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Manual do heroi
PRÓLOGO
Olá! Eu me chamo Purunan e este livro é narrado por mim. Eu fui um tethyriani de
características comuns entre minha etnia: olhos e cabelos castanhos; altura e constituição
mediana. Nasci em Águas Profundas que pode ser considerada como a maior cidade da
Costa da Espada e uma metrópole importante devido ao seu comércio. Vivi lá por muito
tempo em minha cidade natal e esse fato foi, com certeza, o que determinou a escrita de
um manual acerca de como ser um heroi. Fui um cosmopolita nato, estive em contato
com os principais e mais influentes moradores de Águas Profundas. Tive uma educação
desde cedo tutorada por uma figura bastante ilustra, um heroi local, o campeão de Tyr,
Thameor Maze, do qual fui escudeiro.
Nas páginas deste manual estão as minhas aventuras durante toda vida. Não sei quantas
páginas o livro tem. Nem ao menos tive a chance de enviá-lo à alguém, após ter ficado
pronto. Na verdade ele jamais ficou pronto. É possível que você esteja lendo a única
versão inacabada e, se for o caso, peço gentilmente que propague esta obra, para que a
posteridade tenha acesso ao manual. A verdade é que eu nunca terminei o livro...
Infelizmente a morte chega para todos os seres mortais e não foi diferente comigo. Por
isso aqui estarão relatadas minhas aventuras até a minha última noite, mas não está
presente o momento de minha morte, nem como sucedeu-se, mesmo que de alguma forma
isso possa ficar implícito.
Acerca de possibilidades, admito que teria sido mais feliz, se continuasse vivendo junto
de meus pais e irmãos, seguido como um comerciante bem sucedido, porém sei que o
meu destino não era esse. De todos meus cinco irmãos, somente os dois mais velhos
ficaram responsáveis pelos negócios da família. O caçula seguiu para o templo local, se
tornou clérigo e meu outro irmão dedicou sua curta vida à guarda local.
Eu não sei se é de conhecimento de meu estimado leitor, mas Costa da Espada não é um
lugar difícil de se viver. Os habitantes daquele lugar costumam brincar com anedotas que
dizem que viver em Costa Espada é o mesmo que viver no mundo inteiro, mesmo vivendo
em somente um lugar. Isto devido ao fato de Costa Espada ser um amontoado de raças e
etnias. Então imaginem a seguinte situação, de que Costa Espada está para o mundo,
assim como Águas Profundas está para Costa Espada... Sim! É uma loucura viver em
Águas Profundas. Cada um possui sua própria defesa, ainda que exista a defesa local e
por mais que seja incomum, algumas vezes é possível ver algum corpo boiando nas fossas
da cidade, geralmente algum criminoso infeliz que errou seu alvo.
A minha jornada de vida começou anteriormente ao início da minha jornada para me
tornar um heroi. Antes de me lançar no mundo, buscando meu próprio caminho, eu passei
anos no caminho de outra pessoa: meu mestre Thameor Maze. É mais que justo, então,
antes de começar a narrativa de minha aventura, contar um pouco do que foi nossa última
aventura e tudo o que aprendi com tal estimada figura. E eu ainda me lembro daquela
época...
Estávamos em busca de informações, pois Thameor estava preocupado com o suposto
sumiço de Lolth, a Rainha das Aranhas. Como um Campeão de Tyr, Thameor se
preocupava que com o sumiço de uma força tão poderosa, o mundo poderia perder seu
equilíbrio natural e as forças do mal que eram submissas à Lolth decidissem agir por conta
própria. Viajamos durante meses, passando por vilas, cidades. Em vários lugares não
fomos muito bem vindos e tivemos que nos esforçar para permanecermos vivos. Um
Campeão de Tyr sabe como se portar em diferentes cidades de Feuron. Ele conhece muito
bem as leis locais e isso foi essencial para nos mantermos vivos. Aprendi muito com
Thameor, principalmente acerca da necessidade de manter a ordem. Sem a ordem, o
mundo cairia no caos e o caos seria o fim do mundo que conhecemos. Assim como era
no princípio, quando somente o caos existia, se permitirmos que o caos retorne, ele irá
aos poucos destruir tudo até que somente o caos existe.
