manual otoc ev0410
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1
FORMAÇÃO EVENTUAL
Curso EVE 0410
SNC – O processo de divulgação nas Pequenas
Entidades
AVELINO AZEVEDO ANTÃO
ARMANDO TAVARES
JOÃO PAULO MARQUES
Outubro 2010
2
Nota Prévia:
Este documento foi preparado para servir de apoio à acção
de formação eventual promovida pela Ordem dos Técnicos
Oficiais de Contas, sob o tema “SNC – O processo de
divulgação nas Pequenas Entidades”. Não é permitida a
reprodução para quaisquer outras finalidades devendo
quaisquer eventuais citações indicar a fonte.
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SIGLAS E ABREVIATURAS
CSC – Código das Sociedades Comerciais
IAS – International Accounting Standards
IASB – International Accounting Standards Board
IFRIC - International Financial Reporting Interpretations Committee
IFRS - International Financial Reporting Standards
NCRF – Normas Contabilísticas e Contabilidade e Relato Financeiro
NCRF-PE – Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas
Entidades
NI – Normas Interpretativas
OTOC – Ordem dos Técnicos Oficias de Contas
PCGA – Princípios Contabilísticos Geralmente Aceites
POC – Plano Oficial de Contabilidade
SNC – Sistema de Normalização Contabilística
UE – União Europeia
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ÍNDICE
1. Introdução ...................................................................................................................................................... 6
2. Estrutura Conceptual ............................................................................................................................... 9
2.1. Noção de estrutura conceptual ..................................................................................................... 9
2.2. Necessidade e Vantagens ............................................................................................................ 11
2.3. Objectivo das Demonstrações Financeiras .......................................................................... 13
2.4. Pressupostos ....................................................................................................................................... 15
2.5. Características Qualitativas .......................................................................................................... 16
3. O processo de divulgação nas Pequenas Entidades ............................................................ 18
3.1. Objectivo e âmbito da NCRF-PE ............................................................................................... 18
3.2. Considerações gerais sobre reconhecimento ..................................................................... 20
3.3. Estrutura e conteúdo das demonstrações financeiras ................................................... 22
3.4. Divulgações .......................................................................................................................................... 26
3.4.1. Políticas Contabilísticas ............................................................................................................ 26
3.4.2. Alterações nas estimativas contabilísticas e erros ...................................................... 28
3.4.3. Activos fixos tangíveis ................................................................................................................ 31
3.4.4. Activos intangíveis ....................................................................................................................... 40
3.4.5. Locações........................................................................................................................................... 49
3.4.6. Custos de empréstimos obtidos ............................................................................................ 58
3.4.7. Inventários ........................................................................................................................................ 64
3.4.8. Rédito ................................................................................................................................................. 70
3.4.9. Provisões, passivos contingentes e activos contingentes ....................................... 79
3.4.10. Subsídios do governo ................................................................................................................ 88
3.4.11. Efeitos de alterações em taxas de câmbio ...................................................................... 95
3.4.12. Impostos sobre o rendimento .............................................................................................. 102
3.4.13. Instrumentos financeiros ........................................................................................................ 104
3.4.14. Benefícios dos empregados ................................................................................................ 112
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4. Modelos reduzidos de demonstrações financeiras ............................................................. 119
4.1.1. Balanço (Modelo reduzido) .................................................................................................. 121
4.1.2. Demonstração dos resultados por naturezas (Modelo reduzido) ..................... 126
4.1.3. Demonstração dos resultados por funções (Modelo reduzido) ......................... 128
4.1.4. Anexo (Modelo reduzido) ...................................................................................................... 129
5. ANEXOS (Compilação Demonstrações Financeiras) ........................................................ 131
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................... 161
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1. Introdução
A publicação da Lei nº 20/2010, de 23 de Agosto veio alargar
consideravelmente o conceito de pequenas entidades para efeitos de aplicação
do Sistema de Normalização Contabilística, constituindo a primeira alteração
ao Decreto -Lei n.º 158/2009, de 13 de Julho. Veio permitir a opção pela
NCRF-PE a todas as empresas que não tenham as suas demonstrações
financeiras sujeitas a certificação legal de contas, pois os limites a considerar
passaram a coincidir com o artigo 262º do Código das Sociedades Comerciais.
Assim em termos práticos os Técnicos Oficiais de Contas passaram a poder ter
dois grandes grupos de clientes: por um lado os clientes (ou empregadores)
com contas sujeitas a certificação legal a quem obrigatoriamente aplicam o
regime geral do SNC e por outro os restantes clientes (ou empregadores) que
podem optar pelo regime da NCRF-PE.
Esta alteração, principalmente por ter feito coincidir a opção pela aplicação da
NCRF-PE com os parâmetros que isentam as contas de certificação legal das
contas, deu em nossa opinião uma enorme importância a esta norma. É uma
norma que tendencialmente terá uma grande estabilidade, e tem o mérito de
ser um bom resumo das NCRF do regime geral do SNC.
Não se aborda a fase de transição que foi objecto de formação autónoma.
Pretendeu-se que fosse essencialmente prático e abrangente de toda a NCRF-
PE.
Este manual é composto essencialmente por três partes:
1. Uma primeira parte teórica descritiva (cerca de 20 páginas)
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2. A segunda parte (cerca de 90 páginas) que aborda
separadamente as diversas áreas de activos, passivos, réditos e
gastos tendo, normalmente, por cada área um exemplo prático,
composto por:
i. Enunciado
ii. Identificação da natureza do problema
iii. Identificação do capítulo da NCRF-PE aplicável
iv. Explicitação das regras de reconhecimento e mensuração
aplicáveis
v. Resolução
Registos contabilísticos e
Aspectos relacionados com a divulgação
3. Uma terceira parte com as demonstrações financeiras que resultam
da situação inicial complementadas com os registos dos 12 casos
práticos apresentados, incluindo uma proposta de redacção do
anexo, relacionado não só com as notas referentes aos casos
apresentados, mas também com as notas de divulgação de
transição, bem como as notas previstas na portaria 986/2009, de 7
de Setembro, que publicou os Modelos de demonstrações financeiras
do SNC.
São apresentados os seguintes casos práticos, que no final incorporam o
Balanço, a Demonstração dos Resultados e o Anexo conforme referido:
Caso Prático n.º 1 - Alterações nas estimativas contabilísticas e erros
Caso Prático n.º 2 - Activos fixos tangíveis
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Caso Prático n.º 3 - Activos fixos intangíveis
Caso Prático n.º 4 - Locações
Caso Prático n.º 5 - Custos de empréstimos obtidos
Caso Prático n.º 6 - Inventários
Caso Prático n.º 7 - Rédito
Caso Prático n.º 8 - Provisões, passivos contingentes e activos contingentes
Caso Prático n.º 9 - Subsídios do governo
Caso Prático n.º 10 - Efeitos de alterações em taxas de câmbio
Caso Prático n.º 11 - Instrumentos financeiros
Caso Prático n.º 12 - Benefícios dos empregados
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2. Estrutura Conceptual
2.1. Noção de estrutura conceptual
As demonstrações financeiras são preparadas e apresentadas por empresas
em todo o mundo, o qual é caracterizado por uma variedade de circunstâncias
económicas, sociais e legais que podem conduzir a conflitos de interesses
quanto à quantidade e qualidade da informação financeira. Segundo Martinez1
“é necessário estabelecer uma linguagem comum para a elaboração das
demonstrações financeiras que, por um lado, seja compreensível para todos os
utentes e, por outro, se acomode ao progresso económico com o qual mantém
uma constante inter-relação, já que será este que determina a quantidade e a
qualidade da informação procurada”.
Weetman (1996), define estrutura conceptual da contabilidade como sendo
uma declaração de princípios que formam uma orientação geralmente aceite
para o desenvolvimento de novas práticas de relato, assim como para desafiar
e avaliar as práticas existentes.
Tua Pereda (1996) define estrutura conceptual como uma interpretação da
teoria geral da contabilidade, mediante a qual se estabelecem, através de um
itinerário lógico-dedutivo, os fundamentos teóricos em que se apoia a
informação financeira.
Para Bellostas Pérez-Grueso (1997), uma estrutura conceptual é uma proposta
teórica formulada com base num processo lógico-dedutivo, destinada a servir
de instrumento ao órgão regulador para a elaboração de normas contabilísticas
coerentes com a realidade económica e evitar conflitos de negociação.
1 cit. por CRAVO, Domingos, em “Da Teoria da contabilidade às estruturas conceptuais”, 2000
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Gabás Trigo2 descreve a estrutura conceptual da contabilidade como uma
teoria contabilística de carácter geral que apresenta uma estrutura lógico-
dedutiva do conhecimento contabilístico e define uma orientação básica para o
organismo responsável pela elaboração de normas contabilísticas de
cumprimento obrigatório.
Verificamos que não existe uma definição única de estrutura conceptual, no
entanto, de acordo com Domingos Cravo (2000) podemos concluir que uma
estrutura conceptual é:
� uma interpretação da teoria geral da contabilidade;
� utiliza um método lógico-dedutivo;
� define uma orientação básica para o organismo responsável de elaborar
normas de contabilidade;
� estabelece os fundamentos teóricos em que se apoia a informação
financeira.
2 cit. por CRAVO, Domingos, ob. cit.
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2.2. Necessidade e Vantagens
É indiscutível a necessidade de uma estrutura conceptual que estabeleça um
quadro de referência que permita eliminar ou reduzir a influência de opiniões,
fornecendo uma base conceptual de orientação à promulgação e revisão das
normas de contabilidade financeira, aumentando a credibilidade,
comparabilidade e compreensão da informação financeira.
As demonstrações financeiras preparadas com o objectivo de prestar
informação que seja útil na tomada de decisões económicas devem atender às
necessidades da maior parte dos utentes:
� Decidir quando comprar, deter ou vender um investimento em capital
próprio;
� Avaliar o zelo ou a responsabilidade do órgão de gestão;
� Avaliar a capacidade de a entidade pagar e proporcionar outros
benefícios aos seus empregados;
� Avaliar segurança das quantias emprestadas à entidade;
� Determinar as políticas fiscais;
� Determinar os lucros e dividendos distribuíveis;
� Preparar e usar as estatísticas sobre o rendimento nacional; ou
� Regular as actividades das entidades.
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Depois de analisada a noção de estrutura conceptual e identificada a
necessidade da mesma é possível enumerar algumas vantagens de uma
estrutura conceptual, a saber:
� Estabelece um quadro de referência que elimina ou reduz a influência de
opiniões;
� Fornece uma base conceptual de orientação à promulgação e revisão
das normas de contabilidade financeira;
� Orienta o julgamento dos responsáveis pela regulamentação
contabilística, facilitando a sua comunicação no processo de
normalização;
� Ajuda as organizações normalizadoras nacionais no desenvolvimento de
normas nacionais;
� Aumenta a credibilidade, comparabilidade e compreensão da informação
financeira;
� Possibilita uma maior capacidade de resolução de conflitos por parte dos
organismos contabilísticos;
� Auxilia os auditores na formação de opinião sobre as demonstrações
financeiras.
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2.3. Objectivo das Demonstrações Financeiras
O Objectivo das demonstrações financeiras é o de proporcionar informação
acerca da posição financeira, do desempenho e das alterações na posição
financeira de uma entidade que seja útil a um vasto leque de utentes na
tomada de decisões económicas conforme referido no § 12 da Estrutura
Conceptual.
No entanto é necessário ter presente que as demonstrações financeiras não
proporcionam toda a informação de que os utentes necessitam para tomarem
as suas decisões económicas uma vez que elas fornecem essencialmente
informação histórica sobre os efeitos financeiros de acontecimentos passados,
não proporcionando necessariamente informação não financeira.
As decisões económicas que sejam tomadas pelos utentes das demonstrações
financeiras requerem uma avaliação da capacidade da entidade para gerar
caixa e equivalentes de caixa e da tempestividade e certeza da sua geração.
Informação acerca da posição financeira, do desempenho e das alterações na
posição financeira de uma entidade ajudam na avaliação da capacidade de
gerar caixa e equivalentes de caixa.
Conforme referido no ponto 16 da Estrutura Conceptual a posição financeira
de uma entidade é afectada pelos recursos económicos que ela controla, pela
sua estrutura financeira, pela sua liquidez e solvência, e pela sua capacidade
de se adaptar às alterações no ambiente em que opera. A informação acerca
dos recursos económicos controlados pela entidade e a sua capacidade no
passado para modificar estes recursos é útil na predição da capacidade da
entidade para gerar no futuro caixa e equivalentes de caixa. A informação
acerca da estrutura financeira é ainda útil na predição de futuras necessidades
de empréstimos e de como os lucros futuros.
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A informação acerca do desempenho é útil na predição da capacidade da
entidade gerar fluxos de caixa a partir dos seus recursos básicos existentes.
A informação respeitante às alterações na posição financeira de uma
entidade é útil a fim de avaliar as suas actividades de investimento, de
financiamento e operacionais durante o período de relato.
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2.4. Pressupostos
A Estrutura Conceptual, por razões teóricas, não incorpora a noção de princípio
contabilístico, considerando o regime do acréscimo e a continuidade como
pressupostos subjacentes a toda a informação financeira.
Com o regime do acréscimo, os efeitos das transacções são reconhecidos eles
ocorram, e não quando caixa ou equivalentes de caixa sejam recebidos ou
pagos, sendo registados contabilisticamente e relatados nas demonstrações
financeiras dos períodos com os quais se relacionam.
§ 22 – A fim de satisfazerem os seus objectivos, as demonstrações financeiras são
preparadas de acordo com o regime contabilístico do acréscimo (ou da periodização
económica).
Com o pressuposto da continuidade é assumido que a entidade não tem nem a
intenção nem a necessidade de liquidar ou reduzir drasticamente o nível das
suas operações.
§ 23 – As demonstrações financeiras são normalmente preparadas no pressuposto de
que uma entidade é uma entidade em continuidade e de que continuará a operar no
futuro previsível.
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2.5. Características Qualitativas
As características qualitativas são os atributos que transformam a informação
constante nas demonstrações financeiras útil aos utentes. A estrutura
conceptual do SNC menciona quatro principais características:
compreensibilidade, relevância, fiabilidade e a comparabilidade.
A compreensibilidade revela-se como um factor importante uma vez que os
utentes das demonstrações financeiras devem entender rapidamente a
informação contida nas mesmas.
Por outro lado, a relevância da informação é um factor preponderante para as
necessidades de tomada de decisão dos utentes – podemos considerar que a
informação é material se a sua omissão ou inexactidão influenciarem as
decisões económicas.
Para que a informação divulgada possa ser utilizada com fiabilidade deve
estar isenta de erros materiais, traduzindo fidedignamente a realidade que
pretende representar.
A característica qualitativa da comparabilidade tem igualmente uma
implicação importante na tomada de decisão uma vez que os utentes devem
ser capazes de identificar tendências na posição financeira e no desempenho
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da entidade assim como comparar as demonstrações financeiras de diferentes
empresas.
As demonstrações financeiras devem mostrar a imagem verdadeira e
apropriada da posição financeira, do desempenho e das alterações na posição
financeira de uma empresa. Segundo a estrutura conceptual do SNC (§ 46) a
aplicação das principais características qualitativas e das normas
contabilísticas apropriadas resulta normalmente em demonstrações financeiras
que transmitem o que é geralmente entendido como uma imagem verdadeira e
apropriada.
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3. O processo de divulgação nas Pequenas Entidades
3.1. Objectivo e âmbito da NCRF-PE
A NCRF-PE, foi publicada pelo aviso n.º 15654/2009 de 7 de Setembro de
2009, e refere, no parágrafo 1, como seu objectivo o estabelecer os aspectos
de reconhecimento, mensuração e divulgação extraídos das correspondentes
NCRF, tidos como mínimos aplicáveis às pequenas entidades.
Desde logo importa referir a definição de Pequena Entidade, prevista no art. 9.º
do Decreto-lei 158/2009 de 13 de Julho, incluindo todas as entidades que não
ultrapassem 2 dos seguintes 3 limites:
Total de balanço: 500.000 €
Total de vendas líquidas e outros rendimentos: 1.000.000 €
Número de trabalhadores empregados em média durante o exercício: 20
No entanto, com a publicação da lei 20/2010, de 23 de Agosto, estes limites
foram alargados para os constantes do art. 262.º do CSC, a saber:
Total de balanço: 1.500.000 €
Total de vendas líquidas e outros rendimentos: 3.000.000 €
Número de trabalhadores empregados em média durante o exercício: 50
Não estão incluídas nas Pequenas Entidades, independentemente dos valores
apresentados dos itens descritos, as entidades que por razões legais ou
estatutárias tenham as suas demonstrações financeiras sujeitas a certificação
legal das contas.
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O âmbito da presente norma, tal como referido no parágrafo 2, aplica-se a
todas as pequenas entidades que não optem pela aplicação das NCRF’s de
forma integral, o que considerando o tecido empresarial Português aplica-se à
esmagadora maioria das entidades.
Tendo em conta que a NCRF-PE, apresenta os aspectos mínimos de
reconhecimento, mensuração e divulgação das demonstrações financeiras,
estipula-se que, sempre que a norma não responda a aspectos particulares ou
exista uma lacuna que seja de tal forma relevante que o seu não
preenchimento coloque em causa o objectivo de ser prestada informação que,
de forma verdadeira e apropriada, traduza a posição financeira numa certa data
e o desempenho para o período abrangido, a entidade deverá recorrer à
superação dessa lacuna.
Esta operação será efectuada de uma forma supletiva pela seguinte ordem:
a) em primeiro lugar a remissão far-se-á às NCRF e Normas
Interpretativas (NI);
b) em segundo lugar às Normas Internacionais de Contabilidade
(NIC), adoptadas ao abrigo do regulamento 1606/2002
c) por fim às Normas Internacionais de Contabilidade (IAS) e
Normas Internacionais de Relato Financeiro (IFRS), emitidas pelo
IASB, e respectivas interpretações (SIC e IFRIC).
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3.2. Considerações gerais sobre reconhecimento
A NCRF-PE, possui uma estrutura relativamente diferente em relação às
restantes NCRF’s, enquanto estas, possuem normalmente capítulos próprios
com os aspectos do reconhecimento, a NCRF-PE apresenta o parágrafo 3 com
a descrição das considerações gerais de reconhecimento, sendo as definições
constantes neste parágrafo utilizadas posteriormente nas áreas das
demonstrações financeiras, a ela fazendo referência.
Entende-se por reconhecimento o processo de incorporar no balanço e na
demonstração dos resultados um item que satisfaça a definição de um
elemento e satisfaça os critérios de reconhecimento estabelecidos na Estrutura
Conceptual.
O reconhecimento envolve a descrição do item por palavras e por uma quantia
monetária e a inclusão dessa quantia nos totais do balanço ou da
demonstração dos resultados. A norma considera ainda que o não
reconhecimento de um item que o devesse ser face à definição, não é
rectificado pela divulgação das políticas contabilísticas usadas nem por notas
ou material explicativo.
Um item que, num dado momento, deixe da satisfazer os critérios de
reconhecimento pode qualificar-se para reconhecimento numa data posterior
como resultado de circunstâncias ou acontecimentos subsequentes, enquanto
que um item que possua as características essenciais de um elemento mas
falhe em satisfazer os critérios de reconhecimento pode no entanto exigir
divulgação nas notas, material explicativo ou em mapas suplementares.
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Em termos de reconhecimento, podemos referir que um activo é reconhecido
no balanço quando for provável que os benefícios económicos futuros fluam
para a empresa e o activo tenha um custo ou um valor que possa ser
mensurado com fiabilidade, não sendo reconhecido no balanço quando o
dispêndio tenha sido incorrido relativamente ao qual seja considerado
improvável que benefícios económicos fluirão para a empresa para além do
período contabilístico corrente.
No que concerne aos passivos, a norma descreve o seu reconhecimento no
balanço quando for provável que um exfluxo de recursos incorporando
benefícios económicos resulte da liquidação de uma obrigação presente e que
a quantia pela qual a liquidação tenha lugar possa ser mensurada com
fiabilidade.
Já os rendimentos são reconhecidos na demonstração dos resultados quando
tenha surgido um aumento de benefícios económicos futuros relacionados com
um aumento num activo ou com uma diminuição de um passivo e que possa
ser quantificado com fiabilidade.
Por fim, os gastos são reconhecidos na demonstração dos resultados quando
tenha surgido uma diminuição dos benefícios económicos futuros relacionados
com uma diminuição num activo ou com um aumento de um passivo e que
possam ser mensurados em fiabilidade.
Um gasto é imediatamente reconhecido na demonstração dos resultados
quando o dispêndio não produza benefícios económicos futuros ou quando, e
tanto quanto, os benefícios económicos futuros não se qualifiquem, ou cessem
de qualificar-se, para reconhecimento no balanço como um activo.
Um gasto é igualmente reconhecido na demonstração dos resultados nos
casos em que seja incorrido um passivo sem o reconhecimento de um activo,
como se dá quando surja um passivo por garantia de um produto.
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3.3. Estrutura e conteúdo das demonstrações financeiras
No quadro da NCRF-PE, dispõe o parágrafo 4 que as demonstrações
financeiras devem ser identificadas claramente e distinguidas de outra
informação no mesmo documento publicado. Cada componente das
demonstrações financeiras deve ser identificado claramente e a informação
seguinte mostrada de forma proeminente e repetida quando for necessário
para a devida compreensão da informação apresentada:
- O nome da entidade que relata ou outros meios de identificação, e
qualquer alteração nessa informação desde a data do balanço anterior;
- A data do balanço ou o período abrangido pelas demonstrações
financeiras, conforme o que for apropriado para esse componente das
demonstrações financeiras;
- A moeda de apresentação; e
- O nível de arredondamento usado na apresentação de quantias nas
demonstrações financeiras.
No que se refere ao Balanço uma entidade deve apresentar activos correntes
e não correntes, e passivos correntes e não correntes, como classificações
separadas na face do balanço.
Um activo deve ser classificado como corrente quando satisfizer qualquer dos
seguintes critérios:
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- Espera-se que seja realizado, ou pretende -se que seja vendido ou
consumido, no decurso normal do ciclo operacional da entidade;
- Esteja detido essencialmente para a finalidade de ser negociado;
- Espera -se que seja realizado num período até doze meses após a
data do balanço; ou
- É caixa ou equivalente de caixa, a menos que lhe seja limitada a troca
ou uso para liquidar um passivo durante pelo menos doze meses após a
data do balanço.
Todos os outros activos devem ser classificados como não correntes. A NCRF-
PE usa o termo não corrente para incluir activos tangíveis, intangíveis e
financeiros cuja natureza seja de longo prazo.
