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Créditos:Tradução Portuguesa: Madalena da Costa Moniz BeteselassieRevisão técnica: Pedro L. GeraldesCoordenação : Justine Dossa e Julien SemelinMaquete e ilustrações: By Reg’ - www.designbyreg.dphoto.comImpresso em Dakar - Março de 2015

As opiniões expressas neste manual são da responsabilidade dos seus autores e nãorepresentam obrigatoriamente as da FIBA, da BLI da MAVA ou dos responsáveis doprojecto Alcyon.

Este manual enquadra-se no âmbito do projecto Alcyon, financiado pela FundaçãoMAVA (www.fondationmava.org) e foi produzido pela Fundação Internacional doBanco de Arguin (FIBA) e pela BirdLife Internacional (BLI).

Os autores Jan Veen e Wim Mullié, Veda Consultancy produziram este documento apartir do Manual da Wetlands International (Veen, J., Peeters, J., Mullié, W.C. 2004.Manuel pour le suivi des colonies de nidification d'oiseaux marins en Afrique del'Ouest. Wetlands International, Wageningen, The Netherlands).

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MANUAL DE TERRENOPARA A MONITORIZAÇÃO DAS COLÓNIAS DE AVES MARINHAS

NA ÁFRICA OCIDENTAL

Jan Veen e Wim Mullié

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1. INTRODUÇÃO 4A quem se destina este manual? 4As colónias de reprodução na África Ocidental 6As aves marinhas como indicadores de riqueza ictiológica 8

2. PRECAUÇÕES NAS COLÓNIAS DE AVES NIDIFICANTES 11

3. ESTIMATIVA DO TAMANHO DA POPULAÇÃO DE AVES NIDIFICANTES 15Estimativa do Número de Casais Reprodutores (todas as espécies) 16Contagem das Gaivotas-de-bico-fino 17Contagem das Gaivotas-de-cabeça-cinza 20Contagem de Garajaus-reais 26Contagem de Garajaus-grandes 32Contagens mensais 34

4. ESTIMATIVA DO TAMANHO DA POSTURA E DOS OVOS 35Tamanho das posturas 36Tamanho dos ovos 36

5. AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO FÍSICA DAS CRIAS 38Índíce e curvas de condição física 38Captura, medição e pesagem das crias 40

6. AVALIAÇÃO DA TAXA DE SUCESSO REPRODUTOR 44Porquê estimar a taxa de sucesso reprodutor? 44Estimativa da taxa de sucesso da eclosão 46Estimativa da taxa de sucesso de voo das crias 48

2 MANUAL DE TERRENO

ÍNDICE

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7. ANILHAGEM E CAPTURA DAS CRIAS 51Porque anilhar as aves? 51A anilhagem em África 52Os diferentes tipos de anilhas 53Captura das aves para a anilhagem 54Manuseamento correcto das aves 58Técnicas de anilhagem 62Gestão da anilhagem 65

8. RECOLHA DE REGURGITOS E FEZES 67

9. PLANEAMENTO E GESTÃO ADMINISTRATIVA DAS ACTIVIDADES 70Quadro de planeamento das actividades 70Gestão administrativa 72

10. MANUTENÇÃO DO EQUIPAMENTO 74Equipamento electrónico 74Binóculos e telescópios 75

11. REFERÊNCIAS 76

12. ANEXOS 771. Materiais de campo para acções de monitorização 772. Ficha para recolha de dados do tamanho das posturas 783. Ficha para recolha de dados do tamanho dos ovos 804. Ficha para recolha de dados da condição física dos juvenis 825. Gráficos para determinação da condição física dos crias 846. Fichas de dados de anilhagem 86

PARA A MONITORIZAÇÃO DAS COLÓNIAS DE AVES MARINHAS NA ÁFRICA OCIDENTAL 3

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A QUEM SE DESTINA ESTE MANUAL?

Ao longo da costa Atlântica da África Ocidental, as correntes oceânicasprovocam o fenómeno de «upwelling», ou seja, correntes ascendentesde águas frias e ricas em nutrientes, tornando a região extremamenterica em recursos marinhos, nomeadamente peixe.

4 MANUAL DE TERRENO

Este recurso é tradicionalmente explorado por pescadores locais.Contudo, no decurso das duas últimas décadas, a pesca costeiraartesanal e industrial intensificou-se de forma acentuada. Por isso, asconsequências da sobrepesca sobre as economias nacionais e abiodiversidade têm estado no cerne das atenções, à escala regional einternacional, pois a sobrevivência de espécies notáveis de aves marinhasdepende da abundância dos recursos ictiológicos. Porém, não é fácilapurar com precisão a influência dessas actividades piscatórias sobre asditas espécies.

As aves marinhas dependem dos recursos marinhos mas nidificam emcolónias no solo durante a fase de reprodução. Esta fase do seu ciclo devida torna-as muito vulneráveis às perturbações, para além de ser umaoportunidade para estudá-las e tentar descobrir os eventuais impactos,em respeito das normas restritas, para evitar distúrbios mais intensos.

1. INTRODUÇÃO

Figura 1.1. Consumidores de peixe na África Ocidental

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Assim, este manual destina-se a apoiar os observadores de terreno queparticipam em actividades de monitorização das colónias de reproduçãode aves marinhas e contém directivas essenciais para a recolha deinformações segundo um método padrão, podendo ser utilizadoposteriormente para avaliar o bom estado das colónias na região daÁfrica Ocidental. Realça de igual modo, as preocupações a tomarquando se trabalha numa colónia de reprodução de aves marinhas ecomo preservar o equipamento utilizado durante as actividades deseguimento. Não prevê directivas sobre o método de análise dedados. Para tal, o leitor deve consultar o « Manual de seguimento dascolónias de aves marinhas nana África Ocidental » (Manual for monitoringseabird in West Africa - Veen e al. 2004) que contém informações maisdetalhadas para a análise de dados.

O objectivo neste caso é de ajudar os gestores dos sítios de reproduçãodas aves a implementar um programa de monitorização e obter dados alongo prazo sobre a evolução das colónias, bem como proteger de formaefectiva estes sítios de reprodução que são escassos na sub-região e, emcertos casos, sob ameaça. A recolha de dados deve facultar uma melhorcaracterização dos hábitos alimentares dessas espécies, optimizar a suaprotecção e utilizar as aves como indicadores ecológicos, nomeadamenteem relação à disponibilidade de alimentos.

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6 MANUAL DE TERRENO

AS COLÓNIAS DE REPRODUÇÃO NA ÁFRICA OCIDENTAL

A zona de upwelling do Sahel situa-se ao longo das costas de Marrocos,Mauritânia, Senegal, Gâmbia, Guiné-Bissau e Guiné. A figura 1.2 ilustra aposição da zona de upwelling e das zonas de colónias mais importantes.A maioria das zonas propícias para a reprodução embora escassas,situam-se na parte sul da zona de upwelling, bem como em Cabo Verdee nas Ilhas Canárias. O estatuto de protecção, bem como o nossoconhecimento dos efectivos e da distribuição das várias espécies de avesmarinhas, variam consideravelmente duma zona para a outra.

Figura 1.2 Principais colónias de reprodução na África Ocidental

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As várias zonas foram visitadas no mínimo uma vez durante o períodode 1998-2013, resultando numa listagem de 18 espécies de aves quenidificam em colónias ou no solo. O quadro 1.1 apresenta a síntese dasespécies, com indicações sobre os seus efectivos e a distribuição dereprodução. O quadro 1.2 ilustra os períodos de reprodução. Algumasdas espécies citadas são de capital importância por serem endémicasda região, tais como a subespécie africana de Garajau-real Thalasseusmaximus albididorsalis. As subespécies de Colhereiro Platalea leucorodiabalsaci e de Garça-real Ardea cinerea monicae são endémicas do Bancode Arguim na Mauritânia. As populações dessas espécies são raras evulneráveis.

Quadro 1.1. Número de aves nidificantes (casais) e distribuição das aves emcolónias que nidificam no solo no litoral oeste africano.

Espécies PopulaçãoM S G GB GC

Alcatraz-pardo 2.000 •Corvo-marinho-de-peito-branco 12.000 • • •Corvo-marinho-africano 2.000 • • • •Pelicano branco 20.000 • • • •Garça-dos-recifes 2.000 • • • • •Garça-real 3.000 •Colhereiro 1.500 •Flamingo-comum 20.000 •Flamingo-pequeno (anão) 7.500 •Gaivota-de-cabeça-cinza 10.000 • • • •Gaivota-de-bico-fino 7.500 • • •Gaivotão/Gaivota-de-asas negras 20 • oTagaz 1.500 • •Garajau-grande 18.000 • • • • •Garajau-real 95.000 • • • • •Gaivina 150 • • •Gaivina-de-dorso castanho 650 • o oChilreta/Andorinha-do-mar-anã 100 • •

M = Mauritânia, S = Senegal, G = Gambia,GB = Guiné Bissau, GC = Guiné Conacri.• = reprodução regular, o = reprodução ocasional.Dados fornecidos por Veen (não publicados) e Wetlands International 2006.

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AS AVES MARINHAS COMO INDICADORESDE RIQUEZA ICTIOLÓGICA

As aves marinhas são boas indicadoras de recursos haliêuticos. Éparticularmente o caso no período de reprodução durante o qual oalimento deve ser abundante, porque :

(1) a fêmea deve pôr ovos, (2) apenas metade do tempo é dedicado àprocura de alimentos, uma vez que as aves devem incubar os ovos eproteger as suas crias e, (3) as crias devem ser alimentadas.

A maioria dos parâmetros de reprodução prende-se com adisponibilidade de alimentos, ou seja fornece informações relativas àquantidade de alimento disponível. Por exemplo, havendo alimento emabundância, mais aves serão capazes de se reproduzir, provocando umacréscimo de aves nidificantes. As aves reprodutoras poderão assim pôr

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Quadro 1.2. Períodos de reprodução (por mês) das aves que nidificam emcolónias no solo no litoral oeste-africano. A segunda coluna indica os países de proveniência dos dados

EspéciesJ F M A M J J A S O N D

Alcatraz-pardo G • • • • • • • • • • • •Corvo-marinho-de-peito-branco M • • • • • • •Corvo-marinho-africano M • • • • • • •Pelicano branco M • • • • • • • •Garça-dos-recifes M • • • • • • • •Garça-real M • • • • • •Colhereiro M • • • • • • • • •Flamingo-comum M • • • • • • • • •Flamingo-pequeno (anão) M • • •Gaivota-de-cabeça-cinza S • • • • •Gaivota-de-bico-fino S • • • •Gaivotão/Gaivota-de-asas negras S • • •Tagaz M • • • •Garajau-grande S • • • • • • •Garajau-real S • • • •Gaivina S • • •Gaivina-de-dorso castanho M • • •Chilreta/Andorinha-do-mar-anã M • • •

M = Mauritânia, S = Senegal, G = Guiné.

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mais ovos (ou ovos maiores) e as crias bem alimentadas, permitindoassim a sobrevivência dum número relativamente mais elevado de crias.Caso o alimento escasseie, verificar-se-á o oposto. (ver figura 1.3).

A taxa de sucesso da reprodução fornece indicações sobre adisponibilidade de alimentos. Mas em períodos de carência dealimentos, é interessante saber quais as espécies de peixes emquantidades menores. Isto significa que, paralelamente aos dados dereprodução, é preciso recolher dados sobre o regime alimentar.

PARA A MONITORIZAÇÃO DAS COLÓNIAS DE AVES MARINHAS NA ÁFRICA OCIDENTAL 9

Condição físicado adulto

Tamanhoda postura e

dimensão dos ovos

Condição físicadas crias

Sucesso reprodutor

(número de criasvoadoras)

Seguimentodas crias após

a saída do ninho

Condiçõesalimentares

Figure 1.3. Parametros de reprodução e disponibilidade de alimentosâ

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Em resumo, este manual aborda os métodos e as técnicas necessárias paradeterminar:

o a população das aves nidificantes;o o tamanho das posturas;o o tamanho dos ovos;o a condição física das crias;o a composição do regime alimentar;

Técnicas relacionadas, tais como a anilhagem de aves são tambémabordadas.

As intervenções descritas neste manual requerem habilidades técnicase científicas próprias. Só pessoas devidamente habilitadas podemrealizar tais actividades. Antes de qualquer intervenção é necessárioobter as necessárias aprovações das autoridades reguladoras.

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2. PRECAUÇÕES NAS COLÓNIASDE AVES NIDIFICANTES

Efectuar observações numa colónia de aves nidificantes, exige umaaproximação às aves e em certos casos uma incursão na colónia. Issoperturba as aves e apresenta riscos para os ovos e as crias. Ao realizaresse trabalho, deve-se ter em mente que, a recolha de informações fazparte da protecção da natureza. A salvaguarda do bem-estar das aves éprioritária, o que significa que deve-se analisar cautelosamente asituação a fim de reduzir os distúrbios ao mínimo necessário. Convémprestar a devida atenção aos seguintes princípios :

1. Reduzir o tempo de permanência na colónia ao mínimo necessário É fundamental planear as actividades com antecedência. Deve sabero que fazer e distribuir as tarefas entre os membros do grupo. Umaequipa devidamente preparada trabalha melhor e de forma maiseficiente.

