manual otoc ev0410

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1 FORMAÇÃO EVENTUAL Curso EVE 0410 SNC – O processo de divulgação nas Pequenas Entidades AVELINO AZEVEDO ANTÃO ARMANDO TAVARES JOÃO PAULO MARQUES Outubro 2010

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Page 1: Manual Otoc Ev0410

1

FORMAÇÃO EVENTUAL

Curso EVE 0410

SNC – O processo de divulgação nas Pequenas

Entidades

AVELINO AZEVEDO ANTÃO

ARMANDO TAVARES

JOÃO PAULO MARQUES

Outubro 2010

Page 2: Manual Otoc Ev0410

2

Nota Prévia:

Este documento foi preparado para servir de apoio à acção

de formação eventual promovida pela Ordem dos Técnicos

Oficiais de Contas, sob o tema “SNC – O processo de

divulgação nas Pequenas Entidades”. Não é permitida a

reprodução para quaisquer outras finalidades devendo

quaisquer eventuais citações indicar a fonte.

Page 3: Manual Otoc Ev0410

3

SIGLAS E ABREVIATURAS

CSC – Código das Sociedades Comerciais

IAS – International Accounting Standards

IASB – International Accounting Standards Board

IFRIC - International Financial Reporting Interpretations Committee

IFRS - International Financial Reporting Standards

NCRF – Normas Contabilísticas e Contabilidade e Relato Financeiro

NCRF-PE – Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas

Entidades

NI – Normas Interpretativas

OTOC – Ordem dos Técnicos Oficias de Contas

PCGA – Princípios Contabilísticos Geralmente Aceites

POC – Plano Oficial de Contabilidade

SNC – Sistema de Normalização Contabilística

UE – União Europeia

Page 4: Manual Otoc Ev0410

4

ÍNDICE

1. Introdução ...................................................................................................................................................... 6

2. Estrutura Conceptual ............................................................................................................................... 9

2.1. Noção de estrutura conceptual ..................................................................................................... 9

2.2. Necessidade e Vantagens ............................................................................................................ 11

2.3. Objectivo das Demonstrações Financeiras .......................................................................... 13

2.4. Pressupostos ....................................................................................................................................... 15

2.5. Características Qualitativas .......................................................................................................... 16

3. O processo de divulgação nas Pequenas Entidades ............................................................ 18

3.1. Objectivo e âmbito da NCRF-PE ............................................................................................... 18

3.2. Considerações gerais sobre reconhecimento ..................................................................... 20

3.3. Estrutura e conteúdo das demonstrações financeiras ................................................... 22

3.4. Divulgações .......................................................................................................................................... 26

3.4.1. Políticas Contabilísticas ............................................................................................................ 26

3.4.2. Alterações nas estimativas contabilísticas e erros ...................................................... 28

3.4.3. Activos fixos tangíveis ................................................................................................................ 31

3.4.4. Activos intangíveis ....................................................................................................................... 40

3.4.5. Locações........................................................................................................................................... 49

3.4.6. Custos de empréstimos obtidos ............................................................................................ 58

3.4.7. Inventários ........................................................................................................................................ 64

3.4.8. Rédito ................................................................................................................................................. 70

3.4.9. Provisões, passivos contingentes e activos contingentes ....................................... 79

3.4.10. Subsídios do governo ................................................................................................................ 88

3.4.11. Efeitos de alterações em taxas de câmbio ...................................................................... 95

3.4.12. Impostos sobre o rendimento .............................................................................................. 102

3.4.13. Instrumentos financeiros ........................................................................................................ 104

3.4.14. Benefícios dos empregados ................................................................................................ 112

Page 5: Manual Otoc Ev0410

5

4. Modelos reduzidos de demonstrações financeiras ............................................................. 119

4.1.1. Balanço (Modelo reduzido) .................................................................................................. 121

4.1.2. Demonstração dos resultados por naturezas (Modelo reduzido) ..................... 126

4.1.3. Demonstração dos resultados por funções (Modelo reduzido) ......................... 128

4.1.4. Anexo (Modelo reduzido) ...................................................................................................... 129

5. ANEXOS (Compilação Demonstrações Financeiras) ........................................................ 131

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................... 161

Page 6: Manual Otoc Ev0410

6

1. Introdução

A publicação da Lei nº 20/2010, de 23 de Agosto veio alargar

consideravelmente o conceito de pequenas entidades para efeitos de aplicação

do Sistema de Normalização Contabilística, constituindo a primeira alteração

ao Decreto -Lei n.º 158/2009, de 13 de Julho. Veio permitir a opção pela

NCRF-PE a todas as empresas que não tenham as suas demonstrações

financeiras sujeitas a certificação legal de contas, pois os limites a considerar

passaram a coincidir com o artigo 262º do Código das Sociedades Comerciais.

Assim em termos práticos os Técnicos Oficiais de Contas passaram a poder ter

dois grandes grupos de clientes: por um lado os clientes (ou empregadores)

com contas sujeitas a certificação legal a quem obrigatoriamente aplicam o

regime geral do SNC e por outro os restantes clientes (ou empregadores) que

podem optar pelo regime da NCRF-PE.

Esta alteração, principalmente por ter feito coincidir a opção pela aplicação da

NCRF-PE com os parâmetros que isentam as contas de certificação legal das

contas, deu em nossa opinião uma enorme importância a esta norma. É uma

norma que tendencialmente terá uma grande estabilidade, e tem o mérito de

ser um bom resumo das NCRF do regime geral do SNC.

Não se aborda a fase de transição que foi objecto de formação autónoma.

Pretendeu-se que fosse essencialmente prático e abrangente de toda a NCRF-

PE.

Este manual é composto essencialmente por três partes:

1. Uma primeira parte teórica descritiva (cerca de 20 páginas)

Page 7: Manual Otoc Ev0410

7

2. A segunda parte (cerca de 90 páginas) que aborda

separadamente as diversas áreas de activos, passivos, réditos e

gastos tendo, normalmente, por cada área um exemplo prático,

composto por:

i. Enunciado

ii. Identificação da natureza do problema

iii. Identificação do capítulo da NCRF-PE aplicável

iv. Explicitação das regras de reconhecimento e mensuração

aplicáveis

v. Resolução

Registos contabilísticos e

Aspectos relacionados com a divulgação

3. Uma terceira parte com as demonstrações financeiras que resultam

da situação inicial complementadas com os registos dos 12 casos

práticos apresentados, incluindo uma proposta de redacção do

anexo, relacionado não só com as notas referentes aos casos

apresentados, mas também com as notas de divulgação de

transição, bem como as notas previstas na portaria 986/2009, de 7

de Setembro, que publicou os Modelos de demonstrações financeiras

do SNC.

São apresentados os seguintes casos práticos, que no final incorporam o

Balanço, a Demonstração dos Resultados e o Anexo conforme referido:

Caso Prático n.º 1 - Alterações nas estimativas contabilísticas e erros

Caso Prático n.º 2 - Activos fixos tangíveis

Page 8: Manual Otoc Ev0410

8

Caso Prático n.º 3 - Activos fixos intangíveis

Caso Prático n.º 4 - Locações

Caso Prático n.º 5 - Custos de empréstimos obtidos

Caso Prático n.º 6 - Inventários

Caso Prático n.º 7 - Rédito

Caso Prático n.º 8 - Provisões, passivos contingentes e activos contingentes

Caso Prático n.º 9 - Subsídios do governo

Caso Prático n.º 10 - Efeitos de alterações em taxas de câmbio

Caso Prático n.º 11 - Instrumentos financeiros

Caso Prático n.º 12 - Benefícios dos empregados

Page 9: Manual Otoc Ev0410

9

2. Estrutura Conceptual

2.1. Noção de estrutura conceptual

As demonstrações financeiras são preparadas e apresentadas por empresas

em todo o mundo, o qual é caracterizado por uma variedade de circunstâncias

económicas, sociais e legais que podem conduzir a conflitos de interesses

quanto à quantidade e qualidade da informação financeira. Segundo Martinez1

“é necessário estabelecer uma linguagem comum para a elaboração das

demonstrações financeiras que, por um lado, seja compreensível para todos os

utentes e, por outro, se acomode ao progresso económico com o qual mantém

uma constante inter-relação, já que será este que determina a quantidade e a

qualidade da informação procurada”.

Weetman (1996), define estrutura conceptual da contabilidade como sendo

uma declaração de princípios que formam uma orientação geralmente aceite

para o desenvolvimento de novas práticas de relato, assim como para desafiar

e avaliar as práticas existentes.

Tua Pereda (1996) define estrutura conceptual como uma interpretação da

teoria geral da contabilidade, mediante a qual se estabelecem, através de um

itinerário lógico-dedutivo, os fundamentos teóricos em que se apoia a

informação financeira.

Para Bellostas Pérez-Grueso (1997), uma estrutura conceptual é uma proposta

teórica formulada com base num processo lógico-dedutivo, destinada a servir

de instrumento ao órgão regulador para a elaboração de normas contabilísticas

coerentes com a realidade económica e evitar conflitos de negociação.

1 cit. por CRAVO, Domingos, em “Da Teoria da contabilidade às estruturas conceptuais”, 2000

Page 10: Manual Otoc Ev0410

10

Gabás Trigo2 descreve a estrutura conceptual da contabilidade como uma

teoria contabilística de carácter geral que apresenta uma estrutura lógico-

dedutiva do conhecimento contabilístico e define uma orientação básica para o

organismo responsável pela elaboração de normas contabilísticas de

cumprimento obrigatório.

Verificamos que não existe uma definição única de estrutura conceptual, no

entanto, de acordo com Domingos Cravo (2000) podemos concluir que uma

estrutura conceptual é:

� uma interpretação da teoria geral da contabilidade;

� utiliza um método lógico-dedutivo;

� define uma orientação básica para o organismo responsável de elaborar

normas de contabilidade;

� estabelece os fundamentos teóricos em que se apoia a informação

financeira.

2 cit. por CRAVO, Domingos, ob. cit.

Page 11: Manual Otoc Ev0410

11

2.2. Necessidade e Vantagens

É indiscutível a necessidade de uma estrutura conceptual que estabeleça um

quadro de referência que permita eliminar ou reduzir a influência de opiniões,

fornecendo uma base conceptual de orientação à promulgação e revisão das

normas de contabilidade financeira, aumentando a credibilidade,

comparabilidade e compreensão da informação financeira.

As demonstrações financeiras preparadas com o objectivo de prestar

informação que seja útil na tomada de decisões económicas devem atender às

necessidades da maior parte dos utentes:

� Decidir quando comprar, deter ou vender um investimento em capital

próprio;

� Avaliar o zelo ou a responsabilidade do órgão de gestão;

� Avaliar a capacidade de a entidade pagar e proporcionar outros

benefícios aos seus empregados;

� Avaliar segurança das quantias emprestadas à entidade;

� Determinar as políticas fiscais;

� Determinar os lucros e dividendos distribuíveis;

� Preparar e usar as estatísticas sobre o rendimento nacional; ou

� Regular as actividades das entidades.

Page 12: Manual Otoc Ev0410

12

Depois de analisada a noção de estrutura conceptual e identificada a

necessidade da mesma é possível enumerar algumas vantagens de uma

estrutura conceptual, a saber:

� Estabelece um quadro de referência que elimina ou reduz a influência de

opiniões;

� Fornece uma base conceptual de orientação à promulgação e revisão

das normas de contabilidade financeira;

� Orienta o julgamento dos responsáveis pela regulamentação

contabilística, facilitando a sua comunicação no processo de

normalização;

� Ajuda as organizações normalizadoras nacionais no desenvolvimento de

normas nacionais;

� Aumenta a credibilidade, comparabilidade e compreensão da informação

financeira;

� Possibilita uma maior capacidade de resolução de conflitos por parte dos

organismos contabilísticos;

� Auxilia os auditores na formação de opinião sobre as demonstrações

financeiras.

Page 13: Manual Otoc Ev0410

13

2.3. Objectivo das Demonstrações Financeiras

O Objectivo das demonstrações financeiras é o de proporcionar informação

acerca da posição financeira, do desempenho e das alterações na posição

financeira de uma entidade que seja útil a um vasto leque de utentes na

tomada de decisões económicas conforme referido no § 12 da Estrutura

Conceptual.

No entanto é necessário ter presente que as demonstrações financeiras não

proporcionam toda a informação de que os utentes necessitam para tomarem

as suas decisões económicas uma vez que elas fornecem essencialmente

informação histórica sobre os efeitos financeiros de acontecimentos passados,

não proporcionando necessariamente informação não financeira.

As decisões económicas que sejam tomadas pelos utentes das demonstrações

financeiras requerem uma avaliação da capacidade da entidade para gerar

caixa e equivalentes de caixa e da tempestividade e certeza da sua geração.

Informação acerca da posição financeira, do desempenho e das alterações na

posição financeira de uma entidade ajudam na avaliação da capacidade de

gerar caixa e equivalentes de caixa.

Conforme referido no ponto 16 da Estrutura Conceptual a posição financeira

de uma entidade é afectada pelos recursos económicos que ela controla, pela

sua estrutura financeira, pela sua liquidez e solvência, e pela sua capacidade

de se adaptar às alterações no ambiente em que opera. A informação acerca

dos recursos económicos controlados pela entidade e a sua capacidade no

passado para modificar estes recursos é útil na predição da capacidade da

entidade para gerar no futuro caixa e equivalentes de caixa. A informação

acerca da estrutura financeira é ainda útil na predição de futuras necessidades

de empréstimos e de como os lucros futuros.

Page 14: Manual Otoc Ev0410

14

A informação acerca do desempenho é útil na predição da capacidade da

entidade gerar fluxos de caixa a partir dos seus recursos básicos existentes.

A informação respeitante às alterações na posição financeira de uma

entidade é útil a fim de avaliar as suas actividades de investimento, de

financiamento e operacionais durante o período de relato.

Page 15: Manual Otoc Ev0410

15

2.4. Pressupostos

A Estrutura Conceptual, por razões teóricas, não incorpora a noção de princípio

contabilístico, considerando o regime do acréscimo e a continuidade como

pressupostos subjacentes a toda a informação financeira.

Com o regime do acréscimo, os efeitos das transacções são reconhecidos eles

ocorram, e não quando caixa ou equivalentes de caixa sejam recebidos ou

pagos, sendo registados contabilisticamente e relatados nas demonstrações

financeiras dos períodos com os quais se relacionam.

§ 22 – A fim de satisfazerem os seus objectivos, as demonstrações financeiras são

preparadas de acordo com o regime contabilístico do acréscimo (ou da periodização

económica).

Com o pressuposto da continuidade é assumido que a entidade não tem nem a

intenção nem a necessidade de liquidar ou reduzir drasticamente o nível das

suas operações.

§ 23 – As demonstrações financeiras são normalmente preparadas no pressuposto de

que uma entidade é uma entidade em continuidade e de que continuará a operar no

futuro previsível.

Page 16: Manual Otoc Ev0410

16

2.5. Características Qualitativas

As características qualitativas são os atributos que transformam a informação

constante nas demonstrações financeiras útil aos utentes. A estrutura

conceptual do SNC menciona quatro principais características:

compreensibilidade, relevância, fiabilidade e a comparabilidade.

A compreensibilidade revela-se como um factor importante uma vez que os

utentes das demonstrações financeiras devem entender rapidamente a

informação contida nas mesmas.

Por outro lado, a relevância da informação é um factor preponderante para as

necessidades de tomada de decisão dos utentes – podemos considerar que a

informação é material se a sua omissão ou inexactidão influenciarem as

decisões económicas.

Para que a informação divulgada possa ser utilizada com fiabilidade deve

estar isenta de erros materiais, traduzindo fidedignamente a realidade que

pretende representar.

A característica qualitativa da comparabilidade tem igualmente uma

implicação importante na tomada de decisão uma vez que os utentes devem

ser capazes de identificar tendências na posição financeira e no desempenho

Page 17: Manual Otoc Ev0410

17

da entidade assim como comparar as demonstrações financeiras de diferentes

empresas.

As demonstrações financeiras devem mostrar a imagem verdadeira e

apropriada da posição financeira, do desempenho e das alterações na posição

financeira de uma empresa. Segundo a estrutura conceptual do SNC (§ 46) a

aplicação das principais características qualitativas e das normas

contabilísticas apropriadas resulta normalmente em demonstrações financeiras

que transmitem o que é geralmente entendido como uma imagem verdadeira e

apropriada.

Page 18: Manual Otoc Ev0410

18

3. O processo de divulgação nas Pequenas Entidades

3.1. Objectivo e âmbito da NCRF-PE

A NCRF-PE, foi publicada pelo aviso n.º 15654/2009 de 7 de Setembro de

2009, e refere, no parágrafo 1, como seu objectivo o estabelecer os aspectos

de reconhecimento, mensuração e divulgação extraídos das correspondentes

NCRF, tidos como mínimos aplicáveis às pequenas entidades.

Desde logo importa referir a definição de Pequena Entidade, prevista no art. 9.º

do Decreto-lei 158/2009 de 13 de Julho, incluindo todas as entidades que não

ultrapassem 2 dos seguintes 3 limites:

Total de balanço: 500.000 €

Total de vendas líquidas e outros rendimentos: 1.000.000 €

Número de trabalhadores empregados em média durante o exercício: 20

No entanto, com a publicação da lei 20/2010, de 23 de Agosto, estes limites

foram alargados para os constantes do art. 262.º do CSC, a saber:

Total de balanço: 1.500.000 €

Total de vendas líquidas e outros rendimentos: 3.000.000 €

Número de trabalhadores empregados em média durante o exercício: 50

Não estão incluídas nas Pequenas Entidades, independentemente dos valores

apresentados dos itens descritos, as entidades que por razões legais ou

estatutárias tenham as suas demonstrações financeiras sujeitas a certificação

legal das contas.

Page 19: Manual Otoc Ev0410

19

O âmbito da presente norma, tal como referido no parágrafo 2, aplica-se a

todas as pequenas entidades que não optem pela aplicação das NCRF’s de

forma integral, o que considerando o tecido empresarial Português aplica-se à

esmagadora maioria das entidades.

Tendo em conta que a NCRF-PE, apresenta os aspectos mínimos de

reconhecimento, mensuração e divulgação das demonstrações financeiras,

estipula-se que, sempre que a norma não responda a aspectos particulares ou

exista uma lacuna que seja de tal forma relevante que o seu não

preenchimento coloque em causa o objectivo de ser prestada informação que,

de forma verdadeira e apropriada, traduza a posição financeira numa certa data

e o desempenho para o período abrangido, a entidade deverá recorrer à

superação dessa lacuna.

Esta operação será efectuada de uma forma supletiva pela seguinte ordem:

a) em primeiro lugar a remissão far-se-á às NCRF e Normas

Interpretativas (NI);

b) em segundo lugar às Normas Internacionais de Contabilidade

(NIC), adoptadas ao abrigo do regulamento 1606/2002

c) por fim às Normas Internacionais de Contabilidade (IAS) e

Normas Internacionais de Relato Financeiro (IFRS), emitidas pelo

IASB, e respectivas interpretações (SIC e IFRIC).

Page 20: Manual Otoc Ev0410

20

3.2. Considerações gerais sobre reconhecimento

A NCRF-PE, possui uma estrutura relativamente diferente em relação às

restantes NCRF’s, enquanto estas, possuem normalmente capítulos próprios

com os aspectos do reconhecimento, a NCRF-PE apresenta o parágrafo 3 com

a descrição das considerações gerais de reconhecimento, sendo as definições

constantes neste parágrafo utilizadas posteriormente nas áreas das

demonstrações financeiras, a ela fazendo referência.

Entende-se por reconhecimento o processo de incorporar no balanço e na

demonstração dos resultados um item que satisfaça a definição de um

elemento e satisfaça os critérios de reconhecimento estabelecidos na Estrutura

Conceptual.

O reconhecimento envolve a descrição do item por palavras e por uma quantia

monetária e a inclusão dessa quantia nos totais do balanço ou da

demonstração dos resultados. A norma considera ainda que o não

reconhecimento de um item que o devesse ser face à definição, não é

rectificado pela divulgação das políticas contabilísticas usadas nem por notas

ou material explicativo.

Um item que, num dado momento, deixe da satisfazer os critérios de

reconhecimento pode qualificar-se para reconhecimento numa data posterior

como resultado de circunstâncias ou acontecimentos subsequentes, enquanto

que um item que possua as características essenciais de um elemento mas

falhe em satisfazer os critérios de reconhecimento pode no entanto exigir

divulgação nas notas, material explicativo ou em mapas suplementares.

Page 21: Manual Otoc Ev0410

21

Em termos de reconhecimento, podemos referir que um activo é reconhecido

no balanço quando for provável que os benefícios económicos futuros fluam

para a empresa e o activo tenha um custo ou um valor que possa ser

mensurado com fiabilidade, não sendo reconhecido no balanço quando o

dispêndio tenha sido incorrido relativamente ao qual seja considerado

improvável que benefícios económicos fluirão para a empresa para além do

período contabilístico corrente.

No que concerne aos passivos, a norma descreve o seu reconhecimento no

balanço quando for provável que um exfluxo de recursos incorporando

benefícios económicos resulte da liquidação de uma obrigação presente e que

a quantia pela qual a liquidação tenha lugar possa ser mensurada com

fiabilidade.

Já os rendimentos são reconhecidos na demonstração dos resultados quando

tenha surgido um aumento de benefícios económicos futuros relacionados com

um aumento num activo ou com uma diminuição de um passivo e que possa

ser quantificado com fiabilidade.

Por fim, os gastos são reconhecidos na demonstração dos resultados quando

tenha surgido uma diminuição dos benefícios económicos futuros relacionados

com uma diminuição num activo ou com um aumento de um passivo e que

possam ser mensurados em fiabilidade.

Um gasto é imediatamente reconhecido na demonstração dos resultados

quando o dispêndio não produza benefícios económicos futuros ou quando, e

tanto quanto, os benefícios económicos futuros não se qualifiquem, ou cessem

de qualificar-se, para reconhecimento no balanço como um activo.

Um gasto é igualmente reconhecido na demonstração dos resultados nos

casos em que seja incorrido um passivo sem o reconhecimento de um activo,

como se dá quando surja um passivo por garantia de um produto.

Page 22: Manual Otoc Ev0410

22

3.3. Estrutura e conteúdo das demonstrações financeiras

No quadro da NCRF-PE, dispõe o parágrafo 4 que as demonstrações

financeiras devem ser identificadas claramente e distinguidas de outra

informação no mesmo documento publicado. Cada componente das

demonstrações financeiras deve ser identificado claramente e a informação

seguinte mostrada de forma proeminente e repetida quando for necessário

para a devida compreensão da informação apresentada:

- O nome da entidade que relata ou outros meios de identificação, e

qualquer alteração nessa informação desde a data do balanço anterior;

- A data do balanço ou o período abrangido pelas demonstrações

financeiras, conforme o que for apropriado para esse componente das

demonstrações financeiras;

- A moeda de apresentação; e

- O nível de arredondamento usado na apresentação de quantias nas

demonstrações financeiras.

No que se refere ao Balanço uma entidade deve apresentar activos correntes

e não correntes, e passivos correntes e não correntes, como classificações

separadas na face do balanço.

Um activo deve ser classificado como corrente quando satisfizer qualquer dos

seguintes critérios:

Page 23: Manual Otoc Ev0410

23

- Espera-se que seja realizado, ou pretende -se que seja vendido ou

consumido, no decurso normal do ciclo operacional da entidade;

- Esteja detido essencialmente para a finalidade de ser negociado;

- Espera -se que seja realizado num período até doze meses após a

data do balanço; ou

- É caixa ou equivalente de caixa, a menos que lhe seja limitada a troca

ou uso para liquidar um passivo durante pelo menos doze meses após a

data do balanço.

