maquetes das cidades-estados da grÉcia antiga … · antiga e na atualidade, debate cada vez mais...

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MAQUETES DAS CIDADES-ESTADOS DA GRÉCIA ANTIGA MARA CRISTINA GONÇALVES DA SILVA* Resumo A escolha do tema Cidades-estados da Grécia Antiga está relacionada a vários aspectos: faz parte do currículo do primeiro ano do Ensino Médio; a Grécia Antiga é uma temática recorrente nos vestibulares e até no Enem; os livros didáticos normalmente apresentam o capítulo sobre Grécia Antiga de forma estanque sem demonstrar o dinamismo desta civilização. Os estudantes são divididos em grupos e escolhem cidades-estados diferentes para a pesquisa que se compõem das seguintes partes: pesquisa escrita nos critérios da ABNT, apresentação visual e oral via slides, a apresentação da maquete e a produção de um "folder" com um resumo das principais informações e imagens da pesquisa realizada. Um dos principais incentivos a uma pesquisa feita com compromisso e dedicação é que as melhores maquetes participaram da Feira Cultural e Cientifica da escola e são registradas no blog: https://hemetec.wordpress.com/, assim como também são registradas as melhores redações sobre os diferentes momentos no desenvolvimento do projeto. E também foi o caminho que escolhemos para debater conhecimento e democracia contra os argumentos da escola sem partido ou escola livre que questionam o conhecimento e atividades de estudo. Conforme avançamos nos aspectos do tema no livro didático também trabalhamos com o documentário: "Siracusa - Cidade Antiga" que foi dirigido por Silvio Luiz Cordeiro. E os alunos foram orientados a fazer resumo capítulo a capítulo ou fichamento bibliográfico de um livro paradidático: (VAN ACKER, 1994). Outra atividade desenvolvida foi a apresentação de um roteiro de análise de objetos elaborado pelo Serviço Educativo do MAE/USP com o objetivo de na visita monitorada ao MAE/USP cada grupo escolher um objeto da exposição: "Pólis - Viver na cidade Grega Antiga". _______________________________________-

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MAQUETES DAS CIDADES-ESTADOS DA GRÉCIA ANTIGA

MARA CRISTINA GONÇALVES DA SILVA*

Resumo

A escolha do tema Cidades-estados da Grécia Antiga está relacionada a vários aspectos: faz

parte do currículo do primeiro ano do Ensino Médio; a Grécia Antiga é uma temática recorrente

nos vestibulares e até no Enem; os livros didáticos normalmente apresentam o capítulo sobre

Grécia Antiga de forma estanque sem demonstrar o dinamismo desta civilização.

Os estudantes são divididos em grupos e escolhem cidades-estados diferentes para a pesquisa

que se compõem das seguintes partes: pesquisa escrita nos critérios da ABNT, apresentação

visual e oral via slides, a apresentação da maquete e a produção de um "folder" com um resumo

das principais informações e imagens da pesquisa realizada. Um dos principais incentivos a

uma pesquisa feita com compromisso e dedicação é que as melhores maquetes participaram da

Feira Cultural e Cientifica da escola e são registradas no blog: https://hemetec.wordpress.com/,

assim como também são registradas as melhores redações sobre os diferentes momentos no

desenvolvimento do projeto.

E também foi o caminho que escolhemos para debater conhecimento e democracia contra os

argumentos da escola sem partido ou escola livre que questionam o conhecimento e atividades

de estudo.

Conforme avançamos nos aspectos do tema no livro didático também trabalhamos com o

documentário: "Siracusa - Cidade Antiga" que foi dirigido por Silvio Luiz Cordeiro.

E os alunos foram orientados a fazer resumo capítulo a capítulo ou fichamento bibliográfico de

um livro paradidático: (VAN ACKER, 1994). Outra atividade desenvolvida foi a apresentação

de um roteiro de análise de objetos elaborado pelo Serviço Educativo do MAE/USP com o

objetivo de na visita monitorada ao MAE/USP cada grupo escolher um objeto da exposição:

"Pólis - Viver na cidade Grega Antiga".

_______________________________________-

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Professora de História da Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar e mestranda do Programa de Pós-Graduação

em Educação: História, Política, Sociedade da PUC – SP.

No ano de 2016 tivemos uma novidade que foi a visita de uma equipe do MAE/USP a nossa

escola, essa visita está presente no documentário "Pólis: Viver na Cidade Grega Antiga" com a

direção de Cleberson Moura e André Cury. O documentário pode ser visto no link:

https://www.youtube.com/watch?v=DcyeHC2jIPI.

