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 INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃ O PROFISSIONAL, I. P. CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO PORTO Formadora: Alexandra Ferreira 2011        P         á      g          i      n      a        1 DOMÍNIO: Desenvolvimento Social e Pessoal CAR GA HOR ÁRIA MODULO: 25 hora s LOCAL: CFPP

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INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, I. P.

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO PORTO

For m ador a: Alexandra Ferreir a 2011       P       á       g   

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       1

DOMÍNIO: Desenvolvimento Social e Pessoal

CARGA HORÁRIA MODULO: 25 horas

LOCAL: CFPP

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Ant ónio Gedeão

Lágrim a de pret a

Encontrei um a preta

que estava a chorar

pedi-lhe uma lágrim a

para a analisar.

Recolhi a lágrim a

com t odo o cuidadonum t ubo de ensaio

bem esterilizado.

Olhai-a de um lado,

do outr o e de frente:

tinha um ar de gota

muito transparente.

M andei vir os ácidos,

as bases e os sais,

as drogas usadas

em casos que t ais.

Ensaiei a fri o,

experiment ei ao lum e,

de todas as vezesdeu-me o que é costu me:

nem sinais de negro,

nem vestígios de ódio.

Água (quase tudo)

e cloreto de sódio.

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Indice Er ro! Marcador não defini do.Cul t ur as, et ni as e div er sidad es...................................................................................................... 5

1.Con ceit o s de cult ur a, r aça e et ni a ..............................................................................................6

Cult ur a ....................................................................................................................................... 6

Etnia...........................................................................................................................................6

Raça ........................................................................................................................................... 7

2.Fen óm eno s de em igração e d e im igração na actu alidad e ..... .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . 8

M igr ação .................................................................................................................................... 8

Im igr ação ................................................................................................................................... 8

.Im igr an t e .................................................................................................................................. 9

Em igr ação .................................................................................................................................. 9

Porquê migrar?..........................................................................................................................9

O qu e leva algu ém a em igra r? ................................................................................................. 10

Facto res d e atr acção d os p aíses re cept or es d e im igrant es ..... .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 10

As (i)m igra çõe s nu m co nt ext o de glo ba lização .......................................................................1 0

Int egr ação , pr o ble m as e solu çõe s........................................................................................... 12

Por t ugal País d e E/ Im igra nt es ................................................................................................. 12

3. Iden tid ade cult ur al das com un idad es em igran te s ..... .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . . .. 13

4. Cont rib ut os de dif ere nt es cultu ras par a a vid a de um país ..... .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 15

O in t er cult ur alism o .................................................................................................................. 16

5. Racism o e a Xeno fo bi a associ ado s à im igra ção ...................................................................... 17

Racism o ................................................................................................................................... 17

Xen o fo bi a ................................................................................................................................ 17

Racism o e xe no fo bi a: aspe cto s histó rico s...............................................................................1 8

Racism o e xen o fo bi a na socied ade act ual ............................................................................... 20

O Qu adr o N egr o d o A col him en t o ............................................................................................ 21

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Recon he cim en t o da Dign ida de e do s Dir eit o s ........................................................................2 4

6. Form as de de scrim inação: nacion al idade, cor, género , rel igião, or ient ação sexual . .. .. .. .. .. .. .25

Discriminação racial.................................................................................................................26A int o ler ância .......................................................................................................................... 26

A igualdade..............................................................................................................................26

7. M om ento s h istó r icos , personal idades e organizações determ inantes na lu ta cont ra asdif er en t es fo rm as de d iscrim in ação ............................................................................................ 28

Sobre a Rede RAXEN................................................................................................................29

O NFP Português......................................................................................................................30

Organ izaçõe s de apo io às vít im as de racismo e xeno fob ia ..... .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . 30

8. Legislação de pro m oção d a iguald ade e nt re gru po s sociais e ét nicos ..... .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . 35

Discrim ina ção raci al o u ét nica ................................................................................................. 35

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Cult uras, etn ias e diversidades

Resultados da Aprendizagem

• Compreende os conceitos de cultura, raça e etnia.

• Reconhece as especificidades cultu rais dos principais grupos étnicos representados na

sociedade por tuguesa.

• Identifica os fluxos de em igração portuguesa na actualidade.

• Identifica tipos e situações de racism o e de discrim inação.

• Compreende como o desconhecimento gera preconceitos e medo.

• Entende a diversidade como um a forma de riqueza.

• Conhece os dispositivos legais e instit ucionais de prom oção da igualdade étnico-cultural.

Conteúdos

1.Conceito s de cult ura, raça e etnia

2.Fenóm enos de emigração e de im igração na actu alidade

3.Identidade cultu ral das com unidades emigrantes4.Cont ribut os de diferent es culturas para a vida de um país

5.Racism o e a xenofob ia associados à imigração

6.Form as de d iscrim inação: nacionalidade, cor, género , religião, or ientação sexual

7.Momentos históricos, personalidades e organizações determinantes na luta contra as

diferentes formas de discriminação

8.Legislação de p rom oção da igualdade ent re grupos sociais e étnicos

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1.Conceitos de cul tur a, raça e etnia

Por t er sido for tem ente associada ao conceito de civi l ização no século XVII I, a cu l tura

m uit as vezes se confun de com noções de: desenvolv im ent o, educação, bons costu m es,

et iqueta e comportamentos de e l i te . Essa confusão entre cu l tura e c iv i l ização fo i

com um , sobret udo , na França e na Inglaterra d os séculos XVIII e XIX, onde cultura se

re fer ia a um ideal de e li t e . Ela possib il it ou o su rg im en to da d ico tom ia (e,

even tu a lm ente , h ie ra rqu ização) en t re “ cu l tu ra e rud i ta ” e “cu l tu ra popu la r ” , m e lhor

representada nos textos de M at thew Arno ld , ainda fo r tem ente p resen te no imag inár io

das sociedades o cident ais.

Cultura

É um conceito de vár ias acepções, sendo a m ais corrent e a def in ição genér ica

formulada por Edward B. Ty lor , segundo a qual cu l tura é “aquele todo complexo que

inc lu i o conhecim ento , as crenças, a ar te, a m oral , a le i, os costum es e todo s os out ros

háb i tos e ap t idões adqu i r idos pelo hom em como m emb ro da sociedade” . [1 ]

Etnia

O conceito etn ia der iva do grego ethnos, cu jo s ign i f icado é po vo. A etn ia represent a a

consciência de um grupo de pessoas que se diferencia dos outros. Esta diferenciação

ocorre em fun ção d e aspectos cu l tur a is, h is tór icos, l inguíst icos, racia is, ar t íst icos e

religiosos.

A e tn ia não é um conce ito f ixo , podendo m udar com o passar do tem po. O aumento

populac ional e o contacto de um povo com outros (misc igenação cul tura l) pode

provocar m udanças num a de te rm inada etn ia .

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Geralmente usamos o termo etn ia para nos refer i rmos à grupos indígenas ou de

nat ivos. Porém, o termo etn ia pode ser usado para designar d iversos grupos étn icos

existen t es no m undo.

Raça

O conceito de " r aça" pr etend eu ser um a classi f icação de grup os ou certo t ipo de seres

humanos com uma or igem comum. Durante o Renascimento e até ao século XIX, o

termo "raça" d iz ia sobretudo respeito a caracterís t icas dos seres humanos que

indic iavam um a ascendência com um e até m esm o com o sinónim o de nação.

A part ir do século XIX, esta palavra adquir iu dif eren t es cono t ações. Os signif icados ou a

forma como o termo "raça" era ut i l izado passaram a ser mais importantes do que o

própr io conceito . Na verdade, é in teressante ver i f icar que quando a palavra " raça" é

uti l izada muitas vezes nos fornece mais informações sobre a pessoa que a uti l iza do

que sobre a pessoa ou pessoas relativamente às quais é uti l izada. Existe uma série de

crenças construídas à volta dos conceitos de "raça" e, por extensão, de etnia, classe e

naciona lidade, com o ob ject ivo de cu l t ivar iden t idades não re lat ivas às pessoas mas

aos grupos. No século XIX, o anatomista francês Georges Cuvier defendeu que a

divers idade humana expr imia a ex is tência de " t ipos" , ou se ja, formas pr imit ivas,

o r ig ina is e perm anentes que não depend iam do am bien te ou do c l ima.

Os antropólogos distinguiam três t ipos básicos de subespécies humanas: os

caucasianos, os mo ngolo ides e os negro ides que n unca conseguiram iso lar em term os

genét icos ou cient íf icos. M ais tar de, em 1 935, Julian Hu xley e A. C. Hadon pr op useram

o desuso do t erm o "r aça" por o considerarem c ient i f icament e inadequado e suger iram

a sua subst i tu ição pelos termos "grupo étn ico" ou "povo", já que estes estão mais

pró x imos da or igem da d ivers idade

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2.Fenómenos de emigração e de imigração na actualidade

Migração

“ A migração é o result ado de decisões individuais ou familiar es, mas tam bém f az parte

de um processo social. Em termos económicos, a migração é tanto um fenómeno

mundial como o comércio de mercadorias ou de bens manufacturados. Designa o

movimento das populações, mas faz parte de um modelo mais vasto e é um sinal derelações económicas, sociais e culturais em transformação.”

