior, vimos que o motor mesmo não tendo torque de partida é

capaz de funcionar normalmente, por este motivo no circuito da bobina de partida existe

uma chave centrífuga com a finalidade de cortar a corrente neste circuito, mantendo a

corrente na bobina principal.

No instante da partida o rotor está parado (chave centrífuga fechada),

velocidade zero, iniciado o movimento, a velocidade do rotor é crescente até atingir a

velocidade nominal, porém, antes que esta seja atingida, ou seja, a 75 e 80% da

velocidade nominal a chave centrífuga abre cortando a corrente no circuito de partida.

Na prática, o ângulo de defasagem entre os campos nos dois enrolamentos

(principal e auxiliar) é bem menor que 90° o que resulta em conjugado de partida igual ou

pouco superior ao nominal. Por isso esse motor é usado para cargas de pequena potência e

conjugados de partida moderados (por exemplo: ventiladores, exaustores, bombas

centrífugas, etc.).

3.7.2 Motor de indução monofásico com Capacitor de Partida

A fim de melhorar o torque de partida relativamente baixo do motor de fase dividida,

adiciona-se um capacitor ao circuito de partida, para produzir um defasamento mais

próximo de 90° entre as correntes de partida e de funcionamento, conforme mostra a figura

3.21

Figura 3.22. Motor de indução monofásico de fase dividida.

Page 54: máquinas e instalações

51 EEEMBA

O capacitor em série com a fase auxiliar permite a obtenção de ângulos de

defasagem bem maiores e conseqüentemente, conjugados de partida bem mais elevados

(entre 200 e 350% do conjugado nominal).

O circuito do enrolamento auxiliar também é desligado através de chave

centrífuga como visto anteriormente.

É fabricado na faixa de potências de 1/4 a 15 cv e é usado numa grande

variedade de aplicações

3.7.3 Motor de indução monofásico com Capacitor Permanente

Neste tipo de motor, o enrolamento auxiliar e seu capacitor em série ficam

permanentemente conectados, não sendo necessária a chave centrífuga. Isto é bom por que

a ausência de partes móveis facilita a manutenção.

O conjugado máximo, o rendimento e o fator de potência desses motores são

melhores que os de outros tipos, aproximando-se aos valores obtidos em motores

trifásicos. Em contrapartida, seu conjugado de partida é menor que o dos motores de fase

dividida (entre 50% e 100% do conjugado nominal), limitando sua utilização a

equipamentos como pequenas serras, furadeiras, condicionadores de ar e máquinas de

escritório. São fabricados normalmente para potências entre 1/5 a 1,5 cv, conforme figura

3.22.

Figura 3.23. Motor com capacitor permanente

O motor de indução monofásico com capacitor permanente é por suas

características de construção um motor facilmente reversível (devido ao baixo torque de

funcionamento), operação silenciosa, com possibilidade de controle de velocidade, usado

em ventiladores, exaustores, máquinas de escritório e unidades de aquecimento.

3.7.4 Motor de indução monofásico com dois capacitores

É uma "mistura" dos dois anteriores possui um capacitor de partida o qual é

desligado através da chave centrífuga e outro de funcionamento que permanece ligado.

Com isso, possui todas as vantagens daqueles motores:

alto conjugado de partida

alta eficiência e fator de potência elevado.

No entanto seu custo é elevado, só fabricado para potências superiores a 1 cv.

Page 55: máquinas e instalações

52 EEEMBA

Figura 3.24. Motor com dois capacitores

3.7.5 Motor de indução monofásico de Pólo Fendido

Também chamado de motor de pólos sombreados ou pólo ranhurado, este

motor consegue criar um campo girante através de modificações feitas em seus pólos e

pelas bobinas de sombra.

Este tipo de motor é mostrado na figura 3.24 (a) onde uma parte da cada pólos

(entre 25% e 35%) é abraçada por um anel de cobre em curto-circuito. O fluxo magnético

produzido nesta espira fica atrasado em relação ao fluxo da parte não abraçada pela

mesma, resultando num campo girante que sempre se move na direção da parte não

abraçada para a parte abraçada do pólo.

Estes motores apresentam um único sentido de rotação. A maneira mais

prática de obter-se rotação no sentido oposto é mudar a posição da ponta do eixo em

relação ao estator; outros métodos são possíveis, porém muito onerosos.