Ao contrário de Thameor, nunca fui tão obstinado pela lei, pela ordem. Entendo, respeito
e faço tudo o que puder para manter a ordem, porém a minha maior preocupação é com
o bem. Acredito que a existência do mal é uma preocupação maior do que o possível
retorno do caos. Enquanto existir o mal, haverá crimes e isso, para mim, sempre pareceu
a maior manifestação do caos. Consigo imaginar um mundo onde não existem leis, nem
órgãos de poder, porém não consigo imaginar um mundo onde a bondade não reine sobre
a maldade. Porém Thameor discorda de mim neste ponto. Para ele, bem e mal devem
existir em igual quantidade. O mundo, tal como existe e sempre deverá existir deve ser
com a coexistência entre o bem e o mal. Nenhuma das duas forças deve se sobressair.
Acredito que o melhor de ter vivido tanto tempo ao lado de um homem tão culpe e um
exímio guerreiro foi o aprendizado e as discussões filosóficas que tivemos durante os
vários anos que o servi como escudeiro.
Aos poucos, o menino que antes mal sabia montar em um cavalo e sofria para manter
bem cuidadas as armas e equipamentos do maior campeão de Tyr que Feuron já teve foi
crescendo e eu me tornei o que eu nasci para me tornar, um paladino, treinado por
Thameor e arma da vontade de Tyr. Entre usar a minha espada, ou levantar meu escudo,
sempre preferi erguer meu escudo. O escudo é mais fácil que uma espada. A razão pela
qual se ergue um escudo é definida pelo próprio ato: Levantamos o escudo para nos
defendermos. Enquanto a utilização da espada é mais complexa... Thameor sempre me
cobra, quase que diariamente, a razão pela qual eu carrego minha espada. Eu jamais
encontrei a resposta para esta pergunta.
Graças a Thameor pude ter contato com figuras ilustres de Feuron, como o lendário
paladino Piergeiron Paladinson, o senhor geral de Águas Profundas. E foi o senhor
Paladinson que recomendou que eu fosse até Skyrin. A terra nova, o mundo novo. Onde
eu poderia descobrir por conta própria a resposta para a pergunta que Thameor
repetidamente me fazia. O próprio Thameor estava certo de que eu deveria direcionar
minha jornada para Skyrin. Os acontecimentos recentes do mundo novo, as brigas entre
os imperialistas e até mesmo a heresia de um homem que tentava ser Deus eram o cenário
ideal, segundo Thameor, para que eu provasse a minha teoria de que o bem era realmente
mais importante que a ordem e de que a ordem, também importante era somente uma
consequência do bem e não uma causa.
Enquanto viajávamos, sem obter informações consistentes a respeito do sumiço de Lolth,
Thameor ia me preparando para viver sozinho e viver em um outro mundo. Thameor já
havia estado em Skyrin, mas não permaneceu muito por lá, pois segundo ele, aquele é um
lugar onde a ordem jamais se instalará. Um pedaço de terra onde é impossível viver
dignamente e que todos os habitantes de lá estão fadados ao fracasso de viver a vida de
maneira não austera, ou culta. Ele ainda afirmava que os deuses daqueles pagãos eram
meramente figuras ilustrativas e que ninguém lá sentia realmente o poder de uma
divindade patrona. Sempre recomendava que eu me cuidasse para que não fosse enganado
pela facilidade com a qual as coisas ocorrem. Que deveria sempre me lembrar dele e de
Feuron e de como as coisas realmente são e não me deixar levar pela bandalheira que
ocorre no novo mundo. Eu deveria me dedicar exclusivamente ao estudo dos costumes e
evitar me envolver ao máximo em qualquer situação de disputa local de poder. Além de
claro, evitar demonstrar meu culto a Tyr.
