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NOTÍCIAS 1 REVISTA TRIMESTRAL INFORMAÇÃO GERAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA JUNHO 2010 21 DESTAQUE INTERNACIONAL EXPO XANGAI 2010 Angola exibe potencialidades NACIONAL PETRÓLEO a Nova Era do Desenvolvimento Económico e Social ECONOMIA Sonangol é uma empresa exemplar e transparente, afirma Ministro de Estado e da Coordenação Económica MANUEL VICENTE SONANGOL MANTÉM ROBUSTEZ FINANCEIRA

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NOTÍCIAS 1

REVISTA TRIMESTRAL • INFORMAÇÃO GERAL • DISTRIBUIÇÃO GRATUITA • JUNHO 2010 • Nº21

DEstAQUE

intErnACionALEXPO XANGAI 2010

Angola exibe potencialidades

nACionAL

PETRÓLEOa Nova Era do

Desenvolvimento Económico e Social

ECONOMIASonangol é uma

empresa exemplar e transparente, afi rma

Ministro de Estado e da Coordenação

Económica

MANUEL VICENTESONANGOL MANTÉM ROBUSTEZ FINANCEIRA

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O FUTUROÉ O NOSSO DESAFIO.

A nossa missão é promover a sustentabilidade e o crescimento da indústria Petrolífera nacional, de forma a garantir maior retorno para o estado angolano,assegurando a participação das empresas e dos quadros nacionais nas actividades da indústria e o benefício da sociedade nos resultados gerados.

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REVISTA DISPONIVEL NOS VOOS DA:

COLABORE COM A REVISTA SONANGOL NOTÍCIAS, MANDE OS SEUS TEXTOS PARA [email protected]

CULtUrA & LAZEr 46A TOURNÉE MUNDIAL

DE YURI DA CUNHA E EROS RAMAZZOTTIA dupla anda em tournée pela Europa dando a

conhecer canções como "Kuma Kua Kié", "Muxima" e “Tá Doer”

nACionALPETRÓLEO NUMA NOVA ERA DE DESENVOLVIMENTOO IX Conselho de direcção alargado do Ministério dos Petróleos serviu para defi nir e clarifi car a caminhada

PALAvrA Do DirECtorJoão Rosa Santos

A HORA DA VIRAGEMTudo aponta para o início, muito proximamente, de um novo ciclo no ser e estar da petrolífera estatal angolana, tendo em conta os novos e ingentes desafi os que se de-senham no contexto nacional e internacional.A recente decisão do Conselho de Ministros da República de Angola sobre a liberalização do mercado Nacional de Combustíveis e as deliberações saidas da reunião do Con-selho de Gestão da Sonangol, são sinais que evidenciam novos tempos. As expectativas são grandes e tudo aponta para uma viragem sustentada capaz de contribuir decisi-vamente para o desenvolvimento da empresa e do País.Espera-se a adopção, para breve, de um novo modelo de gestão dotado de uma visão mais plural e abrangente com um tempo de vida útil de 10 anos, bem com o reposicio-namento na cadeia de valor de alguns negócios de peso.A consecução deste objectivo, segundo Manuel Vicente, Presidente do Conselho de Administração da Sonan-gol EP, deverá acontecer ao longo do ano em curso, acompanhado de ajustamentos no comando execu-tivo de algumas empresas subsidiárias, um exercício que certamente já mexe e ocupa lugar de destaque nas conversas do dia-a-dia na empresa.Por outro lado, as recentes promoções de Baptista Sum-be e Sebastião Gaspar Martins para Administradores Executivos, bem como de Albina Assis, para Adminis-tradora não Executiva, reforça os indícios de que a hora da virada chegou.Na mesma senda, as recomendações saidas da Reu-nião Consultiva da Ministério dos Petróleos em Sauri-mo reanima a vida no sector e renova as expectativas quanto ao futuro que se augura de aumento dos níveis de produção e produtividade no trabalho. É tempo pois de acreditar no tempo, motivados pela vontade de fazer mais e abrir caminhos carregados de certeza de que o futuro melhor somente é possível com muito trabalho e determinação.

notÍCiAs 05BREVES DA ACTUALIDADE

Saiba as últimas novidades sobreo petróleo e o Universo Sonangol

EDiÇÃo• Gabinete de Comunicação e Imagem – [email protected] • Director – João Rosa Santos • Redacção Principal – Hélder Sirgado (coordenador) • Editores – Nadiejda Santos, Paula Almeida, Kimesso Kissoca • Reporteres – Raimundo Vilares, José Augusto, Edvaldo Nelumba, José Quarenta, Henrique Artur • Colaboradores Permanentes – Beatriz Silva, José Mota, Carlos Guerreiro, Sandra Teixeira, , Lúcio Santos, Marta Sousa, José Neto, José Oliveira, Lucas Santos, Lúcia Anapaz, Miguel Mendonça, Patrícia Rogério, Sónia Santos • Secretariado – Helena Tavares, Yolanda Carvalho • Distribuição – Mateus Tavares, Carvalho Neto, Diogo Lino • Impressão – Damer Gráficas, S. A. • Tiragem – 5000 exemplares • Design Gráfi co e Produção –

ConsELHo DE ADministrAÇÃo • Presidente – Manuel Vicente • Administradores – Anabela Fonseca, Fernando Roberto, Francisco de Lemos,Mateus de Brito, Baptista Muhongo Sumbe, Sebastião Gaspar Martins, Albina Assis Africano, José Guime, André Lelo

ProPriEDADE Sonangol, E. P

• Sede Rua Rainha Ginga, 29/31 Caixa Postal 1316 LuandaTel.: 226 643 342 / 226 643 343Fax: 226 643 996www.sonangol.co.ao

DEstAQUE 08SONANGOL E O FUTURO

Uma análise do que mais importante fi cou das declarações do Engº Manuel Vicente na

conferência de imprensa dos 34 anos da Sonangol

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EntrEvistA ENG.ª ALBINA FARIA DE ASSIS AFRICANOA Comissária da Expo Xangai revela-nos o que está por detrás da nossa representação na Expo 2010

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04 • Junho 2010 - Nº21

PETRÓLEO ILUMINANTE EMBALADO

A fábrica tem capacidade para um enchimento diário de 15 mil litros de petróleo iluminante. Nos próximos tempos, com a entrada em funciona-mento da segunda linha de enchimento, poderá atingir o dobro dos núme-ros actuais. O produto está a ser distribuído por quase todo o território nacional e a venda a ser realizada por revendedores autorizados com des-taque para as cidades de Benguela e Lobito e Postos de Abastecimento de combustíveis e nos estabelecimentos de venda autorizados. Quanto ao futuro importa referir que esta pequena unidade é de carácter provisório. Futuramente teremos uma unidade de maior dimensão, o que permitirá certamente um aumento signifi cativo da produção e consequentemente a distribuição em maior escala.

ADMINISTRADOR MATEUS DE BRITO REALÇA COOPERAÇÃO NO SECTOR PETROLÍFERO

O Administrador da Sonangol EP., Mateus de Brito, afi rmou que a Sonangol man-tém uma forte cooperação com companhias petrolíferas internacionais na pro-dução de petróleo e de gás e que essa cooperação contribuiu signifi cativamente para o aumento da produção angolana de petróleo. O Administrador falava no IV Fórum Internacional das Companhias de Energia que decorreu recentemente em Cancun, no México. Mateus de Brito defendeu uma maior cooperação entre companhias petrolíferas visando evitar a “volatilidade” dos preços do crude. Refi ra-se que o IV Fórum Internacional das Companhias de Energia antecedeu a realização do XII Fórum Internacional de Energia (FIE) que teve lugar igual-mente em Cancun e no qual Angola esteve representada por uma delegação chefi ada pelo Ministro dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos. Nessa reunião, Angola subscreveu a “Declaração Ministerial de Cancun” aprovada no passado dia 31 de Março do corrente ano.

GÁS NATURAL EM CONFERÊNCIA NA ARGÉLIA

Uma delegação angolana do Ministério dos Petróleos, chefi ada pelo titular da pasta, Botelho de Vasconcelos, participou, recentemente, do 10º Fórum dos Países Expor-tadores de Gás Natural, em Oran, na Argélia. Por outro lado, decorreu simultanea-mente, em Oran, a 16ª Conferência e Exposição Internacional sobre o Gás Natural Liquefeito (LNG 16), reunião que contou com a participação da Sonangol Gás Natural.No referido evento, o Presidente da Comissão Executiva desta Subsidiária da Sonangol EP, António Órfão, presidiu a uma sessão plenária que teve como tema “O futuro da relação Produtores/Consumidores”. Na sua intervenção, António Órfão, que se fez acompanhar de responsáveis da Sonagás e de representantes do Pro-jecto Angola LNG, destacou as actividades da Sonangol no desenvolvimento de projectos relacionados com o Gás Natural.

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DICIONÁRIO DO PETRÓLEO EM LÍNGUA PORTUGUESA

“Na indústria petrolífera dos países de língua portuguesa há muito que se fazia sentir a necessidade de uma ferramenta que permitisse a uniformização dos termos técni-cos relativos a petróleo e gás, referentes tanto à pesquisa e à produção”.A Sonangol, em colaboração com o Instituto Brasileiro do Petróleo e Bio combustíveis, Petrobrás e a Partex de Portugal, lançou o primeiro dicionário do petróleo em língua por-tuguesa. Este dicionário, fruto da cooperação entre Angola, Brasil e Portugal no domí-nio dos hidrocarbonetos, comporta 635 páginas, repartidas em sete capítulos e explica de forma clara e objectiva as principais referências e terminologias utilizadas no sector petrolífero. Uma obra que facilita a lin-guagem e a compreensão dos termos técnicos usados na indústria do petróleo, assim como, uma verdadeira contribuição para os que trabalham ou pretendam trabalhar no sector, ou ainda para jornalistas e estudantes que agora têm a onde recorrer.O acto de lançamento do dicionário, publicado pela editora Lexikon, foi presidido pela ministra do Ensino Superior e Ciên-cia e Tecnologia, Cândida Teixeira. No evento estiveram presentes também o ministro dos petróleos, Botelho de Vasconce-los, Fernando Roberto, Administrador da Sonangol E.P, António Pinho e Alberto Santos, da Partex, Manuel Murilo Silva, da Petrobrás e Jeconias Queirós.O dicionário do Petróleo em língua portuguesa, apresentando já no Rio de Janeiro e em Lisboa, é uma obra de referência. Botelho de Vasconcelos realçou que “poderá exercer ao mesmo tempo um papel de infor-mação e formação e aproximação entre os seus utentes, assim como contribuiu para o enriquecimento da língua, uma vez que comporta um glossário trilingue (Inglês, Português e Francês)”.Presente a ministra do Ensino Superior e Ciência e Tecnologia, Cândida Teixeira, afi rmou que “que a comunica-ção especializada desempenha um papel muito importante no saber científi co e técnico. Os termos especiali-zados têm valor operacional na comunicação e desempenham o seu papel na fi xação e na circulação do saber”.Em breve, este dicionário estará disponível à consulta pública, nas bibliotecas das instituições de ensino superior e em instituições especializadas.

CONSELHO FISCAL DA REFINARIA DE LUANDA TOMA POSSE

O Presidente do Conselho de Administração da Sonangol EP, Manuel Vicente, conferiu posse, nos últimos dias, ao Presidente do Conselho Fiscal da Refinaria de Luanda, Abílio Gomes. No decorrer da cerimónia foram igual-mente empossados os Vogais do mesmo órgão, nome-adamente Grisela Mota Lemos e Carlos Liumba. O acto de tomada de posse contou com a presença de mem-bros do Conselho de Administração da Sonangol EP e de responsáveis da Refinaria de Luanda.

PRESIDENTE DA PETROBRAS RECEBIDO NA SONANGOL EP

O Presidente do Conselho de Administração da Sonan-gol EP, Manuel Vicente, recebeu recentemente, no seu gabinete de trabalho, no Edifício Sede da empresa, em Luanda, o Presidente da companhia de petróleos brasi-leira Petrobras, José Sérgio Gabrielli de Azevedo.Durante a reunião, que teve como enfoque o balanço da cooperação entre a Sonangol e a Petrobras, foram igual-mente abordadas outras questões pertinentes ligadas ao mercado petrolífero internacional.

Grisela Mota LemosCarlos LiumbaAbílio Gomes

Botelho de Vasconcelos, Cândida Teixeira e Fernando Roberto

Manuel Vicente e José Sérgio Gabrielli de Azevedo

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6 • 1º Trimestre Maio 2010 - Nº33

Texto: Joaquim VicenteFotografi a: Edu Gtuktds

Falar de tempo é sempre crítico, e geri-lo efi cientemente é ainda mais. Todavia, as empresas no

mundo inteiro, incluindo a Sonangol, não fi caram alheias à grave crise fi nan-ceira mundial e às suas consequências. Como resultado da melhoria do preço do petróleo nos mercados internacionais, já começamos a sentir, embora de forma ainda tímida, um optimismo controlado de que a situação está a evoluir positiva-mente e que o fi m da crise poderá estar para breve. Na minha modesta opinião, penso também que os níveis de con-fi ança dos trabalhadores em relação ao futuro da empresa são tranquilizadores. Pela sua pertinência e actualidade, con-sidero pois que a Direcção dos Recursos Humanos teve uma excelente iniciativa ao organizar um workshop com o tema "Gestão em Tempo de Crise" no qual os participantes proporcionaram uma dis-cussão aberta e desapaixonada. Pelo interesse que me despertou o assunto, revisei alguns documentos a procura de informação sobre a crise fi nan-ceira mundial, numa espécie de trabalho de casa. E confi rmei que efectivamente o Conselho de Administração da Sonangol estava pleno de razão quando conside-rou que a empresa tinha assumido uma atitude de maturidade perante a crise mundial. Antevendo os riscos daí resul-tantes, a companhia diversifi cou alguns investimentos com benefícios à médio e longo prazos, garantindo ao mesmo tempo a continuidade de uma parceria exemplar com o Estado e cumprindo a Legislação Fiscal Angolana.As opções estratégicas e as apostas audazes para uma gestão em tempo

6 • 1º Trimestre Maio 2010 - Nº33

Texto: Joaquim VicenteFotografi a: Edu GtuktdsEdu Gtuktds

Edifício Sede da Sonangol EP

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oA HISTÓRIA DE UMA CAMINHADATrinta e quatro anos são passados desde a criação da Sociedade Nacional de Combustível

de Angola, Sonangol. Porém, estamos todos de parabéns e à semelhança dos anteriores aniversários, as actividades em prol da data foram várias; de concursos literários à recreação,

incluindo workshops organizados pela Direcção de Recursos Humanos da Sonangol EP, com prelectores de craveira internacional e com um tema sugestivo: Gestão em Tempo de Crise

de crise incluíram cortes em algumas rubricas orçamentais, situação que foi descrita como pontual e com a perspec-tiva de reversão nos próximos tempos. As crises criam sempre novos desafi os para o futuro. Por esta razão os orça-mentos deverão ser fl exíveis, aten-dendo à essas expectativas. Gostaria de referir que o quebra-gelo feito atra-vés de uma peça teatral, no decorrer do workshop, ajudou a desmistifi car as razões que estiveram na base dos cor-tes orçamentais. Esta realização tradu-ziu-se de facto numa aula de sapiência para o público presente no superlotado Anfi teatro do 5º andar do Edifício Sede da Sonangol EP.