- Fonds des Nat ion s Unies pour la Populat ion, 1993

Imigração

Movimento de pessoas ou de grupos humanos, provenientes de outras áreas, queent ram em de te rminado pa ís , com o in tu i to de permanecer de f in i t ivamente ou por

per íodo de t empo re lat ivamente longo.

.Se o facto r econom ico é p reponderan te na de f in ição do país de dest ino , não devem

ser esquecidos outro s e lement os que têm inf luência im port ante, quando n ão decisiva,

na escolha do país em que pr etend e res id ir . Quando o facto r de expulsão é cr iado po r

pr essões po lít icas, perseguições religiosas, discrim inações raciais, violação d e dir eit os,

torna-se importante ao imigrante encontrar o necessár io c l ima de l iberdade,

segurança, de ausência de preconceitos e de melhores condições de

vida..Li tera lm ente, im igrar s ign i f ica entrar num país estr angeiro para nele v iver.

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.Imigrante

É o ind iv íduo que, deslocando-se de on de res id ia, ingressou em outra região, c idade

ou país diferente do de sua nacionalidade, ali estabelecendo sua residência habitual,

em de f in i t ivo ou por per íodo re la t ivamente longo .

Emigração

Movimento de saída de pessoas ou grupos humanos de uma região ou de um país,

para estabelecer-se em outro, em carácter def in i t ivo ou por período de tempo

relat ivamente longo. Além das causas económicas, outras podem inf luenciar no

desencadeamento de movimentos emigratór ios, ta is como questões polí t icas,

religiosas, raciais ou am bien t ais.

Emigrar signif ica, pois, deixar um país para ir estabelecer-se em outro.

Emigrante

Entende-se a pessoa que deixa sua pátria e passa a residir em outro país. As regiões

ou países for temente marcados por emigração são também chamados países ou

regiões de origem dos migrantes e, em certas circunstâncias, países de expulsão de

migrantes.

Porquê migrar?

As popu lações não m igram sem que tenham razões para ta l. Tem d e haver um a

mot ivação para que es tas abandonem a comun idade de o r igem, mas também há

facto res in f luen tes, no loca l de im ig ração , que a t raem os migran tes . É, po is,

impo r tan te pe rceber o que “ empu r ra ” a lguém do loca l de o r igem e o que o a t ra i no

local de d est ino .

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Segundo Rui Pena Pires (2003), há um a versão c lássica do m odelo de atr acção-

repu lsão que se est ru t u ra em to rn o d e duas pergunt as-chave:

-Com o d ecidem os m igrant es (E)migrar?

- Quais as fun ções asseguradas pela (I)m igração?

O que leva alguém a emigrar?

Actualm ent e, e infe l izm ent e, os pr inc ipais factores da emigração ref lectem , no gera l ,

sina is de um a conjunt ura negat iva, dos quais se destacam o fraco crescim ent o

económ ico, a repart ição desigual dos rendim ento s, o excesso de pop ulação (um f or t ecresciment o dem ográf ico), as taxas de desem prego e levadas, os conf l i to s arm ados e

l imp eza étn ica, as v io lações dos d ire i to s do h om em e perseguições, as catástrof es

na tu ra is (degradação do ambien te em gera l ), bem como um a governação de f icien te .

Ainda, a evolução p osit iva de um país em desenvolvim ento p o de – n u m a p r im e ir a f ase

- refor çar as migrações in t ernacionais, um a vez que a lgum as pessoas obtêm os m eios

para em igrar, mas não encont ram ainda per spectivas satisfat ór ias no seu país.

Factores de atracção dos países receptor es de imigrantes

A segurança e uma s i tuação socioeconómica melhor no país de acolh imento são os

pr incipais facto res de atr acção. No caso da Eur opa, devido à escassez de tr abalhado res

altam ent e qual i f icados e pou co qual i f icados, esta recorr e, cada vez m ais, aos m ercados

de em prego dos pa íses em desenvo lviment o p ara recru ta r m ão-de-obra .

As (i )migrações num contexto de globalização

Os m ot ivos que levam um grande núm ero de imig ran tes a deslocarem-se por razões

económ icas, sub l inhando a fom e, as guer ras ou o est rangu lam ento económ ico no s

países em v ias de desenvolvim ento . Nem to das as im igrações se real izam por q uestõ es

de sobrevivência, apesar de ser nesses ter m os que nos lem bram os, pr im eiramen te,

das m igrações (com o a imigração i legal) . Há, no ent anto, m ais razões que vão para

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além das referidas, mas também, julgo ser necessário reflectir sobre as polít icas

object ivas, bem como os det erm inantes socio-cul tu ra is.

Deste m odo, é p rec iso reconhecer que há ou t ros facto res de te rm inan tes no m om ento

da decisão dos m igrant es. Cast les afirm a que não são as po pu lações do s países m ais

pobres os ma io res po tenc iais emigran tes. Em pr im e i ro lugar , a m igração requer

recursos f inanceiros, mas tam bém sofre a inf luência de determ inantes cu l tu ra is.

Na verdade, na actual idade uma economia cada vez mais “g lobal” , assume um papel

cada vez m ais im por tant e na def in ição destes “ socia l l inks” . Crescem, então, as

m igrações por m ot ivos de lazer ( tu r ism o) m as, sobre tud o , de negócios, tudo num

con tex to de g loba li zação , fenómeno que vá r ios au to res consideram t e r um pode r

d isrupt ivo e que m arca o f im d a era dos Estado s-Nação, podendo ser def in ido com o

um a nova fase de expansão capit a l ista, m arcada pelo crescente dom ínio das grandes

empresas mult inac ionais, do s is tema f inanceiro e do mercado de capita is sobre o

pod er polí t ico (Baganha, 2001).

Efect ivamente, a in ternacional ização da produção acompanha a "nova" d iv isão

int ernacional do tr abalho, que se ev idencia, pr inc ipalm ente, nas re lações Nor te -Sul,

isto é, países desenvolv idos e países em v ias de desenvolv iment o – a evolução inegávelnos meios de comu nicação e tr ansport e fac i li ta e est im ula, a m eu ver, a deslocação

dos agentes económ icos, quer num f luxo migra tó r io in te rno em dado pa ís, quer nas

m igrações in t ernacionais. Esta m undia l ização dos negócios tr az, ent ão, consigo no vos

pro tagonistas nas m igrações in ter cont inent a is, po is ao contr ár io do que sucedia no

pr incíp io do século, já não são, fundamenta lmente, migrações de massas compostas

por t raba lhadores não qua li f icados, m as m igrações de quadros, de t raba lhadores

especializado s, cuidado sam ent e seleccion ados (Band eira, 2004).

A vertent e económ ica, que parece ser o pr inc ipal m ot or das m igrações, pod e estar a

reduzir os ind iv íduos imigrantes a uma potencia l matér ia-pr ima, pelo que é prec iso

destru ir este conceito junt o das pop ulações, m as tam bém dos órgãos governament a is.

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Integração, pr oblemas e soluções

"Há actualmente uma ide ia na Europa host i l à imigração, muito por cu lpa do que se

tem fe i to , enfat izando a necessidade de se fecharem as port as. E não se podem

int egrar pessoas dando este t ipo d e sinais à opin ião públ ica. Out ro pro blem a é que

m uit os im igrant es não são c idadãos com dire i to d e voto n os respect ivos países de

aco lh imento .

De facto , os países europ eus têm sido confro nt ados, na actu al idade, com p rob lem as

result antes de um m odelo de in t egração que parece estar a fa lhar, dos quais o m elhorexemp lo se rá o celeb re “ a r rastão ” em Ca rcave los, uma man i festação clara , das

m inor ias étn icas que exter io r izaram , e expuseram aos méd ia, a insat isfação par a com a

sociedade, com as m ás condições de v ida que resultam (provavelment e) de fa l tas de

acesso a serviços e em prego , resum indo , a int egração está(va) a falhar.

Port ugal País de E/ Imi grantes

Durant e séculos fom os um p ovo de em igrantes, espalham o-nos pelas d i ferent es part es

do mundo. No in ic io dos 3º .mi lén io cons ta tamos que também somos um pa ís de

imigrantes. Const i tuem cerca de 5% da população, 11 % da população act iva e

provêem de m a is de 180 pa íses. Números que só por si reve lam a d im ensão do

fenómeno e que necessar iamente tem que ter profundos impactos na sociedade

por tu guesa. É prec iso t odavia d izer que este é re lat ivament e recent e. Ainda nos anos

80 a im igração era encarada com o algo m arginal ao tecido social. No Censo de 1960,

registava-se a presença de apenas 29 mil estrangeiros, dos quais 67% provinham da

Eur op a, 22% eram br asileiros e apenas 1,5% africanos. Apó s o 25 d e Abril d e 1974, em

resultado da descolonização, mas também dos dramáticos conf l i tos que

pos te r io rm ente devasta ram a m a io r ia das ex-co lón ias por t uguesas, aumento u sem

cessar o núm ero d os im igrant es afr icanos.