Um passivo deve ser classificado como corrente quando satisfizer qualquer um
dos seguintes critérios:
- Se espere que seja liquidado durante o ciclo operacional normal da
entidade;
- Esteja detido essencialmente para a finalidade de ser negociado;
- Deva ser liquidado num período até doze meses após a data do
balanço; ou
- A entidade não tenha um direito incondicional de diferir a liquidação do
passivo durante pelo menos doze meses após a data do balanço.
Todos os outros passivos devem ser classificados como não correntes.
Quanto à Demonstração dos Resultados todos os itens de rendimentos e de
gastos reconhecidos num período devem ser incluídos nos resultados a menos
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que um outro capítulo o exija de outro modo. Os itens a apresentar na
demonstração dos resultados deverão basear-se numa classificação que
atenda à sua natureza, não devendo apresentar itens de rendimento e de gasto
como itens extraordinários, quer na face da demonstração dos resultados quer
no anexo.
As notas do Anexo devem ser apresentadas de uma forma sistemática. Cada
item na face do balanço e da demonstração dos resultados, que tenha
merecido uma nota no anexo, deve ter uma referência cruzada.
O Anexo deve assim:
- Apresentar informação acerca das bases de preparação das
demonstrações financeiras e das políticas contabilísticas usadas;
- Divulgar a informação exigida pelos capítulos desta Norma que não
seja apresentada na face do balanço, e da demonstração dos
resultados; e
- Proporcionar informação adicional que não seja apresentada na face
do balanço e da demonstração dos resultados, mas que seja relevante
para uma melhor compreensão de qualquer uma delas.
As notas do Anexo devem ser apresentadas pela seguinte ordem:
- Identificação da entidade, incluindo domicílio, natureza da actividade,
nome e sede da empresa -mãe, se aplicável;
- Referencial contabilístico de preparação das demonstrações
financeiras;
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- Resumo das principais políticas contabilísticas adoptadas;
- Informação desagregada dos itens apresentados na face do balanço,
na demonstração dos resultados por natureza;
- Passivos contingentes e compromissos contratuais não reconhecidos;
- Divulgações exigidas por diplomas legais.
No que se refere às Divulgações de políticas contabilísticas uma entidade
deve divulgar um resumo das principais políticas contabilísticas,
designadamente:
- Bases de mensuração usadas na preparação das demonstrações
financeiras;
- Outras políticas contabilísticas usadas que sejam relevantes para uma
compreensão das demonstrações financeiras.
Finalmente uma observação quanto à Adopção pela primeira vez da NCRF –
PE, uma vez que no final do primeiro exercício após transição, as divulgações
devem incluir:
- Uma explicação acerca da forma como a transição dos anteriores
princípios contabilísticos geralmente aceites para a NCRF -PE, afectou a
sua posição financeira e o seu desempenho financeiro relatados;
- Uma explicação acerca da natureza das diferenças de transição que
foram reconhecidas como capital próprio.
26
3.4. Divulgações
3.4.1. Políticas Contabilísticas
No que respeita a políticas contabilísticas, a NCRF-PE estabelece os critérios
para a selecção e aplicação de políticas contabilísticas, referindo,
designadamente, que a política ou políticas contabilísticas a aplicar a
determinado item será a que decorrer do capítulo que especificamente tratar da
subjacente transacção, acontecimento ou condição. Esta afirmação de princípio
é especialmente importante, pois vem permitir distinguir as situações em que
se verifica uma lacuna quanto ao tratamento contabilístico daquelas situações
em que foram tomadas opções por parte do legislador.
No caso de ausência de disposição, e após utilizadas as disposições
supletivas, referidas em capítulo anterior, deve o órgão de gestão fazer juízos
de valor no desenvolvimento e aplicação de uma política contabilística que
resulte em informação que seja:
a) Relevante para a tomada de decisões económicas por parte dos
utentes;
b) Fiável, de tal modo que as demonstrações financeiras:
i) Representem com fidedignidade a posição financeira, o
desempenho financeiro e os fluxos de caixa da entidade;
ii) Reflictam a substância económica de transacções, outros
acontecimentos e condições e não meramente a forma legal;
iii) Sejam neutras, isto é, que estejam isentas de preconceitos;
27
iv) Sejam prudentes; e
v) Sejam completas em todos os aspectos materiais.
Tal como acontece com o chamado regime geral, também nesta norma se
exige a consistência na aplicação das políticas contabilísticas. Por outro lado,
quanto a alterações nas políticas contabilísticas, a NCRF-PE segue também o
regime geral estabelecido, i.e. que uma entidade deve alterar uma política
contabilística apenas se a alteração passar a ser exigida por uma Norma ou
Interpretação; ou resultar no facto de as demonstrações financeiras
proporcionarem informação fiável e mais relevante sobre os efeitos das
transacções, outros acontecimentos ou condições, na posição financeira,
desempenho financeiro ou fluxos de caixa da entidade.
A norma refere ainda as situações em que uma entidade deve alterar as suas
políticas contabilísticas, se a alteração:
a) Passar a ser exigida por uma Norma ou Interpretação, (alteração
involuntária); ou
b) Resultar no facto de as demonstrações financeiras
proporcionarem informação fiável e mais relevante sobre os
efeitos das transacções, outros acontecimentos ou condições, na
posição financeira, desempenho financeiro ou fluxos de caixa da
entidade, alteração voluntária.
28
3.4.2. Alterações nas estimativas contabilísticas e erros
As alterações nas estimativas contabilísticas e erros foram também
merecedoras de referência na NCRF-PE. Quanto a estas foi estabelecido o
princípio geral da aplicação prospectiva incluindo qualquer diferencial nos
resultados do período de alteração, se a alteração afectar apenas esse
período; ou período de alteração e futuros períodos, se a alteração afectar
ambas as situações.
No caso dos erros, a norma refere especificamente que a correcção de um erro
material de um período anterior é excluída dos resultados do período em que o
erro é detectado, sendo efectuada directamente em resultados transitados
No que concerne aos aspectos de divulgação, estes são referidos no parágrafo
6.10 da norma e são os que a seguir se descrevem:
6.10 — Quando a aplicação de uma disposição desta Norma tiver efeitos no período corrente
ou em qualquer período anterior, salvo se for impraticável determinar a quantia do ajustamento,
ou puder ter efeitos em períodos futuros, uma entidade deve divulgar apenas nas
demonstrações financeiras do período corrente:
a) A natureza da alteração na política contabilística;
b) A natureza do erro material de período anterior e seus impactos nas demonstrações
financeiras desses períodos;
c) A quantia de ajustamento relacionado com o período corrente ou períodos anteriores aos
apresentados, até ao ponto que seja praticável; e
d) As razões pelas quais a aplicação da nova política contabilística proporciona informação
fiável e mais relevante, no caso de aplicação voluntária.
As divulgações exigidas neste ponto, são essencialmente descritivas, desde
logo a natureza da alteração da política contabilística, ou a natureza do erro
material de período anterior e o seu impacto nas demonstrações financeiras.
29
Tendo em conta que a NCRF-PE, não exige a aplicação retrospectiva das
alterações de políticas contabilísticas e erros materiais, como acontece da
aplicação integral das NCRF’s, nomeadamente da aplicação da NCRF 4, a
divulgação destas alterações, nomeadamente as quantias e o impacto nas
demonstrações financeiras assume uma importância acrescida, devendo ser
expresso a informação até ao ponto em que seja praticável.
Por fim, a norma exige que, sempre que se proceda a uma aplicação voluntária
de uma nova política contabilística se divulgue as razões pelas quais essa
política proporciona uma informação fiável mais relevante.
CASO PRÁTICO N.º 1
A empresa identificou no ano N, já após a divulgação das contas do exercício
anterior, que no pagamento de uma prestação de um empréstimo bancário,
havia sido contabilizado na conta de gastos financeiros a amortização de
capital no montante de 10.000 €.
Pedido: contabilização das operações no exercício N.
Natureza do problema: Alteração de políticas contabilísticas, estimativas contabilísticas e erros
NCRF PE (capítulo aplicável): 6
Reconhecimento e Mensuração:
De acordo com o disposto no § 6.9 da NCRF–PE, a correcção de um erro
material de um período anterior é excluída dos resultados do período em que o
erro é detectado, sendo efectuada directamente em resultados transitados.
30
Resolução:
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
2511 - Empréstimos bancários
56 - Resultados transitados 10.000 Correcção do erro material
Aspectos relacionados com a divulgação no Anexo (§ 6.10 da NCRF PE):
- A natureza da alteração na política contabilística;
- A natureza do erro material de período anterior e seus impactos nas demonstrações financeiras desses períodos;
- A quantia de ajustamento relacionado com o período corrente ou períodos anteriores aos apresentados, até ao ponto que seja praticável; e
- As razões pelas quais a aplicação da nova política contabilística proporciona informação fiável e mais relevante, no caso de aplicação voluntária.
31
3.4.3. Activos fixos tangíveis
No que toca aos activos fixos tangíveis, estes encontram-se tratados no
capítulo 7 da NCRF-PE, considerando como princípio geral do reconhecimento
do custo de um item de activo fixo tangível, o cumprimento das condições de
reconhecimento definidas no capítulo 3 da norma.
Considera ainda que, no caso dos sobressalentes e equipamentos de serviço,
estes serão geralmente escriturados como inventário e reconhecidos nos
resultados quando consumidos. No entanto, quanto aos sobressalentes
principais e equipamento de reserva, no caso de a entidade esperar usá-los
durante mais do que um período, os mesmos serão classificados como activos
fixos tangíveis.
Ainda no que concerne ao reconhecimento, dispõe a norma que poderão ser
considerados no activo fixo tangível por uma só quantidade e quantia fixa, os
itens imobilizados que satisfaçam as seguintes condições:
- Sejam renovados frequentemente;
- Representem, bem a bem, uma quantia imaterial para a entidade;
- Tenham uma vida útil não superior a três anos.
Em matéria de mensuração, a regra geral é que um item do activo fixo tangível
deve ser mensurado pelo seu custo, compreendendo um conjunto de
elementos, tais como os custos de compra, os direitos e impostos não
reembolsáveis, bem como quaisquer custos directamente atribuíveis para
32
colocar o activo na localização e condição necessária para o mesmo ser capaz
de funcionar de forma pretendida.
No entanto, caso existam diferenças significativas entre a quantia escriturada
segundo o modelo do custo e o justo valor dos activos, a norma refere que uma
entidade poderá, alternativamente utilizar o modelo de revalorização como
política contabilística e deve aplicar essa política a uma classe inteira de
activos fixos tangíveis.
No modelo do custo, um item do activo fixo tangível deve ser escriturado pelo
seu custo menos qualquer depreciação acumulada e quaisquer perdas por
imparidade acumuladas, enquanto que no modelo da revalorização, após o
reconhecimento como um activo, um item do activo fixo tangível cujo justo valor
possa ser mensurado fiavelmente deve ser escriturado por uma quantia
revalorizada, que é o seu justo valor à data da revalorização menos qualquer
depreciação acumulada subsequente e perdas por imparidade acumuladas
subsequentes.
As revalorizações devem ser feitas com suficiente regularidade para assegurar
que a quantia escriturada não difira materialmente daquela que seria
determinada pelo uso do justo valor à data do balanço.
Se a quantia escriturada de um activo for aumentada como resultado de uma
revalorização, o aumento deve ser creditado directamente ao capital próprio
numa conta com o título de excedente de revalorização. No entanto, o aumento
deve ser reconhecido nos resultados até ao ponto em que reverta um
decréscimo de revalorização do mesmo activo previamente reconhecido nos
resultados.
Pelo contrário, se a quantia escriturada de um activo for diminuída como
resultado de uma revalorização, a diminuição deve ser reconhecida nos
resultados. Contudo, a diminuição deve ser debitada directamente ao capital
33
próprio até ao ponto de qualquer saldo de crédito existente no excedente de
revalorização com respeito a esse activo.
No que se refere à depreciação a norma determina, que esta começa quando o
activo esteja disponível para uso, cessando na data em que este seja
desreconhecido com tal. Dispõe ainda a obrigatoriedade de considerar a
depreciação como um gasto, reconhecido nos resultados, exceptuando os
casos em que tal depreciação seja incluída na quantia escriturada de um outro
activo.
O método de depreciação usado deve reflectir o modelo por que se espera que
os futuros benefícios económicos do activo sejam consumidos pela entidade,
devendo ser aplicado numa base sistemática durante a sua vida útil, podendo
ser utilizados diversos métodos: o método da linha recta, o método do saldo
decrescente e o método das unidades de produção.
Embora a NCRF-PE, não regule de forma directa as imparidades, uma
entidade deverá avaliar se um item do activo fixo tangível está ou não com
imparidade usando para o efeito as disposições da NCRF 12 – Imparidade de
Activos.
Quanto ao desreconhecimento da quantia escriturada de um item do activo fixo
tangível o mesmo deve ocorrer no momento da alienação, ou quando não se
espere futuros benefícios económicos do seu uso ou alienação. O ganho ou a
perda resultante do desreconhecimento de um item do activo fixo tangível deve
ser incluído nos resultados, no entanto, os ganhos não devem ser
considerados como rédito.
No que diz respeito a divulgações a norma estabelece, no parágrafo 7.27 a
7.29, um conjunto de informações que deve ser relatado nas demonstrações
financeiras, a seguir discriminadas:
34
7.27 — As demonstrações financeiras devem divulgar:
a) Os critérios de mensuração usados para determinar a quantia escriturada bruta;
b) Os métodos de depreciação usados;
c) As vidas úteis ou as taxas de depreciação usadas;
d) A quantia escriturada bruta e a depreciação acumulada (agregada com perdas por
imparidade acumuladas) no início e no fim do período; e
e) Uma reconciliação da quantia escriturada no início e no fim do período que mostre as
adições, as revalorizações, as alienações, as depreciações, as perdas de imparidade e suas
reversões e outras alterações.
Desde logo uma entidade deve divulgar de uma forma descritiva qual o modelo
de mensuração dos activos fixos tangíveis, bem como os métodos de
depreciação utilizados.
Para além das descrições referidas, deve igualmente divulgar as vidas úteis e
as taxas utilizadas nas depreciações, bem como as quantias brutas e as
depreciações acumuladas no início e no fim do período e ainda a informação
das alterações de valor ocorridas no período, tais como as aquisições,
alienações, revalorizações, imparidades entre outras. No entanto, neste caso, é
nossa opinião que, será mais útil e de mais fácil compreensão por parte dos
leitores das demonstrações financeiras que a informação divulgada se faça
através de quadros demonstrativos.
7.28 — As demonstrações financeiras devem também divulgar:
a) A existência e quantias de restrições de titularidade e activos fixos tangíveis que sejam
dados como garantia de passivos;
b) A quantia de compromissos contratuais para aquisição de activos fixos tangíveis; e
A norma refere ainda que devem ser divulgadas as restrições de titularidade
dos activos fixos tangíveis que sejam dados como garantia de passivos, ainda
que contingentes, tais como hipotecas, penhores, reserva de propriedade, ou
qualquer outra. Esta informação é extremamente útil, especialmente para
efeitos de financiamento.
35
É igualmente exigida a divulgação dos compromissos contratuais para a
aquisição de activos fixos tangíveis, permitindo aos leitores das demonstrações
financeiras possuir o conhecimento dos níveis de compromisso assumido que
se traduzirão no futuro no exfluxo de quantias financeiras.
7.29 — Se os itens do activo fixo tangível forem expressos por quantias revalorizadas, deve ser
divulgado o seguinte:
a) A data de eficácia da revalorização;
b) Os métodos e pressupostos aplicados nessa revalorização.
Por fim a norma determina, que no caso da utilização do modelo da
revalorização, seja divulgado a data da eficácia da revalorização, bem como os
métodos e os pressupostos aplicados nessa revalorização.
CASO PRÁTICO N.º 2
A empresa iniciou durante o ano N a construção de um armazém para fins
industriais e depósito de materiais, o qual, tendo sido terminado em
02/11/N+1.Os gastos incorridos e as respectivas quantias foram as seguintes:
N N+1
Matérias-primas 8.000 € 7.000 €
Mão-de-obra 12.000 € 9.000 €
Imputação de custos diversos 3.000 € 3.000 €
A empresa considerou uma vida útil para o armazém de 20 anos, depreciando
numa base constante e fraccionada por duodécimos.
36
Pedido: Contabilização das operações relativas aos anos N e N+1
Natureza do problema: Activos fixos tangíveis (reconhecimento e
mensuração)
NCRF PE (capítulo aplicável): 7
Reconhecimento e Mensuração:
De acordo com o parágrafo 3.3 da norma os gastos aqui apresentados
preenchem os pressupostos do reconhecimento como um activo, já que é
provável que benefícios económicos futuros fluam para a entidade e tem um
valor que pode ser mensurado com fiabilidade.
Em termos de mensuração os activos fixos tangíveis são mensuradas pelo seu
custo menos qualquer depreciação acumulada e quaisquer perdas por
imparidade acumuladas.
Resolução:
- Início da construção: N;
- Final da construção: 02/11/N+1.
37
Em N:
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
61 - Custo das matérias Consumidas
12 D. Ordem / 221 Fornecedores c/c (…)
8.000
Pelos gastos incorridos em N 62 - Fornecimentos e Serviços Externos 3.000
63 - Custos com o Pessoal 12.000
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
453 - Activos fixos tangíveis em curso
741 - Trabalhos para a própria entidade –
Activos Fixos Tangíveis
23.000 Pelo investimento em curso em N
Em N+1:
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
61 - Custo das matérias Consumidas
12 D. Ordem / 221 Fornecedores c/c (…)
7.000
Pelos gastos incorridos em N+1 62 - Fornecimentos e Serviços Externos 3.000
63 - Custos com o Pessoal 9.000
38
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
453 - Activos fixos tangíveis em curso
741 - Trabalhos para a própria entidade –
Activos Fixos Tangíveis
19.000 Pelo investimento em curso em
N+1
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
432 - Activos Fixos Tangíveis - Edifícios
453 Activos fixos tangíveis em curso
42.000
Pela conclusão do pavilhão
• 42.000 € = 23.000 € + 19.000 €
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
642 Gastos de depreciação e de
amortização - AFT
438 Depreciações acumuladas
350 Pela depreciação do edifício de
N+1
• 350 € = (42.000 / 20) / 12 * 2
Aspectos relacionados com a divulgação no Anexo (§ 7.27 da NCRF PE):
- Os critérios de mensuração usados para determinar a quantia
escriturada bruta.
- Os métodos de depreciação usados.
- As vidas úteis ou as taxas de depreciação usadas.
39
- A quantia escriturada bruta e a depreciação acumulada (agregada com
perdas por imparidade acumuladas) no início e no fim do período.
- Uma reconciliação da quantia escriturada no início e no fim do período
que mostre as adições, as revalorizações, as alienações, as
depreciações, as perdas de imparidade e suas reversões e outras
alterações.
40
3.4.4. Activos intangíveis
No que diz respeito aos activos intangíveis, em termos essenciais, os critérios
utilizados são semelhantes aos activos fixos tangíveis. Desta forma, para que
um activo intangível seja reconhecido o mesmo deve ser identificável e cumprir
as demais condições de reconhecimento.
Um activo satisfaz o critério da identificabilidade na definição de um activo
intangível quando:
- For separável, i.e. capaz de ser separado ou dividido da entidade e
vendido, transferido, licenciado, alugado ou trocado, seja
individualmente ou em conjunto com um contrato, activo ou passivo
relacionado; ou
- Resultar de direitos contratuais ou de outros direitos legais, quer
esses direitos sejam transferíveis quer sejam separáveis da entidade
ou de outros direitos e obrigações.
Os activos intangíveis gerados internamente, em regra geral, não são
reconhecidos, exceptuam-se, contudo, os gastos de desenvolvimento, em que
o reconhecimento apenas deve ocorrer se, e apenas se, uma entidade puder
demonstrar todas as seguintes condições:
- a viabilidade técnica de concluir o activo intangível a fim de que
esteja disponível para uso ou venda;
- a sua intenção de concluir o activo intangível e usá-lo ou vendê-lo;
- a sua capacidade de usar ou vender o activo intangível;
41
- a forma como o activo intangível gerará prováveis benefícios
económicos futuros. Entre outras coisas, a entidade pode demonstrar
a existência de um mercado para a produção do activo intangível ou
para o próprio activo intangível ou, se for para ser usado
internamente, a utilidade do activo intangível;
- a disponibilidade de adequados recursos técnicos, financeiros e
outros para concluir o desenvolvimento e usar ou vender o activo
intangível;
- a sua capacidade para mensurar fiavelmente o dispêndio atribuível
ao activo intangível durante a sua fase de desenvolvimento.
A norma é muito restritiva em matéria de reconhecimento como activo, deste
tipo de dispêndios, estabelecendo que, como regra geral, os mesmos devam
ser reconhecidos como gastos quando incorridos.
Nesta linha nunca deverão ser reconhecidos como activo:
- as marcas, cabeçalhos, títulos de publicações, listas de clientes e
itens substancialmente semelhantes gerados internamente;
- dispêndio com actividades de arranque, a não ser que este
dispêndio esteja incluído no custo de um item de activo fixo tangível.
- dispêndios com actividades de formação;
- dispêndios com actividades de publicidade e promocionais;
- dispêndios com a mudança de local ou reorganização de uma
entidade no seu todo ou em parte.
42
Para além disso, a norma estabelece ainda que o dispêndio com um item
intangível que tenha sido inicialmente reconhecido como um gasto não deve
ser reconhecido como parte do custo de um activo intangível em data posterior.
Em termos de mensuração, ao contrário dos activos fixos tangíveis, na NCRF-
PE (§ 8.15) um activo intangível apenas pode ser contabilizado pelo modelo do
custo, não sendo permitida a adopção do modelo de revalorização. Devendo
ser avaliada se a vida útil de um activo intangível é finita ou indefinida e, se for
finita, a duração dessa vida útil.
Um activo intangível tem uma vida útil indefinida quando, com base numa
análise de todos os factores relevantes, não houver limite previsível para o
período durante o qual se espera que o activo gere influxos de caixa líquidos
para a entidade, não devendo ser amortizado.
No que concerne aos aspectos de divulgação, a norma estabelece nos
parágrafos 8.24 a 8.27 os dados a relatar nas demonstrações financeiras:
8.24 — Uma entidade deve divulgar o seguinte para cada classe de activos intangíveis,
distinguindo entre os activos intangíveis gerados internamente e outros activos intangíveis:
a) Se as vidas úteis são indefinidas ou finitas e, se forem finitas, as vidas úteis ou as taxas de
amortização usadas;
b) Os métodos de amortização usados para activos intangíveis com vidas úteis finitas;
c) A quantia bruta escriturada e qualquer amortização acumulada (agregada com as perdas por
imparidade acumuladas) no começo e fim do período;
d) Uma reconciliação da quantia escriturada no inicio e no fim do período que mostre as
adições, as alienações, as amortizações, as perdas de imparidade e suas reversões e outras
alterações.