Porém Thameor sabia que tais recomendações só serviam para desencargo de consciência
dele próprio. Ele conhecia o temperamento de seu fiel escudeiro. Ele sabia que eu estava
indo para Skyrin com o intuito de descobrir a verdadeira razão pela qual alguém deve
levantar sua espada. A razão absoluta, pela qual deve-se matar, ou morrer.
Particularmente, ele já sabe o que eu penso dessa questão. Mas como nunca consegui
responder a tal pergunta objetivamente, ele também sabe que eu não medirei esforços
para responde-la. Por medir esforços, entende-se: Me meter em disputas de poder, cultuar
e mostrar minha fé em Tyr e principalmente, provar que a existência do mal é somente
uma deficiência cognitiva dos seres: Se os seres, qualquer que seja, conhecerem o que é
o bem, eles jamais serão guiados pelo caminho do mal.
Viajamos durante meses e fui recebendo, além de conselhos acerca de como viver em
Skyrin, também ensinamentos valiosos para sobreviver por lá. Thameor me ensinou um
idioma dos dragões, chamado Dracônico que mesmo não sendo tão comum em Skyrin,
poderia ser bastante útil, uma vez que Skyrin já foi dominada por dragões. Nunca soube
como Thameor aprendeu tal idioma, ou onde. Mas ele o conhece tão bem que pode me
ensinar com facilidade e em pouco tempo. Assim que as pistas em relação ao paradeiro
de Lolth esfriaram-se de vez, Thameor finalmente me dispensou de meus serviços como
escudeiro. Deu-me uma quantia em dinheiro, que não era tão grande, mas era o suficiente
para eu me equipar para minha nova jornada. Em Águas Profundas, consegui patrocínio
de minha família e de Piergeiron e então pude finalmente embarcar para o novo mundo.
CAPÍTULO 1 – O COMEÇO DA AVENTURA
É a primeira noite no barco, com destino à Skyrin. Estou um pouco assustado indo para
um lugar desconhecido por mim e que possui a fama de selvagem. A tripulação do navio
não é muito simpática e este parece ser um transporte de carga, ao invés de pessoas. Há
pouca conversa entre os passageiros também. A maioria deles parece ser aventureiros,
desesperados, ou comerciantes. Pelo que percebi da bagagem dos demais, a maioria está
na mesma situação que eu: Irão com quase nada e não pretendem voltar. Tudo o que eu
desejo agora é ter uma noite tranquila e amanhã vou tentar me socializar um pouco,
conhecer acerca dessas pessoas e o que já sabem acerca de Skyrin.
O primeiro dia completo no mar foi pior do que o esperado... É difícil passar o dia todo
sem ter muito o que fazer e sem com quem conversar. Estive hoje em um tipo de bar,
dentro do navio que é onde a maioria dos passageiros passam seu dia bebendo e
fornicando. Infelizmente para mim nem a bebida e a fornicação me apetecem, caso
contrário teria algum entretenimento. Curioso ouvir conversas de outras pessoas. Saber
de seus planos e seus sonhos. Amanhã tentarei fazer alguma amizade.
Hoje tive a decepção de não conseguir fazer amizade alguma. Todas as pessoas que
conheci e conversei queriam de alguma forma me explorar, roubar, ou até mesmo
estuprar. Eu ainda não faço ideia de onde me meti, mas se utilizasse estes passageiros
como material de controle, concluiria que me aventura por Skyrin não será fácil. Ouvindo
conversas naquele antro de perdição que eles chamam de bar, descobri algo muito
interessante. Parece que assim que eu chegar, onde eu chegar, estará acontecendo um
festival de magia. Acredito que em um momento de festividade tão importante, será fácil
passar despercebido pela multidão e não terei problemas. Foi a melhor notícia desde que
sai de Feuron. Espero que amanhã as coisas melhorem um pouco mais.
O dia hoje foi uma loucura. Três homens morreram brigando entre si, dentro daquele bar.