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Em 1980, num to t a l de 58 m i l est range iros residen tes em Por tugal , 48% eram já

or iundos de Áfr ica, 31% da Europa e 11% da América Lat ina. Apesar de tudo estes

valores eram pouco s igni f icat ivos em termos demográf icos. A maior ia destes

im igrantes cont inuava a estar f or t em ent e concentrada na região da grande Lisboa.

O grande surto da imigração em Portugal, deu-se nos anos 90, em v ir tude de uma

série de efeit os con jugados:

1 . A p ro funda c r ise em que m ergu lhou o con t inen te a f r icano e a Amér ica La t ina . O

cresciment o d esigual da r iqueza a níve l m und ia l torn ou os r icos m ais r icos e os pobres

cada vez m ais end ividado s;

2. A derrocada da ex-União Soviét ica, a part i r de 1989, ent re out ras consequências

teve a de en grossar o cont ingente de im igrant es à escala mu ndia l ;

3 . O desenvo lviment o económ ico que se reg ista em Por tu gal , depo is da adesão à

CEE, em 1986, trouxe consigo o crescimento exponencial das obras públicas que não

tard aram a atra ir m i lhares de imigrant es.

A pro veniência dos im igrant es diver sif ica-se, e este s espalham -se por t odo o país. Hoje

nas aldeias mais recônditas é possível encontrar imigrantes. Facto que só por si

const i tu í um a comple ta n ov idade.

3. Identidade cul tural das comunidades emigrantes

A ident idade cul tura l é um s is tema de representação das re lações entre ind iv íduos egrupos, que envolve o part i lhar de patr imónios comuns como a l íngua, a re l ig ião, as

artes, o trabalho, os desportos, as festas, entre outros. É um processo d inâmico, de

construção cont inuada, que se a l imenta de vár ias fontes no tempo e no espaço.

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Como consequência do processo de globalização, as identidades culturais não

apresentam hoje contornos nít idos e estão inser idas numa dinâmica cul tura l f lu ida e

móve l .

Grandes conceitos que in formavam a construção das ident idades cul tura is , como

nação, terr i tór io , povo, comunidade, entre outros, e que lhe davam substância,

perderam v igor em favor de conceito s m ais f lexíve is, re lacionais. As ident idades, que

eram achadas ou outorgadas, passaram a ser construídas. As identidades, que eram

def in i t ivas, to rnaram-se tem porár ias. A d iversidade cu l tu ra l que o m undo apresenta

hoje, as múlt ip las e f lu tuantes ident idades em processo contínuo de construção, a

defesa do fragmentár io , das parc ia l idades e das d i ferenças, t rouxeram, como

coro lár io , um a volat i l idade das ident idades que se inscrevem em um a out ra lóg ica: da

lógica da ident idade para a lógica da ident if icação.

O que se impõe hoje, a part i r da noção cont ingente, contextual izada e re lac ional da

ident idade, é garant i r que a mult ip l ic idade e a d ivers idade sejam preservadas, que a

cultura, como uma longa conversa entre partes d is t in tas, permita que convivam

suje i to s dos mais d i ferentes mat izes. Em vez d isso, quando a cu l tu ra local parecepe rder -se com o consequência da global ização , a af i rmação de iden t idades du ras

parece funcionar, para muit os su je i to s, com o e lem ent o apaziguador que bu sca deter e

sol id i f icar a f lu idez característ ica da épo ca actu al. Ver i f icam -se, então, m anifestações

extrem adas, em que nacional ism os, fundam ent a l ism os, xenofo bias, preconceitos, são

ressusci tados e lu t as sem f im são t ravadas em nom e da p reservação de ident idades.

Por outro lado, a defesa da preservação de identidades rígidas, muitas vezes, colide

com valores t idos como universais e estabelec idos, que ferem a d ignidade humana,como a subord inação da mulher em di ferentes cu l turas, a c ircuncisão femin ina, o

cerceamento da l iberdade ind iv idual, entre outros. O que se aponta aqui é o conf l i to

en t re a pro t ecção de iden t idades e cu l tu ras locais e os d i re i tos hum anos un iversa is,

questão que contrapõe universalistas e relativ istas culturais.

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A diversidade cul tu ra l e as expressões dessa d iversidade devem ser pro curadas e

garan t idas, tendo como no r te o fac to de que a cu l tu ra é sempr e d inâm ica , m óve l .

Preservar o d iverso ante o impacto avassalador de um mundo g lobal izado, c i tando

novam ent e Tício Escobar, é um grande desaf io que devem os enfrent ar.

4. Contr ibutos de diferentes cul turas para a vida de um país

“Exis te um acordo gera l entre grandes antropólogos de renome mundia l que

defendem a teor ia de que o pr imeiro ser humano surg iu aqui na Europa, há

aproximadamente dois mi lhões de anos atrás. E por conseguinte desde então temosnos espalhado por t odo o m und o, e com grande sucesso por que conseguimo s chegar

até aos d ias de hoje adaptando-nos às d i ferentes condições, como por exemplo, as

mudanças climáticas. Nas muitas sociedades que apareceram espalhadas pelo planeta

diferem m uito o u pou co umas das out ras, e mu itas dessas d i ferenças pers istem até

hoje.”

As diferen ças cultu rais mais evident es exist ent es ent re os povo s, são a língua, a

roupa ou as trad ições. Exis tem também diferenças s igni f icat ivas na forma como as

sociedad es se or ganizam n a sua concepção part i lhada da m or al e dos bo ns costu m es e

na m aneira com o int eragem no seu ambient e. Por analogia com a b iodiversidade, que

é considerada essencial para a sobrevivência da vida na Terra. É possível argumentar

que a d ivers idade cul tu ra l pode ser v i ta l para a sobr evivência da hum anidade e que a

preservação das cul turas indígenas por exemplo pode ser tão importante para a

humanidade como a conservação das espécies e dos ecossistemas para a vida emgeral.

Cada pessoa que im igra ou emigra do seu local de o r igem para ou t ro , quer

dent ro do seu p rópr io pa ís, quer para ou t ro , m esm o qu e se ja para o lado do m undo

opo sto ao local onde nasceu, leva sem pre consigo a sua verdadeira ident idade. Quer

seja ao nível social, polít ico ou religioso, os seus hábitos, tradições e crenças

acom panham -nos. Dif ici lmen te u m Cató l ico se convert e ao Islamismo , ou ao Judaísm o,

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ou Hinduísm o, ou ao Budism o. Assim acaba por levar a sua cul tu ra para out ros povos e

fazem conhecer os seus costu m es.

Temos os exemplos actuais de que tanto se tem fa lado, “As maravi lhasPortuguesas espalhadas pelo mundo” esses são um sinal evidente e inequívoco das

diferenças cul tu ra is e da part i lha de cul tu ra r iqu íssim a ent re o s povos. M uit as dessas

part i lhas subsistem até aos d ias de ho je, para grande or gulho de t odo s nós que som os

portugueses.

Cá em Port ugal, fa lando de Brasi le iros resident es, que t rou xeram m uito da sua

cultura no que d iz respeito por exemplo, às famosíss imas te lenovelas onde todos os

seus enredos com to das as suas tr adições e m odos de vida, passando pelo m odo de

pronunciar o português, como pelos gostos gastronómicos; p icanha, fe i jão preto,

farofa, banana fr ita, coco, entre outros, culturais; ginásios, música, etc. Fomos

m ui t íssimo in f luenciados pe la cu ltu ra b rasi lei ra sendo já cer tam ente ind issoc iáve l da

nossa própr ia cu l tu ra à qual muit os de nós certam ente já nos rendem os.

Da nossa própr ia d ivers idade cul tura l podemos fa lar como regional ismo, do

no sso t ípico Vinho d o Port o, o Qu eijo da serra da Est rela, do Galo de Barcelos, os Fado s

tr adic ionais, ou o s Ranchos do M inho, ent re out ras, tão apr eciados e conhecidos em

tod o o m undo. Passando tam bém m ais p ropr iament e aqu i na zona do Por to , a t roca

dos “ B-Bês” pelos “V-Vês” no m odo d e prenun ciar a l íngua port uguesa.

O intercult urali smo

Consiste em pensar que nós enr iquecemos através do conhecimento de outras

culturas e dos contactos que temos com elas e que desenvolvemos a nossa

personal idade ao encontrá- las. As pessoas d i ferentes dever iam poder v iver juntas

apesar d a sua d i ferença cul tur a l .

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O int ercul tur a l ism o é a aceitação e o respeito pelas d i ferenças.

«Crer no in tercul tura l ismo é crer que se pode aprender e enr iquecer através do

encont ro com out ras cu l turas.» UNIDOS para um a acção in t ercul tur a l .

5. Racismo e a Xenofobia associados à imigração

Racismo

A palavra rac ism o t em or igem na junção de dois term os: raça e “ ism o” , sendo r aça

a palavra mãe.

