manual de investigação em psicologia

Upload: fernando-manuel-claudino-goncalves

Post on 05-Apr-2018

231 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    1/33

    MIP

    1

    INVESTIGAO EM PSICOLOGIA

    QUANTITATIVO-EXPERIMENTAL - Objectivo: Predizer e explicar fenmenos atravs da

    aplicao do mtodo (teste de teorias e de hipteses).

    QUANTITATIVO-CORRELACIONAL Objectivo: Compreender e predizer fenmenos atravs

    da anlise de correlao entre criveis ou construtos ou de variveis externas dos

    sujeitos (formulao de hiptesescativas existncia de relaes entre...).

    QUALITATIVA Objectivo: Compreender e descrever os fenmenos na sua globalidade, com

    base numa perspectiva naturalista e/ou etnogrfica, i.e. preocupa-se mais em analisar

    de uma forma ampla do que com a quantificao e manipulao dos fenmenos, (inclui a

    nvestigao-aco - psicologia crtica).

    O MODELO DE ARNAU

    Arnau prope trs nveis para o processo de investigao cientfica:

    1 - Torico-conceptual - Neste nvel predomina a actividade racional. Numa primeira

    fase procede-se delimitao da rea de investigao e pesquisa sobre as teorias e

    modelos existentes. Posteriormente, procede-se elaborao das hipteses

    empricas.Numa fase final da investigao, este nvel implica a discusso e generalizao

    dos resultados.

    2 - Tcnico-metodolgico - Este nvel implica a anlise dos problemas prticos e

    compreende o plano de investigao e a definio e implementao da estratgia de

    recolha de dados.

    3 - Estatstico-analtico - Consiste na fase de elaborao e reunio dos dados e do

    ajustamento e tratamento dos mesmos luz de modelos estatsticos existentes. Estes

    trs nveis concretizam-se em trs fase operativas:

    1) Planificao da investigao

    2) Execuo propriamente dita

    3) "Papper" - artigo

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    2/33

    MIP

    2

    O PROCESSO DE INVESTIGAO CIENTFICA

    O processo de investigao cientfica contempla vrias fase, que seguidamente sero

    descritas de forma sinttica:

    1 - Determinao do problema - O problema a questo que o investigador coloca e

    quer resolver. A identificao dos termos empricos que surgem quando se coloca uma

    problema, por sua vez, vo determinar a natureza da investigao:

    1.1.Investigao de carcter experimental - Os factores so susceptveis de

    manipulao restrita, tal permite estabelecer diferentes nveis dos mesmos por induo

    de diferenas (ex. A varivel independente com valores diferentes produzir efeitos

    diferentes na varivel dependente).

    1.2 Investigao de carcter no experimental - A identificao permite concretizar o

    nmero de factores susceptveis de manipulao activa (ex. verificar que o consumo de

    lcool pode estar relacionado com o rendimento escolar). Posteriormente, passa-se a

    uma manipulao mais restrita, mas nesta fase verifica-se apenas a existncia de uma

    relao entre os dois factores.

    2 - Reviso de antecedentes - Consiste na procura de informao relativa rea/tema

    que queremos investigar. Deve ser exaustiva e debruar-se no objecto de estudo que o

    problema coloca. Em funo da documentao e/ou produo cientfica existente a

    nossa investigao poder ser denominada de original ou de rplica.

    As hipteses de investigao so enunciados que antecipam a soluo do problema

    descrevendo a eventual relao funcional existente entre duas ou mais variveis, mas

    cuja veracidade ainda no foi comprovada.

    3- Mtodo- O mtodo de uma investigao cientfica compreende trs fases:

    1. - Seleco dos sujeitos que vo constituir a amostra e vo proporcionar a medida da

    varivel de resposta e consequentemente os resultados da investigao.

    2. - Determinao do instrumento e materiais a utilizar.

    3. - Definio e operacionalizao das variveis e a forma como estas vo ser medidas e

    avaliadas.

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    3/33

    MIP

    3

    5) Escolha do Desgn - Esta escolha deriva, em muito, das decises tomadas nas fases

    anteriores,nomeadamente, no que diz respeito ao nmero de variveis a

    manipular/controlar e acolha das tcnicas de controlo experimental.

    Mediante uma determinada situao experimental podemos escolher diferentes designs

    em funo dos elementos materiais disponveis e das vantagens / desvantagens que

    podemos ter em termos de validade da investigao .

    6) Implementao de procedimentos - Nesta fase esto implicadas as decises relativas

    ao sistema de registo / recolha de respostas / resultados, redaco de instrues, etc..