OS EXEMPLOS DA CHINA E DA ÍNDIA

É hoje evidente que somos uma família forte e temos uma empresa na qual po-demos acreditar, por responder ao espí-rito e à letra dos valores que constituem o núcleo da sua cultura empresarial. A razão desta crença é simples. A crise económica e fi nanceira mundial fez-nos perceber que o nosso ponto forte co-mo empresa não assenta tão-somente na melhoria do preço do petróleo, mas também nos colaboradores, porque es-tes sim, são a sua maior riqueza, o seu capital humano. Já era do domínio de todos que a China e a Índia eram os países de momento e que seriam exemplos a seguir. Depois de ter lido os livros “O Século Chinês” e “China e Índia”, ambos do mesmo autor, Frederico Rampini, fi quei efectivamente admirado com o progresso alcançado por esses dois gigantes. Mas será que a

crise fi nanceira mundial não afectou a China e a Índia, tendo as suas empresas continuado a subir vertiginosamente no ranking mundial? Recordo aqui alguns dados saídos do workshop sobre Ges-tão em Tempo de Crise: Na Índia existem 380 Universidades que formam 200.000 Engenheiros/ano, 300.000 Licencia-dos em Ciências Físicas, Matemática e Ciências Humanas. As suas empre-sas, a par das Chinesas, constituem o maior exportador de softwares mundial. A população Indiana que fala Inglês é superior à população da França. A Índia tem igualmente o mais vasto “reser-vatório qualifi cado” de mão-de-obra técnica e científi ca a seguir aos EUA. O rendimento per capita ronda os 500 USD/ano. A qualidade da formação nesse país asi-ático tem o reconhecimento da UNESCO e de entidades afi ns. 12 por cento dos cientistas da maior parte das faculda-des dos Estados Unidos da América, e até mesmo 36 por cento dos melhores matemáticos da NASA são descenden-tes da Pátria de Gandhi. Quanto à China, país também da Ásia, em breve ocupará a 1ª posição mun-dial dos países onde se fala a língua inglesa. O Departamento do Trabalho dos EUA estima que os estudantes de hoje terão de 10 à 14 empregos…. 1 em cada 8 casais que contraiu matrimó-nio nos EUA no ano passado conheceu-se online. Para estudantes que estão a começar um curso de graduação de 4 anos, metade do que eles aprende-ram no 1º ano de estudo estará ultra-passado quando chegarem ao 3º ano do curso. A 3ª geração de fibras ópticas

foi recentemente testada pela NEC e pela Alcatel. Cada fibra permite um trá-fego de 10 triliões de bits por segundo. Esta fibra já está concluída, estando actualmente a serem feitas melho-rias nas terminações, significando um custo marginal próximo de USD 0. A previsão de exportações do projecto “laptop por USD 100” é de 100 milhões por ano para crianças dos países sub-desenvolvidos, incluindo ANGOLA. As previsões para 2049 são de que um computador de USD 1.000 superará a capacidade de processamento da raça humana.De acordo com os prelectores, “o mundo hoje não está a mudar..., o mundo mudou!!!!!” em todas as suas verten-tes. O “Boss” do grupo teatral só não disse uma coisa que parece óbvia, ou seja, que as crises constituem uma prova de fogo para os gestores e não só. Com o devido respeito por opiniões con-trárias, os benchmarkings, a formação interna e externa, enfim, devem servir como escopo principal para oportuni-dades pós-crise. Em resumo, apesar da crise a Sonan-gol continua a demonstrar que é um grupo coeso que resistirá a todas as metamorfoses. Apesar da austeridade que a crise impõe, a ambição competi-tiva da Sonangol assentará certamente no estímulo ao desenvolvimento de know-how para que, enquanto suporte da economia nacional, projecte Angola para, quem sabe, o nível de desenvol-vimento dos Indianos e dos Chineses.E tudo isto a propósito dos 34 anos da Sonangol, razão pela qual estamos todos, merecidamente, de parabéns…

Texto: Joaquim VicenteFotografi a: GCI

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• Junho 2010 - Nº2108

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PERSPECTIVAS PARA O ANO 2010

A Sonangol, nos últimos anos, tem vindo a consolidar a cadeia organizacional e a tornar a Sonangol E.P numa casa fi nan-ceira, passando os negócios a serem exe-cutados a nível das subsidiárias, sendo a Sonangol Pesquisa e Produção, SARL, a companhia operadora. A Sonangol entrou no ano passado no negócio da refi nação, consolidou o con-trolo da Refi naria de Luanda e respec-tivas operações, assim como realizou estudos com vista à sua modernização.Na área da logística continuou-se a imple-mentação do programa de expansão da capacidade de armazenagem, como a expansão da rede de distribuição. No shi-pping houve um crescimento, também pelo apoio dado a nível da cabotagem para todo o exercício interno.Segundo Engenheiro Manuel Vicente, três indicadores infl uenciaram, quer no desempenho operacional, quer no desempenho fi nanceiro: – “o desem-penho operacional foi bastante infl uen-ciado pelo ajustamento nas quotas de produção impostas pela OPEP, como consequência, a quota-parte da Sonan-gol na produção global decresceu 15,67 por cento e com estes ajustamentos, com o preço de petróleo mais baixo, houve efeitos em relação às receitas inerentes. Determinou-se uma redu-ção na receita de vendas e divisas na ordem dos 51 por cento”.O Presidente do Conselho de Adminis-tração da Sonangol adiantou ainda que

se trabalhou, no ano passado, com um preço médio de petróleo de 61,64 USD, e que a produção foi de 684 mil barris por dia e a taxa média de câmbio pra-ticada de 89 Kwanzas por cada Dólar Americano – “em termos de desem-penho fi nanceiro, tivemos vendas no valor de 13,2 biliões de dólares ameri-canos, um custo de vendas de cerca de um milhão de dólares e um lucro líquido apurado de 2,4 biliões de dólares. Desta forma, podemos dizer que a Sonan-gol, apesar destes resultados serem ainda provisórios, podemos dizer que a empresa mantém a robustez fi nan-ceira assente nos lucros que são supe-riores a dois mil milhões de dólares. O endividamento é moderado, apenas metade dos seus capitais próprios e, por isso, está com um forte, sólido e cres-cente fundo de maneio líquido e com uma liquidez que é invejável”.Em termos de obrigações para com o fi sco e tesouro nacional, a Sonangol liquidou os impostos no ano passado, no valor de 936 milhões de dólares. Pagou-se ao Estado, como resultado dos divi-dendos dos exercícios de 2007 e 2008, cerca de 436 milhões de dólares.Quando falamos em desafi os para esta empresa do estado, Engº Manuel Vicente avança com vários – “transformar a Pes-quisa e Produção e a Sonagás em ope-radoras de destaque para a produção de petróleo e gás; gerir o declínio dos campos maduros, há campos que já

estão próximos dos 30 anos de explo-ração, estão praticamente em depres-são e outros vão a caminho disso; repor essas reservas, o que implica que temos que ser mais agressivos no futuro, em termos de campanhas de exploração; proceder à ampliação e modernização da Refi naria de Luanda, acelerar o pro-cesso de construção da refi naria do Lobito; Introduzir melhorias signifi cati-vas no segmento de distribuição atra-vés da implementação acelerada do plano director de armazenagem e do plano director de exploração da rede. O que se justifi ca cada vez mais com o cenário de procurar entrar no seg-mento da petroquímica; depois tam-bém temos em mente, porque embora atrasado, mas não esquecido, a lista-

CONFERÊNCIA DE IMPRENSABALANÇO DE 2009

Texto: Ana MaurícioFotografi a: SpeedLight

“A Sonangol mantém robustez fi nanceira assente em lucros superiores a dois mil milhões de dólares. O endividamento é moderado, apenas de metade dos seus capitais próprios e, por isso, está com um forte, sólido e crescente fundo de maneio líquido e com uma liquidez que é invejável”

cente fundo de maneio líquido e com

Em termos de obrigações para com o fi sco e tesouro nacional, a Sonangol liquidou os impostos no ano passado, no valor de 936 milhões de dólares. Pagou-se ao Estado, como resultado dos divi-dendos dos exercícios de 2007 e 2008,

Quando falamos em desafi os para esta empresa do estado, Engº Manuel Vicente avança com vários – “transformar a Pes-quisa e Produção e a Sonagás em ope-radoras de destaque para a produção de petróleo e gás; gerir o declínio dos campos maduros, há campos que já

“O PONTO MAIS RECENTE É O IRAQUE. FORAM-NOS

CONCEDIDAS DUAS CONCESSÕES QUE CUSTARAM 200 MILHÕES

DE DÓLARES. TEM HAVIDO UMA APROXIMAÇÃO DA SONANGOL

DE UM NÚMERO GRANDE DE COMPANHIAS INTERNACIONAIS

QUE ESTÃO INTERESSADAS EM PARTICIPAR CONNOSCO NESSAS CONCESSÕES”

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“O DESEMPENHO OPERACIONAL FOI BASTANTE INFLUENCIADO PELO

AJUSTAMENTO NAS QUOTAS DE PRODUÇÃO IMPOSTAS PELA OPEP.

COMO CONSEQUÊNCIA, A QUOTA-PARTE DA SONANGOL

NA PRODUÇÃO GLOBAL DECRESCEU 15,67 POR CENTO”.

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10 • Junho 2010 - Nº21

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gem da Sonangol nos principais mer-cados fi nanceiros”. ›››A internacionalização da Sonangol é também uma realidade. Existem pla-nos estratégicos para procurar recur-sos no sentido de repor as reservas que foram já exploradas, como afirma o PCA – “para além do papel de con-cessionária, a Sonangol é uma compa-nhia de petróleos e só nos poderemos considerar uma companhia de petró-leos se tivermos activos e se tivermos reservas. Estas reservas tanto podem ser encontradas em território nacio-nal, como podem ser encontradas no exterior. É esse trabalho de internacio-nalização que temos feito: encontrar reservas onde for possível, no sentido de poder também explorá-las e tra-zer mais-valias. É aí que entra o Ira-que, a América do Sul e todos outros pontos onde estamos a tentar entrar. Esta estratégia vai continuar, porque se quisermos ser companhia de petró-leos, temos que continuar nessa senda. Não há como recuar. Simultaneamente, na qualidade de concessionária vamos continuar isto na concertação que já está feita com Estado a procurar outras bacias petrolíferas para repor as reser-vas que já foram exploradas”.A Sonangol já está em Cabo Verde há algum tempo. Quanto ao Equador continuam as conversações, mas é o Iraque, o ponto mais recente. Foram concedidas duas concessões que cus-taram 200 milhões de dólares – “tem havido uma aproximação da Sonangol de um número grande de companhias

internacionais que estão interessadas em participar connosco nessas con-cessões. Ainda não se tomou decisão alguma sobre isso, estamos a regis-tar essas intenções e de seguida vai haver a respectiva avaliação e a seu tempo informaremos qual o consórcio definitivo. Relativamente a São Tomé, temos estado a fazer consultoria ao governo para uma melhor estrutura-ção do quadro legal a nível da activi-dade petrolífera e da definição de uma estratégia. Estamos no “Downstream” se houver oportunidades estaremos no "Upstream"desde que se provem atractivas, nós vamos estar presentes. Falou-se também, e tem sido muito atractivo, mas não tem nada de con-creto ainda, é de se fazer um investi-mento comum a nível dos PALOP. Neste caso, as principais companhias seriam a SONANGOL, Petrobras, a GALP e a própria empresa de São Tomé. É um caso que temos estado a maturar e, provavelmente, será a nível deste veí-culo que nós vamos estar presente no “Down Stream”.Foi notícia ainda, no mundo da Sonan-gol, a compra à Marathon Oil de 20 por cento do bloco 32. Não se tratou de uma estratégia, nem orientação, mas sim de recuperar recursos que perten-cem ao Governo de Angola – “a Mara-thon tentou, depois do primeiro aviso da concessionária, vender a compa-nhia que titula esses 30 por cento do bloco 32 e, vendendo a companhia, automaticamente vendia todos os activos. Houve uma carta da Sonangol

concessionária a dizer que se assim procedessem nós iríamos agir legal-mente, não só em Angola, como nos Estados Unidos e, em função disso, a concessionária apresentou ainda uma carta a dizer que ia exercer o direito de preferência, que ia tomar os 20 por cento que estavam à disposi-ção, uma vez que as companhias têm o direito de vir explorar esses recur-sos, que são recursos que perten-cem ao governo de Angola e uma vez que já não estão interessados neles devem devolver aos respectivos donos e não comercializá-los publicamente.Essa foi a grande intervenção da Sonangol. Na transacção foi pago um bilhão e trezentos mil dólares à Marathon pelos 20 por cento e vamos agregar essa percentagem ao consór-cio que temos com os chineses da joint venture China Sonangol”.Outra grande intervenção da Sonan-gol, nos próximos tempos, vai ser em relação à GALP, cuja concertação com o governo português termina no fi nal

“FOI PAGO UM BILIÃO E TREZENTOS MIL DÓLARES

À MARATHON PELOS 20 POR CENTO E VAMOS AGREGAR ESSA PERCENTAGEM

AO CONSÓRCIO QUE TEMOS COM OS CHINESES – JOINT VENTURE

CHINA SONANGOL”

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do ano – “Há rumores a circular de que a Petrobras vai entrar, que a ENI vai sair. Neste momento, tudo leva a crer que a ENI vai sair e, como vai sair, é isso que terá que ser concer-tado durante este ano. Quanto à par-ticipação, a Sonangol está de forma indirecta através da Amorim Energia. Se pudéssemos estar de forma directa, não via nenhum constrangi-mento. Não vejo a Petrobras como ameaça, pelo contrário, cada vez mais, a nível das companhias nacio-nais de petróleo, há complementa-ridades e um maior intercâmbio de acções. Estamos a acompanhar esse processo, somos parte integrante dele, e vamos participar na sua decisão. Resultados? Só mais à frente poderei dizer alguma coisa”.

