máquinas e equipamentos

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4 Introdução A revolução industrial foi o marco na utilização de maquinas para o aumento da produção com finalidade de atender o aumento da demanda por produtos manufaturados. Atualmente, é impossível imaginar uma indústria funcionando somente com maquinário humano. Até mesmo as pequenas indústrias investem em máquinas para aumentar a produtividade. Observando a existência dos recursos humanos trabalhando em conjunto com as maquinas e equipamentos, encontramos diversos riscos ao trabalhador. Os riscos de acidentes gerados por máquinas, por muitas vezes, são extrema gravidade podendo ser fatal. Conforme publicação do Ministério do trabalho e emprego, 25% dos acidentes são ocasionados por maquinas obsoletas ou sem proteção. Constatado esse fato, o poder público entra em ação publicando leis e normas para garantir que sejam aplicados dispositivos de proteção em máquinas e equipamentos com objetivo de garantir a integridade física do trabalhador. Em contrapartida, entram em ação os profissionais especializados em segurança do trabalho para analisar e indicar tecnicamente o melhor dispositivo de proteção para cada caso.

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Page 1: Máquinas e equipamentos

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Introdução

A revolução industrial foi o marco na utilização de maquinas para o

aumento da produção com finalidade de atender o aumento da demanda por

produtos manufaturados.

Atualmente, é impossível imaginar uma indústria funcionando somente

com maquinário humano. Até mesmo as pequenas indústrias investem em

máquinas para aumentar a produtividade. Observando a existência dos

recursos humanos trabalhando em conjunto com as maquinas e equipamentos,

encontramos diversos riscos ao trabalhador.

Os riscos de acidentes gerados por máquinas, por muitas vezes, são

extrema gravidade podendo ser fatal. Conforme publicação do Ministério do

trabalho e emprego, 25% dos acidentes são ocasionados por maquinas

obsoletas ou sem proteção. Constatado esse fato, o poder público entra em

ação publicando leis e normas para garantir que sejam aplicados dispositivos

de proteção em máquinas e equipamentos com objetivo de garantir a

integridade física do trabalhador.

Em contrapartida, entram em ação os profissionais especializados em

segurança do trabalho para analisar e indicar tecnicamente o melhor dispositivo

de proteção para cada caso.

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2. Legislação pertinente as máquinas e equipamentos

A respeito de proteção de maquinas e equipamentos, encontramos na

legislação vigente artigos na CLT - Consolidação das leis trabalhistas e na

norma regulamentadora 12, onde através da Redação dada pela Portaria SIT

n.º 197, de 17/12/10 foi atualizada e consideravelmente ampliada.

Na CLT encontramos pontos importantes para prevenção de acidentes

envolvendo máquinas e equipamentos. Nos artigos 184 à 186 é definido a

obrigatoriedade de adoção de dispositivos de partida e para e outros que se

fizerem necessários para a prevenção de acidentes do trabalho, especialmente

quanto ao risco de acionamento acidental, os reparos, limpeza e ajustes serem

realizados com as maquinas paradas e finalmente no artigo 186 traz a

competência para o ministério do trabalho e formular normalização adicional

sobre medidas e proteção de segurança em operação de máquinas e

equipamentos.

Como resultante do artigo 186 da CLT, o MTE - Ministério do Trabalho e

Emprego (atualmente denominado dessa forma) através da portaria 3.214/78

trouxe a tona a Norma regulamentadora 12 e recentemente atualizada.

Essa norma, como seu corpo descreve, define referências técnicas,

princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a saúde e a

integridade física dos trabalhadores e estabelece requisitos mínimos para a

prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto e de

utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos, e ainda à sua

fabricação, importação, comercialização, exposição e cessão a qualquer título,

em todas as atividades econômicas, sem prejuízo da observância do disposto

nas demais Normas Regulamentadoras – NR aprovadas pelaPortaria nº 3.214,

de 8 de junho de 1978, nas normas técnicas oficiais e, na ausência ou omissão

destas, nas normas internacionais aplicáveis.

3.Tipos de máquinas

Todo dispositivo mecânico ou orgânico que executa ou ajuda no

desempenho das tarefas, precisando, para isto, de uma fonte de energia é

considerado como máquina.

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3.1.Torno mecânico

Máquina utilizada na confecção ou acabamento de peças de diversos

tipos e formas. Essa maquina utiliza-se de movimento circular giratório para

formar peças cilíndricas, com ela podemos produzir qualquer tipo de peça

mecânica.

Figura 1 - Torno mecânico fonte: http://pad9784.blogspot.com/p/metalomecanica.html

3.2. Fresadora

Derivada do torno mecânico, equipamento este, especifico para cortar

matéria-prima utilizando a fresa.

Essa fresa, retira fragmentos, dando forma a matéria prima.