    Esta fase pressupe, portanto, a operacionalizao das variveis, a aplicao de provas,

    a recolha e o tratamento de dados.

    PROCESSOS DA INVESTIGAO SEGUNDO BUNGE

    Segundo Bunge, a investigao pressupe trs tipos de processos, sendo eles:

    O processo metodolgico - Isto , a investigao constituda por um conjunto de passos

    a seguir para obter a soluo do problema.

    O processo lgico - A investigao constitui-se com uma conjunto de elementos

    conceptuais que intervm com toda a lgica que lhes deve estar associada. Este processo

    paralelo ao processo metodolgico.

    O processo expositivo - No qual esto inerentes a elaborao e redaco dos resultados

    da investigao. A investigao contempla, ainda, dois subprocessos que ocorrem em

    sentido inverso:

    O subprocesso de verificao - Este subprocesso dedutivo e provatrio. O seu

    carcter dedutivo advm do facto de partir da teoria existente para a realidade, no

    sentido de verificar a aplicabilidade da primeira na segunda, seguindo a seguinte

    sequncia:

    TEORIA MODELOS IDEIAS FACTOS

    Verificao das ideias cientficas

    0 subprocesso de teorizao - Este subprocesso indutivo, pois partindo de uma

    realidade observada, elaboram-se proposies empricas que, se confirmadas, podem dar

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    4/33

    MIP

    4

    origem a leis cientficas, que por sua vez, aps agrupadas e interrelacionadas podem

    resultar na elaborao de uma teoria. Este subprocesso comea onde termina o

    subprocesso de verificao. Em sntese, segue a seguinte sequncia:

    REALIDADE OBSERVADA PROPOSIES EMPRICAS LEIS CIENTFICAS TEORIAS

    DETERMINAO DE UM PROBLEMA EM INVESTIGAO CIENTFICA

    A determinao de um problema em investigao consiste na aco mediante a qual se

    especfica de modo concreto o tema que se pretende investigar. O tipo de questes

    nerentes a uma investigao podem relacionar-se com algo que se procura conhecer

    estudo descritivo) ou com algo que se pretende explorar no sentido de obter respostas

    estudo explicativo).

    O problema pode ser formulado como:

    Questo - a investigao estar, ento, voltada para a compreenso ou explicao de

    um determinado fenmeno. Ou Resposta - a investigao procura uma resoluo ou

    forma de melhoria para determinada questo, ou seja, como aplicar determinada

    metodologia ou tratamento, ou agir sobre determinada situao. Consideraes a ter na

    determinao de um problema0Para efectuar uma determinao adequada de um

    problema a investigar necessrio t er em conta determinados aspectos relevantes:

    1 - Se a investigao psicossocial, ento o problema deve assumir o mesmo carcter.

    2- O problema deve ser concreto e real, assim como deve ser formulado de forma clara e

    precisa.

    3 - Deve dedicar-se especial ateno influncia dos juzos de valor no sentido de, na

    medida do possvel, ser controlada.

    4) O problema deve ser observvel e susceptvel de experimentao, ou de algum modo

    contrastvel ou verificvel por comparao realidade.

    5) O problema deve ser representativo e susceptvel de generalizao, isto , no nos

    deve remeter para casos nicos ou isolados.

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    5/33

    MIP

    5

    6) O problema deve representar alguma novidade ou mais valia para a cincia em

    estudo e/ou para a realidade em que se insere. Se a investigao no implicar algo que

    possa significar um avano ou desenvolvimento em relao aos conhecimentos j

    existentes de nada serve repetir a anlise dos fenmenos ou a reviso de questes j

    resolvidas.

    PASSOS NA DEFINIO DE UM PROBLEMA

    1) Identificao O primeiro passo, como bvio, consiste na identificao do problema.

    Ainda nesta fase, devemos descrev-lo e relacion-lo. Na identificao importante que

    o investigador tenha conhecimentos tericos, competncias, interesses (para alm das

    caractersticas que j foram referidas) e experincias que lhe possam servir de suporte.

    Este conjunto de atributos ir permitir orientar as observaes e contactos de

    aprofundamento de uma forma mais ajuda.

    Assim o investigador poder considerar:

    1.1 teorias j existentes;

    1.2.observao de comportamentos/fenmenos;

    1.3 problemas prticos, cuja resoluo seria til (investigao aplicada, problem

    oriented search- propostas e/ti pistas decorrentes de outras investigaes.