Eles aparentemente discutiram por conta de uma das meretrizes. Imaginem... Morrer por
conta de uma meretriz em alto mar, indo para um lugar como Skyrin. Primeira lição do
manual do heroi: Jamais briguem, ou discutam por alguma meretriz! Por conta das mortes,
o clima está tenso e parece que qualquer momento uma tragédia maior poderá acontecer.
Estou tentando me manter distante disso tudo, mas sei que não conseguirei por muito
tempo. Se as coisas piorarem, tentarei mediar tudo. Veremos o que o amanhã me
proporcionará. Ainda nenhum amigo...
Por conta do ocorrido ontem, hoje o bar não abriu e os passageiros ficaram espalhados
pelo convés. Lembram-se o que eu disse acerca do bar? Esqueçam! Aquele era o melhor
lugar do mundo. Sem o bar, as pessoas ficam entediadas e muito mal humoradas. Hoje
tivemos mais algumas tensões, porém sem mortes e nenhum ferido grave. Segunda lição
do manual do heroi: Algumas vezes lugares horrendos existem porque pessoas horrendas
existem. Sem esses lugares, essas pessoas podem se espalhar e pioram as coisas. Ao
contrário do intuitivo dito popular “separar para conquistar” o mais sensato em alguns
casos é reunir todos em um local somente e deixá-los se entretendo lá. Hoje um homem
veio falar comigo. Se não me engano, seu nome é Raza... alguma coisa.
As coisas voltaram ao normal hoje. Todos voltaram ao bar e ficaram por lá fazendo o que
mais gostam. Eu me encontrei novamente com Ra's Al Ghul e ele me pareceu uma boa
pessoa. Me contou acerca de sua vida e o que fará em Skyrin. É muito bom ver que
existem pessoas que se interessam legitimamente pela ciência e pela arqueologia. O Sr.
Ra’s pretende desvendar as cavernas incomuns de Skyrin. Ainda não sei muito acerca
dessas cavernas, mas pelo visto terei muito tempo para descobrir. A viagem ainda está
longe de terminar...
Passei alguns dias sem escrever porque como já havia dito, não há nada para se fazer
nesse maldito navio. O mar parece ser tranquilo e já passamos pela posição onde outrora
existia uma tempestade que impossibilitava a chegada até Skyrin. A passagem foi
comemorada por toda tripulação, como uma forma de pagar tributo, mesmo a tormenta já
tendo sumida à anos. Thameor havia me contado acerca do herege de Skyrin, aquele que
tenta ser deus e que havia sido ele quem dissipou a tormenta, porém agora, conversando
com a tripulação, soube que na verdade foi a morte de um dragão que dominava Skyrin
que dissipou a tormenta. Agora vem a parte mais épica... Foi esse herege, conhecido por
lá como Dragonborn quem derrotou o dragão. Pelo jeito ele é uma figura aclamada.
Alguém com quem eu realmente desejo me encontrar em um futuro próximo.
Esses dias tem sido incríveis, totalmente diferentes dos primeiros dias. Desculpem não
ter escrito muito, mas Ra’s me emprestou alguns livros de temas diversos e estou
dedicando-me à minha paixão maior que é a leitura. Esse rapaz, Ra’s é o diferencial nesta
viagem. É uma pessoa muito agradável e queria muito que todos vocês o conhecem.
Acredito que o conhecerão... Certamente estou convivendo à várias semanas com o futuro
mais brilhante arqueólogo do mundo. A minha única dúvida é como ele possui tantos
livros bons e raros. Ele deve certamente ser muito culto! A terceira lição é: A amizade
com uma pessoa confiável é capaz de vencer até mesmo a monotonia de uma viagem
longa. A quarta lição é: Leiam sempre o máximo que puderem porque o heroi deve, além
de salvar as pessoas, inspirá-las e quanto maior for conhecimento de filosofia e política,
mais pessoas inspirarão.