2. Concentrar as perturbações num único sector da colónia Se trabalhar em grupo, deve permanecer como tal e concentrar osdistúrbios num único sector da colónia.

Figura 2.1. Observadores espalhados pela colónia

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3. Evitar expor os ovos e as crias a altas temperaturas Nas zonas tropicais, os embriões e as crias podem facilmente morrerdevido ao excesso de calor, se forem expostos por muito tempo aosol. Por conseguinte, a incursão nas colónias tem lugar no início damanhã e no final da tarde pois as temperaturas são mais baixas. Emgeral, na África Ocidental, as incursões nas colónias têm lugar apenasantes das 10h00 e depois das 17h00. Mas, mesmo neste caso há queter cautela. Às 7h00 da manhã, pode-se permanecer por mais temponas colónias do que às 10h00. Em dias nublados, é possível adaptar oprograma de trabalho às condições de tempo.

4. Não perturbar as aves em fase de instalaçãoNas colónias de aves marinhas, a postura é amiúde extremamentesíncrona e todos os casais numa determinada colónia podem pôr ovosapenas num período de dias. Durante a postura, as perturbaçõespodem afectar o sucesso da incubação. Evitar perturbar as aves em fase de instalação. É preferível suspendera contagem dos ninhos e efectuar a estimativa dos casais presentescom auxílio de binóculos mantendo uma certa distância. Penetrar nacolónia e fazer a contagem dos ninhos deve acontecer num estadomais avançado do ciclo de reprodução.

5. Não perturbar as criasEm geral, as crias do Garajau-grande (Sterna caspia), Garajau-real(Sterna maxima) e da Gaivota-de-bico-fino (Larus genei) permanecemno seu ninho durante cerca de uma semana. Ao crescerem, tornam-semais móveis e circulam nas imediações dos ninhos. As crias doGarajau-grande e da Gaivota-de-bico-fino regressam ao ninho parase alimentar, enquanto que as do Garajau-real afastam-se pouco apouco do sítio de nidificação e concentram-se em grupos ou crechesna praia onde são alimentadas pelos seus progenitores. A intrusão deuma pessoa pode provocar reacções de fuga das crias para longe dosseus ninhos dificultando o seu regresso. Este problema éespecialmente grave nas colónias de Garajau-real, pois os adultosnidificantes têm um comportamento agressivo contra as crias deoutros casais que atravessem o seu território. Tal conduta podeprovocar graves feridas ou mesmo a morte dessas crias.

Evitar perturbar as colónias de Garajau-real que tenham crias e prestarsempre atenção à forma como as crias (pequenas ou grandes de todasas espécies) reagem à sua presença. As crias nunca devem encontrar-se no meio duma colónia densa longe do seu local de nidificação.

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6. Não perseguir as crias de grande porte por longas distânciasAs crias de médio e grande porte, que deixam o seu sector da colóniaconcentram-se na praia. Ao percorrer a praia, especialmente durantea maré alta, estas tendem a fugir seguindo a linha de costa. Evitarpersegui-las por longas distâncias, pois podem cansar-se e sofrer deexcesso de calor. Abandonar a praia por um momento e deslocar-separa o interior, deixar passar as crias e permitindo o seu regresso aolocal de origem.

7. Evitar ser a causa de predação dos ovosAs Gaivotas-de-cabeça-cinza e as Gaivotas-de-bico-fino sãocaçadoras oportunistas e os ovos fazem parte do seu regime alimentar.Em geral, apenas algumas gaivotas tendem a roubar ovos dos ninhosde outras aves (incluindo ovos das próprias espécies) temporariamentedeixadas ao acaso. No entanto, algumas gaivotas especializam-se emroubar ovos dentro duma colóniaem áreas sujeitas a perturbaçãopelos observadores.

Figura 2.2. Não perseguir as crias à borda de água

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Controlar sempre os predadores (potenciais) que tentam aterrar noseu espaço de trabalho. O problema pode ser parcialmente resolvidomantendo-se em grupos, para reduzir a zona de perturbação (verponto 2 acima). Por vezes, pode ser necessário abandonar a zona eescolher um outro grupo da colónia para realizar a sua investigação.As colónias de Garajau-real situadas próximas da Gaivota-de-bico-fino tendem a ser mais vulneráveis. Torna-se assim imperativoconhecer a localização de todas as colónias antes de iniciar ainvestigação num dado local.

Figura 2.3. Predação de ovos

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3. ESTIMATIVA DO TAMANHODA POPULAÇÃO DE AVESNIDIFICANTES

O tamanho da população de aves nidificantes define-se pelo númerode casais reprodutores. Para iniciar um programa de seguimento, épreciso determinar, em primeiro lugar a população de aves nidificantes.O método a aplicar depende dos seguintes factores:

o a espécie em causa ;o o tamanho, a localização e acessibilidade da colónia ;o a fase do ciclo de reprodução ;o o número de pessoas disponíveis para as observações ;o a experiência dos observadores;o a frequência das visitas.

Os vários métodos vão duma estimativa aproximada do número totalde aves nidificantes presentes até uma contagem total do número deninhos ocupados. Aplica-se o primeiro método quando as circunstânciasnão permitem uma contagem rigorosa, por exemplo em casos deintempéries ou de falta de tempo.

Proceder também à estimativa quando a zona for visitada apenas umavez ou quando os ovos, as crias e os juvenis se encontrem presentes nosítio de reprodução ao mesmo tempo.

No âmbito do programa de seguimento proposto, deve-se prever a visitaa todos os potenciais sítios de reprodução, efectuar um controle mensaldas colónias activas durante toda a época de reprodução e efectuar acontagem apenas dos ninhos onde os ovos são depositados. Para nãoomitir a contagem das aves nidificantes, verificar o insucesso reprodutor(por exemplo, causado pela alta maré, predação ou recolha de ovos),sendo imperativo não faltar nenhum mês de visita. A frequência dasvisitas baseia-se no facto de todas as espécies incluídas no programa deseguimento terem um período de incubação média inferior a 30 dias. Ométodo de contagem mensal será explicado mais adiante.

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ESTIMATIVA DO NÚMERO DE CASAIS REPRODUTORES(TODAS AS ESPÉCIES)

Pode haver várias razões para estimar o número de aves reprodutorasem vez de fazer contagens rigorosas de ninhos com ovos ou crias. Porregra, esta estimativa abarca apenas as aves adultas presentes na colónia.Um método fácil de contagem é o «método de contagem por bloco»,que consiste na contagem ou estimativa dum «bloco» de aves dentro deum grupo. Consoante o tamanho do grupo, o bloco pode conter 10, 100,ou 1 000 aves. O « bloco » serve de modelo para estimar as restantesaves dentro do grupo. (ver figura 3.1.).

Figura 3.1. Método de contagem por bloco

O número de aves adultas presentes não é necessariamente igual aonúmero de casais reprodutores. Pode-se observar a presença dos doisparceiros do casal próximos dum ninho, ou um grupo de aves emrepouso na colónia ou nos arredores. Em todos os casos é necessáriotentar recolher informações sobre a proporção de aves que não estãoa incubar e deduzir essa proporção do efectivo total. Este método émais fácil de se aplicar durante o período de incubação do que após aeclosão das crias. Descrever sempre todo o trabalho feito e tomar nota de todas ascategorias de aves que forem contadas.

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100

avescontabilizadas

100 100 100 100 100

asdaziilabtconsvea

001 001001001001 001

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CONTAGEM DAS GAIVOTAS-DE-BICO-FINO

Em geral, as colónias de Gaivota-de-bico-fino são pequenas, podendoo seu tamanho variar de uma dezena para algumas centenas de ninhos(ver figura 3.2). Na maioria dos casos, uma pessoa que percorralentamente a zona da colónia, pode facilmente contar os ninhos dasGaivota-de-bico-fino, utilizando pontos de referências naturais taiscomo a vegetação, para identificar os grupos da colónia já contados dosque todavia não forem contados.

PROCEDIMENTO DA ESTIMATIVA DE CASAIS REPRODUTORES

1. Aproximar-se da colónia sem perturbar as aves2. Contar/estimar número de aves aplicando o método de

contagem por bloco. A utilização de binóculos ou telescópiospode ser necessária, em função da distância à colónia.

3. Comparar os resultados dos vários observadores4. Contar /estimar mais uma vez se necessário5. Discutir a situação e determinar o número final 6. Tomar notas sobre a fase de reprodução (parte da população

com ovos, crias e juvenis; presença de aves não reprodutoras).

Equipamento:1. Binóculos e ou telescópio

2. Cadernos e esferográficas ou lápis 3. Contador manual

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Tratando-se duma colónia maior, pode-se envolver duas a quatropessoas e eventualmente, acrescentar aos pontos de referência naturaisalgumas marcas suplementares (colocando uma estaca ou traçando umalinha na areia). O uso de um contador manual é prático, mas necessitade ser reiniciado antes da sua utilização, devendo ser verificadopontualmente em função do avanço do trabalho (ver figura 3.3). Asexperiências do passado demonstraram que um contador de baixa gamanem sempre é fiável.

Tentar utilizar um contador mecânico clássico de marca fiável. Se acontagem for feita apenas uma vez durante a fase de reprodução,efectuar a contagem total dos ninhos ocupados (por ovos ou crias emesmo os ninhos recentemente abandonados pelas crias). Caso acontagem for feita mensalmente, apenas os ninhos que contenham ovossão contados.

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Figura 3.2. Colónia de Gaivota-de-bico-fino

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PARA A MONITORIZAÇÃO DAS COLÓNIAS DE AVES MARINHAS NA ÁFRICA OCIDENTAL 19

Figura 3.3. Contador manual

PROCEDIMENTO DE CONTAGEM DA COLÓNIA DE GAIVOTA-DE-BICO-FINO

1. Observar a colónia à distância e distribuir as tarefas entre osmembros da equipa.

2. Preparar equipamento para marcação (se necessário).3. Efectuar a contagem total dos ninhos.4. Tomar nota dos resultados, incluindo as observações sobre a

fase de reprodução, as marcas de predação, etc.

Equipamento:1. Binóculos.

2. Cordas ou estacas compridas (para colónias maiores), paramarcar linhas de separação entre as áreas de ninhos.

3. Cadernos e esferográficas ou lápis.4. Contador manual.

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CONTAGEM DAS GAIVOTAS-DE-CABEÇA-CINZA

Contagem total dos ninhosA Gaivota-de-cabeça-cinza reproduz-se em colónias constituídas porapenas alguns casais ou até vários milhares. Os ninhos são construídosem zonas de baixa vegetação e por vezes densas. A distância entre osninhos varia de 1 a mais de 10 metros (ver figura 3.4). As grandes colóniasde reprodução podem estender-se numa grande superfície podendo acontagem ser complexa e duradoira.

Figure 3.4. Colónia de Gaivota-de-cabeca-cinza

Pequenas concentrações de ninhos (até uma centena) podem sercontabilizadas por uma ou duas pessoas que percorram a zona, comodescrito para a «contagem de Gaivota-de-bico-fino». Porém, na maioriados casos, os ninhos de Gaivota-de-cabeça-cinza devem ser contadospor um grupo de pessoas (de preferência 4 ou mais) como consta dafigura 3.5.

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ç

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Figura 3.5. Contagem numa grande colónia

Após delimitar bem a zona de contagem (por limites naturais oucolocando estacas compridas, de preferência com pontos de referênciavisíveis na extremidade a intervalos regulares no limite exterior dacolónia), todos os observadores alinham-se perpendicularmente aosentido do trajecto. Todos caminham ao mesmo passo e na mesmadirecção mantendo uma distância constante em relação ao observadorvizinho (de preferência sem ultrapassar os 4 metros). Cada observadorefectua a contagem total dos ninhos presentes dentro da sua faixa fixadaem 4 metros de largura, à sua direita ou à sua esquerda. A contagemtermina quando os observadores atingirem a outra extremidade dacolónia. Quando a contagem duma colónia for efectuada apenas umavez durante a estação de reprodução, deve-se fazer a contagem totaldos ninhos, distinguindo os ninhos vazios dos que abrigam ovos e crias.Tratando-se da contagem mensal, será feita apenas uma contagem dosninhos com ovos.

PARA A MONITORIZAÇÃO DAS COLÓNIAS DE AVES MARINHAS NA ÁFRICA OCIDENTAL 21

1a passagem 2a passagem

4m

linha

de in

ício

Observador Removedor de estacas Estacas

Sentido da contagem(lado do qual são contadas as aves)

Colocador de estacas

4m

4m

linha

de in

ício

4m

gemasas pa1 sas pa2gem gema

4m

oha

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22 MANUAL DE TERRENO

PROCEDIMENTO DE CONTAGEM DA COLÓNIA DEGAIVOTA-DE-CABEÇA-CINZA

1. Delimitar a zona de contagem.2. Colocar estacas compridas com referências claramente visíveis

nas suas extremidades a intervalos regulares no limite exteriorda colónia para ajudar os observadores a orientarem-se edeterminar as faixas, sobretudo em colónias extensas edispersas.