Todos os outros activos devem ser classificados como não correntes. A NCRF-

PE usa o termo não corrente para incluir activos tangíveis, intangíveis e

financeiros cuja natureza seja de longo prazo.

Um passivo deve ser classificado como corrente quando satisfizer qualquer um

dos seguintes critérios:

- Se espere que seja liquidado durante o ciclo operacional normal da

entidade;

- Esteja detido essencialmente para a finalidade de ser negociado;

- Deva ser liquidado num período até doze meses após a data do

balanço; ou

- A entidade não tenha um direito incondicional de diferir a liquidação do

passivo durante pelo menos doze meses após a data do balanço.

Todos os outros passivos devem ser classificados como não correntes.

Quanto à Demonstração dos Resultados todos os itens de rendimentos e de

gastos reconhecidos num período devem ser incluídos nos resultados a menos

Page 24: Manual Otoc Ev0410

24

que um outro capítulo o exija de outro modo. Os itens a apresentar na

demonstração dos resultados deverão basear-se numa classificação que

atenda à sua natureza, não devendo apresentar itens de rendimento e de gasto

como itens extraordinários, quer na face da demonstração dos resultados quer

no anexo.

As notas do Anexo devem ser apresentadas de uma forma sistemática. Cada

item na face do balanço e da demonstração dos resultados, que tenha

merecido uma nota no anexo, deve ter uma referência cruzada.

O Anexo deve assim:

- Apresentar informação acerca das bases de preparação das

demonstrações financeiras e das políticas contabilísticas usadas;

- Divulgar a informação exigida pelos capítulos desta Norma que não

seja apresentada na face do balanço, e da demonstração dos

resultados; e

- Proporcionar informação adicional que não seja apresentada na face

do balanço e da demonstração dos resultados, mas que seja relevante

para uma melhor compreensão de qualquer uma delas.

As notas do Anexo devem ser apresentadas pela seguinte ordem:

- Identificação da entidade, incluindo domicílio, natureza da actividade,

nome e sede da empresa -mãe, se aplicável;

- Referencial contabilístico de preparação das demonstrações

financeiras;

Page 25: Manual Otoc Ev0410

25

- Resumo das principais políticas contabilísticas adoptadas;

- Informação desagregada dos itens apresentados na face do balanço,

na demonstração dos resultados por natureza;

- Passivos contingentes e compromissos contratuais não reconhecidos;

- Divulgações exigidas por diplomas legais.

No que se refere às Divulgações de políticas contabilísticas uma entidade

deve divulgar um resumo das principais políticas contabilísticas,

designadamente:

- Bases de mensuração usadas na preparação das demonstrações

financeiras;

- Outras políticas contabilísticas usadas que sejam relevantes para uma

compreensão das demonstrações financeiras.

Finalmente uma observação quanto à Adopção pela primeira vez da NCRF –

PE, uma vez que no final do primeiro exercício após transição, as divulgações

devem incluir:

- Uma explicação acerca da forma como a transição dos anteriores

princípios contabilísticos geralmente aceites para a NCRF -PE, afectou a

sua posição financeira e o seu desempenho financeiro relatados;

- Uma explicação acerca da natureza das diferenças de transição que

foram reconhecidas como capital próprio.

Page 26: Manual Otoc Ev0410

26

3.4. Divulgações

3.4.1. Políticas Contabilísticas

No que respeita a políticas contabilísticas, a NCRF-PE estabelece os critérios

para a selecção e aplicação de políticas contabilísticas, referindo,

designadamente, que a política ou políticas contabilísticas a aplicar a

determinado item será a que decorrer do capítulo que especificamente tratar da

subjacente transacção, acontecimento ou condição. Esta afirmação de princípio

é especialmente importante, pois vem permitir distinguir as situações em que

se verifica uma lacuna quanto ao tratamento contabilístico daquelas situações

em que foram tomadas opções por parte do legislador.

No caso de ausência de disposição, e após utilizadas as disposições

supletivas, referidas em capítulo anterior, deve o órgão de gestão fazer juízos

de valor no desenvolvimento e aplicação de uma política contabilística que

resulte em informação que seja:

a) Relevante para a tomada de decisões económicas por parte dos

utentes;

b) Fiável, de tal modo que as demonstrações financeiras:

i) Representem com fidedignidade a posição financeira, o

desempenho financeiro e os fluxos de caixa da entidade;

ii) Reflictam a substância económica de transacções, outros

acontecimentos e condições e não meramente a forma legal;

iii) Sejam neutras, isto é, que estejam isentas de preconceitos;

Page 27: Manual Otoc Ev0410

27

iv) Sejam prudentes; e

v) Sejam completas em todos os aspectos materiais.

Tal como acontece com o chamado regime geral, também nesta norma se

exige a consistência na aplicação das políticas contabilísticas. Por outro lado,

quanto a alterações nas políticas contabilísticas, a NCRF-PE segue também o

regime geral estabelecido, i.e. que uma entidade deve alterar uma política

contabilística apenas se a alteração passar a ser exigida por uma Norma ou

Interpretação; ou resultar no facto de as demonstrações financeiras

proporcionarem informação fiável e mais relevante sobre os efeitos das

transacções, outros acontecimentos ou condições, na posição financeira,

desempenho financeiro ou fluxos de caixa da entidade.

A norma refere ainda as situações em que uma entidade deve alterar as suas

políticas contabilísticas, se a alteração:

a) Passar a ser exigida por uma Norma ou Interpretação, (alteração

involuntária); ou

b) Resultar no facto de as demonstrações financeiras

proporcionarem informação fiável e mais relevante sobre os

efeitos das transacções, outros acontecimentos ou condições, na

posição financeira, desempenho financeiro ou fluxos de caixa da

entidade, alteração voluntária.

Page 28: Manual Otoc Ev0410

28

3.4.2. Alterações nas estimativas contabilísticas e erros

As alterações nas estimativas contabilísticas e erros foram também

merecedoras de referência na NCRF-PE. Quanto a estas foi estabelecido o

princípio geral da aplicação prospectiva incluindo qualquer diferencial nos

resultados do período de alteração, se a alteração afectar apenas esse

período; ou período de alteração e futuros períodos, se a alteração afectar

ambas as situações.

No caso dos erros, a norma refere especificamente que a correcção de um erro

material de um período anterior é excluída dos resultados do período em que o

erro é detectado, sendo efectuada directamente em resultados transitados

No que concerne aos aspectos de divulgação, estes são referidos no parágrafo

6.10 da norma e são os que a seguir se descrevem:

6.10 — Quando a aplicação de uma disposição desta Norma tiver efeitos no período corrente

ou em qualquer período anterior, salvo se for impraticável determinar a quantia do ajustamento,

ou puder ter efeitos em períodos futuros, uma entidade deve divulgar apenas nas

demonstrações financeiras do período corrente:

a) A natureza da alteração na política contabilística;

b) A natureza do erro material de período anterior e seus impactos nas demonstrações

financeiras desses períodos;

c) A quantia de ajustamento relacionado com o período corrente ou períodos anteriores aos

apresentados, até ao ponto que seja praticável; e

d) As razões pelas quais a aplicação da nova política contabilística proporciona informação

fiável e mais relevante, no caso de aplicação voluntária.

As divulgações exigidas neste ponto, são essencialmente descritivas, desde

logo a natureza da alteração da política contabilística, ou a natureza do erro

material de período anterior e o seu impacto nas demonstrações financeiras.

Page 29: Manual Otoc Ev0410

29

Tendo em conta que a NCRF-PE, não exige a aplicação retrospectiva das

alterações de políticas contabilísticas e erros materiais, como acontece da

aplicação integral das NCRF’s, nomeadamente da aplicação da NCRF 4, a

divulgação destas alterações, nomeadamente as quantias e o impacto nas

demonstrações financeiras assume uma importância acrescida, devendo ser

expresso a informação até ao ponto em que seja praticável.

Por fim, a norma exige que, sempre que se proceda a uma aplicação voluntária

de uma nova política contabilística se divulgue as razões pelas quais essa

política proporciona uma informação fiável mais relevante.

CASO PRÁTICO N.º 1

A empresa identificou no ano N, já após a divulgação das contas do exercício

anterior, que no pagamento de uma prestação de um empréstimo bancário,

havia sido contabilizado na conta de gastos financeiros a amortização de

capital no montante de 10.000 €.

Pedido: contabilização das operações no exercício N.

Natureza do problema: Alteração de políticas contabilísticas, estimativas contabilísticas e erros

NCRF PE (capítulo aplicável): 6

Reconhecimento e Mensuração:

De acordo com o disposto no § 6.9 da NCRF–PE, a correcção de um erro

material de um período anterior é excluída dos resultados do período em que o

erro é detectado, sendo efectuada directamente em resultados transitados.

Page 30: Manual Otoc Ev0410

30

Resolução:

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

2511 - Empréstimos bancários

56 - Resultados transitados 10.000 Correcção do erro material

Aspectos relacionados com a divulgação no Anexo (§ 6.10 da NCRF PE):

- A natureza da alteração na política contabilística;

- A natureza do erro material de período anterior e seus impactos nas demonstrações financeiras desses períodos;

- A quantia de ajustamento relacionado com o período corrente ou períodos anteriores aos apresentados, até ao ponto que seja praticável; e

- As razões pelas quais a aplicação da nova política contabilística proporciona informação fiável e mais relevante, no caso de aplicação voluntária.

Page 31: Manual Otoc Ev0410

31

3.4.3. Activos fixos tangíveis

No que toca aos activos fixos tangíveis, estes encontram-se tratados no

capítulo 7 da NCRF-PE, considerando como princípio geral do reconhecimento

do custo de um item de activo fixo tangível, o cumprimento das condições de

reconhecimento definidas no capítulo 3 da norma.

Considera ainda que, no caso dos sobressalentes e equipamentos de serviço,

estes serão geralmente escriturados como inventário e reconhecidos nos

resultados quando consumidos. No entanto, quanto aos sobressalentes

principais e equipamento de reserva, no caso de a entidade esperar usá-los

durante mais do que um período, os mesmos serão classificados como activos

fixos tangíveis.

Ainda no que concerne ao reconhecimento, dispõe a norma que poderão ser

considerados no activo fixo tangível por uma só quantidade e quantia fixa, os

itens imobilizados que satisfaçam as seguintes condições:

- Sejam renovados frequentemente;

- Representem, bem a bem, uma quantia imaterial para a entidade;

- Tenham uma vida útil não superior a três anos.

Em matéria de mensuração, a regra geral é que um item do activo fixo tangível

deve ser mensurado pelo seu custo, compreendendo um conjunto de

elementos, tais como os custos de compra, os direitos e impostos não

reembolsáveis, bem como quaisquer custos directamente atribuíveis para

Page 32: Manual Otoc Ev0410

32

colocar o activo na localização e condição necessária para o mesmo ser capaz

de funcionar de forma pretendida.

No entanto, caso existam diferenças significativas entre a quantia escriturada

segundo o modelo do custo e o justo valor dos activos, a norma refere que uma

entidade poderá, alternativamente utilizar o modelo de revalorização como

política contabilística e deve aplicar essa política a uma classe inteira de

activos fixos tangíveis.

No modelo do custo, um item do activo fixo tangível deve ser escriturado pelo

seu custo menos qualquer depreciação acumulada e quaisquer perdas por

imparidade acumuladas, enquanto que no modelo da revalorização, após o

reconhecimento como um activo, um item do activo fixo tangível cujo justo valor

possa ser mensurado fiavelmente deve ser escriturado por uma quantia

revalorizada, que é o seu justo valor à data da revalorização menos qualquer

depreciação acumulada subsequente e perdas por imparidade acumuladas

subsequentes.

As revalorizações devem ser feitas com suficiente regularidade para assegurar

que a quantia escriturada não difira materialmente daquela que seria

determinada pelo uso do justo valor à data do balanço.

Se a quantia escriturada de um activo for aumentada como resultado de uma

revalorização, o aumento deve ser creditado directamente ao capital próprio

numa conta com o título de excedente de revalorização. No entanto, o aumento

deve ser reconhecido nos resultados até ao ponto em que reverta um

decréscimo de revalorização do mesmo activo previamente reconhecido nos

resultados.

Pelo contrário, se a quantia escriturada de um activo for diminuída como

resultado de uma revalorização, a diminuição deve ser reconhecida nos

resultados. Contudo, a diminuição deve ser debitada directamente ao capital

Page 33: Manual Otoc Ev0410

33

próprio até ao ponto de qualquer saldo de crédito existente no excedente de

revalorização com respeito a esse activo.

No que se refere à depreciação a norma determina, que esta começa quando o

activo esteja disponível para uso, cessando na data em que este seja

desreconhecido com tal. Dispõe ainda a obrigatoriedade de considerar a

depreciação como um gasto, reconhecido nos resultados, exceptuando os

casos em que tal depreciação seja incluída na quantia escriturada de um outro

activo.

O método de depreciação usado deve reflectir o modelo por que se espera que

os futuros benefícios económicos do activo sejam consumidos pela entidade,

devendo ser aplicado numa base sistemática durante a sua vida útil, podendo

ser utilizados diversos métodos: o método da linha recta, o método do saldo

decrescente e o método das unidades de produção.

Embora a NCRF-PE, não regule de forma directa as imparidades, uma

entidade deverá avaliar se um item do activo fixo tangível está ou não com

imparidade usando para o efeito as disposições da NCRF 12 – Imparidade de

Activos.

Quanto ao desreconhecimento da quantia escriturada de um item do activo fixo

tangível o mesmo deve ocorrer no momento da alienação, ou quando não se

espere futuros benefícios económicos do seu uso ou alienação. O ganho ou a

perda resultante do desreconhecimento de um item do activo fixo tangível deve

ser incluído nos resultados, no entanto, os ganhos não devem ser

considerados como rédito.

No que diz respeito a divulgações a norma estabelece, no parágrafo 7.27 a

7.29, um conjunto de informações que deve ser relatado nas demonstrações

financeiras, a seguir discriminadas:

Page 34: Manual Otoc Ev0410

34

7.27 — As demonstrações financeiras devem divulgar:

a) Os critérios de mensuração usados para determinar a quantia escriturada bruta;

b) Os métodos de depreciação usados;

c) As vidas úteis ou as taxas de depreciação usadas;

d) A quantia escriturada bruta e a depreciação acumulada (agregada com perdas por

imparidade acumuladas) no início e no fim do período; e

e) Uma reconciliação da quantia escriturada no início e no fim do período que mostre as

adições, as revalorizações, as alienações, as depreciações, as perdas de imparidade e suas

reversões e outras alterações.

Desde logo uma entidade deve divulgar de uma forma descritiva qual o modelo

de mensuração dos activos fixos tangíveis, bem como os métodos de

depreciação utilizados.

Para além das descrições referidas, deve igualmente divulgar as vidas úteis e

as taxas utilizadas nas depreciações, bem como as quantias brutas e as

depreciações acumuladas no início e no fim do período e ainda a informação

das alterações de valor ocorridas no período, tais como as aquisições,

alienações, revalorizações, imparidades entre outras. No entanto, neste caso, é

nossa opinião que, será mais útil e de mais fácil compreensão por parte dos

leitores das demonstrações financeiras que a informação divulgada se faça

através de quadros demonstrativos.

7.28 — As demonstrações financeiras devem também divulgar:

a) A existência e quantias de restrições de titularidade e activos fixos tangíveis que sejam

dados como garantia de passivos;

b) A quantia de compromissos contratuais para aquisição de activos fixos tangíveis; e

A norma refere ainda que devem ser divulgadas as restrições de titularidade

dos activos fixos tangíveis que sejam dados como garantia de passivos, ainda

que contingentes, tais como hipotecas, penhores, reserva de propriedade, ou

qualquer outra. Esta informação é extremamente útil, especialmente para

efeitos de financiamento.

Page 35: Manual Otoc Ev0410

35

É igualmente exigida a divulgação dos compromissos contratuais para a

aquisição de activos fixos tangíveis, permitindo aos leitores das demonstrações

financeiras possuir o conhecimento dos níveis de compromisso assumido que

se traduzirão no futuro no exfluxo de quantias financeiras.

7.29 — Se os itens do activo fixo tangível forem expressos por quantias revalorizadas, deve ser

divulgado o seguinte:

a) A data de eficácia da revalorização;

b) Os métodos e pressupostos aplicados nessa revalorização.

Por fim a norma determina, que no caso da utilização do modelo da

revalorização, seja divulgado a data da eficácia da revalorização, bem como os

métodos e os pressupostos aplicados nessa revalorização.

CASO PRÁTICO N.º 2

A empresa iniciou durante o ano N a construção de um armazém para fins

industriais e depósito de materiais, o qual, tendo sido terminado em

02/11/N+1.Os gastos incorridos e as respectivas quantias foram as seguintes:

N N+1

Matérias-primas 8.000 € 7.000 €

Mão-de-obra 12.000 € 9.000 €

Imputação de custos diversos 3.000 € 3.000 €

A empresa considerou uma vida útil para o armazém de 20 anos, depreciando

numa base constante e fraccionada por duodécimos.

Page 36: Manual Otoc Ev0410

36

Pedido: Contabilização das operações relativas aos anos N e N+1

Natureza do problema: Activos fixos tangíveis (reconhecimento e

mensuração)

NCRF PE (capítulo aplicável): 7

Reconhecimento e Mensuração:

De acordo com o parágrafo 3.3 da norma os gastos aqui apresentados

preenchem os pressupostos do reconhecimento como um activo, já que é

provável que benefícios económicos futuros fluam para a entidade e tem um

valor que pode ser mensurado com fiabilidade.

Em termos de mensuração os activos fixos tangíveis são mensuradas pelo seu

custo menos qualquer depreciação acumulada e quaisquer perdas por

imparidade acumuladas.

Resolução:

- Início da construção: N;

- Final da construção: 02/11/N+1.

Page 37: Manual Otoc Ev0410

37

Em N:

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

61 - Custo das matérias Consumidas

12 D. Ordem / 221 Fornecedores c/c (…)

8.000

Pelos gastos incorridos em N 62 - Fornecimentos e Serviços Externos 3.000

63 - Custos com o Pessoal 12.000

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

453 - Activos fixos tangíveis em curso

741 - Trabalhos para a própria entidade –

Activos Fixos Tangíveis

23.000 Pelo investimento em curso em N

Em N+1:

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

61 - Custo das matérias Consumidas

12 D. Ordem / 221 Fornecedores c/c (…)

7.000

Pelos gastos incorridos em N+1 62 - Fornecimentos e Serviços Externos 3.000

63 - Custos com o Pessoal 9.000

Page 38: Manual Otoc Ev0410

38

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

453 - Activos fixos tangíveis em curso

741 - Trabalhos para a própria entidade –

Activos Fixos Tangíveis

19.000 Pelo investimento em curso em

N+1

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

432 - Activos Fixos Tangíveis - Edifícios

453 Activos fixos tangíveis em curso

42.000

Pela conclusão do pavilhão

• 42.000 € = 23.000 € + 19.000 €

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

642 Gastos de depreciação e de

amortização - AFT

438 Depreciações acumuladas

350 Pela depreciação do edifício de

N+1

• 350 € = (42.000 / 20) / 12 * 2

Aspectos relacionados com a divulgação no Anexo (§ 7.27 da NCRF PE):

- Os critérios de mensuração usados para determinar a quantia

escriturada bruta.

- Os métodos de depreciação usados.

- As vidas úteis ou as taxas de depreciação usadas.

Page 39: Manual Otoc Ev0410

39

- A quantia escriturada bruta e a depreciação acumulada (agregada com

perdas por imparidade acumuladas) no início e no fim do período.

- Uma reconciliação da quantia escriturada no início e no fim do período

que mostre as adições, as revalorizações, as alienações, as

depreciações, as perdas de imparidade e suas reversões e outras

alterações.

Page 40: Manual Otoc Ev0410

40

3.4.4. Activos intangíveis

No que diz respeito aos activos intangíveis, em termos essenciais, os critérios

utilizados são semelhantes aos activos fixos tangíveis. Desta forma, para que

um activo intangível seja reconhecido o mesmo deve ser identificável e cumprir

as demais condições de reconhecimento.

Um activo satisfaz o critério da identificabilidade na definição de um activo

intangível quando:

- For separável, i.e. capaz de ser separado ou dividido da entidade e

vendido, transferido, licenciado, alugado ou trocado, seja

individualmente ou em conjunto com um contrato, activo ou passivo

relacionado; ou

- Resultar de direitos contratuais ou de outros direitos legais, quer

esses direitos sejam transferíveis quer sejam separáveis da entidade

ou de outros direitos e obrigações.

Os activos intangíveis gerados internamente, em regra geral, não são

reconhecidos, exceptuam-se, contudo, os gastos de desenvolvimento, em que

o reconhecimento apenas deve ocorrer se, e apenas se, uma entidade puder

demonstrar todas as seguintes condições:

- a viabilidade técnica de concluir o activo intangível a fim de que

esteja disponível para uso ou venda;

- a sua intenção de concluir o activo intangível e usá-lo ou vendê-lo;

- a sua capacidade de usar ou vender o activo intangível;

Page 41: Manual Otoc Ev0410

41

- a forma como o activo intangível gerará prováveis benefícios

económicos futuros. Entre outras coisas, a entidade pode demonstrar

a existência de um mercado para a produção do activo intangível ou

para o próprio activo intangível ou, se for para ser usado

internamente, a utilidade do activo intangível;

- a disponibilidade de adequados recursos técnicos, financeiros e

outros para concluir o desenvolvimento e usar ou vender o activo

intangível;

- a sua capacidade para mensurar fiavelmente o dispêndio atribuível

ao activo intangível durante a sua fase de desenvolvimento.

A norma é muito restritiva em matéria de reconhecimento como activo, deste

tipo de dispêndios, estabelecendo que, como regra geral, os mesmos devam

ser reconhecidos como gastos quando incorridos.

Nesta linha nunca deverão ser reconhecidos como activo:

- as marcas, cabeçalhos, títulos de publicações, listas de clientes e

itens substancialmente semelhantes gerados internamente;

- dispêndio com actividades de arranque, a não ser que este

dispêndio esteja incluído no custo de um item de activo fixo tangível.

- dispêndios com actividades de formação;

- dispêndios com actividades de publicidade e promocionais;

- dispêndios com a mudança de local ou reorganização de uma

entidade no seu todo ou em parte.

Page 42: Manual Otoc Ev0410

42

Para além disso, a norma estabelece ainda que o dispêndio com um item

intangível que tenha sido inicialmente reconhecido como um gasto não deve

ser reconhecido como parte do custo de um activo intangível em data posterior.

Em termos de mensuração, ao contrário dos activos fixos tangíveis, na NCRF-

PE (§ 8.15) um activo intangível apenas pode ser contabilizado pelo modelo do

custo, não sendo permitida a adopção do modelo de revalorização. Devendo

ser avaliada se a vida útil de um activo intangível é finita ou indefinida e, se for

finita, a duração dessa vida útil.

Um activo intangível tem uma vida útil indefinida quando, com base numa

análise de todos os factores relevantes, não houver limite previsível para o

período durante o qual se espera que o activo gere influxos de caixa líquidos

para a entidade, não devendo ser amortizado.