Francisco de Lemos, Manuel Vicente, Anabela Fonseca e Mateus de Brito

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12 • Junho 2010 - Nº21

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ÁLi

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QUEDA E RECUPERAÇÃO DO PREÇO DO PETRÓLEO

PETRÓLEO

Em apenas dois anos o preço do petróleo atingiu os píncaros, mergulhou numa profunda queda e encetou uma surpreendente recuperação. E, apesar de se ter superado novamente a fasquia dos 80 dólares por barril, os riscos ainda não se dissiparam em definitivo

Há dois anos, corria o mês de Julho, e o preço do petróleo atingia o valor mais elevado de sem-

pre. No primeiro semestre de 2008, as cotações da matéria-prima energética atingiram máximos históricos suces-sivos, atingindo um pico a 11 de Julho, com o WTI (West Texas Intermediate, negociado em Nova Iorque) nos 147,27 dólares por barril e o Brent do Mar do Norte – “benchmark” para a Europa – nos 147,50 dólares por barril. O mundo andava eufórico, o sistema económico global parecia funcionar, exigindo cada vez mais energia para alimentar um consumo crescente. De súbito, com a irrupção da crise do designado “subprime” norte-ameri-cano (que corresponde, em linguagem comum, a crédito hipotecário hiper-valorizado), percebeu-se que, afi nal de contas, as bases em que assentava a economia mundial eram ilusórias e que o nível de endividamento atingido pela esmagadora maioria dos países indus-trializados, considerados como “mais desenvolvidos”, insustentável. O “cho-que petrolífero”, consubstanciado na elevação dos preços, nada teve a ver com o desmoronamento da econo-mia internacional, mas houve quem não se coibisse de apontar um dedo ao “oportunismo” do “cartel” de paí-

Texto: José MassingaFotografi a: GCI

ses produtores agregado em torno da Organização dos Países Exportadores de Petróleo - OPEP. Nada mais falso. Até porque, diga-se de passagem, o hábito, que se instalou na comuni-cação social, de designar a OPEP (ou OPEC na versão original) de “cartel” dá jeito mas faz muito pouca justiça ao que esteve na origem da sua fun-dação: precisamente a necessidade de contrapor os interesses dos paí-ses produtores de petróleo à lógica do Cartel que reunia um punhado de empresas petrolíferas (baptizadas pelo director da italiana ENI, Enrico Mattei, como “sete irmãs”, expressão que ser-viu de título ao célebre livro de Anthony Sampson sobre o mundo do petróleo) que dominavam o mercado mundial. É mais correcto comparar a OPEP a um sindicato que a um cartel, como assinala Peter R. Odell no seu clássico “O Petróleo e o Poder Mundial”.Na verdade, não há qualquer seme-lhança entre o choque petrolífero do início dos anos setenta e a crise que vivemos desde 2008, a qual pouco teve a ver com a alta dos preços energéti-cos, buscando antes as suas causas no desequilíbrio prevalecente no sistema fi nanceiro, que se afastou demasiada-mente da economia real, fenómeno traduzido na sobrevalorização gene-

ralizada de activos. Ao contrário, em 1970-1971, a economia mundial estre-mecera, de facto, face ao aumento do preço do petróleo, fenómeno que deri-vou de factores complexos, entre os quais preponderou a transferência do poder sobre o mercado dos compra-dores para os vendedores. Os países produtores reagiram vigorosamente à tentativa de impor preços baixos e a emergência de novos regimes, como o líbio, reforçou essa reacção que, curio-samente, ou mesmo ironicamente, coincidiu com os interesses norte-ame-ricanos, tornando viável o preço bruto marginal do petróleo do mar do Norte ou do Alasca. Muito mudou nas quatro últimas déca-das no que refere à principal indústria mundial, a indústria petrolífera. À era absolutamente americana, marcada pelo monopólio da Standart Oil Com-pany de John D. Rockefeller (1859-1909), sucedeu-se a fase em que pontifi ca-ram as grandes companhias que, nos Estados Unidos, resultaram da frag-mentação da Standart Oil ditada pela legislação anti-trust (a Standart Oil de New Jersey mais conhecida como Esso, a Standart de Nova Iorque, Socony que, mais tarde, se tornou a Mobiloil e se veio a fundir com a Exxon, dando ori-gem à ExxonMobil, a da Califórnia, ›››

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Médio Oriente

OCDE

Ex-União Sovética

África

América Latina

Ásia

China

Europa não-OCDE

Médio Oriente

OCDE

Ex-União Sovética

África

América Latina

Ásia

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Europa não-OCDE

31.8%

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ANO

1973 Total: 2867 Mt

ANO

2008 Total: 3941 Mt

Fig.1PRODUÇÃO MUNDIAL

DE PETRÓLEO(Fonte AIE)

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14 • Junho 2010 - Nº21

Desde então os países produtores, den-tro ou fora da OPEP, vêem ganhando autonomia, os Estados nacionais afi r-maram o seu poder no que respeita ao controlo e exploração dos recursos naturais existentes nos respectivos ter-ritórios e há mesmo quem já chegue ao ponto de afi rmar que as antigas super-poderosas companhias que domina-vam o mercado foram substituídas por outras, de cariz estatal. Em Março de 2007, o Financial Times, publicava um curioso artigo assinado por Carola Hoyos, sob o sugestivo título “As novas Sete Irmãs: gigantes do petróleo e do gás impõem-se sobre os rivais ociden-tais”. Nele se afi rma que um novo naipe de empresas estatais de países que não pertencem ao elitista clube dos designados desenvolvidos “empur-rou para canto e para uma crise exis-tencial os maiores grupos de energia cotados nas Bolsas mundiais e que emergiram das Sete Irmãs originais – ExxonMobil e Chevron, dos Estados Unidos, BP e Royal Dutch Shell, da Europa”. As novas empresas podero-sas no mundo petrolífero apontadas no texto são a Aramco, da Arábia Sau-dita, a Gazprom, da Rússia, a CNPC, da China, a NIOC, do Irão, a PDVSA, da Venezuela, a Petrobras, do Brasil e a Petronas, da Malásia.Com ou sem redistribuição do poder sobre o mercado e independentemente das diferentes projecções que pres-sagiam o seu declínio, mais ou menos célere, o certo é que o petróleo conti-nua a ser o principal recurso energé-tico a nível global e a sua produção e consumo não param de crescer. Já em 1950, após a Segunda Guerra Mundial, quando o aumento da produção petro-lífera excedeu o de todas as outras

que passou a singrar sob a sigla Che-vron, a Gulg Oil de Pittsburg e a Texaco, como o nome indica, do Texas), a que se juntaram o grupo anglo-holandês Royal Dutch/Shell e a britânica British Petroleum (BP). O poder destes sete empórios sobre o mercado era esma-gador. Basta dizer que apenas duas companhias, a BP e a Shell, controla-vam todo o mercado do Médio Oriente. Posteriormente, o processo de aproxi-mação e fusão entre as sete grandes petrolíferas veio a resumi-las a qua-tro grandes operadores. Só que, entre-tanto, não só se verifi cou uma reacção nacionalista contra o império das gran-des companhias, movimento que teve origem na América Latina e se alargou à África e à Ásia, como, a partir de 1950, o mercado passou a refl ectir a acção de novos protagonistas, as socieda-des independentes, sobretudo euro-peias e japonesas, que forçaram os titãs do sector a baixar os preços em benefício dos países importadores. Os europeus, por seu lado, grandes con-sumidores e, desde sempre, no que toca ao mercado petrolífero, dependentes do poder norte-americano, criaram as suas empresas estatais, entre as quais avul-tam a ENI (Ente Nazionale Idrocarburi) italiana e a francesa CFP (Compagnie Française dés Pétroles). A diluição do poder sobre o mercado e a exploração de novas regiões petrolíferas fi zeram descer os preços, ameaçando o rendi-mento dos países produtores, que era calculado, em muitos casos, com base no preço estabelecido. Daí à criação, em 1960, da OPEP foi um passo. A organi-zação, que reunia os principais países produtores, conseguiu evitar a deterio-ração dos preços e obteve um êxito assi-nalável na sua acção a partir de 1970.

actividades económicas de grande escala, se produziam duas vezes mais ramas que em 1945. Em 1960, a produ-ção duplicava, atingindo 1.000 milhões de toneladas. Em 1968, atingiam-se 2.000 milhões de toneladas. Em 1973, os 2.867 milhões e, em 2008, o ano de todos os recordes em termos de preço do barril, a produção mundial acer-cava-se dos 4.000 milhões de tone-ladas (ver Fig.1).Os mercados globalizaram-se cada vez mais, com infl uência decisiva na volatilidade dos preços, a especula-ção intensifi cou-se, exemplifi cada pela existência de largas reservas de petró-leo em barcos estacionados em alto mar, a exploração encareceu, com os esforços de prospecção de novas jazi-das a dirigirem-se para camadas cada vez mais profundas e/ou menos aces-síveis, pelo que aos países produtores, que têm agora um maior poder sobre os respectivos recursos, importa sal-vaguardar um preço de equilíbrio que viabilize as prospecções e explorações em curso e assegure um adequado nível de receitas. Ao mesmo tempo, há que não causar constrangimentos aos paí-ses consumidores, os quais acabam por produzir um efeito “boomerang”, traduzindo-se numa redução da pro-cura e, em consequência, na quebra dos preços.Se o barril atingiu, em Julho, no pico da euforia mundial, um valor recorde, pas-sado apenas um semestre, em Dezem-bro, decaía, sob o impacto da crise internacional decaía, para 35 dólares, ou seja, perdia mais de 112 dólares…Foi debaixo da enxurrada da crise mun-dial que a OPEP se reuniu, o ano pas-sado, a 15 de Março, em Viena, sob a presidência do país neófi to na organi-

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O QUE É O CABAZ OPEP

O cabaz de referência da OPEP com-bina 12 diferentes espécies de petróleo produzidas pelos seus países mem-bros: Saharan Blend (Argélia), Girassol (Angola), Oriente (Equador), Iran Heavy (Irão), Basra Light (Iraque), Kuwait Export (Kuwait), Es Sider (Líbia), Bonny Light (Nigéria), Qatar Marine (Qatar), Arab Light (Arábia Saudita), Murban (Emiratos Árabes Unidos) e Merey (Venezuela).

Setembro Outubro Novembro Dezembro

1.5

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Fig.2 – PRODUÇÃO MUNDIAL DE PETRÓLEO (Fonte AIE)

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zação: Angola. Finda a cimeira, o minis-tro angolano dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos, presidente em exercício da organização, comunicava à imprensa a decisão de manter as quotas de pro-dução de 11 dos seus 12 membros (o Iraque não está sujeito ao sistema de quotas). O grau de cumprimento da redução fi xada no último trimestre de 2008 (4,2 milhões de barris diários, ver Fig. 2), implementada a partir de 1 de Janeiro de 2009, situava-se nos 79% do objectivo traçado, ou seja, os 11 países membros sujeitos ao sistema de quotas já haviam retirado do mer-cado mais de 3,3 milhões de barris/dia. Faltava ainda retirar do mercado mais de 850 mil barris diariamente. O con-trolo das quotas de produção fi xadas

a cada país membro foi, desde o início, um quebra-cabeças para a OPEP. Res-tava então saber o que se iria passar a seguir e que dependia da conjugação de dois factores: a reanimação pro-gressiva da economia internacional e o cumprimento das quotas estabeleci-das para cada país membro da OPEP, sendo que grandes produtores como a Rússia e a Noruega não fazem parte da organização, embora frequentem as suas cimeiras e se declarem solidá-rios com as medidas tomadas no sen-tido de reequilibrar os preços.E, de facto, era prudente não decidir por cortes mais drásticos na produção. Os países produtores viam as suas reservas líquidas emagrecerem num repente, não tanto devido à redução dos volumes exportados mas, acima de tudo, em resultado do impacto produ-zido pela quebra nos preços. Com efeito,

os países membro da OPEP confron-taram-se com uma quebra de 61% na receita líquida proveniente da venda de petróleo, tendo arrecadado, em 2009, 383 mil milhões de dólares em resultado da exportação da matéria-prima. Em Angola, que empreende um esforço ambicioso de reconstrução, as reservas líquidas sobre o exterior caíam dos 18 mil milhões de dólares para um valor próximo dos 12 mil milhões de dólares. O Orçamento Geral do Estado foi revisto em Junho, as expectativas quanto ao crescimento baixaram, a estimativa para a produção petrolí-fera anual decaía de 739,7 milhões de barris para 693,6 milhões de barris e a despesa pública contraiu-se. Só no primeiro semestre do ano a quebra

de receita na exportação de petróleo ultrapassara, em comparação com os primeiros sete meses de 2008, os 13,5 mil milhões de dólares, ou seja, regis-tava uma quebra de 200% em relação a igual período de 2008.Mas o novo tecto fixado à produção dos países membros da OPEP começou a dar os seus frutos e a recuperação internacional, apoiada fundamental-mente nos países emergentes como a China, a Índia e o Brasil, a dar sinais muito positivos. O petróleo subia, logo em Abril, acima dos 50 dólares, o que significava que a taxa efectiva de cumprimento por parte dos países membros era elevada e que a presi-dência angolana, apesar das circuns-tâncias difíceis em que decorrera a sua estreia, ia levando a água ao moi-nho. Botelho de Vasconcelos colo-cava a fasquia para o final do ano, e

do mandato, num patamar elevado - apontando para que o preço do barril se situasse, no termo de 2009, entre os 70 e os 75 dólares.O objectivo foi inteiramente atingido. Em Dezembro de 2009 o barril de petróleo de referência da OPEP (ver caixa) atingia os 74,01 dólares e não parou de subir ao longo do ano, ape-sar dos ligeiros recuos registados nos meses de Julho e Setembro (ver Fig. 3).O futuro abre-se num horizonte mode-radamente optimista, tudo depen-dendo agora da consolidação da retoma internacional. Angola ampliou a sua capacidade produtiva e deverá passar a produzir, em 2011, 2,1 milhões de barris diariamente. Tendo em conta o potencial dos novos campos petrolí-

feros que se prevê entrem em funcio-namento entre 2011 e 2015, a produção petrolífera nacional poderá acercar-se, a curto prazo, dos três milhões de barris diários. Mas se a oferta mundial deverá aumentar nos próximos anos, sobretudo por parte de países que se encontram, pelo menos por enquanto, fora da OPEP (em cerca de 250 mil bar-ris diários, a par de uma oferta adicio-nal por parte dos países que integram a organização em 400 mil barris diá-rios), como é o caso do Brasil, também o consumo deverá subir, já em 2011, 1,6 milhões de barris diariamente. Tudo depende mesmo de os países emer-gentes conseguirem suportar a recu-peração da economia internacional, fazendo com que esta resista à fra-gilidade de algumas zonas, nebulo-sas, da economia mundial, como é o caso da Europa.

Fig.3 – EVOLUÇÃO DO PREÇO POR BARRIL OPEP

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Maio

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• Junho 2010 - Nº2116

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sE QUE FUTURO

PARA AS ORGANIZAÇÕES?

Isto retoma, fi nalmente, a ideia de que é nos factores humanos, especifi ca-mente humanos, que reside o futuro.