Todas essas atividades também são ferramentas para o debate sobre a democracia na Grécia

Antiga e na atualidade, debate cada vez mais necessário pela difusão de valores autoritários que

negam a importância do debate histórico.

Introdução

Neste texto problematizamos e relatamos o ensino de Grécia Antiga no Ensino Médio. Leciono

a aproximadamente dezenove anos na Educação Básica o componente curricular de História e

há dez anos no Ensino Médio na Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar em Franco da Rocha,

região metropolitana de São Paulo.

A escolha do tema Cidades-estados da Grécia Antiga está relacionada a vários aspectos: faz

parte do currículo do primeiro ano do Ensino Médio; a Grécia Antiga é uma temática recorrente

nos vestibulares e até no Enem; os livros didáticos normalmente apresentam o capítulo sobre

Grécia Antiga de forma estanque sem demonstrar o dinamismo desta civilização. E desenvolver

as seguintes competências: organizar informações e conhecimentos disponíveis de forma a

argumentar consistentemente; selecionar, organizar, relacionar e interpretar dados e

informações, trabalhando-os contextualizadamente para enfrentar situações-problema e para

construir e aplicar conceitos das diferentes áreas do conhecimento de modo a investigar e

compreender a realidade. Para concretizar que a aprendizagem sobre a Grécia Antiga seja

significativa escolhemos o tema sobre as Cidades-Estados da Grécia Antiga através da execução

de maquetes destas cidades em grupos de estudantes do primeiro ano do Ensino Médio.

No ano de 2016 realizamos esse projeto em sala de aula um pouco diferente do que fazíamos

desde 2008 na mesma escola.

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O motivo foi uma crítica feita em 2015 por um estudante do terceiro ano do Ensino Médio, com

características ligadas aos argumentos da escola sem partido, como: só apresentar uma versão

dos fatos históricos, normalmente a interpretação ligada ao pensamento marxista, como na

Revolução Francesa sem aprofundar sobre a nobreza ou a Revolução Russa sem explicar sobre

o exército branco. Associando a pouca dedicação de explicações sobre as classes sociais

derrotadas nessas revoluções com uma postura autoritária da professora por "impor" uma

interpretação especifica, ligada ao pensamento com critérios de interpretação marxista.

Foi um debate duro na sala de aula, ainda mais porque estava pedindo ajuda, se haveria algum

aluno (a) que poderia me ajudar a digitalizar um livro paradidático sobre a Revolução Russa

(REIS Fº, 1989), a proposta não se concretizou e a leitura do livro paradidático também não se

concretizou, demonstrando que esse (s) aluno (s) usam esses argumentos para não estudar.

E algumas semanas depois um membro da gestão reproduziu as mesmas afirmações e

questionamentos, o diálogo foi intenso, pois o mesmo cobrou que apresentasse as versões

cobradas pelo estudante que havia comunicado esse membro da gestão. Disse-lhe que não

estudaria francês ou russo para ler os documentos da extrema direita de cada um desses países

e a derrota dessas classes sociais em 1789 – 1799 (na França) e em 1917 (na Rússia) abriram

um novo período de realizações inovadoras para a humanidade e isso é mais importante de ser

estudado do que o mofo das aristocracias desses países.

Decidi que em 2016 deveria superar essa discussão sobre os conhecimentos com um

aprofundamento sobre democracia (s).

Em 2017 estive afastada por motivos de saúde, mas nesse ano os argumentos desses alunos são

que o conteúdo não se relacionam a política, então como não posso me aborrecer por orientação

médica, propus como atividade extra uma redação sobre os episódios do programa Roda Viva

do canal de televisão TV Cultura a partir de 07 de maio de 2018 com os pré-candidatos à

presidência da República e estou aplicando minha programação de leituras de paradidáticos.

E na Grécoa Antiga, na primeira aula sobre Grécia Antiga registramos na lousa os

conhecimentos prévios que os estudantes possuem sobre o tema de forma ampla, normalmente

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são citados: as Olimpíadas, o nascimento da Filosofia, História, Democracia, Cidadania,

Arquitetura e Escultura.

O debate sobre democracia é fundamental para responder aos argumentos daqueles que são

contrários que os estudantes compreendam outras experiências históricas de convívio político.

Aprofundamos a comparação entre democracia representativa e democracia direta.

O levantamento do conhecimento prévio não é apenas para dar voz aos estudantes em aula e

constatar o quanto o Ensino Fundamental II os preparou, mas concordamos com Tauhyl (2012),

"Trabalhar essas "heranças" é uma forma de ligar as situações do presente ao estudo do passado.

Mais do que detectar os pontos de conexão da nossa realidade com o mundo antigo, entender o

porquê dessa permanência é uma grande possibilidade de exercitar o pensamento crítico do

aluno".