Devido ao seu método de partida, é o motor mais simples, confiável e

econômico. Porém, seu conjugado de partida é bastante baixo (15% a 50% do conjugado

nominal) e apresenta fator de potência e rendimento baixos. Por este motivo é fabricado

para pequenas potências (tipicamente de alguns milésimos de cv até 1/4 cv), podendo ser

usado em processos de movimentação de ar (ventiladores, exaustores, secadores de roupa

e de cabelo), pequenas bombas, compressores, projetores de slides, toca-discos e outros

eletrodomésticos.

Figura 3.25. Motor de polo fendido

Page 56: máquinas e instalações

53 EEEMBA

3.8 Motor Síncrono

Um motor síncrono tem a característica principal de manter a velocidade

constante, com ou sem carga ou ainda com carga variável. Esta denominação, de motor

síncrono, deve-se ao fato de que o rotor deste motor gira na velocidade síncrona, ou seja,

na mesma velocidade do campo magnético girante, conforme visto anteriormente.

Os motores síncronos possuem o estator idêntico (armadura) aos dos motores

de indução trifásicos, entretanto, o rotor é bem diferente daquele utilizado no motor de

indução.

Figura 3.26. Motor Síncrono Puro

No motor síncrono o rotor pode ser construído de imã permanente ou por um

eletroímã e um enrolamento de compensação curto-circuitado, alimentado por tensão

continua.

No rotor do motor síncrono existe uma bobina responsável por criar o campo

magnético necessário para que o rotor acompanhe o campo magnético girante no estator.

O motor síncrono não possui conjugado de partida, por isso, deve ser levado

por algum meio externo ou interno à velocidade síncrona ou muito próximo dela.

3.8.1 Motor síncrono com um motor auxiliar

Devido à velocidade de o campo magnético girante ser elevada, o rotor não

acompanha essa rotação permanecendo parado, enquanto o estator é alimentado por uma

tensão trifásica alternada, sem torque de partida.

Para o rotor entrar em movimento pode ser utilizado uma turbina hidráulica,

ou a gás, a vapor ou por um motor elétrico de indução de pequena potência. Esse método

é utilizado nas grandes máquinas síncronas com o objetivo de levar o rotor a uma

velocidade próxima ou muito próxima da velocidade síncrona, quando a bobina de campo

passa a ser energizada por uma fonte de corrente contínua.

O acionamento do rotor pode estar acoplado no mesmo eixo ou por meio de

transmissão como também por um tipo de embreagem. Esse dispositivo é necessário para

a retirada do motor auxiliar, a partir do instante em que o rotor passa a girar em

sincronismo com o campo magnético girante, ou seja, na velocidade síncrona.

3.8.2 Motor síncrono com enrolamento compensador

No parágrafo anterior vimos que o motor síncrono não é capaz de partir sozinho,

entretanto utilizando um enrolamento amortecedor ou de compensação ou ainda em gaiola de

esquilo consistindo de barras sólidas embutidas na superfície da face polar e curto-

Page 57: máquinas e instalações

54 EEEMBA

circuitadas em cada extremidade por meio de anéis conforme mostra a figura 3.26.é

possível fazer com que o rotor inicie o movimento de modo semelhante ao que foi visto

no motor de indução com rotor em gaiola. A tensão induzida nas barras faz com que o

rotor comece a girar inicialmente, como motor de indução, e levado a velocidade

próxima da velocidade síncrona quando a partir desse momento a bobina de campo é

alimentada por corrente continua e o rotor passa a girar com a mesma velocidade do

campo magnético girante. Quando isso acontece os condutores da gaiola já não tem

mais ação, porque o escorregamento passa a ser zero não havendo mais tensão

induzida nas barras, restando apenas o efeito do motor síncrono.

Figura 3.27. Pólo de um motor síncrono e enrolamento de compensação ou em gaiola. Por

este motivo diz-se que este tipo de motor é conhecido como de indução na

partida e funcionamento síncrono

3.9 Excitação do enrolamento de campo

A fonte de tensão continua que alimenta o enrolamento de campo, através de

anéis solidários ao eixo do rotor é chamada de excitatriz. A figura a seguir mostra o rotor

de pólos salientes com as bobinas de campo e os anéis que promovem o contato elétrico

entre a excitatriz e o rotor.