Desde que saibamos reposicionar as pessoas, os seus comportamentos e os seus conhecimentos na coerência dos enquadramentos organizacionais onde eles assumirão o seu sentido e a sua substância essenciais. Decorre inferir de que, muitas das perguntas que têm sido levantadas, surgem em consequência da evolução das organizações e sobre o futuro dos seus profissionais. As perguntas de-monstram uma preocupação centrada nas intervenções da área de Recursos Humanos.Neste sentido, para não sermos elimi-nados pelo futuro, precisamos de mu-dar de perspectivas quebrando certas regras onde o futuro não seja a soma

Peter Schwartz, querendo chamar atenção aos gestores para serem mais proactivos, diz com muita propriedade: “Eu sei que não vou adivinhar o futuro. Aliás, sei que vou errar sobre o futuro. O que eu não quero é ser eliminado pelo futuro”

de ideias e previsões, mas represente a multiplicidade de possibilidades.Sendo assim, porquê não começar em primeiro lugar revertendo basicamente sucessos tradicionais em interrogações e desafi os que nos forcem a sair da zona de conforto? Mas, sem no entanto ver-mos isso como uma crise regressiva, pois a adequação das técnicas tradi-cionais às técnicas modernas de ges-tão das pessoas pela consolidação de novos paradigmas constituídos a par-tir de construtos anteriores não oferece a única experiência humana disponível para a consolidação de novos. Com efeito, o apelo à criatividade repre-sentaria o ponto de partida que incor-pora dois tipos de percepções, um que permite a invenção e outro que per-mite acções correctivas, onde os erros são vistos como sendo oportunidades

de aprendizagem. Tenhamos em consi-deração que a experiência não é o que acontece com a pessoa, mas sim o que a pessoa faz com o que acontece com ela. No mundo contemporâneo, a interac-ção entre as pessoas deve basear-se no respeito e na reciprocidade, reco-nhecendo-se as contribuições dos outros como sendo algo singular, dife-renciado, abraçando novas ideias para que na multiplicidade de talentos e ini-ciativas as pessoas se auto realizem.Portanto, o futuro dos profi ssionais e das organizações depende da proactividade dos seus gestores. Isto requer capaci-dade para desenvolver colaboradores de todos os níveis para as empresas baseadas em processos, pois o desen-volvimento representa a necessidade de adquirir competências e a forma-ção contínua representa a solução.

Texto: Mateus João PedroIlustração: Editora Visão

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MANUEL NUNES JÚNIOR AFIRMA QUE A SONANGOL É UMA

EMPRESA TRANSPARENTE

Manuel Nunes Júnior esteve presente na tomada de pos-se dos novos Administradores

da Sonangol, uma cerimónia que teve lugar no anfiteatro do Ministério dos Petróleos, em Luanda, presidida pe-lo Ministro dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos, que empossou Baptista Muhongo Sumbe e Sebastião Gaspar Martins como Administradores Exe-cutivos da Sonangol EP.Albina Assis Africano, nomeada Admi-nistradora não Executiva da Sonangol EP, esteve ausente do referido acto por se encontrar em Xangai, em missão de serviço. Na ocasião, Botelho de Vasconcelos desejou, aos novos Administradores Executivos da Sonangol EP, sucessos no cumprimento da sua nova missão.Presentes estiveram também, o Presi-dente do Conselho de Administração da Sonangol EP, Manuel Vicente, os Vice-Ministros dos Petróleos, Aníbal Silva e José Gualter Inocêncio e altos responsáveis do sector petrolífero em Angola.O Ministro de Estado, durante esta ce-rimónia, comunicou à imprensa que a Sonangol é uma empresa transparente,

uma vez que a petrolífera angolana pública tem pontualidade nas suas contas - "A Sonangol é uma empresa que tem as suas contas auditadas por empresas de reputação internacio-nal", sublinhando que isso é também um indicador importante de que "é uma empresa que cumpre com as regras internacionais".O Ministro disse ainda que “é motivo de regozijo o facto de a Sonangol publicar no seu site as contas auditadas, dos últimos exercícios”.

Texto: Ana MaurícioFotografi a: Daniel Miguel \ Arquivo O País

O Ministro de Estado da Coordenação Económica angolano, Manuel Nunes Júnior, considerou a Sociedade

Nacional de Combustíveis de Angola uma empresa "exemplar" que cumpre "integralmente com

as suas funções"

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Baptista Sumbe

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"A SONANGOL É UMA EMPRESA QUE TEM AS SUAS CONTAS AUDITADAS POR EMPRESAS DE REPUTAÇÃO INTERNACIONAL", SUBLINHANDO QUE ISSO É TAMBÉM UM INDICADOR IMPORTANTE DE QUE "É UMA EMPRESA QUE CUMPRE COM AS REGRAS INTERNACIONAIS"

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Oencontro de Saurimo, presidido pelo Ministro Botelho de Vas-concelos, radiografou em pro-

fundidade a actividade do sector nos últimos quatros anos e decidiu reco-mendar um conjunto de deliberações tendentes a imprimir maior dinâmica e dar nova vida à actividade petrolí-fera em Angola.Para já, é ponto assente que, a inser-ção e articulação dos biocombustí-veis no mercado, deve contribuir para o aumento de novos empregos e a sua implementação regida por normas e procedimentos capazes de salva-guardar as terras destinadas à cul-tura alimentar, de renda, pastorícia ou protecção por razões ambientais e culturais.A urgente divulgação da estratégia e da lei ficou igualmente acordada sendo na oportunidade aflorada a necessidade de um estudo sobre a cadeia logística dos biocom-bustíveis, sem descurar a vertente téc-nica com relação à sua estabilidade e armazenamento. Um segundo tema que mereceu par-ticular destaque tem a ver com as perspectivas da distribuição e comer-cialização dos derivados do petróleo bruto à luz da estratégia de liberali-zação aprovada pelo governo, tendo sido sugerida a protecção e conces-são de incentivos fiscais à refinaria de Luanda, bem como a aplicação ›››

Texto: João Rosa SantosFotografi a: SpeedLight

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LENCONTRO EM SAURIMOA realização em Maio último, na cidade de Saurimo, província da Lunda-Sul, do IX Conselho de direcção

alargado do ministério dos Petróleos, serviu para definir e clarificar a caminhada, do sector num horizonte

temporal mediano e o início de uma nova era no desenvolvimento económico e social de Angola

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• Junho 2010 - Nº21

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de impostos relativos aos derivados do petróleo apenas sobre o produto à saída do operador logístico.O IXº Conselho Consultivo decidiu reco-mendar o asseguramento da livre con-corrência na distribuição, por forma a se acautelarem eventuais distorções provocadas pelo apoio ao investimento privado, dado a coexistência de ope-radores públicos e privados.Também o conceito de diferencial geográfico consta das prioridades do Ministério dos Petróleos que, entende ser necessário estabelecer margens de acordo com o ponto logístico mais próximo, devendo assumir-se o preço máximo de venda ao público aquele acima do qual nenhum operador deverá praticar. Com relação à inserção e desenvol-vimento do empresariado nacional no sector petrolífero angolano, deci-diu-se pela redefinição do conceito de conteúdo nacional e a criação de um instituto sob tutela do ministério dos petróleos com a missão de pro-mover e inserir a classe no sector, a elaboração de um plano director e o estabelecimento de um sistema de auditoria e prestação de contas.

Da mesma forma, os participantes na reunião de Saurimo, reflectiram sobre o capital humano na activi-dade Petrolífera Nacional, tomando como referência o Instituto Nacional dos Petróleos, tendo reafirmando a vocação desta instituição enquanto centro por excelência na formação de quadros para a indústria petro-lífera, sendo para tal necessário e inadiável dotá-lo de programas cur-riculares certificados por entidades especializadas.Mais do que transformada durante três dias na capital do Petróleo angolano, a cidade de Saurimo foi igualmente um bom exemplo de responsabilidade social, destacando-se entre outros, a oferta de uma ambulância e equi-pamento desportivo, assim como o assumir do compromisso da reabili-tação do Hospital local e a constru-ção de uma escola primária. A governadora da Lunda-Sul, Cân-dida Narciso, no final do encontro, era uma mulher manifestamente satis-feita, como fez questão de referir – “realizar com sucesso encontros de tamanha envergadura e visibilidade é sempre motivo que dá alento à vida”.

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Governadora da Lunda-Sul, Cândida Narciso

Ministro Botelho de Vasconcelos cumprimenta cidadã de Saurimo

Visita à escola primária Quatro de Fevereiro

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Ministro dos Petróleos Botelho de Vasconcelos e o PCA da Sonangol Manuel Vicente

Uma das reuniões de trabalho durante o IX Conselho Consultivo Alargado do Ministério dos Petróleos

Ministro Botelho de Vasconcelos cumprimenta cidadã de Saurimo

Visita à escola primária Quatro de Fevereiro

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CRESCER PARA LIDERARO MERCADO DE COMBUSTÍVEIS NA RDC É ATRAENTE E RENTÁVEL

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Texto: Carlos GuerreiroFotografia: GCI

SONANGOL CONGO

Fale-nos sobre a actividade da Sonangol aqui na República Democrática do Congo.

A Sonangol Congo foi criada em 29 de Setembro de 1998, com o objectivo de materializar a cooperação sul-sul no domínio do petróleo. Temos actualmente cinco Postos de Abastecimento de Combustíveis (PA), sendo quatro em Kinshasa e um no Baixo Congo. Actualmente o nosso maior PA em Kinshasa está a ser desmontado devido à obras de alargamento da es-trada onde o mesmo foi cons-truído. Mas o governo congolês já nos concedeu um ou-tro espaço com 4 mil 150 m2. Neste Posto de Abaste-

cimento nós vamos aumentar a sua capacidade dos actuais 100 mil me-tros cúbicos para os 150 mil. Quan-do o Posto de Abastecimento de que lhe estou a falar for concluído terá também uma maior capacidade de atendimento, desenvolvimento pos-

sível graças às suas projectadas 12 bombas que permitirão abastecer, em simultâneo, 24 viaturas. À semelhança da sua estrutura ante-rior, este PA vai manter o banco, o res-taurante e o minimercado existentes na estrutura anterior. Para além dos referidos PA’s, a Sonangol Congo tem igualmente um stand de vendas na região de Kikwit, localizado a 500 qui-lómetros de Kinshasa, onde a comer-cialização de derivados do petróleo é feita através da Sep-Congo (Central Logística Congolesa). Em relação a esta questão particular, pensamos construir futuramente, nessa zona, um novo Posto de Abastecimento para vendas a retalho.

Para além destes projectos de que falou, há outros que poderão ser ma-terializados em 2010?

O nosso plano de investimentos pa-ra 2010 prevê, entre várias acções, a construção de mais dois Postos de Abastecimento em Kinshasa, cujos terrenos também já existem. O merca-do de combustíveis na RDC é atraente e rentável, mas ainda mal servido em termos de infra-estruturas de dis-

tribuição de derivados do crude. E a concorrência é forte. Estão a

A Sonangol Congo, empresa mista cujo capital social é detido em 60 por cento por empresas do Grupo Sonangol, pretende aumentar, em 2012, a sua presença no mercado de combustíveis da República Democrática do Congo (RDC), passando dos actuais 3 por cento para 5 por cento. Esta projecção foi dada a conhecer durante uma entrevista que o Director Geral da Sonangol Congo, Singui Diakanua, concedeu recentemente, em Kinshasa,à Revista e ao Jornal Sonangol Notícias

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Director Geral da Sonangol Congo:Singui Diakanua

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CRESCER PARA LIDERARO MERCADO DE COMBUSTÍVEIS NA RDC É ATRAENTE E RENTÁVEL

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operar aqui, no Congo Democrático, multinacionais do sector petrolífero com mais de 70 anos de experiência no mercado local que, recordo, já é um mercado liberalizado. E nós estamos orgulhosos por fazermos parte desta competitividade. Consi-dero que temos alguns factores que jogam à nosso favor nesta questão da concorrência. Temos, por exem-plo, os lubrificantes da marca Ngol e, modéstia à parte, a qualidade dos nossos serviços.

Quais são os principais desafi os para os próximos anos?

Bom, a presença da Sonangol Congo no mercado de combustíveis da RDC ainda é insuficiente, pelo que o nosso grande desafio é passar, em 2012, da quota actual de 3 por cento, ou seja um volume de vendas de 200 mil metros cúbicos de combustíveis, para os 5 por cento. O objectivo pri-mário da empresa é a consolidação da sua actividade em Kinshasa e no Baixo-Congo. Posteriormente, pre-tendemos expandir a nossa activi-dade para outras regiões do Congo Democrático, entre as quais Katan-ga, principal zona mineira Congolesa que tem ligação com o município do Luau através dos Caminhos de Ferro de Benguela. Estamos muito opti-mistas com a futura reentrada em funcionamento do CFB. Uma coisa é certa, vamos continuar a trabalhar arduamente para conquistar a lide-rança do mercado de combustíveis da República Democrática do Congo. É um desafio ambicioso mas per-feitamente possível.

No início da nossa entrevista o senhor Director Singui Diakanua disse-nos que 60 por cento do capital social da Sonangol Congo é proveniente de empresas do Grupo Sonangol. E os restantes 40 por cento?

As empresas da Sonangol a que me re-feri são a Sonangol Holdings, a Sonan-gol Distribuidora, a Sonangol Logística e a Sonangol Pesquisa e Produção. Quanto aos 40 por cento, estes são detidos pela Cobil SARL (Sociedade Congolesa). Aproveito a oportunidade para lhe dizer que a Sonangol Congo tem um Conselho de Administração constituído por cinco Administrado-res, dos quais três provenientes do Grupo Sonangol que tem igualmen-te a competência de indicar um dos membros do Conselho Fiscal. Integram a estrutura orgânica da empresa um Director Geral indicado pelo sócio maioritário, neste caso a Sonangol, e um Director Adjunto indicado pela Cobil SARL. A Sonangol Congo tem ainda os De-partamentos de Administração e Gestão de Pessoal, de Contabilidade e Finanças, Comercial e um Gabine-te de Planeamento e de Estudos. Em termos de pelouros, o Director Geral é responsável pela Administração e Finanças, enquanto a área Comercial está sob responsabilidade do Direc-tor Adjunto. A Sonangol Congo tem 19 trabalhadores. Há ainda outros traba-lhadores mas estes não têm vínculo directo com a empresa, representam mão-de-obra terceirizada, como por exemplo os que trabalham nos Pos-tos de Abastecimento e nas áreas de protecção e de segurança.

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ANGOLA MOSTRA POTENCIALIDADES ECONÓMICAS E CULTURAIS

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Sob o lema “Nova Angola, Vida Melhor”, o país volta a marcar presença, uma vez mais, este

ano, numa Exposição Mundial, depois da participação na Expo-2008, em Sa-ragoza (Espanha). Trata-se da Expo 2010, que se realiza de 1 de Maio a 31 de Outubro próximo, em Xangai (China).A participação de Angola na Expo 2010, ocupando um espaço de inte-racção de 5,28 quilómetros quadra-dos, visa, de acordo com a Comissá-ria Nacional para a Expo 2010, Albina Assis, promover as suas capacidades e potencialidades económicas, finan-ceiras, culturais e turísticas.

Durante uma Conferência de Imprensa sobre os preparativos da participa-ção de Angola no evento, Albina Assis disse que o objectivo da presença de Angola na Expo Xangai é o de conquis-tar o mercado internacional e atrair investimentos para o país, razão pela qual serão montados stands das vá-rias multinacionais angolanas.A Comissão Nacional para a Expo Xan-gai 2010 tem trabalhado arduamente na criação das condições para que o pavilhão de Angola seja dos mais visi-tados pelos turistas, num evento que espera receber a visita de 70 milhões de pessoas.

