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Manual de História6.ª classe

Pedro Nsiangengo (coordenador)Rebeca SantanaRebeca HelenaBento KianzowaVita Gouveia

REFORMA EDUCATIVA

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ADVERTÊNCIA

O Manual de História – 6.ª Classe que agora se coloca nas mãos dos nossosalunos e professores está relacionado com a implementação da ReformaCurricular.

Esta constitui uma inovação do próprio sistema, isto é, programas, manuaisescolares, guias metodológicos, cadernos de actividades, sistema de avaliação,etc. Em resumo, implica uma rectificação em grande parte dos materiais e docu-mentos pedagógicos, segundo as linhas mestras traçadas e a implementar.

Tendo em vista atingir os objectivos definidos pelo novo sistema de ensino donosso país, concretamente no que concerne à disciplina de História – relativa-mente à qual fomos chamados a participar na elaboração dos materiais pedagó-gicos –, continuamos assim o projecto de reformulação dos manuais de acordocom os programas das diferentes classes, desde as iniciais às terminais.

Porém, para a elaboração de um manual escolar consistente e bem reflectidonão é suficiente um ano – por vezes esse prazo pode chegar até aos cinco anos.

Perante a necessidade que a Reforma impõe no nosso país, apresentamosdesta vez o manual da 6.ª classe.

No que respeita à metodologia adoptada para a elaboração deste manual,procedeu-se à recolha e análise de diferentes textos ao nosso alcançe.

Como é óbvio, foi feito um esforço para elaborar um manual didáctico segundoos objectivos educacionais e as características etárias e psicológicas dos alunosangolanos deste nível. Isto justifica a selecção dos temas essenciais pela neces-sidade de aprofundar o conteúdo do programa e permitir aos alunos uma boacompreensão dos factos históricos.

Tentámos elaborar um livro didáctico, com um estilo acessível e ilustrações agra-dáveis não só para os alunos da 6.ª classe como também para qualquer estu-dioso e amante da História.

O manual está organizado em 6 temas, de acordo com o novo programa, e cadatema em subtemas. Colocámos pequenos exercícios de avaliação formativa,que, no nosso entender, poderão ajudar o aluno a uma melhor compreensão eassimilação dos conteúdos.

Enfim, este manual está aberto a todas as críticas construtivas para o seu enri-quecimento e melhoramento.

Os autores

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ÍNDICE

ADVERTÊNCIA 3

TEMA 1. ÁFRICA, O NOSSO CONTINENTE 9

1.1. Localização e limites geográficos 10

1.2. As primeiras comunidades humanas em África 11

TEMA 2. AS ANTIGAS CIVILIZAÇÕES AFRICANAS 17

2.1. O Egipto Antigo 18

2.1.1. Localização geográfica 182.1.2. História 192.1.3. Sociedade e modo de vida dos Egípcios 20

TEMA 3. O PERÍODO PRÉ-COLONIAL EM ÁFRICA 29

3.1. Os grandes impérios africanos 30• Ghana 30• Mali 32• Kongo 34• Monomotapa 39

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ÍNDICE

TEMA 4. A ÁFRICA NA ERA DO TRÁFICO DE ESCRAVOS 43

4.1. A chegada dos Europeus a África 44

4.2. O tráfico de escravos 46

4.3. As classes dirigentes africanas e o tráfico 50

4.4. As consequências do tráfico em África, na América e na Europa 52

TEMA 5. A ÉPOCA COLONIAL EM ÁFRICA 55

5.1. A abolição do tráfico de escravos: causas 56

5.2. As explorações geográficas 57

5.3. A conquista dos territórios 58

5.4. A Conferência de Berlim 59

5.5. As resistências à ocupação 60

5.6. A implantação do sistema colonial 62

5.7. O surgimento do nacionalismo em África: consequências 68

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ÍNDICE

TEMA 6. O NASCIMENTO DE NOVOS ESTADOS EO PRESENTE 72

6.1. O nascimento de novos Estados 75

6.1.1. Os primeiros países africanos ondependentes 756.1.2. 1960 – O Ano de África 786.1.3. Os movimentos de libertação nacional nas colónias

portuguesas 796.1.4. Novos Estados na África Austral 86

6.2. Novas tarefas para a nova África 90

6.2.1. Subdesenvolvimento, educação, saúde, ambiente, pobreza 90

6.2.2. Os conflitos inter-étnicos e guerras inter-estatais 95

GLOSSÁRIO 100

BIBLIOGRAFIA 108

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TEMA 1.ÁFRICA, O NOSSO CONTINENTE

ESTRUTURA DO TEMA

1.1. Localização e limites geográficos

1.2. As primeiras comunidades humanas em África

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TEMA 1. ÁFRICA, O NOSSO CONTINENTE

1.1. Localização e limites geográficos

O continente Africano é muito vasto. É limitado a norte pelo mar Medi-terrâneo e pelo mar Vermelho, a sul pelos oceanos Atlântico e Índico, aleste pelo oceano Índico e a oeste pelo oceano Atlântico.

Fig. 1 Mapa político do continente africano.

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O homem surgiu sobre a Terra há milhares de anos, mas os primeirosseres humanos não eram como nós.

Nós pertencemos a uma grande família de seres que viveram há milharesde anos e que tinham a forma humana – os hominídeos. Esta família foicomposta por diversas espécies de seres humanos. Entre elas encontra-mos a espécie do homo-sapiens que é a do homem actual.

Nas primeiras etapas do seu desenvolvimento, o homem estava depen-dente da natureza. Ele alimentava-se de frutos silvestres, raízes e insectos.

Mais tarde, o homem começou a dedicar-se à caça, à pesca e à recolec-ção (colheita de frutos e raízes).

1.2. As primeiras comunidades humanas em África

Fig. 2 As principais etapas da evolução natural do ser humano.

Fig. 3 Pesca rudimentar dos homens primitivos. Fig. 4 Homens primitivos caçando.

Homo Erectus Homo SapiensAustralopiteco Homem moderno

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1.2. As primeiras comunidades humanas em África

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África, o “Berço da Humanidade”

Os seres humanos apareceram em África.Foi no nosso continente que foram desco-bertos os restos ósseos dos primeiros sereshumanos. É por essa razão que se diz quea “África é o Berço da Humanidade”.

E como sabemos isso?

Sabemos isso devido às escavaçõesarqueológicas realizadas na África do Sul,na Etiópia, no Quénia e na Tanzânia, ondeforam descobertos numerosos restos ós-seos do mais antigo e primitivo ser humano.

Esses seres humanos distinguiram-se dosoutros animais pela sua posição erecta ebípede. Foi o desenvolvimento do cérebroque lhes permitiu apresentarem-se comoseres racionais, realizando mais tarde ofabrico de vários instrumentos.

Com o desenvolvimento da inteligência, osseres humanos descobriram o fogo, friccio-nando duas pedras, e criaram instrumentosde pau e de pedra.

Fig. 5 As primeiras pegadas

“humanas”, descobertas em Laetoli,

na Tanzânia.

Fig. 6 Os homens primitivos descobriram o fogo e criaram instrumentos de pau e de pedra.

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1.2. As primeiras comunidades humanas em África

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Os primeiros homens viviam em cavernas e em troncos de árvores.

Os rios também tiveram um papelimportante no surgimento e nafixação das primeiras comunidadeshumanas, por exemplo os rios Nilo,Kongo, Níger, Senegal, Zambeze,Orange e Limpopo.

Nas águas dos rios, os homens pri-mitivos praticavam a pesca, e nasterras vizinhas a agricultura. Paraalém dos rios, há em África lagosimportantes, como o Chade, o Vitó-ria, o Niassa, o Tanganyca e outros.

É bom que saibas que nas suasmigrações os Bantu partiram daregião do Níger e do lago Chade.

Posição erecta: é a posição direita e erguida com que o homem anda.

Bípede: animal que possui dois pés para se deslocar de um sítio parao outro.

ESCLARECERESCLARECER

Fig. 7 Foi nas regiões mais frias que as cavernas

serviram de abrigo aos homens.

Fig. 8 Uma habitação primitiva construída com

troncos e folhagem de árvores.

Fig. 9 Fotografia das margens do lago Chade

na actualidade.

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1.2. As primeiras comunidades humanas em África

Fig. 10 Mapa mostrando os principais rios de África.

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TEMA 2.AS ANTIG AS CIV IL IZ AÇ Õ ESAFRICANAS

ESTRUTURA DO TEMA

2.1. O Egipto Antigo

2.2.1. Localização geográfica2.2.2. História2.2.3 . Sociedade e modo de vida dos Egípcios

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TEMA 2. AS ANTIG AS CIVILIZ AÇ Õ ES AFRICANAS

2.1. O Egipto Antigo

2.1.1. Local iz açã o g eog rá fi ca

O Egipto fica situado no Nordeste de África. Actualmente faz parte daregião do Magreb. O rio Nilo, uns dos maiores do mundo, atravessa-o doNorte ao Sul e vai desaguar no mar Mediterrâ neo.

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Fig. 2 A R epú blica do E gipto na actualidade.

Fig. 3 O E gipto na Antiguidade.

Fig. 1 Localização do E gipto em Á frica.

MAR MEDITERRÂ N EO

DESERTODA

L Í BI A

BA IX O EG IP TO

DESERTOARÁ BI CO

AL TO EG IP TO

MARVERMEL HO

SIN AI

ARÁ B IA

Vale dos ReisTeb as

Vale de G iz éMê nf is

P AL ESTIN A

FEN Í C

IA

Delta

Nilo

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2.1.2. His t ó ria

A civilização egípcia conta-se entre as que se prolongaram por mais tempoao longo da história da Humanidade. D urante cerca de trê s mil anos, trintafamílias, ou dinastias, governaram o país, tendo reinado mais de duzentosfaraós que se foram sucedendo uns aos outros. Os faraós mais antigoseram negros.

O faraó reinava como chefe único de todo oEgipto: era um rei e um deus ao mesmotempo. G uia e protector do seu povo, era umchefe religioso, militar e político.

O primeiro faraó foi Ménes, que chegou aopoder por volta do ano 3 0 0 0 a.C. Foi ele quemunificou o Alto e o Baixo Egipto, formando umúnico reino.

D epois de Ménes, todos osfaraós passaram a usar a co-roa dupla, na qual o brancorepresentava o Alto Egipto eo vermelho o B aixo Egipto. A coroa do faraó simbolizavaa união do Egipto.

A história do Egipto Antigo pode ser dividida em trê s grandes épocas:

2.1. O Egipto Antigo

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Fig. 5 Os faraó s mandaram erguer templos magnífi cos, tal como o

templo de Amon- R a em K arnak , entre muitos outros.

P eríodo em que foram construídas aspirâmides. A capital era Mênfis.

P eríodo de guerras e conquistas. A Núbia é conquistada e anexada ao

Egipto. Tebas torna-se a capital.

P eríodo mais florescente da civilizaçãoegípcia. O território torna-se mais vasto

e o comércio mais próspero.

O Ant ig o Imp é rio

O Mé dio Imp é rio

O Nov o Imp é rio

Fig. 4 M é nes, o primeiro faraó .

Coroa do Alto Eg ipto Coroa do B aix o Eg ipto Coroa do Reino do Eg ipto

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2.1.3. Sociedade e modo de v ida dos Eg í p cios

No Egipto Antigo, os vários estratos sociaisestavam bem diferenciados e formavamcomo que uma “pirâmide social”.

Cada indivíduo ocupava o seu lugar nessa“ pirâ mide” , com todos os seus deveres edireitos bem definidos.

A classe dos explorados era formada es-sencialmente por artesãos, comerciantes,camponeses e escravos, sobrecarregadospelo trabalho e pelos impostos.

O faraó e os s eus dig nit á rios

O faraó, rei-deus, encontrava-se no topo dapirâ mide social. Era o chefe supremo do cultoe representante do povo perante os deuses.

Os nobres, membros da classe dirigentemais próxima do faraó, tinham a função dedefender o território em caso de guerra.

Os sacerdotes desempenhavam as fun-ções de ministros de culto em representa-ção do faraó. Eram os sacerdotes queadministravam os templos e os bens dosdeuses. Inspiravam respeito e temor aoresto da população.

Os escribas eram os funcionários reais en-carregados de registar todos os documentosimportantes do Estado. Os escribas erammuito respeitados no Egipto, e a sua profissão era considerada a mais nobre de todas.

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2.1. O Egipto Antigo

Fig. 6 A pirâmide de classes sociais

egípcia.

Homens livres que exercem profissões várias ( comerciantes,

artífices, soldados)

Camponeses-vassalos,ligados à terra que cultivammas que não lhes pertence

Classes sociais privilegiadas( sacerdotes, nobres, funcio-

nários do faraó, escribas)

Grande massa dos homens-obj ectos

( escravos)

Círculo directo dofaraó e sua

família

Fig. 7 O faraó Hatshepsut.

Fig. 8 Um escriba.

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2.1. O Egipto Antigo

As cl as s es dominadas

Entre a classe dominante dirigida pelo faraó e o resto da população existiaapenas uma relação de exploração.

Nas classes dominadas encontravam-se:

Os artesãos, que trabalhavam nas grandesobras do Estado egípcio e nas suaspequenas oficinas para poderem sobreviver.

Os comerciantes, que constituíam umgrupo pouco numeroso. A sua actividadeera controlada pelos governantes.

Os camponeses, que constituíam o grupomais numeroso. Tinham uma vida muitodifícil, porque tudo o que produziam eraentregue ao dono da terra sob a forma deimposto. Trabalhavam gratuitamente para oEstado nas obras públicas durante osperíodos das cheias.

Os escravos eram geralmente prisioneiros de guerras e pertencentes pordireito ao faraó. Eram poucos porque o Egipto só travou guerras quando sesentiu ameaçado. Ao longo da história, o Egipto foi um país pacífico.

Em suma, a classe explorada era numerosa e constituía a força produtivado Antigo Egipto.

Fig. 10 C amponeses egípcios.

Fig. 9 Artesãos egípcios.

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2.1. O Egipto Antigo

Act iv idades econó micas p rincip ais

O Egipto é uma dádiva do Nilo. Os Egípcios adoravam o rio Nilo como umadivindade devido à fertilidade das terras que as suas cheias proporcio-navam, tornando-as muito produtivas para a agricultura. D aí o tipo de vidaagrícola praticada pela população do Egipto Antigo.

Como as cheias não chegavam a todo o vale, os Egípcios abriram canaisde irrigação a fim de levar a água aos campos mais distantes, construindotambém reservatórios de água para os meses secos. Este trabalho levou--os a conceber um complicado sistema de irrigação e controlo das cheiasdo Nilo, que teve como resultado um extraordinário aumento da produção.

Além da água para consumo e irrigação, o Nilo fornecia também peixe ecarne de hipopótamo.