O primeiro aspecto que uma entidade deverá divulgar é a distinção dos activos
intangíveis gerados internamente dos restantes, das vidas úteis distinguindo as
situações em que a vida útil é indefinida das restantes, devendo nos caso de
vidas úteis finitas indicar as taxas de amortização.
43
Tal como no caso dos activos fixos tangíveis, deverão ser igualmente
divulgados os métodos de amortização, os montantes das quantias brutas e
amortizações acumuladas no início e fim de cada período bem como a
demonstração das variações de valor ocorridos no período.
8.25 — Uma entidade deve também divulgar:
a) Para um activo intangível avaliado como tendo uma vida útil indefinida, a quantia escriturada
desse activo e as razões que apoiam a avaliação de uma vida útil indefinida. Ao apresentar
estas razões, a entidade deve descrever o(s) factor(es) que desempenhou(aram) um papel
significativo na determinação de que o activo tem uma vida útil indefinida;
b) Uma descrição, a quantia escriturada e o período de amortização restante de qualquer
activo intangível individual que seja materialmente relevante para as demonstrações
financeiras da entidade;
c) Para os activos intangíveis adquiridos por meio de um subsídio do Governo e inicialmente
reconhecidos pelo justo valor, a quantia inicialmente reconhecida e a sua quantia escriturada
actualmente;
d) A existência e as quantias escrituradas de activos intangíveis cuja titularidade esteja
restringida e as quantias escrituradas de activos intangíveis dados como garantia de passivos;
e) A quantia de compromissos contratuais para aquisição de activos intangíveis.
A norma indica ainda a divulgação das quantias dos activos intangíveis com
vida útil indefinida, as razões que apoiam essa avaliação, descrevendo os
factores que determinaram essa condição. Deve ser ainda divulgada a quantia
escriturada e o período de amortização restante de qualquer activo intangível
individual que seja materialmente relevante para as demonstrações financeiras.
Para os activos intangíveis adquiridos através de subsídio do governo e
inicialmente reconhecidos pelo seu justo valor, deve ser divulgado o montante
inicial e a sua actual quantia escriturada.
Tal como nos activos fixos tangíveis, é exigida a divulgação das restrições da
propriedade dos activos intangíveis para garantia de passivo bem como os
compromissos contratuais de aquisição futura.
44
8.26 — Uma entidade deve divulgar a quantia agregada do dispêndio de pesquisa e
desenvolvimento reconhecido como um gasto durante o período.
A norma dispõe que uma entidade deverá divulgar as quantias dos dispêndios
de pesquisa e desenvolvimento reconhecido como gasto no exercício do
período.
8.27 — Relativamente aos activos intangíveis de carácter ambiental, uma entidade deve
divulgar:
a) Descrição dos critérios de mensuração adoptados, bem como dos métodos utilizados no
cálculo dos ajustamentos de valor, no que respeita a matérias ambientais;
b) Os incentivos públicos relacionados com a protecção ambiental, recebidos ou atribuídos à
entidade. Especificação das condições associadas à concessão de cada incentivo ou uma
síntese das condições, caso sejam semelhantes.
c) Quantia dos dispêndios de carácter ambiental capitalizadas durante o período de referência
na medida em que possa ser estimada com fiabilidade.
d) Quantia dos dispêndios de carácter ambiental imputados a resultados e base em que tais
quantias foram calculadas.
e) Caso sejam significativos, os dispêndios incorridos com multas e outras penalidades pelo
não cumprimento dos regulamentos ambientais e indemnizações pagas a terceiros, por
exemplo em resultado de perdas ou danos causados por uma poluição ambiental passada.
No que concerne aos activos intangíveis de carácter ambiental, a norma
estipula as divulgações dos critérios de mensuração, os incentivos públicos
relacionados com a protecção
CASO PRÁTICO N.º 3
A empresa adquiriu em 01/07/N-2, por 18.000 euros, uma patente de uma
forma de secagem de betão que permite optimizar a produção. Para além disso
incorreu ainda em 2.000 € de despesas com honorários de advogados e outras
45
despesas legais, relacionados com esta operação de aquisição e registo da
patente.
A patente encontra-se protegida por um período de 5 anos, findo o qual a
tecnologia fica livre no mercado, podendo ser usada por todos os operadores.
Em 3/10/N uma nova tecnologia foi lançada no mercado por uma universidade
que a divulgou a todos as entidades deixando a empresa de ser competitiva
com a utilização da sua patente.
Pedido: Contabilização das operações relativas aos anos N-2 a N
Natureza do problema: Activos intangíveis (reconhecimento e mensuração)
NCRF PE (capítulo aplicável): 8
Reconhecimento e Mensuração:
Os gastos aqui apresentados preenchem os pressupostos do reconhecimento
como um activo intangível, já que, para além dos restantes aspectos de
reconhecimento de um activo cumpre igualmente os critérios de
identificabilidade.
Em termos de mensuração inicial os activos fixos tangíveis são mensurados
pelo seu custo, podendo ter vidas úteis definidas ou indefinidas. No caso em
apreço, como a vido útil é definida, a sua mensuração subsequente é
determinada pelo seu custo menos qualquer amortização acumulada e
quaisquer perdas por imparidade acumuladas.
Resolução:
- Aquisição da patente: 01/07/N-2;
46
- Período de vida útil: 5 anos
Em N - 2:
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
44 - Activos intangíveis – Propriedade
industrial
12 - Depósitos à ordem
20.000 Pela aquisição da patente em
01/07/N - 2
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
643 - Gastos de depreciação e de
amortização – Activos Intangíveis
448 - Amortizações acumuladas
2.000 Pela amortização da patente em
N – 2
2.000 € = (20.000/5) /12*6
Em N – 1:
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
643 - Gastos de depreciação e de
amortização – Activos Intangíveis
448 - Amortizações acumuladas
4.000 Pela amortização da patente em
N – 1
47
Em N:
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
643 - Gastos de depreciação e de
amortização – Activos Intangíveis
448 - Amortizações acumuladas
3.000 Pela depreciação da patente em
N
3.000 € = (20.000 / 5) / 12 *9
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
656 - Perdas por Imparidade – Activos
Intangíveis
449 - Perdas por imparidade acumuladas
11.000 € Pela depreciação da patente em
N
• Quantia escriturada à data do teste de imparidade:
11.000 € = 20.000 – 2.000 – 4.000 – 3.000
• Quantia recuperável da patente: 0
• Imparidade: 11.000 = 11.000 - 0
Aspectos relacionados com a divulgação no Anexo (§ 8.25 da NCRF PE):
- Para um activo intangível avaliado como tendo uma vida útil indefinida,
a quantia escriturada desse activo e as razões que apoiam a avaliação
de uma vida útil indefinida. Ao apresentar estas razões, a entidade deve
descrever o(s) factor(es) que desempenhou(aram) um papel significativo
na determinação de que o activo tem uma vida útil indefinida.
48
- Uma descrição, a quantia escriturada e o período de amortização
restante de qualquer activo intangível individual que seja materialmente
relevante para as demonstrações financeiras da entidade.
49
3.4.5. Locações
Os principais aspectos relacionados com a temática das locações não sofreram
grandes alterações, em relação ao normativo anterior (POC), assim, a NCRF-
PE, descreve as locações como financeiras ou operacionais, conforme o
locador transferir substancialmente para o locatário todas os riscos e vantagens
inerentes à propriedade.
A classificação do tipo de locação não depende da forma do contrato, mas da
substância da operação, descrevendo a norma alguns exemplos de situações
que normalmente conduzem a que uma locação seja considerada como
locação financeira:
a) a locação transfere a propriedade do activo para o locatário no fim
do prazo da locação;
b) o locatário tem a opção de comprar o activo por um preço que se
espera que seja suficientemente mais baixo do que o justo valor à
data em que a opção se torne exercível tal que, no inicio da
locação, seja razoavelmente certo que a opção será exercida;
c) o prazo da locação abrange a maior parte da vida económica do
activo mesmo que o título de propriedade não seja transferido;
d) no início da locação o valor presente dos pagamentos mínimos da
locação ascende a pelo menos, substancialmente, todo o justo
valor do activo locado; e,
e) os activos locados são de uma tal natureza especializada que
apenas o locatário os pode usar sem que sejam feitas grandes
modificações.
50
Em termos de reconhecimento a norma estabelece que, no caso de uma
locação financeira, o locatário deve reconhecer um activo e um passivo no seu
balanço por quantias iguais ao justo valor da propriedade locada ou, se inferior,
ao valor dos pagamentos mínimos da locação, enquanto, no caso de uma
locação operacional o locatário reconhece os pagamentos efectuados como
gasto numa base linear durante o período de locação.
No que concerne à mensuração subsequente, o locatário de uma locação
financeira considera os pagamentos repartindo o seu valor entre o encargo
financeiro e a redução do passivo pendente. Uma locação financeira dá origem
a um gasto de depreciação relativo ao activo depreciável assim como a um
gasto financeiro em cada período contabilístico. A política de depreciação para
os activos locados depreciáveis deve ser consistente com a dos activos
depreciáveis que sejam possuídos e a depreciação reconhecida deve ser
calculada nas bases estabelecidas para os respectivos activos. Se não houver
certeza razoável de que o locatário obtenha a propriedade no fim do prazo da
locação, o activo deve ser totalmente depreciado durante o prazo da locação
ou da sua vida útil, o que for mais curto.
No que diz respeito à divulgação a norma estabelece no parágrafo 9.9 da
NCRF-PE os aspectos que o locatário deve exibir nas suas demonstrações
financeiras:
9.9 — Para locações financeiras, os locatários devem divulgar para cada categoria de activo, a
quantia escriturada líquida à data do balanço.
9.10 — Para locações financeiras e operacionais, os locatários devem divulgar uma descrição
geral dos acordos de locação significativos incluindo, pelo menos, o seguinte:
i) A base pela qual é determinada a renda contingente a pagar;
ii) A existência e cláusulas de renovação ou de opções de compra e cláusulas de
escalonamento; e
iii) Restrições impostas por acordos de locação, tais como as que respeitam a dividendos,
dívida adicional, e posterior locação.
51
A norma estipula que as entidades locatárias devem divulgar para cada
categoria de activo a quantia escriturada líquida das locações financeiras. Para
além disso é igualmente exigido a divulgação da descrição geral dos acordos
de locação, operacional e financeira, nomeadamente a base pela qual é
determinada a renda contingente, a existência de cláusulas de renovação ou
de opções de compra, e ainda a existência de restrições impostas por acordos
de locação.
CASO PRÁTICO N.º 4
A empresa celebrou durante o ano N o seguinte contrato de locação3:
• Data do início do contrato: 1 de Agosto de N
• Período do contrato: 4 anos
• Valor do bem (equipamento básico): 51.500 €
• Rendas: 16 rendas trimestrais e iguais a 3.639,71 € (excluindo o IVA),
pagas antecipadamente e com juro postecipado.
• Valor residual no final do contrato: 1.500 €
• Período de vida útil do bem: 10 anos
• Existe certeza razoável de que se exercera a opção de compra.
3 Adaptado de “RODRIGUES, Ana Maria, CARVALHO, Carla, CRAVO, Domingos, AZEVEDO,
Graça, “SNC – Contabilidade Financeira: sua aplicação”, Almedina, Julho de 2010, p. 664 e ss
52
Pedido: Contabilização das operações relativas aos anos N e N + 1
Natureza do problema: Locações (reconhecimento e mensuração)
NCRF PE (capítulo aplicável): 7 e 9
Reconhecimento e Mensuração:
Classificação das locações (§ 9.2 da NCRF-PE):
Financeira: transferência substancial de todos os riscos e vantagens inerentes
a posse de um activo. O título de propriedade pode ou não ser eventualmente
transferido.
Operacional: locação que não seja locação financeira.
No caso em análise, estamos perante uma locação financeira, pois existe uma
transferência de todos os riscos e vantagens associadas ao bem locado, bem
como a certeza razoável de que o locatário exercerá a opção de compra no
final do contrato.
Reconhecimento inicial da locação financeira:
- Reconhece como activos e passivos por quantias iguais ao justo valor da
propriedade locada ou, se inferior, ao valor presente dos pagamentos mínimos
da locação, cada um determinado no inicio da locação, adicionando quaisquer
custos directos iniciais do locatário (§ 9.5 da NCRF - PE).
53
Reconhecimento inicial do equipamento básico:
Cumpre com a definição de activo (alínea a) do § 49 da EC).
Cumpre com a definição de activo fixo tangível.
Cumpre com os critérios de reconhecimento de um activo (§ 81 da EC).
Mensuração no reconhecimento inicial: custo de aquisição (§ 7.5 da NCRF -
PE).
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
433 – Activos Fixos Tangíveis –
Equipamento Básico
2513 – Financiamentos obtidos – Locações
financeiras 51.500
Reconhecimento inicial do contrato de leasing
Mensuração Subsequente:
De acordo com o § 9.6 da NCRF - PE, os pagamentos mínimos da locação
devem ser repartidos entre o encargo financeiro e a redução do passivo
pendente. O encargo financeiro deve ser imputado a cada período durante o
prazo da locação de forma a produzir uma taxa de juro periódica constante
sobre o saldo remanescente do passivo.
Tendo por base as condições do contrato de locação, apresenta-se de seguida
o respectivo plano financeiro, o qual tem subjacente uma taxa de juro nominal
anual de 8%.
54
N.º renda
Data Juros Amortização
Do capital Renda
Capital em dívida
1 1/8/N 0,00 3.639,71 3.639,71 47.860,29
2 1/11/N 957,21 2.682,51 3.639,71 45.177,78
3 1/2/N+1 903,56 2.736,16 3.639,71 42.441,63
4 1/5/N+1 848,83 2.790,88 3.639,71 39.650,75
5 1/8/N+1 793,01 2.846,70 3.639,71 36.804,05
6 1/11/N+1 736,08 2.903,63 3.639,71 33.900,42
7 1/2/N+2 678,01 2.961,70 3.639,71 30.938,71
8 1/5/N+2 618,77 3.020,94 3.639,71 27.917,78
9 1/8/N+2 558,36 3.081,36 3.639,71 24.836,42
10 1/11/N+2 496,73 3.142,98 3.639,71 21.693,44
11 1/2/N+3 433,87 3.205,84 3.639,71 18.487,59
12 1/5/N+3 369,75 3.269,96 3.639,71 15.217,63
13 1/8/N+3 304,35 3.335,36 3.639,71 11.882,27
14 1/11/N+3 237,65 3.402,07 3.639,71 8.480,21
15 1/2/N+4 169,60 3.470,11 3.639,71 5.010,10
16 1/5/N+4 100,20 3.539,51 3.639,71 1.470,59
Opção 1/8/N+4 29,41 1.470,59 1.500,00 0,00
55
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
2513 – Financiamentos obtidos – Locações
financeiras 12 Depósitos à ordem 3.639,71 Pagamento da 1ª renda
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
2513 - Financiamentos obtidos - Locações
financeiras 12 Depósitos à Ordem
2.682,51
Pagamento da 2.ª renda 6911(3) - Juros de
financiamentos obtidos - Locações Financeiras
957,21
Em 31/12/N, a empresa terá de reconhecer o juro da locação financeira relativo
ao período de 1/11/N a 31/12/N, o qual apenas será liquidado em 1/2/N+1,
aquando do pagamento da 3.ª renda do leasing.
Juro a reconhecer = 903,56 € x 2/3 meses = 602,37 €
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
6911(3) – Juros de financiamentos obtidos –
locações financeiras
2722 – Credores por acréscimos de gastos
602,37 € Reconhecimento do acréscimo de
juro no ano N
Ainda em 31/12/N, é necessário proceder ao registo da depreciação do período
do equipamento. Nos termos do § 9.7 da NCRF -PE, a quantia depreciável de
um activo locado e imputada a cada período contabilístico durante o período do
56
uso esperado numa base sistemática consistente com a política de
depreciação que o locatário adopte para activos depreciáveis de que seja
proprietário. Se houver certeza razoável de que o locatário obterá a
propriedade no fim do prazo da locação, o período de uso esperado é a vida
útil do activo; se tal não for possível, o activo é depreciado durante o prazo da
locação ou da sua vida útil, dos dois o mais curto.
No caso concreto, como é esperado o exercício da opção de compra do bem
no final do contrato, o período de amortização será o da vida útil do bem, ou
seja, 10 anos.
Depreciação do período = 51.500 € / 10 anos x (5/12 meses) = 2.146 €
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
642 - Gastos de depreciação e de
amortização – Activos Fixos Tangíveis
438 - Depreciações acumuladas
2.146 Pela depreciação no exercício N
Aspectos relacionados com a divulgação no Anexo (§ 9.9 e 9.10 da NCRF
PE):
- Para cada categoria de activo, a quantia escriturada líquida à data do
balanço.
- Descrição geral dos acordos de locação significativos incluindo, pelo
menos, o seguinte:
i) A base pela qual é determinada a renda contingente a pagar;
57
ii) A existência e cláusulas de renovação ou de opções de compra
e cláusulas de escalonamento; e
iii) Restrições impostas por acordos de locação, tais como as que
respeitam a dividendos, dívida adicional, e posterior locação.
58
3.4.6. Custos de empréstimos obtidos
Quanto aos custos de empréstimos obtidos, mantém-se o regime de referência
do reconhecimento dos mesmos como um gasto no período em que sejam
incorridos, permitindo-se que, em circunstâncias excepcionais os mesmos
possam ser capitalizados.
Estão neste caso, os custos de empréstimos obtidos que sejam directamente
atribuíveis à aquisição, construção ou produção de um activo que se qualifica
podem ser capitalizados como parte do custo desse activo, quando seja
provável que deles resultarão benefícios económicos futuros para a entidade e
tais custos possam ser fiavelmente mensurados.
Anote-se que se considera que um activo se qualifica quando leva
necessariamente um período substancial de tempo para ficar pronto para o seu
uso pretendido ou para venda.
A capitalização dos custos de empréstimos obtidos como parte do custo de um
activo que se qualifica deve começar quando:
a) Os dispêndios com o activo estejam a ser incorridos;
b) Os custos de empréstimos obtidos estejam a ser incorridos; e
c) As actividades que sejam necessárias para preparar o activo para
o seu uso pretendido ou venda estejam em curso.
e deve cessar quando substancialmente todas as actividades necessárias para
preparar o activo elegível para o seu uso pretendido ou para a sua venda
estejam concluídas.
Relativamente às divulgações exigidas, dispõe a Norma PE, no seu parágrafo
10.13 o seguinte:
59
10.13 — As demonstrações financeiras devem divulgar:
a) A política contabilística adoptada nos custos dos empréstimos obtidos;
b) A quantia de custos de empréstimos obtidos capitalizada durante o período; e
c) A taxa de capitalização usada para determinar a quantia do custo dos empréstimos obtidos
elegíveis para capitalização.
A norma estipula, desde logo, a divulgação da política contabilística adoptada,
bem como a quantia de custos de empréstimos obtidos capitalizada durante o
período. Para além disso, requer igualmente a descrição da taxa de
capitalização usada para determinar a quantia dos custos capitalizados.
CASO PRÁTICO N.º 5
A empresa encontra-se a construir um empreendimento imobiliário composto
por um bloco de apartamentos para comercialização quando estiver concluído.
Durante o ano N, foram incorridos os seguintes custos:
Itens € Matérias Primas (inclui terreno adquirido em Janeiro por 100.000 €) 150.000 Mão de Obra 40.000 Gastos gerais directos (inclui 10.000 € de depreciações) 40.000 Gastos Administrativos 30.000
Total 260.000
Para financiar esta construção a empresa contraiu um empréstimo de fomento
à construção, à taxa nominal anual de 6%, que financia 80% dos gastos
incorridos na obra.
60
Pedido: Cálculo dos encargos financeiros no ano N e contabilização das
operações relativas ao ano N
Natureza do problema: Custos de empréstimos obtidos
NCRF PE (capítulo aplicável): 10 e 11
Reconhecimento e Mensuração:
Os custos de empréstimos obtidos, de acordo com o capítulo 10 da NCRF–PE,
devem ser reconhecidos como um gasto no período em que sejam incorridos,
excepto nos casos em que sejam capitalizados. Os custos de empréstimos
obtidos que sejam directamente atribuíveis à aquisição, construção ou
produção de um activo que se qualifica podem ser capitalizados como parte do
custo desse activo, quando seja provável que deles resultarão benefícios
económicos futuros para a entidade e tais custos possam ser fiavelmente
mensurados.
O conceito de activo que se qualifica define-se como tal quando um activo leva
necessariamente um período substancial de tempo para ficar pronto para o seu
uso pretendido ou para venda.
Podendo o inventário descrito no presente exercício ser considerado como um
activo que se qualifica, a norma, de acordo com o § 11.9 da NCRF – PE, prevê
que os custos dos empréstimos obtidos poderão ser incluídos no custo dos
inventários.
O início da capitalização verifica-se quando se realizarem em simultâneo as
seguintes condições (§ 10.8 da NCRF-PE):
Os dispêndios com o activo estejam a ser incorridos;
Os custos de empréstimos obtidos estejam a ser incorridos; e,
61
Estejam em curso actividades necessárias para preparar o activo para o
seu uso pretendido ou venda.
A cessação da capitalização verifica-se quando substancialmente todas as
actividades necessárias para preparar o activo elegível para o seu uso
pretendido ou para a sua venda estejam concluídas (§ 10.11 da NCRF- PE)
Resolução:
- Início da construção: 02/01/N;
- Em 31/12/N a construção do edifício encontrava-se em curso devendo ser
terminado durante o ano N+1
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
36 - Produtos e trabalhos em curso
733 - Produtos e trabalhos em curso
260.000 Reconhecimento dos custos da
construção ocorridos durante o ano N como inventários em curso
62
Cálculo dos custos dos empréstimos obtidos:
Conforme o descrito a empresa obteve um financiamento correspondente a
80% dos dispêndios obtidos, que foram repartidos no ano de acordo com o
quadro seguinte:
Dispêndios Financiado Juro
Janeiro 112.500 90.000 450
Fevereiro 12.500 10.000 500
Março 12.500 10.000 550
Abril 12.500 10.000 600
Maio 12.500 10.000 650
Junho 12.500 10.000 700
Julho 12.500 10.000 750
Agosto 12.500 10.000 800
Setembro 12.500 10.000 850
Outubro 12.500 10.000 900
Novembro 12.500 10.000 950
Dezembro 12.500 10.000 1.000
Total 250.000 200.000 8.700
63
No final do exercício a capitalização dos juros contabilizar-se-ia da seguinte
forma:
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
36 - Produtos e trabalhos em curso
691 Juros de financiamentos obtidos
8.700 Capitalização dos custos de
empréstimos obtidos
A opção por creditar a conta 691 – Juros de financiamentos obtidos tem como
pressuposto que, ao longo do período N, terão sido reconhecidos naquela
conta os encargos financeiros, tendo-se optado apenas no final do ano por
capitalizar os mesmos, obrigando deste modo à regularização da quantia antes
debitada. Admite-se, todavia, e em função das situações concretas, a utilização
de outras contas, nomeadamente a 2722 – Credores por acréscimos de gastos,
ou a conta 12 – Depósitos à ordem.