    2) Avaliao da pertinncia e qualidade do problema Para alm das consideraes a

    ter na determinao de um problema,anteriormente referidas, ao avaliar a pertinncia do

    problema devemos verificar se:

    2.2 H condies para estud-lo: rheios tcnicos, meios materiais,disponibilidade e

    receptividade do contexto e seus actores;

    2.3 operacionalizvel luz de uma hiptese cientfica;

    2.4 relevante para a teoria e/ou prtica, ao nvel dos custos (materiais e humanos)

    sem ultrapassar os interesses dos envolvidos. Os resultados e aplicaes da investigao

    devem ser relevantes e trazer alguma vantagem ao nvel da produo cientfica e/ou dos

    contextos em estudo e seus intervenientes;

    2.5 Deve permitir a expresso clara de uma relao entre duas ou mais variveis;

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    6/33

    MIP

    6

    2.6 Deve ser expresso de forma clara de modo a no dar lugar a imprecises;

    2.7. Deve ser susceptvel de verificao cientfica.

    Reviso de Antecedentes

    A reviso de antecedentes relativos a uma determinada rea sobre a qual recai o

    problema de investigao definido importante pois permite-nos:

    1- aceder ao estado de conhecimentos no domnio do nosso estudo;

    2- conhecer as teorias existentes que podem contribuir para a explicao do fenmeno e

    posteriormente equacionar o modelo de anlise a seguir;

    3- conhecer a(s) metodologia(s) mais frequentemente usada(s) no estudo do problema em

    causa e/ou metodologias a evitar ou menos adequadas;

    4- aceder a questes levantadas por outros investigadores e/ou sugestes relevantes

    dadas plos mesmos (assim como erros ou outras dificuldades que possam surgir na

    nvestigao). Fontes para reviso de antecedentes: pesquisa bibliogrfica, consulta de

    bases de dados, contactos com outros investigadores, conferncias e congressos, etc..

    A FORMULAO DE HIPTESES

    "hiptese uma proposio testvel, que pode vir a ser soluo do problema"

    McGuigan (1976)Uma hiptese bsica numa investigao, na medida em que orienta

    todo o processo subsequente e pode mesmo contribuir para a determinao do carcter

    da investigao.

    Traos essenciais de uma hiptese

    1- Representa um possvel soluo para o problema de investigao;

    2- Estabelece uma relao funcional entre duas ou mais variveis;

    3- A sua veracidade ainda no foi comprovada; Estabelece uma possvel orientao a

    seguir no decorrer da investigao.

    Princpios a considerar na formulao de uma hiptese

    Segundo McGuigan (1976), uma hiptese deve:

    1- ser testvel;

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    7/33

    MIP

    7

    2- ser justificvel, requerendo-se para tal o seu enquadramento no mbito das

    hipteses j existentes na rea de estudo;

    3 - ser relevante para o problema em estudo;

    4- obedecer aos princpios da lgica;

    5- ser quantificvel;

    6- reunir generalidade explicativa.

    Segundo Freire e Almeida (1997):

    1- as variveis, relaes e condies que se pretendem estudar e testar devem ser

    passveis de avaliao;

    2 - a relao estabelecida no deve ter inerentes juzos de valor;

    3 - a formulao da hiptese deve deixar em aberto ou fixar de imediato um determinado

    sentido para a relao entre variveis ou para as diferenas entre grupos.

    REQUISITOS DE UMA HIPTESE

    Wolman (1960)

    Segundo Wolman, uma hiptese deve ser:

    1- livre de contradies internas;

    2- susceptvel de comprovao;

    3- a sua contrastao deve implicar utilidade;

    4- deve antecipar ("saber prever");

    5- o seu enunciado deve ser claro e concreto.

    TIPOS DE HIPTESES

    Os tipos de hipteses existentes decorrem de dois factores: o processo deformulao que

    esteve na sua origem e o seu nvel de concretizao.Assim, elas podem decorrer de um

    determinado campo terico, no sentido de comprovar as teorias - dedutivas - ou podem

    decorrer da observao de umarealidade concreta - indutivas.

    Quanto ao nvel de concretizao , elas podem ser:

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    8/33

    MIP

    8

    1- conceptuais quando estabelecem uma relao entre variveis ou relativa a uma ou

    vrias teorias;

    2 - operativas - quando indicam as operaes necessrias sua observao; estatsticas

    -quando expressam uma relao esperada (em termos quantitativos).

    Hipteses Estatsticas

    AS HIPTESES ESTATSTICAS PODEM FORMULAR-SE ATRAVS DE UMA:

    1- implicao condicional - se...ento - ou seja, tendo carcter dedutivo-experimental;

    ou - proposio relacional - as pessoas que...tambm - ou seja, tendo carcter indutivo-

    correlacional.