Contudo, os desertos da Líbia e do Sinai também constituíam uma fontede riqueza para a economia do Antigo Egipto, oferecendo uma reserva depedras para a construção e metais preciosos. Além disso, formavamuma protecção natural contra os invasores.

Além da agricultura, o povo do Antigo Egipto praticava a pesca, a caça eo comércio. Através do mar Mediterrâ neo, o Egipto estabeleceu relaçõescomerciais com outras regiões para onde exportava o trigo excedente e opapiro, e importava a madeira de que necessitava.

Fig. 11 M apa do E gipto Antigo, com as zonas irrigadas pelo N ilo e os desertos da Líbia e do S inai.

Deserto do Sinai

Deserto da L í b ia

Z onas f é rteisdo rio N ilo

( a v erde)

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A rel ig iã o

O povo do Antigo Egipto não sabia explicar algunsfenómenos que ocorriam na natureza, tais como asdoenças, a morte, as mudanças atmosféricas e ou-tros. Por esse motivo, acreditavam que tudo depen-dia dos deuses bons ou maus ou dos espíritos dosseus antepassados. Por esse motivo, passaram aadorar várias divindades e a prestar-lhes culto todosos dias.

Os Egípcios adoravam o Sol e os animais. Cadaaldeia, cada cidade, cada província e comunidadepossuía os seus deuses próprios. O povo só vene-rava os que lhe eram mais familiares.

Os Egípcios eram um povo extremamente religioso.D ivinizavam as forças da natureza, e tudo para elesera misterioso. Os fenómenos eram subordinados avárias divindades que passaram a adorar. Os Egíp-cios eram politeístas, porque veneravam vários deu-ses aos quais prestavam culto diariamente.

Só alguns dos deuses eram venerados em todo oEgipto, como por exemplo Ísis e Osíris, que eramdivindades muito importantes. Para os Egípcios, Í sistinha dado origem a todos os seres vivos e repre-sentava a figura mãe. Osíris era o deus dos mortos eencarregava-se de os acolher na vida eterna.

Para os Egípcios, os temploseram a casa dos deuses. Eraaí que se erguiam as estátuasdas divindades. Os temploseram lugares extremamentesecretos, nos quais não deviapenetrar nenhuma força malé-fica. É por isso que só o faraóe os sacerdotes aí podiamorar e fazer oferendas.

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2.1. O Egipto Antigo

Fig. 12 Í sis.

Fig. 13 Osíris.

Fig. 14 U m templo egípcio.

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2.1. O Egipto Antigo

Pouco antes de amanhecer, o sacerdote percorria o templo iluminado porvelas. D irigia-se a uma pequena capela onde se guardava a estátua dadivindade, batia a porta, entrava, em seguida lavava a estátua, vestia-a ededicava-lhe oferendas e orações.

Se todos os rituais fossem correctamente observados, o equilíbrio domundo estava assegurado e o deus mostrar-se-ia reconhecido perante ofaraó e o povo do Egipto.

Cul t ura e Art e

A arte egípcia é basicamente funerária e religiosa.

Para os Egípcios, uma pintura, um desenhoou uma estátua possuía a mesma força domodelo vivo. O artista tinha que respeitaralgumas regras para as representaçõesresistirem à passagem do tempo.

Os artistas evitavam apresentar retratos oudesenhos com defeitos, como rugas e gor-dura excessiva, e evitavam também retratar osofrimento ou a tristeza. Os desenhos e está-tuas retratavam sempre pessoas jovens, fortese belas, e nunca velhos, abatidos ou feios.

Fig. 15 I lustração de um “Livro dos M ortos”, com o j ulgamento dos defuntos.

Fig. 16 B usto de N efertiti.

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2.1. O Egipto Antigo

Os túmulos eram muito bem decorados, e para os Egípcios o defuntopodia ver através dos olhos pintados no sarcófago, alimentar-se contem-plando as cenas agrícolas que tinha diante de si e reviver os mais agra-dáveis momentos da vida terrena através das pinturas que representavambanquetes ou caçadas.

As pirâmides eram túmulos gigantescos destinados a acolher e protegero corpo mumificado do faraó. J unto da múmia do rei colocava-se mobi-liário, roupas e objectos preciosos. Para os egípcios, as representaçõestinham uma força igual à realidade.

Ciê ncia

Os Egípcios também desenvolveram as ciências. A prática de uma agri-cultura que exigia um controlo rigoroso das cheias e a construção degrandes obras levaram ao desenvolvimento da matemática.

Q uando se concluíam as colheitas, os camponeses tinham que calcular aquantidade de cereal que necessitavam para comer, quanto deviamguardar e quanto deviam pagar ao Estado.

Os artesãos também tinham de calcular cuidadosamente as porções decobre e de estanho que deviam misturar para obter o bronze.

Fig. 17 A E sfi nge e a Pirâmide de Q ué fren, em G izé .

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2.1. O Egipto Antigo

Para construir edifícios, tem-plos ou túmulos, os funcioná-rios do faraó tinham que cal-cular quanto tempo demorariaa obra e que quantidades demateriais e de homens seriamnecessários.

Q uando se fazia o comércio,os funcionários reais necessi-tavam de anotar todas as ope-rações de compra e venda.

Assim se desenvolveram as várias operações de cálculo aritmético. Por-tanto, a partir da experiê ncia e das necessidades materiais, os Egípciosforam acumulando conhecimentos que contribuíram para o conhecimentoda matemática.

A partir do movimento dos astros, os Egípcios criaram um calendário queconstava de 3 65 dias, desenvolvendo assim a astronomia.

Os médicos egípcios tinham um grande conhecimento da anatomia docorpo humano, devido à pratica da mumificação, mas os seus conheci-mentos estavam ainda ligados à experiê ncia tradicional e à magia.

Os médicos egípcios sabiam curar e ligaruma ferida ou colocar gesso no local apro-priado, e chegaram a fazer operações cirúr-gicas ao cérebro dos soldados feridos nasbatalhas. A medicina estava muito avan-çada no Egipto, embora se continuasse adepositar muita confiança na utilização deforças mágicas.

Os Egípcios deram um grande contributo àcultura universal com a sua arte, literatura eciência. É por esta razão que se afirma quea civilização egípcia é um legado à Huma-nidade, isto quer dizer que é uma herançaque os Egípcios deixaram para o mundo. Fig. 19 Uma mú mia egípcia.

Fig. 18 A construção das pirâmides.

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2.1. O Egipto Antigo

D evido a desordens internas e às sucessivas invasões de povos estran-geiros, como Assírios, Persas, G regos e Romanos, o Egipto acabou, con-tudo, por perder a sua independê ncia.

No entanto, a maior parte dos invasores ficaram admirados com a civiliza-ção egípcia, e ao invés de a destruírem adoptaram-na parcialmente, comofoi o caso de G regos e Romanos.

• Q ue a história do Egipto Antigo se divide em trê s grandes épocas.• Q ue o primeiro faraó unificou o Alto e o B aixo Egipto.• O que significava a cor branca e a cor vermelha na coroa dos faraós.• Q uais são as duas divisões fundamentais da sociedade egípcia.• Q uais eram as funções principais dos nobres, dos sacerdotes e dos

escribas.• A que se devia a vida difícil dos camponeses do Egipto.• Q uais eram as razões porque os egípcios adoravam o rio Nilo como

uma divindade.• Q ue vantagens apresentaram os desertos da L íbia e do Sinai para o

Egipto Antigo.• A que se devia o politeísmo egípcio.• Q ue função desempenhavam as pirâ mides.

AGORA Q UE J Á APRENDESTE, DEVES SABER...AGORA Q UE J Á APRENDESTE, DEVES SABER...

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TEMA 3.O P ERÍ OD O P RÉ - COL ONIALEM ÁFRICA

ESTRUTURA DO TEMA

3 .1. Os grandes impérios africanos

• Ghana • Mali • Kongo • Monomotapa

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3 .1. Os grandes impé rios africanos

• O Imp é rio do Gh ana

Sit uaçã o g eog rá fi ca

O I mpério do Ghana estava situado na Costa Ocidental da África, naregião entre os rios Níger e Senegal, como mostra o mapa. O Impérioabrangia uma parte da actual República do Mali e parte do actual Senegal,possuindo um clima húmido favorável à agricultura.

O Império do G hana foi fundado no século IV d.C. (depois de Cristo) e é oprimeiro império negro a ser conhecido na história de África.

O G hana era um império muito forte e tinha um grande poderio militar, oque permitia controlar a circulação das caravanas comerciais nas váriasrotas entre o norte e o sul e vice-versa. Os comerciantes da África do Nortetraziam as suas caravanas carregadas de sal, tecidos, trigo e cobre paraKumbi Saleh, onde negociavam com os comerciantes do G hana, tro-cando os seus produtos por ouro.

TEMA 3 . O P ERÍODO P RÉ - COLONIAL EM ÁFRICA

30

NIGER

VOLTA

SENEGAL

AUDAGHOST

UAGADU

KUMBI SALEH

TEKROUR

GAMBIA

BAMBUK

BURE

MANDING

Fig. 1 M apa do I mpé rio do G hana.

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A capital desse grandioso im-pério era a cidade de KumbiSaleh, um pouco a norte daactual cidade de B amak o,capital da República do Mali.K umbi Saleh estava divididaem duas partes distintas: acidade comercial, onde habi-tavam comerciantes de todasas origens, e a cidade real,onde se encontravam o palácioreal, as florestas sagradas, ossacerdotes e os túmulos reais.

Org aniz açã o do imp é rio

O império do G hana estava dividido em províncias, dirigidas por gover-nadores que ajudavam o rei na administração do império.

A sociedade estava organizada em duas classes: a mais importante era aclasse dominante, constituída pelo rei, governadores e conselheiros dorei, alguns dos quais eram antigos escravos. Submetida a esta encon-trava-se a classe dominada, constituída pelo povo.

Act iv idade econó mica

A actividade económica principal do império era o comércio do sal e doouro, e já naquela época o G hana era conhecido como o “P aís do Ouro”.

Além do comércio do ouro, a população praticava também a agricultura,a criação de gado e o artesanato. A maior parte da população era cons-tituída por camponeses, que pagavam tributo ao rei sobre as colheitas.

A riqueza do rei provinha das trocas comerciais, do ouro e do tributo. O reicontrolava a exploração e o comércio do ouro, de onde provinham osrendimentos para si e para a sua família. Assim, o rei explorava todo opovo em seu benefício e da minoria privilegiada.

Mais tarde apareceram pastores nómadas chamados Almorávidas, queinvadiram o G hana e se apoderaram do país.

3 .1. Os grandes impé rios africanos

31

Fig. 2 Pintura do sé culo X I X ilustrando uma aldeia

tradicional nas margens do rio S enegal.

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• O Imp é rio do Mal i

Sit uaçã o g eog rá fi ca

O desmembramento do Império do G hana fez surgir vários pequenosreinos, entre eles o do Mali. Esta região situada entre o rio Níger e Burépassou a fornecer aos comerciantes árabes ouro e escravos.

Mais tarde, expandiu-se na região o I mpério do Mali. O seu fundador foiSundiata Keita que, para alargar o seu território, se preocupou em con-quistar e pilhar novas terras. Além de conquistador, Sundiata K eita ficouconhecido como organizador do império, e depois da expansão ficousenhor das minas de ouro e cobre e das regiões onde era extraído o sal.

Org aniz açã o do Imp é rio

O Império do Mali estava dividido em províncias, e cada uma delas eraadministrada por um chefe chamado de Tigui ou Farba. Por sua vez, as

3 .1. Os grandes impé rios africanos

Minas de ouro

Rotas comerciais

Limites do Mali

AUDAGHOST UALATA

TOMBUCTUGAO

DJENÉ

NIANIBURÉ

NÍGER

SENEGALGHANA

GÂMBIA

BAMBUK

Fig. 3 M apa do I mpé rio do M ali.

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províncias estavam divididas em conselhos e aldeias. Os chefes dasaldeias exerciam ao mesmo tempo funções políticas e religiosas. O Farbatinha a função de ministro, fiscalizava a actividade do chefe local e recolhiao tributo pago.

A capital do Império era Niani, mas o desenvolvimento do Mali fez surgirduas outras cidades importantes: Tombuctu e D j enné. Nestas duas cida-des concentrava-se o comércio de ouro e outras mercadorias como a colae o óleo de palma. O Mali era um importante mercado para os árabesvindos do Norte de África. Mais tarde, a população do Mali começou a pra-ticar a religião muçulmana (ou Islamismo) devido à influê ncia dos árabes.

Act iv idade econó mica

A actividade económica principal do Mali era a agricultura e a criação degado. U m dos produtos mais cultivados era o algodão.

Os principais rendimentos do imperador provinham dos impostos sobre ascolheitas, do gado, do tributo, da aquisição de pepitas de ouro, das taxasaduaneiras e dos despojos de guerra.

Mais tarde, o Mali entrou em declínio devido a conflitos internos dentro dafamília real.

3 .1. Os grandes impé rios africanos

Fig. 4 Uma aldeia tradicional no M ali.

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• O Reino do K ong o

Sit uaçã o g eog rá fi ca

O R eino do Kongo estava situado na África Central, entre o extremo sulda floresta equatorial e a fronteira sul do K ongo.

Era um reino muito vasto e tinha os seguintes limites:

• A Norte era limitado pelo rio Ogw é, no G abão• A Sul era limitado pelo rio Kw anza• A Este era limitado pelo rio Kuango, afluente do Z aire• A Oeste era banhado pelo oceano Atlântico

O antigo território do Reino do K ongo abrangia regiões que actualmenteestão integradas nos seguintes países: Gabão, Kongo-Brazzaville, KongoD emocrático (ex-Z aire) e Angola.

3 .1. Os grandes impé rios africanos

CONGO

KW

ANG

O

LOJE

DANDE

BENGO

LUKALA

M P A N G U

M B A T A

M P E M B A

M B A M B A

S O Y O

KWANZA

N

S U N D I

NDONGO

BUNGU

MBANZA KONGOMPINDA

LUANDA

BEMBE

Fig. 5 M apa do R eino do K ongo.

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O fundador deste vasto reino foi Nimi-a-Luk eni, um rei guerreiro, conquis-tador e poderoso. Com o seu pequeno grupo atravessou o rio Z aire efixou-se na sua margem esquerda. Reuniu à sua volta os povos já encon-trados e formou o Reino do K ongo. O rei Nimi-a-L uk eni era tambémconhecido por Ntinu W ene ou Ntotela.

Org aniz açã o do Reino do K ong o

Como conseguiu o rei controlar um território tão vasto como o Reino doK ongo? D ividiu o seu reino em seis províncias e aldeias. Os governadoresdas províncias, ou Mani, eram parentes direitos do rei. Estes administra-vam as províncias e tinham a função de recolher o tributo pago peloschefes das aldeias, as multas e as indemnizações e encaminhá-los para otesouro real.