Aspectos relacionados com a divulgação no Anexo (§ 10.13 da NCRF PE):
- A política contabilística adoptada nos custos dos empréstimos obtidos
- A quantia de custos de empréstimos obtidos capitalizada durante o
período.
- A taxa de capitalização usada para determinar a quantia do custo dos
empréstimos obtidos elegíveis para capitalização.
64
3.4.7. Inventários
Os inventários encontram-se tratados no capítulo 11 da NCRF-PE, indicando
desde logo que os inventários devem ser mensurados pelo seu custo ou valor
realizável líquido, dos dois o mais baixo, considerando ainda que o custo de
inventário deve incluir todos os custos de compra, custos de conversão e
outros custos incorridos para colocar os inventários no seu local e na sua
condição actuais.
No que concerne aos custos de compra, não existe uma diferença substancial
em relação ao normativo anterior, já no que diz respeito aos custos de
conversão a norma consagra a obrigatoriedade de a imputação de gastos
gerais de produção fixos aos custos de conversão baseada na capacidade
normal das instalações de produção.
Outros custos poderão ser incluídos nos custos dos inventários até ao ponto
em que sejam incorridos para os colocar no seu local e na sua condição
actuais. A norma refere que poderá ser apropriado incluir no custo dos
inventários gastos gerais que não sejam industriais ou os custos de concepção
de produtos para clientes específicos. Para além disso, tal como referido no
ponto anterior, em determinadas circunstâncias podem ser incluídos nos custos
dos inventários os custos de empréstimos obtidos.
De referir que a norma exemplifica um conjunto de custos excluídos dos
inventários que devem ser reconhecidos como gastos do período em que
sejam incorridos, tais como:
a) quantias anormais de materiais desperdiçados, de mão de obra
ou de outros custos de produção;
65
b) custos de armazenamento, a menos que esses custos sejam
necessários ao processo de produção antes de uma nova fase de
produção;
c) gastos gerais administrativos que não contribuam para colocar os
inventários no seu local e na sua condição actuais; e
d) custos de vender.
Em termos de fórmulas de custeio a norma refere que deve ser utilizado o
custo específico, sempre que os inventários resultem de bens ou projectos
característicos e que não sejam geralmente intermutáveis. Nos restantes casos
é estabelecido a fórmula “primeira entrada, primeira saída” (FIFO), ou a fórmula
do custo médio ponderado.
Relativamente às divulgações exigidas, dispõe a NCRF-PE, no seu parágrafo
11.22 o seguinte:
11.22 — As demonstrações financeiras devem divulgar:
a) As políticas contabilísticas adoptadas na mensuração dos inventários, incluindo a fórmula de
custeio usada;
b) A quantia total escriturada de inventários e a quantia escriturada em classificações
apropriadas para a entidade;
c) A quantia de inventários escriturada pelo justo valor menos os custos de vender;
d) A quantia de inventários reconhecida como um gasto durante o período;
e) A quantia de qualquer ajustamento de inventários reconhecida como um gasto do período de
acordo com o parágrafo 11.20;
f) A quantia de qualquer reversão de ajustamento que tenha sido reconhecida como uma
redução na quantia de inventários reconhecida como gasto do período de acordo com o
parágrafo 11.20;
g) As circunstâncias ou acontecimentos que conduziram à reversão de um ajustamento de
inventários de acordo com o parágrafo 11.20; e
h) A quantia escriturada de inventários dados como penhor de garantia a passivos.
66
Desde logo a NCRF-PE estabelece a obrigatoriedade da divulgação das
políticas contabilísticas utilizadas na mensuração dos inventários incluindo a
fórmula de custeio usada.
Para além das descrições acima referidas, a norma exige um conjunto de
divulgações que na nossa opinião devem ser apresentadas através de quadros
demonstrativos, já que terá de ser divulgado a quantia dos inventários de
acordo com as classificações apropriadas, as quantias de inventários
reconhecidos como gastos no período, bem como as quantias de ajustamentos
nos inventários e reversão dos ajustamentos dos inventários ocorridos no
período.
CASO PRÁTICO N.º 6
A empresa apresenta nos seus inventários, no ano N, 3 apartamentos de
tipologia T2, com um custo unitário de 95.000 €, pelos quais publicita a venda
por um valor de 125.000 €, assumindo um custo de 5.000 € ao mediador
imobiliário por cada apartamento vendido. Durante o ano N, em consequência
da crise vivida no sector imobiliário os preços de venda sofreram uma redução
tendo sido vendidos em média por 105.000 € cada. Já no decorrer do ano N +
1, antes da divulgação das contas, foram vendidos dois apartamentos por
95.000 € cada, não existindo à data do encerramento das contas expectativa
da probabilidade do terceiro apartamento. Não houve qualquer alteração nas
condições estabelecidas com o mediador imobiliário.
67
Pedido: Registo das eventuais regularizações nos inventários à data do
Balanço e sua contabilização.
Natureza do problema: Inventários
NCRF PE (capítulo aplicável): 11
Reconhecimento e Mensuração:
Tal como o definido no § 11.1 da NCRF – PE, os inventários devem ser
mensurados pelo custo ou valor realizável líquido, dos dois o mais baixo.
O valor realizável líquido é definido no apêndice I na NCRF – PE, como o preço
de venda estimado no decurso ordinário da actividade empresarial menos os
custos estimados de acabamento e os custos estimados necessários para
efectuar a venda
A norma dispõe ainda, no seu § 11.17, que o custo dos inventários pode não
ser recuperável se esses inventários estiverem danificados, se se tornarem
total ou parcialmente obsoletos ou se os seus preços de venda tiverem
diminuído. O custo dos inventários pode também não ser recuperável se os
custos estimados de acabamento ou os custos estimados a serem incorridos
para realizar a venda tiverem aumentado. A prática de reduzir o custo dos
inventários (write down) para o valor realizável líquido é consistente com o
ponto de vista de que os activos não devem ser escriturados por quantias
superiores àquelas que previsivelmente resultariam da sua venda ou uso.
68
Resolução:
Custo de produção: 95.000 €
Custo de venda: 95.000 €
Valor de venda: 95.000 €
Valor realizável Líquido de cada apartamento: 90.000 € = 95.000 € (valor de
venda) – 5.000 € (custo estimados de venda)
Imparidade: 15.000 € = 3 * [95.000 € (custo de produção) – 90.000 € (valor
realizável líquido)]
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
652 Perdas por imparidade - Inventários
349 - Produtos acabados e intermédios - Perdas
por imparidade 15.000
Reconhecimento da imparidade exercício N
Aspectos relacionados com a divulgação no Anexo (§ 11.22 da NCRF PE):
- As políticas contabilísticas adoptadas na mensuração dos inventários,
incluindo a fórmula de custeio usada.
- A quantia total escriturada de inventários e a quantia escriturada em
classificações apropriadas para a entidade.
69
- A quantia de inventários escriturada pelo justo valor menos os custos
de vender.
- A quantia de inventários reconhecida como um gasto durante o
período.
- A quantia de qualquer ajustamento de inventários reconhecida como
um gasto do período.
- A quantia de qualquer reversão de ajustamento que tenha sido
reconhecida como uma redução na quantia de inventários reconhecida
como gasto do período.
- As circunstâncias ou acontecimentos que conduziram à reversão de
um ajustamento de inventários.
70
3.4.8. Rédito
O tratamento contabilístico do rédito no Sistema de Normalização Contabilística
apresenta uma forte semelhança, entre as disposições do capítulo que integra
a norma PE com as que constavam na já revogada Directriz contabilística n.º
26 - Rédito.
O capítulo 12 da norma PE respeita ao tratamento contabilístico do rédito
proveniente das vendas de bens, prestação de serviços e uso por outros de
activos da entidade que produzam juros, royalties e dividendos.
O rédito deve ser mensurado pelo justo valor da retribuição recebida ou a
receber, a qual, em geral, é determinada por acordo entre a entidade e o
comprador ou utente do activo, tomando em consideração a quantia de
quaisquer descontos comerciais e de quantidade concedidos pela entidade,
sendo que o rédito proveniente da venda de bens deve ser reconhecido
quando tiverem sido satisfeitas todas as condições seguintes:
a) a entidade tenha transferido para o comprador os riscos e
vantagens significativos da propriedade dos bens;
b) a entidade não mantenha envolvimento continuado de gestão com
grau geralmente associado com a posse, nem o controlo efectivo
dos bens vendidos;
c) a quantia do rédito possa ser fiavelmente mensurada;
d) seja provável que os benefícios económicos associados com a
transacção fluam para a entidade; e
e) os custos incorridos ou a serem incorridos referentes à transacção
possam ser fiavelmente mensurados.
71
Quando o desfecho de uma transacção que envolva a prestação de serviços
possa ser fiavelmente estimado, o rédito associado com a transacção deve ser
reconhecido com referência à fase de acabamento da transacção à data do
balanço.
É considerado que o desfecho de uma transacção pode ser fiavelmente
estimado quando todas as seguintes condições forem satisfeitas:
a) a quantia de rédito possa ser fiavelmente mensurada;
b) seja provável que os benefícios económicos associados à
transacção fluam para a entidade;
c) a fase de acabamento da transacção à data do balanço possa ser
fiavelmente mensurada; e
d) os custos incorridos com a transacção e os custos para concluir a
transacção possam ser fiavelmente mensurados.
Quando os serviços sejam desempenhados por um número indeterminado de
actos durante um período específico de tempo, o rédito é reconhecido numa
base de linha recta durante o período específico a menos que haja evidência
de que um outro método represente melhor a fase de acabamento. Quando um
acto específico seja muito mais significativo do que quaisquer outros actos, o
reconhecimento do rédito é adiado até que o acto significativo seja executado.
Quando o desfecho da transacção que envolva a prestação de serviços não
possa ser estimado com fiabilidade, o rédito somente deve ser reconhecido na
medida em que sejam recuperáveis os gastos reconhecidos.
No que respeita aos aspectos relacionados com divulgações verificamos as
seguintes exigências contempladas no ponto 12.12 da Norma PE.
72
12.12 — Uma entidade deve divulgar:
a) As políticas contabilísticas adoptadas para o reconhecimento do rédito incluindo os métodos
adoptados para determinar a fase de acabamento de transacções que envolvam a prestação
de serviços;
b) A quantia de cada categoria significativa de rédito reconhecida durante o período incluindo o
rédito proveniente de:
i) Venda de bens;
ii) Prestação de serviços;
iii) Juros;
iv) Royalties; e
v) Dividendos.
O preparador das demonstrações financeiras deverá assim divulgar no Anexo
quais as políticas contabilísticas adoptadas. Caso se entenda necessário, para
uma melhor compreensão dos critérios utilizados, deverá ser efectuada uma
explicação mais detalhada das condições de reconhecimento e mensuração.
Quando estejamos perante serviços que sejam desempenhados por um
número indeterminado de actos durante um período específico de tempo,
deverão ser igualmente divulgados os métodos adoptados para determinar a
fase de acabamento tal como previsto no § 12.8.
Relativamente à “quantia de cada categoria significativa de rédito durante o
período” poderá optar-se pela construção de um pequeno quadro que
evidencie os réditos obtidos no exercício individualizados pelas categorias
identificadas. Apesar de não ser referido na norma, e por uma questão de
comparabilidade, poderão ser inscritos os valores referentes ao período
anterior.
73
CASO PRÁTICO N.º 7
A empresa contratou a realização de um serviço de remodelação da fachada
de uma moradia sujeito às seguintes condições4:
- Valor negociado para a totalidade da remodelação: 10.000 €
- Período de execução de 6 meses: 1/10/N a 31/3/N+1
- Pagamento do serviço:
- 30% com a adjudicação do serviço;
- 70% um mês após a emissão da factura, que ocorrerá na data
da conclusão do serviço.
No que se refere aos custos, sabe-se que:
- Custos estimados para executar o serviço: 7.000 €
- Custos incorridos até 31/12/N: 2.800 €
- Custos totais incorridos até à conclusão do serviço: 7.500 €
Pedido: Contabilização das operações relativas aos anos N e N+1
Natureza do problema: Prestação de serviços (reconhecimento e
mensuração)
NCRF PE (capítulo aplicável): 12
4 Adaptado de ob. cit., p. 756
74
Reconhecimento e mensuração do rédito na prestação de serviços:
• O rédito deve ser reconhecido com referência à fase de acabamento da
transacção à data do balanço (§ 12.7 da NCRF PE)
• Para que o rédito possa ser reconhecido, é necessário que a transacção
possa ser fiavelmente estimada. Para isso tem de satisfazer todas as
condições seguintes (§ 12.7):
o a quantia de rédito possa ser fiavelmente mensurada;
o seja provável que os benefícios económicos associados à
transacção fluam para a entidade;
o a fase de acabamento da transacção à data do balanço possa ser
fiavelmente mensurada; e
o os custos incorridos com a transacção e os custos para concluir a
transacção possam ser fiavelmente mensurados.
• Quando os serviços sejam desempenhados por um número
indeterminado de actos durante um período específico de tempo, o
rédito é reconhecido numa base de linha recta durante o período
específico a menos que haja evidência de que um outro método
represente melhor a fase de acabamento. Refere o § 24 da NCRF 20
que a fase de acabamento pode ser determinada por um dos seguintes
métodos:
o Vistorias do trabalho executado;
75
o Serviços executados até à data, expressos como uma
percentagem do total dos serviços a serem executados;
o A proporção entre os custos incorridos até à data e os custos
totais estimados.
(Tendo em consideração os dados disponibilizados o método que melhor
representa a fase de acabamento – neste exemplo - é a “proporção entre os
custos incorridos até à data e os custos totais estimados”)
Resolução:
ANO N
- Valor do contrato da prestação de serviços: 10.000 €
- Período de execução: 1/10/N a 31/3/N+1
- Adjudicação (adiantamento): 30% * 10.000 € = 3.000 €
- Custos incorridos em N: 2.800 €
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
12 - Depósitos à Ordem
276 - Adiantamentos por conta de
vendas/prestação de serviços
3.000 1/10/N - Adiantamento com preço fixado
76
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
6x - Gastos diversos 12 D. Ordem / 221 Fornecedores c/c (…) 2.800 Durante o ano N - reconhecimento
dos gastos incorridos
À data do balanço de N, é necessário reconhecer o rédito do período, com referência à fase de acabamento, uma vez que o contrato da prestação de serviços é fiavelmente estimado:
% de acabamento = custos incorridos / custos totais estimados
= 2.800 € / 7.000 € = 40%
Rédito a reconhecer em n = 10.000 € * 40% = 4.000 €
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
2721 - Devedores por acréscimos de rendimentos
72 - Prestações de serviços 4.000 31/12/N - Reconhecimento do
rédito de N
77
ANO N + 1
Custos incorridos em N+1 = Custos totais incorridos – custos incorridos em N
= 7.500 € – 2.800 € = 4.700 €
Rédito a reconhecer em N+1 = Valor da prestação de serviços – Rédito de N
= 10.000 € - 4.000 € = 6.000 €
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
6x - Gastos diversos 12 D. Ordem / 221 Fornecedores c/c (…) 4.700 Até 31/3/N+1 - reconhecimento dos
gastos incorridos
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
211 - Clientes c/c 72 - Prestações de serviços 10.000 31/3/N+1 - Emissão da factura ao
cliente
276 - Adiantamentos por conta de
vendas/prestação de serviços
211 - Clientes c/c 3.000 31/3/N+1 - Regularização com preço fixado
72 - Prestações de serviços
2721 - Devedores por acréscimos de rendimentos
4.000 31/3/N+1 - Regularização do acréscimo de rendimentos
Com o recebimento da dívida remanescente:
78
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
12 - Depósitos à Ordem 211 - Clientes c/c 7.000 30/4/N+1 - Recebimento da dívida remanescente
Aspectos relacionados com a divulgação no Anexo (§ 12.12 da NCRF PE):
- Políticas contabilísticas adoptadas para o reconhecimento do rédito.
- Método adoptado para determinar a fase de acabamento de
transacções que envolvam a prestação de serviços.
- Para cada categoria significativa de rédito: a quantia reconhecida
durante o período
79
3.4.9. Provisões, passivos contingentes e activos contingentes
Para uma correcta e eficaz compreensão do capítulo 13 da NCRF-PE
deveremos numa primeira fase considerar as definições relacionadas:
provisões, passivos contingentes e activos contingentes.
Provisões — são obrigações sempre que se possa efectuar uma estimativa
fiável, são reconhecidas como passivos porque são obrigações presentes e é
provável que um exfluxo de recursos que incorporem benefícios económicos
será necessário para liquidar as obrigações; e
Passivos contingentes — que não são reconhecidos como passivos porque:
- são obrigações possíveis, uma vez que carecem de confirmação sobre
se a entidade tem ou não uma obrigação presente que possa conduzir a
um exfluxo de recursos que incorporem benefícios económicos; ou
- são obrigações presentes que não satisfazem os critérios de
reconhecimento deste capítulo, seja porque não é provável que será
necessário um exfluxo de recursos que incorporem benefícios
económicos para liquidar a obrigação, seja porque não pode ser feita
uma estimativa suficientemente fiável da quantia da obrigação.
Activos contingentes — que não são reconhecidos como activos pois são
possíveis activos provenientes de acontecimentos passados e cuja existência
80
somente será confirmada pela ocorrência ou não ocorrência de um ou mais
acontecimentos futuros incertos não totalmente sob o controlo da entidade.
Neste capítulo da NCRF-PE o termo “contingente” é usado para passivos e
activos que não sejam reconhecidos porque a sua existência somente será
confirmada pela ocorrência ou não ocorrência de um ou mais eventos futuros
incertos não totalmente sob o controlo da entidade.
As provisões só devem ser reconhecidas quando cumulativamente:
- Uma entidade tenha uma obrigação presente (legal ou construtiva)
como resultado de um acontecimento passado;
- Seja provável que um exfluxo de recursos que incorporem benefícios
económicos será necessário para liquidar a obrigação; e
- Possa ser feita uma estimativa fiável da quantia da obrigação.
Quando não seja claro se existe ou não uma obrigação presente, presume-se
que um acontecimento passado dá origem a uma obrigação presente se, tendo
em conta toda a evidência disponível, for mais provável do que não que tal
obrigação presente exista à data do balanço.
Um acontecimento passado que conduza a uma obrigação presente é
chamado um acontecimento que cria obrigações. Para um evento ser
considerado um acontecimento que cria obrigações, é necessário que a
entidade não tenha nenhuma alternativa realista senão liquidar a obrigação por
ele criada, o que apenas ocorre:
- Quando a liquidação da obrigação possa ser imposta legalmente, ou
- No caso de uma obrigação construtiva, quando o evento crie
expectativas válidas em terceiros de que ela cumprirá a obrigação.
81
Por outro lado os Activos e Passivos contingentes não são reconhecidos. Os
Passivos contingentes apenas são divulgados, a menos que seja remota a
possibilidade de um exfluxo de recursos que incorporem benefícios
económicos. Os Activos contingentes poderão ser divulgados quando for
provável um influxo de benefícios económicos.
O quadro anexo ao capítulo 13 da NCRF-PE resume os principais requisitos de
reconhecimento auxiliando o preparador das demonstrações financeiras na
distinção de provisões e passivos contingentes.
82
Relativamente às divulgações exigidas no Anexo dispõe a NCRF-PE o
seguinte:
13.30 — Para cada classe de provisão, uma entidade deve divulgar:
a) A quantia escriturada no começo e no fim do período;
b) As provisões adicionais feitas no período, incluindo aumentos nas provisões existentes;
c) As quantias usadas (isto é, incorridas e debitadas à provisão) durante o período;
d) Quantias não usadas revertidas durante o período;
e) O aumento durante o período na quantia descontada proveniente da passagem do tempo e
o efeito de qualquer alteração na taxa de desconto;
f) A quantia de qualquer reembolso esperado, declarando a quantia de qualquer activo que
tenha sido reconhecido para esse reembolso esperado;
g) Informações pormenorizadas sobre as provisões de carácter ambiental; e
h) Passivos de carácter ambiental, materialmente relevantes, que estejam incluídos em cada
uma das rubricas do Balanço.
Poderá optar-se pela construção de um quadro que evidencie para cada classe
de provisão os saldos iniciais e finais com as respectivas variações, tal como já
era preconizado no anterior normativo contabilístico no Anexo ao Balanço e à
Demonstração dos Resultados.
No tratamento das provisões também se enquadram as de carácter ambiental
pelo que caso ocorram situações que se englobem no conceito de provisão
também deverão, para além do reconhecimento, ser divulgadas no Anexo de
uma forma pormenorizada conforme indicado nas alíneas g) e h) do parágrafo
13.30 da NCRF-PE.
A quantia reconhecida como uma provisão deve ser a melhor estimativa do
dispêndio exigido para liquidar a obrigação presente à data do balanço, tendo
em consideração os riscos e incertezas que inevitavelmente rodeiam os
acontecimentos.
as provisões devem ser revistas à data de cada balanço e ajustadas para
reflectir a melhor estimativa corrente. Se deixar de ser provável que será
83
necessário um exfluxo de recursos que incorporem benefícios económicos
futuros para liquidar a obrigação, a provisão deve ser revertida.
13.31 — Para cada classe de passivo contingente à data do balanço, uma entidade deve
divulgar uma breve descrição da natureza do passivo contingente.
Tendo em consideração o conceito de passivo contingente, não sendo
reconhecido, deve ser divulgado no Anexo descrevendo a natureza do mesmo.
13.32 — Quando um influxo de benefícios económicos for provável, uma entidade deve
divulgar uma breve descrição da natureza dos activos contingentes à data do balanço.
À semelhança do passivo contingente também um activo contingente não é
reconhecido devendo ser divulgado no Anexo uma descrição da sua natureza.
