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MANUAL DE INVESTIGAÇÃO DA UCM Coordenador científico-pedagógico: Fernando Canastra (PhD) Colaboradores: Frans Haanstra (MA.) / Elisabeth Szabo (Lic.) NAMPULA JANEIRO DE 2012

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Page 1: Manual de Investigação da UCM

MANUAL DE INVESTIGAÇÃO DA UCM

Coordenador científico-pedagógico: Fernando Canastra (PhD)

Colaboradores: Frans Haanstra (MA.) / Elisabeth Szabo (Lic.)

NAMPULA – JANEIRO DE 2012

Page 2: Manual de Investigação da UCM

2

Índice

Indice ....................................................................................................................... 2

Intodução ................................................................................................................ 3

Cap. 1 – Procedimentos para produção de textos científicos ................................ 4

1.1 – Trabalhos académicos ...................................................................................... 4

1.1.1 – Pesquisa bibliográfica .................................................................................... 4 1.1.2 – Análise e interpretação dos textos .................................................................. 5

1.1.3 – Aplicação e contextualização do conhecimento produzido ............................... 6

1.1.4 – Exemplo de uma recensão crítica ................................................................... 6

1.1.4.1 –Recensão crítica .......................................................................................... 7

1.2 – Monografia, trababalho de projecto e dissertação .............................................. 8 1.2.1 - Tipos de pesquisa .......................................................................................... 8

1.2.2 - Monografias................................................................................................... 9

1.2.3 – Trabalho de projecto (1º e 2º Ciclos) ............................................................. 10

1.2.4 – Dissertações (1º e 2º Ciclos) ......................................................................... 11

1.3 – Artigos científicos ........................................................................................... 12

1.3.1 – Estrutura de um artigo científico ................................................................. 12 1.3.2 – Critérios para a elaboração de um artigo científico ....................................... 13

Cap. 2 – Critérios para avaliar a pertinência científica dos textos produzidos .... 15

2.1 – Critérios para avaliar trabalhos académicos .................................................... 15

2.1.1 – Exemplo de uma grelha de avaliação de um ensaio ...................................... 15

2.2 – Critérios para avaliar monografias, dissertações ou trabalho de projecto .......... 17 2.2.1 – Monografias / dissertações .......................................................................... 17

2.2.1.1 – Exemplo de uma grelha de avaliação de dissertações ................................. 18

2.2.2 – Trabalho de projecto .................................................................................... 19

2.2.2.1 – Exemplo de uma grelha de avaliação do trabalho de projecto ..................... 20

2.2.3 – Artigos científicos ........................................................................................ 22

2.2.3.1 – Exemplo de uma avaliação “peer review” ................................................... 23 Cap. 3 - Recursos e instrumentos de pesquisa .................................................. 26

3.1 - Recursos electrónicos .................................................................................... 26

3.1.1 - Pesquisa de informação na internet ............................................................. 27

3.1.1.1 - Exemplo de um itinerário de pesquisa científica na internet ...................... 28

3.1.1.2 - Exemplos de ferramentas disponíveis na internet ..................................... 28 3.1.1.3 - Exemplos de bases de dados .................................................................... 28

3.1.2 - Revistas electrónicas .................................................................................. 29

3.1.3 - Repositórios científicos ............................................................................... 30

3.2 - Procedimentos e exemplos para aplicar as Normas APA .................................. 31

3.2.1 - Procedimentos a doptar na utilização das Normas APA ................................ 31

3.2.1.1 - Citações .................................................................................................. 31 3.2.1.2 - Citações simultâneas ............................................................................... 33

3.2.1.3 – Referências bibliográficas finais ................................................................ 34

3.2.1.3.1 – Livro colectivo ....................................................................................... 35

3.2.1.3.2 – Capítulo em livro colectivo ..................................................................... 35

3.2.1.3.3 – Artigo em revista científica ..................................................................... 35 3.2.1.3.4 – Dissertação de doutoramento ................................................................ 36

3.2.1.4 – Referências electrónicas ........................................................................... 36

Conclusão ............................................................................................................. 36

Referências bibliográficas ..................................................................................... 39

Page 3: Manual de Investigação da UCM

3

Introdução

A investigação científica tem, também,

como missão produzir conhecimento

útil e emancipatório.