Durante os 184 dias da Exposição, estima-se que participem da mesma 192 países e 50 organizações inter-nacionais. Angola comemorará o seu dia nacional na Expo Xangai a 26 de Setembro, estando previstas várias manifestações artísticas e culturais no recinto da Exposição.A Exposição mundial tem como pano de fundo a sustentabilidade das cidades, o que significa mais e melhor qualidade de vida para os seus habitantes, razão pela qual o le-ma central da Exposição é “Melhores Cidades, Maior Qualidade de Vida”.A Expo Xangai 2010 será um grande ›››

EXPO XANGAI DE 1 DE MAIO A 31 DE OUTUBRO

Texto: António Bequengue Fotografi a: Direitos Reservados

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Texto: Eduardo Ximoco

Fotografi a: Edu GtuktdsANGOLA MOSTRA POTENCIALIDADES ECONÓMICAS E CULTURAIS

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evento que irá explorar o potencial da vida urbana no século XXI. A vida nas cidades surge como um tema cada vez mais premente, dada a evolução expo-nencial da população que aí reside: se em 1800 apenas 2 por cento da popula-ção mundial vivia nas cidades, em 1950 esse valor aumentou para 29 por cento e, no ano 2000, atingiu quase metade da população mundial. De acordo com estimativas da Organização das Nações

Unidas, até fi nais de 2010, 55 por cento do total da população humana viverá nas cidades.Através de diferentes abordagens, a Ex-po Xangai irá criar projectos para o fu-turo das cidades e para a harmoniosa coexistência de estilos de vida urbana, proporcionando o que se pretende que venha a constituir uma extraordinária e divertida plataforma educativa para os visitantes de todas as nações.

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A Mascote pretende, na perspectiva dos organizadores e enquanto símbolo que caracteriza o país anfi trião, dar forma à história, ao desenvolvimento, à cultura e ao contexto social do país e desempenhar um importante papel de comunicação no plano político, económico e cultural. A mascote Hai Bao, que signifi ca “tesouro do mar”, personifi ca o carácter da cultura chinesa e relaciona-se, de certa forma, com a imagem da Expo.

Esta imagem, representando a figura de três pessoas (você, eu, ele/ela) de mãos dadas, simboliza a grande família da Humanidade. Inspirada na forma dos caracteres chineses que significam “mundo”, a imagem transmite o desejo dos organizadores em oferecer aos visitantes uma Expo à escala global, que apresenta as várias culturas urbanas do mundo.

MASCOTE EXPO 2010

IMAGEM EXPO 2010

A bandeira de Angola entre a dos outros países participantes

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Entrada do pavilhão angolano

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A stand da Sonangol é uma das atracções do pavilhão de Angola na Expo Xangai

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VISITANDO O NOSSO PAVILHÃO

Albina Assis deu a conhecer que, para além do Dia 25 de Maio (Dia de África), já assinalado com diversas actividades culturais e dedicado à criança, em ante-cipação ao Dia Internacional da Crian-ça (1 de Junho), Angola vai comemorar também, na Expo Xangai, o 31 de Julho (Dia da Mulher Africana). A referida efe-

méride será assinalada com palestras sobre a actual posição da mulher An-golana na sociedade e deverá contar com a presença da Ministra da Família e Promoção da Mulher, Genoveva Lino. O Pavilhão de Angola vai celebrar ain-da, a 26 de Setembro, o dia de Angola na Expo 2010. No decurso da Exposição a cultura angolana estará representada nas mais variadas modalidades artísticas, como a música, a dança e as artes plás-ticas. Haverá também um bazar para a venda de várias peças de arte e da cultura angolana, bem como de ou-tros brindes com as cores da ban-deira nacional.

DADOS MAIS RELEVANTES

RECINTO: 528 hectares

PAÍSES PARTICIPANTES: 192

ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS:

50

DURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO: 184 dias – de 1 de Maio a 31 de

Outubro de 2010

PREVISÃO DE VISITANTES: 70 milhões

ÁREA DO PAVILHÃO DE ANGOLA:

5,28 km2

DIA DE ANGOLA: 26 de Setembro 2010

méride será assinalada com palestras sobre a actual posição da mulher An-golana na sociedade e deverá contar com a presença da Ministra da Família e Promoção da Mulher, Genoveva Lino. O Pavilhão de Angola vai celebrar ain-da, a 26 de Setembro, o dia de Angola na Expo 2010. No decurso da Exposição a cultura angolana estará representada nas mais variadas modalidades artísticas, como a música, a dança e as artes plás-ticas. Haverá também um bazar para a venda de várias peças de arte e da cultura angolana, bem como de ou-tros brindes com as cores da ban-deira nacional.

José Ferreira, Ministro das Obras Públicas e Urbanismo, Albina Assis e o Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, em visita ao Pavilhão de Angola

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ENG.ª ALBINA FARIA DE ASSIS PEREIRA AFRICANO

COMISSÁRIA EXPO XANGAI 2010

Angola está na Expo 2010 Xangai até 31 de Outubro. A representar o país irão mais de 200 convidados, artistas e agentes culturais com a missão de deixar a marca do povo angolano aos milhares de visitantes vindos dos quatro cantos do mundo. Uma grande exposição Universal, acolhida na China e que se prolonga pelos próximos seis meses, desta vez, sob o tema das cidades – “Melhor cidade, Melhor vida”. Esta será uma plataforma de inovação, cooperação e intercâmbio entre os povos de diversos países. E vai abrir a porta ao futuro, dirigir nova maneira de vida, promover a harmonia entre a humanidade, a cidade e a natureza, impulsionar a construção de uma cidade segura, civilizada e feliz, e fortalecer o desenvolvimento humano completo. Angola está com uma presença muito forte e neste trabalho de representação a chefiar a Comissão Nacional está a Engenheira Albina Assis, uma incansável lutadora pelo país.

O que espera desta exposição?Espero que Angola possa pelo menos manter a mesma projecção que teve nas anteriores exposições ou me-lhorar. Nós já estivemos no Japão, onde a nossa exposição foi muito acarinhada. Não tinha o nível que terá esta, porque na altura estáva-mos com um Stand e nesta estamos com um pavilhão. Espero ter bons resultados, quer a nível de visitantes, de disseminação do que pretende-mos mostrar da Angola actual, quer a nível de mostra do país.

O tema da Expo Xangai é a Cidade. Como estruturaram a apresentação das cidades de Angola?

Para esta exposição vamos realmente mostrar as nossas cidades. Começa-mos a exposição, relembrando que as cidades em Angola já datam de antes do colonialismo e aí mostramos rei-nos, onde se pode ver já um tipo de urbanização que, para aquela época, já era razoável em Angola.Vamos mostrar também que só existem cidades porque há gente. Angola é povoada há milhões de anos. Nós temos pinturas rupestres que datam do paleolítico inferior, isso significa que há milhões de anos que há vida em Angola, as pinturas rupestres que foram en-contradas e estão a ser estuda-das no Namibe provam isso. Esta é a primeira parte da exposição. As cidades não existem sem gente. As pessoas organizaram-se primeiro em reinos e passando essa parte, passamos para a Angola moderna. Vamos ter uma réplica do Banco Na-cional de Angola, uma parte do ban-

co que é o edifício mais emblemático que Angola tem e estas arcadas do banco vão ser transformadas em ecrãs onde vamos projectar ima-gens das cidades de Angola. Isto do lado direito.Do lado esquerdo vamos mostrar como apostamos nas infra-estru-turas para desenvolver as cidades, as pontes, os caminhos-de-ferro. Ao fundo uma parte institucional com uma fotografia do Presidente da República e um vídeo sobre a acti-vidade presidencial exterior e interior. Depois um vídeo grande onde vamos dar informação sobre as nossas cida-des, principalmente sobre o turismo e um placar com informações sobre o país, a população, a idade média, natalidade, PIB, inflação etc.A separar a parte antiga da parte nova há um pórtico, mais ou menos uma réplica, não a 100 por cento, da primeira igreja católica construída na África Subsariana que vai ser consi-derada património mundial. É este pórtico que vai separar estas duas épocas, a antiga e a moderna.

contradas e estão a ser estuda-das no Namibe provam isso. Esta é a primeira parte da exposição. As cidades não existem sem gente. As pessoas organizaram-se primeiro em reinos e passando essa parte, passamos para a Angola moderna. Vamos ter uma réplica do Banco Na-cional de Angola, uma parte do ban-

Texto: Ana MaurícioFotografi a: Comissão Expo Xangai

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“SÓ EXISTEM CIDADES PORQUE HÁ GENTE

E ANGOLA É POVOADA HÁ MILHÕES DE ANOS"

E desta vez Angola vai ter um pavilhão …

O pavilhão tem 1000 m2 e tem o for-mato de uma Welwitchia. E porquê a Welwitchia? Nós tivemos seis ou oito propostas para o pavilhão e avan-çámos com esta proposta, porque a Welwitchia é rara, é uma planta resis-tente, dura centenas de anos e isto enquadra-se na resistência do nosso povo, nas difi culdades que foram co-locadas à afi rmação da nossa nação. Daí termos escolhido e abraçado a Welwitchia.

Quantas pessoas estiveram envolvidas na preparação e quem vai dar apoio à comissão durante estes seis meses?

A nível da comissão temos uma or-ganização em que entram alguns ministérios. Para dizer com sinceri-dade, poucos são os ministérios que têm colaborado, estão connosco o Ministério da Administração do Terri-tório, o Ministério do Interior, coopera connosco mais de perto o Ministé-rio da Cultura e depois temos uma equipa de técnicos que nos está a apoiar na fotografia, nas imagens, temos um filme desta vez em 4D, onde os visitantes vão poder ver as-pectos bonitos do nosso turismo. ›››

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O espectador vai ter a oportunidade de entrar no filme e participar, vai ter algumas sensações ao longo da filmagem, por exemplo, ao aparecer as quedas de Kalandula, a pessoa na cadeira aparenta estar a cair e depois surgem umas gotinhas de água que parecem salpicar sobre a pessoa na cadeira.Mas voltando ao início, temos apenas um quadro fi xo de seis pessoas que vão estar a trabalhar em permanência em Xangai. Um director de comunicação, um director de protocolo, um director de produção e assistentes técnicos para as áreas técnicas e assistentes normais que são os acompanhantes dos visitantes a esta exposição.

Quantos países de África vão participar?

Em Dezembro já havia 240 países e algumas organizações. De África estão bastantes, porque nesta última vista à China, eu tive a oportunidade de visitar o pavilhão africano e gostei muito, deu-se uma maior dimensão ao pavilhão africano.

Qual a ligação entre a China e Angola?

A ligação é boa. Estamos a trabalhar com esta empresa chinesa, somos de culturas diferentes, mas as relações, a nível diplomático, entre a China e Angola, são muito boas. Temos sido tratados sempre muito bem a nível de entidades que coordenam a Expo, a nível mesmo do Bureau Internacional, do qual ainda não somos membros. É uma falha que temos que resolver, temos que ser membros, não porque tenhamos que fazer exposições, mas porque nos dá outro posicionamento no

contexto destas exposições, uma vez que são alguns eventos que têm inte-resse para os países. Não é por acaso que um país como o Reino Unido gaste o que gastou para fazer o seu pavilhão. Nós estamos na categoria de pavilhões “Angolados”, mas estes países como Inglaterra, EUA são pavilhões cons-truídos de raiz, não são baratos, e se eles investem é porque existe alguma mais-valia na participação.

Que empresas angolanas vão estar representadas na Expo Xangai?

A participação da Endiama este ano não vai ser tão agressiva como tem sido, compreendemos a situação da Endiama, mas a Sonangol tem um Stand muito bonito que eles próprios apresentaram e cujo projecto foi até feito pela mesma empresa chinesa que fez o nosso trabalho.

Esperam um retorno económico, um retorno para o turismo para o país?

As pessoas começam a conhecer o país e começam a querer vir cá. Nós queremos, uma vez mais, atrair investidores, nós no pavilhão temos um business center, onde todos os que pretendem explicação, os prováveis investidores podem buscar informação. Estamos a trabalhar com a nossa Agência Nacional de Investimento Privado, a ANIP que vai fi car em permanência em Xangai que nos deu documentação para nós apresentarmos aos futuros investidores. Aliás, às vezes o turismo atrai investidores, veêm uma primeira vez para conhecer e acabam por querer fi car por Angola. E vêem que, não só é bonito, como é um país promissor e aberto ao investimento.

Está como peixe na água. É este o trabalho que gosta de fazer?

É um trabalho interessante! Há pessoas que às vezes não com-preendem, mas é a Engenheira que faz este trabalho? Eu além de Enge-nharia fi z uma formação de Gestão e isto é uma forma de gestão. É a gestão de pessoas, gestão geral de coisas interessantes. Nós temos uma formação técnica de engenha-ria, eu trabalhei 10 anos como enge-nheira de uma refi naria, depois como ministra, eu acho que se chega a uma altura que precisamos de ter algu-mas bases sobre gestão. Então fi z um MBA em gestão e esta tem sido uma forma interessante em que eu aplico os conhecimentos: saber gerir as coi-sas, as pessoas, saber organizar.

“....FIZ UM MBA EM GESTÃO E ESTA TEM SIDO UMA FORMA INTERESSANTE EM QUE EU APLICO OS CONHECIMENTOS: SABER GERIR AS COISAS, AS PESSOAS, SABER ORGANIZAR."

"O PAVILHÃO TEM 1000 M2 E TEM

O FORMATO DE UMA WELWITCHIA"

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A Sonangol EP continua o seu desafio na senda do futuro com uma nova descoberta comercial

de petróleo no poço de pesquisa Cinguvu-1. Este poço encontra-se no Bloco 15/06, em águas profundas da Bacia do Baixo Congo. Localizado a cerca de 350 km a Noroeste de Luanda. Foi perfurado a uma lâmina de água de 1400 metros, tendo penetrado os objectivos do Miocêno inferior. Esta operação encontrou uma coluna de areias com boas qualidades de reservatório. Durante os testes de produção, o Cinguvu-1 produziu 6400 barris de petróleo por dia, com uma densidade de 23º API. No mesmo Bloco 15/06, mas desta vez no poço de pesquisa Nzanza-1, foi igualmente

Texto: GCIFotografi a: Direitos Reservados

A Sonangol e seus parceiros continuam o desafi o modernizador de olhos no futuro com as novas

descobertas petróleo em território nacional. A novidade foi anunciada nos passados

dias 31 de Março e seis de Abril

realizada outra descoberta significativa de petróleo. O poço Nzanza-1 está localizado cerca de 350 km a Noroeste de Luanda. Perfurado a uma lâmina de água de 1400 metros, e penetrado os objectivos do Miocêno inferior, foi encontrada uma coluna de areais com boas características de reservatório. Durante estes testes de produção, o poço produziu 1600 barris de petróleo por dia, com uma densidade de 18º API.É de realçar que as análises desta última descoberta apontam para resultados de um potencial de 5.000 barris por dia, quando associado a elevação artificial.O bloco 15/06, é detido em 35 por cento pela ENI, que é a operadora do bloco, e ainda participam a Sonangol P&P (15 por cento), SSI Fifteen Limi-ted (20 por cento), TOTAL E&P (15 por cento), Falcon Oil Holding Angola (cinco por cento), Petrobras Interna-cional Braspetro BV (cinco por cento) e Statoil Angola Bloco 15/06 Award AS (cinco por cento).