A capital desse grande reino era Mbanza Kongo, e era lá onde residiam orei e os funcionários da sua corte.

A org aniz açã o s ocial do Reino do K ong o

A sociedade k onguesa estava dividida em duas classes: a aristocraciae o povo.

3 .1. Os grandes impé rios africanos

Fig. 6 G ravura representando a cidade de M banza K ongo, a antiga capital do R eino do K ongo.

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Os aristocratas chamavam-se Mani. Os Mani eram os chefes que adminis-travam as províncias e os distritos do reino. Todos os lugares de comandoeram ocupados pelos Manis: comando militar, comando administrativo ecomando religioso.

Eram eles que cobravam os impostos ao povo, recrutavam gente para oexército e para os trabalhos da comunidade ou trabalhos do rei. Eram osManis que faziam a j ustiça.

Por sua vez, os Mani pagavam impostos ao rei e dependiam da sua autori-dade. Q uando o rei quisesse podia nomear ou destituir o Mani. O rei tinhaum poder quase absoluto.

A maior parte da população era formada por camponeses que se dedi-cavam ao cultivo da terra. Os homens desbravavam as terras e as mulhe-res semeavam os campos, sachavam os campos semeados e faziamas colheitas.

Outra parte da população era formada por artesãos, que faziam trabalhosde ferro e de madeira.

No Reino do K ongo, a propriedade da terra era comum, quer dizer que aterra pertencia a todas as pessoas do mesmo clã (k anda) – mas as melho-res terras eram para a aristocracia.

Embora as terras fossem propriedade comunitária, cada homem livre coma sua família recebia uma lavra. Tudo o que fosse produzido nessa lavrapertencia ao homem e não à comunidade. Portanto, o trabalho e oproduto eram da conta do chefe de cada família.

3 .1. Os grandes impé rios africanos

Fig. 7 M ulher k onguesa sachando os campos. Fig. 8 Trabalhadores de ferro.

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As lavras e os outros bens não passavam de pais para filhos por morte dospais, porque quem herdava eram os irmãos ou os sobrinhos do falecido.Esta forma de agir chamava-se direito matrilinear.

Assim, no Reino do K ongo predominava a propriedade comunitária, masno seio da classe rica já estava a nascer a propriedade privada.

Act iv idades econó micas p rincip ais

A economia do reino assentava numa agricultura relativamente bemdesenvolvida. Cultivava-se de tudo um pouco: milho, feij ão, banana, pal-meira, etc. A agricultura era feita em grandes terrenos.

O trabalho de ferro (metalurgia) desempenhava um papel muito impor-tante no Reino do K ongo. Os ferreiros trabalhavam para a aristocracia echegavam mesmo a criar associações de ferreiros. Fabricavam armas,instrumentos para a agricultura, para caça etc. Outra parte da populaçãotrabalhava no artesanato e no comércio.

O comé rcio

A economia do Reino do K ongo era muito rica. Produzia-se muito, tantona agricultura como no artesanato. Por isso, havia sempre produtos quesobravam. Com esses produtos excedentes podia fazer-se o comércio oua troca por outros produtos que não havia na região.

As margens do rio Z aire e a costa do oceano Atlâ ntico eram os locais ondese fazia mais comércio, mas por terra também se fazia comércio com osreinos vizinhos.

Em certas épocas do ano organizavam--se mercados locais onde eram troca-dos vários produtos.

No Reino do K ongo havia moeda, masnão era como a moeda de hoje. A moe-da k onguesa eram conchas do marchamadas nzimbu.

3 .1. Os grandes impé rios africanos

Fig. 9 M oeda nzimbu.

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O nzimbu era uma concha pequena que era apanhada na ilha de Luanda.Naquela época, a ilha de L uanda era propriedade exclusiva do rei doK ongo, controlada por alguns nobres da corte. O nzimbu recolhido na ilhade L uanda era enviado para a capital do reino (Mbanza K ongo) e servia demoeda para todas as transacções comerciais. O sal-gema vinha da K issama.

O comércio a longa distâ ncia era também controlado pelo rei.

Com a chegada de D iogo Cão em 1 4 8 2 , os Portugueses foram pene-trando pouco a pouco no território do Reino do K ongo, que assim foi per-dendo a sua hegemonia.

O acordo amigável de cooperação assinado entre o rei Nzinga-a-NKuw ue os portugueses fez com que estes se envolvessem cada vez mais navida do reino, causando assim a confusão e a desordem entre os k ongue-ses e enfraquecendo deste modo as estruturas políticas, económicas esociais do Reino do K ongo.

3 .1. Os grandes impé rios africanos

Fig. 10 M pangu- a- N imi Luk eni lua M vemba ( D . Á lvaro I ) , rei do K ongo, e a sua corte recebendo uma

embaix ada de dignitários europeus, numa gravura holandesa do sé culo X V I I .

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• O Imp é rio do Monomot ap a

Sit uaçã o g eog rá fi ca

O R eino do Zimbabw e desenvolveu-se na parte oriental de África, naregião situada entre os rios Zambeze e Limpopo. Este reino foi fundadopor povos bantu vindos dos G randes L agos.

As condições geográficas desta regiãopermitiram a fixação de comunidadesde agricultores e pastores.

Estes povos de pastores foram cons-trutores de grandes muralhas de pedra.Essas fortificações eram designadas por“zimbabw e”, o que significava “ a gran-de casa de pedra” , ou a “ grande casado chefe” . As construções em pedratestemunham a existê ncia de comuni-dades muito organizadas. As muralhase fortificações com grandes adornos de-monstram uma organização social comfortes sistemas defensivos. O espaço

3 .1. Os grandes impé rios africanos

Fig. 11 M apa da civilização do Z imbabw e e do I mpé rio do M onomotapa.

Fig. 12 As muralhas do G rande Z imbabw e.

BrazzavilleLOANGO KON

GO

NDONGO

MANICA

BUTWASABIA

THONGA(1450)

KAKONGONGOYO

Kinshasa

M’banza Congo

Lubumbashi

Harare

Zimbabwe

Kilwa

cabo Delgado

ilha de Zanzibar

ilha de Pemba

monte Kilimanjaro

monte Kenia

monte ElgonmonteRuvenzori

Dar es Salaam

MelindePate

Kismaayo

Mogadíscio

Mombassa

NairóbiBigo

SofalaBulawayo

Mapungubwe(1400)

Localização provávelda segunda capital

do Monomotapa porvolta de 1475

Kong

o

Lim

po

po

Oub

angu

i

Kuango

Zambeze

Rovuma

Ruaha

Tana

Kilombero

Save

MONOMOTAPA

Kuanza

Kassai

Lualaba

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3 .1. Os grandes impé rios africanos

que as muralhas cercam dá a ideia de que era ocupado por um grandenúmero de pessoas. Foi o desenvolvimento deste reino que fez surgir oI mpério do Monomotapa.

Org aniz açã o do Imp é rio do Monomot ap a

A sociedade do Z imbabw e estava dividida em quatro classes: MueneMutapa, o imperador, os Mambo, chefes dos reinos subordinados peloimperador, os chefes das aldeias e os camponeses. Os Mambo e outrosfuncionários da corte ajudavam o imperador na administração do império.O desenvolvimento da produção fez surgir outros grupos sociais com dife-rentes funções: agricultores, artesãos, pastores e comerciantes.

O Mambo que residia em Z im-babw e recebia os tributos emouro e marfim destinados aoMuenemutapa e que depoiseram trocados por tecidos,pérolas e porcelanas com osmercadores árabes vindos doNorte de África.

U ma parte dos produtos agrí-colas destinava-se à alimen-tação do imperador e aos seuscolaboradores.

Após a morte do imperadorMatope, ninguém conseguiumanter a união e o funciona-mento do império. Assim, estecomeçou a declinar. J á enfra-quecido, não conseguiu resistirà presença portuguesa.

Fig. 13 Uma gravura de fi nais do sé culo X I X

representando uma aldeia do Z imbabw e.

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3 .1. Os grandes impé rios africanos

Antes da chegada dos Europeus a África já tinham florescido grandesreinos e impérios.

• O G hana era conhecido como o “ País do Ouro” .

• A economia do Império do G hana baseava-se no comércio do ouro.

• O Império do G hana foi o primeiro império a ser conhecido na histó-ria da África Negra.

• A capital do G hana era K umbi-Saleh.

• O desaparecimento do Império do G hana fez surgir um novo impé-rio: o Império do Mali.

• O fundador do Império do Mali chamava-se Sundiata K eita.

• A capital do Império do Mali era Niani.

• O fundador do Reino do K ongo foi Nimi-a-L uk eni, também conhe-cido por Ntinu W ene.

• O Reino do K ongo estava dividido em províncias, distritos e aldeias.

• O Reino do Z imbabw e deu origem ao Império do Monomotapa.

• O Reino do Z imbabw e foi formado por povos pastores e agricultoresdescendentes dos B antu, construtores das grandes muralhas depedra – “ Z imbabw e” .

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TEMA 4.A ÁFRICA NA ERA D O TRÁFICOD E ESCRAV OS

ESTRUTURA DO TEMA

4 .1. A chegada dos Europeus a África

4 .2. O tráfico de escravos

4 .3 . As classes dirigentes africanas e o tráfico

4 .4 . As consequências do tráfico em África, na América ena Europa

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4 .1. A chegada dos Europeus a África

D epois de terem desenvolvido a navegação, os Europeus decidiram sairdas suas fronteiras e lançar-se para o mar à procura da Í ndia.

Esse período em que a Europa se lançou para outras partes do mundochamou-se “Expansão Europeia”.

Essa expansão só foi possível graças aos conhecimentos científicos etécnicos que os Árabes transmitiram aos Europeus, principalmente aosmarinheiros italianos. Portugal foi a primeira nação europeia a tentar con-trolar o comércio mundial, até então dominado pelos Árabes, tanto naÁfrica (do norte e na costa oriental) como no Í ndico. Os Portuguesestentavam encontrar a todo o custo o Caminho Marítimo para a Índia paraimportarem directamente as especiarias de luxo do Oriente, e boicotar osintermediários árabes que traziam da Europa esses produtos através domar V ermelho e do mar Mediterrâ neo. Esses produtos, ao chegarem àEuropa tornavam-se muito caros. Por isso, havia necessidade de se liber-tar e suprimir este controlo das mãos dos Árabes.

O primeiro acto expansionista dos Portu-gueses foi a conquista de Ceuta no Nortede África. D epois seguiram-se outras con-quistas, como Arzila e Tâ nger, etc. No en-tanto, encontraram uma grande resistê nciapor parte dos Árabes, ou Mouros, emAlcácer Quibir.

Na região do Sudão Ocidental, os Por-tugueses chegaram ao R io do Ouro, àCosta do Marfim e a São J orge da Mina,no actual G hana.

Na África Central e Austral, os Portugueseschegaram ao R eino do Kongo, ao CaboNegro e ao Cabo da Boa Esperança.

Na costa oriental de África, os Portugueseschegaram ao Natal (África do Sul), aMadagáscar e a Moçambique.

TEMA 4 . A ÁFRICA NA ERA DO TRÁFICO DE ESCRAVOS

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Fig. 1 R econstituição de uma caravela

portuguesa. Foi com este tipo de

embarcações que os Portugueses

navegaram até Á frica.

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Os p rimeiros cont act os

Q uando os primeiros Europeus chegaram a África, estabeleceram contac-tos com os Africanos.

No princípio, as relações políticas entre os reis africanos e os Europeuseram de amizade e respeito mútuo. Prova disto foi quando os Portugueseschegaram ao reino do K ongo e assinaram um acordo de cooperação queprevia relações comerciais amigáveis. Mas este não foi cumprido pelosPortugueses, porque o que eles pretendiam eram as riquezas tão dese-jadas e procuradas em Portugal e na Europa. O K ongo nada beneficioudesse acordo, tendo os Portugueses tirado o maior proveito.

4 .1. A chegada dos Europeus a África

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Fig. 2 Figura representando a chegada de E uropeus a Á frica. Os primeiros contactos entre E uropeus e

Africanos foram geralmente pacífi cos.

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Os Árabes foram os primeiros a fazerem o tráfico de escravos negros, evendiam-nos na Europa. Este comércio foi crescendo pouco a pouco,tendo evoluído muito devido à expansão árabe no Norte de África. Nãotardou, os Europeus tomaram contacto com este comércio e acabarampor se concentrar nele como mercadoria privilegiada.

A es crav at ura em África

Antes da chegada dos Europeus já havia escravatura em África. Porém,existia uma grande diferença entre a escravatura praticada em África e ocomércio de escravos praticado pelos Europeus.

Em África, o escravo era acima de tudo um ser humano com direitoscívicos, e até podia possuir propriedades. Era integrado numa família. Porisso, a escravatura era doméstica ou patriarcal e não comercial. Haviaalgumas razões que davam origem à escravatura. Por exemplo, quandoos pais fossem escravos, os filhos também nasciam escravos. E quandoalguém ficasse a dever e não pagasse a dívida também podia tornar-seescravo. Por vezes, quando um tio, irmão da mãe, ficasse a dever aalguém e não tinha como pagar, este buscava a sobrinha ou o sobrinho evendia-o para pagar a dívida, sendo este(a) reduzida à escravatura. Só otio materno tinha este direito.

4 .2. O tráfico de escrav os

Fig. 3 Uma caravana de escravos na Á frica Oriental.

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Estes escravos eram muitas vezes sujeitos a castigos corporais. Mas se oproprietário de escravos matasse um deles com agressões violentas,poderia pagar uma multa ao chefe da comunidade. Por esta razão, assituações de violê ncia sobre os escravos eram muito raras nas sociedadesafricanas.

A guerra e a feitiçaria eram outras razões favoráveis para se obteremescravos. Os vencidos eram reduzidos à escravatura pelos vencedores.O homem ou a mulher acusados de prática de feitiçaria eram escraviza-dos, assim como toda a sua família.

O primeiro navio europeu a chegar a águas tropicais foi comandado pelonavegador portuguê s Antão G onçalves. Este atingiu a Costa da Mauri-tâ nia, onde capturou homens, mulheres e jovens num total de dezpessoas, levando-os para Portugal e vendendo-os como escravos.

Foi assim que em 1 4 4 1 o tráfico de escravos teve o seu início na costaocidental da África, tendo perdurado até ao século X IX .

Os investidores de L isboa ficaram interessados no negócio de escravos,pelo que se associaram e financiaram uma expedição maior. Como resul-tado desta foram capturados 2 3 5 escravos que, mais uma vez, foramvendidos em Portugal (L isboa). Foi deste modo que se inaugurou o trágicocapítulo da história africana associado ao tráfico de escravos.

O tráfico de escravos na costaocidental de África passou aser monopólio dos portugue-ses, que não permitiam par-ceiros neste negócio altamentelucrativo. Mas não tardou queos Espanhóis entrassem naconcorrê ncia devido à notíciadas riquezas provenientes dogolfo da G uiné.