Figura 3.28. Máquina sincrona de pólos salientes

A fonte de tensão que alimenta a bobina de campo pode ser gerada de duas

formas principais:

Page 58: máquinas e instalações

55 EEEMBA

1- excitação dinâmica

2- excitação estática

3.9.1 Excitação Dinâmica

Nesse tipo de excitação, como o próprio nome diz, é realizada a partir de um

dispositivo rotativo. Esse dispositivo rotativo deve fornecer uma corrente contínua aos

terminais do rotor para criação do campo constante, elas são de dois tipos: Excitatriz com

gerador de corrente continua e Excitatriz com gerador de corrente alternada ou sem

escovas, também conhecido com o termo em inglês Brushless.

3.9.1.1 Excitatriz com gerador de corrente continua.

Esse tipo de excitatriz é constituído por um gerador de corrente continua

acoplado no mesmo eixo do motor síncrono. A tensão contínua gerada alimenta o

enrolamento de campo do motor síncrono, através de escovas, deslizando sobre dois anéis

solidários ao eixo do motor síncrono possibilitando a excitação da máquina.

As tensões de fornecimento variam de 50 a 1500V e suas potências situam-se

entre 1 e 5% da potência da máquina. A figura a seguir mostra esquematicamente um

motor síncrono, onde o enrolamento de campo é alimentado por um gerador de corrente

continua acoplado ao seu eixo e os anéis coletores.

Figura 3.29. Motor síncrono com excitatriz rotativa de corrente contínua.

Alguns motores síncronos podem ter a fonte de tensão continua de outro

gerador separado do motor por meio de uma transmissão ou mesmo proveniente de

baterias de chumbo-ácido (acumuladores). Pode-se utilizar também retificador estático a

partir de uma fonte de tensão alternada.

3.9.1.2 Excitatriz com gerador de corrente alternada ou sem escovas “Brushless”.

A excitatriz sem escovas consiste de uma excitatriz de corrente alternada e um

retificador rotativo montado no mesmo eixo da máquina síncrona. A excitatriz é composta

por um alternador de pólos fixos e armadura girante e uma ponte retificadora rotativa. A

Page 59: máquinas e instalações

56 EEEMBA

saída dessa ponte retificadora é ligada diretamente aos terminais da bobina de campo do

rotor criando a campo constante do rotor. A figura 3.29 mostra esquematicamente a

excitatriz sem escovas e a figura 3.30 mostra uma foto da excitatriz Brushless.

Figura 3.30. Motor síncrono com excitatriz de corrente alternada ou sem escovas (Brushless)

Figura 3.31. Foto dos diodos de uma excitatriz sem escova (Brushless)

3.9.1.3 Excitatriz Estática

Na excitatriz estática como o próprio nome sugere, não há elementos

giratórios na criação da tensão contínua que alimenta a bobina de campo do motor

síncrono. Neste caso a tensão de alimentação é provida diretamente da rede de

alimentação alternada e retificada por retificadores estáticos. A tensão continua retificada

é conduzida por contatos de escovas através de dois anéis que alimentam as bobinas de

campo do rotor. A figura 3.31 mostra de forma ilustrativa esse tipo de excitação.

Page 60: máquinas e instalações

57 EEEMBA

Figura 3.32. Motor síncrono com excitatriz estática

3.10 Motor síncrono utilizado como capacitor

Uma característica importante de um motor síncrono é o fato de poder

trabalhar movimentando uma carga, e funcionando como se fosse um capacitor para a

rede.

O motor síncrono pode funcionar absorvendo potência reativa da rede, como é

o caso de todos os motores de indução, ou pode funcionar fornecendo potência reativa

para a rede ou como simples carga resistiva. O controle da potência reativa de um motor

síncrono é realizado pela tensão de alimentação no enrolamento de campo, este controle

pode ser de três regimes de excitação.

1. Quando a excitação de campo é menor que a nominal, se diz que o motor está em

regime subexcitado, neste caso o motor esta consumindo potência reativa da rede e

contribuindo para piorar o fator de potência do sistema. O fator de potencia neste

caso está em atraso ou indutivo.

2. Quando a excitação de campo é a nominal, diz-se regime de excitação normal, o

motor nem absorve nem fornece potência reativa a rede, trabalhando com fator de

potência unitário, neste caso o motor síncrono não influi no fator de potência do

sistema.

3. Quando a excitação de campo é maior que a nominal, o motor é dito em regime

sobrexcitado, neste caso o motor fornece potência reativa a rede contribuindo para o

melhoramento do fator de potência do sistema. O fator de potencia neste caso está em

avanço ou capacitivo.