A partir disso estabelecemos a linha do tempo da Grécia Antiga, da influência minoica e

micênica, períodos pré-homérico, homérico, arcaico, clássico e helenístico. E as cidades-

estados de Atenas e Esparta como modelos. Esse conteúdo do livro didático é comparado com

a linha do tempo da obra: "Siracusa - Leituras de uma Cidade Antiga" do LABECA -

Laboratório de Estudos sobre a Cidade Antiga do Museu de Arqueologia e Etnologia da

Universidade de São Paulo. A disponibilização aos estudantes de duas linhas do tempo sobre o

mesmo período histórico tem por objetivo propiciar a possibilidade de comparação entre a linha

do tempo fornecida pelo livro didático: curta, resumida; e a linha do tempo elaborada pelo

LABECA que é baseada em objetos encontrados em escavações arqueológicas e essa linha do

tempo possui mais características, fruto dessas descobertas, esses objetos formam parte da

cultura material do período estudado.

Os estudantes são divididos em grupos e escolhem cidades-estados diferentes para a pesquisa

que se compõem das seguintes partes: pesquisa escrita nos critérios da ABNT, apresentação

visual e oral via slides, a apresentação da maquete e a produção de um "folder" com um resumo

das principais informações e imagens da pesquisa realizada. Um dos principais incentivos a

uma pesquisa feita com compromisso e dedicação é que as melhores maquetes participaram da

Feira Cultural e Científica da escola e são registradas no blog: https://hemetec.wordpress.com/,

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assim como também são registradas as melhores redações sobre os diferentes momentos do

projeto.

Como expectativa geral de aprendizagem temos que os estudantes construam maquetes que

representem cidades-estados da Grécia Antiga no dinamismo de sua civilização através da

interdisciplinaridade necessária para a pesquisa e construção das maquetes, através de

conhecimentos sobre a geografia, arquitetura, mitologia/literatura grega, teatro, proporções

matemáticas, religiosidade, funcionamento político e a organização das cidades-estados e a

historicidade dessas localidades através de características econômicas, culturais e políticas.

As aprendizagens especificas se relacionam em os estudantes conseguirem com suas pesquisas

e maquetes observarem as diferenças de planejamento e funcionamento das cidades-estados da

Grécia Antiga com as nossas cidades atualmente, se a organização das cidades-estados se

aproximam mais de um funcionamento democrático ou aristocrático.

Desenvolvimento

O trabalho pedagógico sobre a Grécia Antiga segue o encadeamento do livro didático

intercalado com o material pedagógico do LABECA e as orientações para pesquisa sobre a

cidade-estado escolhida pelo grupo, em cada sala não há cidade-estado repetida e a leitura do

livro paradidático.

Um exemplo é a pesquisa feita sobre Mileto em 2016 pelo Gabriel, Gustavo, João Pedro, Lucas

Eduardo e Wendell; eles constataram que a cidade-estado de Mileto produzia uma lã de

qualidade e possuía um grande comércio com dois portos com grande destaque para o

funcionamento democrático com três ágoras, as praças de debate político. Além de outras

edificações culturais e esportivas, nessa pesquisa eles utilizaram fotografias dos sítios

arqueológicos, de planta baixa e demonstraram o dinamismo desta cidade-estado. Uma

fotografia da maquete de Mileto de das outras em exposição na Feira Cultural em 2016, como

Siracusa, Micenas, Atenas e Olímpia entre outras neste link:

https://hemetec.wordpress.com/2016/12/07/sala-da-feira-cultural- maquetes-sobre-a-grecia-

antiga/.

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Para uma observação mais detalhada da maquete de Mileto e ouvir uma explanação da mesma

acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=gTfxgIkMjB4. É o audiovisual MILETO que

participou do V Festival de Audiovisual da Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar em 2016.

Conforme avançamos nos aspectos do tema no livro didático também trabalhamos com o

documentário: "Siracusa - Cidade Antiga" que foi dirigido por Silvio Luiz Cordeiro. O

documentário pode ser visto neste link: https://vimeo.com/37848909.

O uso do documentário segundo Cordeiro pode ser "tanto como instrumento de registro

documental, mas principalmente enquanto processo de estudo e exercício crítico, a produção

de narrativas audiovisuais, em vídeo, procura estimular o debate de jovens estudantes sobre o

modo de vida dito urbano na história".

E após a exibição do documentário "Siracusa - Cidade Antiga" em sala de aula cada estudante

recebe um tema para aprofundar a pesquisa baseado nos temas para discussão para a exploração

do vídeo elaborado pela LABECA. A pesquisa individual para entregar no formato de redação.