3. Alinhar-se, caminhar e contar os ninhos dentro da faixadefinida (informar os outros observadores sobre os ninhossituados na linha de delimitação entre as faixas).

4. Ao atingir a outra extremidade da colónia, afastar-se da zonaque acabou de contar.

5. Retomar a contagem em sentido contrário, próximo da zonaque acabou de contar.

6. Evitar a dupla contagem da zona situada na margem dotransecto que acabou de deixar. Para isso a mesma pessoa queefectuou a contagem na margem do transecto deve começar namesma margem contando o transecto seguinte em sentidocontrário.

7. Discutir o resultado e tomar nota das observações sobre a fasede reprodução, presença das crias, sinais de predação, etc.

Equipamento:1. Binóculos.

2. Estacas para marcar as zonas de contagem.3. Cadernos e esferográficas ou lápis.4. Contadores manuais.

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PARA A MONITORIZAÇÃO DAS COLÓNIAS DE AVES MARINHAS NA ÁFRICA OCIDENTAL 23

UTILIZAÇÃO DA CONTAGEM PARCIAL NA ESTIMATIVADO EFECTIVO TOTAL

No caso de colónias dispersas numa superfície extensa, há que contarzonas representativas da superfície geral e de seguida estimar o númerototal de ninhos aí presentes. Examinar minuciosamente o espaço.Havendo algumas colónias circundadas por espaços extensos semninhos, pode ser melhor efectuar a contagem das colónias aplicando ométodo descrito da rubrica «contagem total dos ninhos» (ver acima).

Mas, se não for o caso, siga o método seguinte: Marcar o limite da superfície total com auxílio de estacas e calcular asuperfície total (em m2) com um GPS, percorrendo a zona de estaca emestaca. Colocar no mínimo 10 estacas numa distância mais ou menosequidistante, e se necessário, utilizar mais estacas caso o espaço sejamuito vasto. Em seguida, colocar uma estaca bem visível no centro dazona (marcado com um GPS). No fim, a partir da estaca colocada naperiferia da zona e seguindo uma linha recta para a estaca central, trêspessoas determinam uma faixa de 10 metros de largura (denominadatransecto). Duas pessoas formam o “corredor do transecto” com auxiliodum cordão de 10 metros de comprimento marcado no meio com umapequena bandeira ou um simples nó. A terceira pessoa caminha no meiodo corredor do transecto e anota os dados (ver figura 3.6)

Cada um dos três observadores faz a contagem dos ninhos numa áreade 3,30 metros de largura e o observador central recolhe e anota asinformações recebidas dos outros dois tomando as devidas precauçõespara evitar a dupla contagem dos ninhos. Faz-se a contagem total dosninhos que se encontram dentro do transecto de 10 metros. Não sendopossível fazer a contagem com três pessoas, duas podem fazê-loutilizando um cordão de 5 metros. Uma única pessoa pode também fazera contagem com auxílio duma vara de bambu de 3 a 4 metros decomprimento, que carrega horizontalmente enquanto caminha. Em cadaextremidade da vara são colocadas cordas que tocam no solo. Todos osninhos que se encontrem sob a vara e entre as cordas são contados (verfigure 3.6).

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O número de transectos deve ter em conta cada situação e aumentar onúmero de faixas de contagem à medida que a superfície da colóniaaumente. Na maioria dos casos os valores abaixo são suficientes :

- 10 transectos de 10 metros de largura, ou- 15 transectos de 5 metros de largura, ou- 20 transectos de 3 metros de largura

A área geral dos transectos deve representar de preferência 20% dasuperfície total da zona, a fim de obter resultados satisfatórios. Pode-secalcular o efectivo total de ninhos da zona da forma seguinte :Ntotal = Na/Sa x (Sa + Sb), no qual Na representa o número de ninhoscontados nos transectos, Sa a superfície coberta pelos transectos e Sba superfície da zona não contemplada.

24 MANUAL DE TERRENO

Figura 3.6. Método de cálculo com auxilio de corda e faixas

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PARA A MONITORIZAÇÃO DAS COLÓNIAS DE AVES MARINHAS NA ÁFRICA OCIDENTAL 25

PROCEDIMENTO PARA O USO DA CONTAGEMPARCIAL NO CÁLCULO DO EFECTIVO TOTAL

1. Decidir qual o método de contagem.2. Delimitar a zona a contar com auxílio de estacas e colocar

uma estaca no centro da zona.3. Determinar a superfície total com auxílio do GPS.4. Caminhar com uma corda, duma estaca situada no limite

externo até à estaca central e regressar na direcção de outraestaca situada no limite da colónia, etc.

5. Fazer transectos de contagem em vários locais. 6. Medir o comprimento de todos os transectos (GPS).7. Calcular o número total de ninhos (ver fórmula).8. Analisar os resultados obtidos e tomar nota das observações

alusivas à fase de reprodução, à presença de crias, aos sinaisde predação, etc.

Equipamento:1. Binóculos.

2. Estacas de marcação da zona de contagem.3. GPS.4. Corda de medição ou vara de bambu (ver acima).5. Calculadora de bolso, científica. 6. Cadernos e esferográficas ou lápis.7. Contador (es) manual (ais).

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CONTAGEM DE GARAJAUS-REAIS

Contagem total dos ninhosEm geral, o Garajau-real nidifica em colónias vastas e densas (ver figura3.7). Nestas colónias é impossível contar os ninhos sem delimitar a zonaem faixas devidamente identificáveis, que se pode fazer traçando linhasna areia com auxílio duma estaca. Vários observadores participam nacontagem, para minimizar o tempo de permanência na colónia e evitarperturbar as aves. O método seguinte é adequado para a monitorizaçãode colónias de qualquer tamanho (ver figura 3.8). Os participantes organizam-se em grupos de duas pessoas : O «marcadorr»e o «observador». Com início a partir duma extremidade da colónia, o marcador doprimeiro grupo desenha uma linha na areia dum lado até ao outro dacolónia creando uma faixa estreita (cerca de 1,5 metros de largura), quepossa ser facilmente contada pelo outro colega. O segundo grupoarranca após o primeiro e logo depois todos os grupos trabalham ladoa lado. Quando o primeiro grupo concluir a contagem da primeira faixa,recomeça a contagem de nova faixa ao lado do último grupo. Em geral,uma pessoa coordena toda a acção para que todas as faixas sejamcontadas com precisão, controlando também as Gaivotas susceptíveisde roubar ovos. Após várias contagens com este método, constata-seque duas pessoas podem em média fazer a contagem de 80 ninhos porminuto. Nas colónias mais antigas, o solo entre os ninhos encontra-sepraticamente coberto de excrementos. Isso dificulta por vezes asmarcações visíveis no solo sob risco dos excrementos penetrarem nointerior dos ninhos. Ao penetrar numa colónia de Garajau-real, énecessário tomar as precauções para não quebrar os ovos, pois adistância entre os ninhos é muito estreita.

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Figura 3.7. Colónias de Garajau-real (foto)

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PARA A MONITORIZAÇÃO DAS COLÓNIAS DE AVES MARINHAS NA ÁFRICA OCIDENTAL 27

PROCEDIMENTO PARA A CONTAGEM TOTAL DOS NINHOS NAS COLÓNIAS DE GARAJAU-REAL

1. Observar a colónia à distância para estimar o seu tamanho.2. Definir o número de participantes necessário tendo por base taxas

de contagem de 80 ninhos por minuto e por grupo.3. Planificar por forma a não permanecer mais de 20 minutos na colónia4. Preparar o equipamento necessário para a contagem (estacas,

contadores manuais).5. Acordar a distribuição das tarefas (constituir grupos comum marcador

e um observador designados e nomearum coordenador geral).6. Definir o ponto de partida da contagem.7. Efectuar a contagem usando o contador manual e verificar se os

dados recolhidos com o auxílio do mesmo para cada passagem nacolónia estão correctos. Se o seu contador registar 15 ninhos evocê acha ter observado no mínimo 4 vezes mais, algo não estácerto e deve utilizar um outro. Por vezes alguns não funcionam bem.

8. Suspender a contagem na iminência de inúmeras crias na colónia ouelevados casos de predação pelas Gaivotas.

9. Afastar-se suficientemente da colónia para permitir as aves devoltarem rapidamente aos seus ninhos. Reunir-se para discutir osresultados.

10. Anotar os dados no caderno (copiar a limpo no regresso aoacampamento).

11. Notar as observações sobre a fase de reprodução, a percentagem deninhos com crias, sinais de predação, etc.

Equipamento:1. Binóculos (não usar durante o trabalho na colónia)

2. Estacas para cada grupo (afiadas e comum metro de comprimento)3. Cadernos e esferográficas ou lápis4. Formulários de trabalho de campo5. Contadores manuais

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Figura 3.8. Contagem de colónias de Garajau-real

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ESTIMATIVA DA COLÓNIA DE GARAJAU-REAL COMAUXÍLIO DO GPS

Nas maiores colónias de Garajau-real, pode-se estimar o número deninhos calculando a superfície da colónia (em m2) e a densidade dosninhos (número de ninhos por m2). Todavia esse método é apenas eficaztratando-se duma colónia extensa (> 5000 ninhos) e de forma mais oumenos circular (e não de forma alongada como é o caso de muitascolónias paralelas à orla costeira).

A estimativa duma colónia é feita percorrendo a borda da colónia, comauxílio do GPS colocado tão rigorosamente quanto possível por cimados ninhos exteriores, mantendo sempre que possível uma boavisibilidade do céu (evitar ser parcialmente tapado pelo observador).Assegurar que as condições da medição (em função da disponibilidadede satélites) são favoráveis, isto é com uma precisão igual ou superior a3 metros. Colocar uma estaca no ponto de partida para garantir que aestimativa termine onde foi iniciada. Os GPS modernos calculamautomaticamente a área, mas por vezes o observador deve calcular elepróprio a superfície. Neste caso, marcar um ponto GPS de referência em

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cada dois ou três metros (ou cada segundo) percorrendo a colónia emmodo UTM em vez de Latitude/Longitude para obter as coordenadasem metros. As coordenadas dos pontos de referência podem serdesenhadas em papel quadriculado para o cálculo da superfície (paramais informações, ver Veen e al., 2004 em Anexo 1). No final é precisomultiplicar a superfície (em m2) pela densidade média dos ninhos(número de ninhos por m2, ver abaixo).

PROCEDIMENTO DE MEDIÇÃO DA ÁREA DA COLÓNIA

1. Observar a colónia para conhecer os seus limites.2. Verificar o GPS (exatidão, escolha do modo correcto?)3. Aproximar-se rapidamente da colónia e colocar uma

estaca no ponto de partida.4. Percorrer a colónia com uma velocidade constante

segurando o GPS por cima dos ninhos situados nolimite da colónia.

5. Avançar até o ponto de partida (estaca).6. Afastar-se rapidamente da colónia.7. Estimar a área com auxílio do GPS e gravar os dados

na memória do GPS para posteriordescarregamentocarregamento e tratamento de dados.

8. Tomar notas sobre a fase de reprodução, a presença decrias (%), os sinais de predação etc.

9. Utilizar formulários de trabalho de campo para nãoesquecer as principais informações.

Equipamento:1. Binóculos.

2. GPS e pilhas de recarga. 3. Estaca de marcação do ponto de partida.4. Caderno e esferográficas ou lápis.

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ESTIMATIVA DA DENSIDADE DOS NINHOS

Estima-se a densidade dos ninhos duma colónia pela contagem donúmero de ninhos ocupados dentro de quadrados de amostragem de2x2 metros (mínimo de quatro) situados em locais diferentes erepresentativs da colónia (ver figura 3.9). Para delimitar os quadrados deamostragem, ligar quatro estacas com auxilio de cordas com 2 metrosde comprimento (a preparar previamente). Dentro de cada quadrado,efectuar a contagem do número de ninhos ocupados (não o número deovos) e não contar os ninhos vazios ou abandonados (que são muitos) eem geral localizados entre os ovos e cobertos de excrementos ouparcialmente enterrados na areia. Se um ninho se encontrar sob a corda,a posição do ovo determina a sua inclusão ou não na contagem (pelomenos metade do ovo deve situar-se no limite do quadrado). Uma vezefectuada a contagem dos quadrados, calcular o número médio deninhos por m2, dividindo o número total de ninhos pelo número de m2

medidos. Pode-se então calcular o efectivo total de ninhos presentesna colónia multiplicando a superfície da colónia (em m2) pela densidademédia de ninhos (número de ninhos por m2).