Racism o = Raça + “ ism o”

Para percebermos o s ign i f icado da palavra rac ismo temos de entender o que

signif ica realm ent e a palavra raça.

Raça é o grupo de ind iv íduos per tencentes a um t ronco comum e que apresentam

part icu lar idades análogas entre o s mem bro s da mesm a espécie.

A palavra raça teve or igem no la t im , de ratio, qu e signif ica espécie.

Assim , racism o, não é mais do qu e um a teor ia que af i rm a a super ior idade da raça X

ou Y em relação às outras raças. Nesta teoria assenta a defesa do direito de

dom inar ou m esm o repr imir as raças consideradas in fer ior es.

O rac ismo é, pois , uma at i tude preconceituosa e d iscr iminatór ia contra ind iv íduos

de cert as raças ou etn ias.

Xenofobia

A palavra xenofo bia, ta l com o a palavra racism o, advém d a junção de dois term os:

xeno e fob ia.

A palavra xeno esta re lacionada com a form ação de palavras que expr im e a ide ia de

estr angeiro ou estranho .

Fobia é o m edo pat o lógico, aversão imp ossível de cont er.

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Xenofo bia = Xeno + Fob ia

Assim , podem os entender a xenofob ia como a ant ipat ia ou aversão p elas pessoas

ou coisas estrangeiras. Esta pode ser característica de um nacionalismo excessivo.

Xenofobia é também um dis túrb io ps iquiátr ico ao medo excessivo e descontro lado

ao desconhecido ou d i ferent e.

Xenofob ia é um te rm o tam bém u sado num sen t ido amplo (am plamente usado m as

muito debat ido) refer indo-se a qualquer forma de preconceito , rac ia l , de grupos

m inor i tá r ios ou cu l tu ra l .

Racismo e xenofobia: aspectos histór icos

O racismo surg iu com o própr io surg imento do Homem, a in to lerância é a lgo que

desde sempre caracterizou a nossa espécie, assim, longo da história, muitas foram

as m anifestações de atit ud es racist as e xenófo bas.

O rac ism o f o i u t i l izado pelos r icos para m anter o s trabalhadores d iv id idos para que

estes não se un issem e derr ubassem o capitalismo .

Segundo esta teoria, o racismo verif icou-se com o sistema europeu de classes em

que as pessoas apenas t inh am peles p igment adas se tr abalhassem no ext er ior . Os

r icos consideravam o trabalho manual o dever dos in fer iores e por conseguinte

v iam qualquer um com as caracterís t icas de trabalhador como pertencendo a um

estra to in fe r io r .

Também os gregos f izeram referência ao rac ismo através de Ar is tóte les queaf irmava: “uma parte dos homens nasceu forte e resistente, destinada

expressamente pela natureza para o tra balho duro e forçado. A outra parte – os

senhores, nasceu fisicamente débil; contudo, possuidora de dotes artísticos,

capacitada e assim para f azer grandes progressos nas ciências fil osóficas e out ras”

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Em 1510, John Major, um dominicano escocês, declara: “A própr ia ordem da

natureza explica o facto de que alguns homens sejam livres e outros escravos. Esta

d ist inção dever ia exist i r no in t e resse m esm o daque les que estão des t inados

or ig ina lmente a com andar ou a obedecer ” .

Em 1900 Carro l, tam bém pr ot estant e expõe a sua obr a “Provas Bíblicas e Cient íf icas

de que o n egro não é m emb ro da Raça Humana” .

A c iência tam bém con t r ibu iu para a ideo logia do racism o – em 1758 o bo t ân ico

sueco Carolus Linaeus cria o sistema de classif icação dos seres vivos onde cria o

te rmo técn ico – Homo Sap iens – d ivid indo assim o s povos:

 ® Os verm elh os am er ican o s: desp reocu p ad o s e l iv res;

 ® Os am ar elo s asiát ico s: severos e am b ic ioso s;

 ® Os negr os af r ican os: ar d iloso s e ir ref lect id os;

 ® Os b ran co s eu ropeus: act ivos, in t eligen t es e enge nhoso s.

Na Alem anha, o regime Nazi, l iderado por Hit ler , defend ia a super ior idade da raça

germânica.

Este regime, bem como o caso da Indonésia re lat ivamente a Timor, ou o caso da

gera étn ica entre os Hutus e os Tuts is, no Ruanda, fez mi lhares de m ort os.

Também os descobr imentos portugueses deixaram a sua marca nos aspectos

históricos acerca do racismo, pois com a descoberta do Brasil, na altura designado

por Terra de Vera Cruz, foi necessário arranjar mão-de-obra que ajudasse a

constru ir a nova colónia e, para isso, os Portugueses “exportaram” populações

negras de África para o Brasil, dando inicio ao flagelo da escravatura, visto quem uito s povos seguiram o n osso exemp lo.

Um outro exemplo h is tór ico acerca do rac ismo e xenofobia é o Apartheid (v ida

separada), reg ime p olí t ico im plantado na Áfr ica do Sul em 1948.

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Segundo este regime, apenas os brancos det inham o poder, os povos restantes

eram obr igados a v iver separadamen te, de acordo com r egras que os imped iam de

ser verdadeir os cidadãos.

Nos Estados Unidos, por volta dos anos 50, havia grande discriminação racial.

M art in Luther King, m ais tard e e le i to Nob el da Paz, f icou célebre pelo seu d iscurso

int i tu lado “ Eu t enho u m sonh o” , que defendia os d ire i to s iguais para tod os, isto é, o

f im da d iscr im inação rac ial .

Racismo e xenofobia na sociedade actual

“Nós encontramo-nos hoje numa importante encruzilhada, face àquilo que talvez

seja a mais dura bat alha algum a vez t ravada. As crenças fundament alist as, de t odo

o tipo, invadiram o m undo…

O racismo é uma invenção humana, relativamente moderna e que, julgo eu, não é

inevitável.”

Professora Pat rícia Williams, conferencista – 1997

No decor re r do tem po, quer dev ido à impos ição de de te rminadas regras pe la

sociedade, quer pela mudança de menta l idades, as manifestações de at i tudes

racis tas mudaram, is to é, já não se dão a conhecer da mesma forma que no

passado.

Hoje em dia é inadmissível pensar sequer em dividir uma sociedade e classif icar os

brancos como c idadãos e os out ros assim m esm o, com o “ out ros” .Actualm ente, as at i t udes racistas e/ ou xenófob as não são t ão assum idas com o no

passado, ou pelo m enos, não a m aior ia . As pun ições im postas pela le i a quem age

de modo xenófobo ou rac is ta impedem que haja actos de maior grav idade para

com as raças discriminadas. Ainda assim, atitudes racistas de menor amplitude

(como por exemplo um branco d i r ig i r -se a um negro : “Va i para a tua te r ra ! ” )

prevalecem.

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O racism o e a xenofo bia, m uit as vezes, são fi lho s da ignor ância, ist o é, surgem com o

fal ta de conhecimento e preconceito . Neste momento, estando nós no século XXI,

ainda há pessoas que julgam que os imigrantes e os turistas vêm para o nosso país

para “ roubar ” empr egos e esgo ta r os p rodu t os do superm ercado quando, na

real idade, estes são um importante factor para o desenvolv imento económico de

Portugal.

É ainda importante salientar que as pessoas, levadas por ideias criadas num leque

de emoções e insuf ic iente em factos, genera l izam o conceito de imigrante ou de

tur is ta, e luc idando melhor a minha ide ia com um exemplo, d igamos que, apenas

por que um pequen o grupo de t ur is tas fez estr agos, já tod os são vândalos, ou ent ão,apenas porque se ouv iu no no t iciá r io que um ucran iano assa ltou um a lo ja , já todos

são cr iminosos procurados. É, portanto, a regra do “por causa de uns, pagam os

ou t ros ” .

Assim, embora já se tenham fe i to progressos em re lação às at i tudes rac is tas e

xenófob as, há a inda um longo caminh o para palm i lhar. Ainda é necessár io ext inguir

diversas atitudes que são fruto de ideias mal esclarecidas e de preconceitos sociais

sem qua isquer fund amento s. É necessár ia um a renovação de m enta l idades e um a

revisão nos padrões sociais que m uitas vezes m arginal izam e p õem de lado certas

pessoas tendo em conta o seu aspecto exter ior e exc lu indo completamente a sua

fo rm a de ser, ist o é a m aneira com o essa pessoa pen sa e age.

O Quadro Negro do Acolhim ento

A presença dos imigrantes desperta sempre sent imentos e reacções contraditór ias,

mesmo quanto estes vêm supr imir recursos humanos que escasseiam, e que se

perspect iva que se venham a agravar a inda m ais no f ut uro .

À sem elhança do q ue ocorre em to dos os f luxos em igratór ios, repetem -se em Port ugal

os mesm os prob lemas e d ram as hum anos: Seres hum anos v io len tados nos seus

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dire i tos mais básicos. Trata-se uma d imensão de imigração exposta e explorada

quot id ianament e pela im pren sa. Im port a agora destacar a lguns dos seus aspectos.