Um tema é o texto da Larissa Vieira: "Monumentalidade e representação do poder", a estudante

destaca as muralhas como monumento de expressão do poder da cidade-estado:

"Uma das representações do poder que podem ser notadas no documentário

da cidade é o mar. Um fator tão simples e ao mesmo tempo tão importante

para Siracusa se tornou um aliado não só econômico quanto militar, pois ao

mesmo tempo em que pescadores e outros comerciantes conseguiam seu

sustento através dele, os navegadores não precisavam adentrar no território da

ilha para atingir a água. Também ligado ao mar, outro exemplo de

monumentalidade (característica, atributo do que é ou se mostra monumental)

e representação do poder são as embarcações. Os navios eram assimilados

com a pólis, seus flancos representavam a muralha da cidade, seu piloto o

governante, o marinheiro era visto como o combatente e os cidadãos como

exilados.

As muralhas presentes na ilha não representam apenas o trabalho do povo e a

presença militar, representam também o poder e a monumentalidade da

cidade. Elas eram monumentos, ou seja, além de muitas outras definições,

eram notáveis pela grandeza ou pela sua magnificência. (...).

O documentário "Siracusa Cidade Antiga" buscou fugir do lugar comum das

frequentes abordagens sobre a história da cidade e seguir os relatos dos

próprios moradores. (...)."

https://hemetec.wordpress.com/2018/06/04/monumentalidade-e-

representacao-do-poder/

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Um outro tema foi "Pólis e o conceito de cidadania", de Júlia Pelegrino Pimentel, que irá

destacar a diferença entre a ásty (área urbana) e khóra (área rural) como expressão do poder de

cada pólis.

"Quando os gregos começaram a fundar a pólis fora da Grécia, no século VII

a. C., eles aproveitaram as rotas comerciais já conhecidas. Na Sicília, que era

um entroncamento importante no mar Mediterrâneo, eles aproveitaram os

locais que eram habitados pelos nativos da região e fundaram cidade novas

onde uma delas era Siracusa, que depois se tornou a maior cidade grega fora

da Grécia.

As pólis, uma forma inovadora e autônoma de organização social não

submetida a um poder centralizado, eram divididas em duas áreas: a ásty, mais

adensada, "urbana" e menor, que abrangia seu núcleo fundador, onde os

cidadãos, habitantes livres do sexo masculino ali nascidos, exerciam a

atividade política; e a khóra, setor rural, de maior extensão, dedicado à pratica

da agricultura, pecuária, e extração de madeiras. As fronteiras de uma pólis

eram definidas pelos limites de sua khóra.

O papel da khóra, área disputada pelas pólis nas guerras em razão de sua

importância estratégica como fonte de alimentos e expressão de poder

político, é o eixo central que articula as pesquisas da equipe do Labeca nos

últimos quatro anos. Os arqueólogos do MAE realizaram viagens de campo a

sítios gregos na Europa mediterrânica. Boa parte dos trabalhos feitos desde o

século XIX priorizam a área "urbana" das antigas cidades gregas como se ela

representasse toda a pólis.

(...). De acordo com as circunstancias, alianças eram feitas para combater

outras cidades gregas ou enfrentar inimigos externos, como os persas, fenícios

ou cartagineses. Siracusa chegou a ser a segunda maior pólis grega no século

V a. C. e derrotou Atenas em guerras".

https://hemetec.wordpress.com/2018/06/30/polis-e-o-conceito-de-cidadania/

E os alunos foram orientados a fazer resumo capítulo a capítulo ou fichamento bibliográfico de

um livro paradidático (VAN ACKER, 1994). Temos a iniciativa de usar literatura paradidática

para complementar o tema retratado no capítulo do livro didático e também exercitar a leitura,

o fichamento bibliográfico e/ou o resumo, o debate sobre a obra lida, as informações mais

detalhadas sobre o período histórico que se está estudando. Como por exemplo o fichamento

bibliográfico realizado pela Ana Paula (trechos):

página

Citação Opinião pessoal

17 “Em toda cidade-Estado grega havia

espações comuns a todos os grupos

sociais e outros reservados aos grupos

que eram, de alguma forma,

diferenciados. ”

Podemos observar, claramente, que havia

uma grande desigualdade social, que era

facilmente identificada em todos os locais.

Aqueles considerados nobres, faziam

questão de mostrar seu “nível social”, e

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queriam deixar claro, os lugares que cada

uma devia ir, e onde eram, de certa forma,

aceitos.