CAPÍTULO II – A CAVERNA COM RA’S AL GHUL
Eu mal cheguei em Skyrin e me deparei com o que é uma cidade onde se predomina a
magia, onde a escola de magia é a entidade mais importante da cidade, em meio à um
festival de magia. Estou na taverna, onde passarei a noite e é impressionante a quantidade
de mágicos e magos fazendo seus truques. É uma oportunidade única e especial de se ver
tudo o que a magia pode proporcionar. Realmente incrível! Infelizmente não conseguir ir
até a biblioteca da cidade. Ela fica dentro da escola de magia e eu não sei a razão, mas
está fechada. Mas valeu a pena ter ficado na taverna assistindo às demonstrações de
habilidade das pessoas. Está acontecendo uma olimpíadas, onde os aventureiros estão
atrás de pistas e quem conseguir resolver todos os quebras cabeças, será eleito o vencedor.
É uma competição para magos e tudo o que posso fazer é torcer para que o melhor vença.
Amanhã sairei bem cedo com o senhor Ra’s. Iremos explorar uma caverna que fica perto
da cidade, a alguns pares de horas de caminhada. Eu sei que explorar cavernas é algo que
não me interessa, principalmente por eu nunca ter estado dentro de uma, mas ter ouvido
histórias das armadilhas que sempre existem nelas. Particularmente eu não queria ir, mas
após todos os dias agradáveis que tivemos durante a vinda e pelos livros que ele me
permitiu ler, acredito que devo à nem que seja a escolta até a porta da caverna. Há também
a suspeita de que ladrões rondam o entorno da caverna, então além de ser heroico proteger
alguém, será ótimo poder proteger um cientista tão engajado em sua missão. Quinta lição:
Não temam desafios, por mais estranho que possam parecer para ti. Lembrem-se que Tyr
não escolhe os preparados, mas prepara os escolhidos e eu acredito firmemente que foi
Tyr quem colocou o senhor Ra’s no meu caminho. Amanhã começa minha aventura!
O dia foi muito pior do que eu poderia ter imaginado. Vou tentar narrar para vocês
somente os fatos e depois eu os detalho, para você terem uma ideia do quanto eu fui
inexperiente em minhas decisões. Começamos cedo e fomos logo para a caverna. A
viagem demorou realmente algum par de horas e não tivemos problemas no caminho.
Entendam que de toda a aventura, o único lugar onde não tivemos problemas foi no
caminho... Logo que chegamos nos arredores da caverna, encontramos um acampamento
recém utilizado. Fui investigar e pelas condições do lugar, da instalação e da fogueira,
deduzi que ali estivera, algumas horas antes, entre três e seis pessoas. O que eu fiz com
essa informação? Nada! Este foi o meu primeiro erro no dia. Lição número seis: nunca
desprezem qualquer informação. Toda informação é útil, assim como toda pessoa é
mestre. A importância está em nós. Nós é que precisamos interpretar e tornarmos as
informações e ensinamentos úteis. O que aconteceu com a informação que eu não levei
em consideração? Quase fomos mortos por bandidos que nos espreitavam na entrada da
caverna. Simplesmente eu deveria saber que eles estariam ali. Eu sabia onde era o lugar
mais provável onde eles estariam e sabia teoricamente quantos, porém negligenciei essas
informações e terminamos presos na caverna. Acuados entre o desconhecido e os
bandidos. Podia piorar?
Tudo sempre pode piorar! E foi o que inicialmente pensei que aconteceria, quando fomos
surpreendidos por outras duas pessoas. Um anão e um homem que também entraram na
caverna. Pelo bem e graça de Tyr, não eram os bandidos que nos acuaram, eram somente
outros dois curiosos que tiveram a mesma ideia que a gente: desbravar o desconhecido e
acabaram presos conosco. Por sorte, um deles, o anão, era uma pessoa honrada.