Ent regues à sua sort e, em terr a amiga mas estr anha, se não na l íngua, pelo men os nacultura, hábitos e costumes, estes imigrantes sofrem de três terr íve is males: a

precar iedade de condição, a so l idão e fa l ta de in t erpret es f iáveis com a real idade em

que v ivem .

O pr imeiro do males marca desde logo o imigrante, remetendo-o para os p iores

t rabalho s e cond ições salariais. O im igrant e faz o que o s nat urais se recusam a f azer, as

suas escolhas são mínimas. Por mais qualif icado e produtivo que seja está, em geral,

“condenado” a receber mu i to menos pe lo seu t raba lho . Nes te caso também aqu i

t rabalho igual não signif ica salário igual.

O segu nd o m al - a so lid ão -, p ro du z f req uen tem en t e a t en dên cia p ar a o s

comportamentos auto-destrut ivos (su ic íd io, a lcool ismo, etc . ) . Trata-se de um drama

viv ido in t imamente pela maior ia dos imigrantes que por vezes conhece um desfecho

trágico.

O terceiro d ecorre das d i f icu ldades de com unicação. Vivendo um a si tuação de enor m e

fragil idade, os imigrantes procuram entre os seus pares a segurança e força

indispensável para enfrentarem as diversas situações. Se a sua comunidade vive em

alo jament os precár ios, será pro vavelm ent e nestes am bient es degradados que se fará a

sua in t egração socia l . Esta in t egração t orn a-se deste m odo no pr im eiro passo p ara um

longo pro cesso de auto -segregação que os irá imped ir de se af i rm arem n a sociedade

qu e os acolhe.

M ais tard e, estas si tuações que f oram aceites com o “ natu ra is” , serão v iv idas pelos

seus f i lhos com o hu m ilhantes e d iscr iminat ór ias.

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É neste contexto que a questão os seus d ire i tos, está quase sempre no f im de uma

longa cadeia de aspirações e desejos, onde à cabeça estão preocupações mais

im ediatas com o a sobrevivência, o t rabalho, o a lo jam ento , a legal ização, o po rtu guês

com l íngua de com unicação, a fam ília , e tc . Este é um dos pont os fund amen ta is que

condiciona a afirmação e integração dos imigrantes na sociedade e os leva a

aceitarem , po r vezes, s i tuações reconhecidam ente degradantes.

Para a pop ulação qu e os recebe, a v inda de estrangeiros para se f ixarem e t rabalharem

no seu país, é ent re out ros aspectos marcada pela d im ensão do seu núm ero. Poucos

passam despercebidos e sobretu do são fac i lment e in t egráveis. M as quando são

bastante s ign i f icat ivos, como é o caso actual em Portugal, não deixam de despertar

reacções que se podem tr aduzir em sent im ent os de ameaça. Ameaça por um a possível

d iminuição dos empregos d isponíveis , mas também pelo medo uma perca da

ident idade cul tura l . É neste terreno movediço, onde se a l imenta o rac ismo e

xenofobia, que muitos atentados contra os d ire i tos humanos são cometidos. Nem

semp re estas reacções se man i festam de fo rm a f lagran te , f requentem ente assum em

um a dim ensão inst i tuc ional. As estat íst icas dem onstram que a p robabi l idade de se ser

preso e severamente pun ido é mu i to ma io r para os im ig ran tes do que para os

por tu gueses, except o se estes forem negros.

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Reconhecimento da Dignidade e dos Direitos

A questão da imigração não pode ser separada da questão mais vasta dos d ire i tos

humanos. É prec iso em pr imeiro lugar pôr f im à lóg ica ut i l i tar is ta dominante, onde os

seres hum anos são encarados como m era m ercador ia .

No actual contexto português, no quadro de um pro jecto humanista assente na

convicção q ue é p ossível constru irm os um m undo de seres hum anos l ivres e iguais em

dire i to s e d ignidade, destacamo s a lguns ob ject ivos m obi l izador es:

1. A promoção de polí t icas de in tegração que garantam a todos os trabalhadores

im igrantes um t ratam ento igual a tod os os tr abalhadores nacionais, e assegure a tod os

eles, legais ou i legais, o respeito pelos direitos humanos. Como a experiência

dem onst ra esta é a fo rm a ma is consequente para acabar com o t rá f ico e a escravatu ra

de seres hum anos.

2. A promoção do conhecimento da l íngua portuguesa entre os imigrantes. Sem aaquis ição deste instrumento básico de comunicação é sabido que os imigrantes se

to rn am p resa fáci l dos ma is “ var iados in té rp re tes loca is da rea lidade” , nom eadam ente

de red es m afiosas.

3. A promoção do conhecimento da ident idade cul tura l dos vár ios grupos de

imigrantes, de forma a possib i l i tar o seu efect ivo reconhecimento como seres

humanos, u l t rapassando a sua humilhante ident i f icação como meros instrumentos de

trabalho. Na verdade só se está d isponível para aceitar como igual aqui lo que se

conhece.

4. O emp enho efect ivo do Estado n a solução das questões re lacionadas com a

im igração c landest ina, no m eadament e at ravés de acordo s b i latera is entre os países de

e / im ig ração , p ro jec tos de cooperação espec íf icos e opor t un idades m a is amplas de

obt enção d a perm anência legal no pais.

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5. A fo rm ação dos agentes da Admin ist ração Púb l ica sobre a r ea lidade da im ig ração , o

respeito pela d ignidade de cada pessoa, independent em ente d e sua or igem.

6. A denún cia e o comb ate ao tráf ico de seres hum anos.

É prec iso, por ú l t im o, prom over um a concepção posit iva da imigração a part i r daqui lo

que a h istó r ia nos m ostra. A im igração não const i tu i um a ameaça à ident idade cul tura l

dos povos, m as pelo cont rár io representa um a enorm e opor tu nidade para que estes se

enr ique çam com novas exper iências e saberes alargando -lhes os horizont es.

6. Form as de d escrimi nação: n acion alidade, cor, género, rel igião, orien t açãosexual

A discriminação pode se dar por sexo, idade, cor, estado civi l, ou por ser a pessoa,

portadora de a lgum t ipo de def ic iência. Pode ocorrer a inda, s implesmente porque o

emp regado propôs um a acção reclam atór ia , con t ra um ex-pa t rão ou porque par t icipou

de uma greve. Discrimina-se, ainda, por doença, orientação sexual, aparência, e por

uma sér ie de outros motivos, que nada têm a ver com os requis i tos necessár ios aoe fect ivo desempenho da função o fe recida . O acto d isc r im ina tó r io pode esta r

consubstanciado, t amb ém , na ex igência de cert idões pessoais ou de exam es méd icos

dos candidat os a em prego.

A importância que o homem dá à cor da pele do seu semelhante, é deveras

preocupant e. Na real idade, em m uito s casos a d i ferença da cor da pele é um a barre ira

muito mais determinante para a comunicação entre as pessoas do que a própr iad i ferença linguíst ica, isto po de ser considerado um fen óm eno ant i -natura, um a vez

que não vemos na natureza os animais min imamente preocupados com as d i ferenças

de pelagem ou penas.

A d i ferença de cor entre as pessoas tem uma expl icação c ientí f ica para a qual o

hom em não con t r ibu i m in imam ente : a ma io r ou meno r concent ração de me lan ina da

pele, que tor na a pele da pessoa m ais o m enos escura.

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Discr iminação racial

Entende-se por discriminação racial qualquer distinção, exclusão, restr ição ou

preferência em função da raça, or igem, cor ou etn ia, que tenha por object ivo ou

produza como resu ltado a anu lação ou rest r ição do reconheciment o , f ru ição ou

exercício, em condições de igualdade, de direitos, l iberdades e garantias ou de direitos

econó m icos, sociais e cultu rais.

Um a das form as de d escr iminação rac ial é :

A intolerância

É a fa lta de respeito pelas prát icas e convicções do ou tr o. Aparece quando a lguém se

recusa a deixar outras pessoas agirem de maneira d i ferente e terem opin iões

diferentes. A in to lerância pode conduzir ao tratamento in justo de certas pessoas em

relação ás suas convicções religiosas, sexualidade ou mesmo à sua maneira de vestir.

Está n a base do rac ism o, do ant i -sem it ismo, d a xenofob ia e da d iscr im inação em gera l.

Frequen tem ent e, pode condu zir à v io lência. A in to lerância não aceita .

A igualdade

É a característ ica do que é igual. O que s igni f ica que nenh um a pessoa é m ais

importante que outra, quaisquer que sejam os seus pais e a sua condição socia l .

Naturalmente, as pessoas não têm os mesmos interesses e as mesmas capacidades,

nem est i los de v ida idênt icos. Consequentemente, a igualdade entre as pessoas

signi f ica que todos têm os mesmos d ire i tos e as mesmas oportunidades. No domínio

da educação e do trabalho, devem dispor de oportunidades iguais , apenas

dependen tes dos seus esfor ços. A igualdade só se to rnará um a real idade qu ando t odo s

t iverem , em term os idênt icos, acesso ao a lo jament o, à segurança socia l, aos d ire i tos

cívicos e à cidadan ia.