4 .2. O tráfico de escrav os

Fig. 4 O castelo de S ão J orge da M ina

( E l- M ina) , construído pelos Portugueses na

costa da G uiné em 1 4 8 2 , tornou- se um

importante centro de tráfi co de escravos.

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No Reino do K ongo, o tráfico de escravos era inicialmente monopólio dorei. Mas com a penetração, os portugueses comerciantes e missionáriosenvolveram-se cada vez mais neste negócio.

Os Portugueses e os Espanhóis foram os pioneiros no comércio de escra-vos africanos para o continente americano. Em 1 5 1 8 , chegava o primeirocarregamento de escravos negros ao continente americano. Era a mudan-ça na rota do comércio de escravos, isto é, da Europa para a América.Mais tarde, os Ingleses também entraram no negócio, e em 1 5 62 enviaramo primeiro carregamento de escravos a partir da Serra L eoa.

As plantações de cana-de-açúcar e de tabaco no continente americanoaumentaram a necessidade da mão-de-obra africana. Por isso os escra-vos eram vendidos a preços altos, o que transformou este comércio numgrande negócio.

O circuito deste comércio chamou-se “Comércio Triangular”, porquetinha trê s lados, e cada um deles dava lucros. Os produtores de váriospaíses da Europa (britâ nicos, franceses, portugueses, espanhóis, holan-deses, dinamarqueses e outros) vendiam os seus produtos aos expor-tadores dos grandes portos do Atlâ ntico. Entre os vários produtos desta-cam-se os artigos de lã, de algodão barato, armas de fogo, pólvora ebebidas alcoólicas. Esses produtos eram levados para a África, ondeeram trocados por escravos. Era este o primeiro lado do comércio.

4 .2. O tráfico de escrav os

Fig. 5 Os navios negreiros destinavam- se ao transporte de escravos atravé s do oceano, fazendo

o máx imo aproveitamento do pouco espaço disponível.

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Os produtores ven-diam os seus artigospor preços muito maiselevados do que ocusto do seu fabrico.Por isso, davam enor-mes lucros aos seusprodutores.

Os escravos eramlevados para o outrolado do Atlâ ntico evendidos nos merca-dos americanos. Esteera o segundo ladodo comércio.

Os comerciantes de escravos também lucravam muito porque vendiam osescravos a preços muito superiores aos que os tinham comprado. Com odinheiro obtido compravam carregamentos de açúcar e de tabaco, culti-vados pelos escravos para os venderem nos países da Europa. Este era oterceiro lado do comércio. Esta fase dava lucros aos plantadores e aosproprietários dos navios cargueiros.

O trabalho dos escravosafricanos nas Américas gerougrandes fortunas na Europa, eisto ajudou alguns países atransformarem-se em naçõescomerciais poderosas, comoa I nglaterra e a França.

4 .2. O tráfico de escrav os

Fig. 6 E scravos africanos trabalhando numa plantação de tabaco

nas Antilhas Holandesas.

Fig. 7 M apa mostrando como se

desenrolava o comé rcio triangular

entre a Á frica, a Amé rica

e a E uropa.

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O tráfico de escravos praticado pelos países europeus só foi possível coma cumplicidade de alguns chefes políticos africanos. Os navios negreirosvinham para a África carregados de artigos de pouco valor, como espe-lhos, missangas, aguardente e armas de fogo. Chegados à costa deÁfrica, os comerciantes europeus trocavam estes produtos por ouro, mar-fim, peles e sobretudo escravos.

D evido aos fabulosos lucros que esse comércio dava, muitos dirigentesafricanos envolveram-se cada vez mais nele, chegando mesmo a promo-ver guerras entre tribos e guerras de k uata-k uata nas aldeias paraobterem o maior número de escravos.

Os efeit os do t rá fi co no l it oral

D evido à procura excessiva deescravos, as populações assus-tadas começaram a abandonar olitoral para se refugiarem nointerior. Procuravam refúgio noslagos do interior. Como os trafi-cantes negreiros tinham medode penetrar no interior, haviaintermediários africanos que iampara lá caçá-los para os venderaos negreiros. Esses homenseram designados por lançados.Percorriam o interior, organi-

4 .3 . As classes dirigentes africanas e o tráfico

Fig. 8 Alguns chefes políticos africanos foram cú mplices do tráfi co de escravos.

Fig. 9 Uma caravana de escravos

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zando guerras de razia, onde capturavam escravos que traziam para olitoral em caravanas.

Os lançados organizavam mercados onde os escravos eram vendidos emleilão. Em seguida, eram armazenados em pequenos quartos em condi-ções desumanas à espera de embarque. Os escravos acorrentados erampostos em porões de navios muitos apertados para serem transportados.D urante o transporte, muitos deles morriam devido às péssimas condi-ções. Muitas vezes os escravos revoltavam-se durante a viagem, maseram brutalmente reprimidos e outros eram simplesmente atirados ao mar!

D urante a travessia, muitos escravos adoeciam e estes também eram lan-çados ao mar. Os que chegavam vivos e sãos eram vendidos aos fazen-deiros para trabalharem nas plantações de cana-de-açúcar, de tabaco, decafé e nas minas.

4 .3 . As classes dirigentes africanas e o tráfico

Fig. 10 Transporte de escravos no porão de

um navio negreiro.

Fig. 11 D esembarque de escravos num porto das

Amé ricas

Fig. 12 Um mercado de escravos no B rasil.

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O tráfico de escravos provocou efeitos dolorosos e destruidores no conti-nente africano, e estes ainda hoje se fazem sentir.

A guerra e a caça ao homem passaram a ser uma necessidade, devido aolucro e ao enriquecimento fácil. Muitos Estados africanos fortes ficaramdesorganizados e os mais fracos chegaram mesmo a desaparecer. Podemesmo afirmar-se que houve um grande retrocesso nas forças produtivas.Os povos de agricultores regressaram à recolecção, deixando de sersedentários. As classes dominantes, devido à intensidade do tráfico deescravos, ficaram enfraquecidas e tornaram-se presas fáceis dos negrei-ros europeus.

D urante quase cinco séculos, a África foi palco de guerras, razias e outrasoperações nefastas provocadas pelos europeus para obterem escravos.A África viu-se assim privada da força de trabalho necessária para o seudesenvolvimento, o que a lançou no atraso e no subdesenvolvimento.A deslocação forçada de milhares de africanos provocou a diminuição docrescimento natural da população, já que os homens, as mulheres e osjovens em idade produtora e reprodutora eram vendidos e levados para osoutros continentes.

4 .4 . Conseq uê ncias do tráfico em África, na Amé rica e na Europa

Fig. 13 Ataque a uma aldeia por caçadores de escravos.

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4 .4 . Conseq uê ncias do tráfico em África, na Amé rica e na Europa

• O tráfico de escravos na África Ocidental foi inaugurado pelo nave-gador portuguê s Antão G onçalves em 1 4 4 1 .

• Este negócio tão lucrativo passou a ser monopólio dos Portugueses.• As notícias das riquezas provenientes do golfo da G uiné levou os

Espanhóis a entrarem na concorrê ncia.• Os Portugueses e os Espanhóis foram os pioneiros do comércio de

escravos.• O tráfico de escravos só foi possível graças à colaboração dos

chefes políticos africanos, ávidos de enriquecimento fácil.• As populações do litoral viram-se obrigadas a procurar refúgio no

interior devido à caça ao homem, construindo paliçadas em lagospara se protegerem.

• A deslocação de milhares de africanos jovens para os outros conti-nentes provocou a diminuição do crescimento da população e daforça de trabalho necessária para o desenvolvimento, lançando aÁfrica no subdesenvolvimento.

• Como consequê ncias nefastas, a África perdeu os seus melhoresfilhos, enquanto a Europa e a América fizeram a acumulação degrandes fortunas com o trabalho dos escravos negros.

AGORA Q UE J Á APRENDESTE, DEVES SABER...AGORA Q UE J Á APRENDESTE, DEVES SABER...

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TEMA 5.A É P OCA COL ONIAL EM ÁFRICA

ESTRUTURA DO TEMA

5.1. A abolição do tráfico de escravos: causas

5.2. As explorações geográficas

5.3 . A conquista dos territórios

5.4 . A Conferência de Berlim

5.5. As resistências à ocupação

5.6 . A implantação do sistema colonial

5.7 . O surgimento do nacionalismo em África: consequências

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TEMA 5 . A É P OCA COLONIAL EM ÁFRICA

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5 .1. A ab olição do tráfico de escrav os: causas

A dada altura, a Inglaterra inventou máquinas para realizar um conjunto deactividades de produção e transformação de materiais. Estas substituíramo trabalho que era realizado pelos escravos. Assim, começou a surgir naInglaterra uma onda de condenação do comércio de escravos. Em 1 8 0 7 ,o governo inglê s proibiu o comércio de escravos nos seus navios. A seguir,a França e outras nações europeias aderiram a esta atitude inglesa. Con-tudo, o comércio de escravos só chegou ao fim em 1 8 8 0 .

Nos finais do século X IX , todas as potê ncias coloniais foram obrigadas aparar com o comércio de escravos.

Portugal foi a última potê ncia colonial a parar com esse comércio, mas emsua substituição instalou o trabalho forçado, que era uma das caracterís-ticas mais dominantes nas colónias portuguesas.

Fig. 1 C erimó nia de celebração da abolição da escravatura em W ashington, nos E UA, em 1 8 8 6 .

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5 .2. As ex ploraçõ es geográficas

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Após a abolição do tráfico de escravos, os Europeus passaram a quererconhecer o interior de África. Os mais interessados eram os inglesesdevido à invenção das máquinas industriais. Estas máquinas necessitavamde matérias-primas, e estas eram muito abundantes em África. Por isso,era preciso conhecer, conquistar e explorar este continente.

Para materializar esta intenção criou-se uma associação que integravacomerciantes cientistas e humanistas denominada “Associação para aD escoberta de África”. Mais tarde passou a chamar-se “AssociaçãoAfricana”.

As primeiras viagens foram realizadas sob tutela da bandeira inglesa.

Foram vários os exploradores interessados em conhecer o interior deÁfrica. Entre eles, podemos destacar Livingstone, Stanley, António daSilva P orto, Hermenegildo Capelo, R oberto I vens, Alexandre SerpaP into e Henrique D ias de Carvalho.

Muitos desses exploradores partiram de Angola para as suas viagens.Algumas cidades angolanas receberam a sua denominação, a exemplo daex-cidade de Silva Porto (actual K uito), Henrique de Carvalho (actualSaurimo, Capital das L undas), Serpa Pinto (actual Menongue, K uandoK ubango) ou Perreira d’ Eça (actual Onjiva).

Muitos alemães, sobretudo missionários e pastores, também exploraram ointerior do continente africano, mas a maioria deles sob tutela da bandeirainglesa.

Fig. 2 Alguns ex ploradores de Á frica: D avid Livingstone, Hermenegildo

C apelo e R oberto I vens, S erpa Pinto.

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Até finais de 1 8 0 0 , a África era ainda quase desconhecida, mas todas aspotê ncias europeias queriam mostrar a sua coragem e bravura explorandoo interior do continente e retirando dele as matérias-primas que a Europatanto necessitava para as suas indústrias.

A época em que se realizou a conquista e a ocupação colonial estendeu--se de 1 8 8 0 a 1 9 1 4 . Foi o período em que o continente africano foi dividi-do, subjugado e ocupado pelas principais potê ncias europeias da época.

Essas potê ncias tinham grandes interesses económicos nas regiões dolitoral do Atlâ ntico e do Í ndico, mas tinham ainda pouco controlo sobre aspopulações africanas.

As acções militares de algumas potê ncias demonstravam claramente queestavam interessadas em fazer uma ocupação efectiva. Isto levou a quetodas as potê ncias se interessassem em ter um controlo efectivo dosterritórios africanos.

5 .3 . A conq uista dos territó rios

Fig. 3 M apa francê s de Á frica de 1 8 5 2 .

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A ocup açã o efect iv a dos t errit ó rios

As informações fornecidas pelos exploradores atiçaram a cobiça daspotê ncias europeias, que não tardaram em lançar-se na ocupação docontinente africano. Cada uma queria ocupar a maior parte dos territórios.

A luta pela ocupação dos territórios africanos ameaçava levar a Europa auma guerra. Esta só foi evitada graças ao talento discreto e atento dochanceler (primeiro-ministro) alemão Bismark , que convocou a Conferên-cia de Berlim para resolver todos os conflitos sobre a conquista e a ocu-pação de África.

A Conferê ncia de B erlim, que assim se chamou por se realizar na cidadealemã com o mesmo nome, teve o seu início a 1 5 de Novembro de 1 8 8 4e terminou a 2 3 de Fevereiro de 1 8 8 5 . Para se evitarem conflitos entrealgumas potê ncias (Portugal, Inglaterra, França e B élgica), foi concedidaao rei L eopoldo II a administração da bacia do rio K ongo e a Portugal foireconhecida a soberania dos territórios situados na margem direita do rioK ongo.

A Conferê ncia de B erlim definiu as regras que legitimavam a ocupaçãoefectiva dos territórios africanos em disputa.

Após a realização da Conferê ncia de B erlim, os países europeus come-çaram a delimitar (traçar) as fronteiras das suas colónias, e até 1 9 0 0 amaioria dessas fronteiras estava fixada. Assim, a África ficou dividida entrebritâ nicos, franceses, alemães, portugueses, belgas e italianos.

5 .4 . A Conferê ncia de B erlim

Fig. 4 A C onferê ncia de B erlim ( 1 8 8 4 – 1 8 8 5 ) .

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A ocupação efectiva do continente africano pelas potê ncias europeias foifeita na época em que ocorriam algumas transformações económicas esociais na Europa. Estas transformações foram provocadas pela invençãode máquinas industriais na Inglaterra. Os Europeus precisavam de definirurgentemente o papel da África na aquisição das matérias-primas. Paraisso era necessário ter um controlo efectivo dos territórios. A Conferê nciade B erlim contribuiu para este controlo efectivo dos territórios e pararegular a concorrê ncia entre as potê ncias coloniais. Cada potê ncia tinhaque dar provas de controlo sobre os territórios que possuía.

Foram assinados vários tratados bilaterais para delimitação do espaço quecada potê ncia deveria ocupar, bem como as suas respectivas fronteiras.Os tratados assinados entre africanos e europeus foram apenas proveito-sos para os europeus, pois utilizaram a força como fonte de todo direito.

D este modo, as potê ncias europeias dividiram o continente africano emdezenas de colónias, e todos os actuais países africanos ficaram depen-dentes deste ou daquele país europeu. Os chefes africanos viam os euro-peus como seus concorrentes rivais, que tinham adquirido a sua riquezaatravés do comércio negreiro.