    As variveis

    A formulao de hiptese tem implcita a identificao das variveis e das

    relaes existentes entre elas. Em Psicologia os modelos tradicionais de investigao so

    o experimental e o correlacionai, da deriva o sentido atribudo s variveis nesta rea

    do conhecimento:

    Experimental: A investigao experimental entende a varivel como quantificao de

    comportamentos, tendo, para alm disso uma funo explicativa dos mesmos. A varivel

    vista como um factor determinante/determinado ou interveniente.

    Correlacional :A investigao correlacionai pressupe que a varivel tem por objectivo

    expressar e quantificar relaes entre dimenses (nomeadamente psicolgicas). A

    varivel est relacionada com as dimenses do comportamento avaliadas ou com

    construtos - conceitos mais amplos - (ex. inteligncia). Neste tipo de investigao a

    varivel assume, portanto, um carcter mais descritivo do que explicativo.

    Construtos: Entende-se por construto uma dimenso latente do comportamento

    humano, de carcter abstracto, ex.: inteligncia, personalidade, etc.. Uma investigao

    que se debruce sobre um destes conceitos no poder operacionaliz-los seno atravs

    de variveis que os traduzam, visto que eles no so mensurveis de forma directa.

    Assim, as variveis sero indicadores dos construtos. As perspectivas comportamental e

    ecolgica em Psicologia tem desenvolvido, por sua vez, um trabalho considervel no

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    9/33

    MIP

    9

    sentido de conseguir A medir os comportamentos de forma directa (ex. registo de

    frequncia, durao e intensidade de comportamentos; quantificao de estmulos,

    dimenses pessoais e respostas).

    O processo pelo qual se traduz um construto em variveis designa-se como

    operacionalizao das dimenses que segundo Bravo (1985) se desenvolve em 4 fases:-

    >enunciao da varivel; deduo das principais dimenseSr^procura de indicadores

    concretos;e construo de ndices que possibilitem a medida.

    Estatuto das Variveis

    As variveis podem assumir diferentes papis em investigao, em funo do impacto

    que geram ou sofrem. Seguidamente so apresentados os diferentes tipos de variveis

    em funo do estatuto que podem assumir num processo de inve stigao:

    Varivel Independente, experimental ou de tratamento a varivel, dimenso ou

    caracterstica que manipulamos intencionalmente, o objectivo de conhecer o impacto

    que o seu valor pode produzir na varivel dependente. Poder ser considerada activa (se

    houver uma manipulao efectiva) ou atributiva (se considerarmos as caractersticas

    naturais dos sujeitos).

    Varivel Dependente ou critrio

    a varivel, dimenso ou caracterstica cujo valor, condio ou presena varia em

    funo das manipulaes que efectuamos na varivel independente.

    Varivel Interveniente, moderadora ou intermdia - a varivel que apesar de alheia

    ao experimento pode influenciar os resultados e desvirtu-los, diz-se moderadora pois

    pode interferir no comportamento, assumindo-se como intermdia entre as outras

    variveis. O seu controlo difcil de efectuar devido ao seu carcter interactivo.

    Varivel Parasita - a varivel que apesar de alheia ao experimento afecta a varivel

    dependente e seus resultados atravs da associao varivel independente.

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    10/33

    MIP

    10

    Procedimentos de Controlo - O controlo destas variveis em estudos experimentais

    pode ser efectuado atravs de procedimentos tais como: a identificao, a eliminao; a

    manuteno da constncia das condies; o balanceamento das condies; o

    contrabalanceamento dos sujeitos, e a aleatorizao dos grupos de sujeitos nas vrias

    condies. Seguidamente, explica-se cada um dos procedimentos de controlo das

    varaveis :

    1-Identificao - Efectua-se a anlise, distino e identificao das variveis parasitas.

    2-Eliminao - Sempre que possvel, aps identificar as variveis parasitas estas devem

    ser eliminadas.

    3-Manuteno da constncia das condies - Quando as variveis parasitas no podem

    ser eliminadas uma das alternativas possveis mante-las constantes.

    Ex. Se a forma como o profissional que aplica uma prova d as instruesn interfere na

    VD, ento devemos manter o mesmo profissional para todos os sujeitos.

    4-Balanceamento das condies - Consiste em distribuir de forma equitativa os

    sujeitos em funo dos valores que a varivel parasita pode assumir. Se uma varivel

    parasita como a idade pode interferir nos valores da VD, ento devemos tentar distribuir

    de forma equitativa sujeitos de diferentes - grupos etrios pelo grupo controlo e pelo

    grupo experimental.