Por vezes torna-se necessario utilizar este método, mas convémperceber o porquê, por ser menos fiável do que o método de contagemtotal dos ninhos. Existem duas fontes potenciais de erros. Primeiro, amedição da superfície com auxílio do GPS não é rigorosa na medida emque as coordenadas comportam sempre variações aleatórias. Por umlado, o uso dum GPS diferencial (D-GPS) pode colmatar essa lacuna, masneste caso o método torna-se demasiado oneroso. Por outro lado, ascolónias não são homogéneas e a densidade média dos ninhos é muitovariável. Em geral, a escolha dos quadrados representativos é muito difícilna medida em que são escolhidas áreas não muito afastadas da periferiada colónia, para reduzir os distúrbios ao mínimo razoável. As aves menosexperimentadas ocupam geralmente o limite da colónia e a densidadedos ninhos pode ser diferente em relação às partes centrais. Além disso,as colónias instalam-se às vezes em zonas onde já se encontram Garajau-grandes (Sterna Caspia) a nidificar, ou onde existem dunas ou outrosobstáculos. Esses factores impedem os Garajau-reais (Sterna maxima) deconstruir os seus ninhos, daí que o efectivo total de ninhos calculado apartir de densidades obtidas em alguns quadrados dede 4 m2 pode ser(consideravelmente) diferente da realidade.

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PROCEDIMENTO DE AVALIAÇÃO DADENSIDADE DOS NINHOS

1. Preparar o material para contar ninhos em quadrados de 2x2 metros(4 estacas ligadas entre si por cordas de 2 metros de comprimento).

2. Debater o método do trabalho e a distribuir das tarefas.3. Observar a colónia e escolher um quadrado representativo.4. Colocar as estacas (formando um quadrado com cantos rectangulares).5. Contar os ninhos com ovos que parecem estar a ser incubados.6. Abandonar a colónia, discutir os resultados e anotar as observações.7. Escolher um outra zona da colónia para a medição seguinte.

Equipamento:1. Binóculos // 2. Contador manual // 3. Material para a delimitação dos quadrados de 2x2 metros (estaca e corda)4.Cadernos e esferográficas ou lápis.

Figura 3.9. Estimativa da densidade

Apenas são contados os ninhos intactos. O exemplo mostra comoproceder: os ninhos 3, 4, 5, 6 e 7 são contados, enquanto que os ninhos1 (vazio), 2 e 9 (mais de metade do ovoestá no exterior do quadrado) e o 8 (ovo abandonado fora do ninho)são excluídos.

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CONTAGEM DE DE GARAJAUS-GRANDES

O Garajau-grande nidifica em colónias cujo tamanho varia de algumasdúzias de ninhos para vários milhares, em geral com uma distância de 1 a 5 metros entre os ninhos. Uma ou duas pessoas fazem a contagemdas pequenas concentrações de ninhos percorrendo a colónia (ver arúbrica « Contagem de Gaivota-de-bico-fino (Larus genei) ». Porém, acontagem duma grande colónia deve ser feita por várias pessoas (depreferência 4 ou mais) a fim de reduzir os distúrbios ao mínimo. Estemétodo assemelha-se ao descrito para a Gaivota-de-cabeça-cinza (Laruscirrocephalus): Os observadores alinham-se perpendicularmente nosentido do trajecto e caminham ao mesmo passo mantendo umadistância constante (cerca de 3 ou 4 metros) em relação ao outroobservador. Cada observador faz a contagem de todos os ninhospresentes na sua direita. Se a contagem da colónia for efectuada umaúnica vez, todos os ninhos devem ser contados, diferenciando ninhosvazios, nihos com ovos e ninhos com cria. No caso de contagens mensaisapenas deverão ser contados os ninhos com ovos.

Figura 3.10. Colónia de Garajau-grande

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34 MANUAL DE TERRENO

CONTAGENS MENSAIS

Na maioria dos casos, o seguimento das colónias é feito mensalmente,mantendo a mesma data para cada mês. Como todas as aves nidificantesdo programa têm um período de incubação inferior a 30 dias, os ninhoscom ovos num determinado mês terão crias eclodidas durante acontagem do mês seguinte. Assim, ao contar apenas os ninhos com ovos,é possível fazer a soma de todas as contagens para calcular o total deninhos durante uma determinada estação reprodutiva.

Para facilitar, este número representa o efectivo total de casaisreprodutores, pese embora, alguns problemas inerentes à utilizaçãodesse método. De facto, a omissão ou dupla contagem de ninhos ocorreem casos de insucesso ou de nova postura. A perturbação pode provocaro abandono duma colónia inteira, obrigando assim as aves a estabelecer-se num novo sítio de nidificação. Assim, é muito importante acompanhartais movimentos e analisar as relações entre o desaparecimento súbitode ninhos num sítio e o surgimento de ninhos (em igual número) numoutro sítio.

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4. ESTIMATIVA DO TAMANHODA POSTURA E DOS OVOS

Introdução

O número de ovos da postura pode variar consideravelemente emfunção das espécies de aves. Em geral, o número de ovos da posturaadapta-se ao número de crias que podem ser ciradas. Por conseguinte,o tamanho da postura pode variar em função da disponibilidade dealimento: havendo alimento em abundância, o tamanho da postura émaior do queem épocas de escassez. É também possível que o tamanhodos ovos varie consoante a disponibilidade de alimento, como é o casoda Garajau-real que coloca apenas um ovo.

Assim sendo, a estimativa do tamanho da postura e dos ovos podefornecer indicações relativas à disponibilidade de alimento.

Existem vários problemas inerentes à estimativa do tamanho da posturae dos ovos:

(1) os dois tendem a diminuir ao longo da época de reprodução ,(2) no início as posturas podem ser incompletas, (3) durante a eclosão, as crias podem afastar-se do ninho,

abandonando um ovo (estragado) e (4) os ovos podem desaparecer, devido a predação (sobretudo nas

pequenas colónias e na periferia da colónia.

Para se reduzir o impacto desses problemas, o tamanho das posturas edos ovos devem ser avaliados:

• No início ou no meio da fase de reprodução;

• Nas colónias onde as aves nidificantes estão a meio da fase deincubação;

• Nas colónias relativamente extensas e compactas, menos susceptíveisde serem predadas.

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TAMANHO DOS OVOS

Duas pessoas efectuam a medição do tamanho dos ovos: Uma mede osovos e a outra desempenha o papel de coordenador. Numa escolhaaleatória de ninhos, mede-se o comprimento e a largura de cada ovocom uma precisão de 0,1 mm e com auxílio dum paquímetro (ver figura4.2). De preferência, deve-se efectuar a medição de 100 ovos por espécie.A redução do tempo de permanência na colónia requer pessoas

TAMANHO DAS POSTURAS

Em geral, duas pessoas efectuam a estimativa do tamanho das posturas.Uma efectua a contagem dos ovos presentes nos ninhos, (por exemplo:2, 2, 3, 3, 3, 1, etc.), enquanto a outra anota os resultados. Os ninhos vaziosnão são contabilizados. Uma amostra representativa é realizada comninhos do centro e da periferia da colónia. O tamanho da amostra deveser constituído no mínimo por 100 ninhos. O tamanho médio da posturaé calculado dividindo o número total de ovos observados pelo númerode ninhos incluídos na amostra.

Também é possível utilizar uma máquina fotográfica para avaliar otamanho das posturas (mantendo o aparelho elevado por cima dacabeça para ter melhor ângulo de visão e fotografar os ninhos sempreno mesmo ângulo). A vantagem deste método é que permite trabalharde forma rápida e depois determinar o tamanho das posturas, reduzindoassim os distúrbios causados na colónia.

Figura 4.1. Medição do tamanho das posturas por fotografia

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bem formadas no uso do paquímetro. O coordenadorcertifica que nenhum erro é cometido e verificatambém a conformidade das dimensões dos ovos às normas definidas para cadaespécie. (ver Veen e al. 2003). A buscapermanente de potenciais erros éuma tarefa importante para os coordenadores de várias activi-dades durante o trabalho nascolónias. Os erros de leiturapodem facilmente ser corri-gidos, mas o coordenadordeve estar atento. É prati-camente impossível recti-ficar os erros uma vez devolta ao acampamento.

PROCEDIMENTO DE MEDIÇÃO DO TAMANHO DOS OVOS

1. Preparar o material e testá-lo antes de começar: tanto o observadorcomo o coordenador.

2. Medir pelo menos 100 ovos de cada espécie, escolhidos em ninhos aoacaso.

3. O coordenador anota enquanto o observador mede o comprimento elargura do ovo com uma precisão de 0,1mm.

4. O coordenador verifica se não há erros de leitura consoante os valoresde cada espécie.

Equipamento:1. Paquímetro 2. Fichas de dados 3. Cadernos e esferográficas ou lápis

Figura 4.2. Medição do tamanho dos ovos

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5. AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃOFÍSICA DAS CRIAS

ÍNDICE E CURVAS DE CONDIÇÃO FÍSICA

O crescimento das crias relaciona-se com a quantidade de alimento queos progenitores lhes dão. Por conseguinte, a condição física duma criapropicia informações sobre as condições de alimentação dos seusprogenitores. A melhor forma de avaliar a condição física duma criaconsiste em estimar a sua massa corporal numa determinada idade.

Contudo, amiúde desconhece-se a idade das crias. Esse problema podeser superado pela medição do comprimento da cabeça+bico, poisparece existir uma boa correlação entre o comprimento cabeca+bico ea idade.

A relação entre o peso e o comprimento da cabeca+bico duma cria podeser representada numa curva (ver figura 5.1). A curva possui dois limiaresde referência : a linha de crescimento máxima (limiar superior) e a linhade inanação das crias (limiar inferior). As duas linhas representam amédia: é desta forma que algumas crias atingem o peso máximo e outraso peso mínimo. A condição física define-se da seguinte forma:

Condiçãofísica

Esse índice da condição física não depende da idade, podendo assim serutilizado no cálculo da condição física média de um grupo de crias dediferentes idades. Atribui-se o valor 1.00 se as crias tiverem umcrescimento máximo e 0.48 se as crias estão no limiar da inanição. Assim,a condição física média das crias varia de 0.48 para 1.00. Os valoreselevados indicam que as crias são bem alimentadas (pontos pretos nafigura), enquanto que os valores baixos revelam a carência alimentar(pontos brancos na figura).

= peso observadopeso máximo duma determinada cria para um dado comprimento

de cabeca+bico

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PARA A MONITORIZAÇÃO DAS COLÓNIAS DE AVES MARINHAS NA ÁFRICA OCIDENTAL 39

Os observadores no terreno querem saber se as medições efectuadasnas crias expressam a sua boa condição física ou não. Por isso foramelaborados formulários para anotar os dados sobre as condições físicasde cada espécie. (ver anexo 5). A visualização dos dados permite umainterpretação geral dos resultados em termos de boa, média ou mácondição física, bem como a análise rápida de dados contraditórios.Recomenda-se o uso dos formulários no terreno para a verificaçãosuplementar da fiabilidade dos dados. Não esquecer que uma vez deregresso ao acampamento não há muito que se possa fazer pararectificar os dados supostamente incorrectos.

Figura 5.1. Curva da condição física

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40 MANUAL DE TERRENO

CAPTURA, MEDIÇÃO E PESAGEM DAS CRIAS

A medição e a pesagem de pequenas crias podem ser feitas nos ninhos.Contudo há que tomar precauções com as crias de garajau-reais (Sternamaxima) (ver capítulo 2). As crias de Gaivota-de cabeça-cinza (Laruscirrocephalus) de qualquer idade podem ser encontradas no local denidificação, mas o seu habitat é geralmente constiuído de vegetaçãorelativamente densa na qual as crias se podem esconder.

As crias de Gaivota-de-bico-fino (larus genei), Garajau-real (Sternamaxima), e Garajau-grande (Sterna caspia) de médio a grande portereagem em geral às perturbações causadas pela presença humana,concentrando-se em grupo e fugindo. As duas últimas espéciespermanecem em geral na praia, sendo necessário tomar as precauçõespara evitar a fuga das crias para o mar. Nunca perseguir por longasdistâncias as crias que estejam creches e que podem terminar por entrarem colónias de Garajau real na época da incubação. A melhor forma decaptura consiste em cercar as crias com um grupo de observadores econduzi-las lentamente para uma zona de baixa vegetação, capturandorapidamente o maior número possível. Mas deve-se estar atento quandoas crias são conduzidas para o interior da vegetação, pois mesmo agindode maneira prudente, é possíivel que tentem fugir na densidade davegetação. Algumas crias podem ficar presas e gastar muita energia paralibertar-se, se não forem recuperadas, processadas e libertadas pelaequipa. Não capturar crias de pequeno porte que se encontremacidentalmente no local, pois podem provir dum ninho nasproximidades devendo permanecer no local.

As crias capturadas devem ser colocadas em caixas bem arejadas comuma tampa para a protecção solar (ver figura 5.2). A medição das criasdeve-se efectuar num local onde não se cause perturbação a qualqueroutra ave. Após a medição as aves devem ser colocadas em caixas econduzidas em grupo ao local de captura e libertadas. Durante amanipulação das crias de Gaivota-de-bico-fino, o seu estado deve servigiado em permanência, pois regurgitam e defecam abundantemente etornam-se rapidamente húmidas. Não colocar muitas aves na mesmacaixa. Trabalhar de forma rápida mas concisa.