5 .5 . As resistê ncias à ocupação

Fig. 5 Tropas britânicas em campanha contra os Z ulus em 1 8 7 9 , na Á frica do S ul.

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O comércio que se exercia nas trocas só era possível com uma ocupaçãoefectiva do território.

Os europeus romperam a velha aliança com os mercadores e interme-diários africanos e passaram a recorrer à força para terem o direito exclu-sivo de comercializarem. Assim começa a resistê ncia africana à penetra-ção europeia.

O resultado de tudo isso foi uma resistê ncia feroz por parte dos merca-dores e chefes africanos que dominavam o comércio de escravos. Esteslutaram contra a penetração e a dominação europeia. Em resposta, oseuropeus trataram de destruir as bases económicas dos Estados africa-nos, estabelecendo uma nova forma de troca desigual e ocupando militar-mente as zonas produtoras.

A imp ort â ncia h is t ó rica das res is t ê ncias africanas

As resistê ncias africanas contra a penetração europeia foram de longaduração, e os Estados africanos utilizaram todos os meios ao seu alcance.Mostraram o seu talento táctico e estratégico, habilidade e perícia.

Em todas as regiões de África destacaram-se figuras de resistê ncia, taiscomo Shaca Zulu (África do Sul), Ngungunhana (Moçambique), Menelik I I(Etiópia), Ek uik ui I I e Mandume (Angola), entre outros.

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5 .5 . As resistê ncias à ocupação

Fig. 6 S hak a Z ulu ( à esquerda) , N gungunhana ( ao centro) e M andume ( à direita) .

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5 .5 . As resistê ncias à ocupação

Em toda a extensão do continente africano os exércitos europeus tiveramalgumas derrotas no campo de batalha. Essas vitórias militares dos afri-canos, embora poucas, foram muito significativas. Tais vitórias demons-traram o grau de preparação dos africanos, a sua capacidade de organiza-ção e os objectivos que pretendiam nessa luta, que eram a conservaçãoda independência e soberania nacionais. Isto estava bem patente (visível)em todas as regiões de África. As resistê ncias africanas duraram aproxi-madamente duas décadas, e em algumas regiões trê s décadas(1 8 8 0 –1 9 1 4 ). Houve casos particulares que se estenderam até 1 9 1 7 .

Os Estados africanos tinham um único propósito: defender e proteger asua independê ncia e o seu estilo tradicional de vida. Para isso, tinham deoptar pelo confronto directo, a aliança ou a aceitação da submissão. Emalgumas partes de África as resistê ncias tiveram estas características.

5 .6 . A implantação do sistema colonial

D epois da realização da Conferê ncia de B erlim, as potê ncias europeiasentram numa nova fase, que consistiu na expansão do sistema coloniala todo o continente africano. Apesar de existirem ainda alguns focos deresistê ncias, o continente africano foi motivo de negociações. Os europeusenvolvem-se numa série de conversações bilaterais para definir as suasposições.

O período colonial pode dividir-se em quatro épocas distintas, que vão de1 8 8 0 a 1 9 60 :

• O primeiro período foi o da invasão e conquista, que durou até 1 9 0 0 .

• O segundo foi o da instalação do sistema colonial e destruição finaldas resistê ncias africanas. Prolongou-se até 1 9 2 0 em algumas colónias.

• O terceiro foi o período central do domínio colonial. Estendeu-se de1 9 2 0 até 1 9 5 0 , embora houvesse algumas excepções.

• O quarto foi aquele em que uma nova forma de resistência política afri-cana ocupou o centro das atenções. Isto começou a acontecer por voltade 1 9 5 0 . Esta nova forma de resistê ncia política chamou-se naciona-lismo. Era um nacionalismo orientado para a recuperação da indepen-dê ncia africana.

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Os sistemas coloniais foram diferentes porque cada potê ncia europeiatinha os seus métodos de domínio. Contudo, todos os sistemas assen-tavam em duas regras básicas:

• A primeira era que os interesses dos europeus tinham sempre priori-dade sobre os interesses dos africanos

• A segunda regra era que as colónias existiam para dar lucros aos seuspossuidores – os europeus. Portanto, o sistema colonial foi concebidopara dar à Europa matérias-primas a baixo preço em troca das merca-dorias que a Europa manufacturava.

A adminis t raçã o, o cont rol o e a ex p l oraçã o da mã o-de-ob ra africana

Os colonialistas europeus utilizaram dois tipos de administração nascolónias africanas: administração directa e indirecta.

Era considerada administração directa aquela em que toda a terra e opoder político foram tomados pela força. Este tipo de administração foiutilizado nas colónias portuguesas.

Administração indirecta foi aquela em que os territórios só eram ocupa-dos pelas potê ncias europeias através de tratados assinados com oschefes africanos, como aconteceu nas colónias francesas e britâ nicas.Porém, muitas colónias de administração indirecta passaram depois paraadministração directa, como foi o caso do Z imbabw e.

5 .6 . A implantação do sistema colonial

Fig. 7 Fotografi a de uma companhia

de cipaios ( tropas nativas) ao serviço

do ex é rcito colonial portuguê s em

Angola, em fi nais do sé culo X I X .

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O sistema colonial em África actuava como se a terra lhe pertencesse. Oscolonialistas cometiam todo o tipo de abusos contra o povo. Se umadeterminada área fosse necessária para construir cidades, plantações doscolonos ou para explorações mineiras, as populações que lá viviam eramretiradas à força.

As melhores terras eram ocupadas pelos governantes e pelos colonos, eas populações africanas eram obrigadas a viver nas terras pobres. Aatitude colonial confrontava-se com os hábitos dos africanos no que dizrespeito ao uso da terra e de propriedade. Foi imposto um sistema de leispara dominar e explorar as populações que veio destruir toda a estruturasócio-política e cultural das sociedades africanas já existentes. Em seulugar foi imposta a cultura do colonizador. U ma forte oposição africanaresistiu ao modelo imposto pelo colonizador, mas os africanos acabarampor ser submetidos.

A resistê ncia dos africanos foi tomando várias formas e evoluiu à medidaque se intensificavam a repressão e a exploração coloniais.

Cada potê ncia explorava as colónias a que tinha direito no campo político,administrativo, económico e social para exercer um controlo efectivo sobrea população e aumentar os seus rendimentos.

Em Angola, o Governador do distrito orientava os chefes de postos queestavam sob sua tutela.

5 .6 . A implantação do sistema colonial

Fig. 8 Angolanos capturados pelo ex é rcito colonial portuguê s durante as

revoltas no Huambo, em 1 8 9 7 – 9 8 .

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O governador era o factor determinante deste regime, que tinha comoobjectivo oprimir e explorar o povo africano. Ele tinha poderes de abusomuito amplos. Ainda assim, os governadores das colónias não conse-guiam controlar as populações sozinhos. Então, tiveram que recorrer aosantigos chefes locais para os ajudar. Estes chefes locais chamavam-seSobas, ou regedores. Havia também os cipaios – estes eram agentes quereprimiam o povo e ajudavam os administradores e os Sobas.

Os Regedores e os Sobas tinham obri-gações, tais como:

• Cobrança de impostos aos indígenas.

• Recrutamento de trabalhadores para ocontrato nas minas e nas plantações.

Apesar do desempenho das funções, oSoba, ou regedor, não era consideradoum trabalhador do regime colonial, e porisso não era pago. Mas ele cobrava umataxa por cada trabalhador que regres-sava do contrato, e recebia também umaquantia para cada problema que resolviana comunidade. Portanto, ele era umaliado do aparelho de exploração colo-nial. A maior parte da população indígenanão tinha nenhum direito cívico e sofria arepressão colonial.

A economia

Ag ricul t ura

Na economia colonial, vigorava o sistema de plantações de culturas desti-nadas ao mercado externo, como o algodão, o sisal, a cana-de-açúcar,o café, o tabaco e outros produtos. O sistema de cultivo implicava a utili-zação de um grande número de homens em todas as tarefas, como nasplantações, na sacha, no corte, na colheita, na extracção mineira, notransporte para as fábricas – em suma, em todo o processo industrial.Todo este processo dependia muito da mão-de-obra barata que o governo

5 .6 . A implantação do sistema colonial

Fig. 9 Fotografi a de um S oba angolano

nos anos de 1 9 4 0 .

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colonial conseguia através da criação de leis que instituíam o trabalhoforçado ou o contrato. O trabalho forçado não se limitava apenas às gran-des plantações e às roças dos colonos. Era também utilizado para a cons-trução de obras públicas, como pontes, estradas, caminhos-de-ferro eoutras.

Havia um controlo rigoroso da força de trabalho. O recenseamento coloniale a lei do porte de caderneta indígena passaram a constituir os principaiselementos do controlo de pagamento dos impostos e do trabalho forçado.

A act iv idade mineira

Em Angola, embora Portugal fosse o país colonizador, este era poucodesenvolvido. Não possuía meios para o desenvolvimento da indústria.Por esta razão, permitiu que as outras potê ncias investissem o seu capitalfinanceiro em Angola.

Foi assim que as grandes companhias estrangeiras como a Cotonang, aD iamang, a Cabinda Gulf ou o Caminho-de-Ferro de Benguela desen-volveram as suas actividades na produção de matérias-primas como osdiamantes, o cobre, o ferro, o manganê s e o petróleo.

5 .6 . A implantação do sistema colonial

Fig. 10 E x ploração de diamantes da D iamang na Lunda N orte.

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O governo colonial portuguê s fornecia mão-de-obra gratuita e recebia uma percentagem mínima dos rendimentos. Esta foi a época de maior explora-ção das riquezas em Angola, porque Angola fornecia matérias-prímaspara os países industrializados.

Tanto as companhias estrangeiras como o governo colonial portuguê sexploravam a mão-de-obra africana de várias formas:

• U tilização do trabalho forçado nas plantações e transporte de mercadorias.

• Cobrança de impostos.

• Construção de estradas, pontes, caminhos-de-ferro, telégrafos, etc.

• Cultivo obrigatório de monoculturas.

• Exploração dos recursos minerais e pesqueiros.

As v ias de comunicaçã o

Em qualquer parte do mundo, as vias de comunicação (estradas, cami-nhos-de-ferro) sempre tiveram como objectivo principal o desenvolvimentode uma determinada região. A sua instalação faz surgir centros urbanos,centros agrícolas e industriais e permite a ligação de diferentes pontos deum país. Também facilita a deslocação das populações, o escoamento deprodutos agrícolas e outros.

As vias de comunicação são de grande importâ ncia porque contribuempara o desenvolvimento de um país.

5 .6 . A implantação do sistema colonial

Fig. 11 O caminho- de- ferro de B enguela, no início do sé culo X X .

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As resistê ncias dos africanos contra a ocupação dos territórios come-çaram desde a chegada dos primeiros europeus em África. Os africanosnunca aceitaram a ocupação das suas terras pelos colonialistas nem aexportação das suas riquezas. Sempre resistiram à escravatura, às cul-turas obrigatórias e ao trabalho forçado.

Os povos africanos nunca aceitaram a dominação colonial, por isso a suarevolta foi crescendo de dia para dia. A resistê ncia dos africanos assumiudiversas formas, tais como: a recusa ao pagamento de impostos, adestruição de máquinas e outros instrumentos de trabalho, greves eformação de movimentos políticos para lutarem contra o colonialismo.

Nas fábricas, nos portos e caminhos-de-ferro, nas plantações, nas minase nas serrações, os camponeses e operários paralisavam o trabalho efaziam greves, protestando contra as más condições de trabalho, osbaixos salários e a má alimentação.

Os grandes heróis da resistê ncia à ocupação colonial em África foram:

• Ngungunhana, em Moçambique, naÁfrica Oriental.

• Chak a Zulu, da África do Sul.

• Hluibi Langalibele, L esotho, África doSul.

• Hendrik W itbooi, chefe da resistê nciacontra os alemães na actual Namíbia.

• Samory Touré dirigiu a resistê ncia naÁfrica Ocidental.

A princípio, muitas dessas formas de lutas foram isoladas, não planificadase demoravam pouco, porque o colonizador actuava duramente e acabavapor controlar a situação.

Apesar disso, em toda a parte começaram a surgir africanos que forma-vam grupos para continuar a luta dos seus antepassados. Alguns dessesgrupos surgiram entre 1 9 3 0 –1 9 5 0 .

5 .7 . O surgimento do nacionalismo em África: conseq uê ncias

Fig. 12 Almamy S amory Touré , um heró i da

resistê ncia contra os colonizadores

franceses, na Á frica Ocidental.

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Alguns africanos que tinham o privilégiode frequentarem o ensino secundáriocomeçaram a organizar-se em grupose a criar algumas organizações. EmAngola, por exemplo, criaram-se duasorganizações: a Anangola e a LigaNacional Africana. Estas organizaçõesreuniam-se muitas vezes para discutir amelhor maneira de acabar com o colo-nialismo. Mas estas não foram as úni-cas e as mais importantes formas deexpressar as contradições e os confli-tos entre colonizadores e colonizados.Contudo, noutras partes de Áfricaforam também aparecendo movimen-tos culturais e religiosos, muito delescom carácter político.

Muitos dos dirigentes desses movimen-tos contactaram os governos coloniaispedindo maior liberdade e melhorescondições de vida para o seu povo,mas as suas reivindicações foramrespondidas com violê ncia, espanca-mentos e prisão. Q uando o povo semanifestava contra as atitudes doscolonialistas, os governadores chama-vam as tropas e mandavam abrir fogo.

Todas essas contradições nas sociedades coloniais em África contribuírampara o despertar da consciência nacionalista. Como algumas potê nciascoloniais sempre se recusaram a dar a independê ncia às suas colónias,respondendo com massacres, a exemplo de Portugal, os povos africanoscomeçaram com a luta armada de libertação nos seus países. D esde oinício, quase todos os países africanos apoiaram a luta armada. Algunsdeles evidenciaram-se nesse apoio, a exemplo do ex-K ongo B elga, aZ â mbia, a Tanzâ nia e outros.

Em África, as independê ncias começaram a surgir nos fins da década de1 9 5 0 . Contudo, foi a partir da década de 1 9 60 que a luta dos povos africa-

5 .7 . O surgimento do nacionalismo em África: conseq uê ncias

Fig. 13 Fotografi a do I C ongresso de

E scritores e Artistas N egros, realizado

em Paris, em S etembro de 1 9 5 6 .

Fig. 14 M arcelino dos S antos, Amílcar

C abral e E duardo M ondlane na

I I C onferê ncia das Organizações

N acionalistas das C oló nias

Portuguesas, realizada em D ar- E s-

- S alam em Outubro de 1 9 6 5 .

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5 .7 . O surgimento do nacionalismo em África: conseq uê ncias

nos pela independê ncia se desen-volveu bastante. Muitos países tor-naram-se então independentes.