    5-Contrabalanceamento dos sujeitos - Este procedimento tem em vista eliminar a

    nterferncia do efeito de fadiga, de treino e de memorizao. Assim, os sujeitos de um

    experimento (ex. realizar 3 testes) devero ser divididos em grupos no sentido de

    possibilitar que todas as possibilidades de sequncia sejam esgotadas (T1- T2 - T3; T1 -

    T3 - T2; T3 - T2 - T1; T3 - T1 - T2, et e.).

    6-Aleatorizao dos grupos de sujeitos - Este procedimento consiste em seleccionar

    aleatoriamente os sujeitos para cada um dos grupos a constituir.

    7-Emparelhamento dos sujeitos - Este procedimento complementar, tem por objectivo

    assegurar a aleatorizao e em simultneo uma certa equidade entre os grupos (no

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    11/33

    MIP

    11

    respeitante aos valores da VI).Outra alternativa consiste em agrupar os sujeitos por

    ntervalos de valores relativos VI, mas este procedimento no s dispendioso como

    pode limitar a generalizao dos resultados (reduo da variabilidade).

    Em sntese, pode dizer-se que identificar e controlar as variveis parasitas no

    simples. Contudo, o recurso literatura alusiva investigao da rea pode ser til no

    reconhecimento de algumas variveis parasitas.

    Anlise do comportamento - O Sistema "EORC"

    As correntes behavioristas defendem que o comportamento constitui um sistema

    dinmica para o qual convergem diversas variveis. O sistema "EORC" (Gonalves,

    1990), por sua vez, consiste numa operacionalizao das principais variveis associadas

    ao comportamento:

    E - estmulo; O - Organismo; R - Resposta e C - Consequncias.

    E Estmulo Consideram-se variveis estmulo as variveis ambientais ou aquelas que

    ocorrem imediatamente antes da resposta, sendo desencadeadoras da mesma. Esta

    conceptualizao traduz a influncia da escola de reflexologia sovitica e do

    behaviorismo clssico norte-americano, que valorizavam amplamente o papel do estmulo

    no comportamento. Assim, o ambiente e as aprendizagens anteriores, como estmulos

    que so assumem propriedades discriminativas e de reforo dos comportamentos.

    O- Organismo As variveis organsmicas so inerentes aos sujeitos e sua

    ndividualidade. Consideram-se, como tal, variveis pessoais e individuais, orgnicas e

    relativas histria pessoal do sujeito. Incluem-se, portanto, variveis genticas,

    fisiolgicas, educacionais e ambientais. Muitas destas variveis so, muitas vezes,

    representadas em construtos como a inteligncia, a personalidade, etc..

    R Resposta Entende-se por varivel resposta toda a manifestao comportamental ou

    conduta, de carcter motrico e/ou emocional (e respectivo significado associado). A

    anlise desta varivel deve, contudo, ser ampla e atender globalidade da situao quer

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    12/33

    MIP

    12

    na avaliao quer na interveno. Isto , no nos devemos centrar apenas num dos

    aspectos (a situao deve ser analisada como um todo, incluindo as vertentes cognitiva,

    social, etc.).

    C - Consequncias varivel consequncia consiste no estmulo contingente ou

    concomitante, no efeito .esposta, ou seja, posterior a esta. A consequncia ter,

    portanto, um papel importante na manuteno ou extino do comportamento, visto que

    a forma como for percebida pelo sujeito ser importante para a determinao da

    frequncia, da durao, da intensidade e da probabilidade de ocorrncia do

    comportamento no futuro.

    PARMETROS DE MEDIDA

    A quantificao dos comportamentos, atravs da parametrizao das variveis

    , sem dvida, mais simples sempre que se recorra a equipamentos e instrumentos

    que permitam um nvel elevado de controlo, conforme o obtido em condies

    Os seguintes parmetros de medida das variveis, operacionalizadas segundo o

    Sistema "EORC", podem ser considerados em conjunto ou separadamente, mas em

    qualquer dos casos servem para quantificar o comportamento em anlise.

    1- FREQUNCIA de ocorrncia da resposta;

    2- INTENSIDADE da resposta;

    3- VELOCIDADE / qualidade da resposta;

    4- PROBABILIDADE de ocorrncia da resposta;

    5- DURAO da ocorrncia da resposta;

    6- Intervalo de tempo entre duas ou mais ocorrncias.