No que concerne aos aspectos de divulgação, a norma estabelece nos

parágrafos 8.24 a 8.27 os dados a relatar nas demonstrações financeiras:

8.24 — Uma entidade deve divulgar o seguinte para cada classe de activos intangíveis,

distinguindo entre os activos intangíveis gerados internamente e outros activos intangíveis:

a) Se as vidas úteis são indefinidas ou finitas e, se forem finitas, as vidas úteis ou as taxas de

amortização usadas;

b) Os métodos de amortização usados para activos intangíveis com vidas úteis finitas;

c) A quantia bruta escriturada e qualquer amortização acumulada (agregada com as perdas por

imparidade acumuladas) no começo e fim do período;

d) Uma reconciliação da quantia escriturada no inicio e no fim do período que mostre as

adições, as alienações, as amortizações, as perdas de imparidade e suas reversões e outras

alterações.

O primeiro aspecto que uma entidade deverá divulgar é a distinção dos activos

intangíveis gerados internamente dos restantes, das vidas úteis distinguindo as

situações em que a vida útil é indefinida das restantes, devendo nos caso de

vidas úteis finitas indicar as taxas de amortização.

Page 43: Manual Otoc Ev0410

43

Tal como no caso dos activos fixos tangíveis, deverão ser igualmente

divulgados os métodos de amortização, os montantes das quantias brutas e

amortizações acumuladas no início e fim de cada período bem como a

demonstração das variações de valor ocorridos no período.

8.25 — Uma entidade deve também divulgar:

a) Para um activo intangível avaliado como tendo uma vida útil indefinida, a quantia escriturada

desse activo e as razões que apoiam a avaliação de uma vida útil indefinida. Ao apresentar

estas razões, a entidade deve descrever o(s) factor(es) que desempenhou(aram) um papel

significativo na determinação de que o activo tem uma vida útil indefinida;

b) Uma descrição, a quantia escriturada e o período de amortização restante de qualquer

activo intangível individual que seja materialmente relevante para as demonstrações

financeiras da entidade;

c) Para os activos intangíveis adquiridos por meio de um subsídio do Governo e inicialmente

reconhecidos pelo justo valor, a quantia inicialmente reconhecida e a sua quantia escriturada

actualmente;

d) A existência e as quantias escrituradas de activos intangíveis cuja titularidade esteja

restringida e as quantias escrituradas de activos intangíveis dados como garantia de passivos;

e) A quantia de compromissos contratuais para aquisição de activos intangíveis.

A norma indica ainda a divulgação das quantias dos activos intangíveis com

vida útil indefinida, as razões que apoiam essa avaliação, descrevendo os

factores que determinaram essa condição. Deve ser ainda divulgada a quantia

escriturada e o período de amortização restante de qualquer activo intangível

individual que seja materialmente relevante para as demonstrações financeiras.

Para os activos intangíveis adquiridos através de subsídio do governo e

inicialmente reconhecidos pelo seu justo valor, deve ser divulgado o montante

inicial e a sua actual quantia escriturada.

Tal como nos activos fixos tangíveis, é exigida a divulgação das restrições da

propriedade dos activos intangíveis para garantia de passivo bem como os

compromissos contratuais de aquisição futura.

Page 44: Manual Otoc Ev0410

44

8.26 — Uma entidade deve divulgar a quantia agregada do dispêndio de pesquisa e

desenvolvimento reconhecido como um gasto durante o período.

A norma dispõe que uma entidade deverá divulgar as quantias dos dispêndios

de pesquisa e desenvolvimento reconhecido como gasto no exercício do

período.

8.27 — Relativamente aos activos intangíveis de carácter ambiental, uma entidade deve

divulgar:

a) Descrição dos critérios de mensuração adoptados, bem como dos métodos utilizados no

cálculo dos ajustamentos de valor, no que respeita a matérias ambientais;

b) Os incentivos públicos relacionados com a protecção ambiental, recebidos ou atribuídos à

entidade. Especificação das condições associadas à concessão de cada incentivo ou uma

síntese das condições, caso sejam semelhantes.

c) Quantia dos dispêndios de carácter ambiental capitalizadas durante o período de referência

na medida em que possa ser estimada com fiabilidade.

d) Quantia dos dispêndios de carácter ambiental imputados a resultados e base em que tais

quantias foram calculadas.

e) Caso sejam significativos, os dispêndios incorridos com multas e outras penalidades pelo

não cumprimento dos regulamentos ambientais e indemnizações pagas a terceiros, por

exemplo em resultado de perdas ou danos causados por uma poluição ambiental passada.

No que concerne aos activos intangíveis de carácter ambiental, a norma

estipula as divulgações dos critérios de mensuração, os incentivos públicos

relacionados com a protecção

CASO PRÁTICO N.º 3

A empresa adquiriu em 01/07/N-2, por 18.000 euros, uma patente de uma

forma de secagem de betão que permite optimizar a produção. Para além disso

incorreu ainda em 2.000 € de despesas com honorários de advogados e outras

Page 45: Manual Otoc Ev0410

45

despesas legais, relacionados com esta operação de aquisição e registo da

patente.

A patente encontra-se protegida por um período de 5 anos, findo o qual a

tecnologia fica livre no mercado, podendo ser usada por todos os operadores.

Em 3/10/N uma nova tecnologia foi lançada no mercado por uma universidade

que a divulgou a todos as entidades deixando a empresa de ser competitiva

com a utilização da sua patente.

Pedido: Contabilização das operações relativas aos anos N-2 a N

Natureza do problema: Activos intangíveis (reconhecimento e mensuração)

NCRF PE (capítulo aplicável): 8

Reconhecimento e Mensuração:

Os gastos aqui apresentados preenchem os pressupostos do reconhecimento

como um activo intangível, já que, para além dos restantes aspectos de

reconhecimento de um activo cumpre igualmente os critérios de

identificabilidade.

Em termos de mensuração inicial os activos fixos tangíveis são mensurados

pelo seu custo, podendo ter vidas úteis definidas ou indefinidas. No caso em

apreço, como a vido útil é definida, a sua mensuração subsequente é

determinada pelo seu custo menos qualquer amortização acumulada e

quaisquer perdas por imparidade acumuladas.

Resolução:

- Aquisição da patente: 01/07/N-2;

Page 46: Manual Otoc Ev0410

46

- Período de vida útil: 5 anos

Em N - 2:

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

44 - Activos intangíveis – Propriedade

industrial

12 - Depósitos à ordem

20.000 Pela aquisição da patente em

01/07/N - 2

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

643 - Gastos de depreciação e de

amortização – Activos Intangíveis

448 - Amortizações acumuladas

2.000 Pela amortização da patente em

N – 2

2.000 € = (20.000/5) /12*6

Em N – 1:

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

643 - Gastos de depreciação e de

amortização – Activos Intangíveis

448 - Amortizações acumuladas

4.000 Pela amortização da patente em

N – 1

Page 47: Manual Otoc Ev0410

47

Em N:

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

643 - Gastos de depreciação e de

amortização – Activos Intangíveis

448 - Amortizações acumuladas

3.000 Pela depreciação da patente em

N

3.000 € = (20.000 / 5) / 12 *9

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

656 - Perdas por Imparidade – Activos

Intangíveis

449 - Perdas por imparidade acumuladas

11.000 € Pela depreciação da patente em

N

• Quantia escriturada à data do teste de imparidade:

11.000 € = 20.000 – 2.000 – 4.000 – 3.000

• Quantia recuperável da patente: 0

• Imparidade: 11.000 = 11.000 - 0

Aspectos relacionados com a divulgação no Anexo (§ 8.25 da NCRF PE):

- Para um activo intangível avaliado como tendo uma vida útil indefinida,

a quantia escriturada desse activo e as razões que apoiam a avaliação

de uma vida útil indefinida. Ao apresentar estas razões, a entidade deve

descrever o(s) factor(es) que desempenhou(aram) um papel significativo

na determinação de que o activo tem uma vida útil indefinida.

Page 48: Manual Otoc Ev0410

48

- Uma descrição, a quantia escriturada e o período de amortização

restante de qualquer activo intangível individual que seja materialmente

relevante para as demonstrações financeiras da entidade.

Page 49: Manual Otoc Ev0410

49

3.4.5. Locações

Os principais aspectos relacionados com a temática das locações não sofreram

grandes alterações, em relação ao normativo anterior (POC), assim, a NCRF-

PE, descreve as locações como financeiras ou operacionais, conforme o

locador transferir substancialmente para o locatário todas os riscos e vantagens

inerentes à propriedade.

A classificação do tipo de locação não depende da forma do contrato, mas da

substância da operação, descrevendo a norma alguns exemplos de situações

que normalmente conduzem a que uma locação seja considerada como

locação financeira:

a) a locação transfere a propriedade do activo para o locatário no fim

do prazo da locação;

b) o locatário tem a opção de comprar o activo por um preço que se

espera que seja suficientemente mais baixo do que o justo valor à

data em que a opção se torne exercível tal que, no inicio da

locação, seja razoavelmente certo que a opção será exercida;

c) o prazo da locação abrange a maior parte da vida económica do

activo mesmo que o título de propriedade não seja transferido;

d) no início da locação o valor presente dos pagamentos mínimos da

locação ascende a pelo menos, substancialmente, todo o justo

valor do activo locado; e,

e) os activos locados são de uma tal natureza especializada que

apenas o locatário os pode usar sem que sejam feitas grandes

modificações.

Page 50: Manual Otoc Ev0410

50

Em termos de reconhecimento a norma estabelece que, no caso de uma

locação financeira, o locatário deve reconhecer um activo e um passivo no seu

balanço por quantias iguais ao justo valor da propriedade locada ou, se inferior,

ao valor dos pagamentos mínimos da locação, enquanto, no caso de uma

locação operacional o locatário reconhece os pagamentos efectuados como

gasto numa base linear durante o período de locação.

No que concerne à mensuração subsequente, o locatário de uma locação

financeira considera os pagamentos repartindo o seu valor entre o encargo

financeiro e a redução do passivo pendente. Uma locação financeira dá origem

a um gasto de depreciação relativo ao activo depreciável assim como a um

gasto financeiro em cada período contabilístico. A política de depreciação para

os activos locados depreciáveis deve ser consistente com a dos activos

depreciáveis que sejam possuídos e a depreciação reconhecida deve ser

calculada nas bases estabelecidas para os respectivos activos. Se não houver

certeza razoável de que o locatário obtenha a propriedade no fim do prazo da

locação, o activo deve ser totalmente depreciado durante o prazo da locação

ou da sua vida útil, o que for mais curto.

No que diz respeito à divulgação a norma estabelece no parágrafo 9.9 da

NCRF-PE os aspectos que o locatário deve exibir nas suas demonstrações

financeiras:

9.9 — Para locações financeiras, os locatários devem divulgar para cada categoria de activo, a

quantia escriturada líquida à data do balanço.

9.10 — Para locações financeiras e operacionais, os locatários devem divulgar uma descrição

geral dos acordos de locação significativos incluindo, pelo menos, o seguinte:

i) A base pela qual é determinada a renda contingente a pagar;

ii) A existência e cláusulas de renovação ou de opções de compra e cláusulas de

escalonamento; e

iii) Restrições impostas por acordos de locação, tais como as que respeitam a dividendos,

dívida adicional, e posterior locação.

Page 51: Manual Otoc Ev0410

51

A norma estipula que as entidades locatárias devem divulgar para cada

categoria de activo a quantia escriturada líquida das locações financeiras. Para

além disso é igualmente exigido a divulgação da descrição geral dos acordos

de locação, operacional e financeira, nomeadamente a base pela qual é

determinada a renda contingente, a existência de cláusulas de renovação ou

de opções de compra, e ainda a existência de restrições impostas por acordos

de locação.

CASO PRÁTICO N.º 4

A empresa celebrou durante o ano N o seguinte contrato de locação3:

• Data do início do contrato: 1 de Agosto de N

• Período do contrato: 4 anos

• Valor do bem (equipamento básico): 51.500 €

• Rendas: 16 rendas trimestrais e iguais a 3.639,71 € (excluindo o IVA),

pagas antecipadamente e com juro postecipado.

• Valor residual no final do contrato: 1.500 €

• Período de vida útil do bem: 10 anos

• Existe certeza razoável de que se exercera a opção de compra.

3 Adaptado de “RODRIGUES, Ana Maria, CARVALHO, Carla, CRAVO, Domingos, AZEVEDO,

Graça, “SNC – Contabilidade Financeira: sua aplicação”, Almedina, Julho de 2010, p. 664 e ss

Page 52: Manual Otoc Ev0410

52

Pedido: Contabilização das operações relativas aos anos N e N + 1

Natureza do problema: Locações (reconhecimento e mensuração)

NCRF PE (capítulo aplicável): 7 e 9

Reconhecimento e Mensuração:

Classificação das locações (§ 9.2 da NCRF-PE):

Financeira: transferência substancial de todos os riscos e vantagens inerentes

a posse de um activo. O título de propriedade pode ou não ser eventualmente

transferido.

Operacional: locação que não seja locação financeira.

No caso em análise, estamos perante uma locação financeira, pois existe uma

transferência de todos os riscos e vantagens associadas ao bem locado, bem

como a certeza razoável de que o locatário exercerá a opção de compra no

final do contrato.

Reconhecimento inicial da locação financeira:

- Reconhece como activos e passivos por quantias iguais ao justo valor da

propriedade locada ou, se inferior, ao valor presente dos pagamentos mínimos

da locação, cada um determinado no inicio da locação, adicionando quaisquer

custos directos iniciais do locatário (§ 9.5 da NCRF - PE).

Page 53: Manual Otoc Ev0410

53

Reconhecimento inicial do equipamento básico:

Cumpre com a definição de activo (alínea a) do § 49 da EC).

Cumpre com a definição de activo fixo tangível.

Cumpre com os critérios de reconhecimento de um activo (§ 81 da EC).

Mensuração no reconhecimento inicial: custo de aquisição (§ 7.5 da NCRF -

PE).

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

433 – Activos Fixos Tangíveis –

Equipamento Básico

2513 – Financiamentos obtidos – Locações

financeiras 51.500

Reconhecimento inicial do contrato de leasing

Mensuração Subsequente:

De acordo com o § 9.6 da NCRF - PE, os pagamentos mínimos da locação

devem ser repartidos entre o encargo financeiro e a redução do passivo

pendente. O encargo financeiro deve ser imputado a cada período durante o

prazo da locação de forma a produzir uma taxa de juro periódica constante

sobre o saldo remanescente do passivo.

Tendo por base as condições do contrato de locação, apresenta-se de seguida

o respectivo plano financeiro, o qual tem subjacente uma taxa de juro nominal

anual de 8%.

Page 54: Manual Otoc Ev0410

54

N.º renda

Data Juros Amortização

Do capital Renda

Capital em dívida

1 1/8/N 0,00 3.639,71 3.639,71 47.860,29

2 1/11/N 957,21 2.682,51 3.639,71 45.177,78

3 1/2/N+1 903,56 2.736,16 3.639,71 42.441,63

4 1/5/N+1 848,83 2.790,88 3.639,71 39.650,75

5 1/8/N+1 793,01 2.846,70 3.639,71 36.804,05

6 1/11/N+1 736,08 2.903,63 3.639,71 33.900,42

7 1/2/N+2 678,01 2.961,70 3.639,71 30.938,71

8 1/5/N+2 618,77 3.020,94 3.639,71 27.917,78

9 1/8/N+2 558,36 3.081,36 3.639,71 24.836,42

10 1/11/N+2 496,73 3.142,98 3.639,71 21.693,44

11 1/2/N+3 433,87 3.205,84 3.639,71 18.487,59

12 1/5/N+3 369,75 3.269,96 3.639,71 15.217,63

13 1/8/N+3 304,35 3.335,36 3.639,71 11.882,27

14 1/11/N+3 237,65 3.402,07 3.639,71 8.480,21

15 1/2/N+4 169,60 3.470,11 3.639,71 5.010,10

16 1/5/N+4 100,20 3.539,51 3.639,71 1.470,59

Opção 1/8/N+4 29,41 1.470,59 1.500,00 0,00

Page 55: Manual Otoc Ev0410

55

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

2513 – Financiamentos obtidos – Locações

financeiras 12 Depósitos à ordem 3.639,71 Pagamento da 1ª renda

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

2513 - Financiamentos obtidos - Locações

financeiras 12 Depósitos à Ordem

2.682,51

Pagamento da 2.ª renda 6911(3) - Juros de

financiamentos obtidos - Locações Financeiras

957,21

Em 31/12/N, a empresa terá de reconhecer o juro da locação financeira relativo

ao período de 1/11/N a 31/12/N, o qual apenas será liquidado em 1/2/N+1,

aquando do pagamento da 3.ª renda do leasing.

Juro a reconhecer = 903,56 € x 2/3 meses = 602,37 €

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

6911(3) – Juros de financiamentos obtidos –

locações financeiras

2722 – Credores por acréscimos de gastos

602,37 € Reconhecimento do acréscimo de

juro no ano N

Ainda em 31/12/N, é necessário proceder ao registo da depreciação do período

do equipamento. Nos termos do § 9.7 da NCRF -PE, a quantia depreciável de

um activo locado e imputada a cada período contabilístico durante o período do

Page 56: Manual Otoc Ev0410

56

uso esperado numa base sistemática consistente com a política de

depreciação que o locatário adopte para activos depreciáveis de que seja

proprietário. Se houver certeza razoável de que o locatário obterá a

propriedade no fim do prazo da locação, o período de uso esperado é a vida

útil do activo; se tal não for possível, o activo é depreciado durante o prazo da

locação ou da sua vida útil, dos dois o mais curto.

No caso concreto, como é esperado o exercício da opção de compra do bem

no final do contrato, o período de amortização será o da vida útil do bem, ou

seja, 10 anos.

Depreciação do período = 51.500 € / 10 anos x (5/12 meses) = 2.146 €

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

642 - Gastos de depreciação e de

amortização – Activos Fixos Tangíveis

438 - Depreciações acumuladas

2.146 Pela depreciação no exercício N

Aspectos relacionados com a divulgação no Anexo (§ 9.9 e 9.10 da NCRF

PE):

- Para cada categoria de activo, a quantia escriturada líquida à data do

balanço.

- Descrição geral dos acordos de locação significativos incluindo, pelo

menos, o seguinte:

i) A base pela qual é determinada a renda contingente a pagar;

Page 57: Manual Otoc Ev0410

57

ii) A existência e cláusulas de renovação ou de opções de compra

e cláusulas de escalonamento; e

iii) Restrições impostas por acordos de locação, tais como as que

respeitam a dividendos, dívida adicional, e posterior locação.

Page 58: Manual Otoc Ev0410

58

3.4.6. Custos de empréstimos obtidos

Quanto aos custos de empréstimos obtidos, mantém-se o regime de referência

do reconhecimento dos mesmos como um gasto no período em que sejam

incorridos, permitindo-se que, em circunstâncias excepcionais os mesmos

possam ser capitalizados.

Estão neste caso, os custos de empréstimos obtidos que sejam directamente

atribuíveis à aquisição, construção ou produção de um activo que se qualifica

podem ser capitalizados como parte do custo desse activo, quando seja

provável que deles resultarão benefícios económicos futuros para a entidade e

tais custos possam ser fiavelmente mensurados.

Anote-se que se considera que um activo se qualifica quando leva

necessariamente um período substancial de tempo para ficar pronto para o seu

uso pretendido ou para venda.

A capitalização dos custos de empréstimos obtidos como parte do custo de um

activo que se qualifica deve começar quando:

a) Os dispêndios com o activo estejam a ser incorridos;

b) Os custos de empréstimos obtidos estejam a ser incorridos; e

c) As actividades que sejam necessárias para preparar o activo para

o seu uso pretendido ou venda estejam em curso.

e deve cessar quando substancialmente todas as actividades necessárias para

preparar o activo elegível para o seu uso pretendido ou para a sua venda

estejam concluídas.

Relativamente às divulgações exigidas, dispõe a Norma PE, no seu parágrafo

10.13 o seguinte:

Page 59: Manual Otoc Ev0410

59

10.13 — As demonstrações financeiras devem divulgar:

a) A política contabilística adoptada nos custos dos empréstimos obtidos;

b) A quantia de custos de empréstimos obtidos capitalizada durante o período; e

c) A taxa de capitalização usada para determinar a quantia do custo dos empréstimos obtidos

elegíveis para capitalização.

A norma estipula, desde logo, a divulgação da política contabilística adoptada,

bem como a quantia de custos de empréstimos obtidos capitalizada durante o

período. Para além disso, requer igualmente a descrição da taxa de

capitalização usada para determinar a quantia dos custos capitalizados.

CASO PRÁTICO N.º 5

A empresa encontra-se a construir um empreendimento imobiliário composto

por um bloco de apartamentos para comercialização quando estiver concluído.

Durante o ano N, foram incorridos os seguintes custos:

Itens € Matérias Primas (inclui terreno adquirido em Janeiro por 100.000 €) 150.000 Mão de Obra 40.000 Gastos gerais directos (inclui 10.000 € de depreciações) 40.000 Gastos Administrativos 30.000

Total 260.000

Para financiar esta construção a empresa contraiu um empréstimo de fomento

à construção, à taxa nominal anual de 6%, que financia 80% dos gastos

incorridos na obra.

Page 60: Manual Otoc Ev0410

60

Pedido: Cálculo dos encargos financeiros no ano N e contabilização das

operações relativas ao ano N

Natureza do problema: Custos de empréstimos obtidos

NCRF PE (capítulo aplicável): 10 e 11

Reconhecimento e Mensuração:

Os custos de empréstimos obtidos, de acordo com o capítulo 10 da NCRF–PE,

devem ser reconhecidos como um gasto no período em que sejam incorridos,

excepto nos casos em que sejam capitalizados. Os custos de empréstimos

obtidos que sejam directamente atribuíveis à aquisição, construção ou

produção de um activo que se qualifica podem ser capitalizados como parte do

custo desse activo, quando seja provável que deles resultarão benefícios

económicos futuros para a entidade e tais custos possam ser fiavelmente

mensurados.

O conceito de activo que se qualifica define-se como tal quando um activo leva

necessariamente um período substancial de tempo para ficar pronto para o seu

uso pretendido ou para venda.

Podendo o inventário descrito no presente exercício ser considerado como um

activo que se qualifica, a norma, de acordo com o § 11.9 da NCRF – PE, prevê

que os custos dos empréstimos obtidos poderão ser incluídos no custo dos

inventários.

O início da capitalização verifica-se quando se realizarem em simultâneo as

seguintes condições (§ 10.8 da NCRF-PE):

Os dispêndios com o activo estejam a ser incorridos;

Os custos de empréstimos obtidos estejam a ser incorridos; e,

Page 61: Manual Otoc Ev0410

61

Estejam em curso actividades necessárias para preparar o activo para o

seu uso pretendido ou venda.