Na região austral do continente afri-cano, alguns países que eram coló-nias da Inglaterra tornaram-se inde-pendentes, e outros ficaram em viasde se tornarem independentes.

O governo da Inglaterra teve queaceitar a ideia de que os povos des-ses países tinham o direito à independê ncia. Por isso, através de acordos,esses países conseguiram a sua liberdade e autodeterminação.

Porém, o governo colonial portuguê s não aceitava a ideia de realizar acor-dos para concessão do direito à independê ncia das suas colónias. Foi poresta razão que as colónias portuguesas foram as últimas a conquistarema sua independê ncia, que só foi possível através de uma luta árdua.

Fig. 15 G uerrilheiros do M PLA na Frente Leste,

em 1 9 7 1 .

Fig. 16 O M onumento da Libertação em

Lusak a, na Z âmbia, país que

conquistou a independê ncia em

2 4 de Outubro de 1 9 6 4 .

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TEMA 6.O NASCIM ENTO D E NOV OSESTAD OS E O P RESENTE

ESTRUTURA DO TEMA

6 .1. O nascimento de novos Estados

6 .1.1. Os primeiros países africanos independentes6 .1.2. 1960 – O Ano de África6 .1.3 . Os movimentos de libertação nacional nas colónias

portuguesas6 .1.4 . Novos Estados na África Austral

6 .2. Novas tarefas para a nova África

6 .2.1. Subdesenvolvimento, educação, saúde, ambiente,pobreza

6 .2.2. Os conflitos inter-étnicos e guerras inter-estatais

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TEMA 6 . O NASCIMENTO DE NOVOS ESTADOS E O P RESENTE

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A partir de 1 9 1 0 , os povos africanos viveram acontecimentos que mar-caram a história do seu continente. O primeiro acontecimento foi a Pri-meira G uerra Mundial, em que os africanos participaram não para o seubenefício mas para benefício dos colonialistas europeus, que no momentocolonizavam todo o continente africano. Foi a partir deste grande aconte-cimento que o presidente W ilson dos EU A começou a pensar na suadeclaração humanista, que anunciava a libertação dos povos.

A troca de experiê ncias e os contactos directos com os trabalhadores deoutras partes do mundo teve um certo reflexo nos africanos, tomandoestes consciê ncia da necessidade de reconquistar a sua soberania ouindependê ncia.

A partir da II G uerra Mundial, a luta anticolonial começou. D e um modogeral, foi menos violenta nas colónias inglesas e mais violenta nas colóniasfrancesas e portuguesas.

A nível do continente africano foram-se registando revoltas contra o siste-ma colonial europeu nos anos de 1 9 3 0 e 1 9 4 0 . A princípio, estas formasde luta eram isoladas, não planificadas e duravam pouco tempo. Essasrevoltas tiveram várias razões, como a exploração, a discriminação e adominação colonialista secular. Por exemplo, nos territórios da Nigéria, daCosta do Ouro (G hana) e na Serra L eoa realizaram-se nos anos de 1 9 4 0diversas manifestações anticoloniais contra os B ritâ nicos.

Fig. 1 Populares

aprisionados por militares

ingleses durante a

sublevação M au M au no

Q ué nia, em 1 9 5 2 – 1 9 6 0 .

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6.1.1. Os p rimeiros p aí s es africanos indep endent es

No período entre 1 9 5 0 e 1 9 60 , o continente africano foi marcado pelo sur-gimento de alguns Estados independentes que outrora eram territórioscolonizados pelos países europeus.

Alguns países de África situados na região do Norte e do Ocidente tor-naram-se independentes nos anos de 1 9 5 0 , nomeadamente a Líbia, quealcançou a sua independê ncia a 2 4 de D ezembro de 1 9 5 1 ; o Sudão, a1 de J aneiro de 1 9 5 6; Marrocos, a 2 de Março de 1 9 5 6; e a Tunísia, a2 0 de Março de 1 9 5 6. O Ghana, que conquistou a sua independê ncia a6 de Março de 1 9 5 7 , tornou-se o primeiro Estado independente da ÁfricaNegra. A Guiné-Conak ry proclamou a sua independê ncia a 2 de Outubrode 1 9 5 8 e tornou-se o segundo Estado independente da África Negra.

Nenhum país africano obteve a sua independê ncia como “ presente” doscolonialistas.

A proclamação da independê ncia desses seis países depois de 1 9 5 0 deuimpulso às posições das lutas anticoloniais nos países que ainda seencontravam sob o jugo colonial nos anos de 1 9 60 , com acções dosmovimentos de libertação em quase todo o continente africano.

6 .1. O nascimento de nov os Estados

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Fig. 2 Os primeiros países africanos independentes.

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6 .1. O nascimento de nov os Estados

D ezassete territórios colonizados pelas potê ncias europeias tornaram-seEstados independentes como fruto dos resultados dos movimentos delibertação a nível de toda a África. Em 1 9 60 , foram proclamadas as seguin-tes Repúblicas:

• Camarões: 1 de J aneiro de 1 9 60• Togo: 2 7 de Abril de 1 9 60• Mali: 2 0 de J unho de 1 9 60• Senegal: 2 0 de J unho de 1 9 60• Madagáscar: 2 0 de J unho de 1 9 60• Congo-Leopoldville (actual Congo D emocrático): 3 0 de J unho de 1 9 60• Somália: 1 de J ulho de 1 9 60• D aomé (actual B enin): 1 de Agosto de 1 9 60• Níger: 3 de Agosto de 1 9 60• Alto-Volta (actual B urk ina Faso): 5 de Agosto de 1 9 60• Costa do Marfim: 7 de Agosto de 1 9 60• Chade: 1 1 de Agosto de 1 9 60• R epública Centro-Africana: 1 2 de Agosto de 1 9 60• Congo-Brazaville: 1 5 de Agosto de 1 9 60• Gabão: 1 7 de Agosto de 1 9 60• R epública da Nigéria: 1 de Outubro de 1 9 60• Mauritânia: 2 8 de Novembro de 1 9 60

Os líderes dos movimentos de liberta-ção desses Estados desempenharamum grande papel no processo da luta delibertação de África, destacando-seKwa me Nkruma h do G hana, Sek ouTouré da G uiné-Conak ry e P atrice Lum-bumba do Congo-L eopoldville, entretantos outros.

A proclamação de independê ncia cons-tituiu o resultado de um desenvolvimen-to político interno dos países africanos edas relações com os outros países domundo. Cada país escolheu o seu cami-nho de desenvolvimento social. Algunsdecidiram optar pela via socialista, en-quanto outros pela via capitalista. Fig. 3 Patrice Lumbumba.

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6 .1. O nascimento de nov os Estados

D esde o nascimento dos primeiros Estados africanos que as antigasmetrópoles e outros países imperialistas mantê m as formas de relações dedominação sob outras condições, tais como o fornecimento de produtos,acordos económicos desfavoráveis, povoamento branco, etc.

O subdesenvolvimento e a dependê ncia económica dificultam em geral odesenvolvimento dos Estados africanos, que durante muito tempo foramexplorados pelas potê ncias europeias. Até hoje, os países africanos conti-nuam a enfrentar inúmeros problemas na educação, na saúde e na alimen-tação, sem esquecer o mal geral da degradação do meio ambiente.

Fig. 4 As dezassete nações africanas que conquistaram a independê ncia em 1 9 6 0 .

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6.1.2. 19 60 – O Ano de África

D epois de proclamada a independê ncia em vários países africanos notou--se que a África se distinguia por um grande conjunto de tribos, povoa-ções e Estados. Era necessária a unidade de todos, como filhos desteimenso continente, também conhecido como terceiro grande continentedo planeta.

D e 2 3 a 2 5 de Maio de 1 9 63 realizou-se em Addis-Abeba, capital daEtiópia, uma conferê ncia de chefes de Estado e de governo dos paísesrecentemente independentes de África.

Nesta conferê ncia, a agenda de trabalhos tratava a questão da unidadeafricana e o respeito integral das fronteiras herdadas do sistema colonialeuropeu.

6 .1. O nascimento de nov os Estados

O ano de 1960 foi universalmente considerado o “Ano de África”pelo facto de dezassete territórios africanos, outrora colóniasdas potências europeias, se terem tornado R epúblicas e Esta-dos independentes.

SABIASABIASS Q UE...Q UE...

As fronteiras actuais dos países africanos foram delimitadaspelas potências europeias em 1884/ 85, quando os colonialistasdecidiram a última partilha dos territórios africanos de acordocom os seus interesses.

SABIASABIASS Q UE...Q UE...

Fig. 5 A bandeira da Organização da Unidade

Africana ( OUA) , criada em Addis- Abeba em 2 5 de

M aio de 1 9 6 3 . A OUA foi substituída pela União

Africana a 9 de J ulho de 2 0 0 2 .

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6.1.3. Os mov iment os de l ib ert açã o nacional nas col ó nias p ort ug ues as

Ang ol a

D epois da Segunda G uerra Mundial (1 9 3 9 –1 9 4 5 ), os africanos em Áfricatomam a decisão de fazerem tudo para o aniquilamento do poder colonialnos seus próprios países.

Em 1 9 5 4 , foi publicada a lei que reforçava a categoria de indígena nasprovíncias portuguesas da G uiné, Angola e Moçambique. Esses africanosficavam com mais dificuldades de abandonar o estatuto de indígenaporque eram de raça negra ou os seus descendentes não possuíam aindaa cultura e os hábitos dos cidadãos portugueses. Nas colónias portu-guesas os assimilados ganharam então consciê ncia que eram tambémfilhos de África, e criaram nos anos de 1 9 5 0 numerosas organizaçõesnacionalistas.

Em 1 9 5 4 , foi criado no Norte de Angola o U PNA (U nião dos Povos doNorte de Angola), tendo depois a denominação de U PA (U nião dos Povosde Angola). Em 1 9 62 , com a fusão da U PA e do PD A, criou-se a FNL A(Frente Nacional de L ibertação de Angola).

6 .1. O nascimento de nov os Estados

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Este movimento iniciou a sua luta armada na região do Norte de Angola,nomeadamente no conselho do U íge, estendendo-se mais tarde para osul, até à actual província do B engo. A sua primeira manifestação foi atra-vés do ataque a fazendas de café, mas mais tarde estendeu-se às grandescidades. A FNL A teve como retaguarda de luta o Ex-Congo B elga (actualRepública D emocrática do Congo), liderado naquele tempo pelo falecidogeneral J oseph D esiré Mobutu. A FNL A era liderada por Holden Roberto.

Em 1 9 5 6 surge o Partido da L uta U nida dosAfricanos de Angola (PL U AA). Nesse mesmo anocirculava um documento a que foi dado o nomede Manifesto. Este documento apelava à criaçãode um amplo Movimento Popular de L ibertaçãode Angola (MPL A). Com as acções de luta, ageração nacionalista tomava consciê ncia, crian-do ainda outras organizações: em 1 9 5 8 , o Movi-mento para a Independê ncia de Angola (MIA), eem 1 9 5 9 o Movimento para a Independê nciaNacional de Angola (MINA). D epois da fusão des-sas organizações políticas em 1 9 62 , AgostinhoNeto toma a direcção do MPL A.

Fig. 6 Holden R oberto e outros dirigentes da UPA, em 1 9 6 1 .

Fig. 7 Agostinho N eto.

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Em 1 9 66, criou-se um outro movimento denomi-nado U NITA (U nião Nacional para a Independê n-cia Total de Angola), fundado por J onas MalheiroSavimbi, ex-ministro das Relações Exteriores edissidente da FNL A.

D epois da FNL A ter desistido da guerra fratricidaque continuou após a independê ncia, Savimbicontinuou a luta até 2 2 de Fevereiro de 2 0 0 4 ,data da sua morte.

Com as armas em punho, lutando juntamentecom os outros partidos como o FNL A, MPL A,

U NITA, etc., os Angolanos reverteram 1 4 anos mais tarde a sua situação.Com a pressão dos guerrilheiros de Angola e dos outros países africanossob dominação colonial portuguesa, no dia 2 5 de Abril de 1 9 7 4 houve umgolpe de Estado em Portugal. Este golpe foi dirigido pelo Movimento dasForças Armadas (MFA).

O povo portuguê s duma maneira geral levantou-se. Esse levantamentogeral designou-se “ Revolução dos Cravos” . A sua vitória trouxe liberdadeao povo portuguê s e abriu caminho ao processo de independê ncia dascolónias portuguesas em África em geral, e de Angola em particular.

Isso fez com que alguns meses depois se estabelecesse a data de nego-ciações que culminaram nos acordos de Alvor. As mesmas permitiram amarcação da data da proclamação da Independê ncia para Angola em 1 1de Novembro de 1 9 7 5 , por Agostinho Neto, primeiro Presidente da Repú-blica Popular de Angola.

6 .1. O nascimento de nov os Estados

Fig. 9 D iscurso da Proclamação da I ndependê ncia de Angola, por Agostinho N eto.

Fig. 8 J onas S avimbi.

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6 .1. O nascimento de nov os Estados

T ex to da Procl am ação da I n depen dê n cia de A n gol a por A gostin h o N eto, prim eiro Presiden te da R epú b l ica de A n gol a

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Guiné -Bis s au e Cab o Verde

D epois do seu regresso à G uiné, em Setembrode 1 9 5 6, Amílcar Cabral funda clandestinamenteo Partido Africano para a Independê ncia da G uinée de Cabo V erde (PAIG C), em B issau. Em 1 9 5 9 ,este partido organiza a primeira greve de traba-lhadores, que foi reprimida pelos Portugueses.Este facto deu lugar em 2 3 de J aneiro de 1 9 63ao começo da luta armada de libertação nacionalno sul do país, que depois se estendeu a outrasáreas do território.

A 2 0 de J aneiro de 1 9 7 3 , o líder do partidoPAIG C é assassinado em Conacry . O II Con-

gresso do Partido, realizado de 1 8 a 2 3 de J ulho, elege por unanimidadeAristides Pereira para o cargo de Secretário-G eral do partido.

Na I Assembleia Nacional Popular, realizada a 2 4 de Setembro do mesmo ano (1 9 7 3 ), foi pro-clamada unilateralmente a independê ncia eeleito L uís Cabral como Presidente do Conselhode Estado.

V erifica-se o aumento da luta de libertação con-tra o exército portuguê s, e mesmo o reconheci-mento da República da G uiné-B issau por partede outros países. Portugal reconhece a indepen-dê ncia da G uiné-B issau a 2 6 de Agosto de 1 9 7 4 .

A fusão estava longe de continuar, e a 1 4 deNovembro de 1 9 8 0 dá-se um golpe de Estado

6 .1. O nascimento de nov os Estados

Cabo Verde é um arquipélago de origem vul-cânica constituído por algumas ilhas monta-nhosas e sem rios permanentes.

SABIASABIASS Q UE...Q UE...