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PARA A MONITORIZAÇÃO DAS COLÓNIAS DE AVES MARINHAS NA ÁFRICA OCIDENTAL 41

Figura 5.3. Medição do comprimento cabeca+bico

Figura 5.4. Medição do comprimentocabeca+bico com auxilio duma réguaç

ç

A manipulação deve ser feita depreferência por três ou quatropessoas que dividem as tarefas deanilhagem da medição docomprimento cabeça+bico, depesagem das crias e de registo dosresultados nas fichas de dados. Sehouver pessoas suficientes, umapessoa pode também verificar ascurvas da condição física paradetectar a presença de valoresinconsistentes.

Figura 5.2. Crias nas caixas

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A medição do comprimento cabeça+bico faz-se com um paquímetro(craveira) ou uma régua especial, tal como ilustrado nas figuras 5.3 e 5.4.A pesagem é efeituada com uma pesola (balança de mola) portátil(colocar antes a ave dentro de um saco), ou uma balança electrónica(colocar a ave dentro de um copo plástico ou um tubo de PVC, deacordo com o seu tamanho). Subtraia o peso do saco e do copo ou tuboplástico ao peso obtido, ou melhora ainda faça a taragem da balançaantes da pesagem. Lembre-se que o peso dos sacos pode variar com aacumulação de fezes ou regurgitos de alimentos. Anote sempre o pesodo tubo ao lado do peso da ave para permitir a correcção de eventuaiserros. Ver também as figuras 5.5 e 5.6. A pesagem com pesola ou balançaé sensível ao vento. Tente achar a melhor maneira de evitar este efeitocolocando a pesola/ balança dentro de uma caixa ou atrás de umabarreira de protecção.

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Figura 5.6. Pesagem com uma balançaFigura 5.5. Pesagem com umabalança suspensa de tipo gancho

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PROCEDIMENTO PARA A CAPTURA E ESTIMATIVA DAS CRIAS NAS CRECHES

• Preparar o equipamento com antecedência.• Certificar que os participantes dominam todas as técnicas.• Localizar e observar um grupo de crias à distância.• Discutir o plano de trabalho e distribuir as tarefas (quem transporta as caixas?).• Capturar as crias como descrito acima.• Afastar-se da zona de captura e instalar-se num local que não cause perturbação.• Registar as medições seguindo a descrição acima.• Colocar as crias numa caixa especial.• Libertar as crias em grupos no local onde foram capturadas.• No regresso ao acampamento: preencher, verificar e analisar as fichas de dados,

(Caso existam muitos dados situados acima da linha de crescimento máximo, issosignifica que o peso do tubo foi incluído durante a pesagem. Mas, ao verificar ascurvas de condição física no terreno, esses riscos ficam já eliminados).

Equipamento:1. Binóculos.

2. Caixa com tampa para conservar as crias.3. Anilhas para aves, alicates de anilhagem e alicates circlip (para abertura de anilhas)4. Paquímetro ou régua especial para medir o comprimento cabeca+bico.5. Balança de escala 0-100, 0-300, 0-600 e 0-1000g e sacos. Sempre que

possível, utilizar uma balança mais pequena em função da massa corporal dasaves, a fim de obter maior precisão. Uma ave de 90g deve ser pesada numabalança de calibre 0-100g, enquanto uma ave de 120 g será pesada numabalança de calibre de 0-300g.

6. Em vez da balança de gancho clássica, utilizar uma balança electrónica de escala0-1000 g (±1g) com auxilio dum suporte e dum tubo de plástico. Utilizar um tubopequeno (de 18 cm de comprimento e 7-8 cm de diâmetro) para as crias deGaivota de cabeça-cinza, Gaivota-de bico-fino- Garajau-real e um tubo maior (de25 cm de comprimento e 10 cm de diâmetro) para as crias de Garajau-grande.As crias pequenas podem ser colocadas directamente na balança.

7. Cadernos e esferográficas ou lápis.8. Fichas de recolha de dados.9. Curvas de condição física para as diferentes espécies.

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44 MANUAL DE TERRENO

6. AVALIAÇÃO DA TAXA DESUCESSO REPRODUTOR

PORQUÊ ESTIMAR A TAXA DE SUCESSO REPRODUTOR ?

Para avaliar o sucesso reprodutor é indispensável seguir (uma parte) dapopulação durante o período de reprodução, para determinar o sucessodos ovos e das crias com o objectivo de determinar o número de criasvoadoras bem-sucedidas por casal.Este seguimento permite também obter informações preciosas sobre osfactores ambientais que influenciam o êxito reprodutor, tais como apredação e a carência alimentar. Por exemplo, caso um número elevado de ovos desapareça e as cascasforem encontradas próximo dos ninhos, este é um forte indício daexistência de predadores activos. Quando as crias não estão em boaforma e morrem sem explicação aparente é possível que sofram deinanição. As informações relativas à perda de ovos podem dar-nostambém uma ideia sobre a quantidade de novas posturas. Os dadossobre o sucesso reprodutor podem obter-se através da determinaçãodo(a):

• Tamanho da postura = número médio de ovos por casal (ninho),

• Taxa de sucesso no momento da eclosão = percentagem de ovoseclodidos,

• Taxa de sucesso de voo = percentagem de crias voadoras,

• Taxa de sucesso da reprodução = número médio de crias voadoraspor casal.

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PARA A MONITORIZAÇÃO DAS COLÓNIAS DE AVES MARINHAS NA ÁFRICA OCIDENTAL 45

Estado das crias após alguém ter abandonado a zona: como reação àperturbação as cria concentram-se em creches. Mais tarde estas creches

tornam-se menos densas até desaparecerem

Figura 6.1. Diferentes estados das crias numa colónia(perturbadas ou não perturbadas)

Situação sem perturbação: crias e adultos calmos na borda da praia

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ESTIMATIVA DA TAXA DE SUCESSO DA ECLOSÃO

Em geral, a taxa de eclosão estima-se através da marcação de um grupode ninhos numa colónia:Marcar todos os ninhos numa pequena zona por exemplo com umaestaca de madeira numerada. As estacas de marcação não devem impedir as aves de aterrar próximodos ninhos. Os ninhos seleccionados para o estudo devem constituiruma amostra representativa do conjunto da população reprodutora. Hápor isso que marcar ninhos situados no centro e na periferia da colónia.Este trabalho deverá ser realizado no início das posturas e os ninhosmarcados devem verificar-se de três em três dias.

Figura 6.2. Ninhos marcados

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PARA A MONITORIZAÇÃO DAS COLÓNIAS DE AVES MARINHAS NA ÁFRICA OCIDENTAL 47

PROCEDIMENTO PARA ESTIMAR A TAXA DE SUCESSO DA ECLOSÃO

1. Determinar o número de ninhos a seguir para cada espécie eescolher as zonas/parcelas de estudo.*

2. Preparar estacas de marcação identificadas indivudualmente paramarcar os ninhos.

3. Escolher uma parte da colónia para a marcação dos ninhos.4. Marcar todos os ninhos que se encontram na zona seleccionada no

Dia 1; tomar nota do conteúdo dos ninhos e delimitar a zona deestudo com uma grande estaca de marcação.

5. Verificar os ninhos de três em três dias ; tomar nota do conteúdodos ninhos e dos factores susceptíveis de provocar a perda dosovos; marcar a cada visita os novos ninhos; há que trabalhar emequipas de duas pessoas (um observador e um coordenador) e agir o mais rapidamente possível para não atrair os predadores.

6. Continuar a trabalhar desta forma até o fim da incubação.

Equipamento:1. Estacas para os ninhos e uma estaca comprida para marcação.

2. Fichas de registo.3. Cadernos e esferográficas ou lápis.

* No mínimo 50 ninhos devem ser seguidos. A escolha dos ninhosdepende em particular do nível de perturbação causado pela presençana colónia. Poderá ser útil escolher duas ou três parcelas diferentespara o vosso estudo. Contudo, dentro de cada parcela, os ninhos aserem seguidos devem ser próximos uns dos outros para facilitar a sualocalização. Se lhe parecer que a sua presença atrai gaivotas predadorasde ovos (o que pode variar de um sítio para o outro), deve abandonaro objectivo de estimar a taxa de sucesso da eclosão. Se se tratar decolónias de Gaivota-de-bico-fino Larus genei e de Garajau-real Sternamaxima, fotografar os ninhos pode acelerar sobremaneira o processode verificação das posturas. Poderá analisar as fotos e contar os ovoslogo que regressar ao acampamento. Não se esqueça que os númerosnas estacas individuais devem ser visíveis nas fotos.

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ESTIMATIVA DA TAXA DE SUCESSO DE VOO DAS CRIAS

As crias de Gaivota-de-cabeça-cinza Larus cirrocephalus permanecemem geral nas proximidades do ninho até voarem. Se forem anilhadas aseguir à eclosão podem depois ser seguidas de três em três dias. Noentanto, há que ter em conta que, a localização de todas as criasanilhadas exige por vezes uma busca intensiva.

As crias de Gaivota-de-bico-fino, de Garajau-grande Sterna caspia e deGarajau-real, deixam os ninhos antes mesmo de voarem, o que dificultao seguimento individual de cada cria. Um método útil para as controlarconsiste na construção de uma barreira de rede forrada a rede demosquiteiro, em redor da parte da colónia estudada, criando assim um«recinto» (ver Figura 6.2). O mosquiteiro evita que as aves firam os bicos.As crias não podem fugir do recinto. Se forem anilhadas (com uma anilhade cor), logo após a eclosão, cada cria poderá ser seguida individualmenteaté começar a voar, directamente através de captura ou de longe com oauxílio dum telescópio a partir dum esconderijo. O recinto deve ser vigiado de 3 em 3 dias e as crias medidas (cabeca +bico) e pesadas. Um estudo preliminar efectuado com Garajau-grandedemonstrou que este método é aplicável mas que uma reduzidapercentagem de adultos não aceita que as suas crias permaneçam norecinto. Nestes casos, as crias devem ser libertadas do recinto para evitaro stress devido à carência alimentar e ao excesso de calor. Não esquecerque o primeiro objectivo é de proteger as aves. A investigação científicavem em segundo lugar.

Figura 6.3. O Recinto “creche”

48 MANUAL DE TERRENO

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As taxas de sucesso da eclosão e de voo devem de preferência serestimadas nos mesmos ninhos. Também é possível recolher egagrópilasou regurgitos e os excrementos em redor dos ninhos, tornando possívela recolha de informações sobre o sucesso da reprodução e o regimealimentar para um mesmo grupo de aves nidificantes.

PARA A MONITORIZAÇÃO DAS COLÓNIAS DE AVES MARINHAS NA ÁFRICA OCIDENTAL 49

PROCEDIMENTO DE VERIFICAÇÃO DOS RECINTOS

1. Anilhar todas as crias logo após a eclosão.2. Para além de anilhas metálicasanilhas numeradas, utilizar

combinações anilhas de cor identificáveis para cada cria.3. Verificar a zona (ou recinto) reservada às crias de três em

três dias.4. Procurar as crias e ao mesmo tempo estar atento aos

predadores e às pequenas crias.5. Determinar a condição física das crias, anotar os sinais de

predação e as crias mortas.6. Calcular e estimar a taxa de sucesso de voo, baseando-se no

número de crias que tenham atingido (ou quase) a idade de voo.

Equipamento:1. Anilhas para aves, alicates e outros materiais de anilhagem.

2. Instrumento de medição da condição física.3. Fichas de dados.4. Cadernos esferográficas ou lápis.

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Contagem ou estimativa de grupos de crias (quase) voadoras

Se se tratar duma colónia onde as posturas são síncronas, numa ilharelativamente pequena, é possível por vezes contar ou estimar o númerototal de pintos durante o período de crescimento. Isto permitedeterminar o número total de crias na ilha (concentradas em geral emgrupos (creches) ou espalhadas à borda de água), antes que as primeirasaves abandonem definitivamente a colónia. Convém neste caso procedera várias contagens (uma vez por semana), no final da qual o númeromáximo contado é escolhido. Em função da situação, (o grau desincronização e a possibilidade de efectuar um cálculo exacto), estemétodo pode produzir resultados bastante satisfatórios.

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7. ANILHAGEM E CAPTURA DAS CRIAS

PORQUE ANILHAR AS AVES?

Acima de tudo, deve notar-se que apenas o pessoal habilitado edevidamente autorizado pode realizar operações de anilhagem, duranteas quais a segurança das aves é sempre a principal preocupação.

A anilhagem consiste em capturar e colocar uma anilha metálica no tarsodas aves onde são gravados um código numérico único e um endereçoe de seguida a ave é libertada. Uma ave pode desta feita serindividualmente reconhecida. Se uma ave anilhada for de novo capturadaou encontrada morta e o número da anilha for enviado para o endereçogravado na anilha, podem-se obter informações sobre os movimentos ea idade desta ave. Os principais objectivos da anilhagem duma ave são:

o Estudar os padrões migrat rios; o Identificar os sítios importantes para a ave ;o Analisar as causas de mortalidade (abatida, encontrada

morta, capturada, etc.);o Determinar a idade da ave.