AS NOVAS DESCOBERTAS PETROLÍFERAS EM ANGOLA

Outra importante descoberta reali-zou-se no poço Begónia-01, na Zona Nordeste do Bloco 17/06, em águas profundas do offshore de Angola. É o segundo poço de pesquisa sondado com sucesso neste bloco. Perfurado a uma lâmina de água de 453 metros, ficou comprovada a existência de hi-drocarbonetos nos reservatórios de idade Miocênica, tendo produzido na fase de teste, mais de 6.000 barris por dia de petróleo de muito boa qua-lidade (36 graus API de densidade). A Sonangol é a concessionária do Bloco 17/06, a Total é a operadora do bloco com uma participação de 30 por cento. As restantes participações tão distribuídas da seguinte forma: Sonangol Pesquisa e Produção S.A. (30 por cento), Sonangol Sinopec In-ternational Limited (SSI) Seventeen Limited (27,5 por cento), ACREP Bloco 17 S.A. (5 por cento), Falcon Oil Holding Angola S.A. (5 por cento) e PARTEX Oil and Gas (Holding) Corporation (2.5 por cento).

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A nova Lei de Probidade Pública faz parte de um pacote de medi-das alargado do Executivo, que

sustentam a intenção clara de forta-lecer as instituições estatais contra uso indevido de meios e para sal-vaguardar o património do Estado. O sector mais vulnerável às más prá-ticas foi identificado pelo Ministro de Estado, Carlos Feijó, como sendo a gestão das finanças públicas. Estas e outras considerações do governante foram feitas aquando da apresentação do projecto de Lei sobre a Probidade Administrativa, entretanto aprovada e rebaptizada de Lei de Probidade Pública pela Comissão dos Assun-tos Constitucionais, Jurídicos e Regi-mentos da Administração do Estado e Poder Local, e de Mandatos, Ética e Decoro Parlamentar. A importância desta nova lei de 45 artigos é basilar para o nosso sistema político, e isso ficou comprovado pela aprovação por unanimidade da Assembleia Nacio-nal no passado dia cinco de Março.

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• Junho 2010 - Nº21

A LEI E OS SEUS PRINCÍPIOS

A Lei assenta em três grandes prin-cípios: prevenção, acção e sanciona-mento dos actos ilícitos.A prevenção implicará a revisão de todas as leis e regulamentos que pos-sam propiciar ou promover a mora-lização na gestão da coisa pública.Segundo Carlos Feijó, que acumula as funções de Ministro de Estado e Chefe da Casa Civil da Presidência da República, está ainda previsto pelo executivo a revisão de procedimentos e actuação da administração pública para que esta seja cada vez mais con-digna com os interesses país. A acção, por sua vez, está prometida e será aplicada a todos os que não res-peitarem a lei e que ficaram sujeitos ao accionamento dos mecanismos san-cionatórios do ponto de vista admi-nistrativo e criminal.Para o Ministro de Estado, também responsável pela proposta que deu origem à Revisão Constitucional, esta "iniciativa partiu do pressuposto de que algumas fragilidades institucionais, nos

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Texto: Duarte MexiaFotografi a: SpeedLight

A nova Lei da Probidade Pública veio reforçar o empenho do Estado no plano legislativo, no combate às práticas incorrectas de gestão

do património e veio para instituir novas regras reguladoras dos detentores dos cargos públicos, impondo transparência

e reforçando a República de Angola e as suas instituições

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A LEI QUE VEIO FORTALECER O ESTADO E AS INSTITUIÇÕES

LEI DA PROBIDADE

processos administrativos, a burocra-cia e a não simplificação dos proces-sos são causas da obstrução para a eficácia e eficiência que se quer para a actividade administrativa".Segundo o governante esta lei será um motor para consolidação de um sistema financeiro fiável e internacio-nalmente reconhecido pela sua mora-lidade e imparcialidade administrativa, estimulando uma gestão mais respon-sável e transparente do erário público.

COMO UMA LEI PODE AUMENTAR A TRANSPARÊNCIA?

A lei impõe um novo regime de decla-rações de bens a cada dois anos por parte dos titulares de cargos públi-cos. Regulamentará todos os titula-res providos por eleição ou nomeação que terão que passar a prestar contas sobre os seus bens pessoais, como é o caso dos deputados à Assembleia Nacional, magistrados judiciais e Minis-tério Público, gestores e responsáveis da administração central. Todos estes ficarão obrigados a informar sobre os

seus rendimentos, títulos, acções ou qualquer outra espécie de bens e valo-res, sejam estes em território nacio-nal ou fora do nosso país. Os titulares dos órgãos executivos e deliberativos autárquicos, os gestores do patrimó-nio das Forças Armadas Angolanas e da Polícia, os gestores dos institutos públicos, fundos e fundações públicas também estão, pelo enquadramento da lei, obrigados à apresentação da mesma declaração.

O FIM DAS COMISSÕES ILÍCITAS

A nova lei veio também pôr fi m às comis-sões ilícitas pagas pelos prestadores de serviços em busca de uma decisão favorável dos decisores. Durante anos esta prática prejudicou os interesses do nosso país, estando agora explícito na lei ser crime “receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imó-vel, ou qualquer outra vantagem eco-nómica, directa ou indirecta, a título de comissão, percentagem, gratifi cação ou presente de quem tenha interesse, directo ou indirecto, que possa ser atin-

gido ou amparado por acção ou omissão decorrente das atribuições do agente público”. E fi caram ainda proibidas “a aceitação de empregos ou exercício de actividade de consultoria para pessoa física ou jurídica que tenha interesse sus-ceptível de ser atingido ou amparado por acção ou omissão decorrente das atribuições do agente público”.A lei promete exercer o controlo das facturações fiscalizando a “obtenção de vantagens económicas para facili-tar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pela entidade pública por preço superior ao valor de mercado”.

A LEI E OS SEUS EFEITOS

Nada será como dantes. A partir de agora poderá ser decretado, com prova de “indícios fundados de responsabili-dade por actos de improbidade admi-nistrativa, “o arresto dos bens, incluindo o congelamento de contas bancárias do provável agente ou de terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou cau-sado dano ao património público”.

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O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, promul-gou a Lei sobre Biocombustí-

veis, que havia sido aprovada pelo ple-nário da Assembleia Nacional, em 24 de Março de 2010, com 146 votos a favor, nenhum contra e quatro abstenções.A Lei sobre Biocombustíveis, segundo o Ministro dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos, visa colmatar necessi-dades energéticas e preservar o am-biente, atendendo à diversificação da economia.Com esta lei o Estado angolano espera atrair investidores nacionais e estran-geiros interessados em auxiliar o país a introduzir os Biocombustíveis na sua matriz energética.

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Segundo o ministro, a produção do Bio-combustível irá proporcionar empregos e criar uma fonte de energia renovável para o futuro e ainda promover o re-torno das populações ao meio rural, atingindo sobretudo a agricultura e a agro-indústria que estarão defendidos, uma vez que não haverá problemas pa-ra a produção alimentar com a produ-ção de Biocombustíveis, porque estes serão explorados em terras "marginais".Foi anunciado ainda que está em carteira um projecto de produção de açúcar na província de Malanje, na fazenda de Pungo Andongo, que visa a diminuição da importação desse produto, que actualmente está nas 400 mil toneladas por ano. Outra das

vantagens desta cultura é a obtenção de etanol e biodiesel.De acordo com a lei, o Poder Executivo vai definir, por via de decreto, as especi-ficações e os tipos de Biocombustíveis a serem produzidos em território ango-lano, considerando as especificações e os tipos mais utilizados no mercado internacional.A adopção de tal legislação, enquadra-se na Estratégia para o Desenvolvimen-to de Biocombustíveis, aprovada pelo Presidente da República, que leva em conta as potencialidades do país na produção de bens agrícolas, não só para fins alimentares, mas também para a produção de Biocombustíveis e geração de electricidade.

• Julho 2010 - Nº21

LEI SOBRE BIOCOMBUSTÍVEIS FOI PROMULGADAA produção de cana-de-açúcar pode ser o motor para a introdução dos biocombustíveis, em Angola

Texto: Ana MaurícioFotografi a: Direitos Reservados

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cutivo pode atribuir outros incentivos fiscais, cambiais e aduaneiros que se tornem necessários implementar pa-ra promover as actividades agro-in-dustriais ligadas aos biocombustiveis, bem como facilidades especiais para a importação das matérias-primas e equipamentos necessários ao exercício das referidas actividades.Angola possui abundantes recursos naturais propícios para a rápida expan-são da agricultura e a introdução dos biocombustíveis vai dar um relevante contributo para o desenvolvimento da economia nacional.O Governo, com esta medida, preten-de introduzir novas fontes de geração de energia. Segundo Botelho de Vas-

concelos, a matriz energética do país é constituída pelo consumo de cerca de 60 por cento de lenha e carvão, 40 por cento de produtos de origem petrolífera, cerca de 2 por cento de electricidade e 0,1 por cento de gás natural.Apesar de Angola ser rica em petróleo, com um potencial de 13 mil milhões de barris, este é um recurso não renová-vel, daí a aposta nos Biocombustíveis. Esta medida não está de forma alguma relacionada com qualquer apreensão por causa do fim do petróleo, mas para a matriz energética do país integrar outro recurso.

Nos seus princípios gerais a lei esta-belece, entre outras medidas, que a concessão racional de terras para os projectos de biocombustiveis deve ser promovida fora dos limites das terras de solos férteis com potencial para a produção agro-alimentar, evitando-se assim a concorrência e conflitos fundiários entre o cultivo da cana sa-carina e outras plantas para a produ-ção agrária de alimentos e o de iguais plantas para a produção exclusiva de Biocombustiveis.Nesta lei agora aprovada, salienta-se que para além dos incentivos previstos na lei de Bases do Investimento Privado e dos Incentivos Fiscais e Aduaneiros ao Investimento Privado, o Poder Exe-

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SEBASTIÃO MARQUES PANZOMARKETING E COMUNICAÇÃO

Uma voz melodiosa, pausada e extremamente bem direccionada distinguem o profissional, que liderou durante sete anos o Gabinete de Comunicação e Marketing da Endiama

Fazendo uma viagem no tempo, co-mo é que um jornalista tão jovem é convidado para ocupar um lugar de extrema importância numa empresa como a Endiama?

Acredito que foram factores conju-gados. Neste caso três.O primeiro foi a oportunidade que tive de ser o escolhido para uma vaga na redacção de um jornal, no início da década de 90, aquando da grande transformação da imprensa periódica.O segundo diz respeito a uma mu-dança que teve o seu auge em 2000, e que fez com que as instituições angolanas, percepcionassem a im-portância da comunicação e a ne-cessidade de criarem no seu seio gabinetes de comunicação.E o terceiro factor foi o facto de o perfil procurado pela Endiama, por entre os diversos jornalistas que se destacavam na altura, coincidir com a minha forma de estar e de trabalhar.Efectivamente, e pela própria natu-reza da indústria, entenderam que o meu percurso discreto coincidia com a imagem que pretendiam para a pessoa que iria, desde aquela altura e durante sete anos, representar a empresa na área da comunicação e do marketing.

O que o motivou a aceitar um desafio de tanta responsabilidade e provido de tanta exigência?

O que me impeliu a aceitar o con-vite foi, exactamente, o facto de ter conhecimento que não exis-

tia qualquer trabalho feito nessa área. Teria de começar tudo do zero. E isso agradou-me particularmente.No ano de 2003, e depois de grandes transformações, a nova administra-ção, liderada por Manuel Arnaldo de Sousa, teve a sensibilidade para perceber que aquele era o momento certo para criar esse gabinete. Foi necessário contratar pessoas com formas de estar adequadas a uma indústria que, na altura, ainda se encontrava muito centrada em si própria. A responsabilidade de o estrutu-rar com coerência, tendo sempre a sensibilidade e a capacidade de en-contrar um ponto de equilíbrio, en-tre a preservação da sua natureza, quase conservadora, e o significado da importância de dá-la a conhecer ao exterior foi efectivamente um grande desafio.

Como descreve a experiência profissional que teve durante esses sete anos?

Foi extraordinária. Aliás, tenho plena consciência que uma oportunidade como esta só acontece uma vez na vida, e por isso sei que fui um privi-legiado. Exigiu muito trabalho mas foi igualmente compensador.Criar um espírito interno de coesão e de motivação, implementar proce-dimentos e fazer com que esse tra-balho transparecesse e desse frutos no dia-a-dia da empresa, resultou numa aprendizagem única e numa meta alcançada. E isso foi particu-larmente satisfatório.

Texto: Susana HomemFotografi a: SpeedLight

E a sua forma de estar, o seu enten-dimento da realidade, a perspectiva que tinha enquanto jornalista ama-dureceram ou alteraram-se?

Inevitavelmente esta experiência trouxe-me um amadurecimento pro-fundo enquanto pessoa, enquanto profissional. Teve um poder decisivo na minha evolução, no que sou hoje, no trabalho que desenvolvo, e nos projectos que tenho para o futuro.Deu-me uma das coisas que con-sidero essencial na experiência de qualquer ser humano. Tive a pos-sibilidade de estar dos dois lados. Confesso que nunca deixei de ser jornalista, até porque, quem o é por sentimento, jamais o deixará de ser. Mas reconheço que na altura exis-tia uma grande desconfiança sobre os serviços públicos e portanto era muito fácil para a imprensa privada ter uma atitude crítica. Depois de ter liderado o Gabinete de Comunicação e Marketing apercebi-me da comple-xidade, das dificuldades, do trabalho e da seriedade que muitas vezes não nos apercebemos enquanto fazedo-res de opinião.

Mas ainda que tivesse uma missão interna que o obrigava a uma compre-ensão integral da empresa, não podia distanciar-se da responsabilidade da sua natureza exterior e do seu impacto político e público…

Sem dúvida… e essa foi talvez a maior meta a alcançar, porque dessa pos-tura, desse entendimento ou não, de-penderiam todos os objectivos na-cionais e internacionais da empresa.