Fig. 10 Amílcar C abral.

Fig. 11 Aristides Pereira.

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dirigido por J oão B ernardo V ieira (Nino), que forao chefe militar durante a guerra de libertação.Este consegue derrubar L uís Cabral, e o aconte-cimento marca o corte de relações entre a G uiné--B issau e Cabo V erde e, subsequentemente, aruptura do partido que até então tinha dirigido osdois países. A 2 0 de J aneiro de 1 9 8 1 , os Cabo-V erdeanos fundam um novo partido denominadoPartido Africano para a Independê ncia de CaboV erde (PAICV ), mas a G uiné-B issau mantém asigla histórica do partido denominado PAIG C.

A história de Cabo V erde reconhece o dia 5 deJ ulho de 1 9 7 5 como o dia da independê nciaoficialmente aceite.

Moçamb iq ue

Em 1 9 62 , Eduardo Mondlane funda a organização polí-tica denominada Frente de L ibertação de Moçambique(FREL IMO), juntando-se com trê s grupos indepen-dentes de nacionalistas moçambicanos. A partir daí,começa a organizar actividades políticas clandestinas.A FREL IMO desencadeia a luta política e militar do povomoçambicano contra o colonialismo portuguê s, dandoinício à luta armada a 2 5 de Setembro de 1 9 64 . EmFevereiro de 1 9 69 , Eduardo Mondlane é assassinadopor agentes do colonialismo portuguê s. Realiza-se o II Congresso daFREL IMO e Samora Machel é eleito presidente da organização.

A 2 5 de Abril de 1 9 7 4 o colonia-lismo portuguê s conheceu a suaderrota com o golpe de Estadoque pô s fim ao regime colonialfascista. Em Moçambique cria-seum governo de transição, e em2 5 de J unho de 1 9 7 5 é procla-mada a República Popular deMoçambique. Samora Machelassume a presidê ncia do Estado.

6 .1. O nascimento de nov os Estados

Fig. 13 E duardo M ondlane. Fig. 14 S amora M achel.

Fig. 12 J oão B ernardino

V ieira ( N ino) .

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Sã o Tomé e Prí ncip e

Em 1 9 7 2 , o Movimento de L ibertação de São Tomée Príncipe (ML STP) surgiu a partir do Comité deL ibertação de São Tomé e Príncipe, fundado em1 9 60 sob a presidê ncia de Manuel Pinto da Costa.Em 2 6 de Novembro de 1 9 7 4 , o ML STP e represen-tantes do governo portuguê s assinaram em Argel umacordo que definiu as etapas de transição para aindependê ncia. A independê ncia foi proclamada a 1 2 de J ulho de 1 9 7 5 pelo ML STP, e Manuel Pinto daCosta tornou-se o primeiro Presidente da República.

D e todos os territórios pertencentes às colónias portuguesas, apenas SãoTomé e Príncipe não teve qualquer movimento de libertação forte e organi-zado com o intuito de lutar pela libertação nacional.

6.1.4 Nov os Es t ados na África Aus t ral

A indep endê ncia do Zimb ab w e

A Rodésia era um território que estava integrado numa federação, junta-mente com a Z â mbia e o Malaw i. Em 1 9 64 , a Z â mbia e o Malaw i torna-

6 .1. O nascimento de nov os Estados

São Tomé e P ríncipe é um arquipélago de ori-gem vulcânica constituído pela ilha de SãoTomé, mais montanhosa, e a ilha do P ríncipe.

SABIASABIASS Q UE...Q UE...

O actual Zimbabw e nos tempos mais anti-gos era chamado G ran de Z im b ab w e devidoà maior construção do seu tempo na ÁfricaNegra. A população que deu origem a estesvestígios é geralmente conhecida por Civili-zação dos Mazimbabw e.

SABIASABIASS Q UE...Q UE...

Fig. 15 Pinto da C osta.

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ram-se independentes, recusando os objectivosdos colonos brancos ingleses de perpetuarem asua dominação. Na Rodésia, as populaçõescomeçaram a manifestar-se a favor da suaindependê ncia. L ondres sente-se pressionada atransferir gradualmente o poder de Smith para amaioria negra. Inicia-se a luta armada organizadaem torno de dois grandes grupos: a U nião PopularAfricana do Z imbabw e (Z APU ), dirigida por J oshuaNk omo, e a U nião Nacional Africana do Z imbabw e(Z ANU ), dirigida por Robert Mugabe.

A luta armada é associada à luta política elevada até à própria capital: Harare.

Em 1 9 7 9 , depois das eleições, o bispoAbel Muzorew a assume o lugar de Pri-meiro-Ministro e muda o nome do país, deRodésia para Z imbabw e. A situação polí-tica altera-se quando a G rã-B retanha,depois de um curto período de transição,entrega o poder ao grande vencedor daseleições: a Z ANU de Robert Mugabe.

A indep endê ncia da Namí b ia

A Namíbia era um país ocupado ilegalmentepelos racistas Sul-Africanos. A OrganizaçãoPopular do Sudoeste Africano (SW APO) foi fun-dada em 1 9 60 e presidida por Sam Nujoma. É a organização política delibertação da Namíbia.

A SW APO iniciou a luta armada em 2 6 de Agosto de 1 9 66 através doExército Popular de L ibertação da Namíbia. D ois anos depois, a ONU

6 .1. O nascimento de nov os Estados

Fig. 16 J oshua N k omo.

Fig. 17 R obert M ugabe.

O actual território da Namíbia j á foi chamadode Sudoeste Africano.

SABIASABIASS Q UE...Q UE...

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6 .1. O nascimento de nov os Estados

proclama a ilegalidade da ocupação sul-africana dopaís, que passa a chamar-se Namíbia pela comu-nidade internacional. Angola torna-se independenteem 1 9 7 5 , e a SW APO encontra protecção e intensi-fica a guerra de guerrilha.

Em 1 9 8 0 , o Z imbabw e torna-se independente eaumenta as pressões internacionais contra a Áfricado Sul para a descolonização da Namíbia. Sob aégide das Nações U nidas, o governo sul-africanofoi pressionado a negociar com a SW APO a des-colonização da Namíbia.

Em Setembro de 1 9 9 2 , a Namíbia torna-se independente e Sam Nujomatorna-se o primeiro presidente da República da Namíbia.

O fi m do Ap art h eid na África do Sul

Os primeiros brancos chegaram à actual África do Sul em 1 65 2 . Essesbrancos fundaram em 1 9 1 0 a U nião Sul-Africana como domínio britâ nico.D epois são fundados dois partidos: o Partido Comunista Sul-Africano,constituído por várias raças, e o Partido Nacional Africano (ANC), primeiraorganização política de libertação do continente africano. A partir de 1 9 4 8 ,todos os membros de governo e altos funcionários passaram a ser bran-cos e membros do Partido Nacionalista, que atingiu o poder do Estado daRepública Sul-Africana.

A República Sul-Africana foi proclamada em 3 1 de Maio de 1 9 61 pelopresidente da República Morais V iljoen.

Em 1 9 60 , o país conhece manifestações negras pacíficas que foram dura-mente reprimidas.

Apartheid significa “desenvolvimento sepa-rado dos grupos de raças” – uma doutrina quefoi praticada na R epública Sul-Africana.

SABIASABIASS Q UE...Q UE...

Fig. 18 S am N uj oma.

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6 .1. O nascimento de nov os Estados

Era empregue uma política de segregação racial absoluta, condenadaseveramente por quase toda a comunidade internacional. U ma minoria debrancos dominava selvaticamente uma maioria negra. Os negros nãotinham o direito de ser livres, de escolher o lugar da sua residê ncia, de estudar e até mesmo de trabalhar. A vida dos negros na África do Sulera separada da dos brancos. O Apartheid começou a sofrer golpesquando os países da África Austral começaram a tornar-se independentes,como aconteceu com Angola, Moçambique e o Z imbabw e. Estes países intensificaram as pressões internasatravés do apoio à luta de libertação dasorganizações e, por outro lado, às pres-sões internacionais.

A luta liderada pelo ANC conduziu inevi-tavelmente à liberdade do povo Sul-Afri-cano e à eliminação do Apartheid com aseleições livres e democráticas realizadasem 1 9 9 4 , que deram vitória ao ANC. NelsonMandela torna-se o novo presidente daRepública da África do Sul.

Fig. 20 N elson M andela.

Fig. 19 Fotografi a do M assacre de S arpville, em 1 9 6 0 , durante o qual uma manifestação pacífi ca de

opositores ao Apartheid foi brutalmente reprimida pela polícia racista sul- africana.

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6.2.1 Sub des env ol v iment o, educaçã o, s aú de, amb ient e, p ob rez a

A descolonização de África trouxe novos desafios a este continente, quedurante muitos anos viveu de uma exploração desenfreada dos seushomens e todos os seus recursos naturais. A independê ncia política dospaíses do continente não significou a liberdade económica desses países,pois eles tê m grandes desafios para conquistar o bem-estar dos seuspovos. A última tarefa política foi a abolição da política do Apartheid naracista África do Sul. A tarefa económica vai ser a primeira que os paísesafricanos terão que enfrentar. A partir de acções de investimentos econó-micos e sociais é possível que a África vença o subdesenvolvimento e adiscriminação dos povos. Os governos lançam-se na difícil tarefa dereconstruir as economias e as sociedades duramente atingidas porguerras de libertação que duraram muitos anos.

Educaçã o

D urante o período colonial, foram construídas poucas escolas para osafricanos no continente negro. Por essa razão no domínio da educaçãovários países africanos apresentavam uma escala muito alta de analfa-betismo. Q uando os países africanos se tornaram independentes, aprimeira tarefa foi abrir mais estabelecimentos de ensino, para a erradi-

Fig. 21 Um gigantesco bairro de lata em N airó bi, no Q ué nia.

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6 .2. Nov as tarefas para a nov a África

cação do analfabetismo. Em muitospaíses o ensino tornou-se gratuito eobrigatório. Os mais velhos tambémtiveram oportunidade para aprender aler e escrever, dando a possibilidadede todos estudarem para permitir odesenvolvimento do país.

Em qualquer parte do mundo a edu-cação é a base do desenvolvimentointelectual de um país. A educaçãopermite a formação de professores,médicos, enfermeiros, engenheiros, economistas, juristas, carpinteiros, ser-ralheiros, agrónomos e tantas outras profissões.

Saú de

No domínio da saúde, durante a épocacolonial nada se investiu para aformação dos negros. Maior atenção foidada à formação dos filhos dos colo-nizadores. Como resultado, quando osafricanos se tornaram independentesos sistemas médico e sanitário foramviolentamente atingidos. Tornou-seurgente formar mais médicos esanitários para a assistê ncia médica emedicamentosa da população. Muitospaíses africanos tiveram que recorrer atécnicos estrangeiros para minimizar asinúmeras mortes de cidadãos. A indús-tria de medicamentos quase não exis-tia, tudo era importado do estrangeiro.Ainda hoje estas práticas são utilizadas,mas muitos governos já melhoraram aassistê ncia médica e medicamentosa.U m grande avanço nesse sector foi aimplementação de investimentos priva-dos que garantem um reforço dasacções dos governos africanos.

Fig. 22 Uma escola em Luanda.

Fig. 23 Um hospital privado.

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6 .2. Nov as tarefas para a nov a África

Amb ient e

D epois da Europa utilizar o continente africano como lugar para escoar osseus produtos industriais do mesmo modo que explorava agressivamenteos seus recursos naturais, o continente começa a sentir um desequilíbriodo seu ambiente. Esta situação faz-se sentir com a abertura das vias decomunicação (caminhos-de-ferro), construção de cidades, exploração deminérios e carvão, aumento demográfico de uma ou outra região, etc.

Com o alcance do poder político e a contínua dependê ncia económicados países mais desenvolvidos, agrava-se a situação do continente afri-cano como depósito de resíduos industriais.

A grande concentração urbana provocada pelos diversos conflitos, o con-sumo de bens alimentares e a desflorestação, entre outros, provocam apoluição do ar, das águas e de tudo o que nos rodeia.

Por exemplo, nalguns países os seus habitantes lançam aos mares ou riosdesperdícios que deixam sujos esses locais.

Fig. 24 Um depó sito de resíduos industriais ao ar livre.

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6 .2. Nov as tarefas para a nov a África

A fome que se abate sobre os países africanos leva os seus habitantes apraticarem a caça indiscriminada de animais, muitas vezes alterando osseus habitats e provocando a extinção de algumas espécies de animais.

O continente africano sofre nos dias de hoje a mais exagerada extracçãodos seus recursos naturais, provocando uma alteração do seu meioambiente. É o caso das minas, que constituem um produto indispensávelpara a indústria, e também a exploração do petróleo em águas profundasdo mar.

A destruição dos solos constitui um malmaior entre as diversas destruições que ohomem exerce sobre a natureza. O solo é umdos recursos naturais mais preciosos que ohomem dispõe na terra. Sem o solo, eraimpossível a nossa existê ncia. A agricultura éa base de sobrevivê ncia do homem. Nos diasde hoje, o homem faz uma intervenção muitoagressiva aos solos através das guerras edos produtos químicos utilizados.

Cada homem, mulher ou criança deve respeitar e cuidar do meioambiente, para que sejamos felizes e tenhamos uma vida mais longa.

Fig. 25 R esíduos mineiros acumulados j unto a J oanesburgo, na Á frica do S ul.

Fig. 26 O abate das fl orestas

contribui para a degradação dos solos.

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Pob rez a

D urante o período colonial, muitos dos países africanos tornaram-segrandes produtores de matérias-primas, desde agrícolas a mineiras, emais tarde industriais, chegando mesmo a haver concorrê ncia nos índicesde produção. Por exemplo, Angola já atingiu os primeiros lugares naprodução do café em 1 9 1 7 .

A África sempre serviu como fonte de abastecimento e consumo para ospaíses da Europa e de todo o mundo.

Alcançadas as independê ncias, muitospaíses de África sofreram guerras eoutros continuam ainda hojedesestabilizados. As guerras provocampobreza, destruição das famílias e dassociedades. Os resultados económicosdos países africanos apresentam-seextremamente baixos após o processode descolonização de cada Estado.

D e um modo geral, a safras agrícolassão baixas, as indústrias quase nãofuncionam e os níveis de consumopopular cresceram muito. D esta situa-ção resultou a degradação económicados países africanos, caracterizadospor uma alta inflação.

Os governos de África dificilmenteconseguem evitar os empréstimos dedivisas a países desenvolvidos paraimplantar mais projectos sociais eeconómicos nos seus países. Hoje, aÁfrica continua cada vez mais pobre esempre em dívida com a Europa eoutros países mais desenvolvidos.

6 .2. Nov as tarefas para a nov a África

Fig. 28 Agricultor lavrando com enx ada.

Fig. 27 Pré dio destruído pela guerra.