Ao encontrar uma ave anilhada, deve enviar uma mensagem para oendereço gravado na anilha. Se a ave estiver viva, deve-se anotarcuidadosamente a inscrição e o código numérico registados na anilhametálica. Caso tiver anilhas coloridas deve-se também anotar a cor dasanilhas e a sua posição nas patas da ave e de igual modo indicar a espécieda ave e a sua condição física. Se a ave está em boa forma, se fraca,coberta de óleo, tem as asas partidas, etc.? Se for capaz de voar, nãoretirar as anilhas e deixá-la voar, na mesma condição que for encontrada.

Na maioria dos casos, uma ave anilhada pode ser encontrada morta.Deve-se então retirar-se a anilha, anotando em primeiro lugar asinformações sobre a posição das mesmas. Pode enviar a anilha achatadaao centro de anilhagem acompanhada de uma carta a fim de evitar erros.Em geral, os centros de anilhagem respondem sempre dandoinformações sobre o local e a data de anilhagem da ave.

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ó

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A ANILHAGEM EM ÁFRICA

Em vários países, a anilhagem das aves é organizada e coordenada porum centro nacional de anilhagem, que actua como um organismoadministrativo num país e concede anilhas aos anilhadores titulares delicença. Para obter a licença deve-se submeter a um exame. Não existeactualmente um centro de anilhagem activo nos países oeste africanos,mas existe em Africa do Sul. Por conseguinte, as actividades deanilhagem nesses países foram realizadas apenas com anilhasprovenientes de outros países. Nas últimas décadas, as anilhas utilizadasem Mauritânia, no Senegal e na Gâmbia vieram da Françaa, Bélgica,Holanda, Reino Unido e África do Sul.

Entre 1998 e 2003, as actividades de anilhagem foram realizadas ao nívelda “ la Langue de Barbarie e no Delta do Saloum no Senegal ”, durante oqual mais de 10.000 crias de Gaivota-de-cabeça-cinza, de Gaivota-de-bico-fino, de Garajau-real, e de Garajau-grande foram anilhadas. Assim,inúmeras aves adultas nidificantes anilhadas encontram-se actualmentenestes sítios podendo ser identificadas individualmente com auxílio dumtelescópio de observação que permite a leitura do código numéricogravado na anilha. No âmbito dos programas de seguimento das avesmarinhas, as crias capturadas e manipuladas (por exemplo para avaliar asua condição física), são na maioria anilhadas. As técnicas e osinstrumentos essenciais utilizados na captura e anilhagem serãoexplicadas abaixo de forma sucinta.

PROCEDIMENTO PARA INFORMAR SOBRE UMA AVE ANILHADA

Reportar as informações seguintes numa carta ou por correio electrónico (e-mail)parao endereço que figura na anilha metálica :

- O código numérico que consta na anilha (e as cores caso sejam utilizadasanilhas coloridas para além da anilha metálica).

- A posição da anilha (ou das anilhas) na pata, à direita ou à esquerda e emcima ou abaixo do tarso.

- A espécie, sua idade, sexo e plumagem.- A data e o local onde foi encontrada a ave (indicar as coordenadas se

dispuser de um GPS).- As possíveis causas de morte da ave.- O seu nome e endereço completos.

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PARA A MONITORIZAÇÃO DAS COLÓNIAS DE AVES MARINHAS NA ÁFRICA OCIDENTAL 53

Figura 7.1. Exemplos de anilhas metálicas e coloridas

OS DIFERENTES TIPOS DE ANILHAS

Existem vários tipos de anilhas para diferentes objectivos. As anilhas maisutilizadas são feitas de alumínio ou de aço inoxidável. Regista-se naanilha um código numérico e o endereço da central de anilhagem naparte exterior. Para as aves marinhas convém colocar anilhas em açoinoxidável por serem resistentes à água do mar. Para os projectosespeciais, podem-se utilizar anilhas de cor para permitir a identificaçãoda ave à distância com auxílio do telescópio. A marcação individual dasaves pode também ser feita por uma combinação de várias cores com aanilha de metal (ver figuras 7.1 e 7.2).

Figura 7.2. Garajau com anilhas de cor

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APLICAM-SE AS SEGUINTES REGRAS NO USODAS REDES JAPONESAS

- Não utilizar as redes no caso de vento forte - Colocar as redes num local seguro (evitar que as aves

capturadas caiam na água quando a rede é colocada numa zona húmida).

- Verificar regularmente as redes (pelo menos cada hora).- Preparar-se para a eventualidade de capturar uma grande

quantidade de aves.- Libertar as aves de imediato (sem efectuar a anilhagem)

se não puder manipulá-las correctamente.

54 MANUAL DE TERRENO

CAPTURA DAS AVES PARA A ANILHAGEM

É preciso capturar a ave antes de colocar a anilha. Existem váriosmétodos de captura das aves que variam duma simples armadilha até asgaiolas de redes de arame do tamanho de umacasa. Apresentamos aquios métodos mais utlizados dentro ou próximo das colonias dereprodução.

Aves não nidificantesAs aves adultas são muitas vezes capturadas com auxílio de redesconhecidas como redes japonesas, confeccionadas com fios de nylonde cor preta muito finas e quase invisíveis, montadas verticalmente entrevaras fixadas no solo. A rede é composta por painéis, que servem debolsas, onde as aves que voam para as redes são capturadas (ver figura7.3). Por conseguinte, a captura é feita normalmente no crepúsculo ou ànoite. Na maioria dos casos, as redes são colocadas numa zonaatravessada pelas aves entre a sua área de alimentação e o seudormitório.

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Figura 7.3. Rede japonesa e como funciona

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56 MANUAL DE TERRENO

AS SEGUINTES REGRAS APLICAM-SE NO USO DASGAIOLAS

- Colocar a gaiola de forma que a entrada fique voltada na trajectória daave que se aproxima do seu ninho.

- Ter cuidado para que a ave não quebre os seus ovos uma vez capturada.(Pode ser necessário colocar ovos falsos no ninho). No caso do Garajau-grande, é preciso fixar as gaiolas de forma firme, senão a ave será capazde deitá-las ao chão na aproximação do investigador .

- Não se precipite em direcção à ave uma vez capturada, aproxime-se depreferência de maneira normal.

- Cobrir os ovos com ervas ou outros vegetais após libertar a ave da gaiolaou substituir os ovos por ovos falsos, até a ave retomar a incubação. Éimportante na medida em que os ovos podem ser predados quando a aveestiver afastada do seu ninho.

Aves nidificantes As aves nidificantes podem ser capturadas com auxilio duma gaiola emrede de arame confeccionada por forma a obrigar a ave nidificante apassar por uma porta para alcançar o ninho. Uma vez que a ave nidifica,fecha-se a entrada libertando o mecanismo que mantém a porta emposição aberta. Isso pode ser feito por um observador sentado numesconderijo ou mesmo pela ave. A versão mais simplificada da gaiola emrede de arame denomina-se «fall-trap», como ilustra a figura 7.4.

Figura 7.4 «Fall-trap» para a captura de aves nidificantes

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Captura das criasAs crias de pequeno porte podem ser capturadas e anilhadas no ninho.Porém, se se tratar do Garajau-real, é preciso assegurar-se que as criasvizinhas não abandonam os seus ninhos e não penetrem em sectoresafastados da colónia, dificultando o seu retorno. (ver capítulo 2). Emgeral, as crias de Gaivota-de cabeça-cinza de todas idades podem serencontradas na zona de nidificação e a anilhagem pode ser efectuadano local. Em geral, as crias de Gaivota-de-bico-fino, Garajau-real e doGarajau-grande, de médio a grande porte reagem às perturbaçõescausados pelo homem afastando-se em grupo. Ver os detalhes sobre ométodo de captura dessas crias no capítulo 5.

As crias em creches podem ser capturadas conduzindo-as a um recintocom uma câmara de captura. (ver figura 7.5). Capturas importantespodem ser efectuadas desta forma. Todavia esse método só deve serutilizado por anilhadores experimentados, pois as crias podem serasfixiadas quando concentradas e amontoadas num canto da câmara.Para além disso, a manipulação e a anilhagem de muitas crias podemlevar muito tempo, principalmente em climas quentes. Cercar o recintoe guardar as crias no meio do recinto é uma alternativa, mas os riscos deasfixia e de stress devido ao excesso de calor não devem sersubestimados.

PARA A MONITORIZAÇÃO DAS COLÓNIAS DE AVES MARINHAS NA ÁFRICA OCIDENTAL 57

Figura 7.5. Recinto com câmara de captura

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APLICAM-SE AS REGRAS SEGUINTES DURANTE A CAPTURA DAS CRIAS

- Evitar trabalhar em temperaturas elevadas, pois é perigoso para as criaspequenas.

- Não trabalhar no fim da tarde e à noite, as crias necessitam de tempopara regressar de dia aos seus ninhos ou aos seus progenitores.

- As crias pequenas devem sempre ser colocadas nos seus ninhos e nãoem outro sítio.

- As crias de Garajau-real não devem ser anilhadas se as crias vizinhasse afastarem dos seus ninhos.

- As crias maiores podem ser capturadas e anilhadas a certa distância dacolónia. Porém devem ser libertadas no local onde foram capturadas.

MANUSEAMENTO CORRECTO DAS AVES

As aves a serem anilhadas devem ser manipuladas de maneira correctadurante a captura, transporte e tratamento, a fim de limitar o stress eevitar as feridas. É essencial do ponto de vista ético como cientifico.Neste ultimo caso, pode acontecer que as aves feridas apresentem umcomportamento invulgar, dando lugar a uma recapturas anormais,propiciando conclusões erradas. É importante segurar a ave cercando oseu corpo e nunca segurar por uma asa, por uma pata ou pela cabeça.

A extracção das aves de redes japonesas é um método que exige treinocom um anilhador experimentado. O primeiro passo consiste emdeterminar o lado da rede em que a ave entrou primeiro, devendotambém ser libertada do mesmo lado. De seguida, tentar libertar as patassegurando-as entre os dedos. Em geral, o corpo e a cabeça da ave podemser puxados para cima e liberar as asas (ver figura figure 7.6). Não puxarde forma brusca e não utilizar a força. Havendo dificuldades para libertaras aves, solicite a ajuda de um colega experimentado.

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PARA A MONITORIZAÇÃO DAS COLÓNIAS DE AVES MARINHAS NA ÁFRICA OCIDENTAL 59

Figura 7.6 Operação de extraccao de uma ave de rede japonesaçã

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A figura 7.7 ilustra o método que convém usar para uma ave pequena ouuma cria: Segurar a parte dorsal da ave com os quatro dedos duma mão e mantero seu ombro e a parte inferior do pescoço entre o primeiro e o segundodedo. Evitar apoiar-se na parte inferior do abdómen. Agarrar a ave deforma delicada mas firme. Tratando-se de pequenas crias esse métodopermite segurar o tarso a anilhar entre o polegar e o indicador. Ao passara ave para a outra pessoa, posicionar a ave sobre o dorso, estender apalma da mão e segurar a parte de cima das patas perto do seu corpoapoiando-se na outra mão. Para as crias mais pequenas, manter um dedoentre as patas. Para as crias maiores segurar o dorso mudando de mãona mesma posição. Durante a anilhagem das aves de maior porte, duaspessoas devem participar da actividade de manipulação.

60 MANUAL DE TERRENO

Figura 7.7. Segurando uma ave na mão

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PARA A MONITORIZAÇÃO DAS COLÓNIAS DE AVES MARINHAS NA ÁFRICA OCIDENTAL 61

As aves adultas são geralmente mantidas em bolsas de algodão arejadas.Essas bolsas devem de preferência ser suspensas e colocadas à sombra(ver figura 7.8). Os grupos de crias são colocados em caixas bemventiladas com uma tampa para a protecção solar (ver figura 5.2). Deve-se deixar um espaço nas caixas e guardá-las na horizontal, evitando queas crias sejam amontoadas num canto. As caixas devem ser levadas paralonge da zona da colónia e as crias anilhadas para uma zona ondenenhuma ave seja perturbada. Todas as crias devem ser levadas de voltaao local de captura e libertadas em grupos.

Figura 7.8. Saco para manter aves adultas

Em muito casos, a anilhagem é feita em associação com actividades demedição das aves, tais como o peso e o comprimento cabeça+bico e amedição do tarso e das asas. O capítulo 5 trata as medidas adequadasno âmbito de um programa de seguimento.