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Figura 2 Fresadeira industrial

3.3. Furadeira

Normalmente compostas de cabeçote, denominado de fuso, são

maquinas operatrizes com função de furas materiais. Temos 3 tipos principais

de furadeiras, as horizontais, verticais e industriais.

Figura 3 - Furadeira industrial - http://maua.olx.com.br/furadeira-industrial-tres-cabeca-trabalhando-rochling-hin-iid-35600612

3.4. Aplainadora mecânica

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A função dessa maquina é resolver problemas ocorridos em peças e

componentes mecânico planos e retos

Figura 4 - Aplanadeira mecânica - http://www.dignow.org/post/mec%C3%A2nica-496305-95971.html

3.5. Retificadoras

São maquinas especificas para retificar e polir peças e componentes,

sejam eles planos ou cilíndricos

Figura 5 Retificadora Ferdimat - http://www.comerciodasmaquinas.com.br/

3.6. Extrusoras

São maquinas que utilizam calor, frio e movimento circular para forma

lâminas de plástico. Normalmente alimentadas por resina de polietileno.

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3.7. Solda

Maquina que une peças ou materiais metálicos através do calor. Existem

diversos tipos de solda. Na norma regulamentadora 18 em seu subitem 18.11,

traz os requisitos mínimos de segurança nas operações envolvendo soldagem

e corte a quente.

4. Riscos na utilização de máquinas

Nas máquinas encontramos diversos riscos de acidentes, tanto para

quem opera, quanto para os circunvizinhos. Seguindo esse pensamento,

devemos gerenciar esses riscos.

Para melhor identificação podemos dividir por fontes geradoras de riscos

nas máquinas, são elas: fonte de energia, elementos de transmissão de força,

cantos entrantes, ponto de operação.

4.1. Fonte de energia

A principal fonte de energia encontrada em maquinas é a elétrica, sendo

assim, os riscos de choque evidente. Toda a máquina deverá possuir

aterramento adequado (subitem 12.11.1 da NR 12).

Quando a fonte de energia é a combustão, os riscos estão atrelados a

queimaduras, riscos químicos como o gás carbônico (asfixiante).

4.2 Elementos de transmissão de força e cantos entrantes

Os elementos de transmissão e cantos entrantes em maquinas são

fontes geradoras de esmagamentos de membros superiores e até mesmo

esmagamento de um individuo.

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Figura 5 - Cantos entrantes

4.3. Ponto de operação

Nos pontos de operação, onde é executada a função da maquina,

podemos encontrar lançamentos de material particulados que podem atingir o

trabalhador causando danos graves.

5. Medidas de proteção

Segundo a NR-12, são consideradas medidas de proteção, a ser

adotadas nessa ordem de prioridade:

a) medidas de proteção coletiva – são medidas de engenharia que

venham a proteger mais de um trabalhador. Exemplo: Proteção das partes

moveis, barreira óptica.

b) medidas administrativas ou de organização do trabalho – são

medidas que regulamento ou modificam o local de trabalho com a finalidade de

proteger o trabalhador. Exemplo: ordem de serviço, diminuição de jornada de

trabalho.

c) medidas de proteção individual – é qualquer equipamento

destinado ao uso individual do trabalhador com o objetivo de protegê-lo de um

agente de risco, ou de vários, visando garantir sua segurança e a saúde no

trabalho (MARCO 2004). Essa medida, por sua vez, só poderá ser utilizada

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caso ocorra inviabilidade técnica ou financeira. Exemplo: protetor auricular,

capacete de segurança.

5.1. Medidas de proteção coletiva

5.1.1 Transmissão de força

As partes moveis da máquina de possuir barreiras que impeçam o

acesso acidental de partes do corpo dos trabalhadores.

“12.47. As transmissões de força e os componentes

móveis a elas interligados, acessíveis ou expostos,

devem possuir proteções fixas, ou móveis com

dispositivos de intertravamento, que impeçam o acesso

por todos os lados.” Norma regulamentadora 12

Figura 6 - Proteção de polia

5.1.2 Ponto de operação

O ponto de operação pode provocar acidentes graves, para isso pode-se

aplicar o distanciamento da fonte geradora do risco. Em um prensa, por

exemplo, esse ponto gerador de risco, é a zona de prensagem. Na figura

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abaixo, trata-se de um moinho, onde o material laminado ou copos

descartáveis são triturados para retornarem as extrusoras para serem

derretidos e transformados em novos copos. Para evitar o contato do operador

com as lâminas da máquina, fora instalada um canal de ferro onde distância o

operador das mesmas.

Figura 7 - Arquivo pessoal -Moinho triturador

5.1.3 Aterramento elétrico

Essa medida é essencial para evitar choques aos trabalhadores, caso

ocorra sobrecarga elétrica ou fuga de correte.

A medida em questão deverá ser adotada em todos os equipamentos

que possuam energia elétrica como fonte de energia.