(Os autores)

O presente Manual tem como principal propósito apoiar os docentes e

discentes da UCM que realizam actividade de investigação científica. Constitui

um guia metodológico ao nível da organização, produção, divulgação e

publicação científicas.

A sua utilidade inscreve-se na necessidade de estabelecer e adoptar alguns

procedimentos comuns em termos da “arte de fazer pesquisa”. Na realidade,

há vários manuais ou monografias disponíveis que, habitualmente, são

utilizados nas diversas Faculdades (e Extensões) da UCM. Não se trata, por

conseguinte, de substituir essa prática que procura dar resposta à

especificidade da formação especializada que aí é ministrada.

O nosso objectivo é procurar definir alguns critérios comuns (partilhados) no

campo da divulgação e publicação da actividade científica realizada na UCM.

Neste domínio, tratando-se de divulgar e publicar a nossa produção científica,

torna-se necessário seguir algumas orientações que se enquadrem nos

padrões de qualidade, de rigor e de exigência que, habitualmente, são exigidos

pelas Revistas Científicas de excelência.

O Manual encontra-se organizado em três grandes secções: (a) procedimentos

para a produção de textos científicos, (b) critérios para avaliar a pertinência

científica dos textos produzidos e (c) recursos e instrumentos de pesquisa.

A Equipa, responsável pela elaboração deste Manual, deseja que todos os

docentes e discentes da UCM possam tirar partido deste instrumento

metodológico no campo da actividade científica.

Page 4: Manual de Investigação da UCM

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Cap. 1 - Procedimentos para a produção de textos

científicos

Esta secção apresenta alguns dos procedimentos que podem orientar a

produção de textos científicos, quer no âmbito de trabalhos escolares, quer no

âmbito da elaboração de monografias, dissertações de mestrado e

doutoramento, quer, ainda, no âmbito da produção de artigos científicos.

1.1 – Trabalhos académicos

Os Trabalhos académicos são uma excelente ferramenta para reforçar a

contextualização do conhecimento produzido. Permitem estabelecer contacto

com a pluralidade de abordagens científicas e disciplinares. Facilitam o

desenvolvimento do raciocínio crítico e propiciam uma aproximação ao

pensamento complexo.

Entre outras competências os trabalhos académicos reforçam a prática:

(a) da pesquisa bibliográfica;

(b) da análise e interpretação de textos;

(c) da aplicação e contextualização do conhecimento produzido.

1.1.1 – Pesquisa bibliográfica

A pesquisa bibliográfica visa, entre outros aspectos, estabelecer contacto com

estudos (monográficos e/ou empíricos) com o intuito de clarificar e

fundamentar um determinado assunto, temática, problemática ou objecto de

estudo.

Os principais procedimentos a ter em conta, entre outros, são:

(a) começar por consultar dicionários, enciclopédias (de especialidade, por

exemplo, na área da medicina) ou manuais de referência (numa

determinada área científica e/ou disciplinar);

(b) de seguida, deve-se elaborar um mapa conceptual com os termos/temas

que importa pesquisar;

Page 5: Manual de Investigação da UCM

5

(c) finalmente, recorre-se aos recursos bibliográficos disponíveis, quer na(s)

biblioteca(s), quer na internet (bases de dados, revistas científicas,

repositórios científicos…).