    NATUREZA DA MEDIDA DAS VARIVEIS

    As variveis podem ser apreciadas em funo da sua natureza e do tipo de apreciao

    quantitativa das suas manifestaes.

    Quanto natureza podemos distinguir variveis QUALITATIVAS e variveis

    QUANTITATIVAS, conforme seguidamente descrito.

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    13/33

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    14/33

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    15/33

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    16/33

    MIP

    16

    O PLANO DE INVESTIGAO

    O plano de investigao assume uma grande importncia no processo na

    medida em que constitui um elemento organizativo e orientado r. A sua definio ,

    portanto, imprescindvel, e comporta a resposta a questes como: O que fazer ? Quando

    ? Como ? Junto de quem ? Por quem ? Com que recursos ? Como sero avaliados os

    efeitos ?

    Destas questes decorrem decises relativas a vrios aspectos, como:

    - A amostra - qual o efectivo necessrio, quais as suas caractersticas e qual a

    representatividade inerente a esse efectivo.

    - Os momentos de avaliao - Como sero manipuladas e medidas as variveis.

    - Os procedimentos - Como sero recolhidos os dados, com que meios e recursos.

    - O experimentador - Qual o seu papel e interveno no contexto de investigao.

    PLANO / DESIGN DE INVESTIGAO

    O plano / design de investigao consiste no conjunto de procedimentos e orientaes

    que deveremos seguir de forma a assegurar o rigor e o valor prtico da informao

    recolhida. Assim, importa definir:

    1) O alvo -junto de quem vamos intervir/experimentar/observar;

    2) O agente - quem vai intervir/avaliar;

    3) O timing - por exemplo, quando vamos introduzir a condio experimental e/ou

    efectuar avaliaes;

    4) A sequncia e o controlo - qual a sequncia de implementao das condies, como

    vamos emparelhar os grupos, como vamos controlar as variveis parasitas, etc..

    5) O objecto de avaliao -- o que vai ser avaliado e com que meios (comportamentos,

    situaes, etc.).

    A definio destes aspectos vai ser determinante para: as margens de erro; a

    segurana dos resultados; a relao entre resultados e as condies experimentais; a

    oossibilidade de generalizao dos resultados.

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    17/33

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    18/33

    MIP

    18

    8) Regresso estatstica - Em investigao no havendo "certezas absolutas" possvel

    que o acaso e a probabilidade nos remetam para situaes em que os efeitos observados

    na V.D. resultem apenas das leis probabilsticas e no da manipulao da V.L

    9) Difuso ou imitao da varivel tratamento - Este tipo de interferncia deve-se,

    muitas vezes, a "fuga de informao entre sujeitos". Assim, por exemplo,a passagem de

    nformao, relativa ao tratamento aplicado a um grupo, para outro grupo condicionar

    o comportamento deste. O segundo grupo tender a exibir comportamentos que

    considera desejveis. Este tipo de interferncia mais frequente quando h uma

    aplicao sequencial da varivel tratamento aos diferentes grupos.

    GRUPOS E MOMENTOS NUM PLANO DE INVESTIGAO

    No desenvolvimento do processo de investigao importa, tambm, definir o processo de

    seleco dos sujeitos e os momentos em que vai decorrer a recolha dos dados.

    PLANOS EXPERIMENTAIS

    Os planos experimentais caracterizam-se por contemplar 2 ou mais grupos, em que cada

    um deles corresponde a uma condio, assim, na maior parte das mestigaes temos:

    - o grupo EXPERIMENTAL - que ser alvo da condio experimental - V.L;

    - o grupo CONTROLO -que no ser alvo da V. l.;e/ou

    o grupo PLACEBO - que ser alvo de uma condio ou tratamento de efeito neutro , tendo

    associada a vantagem de reduzir a curiosidade associada ausncia de condio e

    respectivas consequncias, conforme acontece no grupo controlo.

    Validade externa

    Definio - A validade externa reporta s condies que podem afectar a

    representatividade dos procedimentos e resultados e consequentemente a possibilidade

    de generalizao populao, a outras amostras ou a outras situaes.

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    19/33

    MIP

    19

    FACTORES QUE PODEM AFECTAR A VALIDADE EXTERNA

    1) Reactividade experimental - O simples facto de os sujeitos participarem na

    nvestigao pode alterar os seus padres comportamentais.

    2) Interaco tratamento - atributos - Este efeito tem a ver com aspectos relativos

    seleco dos sujeitos. Por exemplo, se a nossa amostra for constituda por estudantes

    universitrios ou por uma minoria tnica teremos dificuldades em generalizar os

    resultados populao em geral.