A cessação da capitalização verifica-se quando substancialmente todas as

actividades necessárias para preparar o activo elegível para o seu uso

pretendido ou para a sua venda estejam concluídas (§ 10.11 da NCRF- PE)

Resolução:

- Início da construção: 02/01/N;

- Em 31/12/N a construção do edifício encontrava-se em curso devendo ser

terminado durante o ano N+1

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

36 - Produtos e trabalhos em curso

733 - Produtos e trabalhos em curso

260.000 Reconhecimento dos custos da

construção ocorridos durante o ano N como inventários em curso

Page 62: Manual Otoc Ev0410

62

Cálculo dos custos dos empréstimos obtidos:

Conforme o descrito a empresa obteve um financiamento correspondente a

80% dos dispêndios obtidos, que foram repartidos no ano de acordo com o

quadro seguinte:

Dispêndios Financiado Juro

Janeiro 112.500 90.000 450

Fevereiro 12.500 10.000 500

Março 12.500 10.000 550

Abril 12.500 10.000 600

Maio 12.500 10.000 650

Junho 12.500 10.000 700

Julho 12.500 10.000 750

Agosto 12.500 10.000 800

Setembro 12.500 10.000 850

Outubro 12.500 10.000 900

Novembro 12.500 10.000 950

Dezembro 12.500 10.000 1.000

Total 250.000 200.000 8.700

Page 63: Manual Otoc Ev0410

63

No final do exercício a capitalização dos juros contabilizar-se-ia da seguinte

forma:

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

36 - Produtos e trabalhos em curso

691 Juros de financiamentos obtidos

8.700 Capitalização dos custos de

empréstimos obtidos

A opção por creditar a conta 691 – Juros de financiamentos obtidos tem como

pressuposto que, ao longo do período N, terão sido reconhecidos naquela

conta os encargos financeiros, tendo-se optado apenas no final do ano por

capitalizar os mesmos, obrigando deste modo à regularização da quantia antes

debitada. Admite-se, todavia, e em função das situações concretas, a utilização

de outras contas, nomeadamente a 2722 – Credores por acréscimos de gastos,

ou a conta 12 – Depósitos à ordem.

Aspectos relacionados com a divulgação no Anexo (§ 10.13 da NCRF PE):

- A política contabilística adoptada nos custos dos empréstimos obtidos

- A quantia de custos de empréstimos obtidos capitalizada durante o

período.

- A taxa de capitalização usada para determinar a quantia do custo dos

empréstimos obtidos elegíveis para capitalização.

Page 64: Manual Otoc Ev0410

64

3.4.7. Inventários

Os inventários encontram-se tratados no capítulo 11 da NCRF-PE, indicando

desde logo que os inventários devem ser mensurados pelo seu custo ou valor

realizável líquido, dos dois o mais baixo, considerando ainda que o custo de

inventário deve incluir todos os custos de compra, custos de conversão e

outros custos incorridos para colocar os inventários no seu local e na sua

condição actuais.

No que concerne aos custos de compra, não existe uma diferença substancial

em relação ao normativo anterior, já no que diz respeito aos custos de

conversão a norma consagra a obrigatoriedade de a imputação de gastos

gerais de produção fixos aos custos de conversão baseada na capacidade

normal das instalações de produção.

Outros custos poderão ser incluídos nos custos dos inventários até ao ponto

em que sejam incorridos para os colocar no seu local e na sua condição

actuais. A norma refere que poderá ser apropriado incluir no custo dos

inventários gastos gerais que não sejam industriais ou os custos de concepção

de produtos para clientes específicos. Para além disso, tal como referido no

ponto anterior, em determinadas circunstâncias podem ser incluídos nos custos

dos inventários os custos de empréstimos obtidos.

De referir que a norma exemplifica um conjunto de custos excluídos dos

inventários que devem ser reconhecidos como gastos do período em que

sejam incorridos, tais como:

a) quantias anormais de materiais desperdiçados, de mão de obra

ou de outros custos de produção;

Page 65: Manual Otoc Ev0410

65

b) custos de armazenamento, a menos que esses custos sejam

necessários ao processo de produção antes de uma nova fase de

produção;

c) gastos gerais administrativos que não contribuam para colocar os

inventários no seu local e na sua condição actuais; e

d) custos de vender.

Em termos de fórmulas de custeio a norma refere que deve ser utilizado o

custo específico, sempre que os inventários resultem de bens ou projectos

característicos e que não sejam geralmente intermutáveis. Nos restantes casos

é estabelecido a fórmula “primeira entrada, primeira saída” (FIFO), ou a fórmula

do custo médio ponderado.

Relativamente às divulgações exigidas, dispõe a NCRF-PE, no seu parágrafo

11.22 o seguinte:

11.22 — As demonstrações financeiras devem divulgar:

a) As políticas contabilísticas adoptadas na mensuração dos inventários, incluindo a fórmula de

custeio usada;

b) A quantia total escriturada de inventários e a quantia escriturada em classificações

apropriadas para a entidade;

c) A quantia de inventários escriturada pelo justo valor menos os custos de vender;

d) A quantia de inventários reconhecida como um gasto durante o período;

e) A quantia de qualquer ajustamento de inventários reconhecida como um gasto do período de

acordo com o parágrafo 11.20;

f) A quantia de qualquer reversão de ajustamento que tenha sido reconhecida como uma

redução na quantia de inventários reconhecida como gasto do período de acordo com o

parágrafo 11.20;

g) As circunstâncias ou acontecimentos que conduziram à reversão de um ajustamento de

inventários de acordo com o parágrafo 11.20; e

h) A quantia escriturada de inventários dados como penhor de garantia a passivos.

Page 66: Manual Otoc Ev0410

66

Desde logo a NCRF-PE estabelece a obrigatoriedade da divulgação das

políticas contabilísticas utilizadas na mensuração dos inventários incluindo a

fórmula de custeio usada.

Para além das descrições acima referidas, a norma exige um conjunto de

divulgações que na nossa opinião devem ser apresentadas através de quadros

demonstrativos, já que terá de ser divulgado a quantia dos inventários de

acordo com as classificações apropriadas, as quantias de inventários

reconhecidos como gastos no período, bem como as quantias de ajustamentos

nos inventários e reversão dos ajustamentos dos inventários ocorridos no

período.

CASO PRÁTICO N.º 6

A empresa apresenta nos seus inventários, no ano N, 3 apartamentos de

tipologia T2, com um custo unitário de 95.000 €, pelos quais publicita a venda

por um valor de 125.000 €, assumindo um custo de 5.000 € ao mediador

imobiliário por cada apartamento vendido. Durante o ano N, em consequência

da crise vivida no sector imobiliário os preços de venda sofreram uma redução

tendo sido vendidos em média por 105.000 € cada. Já no decorrer do ano N +

1, antes da divulgação das contas, foram vendidos dois apartamentos por

95.000 € cada, não existindo à data do encerramento das contas expectativa

da probabilidade do terceiro apartamento. Não houve qualquer alteração nas

condições estabelecidas com o mediador imobiliário.

Page 67: Manual Otoc Ev0410

67

Pedido: Registo das eventuais regularizações nos inventários à data do

Balanço e sua contabilização.

Natureza do problema: Inventários

NCRF PE (capítulo aplicável): 11

Reconhecimento e Mensuração:

Tal como o definido no § 11.1 da NCRF – PE, os inventários devem ser

mensurados pelo custo ou valor realizável líquido, dos dois o mais baixo.

O valor realizável líquido é definido no apêndice I na NCRF – PE, como o preço

de venda estimado no decurso ordinário da actividade empresarial menos os

custos estimados de acabamento e os custos estimados necessários para

efectuar a venda

A norma dispõe ainda, no seu § 11.17, que o custo dos inventários pode não

ser recuperável se esses inventários estiverem danificados, se se tornarem

total ou parcialmente obsoletos ou se os seus preços de venda tiverem

diminuído. O custo dos inventários pode também não ser recuperável se os

custos estimados de acabamento ou os custos estimados a serem incorridos

para realizar a venda tiverem aumentado. A prática de reduzir o custo dos

inventários (write down) para o valor realizável líquido é consistente com o

ponto de vista de que os activos não devem ser escriturados por quantias

superiores àquelas que previsivelmente resultariam da sua venda ou uso.

Page 68: Manual Otoc Ev0410

68

Resolução:

Custo de produção: 95.000 €

Custo de venda: 95.000 €

Valor de venda: 95.000 €

Valor realizável Líquido de cada apartamento: 90.000 € = 95.000 € (valor de

venda) – 5.000 € (custo estimados de venda)

Imparidade: 15.000 € = 3 * [95.000 € (custo de produção) – 90.000 € (valor

realizável líquido)]

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

652 Perdas por imparidade - Inventários

349 - Produtos acabados e intermédios - Perdas

por imparidade 15.000

Reconhecimento da imparidade exercício N

Aspectos relacionados com a divulgação no Anexo (§ 11.22 da NCRF PE):

- As políticas contabilísticas adoptadas na mensuração dos inventários,

incluindo a fórmula de custeio usada.

- A quantia total escriturada de inventários e a quantia escriturada em

classificações apropriadas para a entidade.

Page 69: Manual Otoc Ev0410

69

- A quantia de inventários escriturada pelo justo valor menos os custos

de vender.

- A quantia de inventários reconhecida como um gasto durante o

período.

- A quantia de qualquer ajustamento de inventários reconhecida como

um gasto do período.

- A quantia de qualquer reversão de ajustamento que tenha sido

reconhecida como uma redução na quantia de inventários reconhecida

como gasto do período.

- As circunstâncias ou acontecimentos que conduziram à reversão de

um ajustamento de inventários.

Page 70: Manual Otoc Ev0410

70

3.4.8. Rédito

O tratamento contabilístico do rédito no Sistema de Normalização Contabilística

apresenta uma forte semelhança, entre as disposições do capítulo que integra

a norma PE com as que constavam na já revogada Directriz contabilística n.º

26 - Rédito.

O capítulo 12 da norma PE respeita ao tratamento contabilístico do rédito

proveniente das vendas de bens, prestação de serviços e uso por outros de

activos da entidade que produzam juros, royalties e dividendos.

O rédito deve ser mensurado pelo justo valor da retribuição recebida ou a

receber, a qual, em geral, é determinada por acordo entre a entidade e o

comprador ou utente do activo, tomando em consideração a quantia de

quaisquer descontos comerciais e de quantidade concedidos pela entidade,

sendo que o rédito proveniente da venda de bens deve ser reconhecido

quando tiverem sido satisfeitas todas as condições seguintes:

a) a entidade tenha transferido para o comprador os riscos e

vantagens significativos da propriedade dos bens;

b) a entidade não mantenha envolvimento continuado de gestão com

grau geralmente associado com a posse, nem o controlo efectivo

dos bens vendidos;

c) a quantia do rédito possa ser fiavelmente mensurada;

d) seja provável que os benefícios económicos associados com a

transacção fluam para a entidade; e

e) os custos incorridos ou a serem incorridos referentes à transacção

possam ser fiavelmente mensurados.

Page 71: Manual Otoc Ev0410

71

Quando o desfecho de uma transacção que envolva a prestação de serviços

possa ser fiavelmente estimado, o rédito associado com a transacção deve ser

reconhecido com referência à fase de acabamento da transacção à data do

balanço.

É considerado que o desfecho de uma transacção pode ser fiavelmente

estimado quando todas as seguintes condições forem satisfeitas:

a) a quantia de rédito possa ser fiavelmente mensurada;

b) seja provável que os benefícios económicos associados à

transacção fluam para a entidade;

c) a fase de acabamento da transacção à data do balanço possa ser

fiavelmente mensurada; e

d) os custos incorridos com a transacção e os custos para concluir a

transacção possam ser fiavelmente mensurados.

Quando os serviços sejam desempenhados por um número indeterminado de

actos durante um período específico de tempo, o rédito é reconhecido numa

base de linha recta durante o período específico a menos que haja evidência

de que um outro método represente melhor a fase de acabamento. Quando um

acto específico seja muito mais significativo do que quaisquer outros actos, o

reconhecimento do rédito é adiado até que o acto significativo seja executado.

Quando o desfecho da transacção que envolva a prestação de serviços não

possa ser estimado com fiabilidade, o rédito somente deve ser reconhecido na

medida em que sejam recuperáveis os gastos reconhecidos.

No que respeita aos aspectos relacionados com divulgações verificamos as

seguintes exigências contempladas no ponto 12.12 da Norma PE.

Page 72: Manual Otoc Ev0410

72

12.12 — Uma entidade deve divulgar:

a) As políticas contabilísticas adoptadas para o reconhecimento do rédito incluindo os métodos

adoptados para determinar a fase de acabamento de transacções que envolvam a prestação

de serviços;

b) A quantia de cada categoria significativa de rédito reconhecida durante o período incluindo o

rédito proveniente de:

i) Venda de bens;

ii) Prestação de serviços;

iii) Juros;

iv) Royalties; e

v) Dividendos.

O preparador das demonstrações financeiras deverá assim divulgar no Anexo

quais as políticas contabilísticas adoptadas. Caso se entenda necessário, para

uma melhor compreensão dos critérios utilizados, deverá ser efectuada uma

explicação mais detalhada das condições de reconhecimento e mensuração.

Quando estejamos perante serviços que sejam desempenhados por um

número indeterminado de actos durante um período específico de tempo,

deverão ser igualmente divulgados os métodos adoptados para determinar a

fase de acabamento tal como previsto no § 12.8.

Relativamente à “quantia de cada categoria significativa de rédito durante o

período” poderá optar-se pela construção de um pequeno quadro que

evidencie os réditos obtidos no exercício individualizados pelas categorias

identificadas. Apesar de não ser referido na norma, e por uma questão de

comparabilidade, poderão ser inscritos os valores referentes ao período

anterior.

Page 73: Manual Otoc Ev0410

73

CASO PRÁTICO N.º 7

A empresa contratou a realização de um serviço de remodelação da fachada

de uma moradia sujeito às seguintes condições4:

- Valor negociado para a totalidade da remodelação: 10.000 €

- Período de execução de 6 meses: 1/10/N a 31/3/N+1

- Pagamento do serviço:

- 30% com a adjudicação do serviço;

- 70% um mês após a emissão da factura, que ocorrerá na data

da conclusão do serviço.

No que se refere aos custos, sabe-se que:

- Custos estimados para executar o serviço: 7.000 €

- Custos incorridos até 31/12/N: 2.800 €

- Custos totais incorridos até à conclusão do serviço: 7.500 €

Pedido: Contabilização das operações relativas aos anos N e N+1

Natureza do problema: Prestação de serviços (reconhecimento e

mensuração)

NCRF PE (capítulo aplicável): 12

4 Adaptado de ob. cit., p. 756

Page 74: Manual Otoc Ev0410

74

Reconhecimento e mensuração do rédito na prestação de serviços:

• O rédito deve ser reconhecido com referência à fase de acabamento da

transacção à data do balanço (§ 12.7 da NCRF PE)

• Para que o rédito possa ser reconhecido, é necessário que a transacção

possa ser fiavelmente estimada. Para isso tem de satisfazer todas as

condições seguintes (§ 12.7):

o a quantia de rédito possa ser fiavelmente mensurada;

o seja provável que os benefícios económicos associados à

transacção fluam para a entidade;

o a fase de acabamento da transacção à data do balanço possa ser

fiavelmente mensurada; e

o os custos incorridos com a transacção e os custos para concluir a

transacção possam ser fiavelmente mensurados.

• Quando os serviços sejam desempenhados por um número

indeterminado de actos durante um período específico de tempo, o

rédito é reconhecido numa base de linha recta durante o período

específico a menos que haja evidência de que um outro método

represente melhor a fase de acabamento. Refere o § 24 da NCRF 20

que a fase de acabamento pode ser determinada por um dos seguintes

métodos:

o Vistorias do trabalho executado;

Page 75: Manual Otoc Ev0410

75

o Serviços executados até à data, expressos como uma

percentagem do total dos serviços a serem executados;

o A proporção entre os custos incorridos até à data e os custos

totais estimados.

(Tendo em consideração os dados disponibilizados o método que melhor

representa a fase de acabamento – neste exemplo - é a “proporção entre os

custos incorridos até à data e os custos totais estimados”)

Resolução:

ANO N

- Valor do contrato da prestação de serviços: 10.000 €

- Período de execução: 1/10/N a 31/3/N+1

- Adjudicação (adiantamento): 30% * 10.000 € = 3.000 €

- Custos incorridos em N: 2.800 €

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

12 - Depósitos à Ordem

276 - Adiantamentos por conta de

vendas/prestação de serviços

3.000 1/10/N - Adiantamento com preço fixado

Page 76: Manual Otoc Ev0410

76

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

6x - Gastos diversos 12 D. Ordem / 221 Fornecedores c/c (…) 2.800 Durante o ano N - reconhecimento

dos gastos incorridos

À data do balanço de N, é necessário reconhecer o rédito do período, com referência à fase de acabamento, uma vez que o contrato da prestação de serviços é fiavelmente estimado:

% de acabamento = custos incorridos / custos totais estimados

= 2.800 € / 7.000 € = 40%

Rédito a reconhecer em n = 10.000 € * 40% = 4.000 €

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

2721 - Devedores por acréscimos de rendimentos

72 - Prestações de serviços 4.000 31/12/N - Reconhecimento do

rédito de N

Page 77: Manual Otoc Ev0410

77

ANO N + 1

Custos incorridos em N+1 = Custos totais incorridos – custos incorridos em N

= 7.500 € – 2.800 € = 4.700 €

Rédito a reconhecer em N+1 = Valor da prestação de serviços – Rédito de N

= 10.000 € - 4.000 € = 6.000 €

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

6x - Gastos diversos 12 D. Ordem / 221 Fornecedores c/c (…) 4.700 Até 31/3/N+1 - reconhecimento dos

gastos incorridos

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

211 - Clientes c/c 72 - Prestações de serviços 10.000 31/3/N+1 - Emissão da factura ao

cliente

276 - Adiantamentos por conta de

vendas/prestação de serviços

211 - Clientes c/c 3.000 31/3/N+1 - Regularização com preço fixado

72 - Prestações de serviços

2721 - Devedores por acréscimos de rendimentos

4.000 31/3/N+1 - Regularização do acréscimo de rendimentos

Com o recebimento da dívida remanescente:

Page 78: Manual Otoc Ev0410

78

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

12 - Depósitos à Ordem 211 - Clientes c/c 7.000 30/4/N+1 - Recebimento da dívida remanescente

Aspectos relacionados com a divulgação no Anexo (§ 12.12 da NCRF PE):

- Políticas contabilísticas adoptadas para o reconhecimento do rédito.

- Método adoptado para determinar a fase de acabamento de

transacções que envolvam a prestação de serviços.

- Para cada categoria significativa de rédito: a quantia reconhecida

durante o período

Page 79: Manual Otoc Ev0410

79

3.4.9. Provisões, passivos contingentes e activos contingentes

Para uma correcta e eficaz compreensão do capítulo 13 da NCRF-PE

deveremos numa primeira fase considerar as definições relacionadas:

provisões, passivos contingentes e activos contingentes.

Provisões — são obrigações sempre que se possa efectuar uma estimativa

fiável, são reconhecidas como passivos porque são obrigações presentes e é

provável que um exfluxo de recursos que incorporem benefícios económicos

será necessário para liquidar as obrigações; e

Passivos contingentes — que não são reconhecidos como passivos porque:

- são obrigações possíveis, uma vez que carecem de confirmação sobre

se a entidade tem ou não uma obrigação presente que possa conduzir a

um exfluxo de recursos que incorporem benefícios económicos; ou

- são obrigações presentes que não satisfazem os critérios de

reconhecimento deste capítulo, seja porque não é provável que será

necessário um exfluxo de recursos que incorporem benefícios

económicos para liquidar a obrigação, seja porque não pode ser feita

uma estimativa suficientemente fiável da quantia da obrigação.

Activos contingentes — que não são reconhecidos como activos pois são

possíveis activos provenientes de acontecimentos passados e cuja existência

Page 80: Manual Otoc Ev0410

80

somente será confirmada pela ocorrência ou não ocorrência de um ou mais

acontecimentos futuros incertos não totalmente sob o controlo da entidade.

Neste capítulo da NCRF-PE o termo “contingente” é usado para passivos e

activos que não sejam reconhecidos porque a sua existência somente será

confirmada pela ocorrência ou não ocorrência de um ou mais eventos futuros

incertos não totalmente sob o controlo da entidade.

As provisões só devem ser reconhecidas quando cumulativamente:

- Uma entidade tenha uma obrigação presente (legal ou construtiva)

como resultado de um acontecimento passado;

- Seja provável que um exfluxo de recursos que incorporem benefícios

económicos será necessário para liquidar a obrigação; e

- Possa ser feita uma estimativa fiável da quantia da obrigação.

Quando não seja claro se existe ou não uma obrigação presente, presume-se

que um acontecimento passado dá origem a uma obrigação presente se, tendo

em conta toda a evidência disponível, for mais provável do que não que tal

obrigação presente exista à data do balanço.

Um acontecimento passado que conduza a uma obrigação presente é

chamado um acontecimento que cria obrigações. Para um evento ser

considerado um acontecimento que cria obrigações, é necessário que a

entidade não tenha nenhuma alternativa realista senão liquidar a obrigação por

ele criada, o que apenas ocorre:

- Quando a liquidação da obrigação possa ser imposta legalmente, ou

- No caso de uma obrigação construtiva, quando o evento crie

expectativas válidas em terceiros de que ela cumprirá a obrigação.

Page 81: Manual Otoc Ev0410

81

Por outro lado os Activos e Passivos contingentes não são reconhecidos. Os

Passivos contingentes apenas são divulgados, a menos que seja remota a

possibilidade de um exfluxo de recursos que incorporem benefícios

económicos. Os Activos contingentes poderão ser divulgados quando for

provável um influxo de benefícios económicos.

O quadro anexo ao capítulo 13 da NCRF-PE resume os principais requisitos de

reconhecimento auxiliando o preparador das demonstrações financeiras na

distinção de provisões e passivos contingentes.

Page 82: Manual Otoc Ev0410

82

Relativamente às divulgações exigidas no Anexo dispõe a NCRF-PE o

seguinte:

13.30 — Para cada classe de provisão, uma entidade deve divulgar:

a) A quantia escriturada no começo e no fim do período;

b) As provisões adicionais feitas no período, incluindo aumentos nas provisões existentes;

c) As quantias usadas (isto é, incorridas e debitadas à provisão) durante o período;

d) Quantias não usadas revertidas durante o período;

e) O aumento durante o período na quantia descontada proveniente da passagem do tempo e

o efeito de qualquer alteração na taxa de desconto;

f) A quantia de qualquer reembolso esperado, declarando a quantia de qualquer activo que

tenha sido reconhecido para esse reembolso esperado;

g) Informações pormenorizadas sobre as provisões de carácter ambiental; e

h) Passivos de carácter ambiental, materialmente relevantes, que estejam incluídos em cada

uma das rubricas do Balanço.

Poderá optar-se pela construção de um quadro que evidencie para cada classe

de provisão os saldos iniciais e finais com as respectivas variações, tal como já

era preconizado no anterior normativo contabilístico no Anexo ao Balanço e à

Demonstração dos Resultados.

No tratamento das provisões também se enquadram as de carácter ambiental

pelo que caso ocorram situações que se englobem no conceito de provisão

também deverão, para além do reconhecimento, ser divulgadas no Anexo de

uma forma pormenorizada conforme indicado nas alíneas g) e h) do parágrafo

13.30 da NCRF-PE.

A quantia reconhecida como uma provisão deve ser a melhor estimativa do

dispêndio exigido para liquidar a obrigação presente à data do balanço, tendo

em consideração os riscos e incertezas que inevitavelmente rodeiam os

acontecimentos.

as provisões devem ser revistas à data de cada balanço e ajustadas para

reflectir a melhor estimativa corrente. Se deixar de ser provável que será

Page 83: Manual Otoc Ev0410

83

necessário um exfluxo de recursos que incorporem benefícios económicos

futuros para liquidar a obrigação, a provisão deve ser revertida.

13.31 — Para cada classe de passivo contingente à data do balanço, uma entidade deve

divulgar uma breve descrição da natureza do passivo contingente.

Tendo em consideração o conceito de passivo contingente, não sendo

reconhecido, deve ser divulgado no Anexo descrevendo a natureza do mesmo.