CASO PRÁTICO N.º 8
A empresa vendeu, no ano N, 100 máquinas ligadas à construção civil, pelo
valor unitário de 6.000 €, concedendo um período de garantia de 2 anos.
Com base no histórico dos últimos 3 anos, os custos totais de reparação, que
se espera que ocorram dentro do período da garantia, estão estimados em
14.000 €.
Sabe-se, ainda, que os custos das reparações efectuadas sobre aquelas
máquinas, no ano N+1, ascenderam a 6.000 € e que, da revisão das
estimativas efectuadas à data do Balanço de N+1, espera-se que os dispêndios
84
ainda a incorrer até ao final do período da garantia daquelas 100 máquinas se
cifre em 10.000 €.
Pedido: Contabilização dos gastos com o reconhecimento inicial da garantia a
clientes, das reparações realizadas em N e da alteração da estimativa do valor
da reparações a efectuar durante o restante período da garantia.
Natureza do problema: Reconhecimento inicial, uso e alterações de provisões
para garantias a clientes
NCRF PE (capítulo aplicável): 13
Reconhecimento e mensuração: Verificação das condições para o
reconhecimento de uma provisão:
- Existe um acontecimento passado (venda das máquinas) que gera uma
obrigação presente de natureza legal – período mínimo de garantia 2 anos
- É provável que um exfluxo de recursos que incorporem benefícios
económicos seja necessário para liquidar a obrigação, uma vez que, segundo o
histórico da empresa é normal que no processo de venda e pós-venda de
produtos os clientes solicitem reparação dos produtos quando estes estão no
período de garantia.
- Existe uma estimativa fiável da quantia da obrigação presente. Para a
mensuração das garantias a clientes, regra geral, a estimativa é efectuada
tendo por base o historial da empresa no que respeita a reparações efectuadas
no período de garantia, procurando-se determinar uma taxa média desses
gastos sobre o volume de vendas dos produtos objecto de garantia.
85
Tendo em consideração o referido, podemos concluir que estão cumpridos os
critérios de reconhecimento desta obrigação. Assim, o gasto da provisão deve
ser reconhecido no ano da alienação dos bens objecto de garantia, ou seja, no
ano N.
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
672 - Provisões do período - Garantias a
clientes
292 - Provisões - Garantias a clientes 14.000 31/12/N - Reconhecimento da
provisão para garantias a clientes
Durante o ano N+1 – Uso da provisão para garantias a clientes
Uma provisão só deve ser usada para os dispêndios relativos aos quais a
provisão foi originalmente reconhecida (§ 13.25 da NCRF-PE).
As subcontas da conta 29 – Provisões, devem ser utilizadas directamente pelos
dispêndios para que foram reconhecidas, sem prejuízo das reversões a que
haja lugar (nota de enquadramento à conta 29).
No caso em concreto, os gastos com as reparações efectuadas no âmbito da
garantia a clientes ascenderam, durante o ano N+1, a 6.000 €.
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
292 - Provisões - Garantias a clientes
12 - Depósitos à ordem / 221 Fornecedores C/C 6.000 Durante N+1 - Uso parcial da
provisão para garantias a clientes
86
Em 31 de Dezembro de N+1 – Alterações em provisões
As provisões devem ser revistas à data de cada balanço e ajustadas para
reflectir a melhor estimativa corrente. Se deixar de ser provável que será
necessário um exfluxo de recursos que incorporem benefícios económicos
futuros para liquidar a obrigação, a provisão deve ser revertida (§13.23 da
NCRF-PE).
Revisão da estimativa da provisão em 31/12/N+1:
- Montante da provisão por utilizar: 14.000 € - 6.000 € = 8.000 €
- Gastos estimados a incorrer em N+2 = 10.000 €
- Reforço da provisão: 10.000 € - 8.000 € = 2.000 €
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
672 - Provisões do período - Garantias a
clientes
292 - Provisões - Garantias a clientes 2.000 31/12/N+1 - Reforço da provisão
para garantias a clientes
Aspectos relacionados com a divulgação no Anexo (§ 13.30 da NCRF PE):
Conforme disposto no parágrafo 13.30 da NCRF-PE para cada classe de
provisão, uma entidade deve divulgar:
- A quantia escriturada no começo e no fim do período.
- As provisões adicionais feitas no período, incluindo aumentos nas
provisões existentes.
87
- As quantias usadas (isto é, incorridas e debitadas à provisão) durante o
período.
- Quantias não usadas revertidas durante o período.
- O aumento durante o período na quantia descontada proveniente da
passagem do tempo e o efeito de qualquer alteração na taxa de desconto.
- A quantia de qualquer reembolso esperado, declarando a quantia de
qualquer activo que tenha sido reconhecido para esse reembolso esperado.
- Informações pormenorizadas sobre as provisões de carácter ambiental.
- Passivos de carácter ambiental, materialmente relevantes, que estejam
incluídos em cada uma das rubricas do Balanço.
88
3.4.10. Subsídios do governo
Os subsídios do Governo, incluindo os subsídios não monetários, devem ser
apresentados no balanço como componente do capital próprio, e imputados
como rendimentos do exercício na proporção das amortizações efectuadas em
cada período, tal como referido no ponto 14.9 da NCRF-PE.
Verificamos que os subsídios do Governo apenas sofreram modificação
naqueles que estão relacionados com activos, sendo apresentados no balanço
como componente do capital próprio e não como passivo (procedimento
adoptado no anterior normativo contabilístico).
Relativamente às divulgações exigidas no Anexo dispõe a NCRF-PE o
seguinte:
14.14 — Devem ser divulgados os assuntos seguintes:
a) A política contabilística adoptada para os subsídios do Governo, incluindo os métodos de
apresentação adoptados nas demonstrações financeiras;
b) A natureza e extensão dos subsídios do Governo reconhecidos nas demonstrações
financeiras e indicação de outras formas de apoio do Governo de que a entidade tenha
directamente beneficiado; e
c) Condições não satisfeitas e outras contingências ligadas ao apoio do Governo que tenham
sido reconhecidas.
Os subsídios do Governo, incluindo subsídios não monetários, só devem ser
reconhecidos após existir segurança de que:
a) A entidade cumprirá as condições a eles associadas; e
b) Os subsídios serão recebidos.
89
A maneira pela qual um subsídio é recebido não afecta o método contabilístico
a ser adoptado com respeito ao subsídio, pelo que um subsídio é contabilizado
da mesma maneira quer ele seja recebido em dinheiro quer como redução de
um passivo para com o Governo. Deverá a empresa divulgar qual o tipo de
subsídio recebido e os critérios contabilísticos utilizados no seu
reconhecimento.
Todos os subsídios recebidos deverão ser divulgados indicando a linha de
apoio sobre o qual recebeu aprovação, bem como os valores de investimento e
subsídios atribuídos, monetários ou não monetários bem como a fundo perdido
ou reembolsáveis.
Caso ocorram contingências relacionadas com o subsídio aprovado ou não
sejam cumpridas condições contratuais, devem ser clarificadas no Anexo. Se o
subsídio do Governo tiver sido reconhecido, qualquer contingência relacionada
será tratada de acordo com o capítulo 13 — Provisões, Passivos Contingentes
e Activos Contingentes.
CASO PRÁTICO N.º 9
A empresa apresentou um estudo económico para a construção de um edifício
fabril, com o intuito de obter um subsídio a fundo perdido que, segundo os
critérios de atribuição, se situa nos 25% do valor da construção. O projecto foi
aprovado em N-2. O custo total da construção do edifício fabril, apresentado e
aprovado para efeitos do projecto foi de 200.000 €.
90
Os dados relativos à construção são os seguintes
- Data de início da construção: 20 de Janeiro de N-1;
- Data do termo da construção: 30 de Junho de N;
- Data da entrada em funcionamento: 1 de Janeiro de N+1.
Em Janeiro de N-1 foi recebido metade do subsídio e o restante no final da
construção.
O edifício fabril tem uma vida útil estimada de 20 anos.
Pedidos:
1) Lançamento no final da construção do imóvel.
2) Lançamentos contabilísticos relacionados com o subsídio até 31 de
Dezembro de N.
Natureza do problema: Problemática do reconhecimento inicial e mensuração
subsequente do subsídio não reembolsável relacionado com activos
depreciáveis.
NCRF PE (capítulos aplicáveis): 7 e 14
91
Resolução:
1) Lançamento no final da construção do imóvel.
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
432 - Activos fixos tangíveis - Edifícios e outras construções
453 - Investimentos em curso - Activos fixos tangíveis em curso
200.000 30/6/N - Final construção do edifício
Embora a entrada em funcionamento do edifício tenha ocorrido em Janeiro de
N+1, em finais de Junho do ano anterior admite-se que o activo já se
encontrava em condições para ser utilizado. Nos termos do ponto 7.17 da
NCRF-PE, “A depreciação de um activo começa quando este esteja disponível
para uso, i.e. quando estiver na localização e condição necessárias para que
seja capaz de operar na forma pretendida.”
Assim em N a empresa deve reconhecer os gastos de depreciação do edifício
relativos ao segundo semestre deste ano. Contudo chamamos atenção para o
facto de, e tal como referido na parte final do mesmo ponto 7.17 da NCRF-PE
“segundo os métodos de uso da depreciação, o gasto de depreciação pode ser
zero enquanto não houver produção”.
92
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
642 - Gastos de depreciação e de
amortização - Activos fixos tangíveis
438 - Activos fixos tangíveis - Depreciações
acumuladas 5.000 31/12/N - Depreciação do período
Depreciação de N = 200.000 € / 20 * 6/12 = 5.000 €
2) Lançamentos contabilísticos relacionados com o subsídio até 31 de Dezembro de N
Em N-2 a empresa teve a comunicação da aprovação do subsídio, que
ascende a 50.000 € (25% * 200.000 €). Admitindo que nessa data aquela
decisão foi alvo de contratualização e que se verificam os critérios de
reconhecimento previsto no capítulo 14 da NCRF-PE, existe segurança
razoável de que a entidade cumprirá as condições associadas ao subsídio e o
subsídio será recebido deve-se efectuar o seguinte lançamento contabilístico
em N-2:
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
278 - Outras contas a receber e a pagar - Outros devedores e
credores
593 - Outras variações no capital próprio -
subsídios 50.000 Dez./N-2 - Reconhecimento inicial
do subsídio
Posteriormente, registar-se-á o recebimento do subsídio em duas tranches de 25.000 € cada:
93
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
12 - Depósitos à ordem
278 - Outras contas a receber e a pagar - Outros devedores e
credores
25.000 Jan./N-1 - Recebimento primeira tranche do subsídio
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
12 - Depósitos à ordem
278 - Outras contas a receber e a pagar - Outros devedores e
credores
25.000 Jun./N - Recebimento segunda tranche do subsídio
Nos termos do ponto 14.5 da NCRF-PE Os subsídios do Governo não
reembolsáveis relacionados com activos fixos tangíveis e intangíveis devem ser
inicialmente reconhecidos nos Capitais Próprios e subsequentemente
imputados numa base sistemática como rendimentos durante os períodos
necessários para balanceá-los com os gastos relacionados que se pretende
que eles compensem.
No caso em concreto, como apenas em Julho de N se começou a registar os
gastos associados ao edifício, por via da depreciação, também só a partir desta
data deverá ser imputada a parte proporcional do subsídio a rendimentos.
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
593 - Outras variações no capital próprio -
subsídios
7883 - Outros rendimentos e ganhos - Outros - Imputação de
subsídios para investimento
1.250 31.12.N - Imputação parcial do subsídio a rendimentos
50.000 € /20 * 6/12 = 1.250 €
94
Aspectos relacionados com a divulgação do subsídio no Anexo (§ 14.14
da NCRF PE):
- Política contabilística adoptada para os subsídios do Governo,
incluindo os métodos de apresentação adoptados nas demonstrações
financeiras.
- Natureza e extensão dos subsídios do Governo reconhecidos nas
demonstrações financeiras e indicação de outras formas de apoio do
Governo de que a entidade tenha directamente beneficiado.
- Condições não satisfeitas e outras contingências ligadas ao apoio do
Governo que tenham sido reconhecidas.
95
3.4.11. Efeitos de alterações em taxas de câmbio
Uma transacção em moeda estrangeira é uma transacção que seja
denominada ou exija liquidação numa moeda estrangeira, incluindo
transacções que resultem de:
- Quando uma entidade compra ou vende bens ou serviços cujo preço
seja denominado numa moeda estrangeira;
- Quando uma entidade pede emprestado ou empresta fundos quando
as quantias a pagar ou a receber sejam estabelecidas numa moeda
estrangeira; ou
- Quando uma entidade por qualquer forma adquire ou aliena activos ou
incorre ou liquida passivos, denominados numa moeda estrangeira.
A NCRF-PR determina que uma transacção em moeda estrangeira deve ser
registada, no momento do reconhecimento inicial na moeda funcional, pela
aplicação à quantia de moeda estrangeira da taxa de câmbio entre a moeda
funcional e a moeda estrangeira à data da transacção. Posteriormente, à data
de cada balanço:
- Os itens monetários em moeda estrangeira devem ser transpostos pelo
uso da taxa de fecho;
- Os itens não monetários que sejam mensurados em termos de custo
histórico numa moeda estrangeira devem ser transpostos pelo uso da
taxa de câmbio à data da transacção;
96
- Os itens não monetários que sejam mensurados pelo justo valor numa
moeda estrangeira devem ser transpostos pelo uso das taxas de câmbio
que existiam quando os valores foram determinados.
No que respeita aos aspectos relacionados com a divulgação verificamos a
seguinte exigência contemplada no ponto 15.6 da NCRF-PE.
15.6 — Uma entidade deve divulgar a quantia das diferenças de câmbio reconhecidas nos
resultados.
CASO PRÁTICO N.º 10
A sociedade vendeu em 30 de Novembro de N, material para um cliente nos
Estados Unidos da América, tendo emitido uma factura no montante 100.000
USD. A moeda funcional é o euro (€). O câmbio do dólar nessa data era de $ 1
USD = 0,87 €. À data 31 de Dezembro de N a factura ainda não se encontrava
paga, não havendo no entanto risco de cobrança.
Pedidos:
1) Registo da venda.
2) Tendo em consideração que em 31 de Dezembro de N ainda se encontrava
por pagar a referida factura, e que o câmbio, nesta data era de $ 1 USD = 0,83
€, contabilize as operações que entenda adequadas.
97
3) Tendo em consideração a situação referida anteriormente, mas admitindo
que o câmbio, nesta data era de $ 1 USD = 0,93 €, contabilize as operações
que entenda adequadas.
4) O recebimento da dívida ocorreu em 31 de Janeiro de N+1, sendo o câmbio
nessa data de $ 1 USD = 0,90 €. Admita o câmbio em 31 de Dezembro de N de
$ 1 USD = 0,93 €.
Natureza do problema: Apuramento de diferenças de câmbio.
NCRF PE (capítulo aplicável): 15
Reconhecimento e mensuração:
O capítulo 15 da NCRF-PE prescreve como se devem incluir transacções em
moeda estrangeira nas demonstrações financeiras de uma entidade.
Uma transacção em moeda estrangeira deve ser registada, no momento do
reconhecimento inicial na moeda funcional, pela aplicação à quantia de moeda
estrangeira da taxa de câmbio entre a moeda funcional e a moeda estrangeira
à data da transacção.
À data de cada balanço os itens monetários em moeda estrangeira devem ser
transpostos pelo uso da taxa de fecho.
As diferenças de câmbio, relativas à actividade operacional, resultantes da
liquidação de itens monetários ou do relato de itens monetários de uma
entidade a taxas diferentes das que foram inicialmente registadas durante o
período, ou relatadas em demonstrações financeiras anteriores devem ser
reconhecidas nos resultados do período em que ocorram:
98
6887 – Diferenças de câmbio desfavoráveis
7887 – Diferenças de câmbio favoráveis
Quando a transacção é liquidada num período contabilístico subsequente
àquele em que ocorreu, a diferença de câmbio reconhecida em cada período
até à data de liquidação é determinada pela alteração nas taxas de câmbio
durante cada período.
Resolução:
1) Registo da venda
Na data da operação:
- O registo contabilístico é efectuado ao câmbio da data considerada
para a operação, salvo se o câmbio estiver fixado entre as partes.
- Uma alienação em moeda estrangeira deve ser registada no
reconhecimento inicial na moeda funcional, pela aplicação à quantia da moeda
estrangeira da taxa de câmbio entre a moeda funcional (que no nosso caso é o
euro) e a moeda estrangeira à data da aquisição.
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
2111 - Clientes - Clientes C/C . - Clientes
Gerais
7123 - Vendas - Produtos Acabados - Vendas para países
terceiros
87.000 30/11/N - Registo da venda
99
2) Tendo em consideração que em 31 de Dezembro de N ainda se encontrava por pagar a referida factura, e que o câmbio, nesta data era de $ 1 USD = 0,83 €, contabilize as operações que entenda adequadas.
Na data de fecho do Balanço ou data de relato:
- À data de cada balanço, as contas a receber em moeda estrangeira
devem ser actualizadas pelo uso da taxa de fecho, excepto se o câmbio tiver
sido fixado entre as partes;
Câmbio na data da operação: 1 USD = 0,87 €
Câmbio em 31/12/N: 1 USD = 0,83 €
Diferença de câmbio = $ 100.000 USD * (0,87 € – 0,83 €) = 4.000 €
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
6887 - Outros Gastos e Perdas - Outros -
Diferenças de câmbio desfavoráveis
2111 - Clientes - Clientes C/C . - Clientes
Gerais 4.000 31/12/N - Actualização do câmbio
3) Tendo em consideração a situação referida anteriormente, mas admitindo que o câmbio, nesta data era de $ 1 USD = 0,93 €, contabilize as operações que entenda adequadas.
100
Câmbio na data da operação: 1 USD = 0,87 €
Câmbio em 31/12/N: 1 USD = 0,93 €
Diferença de câmbio = $ 100.000 USD * (0,93 € – 0,87 €) = 6.000 €
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
2111 - Clientes - Clientes C/C . - Clientes
Gerais
7887 - Outros rendimentos e ganhos - Outros - Diferenças de
câmbio favoráveis
6.000 31/12/N - Actualização do câmbio
4) O recebimento da dívida ocorreu em 31 de Janeiro de N+1, sendo o câmbio nessa data de $ 1 USD = 0,90 €. Admita o câmbio em 31 de Dezembro de N de $ 1 USD = 0,93 €.
Na data do recebimento:
- É necessário apurar a diferença entre o valor recebido, por aplicação da taxa de câmbio da data do recebimento, e o valor escriturado.
Câmbio em 31/12/N: 1 USD = 0,93 €
Diferença de câmbio = $ 100.000 USD * (0,93 € – 0,90 €) = 3.000 €
Valor do recebimento: $ 100.000 USD * 0,90 € = 90.000 €
101
Contas a débito Valor (€) Conta a crédito Valor (€) Descrição
12 - Depósitos à ordem 90.000
2111 - Clientes - Clientes C/C . - Clientes
Gerais 93.000 31/1/N+1 - Recebimento
6887 - Outros Gastos e Perdas - Outros -
Diferenças de câmbio desfavoráveis
3.000
Aspectos relacionados com a divulgação (§ 15.6 da NCRF PE):
- Uma entidade deve divulgar a quantia das diferenças de câmbio reconhecidas nos resultados.
102
3.4.12. Impostos sobre o rendimento
Prescreve o capítulo 16 da NCRF-PE que o tratamento contabilístico dos
impostos sobre o rendimento é, salvo disposição específica, o método do
imposto a pagar e mensurados pela quantia que se espera que seja paga
(recuperada de) às autoridades fiscais, usando as taxas fiscais (e leis fiscais)
aprovadas à data do balanço.
Os impostos correntes para períodos correntes e anteriores devem, na medida
em que não estejam pagos, ser reconhecidos como passivos. Se a quantia já
paga com respeito a períodos correntes e anteriores exceder a quantia devida
para esses períodos, o excesso deve ser reconhecido como um activo.
Tal como já era previsto no anterior normativo contabilístico a contabilização
dos efeitos de impostos correntes de uma transacção ou de outro
acontecimento é consistente com a contabilização da transacção ou do próprio
acontecimento. Assim, relativamente, a transacções e outros acontecimentos
reconhecidos nos resultados, qualquer efeito fiscal relacionado também é
reconhecido nos resultados. No que diz respeito a transacções e outros
acontecimentos reconhecidos directamente no capital próprio, qualquer efeito
fiscal relacionado também é reconhecido directamente no capital próprio, caso
em que o imposto corrente deve ser debitado ou creditado directamente nessa
rubrica.
Relativamente aos aspectos relacionados com a compensação de saldos uma
entidade deve compensar activos por impostos correntes e passivos por
impostos correntes nas suas demonstrações financeiras se, e somente se, a
entidade:
103
- Tiver um direito legalmente executável para compensar quantias
reconhecidas; e
- Pretender liquidar numa base líquida, ou realizar o activo e liquidar
simultaneamente o passivo.
No que se refere aos aspectos relacionados com a divulgação deverão ser
divulgados separadamente:
- Gasto (rendimento) por impostos correntes;
- Quaisquer ajustamentos reconhecidos no período de impostos
correntes de períodos anteriores;
- A natureza e quantia do gasto (rendimento) de imposto reconhecido
directamente em capitais próprios.
tal como previsto no parágrafo 16.8 da NCRF-PE:
16.8 — Devem ser divulgados separadamente:
a) Gasto (rendimento) por impostos correntes;
b) Quaisquer ajustamentos reconhecidos no período de impostos correntes de períodos
anteriores;
c) A natureza e quantia do gasto (rendimento) de imposto reconhecido directamente em
capitais próprios.
104
3.4.13. Instrumentos financeiros
O capítulo 17 da NCRF-PE aplica-se aos instrumentos financeiros com
excepção de:
- Investimentos em subsidiárias, associadas e empreendimentos
conjuntos;
- Direitos e obrigações no âmbito de um plano de benefícios a
empregados;
- Direitos no âmbito de um contrato de seguro a não ser que o contrato
de seguro resulte numa perda para qualquer das partes em resultado
dos termos contratuais que se relacionem com:
- Alterações no risco segurado;
- Alterações na taxa de câmbio;
- Entrada em incumprimento de uma das partes;
- Locações, a não ser que a locação resulte numa perda para o locador
ou locatário como resultado dos termos do contrato que se relacionem
com:
- Alterações no preço do bem locado;
- Entrada em incumprimento de uma das contrapartes.
A regra geral de reconhecimento é que uma entidade deve reconhecer um
activo financeiro, um passivo financeiro ou um instrumento de capital próprio
apenas quando se torne uma parte das disposições contratuais do instrumento.