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6.2.2. Os confl it os int er-é t nicos e g uerras int er-es t at ais

Em África, milhares de pessoas perderam as suascasas ou tiveram que emigrar durante os conflitoscontra o regime colonial. D epois de alcançaremas suas independê ncias, as situações de conflitoaumentaram entre irmãos africanos: os conflitossão inter-étnicos e inter-Estados.

As causas desses conflitos tê m as suas origensna divisão administrativa que as potê ncias colo-niais realizaram em 1 8 8 4 –1 8 8 5 , aquando daConferê ncia de B erlim. Nessa conferê ncia, aspotê ncias coloniais europeias não respeitaramas divisões dos reinos africanos, ignorando asautoridades africanas.

D evido a certos conflitos de fronteiras, desuniões entre os partidos polí-ticos e pela maturidade na convivê ncia das diferenças para a disputa dopoder do Estado, em vários países africanos vive-se um conflito interno, eoutros acabam por se envolver em guerras inter-estatais. Alguns destesconflitos já datam desde os anos de 1 9 60 .

Para evitar esses conflitos, a Organização de U nidade Africana já em 1 9 63 ,na sua Carta de U nidade Africana, defendia que em caso de conflitos, estesdevem ser resolvidos pela via da negociação, evitando o uso das armas.

Para a resolução dos conflitos de fronteiras, a OU A criou um Comité Espe-cial para a Resolução de Conflitos Fronteiriços.

6 .2. Nov as tarefas para a nov a África

Fig. 29 D eslocações de

populações devido aos

confl itos no R uanda.

Fig. 3 0 A cidade de M ogadíscio, capital da S omália, destruída depois do confl ito com a E tió pia.

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A p az , a democracia e a h armonia p ara o des env ol v iment o

D esde tempos remotos que os africanos viveram respeitosos em coabita-ção. Existiam por vezes algumas guerras, mas na sua maioria as socieda-des africanas possuíam uma mentalidade de paz. Hoje, em África existemmuitos conflitos internos provocados pelos colonizadores, que os criarampara melhor dominar e explorar os bens do continente.

A Organização de U nidade Africana defendeu durante muitos anos o seupapel de promoção da paz, democracia e harmonia entre os povosafricanos, cooperando com a Organização das Nações U nidas – um órgãode manutenção da paz no mundo.

Como acção concreta desta organização destaca-se o exemplo de paísescomo a Argélia e Marrocos, que desde há muito viviam conflitos de frontei-ras e que conheceram o seu fim graças à OU A – um elemento funda-mental que proporciona a paz, democracia e harmonia e verdadeiramenteo respeito.

Nas nossas vidas, quandorespeitamos o próximo espe-ramos sempre bons resultados.Na governação, os líderes e oEstado devem respeitar o povo,e por sua vez o povo deve res-peitar o Estado e o líder. Estaatitude de respeito pode serdemonstrada num exercíciodemocrático através das elei-ções. No processo eleitoral, ovoto representa a vontade deum povo com base na maioriarepresentada. Este resultadodeve ser respeitado por qual-quer indivíduo ou grupo.

Na África independente, os seus governos actuam de maneira herdada pelocolonialismo, representado pelo regime autoritário. Os governos podem sermais democráticos, fazendo participar de igual modo todos os grupossociais nas estruturas democráticas e solidarizar-se com as mesmas.

6 .2. Nov as tarefas para a nov a África

Fig. 3 1 S ó a paz e o respeito pelo pró x imo devolverão

a esperança a Á frica.

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D esta forma, ficará assegurada a paz e harmonia entre os povos dediferentes grupos sociais e étnicos no Estado. Assim, os Estados africanostornam-se mais fortes, e é claro que as potê ncias mais desenvolvidasterão que negociar os seus interesses de forma equitativa em relação aosinteresses dos africanos. Somente assim, os países africanos ficarão maispróximos do desenvolvimento.

A l ut a p el a unidade africana – a OUA e a UA – imp l ement açã o dasideias de K w ame Nk rumah

O dia 2 5 de Maio de 1 9 63 é considerado o D ia de África, em que todosos Estados do continente festejam. Nesse dia, cerca de 3 0 países recente-mente independentes participaram na conferê ncia da criação da Organi-zação de U nidade Africana (OU A), realizada em Adis-Abeba. Todos osparticipantes apelaram ao reforço da unidade e solidariedade de todos osafricanos – ideias que foram lançadas por K w ame Nk rumah, primeiroPresidente do G hana.

6 .2. Nov as tarefas para a nov a África

• Q ue a partir de 1 9 1 0 os povos africanos viveram acontecimentosque marcaram a história do seu continente.

• A partir da Segunda G uerra Mundial começou a luta colonial.• A nível do continente africano foram-se registando revoltas contra o

sistema colonial europeu nos anos de 1 9 3 0 e 1 9 4 0 .• No período de 1 9 5 0 a 1 9 60 , o continente africano foi marcado pelo

surgimento de alguns Estados independentes que eram outroraterritórios colonizados pelos países europeus.

• D e 2 3 a 2 5 de Maio realizou-se em Addis-Abeba, capital da Etiópia,uma conferê ncia de chefe de Estados e de governo dos paísesrecentemente independentes de África.

• Q ue em 1 9 5 4 foi publicada a lei que reforça a categoria de indígenanas províncias portuguesas da G uiné, Angola e Moçambique.

• Surgem sucessivamente a partir de 1 9 5 4 , 1 9 5 6 e 1 9 66 a FNL A,MPL A e a U NITA como movimentos de libertação nacional, maistarde partidos políticos que estiveram na base da libertação deAngola.

• Q ue o dia 2 5 de Maio de 1 9 63 é considerado o D ia de África,celebrado por todos os Estados do continente.

AGORA Q UE J Á APRENDESTE, DEVES SABER...AGORA Q UE J Á APRENDESTE, DEVES SABER...

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G L OSSÁRIOB IB L IOG RAFIA

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G LOSSÁRIO

Ab ol içã oPô r fora de uso; extinguir; suprimir.

Adop t arSeguir determinado tipo de procedimento. L evar a efeito; pô r emprática.

AdornoElemento acessório cuja função é enfeitar, embelezar. D ecoração,ornamentação.

Al b erg arRecolher ou recolher-se em albergue. D ar ou receber protecção.Alojamento.

Anex adoQ ue foi incorporado noutro ou agregado a outro, passando a estarsobre o domínio, a soberania ou a dependê ncia de outro; que foiobjecto de anexação.

Bant uG rupo etnolinguístico africano que cobre grande parte da ÁfricaMeridional.

Cap t urarProceder ao aprisionamento de uma pessoa, de um animal ou decoisas; fazer a captura. Relativo a apreender, aprisionar, prender.

Carav anaConjunto de pessoas que viajam em veículos pouco distanciadosentre si; conjunto de pessoas que vão em grupo a algum lugar.

Carg ueirosQ ue transportam mercadorias, cargas. Navios mercantes destinadosao transporte de mercadorias ou cargas; navios de cargas.

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G LOSSÁRIO

Circul açã oMovimento, deslocação de pessoas ou objectos. Movimento debens ou produtos e suas transacções.

Conq uis t adoQ ue foi dominado, subjugado.

Conq uis t adorQ ue adquire terras ou domínios pela força das armas; que fazconquistas.

Cont inent eV asta extensão da superfície sólida do globo terrestre limitada por umou vários oceanos.

Coop eraçã oActo ou efeito de cooperar. Trabalhar ou agir em conjunto para deter-minado fim específico.

Cump l icidadeQ ualidade de quem é cúmplice. Colaboração ou participação comoutro ou com outros em alguma coisa, favorecendo-a ou ajudando--a; acção comum.

Des b rav arPreparar um terreno bravio para ser cultivado ou para poder servir depassagem.

Des enfreadoQ ue não tem comedimento ou moderação; que perdeu a noção deconveniê ncia da medida. Relativo a descomedido.

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G LOSSÁRIO

Des memb rament oSeparação das partes de um todo ou de um conjunto; acto ou efeitode desmembrar.

Des p oj oSubtracção de alguma coisa da posse de alguém. O que foi tomadoao inimigo, ao vencido ou ao conquistado.

Des umanoQ ue tem falta de sensibilidade que caracteriza o ser humano, quenão é solidário e não se preocupa com os problemas do próximo;que não tem humanidade.

Div indadeNatureza ou essê ncia divina. Pessoa ou coisa que se adora e a quese atribui grande poder.

Enriq ueciment oActo ou efeito de enriquecer ou de se enriquecer. Acção de tornarrico, de dar riqueza, fortuna.

Es t rat ifi cadaQ ue está disposto em camadas sobrepostas ou estratos. D ividir oudividir-se em planos, níveis ou estratos diferentes.

Es t rut uraOrganização ou modo como as diferentes partes estão dispostasentre si. Relativo a constituição. Modo de ajustamento e organizaçãodos vários elementos de um todo, de forma a concorrerem para umdeterminado fim.

Ex cl us iv aQ ue é única. Q ue é original ou exemplar.

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G LOSSÁRIO

Ex p ans ã oAcção de ampliar, de dilatar, de tornar maior em dimensão ou quan-tidade. Acto ou efeito de expandir.

Ex p l oraçã oActo ou efeito de explorar. Aproveitamento ilícito e indevido de umacircunstâ ncia, de um acontecimento, de uma situação de inferio-ridade de alguém em benefício próprio. V iagem que se empreende auma região desconhecida para a estudar, do ponto de vista científicoou com fins militares, políticos, etc.

Ex p l oraçõ esInvestigações, descobertas, pesquisas.

Ex p l oradaQ ue é vítima de aproveitamento indevido e ilícito. Q ue sofreu explo-ração. Q ue se percorreu, estudou ou pesquisou.

Ex p ort adoresQ ue vendem ao estrangeiro, que enviam para outro país produtos oumatérias-primas nacionais. Q ue exporta.

Fab ul os osRelativo a extraordinário, fantástico. Q ue é inacreditável ou causaenorme espanto, apesar de real, de verdadeiro. Q ue é relativo a mito-logia, a narrativas lendárias, ao mundo da imaginação criadora e dafábula.

Fas cinadoQ ue está encantado. Q ue tem uma atracção irresistível por alguémou alguma coisa.

Fix açã oInstalação em determinado local, com carácter definitivo.

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G LOSSÁRIO

Fl ores cent eQ ue se destaca pela sua notabilidade. Ter origem. Ter grande desen-volvimento, prosperidade.

Fort unasConjunto de bens ou haveres, de valor considerável, pertencentes aalguém.

Fricçã oActo ou efeito de friccionar (por exemplo, os seres humanos inven-taram ou descobriram o fogo através da fricção de dois objectos).

GerarD ar origem; fazer aparecer; produzir; engendrar.

GuerreirosG rupo armado que pratica esta forma de luta. Pessoas que com-batem numa guerra.

Heg emoniaSituação de vantagem ou de domínio sobre alguém ou alguma coisadentro da mesma organização ou sector. Preponderâ ncia, superio-ridade, supremacia.

Hierarq uiz arAcção de ordenar o poder, funções ou qualquer outra coisa de umaforma crescente ou decrescente. Organizar segundo uma hierarquia.

Hominí deosFamília de mamíferos primatas de que a única espécie sobreviventeé o homem, e que engloba ainda várias espécies fósseis. Espéciedessa família: o homem na sua fase lenta de evolução física e intelec-tual, desde o estádio primitivo até ao actual estado de desen-volvimento.

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G LOSSÁRIO

Indemniz açã oActo de indemnizar. Aquilo que é dado a alguém ou a uma entidadepara compensar um prejuízo ou aquilo que se perdeu ou danificou.

Int emp é riesAgitações atmosféricas muito violentas.

Int ermediá rioQ ue intervém servindo de ligação ou que torna possível uma comu-nicação ou transição.

Inv adidoTomado ou ocupado pela força militar de um país ou território. Intro-duzir-se ou entrar de forma hostil, inoportuna, abusiva.

Leg adoEnviado de um governo em missão especial, junto de potê nciaestrangeira. D eixado em testemunho. V alor previamente determinadoou objecto individualizado deixado em testamento a alguém que nãoé herdeiro legítimo.

LucroRelativo a ganho. G anho pecuniário, na actividade económica,correspondente à diferença entre o custo de produção ou aquisiçãoe o de venda de bens ou serviços.

Met al urg iaCiê ncia que estuda a origem e os processos de obtenção dosmetais, assim como as suas propriedades físicas e mecâ nicas.Indústria que faz a extracção e a manipulação dos metais.

Mural h aMuro de grande espessura e geralmente bastante elevado, cons-truído como obra defensiva à volta de uma fortaleza, de uma praçade armas ou que protege um território.

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G LOSSÁRIO

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Neg reirosQ ue traficavam escravos ou negros. D iz-se do navio utilizado antiga-mente no tráfico de escravos ou negros.

Nob rez aCondição de nobre, de pessoa que, por nascimento ou decisão deum soberano, goza de privilégios em determinado tipo de sociedade.Q ualidade do que é distinto, excelente, nobre.

OceanosG rande massa de água salgada que cobre aproximadamente trê squartos da superfície da terra.

Pal içadaB arreira defensiva, formada por uma fileira de estacas fixadas aochão, presas por travessas e arame farpado, usualmente reforçadacom terra. L ocal vedado onde antigamente se realizavam combates,torneios, etc.

Penet rarRelativo a entrar. Instalar-se numa comunidade, influenciando esendo por ela aceite. Entrar no interior de um corpo, de uma matéria.

PercorrerAtravessar um espaço de uma ponta a outra, num ou em vários sen-tidos. Mover-se ao longo de determinado espaço.

PerdurarRelativo a permanecer; persistir. Continuar a acontecer, a manifestar--se, a existir.

Priv adaActividade que não é estatal ou que não tem carácter público.

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G LOSSÁRIO

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Produt oresQ ue geram, fornecem ou produzem alguma coisa. Os que pro-duzem. Pessoas ou entidades que criam alguma coisa, que gerambens ou asseguram serviços.

Prop riedadeQ ualidade do que é próprio. D ireito pelo qual alguma coisa pertencea alguém, que dela pode dispor de modo exclusivo e dentro daslimitações da lei.

Pró s p eroO que é favorável ou bem sucedido. Q ue goza de prosperidade.

Prov inh a / p rov irTer como causa ou origem. Q ue é originário ou procedente de algumlugar.

Rendiment osL ucros obtidos em transacções comerciais, investimento de capitaisou qualquer outro proveito.

Rudiment arQ ue se refere aos dados básicos de uma técnica. G rosseiro.

Trá fic oComércio; negócio.

Trans acçõe sTrocas. Acto ou efeito de chegar a um ou vários acordos.

Tribu t oQ uantia que um Estado dependente pagava a outro como prova dasua submissão. Q uantia ou valor que é inerente a uma concessão.

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B IB LIOG RAFIA

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