13.32 — Quando um influxo de benefícios económicos for provável, uma entidade deve

divulgar uma breve descrição da natureza dos activos contingentes à data do balanço.

À semelhança do passivo contingente também um activo contingente não é

reconhecido devendo ser divulgado no Anexo uma descrição da sua natureza.

CASO PRÁTICO N.º 8

A empresa vendeu, no ano N, 100 máquinas ligadas à construção civil, pelo

valor unitário de 6.000 €, concedendo um período de garantia de 2 anos.

Com base no histórico dos últimos 3 anos, os custos totais de reparação, que

se espera que ocorram dentro do período da garantia, estão estimados em

14.000 €.

Sabe-se, ainda, que os custos das reparações efectuadas sobre aquelas

máquinas, no ano N+1, ascenderam a 6.000 € e que, da revisão das

estimativas efectuadas à data do Balanço de N+1, espera-se que os dispêndios

Page 84: Manual Otoc Ev0410

84

ainda a incorrer até ao final do período da garantia daquelas 100 máquinas se

cifre em 10.000 €.

Pedido: Contabilização dos gastos com o reconhecimento inicial da garantia a

clientes, das reparações realizadas em N e da alteração da estimativa do valor

da reparações a efectuar durante o restante período da garantia.

Natureza do problema: Reconhecimento inicial, uso e alterações de provisões

para garantias a clientes

NCRF PE (capítulo aplicável): 13

Reconhecimento e mensuração: Verificação das condições para o

reconhecimento de uma provisão:

- Existe um acontecimento passado (venda das máquinas) que gera uma

obrigação presente de natureza legal – período mínimo de garantia 2 anos

- É provável que um exfluxo de recursos que incorporem benefícios

económicos seja necessário para liquidar a obrigação, uma vez que, segundo o

histórico da empresa é normal que no processo de venda e pós-venda de

produtos os clientes solicitem reparação dos produtos quando estes estão no

período de garantia.

- Existe uma estimativa fiável da quantia da obrigação presente. Para a

mensuração das garantias a clientes, regra geral, a estimativa é efectuada

tendo por base o historial da empresa no que respeita a reparações efectuadas

no período de garantia, procurando-se determinar uma taxa média desses

gastos sobre o volume de vendas dos produtos objecto de garantia.

Page 85: Manual Otoc Ev0410

85

Tendo em consideração o referido, podemos concluir que estão cumpridos os

critérios de reconhecimento desta obrigação. Assim, o gasto da provisão deve

ser reconhecido no ano da alienação dos bens objecto de garantia, ou seja, no

ano N.

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

672 - Provisões do período - Garantias a

clientes

292 - Provisões - Garantias a clientes 14.000 31/12/N - Reconhecimento da

provisão para garantias a clientes

Durante o ano N+1 – Uso da provisão para garantias a clientes

Uma provisão só deve ser usada para os dispêndios relativos aos quais a

provisão foi originalmente reconhecida (§ 13.25 da NCRF-PE).

As subcontas da conta 29 – Provisões, devem ser utilizadas directamente pelos

dispêndios para que foram reconhecidas, sem prejuízo das reversões a que

haja lugar (nota de enquadramento à conta 29).

No caso em concreto, os gastos com as reparações efectuadas no âmbito da

garantia a clientes ascenderam, durante o ano N+1, a 6.000 €.

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

292 - Provisões - Garantias a clientes

12 - Depósitos à ordem / 221 Fornecedores C/C 6.000 Durante N+1 - Uso parcial da

provisão para garantias a clientes

Page 86: Manual Otoc Ev0410

86

Em 31 de Dezembro de N+1 – Alterações em provisões

As provisões devem ser revistas à data de cada balanço e ajustadas para

reflectir a melhor estimativa corrente. Se deixar de ser provável que será

necessário um exfluxo de recursos que incorporem benefícios económicos

futuros para liquidar a obrigação, a provisão deve ser revertida (§13.23 da

NCRF-PE).

Revisão da estimativa da provisão em 31/12/N+1:

- Montante da provisão por utilizar: 14.000 € - 6.000 € = 8.000 €

- Gastos estimados a incorrer em N+2 = 10.000 €

- Reforço da provisão: 10.000 € - 8.000 € = 2.000 €

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

672 - Provisões do período - Garantias a

clientes

292 - Provisões - Garantias a clientes 2.000 31/12/N+1 - Reforço da provisão

para garantias a clientes

Aspectos relacionados com a divulgação no Anexo (§ 13.30 da NCRF PE):

Conforme disposto no parágrafo 13.30 da NCRF-PE para cada classe de

provisão, uma entidade deve divulgar:

- A quantia escriturada no começo e no fim do período.

- As provisões adicionais feitas no período, incluindo aumentos nas

provisões existentes.

Page 87: Manual Otoc Ev0410

87

- As quantias usadas (isto é, incorridas e debitadas à provisão) durante o

período.

- Quantias não usadas revertidas durante o período.

- O aumento durante o período na quantia descontada proveniente da

passagem do tempo e o efeito de qualquer alteração na taxa de desconto.

- A quantia de qualquer reembolso esperado, declarando a quantia de

qualquer activo que tenha sido reconhecido para esse reembolso esperado.

- Informações pormenorizadas sobre as provisões de carácter ambiental.

- Passivos de carácter ambiental, materialmente relevantes, que estejam

incluídos em cada uma das rubricas do Balanço.

Page 88: Manual Otoc Ev0410

88

3.4.10. Subsídios do governo

Os subsídios do Governo, incluindo os subsídios não monetários, devem ser

apresentados no balanço como componente do capital próprio, e imputados

como rendimentos do exercício na proporção das amortizações efectuadas em

cada período, tal como referido no ponto 14.9 da NCRF-PE.

Verificamos que os subsídios do Governo apenas sofreram modificação

naqueles que estão relacionados com activos, sendo apresentados no balanço

como componente do capital próprio e não como passivo (procedimento

adoptado no anterior normativo contabilístico).

Relativamente às divulgações exigidas no Anexo dispõe a NCRF-PE o

seguinte:

14.14 — Devem ser divulgados os assuntos seguintes:

a) A política contabilística adoptada para os subsídios do Governo, incluindo os métodos de

apresentação adoptados nas demonstrações financeiras;

b) A natureza e extensão dos subsídios do Governo reconhecidos nas demonstrações

financeiras e indicação de outras formas de apoio do Governo de que a entidade tenha

directamente beneficiado; e

c) Condições não satisfeitas e outras contingências ligadas ao apoio do Governo que tenham

sido reconhecidas.

Os subsídios do Governo, incluindo subsídios não monetários, só devem ser

reconhecidos após existir segurança de que:

a) A entidade cumprirá as condições a eles associadas; e

b) Os subsídios serão recebidos.

Page 89: Manual Otoc Ev0410

89

A maneira pela qual um subsídio é recebido não afecta o método contabilístico

a ser adoptado com respeito ao subsídio, pelo que um subsídio é contabilizado

da mesma maneira quer ele seja recebido em dinheiro quer como redução de

um passivo para com o Governo. Deverá a empresa divulgar qual o tipo de

subsídio recebido e os critérios contabilísticos utilizados no seu

reconhecimento.

Todos os subsídios recebidos deverão ser divulgados indicando a linha de

apoio sobre o qual recebeu aprovação, bem como os valores de investimento e

subsídios atribuídos, monetários ou não monetários bem como a fundo perdido

ou reembolsáveis.

Caso ocorram contingências relacionadas com o subsídio aprovado ou não

sejam cumpridas condições contratuais, devem ser clarificadas no Anexo. Se o

subsídio do Governo tiver sido reconhecido, qualquer contingência relacionada

será tratada de acordo com o capítulo 13 — Provisões, Passivos Contingentes

e Activos Contingentes.

CASO PRÁTICO N.º 9

A empresa apresentou um estudo económico para a construção de um edifício

fabril, com o intuito de obter um subsídio a fundo perdido que, segundo os

critérios de atribuição, se situa nos 25% do valor da construção. O projecto foi

aprovado em N-2. O custo total da construção do edifício fabril, apresentado e

aprovado para efeitos do projecto foi de 200.000 €.

Page 90: Manual Otoc Ev0410

90

Os dados relativos à construção são os seguintes

- Data de início da construção: 20 de Janeiro de N-1;

- Data do termo da construção: 30 de Junho de N;

- Data da entrada em funcionamento: 1 de Janeiro de N+1.

Em Janeiro de N-1 foi recebido metade do subsídio e o restante no final da

construção.

O edifício fabril tem uma vida útil estimada de 20 anos.

Pedidos:

1) Lançamento no final da construção do imóvel.

2) Lançamentos contabilísticos relacionados com o subsídio até 31 de

Dezembro de N.

Natureza do problema: Problemática do reconhecimento inicial e mensuração

subsequente do subsídio não reembolsável relacionado com activos

depreciáveis.

NCRF PE (capítulos aplicáveis): 7 e 14

Page 91: Manual Otoc Ev0410

91

Resolução:

1) Lançamento no final da construção do imóvel.

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

432 - Activos fixos tangíveis - Edifícios e outras construções

453 - Investimentos em curso - Activos fixos tangíveis em curso

200.000 30/6/N - Final construção do edifício

Embora a entrada em funcionamento do edifício tenha ocorrido em Janeiro de

N+1, em finais de Junho do ano anterior admite-se que o activo já se

encontrava em condições para ser utilizado. Nos termos do ponto 7.17 da

NCRF-PE, “A depreciação de um activo começa quando este esteja disponível

para uso, i.e. quando estiver na localização e condição necessárias para que

seja capaz de operar na forma pretendida.”

Assim em N a empresa deve reconhecer os gastos de depreciação do edifício

relativos ao segundo semestre deste ano. Contudo chamamos atenção para o

facto de, e tal como referido na parte final do mesmo ponto 7.17 da NCRF-PE

“segundo os métodos de uso da depreciação, o gasto de depreciação pode ser

zero enquanto não houver produção”.

Page 92: Manual Otoc Ev0410

92

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

642 - Gastos de depreciação e de

amortização - Activos fixos tangíveis

438 - Activos fixos tangíveis - Depreciações

acumuladas 5.000 31/12/N - Depreciação do período

Depreciação de N = 200.000 € / 20 * 6/12 = 5.000 €

2) Lançamentos contabilísticos relacionados com o subsídio até 31 de Dezembro de N

Em N-2 a empresa teve a comunicação da aprovação do subsídio, que

ascende a 50.000 € (25% * 200.000 €). Admitindo que nessa data aquela

decisão foi alvo de contratualização e que se verificam os critérios de

reconhecimento previsto no capítulo 14 da NCRF-PE, existe segurança

razoável de que a entidade cumprirá as condições associadas ao subsídio e o

subsídio será recebido deve-se efectuar o seguinte lançamento contabilístico

em N-2:

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

278 - Outras contas a receber e a pagar - Outros devedores e

credores

593 - Outras variações no capital próprio -

subsídios 50.000 Dez./N-2 - Reconhecimento inicial

do subsídio

Posteriormente, registar-se-á o recebimento do subsídio em duas tranches de 25.000 € cada:

Page 93: Manual Otoc Ev0410

93

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

12 - Depósitos à ordem

278 - Outras contas a receber e a pagar - Outros devedores e

credores

25.000 Jan./N-1 - Recebimento primeira tranche do subsídio

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

12 - Depósitos à ordem

278 - Outras contas a receber e a pagar - Outros devedores e

credores

25.000 Jun./N - Recebimento segunda tranche do subsídio

Nos termos do ponto 14.5 da NCRF-PE Os subsídios do Governo não

reembolsáveis relacionados com activos fixos tangíveis e intangíveis devem ser

inicialmente reconhecidos nos Capitais Próprios e subsequentemente

imputados numa base sistemática como rendimentos durante os períodos

necessários para balanceá-los com os gastos relacionados que se pretende

que eles compensem.

No caso em concreto, como apenas em Julho de N se começou a registar os

gastos associados ao edifício, por via da depreciação, também só a partir desta

data deverá ser imputada a parte proporcional do subsídio a rendimentos.

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

593 - Outras variações no capital próprio -

subsídios

7883 - Outros rendimentos e ganhos - Outros - Imputação de

subsídios para investimento

1.250 31.12.N - Imputação parcial do subsídio a rendimentos

50.000 € /20 * 6/12 = 1.250 €

Page 94: Manual Otoc Ev0410

94

Aspectos relacionados com a divulgação do subsídio no Anexo (§ 14.14

da NCRF PE):

- Política contabilística adoptada para os subsídios do Governo,

incluindo os métodos de apresentação adoptados nas demonstrações

financeiras.

- Natureza e extensão dos subsídios do Governo reconhecidos nas

demonstrações financeiras e indicação de outras formas de apoio do

Governo de que a entidade tenha directamente beneficiado.

- Condições não satisfeitas e outras contingências ligadas ao apoio do

Governo que tenham sido reconhecidas.

Page 95: Manual Otoc Ev0410

95

3.4.11. Efeitos de alterações em taxas de câmbio

Uma transacção em moeda estrangeira é uma transacção que seja

denominada ou exija liquidação numa moeda estrangeira, incluindo

transacções que resultem de:

- Quando uma entidade compra ou vende bens ou serviços cujo preço

seja denominado numa moeda estrangeira;

- Quando uma entidade pede emprestado ou empresta fundos quando

as quantias a pagar ou a receber sejam estabelecidas numa moeda

estrangeira; ou

- Quando uma entidade por qualquer forma adquire ou aliena activos ou

incorre ou liquida passivos, denominados numa moeda estrangeira.

A NCRF-PR determina que uma transacção em moeda estrangeira deve ser

registada, no momento do reconhecimento inicial na moeda funcional, pela

aplicação à quantia de moeda estrangeira da taxa de câmbio entre a moeda

funcional e a moeda estrangeira à data da transacção. Posteriormente, à data

de cada balanço:

- Os itens monetários em moeda estrangeira devem ser transpostos pelo

uso da taxa de fecho;

- Os itens não monetários que sejam mensurados em termos de custo

histórico numa moeda estrangeira devem ser transpostos pelo uso da

taxa de câmbio à data da transacção;

Page 96: Manual Otoc Ev0410

96

- Os itens não monetários que sejam mensurados pelo justo valor numa

moeda estrangeira devem ser transpostos pelo uso das taxas de câmbio

que existiam quando os valores foram determinados.

No que respeita aos aspectos relacionados com a divulgação verificamos a

seguinte exigência contemplada no ponto 15.6 da NCRF-PE.

15.6 — Uma entidade deve divulgar a quantia das diferenças de câmbio reconhecidas nos

resultados.

CASO PRÁTICO N.º 10

A sociedade vendeu em 30 de Novembro de N, material para um cliente nos

Estados Unidos da América, tendo emitido uma factura no montante 100.000

USD. A moeda funcional é o euro (€). O câmbio do dólar nessa data era de $ 1

USD = 0,87 €. À data 31 de Dezembro de N a factura ainda não se encontrava

paga, não havendo no entanto risco de cobrança.

Pedidos:

1) Registo da venda.

2) Tendo em consideração que em 31 de Dezembro de N ainda se encontrava

por pagar a referida factura, e que o câmbio, nesta data era de $ 1 USD = 0,83

€, contabilize as operações que entenda adequadas.

Page 97: Manual Otoc Ev0410

97

3) Tendo em consideração a situação referida anteriormente, mas admitindo

que o câmbio, nesta data era de $ 1 USD = 0,93 €, contabilize as operações

que entenda adequadas.

4) O recebimento da dívida ocorreu em 31 de Janeiro de N+1, sendo o câmbio

nessa data de $ 1 USD = 0,90 €. Admita o câmbio em 31 de Dezembro de N de

$ 1 USD = 0,93 €.

Natureza do problema: Apuramento de diferenças de câmbio.

NCRF PE (capítulo aplicável): 15

Reconhecimento e mensuração:

O capítulo 15 da NCRF-PE prescreve como se devem incluir transacções em

moeda estrangeira nas demonstrações financeiras de uma entidade.

Uma transacção em moeda estrangeira deve ser registada, no momento do

reconhecimento inicial na moeda funcional, pela aplicação à quantia de moeda

estrangeira da taxa de câmbio entre a moeda funcional e a moeda estrangeira

à data da transacção.

À data de cada balanço os itens monetários em moeda estrangeira devem ser

transpostos pelo uso da taxa de fecho.

As diferenças de câmbio, relativas à actividade operacional, resultantes da

liquidação de itens monetários ou do relato de itens monetários de uma

entidade a taxas diferentes das que foram inicialmente registadas durante o

período, ou relatadas em demonstrações financeiras anteriores devem ser

reconhecidas nos resultados do período em que ocorram:

Page 98: Manual Otoc Ev0410

98

6887 – Diferenças de câmbio desfavoráveis

7887 – Diferenças de câmbio favoráveis

Quando a transacção é liquidada num período contabilístico subsequente

àquele em que ocorreu, a diferença de câmbio reconhecida em cada período

até à data de liquidação é determinada pela alteração nas taxas de câmbio

durante cada período.

Resolução:

1) Registo da venda

Na data da operação:

- O registo contabilístico é efectuado ao câmbio da data considerada

para a operação, salvo se o câmbio estiver fixado entre as partes.

- Uma alienação em moeda estrangeira deve ser registada no

reconhecimento inicial na moeda funcional, pela aplicação à quantia da moeda

estrangeira da taxa de câmbio entre a moeda funcional (que no nosso caso é o

euro) e a moeda estrangeira à data da aquisição.

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

2111 - Clientes - Clientes C/C . - Clientes

Gerais

7123 - Vendas - Produtos Acabados - Vendas para países

terceiros

87.000 30/11/N - Registo da venda

Page 99: Manual Otoc Ev0410

99

2) Tendo em consideração que em 31 de Dezembro de N ainda se encontrava por pagar a referida factura, e que o câmbio, nesta data era de $ 1 USD = 0,83 €, contabilize as operações que entenda adequadas.

Na data de fecho do Balanço ou data de relato:

- À data de cada balanço, as contas a receber em moeda estrangeira

devem ser actualizadas pelo uso da taxa de fecho, excepto se o câmbio tiver

sido fixado entre as partes;

Câmbio na data da operação: 1 USD = 0,87 €

Câmbio em 31/12/N: 1 USD = 0,83 €

Diferença de câmbio = $ 100.000 USD * (0,87 € – 0,83 €) = 4.000 €

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

6887 - Outros Gastos e Perdas - Outros -

Diferenças de câmbio desfavoráveis

2111 - Clientes - Clientes C/C . - Clientes

Gerais 4.000 31/12/N - Actualização do câmbio

3) Tendo em consideração a situação referida anteriormente, mas admitindo que o câmbio, nesta data era de $ 1 USD = 0,93 €, contabilize as operações que entenda adequadas.

Page 100: Manual Otoc Ev0410

100

Câmbio na data da operação: 1 USD = 0,87 €

Câmbio em 31/12/N: 1 USD = 0,93 €

Diferença de câmbio = $ 100.000 USD * (0,93 € – 0,87 €) = 6.000 €

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

2111 - Clientes - Clientes C/C . - Clientes

Gerais

7887 - Outros rendimentos e ganhos - Outros - Diferenças de

câmbio favoráveis

6.000 31/12/N - Actualização do câmbio

4) O recebimento da dívida ocorreu em 31 de Janeiro de N+1, sendo o câmbio nessa data de $ 1 USD = 0,90 €. Admita o câmbio em 31 de Dezembro de N de $ 1 USD = 0,93 €.

Na data do recebimento:

- É necessário apurar a diferença entre o valor recebido, por aplicação da taxa de câmbio da data do recebimento, e o valor escriturado.

Câmbio em 31/12/N: 1 USD = 0,93 €

Diferença de câmbio = $ 100.000 USD * (0,93 € – 0,90 €) = 3.000 €

Valor do recebimento: $ 100.000 USD * 0,90 € = 90.000 €

Page 101: Manual Otoc Ev0410

101

Contas a débito Valor (€) Conta a crédito Valor (€) Descrição

12 - Depósitos à ordem 90.000

2111 - Clientes - Clientes C/C . - Clientes

Gerais 93.000 31/1/N+1 - Recebimento

6887 - Outros Gastos e Perdas - Outros -

Diferenças de câmbio desfavoráveis

3.000

Aspectos relacionados com a divulgação (§ 15.6 da NCRF PE):

- Uma entidade deve divulgar a quantia das diferenças de câmbio reconhecidas nos resultados.

Page 102: Manual Otoc Ev0410

102

3.4.12. Impostos sobre o rendimento

Prescreve o capítulo 16 da NCRF-PE que o tratamento contabilístico dos

impostos sobre o rendimento é, salvo disposição específica, o método do

imposto a pagar e mensurados pela quantia que se espera que seja paga

(recuperada de) às autoridades fiscais, usando as taxas fiscais (e leis fiscais)

aprovadas à data do balanço.

Os impostos correntes para períodos correntes e anteriores devem, na medida

em que não estejam pagos, ser reconhecidos como passivos. Se a quantia já

paga com respeito a períodos correntes e anteriores exceder a quantia devida

para esses períodos, o excesso deve ser reconhecido como um activo.

Tal como já era previsto no anterior normativo contabilístico a contabilização

dos efeitos de impostos correntes de uma transacção ou de outro

acontecimento é consistente com a contabilização da transacção ou do próprio

acontecimento. Assim, relativamente, a transacções e outros acontecimentos

reconhecidos nos resultados, qualquer efeito fiscal relacionado também é

reconhecido nos resultados. No que diz respeito a transacções e outros

acontecimentos reconhecidos directamente no capital próprio, qualquer efeito

fiscal relacionado também é reconhecido directamente no capital próprio, caso

em que o imposto corrente deve ser debitado ou creditado directamente nessa

rubrica.

Relativamente aos aspectos relacionados com a compensação de saldos uma

entidade deve compensar activos por impostos correntes e passivos por

impostos correntes nas suas demonstrações financeiras se, e somente se, a

entidade:

Page 103: Manual Otoc Ev0410

103

- Tiver um direito legalmente executável para compensar quantias

reconhecidas; e

- Pretender liquidar numa base líquida, ou realizar o activo e liquidar

simultaneamente o passivo.

No que se refere aos aspectos relacionados com a divulgação deverão ser

divulgados separadamente:

- Gasto (rendimento) por impostos correntes;

- Quaisquer ajustamentos reconhecidos no período de impostos

correntes de períodos anteriores;

- A natureza e quantia do gasto (rendimento) de imposto reconhecido

directamente em capitais próprios.

tal como previsto no parágrafo 16.8 da NCRF-PE:

16.8 — Devem ser divulgados separadamente:

a) Gasto (rendimento) por impostos correntes;

b) Quaisquer ajustamentos reconhecidos no período de impostos correntes de períodos

anteriores;

c) A natureza e quantia do gasto (rendimento) de imposto reconhecido directamente em

capitais próprios.

Page 104: Manual Otoc Ev0410

104

3.4.13. Instrumentos financeiros

O capítulo 17 da NCRF-PE aplica-se aos instrumentos financeiros com

excepção de:

- Investimentos em subsidiárias, associadas e empreendimentos

conjuntos;

- Direitos e obrigações no âmbito de um plano de benefícios a

empregados;

- Direitos no âmbito de um contrato de seguro a não ser que o contrato

de seguro resulte numa perda para qualquer das partes em resultado

dos termos contratuais que se relacionem com:

- Alterações no risco segurado;

- Alterações na taxa de câmbio;

- Entrada em incumprimento de uma das partes;

- Locações, a não ser que a locação resulte numa perda para o locador

ou locatário como resultado dos termos do contrato que se relacionem

com:

- Alterações no preço do bem locado;

- Entrada em incumprimento de uma das contrapartes.