Na medida em que as partes de capital sejam subscritas mas nenhum dinheiro
ou outro recurso tenha sido recebido, nenhum aumento de capital próprio
deverá ser reconhecido. Contudo, se os recursos ou dinheiro forem recebidos
105
antes da emissão de acções e a entidade não puder ser obrigada a devolver
tais recursos ou dinheiro, a entidade deve reconhecer um aumento de capital
próprio até ao limite da quantia recebida.
Se uma entidade adquirir ou readquirir os seus próprios instrumentos de capital
próprio, esses instrumentos (“quotas/acções próprias”) devem ser reconhecidos
como dedução ao capital próprio. A quantia a reconhecer deve ser o justo valor
da retribuição paga pelos respectivos instrumentos de capital próprio. Uma
entidade não deve reconhecer qualquer ganho ou perda na demonstração de
resultados decorrente de qualquer compra, venda emissão ou cancelamento de
acções próprias.
Relativamente às divulgações exigidas no Anexo dispõe a NCRF-PE o
seguinte:
17.19 — Uma entidade deve divulgar as bases de mensuração, bem como as politicas
contabilísticas utilizadas para a contabilização de instrumentos financeiros, que sejam
relevantes para a compreensão das demonstrações financeiras.
17.20 — Para todos os instrumentos financeiros mensurados ao justo valor, a entidade deve
divulgar a respectiva cotação de mercado.
17.21 — Se uma entidade tiver transferido activos financeiros para uma outra entidade numa
transacção que não se qualifique para desreconhecimento, a entidade deve divulgar, para cada
classe de tais activos financeiros:
a) A natureza dos activos;
b) A natureza dos riscos e benefícios de detenção a que a entidade continue exposta;
c) As quantias escrituradas dos activos e de quaisquer passivos associados que a entidade
continue a reconhecer.
17.22 — Quando uma entidade tenha dado em garantia, penhor ou promessa de penhor
activos financeiros, deverá divulgar:
a) A quantia escriturada de tais activos financeiros; e
b) Os termos e condições relativos à garantia, penhor ou promessa de penhor.
106
17.23 — Para empréstimos contraídos reconhecidos à data do balanço, uma entidade deve
divulgar as situações de incumprimento.
17.24 — As sociedades anónimas devem divulgar o número de acções representativas do
capital social da entidade, as respectivas categorias e o seu valor nominal.
17.25 — A entidade deve divulgar as quantias de aumentos de capital realizados no período e
a dedução efectuada como custos de emissão bem como, separadamente, as quantias e
descrição de outros instrumentos de capital próprio emitidos e a respectiva quantia acumulada
à data do balanço.
Uma entidade deve mensurar os seguintes instrumentos financeiros ao custo
menos perda por imparidade:
- Instrumentos tais como clientes, fornecedores, contas a receber,
contas a pagar ou empréstimos bancários, incluindo os em moeda
estrangeira;
- Contratos para conceder ou contrair empréstimos; e
- Instrumentos de capital próprio que não sejam negociados
publicamente.
Os instrumentos financeiros negociados em mercado líquido e regulamentado,
devem ser mensurados ao justo valor, reconhecendo-se as variações deste por
contrapartida de resultados do período. Os custos de transacção só podem ser
incluídos na mensuração inicial do activo financeiro ou passivo financeiro,
desde que este seja mensurado ao custo menos perda por imparidade e todos
os custos associados à emissão de instrumentos de capital próprio devem ser
deduzidos à quantia inscrita no respectivo capital próprio.
À data de cada período de relato financeiro, uma entidade deve avaliar todos
os activos financeiros que não sejam mensurados ao justo valor por
107
contrapartida de resultados. Se existir uma evidência objectiva de imparidade,
a entidade deve reconhecer uma perda por imparidade na demonstração dos
resultados.
CASO PRÁTICO N.º 11
A sociedade detém uma carteira de acções diversificada registada na conta
1421 – Outros instrumentos financeiros – Activos Financeiros. Dada a baixa
generalizada das cotações verificada nos últimos anos, o órgão de gestão da
sociedade tem uma grande expectativa que o mercado retomará brevemente a
tendência de subida.5
Em 20 de Novembro de N, a conta 1421 – Outros instrumentos financeiros –
Activos Financeiros apresentava a seguinte decomposição:
Conta Descrição Saldo (€)
14211 Acções da sociedade A (Quantidade 6.000) 25.800 14212 Acções da sociedade B (Quantidade 5.000) 15.000 14213 Acções da sociedade C (Quantidade 2.000) 10.000
Total 50.800
Outras informações:
1. Em 21 de Novembro de N, foram alienadas 50% das acções da sociedade A
detidas em carteira com as seguintes condições de venda:
5 Adaptado de ob. cit. p. 167 e ss.
108
- Valor unitário: 4,5 €;
- Despesas de transacção: 10 €
2. A cotação das acções em carteira, em 31 de Dezembro de N, era a seguinte:
- Sociedade A: 4 €;
- Sociedade B: 3,5 €;
- Sociedade C: 5 €
Pedido: Registo das operações, realizadas em N, para que o Balanço de 31 de
Dezembro de N apresente de forma adequada a posição financeira da
empresa.
Natureza do problema:
Desreconhecimento de instrumentos financeiros
Alterações de justo valor numa carteira de acções
NCRF PE (capítulo aplicável): 17
Reconhecimento e mensuração dos instrumentos financeiros
O § 17.8 da NCRF-PE refere que “Os instrumentos financeiros negociados em
mercado líquido e regulamentado, devem ser mensurados ao justo valor,
reconhecendo-se as variações deste por contrapartida de resultados do
período”.
As notas de enquadramento do SNC referem que a conta “14 – Instrumentos
financeiros” visa reconhecer todos os instrumentos financeiros que não sejam
109
caixa ou depósitos bancários que não incluam derivados, que sejam
mensurados ao justo valor cujas alterações sejam reconhecidas na
demonstração dos resultados.
Resolução:
1) Alienação de 50% de acções da sociedade A
- Custo unitário de cada acção = 25.800 € / 6.000 acções = 4,3 € acção
- Custo das acções vendidas = 3.000 acções * 4,3 € = 12.900 €
- Valor bruto da venda das 3.000 acções = 3.000 acções * 4,5 € = 13.500 €
- Despesas de transacção = 10 €
- Valor líquido da venda = 13.500 € - 10 € = 13.490 €
- Ganho na alienação das acções = 13.490 € - 12.900 € = 590 €
Conta a débito Valor (€) Contas a crédito Valor (€) Descrição
12 - Depósitos à ordem 13.490
14211 – Outros Instrumentos financeiros
- Instrumentos Financeiros detidos para
negociação - Activos financeiros - Acções da
sociedade A
12.900
Registo da alienação das acções
78 - Outros rendimentos e ganhos - Ganhos em
outros instrumentos financeiros
590
110
2) Registo das alterações do justo valor das acções em carteira (31/12/N)
• Acções da sociedade A
o N.º acções em carteira = 3.000
o Cotação escriturada = 12.900 € (3000 * 4,3)
o Cotação em 31/12/N = 4 €
o Perda por redução do justo valor = 3.000 acções * (4,3 € - 4 €) = 900 €.
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
661 - Perdas por redução de justo valor -
Em instrumentos financeiros
14211 - Outros Instrumentos financeiros
- Instrumentos Financeiros detidos para
negociação - Activos financeiros - Acções da
sociedade A
900 31/12/N - Perdas por redução de justo valor
• Acções da sociedade B
o N.º acções em carteira = 5.000
o Justo valor em 31/12/N = 5.000 * 3,5 € = 17.500 €
o Quantia escriturada = 15.000 €
o Ganho por aumento de justo valor = 17.500 € - 15.000 € = 2.500 €
111
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
14212 - Outros Instrumentos financeiros
- Instrumentos Financeiros detidos para
negociação - Activos financeiros - Acções da
sociedade B
771 – Ganhos por aumentos de justo valor
- Em instrumentos financeiros
2.500 31/12/N - Ganhos por aumento de justo valor
• Acções da sociedade C
o N.º acções em carteira = 2.000
o Justo valor em 31/12/N = 2.000 * 5 € = 10.000 €
o Quantia escriturada = 10.000 €
o Não há alterações de justo valor a registar
Aspectos relacionados com a divulgação (§ 17.19 e 17.20 da NCRF PE):
- Bases de mensuração, bem como as politicas contabilísticas utilizadas
para a contabilização de instrumentos financeiros, que sejam relevantes
para a compreensão das demonstrações financeiras.
- Para todos os instrumentos financeiros mensurados ao justo valor, a
entidade deve divulgar a respectiva cotação de mercado.
112
3.4.14. Benefícios dos empregados
O capítulo 18 da norma PE aplica-se aos benefícios dos empregados. Neste
âmbito dispõe que uma entidade deve reconhecer:
- Um passivo quando um empregado tiver prestado serviços em troca de
benefícios a pagar no futuro; e
- Um gasto quando a entidade consumir o benefício económico
proveniente do serviço proporcionado por um empregado em troca
desses benefícios.
Os benefícios dos empregados aos quais este capítulo se aplica são os
seguintes:
- A benefícios de curto prazo, tais como salários, ordenados e
contribuições para a segurança social, licença anual paga e licença por
doença paga, participação nos lucros e gratificações (se pagáveis dentro
de doze meses a contar do final do período) e benefícios não monetários
(tais como cuidados médicos, alojamento, automóveis e bens ou
serviços gratuitos ou subsidiados) relativos aos empregados correntes; e
- A benefícios de cessação de emprego.
Os benefícios dos empregados incluem os benefícios proporcionados quer a
empregados quer aos seus dependentes e podem ser liquidados por
pagamentos (ou o fornecimento de bens e serviços) feitos quer directamente
aos empregados, aos seus cônjuges, filhos ou outros dependentes quer a
outros, tais como empresas de seguros.
113
A contabilização dos benefícios a curto prazo é geralmente linear porque não
são necessários pressupostos actuariais para mensurar a obrigação ou o custo
e não há possibilidade de qualquer ganho ou perda actuarial. As obrigações
dos benefícios a curto prazo são mensuradas numa base não descontada.
Quando um empregado tenha prestado serviço a uma entidade durante um
período contabilístico, a entidade deve reconhecer a quantia não descontada
de benefícios a curto prazo que espera ser paga em troca desse serviço:
- Como um passivo (gasto acrescido), após dedução de qualquer
quantia já paga. Se a quantia já paga exceder a quantia não descontada
dos benefícios, uma entidade deve reconhecer esse excesso como um
activo (gasto pré-pago) na extensão de que o pré-pagamento conduzirá,
por exemplo, a uma redução em futuros pagamentos ou a uma
restituição de dinheiro; e
- Como um gasto, salvo se outro capítulo da presente Norma exigir ou
permitir a inclusão dos benefícios no custo de um activo (ver, por
exemplo, o capítulo 11 - Inventários e o capítulo 7 - Activos Fixos
Tangíveis).
Uma entidade deve reconhecer o custo esperado dos pagamentos de
participação nos lucros e gratificações quando, e só quando:
- A entidade tenha uma obrigação presente legal ou construtiva de fazer
tais pagamentos em consequência de acontecimentos passados; e
- Possa ser feita uma estimativa fiável da obrigação.
Relativamente aos benefícios de cessação de emprego ao não proporcionarem
a uma entidade benefícios económicos futuros são reconhecidos como um
gasto imediatamente.
114
No que respeita aos aspectos relacionados com a divulgação verificamos
apenas a seguinte exigência contemplada no ponto 18.15 da NCRF-PE:
18.15 — As entidades devem divulgar o número médio de empregados durante o ano.
CASO PRÁTICO N.º 12
A empresa tem vindo há vários anos a garantir aos seus trabalhadores um
plano de participação nos lucros, como incentivo à manutenção do nível de
produtividade dos seus empregados. De acordo com aquele plano,
comprovado pelo histórico da empresa, o total dos pagamentos relativos à
participação nos lucros será de 10% do lucro líquido distribuível.
No período de N estima-se que o lucro líquido distribuível ascenderá a 30.000
€.
Pedido: Contabilize a participação dos trabalhadores nos lucros da empresa
no ano N
Natureza do problema: Reconhecimento e mensuração do gasto com o
pessoal
NCRF PE (capítulo aplicável): 18
Reconhecimento e mensuração dos benefícios dos empregados
115
O capítulo 18 da NCRF-PE prescreve que a entidade deve reconhecer um
passivo quando um empregado tiver prestado serviços em troca de benefícios
a pagar no futuro; e um gasto quando a entidade consumir o benefício
económico proveniente do serviço proporcionado por um empregado em troca
desses benefícios.
Nos termos da alínea a) do § 18.2 da NCRF-PE, constituem benefícios de curto
prazo de empregados a participação nos lucros pagáveis no prazo de 12
meses após o final do período em que os empregados prestam o respectivo
serviço.
Nos termos do § 18.7 da NCRF-PE uma entidade deve reconhecer o custo
esperado dos pagamentos de participação nos lucros e gratificações quando, e
só quando:
- A entidade tenha uma obrigação presente legal ou construtiva de fazer
tais pagamentos em consequência de acontecimentos passados; e
- Possa ser feita uma estimativa fiável da obrigação.
Uma entidade pode não ter obrigação legal de pagar uma gratificação. Não
obstante, em alguns casos, uma entidade tem a prática de pagar gratificações.
Em tais casos, a entidade tem uma obrigação construtiva porque não tem
alternativa realista senão de pagar a gratificação. A mensuração da obrigação
construtiva deve reflectir a possibilidade de alguns empregados poderem sair
sem receberem a gratificação.
Uma obrigação segundo planos de participação nos lucros e de gratificações
resulta do serviço dos empregados pelo que uma entidade reconhece o custo
de planos de participação nos lucros e de gratificações não como uma
distribuição do lucro líquido mas como um gasto.
116
Atendendo ao enquadramento efectuado e da análise do caso apresentado,
resulta que a entidade não tem uma obrigação presente legal de fazer os
pagamentos de participação nos lucros, mas sim uma obrigação presente
construtiva, pela prática de participação nos lucros pelos empregados, não
tendo a empresa alternativa realista senão a de pagar a participação nos
lucros.
Uma obrigação construtiva, é, de acordo com a definição prevista no Apêndice
1 da NCRF-PE,
“uma obrigação que decorre das acções de uma entidade em que:
a) Por via de um modelo estabelecido de práticas passadas, de políticas
publicadas ou de uma declaração corrente suficientemente específica, a
entidade tenha indicado a outras partes que aceitará certas responsabilidades;
e
b) Em consequência, a entidade tenha criado uma expectativa válida
nessas outras partes de que cumprirá com essas responsabilidades.”
Tendo em consideração o preconizado, a contabilização da gratificação aos
trabalhadores a partir dos resultados da entidade, é reconhecida como gasto
por contrapartida de um passivo no período N, porque existe já em N uma
obrigação presente (construtiva), proveniente de acontecimentos passados
(prática de participação nos lucros), e cuja liquidação se espera que resulte
117
num exfluxo de recursos da entidade (o pagamento aos empregados no
próximo período) que incorpora benefícios económicos.
Resolução:
Relativamente ao reconhecimento e mensuração da obrigação construtiva,
existe no caso em concreto uma evidência da mesma, ao estarem fixadas
percentagens sobre o resultado líquido distribuível.
Uma entidade pode fazer uma estimativa fiável da sua obrigação legal ou
construtiva segundo um plano de participação nos lucros ou de gratificações
quando, e só quando:
- Os termos formais do plano contenham uma fórmula para determinar a
quantia do benefício;
- A entidade determine as quantias a serem pagas antes das
demonstrações financeiras serem aprovadas para emissão; ou
- A prática passada dê evidência clara da quantia da obrigação
construtiva da entidade.
Valor do gasto estimado = 30.000 € * 10% = 3.000
118
Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição
638x - Gastos com o pessoal - Outros gastos
com o pessoal - Participação nos lucros
2722 - Outros devedores e credores - Devedores
e credores por acréscimos - Credores
por acréscimos de gastos
3.000 Dez./N - Estimativa da participação nos lucros de N
Aspectos relacionados com a divulgação (§ 18.15 da NCRF PE):
- As entidades devem divulgar o número médio de empregados durante
o ano.
- Apesar da NCRF-PE apenas exigir a divulgação do número médio de
empregados durante o ano, recomenda-se uma explicação acerca dos
pressupostos que basearam o reconhecimento e mensuração da
estimativa relacionada com o gasto derivado da participação nos lucros.
119
4. Modelos reduzidos de demonstrações financeiras
De acordo com o ponto 2.1.4. do Anexo ao Decreto-Lei que aprovou o SNC,
um conjunto completo de demonstrações financeiras inclui:
- Um balanço;
- Uma demonstração dos resultados;
- Uma demonstração das alterações no capital próprio;
- Uma demonstração dos fluxos de caixa;
- Um anexo em que se divulguem as bases de preparação e políticas
contabilísticas adoptadas e outras divulgações exigidas pelas NCRF.
As entidades que não ultrapassem dois dos seguintes três limites, estão
dispensadas de apresentar a demonstração das alterações no capital próprio e
a demonstração dos fluxos de caixa, podendo apresentar modelos reduzidos
das restantes demonstrações financeiras:
- Total de balanço: 1.500.000 €;
- Total de vendas líquidas e outros rendimentos: 3.000.000 €;
- Número de trabalhadores empregados em média durante o exercício:
50.
No entanto, esta dispensa só é válida para entidades, cujas demonstrações
financeiras não se encontrem sujeitas a Certificação Legal das Contas.
120
A aplicação do regime das pequenas entidades é condicionada aos seguintes
termos:
(a) Entidades constituídas antes de 2009
os limites mencionados reportam-se às demonstrações financeiras do
exercício de 2008 e produzindo efeitos a partir do exercício de 2010;
(b) Para as entidades que se constituam durante 2009
os limites reportam-se às previsões para 2009 e produzem efeitos a
partir do exercício de 2010;
(c) Para as entidades que se constituam em 2010 e anos seguintes
os limites reportam -se às previsões para o ano da constituição e
produzem efeitos imediatos;
O Decreto-Lei n.º 158/2009 prevê ainda que o regime deixe de ser aplicado
sempre que os limites sejam ultrapassados num determinado exercício. Neste
caso, a opção pelo regime das pequenas entidades deixa de poder ser
exercida a partir do segundo exercício seguinte, inclusive.
121
4.1.1. Balanço (Modelo reduzido)
O modelo de Balanço apresenta um conteúdo mínimo, podendo ser
adicionadas rubricas tendo em consideração os conceitos de materialidade e
agregação. As linhas que não apresentem valores deverão ser removidas
permitindo desta forma uma melhor leitura da informação efectivamente
relevante, optimizando igualmente a apresentação.
Uma das alterações mais significativas traduz-se na adopção de um modelo
vertical em detrimento do modelo anterior onde o activo era apresentado no
lado esquerdo e o capital próprio e passivo à direita. O modelo actual opta por
colocar o activo em cima e o capital próprio e o passivo em baixo.
Outra alteração relevante é, no caso do activo, a remoção das colunas do
Activo Bruto e das Amortizações e Ajustamentos, figurando apenas a coluna
relativa ao Activo líquido. Por outro lado, é acrescentada uma nova coluna que
possibilitará fazer a indexação para as Notas do Anexo que permitirão uma
explicação mais detalhada de cada uma das linhas relevantes do Balanço.
Como já referido anteriormente, com o SNC as entidades passam a apresentar
os Activos e os Passivos separado entre correntes e não correntes, distinção
que é decorrente da definição do ciclo operacional.
Relativamente às diversas rubricas apresentadas na face do balanço
chamamos a atenção para as seguintes notas de enquadramento previstas na
122
portaria n.º 1011/2009, de 9 de Setembro, documento que publicou o Código
de Contas deste novo Sistema Contabilístico:
A classe 1 (Meios financeiros líquidos) destina-se a registar os meios
financeiros líquidos, que incluem quer o dinheiro e depósitos bancários quer
todos os activos ou passivos financeiros mensurados ao justo valor, cujas
alterações sejam reconhecidas na demonstração de resultados.
A classe 2 (Contas a receber e a pagar) destina -se a registar as operações
relacionadas com clientes, fornecedores, pessoal, Estado e outros entes
públicos, financiadores, accionistas, bem como outras operações com terceiros
que não tenham cabimento nas contas anteriores ou noutras classes
específicas. Incluem-se ainda nesta classe os diferimentos (para permitir o
registo dos gastos e dos rendimentos nos períodos a que respeitam) e as
provisões.
A Classe 3 (Inventários e activos biológicos) inclui os inventários:
Detidos para venda no decurso da actividade empresarial;
No processo de produção para essa venda;
Na forma de materiais consumíveis a serem aplicados no processo de
produção ou na prestação de serviços.
Integra, também, os activos biológicos (animais e plantas vivos), no âmbito da
actividade agrícola, quer consumíveis no decurso do ciclo normal da actividade,
quer de produção ou regeneração. Os produtos agrícolas colhidos são
incluídos nas apropriadas contas de inventários.
123
As quantias escrituradas nas contas desta classe terão em atenção o que em
matéria de mensuração se estabelece na NCRF 18 — Inventários, pelo que
serão corrigidas de quaisquer ajustamentos a que haja lugar, e na NCRF 17 —
Agricultura.
A Classe 4 (Investimentos) inclui os bens detidos com continuidade ou
permanência e que não se destinem a ser vendidos ou transformados no
decurso normal das operações da entidade, quer sejam de sua propriedade,
quer estejam em regime de locação financeira. Compreende os investimentos
financeiros, as propriedades de investimento, os activos fixos tangíveis, os
activos intangíveis, os investimentos em curso e os activos não correntes
detidos para venda.
No caso de ser utilizado o modelo de revalorização nos activos fixos tangíveis e
activos intangíveis, poderão ser utilizadas subcontas que evidenciem o custo
de aquisição/produção e as revalorizações (positivas ou negativas).
Se a revalorização originar uma diminuição do valor do activo essa diminuição
deve ser reconhecida em conta apropriada de gastos (subcontas da conta 65)
na parte em que seja superior ao excedente de revalorização que porventura
exista. Se originar um aumento do valor do activo esse aumento é creditado
directamente na conta apropriada do capital próprio (58 — Excedentes de
revalorização de activos fixos tangíveis e intangíveis). Contudo esse aumento
será reconhecido em resultados (subcontas da conta 762) até ao ponto que
compense um decréscimo de revalorização anteriormente registado em gastos.
A classe 5 (Capital, reservas e resultados transitados) evidencia os capitais
próprios da entidade, donde se realça as seguintes contas dadas as
particularidades que enfermam:
124
Conta 51 (Capital) – evidencia o capital subscrito, devendo ser deduzido, para
efeitos de elaboração do Balanço, o eventual saldo da conta 261 — Accionistas
c/subscrição ou 262 — Quotas não liberadas.