Nota

Particularmente, em relação ao uso da internet, importa ter presente que a informação aí disponível nem sempre se enquadra nos parâmetros exigidos em termos científicos. Na terceira secção deste Manual, pode-se encontrar um conjunto de recursos online que procuram respeitar esta exigência científica (como é, por exemplo, o caso dos Repositórios Científicos, que a maioria das universidades já dispõe, ou, também, das Bases de Dados, catalogadas por área de especialidade ou, ainda, as revistas científicas em formato electrónico).

1.1.2 – Análise e interpretação dos textos

A análise e interpretação dos textos, que foram pesquisados e consultados,

são o suporte teórico para a produção de um determinado trabalho académico.

Considerando que a conceptualização é uma condição imprescindível para

realizar aprendizagens em qualquer domínio científico e/ou disciplinar,

importa, por isso mesmo, ter em conta alguns procedimentos:

(a) antes de se começar a escrever sobre um determinado assunto é preciso

ler, na medida do possível, várias obras e/ou artigos científicos que

estejam relacionados com esse assunto;

(b) de seguida, importa realizar Fichas de Leitura com o objectivo de

sintetizar o pensamento, ideias, posições ou teorias dos diversos

actores;

(c) finalmente, retomando o conteúdo já sintetizado nas Fichas de Leitura,

parte-se, então, para a organização e produção do texto.

Nota

As Fichas de Leitura são um óptimo instrumento para ter como suporte conceptual do texto produzido. Para além de sintetizar e organizar o conteúdo extraído dos autores, servem, também, como treino para aprender a interpretar o que se lê. Por conseguinte, o uso desta técnica de pesquisa pode facilitar o processo de articulação entre os vários pontos de vista convocados na elaboração de um trabalho académico. Sugestão: quando se elaborar uma Ficha de Leitura (aproximadamente de 10/15 linhas), deve-se evitar fazer transcrições dos textos lidos. Recomenda-se, pelo contrário, o resumo por palavras do próprio leitor. Assim, quando se utilizar o conteúdo das mesmas, basta referir entre parênteses o autor e data da(s) obra(s) e/ou do(s) artigo(s) científico(s). Uma outra sugestão é, para além do resumo, procurar definir as principais palavras-chave de cada autor. No final ficamos com um excelente Mapa Conceptual que nos ajudará a estruturar, organizar e sistematizar o texto académico.

Page 6: Manual de Investigação da UCM

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1.1.3 – Aplicação e contextualização do conhecimento produzido

A realização de trabalhos académicos visa, entre outros aspectos, facilitar o

processo de “transferência” do conhecimento produzido. Na realidade, ouvem-

se, muitos estudantes, que consideram o ensino universitário demasiado

teórico e descontextualizado do perfil formativo e profissional do curso que se

encontram a frequentar. Desta forma, o principal propósito da elaboração dos

trabalhos é aprofundar e sistematizar a relação entre “teoria-prática”.

Para que estes desempenhem uma função, verdadeiramente, útil, importa

seguir alguns procedimentos:

(a) ter como ponto de partida a metodologia de “resolução de problemas”

(ou metodologia de trabalho de projecto);

(b) eleger um “quadro teórico” que sustente o processo de análise,

interpretação e resolução do problema em estudo (conceptualização);

(c) inferir as asserções teórico-práticas a partir da triangulação (ou por

outras palavras, confronto de fontes e perspectivas) realizada em torno

da revisão de literatura especializada (contextualização e aplicação do

conhecimento produzido).

Nota

Os trabalhos escolares são uma ferramenta para desenvolver a autonomia dos estudantes em matéria de pesquisa científica e permitir a “transferência” (contextualização e aplicação) do conhecimento produzido. Sugestão: fases da produção de um texto académico. 1.ª Fase: exploração e formulação da problemática (primeira aproximação à literatura de especialidade); 2.ª Fase: conceptualização (síntese do pensamento, posicionamentos ou teorias dos autores, mediante a técnica de Fichas de Leitura); 3.ª Fase: contextualização e aplicação dos contributos extraídos da fase anterior (dando resposta ou propondo uma resolução para o problema identificado).