17 “Todas as pessoas frequentavam o

mercado e o teatro. Já a assembleia

era reservada apenas aos que eram

cidadãos – ou seja, homens livres

descendentes de pessoas nascidas na

cidade (...). ”

Esse trecho reforça ainda mais o anterior,

onde podemos notar, que nem todos da

população eram considerados cidadãos, e o

Estado limitava os cargos que podiam ou

não seguir. Era claramente visível a

diferença de “inferiores” e “superiores”, ou

seja, uma imensa desigualdade social.

(...)

54-55 “(...). As tragédias se diferenciavam

das comédias e das sátiras não só pelo

sentido do texto, mas pelas máscaras e

roupas específicas usadas pelos atores,

bem como pela linguagem utilizada

(...). ”

O teatro surgiu na Grécia, e a tragédia,

comédia e sátira, eram práticas teatrais, nas

quais, eram transmitidos, valores morais,

problemas da sociedade, etc. Ambas tinham

funções educativas, porém, elas se

diferenciavam no contexto abordado,

linguagem, etc., visto que, a comédia

permitia o uso, até mesmo, de palavras de

baixo calão.

(...)

64 “A consciência da cidadania se

traduzia na obediência às leis,

consideradas pelos tribunais a garantia

da democracia, e em nome delas os

atos do governo não podiam ser

desobedecidos (...). ”

Na verdade, eles queriam cidadãos que não

fossem contrários às leis, nem contestassem

sobre as mesmas. Dessa forma, manteriam o

poder, sem qualquer intervenção da

sociedade, garantindo maior período de

comando.

O fichamento bibliográfico completo está no link: https://hemetec.wordpress.com/2017/08/23/grecia-a-

vida-cotidiana-na-cidade-estado/

Nestes trechos selecionados destacamos como a leitura e as escolhas que a Ana Paula realizou

da obra onde ela observa as diferenças sociais e como essas diferenças interferiam no exercício

da cidadania, a importância da legislação para o exercício e manutenção do poder e a

permanência das reflexões dos filósofos da Grécia Antiga. E compreende a importância do

registro histórico para o conhecimento de outros povos e outros períodos históricos.

Já a estudante Fabiana realizou um resumo da mesma obra paradidática, destaco alguns trechos

de seu resumo:

No Período Arcaico é perceptível a mudança de genos para pólis. As pólis são

chamadas também de cidades-Estados e são basicamente regiões sob o

domínio de um chefe, independentes uma das outras (governo próprio). O

poder dos reis começou a entrar em declínio e se tornou comum a consulta às

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assembleias (eclésias), compostas por senhores de famílias influentes. A

monarquia foi substituída pela aristocracia (camada da sociedade com maior

poder aquisitivo) hereditária. Os gregos passaram a expandir os territórios,

formando as colônias (apoikia). Essas colônias eram politicamente e

economicamente independentes, mas unidas pelo laço sentimental e religioso

com a metrópole (cidade-mãe). Os motivos da colonização podem ser tanto

comercias quanto demográficos, algo que é um tanto incerto para os

historiadores. (...) Espaços comuns na pólis Apesar da descentralização dos

territórios da Hélade ocorria um forte fator cultural, composto na esfera

linguística e religiosa, que permitia alguns aspectos comportamentais

parecidos em todas as regiões. Em toda cidade-Estado haviam espaços

comuns e espaços dedicados a membros especiais da sociedade. O mercado e

o teatro, por exemplo, eram frequentados por todas as pessoas. As assembleias

eram ocupadas apenas para aqueles considerados cidadãos e os tribunais, aos

cidadãos eleitos. Os estádios, locais reservados para os esportes, eram

frequentados por cidadãos homens com mais de doze anos. Esses locais

estavam localizados na parte baixa das cidades, conhecida como ágora. Na

parte mais alta da cidade, na acrópole, estavam localizados os templos".

Destacamos os trechos acima pois eles expressam o entendimento da Fabiana sobre uma parte

da linha do tempo da história da Grécia Antiga e sua periodização, em particular, sobre o

período denominado de Arcaico, importante porque é o período a partir do século VIII a.C. com

o fim dos genos e da propriedade coletiva para o surgimento da pólis e da propriedade privada

nessas comunidades, e vão desenvolver regras para o viver junto com valorização da vida em

comum com espaços dedicados ao debate para se viver coletivamente. E nos outros trechos

discute o papel histórico de outros espaços como o mercado, o teatro e os templos, edificações

do espaço urbano. O resumo completo pode ser lido no link:

https://hemetec.wordpress.com/2017/08/23/grecia-a-vida-cotidiana-na-cidade-estado-2/.