A regra geral de reconhecimento é que uma entidade deve reconhecer um

activo financeiro, um passivo financeiro ou um instrumento de capital próprio

apenas quando se torne uma parte das disposições contratuais do instrumento.

Na medida em que as partes de capital sejam subscritas mas nenhum dinheiro

ou outro recurso tenha sido recebido, nenhum aumento de capital próprio

deverá ser reconhecido. Contudo, se os recursos ou dinheiro forem recebidos

Page 105: Manual Otoc Ev0410

105

antes da emissão de acções e a entidade não puder ser obrigada a devolver

tais recursos ou dinheiro, a entidade deve reconhecer um aumento de capital

próprio até ao limite da quantia recebida.

Se uma entidade adquirir ou readquirir os seus próprios instrumentos de capital

próprio, esses instrumentos (“quotas/acções próprias”) devem ser reconhecidos

como dedução ao capital próprio. A quantia a reconhecer deve ser o justo valor

da retribuição paga pelos respectivos instrumentos de capital próprio. Uma

entidade não deve reconhecer qualquer ganho ou perda na demonstração de

resultados decorrente de qualquer compra, venda emissão ou cancelamento de

acções próprias.

Relativamente às divulgações exigidas no Anexo dispõe a NCRF-PE o

seguinte:

17.19 — Uma entidade deve divulgar as bases de mensuração, bem como as politicas

contabilísticas utilizadas para a contabilização de instrumentos financeiros, que sejam

relevantes para a compreensão das demonstrações financeiras.

17.20 — Para todos os instrumentos financeiros mensurados ao justo valor, a entidade deve

divulgar a respectiva cotação de mercado.

17.21 — Se uma entidade tiver transferido activos financeiros para uma outra entidade numa

transacção que não se qualifique para desreconhecimento, a entidade deve divulgar, para cada

classe de tais activos financeiros:

a) A natureza dos activos;

b) A natureza dos riscos e benefícios de detenção a que a entidade continue exposta;

c) As quantias escrituradas dos activos e de quaisquer passivos associados que a entidade

continue a reconhecer.

17.22 — Quando uma entidade tenha dado em garantia, penhor ou promessa de penhor

activos financeiros, deverá divulgar:

a) A quantia escriturada de tais activos financeiros; e

b) Os termos e condições relativos à garantia, penhor ou promessa de penhor.

Page 106: Manual Otoc Ev0410

106

17.23 — Para empréstimos contraídos reconhecidos à data do balanço, uma entidade deve

divulgar as situações de incumprimento.

17.24 — As sociedades anónimas devem divulgar o número de acções representativas do

capital social da entidade, as respectivas categorias e o seu valor nominal.

17.25 — A entidade deve divulgar as quantias de aumentos de capital realizados no período e

a dedução efectuada como custos de emissão bem como, separadamente, as quantias e

descrição de outros instrumentos de capital próprio emitidos e a respectiva quantia acumulada

à data do balanço.

Uma entidade deve mensurar os seguintes instrumentos financeiros ao custo

menos perda por imparidade:

- Instrumentos tais como clientes, fornecedores, contas a receber,

contas a pagar ou empréstimos bancários, incluindo os em moeda

estrangeira;

- Contratos para conceder ou contrair empréstimos; e

- Instrumentos de capital próprio que não sejam negociados

publicamente.

Os instrumentos financeiros negociados em mercado líquido e regulamentado,

devem ser mensurados ao justo valor, reconhecendo-se as variações deste por

contrapartida de resultados do período. Os custos de transacção só podem ser

incluídos na mensuração inicial do activo financeiro ou passivo financeiro,

desde que este seja mensurado ao custo menos perda por imparidade e todos

os custos associados à emissão de instrumentos de capital próprio devem ser

deduzidos à quantia inscrita no respectivo capital próprio.

À data de cada período de relato financeiro, uma entidade deve avaliar todos

os activos financeiros que não sejam mensurados ao justo valor por

Page 107: Manual Otoc Ev0410

107

contrapartida de resultados. Se existir uma evidência objectiva de imparidade,

a entidade deve reconhecer uma perda por imparidade na demonstração dos

resultados.

CASO PRÁTICO N.º 11

A sociedade detém uma carteira de acções diversificada registada na conta

1421 – Outros instrumentos financeiros – Activos Financeiros. Dada a baixa

generalizada das cotações verificada nos últimos anos, o órgão de gestão da

sociedade tem uma grande expectativa que o mercado retomará brevemente a

tendência de subida.5

Em 20 de Novembro de N, a conta 1421 – Outros instrumentos financeiros –

Activos Financeiros apresentava a seguinte decomposição:

Conta Descrição Saldo (€)

14211 Acções da sociedade A (Quantidade 6.000) 25.800 14212 Acções da sociedade B (Quantidade 5.000) 15.000 14213 Acções da sociedade C (Quantidade 2.000) 10.000

Total 50.800

Outras informações:

1. Em 21 de Novembro de N, foram alienadas 50% das acções da sociedade A

detidas em carteira com as seguintes condições de venda:

5 Adaptado de ob. cit. p. 167 e ss.

Page 108: Manual Otoc Ev0410

108

- Valor unitário: 4,5 €;

- Despesas de transacção: 10 €

2. A cotação das acções em carteira, em 31 de Dezembro de N, era a seguinte:

- Sociedade A: 4 €;

- Sociedade B: 3,5 €;

- Sociedade C: 5 €

Pedido: Registo das operações, realizadas em N, para que o Balanço de 31 de

Dezembro de N apresente de forma adequada a posição financeira da

empresa.

Natureza do problema:

Desreconhecimento de instrumentos financeiros

Alterações de justo valor numa carteira de acções

NCRF PE (capítulo aplicável): 17

Reconhecimento e mensuração dos instrumentos financeiros

O § 17.8 da NCRF-PE refere que “Os instrumentos financeiros negociados em

mercado líquido e regulamentado, devem ser mensurados ao justo valor,

reconhecendo-se as variações deste por contrapartida de resultados do

período”.

As notas de enquadramento do SNC referem que a conta “14 – Instrumentos

financeiros” visa reconhecer todos os instrumentos financeiros que não sejam

Page 109: Manual Otoc Ev0410

109

caixa ou depósitos bancários que não incluam derivados, que sejam

mensurados ao justo valor cujas alterações sejam reconhecidas na

demonstração dos resultados.

Resolução:

1) Alienação de 50% de acções da sociedade A

- Custo unitário de cada acção = 25.800 € / 6.000 acções = 4,3 € acção

- Custo das acções vendidas = 3.000 acções * 4,3 € = 12.900 €

- Valor bruto da venda das 3.000 acções = 3.000 acções * 4,5 € = 13.500 €

- Despesas de transacção = 10 €

- Valor líquido da venda = 13.500 € - 10 € = 13.490 €

- Ganho na alienação das acções = 13.490 € - 12.900 € = 590 €

Conta a débito Valor (€) Contas a crédito Valor (€) Descrição

12 - Depósitos à ordem 13.490

14211 – Outros Instrumentos financeiros

- Instrumentos Financeiros detidos para

negociação - Activos financeiros - Acções da

sociedade A

12.900

Registo da alienação das acções

78 - Outros rendimentos e ganhos - Ganhos em

outros instrumentos financeiros

590

Page 110: Manual Otoc Ev0410

110

2) Registo das alterações do justo valor das acções em carteira (31/12/N)

• Acções da sociedade A

o N.º acções em carteira = 3.000

o Cotação escriturada = 12.900 € (3000 * 4,3)

o Cotação em 31/12/N = 4 €

o Perda por redução do justo valor = 3.000 acções * (4,3 € - 4 €) = 900 €.

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

661 - Perdas por redução de justo valor -

Em instrumentos financeiros

14211 - Outros Instrumentos financeiros

- Instrumentos Financeiros detidos para

negociação - Activos financeiros - Acções da

sociedade A

900 31/12/N - Perdas por redução de justo valor

• Acções da sociedade B

o N.º acções em carteira = 5.000

o Justo valor em 31/12/N = 5.000 * 3,5 € = 17.500 €

o Quantia escriturada = 15.000 €

o Ganho por aumento de justo valor = 17.500 € - 15.000 € = 2.500 €

Page 111: Manual Otoc Ev0410

111

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

14212 - Outros Instrumentos financeiros

- Instrumentos Financeiros detidos para

negociação - Activos financeiros - Acções da

sociedade B

771 – Ganhos por aumentos de justo valor

- Em instrumentos financeiros

2.500 31/12/N - Ganhos por aumento de justo valor

• Acções da sociedade C

o N.º acções em carteira = 2.000

o Justo valor em 31/12/N = 2.000 * 5 € = 10.000 €

o Quantia escriturada = 10.000 €

o Não há alterações de justo valor a registar

Aspectos relacionados com a divulgação (§ 17.19 e 17.20 da NCRF PE):

- Bases de mensuração, bem como as politicas contabilísticas utilizadas

para a contabilização de instrumentos financeiros, que sejam relevantes

para a compreensão das demonstrações financeiras.

- Para todos os instrumentos financeiros mensurados ao justo valor, a

entidade deve divulgar a respectiva cotação de mercado.

Page 112: Manual Otoc Ev0410

112

3.4.14. Benefícios dos empregados

O capítulo 18 da norma PE aplica-se aos benefícios dos empregados. Neste

âmbito dispõe que uma entidade deve reconhecer:

- Um passivo quando um empregado tiver prestado serviços em troca de

benefícios a pagar no futuro; e

- Um gasto quando a entidade consumir o benefício económico

proveniente do serviço proporcionado por um empregado em troca

desses benefícios.

Os benefícios dos empregados aos quais este capítulo se aplica são os

seguintes:

- A benefícios de curto prazo, tais como salários, ordenados e

contribuições para a segurança social, licença anual paga e licença por

doença paga, participação nos lucros e gratificações (se pagáveis dentro

de doze meses a contar do final do período) e benefícios não monetários

(tais como cuidados médicos, alojamento, automóveis e bens ou

serviços gratuitos ou subsidiados) relativos aos empregados correntes; e

- A benefícios de cessação de emprego.

Os benefícios dos empregados incluem os benefícios proporcionados quer a

empregados quer aos seus dependentes e podem ser liquidados por

pagamentos (ou o fornecimento de bens e serviços) feitos quer directamente

aos empregados, aos seus cônjuges, filhos ou outros dependentes quer a

outros, tais como empresas de seguros.

Page 113: Manual Otoc Ev0410

113

A contabilização dos benefícios a curto prazo é geralmente linear porque não

são necessários pressupostos actuariais para mensurar a obrigação ou o custo

e não há possibilidade de qualquer ganho ou perda actuarial. As obrigações

dos benefícios a curto prazo são mensuradas numa base não descontada.

Quando um empregado tenha prestado serviço a uma entidade durante um

período contabilístico, a entidade deve reconhecer a quantia não descontada

de benefícios a curto prazo que espera ser paga em troca desse serviço:

- Como um passivo (gasto acrescido), após dedução de qualquer

quantia já paga. Se a quantia já paga exceder a quantia não descontada

dos benefícios, uma entidade deve reconhecer esse excesso como um

activo (gasto pré-pago) na extensão de que o pré-pagamento conduzirá,

por exemplo, a uma redução em futuros pagamentos ou a uma

restituição de dinheiro; e

- Como um gasto, salvo se outro capítulo da presente Norma exigir ou

permitir a inclusão dos benefícios no custo de um activo (ver, por

exemplo, o capítulo 11 - Inventários e o capítulo 7 - Activos Fixos

Tangíveis).

Uma entidade deve reconhecer o custo esperado dos pagamentos de

participação nos lucros e gratificações quando, e só quando:

- A entidade tenha uma obrigação presente legal ou construtiva de fazer

tais pagamentos em consequência de acontecimentos passados; e

- Possa ser feita uma estimativa fiável da obrigação.

Relativamente aos benefícios de cessação de emprego ao não proporcionarem

a uma entidade benefícios económicos futuros são reconhecidos como um

gasto imediatamente.

Page 114: Manual Otoc Ev0410

114

No que respeita aos aspectos relacionados com a divulgação verificamos

apenas a seguinte exigência contemplada no ponto 18.15 da NCRF-PE:

18.15 — As entidades devem divulgar o número médio de empregados durante o ano.

CASO PRÁTICO N.º 12

A empresa tem vindo há vários anos a garantir aos seus trabalhadores um

plano de participação nos lucros, como incentivo à manutenção do nível de

produtividade dos seus empregados. De acordo com aquele plano,

comprovado pelo histórico da empresa, o total dos pagamentos relativos à

participação nos lucros será de 10% do lucro líquido distribuível.

No período de N estima-se que o lucro líquido distribuível ascenderá a 30.000

€.

Pedido: Contabilize a participação dos trabalhadores nos lucros da empresa

no ano N

Natureza do problema: Reconhecimento e mensuração do gasto com o

pessoal

NCRF PE (capítulo aplicável): 18

Reconhecimento e mensuração dos benefícios dos empregados

Page 115: Manual Otoc Ev0410

115

O capítulo 18 da NCRF-PE prescreve que a entidade deve reconhecer um

passivo quando um empregado tiver prestado serviços em troca de benefícios

a pagar no futuro; e um gasto quando a entidade consumir o benefício

económico proveniente do serviço proporcionado por um empregado em troca

desses benefícios.

Nos termos da alínea a) do § 18.2 da NCRF-PE, constituem benefícios de curto

prazo de empregados a participação nos lucros pagáveis no prazo de 12

meses após o final do período em que os empregados prestam o respectivo

serviço.

Nos termos do § 18.7 da NCRF-PE uma entidade deve reconhecer o custo

esperado dos pagamentos de participação nos lucros e gratificações quando, e

só quando:

- A entidade tenha uma obrigação presente legal ou construtiva de fazer

tais pagamentos em consequência de acontecimentos passados; e

- Possa ser feita uma estimativa fiável da obrigação.

Uma entidade pode não ter obrigação legal de pagar uma gratificação. Não

obstante, em alguns casos, uma entidade tem a prática de pagar gratificações.

Em tais casos, a entidade tem uma obrigação construtiva porque não tem

alternativa realista senão de pagar a gratificação. A mensuração da obrigação

construtiva deve reflectir a possibilidade de alguns empregados poderem sair

sem receberem a gratificação.

Uma obrigação segundo planos de participação nos lucros e de gratificações

resulta do serviço dos empregados pelo que uma entidade reconhece o custo

de planos de participação nos lucros e de gratificações não como uma

distribuição do lucro líquido mas como um gasto.

Page 116: Manual Otoc Ev0410

116

Atendendo ao enquadramento efectuado e da análise do caso apresentado,

resulta que a entidade não tem uma obrigação presente legal de fazer os

pagamentos de participação nos lucros, mas sim uma obrigação presente

construtiva, pela prática de participação nos lucros pelos empregados, não

tendo a empresa alternativa realista senão a de pagar a participação nos

lucros.

Uma obrigação construtiva, é, de acordo com a definição prevista no Apêndice

1 da NCRF-PE,

“uma obrigação que decorre das acções de uma entidade em que:

a) Por via de um modelo estabelecido de práticas passadas, de políticas

publicadas ou de uma declaração corrente suficientemente específica, a

entidade tenha indicado a outras partes que aceitará certas responsabilidades;

e

b) Em consequência, a entidade tenha criado uma expectativa válida

nessas outras partes de que cumprirá com essas responsabilidades.”

Tendo em consideração o preconizado, a contabilização da gratificação aos

trabalhadores a partir dos resultados da entidade, é reconhecida como gasto

por contrapartida de um passivo no período N, porque existe já em N uma

obrigação presente (construtiva), proveniente de acontecimentos passados

(prática de participação nos lucros), e cuja liquidação se espera que resulte

Page 117: Manual Otoc Ev0410

117

num exfluxo de recursos da entidade (o pagamento aos empregados no

próximo período) que incorpora benefícios económicos.

Resolução:

Relativamente ao reconhecimento e mensuração da obrigação construtiva,

existe no caso em concreto uma evidência da mesma, ao estarem fixadas

percentagens sobre o resultado líquido distribuível.

Uma entidade pode fazer uma estimativa fiável da sua obrigação legal ou

construtiva segundo um plano de participação nos lucros ou de gratificações

quando, e só quando:

- Os termos formais do plano contenham uma fórmula para determinar a

quantia do benefício;

- A entidade determine as quantias a serem pagas antes das

demonstrações financeiras serem aprovadas para emissão; ou

- A prática passada dê evidência clara da quantia da obrigação

construtiva da entidade.

Valor do gasto estimado = 30.000 € * 10% = 3.000

Page 118: Manual Otoc Ev0410

118

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

638x - Gastos com o pessoal - Outros gastos

com o pessoal - Participação nos lucros

2722 - Outros devedores e credores - Devedores

e credores por acréscimos - Credores

por acréscimos de gastos

3.000 Dez./N - Estimativa da participação nos lucros de N

Aspectos relacionados com a divulgação (§ 18.15 da NCRF PE):

- As entidades devem divulgar o número médio de empregados durante

o ano.

- Apesar da NCRF-PE apenas exigir a divulgação do número médio de

empregados durante o ano, recomenda-se uma explicação acerca dos

pressupostos que basearam o reconhecimento e mensuração da

estimativa relacionada com o gasto derivado da participação nos lucros.

Page 119: Manual Otoc Ev0410

119

4. Modelos reduzidos de demonstrações financeiras

De acordo com o ponto 2.1.4. do Anexo ao Decreto-Lei que aprovou o SNC,

um conjunto completo de demonstrações financeiras inclui:

- Um balanço;

- Uma demonstração dos resultados;

- Uma demonstração das alterações no capital próprio;

- Uma demonstração dos fluxos de caixa;

- Um anexo em que se divulguem as bases de preparação e políticas

contabilísticas adoptadas e outras divulgações exigidas pelas NCRF.

As entidades que não ultrapassem dois dos seguintes três limites, estão

dispensadas de apresentar a demonstração das alterações no capital próprio e

a demonstração dos fluxos de caixa, podendo apresentar modelos reduzidos

das restantes demonstrações financeiras:

- Total de balanço: 1.500.000 €;

- Total de vendas líquidas e outros rendimentos: 3.000.000 €;

- Número de trabalhadores empregados em média durante o exercício:

50.

No entanto, esta dispensa só é válida para entidades, cujas demonstrações

financeiras não se encontrem sujeitas a Certificação Legal das Contas.

Page 120: Manual Otoc Ev0410

120

A aplicação do regime das pequenas entidades é condicionada aos seguintes

termos:

(a) Entidades constituídas antes de 2009

os limites mencionados reportam-se às demonstrações financeiras do

exercício de 2008 e produzindo efeitos a partir do exercício de 2010;

(b) Para as entidades que se constituam durante 2009

os limites reportam-se às previsões para 2009 e produzem efeitos a

partir do exercício de 2010;

(c) Para as entidades que se constituam em 2010 e anos seguintes

os limites reportam -se às previsões para o ano da constituição e

produzem efeitos imediatos;

O Decreto-Lei n.º 158/2009 prevê ainda que o regime deixe de ser aplicado

sempre que os limites sejam ultrapassados num determinado exercício. Neste

caso, a opção pelo regime das pequenas entidades deixa de poder ser

exercida a partir do segundo exercício seguinte, inclusive.

Page 121: Manual Otoc Ev0410

121

4.1.1. Balanço (Modelo reduzido)

O modelo de Balanço apresenta um conteúdo mínimo, podendo ser

adicionadas rubricas tendo em consideração os conceitos de materialidade e

agregação. As linhas que não apresentem valores deverão ser removidas

permitindo desta forma uma melhor leitura da informação efectivamente

relevante, optimizando igualmente a apresentação.

Uma das alterações mais significativas traduz-se na adopção de um modelo

vertical em detrimento do modelo anterior onde o activo era apresentado no

lado esquerdo e o capital próprio e passivo à direita. O modelo actual opta por

colocar o activo em cima e o capital próprio e o passivo em baixo.

Outra alteração relevante é, no caso do activo, a remoção das colunas do

Activo Bruto e das Amortizações e Ajustamentos, figurando apenas a coluna

relativa ao Activo líquido. Por outro lado, é acrescentada uma nova coluna que

possibilitará fazer a indexação para as Notas do Anexo que permitirão uma

explicação mais detalhada de cada uma das linhas relevantes do Balanço.

Como já referido anteriormente, com o SNC as entidades passam a apresentar

os Activos e os Passivos separado entre correntes e não correntes, distinção

que é decorrente da definição do ciclo operacional.

Relativamente às diversas rubricas apresentadas na face do balanço

chamamos a atenção para as seguintes notas de enquadramento previstas na

Page 122: Manual Otoc Ev0410

122

portaria n.º 1011/2009, de 9 de Setembro, documento que publicou o Código

de Contas deste novo Sistema Contabilístico:

A classe 1 (Meios financeiros líquidos) destina-se a registar os meios

financeiros líquidos, que incluem quer o dinheiro e depósitos bancários quer

todos os activos ou passivos financeiros mensurados ao justo valor, cujas

alterações sejam reconhecidas na demonstração de resultados.

A classe 2 (Contas a receber e a pagar) destina -se a registar as operações

relacionadas com clientes, fornecedores, pessoal, Estado e outros entes

públicos, financiadores, accionistas, bem como outras operações com terceiros

que não tenham cabimento nas contas anteriores ou noutras classes

específicas. Incluem-se ainda nesta classe os diferimentos (para permitir o

registo dos gastos e dos rendimentos nos períodos a que respeitam) e as

provisões.

A Classe 3 (Inventários e activos biológicos) inclui os inventários:

Detidos para venda no decurso da actividade empresarial;

No processo de produção para essa venda;

Na forma de materiais consumíveis a serem aplicados no processo de

produção ou na prestação de serviços.

Integra, também, os activos biológicos (animais e plantas vivos), no âmbito da

actividade agrícola, quer consumíveis no decurso do ciclo normal da actividade,

quer de produção ou regeneração. Os produtos agrícolas colhidos são

incluídos nas apropriadas contas de inventários.

Page 123: Manual Otoc Ev0410

123

As quantias escrituradas nas contas desta classe terão em atenção o que em

matéria de mensuração se estabelece na NCRF 18 — Inventários, pelo que

serão corrigidas de quaisquer ajustamentos a que haja lugar, e na NCRF 17 —

Agricultura.

A Classe 4 (Investimentos) inclui os bens detidos com continuidade ou

permanência e que não se destinem a ser vendidos ou transformados no

decurso normal das operações da entidade, quer sejam de sua propriedade,

quer estejam em regime de locação financeira. Compreende os investimentos

financeiros, as propriedades de investimento, os activos fixos tangíveis, os

activos intangíveis, os investimentos em curso e os activos não correntes

detidos para venda.

No caso de ser utilizado o modelo de revalorização nos activos fixos tangíveis e

activos intangíveis, poderão ser utilizadas subcontas que evidenciem o custo

de aquisição/produção e as revalorizações (positivas ou negativas).

Se a revalorização originar uma diminuição do valor do activo essa diminuição

deve ser reconhecida em conta apropriada de gastos (subcontas da conta 65)

na parte em que seja superior ao excedente de revalorização que porventura

exista. Se originar um aumento do valor do activo esse aumento é creditado

directamente na conta apropriada do capital próprio (58 — Excedentes de

revalorização de activos fixos tangíveis e intangíveis). Contudo esse aumento

será reconhecido em resultados (subcontas da conta 762) até ao ponto que

compense um decréscimo de revalorização anteriormente registado em gastos.