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Possuidor de um percurso notável, Sebastião Marques Panzo ca-tiva pela sua inteligência, de profi ssional viajado e pelo seu perfi l discreto e cauteloso, que só os bons comunicadores, sabem, como bem utilizar.Nascido em Março de 1974, na província do Bengo, descreve-se como uma pessoa solidária, honesta e com um forte e inigualável sentimento pela família. Sóbrio nos gostos, opta pelos cinzas e pelos azuis-escuros para o seu closet, e tem nas leituras e nas viagens uma grande paixão. Das suas qualidades distingue-se o gosto por ouvir, mais do que por falar. O entendimento do outro é, na sua forma de percepcio-nar o mundo, o ponto de partida para a arte de bem comunicar.Mais do que jornalista de profi ssão, a escrita é efectivamente sentida como uma bênção. “Dá-nos a oportunidade de criar, de transformar, de infl uenciar, de melhorar”. Na bagagem traz também a experiência de empresário, de pa-lestrante, de empreendedor e de consultor. E por isso, tem como grande desafi o, edifi car um grupo empresarial forte em Angola e na região da África Austral. Conhecedor das dinâmicas internacionais e empresariais, sabe que é este o momento certo para agir.“Há que criar emprego para os que começam agora, edifi car o nosso trabalho na reconstrução do país e contagiar os jovens dando credibilidade aos seus projectos, aos seus sonhos”.Nos que estão ao seu redor aprecia a inovação e a capacidade do que entende ser uma qua-lidade em qualquer ser humano: transformar os problemas em grandes desafi os. Para os momentos de lazer, um funge e uma moamba são sabores da gastrono-mia angolana que, segundo ele, ninguém pode perder.

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Era vital comunicar a Endiama ao exterior. Mas sem nunca esquecer, que ela tem a natureza de regular a indústria como concessionária na-cional dos direitos no domínio dos diamantes.Lembro-me que numa ocasião, em que existia uma divergência entre a Endiama e uma outra empresa, a solução ter passado pela mediação de Nelson Mandela.E essa foi uma das características particulares. O envolvimento não só dos líderes das empresas mas também das mais altas instâncias do países. Foi necessário saber estar à altura dos acontecimentos fossem eles quais fossem.

Teve então experiências únicas como comunicador, mediador, diplomata. Sente que se tornou num profissional global?

Admito que as missões que eu tinha pela frente eram inquantificáveis.Fazer parte da Endiama deu-me a possibilidade de me tornar num pro-fissional com características muito abrangentes. Estive em países como Israel, China, Índia, Austrália, Cana-dá, Dubai e muitos outros. Não como espectador, mas como defensor das oportunidades ligadas à indústria dos diamantes.Enquanto comunicador tive momen-tos singulares para a minha evolu-ção enquanto profissional. A criação da Associação de Países Africanos Produtores de Diamantes foi um exemplo disso.

Quando decidiu contribuir para a as-censão da Bumbar fê-lo porque sentiu que estava no momento certo para iniciar outro desafio?

Acima de tudo entendi a minha mu-dança da Endiama para a Bumbar como um momento de maturação. Temos de ter a capacidade de per-cepcionar os locais, não como cadei-ras eternas mas como trampolins na nossa vida, no nosso conhecimento.E os ensinamentos, a valorização que obtive de realidades como a de quando trabalhei nos Estados Uni-dos, no Zimbabwe e na Endiama estavam agora a coadunar-se com o meu espírito empreendedor. Era chegado o momento, de seguir em frente e contribuir, com todo o saber adquirido, para o desenvolvimento de Angola.

Como define a Bumbar e a sua equipa? A Bumbar é uma empresa, que eu criei há quatro anos mas que só neste momento pode contar com a minha concentração e dedicação máxima. É composta por quadros jovens, maioritariamente na sua pri-meira experiência profissional. Para nós é fundamental contribuir para o desenvolvimento da economia an-golana e para o seu posicionamento internacional.E isso só pode acontecer se também se derem oportunidades aos que estão a começar. Queremos criar competências, abrir-lhes horizontes.

Não queremos que entendam a Bum-bar Media como um projecto de vi-da mas sim como um processo de transição. Se conseguirmos alcançar esta meta já estaremos realizados.

Que avaliação faz do seu encontro com o Presidente da República?

Para mim, mais do que um reconhe-cimento ao trabalho sério que a Bum-bar está a desenvolver é a certeza de que estamos todos preocupados com o país o que por si só é um prin-cípio unificador.José Eduardo dos Santos tem vindo a desenvolver um excelente desem-penho, com obras meritórias que nós devemos acompanhar, enquanto cidadãos e profissionais da área privada.Tendo o privilégio e a oportunida-de de interagir com vários meios e decisores de topo do país, tendo os media como canal motivador de jovens seria um desperdício para a reconstrução de Angola se não lhes desse o devido valor.

Tem uma forma muito particular de tratar os jovens, de acreditar e de fazê-los concretizar os seus sonhos…

Tenho um respeito imenso pelos ou-tros e lembro-me particularmente da década de 90. Os obstáculos e a experiência profissional, que as enti-dades patronais exigiam quando os jovens procuravam o primeiro em-prego. Quero ajudá-los a ultrapassar esse momento de forma positiva.Aprecio a inovação, o dinamismo e a ambição que lhes é característica. Assim como admiro a maturidade, o saber, a prudência dos que já pas-saram essa fase da vida. E por isso mesmo gosto de conciliar. Só dessa forma podemos tirar o melhor partido e ter um resultado final de extrema qualidade.

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“HÁ QUE CRIAR EMPREGO PARA OS QUE COMEÇAM AGORA, EDIFICAR O NOSSO TRABALHO NA RECONSTRUÇÃO DO PAÍS E CONTAGIAR OS JOVENS DANDO CREDIBILIDADE AOS SEUS PROJECTOS, AOS SEUS SONHOS”.

“DÁ-NOS A OPORTUNIDADE DE CRIAR, DE TRANSFORMAR, DE INFLUENCIAR, DE MELHORAR”.

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No seu entender é essa característica que a diferencia de outras empresas na área da comunicação?

Acredito que seja um conjunto de várias qualidades, características e aperfeiçoamento das mesmas.O meu percurso deu-me a possibili-dade de ainda muito jovem trabalhar com jornalistas muito conceituados. Depois, na década de 90, decidi alar-gar os meus horizontes. Trabalhei na região da África Austral e numa sociedade anglófona e mais tarde na Endiama. Todas estas vivências, de realidades distintas, deram-me um background muito grande. Hoje tenho a capaci-dade de olhar para o cliente e saber quais são as suas verdadeiras neces-sidades comunicacionais. E dar-lhe soluções adequadas.

Qual é a estratégia que não abdica enquanto comunicador?

Não dispenso o estar com o meu cliente. Promovo sempre um trabalho conjunto. Para ter um conteúdo efi-ciente, não pode existir passividade. O consultor tem de conseguir per-cepcionar de forma eficaz a pessoa para a qual está a trabalhar, a estru-tura empresarial que representa, as lacunas existentes e a forma de as colmatar.

E como define neste momento o mer-cado angolano? Existem ainda muitos caminhos por trilhar nesta área?

São notáveis as transformações que têm vindo a acontecer. E refiro-me inclusivamente a uma mudança de

pensamento, de visão. Além das empresas são já muitos os execu-tivos angolanos que nos procuram. Começa-se a entender a necessi-dade da assessoria individual e dos resultados que a mesma pode trazer na performance de cada profissional.E o mercado angolano está cada vez mais dinâmico e repleto de oportu-nidades. Há muito para fazer, além de que, a originalidade, a criatividade e a ousadia fundem-se muito bem com o nosso país.

O que tem a Bumbar para oferecer? O nosso projecto empresarial tem como forte preocupação a optimi-zação do nosso cliente em todas as suas valências. Para que isso aconteça é imprescindível que a comunicação com o interior e com o exterior seja feita de forma adequa-da. Assim, desenvolvemos páginas de internet dinâmicas e conteúdos valorizados, prestamos assessoria e investimos muito na relação do nosso cliente com a imprensa local e internacional…

E no seu quotidiano esforça-se por sensibilizar as pessoas para a im-portância de se ser empreendedor em Angola?

Faço-o todos os dias em todos os momentos. Sou por natureza empre-endedor e portanto entendo, que faz todo o sentido, motivar os mais e os menos jovens a seguirem em frente. O nosso país só poderá avançar se tiver o contributo de todos nós.Por isso, estou a desenvolver um

outro projecto ligado ao empreen-dedorismo, que tem como objectivo identificar personalidades angolanas que se estejam a destacar, e comu-nicá-las aos outros como um exem-plo a seguir. Através de workshops e conferências ligadas ao empreende-dorismo iremos elucidar as pessoas e dar o nosso contributo.

Gosta também de dar o seu exemplo aos jovens…

Sinto que tenho esse compromisso com os outros. Tal como já referi, houve momentos da minha vida em que um dia estava na China e no ou-tro já estava noutro país. Felizmen-te ganhei muito enquanto pessoa e profissional. E isso intensifica-nos a vontade interior de partilhar com os outros.Por isso, é com muito gosto que dou pelo menos seis palestras anuais, de forma gratuita, para jovens e institui-ções na área do jornalismo, empre-endedorismo e da auto motivação.

E qual tem sido a receptividade?Muito grande. É curioso que o fac-to de eu ter uma aparência jovem funciona como um factor positivo. Sinto que olham para mim não co-mo um professor que está ali para os ensinar e posteriormente verificar se adquiriram os conhecimentos trans-mitidos. Entendem-me como alguém que partilha com eles conhecimentos e experiências. E que, acima de tudo, mostra-lhes que com vontade e de-terminação, persistência e trabalho tudo se consegue.

Contando com o prefácio do conceituado Professor Doutor Francisco Queiroz, secre-tário económico do Presidente da República e professor de Direito Económico, a obra de Sebastião Marques dá um excelente contributo a todos aqueles, que tenham em si, o espírito empreendedor.

Empreendedorismo em Angola, uma obra a não perder!

Como Escrever Diferente é um livro dedicado a todos aqueles que tenham o gosto pela escrita. Um contributo extremamente valioso para todos os que trabalham na área do jornalismo.De forma objectiva, dinâmica e fluente o percurso faz-se não só pelos ensinamentos transmitidos mas principalmente por uma consciencialização, que o autor fomenta, do próprio eu e da ética inerente a cada jornalista.

Como EsCrEvEr DifErEntE

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E foi assim que tudo aconteceu. No princípio da tarde, o encon-tro marcado leva-nos a conhecer

as Meninas do Andebol. Sorrisos cati-vantes, corpos esguios e delineados, personalidades únicas e uma energia contagiante são características que cativam de imediato.Ao todo são dezasseis. As idades dife-renciam-se, como se desigualam tam-bém os anos de nascimento, os meses e os dias de cada um dos seus bilhetes de identidade. Nasceram em Luanda, Benguela, Huíla, Bié e Cabinda.Têm hobbies diferentes. Muitas apre-ciam a leitura, outras preferem pas-sear e quase todas não dispensam a música. Também nas cores preferi-das, oscilam, entre o vermelho, o ama-relo, o preto, o azul e o branco. Países como Itália e Nova Iorque são desti-nos de viagens com os quais algumas continuam a sonhar.Na equipa complementam-se, e o seu único objectivo é ganhar. Em cada uma delas a paixão pelo andebol revelou-se cedo. A mensagem de que as suas vidas passavam obrigatoriamente pela modalidade fez com que, desde logo, ganhassem dentro de si um sen-timento de esforço e de persistência.Cristina Branco é um bom exemplo disso. Na altura, os seus pais, receo-sos das distâncias que tinha de per-

correr, quando ia e quando voltava dos treinos, temerosos pelo escurecer do dia, opuseram-se a esta decisão. Hoje, orgulham-se das suas prestações e festejam as vitórias de taça na mão. Curiosamente todas elas são unâni-mes, quando se pergunta com quem gostam de brindar. A resposta iguala-se aos seus movimentos em campo, e de forma rápida e certeira, familia-res e amigos, são os escolhidos pelas decacampeãs. E é também assim, com um entusiasmo inebriante, que agilizam estratégias, que de repente, de equipamento ves-tido e de atacadores de ténis com-prometidos, jovens mulheres se transformam em atletas grandiosas.Os treinos são intensos, exigentes, diá-rios e altamente profissionalizados. Com apenas o Domingo como único dia de descanso, as horas que parti-lham na quadra confere-lhes a res-ponsabilidade que têm com a nação, com os angolanos e consigo próprias.Todas, sem excepção, sabem que só com o contributo diário de cada uma delas é que se pode atingir algo muito próximo da perfeição.Trabalham arduamente. Mostram-se persistentes na coesão do que chamam de uma verdadeira família.” Vimos do Petro, do 1º de Agosto, do Asa. Mas ali somos todas amigas, só com esta

união foi possível trazer o Deca para Angola”, afirma Lourdes Monteiro.E é, com esta certeza, que a determi-nação incide no discurso de Azenaide Carlos. “O respeito e a admiração que nutrimos umas pelas outras é imenso. Temos crescido juntas. A equipa foi renovada e o não acreditar de algu-mas pessoas reforçou a nossa união”.

UM ELEMENTO UNIFICADOR

Paulo Pereira nasceu em 1965. É um homem alto, esguio e de porte atlé-tico. Observado de longe e ouvido de perto, encontramos algumas seme-lhanças com José Mourinho. Possui, também ele, um espírito de liderança e de vencedor.É objectivo, metódico, assertivo e estudioso. Sente-se nas palavras a

Texto: Susana HomemFotografi a: Federação Angolana de Andebol

Quem as ouve a falar. Quem tem a possibilidade de as ver treinar. E quem tem o privilégio de as contemplar, no fundo das suas almas e no brilho intenso e decidido do seu olhar, sabe que só pode aceitar, este compromisso de uma história aos outros contar

ANDEBOLANDEBOL

AS MENINAS DO NOSSO CONTENTAMENTOD

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persistência de carácter e as mesmas denunciam a sua teimosia de acção.Na forma de estar, o sotaque da zona onde nasceu, Amarante, evidenciam a tenacidade da cidade do Porto. E por isso mesmo, só podia ter no azul e branco as suas cores de eleição.Aprecia que os outros se comprome-tam, pois só desta forma é possível alcançar grandes metas. De acordo com as suas palavras, “foi exactamente essa atitude que nos levou a conse-guir ter este ambiente de trabalho, a nos empenharmos constantemente e a não desistirmos nos momentos de maior dificuldade”.O seu perfil denuncia uma atitude estratégica no campo. Aprecia lei-turas relacionadas com psicologia e inteligência emocional e rapidamente evidencia a simbiose dessas valências

com a postura ao pé da sua equipa. Como desporto preferido tem o ande-bol. Resume-o a beleza, precisão e movimento. Na concretização dos objectivos gosta de ser ambicioso mas coerente e rea-lista. Ficar entre as 12 melhores equipas do mundo, ser titular do Campeo-nato Africano Sénior, obter o título de DecaCampeãs e serem Campeãs no Campeonato Africano de Juniores e Cadetes são conquistas irrefutáveis. Em si, imortalizam a certeza do que diz ter sentido no primeiro momento em que abraçou este projecto em África. “Fiquei muito bem impressionado. Confesso que não estava à espera de encontrar tão boas atletas”.Para o seleccionador nacional, esse fascínio levou-o a aceitar o convite feito no início de 2009. Rapidamente

teve a certeza de ter tomado a deci-são certa. “É impressionante a rapi-dez com que aprendem, o esforço e os objectivos que colocam no seu tra-balho diário. São altamente profis-sionais, são exigentes, batalhadoras, perfeccionistas e evoluem rapida-mente. Essa é a melhor gratificação que posso ter”, conclui.Mas nem sempre os dias são fáceis. Nos obstáculos Paulo Pereira encon-tra alento para continuar. Mune-se dos seus conhecimentos, fruto dos longos anos de estudo e dedicação ao andebol, para ultrapassar erros cometidos,por exemplo, em tarefas defensivas. Tem como missão levar o nome de Angola e o seu enorme potencial aos pódios. Sabe que só o conseguirá se minimi-zar erros de cooperação entre peque-

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nos grupos de jogadoras ou falhas de carácter individual.Ele é o mister. Há que saber eleger ade-quadamente os meios tácticos. O ande-bol é, por excelência, bem comunicar; no silêncio, na sinergia, na organização, na gestão do tempo e na liderança e moti-vação, individual e colectiva.Persiste em não descurar a componente humana. Não hesita em afi rmar que “se esse trabalho psicológico e mental não for posto em prática com sabedoria nada resultará”. Com a mesma informalidade que se gosta de vestir é frontal em assumir que é um homem prático. De ideias defi nidas e pensamento rápido percepciona-se, facilmente, que a pre-sença nos próximos Jogos Olímpicos é um sonho a concretizar. Emana ener-gia. Age como um guerreiro. É pioneiro na acção, na luta e na concretização.