Outra atividade desenvolvida foi a apresentação de um roteiro de análise de objetos elaborado

pelo Serviço Educativo do MAE/USP com o objetivo de na visita monitorada ao MAE/USP

cada grupo escolher um objeto da exposição "Pólis - Viver na cidade Grega Antiga". O roteiro

de análise de observação de objeto é uma ferramenta que ajuda a educar o olhar e a reflexão

sobre os diferentes aspectos que compõem quaisquer objetos. Os objetos são os instrumentos

do nosso dia a dia, desde um recipiente para acondicionar líquidos e/ou alimentos, até diferentes

tecidos e/ou couros para cobrir a nossa pele, enfim, são necessários para atingir e satisfazer as

necessidades cotidianas dos seres humanos e criar esses objetos depende das relações que os

homens e as mulheres estabelecem entre cada um deles, e também desses grupos humanos com

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o meio ambiente onde vivem. Esses objetos representam a realidade cultural desses grupos

humanos. O objeto tem a característica de poder ser lido como um documento histórico, como

fonte histórica. E como toda e qualquer fonte histórica pode e deve ser questionado a partir de

sua própria materialidade como o seu formato, a matéria-prima, as dimensões, a técnica de

confecção do objeto, as funções de uso, o manuseio, o valor econômico para diferentes grupos

sociais como para quem o faz e para quem o utiliza.

Fotografia 1 - Elmo, coleção do MAE/USP. http://www.nptbr.mae.usp.br/acervo/arqueologia-classica-e-medio-

oriental/nggallery/slideshow

Quanto às características físicas: Qual é a cor? É um preto meio esverdeado

(bronze oxidado). Tem cheiro? Qual? Não tem cheiro. Tem som? Qual? Não

tem som. Quais são suas dimensões? Podemos ver que o elmo tem um

tamanho relativamente pequeno para a cabeça de um homem adulto.

Presumiu-se que era usado por crianças a partir da idade que conseguiam

segurar uma arma. Do que é feito? De bronze. É um material natural ou

manufaturado? Manufaturado. É um objeto completo? Foi alterado? Sim, mas

agora ele encontra-se um pouco desgastado na parte de trás. Quanto à

construção: Como é feito? O bronze foi aquecido e moldado com marteladas

em um molde padrão e depois foi acabado com seu polimento. É feito à mão

ou à máquina? À mão. Foi feito em molde ou em peças? Molde. Se forem

várias peças como elas foram fixadas? É apenas uma peça que faz parte de

uma armadura ao todo. Quanto à função/utilização: Para que foi feito? Para

proteger a cabeça dos guerreiros durante a guerras. Como o objeto tem sido

usado? Ele manteve sua função mas agora é apenas usado para exposição e

estudos. Seu uso se modificou? Sim, ele deixou de proteger a cabeça de

guerreiros e agora é um objeto de estudos históricos (...). Quanto a sociedade

que o produziu: Quem o produziu? Provavelmente um artesão que produzia

armaduras para os guerreiros gregos. Quem o utilizou? Os hoplitas, ou

chamado de "cidadão guerreiro". (...)".

https://hemetec.wordpress.com/2018/06/30/roteiro-de-analise-de-objeto/

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Os estudantes Gabriel Marcondes, Gabrielle Mendes, Hector Renato, João Pedro Luan Xavier

e Pedro Lizardo escolheram o elmo como objeto e observaram que quem o usava era o cidadão

da pólis.

Uma atividade muito importante é a visita ao Museu de Arqueologia e Etnologia da USP pois

além de ser uma experiência fora do ambiente escolar, para muitos um passeio, uma outra forma

de socialização afetiva, emocional e cognitiva para os estudantes também proporciona o acesso

a um bem cultural que normalmente não faz parte do cotidiano desses estudantes até o momento

da visita.

Os museus são lugares de memórias, portanto, oficialmente responsáveis pela guarda de objetos

de diferentes tipos que podem contar como viviam diferentes sociedades em diferentes tempos

e espaços. Permitindo que os estudantes tenham contato com "os outros" povos, pessoas,

histórias, sociedades, ampliando o universo da diversidade cultural para si e entre eles. No

museu é possível essa comunicação com a materialidade da realidade cultural desses povos pois

até a organização dos objetos dentro da exposição possuem uma intencionalidade comunicativa.

Como espaços dedicados a preservação da memória o encontro das novas gerações com o

patrimônio cultural de outras humanidades permite o desenvolvimento de diferentes leituras

sobre o mundo em diferentes momentos e qualificar o seu pertencimento ao hoje, permeado

pelas permanências e transformações em relação ao ontem.