5.1.4 Intertravamento elétrico

Sistema que utiliza um microinterruptor instalado de modo estratégico

que bloqueia ou corta a energia elétrica interrompendo o ciclo da máquina

5.1.5 Proteção sensitiva

Sistema composto de sensores óptico-eletrônicos que formam uma

barreira conforme vai ser protegido. Seu objetivo é impedir que braço, mãos e

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pessoas entrem em zonas de risco e ocorra acidentes, desligando a máquina

ou equipamento.

Figura 8. Arquivo pessoal – cortina de segurança

5.1.6 Proteção por barreira

Consiste na construção ou implantação de barreira física que impeça o

acesso a zona de riscos, como zonas de movimento de cilindros de massa,

engrenagens, polias.

Figura 9 Proteção de partes moveis em acrílico

5.2. Medidas administrativas ou de organização do trabalho

Page 11: Máquinas e equipamentos

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5.2.1. Arranjo físico e instalações

Devemos ter uma atenção especial ao arranjo físico e as instalações

pois um simples posicionamento da máquina obstruindo a passagem a um

quadro de energia poderá ser fatal.

A Nr 12 traz, em seu corpo, uma atenção prioritária, logo sendo o

primeiro item a ser tratado pela mesma. Nela vem trazendo as seguintes

exigências mínimas exposto na tabela abaixo:

Exigência Subitem da NR12Demarcação das áreas de

circulação12.6

Vias principais de circulação que conduzem a saídas com no mínimo

1,20 m (um metro e vinte centímetros)

12.6.1

Deverão existir áreas especificas de armazenamento de materiais de utilização no processo produtivos

devidamente demarcados

12.7

A distância mínima entre máquinas, em conformidade com suas

características e aplicações, deve garantir a segurança dos

trabalhadores durante sua operação, manutenção, ajuste, limpeza e inspeção, e permitir a movimentação dos segmentos

corporais, em face da natureza da tarefa.

12.8.1

Os pisos dos locais de trabalho onde se instalam máquinas e equipamentos e das áreas de

circulação devem:a) ser mantidos limpos e livres de objetos, ferramentas e quaisquer materiais que ofereçam riscos de

acidentes;b) ter características de modo a prevenir riscos provenientes de

graxas, óleos e outras substâncias e materiais que os

tornem escorregadios; ec) ser nivelados e resistentes às

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cargas a que estão sujeitos.

5.2.2. Manutenção

Dividimos os tipos de manutenção em 4 (quatro), a operativa, preditiva,

preventiva e corretiva.

5.2.2.1. Operativa

A manutenção operativa é realizada pelo operador, compreende em

manusear a maquina seguindo as orientações, indicar possíveis anomalias na

maquina estando ou não em movimento, verificar indicadores no painel de

instrumentos, ou sensores.

Para esse tipo de manutenção poderá ser utilizado uma inspeção prévia

no equipamento, como o exemplo abaixo:

5.2.2.2. Preditiva

O objetivo de evitar o agravamento de problemas e falhas operacionais.

Tem o objetivo de predizer a ocorrência desses problemas a partir de

indicadores de desgaste ou má operação.

5.2.2.3. Preventiva

É ações como o objetivo de prevenir a ocorrência de falhas e problemas

de um sistema, podendo ser máquinas e equipamentos.

5.2.2.4. Corretiva

A manutenção corretiva ocorre quando o evento “falha”, quebra ou não

conformidade em uma máquina ou equipamento é efetivado, então, é

executada ações com o objetivo de corrigi-las.

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5.3. Medida de proteção individual

Quando por inviabilidade técnica ou financeira, quando não forem

suficientes, durante a implantação ou estudo de medidas de caráter coletivo,

poderá ser utilizado EPI.

O Equipamento de proteção individual, como o nome propõe, é um

equipamento que protege somente um individuo de um ou mais agentes

agressivos.

6. Conclusão

O uso de máquinas é uma importante evolução humana e sem elas não

existiria o estilo de vida atual, mas além de trazer benefícios, as máquinas são

fonte geradora de riscos, tanto para quem opera, quando para quem está ao

seu redor.

Para a manutenção da vida e da integridade física desses expostos,

devem-se interpor barreiras eficientes, que impeçam a extrapolação dos riscos

de operação, geradas pelas máquinas. Contudo possuímos condições

tecnológicas para implantar essas barreiras e fica evidente, que tratando de

trabalhadores, a segurança do trabalho deverá gerenciar esses riscos,

adotando as medidas corretas para cada tipo de agente.

7. Referências bibliográficas

SALIBA, Tuffi Messias, Curso básico de segurança e higiene ocupacional. 3 ed.

– São Paulo: LTr, 2010 p. 71 – 75

REIS, Roberto Salvador, Segurança e medicina do trabalho: normas

regulamentadora – 6 ed – São Caetano do Sul: Yendis Editora 2010

OLIVEIRA, Eduardo Milaneli, Manual prático de saúde e segurança do trabalho

– São Caetano do sul: Yendis Editora, 2009