    3) Efeito reactivo do pr-teste - Se os sujeitos for submetidos a um pr-teste estamos a

    aumentar a probabilidade de se verificarem as mudanas pretendidas, nomeadamente

    atravs do seu efeito de treino.

    4) Tratamentos MLTIPLOS - Considerando que tratamentos anteriores interferem

    sempre em tratamentos posteriores a validade externa ser afectada, na medida em que

    ser difcil distinguir os efeitos e o "peso" de cada tratamento.

    5) Novidade do TRATAMENTO - A novidade inerente participao interfere nos

    resultados, na medida em que lhe esto sempre associadas a curiosidade e a motivao,

    aspectos que sem dvida alteram o comportamento dos sujeitos.

    Na seleco dos grupos, para assegurar a significncia dos resultados,

    poderemos recorrer a uma das seguintes alternativas:

    - efectuar uma seleco aleatria dos sujeitos;

    - proceder ao emparelhamento dos sujeitos;

    - implementar os procedimentos de modo que todos os sujeitos/g rupos

    passem por todas as condies possveis.

    Momentos da avaliao Os momentos da avaliao numa investigao servem, na

    globalidade, para apreciar os efeitos, as mudanas ou ganhos obtidos.

    O PR-TESTE - Efectua-se antes da aplicao da condio experimental ou tratamento,

    no sentido de conhecer o estado que a precede. Na sua aplicao deve considerar-se o

    efeito da reactividade ao mesmo.

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    20/33

    MIP

    20

    O PS-TESTE - Efectua-se aps a aplicao da condio experimental ou A

    tratamento, no sentido de verificar o impacto da mesma.

    O FOLLOW-UP - Efectua-se decorrido um perodo tempo aps o final da investigao. O

    seu principal objectivo consiste em verificar se o efeito se mantm no tempo.

    particularmente usado em intervenes que visam a modificao de comportamentos.

    Em todos os momentos de avaliao, atrs referidos, o objectivo f inal verificar

    se a varivel independente produziu efeitos na varivel dependente. A opo por

    determinado(s) grupo(s) e por determinados momentos para efectuarmos a avaliao

    estaremos a obter uma combinao que nos pode remeter para um tipo de estudo em

    detrimento de outros. Assim podemos optar por um dos trs tipos de estudos que

    seguidamente so descritos:

    ESTUDO TRANSVERSAL:

    - H avaliao comparativa de grupos etrios diferentes;

    - H comparao dos resultados obtidos num mesmo momento;

    - Permite observar diferenas relativas evoluo global em funo do escalo etrio;

    - Tem a desvantagem de se poder verificar o "efeito de gerao" (as diferenas podem

    estar relacionadas com variveis associadas gerao-valores, atitudes, etc.).

    ESTUDO LONGITUDINAL

    - Os mesmos sujeitos so observados em vrios momentos ao longo dotempo;

    - Permite evitar o "efeito de gerao";

    - Tem as seguintes desvantagens: moroso; dispendioso; est sujeito ao efeito

    nteractivo das testagens sucessivas; contempla taxas mais elevadas de mortalidade

    experimental.

    ESTUDO SEQUENCIAL

    - Vrios grupos de sujeitos so observados em vrios momentos ao longo do tempo;

    - Permite avaliar diferenas inter e intra individua is;

    - Tem as mesmas desvantagens que o estudo longitudinal.

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    21/33

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    22/33

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    23/33

    MIP

    23

    de investigao tendem a ser mais flexveis e adaptados progressivamente adaptados

    as diferentes fases do processo. A recolha de dados efectuada de forma mais

    diversificada, em funo do tempo e do espao. Os mtodos de avaliao so mais

    nformais e menos quantitativos e contemplam, por exemplo:

    1) a entrevista;

    2) o registo directo;

    3) a observao participante;

    4) a anlise de documentos, etc..

    Obviamente, com estas caractersticas metodolgicas, mais difcil garantir a

    objectividade e validade dos resultados. Contudo, mtodos como a triangulao e a

    contrastao subjectiva podem auxiliar a contornar estas questes.

    POPULAO E AMOSTRAS

    Uma das formas de assegurar a significncia dos resultados de uma nvestigao

    garantir que as amostras utilizadas sejam vlidas, isto , que tenham qualidade.