1.1.4 – Exemplo de uma Recensão Crítica

As Recensões críticas são um instrumento para desenvolver a competência em

matéria de discurso científico. Esta prática deve ser incentivada nos

estudantes, quer no âmbito do 1.º Ciclo, quer no âmbito do 2.º Ciclo. De

seguida, sugerimos um exemplo de uma Recensão Crítica.

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1.1.4.1. Recensão Crítica (procedimentos):

a) Capa

Nome do autor que procede à recensão (nome do aluno e turma),

Identificação completa da obra (autor/es, data, título e sub-título,

local de edição, editora e número de páginas);

Data da apresentação do trabalho;

Local de apresentação.

b) Leitura da obra

Descrição sumária das diversas componentes ou partes (textuais

e/ou pós-textuais) da obra mais susceptíveis de serem objecto de

estudo crítico;

Apreciação da:

(a) Estrutura geral ou organização da obra;

(b) Importância ou interesse geral da obra,

destacando a questão ou questões fundamentais

ali tratadas, bem como os métodos e técnicas de

investigação, para além dos principais conceitos;

(c) Posição retratada nas ideias do autor

relativamente a escolas ou correntes de

pensamento;

(d) Disposição de cada uma das partes da obra em

termos de relação e coerência expositivas, tendo

em conta o tratamento da realidade, que

constituem no seu todo o tema de trabalho;

(e) Linguagem (quanto a objectividade e clareza) e do

estilo discursivo usado pelo autor da obra.

Nota

Sugestão: a Recensão Crítica é um instrumento para desenvolver, entre outras, as seguintes competências: (a) postura crítica (uma vez que nos coloca perante a diversidade de perspectivas sobre um determinado

assunto); (b) capacidade de síntese (uma vez que nos obriga a resumir e sintetizar a complexidade do posicionamento dos autores lidos e interpretados); (c) capacidade interpretativa (uma vez que nos obriga a ler e a interpretar o ponto de vista dos autores). Este exercício é fundamental para elaborar o quadro teórico (revisão de literatura) de um trabalho académico, dissertação ou artigo.

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1.2 – Monografia, Trabalho de Projecto e Dissertação

A Monografia (1.º Ciclo), o Trabalho de Projecto (1.º e 2.º Ciclos) e a

Dissertação (2.º e 3.º Ciclos) procuram desenvolver competências no campo:

(a) da teorização e sistematização do conhecimento produzido, (b) da produção

de soluções e/ou resolução de problemas sociais e/ou profissionais e (c) do

desenvolvimento de competências de aprendizagem ao longo da vida. Por isso

dependendo do enfoque, da natureza da pesquisa ou do objecto de estudo, a

produção de conhecimento pode ter várias finalidades.

1.2.1 – Tipos de investigação

Existem vários tipos de abordagens (enfoques ou paradigmas) de investigação:

(a) positivista (empírico-teórico ou hipotético-dedutivo), (b) interpretativo

(sentido ou significado) e (c) crítico (participativo ou emancipador) (Flick, 2005;

Lincoln & Denzin, 2000).

Estas abordagens utilizam métodos “qualitativos” e/ou “quantitativos”

conforme a definição do objecto de estudo. Por conseguinte, o que determina a

escolha destes é, precisamente, a problemática em estudo. Como referem

Lessard-Hérbet e Boutin (2010, pp. 32-33) “(…) O facto de uma investigação

poder ser classificada de «interpretativa ou qualitativa provém mais da sua

orientação fundamental, do que dos procedimentos que ela utiliza. Uma

técnica de pesquisa não pode constituir um método de investigação»”.

Daí que para estes autores (Lessard-Hérbet & Boutin, 2010, p. 31), a

expressão “metodologias qualitativas” engloba, habitualmente, um conjunto

diversificado de abordagens: “observação participante, etnografia, estudo de

casos, interaccionismo simbólico, fenomenologia, ou, muito simplesmente,

abordagem qualitativa.”