Conta 593 (Subsídios) - Inclui os subsídios associados com activos, que
deverão ser transferidos, numa base sistemática, para a conta 7883 —
Imputação de subsídios para investimentos, à medida em que forem
contabilizadas as depreciações/amortizações do investimento a que respeitem.
125
Entidade:
Balanço em XX de YYYYYY de 200N (Modelo reduzido) Unidade Monetária
RUBRICAS NOTAS DATAS
31 XXX de N 31 XXX de N-1
ACTIVO
Activo não corrente
Activos fixos tangíveis
Propriedades de investimento
Activos intangíveis
Investimentos financeiros
Accionistas / sócios
Activo corrente
Inventários
Clientes
Adiantamentos a fornecedores
Estado e outros entes públicos
Accionistas/sócios
Outras contas a receber
Diferimentos
Outros activos financeiros
Caixa e depósitos bancários
Total do activo
CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO
Capital próprio
Capital realizado
Acções (quotas próprias)
Outros instrumentos de capital próprio
Prémios de emissão
Reservas legais
Outras reservas
Resultados transitados
Excedentes de revalorização
Outras variações no capital próprio
Resultado líquido do período
Total do capital próprio
Passivo
Passivo não corrente
Provisões
Financiamentos obtidos
Outras contas a pagar
Passivo corrente
Fornecedores
Adiantamentos de clientes
Estado e outros entes públicos
Accionistas/sócios
Financiamentos obtidos
Diferimentos
Outras contas a pagar
Outros passivos financeiros
Total do passivo
Total do capital próprio e do passivo
126
4.1.2. Demonstração dos resultados por naturezas (Modelo reduzido)
À semelhança do modelo de Balanço também o modelo da Demonstração dos
Resultados por Naturezas sofreu algumas alterações. Desde logo a adopção
do modelo vertical, obtendo-se uma interligação entre Gastos e Rendimentos,
permitindo assim ir apresentando linhas de resultados.
O modelo apresentado contém um conteúdo mínimo, podendo ser adicionadas
rubricas dependendo do conceito de materialidade e agregação. Sempre que
as linhas não apresentem valores, deverão ser removidas, beneficiando a
leitura da informação.
Foi acrescentada uma nova coluna que possibilitará fazer a indexação para as
Notas do Anexo que permitirão uma explicação mais detalhada de cada uma
das linhas relevantes desta demonstração financeira.
Alteração igualmente relevante é a não apresentação, em consonância com o
parágrafo 4.14 da NCRF-PE e com o código de contas, de quaisquer itens
extraordinários.
127
Entidade:
Demonstração dos Resultados por Naturezas (modelo reduzido)
Período Findo em XX de YYY de 200N Unidade Monetária
RENDIMENTOS E GASTOS NOTAS PERIODOS
N N-1
Vendas e serviços prestados + +
Subsídios à exploração + +
Variação nos inventários da produção + / - + / -
Trabalhos para a própria entidade + +
Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas - -
Fornecimentos e serviços externos - -
Gastos com o pessoal - -
Imparidade de inventários (perdas/reversões) - / + - / +
Imparidade de dívidas a receber (perdas/reversões) - / + - / +
Provisões (aumentos/reduções) - / + - / +
Outras imparidades (perdas/reversões) - / + - / +
Aumentos/reduções de justo valor + / - + / -
Outros rendimentos e ganhos + +
Outros gastos e perdas - -
Resultado antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos = =
Gastos/reversões de depreciação e de amortização - / + - / +
Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) = =
Juros e rendimentos similares obtidos + +
Juros e gastos similares suportados - -
Resultado antes de impostos = =
Imposto sobre o rendimento do período - / + - / +
Resultado líquido do período = =
128
4.1.3. Demonstração dos resultados por funções (Modelo reduzido)
Entidade:
Demonstração dos resultados por funções (modelo reduzido)
Período Findo em XX de YYY de 200N Unidade Monetária
RUBRICAS NOTAS PERIODOS
N N-1
Vendas e serviços prestados + +
Custo das vendas e dos serviços prestados - -
Resultado bruto = =
Outros rendimentos + +
Gastos de distribuição - -
Gastos administrativos - -
Gastos de investigação e desenvolvimento - -
Outros gastos - -
Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) = =
Gastos de financiamento (líquidos) - -
Resultados antes de impostos = =
Imposto sobre o rendimento do período - / + - / +
Resultado liquido do período = =
129
4.1.4. Anexo (Modelo reduzido)
O modelo reduzido de Anexo às Demonstrações Financeiras apresentado na
portaria 986/2009, de 7 de Setembro, não constitui um formulário relativo às
notas do Anexo, mas apenas uma compilação das divulgações exigidas nos
diversos capítulos que integram a NCRF-PE.
Desta forma cada entidade deverá criar a sua própria sequência numérica, em
conformidade com as divulgações que deva efectuar, com a ressalva de que as
notas 1 a 4 serão sempre explicitadas ficando reservadas para os assuntos
seguidamente identificados:
1 — Identificação da entidade, nomeadamente designação da entidade,
sede, natureza da actividade e designação da empresa-mãe.
2 — Referencial contabilístico de preparação das demonstrações
financeiras, devendo ser indicadas e justificadas, entre outros, as disposições
do SNC que, em casos excepcionais, tenham sido derrogadas e dos
respectivos efeitos nas demonstrações financeiras, tendo em vista a
necessidade de estas darem uma imagem verdadeira e apropriada do activo,
do passivo e dos resultados da entidade, comentário às contas do balanço e da
demonstração dos resultados cujos conteúdos não sejam comparáveis com os
do exercício anterior, uma explicação acerca da forma como a transição dos
anteriores princípios contabilísticos geralmente aceites para a NCRF-PE,
afectou a sua posição financeira e o seu desempenho financeiro relatados
(neste caso estamos perante uma divulgação transitória.
130
3 — Principais políticas contabilísticas adoptadas, através da identificação
das bases de mensuração usadas na preparação das demonstrações
financeiras, quais os principais pressupostos relativos ao futuro e as principais
fontes de incerteza das estimativas.
4 — Políticas contabilísticas, alterações nas estimativas contabilísticas e
erros, onde serão indicados
a) A natureza da alteração na política contabilística;
b) A natureza do erro material de período anterior e seus impactos nas
demonstrações financeiras desses períodos;
c) A quantia de ajustamento relacionado com o período corrente ou
períodos anteriores aos apresentados, até ao ponto que seja praticável;
d) As razões pelas quais a aplicação da nova política contabilística
proporciona informação fiável e mais relevante, no caso de aplicação
voluntária.
131
5. ANEXOS (Compilação Demonstrações Financeiras)
Seguidamente é apresentada uma compilação das demonstrações financeiras
da sociedade ficcionada “Sociedade Nacional de Construções, Lda.” cujos
limites se enquadram no disposto no art. 9.º do Decreto-lei 158/2009 de 13 de
Julho, com as alterações introduzidas pela lei 20/2010, de 23 de Agosto.
Admite-se igualmente que a empresa não tem previsto nos seus estatutos a
existência de órgão de fiscalização.
Estando dispensada de apresentar a Demonstração das alterações no capital
próprio e a Demonstração dos fluxos de caixa, foram apresentados os modelos
reduzidos das restantes demonstrações financeiras:
- Balanço;
- Demonstração dos resultados por naturezas;
- Demonstração dos resultados por funções (não obrigatório);
- Anexo.
As demonstrações financeiras apresentadas contemplam, de uma forma geral,
os aspectos de divulgação relacionados com os casos práticos apresentados
ao longo do presente manual.
Complementarmente foram ainda incluídas outras situações, nomeadamente
divulgações relacionadas com a divulgação na transição.
132
Os quadros e textos apresentados ao longo do Anexo representam uma
proposta de divulgação, tendo em consideração as divulgações exigidas nos
diversos capítulos que integram a NCRF-PE, bem como o modelo apresentado
na portaria 986/2009, de 7 de Setembro.
Por opção, foram introduzidas todas as notas contempladas no modelo
referido, mesmo nos casos em que a informação exigida é não aplicável, de
forma a facilitar a sistematização e leitura desta demonstração financeira.
133
Entidade: SOCIEDADE NACIONAL DE CONSTRUÇÕES, LDA.
Balanço em 31 de Dezembro de N (Modelo reduzido)
Unidade Monetária:
EURO
RUBRICAS NOTAS DATAS
31.12.N 31.12.N-1
ACTIVO
Activo não corrente
Activos fixos tangíveis 5 442.609 432.591
Activos intangíveis 6 0 14.000
442.609 446.591
Activo corrente
Inventários 9 548.700 485.000
Clientes 15 133.000 178.000
Outras contas a receber 15 4.000 15.000
Diferimentos 984 730
Outros activos financeiros 15 39.500 61.000
Caixa e depósitos bancários 33.411 25.000
759.595 764.730
Total do activo 1.202.204 1.211.321
CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO
Capital próprio
Capital realizado 200.000 190.000
Reservas legais 5.400 3.400
Outras reservas 87.568 54.529
Resultados transitados 10.000 0
Outras variações no capital próprio 12 48.750 50.000
Resultado líquido do periodo 31.888 39.039
Total do capital próprio 383.606 336.968
Passivo
Passivo não corrente
Provisões 11 14.000 0
Financiamentos obtidos 15 313.900 200.000
327.900 200.000
Passivo corrente
Fornecedores 15 194.938 212.395
Estado e outros entes públicos 14 28.546 40.930
Financiamentos obtidos 229.277 380.000
Outras contas a pagar 15, 16 37.935 41.029
490.697 674.354
Total do passivo 818.597 874.354
Total do capital próprio e do passivo 1.202.204 1.211.321
134
Entidade: SOCIEDADE NACIONAL DE CONSTRUÇÕES, LDA.
Demonstração dos Resultados por Naturezas (modelo reduzido)
Período Findo em 31 de Dezembro de N Unidade Monetária:
EURO
RENDIMENTOS E GASTOS NOTAS PERIODOS
N N-1
Vendas e serviços prestados 10 1.091.000 1.247.800
Variação nos inventários da produção 9 70.000 -21.000
Trabalhos para a própria entidade 23.000 0
Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas 9 -560.800 -611.835
Fornecimentos e serviços externos -188.064 -195.164
Gastos com o pessoal 16 -268.800 -263.420
Imparidade de inventários (perdas/reversões) 9 -15.000 0
Provisões (aumentos/reduções) 11 -14.000 3.000
Outras imparidades (perdas/reversões) 6 -11.000 0
Aumentos/reduções de justo valor 15 1.600 -2.340
Outros rendimentos e ganhos 7.840 1.000
Outros gastos e perdas -4.000 -1.240
Resultado antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos 131.776 156.801
Gastos/reversões de depreciação e de amortização 5, 6 -64.482 -69.818
Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) 67.294 86.983
Juros e rendimentos similares obtidos 1.000 1.215
Juros e gastos similares suportados -27.860 -38.230
Resultado antes de impostos 40.434 49.968
Imposto sobre o rendimento do período 14 -8.546 -10.930
Resultado líquido do período 31.888 39.039
135
Entidade: SOCIEDADE NACIONAL DE CONSTRUÇÕES, LDA.
Demonstração dos resultados por funções (modelo reduzido)
Período Findo em 31 de Dezembro de N Unidade Monetária:
EURO
RUBRICAS NOTAS PERIODOS
N N-1
Vendas e serviços prestados 10 1.091.000 1.247.800
Custo das vendas e dos serviços prestados 9 -924.095 -1.065.861
Resultado bruto 166.905 181.939
Outros rendimentos 5.930 4.839
Gastos de distribuição -13.700 -10.500
Gastos administrativos -80.640 -79.026
Gastos de investigação e desenvolvimento 0 0
Outros gastos -17.201 -10.269
Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) 61.294 86.983
Gastos de financiamento (líquidos) -26.860 -37.015
Resultados antes de impostos 34.434 49.968
Imposto sobre o rendimento do período 14 -8.546 -10.930
Resultado liquido do período 25.888 39.039
136
ANEXO (Modelo Reduzido)
1 — Identificação da entidade:
1.1 — Designação da entidade:
Sociedade Nacional de Construções, Lda.
1.2 — Sede:
Rua Dr. Simão Nuno Carvalho
Zona Industrial de Chão
3800 Aveiro
1.3 — Natureza da actividade:
A sociedade dedica-se à construção, compra e venda de imóveis e revenda dos adquiridos para esse fim; detenção e gestão de imóveis, administração, exploração e gestão de empreendimentos imobiliários, de imóveis próprios ou alheios, bem como a prestação de serviço conexos.
1.4 — Designação da empresa-mãe:
Não aplicável
1.5 — Sede da empresa-mãe:
Não aplicável
2 — Referencial contabilístico de preparação das demonstrações financeiras:
2.1 — As demonstrações financeiras apresentadas têm como referencial contabilístico o Sistema de Normalização Contabilística, tendo sido por adoptada a Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades, de acordo com o disposto no n.º 1 do artigo 9.º do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de Julho, com as alterações introduzidas pela Lei n.º 20/2010, de 23 de Agosto.
137
2.2 — Indicação e justificação das disposições do SNC que, em casos
excepcionais, tenham sido derrogadas e dos respectivos efeitos nas
demonstrações financeiras, tendo em vista a necessidade de estas darem uma
imagem verdadeira e apropriada do activo, do passivo e dos resultados da
entidade.
Não aplicável.
2.3 — Indicação e comentário das contas do balanço e da demonstração dos
resultados cujos conteúdos não sejam comparáveis com os do exercício
anterior.
Tendo em consideração a entrada em vigor do Sistema de Normalização Contabilística e consequente revogação do Plano Oficial de Contabilidade foram efectuados os procedimentos de reclassificação, reconhecimento, desreconhecimento, bem como alterações dos critérios de mensuração nas situações aplicáveis. No entanto, dada a aplicação prospectiva da NCRF-PE, os valores registados na rubrica “Outros Instrumentos Financeiros – Activos Financeiros” não são comparáveis com o exercício anterior dadas as alterações introduzidas, pelo actual normativo contabilístico, na mensuração destes activos.
2.4 — Adopção pela primeira vez da NCRF-PE — divulgação transitória:
a) Uma explicação acerca da forma como a transição dos anteriores
princípios contabilísticos geralmente aceites para a NCRF-PE, afectou a
sua posição financeira e o seu desempenho financeiro relatados;
A empresa apresentou pela primeira vez as suas demonstrações financeiras de acordo com o Sistema de Normalização Contabilística, tendo a transição do POC para o SNC, procedido de acordo com o disposto no § 5 da NCRF – PE. Decorrente do processo de transição, ocorreram situações de reconhecimento, desreconhecimento e remensuração que afectaram a posição financeira e o desempenho financeiro.
As principais alterações foram as seguintes:
Activos intangíveis: O POC permitia a capitalização de algumas despesas que, de acordo com a NCRF-PE, devem ser imediatamente reconhecidas como custos do exercício, designadamente, as despesas associadas a processos de aumento de capital, as quais não cumprem com os critérios definidos no capítulo 8 da NCRF-PE para o seu reconhecimento como um activo. À data da transição, as despesas daquela natureza, líquidas de amortizações acumuladas, que não satisfaziam os critérios de
138
reconhecimento da NCRF-PE, foram anuladas por contrapartida de Resultados Transitados.
Subsídios do Governo: O POC dispunha que os Subsídios do Governo não reembolsáveis relacionados com activos fixos tangíveis e intangíveis eram inicialmente reconhecidos no passivo e subsequentemente imputados numa base sistemática como rendimentos. De acordo com o disposto no § 14.5 da NCRF-PE, os subsídios devem ser reconhecidos inicialmente nos capitais próprios.
Capital realizado: De acordo com o capítulo 17 da NCRF-PE, apenas devem ser relevadas no capital as quantias decorrentes de um aumento de capital que sejam efectivamente recebidas.
Gratificações a empregados: As gratificações atribuídas a empregados, a título de distribuição de resultados, na sequência de uma decisão tomada em Assembleia Geral, eram registadas como variação patrimonial negativa no exercício em que se verificava o respectivo pagamento. De acordo com o capítulo 18 da NCRF-PE, tendo em consideração o disposto no § 18.7, estas gratificações são reconhecidas em resultados no período a que respeitam os serviços pelos quais são atribuídas.
Custos e proveitos extraordinários: A NCRF-PE não contempla a existência de resultados extraordinários.
Os efeitos no balanço de 31/12/N-1, da conversão das demonstrações financeiras preparadas de acordo com o POC para as demonstrações financeiras reexpressas, em conformidade com a NCRF-PE em vigor a partir de 01/01/N, detalham-se como se segue:
139
Balanço em 31 de Dezembro de N - 1 reexpresso de acordo com a NCRF - PE Unidade Monetária:
EURO
RUBRICAS 31 / 12 / N-1
POC Ajustamentos NCRF - PE
ACTIVO
Activo não corrente
Activos fixos tangíveis 432.591 432.591
Activos intangíveis 15.000 -1.000 14.000
447.591 -1.000 446.591
Activo corrente
Inventários 485.000 485.000
Clientes 178.000 178.000
Outras contas a receber 25.000 -10.000 15.000
Diferimentos 730 730
Outros activos financeiroas 61.000 61.000
Caixa e depósitos bancários 25.000 25.000
774.730 -10.000 764.730
Total do activo 1.222.321 -11.000 1.211.321
CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO
Capital próprio
Capital realizado 200.000 -10.000 190.000
Reservas legais 3.400 3.400
Outras reservas 54.529 54.529
Resultados transitados 0 0
Outras variações no capital próprio 0 50.000 50.000
Resultado líquido do periodo 44.039 -5.000 39.039
Total do capital próprio 301.968 35.000 336.968
Passivo
Passivo não corrente
Financiamentos obtidos 200.000 200.000
200.000 200.000
Passivo corrente
Fornecedores 212.395 212.395
Estado e outros entes públicos 40.930 40.930
Financiamentos obtidos 380.000 380.000
Outras contas a pagar 87.029 -46.000 41.029
720.354 -46.000 674.354
Total do passivo 920.354 -46.000 874.354
Total do capital próprio e do passivo 1.222.321 -11.000 1.211.321
140
Decorrente dos ajustamentos indicados, a demonstração dos resultados do exercício findo em 31/12/N-1, reexpresso de acordo com a NCRF-PE, é como se segue:
Ajustamentos na demonstração dos resultados
Período Findo em 31 de Dezembro de N-1 Unidade Monetária:
EURO
RENDIMENTOS E GASTOS 31/12/N-1
POC NCRF - PE
Vendas e serviços prestados 1.247.800 1.247.800
Variação nos inventários da produção -21.000 -21.000
Outros proveitos operacionais 4.000 4.000
Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas -611.835 -611.835
Fornecimentos e serviços externos -193.664 -1.500 -195.164
Gastos com o pessoal -259.420 -4.000 -263.420
Depreciações e amortizações -70.318 500 -69.818
Provisões e imparidades -2.340 -2.340
Outros gastos e perdas 598 -1.838 -1.240
Resultado operacional 93.821 -6.838 86.983
Juros e rendimentos similares obtidos 1.215 1.215
Juros e gastos similares suportados -38.230 -38.230
Resultados extraordinários -1.838 1.838 0
Resultado antes de impostos 54.968 -5.000 49.968
Imposto sobre o rendimento do periodo -10.930 -10.930
Resultado líquido do periodo 44.039 -5.000 39.039
141
b) Uma explicação acerca da natureza das diferenças de transição que
foram reconhecidas como capital próprio.
Capital Próprio - POC (31.12.N-1) 301.968 Ajustamentos de transição: Activos intangíveis (despesas de instalação) -1.000 Gratificação anual empregados (participação nos lucros) -4.000 Capital por realizar -10.000 Subsídios ao investimento 50.000 Capital Próprio - SNC (01.01.N) 336.968
2.5 — Caso uma entidade dê conta de erros cometidos segundo os PCGA
anteriores, as reconciliações exigidas nos parágrafos anteriores, devem
distinguir entre a correcção desses erros e as alterações às políticas
contabilísticas.
Conforme o divulgado na nota 4.1. b) a empresa efectuou a correcção de um erro material de exercícios anteriores no montante de 10.000 euros.
3 — Principais políticas contabilísticas:
3.1 — Bases de mensuração usadas na preparação das demonstrações
financeiras:
As demonstrações financeiras foram preparadas de acordo com o princípio do custo histórico, modificado pela aplicação do justo valor para os Activos financeiros registados na rubrica “Outros Instrumentos Financeiros – Activos Financeiros”.
Foi igualmente aplicado o valor realizável líquido na rubrica dos inventários.
3.2 — Outras políticas contabilísticas:
As políticas contabilísticas apresentadas foram aplicadas de forma consistente com o previsto na NCRF-PE. Em cada data de balanço é efectuada uma avaliação da existência de evidência objectiva de imparidade, nomeadamente da qual resulte um impacto adverso nos fluxos de caixa futuros estimados sempre que possa ser medido de forma fiável.
142
3.3 — Principais pressupostos relativos ao futuro:
As demonstrações financeiras foram preparadas numa perspectiva de continuidade não tendo a entidade intenção nem a necessidade de liquidar ou reduzir drasticamente o nível das suas operações.
3.4 — Principais fontes de incerteza das estimativas:
Não existem situações que afectem ou coloquem algum grau de incerteza materialmente relevante nas estimativas previstas nas demonstrações financeiras apresentadas.
4 — Políticas contabilísticas, alterações nas estimativas contabilísticas e erros:
4.1 — Quando a aplicação de uma disposição desta Norma tiver efeitos no
período corrente ou em qualquer período anterior, salvo se for impraticável
determinar a quantia do ajustamento, ou puder ter efeitos em períodos futuros,
uma entidade deve divulgar apenas nas demonstrações financeiras do período
corrente:
a) A natureza da alteração na política contabilística;
Não aplicável.
b) A natureza do erro material de período anterior e seus impactos nas
demonstrações financeiras desses períodos;
Foi identificado no corrente exercício, já após a divulgação das contas do exercício anterior, a existência de um erro material relativo ao período N-1, no montante de 10.000 euros relativo a uma diminuição de passivo, mas reconhecido numa conta de gastos. No corrente exercício foi efectuada a correspondente correcção por contrapartida da conta de Resultados Transitados.
c) A quantia de ajustamento relacionado com o período corrente ou
períodos anteriores aos apresentados, até ao ponto que seja praticável; e
A quantia do ajustamento efectuado ascende a 10.000 euros, relativo a erro material relacionado com períodos anteriores, conforme divulgado na nota 4.1. b).