    Os resultados devero, portanto, ser independente dos sujeitos tomados e estar

    ssociados condio experimental e sua manipulao. Assim, convm considerar, que

    na seleco dos sujeitos no tem qualquer iteresse incluir todos os sujeitos de uma

    populao (devido ao tempo, ao custo, acessibilidade e ao desinteresse estatstico que

    tal implica), contudo, mesmo no considerando todos os sujeitos devemos assegurar a

    possibilidade de generalizar os resultados.

    UNIVERSO: Consiste na t otalidade dos sujeitos/fenmenos/observaes que podem

    ser reunidos por obedecerem a uma determinada caracterstica.

    POPULAO: Consiste num conjunto de indivduos/casos/observaes onde se quer

    estudar determinado fenmeno.

    AMOSTRA: um conjunto de sujeitos/casos/observaes extrados de uma populao. A

    amostra deve representar a populao de que proveniente.

    SUJEITO: Cada um dos indivduos/elementos que constitui a amostra.

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    24/33

    MIP

    24

    Amostragem: Processo de seleco de parte de uma populao em que os

    sujeitos/situaes/observaes informam sobre as caractersticas da populao.

    A amostragem orienta-se por requisitos que visam garantir a validade dos resultados e a

    possibilidade de serem generalizados. Se a amostragem for orientada por princpios

    probabilsticos permite obter as amostras ditas "verdadeiras". Se for orientada por

    princpios no probabilsticos permitir obter grupos.

    ^ Entre os diversos mtodos de amostragem temos:

    amostragem aleatria simples;/ estratificada;/ sistemtica; por grupos;/ polietpica.

    Entre estes processos de amostragem os mais frequentemente utilizados em psicologia

    so a amostragem aleatria simples e a amostragem estratificada.

    Fluidamente apresentada uma sntese explicativa de cada uma deles.

    Amostragem aleatria simples Este o tipo de amostragem mais conhecido e tambm

    aquele que permite uma aior rigor cientfico. Uma amostra obtida desta forma

    caracteriza-se por:

    1) Ser obtida totalmente ao acaso;

    2) Evitar enviesamentos (amostras viciadas);

    3) Todos os sujeitos tm a mesma probabilidade de a integrar;

    4) A seleco de um sujeito no interfere com a seleco de outro;

    5) Permitir uma elevada probabilidade de generalizao dos resultados.

    A possibilidade de generalizao dos resultados ser tanto maior quanto maior forem:

    - a proximidade entre o nmero de sujeitos da amostra e o nmero de

    elementos da populao;

    - o nmero de sujeitos da amostra em funo dos estratos da populao;

    - a possibilidade de manter a aleatoriedade na escolha dos sujeitos e ao

    ongo da investigao.

    Entre as vantagens do mtodo de amostragem aleatrio simples, contam-se:

    1) O baixo custo;

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    25/33

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    26/33

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    27/33

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    28/33

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    29/33

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    30/33

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    31/33

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    32/33

  • 8/2/2019 MANUAL DE investigao em psicologia

    33/33

    33

    3) A apreciao da eficcia e qualidade das vrias alternativas de resposta;

    4) A identificao de alguns aspectos peculiares / dificuldades acrescidas de um

    determinado item;

    5) A possibilidade de conhecer as atitudes gerais dos sujeitos face aos itens e prova;

    6) A verificao da existncia de padres especficos por grupos de sujeitos e posterior

    eliminao de fontes de enviesamento.

    7) A deteco de itens mal construdos;

    8) O conhecimento, num primeiro nvel, das dificuldades dos sujeitos e da interferncia

    de estratgias mais ou menos eficazes;

    9) O conhecimento do grau de dificuldade dos itens, da suficincia das instrues e do

    tempo necessrio para a realizao da prova.

    Entre as DESVANTAGENS da utilizao desta tcnica podem enumerar-se:

    1) A capacidade de registo limitada

    O investigador tem, obviamente, uma capacidade de registo limitada e, por outro lado, o

    recurso a equipamentos que facilitem esta tarefa pode interferir nas respostas e

    consequentemente enviesar os resultados.

    2) Requer elevada capacidade de interiorizao dos sujeitos Para que esta tcnica seja

    eficaz os sujeitos devem ter uma elevada capacidade de interiorizao, de expresso e de

    verbalizao, o que nem sempre possvel com determinados grupos (ex. crianas,

    pessoas com baixo nvel de escolaridade).

    3) A dificuldade de a verbalizao acompanhar o processo mental Mesmo com treino, os

    sujeitos dificilmente conseguem verbalizar o que sentem no momento em que se d o

    processo mental. Por outro lado, natural que se verifique a tendncia dos sujeitos para

    generalizarem o procedimento de resposta aos primeiros itens para os itens seguintes.