A classe 5 (Capital, reservas e resultados transitados) evidencia os capitais

próprios da entidade, donde se realça as seguintes contas dadas as

particularidades que enfermam:

Page 124: Manual Otoc Ev0410

124

Conta 51 (Capital) – evidencia o capital subscrito, devendo ser deduzido, para

efeitos de elaboração do Balanço, o eventual saldo da conta 261 — Accionistas

c/subscrição ou 262 — Quotas não liberadas.

Conta 593 (Subsídios) - Inclui os subsídios associados com activos, que

deverão ser transferidos, numa base sistemática, para a conta 7883 —

Imputação de subsídios para investimentos, à medida em que forem

contabilizadas as depreciações/amortizações do investimento a que respeitem.

Page 125: Manual Otoc Ev0410

125

Entidade:

Balanço em XX de YYYYYY de 200N (Modelo reduzido) Unidade Monetária

RUBRICAS NOTAS DATAS

31 XXX de N 31 XXX de N-1

ACTIVO

Activo não corrente

Activos fixos tangíveis

Propriedades de investimento

Activos intangíveis

Investimentos financeiros

Accionistas / sócios

Activo corrente

Inventários

Clientes

Adiantamentos a fornecedores

Estado e outros entes públicos

Accionistas/sócios

Outras contas a receber

Diferimentos

Outros activos financeiros

Caixa e depósitos bancários

Total do activo

CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO

Capital próprio

Capital realizado

Acções (quotas próprias)

Outros instrumentos de capital próprio

Prémios de emissão

Reservas legais

Outras reservas

Resultados transitados

Excedentes de revalorização

Outras variações no capital próprio

Resultado líquido do período

Total do capital próprio

Passivo

Passivo não corrente

Provisões

Financiamentos obtidos

Outras contas a pagar

Passivo corrente

Fornecedores

Adiantamentos de clientes

Estado e outros entes públicos

Accionistas/sócios

Financiamentos obtidos

Diferimentos

Outras contas a pagar

Outros passivos financeiros

Total do passivo

Total do capital próprio e do passivo

Page 126: Manual Otoc Ev0410

126

4.1.2. Demonstração dos resultados por naturezas (Modelo reduzido)

À semelhança do modelo de Balanço também o modelo da Demonstração dos

Resultados por Naturezas sofreu algumas alterações. Desde logo a adopção

do modelo vertical, obtendo-se uma interligação entre Gastos e Rendimentos,

permitindo assim ir apresentando linhas de resultados.

O modelo apresentado contém um conteúdo mínimo, podendo ser adicionadas

rubricas dependendo do conceito de materialidade e agregação. Sempre que

as linhas não apresentem valores, deverão ser removidas, beneficiando a

leitura da informação.

Foi acrescentada uma nova coluna que possibilitará fazer a indexação para as

Notas do Anexo que permitirão uma explicação mais detalhada de cada uma

das linhas relevantes desta demonstração financeira.

Alteração igualmente relevante é a não apresentação, em consonância com o

parágrafo 4.14 da NCRF-PE e com o código de contas, de quaisquer itens

extraordinários.

Page 127: Manual Otoc Ev0410

127

Entidade:

Demonstração dos Resultados por Naturezas (modelo reduzido)

Período Findo em XX de YYY de 200N Unidade Monetária

RENDIMENTOS E GASTOS NOTAS PERIODOS

N N-1

Vendas e serviços prestados + +

Subsídios à exploração + +

Variação nos inventários da produção + / - + / -

Trabalhos para a própria entidade + +

Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas - -

Fornecimentos e serviços externos - -

Gastos com o pessoal - -

Imparidade de inventários (perdas/reversões) - / + - / +

Imparidade de dívidas a receber (perdas/reversões) - / + - / +

Provisões (aumentos/reduções) - / + - / +

Outras imparidades (perdas/reversões) - / + - / +

Aumentos/reduções de justo valor + / - + / -

Outros rendimentos e ganhos + +

Outros gastos e perdas - -

Resultado antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos = =

Gastos/reversões de depreciação e de amortização - / + - / +

Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) = =

Juros e rendimentos similares obtidos + +

Juros e gastos similares suportados - -

Resultado antes de impostos = =

Imposto sobre o rendimento do período - / + - / +

Resultado líquido do período = =

Page 128: Manual Otoc Ev0410

128

4.1.3. Demonstração dos resultados por funções (Modelo reduzido)

Entidade:

Demonstração dos resultados por funções (modelo reduzido)

Período Findo em XX de YYY de 200N Unidade Monetária

RUBRICAS NOTAS PERIODOS

N N-1

Vendas e serviços prestados + +

Custo das vendas e dos serviços prestados - -

Resultado bruto = =

Outros rendimentos + +

Gastos de distribuição - -

Gastos administrativos - -

Gastos de investigação e desenvolvimento - -

Outros gastos - -

Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) = =

Gastos de financiamento (líquidos) - -

Resultados antes de impostos = =

Imposto sobre o rendimento do período - / + - / +

Resultado liquido do período = =

Page 129: Manual Otoc Ev0410

129

4.1.4. Anexo (Modelo reduzido)

O modelo reduzido de Anexo às Demonstrações Financeiras apresentado na

portaria 986/2009, de 7 de Setembro, não constitui um formulário relativo às

notas do Anexo, mas apenas uma compilação das divulgações exigidas nos

diversos capítulos que integram a NCRF-PE.

Desta forma cada entidade deverá criar a sua própria sequência numérica, em

conformidade com as divulgações que deva efectuar, com a ressalva de que as

notas 1 a 4 serão sempre explicitadas ficando reservadas para os assuntos

seguidamente identificados:

1 — Identificação da entidade, nomeadamente designação da entidade,

sede, natureza da actividade e designação da empresa-mãe.

2 — Referencial contabilístico de preparação das demonstrações

financeiras, devendo ser indicadas e justificadas, entre outros, as disposições

do SNC que, em casos excepcionais, tenham sido derrogadas e dos

respectivos efeitos nas demonstrações financeiras, tendo em vista a

necessidade de estas darem uma imagem verdadeira e apropriada do activo,

do passivo e dos resultados da entidade, comentário às contas do balanço e da

demonstração dos resultados cujos conteúdos não sejam comparáveis com os

do exercício anterior, uma explicação acerca da forma como a transição dos

anteriores princípios contabilísticos geralmente aceites para a NCRF-PE,

afectou a sua posição financeira e o seu desempenho financeiro relatados

(neste caso estamos perante uma divulgação transitória.

Page 130: Manual Otoc Ev0410

130

3 — Principais políticas contabilísticas adoptadas, através da identificação

das bases de mensuração usadas na preparação das demonstrações

financeiras, quais os principais pressupostos relativos ao futuro e as principais

fontes de incerteza das estimativas.

4 — Políticas contabilísticas, alterações nas estimativas contabilísticas e

erros, onde serão indicados

a) A natureza da alteração na política contabilística;

b) A natureza do erro material de período anterior e seus impactos nas

demonstrações financeiras desses períodos;

c) A quantia de ajustamento relacionado com o período corrente ou

períodos anteriores aos apresentados, até ao ponto que seja praticável;

d) As razões pelas quais a aplicação da nova política contabilística

proporciona informação fiável e mais relevante, no caso de aplicação

voluntária.

Page 131: Manual Otoc Ev0410

131

5. ANEXOS (Compilação Demonstrações Financeiras)

Seguidamente é apresentada uma compilação das demonstrações financeiras

da sociedade ficcionada “Sociedade Nacional de Construções, Lda.” cujos

limites se enquadram no disposto no art. 9.º do Decreto-lei 158/2009 de 13 de

Julho, com as alterações introduzidas pela lei 20/2010, de 23 de Agosto.

Admite-se igualmente que a empresa não tem previsto nos seus estatutos a

existência de órgão de fiscalização.

Estando dispensada de apresentar a Demonstração das alterações no capital

próprio e a Demonstração dos fluxos de caixa, foram apresentados os modelos

reduzidos das restantes demonstrações financeiras:

- Balanço;

- Demonstração dos resultados por naturezas;

- Demonstração dos resultados por funções (não obrigatório);

- Anexo.

As demonstrações financeiras apresentadas contemplam, de uma forma geral,

os aspectos de divulgação relacionados com os casos práticos apresentados

ao longo do presente manual.

Complementarmente foram ainda incluídas outras situações, nomeadamente

divulgações relacionadas com a divulgação na transição.

Page 132: Manual Otoc Ev0410

132

Os quadros e textos apresentados ao longo do Anexo representam uma

proposta de divulgação, tendo em consideração as divulgações exigidas nos

diversos capítulos que integram a NCRF-PE, bem como o modelo apresentado

na portaria 986/2009, de 7 de Setembro.

Por opção, foram introduzidas todas as notas contempladas no modelo

referido, mesmo nos casos em que a informação exigida é não aplicável, de

forma a facilitar a sistematização e leitura desta demonstração financeira.

Page 133: Manual Otoc Ev0410

133

Entidade: SOCIEDADE NACIONAL DE CONSTRUÇÕES, LDA.

Balanço em 31 de Dezembro de N (Modelo reduzido)

Unidade Monetária:

EURO

RUBRICAS NOTAS DATAS

31.12.N 31.12.N-1

ACTIVO

Activo não corrente

Activos fixos tangíveis 5 442.609 432.591

Activos intangíveis 6 0 14.000

442.609 446.591

Activo corrente

Inventários 9 548.700 485.000

Clientes 15 133.000 178.000

Outras contas a receber 15 4.000 15.000

Diferimentos 984 730

Outros activos financeiros 15 39.500 61.000

Caixa e depósitos bancários 33.411 25.000

759.595 764.730

Total do activo 1.202.204 1.211.321

CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO

Capital próprio

Capital realizado 200.000 190.000

Reservas legais 5.400 3.400

Outras reservas 87.568 54.529

Resultados transitados 10.000 0

Outras variações no capital próprio 12 48.750 50.000

Resultado líquido do periodo 31.888 39.039

Total do capital próprio 383.606 336.968

Passivo

Passivo não corrente

Provisões 11 14.000 0

Financiamentos obtidos 15 313.900 200.000

327.900 200.000

Passivo corrente

Fornecedores 15 194.938 212.395

Estado e outros entes públicos 14 28.546 40.930

Financiamentos obtidos 229.277 380.000

Outras contas a pagar 15, 16 37.935 41.029

490.697 674.354

Total do passivo 818.597 874.354

Total do capital próprio e do passivo 1.202.204 1.211.321

Page 134: Manual Otoc Ev0410

134

Entidade: SOCIEDADE NACIONAL DE CONSTRUÇÕES, LDA.

Demonstração dos Resultados por Naturezas (modelo reduzido)

Período Findo em 31 de Dezembro de N Unidade Monetária:

EURO

RENDIMENTOS E GASTOS NOTAS PERIODOS

N N-1

Vendas e serviços prestados 10 1.091.000 1.247.800

Variação nos inventários da produção 9 70.000 -21.000

Trabalhos para a própria entidade 23.000 0

Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas 9 -560.800 -611.835

Fornecimentos e serviços externos -188.064 -195.164

Gastos com o pessoal 16 -268.800 -263.420

Imparidade de inventários (perdas/reversões) 9 -15.000 0

Provisões (aumentos/reduções) 11 -14.000 3.000

Outras imparidades (perdas/reversões) 6 -11.000 0

Aumentos/reduções de justo valor 15 1.600 -2.340

Outros rendimentos e ganhos 7.840 1.000

Outros gastos e perdas -4.000 -1.240

Resultado antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos 131.776 156.801

Gastos/reversões de depreciação e de amortização 5, 6 -64.482 -69.818

Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) 67.294 86.983

Juros e rendimentos similares obtidos 1.000 1.215

Juros e gastos similares suportados -27.860 -38.230

Resultado antes de impostos 40.434 49.968

Imposto sobre o rendimento do período 14 -8.546 -10.930

Resultado líquido do período 31.888 39.039

Page 135: Manual Otoc Ev0410

135

Entidade: SOCIEDADE NACIONAL DE CONSTRUÇÕES, LDA.

Demonstração dos resultados por funções (modelo reduzido)

Período Findo em 31 de Dezembro de N Unidade Monetária:

EURO

RUBRICAS NOTAS PERIODOS

N N-1

Vendas e serviços prestados 10 1.091.000 1.247.800

Custo das vendas e dos serviços prestados 9 -924.095 -1.065.861

Resultado bruto 166.905 181.939

Outros rendimentos 5.930 4.839

Gastos de distribuição -13.700 -10.500

Gastos administrativos -80.640 -79.026

Gastos de investigação e desenvolvimento 0 0

Outros gastos -17.201 -10.269

Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) 61.294 86.983

Gastos de financiamento (líquidos) -26.860 -37.015

Resultados antes de impostos 34.434 49.968

Imposto sobre o rendimento do período 14 -8.546 -10.930

Resultado liquido do período 25.888 39.039

Page 136: Manual Otoc Ev0410

136

ANEXO (Modelo Reduzido)

1 — Identificação da entidade:

1.1 — Designação da entidade:

Sociedade Nacional de Construções, Lda.

1.2 — Sede:

Rua Dr. Simão Nuno Carvalho

Zona Industrial de Chão

3800 Aveiro

1.3 — Natureza da actividade:

A sociedade dedica-se à construção, compra e venda de imóveis e revenda dos adquiridos para esse fim; detenção e gestão de imóveis, administração, exploração e gestão de empreendimentos imobiliários, de imóveis próprios ou alheios, bem como a prestação de serviço conexos.

1.4 — Designação da empresa-mãe:

Não aplicável

1.5 — Sede da empresa-mãe:

Não aplicável

2 — Referencial contabilístico de preparação das demonstrações financeiras:

2.1 — As demonstrações financeiras apresentadas têm como referencial contabilístico o Sistema de Normalização Contabilística, tendo sido por adoptada a Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades, de acordo com o disposto no n.º 1 do artigo 9.º do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de Julho, com as alterações introduzidas pela Lei n.º 20/2010, de 23 de Agosto.

Page 137: Manual Otoc Ev0410

137

2.2 — Indicação e justificação das disposições do SNC que, em casos

excepcionais, tenham sido derrogadas e dos respectivos efeitos nas

demonstrações financeiras, tendo em vista a necessidade de estas darem uma

imagem verdadeira e apropriada do activo, do passivo e dos resultados da

entidade.

Não aplicável.

2.3 — Indicação e comentário das contas do balanço e da demonstração dos

resultados cujos conteúdos não sejam comparáveis com os do exercício

anterior.

Tendo em consideração a entrada em vigor do Sistema de Normalização Contabilística e consequente revogação do Plano Oficial de Contabilidade foram efectuados os procedimentos de reclassificação, reconhecimento, desreconhecimento, bem como alterações dos critérios de mensuração nas situações aplicáveis. No entanto, dada a aplicação prospectiva da NCRF-PE, os valores registados na rubrica “Outros Instrumentos Financeiros – Activos Financeiros” não são comparáveis com o exercício anterior dadas as alterações introduzidas, pelo actual normativo contabilístico, na mensuração destes activos.

2.4 — Adopção pela primeira vez da NCRF-PE — divulgação transitória:

a) Uma explicação acerca da forma como a transição dos anteriores

princípios contabilísticos geralmente aceites para a NCRF-PE, afectou a

sua posição financeira e o seu desempenho financeiro relatados;

A empresa apresentou pela primeira vez as suas demonstrações financeiras de acordo com o Sistema de Normalização Contabilística, tendo a transição do POC para o SNC, procedido de acordo com o disposto no § 5 da NCRF – PE. Decorrente do processo de transição, ocorreram situações de reconhecimento, desreconhecimento e remensuração que afectaram a posição financeira e o desempenho financeiro.

As principais alterações foram as seguintes:

Activos intangíveis: O POC permitia a capitalização de algumas despesas que, de acordo com a NCRF-PE, devem ser imediatamente reconhecidas como custos do exercício, designadamente, as despesas associadas a processos de aumento de capital, as quais não cumprem com os critérios definidos no capítulo 8 da NCRF-PE para o seu reconhecimento como um activo. À data da transição, as despesas daquela natureza, líquidas de amortizações acumuladas, que não satisfaziam os critérios de

Page 138: Manual Otoc Ev0410

138

reconhecimento da NCRF-PE, foram anuladas por contrapartida de Resultados Transitados.

Subsídios do Governo: O POC dispunha que os Subsídios do Governo não reembolsáveis relacionados com activos fixos tangíveis e intangíveis eram inicialmente reconhecidos no passivo e subsequentemente imputados numa base sistemática como rendimentos. De acordo com o disposto no § 14.5 da NCRF-PE, os subsídios devem ser reconhecidos inicialmente nos capitais próprios.

Capital realizado: De acordo com o capítulo 17 da NCRF-PE, apenas devem ser relevadas no capital as quantias decorrentes de um aumento de capital que sejam efectivamente recebidas.

Gratificações a empregados: As gratificações atribuídas a empregados, a título de distribuição de resultados, na sequência de uma decisão tomada em Assembleia Geral, eram registadas como variação patrimonial negativa no exercício em que se verificava o respectivo pagamento. De acordo com o capítulo 18 da NCRF-PE, tendo em consideração o disposto no § 18.7, estas gratificações são reconhecidas em resultados no período a que respeitam os serviços pelos quais são atribuídas.

Custos e proveitos extraordinários: A NCRF-PE não contempla a existência de resultados extraordinários.

Os efeitos no balanço de 31/12/N-1, da conversão das demonstrações financeiras preparadas de acordo com o POC para as demonstrações financeiras reexpressas, em conformidade com a NCRF-PE em vigor a partir de 01/01/N, detalham-se como se segue:

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139

Balanço em 31 de Dezembro de N - 1 reexpresso de acordo com a NCRF - PE Unidade Monetária:

EURO

RUBRICAS 31 / 12 / N-1

POC Ajustamentos NCRF - PE

ACTIVO

Activo não corrente

Activos fixos tangíveis 432.591 432.591

Activos intangíveis 15.000 -1.000 14.000

447.591 -1.000 446.591

Activo corrente

Inventários 485.000 485.000

Clientes 178.000 178.000

Outras contas a receber 25.000 -10.000 15.000

Diferimentos 730 730

Outros activos financeiroas 61.000 61.000

Caixa e depósitos bancários 25.000 25.000

774.730 -10.000 764.730

Total do activo 1.222.321 -11.000 1.211.321

CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO

Capital próprio

Capital realizado 200.000 -10.000 190.000

Reservas legais 3.400 3.400

Outras reservas 54.529 54.529

Resultados transitados 0 0

Outras variações no capital próprio 0 50.000 50.000

Resultado líquido do periodo 44.039 -5.000 39.039

Total do capital próprio 301.968 35.000 336.968

Passivo

Passivo não corrente

Financiamentos obtidos 200.000 200.000

200.000 200.000

Passivo corrente

Fornecedores 212.395 212.395

Estado e outros entes públicos 40.930 40.930

Financiamentos obtidos 380.000 380.000

Outras contas a pagar 87.029 -46.000 41.029

720.354 -46.000 674.354

Total do passivo 920.354 -46.000 874.354

Total do capital próprio e do passivo 1.222.321 -11.000 1.211.321

Page 140: Manual Otoc Ev0410

140

Decorrente dos ajustamentos indicados, a demonstração dos resultados do exercício findo em 31/12/N-1, reexpresso de acordo com a NCRF-PE, é como se segue:

Ajustamentos na demonstração dos resultados

Período Findo em 31 de Dezembro de N-1 Unidade Monetária:

EURO

RENDIMENTOS E GASTOS 31/12/N-1

POC NCRF - PE

Vendas e serviços prestados 1.247.800 1.247.800

Variação nos inventários da produção -21.000 -21.000

Outros proveitos operacionais 4.000 4.000

Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas -611.835 -611.835

Fornecimentos e serviços externos -193.664 -1.500 -195.164

Gastos com o pessoal -259.420 -4.000 -263.420

Depreciações e amortizações -70.318 500 -69.818

Provisões e imparidades -2.340 -2.340

Outros gastos e perdas 598 -1.838 -1.240

Resultado operacional 93.821 -6.838 86.983

Juros e rendimentos similares obtidos 1.215 1.215

Juros e gastos similares suportados -38.230 -38.230

Resultados extraordinários -1.838 1.838 0

Resultado antes de impostos 54.968 -5.000 49.968

Imposto sobre o rendimento do periodo -10.930 -10.930

Resultado líquido do periodo 44.039 -5.000 39.039

Page 141: Manual Otoc Ev0410

141

b) Uma explicação acerca da natureza das diferenças de transição que

foram reconhecidas como capital próprio.

Capital Próprio - POC (31.12.N-1) 301.968 Ajustamentos de transição: Activos intangíveis (despesas de instalação) -1.000 Gratificação anual empregados (participação nos lucros) -4.000 Capital por realizar -10.000 Subsídios ao investimento 50.000 Capital Próprio - SNC (01.01.N) 336.968

2.5 — Caso uma entidade dê conta de erros cometidos segundo os PCGA

anteriores, as reconciliações exigidas nos parágrafos anteriores, devem

distinguir entre a correcção desses erros e as alterações às políticas

contabilísticas.

Conforme o divulgado na nota 4.1. b) a empresa efectuou a correcção de um erro material de exercícios anteriores no montante de 10.000 euros.

3 — Principais políticas contabilísticas:

3.1 — Bases de mensuração usadas na preparação das demonstrações

financeiras:

As demonstrações financeiras foram preparadas de acordo com o princípio do custo histórico, modificado pela aplicação do justo valor para os Activos financeiros registados na rubrica “Outros Instrumentos Financeiros – Activos Financeiros”.

Foi igualmente aplicado o valor realizável líquido na rubrica dos inventários.

3.2 — Outras políticas contabilísticas:

As políticas contabilísticas apresentadas foram aplicadas de forma consistente com o previsto na NCRF-PE. Em cada data de balanço é efectuada uma avaliação da existência de evidência objectiva de imparidade, nomeadamente da qual resulte um impacto adverso nos fluxos de caixa futuros estimados sempre que possa ser medido de forma fiável.

Page 142: Manual Otoc Ev0410

142

3.3 — Principais pressupostos relativos ao futuro:

As demonstrações financeiras foram preparadas numa perspectiva de continuidade não tendo a entidade intenção nem a necessidade de liquidar ou reduzir drasticamente o nível das suas operações.

3.4 — Principais fontes de incerteza das estimativas:

Não existem situações que afectem ou coloquem algum grau de incerteza materialmente relevante nas estimativas previstas nas demonstrações financeiras apresentadas.

4 — Políticas contabilísticas, alterações nas estimativas contabilísticas e erros:

4.1 — Quando a aplicação de uma disposição desta Norma tiver efeitos no

período corrente ou em qualquer período anterior, salvo se for impraticável

determinar a quantia do ajustamento, ou puder ter efeitos em períodos futuros,

uma entidade deve divulgar apenas nas demonstrações financeiras do período

corrente:

a) A natureza da alteração na política contabilística;

Não aplicável.

b) A natureza do erro material de período anterior e seus impactos nas

demonstrações financeiras desses períodos;

Foi identificado no corrente exercício, já após a divulgação das contas do exercício anterior, a existência de um erro material relativo ao período N-1, no montante de 10.000 euros relativo a uma diminuição de passivo, mas reconhecido numa conta de gastos. No corrente exercício foi efectuada a correspondente correcção por contrapartida da conta de Resultados Transitados.

c) A quantia de ajustamento relacionado com o período corrente ou

períodos anteriores aos apresentados, até ao ponto que seja praticável; e

A quantia do ajustamento efectuado ascende a 10.000 euros, relativo a erro material relacionado com períodos anteriores, conforme divulgado na nota 4.1. b).