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7. M om ent os hist ór icos, personal idades e organizações det erm inant es

na lut a contr a as di ferent es for m as de discr im inação

RAXEN

Rede Europ eia de Infor m ação sobre o Racism o e a Xenofobia

A Agência para os Dire i tos Fund ament a is e a Rede RAXEN: um breve enq uadram ento

A Agência Eur op eia para os Direito s Fund am ent ais (FRA), criada em Fevereiro de 2007

a part i r d o Observatór io Europeu do Racism o e da Xenofob ia (EUM C), é uma

inst i tu ição da União Europeia cu jo object ivo pr inc ipal é proporc ionar ass is tência e

competências no domínio dos d ire i tos fundamenta is aos Estados-Membros.

A pr inc ipal tarefa da Agência para os Dire i tos Fundamenta is através da in formação

recolh ida pela red e RAXEN é a de d isponib i l izar dado s object ivos, f iáveis e com paráveis

sobre rac ismo, xenofobia, is lamofobia e ant i -semit ismo a níve l Europeu, com o

pro pósito de a judar a União Europeia e os seus Estado s-m em bro s no desenvolv im ento

de medidas e na formulação de acções contra o rac ismo e a xenofobia.

Com base nos dados recolh idos, a FRA estuda a d imensão e o desenvolv imento de

fenómenos e manifestações de racismo e xenofobia, analisa as suas causas,

consequências e efeitos. Faz também parte das tarefas da FRA o delinear de

estr atégias para com bater o rac ism o e a xenofo bia, bem como destacar e d issem inar

exemplos de boas prát icas re lac ionados com a in tegração de imigrantes e de gruposétn icos e re l ig iosos m inor i t ár ios nos Estado s-m em bro s da União Europ eia. De acordo

com este propósito, a FRA promove e coordena a rede RAXEN (European Racism and

Xenoph obia Net w ork), comp osta por 27 Pontos Focais Nacionais, um em cada Estado -

membro, cu ja função é recolher, coordenar e d isseminar a in formação ex is tente, nas

áreas ref eridas, a nível local, region al e nacional.

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Sobr e a Rede RAXEN

A premissa de que o combate ao rac ismo e à xenofobia só se faz conhecendo estes

fenómenos nas suas manifestações concretas, bem como no conhecimento das suascausas e da ressonância que têm no t odo soc ia l , tem sido um dos p r incíp ios

or ient adores do Observató r io Europeu d o Racism o e d a Xenofo bia e agora da Agencia

para os Dire i tos Fundam ent a is. Neste sent ido , em 2000 o ent ão Observatór io lançou a

Rede de Informação Europeia sobre Racismo e Xenofobia (RAXEN), cujo objectivo é

do t a r cada um do s pa íses-mem bros com um agente de co laboração – a designação

of ic ia l é Nat iona l Focal Po in t (NFP) – e cu ja incumbênc ia p r ime i ra fo i a reco lha de

informação sobre fenómenos rac is tas e xenófobos em quatro áreas inst i tuc ionais:Em pr ego, Edu cação, Violên cia Racial e Legislação.

A recolha de informação da rede RAXEN não se restr inge às manifestações de racismo

e de xenofobia, estendendo-se a assuntos que lhes estão re lac ionados, como a

Imigração. Neste sent ido, para a lém dos acto s d iscr iminat ór ios, tam bém são registadas

as boas práticas conducentes a uma boa convivência com os estrangeiros que vivem

em Portugal e tudo aqui lo que const i tu i combate à d iscr iminação com base na raça,nacional idade ou etn ia. Cabe a cada NFP elaborar um re latór io sobre estas matér ias

em cada um a das áreas refer idas. Para le lament e, o NFP deve fazer o levantam ento e a

caracterização das organizações que, de algum modo, estão orientadas para o

combate à discriminação étnica e racial e para o auxíl io aos imigrantes. Esta tarefa é

levada a cabo com a colabor ação das organizações que respondem a um quest ionár io

que visa a sua caracterização geral, o conhecimento das actividades desenvolvidas e

do s recursos à disposição destas organizações.

Desde 2002 que a tarefa do NFP vai para a lém da recolha de dados e da sua

sis tematização em re latór ios. Estes agora devem proceder a uma anál ise da

informação recolh ida que passa pelo estabelec imento de tendências e pela tentat iva

de com preend er as causas das mesmas. Desde 2003 u m a nova área de invest igação f o i

acrescentada ao projecto RAXEN: a Habitação. A partir de 2007 a área da Saúde e

Serviços Sociais fo i tam bém acrescent ada ao project o.

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       3        0 

O NFP Por tuguês

Só em 2001 fo i estabelec ido um Ponto Focal Nacional em Portugal, assegurado pela

Núm ena - Centro de Invest igação em Ciências Soc ia is e Humanas em parcer ia com oAlto Com issár io para a Im igração e M inor ias Étn icas, num a pr im eira fase, e

actu alment e com o Alto Com issar iado para a Im igração e Diálogo Int ercul tur a l (ACIDI) .

Desde então, o NFP Português tem v indo a const i tu ir uma base de dados com as

organizações que em Port ugal se ocupam de assunt os re lacionados com o r acism o, a

xenofob ia e a im ig ração – ONGs a t rabalhar no te r reno , assoc iações de im ig ran tes,

associações de lut a cont ra o racism o, IPSS, organizações govern am ent ais e cent ro s de

invest igação. Na qual idade de Agente Nacional de Colaboração do Observatór ioEuropeu do Racismo e Xenofobia, desde 2001 a Númena tem elaborado Relatór ios

An uais nas áreas do Em pr ego, Educação, Viol ência Racial e Legislação.

Organizações de apoio às vít imas de racismo e xenofobia

O SOS RACISM O fo i criado em 10 de Dezem br o d e 1990. A sua criação

part iu da in ic ia t iva de um grupo de pessoas que, ass im, se propôs lu tar

con t ra o Racism o e a Xenofob ia em Por tugal , con t r ibu indo para a

for m ação de uma sociedade em que to dos tenham o s m esm os d ire i to s.

O SOS RACISM O constit ui u m a associação sem f ins lucrativo s, t end o-lh e

sido atr ibuído o estat ut o de ut i l idade públ ica em 1996. Desde da data da

sua cr iação, o SOS RACISM O tem v indo a desenvolver act iv idades

diversif icadas, que abrangem cada vez mais áreas de intervenção, de

forma a tornar possível uma acção conjunta nos vár ios sectores da

sociedade portuguesa.

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       3        1

Há igua lmente um es fo rço no sen t ido de co laborar com ou t ras

associaçõe s ant i racistas e de im igran t es a nível n acion al. O SOS RACISM Odesenvolve, igualmente, act iv idades e acções em conjunto com outras

associações de países europeus, estando actualmente activamente

envo lvido na c r iação de um a rede an t i rac ista europe ia , em con jun to com

vários países da Eur op a. A associação t em vindo a crescer e, apesar de a

maior ia do trabalho real izado seja efectuado por vo luntár ios, d ispõe já ,

de um núm ero s igni f icat ivo de nú cleos espalhados por d iversos pon to s do

país.

Prin cipais obj ectivos:

O SOS RACISM O pro põe-se trabalhar n o sent ido de cont r ibu ir para a

cr iação d e um a sociedade justa, igual i tár ia e m ult icu l tu ra l , sem rac ism o e

xenofobia. Para alcançar, ou pelo menos, aproximar-se desse ideal,

exist em variado s ob jectivos específicos a concret izar

Criação de in fra–estruturas de apoio às populaçõesim igrant es e das m inor ias ét nicas;

A cr iação de uma polí t ica concreta de inserção das minor ias

ét nicas na sociedade po rt uguesa;

Concepção de um quadro ju r íd ico – lega l suscept íve l de pun i r

ef icazm ente com por tam ent os rac istas e xenófobo s;

Consciencialização e responsabil ização das autoridades epopu lação po rtu guesa face à pr oblem ática da d iscr iminação rac ial

e xenófo ba;

Estabelec imento de uma acção consertada, entre a d iversas

assoc iações de d i rei tos humanos, de im igran tes e an t i – racistas;

M ot ivação e m obi l ização do s im igrantes e minor ias étn icas no

sent ido d e fazer valer os seus direit os;

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A AI fo i cr iada pelo advogado br i tân ico Peter Benenson em 1961. Ele

f icou chocado ao ler a notíc ia de um jornal sobre o caso de dois

estudantes portugueses que t inham s ido condenados a sete anos depr isão por te rem fe i to um br inde à " l ibe rdade" num res tauran te em

Portugal. Benenson começou a pensar nas formas de convencer o

governo português bem como outros governos autor i tár ios a l ibertar

ví t imas de in just iça. Com o object ivo de conseguir a l iberdade de

pr is ioneiros polí t icos, Benenson e outros act iv is tas lançaram uma

campanha designada por "Apelo a favor de uma Amnist ia em 1961" que

se pro longou por um ano. A campanha fo i d ivu lgada in ternacionalmentea 28 de M a io de 1961 a t ravés de um ar t igo num jo rna l sob o t í tu lo

"Prisioneiro s Esqu ecidos".