Conhecido como o escudo de Moradin. Estando todos na mesma desgraça, resolvemos
que tentaríamos nos livrarmos daquela caverna juntos, pois seria melhor assim do que nos
matando e terminarmos apodrecendo naquele lugar. Lição sete: Os aliados podem ser
escolhidos por nós, mas na maioria das vezes são escolhidos para nós. Jamais conteste o
seu destino. Um heroi de verdade abraça o seu destino!
Então caminhamos... caminhamos... e caminhamos. Até que chegamos à uma sala onde
fomos surpreendidos por, pasmem, um xadrez humano! Éramos somente nós quatro
contra um tabuleiro inteiro de máquinas. No começo custamos a entender a mecânica do
jogo e o impulsivo anão por pouco não conheceu sua morte, o que teria custado,
provavelmente a morte de todos, visto que ele era o nosso rei. Por sorte descobri que o
quarto homem é um mago e demonstrou grande habilidade em selecionar suas magias. O
mago foi decisivo para a manutenção do jogo. Eu também quase conheci a morte, sem
entender qual a minha função no jogo, pensei que tinha a função de peão e me movi como
um clássico peão, porém a minha posição era de um bispo. Se estivesse descuidado, teria
sido o meu fim. No final, assim que entendemos toda a mecânica daquele jogo mortal,
não foi difícil sairmos vencedor. O que nos leva à nova lição: O desafio só é
intransponível se você estiver despreparado, ou desatento. O bom heroi é aquele que se
molda à situação e aprende com o desafio.
Muitas aventuras para somente um dia? Pensam que acabou? Não! Ainda tinha um último
desafio. Desafio que eu não consegui resolver. Ainda não sei como aquele desafio foi
resolvido, mas isso não me preocupa. O que me preocupou foi o rumo que as coisas
tomaram neste lugar. Em um certo momento, diante de um perigo mortal e abandonado
pelos companheiro – vale ressaltar que o mago é um exímio mago, porém coragem não é
uma de suas qualidades e que o senhor Ra’s também demonstrou que é capaz de
abandonar alguém, se isso significar faze-lo viver. Mas eu não exigiria deles nada
contrário à isso. São apenas homens e o instinto de sobrevivência é maior que tudo. O
mesmo pode se dizer de um paladino? Sempre achei que eu iria me manter firme ante ao
perigo, que jamais me sentiria balançado à fugir. Ainda mais... Ainda mais deixando um
indefeso no chão. Mas infelizmente eu cometi esse erro terrível. Tyr me testou e eu falhei.
Estava cheio de mim, após ter sido decisivo no xadrez humano e Tyr me colocou no meu
lugar: Um simples homem. Peço perdão ao Escudo de Moradin, por tê-lo abandonado!
Lição número dez: Façam tudo o que puderem para não cometerem erro, mas quando
errarem e irão errar, tentem aprender com cada erro. Só o auto aprendizado previne erros
futuros. Este foi o último desafio deste dia que pode ser considerado um dos mais longos.
Agora temos um tesouro e amanhã iremos leva-lo para cidade e nos separarmos. Foi uma
boa aliança e me sinto orgulhoso de ter aprendido tanto com eles, mesmo tendo vivido ao
lado deles por somente um dia.
CAPÍTULO III – A REUNIÃO
Hoje fui à biblioteca da escola de magia e passei o dia praticamente todo lendo acerca
desta região, seus costumes e leis. Estou surpreso com a forma como as coisas funcionam.
Realmente é uma região muito menos civilizada do que Feuron. Ao contrário do que
imaginei, parece que o meu destino ainda continua entrelaçado aqueles homens com quem
quase morri ontem. Amanhã à noite terei uma reunião na escola de magia. Estou
empolgado por ter a oportunidade de conhecer a nata da população local, os mais famosos
magos. Ouvi dizer hoje que a olimpíada já terminou. Não conheço o mago vencedor, mas
imagino que seja muito poderoso. Espero um dia conhece-lo. Décima primeira lição: Um
heroi jamais descansa por muito tempo. As aventuras estão por aí e um heroi de verdade
deve abraçar seu destino sem medo e sem pesar.