Nossas visitas ao MAE/USP refletiram os esforços de estudo e pesquisa e provavelmente por

isso tivemos no ano de 2016 a novidade que foi a visita de uma equipe do MAE/USP a nossa

escola na semana posterior a Feira Cultural e eles já haviam conversado com alguns estudantes

na visita ao MAE e na visita a Etec conversaram com outros estudantes, mas todos os alunos e

todas as alunas do 1º A e B que dialogaram com essa equipe que nos visitou está presente no

documentário "Pólis: Viver na Cidade Grega Antiga", com a direção de Cleberson Moura e

André Cury. O documentário pode ser visto no link:

https://www.youtube.com/watch?v=DcyeHC2jIPI.

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Neste documentário é possível observar na fala um pouco tímida, mas convicta da Júlia R.

Souza sobre o fato das mulheres não participarem da política na Grécia Antiga e ainda hoje

também participarem pouco.

Avaliação

O primeiro ano A em 2016 foi uma sala com mais dificuldades em desenvolver todas as

atividades propostas em função de um grupo de aproximadamente quinze estudantes muito

reticentes a desenvolverem as leituras e lições de casa, essa foi a principal dificuldade com essa

turma; o primeiro ano B foi uma sala excelente, até os estudantes que assumiam que a leitura

lhes era uma atividade enfadonha esforçaram-se para lerem o máximo dentro de suas limitações

e aceitavam dialogar sobre isso.

Os itens avaliados foram para o 1º A: fichamento bibliográfico da obra do livro paradidático:

(VAN ACKER, 1994). Redação sobre o documentário: "Siracusa: Cidade Antiga", de Silvio

Luiz Cordeiro. Roteiro de análise de observação de objetos (visita ao MAE/USP). Maquete de

uma cidade-estado da Grécia Antiga envolvendo: pesquisa escrita, apresentação oral,

apresentação visual, folder, e a maquete. Avaliação sobre Grécia Antiga.

Nas escolas técnicas estaduais dirigidas pelo Centro Paula Souza possui como critérios de

avaliação os conceitos: MB = Muito Bom; B = Bom; R = Regular e I = Insatisfatório.

Os resultados alcançados foram:

Fichamento VAN ACKER SIRACUSA ROTEIRO OBJETO

MB B R I MB B R I MB B R I

1º A 10 12 8 - 13 13 02 01 18 15 - -

1º B 12 07 07 02 10 09 07 01 07 24 - -

Apresentação oral e

visual

Maquete Pesquisa escrita e

folder

Avaliação

MB B R I MB B R I MB B R I MB B R I

1º A 28 08 02 03 33 05 - 03 16 08 14 03 02 15 12 10

1º B 24 08 09 - 24 08 09 - 32 08 - 01 30 05 - -

Tabelas elaboradas por Mara Cristina Gonçalves da Silva em maio de 2018.

Com esses dados é possível observar que iniciamos parte das atividades extras com o livro

paradidático com uma grande resistência, um quarto da turma não fez o fichamento, com a

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redação sobre o documentário um a mais deixou de fazer porque os temas foram

individualizados, alguns exemplos, os subtemas ligados ao tema: "Espaço e Sociedade", segue

o número da chamada do estudante e o correspondente tema.

Espaço e sociedade:

Nº Temas para redação sobre analise do documentário de Siracusa

01 A cidade, seu ambiente e a subsistência.

02 Entender e quantificar o espaço: geografia, geologia.

03 O mar e a pesca: viver em uma ilha ontem e ontem.

04 Espaço e sobrevivência: mobilidades humanas; migrações ontem e hoje.

05 Conflitos étnicos e religiosos: diásporas ontem e hoje.

Nenhum desses estudantes fizeram a redação correspondente ao seu número da chamada, a

única estudante que tem justificativa foi a estudante número 01 pois houve um falecimento na

família. E conforme vamos insistindo nas atividades a quantidade de participantes vai

aumentando e o desempenho dos que participaram desde o início também vai melhorando, os

últimos a se envolverem nas atividades possuem os conceitos mais baixos (Regular e

Insatisfatório).