A AI é independente de qualquer governo, part ido polí t ico ou credo

re l ig ioso. Depende de contr ibu ições ind iv iduais e de d onat ivos dos seus

membros e s impat izantes espalhados pelo mundo in te iro. Para proteger

a indepen dência da or ganização, t odas as cont r ibu ições são estr i tam ent e

contro ladas por d irectr izes emit idas pelo Conselho Internacional. A AI

tem estatuto consult ivo nas Nações Unidas (ECOSOC), na Unesco e no

Conselho da Europa. Tem relações de cooperação com a Comissão

Interamericana de Direitos Humanos, a Organização dos Estados

Am ericanos (OAU) e a Or ganização de Est ados Am ericanos (OEA).

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É m em bro da Com issão para o Realo jament o e Educação de Refugiados

Afr icanos, da Organização da Unid ade Afr icana. Em 1977 recebeu o Prém io No bel da Paz.

A Organização das Nações Unidas nasceu oficialmente a 24 de Outubro

de 1945, data em que a sua Carta fo i ra t i f icada pela maior ia dos 51

Estados Membros fundadores. O d ia é agora anualmente ce lebrado em

to do o m undo com o Dia das Nações Unidas.

O object ivo da ONU é unir t odas as nações do m und o em pro l da paz e do

desenvolv im ent o, com base nos pr incíp ios de just iça, d ign idade hum ana e

bem-estar de todos. Dá aos países a oportunidade de tomar em

consideração a interdependência mundial e os interesses nacionais na

bu sca de soluçõ es para os prob lem as int ern acionais.

Actualmente a Organização das Nações Unidas é composta por 191

Estados M em bro s. Reúne m -se na Assem bleia Geral, que é a coisa maisparecida com um par lamento mundia l . Cada país, grande ou pequeno,

r ico ou pob re , tem um ún ico vo to ; con tu do , as dec isões tom adas pe la

Assem bleia não são vinculat ivas. No

entanto, as decisões da Assemble ia tornam-se resoluções, que têm o

peso da opin ião da com unidade in t ernacional.

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A sede das Nações Unidas fica em Nova Iorque, nos Estados Unidos, mas

o te r reno e os ed i f íc ios são te r r i tó r io in te rnaciona l. A ONU tem a suaprópria bandeira, correios e selos postais. São uti l izadas seis línguas

of iciais: Árabe, Chinês, Espanhol, Russo, Francês e Inglês – as duas últ im as

são consideradas línguas de t rabalho. A sede das Nações Unidas na

Europa fica em Genebra, Suíça. Têm escritórios em Viena, Áustria, e

Com issõe s Region ais na Etió pia, Líban o, Tailând ia e Chil e.

O Secretariado das Nações Unidas é chefiado pelo Secretário-Geral. O

logó t ipo da ONU representa o mundo rodeado por ramos de o l ive i ra ,

símbo lo d a paz.

Os object ivos das Nações Unid as:

- M an t e r a p az e m t o d o o m u n d o .

- Fom entar r e lações am igáveis ent re nações.

- Traba lhar em con jun to para a judar as pessoas a v ive rem m elhor ,

e l im inar a pobreza , a doença e o ana l fabe t ism o no m undo, acabar com a

destru ição do amb iente e incent ivar o respeito pelos d ire i to s e l iberdades

dos outro s.

- Ser um cent ro capaz de ajudar as nações a alcançarem estes obj ectivo s.

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8. Legislação de promoção da igualdade entre grupos sociais e étnicos

Discr iminação racial ou étnica

Lei n.º 18/2004 de 11 de Maio.

Transpõe para a ord em jurídica nacional a Directiva n.º 2000/ 43/ CE, do Conselho, de 29 de

Junho , que apl ica o prin cípio da igualdade de trat ament o ent re as pessoas, sem d istinção de

origem racial ou étn ica, e tem por ob jectivo estabelecer um quadr o jurídico para o comb ate

à discrim inação baseada em m ot ivos de origem r acial ou ét nica.

Art igo 1. º

Objec toA presente le i t ranspõe, parc ialmen te, para a or dem jur íd ica in tern a a Di rect iva n. º2000/ 43/ CE, do Conselho, de 29 de Junho , que apl ica o pr inc íp io d a igualdade de t rat ament oent re as pessoas, sem dist inção de or igem racial ou étnica, e tem po r object ivo estab elecer umquadro jur íd ico para o com bate à d iscr im inação baseada em m ot ivos de or igem rac ia l ouétn ica.

Ar t igo 2. ºÂm b i t o1 - A presente le i é apl icável , tanto n o sector públ ico com o no pr ivado:

a) À pro tecção social , incluindo a segurança social e os cuidado s de saúde;b) Ao s ben efícios sociais;c) À edu cação;d) Ao acesso e fo rnecim ent o d e bens e prestação de serviços postos à disposição do púb l ico,inc lu indo a habi tação.

2 - A matér ia re lat iva à não d iscr iminação no cont rat o de t rabalho, nos cont rato s equiparadose na re lação jur íd ica de empr ego públ ico, indepen dentem ente de confer i r a qual idade defunc ionár io ou agente da Adm inist ração Públ ica, é regulada em d ip lom a próp r io.

3 - A apl icação da presente le i não pre judica as d i ferenças de t r atamen to baseadas nanacional idade o u nas disposições e condiçõe s que r egulam a entr ada e residência de nacion aisde países tercei ros e de apát r idas no t er r i tór io n acional nem q ualquer t r atamen to q ue decorrado respect ivo es tatuto jur íd ico.

Ar t igo 3. ºDef inições1 - Para efe i tos da presente le i , enten de-se por pr inc íp io da igualdade de t ratam ento aausênc ia de qu alquer d iscr iminação, d i recta o u indi rec ta, em razão d a or igem racia l ou étn ica.

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2 - Cons ideram-se pr át icas d iscr iminató r ias as acções ou om issões que, em razão da per t ençade qu alquer pessoa a det erm inada raça, cor , nacional idade o u or igem étn ica, v io lem opr inc íp io da igualdade, des ignadament e:

a) A recusa de forn ec im ento ou im pedim ento de f ru ição de ben s ou serv iços ;b) O imp edim ento ou l im i tação ao acesso e exerc íc io no rm al de um a act iv idade económ ica;

c) A recusa ou condic ionament o de venda, ar rendam ento o u subarrend ament o de im óveis;

d) A re cusa de acesso a lo cais pú bl icos ou aber to s ao p úbl ico;e) A recusa ou l im itação de acesso aos cuidad os de saúde pr estados em estabelecim ent os desaúde públ icos ou pr ivados;

f ) A recusa ou l imi tação de acesso a estabelec im ento de ed ucação ou ens ino públ ico oupr ivado;

g) A const i tu ição d e tu rm as ou a adopção de o ut r as m edidas de or ganização intern a nosestabelec im ento s de educação o u en sino, públ icos ou pr ivados, segundo cr i tér ios dediscr im inação racial, salvo se tais cr i tér ios forem just i f icados pelos object ivos refer id os no n .º 2do ar t igo 3. º da Lei n. º 134/ 99, de 28 de Agosto;

h) A adopção de prát ica ou m edida, por par te de qu alquer órgão, func ionár io o u agente daadm inistração directa ou indirect a do Estad o, das Regiões Autón om as ou d as autar qu ias locais,

que cond icione ou l imi te o exerc íc io de qualquer d i re i to ;

i ) A adopção de ac to em que, publ icament e ou com intenção de am pla d ivu lgação, pessoasingular ou colect iva em i ta um a declaração ou t ransmi ta um a inform ação em v i r tude da qualum grupo de pessoas seja ameaçado, insul tado ou av il tado por m ot ivos de d iscr iminaçãoracial.

3 - Para os e fe it os do n .º 1 :a) Con sidera-se que existe discr im inação directa semp re qu e, em razão da or igem racial ouétn ica, um a pessoa seja objec to de t ratam ento m enos favorável do q ue aquele que é, tenh asido o u po ssa vir a ser dado a out ra pessoa em situ ação com parável;

b) Con sider a-se que existe discr im inação indirect a sem pre q ue d ispo sição, cr i tér io o u pr át ica,aparentem ente n eut ro , co loqu e pessoas de uma d ada or igem rac ial ou ét n ica num a si tuaçãode desvantagem comp arat ivament e com out ras pessoas;

c) Não se considera d iscr im inação o comp ortam ento baseado n um dos factores indicados nasalíneas ant er ior es, sem pre qu e, em vir t ud e da natu reza das act iv idades em causa ou d ocontex to da sua execução, esse fac tor const i tu a um requisi to just i f icável e determ inante p ara

o seu exercíc io, devendo o o bjec t ivo ser legít im o e o requ isi to pro porc ional .