143
d) As razões pelas quais a aplicação da nova política contabilística
proporciona informação fiável e mais relevante, no caso de aplicação
voluntária.
Não aplicável.
5 — Activos fixos tangíveis:
5.1 — As demonstrações financeiras devem divulgar:
a) Os critérios de mensuração usados para determinar a quantia
escriturada bruta;
Os activos fixos tangíveis encontram-se registados ao custo de aquisição deduzido das respectivas depreciações acumuladas e perdas por imparidade.
Os custos subsequentes são reconhecidos como activos fixos tangíveis apenas se for provável que deles resultarão benefícios económicos futuros. As despesas com manutenção e reparação são reconhecidas como custo à medida que são incorridas de acordo com o princípio da especialização dos exercícios.
b) Os métodos de depreciação usados;
As depreciações dos activos tangíveis são calculadas numa base sistemática segundo o método da linha recta fraccionada em duodécimos. Os terrenos não são depreciados.
c) As vidas úteis ou as taxas de depreciação usadas;
Os activos fixos tangíveis são depreciados de acordo com os seguintes períodos de vida útil esperada dos bens:
Activos fixos tangíveis Número de anos
Edifícios e outras construções 10 a 50
Equipamento básico 7 a 20
Equipamento transporte 4 a 6
Equipamento administrativo 4 a 10
Outros activos fixos tangíveis 4 a 14
144
d) A quantia escriturada bruta e a depreciação acumulada (agregada com
perdas por imparidade acumuladas) no início e no fim do período; e
Situação inicial Situação final
Quantia Bruta
Depreciações e
imparidades
acumuladas
Quantia
escriturada Quantia Bruta
Depreciação e
imparidades
acumuladas
Quantia
escriturada
Terrenos e recursos
naturais
43.420 0 43.420 43.420 0 43.420
Edifícios e outras
construções
68.434 -20.530 47.904 268.434 -28.952 239.482
Equipamento básico 137.358 -54.943 82.415 188.858 -92.715 96.143
Equipamento transporte 58.433 -23.373 35.060 58.433 -35.060 23.373
Equipamento
administrativo
26.357 -10.543 15.814 26.357 -15.814 10.543
Outros activos fixos
tangíveis
13.297 -5.319 7.978 13.297 -6.649 6.648
Investimentos em curso 200.000 0 200.000 23.000 23.000
Total 547.299 -114.708 432.591 621.799 -179.190 442.609
e) Uma reconciliação da quantia escriturada no início e no fim do período
que mostre as adições, as revalorizações, as alienações, as amortizações,
as perdas de imparidade e suas reversões e outras alterações.
Quantia
escriturada
inicial
Adições Revalorizações Alienações Amortizações Perdas
Imparidade Reversões Transferências
Quantia
escriturada
final
Terrenos e recursos
naturais 43.420 43.420
Edifícios e outras
construções 47.904 -8.422 200.000 239.482
Equipamento básico 82.415 51.500 -37.772 96.143
Equipamento
transporte 35.060 -11.687 23.373
Equipamento
administrativo 15.814 -5.271 10.543
Outros activos fixos
tangíveis 7.978 -1.330 6.648
Investimentos em
curso 200.000 23.000 -200.000 23.000
Total 432.591 74.500 0 0 -64.482 0 0 0 442.609
145
5.2 — As demonstrações financeiras devem também divulgar:
a) A existência e quantias de restrições de titularidade e activos fixos
tangíveis que sejam dados como garantia de passivos;
Não aplicável
b) A quantia de compromissos contratuais para aquisição de activos fixos
tangíveis; e
Não aplicável.
5.3 — Se os itens do activo fixo tangível forem expressos por quantias
revalorizadas, deve ser divulgado o seguinte:
a) A data de eficácia da revalorização;
Não aplicável.
b) Os métodos e pressupostos aplicados nessa revalorização.
Não aplicável
6 — Activos intangíveis:
6.1 — Uma entidade deve divulgar o seguinte para cada classe de activos
intangíveis, distinguindo entre os activos intangíveis gerados internamente e
outros activos intangíveis:
a) Se as vidas úteis são indefinidas ou finitas e, se forem finitas, as vidas
úteis ou as taxas de amortização usadas;
Os activos intangíveis encontram-se registados ao custo de aquisição deduzido das respectivas amortizações acumuladas e perdas por imparidade.
Todos os itens constantes nos activos intangíveis têm a sua vida útil finita, sendo a sua vida útil de 5 anos.
146
b) Os métodos de amortização usados para activos intangíveis com vidas
úteis finitas;
As amortizações dos activos intangíveis são calculadas numa base sistemática segundo o método da linha recta fraccionada em duodécimos.
c) A quantia bruta escriturada e qualquer amortização acumulada
(agregada com as perdas por imparidade acumuladas) no começo e fim
do período;
Situação inicial Situação final
Quantia Bruta
Depreciações
e imparidades
acumuladas
Quantia
escriturada Quantia Bruta
Depreciação e
imparidades
acumuladas
Quantia
escriturada
GoodWill 0 0 0 0 0 0
Projectos de
desenvolvimento
0 0 0 0 0 0
Programas de computador 0 0 0 0 0 0
Propriedade industrial 20.000 -6.000 14.000 20.000 -20.000 0
Outros activos intangíveis 0 0 0 0 0 0
Investimentos em curso 0 0 0 0 0 0
Total 20.000 -6.000 14.000 20.000 -20.000 0
147
d) Uma reconciliação da quantia escriturada no começo e fim do período
que mostre separadamente as adições, as alienações, as amortizações,
as perdas por imparidade e outras alterações.
Quantia
escriturada
inicial
Adições Revalorizações Alienações Amortizações Perdas
Imparidade Reversões Transferências
Quantia
escriturada
final
GoodWill 0
Projectos de
desenvolvimento 0
Programas de
computador 0
Propriedade
industrial 14.000 -3.000 -11.000 0
Outros activos
intangíveis 0
Investimentos em
curso 0
Total 14.000 0 0 0 -3.000 -11.000 0 0 0
6.2 — Uma entidade deve também divulgar:
a) Para um activo intangível avaliado como tendo uma vida útil indefinida,
a quantia escriturada desse activo e as razões que apoiam a avaliação de
uma vida útil indefinida. Ao apresentar estas razões, a entidade deve
descrever o(s) factor(es) que desempenhou(aram) um papel significativo
na determinação de que o activo tem uma vida útil indefinida;
Não aplicável
b) Uma descrição, a quantia escriturada e o período de amortização
restante de qualquer activo intangível individual que seja materialmente
relevante para as demonstrações financeiras da entidade;
A empresa adquiriu em N-2, por um valor de 20.000 € uma patente relativa a um processo de produção que permitia importantes ganhos de produtividade. O período de protecção da patente termina em 30/06/N+3. No entanto durante o ano N, foi disponibilizada ao mercado uma nova tecnologia que tornou a anterior obsoleta, pelo que a empresa decidiu registar uma perda por imparidade da totalidade da quantia escriturada.
148
c) Para os activos intangíveis adquiridos por meio de um subsídio do
governo e inicialmente reconhecidos pelo justo valor, a quantia
inicialmente reconhecida e a sua quantia escriturada actualmente;
Não aplicável
d) A existência e as quantias escrituradas de activos intangíveis cuja
titularidade esteja restringida e as quantias escrituradas de activos
intangíveis dados como garantia de passivos;
Não aplicável
e) A quantia de compromissos contratuais para aquisição de activos
intangíveis.
Não aplicável
6.3 — Uma entidade deve divulgar a quantia agregada do dispêndio de pesquisa
e desenvolvimento reconhecido como um gasto durante o período.
Não aplicável
6.4 — Relativamente aos activos intangíveis de carácter ambiental, uma entidade
deve divulgar:
a) Descrição dos critérios de mensuração adoptados, bem como dos
métodos utilizados no cálculo dos ajustamentos de valor, no que respeita
a matérias ambientais;
Não aplicável
b) Os incentivos públicos relacionados com a protecção ambiental,
recebidos ou atribuídos à entidade. Especificação das condições
associadas à concessão de cada incentivo ou uma síntese das condições,
caso sejam semelhantes.
Não aplicável
c) Quantia dos dispêndios de carácter ambiental capitalizadas durante o
período de referência na medida em que possa ser estimada com
fiabilidade.
Não aplicável
149
d) Quantia dos dispêndios de carácter ambiental imputados a resultados
e base em que tais quantias foram calculadas.
Não aplicável
e) Caso sejam significativos, os dispêndios incorridos com multas e
outras penalidades pelo não cumprimento dos regulamentos ambientais e
indemnizações pagas a terceiros, por exemplo em resultado de perdas ou
danos causados por uma poluição ambiental passada.
Não aplicável
7 — Locações:
7.1 — Para locações financeiras, os locatários devem divulgar para cada
categoria de activo, a quantia escriturada líquida à data do balanço.
Quantia
escriturada
líquida
Equipamento básico 45.178 Total 45.178
7.2 — Para locações financeiras e operacionais, os locatários devem divulgar
uma descrição geral dos acordos de locação significativos incluindo, pelo
menos, o seguinte:
i) A base pela qual é determinada a renda contingente a pagar;
O contrato de locação financeira tem subjacente uma taxa de juro fixa, não se encontrando exposta às flutuações do mercado.
ii) A existência e cláusulas de renovação ou de opções de compra e
cláusulas de escalonamento; e
Não aplicável
150
iii) Restrições impostas por acordos de locação, tais como as que
respeitam a dividendos, dívida adicional, e posterior locação.
Não aplicável
7.3 — Os locadores devem fazer as seguintes divulgações para as locações
operacionais:
a) Os futuros pagamentos mínimos da locação sob locações operacionais
não canceláveis no agregado e para cada um dos períodos seguintes;
i) Não mais de um ano;
Não aplicável
ii) Mais de um ano e não mais de cinco anos;
Não aplicável
iii) Mais de cinco anos;
Não aplicável
b) O total das rendas contingentes reconhecidas como rendimento
durante o período;
Não aplicável
c) Uma descrição global dos acordos de locação do locador.
Não aplicável
8 — Custos de empréstimos obtidos:
8.1 — As demonstrações financeiras devem divulgar:
a) A política contabilística adoptada nos custos dos empréstimos obtidos;
Os juros de empréstimos directamente atribuíveis à aquisição ou construção de activos que se qualificam são capitalizados como parte do custo desses activos. Um activo que se qualifica é um activo que necessita de um período de tempo substancial para estar disponível para uso ou para venda.
151
b) A quantia de custos de empréstimos obtidos capitalizada durante o
período;
A empresa capitalizou durante o presente exercício custos com empréstimos obtidos no montante de 8.700 €.
c) A taxa de capitalização usada para determinar a quantia do custo dos
empréstimos obtidos elegíveis para capitalização.
A taxa de capitalização corresponde à taxa do empréstimo especificamente obtido para a construção do activo que se qualifica. A capitalização de custos com empréstimos inicia-se quando tem início o investimento, já foram incorridos juros com empréstimos e já se encontram em curso as actividades necessárias para preparar o activo para estar disponível para uso ou para venda A capitalização é terminada quando todas as actividades necessárias para colocar o activo como disponível para uso ou para venda se
9 — Inventários:
9.1 — As demonstrações financeiras devem divulgar:
a) As políticas contabilísticas adoptadas na mensuração dos inventários,
incluindo a fórmula de custeio usada;
Os inventários são valorizados ao menor entre o seu custo de aquisição e o seu valor realizável líquido. O custo dos inventários inclui todos os custos de compra, custos de conversão e outros custos incorridos para colocar os inventários no seu local e na sua condição actual. O valor realizável líquido corresponde ao preço de venda estimado no decurso normal da actividade deduzido dos respectivos custos de venda. As saídas de armazém (consumos) são valorizadas ao custo médio ponderado.
152
b) A quantia total escriturada de inventários e a quantia escriturada em
classificações apropriadas para a entidade;
31/12/N 31/12/N-1
Mercadorias
Matérias-Primas, subsidiárias e de
consumo 10.000 10.000
Produtos acabados e intermédios 270.000 475.000
Subprodutos, desperdícios, resíduos e
refugos
Produtos e trabalhos em curso 268.700
Activos biológicos
Total 548.700 485.000
c) A quantia de inventários escriturada pelo justo valor menos os custos
de vender;
Não aplicável
d) A quantia de inventários reconhecida como um gasto durante o
período;
Consumos Imparidades
Outras
perdas
Mercadorias
Matérias-Primas, subsidiárias e de
consumo -560.800
Produtos acabados e intermédios -190.000 -15.000
Subprodutos, desperdícios, resíduos e
refugos
Produtos e trabalhos em curso
Activos biológicos
Total -750.800 -15.000 0
153
e) A quantia de qualquer ajustamento de inventários reconhecida como
um gasto do período de acordo com o parágrafo 11.20;
A empresa reconheceu um ajustamento aos seus inventários, na rubrica de produtos acabados, no montante de 15.000 €, relativamente à diferença existente entre o custo de produção e o seu valor realizável líquido.
f) A quantia de qualquer reversão de ajustamento que tenha sido
reconhecida como uma redução na quantia de inventários reconhecida
como gasto do período de acordo com o parágrafo 11.20;
Não aplicável
g) As circunstâncias ou acontecimentos que conduziram à reversão de
um ajustamento de inventários de acordo com o parágrafo 11.20; e
Não aplicável
h) A quantia escriturada de inventários dados como penhor de garantia a
passivos.
Não aplicável
10 — Rédito:
10.1 — Uma entidade deve divulgar:
a) As políticas contabilísticas adoptadas para o reconhecimento do rédito
incluindo os métodos adoptados para determinar a fase de acabamento
de transacções que envolvam a prestação de serviços;
O rédito encontra-se mensurado pelo justo valor da retribuição recebida ou a receber, tendo em consideração a quantia de quaisquer descontos comerciais e de quantidade concedidos pela sociedade. O rédito compreende os montantes facturados na venda de produtos líquidos de impostos sobre o valor acrescentado, abatimentos e descontos. No caso das prestações de serviços o rédito associado com a transacção foi reconhecido com referência à fase de acabamento da transacção à data do balanço, tendo sido utilizado o método da proporção entre os custos incorridos até à data e os custos totais estimados.
154
b) A quantia de cada categoria significativa de rédito reconhecida durante
o período incluindo o rédito proveniente de:
Categoria Valor (€) Venda de bens 967.500 Prestação de serviços 123.500 Juros 1.000 Royalties 0 Dividendos 0
Total 1.092.000
11 — Provisões, passivos contingentes e activos contingentes:
11.1 — Para cada classe de provisão, uma entidade deve divulgar:
a) A quantia escriturada no começo e no fim do período;
b) As provisões adicionais feitas no período, incluindo aumentos nas
provisões existentes;
c) As quantias usadas (isto é, incorridas e debitadas à provisão) durante o
período;
d) Quantias não usadas revertidas durante o período;
e) O aumento durante o período na quantia descontada proveniente da
passagem do tempo e o efeito de qualquer alteração na taxa de desconto;
Provisões Saldo Inicial
Diminuição (Utilização)
Aumento Reversão Saldo Final
Impostos 0 0 Garantias a clientes 0 14.000 14.000 Processos judiciais em curso 0 0 Acidentes de trabalho e doenças profissionais 0 0 Matérias ambientais 0 0 Contratos onerosos 0 0 Reestruturação 0 0 Outras provisões 0 0
Total 0 0 14.000 0 14.000
As quantias reconhecidas como provisão representam a melhor estimativa do dispêndio exigido para liquidar as obrigações presentes à data do Balanço. Não
155
existem situações que alterem materialmente o valor presente dos dispêndios que se espera que sejam necessários para liquidar a obrigação.
f) A quantia de qualquer reembolso esperado, declarando a quantia de
qualquer activo que tenha sido reconhecido para esse reembolso
esperado;
Não aplicável.
g) Informações pormenorizadas sobre as provisões de carácter
ambiental; e
Não aplicável.
h) Passivos de carácter ambiental, materialmente relevantes, que estejam
incluídos em cada uma das rubricas do Balanço.
Não aplicável.
11.2 — Para cada classe de passivo contingente à data do balanço, uma
entidade deve divulgar uma breve descrição da natureza do passivo contingente.
À data de 31 de Dezembro de N, situação que se mantém à data de hoje, existia um passivo contingente relativo a uma possível obrigação de indemnizar um cliente por um valor não superior a 10.000 €.
11.3 — Quando um influxo de benefícios económicos for provável, uma entidade
deve divulgar uma breve descrição da natureza dos activos contingentes à data
do balanço.
Não aplicável.
156
12 — Subsídios do Governo e apoios do Governo:
12.1 — Devem ser divulgados os assuntos seguintes:
a) A política contabilística adoptada para os subsídios do Governo,
incluindo os métodos de apresentação adoptados nas demonstrações
financeiras;
Os subsídios do Governo encontram-se apresentados no balanço como componente do capital próprio, sendo imputados aos rendimentos do exercício na proporção das amortizações efectuadas, em cada período.
b) A natureza e extensão dos subsídios do Governo reconhecidos nas
demonstrações financeiras e indicação de outras formas de apoio do
Governo de que a entidade tenha directamente beneficiado;
A empresa tem aprovado um projecto de investimento para a construção de um edifício fabril, o qual tem subjacente um subsídio não reembolsável de 50.000 euros, o qual, cumprindo os requisitos estabelecidos no capítulo 14 da NCRF-PE, foi contabilizado como componente do capital próprio.
No corrente exercício foi imputado ao rendimento do período o montante de 1.000 euros, ficando a rubrica “Outras Variações no Capital Próprio – Subsídios” a apresentar um valor de 49.000 euros.
A empresa não beneficiou de outras formas de apoio do Governo.
c) Condições não satisfeitas e outras contingências ligadas ao apoio do
Governo que tenham sido reconhecidas.
Não aplicável.
157
13 — Efeitos de alterações em taxas de câmbio:
13.1 — Uma entidade deve divulgar a quantia das diferenças de câmbio
reconhecidas nos resultados.
As transacções em moeda estrangeira são convertidas à taxa de câmbio em vigor na data da transacção. Os activos e passivos monetários expressos em moeda estrangeira são convertidos para Euros à taxa de câmbio em vigor na data do balanço. As diferenças cambiais resultantes desta conversão são reconhecidas nos resultados.
No corrente exercício foram reconhecidas as seguintes diferenças de câmbio em resultados:
Diferenças de câmbio Valor (€) Favoráveis 6.000 Desfavoráveis -3.000
14 — Impostos sobre o rendimento:
14.1 — Devem ser divulgados separadamente:
a) Gasto (rendimento) por impostos correntes;
O imposto corrente contabilizado, no montante de 8.546 euros, corresponde ao valor esperado a pagar sobre o rendimento tributável do período, utilizando a taxa de imposto em vigor, à data de balanço.
b) Quaisquer ajustamentos reconhecidos no período de impostos
correntes de períodos anteriores;
A rubrica de “Outros Gastos e Perdas” inclui um montante de 390 euros relativos a insuficiência da estimativa de impostos do exercício anterior.
c) A natureza e quantia do gasto (rendimento) de imposto reconhecido
directamente em capitais próprios.
Não aplicável.
158
15 — Instrumentos financeiros:
15.1 — Uma entidade deve divulgar as bases de mensuração, bem como as
politicas contabilísticas utilizadas para a contabilização de instrumentos
financeiros, que sejam relevantes para a compreensão das demonstrações
financeiras.
Instrumentos financeiros mensurados ao custo menos perda por imparidade:
- Clientes, fornecedores, Contas a receber, Contas a pagar e Empréstimos bancários;
Instrumentos financeiros mensurados ao justo valor:
- Activos financeiros (acções) negociados em mercado líquido e regulamentado.
15.2 — Para todos os instrumentos financeiros mensurados ao justo valor, a
entidade deve divulgar a respectiva cotação de mercado.
À data de 31 de Dezembro de N a entidade detinha os seguintes activos financeiros mensurados ao justo valor:
Outros instrumentos financeiros - Activos Financeiros
Quantidade Cotação (€)
31.12.N Acções da sociedade A 3.000 4 Acções da sociedade B 5.000 3,5 Acções da sociedade C 2.000 5
15.3 — Se uma entidade tiver transferido activos financeiros para uma outra
entidade numa transacção que não se qualifique para desreconhecimento, a
entidade deve divulgar, para cada classe de tais activos financeiros:
a) A natureza dos activos;
b) A natureza dos riscos e benefícios de detenção a que a entidade
continue exposta;
c) As quantias escrituradas dos activos e de quaisquer passivos
associados que a entidade continue a reconhecer.
Não aplicável.
159
15.4 — Quando uma entidade tenha dado em garantia, penhor ou promessa de
penhor activos financeiros, deverá divulgar:
a) A quantia escriturada de tais activos financeiros; e
Valor dos activos financeiros, à data de 31 de Dezembro de N, dados como garantia: 22.500 €
b) Os termos e condições relativos à garantia, penhor ou promessa de penhor.
Os activos financeiros encontram-se a garantir um empréstimo a médio e longo prazo cujo montante inicial ascendia a 30.000 €. Actualmente o valor deste empréstimo é de 25.000 €, estando prevista a sua liquidação em 30 de Junho de N+2, momento no qual será libertada a garantia efectuada.
15.5 — Para empréstimos contraídos reconhecidos à data do balanço, uma
entidade deve divulgar as situações de incumprimento.
Não aplicável.
15.6 — As sociedades anónimas devem divulgar o número de acções
representativas do capital social da entidade, as respectivas categorias e o seu
valor nominal.
Não aplicável.
15.7 — A entidade deve divulgar as quantias de aumentos de capital realizados
no período e a dedução efectuada como custos de emissão bem como,
separadamente, as quantias e descrição de outros instrumentos de capital
próprio emitidos e a respectiva quantia acumulada à data do balanço.
Em N-1 foi efectuado um aumento de capital social de 100.000 euros para 200.000 euros, tendo ficado por realizar, à data de 31 de Dezembro de N-1, o montante de 10.000 euros. Os sócios da empresa deram entrada deste valor no corrente exercício (N).
160
16 — Benefícios dos empregados:
16.1 — As entidades devem divulgar o número médio de empregados durante o
ano.
O número médio de empregados no exercício foi de 49.
17 — Divulgações exigidas por outros diplomas legais:
Não aplicável.
18 — Outras informações:
Remunerações variáveis aos empregados - De acordo com a prática corrente da sociedade é aprovado anualmente em Assembleia-Geral a remuneração variável a ser distribuída aos colaboradores (gratificação extraordinária), de acordo com proposta da Gerência. As remunerações variáveis são contabilizadas nos resultados do exercício a que respeitam.
161
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