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TÉCNICAS DE ANILHAGEM

São necessárias anilhas de diâmetro diferentes adaptadas aos diferentestamanhos de aves. A maioria dos centros de anilhagem fornece listas dosdiferentes tamanhos de anilhas que se adaptam a cada espécie.Considera-se de capital importância, seguir as instruções dos centros deanilhagem. Anilhas muito largas ou muito estreitas, podem provocarferidas graves, incluindo a perda duma pata ou mesmo a morte da ave.Se não encontrar anilhas de tamanho correcto simplesmente nãoproceda à anilhagem da ave. Os tamanhos de anilhas sugeridos peloscentros de anilhagem adequam-se em geral às crias e às aves adultas.Contudo, pode acontecer que as espessuras do tarso das crias sejammuito pequenas para serem anilhadas. Neste caso, não efectua aanilhagem. O quadro 7.1 ilustra os tamanhos de anilhas a serem utilizadospara um grande número de aves nidificantes que cruzam o litoral oesteafricano. De qualquer forma, algumas variações de tamanhos são aceitessob condição de se verificar sempre se a anilha se adequa à ave.

Espécies Diâmetros das anilhas (mm)Gaivota-de-cabeca-cinza 5,5 - 7,0Gaivota-de-bico-fino 7,0 - 8,0Garajau-real 5,5 - 7,0Garajau-grande 7,0 - 9,0

Quadro 7.1. Tamanhos de anilhas (mm) para as aves nidificantes dascolónias da África Ocidental

As anilhas devem-se ajustar ao tarso da ave com auxílio dum alicateespecial que permite fechar os diferentes tipos de anilhas. Em geral,existem alicates para pequenas e grandes anilhas. (ver figura 7.9).

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Figura 7.9. Alicates para fechar as anilhas

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O PROCEDIMENTO PARAA ANILHAGEM DUMA AVE É O SEGUINTE

- Verificar nas duas patas se a ave já está anilhada, tanto por cimacomo porbaixo dos tarsos ;

- Seleccionar o diâmetro adequado da anilha para a espécie emquestão ;

- Verificar nas fichas de dados se o número da anilha segue asequência de numeração ;

- Colocar a anilha no entalhe do alicate que se adapta ao diâmetroda anilha ;

- Colocar a anilha no tarso (ver figura7.10), de forma a que onúmero da anilha seja visível quando a ave ficar de pé. Isto éimportante para possibilitar a sua leitura através do telescópio ;

- De forma bastante cuidada mas firme, aperte o alicate até que aanilha feche. Manter o alicate perpendicularmente ao tarso da ave ;

- Examinar a anilha para se certificar que está bem ajustada, bemfechada (sem aberturas ou sobreposições) e que a inscrição naanilha não esteja danificada. Ajustar ou substituir em caso denecessidade.

- Anotar o número e todas as outras informações na ficha de dados(no regresso ao acampamento ou no escritório devem serpreenchidas as fichas de dados oficiais da central de anilhagem);

- Anotar também as anilhas perdidas ou danificadas na ficha de dados.

PARA A MONITORIZAÇÃO DAS COLÓNIAS DE AVES MARINHAS NA ÁFRICA OCIDENTAL 63

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Figura 7.10. Ajustamento da anilha em redor do tarso

Nota : Anilhas mal ajustadas devem ser retiradas. Para isso, devem-secolocar cuidadosamente as duas pontas superiores do alicateconcebido para este fim de cada lado da anilha e apertar comoconsta na figura 7.11. Uma anilha danificada não deve serreutilizada.

Figura 7.11. Como remover uma anilha

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GESTÃO DA ANILHAGEM

A boa gestão da anilhagem é crucial para os anilhadores. Se os dadosrelativos à anilhagem não estiverem exactos, é impossível tirar asconclusões a partir de anilhas recuperados, o que significa que nunca sedeve incluir dados incorrectos na gestão da anilhagem. Por isso, nuncase anilha uma ave se não se tiver a certeza de que a espécie estácorrectamente identificada. No caso de perda de anilhas ou de ausênciade dados, anotar na sua base de dados sob o título «dados perdidos» ou«anilhas perdidas». É necessário utilizar uma ficha modelo, na qualconstam campos para todos os dados a preencher. Uma vez de regressoao escritório, recopiar a lista para não perder os dados. É possível copiaros dados fotografando com um aparelho de boa qualidade regulado auma velocidade de obturação rápida (de preferência <1/250 sec.).

Depois de fotografar, deve verificar se todos os dados são visíveis e se aimagem é nítida, Na lista modelo, devem constar os seguintes dados (verAnexo 6) :

• Os números das anilhas (anilhas metálicas)• Os anilhas a cores (cores, colocação nos tarsos)• A espécie • A idade (cria ou adulta) e o sexo (se for conhecido)• A data da anilhagem• O local de anilhagem (sítio e país)• As coordenadas do local da sessão de anilhagem

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RESUMO DO MATERIAL DE ANILHAGEM:

- Lanterna frontal no caso do uso de redes japonesas- Material de captura e de manutenção das crias- Anilhas com diâmetros adequados- Alicates de anilhagem com diferentes entalhes - Alicates para remoção de anilhas- Equipamento para morfometrias - Fichas de dados- Cadernos e esferográficas ou lápis - Bolsa para transportar e conservar o material de anilhagem

66 MANUAL DE TERRENO

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8. RECOLHA DE REGURGITOS E FEZES

A análise da presença de otólitos (de oto = orelha e lithos = pedra) nosregurgitos e fezes fornece informações sobre o regime alimentar dascolónias de aves marinhas. Os otólitos hearing stones ou «poeiraauditiva» de peixes são localizados na orelha interna dos peixesteleósteos (e não nos tubarões ou raias). Tendo em conta que os otólitossão específicos de cada espécie, podem ser utilizados para identificaras espécies de peixes consumidas pelas aves.

Figura 8.1. Garajaus nidificantes com regurgitos e fezes

As Gaivota-de-bico-fino, os Garajau-reais e os Garajau-grandes defecamnos arredores dos ninhos depositando igualmente regurgitos naproximidade dos ninhos (ver figura 8.2). Durante o período de incubação,os regurgitos e fezes acumulam-se na borda do ninho (Gaivota-de-ico-fino) ou formam uma crosta na areia (Garajau-real e Garajau-grande)podendo ser facilmente recolhidas. Os Garajau-reais defecam nosarredores dos seus ninhos, mas os Garajau-grandes utilizam latrinasespeciais que contêm fezes de aves provenientes de diferentes ninhos.As fezes e regurgitos fornecem informações essenciais sobre as espéciesde peixes que compõem o alimento das aves durante o período deincubação. Para além da mistura de regurgitos e fezes presentes naproximidade dos ninhos, podem-se encontrar quantidades de regurgitosfrescos frescas dispersos nas colónias. Esses regurgitos forneceminformações suplementares.

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Figura 8.2. Ot litos de duas espécies diferentes de peixes

A análise dos regurgitos e fezes bem como a identificação de otólitos éum trabalho de especialista. Contudo, as matérias a analisar devem serrecolhidas nas colónias. Uma atenção particular deve ser dada à maneiracomo são recolhidas nos ninhos ou no solo. As Gaivotas-de-bico-finoconstroem os seus ninhos uns sobre outros no decorrer dos anos e asGaivotas-reais e as Gaivotas-grandes nidificam no mesmo sítio dum anoao outro. Se a recolha das fezes não for feita de maneira correcta, asamostras podem ser contaminadas por materiais que datam dos anosanteriores.Se se tratar da Gaivota-de-bico-fino: não recolher tudo o que seencontra no ninho, devendo sim recolher as fezes nos arredores doninho. Caso se trate de Garajau-real ou de Garajau-grande: limite-se arecolher a parte da camada superior das fezes.

O número de regurgitos e a quantidade de fezes a recolher figuram noquadro 8.1. abaixo.

EspéciesMateriais a recolher

Número de regurgitos Quantidade de fezes*Gaviota-de-bico-fino 50-100 2 kgGarjau-real 100-200 5 kgGarjau-grande 200 5 kg

Quadro 8.1. Quantidade de regurgitos e de fezes a recolher

* Evitar recolher demasiada areia ou resíduos de ninhos !

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PROCEDIMENTO DE RECOLHA DOS REGURGITOS

- Recolher as matérias numa parte da colónia que só tenha espécie(evitar misturar os regurgitos das diferentes espécies !).

- Recolher apenasregurgitos frescos (húmidos e não desagregados).- Colocar os regurgitos num saco de plástico.- Tomar nota em duplicado :

(1) com lápis numa folha de papel colocadaem cada saco e - (2) em cada saco com um marcador à prova de água Anotar as

seguintes informações : data, local, espécie, quantidade de regurgitos, informações especiais(recolhidas no interior ou exterior da zona de nidificação, ninhoscom ovos ou crias, etc.).

- Verificar as notas no regresso.

PROCEDIMENTO DE RECOLHA DAS FEZES - Recolher as matérias numa colónia duma única espécie. - Colectar matérias nos arredores dos ninhos contendo ovos ainda

não eclodidos.- Não apanhar os ninhos inteiros (Gaivota-de-bico-fino Larus genei)

e evitar recolher demasiada areia.*- Tomar nota :

(1) numa folha de papel com lápis colocada em cada saco e (2) marcar cada saco com um marcador à prova de água.

- Anotar as seguintes informações : data, local, espécie, quantidade de regurgitos, informações especiais(recolhidas no interior ou no exterior da zona de nidificação, ninhoscom ovos ou crias, etc.).

- Verificar as notas no regresso.

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9. PLANEAMENTO E GESTÃOADMINISTRATIVA DASACTIVIDADES

QUADRO DE PLANEAMENTO

Torna-se imperativo proceder em cada ano ao planeamento prévio dasactividades de seguimento, tendo em conta o equipamento, os recursosmateriais e humanos e o orçamento necessários. Um cronograma detrabalho deve ser estabelecido para limitar as perturbações.

As actividades devem ser assim programadas para corresponder deforma correcta ao calendário de reprodução das aves, baseando-sesobretudo em espécies vulneráveis (por exemplo: o Garjau-real) para aescolha de datas. Por exemplo, no Delta de Saloum, a maioria dosGarajau-reais reproduzem-se de forma muito sincronizada e a eclosãodas primeiras crias ocorrem por volta de 6 de Maio. Por conseguinte, émelhor efectuar a contagem desta espécie no decurso da primeirasemana de Maio para evitar perturbar as crias pequenas. Um mês depois,no decurso da primeira semana de Junho, a maioria das crias eclodirãoe abandonarão a colónia. Naturalmente, nesse sítio, todas as contagensmensais devem ser efectuadas no mesmo dia de cada mês. As estaçõesde reprodução variam dum sítio para o outro pelo que as contagensdevem ter em conta o contexto local.

O quadro de planeamento deve abarcar todas as actividades a seremrealizadas. A escolha das actividades depende da natureza do sítio e dasperturbações causadas por algumas actividades. A contagem do efectivodas aves nidificantes deve ser prioritária, seguida da medição dotamanho das posturas e do tamanho dos ovos. A avaliação da condiçãofísica e a anilhagem das crias devem ser executadas apenas quandoestiverem disponíveis observadores mais experientes. A captura das criaspode revelar-se particularmente perigosa nas pequenas ilhas cercadaspor correntes de água. Há que evitar sempre que um grupo importantede crias penetre nas águas sob risco de não voltar à colónia.

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O QUADRO DE PLANEAMENTO DEVE INCLUIR AS SEGUINTES ACTIVIDADES:

- Materiais e recursos humanos e financeiros necessários.

- Calendário de todas as actividades a serem realizadas.

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GESTÃO ADMINISTRATIVA

A anotação de terreno reveste-se de capital importância. Utilizar tantoquanto possível fichas de dados para trabalhar de forma célere eexaustiva. Anotar igualmente observações imprevistas, tais como sinaisde predação, inundações, perturbações causadas pelo homem,(pescadores, caçadores furtivos, turistas...), crias mortas, etc. Essasinformações podem-se revelar essenciais para a interpretação dosresultados. Todas essas informações devem ser anotadas num cadernoou numa ficha de dados, verificadas e recopiadas no regresso aoescritório ou fotografadas no campo.

No fim da época de reprodução, elaborar o relatório final e pedir ajudaa um colega experimentado se enfrentar problemas de redacção dorelatório. Antes de divulgar o relatório final, solicite aos colegas quefaçam a leitura do mesmo, pois poderão talvez ter informações úteis ecomentários a acrescentar.

Verificar se não existem números em duplicado, comparando se possívelcom os números que figuram nos formulários originais preenchidos noterreno. O relatório final deve ser o único documento a ser divulgado eos erros podem ser recopiados repetidamente sem serem corrigidos.Incumbe-se-lhe a responsabilidade de apresentar um relatório sem erros.

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OS DADOS RECOLHIDOS NO TERRENO DEVEM INCLUIR AS SEGUINTES INFORMAÇÕES:

- Data, local e espécie.

- Nome do sítio.

- Nome e endereços dos observadores.

- Todos os dados pertinentes relativos às observações específicasdescritas neste manual.

- Todas as outras observações consideradas pertinentes.

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10. MANUTENÇÃO DOEQUIPAMENTO

Durante o trabalho de campo ou no escritório, utilizam-se equipamentosque carecem de manutenção. Vários materiais são caros e muitas vezestorna-se difícil, senão impossível de serem substituídos, daí anecessidade da sua boa conservação.