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4 - O assédio é considerado d iscr im inação na acepção do n. º 1 sempr e que ocorrer umcomp ortam ento indesejado re lacionado com a or igem rac ial ou étn ica, com o objec t ivo ou oefe i to de afec tar a d ignidade da pessoa ou de cr iar um amb iente in t im idat ivo, host i l ,

degradante, hum i lhante ou desestabi l izador .

5 - Um a inst rução no sent ido d e d iscr iminar pessoas com base na or igem rac ial ou étn ica éconsiderada discr im inação na acepção do n .º 1.

Ar t igo 4. ºNíveis m ínimo s de pro tecçãoA present e lei consagra os níveis m ínimo s de p rot ecção e n ão pr ejud ica as disposições m aisfavor áveis estab elecidas nou tr a legislação, devend o prevalecer o regime q ue m elhor garant a o

pr inc íp io da igualdade de t ratam ento e da não d iscr im inação.

Ar t igo 5. ºTute la de d i re i tosAs assoc iações que, de acordo com o respect ivo estatut o, tenh am por f im a defesa da nãodiscr iminação baseada em m ot ivos de or igem r acia l ou ét n ica têm legi t imidade p ara in terv i r ,em representação ou em apoio do in teressado e com a aprovação deste, nos respect ivosprocessos jurisdicionais.

Ar t igo 6. º

Ónus da prova1 - Cabe a quem alegar ter sof r ido um a discr im inação fundam entá- la, apresentando e lem ento sde fac to suscept íve is de a ind iciarem, incum bindo à out ra par t e pro var que as d i ferenças det ratam ento não assentam em nen hum dos fac tores indicados no ar t igo 3. º

2 - O disposto no n. º 1 n ão se apl ica ao processo pen al nem às acções em que a aver iguaçãodos factos incumbe ao t r ibun al ou a out ra instânc ia com petent e, nos term os da le i .

3 - O disposto no s núm eros anter ior es apl ica-se igualm ente às acções in tent adas nos term osdo ar t igo 5. º

Ar t igo 7. ºProtecção cont ra actos de retal iaçãoÉ nulo o acto r eta l iatór io que im pl ique t rat amen to o u consequênc ias desfavoráveis cont raqualquer pessoa po r causa do exercíc io d o d i re i to de qu eixa ou de acção em defesa dopr inc íp io da igualdade de t ratam ento .

Ar t igo 8. ºProm oção da igualdade

1 - Com pete , nos te rmo s do Decre to -Le i n .º 251 /2002, de 22 de Novembro , ao A lto -

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Com issar iado para a Im igração e M inor ias Étn icas a pro m oção da igualdade de t ratamen toent re to das as pessoas, sem qualquer d iscr im inação po r m ot ivo de o r igem racia l ou ét n ica.

2 - Com pete, a inda, ao Al to -Com issar iado para a Imigração e M inor ias Étn icas:

a) Prom over , at ravés do Conselho Consul t ivo para os Assunt os da Imigração, o d iá logo en t re osparceiro s sociais neste repre sentado s, ten do em vista a prom oção da igualdade det ratam ento , sem p re juízo da in tervenção própr ia de out r as ent idades a quem incumb a odiálogo social ;

b) Prom over , atr avés do Conselho Con sult ivo para os Assunto s da Imigração, o diálogo com asorganizações não governam entais cujos f ins se inscrevam n o âm bi to do comb ate àdiscr im inação po r razões raciais ou étn icas;

c) Prop or , através da Com issão p ara a Igualdade e cont ra a Discr im inação Racial , m edidasno rm at ivas qu e visem supr im ir disposições legislat ivas, regulamen tares e admin istr at ivascont rár ias ao pr inc íp io da igualdade de t ratam ento ;

d) Prestar às vít im as de d iscr im inação o apo io e a info rm ação necessários para a defesa dosseus direi t os.

3 - O disposto nos número s anter iores não pre judica o d i re ito de in tervenção das ent idadesrefer idas no ar t igo 5. º

Ar t igo 9. ºDever de comu nicaçãoTodas as ent idades públ icas que to m em conhec im ento de d isposições que se in tegrem n aprev isão do n. º 1 do ar t igo 3.º devem inform ar desse fac to a Com issão para a Igualdade econt ra a Discr im inação Racial.

Ar t igo 10. ºCont ra-ordenações1 - A prát ica de qualquer do s ac tos d iscr iminatór io s prev istos no ar t igo 3. º p or p essoa s ingularconst i tu i cont ra-orden ação pun ível com coima graduada ent r e um a e c inco vezes o valor m aiselevado do salár io m ínimo n acional me nsal, sem pr ejuízo da event ual responsabi l idade civ i l ouda apl icação de o ut ra sanção que ao caso cou ber.

2 - A prát ica de qualquer do s ac tos d iscr im inatór ios prev istos no ar t igo 3. º por p essoa colect ivade d i re i to p úbl ico ou pr ivado const i tu i cont ra-ordenação punível com coim a graduada ent r eduas e dez vezes o valor m ais elevado d o salár io m ínimo nacional m ensal, sem preju ízo darespon sabi l idade civ i l ou da apl icação de o ut ra sanção que ao caso cou ber .

3 - Em caso de re inc idênc ia, os limi tes mínimo e m áx im o são e levados para o dobro .

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4 - A tent at iva e a negligência são puníveis.5 - Sem pre que a cont ra-ordenação resul te da om issão de um dever , a apl icação da sanção e opagamento da coima não d ispensam o in f rac tor do seu cump r imen to, se este a inda forpossível.

Ar t igo 11. ºSançõ es acessórias1 - Sem prejuízo do d isposto no ar t igo 10. º da Lei n.º 134/ 99, de 28 de Agosto, podem aindaser d eter m inadas as seguint es sanções acessórias, em fu nção d a gravidade d a infracção e d aculpa do agente:

a) Perda de objec tos per tencent es ao agente;b) In terd ição do exerc íc io de act iv idades que dependa d e t í tu lo p úbl ico ou de auto r ização ou

hom ologação de autor idade púb l ica;

c) Privação do dir ei to a subsídio o u bene fício out or gado po r ent idades ou serviços púb l icos;

d) Pr ivação do d i re i to d e par t ic ipar em fe i ras ou m ercados;e) Pr ivação do d i re i to de par t ic ipar em arrem atações ou concursos públ icos que tenham porobjec to a em prei tada o u a concessão de obras públ icas, o fo rnec imento de ben s e serv içospúb l icos e a atr ibuição d e l icenças ou alvarás;

f ) Encerrament o d e estabelec im ento cujo func ionam ento este ja suje i to a autor ização o u

l icença de auto r idade adm inist rat iva;

g) Suspen são de au to rizações, l icenças e alvarás.2 - As sanções refer idas nas a l íneas b) a g) do núm ero anter ior têm a duração m áxima de d oisanos cont ados a par t i r d a dec isão conden atór ia def in i t iva.

Ar t igo 12. ºCompetênc iaSão com petent es para tom ar conhec iment o d e fac to suscept íve l de ser considerado cont ra-ord enação as seguint es ent idades:

a) M em bro do Governo que t enha a seu cargo a área da igualdade e d as m inor ias étn icas;

b) Alto -Com issariado p ara a Imigração e M inor ias Étn icas;c) Com issão para a Igualdade e cont ra a Discr iminação Racial ;d) Inspecção-geral comp etent e em razão da m atér ia.2 - Logo que tom em conhec im ento de fac to suscept íve l de ser considerado cont ra-ord enação,as ent idades men cionadas nas al íneas a), b) e c) do nú m ero an te r ior en viam o pro cesso para ainspecção-geral m enc ionada na a l ínea d) do m esm o n úm ero, a qual p rocede à sua inst ru ção.

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Art igo 13. ºApl icação d as coim as1 - Inst ru ído o processo, o m esm o é env iado à Com issão para a Igualdade e cont ra aDiscr im inação Racial, acom panh ado do r espect ivo relatór io f inal.

2 - A def inição da m edida das sanções e a apl icação das coim as e das sanções acessóriascorrespon den tes é da comp etê ncia do Alto-Com issário para a Im igração e M inor ias Étn icas,ouv ida a com issão perm anente m enc ionada no n. º 2 do ar t igo 7.º da Lei n. º 134/ 99, de 28 deAgosto.

Ar t igo 14. ºDest ino das coim asO dest ino d as coim as é o seguint e:

a) 60% para o Estado;b) 10% para o Alto -Com issariado p ara a Im igração e M inor ias Étn icas;c) 30% para a ent idade adm inist rat iva que inst ru iu o p rocesso de cont ra-ord enação.

Ar t igo 15. ºLegislação sub sidiária1 - Aos processos de cont ra-ordenação por p rát ica d iscr iminatór ia apl ica-se o d isposto no sar t igos 9. º e 10 . º do Decreto-Lei n. º 111/ 2000, de 4 de Julho.

2 - Em tud o o q ue não es t iver regulado na presente le i são apl icáveis a Lei n. º 134/ 99, de 28 de

Agosto, e o regime geral das cont ra-ord enações.

Ar t igo 16. ºEnt rada em v igorA presente le i ent ra em v igor n o d ia seguinte ao da sua publ icação.