Esses resultados demonstram as dificuldades e as principais dificuldades são relacionadas a

leitura, os prazos precisaram ser ampliados e foram ampliados para demonstrar minha

flexibilidade e interesse que as leituras e pesquisas fossem realizadas adequadamente. Uma

outra dificuldade com o 1º A foi para auto sustentar a viagem de visita ao MAE/USP, uma sala

com muitos pais ou responsáveis desempregados e/ou a resistência em aprofundar as pesquisas;

a quantidade de estudantes que pagaram sua passagem do ônibus fretado não foi suficiente para

o custo, os valores que sobejaram no 1º B e uma contribuição minha viabilizaram a visita ao

MAE/USP e os alunos e as alunas que não puderam e/ou não quiseram contribuir não foram

expostos nem para a gestão escolar e pedagógica. Essa sala, o 1º A foi a mais agitada na visita

monitorada, a que mais conversava durante a explicação dos monitores, a que mais precisou de

ampliação de prazos para as leituras e apresentação das maquetes, mas no final houve bastante

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capricho da maioria nas maquetes e na maioria das apresentações orais e visuais. As maquetes

do 1º A que participaram da exposição na Feira Cultural e Cientifica da escola foram: Delfos,

Olímpia, Micenas, Tessalônica e Creta. A maquete de Atenas foi conceito I em todos os

aspectos e inclusive é parte do grupo que participou da visita ao MAE e não fez o relatório de

análise de observação de objeto; e Poseidonia a apresentação oral e visual foi excelente, mas o

grupo de estudantes que organizaram a exposição na sala de Grécia Antiga Feira Cultural da

escola não gostaram da aparência da maquete e não permitiram que ela participasse da

exposição. Como não se organiza um trabalho desses sozinha aceitei a opinião da maioria.

Do 1º B participaram da exposição na Feira Cultural todas as maquetes apresentadas em sala

de aula: Esparta; Mileto, Tróia, Atenas, Siracusa e o Palácio de Cnossos em Creta. E 15

estudantes desta sala ajudaram e se responsabilizaram pela sala na Feira Cultural com a

colaboração de mais 02 estudantes do 1º A.

Os principais meios para realizar as avaliações foram principalmente os textos e as

apresentações e o comportamento na visita ao MAE/USP. Acredito que as principais

aprendizagens estão relacionadas ao desenvolvimento de pesquisa de forma mais autônoma,

escrever textos mais objetivos e explicativos e apresentação oral das pesquisas. E temos a

avaliação em Grécia Antiga que no 1º B foi um alto desempenho.

Considerações finais

Consideramos que quanto mais envolvimento nas atividades, melhor o desempenho cognitivo,

inclusive em sua expressão formal, a preparação para o vestibular. Os principais desafios

relacionam-se a estimular que as novas gerações desenvolvam hábitos de leitura de forma

regular, com uso de dicionário, adquirirem a pratica de fazer resumos, inclusive como

metodologia de estudo que é útil para qualquer componente curricular e não apenas História.

Outro desafio é através do diálogo a partir das pesquisas é demonstrar aos estudantes que a

democracia deve ser cada vez mais ampliada; muitos acham inviável a democracia direta tal

qual os gregos antigos viveram.

Da experiência das visitas ao MAE/USP e da participação no documentário "Pólis: Viver na

Cidade Grega Antiga" foi doado ao Setor Educativo do Mae/USP as maquetes de Mileto,

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Siracusa, Tessalônica e o Palácio de Cnossos e são exemplos para atividades educativas de

outros professores.

Também consideramos que essa quantidade de atividades aprofundando o estudo da Grécia

Antiga, e a democracia é um estudo significativo, evitando a superficialidade muito comum no

cotidiano escolar no conhecimento histórico, e é uma forma de combater a mediocridade da

ausência de argumentos da escola sem partido.

Referências

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1994. (Coleção História geral em documentos).

BRAICK, Patrícia Ramos e MOTA, Myriam Becho. HISTÓRIA - Das cavernas ao terceiro

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a partir do estudo da cidade. Revista de História. São Paulo, (164):2011, p. 434.

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São Paulo: Labeca, MAE/USP. 2009.

HIRATA, Elaine. Siracusa - Cidade antiga: explorando o vídeo. Labeca, MAE/USP. s/d.

HIRATA, Elaine Farias Veloso. Pólis: Viver em uma cidade grega antiga. Colaboração de

Bruna Braga Fontes e Paula Talib Assad. São Paulo: Laboratório de Estudos sobre a Cidade

Antiga (Labeca), Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo: FAPESP,

2016.

Roteiro de análise de objetos - Mediterrâneo e Médio Oriente na Antiguidade - Formas de

Humanidades: Pré-História Europeia, Egito e Mesopotâmia. Guia Temático para Professores.

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Siracusa - Cidade antiga. Diretor: Silvio Luiz Cordeiro. Coordenação científica: Elaine Hirata.

Produção: Beatriz Florenzano. Formato original: HDV 16:9 (NTSC). 25 min. São Paulo:

Labeca/MAE/USP, 2009.

REIS Fº, Daniel Arão. A revolução russa 1917 – 1921. 4ª e, SP: Brasiliense, 1989.

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oriental/nggallery/slideshow

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