CASA PRESIDENCIAL A APOIAR

São também bonitas, fotogénicas e radiantes. Os seus rostos estão espa-lhados nos outdoors dos anúncios da Unitel. Com as cores da selecção, intensificam a importância do orgu-lho na cultura, nas vivências, nos fei-tos e na história do povo angolano. E é com palavras como arrepios, cala-frios, sensações inexplicáveis, um estremecimento interior e uma von-tade de cantar alto, que descrevem o momento singular de ouvir o hino e de ver a bandeira a subir. Quem está a escutá-las não consegue ficar indi-ferente. É contagiante. É unificador. É verdadeiramente emocionante.Apareceram nas fotografias dos jornais. Estiveram presentes nas reportagens e nos directos das emissões televisi-

vas e foram estrelas nas palavras do Presidente da República José Edu-ardo dos Santos e da primeira-dama. Nessa altura, num ambiente de des-contracção, Ana Paula dos Santos, galardoada recentemente em Joa-nesburgo, pelo Comité Organizador da Convenção Internacional dos Des-portos em África, pelo seu empenho e dedicação na promoção do desporto, inclusive para deficientes físicos, mos-trou o seu orgulho e a sua confiança na juventude angolana.Em atitude simbólica, num gesto sim-ples e elegante ofertou-lhes flores. Num reconhecimento notável iden-tificou-se com o patriotismo forte e acentuado que fez com que as atletas trouxessem o ouro para o país.

UM DESPORTO ULTRA COMPLETO

O dia já escureceu. Nos seus lugares, de forma afi ncada exercitam ataques, defesas e contra-ataques. Trabalham a velocidade linear e com mudança de direcção, fundem-se com a sua resistên-cia aeróbica, treinam a altura em salto, potenciam a capacidade anaeróbica dos membros inferiores.Aprendem a tomar decisões rápidas, apu-ram o seu sentido de resposta imediata e muitas vezes é no treinador adjunto que recuperam, reforçam e replicam energias e forças. É admirável o traba-lho conjunto. António Costa não as deixa descansar. É peremptório em realçar a importância de lhes criar a necessidade de resposta. Em alto e bom som faz-se ouvir em expressões desafi antes, que nos recordam a nossa infância mas que têm o resultado pretendido. De novo lá estão elas revigoradas, cheias de adrenalina.E o treino ao ar livre termina com a escu-

ridão da noite. Lá fora os pássaros tran-quilizam o voo das suas asas no frondoso verde das árvores. Alheios ao vazio do horizonte, atletas, treinador e equipa técnica refugiam-se agora na tranqui-lidade do ginásio. Reforço muscular e abdominal, melhoramento de postura são alguns dos itens que se trabalham tendo em consideração a idade, estru-tura e objectivos pretendidos de cada uma das atletas. É na sala das máquinas que o espírito de entre ajuda ganha solidez. Desmarcam-se dos posicionamentos e das posturas que há que ter durante o jogo, e agora o sistema ofensivo e defensivo ganha outros contornos.Estão agrupadas aos pares e com o pen-samento no futuro, diz Wuta Dombaxe que “quer estar presente uma vez mais na selecção”. No início fi cou no banco, mas tal como Nelma Pedro e Mariazi-nha admitem “ sempre soubemos que íamos conseguir vencer”.Descontraída, Joelma sente que a frase fi cou incompleta. “É importante dizer também que as nossas vitórias são fruto de muito esforço, sacrifício e trei-nos muito exigentes… que nos davam ainda mais vontade de provar que ainda tínhamos muitas energias para gastar”, remata Odete Tavares. No ser exigente, no gosto pela since-ridade e no desapreço pela mentira e pela falsidade, Carolina Morais encon-tra as suas qualidades e revela, o que são para si, os defeitos que não tolera. Tal como quando era criança e sonhava ser aeromoça; da mesma forma que des-cobriu o seu dom de bater bem a bola, confi dencia, com uma energia singu-lar, que jogar, defender, marcar, é o que efectivamente cativa e seduz as Meninas da Selecção de Andebol de Angola!

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EM TOURNÉE MUNDIAL COM YURI DA CUNHA E EROS RAMAZZOTTI

O músico está em digressão desde 2009 acompanhado pelos músicos, Dinho (bateria), Car-

litos Chiemba (baixo), Joãozinho Mor-gado (percussão), Ximbinha Mamede (guitarra), Chalana Dantas (percus-são), Nelas do Som (guitarra), Tavinho (teclados), os coristas Faustudo e Try-cia, e pelas bailarinas Filomena e Bela.E tudo isto só é possível porque Yuri da Cunha é uma incansável fonte de talento.

Como é que conheceu o Eros Ramazzotti?

Através de um contacto feito por uma empresa que funciona em Portugal.

E o convite da tournée internacional?Fomos contactados por esta mes-ma empresa que nos apresentou o projecto elaborado pela Trident Ma-nagent que é a empresa que trata da carreira de Eros Ramazzotti. A minha produção gostou do que ouviu e par-timos para esta grande tournée.

Há quanto tempo andam em digressão pela Europa?

Há seis meses.

Como é que estão a estruturar o espectáculo?

O Eros Ramazzotti é um artista top

as nossas músicas no fim. Quanto a ficar na moda é um trabalho ainda mais profundo que requer tempo. Nós temos que apontar os canos só para um lugar e com esta intenção sermos sinceros, em dizer que é muito difícil convencer os grandes mundos. Só mesmo com muito trabalho!

Como é o Eros Ramazzotti como pessoa?

É uma pessoa muito fixe que gosta de futebol, de contar anedotas… Mesmo com uma agenda maluca, os fãs e tudo mais, ele tirou, algumas vezes, tempo para passar no meu camarim e bater um papo na maior.

E os/ as fãs? Fale-me deles?Os dele ou os meus? Eu recebi 200 fãs na Alemanha que ganharam como prémio estar comigo duran-te 30 minutos para receber um CD autografado. Foi emocionante ver aquelas pessoas que nunca tinham ouvido a nossa música estarem ali, curiosas em saber como é Angola, as danças, o povo, enfim… tanta coisa que no fim reparei que eu era o fã dos meus fãs, assim como sou pelos angolanos!

Daqui para a frente como vai ser?Isto é a internacionalização da mú-

Texto: Ana MaurícioFotografi a: Produção Yuri da Cunha

Yuri da Cunha e Eros Ramazzotti formam dupla em tournée pela Europa. O vencedor do “Top dos Mais Queridos 2009”, autor de, entre outros sucessos, "Kuma Kua Kié", "Muxima" e “Tá Doer”, de 29 anos, foi convidado pelo cantor italiano para abrir os espectáculos inseridos na tournée que está a realizar, de forma a lançar a sua carreira a nível internacional

no mundo e claro que é uma estru-tura muito grande. Nós já a encon-trámos montada e tivemos que nos adaptar ao esquema. Agora no futuro vamos ter muita coisa boa para mos-trar se DEUS quiser.

Um italinao e um angolano em palco, duas culturas diferentes, mas pro-vavelmente com muitos pontos em comum. Quais?

A musicalidade é o principal. O Eros é uma pessoa muito sensível e eu tam-bém! Quanto às culturas são mesmo muito diferentes, vamos tentar criar agora algo em comum.

São os dois românticos. Como está a ser a reacção do público?

Eu sou romântico como pessoa, mas como artista não. Eu falo das coi-sas do dia-a-dia, do Muangolé e ele retrata coisas do coração. São dois géneros completamente diferentes.

A Europa está a entender bem o que o Yuri da Cunha transmite nas músi-cas? E a dança já é moda?

A linguagem da música é a mesma em qualquer parte do mundo. Eu acho que eles, os europeus, têm gostado do que nós apresentamos, porque a gente vê nos concertos a maneira como eles vibram e até saem a cantar

COM O APOIO SONANGOL

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sica angolana e principalmente do Yuri da Cunha que é já um ícon, uma bandeira de Angola.Daqui para a frente é trabalhar, cada vez mais, para puderem identificar o nome do nosso país, no resto do mundo, com um bom tom musical.

Vai voltar a casa? Qual o maior sonho? Para onde voar agora?

Claro que sim, acha que eu conse-guiria viver sem a minha bendita poeira? Eu sou um membro deste país e, como qualquer outro cidadão, interessado em participar do cresci-mento da nação. Tenho de estar por perto para ter o orgulho de dizer: “Nós construímos isto e aquilo com as nos-sas mãos, com a nossa inteligência, e com o nosso amor. O meu sonho é ver o meu país ser falado pelas outras nações, pela qualidade do seu povo, da sua cultura e do amor que cada um de nós poderá dar a cada cida-dão, também àquele que, na paz, vem conhecer este país do futuro e, com isso, fazer o meu voo Taag para o mundo!

Até quando esta ligação com o Eros Ramazzotti? Ele vem a Angola para alguma actuação?

A ligação continua, até quando não sei. Queremos que ele venha a Angola e com certeza que vamos conseguir.

Como foi possível realizar este sonho de uma digressão mundial?

Como? Não tenho palavras para ex-primir os meus agradecimentos à So-nangol e pelo grande trabalho que tem feito para apoiar a cultura nacional. Eu faço parte deste leque de artistas que tem sido apoiado, se não fosse a Sonangol esta tournée não seria possí-vel. Desde já agradeço a todo o elenco Sonangol, a começar pelo PCA, Manuel Vicente, ao mais humilde funcionário desta grande instituição que tem servi-do o país. Que DEUS dê saúde a todos e muito amor para continuarmos a ter um país em crescimento, à medida do que sonhamos.

Conte-me episódios caricatos que se tenham passado nesta digressão!?

São muitos, mas vou contar um só senão as “estigas” não vão parar. O Chalana, como todo o mundo sabe, é a pessoa que organiza a estrutura de trabalho da minha equipe, é o elo de ligação Yuri da Cunha com outras organizações, uma pessoa muito or-ganizada e perfeccionista. Então ele pedia sempre algum serviço ou algo emprestado ao team italiano do Eros, até que um dia, um deles disse. “ ele tem de pagar! E como o Chalana não bebe, o pagamento foi nada mais, nada menos que beber duas taças de grapa, uma bebida italiana mui-to forte, tipo rum ou aguardente, ou até mesmo capuca. Passados alguns minutos estava o Chalana a rir bué e super divertido, o que provocou entre a nossa equipa uma risota geral. Foi tanta coisa boa que, na hora da parti-da para Angola, no fi m da tournée, foi choro de ambas partes. Criaram-se laços muito fortes que mantemos via telefone e internet e vai projectar-se ainda em muito trabalho também.

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UM OÁSIS NO DESERTO DO NAMIBE

CONHEÇA ANGOLA

• Junho 2010 - Nº21

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Angola esconde algumas das mais belas paisagens naturais do mundo. São as quedas de

água, as montanhas, as grutas, praias e florestas. Na imensidão do território encontra-se, a cada viagem, algo sempre de novo. Pequenas bênçãos de Deus que nos presenteiam com obras maravilhosas esculpidas na natureza. Se tomar rumo ao Namibe, não deixe de visitar o Arco, um magnífico oásis no meio do deserto. Podia até ser cenário

Texto: Ana MaurícioFotografi a: Ana Maurício

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UM OÁSIS NO DESERTO DO NAMIBE

de rodagem de um filme do antigo Far West. É pena que só alguns tenham conhecimento desta existência. Aqui as montanhas ficaram recortadas devido à erosão do solo, do vento e da brisa do mar que, apesar de distante, deve chegar ali para cristalizar e solidificar o rendilhado natural que acaba por ficar desenhado.O Arco é uma grandiosa obra natural. Um arco gigante, uma porta de entrada para um fantástico lago, no meio do

nada, a uma hora de distância de carro do mar. Se à volta a paisagem é areia e pedra, aqui a mãe natureza não “economizou” os tons de verde que serpenteiam à volta das margens deste lago formado pelo Rio Curoca e que tira precisamente este nome da rocha em forma de arco, um lago com um ecossistema muito peculiar e que merecia ser estudado por qualquer biólogo. Enormes nenúfares e os patos bravos brincam na água. ›››

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AS MULHERES SÓ USAM O CINTO À VOLTA DOS SEIOS DEPOIS DE CASAR

NÃO SÃO TODOS AQUELES QUE VÊEM

DE FORA QUE TÊM O PRIVILÉGIO DE

CONHECER O ARCO

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Qualquer barulho ou som aqui faz eco, porque o lago está envolto em pequenas montanhas, um pássaro que canta, um arbusto que se mexe, passos de alguém que vem mais longe. Este é um lugar mágico que os naturais desta Província guardam religiosamente.

O POVO MUKUBAL

O povo Mukubal ou Kuvale fascina qualquer um que mantém contacto pela primeira vez e sempre que temos a honra de conviver com eles descobrimos sempre dados novos acerca da sua cultura. Encanta ouvir as suas histórias, o modo de vida, os truques de beleza para elas, os signos e os signifi cados de cada veste, do pano na cabeça, as pulseiras etc. Por exemplo pela forma como colocam o lenço na cabeça percebe-se se a jovem ainda tem pai ou não, as pulseiras de cobre representam riqueza que se passa de família para família. As mulheres só usam o cinto à volta dos seios depois de se casar. Os herdeiros são sempre os sobrinhos homens, fi lhos de uma irmã e não os próprios fi lhos.

Este grupo étnico pertence ao grupo dos Herero que chegaram a Angola por volta do século XV e que fazem parte de uma expansão Bantu de cultura pastoril que tem origem muitos séculos antes a partir do Leste do continente. Eles ocupam cerca de metade da província

do Namibe e continuam a manter traços culturais bastante característicos, como a criação de gado, a limagem dos dentes, a recusa de comer peixe ou o sistema das classes de idade. São tribos ancestrais que preservam costumes e tradições culturais até aos dias de hoje.

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