Page 143: Manual Otoc Ev0410

143

d) As razões pelas quais a aplicação da nova política contabilística

proporciona informação fiável e mais relevante, no caso de aplicação

voluntária.

Não aplicável.

5 — Activos fixos tangíveis:

5.1 — As demonstrações financeiras devem divulgar:

a) Os critérios de mensuração usados para determinar a quantia

escriturada bruta;

Os activos fixos tangíveis encontram-se registados ao custo de aquisição deduzido das respectivas depreciações acumuladas e perdas por imparidade.

Os custos subsequentes são reconhecidos como activos fixos tangíveis apenas se for provável que deles resultarão benefícios económicos futuros. As despesas com manutenção e reparação são reconhecidas como custo à medida que são incorridas de acordo com o princípio da especialização dos exercícios.

b) Os métodos de depreciação usados;

As depreciações dos activos tangíveis são calculadas numa base sistemática segundo o método da linha recta fraccionada em duodécimos. Os terrenos não são depreciados.

c) As vidas úteis ou as taxas de depreciação usadas;

Os activos fixos tangíveis são depreciados de acordo com os seguintes períodos de vida útil esperada dos bens:

Activos fixos tangíveis Número de anos

Edifícios e outras construções 10 a 50

Equipamento básico 7 a 20

Equipamento transporte 4 a 6

Equipamento administrativo 4 a 10

Outros activos fixos tangíveis 4 a 14

Page 144: Manual Otoc Ev0410

144

d) A quantia escriturada bruta e a depreciação acumulada (agregada com

perdas por imparidade acumuladas) no início e no fim do período; e

Situação inicial Situação final

Quantia Bruta

Depreciações e

imparidades

acumuladas

Quantia

escriturada Quantia Bruta

Depreciação e

imparidades

acumuladas

Quantia

escriturada

Terrenos e recursos

naturais

43.420 0 43.420 43.420 0 43.420

Edifícios e outras

construções

68.434 -20.530 47.904 268.434 -28.952 239.482

Equipamento básico 137.358 -54.943 82.415 188.858 -92.715 96.143

Equipamento transporte 58.433 -23.373 35.060 58.433 -35.060 23.373

Equipamento

administrativo

26.357 -10.543 15.814 26.357 -15.814 10.543

Outros activos fixos

tangíveis

13.297 -5.319 7.978 13.297 -6.649 6.648

Investimentos em curso 200.000 0 200.000 23.000 23.000

Total 547.299 -114.708 432.591 621.799 -179.190 442.609

e) Uma reconciliação da quantia escriturada no início e no fim do período

que mostre as adições, as revalorizações, as alienações, as amortizações,

as perdas de imparidade e suas reversões e outras alterações.

Quantia

escriturada

inicial

Adições Revalorizações Alienações Amortizações Perdas

Imparidade Reversões Transferências

Quantia

escriturada

final

Terrenos e recursos

naturais 43.420 43.420

Edifícios e outras

construções 47.904 -8.422 200.000 239.482

Equipamento básico 82.415 51.500 -37.772 96.143

Equipamento

transporte 35.060 -11.687 23.373

Equipamento

administrativo 15.814 -5.271 10.543

Outros activos fixos

tangíveis 7.978 -1.330 6.648

Investimentos em

curso 200.000 23.000 -200.000 23.000

Total 432.591 74.500 0 0 -64.482 0 0 0 442.609

Page 145: Manual Otoc Ev0410

145

5.2 — As demonstrações financeiras devem também divulgar:

a) A existência e quantias de restrições de titularidade e activos fixos

tangíveis que sejam dados como garantia de passivos;

Não aplicável

b) A quantia de compromissos contratuais para aquisição de activos fixos

tangíveis; e

Não aplicável.

5.3 — Se os itens do activo fixo tangível forem expressos por quantias

revalorizadas, deve ser divulgado o seguinte:

a) A data de eficácia da revalorização;

Não aplicável.

b) Os métodos e pressupostos aplicados nessa revalorização.

Não aplicável

6 — Activos intangíveis:

6.1 — Uma entidade deve divulgar o seguinte para cada classe de activos

intangíveis, distinguindo entre os activos intangíveis gerados internamente e

outros activos intangíveis:

a) Se as vidas úteis são indefinidas ou finitas e, se forem finitas, as vidas

úteis ou as taxas de amortização usadas;

Os activos intangíveis encontram-se registados ao custo de aquisição deduzido das respectivas amortizações acumuladas e perdas por imparidade.

Todos os itens constantes nos activos intangíveis têm a sua vida útil finita, sendo a sua vida útil de 5 anos.

Page 146: Manual Otoc Ev0410

146

b) Os métodos de amortização usados para activos intangíveis com vidas

úteis finitas;

As amortizações dos activos intangíveis são calculadas numa base sistemática segundo o método da linha recta fraccionada em duodécimos.

c) A quantia bruta escriturada e qualquer amortização acumulada

(agregada com as perdas por imparidade acumuladas) no começo e fim

do período;

Situação inicial Situação final

Quantia Bruta

Depreciações

e imparidades

acumuladas

Quantia

escriturada Quantia Bruta

Depreciação e

imparidades

acumuladas

Quantia

escriturada

GoodWill 0 0 0 0 0 0

Projectos de

desenvolvimento

0 0 0 0 0 0

Programas de computador 0 0 0 0 0 0

Propriedade industrial 20.000 -6.000 14.000 20.000 -20.000 0

Outros activos intangíveis 0 0 0 0 0 0

Investimentos em curso 0 0 0 0 0 0

Total 20.000 -6.000 14.000 20.000 -20.000 0

Page 147: Manual Otoc Ev0410

147

d) Uma reconciliação da quantia escriturada no começo e fim do período

que mostre separadamente as adições, as alienações, as amortizações,

as perdas por imparidade e outras alterações.

Quantia

escriturada

inicial

Adições Revalorizações Alienações Amortizações Perdas

Imparidade Reversões Transferências

Quantia

escriturada

final

GoodWill 0

Projectos de

desenvolvimento 0

Programas de

computador 0

Propriedade

industrial 14.000 -3.000 -11.000 0

Outros activos

intangíveis 0

Investimentos em

curso 0

Total 14.000 0 0 0 -3.000 -11.000 0 0 0

6.2 — Uma entidade deve também divulgar:

a) Para um activo intangível avaliado como tendo uma vida útil indefinida,

a quantia escriturada desse activo e as razões que apoiam a avaliação de

uma vida útil indefinida. Ao apresentar estas razões, a entidade deve

descrever o(s) factor(es) que desempenhou(aram) um papel significativo

na determinação de que o activo tem uma vida útil indefinida;

Não aplicável

b) Uma descrição, a quantia escriturada e o período de amortização

restante de qualquer activo intangível individual que seja materialmente

relevante para as demonstrações financeiras da entidade;

A empresa adquiriu em N-2, por um valor de 20.000 € uma patente relativa a um processo de produção que permitia importantes ganhos de produtividade. O período de protecção da patente termina em 30/06/N+3. No entanto durante o ano N, foi disponibilizada ao mercado uma nova tecnologia que tornou a anterior obsoleta, pelo que a empresa decidiu registar uma perda por imparidade da totalidade da quantia escriturada.

Page 148: Manual Otoc Ev0410

148

c) Para os activos intangíveis adquiridos por meio de um subsídio do

governo e inicialmente reconhecidos pelo justo valor, a quantia

inicialmente reconhecida e a sua quantia escriturada actualmente;

Não aplicável

d) A existência e as quantias escrituradas de activos intangíveis cuja

titularidade esteja restringida e as quantias escrituradas de activos

intangíveis dados como garantia de passivos;

Não aplicável

e) A quantia de compromissos contratuais para aquisição de activos

intangíveis.

Não aplicável

6.3 — Uma entidade deve divulgar a quantia agregada do dispêndio de pesquisa

e desenvolvimento reconhecido como um gasto durante o período.

Não aplicável

6.4 — Relativamente aos activos intangíveis de carácter ambiental, uma entidade

deve divulgar:

a) Descrição dos critérios de mensuração adoptados, bem como dos

métodos utilizados no cálculo dos ajustamentos de valor, no que respeita

a matérias ambientais;

Não aplicável

b) Os incentivos públicos relacionados com a protecção ambiental,

recebidos ou atribuídos à entidade. Especificação das condições

associadas à concessão de cada incentivo ou uma síntese das condições,

caso sejam semelhantes.

Não aplicável

c) Quantia dos dispêndios de carácter ambiental capitalizadas durante o

período de referência na medida em que possa ser estimada com

fiabilidade.

Não aplicável

Page 149: Manual Otoc Ev0410

149

d) Quantia dos dispêndios de carácter ambiental imputados a resultados

e base em que tais quantias foram calculadas.

Não aplicável

e) Caso sejam significativos, os dispêndios incorridos com multas e

outras penalidades pelo não cumprimento dos regulamentos ambientais e

indemnizações pagas a terceiros, por exemplo em resultado de perdas ou

danos causados por uma poluição ambiental passada.

Não aplicável

7 — Locações:

7.1 — Para locações financeiras, os locatários devem divulgar para cada

categoria de activo, a quantia escriturada líquida à data do balanço.

Quantia

escriturada

líquida

Equipamento básico 45.178 Total 45.178

7.2 — Para locações financeiras e operacionais, os locatários devem divulgar

uma descrição geral dos acordos de locação significativos incluindo, pelo

menos, o seguinte:

i) A base pela qual é determinada a renda contingente a pagar;

O contrato de locação financeira tem subjacente uma taxa de juro fixa, não se encontrando exposta às flutuações do mercado.

ii) A existência e cláusulas de renovação ou de opções de compra e

cláusulas de escalonamento; e

Não aplicável

Page 150: Manual Otoc Ev0410

150

iii) Restrições impostas por acordos de locação, tais como as que

respeitam a dividendos, dívida adicional, e posterior locação.

Não aplicável

7.3 — Os locadores devem fazer as seguintes divulgações para as locações

operacionais:

a) Os futuros pagamentos mínimos da locação sob locações operacionais

não canceláveis no agregado e para cada um dos períodos seguintes;

i) Não mais de um ano;

Não aplicável

ii) Mais de um ano e não mais de cinco anos;

Não aplicável

iii) Mais de cinco anos;

Não aplicável

b) O total das rendas contingentes reconhecidas como rendimento

durante o período;

Não aplicável

c) Uma descrição global dos acordos de locação do locador.

Não aplicável

8 — Custos de empréstimos obtidos:

8.1 — As demonstrações financeiras devem divulgar:

a) A política contabilística adoptada nos custos dos empréstimos obtidos;

Os juros de empréstimos directamente atribuíveis à aquisição ou construção de activos que se qualificam são capitalizados como parte do custo desses activos. Um activo que se qualifica é um activo que necessita de um período de tempo substancial para estar disponível para uso ou para venda.

Page 151: Manual Otoc Ev0410

151

b) A quantia de custos de empréstimos obtidos capitalizada durante o

período;

A empresa capitalizou durante o presente exercício custos com empréstimos obtidos no montante de 8.700 €.

c) A taxa de capitalização usada para determinar a quantia do custo dos

empréstimos obtidos elegíveis para capitalização.

A taxa de capitalização corresponde à taxa do empréstimo especificamente obtido para a construção do activo que se qualifica. A capitalização de custos com empréstimos inicia-se quando tem início o investimento, já foram incorridos juros com empréstimos e já se encontram em curso as actividades necessárias para preparar o activo para estar disponível para uso ou para venda A capitalização é terminada quando todas as actividades necessárias para colocar o activo como disponível para uso ou para venda se

9 — Inventários:

9.1 — As demonstrações financeiras devem divulgar:

a) As políticas contabilísticas adoptadas na mensuração dos inventários,

incluindo a fórmula de custeio usada;

Os inventários são valorizados ao menor entre o seu custo de aquisição e o seu valor realizável líquido. O custo dos inventários inclui todos os custos de compra, custos de conversão e outros custos incorridos para colocar os inventários no seu local e na sua condição actual. O valor realizável líquido corresponde ao preço de venda estimado no decurso normal da actividade deduzido dos respectivos custos de venda. As saídas de armazém (consumos) são valorizadas ao custo médio ponderado.

Page 152: Manual Otoc Ev0410

152

b) A quantia total escriturada de inventários e a quantia escriturada em

classificações apropriadas para a entidade;

31/12/N 31/12/N-1

Mercadorias

Matérias-Primas, subsidiárias e de

consumo 10.000 10.000

Produtos acabados e intermédios 270.000 475.000

Subprodutos, desperdícios, resíduos e

refugos

Produtos e trabalhos em curso 268.700

Activos biológicos

Total 548.700 485.000

c) A quantia de inventários escriturada pelo justo valor menos os custos

de vender;

Não aplicável

d) A quantia de inventários reconhecida como um gasto durante o

período;

Consumos Imparidades

Outras

perdas

Mercadorias

Matérias-Primas, subsidiárias e de

consumo -560.800

Produtos acabados e intermédios -190.000 -15.000

Subprodutos, desperdícios, resíduos e

refugos

Produtos e trabalhos em curso

Activos biológicos

Total -750.800 -15.000 0

Page 153: Manual Otoc Ev0410

153

e) A quantia de qualquer ajustamento de inventários reconhecida como

um gasto do período de acordo com o parágrafo 11.20;

A empresa reconheceu um ajustamento aos seus inventários, na rubrica de produtos acabados, no montante de 15.000 €, relativamente à diferença existente entre o custo de produção e o seu valor realizável líquido.

f) A quantia de qualquer reversão de ajustamento que tenha sido

reconhecida como uma redução na quantia de inventários reconhecida

como gasto do período de acordo com o parágrafo 11.20;

Não aplicável

g) As circunstâncias ou acontecimentos que conduziram à reversão de

um ajustamento de inventários de acordo com o parágrafo 11.20; e

Não aplicável

h) A quantia escriturada de inventários dados como penhor de garantia a

passivos.

Não aplicável

10 — Rédito:

10.1 — Uma entidade deve divulgar:

a) As políticas contabilísticas adoptadas para o reconhecimento do rédito

incluindo os métodos adoptados para determinar a fase de acabamento

de transacções que envolvam a prestação de serviços;

O rédito encontra-se mensurado pelo justo valor da retribuição recebida ou a receber, tendo em consideração a quantia de quaisquer descontos comerciais e de quantidade concedidos pela sociedade. O rédito compreende os montantes facturados na venda de produtos líquidos de impostos sobre o valor acrescentado, abatimentos e descontos. No caso das prestações de serviços o rédito associado com a transacção foi reconhecido com referência à fase de acabamento da transacção à data do balanço, tendo sido utilizado o método da proporção entre os custos incorridos até à data e os custos totais estimados.

Page 154: Manual Otoc Ev0410

154

b) A quantia de cada categoria significativa de rédito reconhecida durante

o período incluindo o rédito proveniente de:

Categoria Valor (€) Venda de bens 967.500 Prestação de serviços 123.500 Juros 1.000 Royalties 0 Dividendos 0

Total 1.092.000

11 — Provisões, passivos contingentes e activos contingentes:

11.1 — Para cada classe de provisão, uma entidade deve divulgar:

a) A quantia escriturada no começo e no fim do período;

b) As provisões adicionais feitas no período, incluindo aumentos nas

provisões existentes;

c) As quantias usadas (isto é, incorridas e debitadas à provisão) durante o

período;

d) Quantias não usadas revertidas durante o período;

e) O aumento durante o período na quantia descontada proveniente da

passagem do tempo e o efeito de qualquer alteração na taxa de desconto;

Provisões Saldo Inicial

Diminuição (Utilização)

Aumento Reversão Saldo Final

Impostos 0 0 Garantias a clientes 0 14.000 14.000 Processos judiciais em curso 0 0 Acidentes de trabalho e doenças profissionais 0 0 Matérias ambientais 0 0 Contratos onerosos 0 0 Reestruturação 0 0 Outras provisões 0 0

Total 0 0 14.000 0 14.000

As quantias reconhecidas como provisão representam a melhor estimativa do dispêndio exigido para liquidar as obrigações presentes à data do Balanço. Não

Page 155: Manual Otoc Ev0410

155

existem situações que alterem materialmente o valor presente dos dispêndios que se espera que sejam necessários para liquidar a obrigação.

f) A quantia de qualquer reembolso esperado, declarando a quantia de

qualquer activo que tenha sido reconhecido para esse reembolso

esperado;

Não aplicável.

g) Informações pormenorizadas sobre as provisões de carácter

ambiental; e

Não aplicável.

h) Passivos de carácter ambiental, materialmente relevantes, que estejam

incluídos em cada uma das rubricas do Balanço.

Não aplicável.

11.2 — Para cada classe de passivo contingente à data do balanço, uma

entidade deve divulgar uma breve descrição da natureza do passivo contingente.

À data de 31 de Dezembro de N, situação que se mantém à data de hoje, existia um passivo contingente relativo a uma possível obrigação de indemnizar um cliente por um valor não superior a 10.000 €.

11.3 — Quando um influxo de benefícios económicos for provável, uma entidade

deve divulgar uma breve descrição da natureza dos activos contingentes à data

do balanço.

Não aplicável.

Page 156: Manual Otoc Ev0410

156

12 — Subsídios do Governo e apoios do Governo:

12.1 — Devem ser divulgados os assuntos seguintes:

a) A política contabilística adoptada para os subsídios do Governo,

incluindo os métodos de apresentação adoptados nas demonstrações

financeiras;

Os subsídios do Governo encontram-se apresentados no balanço como componente do capital próprio, sendo imputados aos rendimentos do exercício na proporção das amortizações efectuadas, em cada período.

b) A natureza e extensão dos subsídios do Governo reconhecidos nas

demonstrações financeiras e indicação de outras formas de apoio do

Governo de que a entidade tenha directamente beneficiado;

A empresa tem aprovado um projecto de investimento para a construção de um edifício fabril, o qual tem subjacente um subsídio não reembolsável de 50.000 euros, o qual, cumprindo os requisitos estabelecidos no capítulo 14 da NCRF-PE, foi contabilizado como componente do capital próprio.

No corrente exercício foi imputado ao rendimento do período o montante de 1.000 euros, ficando a rubrica “Outras Variações no Capital Próprio – Subsídios” a apresentar um valor de 49.000 euros.

A empresa não beneficiou de outras formas de apoio do Governo.

c) Condições não satisfeitas e outras contingências ligadas ao apoio do

Governo que tenham sido reconhecidas.

Não aplicável.

Page 157: Manual Otoc Ev0410

157

13 — Efeitos de alterações em taxas de câmbio:

13.1 — Uma entidade deve divulgar a quantia das diferenças de câmbio

reconhecidas nos resultados.

As transacções em moeda estrangeira são convertidas à taxa de câmbio em vigor na data da transacção. Os activos e passivos monetários expressos em moeda estrangeira são convertidos para Euros à taxa de câmbio em vigor na data do balanço. As diferenças cambiais resultantes desta conversão são reconhecidas nos resultados.

No corrente exercício foram reconhecidas as seguintes diferenças de câmbio em resultados:

Diferenças de câmbio Valor (€) Favoráveis 6.000 Desfavoráveis -3.000

14 — Impostos sobre o rendimento:

14.1 — Devem ser divulgados separadamente:

a) Gasto (rendimento) por impostos correntes;

O imposto corrente contabilizado, no montante de 8.546 euros, corresponde ao valor esperado a pagar sobre o rendimento tributável do período, utilizando a taxa de imposto em vigor, à data de balanço.

b) Quaisquer ajustamentos reconhecidos no período de impostos

correntes de períodos anteriores;

A rubrica de “Outros Gastos e Perdas” inclui um montante de 390 euros relativos a insuficiência da estimativa de impostos do exercício anterior.

c) A natureza e quantia do gasto (rendimento) de imposto reconhecido

directamente em capitais próprios.

Não aplicável.

Page 158: Manual Otoc Ev0410

158

15 — Instrumentos financeiros:

15.1 — Uma entidade deve divulgar as bases de mensuração, bem como as

politicas contabilísticas utilizadas para a contabilização de instrumentos

financeiros, que sejam relevantes para a compreensão das demonstrações

financeiras.

Instrumentos financeiros mensurados ao custo menos perda por imparidade:

- Clientes, fornecedores, Contas a receber, Contas a pagar e Empréstimos bancários;

Instrumentos financeiros mensurados ao justo valor:

- Activos financeiros (acções) negociados em mercado líquido e regulamentado.

15.2 — Para todos os instrumentos financeiros mensurados ao justo valor, a

entidade deve divulgar a respectiva cotação de mercado.

À data de 31 de Dezembro de N a entidade detinha os seguintes activos financeiros mensurados ao justo valor:

Outros instrumentos financeiros - Activos Financeiros

Quantidade Cotação (€)

31.12.N Acções da sociedade A 3.000 4 Acções da sociedade B 5.000 3,5 Acções da sociedade C 2.000 5

15.3 — Se uma entidade tiver transferido activos financeiros para uma outra

entidade numa transacção que não se qualifique para desreconhecimento, a

entidade deve divulgar, para cada classe de tais activos financeiros:

a) A natureza dos activos;

b) A natureza dos riscos e benefícios de detenção a que a entidade

continue exposta;

c) As quantias escrituradas dos activos e de quaisquer passivos

associados que a entidade continue a reconhecer.

Não aplicável.

Page 159: Manual Otoc Ev0410

159

15.4 — Quando uma entidade tenha dado em garantia, penhor ou promessa de

penhor activos financeiros, deverá divulgar:

a) A quantia escriturada de tais activos financeiros; e

Valor dos activos financeiros, à data de 31 de Dezembro de N, dados como garantia: 22.500 €

b) Os termos e condições relativos à garantia, penhor ou promessa de penhor.

Os activos financeiros encontram-se a garantir um empréstimo a médio e longo prazo cujo montante inicial ascendia a 30.000 €. Actualmente o valor deste empréstimo é de 25.000 €, estando prevista a sua liquidação em 30 de Junho de N+2, momento no qual será libertada a garantia efectuada.

15.5 — Para empréstimos contraídos reconhecidos à data do balanço, uma

entidade deve divulgar as situações de incumprimento.

Não aplicável.

15.6 — As sociedades anónimas devem divulgar o número de acções

representativas do capital social da entidade, as respectivas categorias e o seu

valor nominal.

Não aplicável.

15.7 — A entidade deve divulgar as quantias de aumentos de capital realizados

no período e a dedução efectuada como custos de emissão bem como,

separadamente, as quantias e descrição de outros instrumentos de capital

próprio emitidos e a respectiva quantia acumulada à data do balanço.

Em N-1 foi efectuado um aumento de capital social de 100.000 euros para 200.000 euros, tendo ficado por realizar, à data de 31 de Dezembro de N-1, o montante de 10.000 euros. Os sócios da empresa deram entrada deste valor no corrente exercício (N).

Page 160: Manual Otoc Ev0410

160

16 — Benefícios dos empregados:

16.1 — As entidades devem divulgar o número médio de empregados durante o

ano.

O número médio de empregados no exercício foi de 49.

17 — Divulgações exigidas por outros diplomas legais:

Não aplicável.

18 — Outras informações:

Remunerações variáveis aos empregados - De acordo com a prática corrente da sociedade é aprovado anualmente em Assembleia-Geral a remuneração variável a ser distribuída aos colaboradores (gratificação extraordinária), de acordo com proposta da Gerência. As remunerações variáveis são contabilizadas nos resultados do exercício a que respeitam.

Page 161: Manual Otoc Ev0410

161

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