Por este motivo o motor síncrono trabalhando com ou sem carga pode ser utilizado em

algumas instalações elétricas em substituição aos motores de indução para melhorar o

fator de potencia do sistema. Evidente que tal medida é utilizada quando se apresenta

como melhor alternativa que um banco de capacitores por serem estes de custo menor

que os motores síncronos.

Anéis do enrolamento de campo

Máquina

Síncrona CARGA

Rede de alimentação

Estator da MS

+ -

Ret

ific

ado

r

Page 61: máquinas e instalações

58 EEEMBA

QUESTÕES

1. Qual a função do campo magnético girante em um motor de indução trifásico?

2. Qual a função da gaiola de esquilo colocado no rotor de um motor síncrono.

3. Como o motor síncrono pode corrigir o fator de potência de um sistema?

4. Quais os tipos de excitatriz de um motor síncrono e como elas funcionam?

5. Quando um motor de indução trifásico está funcionando normalmente, por algum

motivo se perde uma linha o campo magnético criado pelo estator continuara

girando, explique sua resposta?

6. Qual o valor do escorregamento de um motor de indução trifásico na partida?

7. Qual o significado do torque de partida, mínimo, máximo e nominal na curva

torque velocidade de um motor de indução trifásico?

8. Quais as categorias das curvas de torque de um motor de indução? Explique cada

uma delas.

9. Quais os tipos de motores monofásicos?

10. Qual a função da chave centrifuga em um motor monofásico de fase dividida?

11. Qual a função de um capacitor de partida em um motor monofásico?

12. Quais as principais características de um motor síncrono?

EXERCÍCIOS

13. Conhecendo a velocidade síncrona dos motores de 2, 4 e 6, pólos, considerando

todos esses motores com escorregamento nominal de 3%, determine a velocidade

de rotação nominal do rotor para cada caso.

14. Uma ponte rolante de 25m de altura existe um motor que é utilizado para levantar

as cargas do solo, qual deve ser a potência mínima desse motor para que ele possa

levantar uma carga de 20 toneladas á uma altura de 10m em 30 segundos.

15. Um motor de indução trifásico de 60Hz, 10cv, 220/380V , 4 pólos. A velocidade

nominal de giro do rotor é de 1757RPM, informe o escorregamento, o torque

nominal do motor em N.m e kgfm.

16. Um motor de indução trifásico de 60Hz, 10kw, 220/380V , 8 pólos apresenta

escorregamento nominal de 4% determine o torque nominal do motor em N.m e

kgfm.

17. O mesmo motor do item anterior foi utilizado para levantar uma carga de 100kg a

uma altura de 10m, em quanto tempo esse serviço será realizado.

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18. Um motor trifásico apresenta corrente de partida de 135A quando ligado em Δ,

qual será a corrente de partida desse mesmo motor quando ele estiver ligado em Y.

19. Um motor síncrono de 60Hz, 10KVA, 220/380V , 6 pólos. Determine a velocidade

síncrona e a velocidade de giro do rotor.

20. A velocidade de giro de um motor síncrono é de 1800RPM quando ele esta levando a

sua carga nominal, qual será a velocidade desse motor quando a carga é reduzida

pela metade.

Page 63: máquinas e instalações

1 EEEMBA

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

[1] Valkenburgh, Van. e outros - Eletricidade Básica – Tradução de

Paulo João Mendes Cavalcanti - Vol. 5 RJ - Ao Livro Técnico S. A -

1982

[2] Anzenhofer, Karl. Eletrotécnica para Escolas Profissionais –

Tradução de Walfredo Shmidt - 3ª Edição Editora Mestre Jou – S.P.

1980

[3] Martignoni, Alfonso. Máquinas de corrente alternada Editora

Globo – 1970

[4] Kosow, Irving L. - Máquinas Elétricas e Transformadores -

Tradução de Felipe Ribeiro Daiello e Percy Antonio Pinto Soares -

7 Ed. RJ – Editora Globo, 1987

[5] SEN, Paresh Chandra. Principles of Electric Machines And Power

Electronics. 2ª edição. John Wiley & Sons, Inc.: New York USA,

1997.

[6] Simone, Gilio Aluisio. Máquinas de Indução Trifásicas: Teoria e

exercícios. São Paulo: Editora Érica, 2000.

[7] Valkenburgh, Van. e outros - Eletricidade Básica – Tradução de

Paulo João Mendes Cavalcanti - Vol. 4 RJ - Ao Livro Técnico S. A -

1982

SITES RECOMENDADOS

www.weg.com.br

www.feiradeciencias.com.br

www.comotudofunciona.com.br

www.wikipédia.com