EQUIPAMENTO ELECTRÓNICO

A maioria dos equipamentos electrónicos é bastante sensível ao excessode calor, humidade, sal e poeira. Guardar os computadores, máquinasfotográficas, calculadora, balança e outros equipamentos electrónicoslonge da água e da areia e não expor ao sol por períodos prolongados.A água salgada danifica-os. Quando o equipamento electrónico não forutilizado, arrumar num saco de plástico e colocar em lugar seco e fresco.Nunca arrumar o equipamento num saco de plástico enquanto estiverhúmido, pois permanecerá húmido dentro do saco. Ter cuidado aoarrumar o equipamento numa pequena tenda, pois em ambientestropicais, a temperatura pode ser extremamente quente numa pequenatenda. Verificar se seu GPS é estanque ou pelo menos resistente à águae cuidar do mesmo da mesma forma que todo o equipamentoelectrónico. A maioria das balanças utilizadas em actividades deseguimento são balanças de cozinha à prova de água. Porém, para algunsmodelos, a areia pode penetrar no interior e provocar avarias. Por isso,devem-se limpar as balanças de vez em quando. Os paquímetroselectrónicos são susceptíveis de corrosão pelo sal no meio costeiro etambém quando em contacto directo com a água salgada. Sempre queutilizar um paquímetro no terreno, verifique se ele se move suavemente.Limpar se necessário. A limpeza dum equipamento delicado que esteveem contacto com a água salgada ou com a areia deve ser feita da formaseguinte: a areia deve ser eliminada soprando sobre o equipamento e/ou limpando com uma escova flexível, tendo o cuidado de tirar a areiasem soprar no interior do equipamento. A água salgada restante podeser eliminada com o auxílio dum pano macio embebido em água doce.Mas, mesmo neste caso, cuide para não agravar a situação deixandopenetrar a água doce no interior do equipamento.

74 MANUAL DE TERRENO

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BINÓCULOS E TELESCOPIOS

À semelhança do equipamento electrónico, os binóculos e telescópiossão sensíveis à areia, ao sal, à água e temperaturas elevadas. É precisotomar em consideração que a qualidade dos binóculos pode alterarconsideravelmente. Actualmente, existem binóculos e telescópiosestanques. Se os vossos não o são proteja-os da chuva e do nevoeiro seestiver no mar. A areia é o pior inimigo dos binóculos e telescópios poisrisca as lentes. Em geral, nunca devem ser limpos com um pano: um únicogrão de areia é suficiente para provocar riscos enormes na superfície dalente, e se o fizer repetidamente as suas lentes ficarão danificadas parasempre. Durante a limpeza das lentes deve-se começar por eliminar osgrãos de areia. Segure os binóculos e telescópios de cabeça para baixopara sacudir a areia. De seguida, sopre ou escove suavemente com umpincel de sopro. Mas, só quando estiver 100% seguro de que não sobranenhum grão de areia, poderá limpar as lentes utilizando um pano limpoembebido num líquido especial para lentes ou embaciando a lente coma respiração. Se os binóculos ou telescópios tiverem contacto com aagua salgada, devem-se limpar com um pano molhado em água doceaté que todo o sal desapareça. Lembre-se sempre que as partes dosbinóculos que se movem são de alumínio podendo ser submetidas àcorrosão devido ao impacto do sal, o que pode conduzir a avariasdosistema de focagem.

Todo o equipamento utilizado no terreno deve ser inspeccionado elimpado antes mas também no final do trabalho no terreno. No fim daestacão, as bolsas e as caixas devem ser lavadas e limpadas, os alicatesde anilhagem lubrificados e os outros equipamentos devidamentecuidados, como referido acima. Armazenar um equipamento sujo podeser prejudicial na medida em que o impacto do sal permanece durantea armazenagem.

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11. REFERÊNCIAS

Este manual é a versão condensada de :Jan Veen, Jacques Peeters and Wim C. Mullié (2004). Manuel pour le suivides colonies de nidification d'oiseaux marins en Afrique de l'Ouest.Rapport interne, Wetlands International.

Para mais informações sobre o seguimento das colónias de avesnidificantes na África Ocidental, ver :

Veen, J., J. Peeters, M.F. Leopold, C.J.G. van Damme & T. Veen 2003. Lesoiseaux piscivores comme indicateurs de la qualité de l'environnementmarin: suivi des effets de la pêche littorale en Afrique du Nord-Ouest.Alterra-report 666. Alterra, Wageningen, Pays-Bas.

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ANEXO 1

MATERIAIS DE CAMPO PARA ACÇÕES DE MONITORIZAÇÃO

o Binóculoso Telescópioo Máquina fotográficao GPSo Pilhaso Contadores manuaiso Paquímetro (craveira)o Balanças de mola (Pesola)o Balanças electrónicaso Tubos de diferentes tamanhos e taças (para pesar juvenis)o Sacos para aveso Anilhas metálicaso Anilhas coloridaso Alicate de anilhagemo Alicate para abertura de anilhaso Régua (para medir cabeça+bico)o Régua (para medir o comprimento da asa)o Fichas para anotar tamanho das posturaso Fichas para anotar dimensão dos ovoso Fichas para condição físicao Gráficos de desenvolvimento dascrias (4 espécies)o Fichas de anilhagemo Pequenas estacas numeradaso Estacas de maior dimensãoo Cadernos de campoo Lápis e Canetas

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ANEXO 2

FICHA PARA RECOLHA DE DADOS DO TAMANHO DAS POSTURAS

ESPÉCIE: Gaivota-de-bico-fino LOCAL: IaO

DATA: 1 de Maio de 2003 OBSERVADOR: .....

FICHA N° ...

Número de ovos nos ninhos

1 ovo 2 ovos 3 ovos 4 ovos

///// ///// ///// ///// ///// ///// ///// ///// ///// ///// ///// ///// / ///// ///// ///// ///// ///// /////

///// ///// ///// ///// ///// ////////// ///// ///// ///// ///// ////////// ///// ///// ///// ///// ////////// ///// ///// ///// ///// ////////// ///// ///// ///// //////// ////

Total deninhosNúmero total de ninhos

21 114 98 10 243x1 = x2 = x3 = x4 =

Número total de ovos Total deovos

21 228 294 40 583

TAMANHO MÉDIO DAS POSTURAS:Total de ovos / Total de ninhos = 583 / 243

= 2,40 ovos/ninho

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Número de ovos nos ninhos

1 ovo 2 ovos 3 ovos 4 ovos

Total deninhosNúmero total de ninhos

x1 = x2 = x3 = x4 =

Número total de ovos Total deovos

TAMANHO MÉDIO DAS POSTURAS:Total de ovos / Total de ninhos =

=

ESPÉCIE: LOCAL:

DATA: OBSERVADOR:

FICHA N°

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FICHA PARA RECOLHA DE DADOS DO TAMANHO DAS POSTURAS

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ANEXO 3

FICHA PARA RECOLHA DE DADOS DO TAMANHODOS OVOS

ESPÉCIE: Garajau-real LOCAL: Ilhas Bjol

DATA: 14 de Maio de 2003 OBSERVADOR: Equipa 2003

FICHA N° RT/03/01

Ninho n° # ovos Compr. largura volume1 1 58,00 40,60

2 1 57,70 39,703 1 57,70 41,204 1 62,69 42,495 1 61,98 42,616 1 57,93 39,887 1 61,00 41,758 1 57,10 41,709 1 69,30 40,9010 1 61,80 41,7011 1 60,40 41,50

12 1 62,10 41,2013 1 59,47 40,1314 1 59,50 42,0015 1 58,20 42,0016 1 62,30 41,5617 1 31,20 40,2218 1 61,18 41,0419 1 57,40 41,70

20 1 59,20 39,50

Média 1,00 60,31 41,17Desvio padrão 2,82 0,91

Ninho n° # ovos Compr. largura volume

MédiaDesvio padrão

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FICHA PARA RECOLHA DE DADOS DO TAMANHODOS OVOS

ESPÉCIE: LOCAL:

DATA: OBSERVADOR:

FICHA N°

PARA A MONITORIZAÇÃO DAS COLÓNIAS DE AVES MARINHAS NA ÁFRICA OCIDENTAL 81

Ninho n° # ovos Compr. largura volume

MédiaDesvio padrão

Ninho n° # ovos Compr. largura volume

MédiaDesvio padrão

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ANEXO 4

FICHA PARA RECOLHA DE DADOS DA CONDIÇÃOFÍSICA DOS JUVENIS

ESPÉCIE: Gaivota-de-bico-fino LOCAL: Ilhas Bijol

DATA: 14 de Maio de 2003 OBSERVADOR: Formação 2003

FICHE N° MtG/03/01

Anilha n° Cabeça + bico Peso- 61,05 170- 66,69 202- 70,14 218- 69,53 229- 67,46 225- 58,91 92- 62,94 171- 58,03 142- 67,80 181- 70,30 229- 67,20 225- 64,90 210- 68,30 231- 65,20 206- 72,50 257- 66,29 215- 64,00 206- 73,00 179- 58,30 151- 65,75 241

Anilha n° Cabeça + bico Peso- 61,05 170- 66,69 202- 70,14 218- 69,53 229- 67,46 225- 58,91 92- 62,94 171- 58,03 142- 67,80 181- 70,30 229- 67,20 225- 64,90 210- 68,30 231- 65,20 206- 72,50 257- 66,29 215- 64,00 206- 73,00 179- 58,30 151- 65,75 241

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FICHA PARA RECOLHA DE DADOS DA CONDIÇÃOFÍSICA DOS JUVENIS

ESPÉCIE: LOCAL:

DATA: OBSERVADOR :

FICHA N°

Anilha n° Cabeça + bico Peso Anilha n° Cabeça + bico Peso

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ANEXO 5

GRÁFICOS PARA DETERMINAÇÃO DA CONDIÇÃO FÍSICADAS CRIAS (Sterna caspia, Larus cirrocephalus, Sterna maxima eLarus genei)

84 MANUAL DE TERRENO

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ANEXO 6

FICHA DE DADOS DE ANILHAGEMLista de anilhas tal como utilizado no centro de anilhagem Holandês(Vogeltrekstation). Actualmente a maioria dos dados é inserida em computadore enviada por via electrónica.

Númeroda anilha Espécie M/F Idade Data Local

(povoação/município)Detalhes

LISTA DE ANILHAS

Anilhado por: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Tamanho da anilha . . . . . . . . . . . . . mm... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Utilizar apenas um tamanho de anilha e utlizar as anilhas pela ordem adequada.preencha o múmero comleto da anilha a cada dezena de anilhas; os dois últimosalgarismos já estão impressos na ficha. Anote a data da seguinte forma: 6-5-01. Envie aslistas logo que completas.Idade: P = pullus; V = Voador, idade desconhecida, 1a = ave nascida nesse ano, 2a …..etc.Para detalhes veja atrás.

86 MANUAL DE TERRENO

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Númeroda anilha Espécie M/F Idade Data Local

(povoação/município)Detalhes

Detalhes - Utilizar apenas as seguintes desigmações:

NN -número total de crias no ninhoCP - em incubação ou a alimentar crias pequenas DT - anilhado por baixo do tarsoBR - anilhado num dormitórioBA - já estava anilhado com o nº….GA - esperar alguns diasMU - muda da cauda ou das rémiges

JU - plumagem de juvenilEC - em plumagem de muda (patos)MN - tiradas notas de mudaOA - ave doméstica ou de cativeiroOM - ave doente ou feridaBC - colocadas anilhas de corDE - transportada para outro local

(dar detalhes)

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A África do Oeste foi muito cedo identificada como uma zonaimportante para as aves aquáticas e marinhas, com a criação dosprimeiros parques dedicados nos anos 70 (Banco de Arguin naMauritânia, Delta do Saloum e Reserva Ornitológica de Kalissayeno Senegal). Especificamente para as aves marinhas, a regiãopossui vários aspectos importantes para a sua conservação,albergando percentagens importantes da população mundial dealgumas espécies, espécies endémicas vulneráveis e grandesconcentrações de espécies invernantes.

As aves marinhas sofrem grandes pressões em várias fases do seuciclo de vida. Nesta sub-região a pressão mais significativa resultada pesca e os maiores impactos têm lugar durante o períodoreprodutor em que as necessidades energéticas são mais fortes.

Para fazer face às ameaças potenciais sobre as aves e abiodiversidade marinha na África do Oeste, a FIBA, no âmbito doseu projecto Alcyon, iniciou um processo baseado nametodologia da BirdLife para identificação de Áreas Importantespara as Aves Marinhas no Mar (IBA - Important Bird Areas).

Este manual de terreno foi feito essencialmente para que ostécnicos das áreas protegidas envolvidos em actividades demonitorização e de investigação em colónias de aves nidificantes,possam adquirir competências sobre formas padronizadas derecolha de informação, que seguidamente possam ser utilizadapara análises sobre o estado das colónias e para a definição dasIBA e estabelecimento de medidas de protecção adequadas.