A título de exemplo, se nos reportarmos aos Mestrados Profissionalizantes que

se ministram na UCM, a metodologia mais apropriada para realizar o Trabalho

de Projecto será numa modalidade de investigação-acção. Este tipo de

abordagem visa, sobretudo, permitir que o estudante aprenda a “reflectir na (e

sobre a) acção”, de forma a produzir conhecimento útil do ponto de vista da

sua autoformação. Assim, contrariamente à perspectiva positivista que

preconiza “um posicionamento neutro e distanciado” entre o investigador e o

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seu objecto de estudo, nas abordagens compreensivas ou interpretativas, o

investigador participa em todo o processo de investigação, uma vez que ele é o

principal instrumento de recolha e análise de dados (Flick, 2005; Lessard-

Hérbet & Boutin, 2010). Já no caso da investigação interpretativa na

modalidade de investigação-acção, particularmente em contexto de formação,

o investigador é, ao mesmo tempo, sujeito e objecto do estudo (Guerra, 2006;

Gutiérrez, 2003; Latorre, 2006).

Nota

Este Manual não pretende abordar de forma exaustiva as várias questões epistemológicas que se colocam ao processo investigativo. O nosso

propósito é tão-somente mostrar que a investigação científica não se confina, apenas, à chamada “investigação convencional”, associada, normalmente, à visão predominantemente positivista. O nosso posicionamento é de abertura perante as várias abordagens (Flick, 2005).

1.2.2 – Monografias (1.º Ciclo)

As Monografias visam, essencialmente, teorizar e sistematizar (ou, por outras

palavras, dar conta do “estado da arte”) uma área científica ou disciplinar

relacionadas com um determinada formação académica. O texto produzido é,

sobretudo, de natureza monográfica, dando particular relevância à revisão de

literatura de uma determinada área científica ou disciplinar.

Os principais procedimentos a seguir são, entre outros, os seguintes:

(a) formulação do problema (ou a formulação da asserção teórica);

(b) revisão da literatura;

(c) implicações teórico-práticas produzidas.

Nota

A Monografia, sobretudo, na maioria dos cursos ministrados na UCM, cursos com carácter profissionalizante, tende a ser cada vez menos usada como trabalho de final de curso. Contudo, caso se opte por esta

modalidade de pesquisa, importa seguir os seguintes passos: (a) partir de um problema ou asserção (teórica); (b) realizar pesquisa bibliográfica; (c) construir um quadro teórico; (d) dar resposta ao problema ou verificar a pertinência da asserção teórica. No final, o relatório de todo o processo investigativo assemelha-se a um ensaio clássico (filosófico).

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1.2.3 – Trabalho de Projecto (1.º e 2.º Ciclos)

O Trabalho de Projecto visa colmatar uma necessidade que se faz sentir, de

um modo geral, no ensino superior: dotar o estudante de maior “capacidade

operativa”. Na realidade, um pouco por toda a parte há muitos que

consideram que o ensino, que se tem vindo a ministrar no ensino superior, é

um ensino, essencialmente, teórico e descontextualizado. A tentativa que

presidiu ao Processo de Bolonha (na Europa) foi, por um lado, o de

“profissionalizar” o ensino académico e, por outro, estabelecer uma maior

ligação quer com experiência dos estudantes, quer com o mundo laboral (ou

com o mercado de trabalho). Daí o investimento de uma metodologia centrada

no desenvolvimento de competências no quadro de um determinado perfil

formativo-profissional (Le Boterf, 2011). Assim, a opção pelo Trabalho de

Projecto (tanto ao nível do 1.º Ciclo, como do 2.º Ciclo) justifica-se, cada vez

mais, uma vez que explora outro tipo de metodologia de pesquisa: a

“investigação-acção” (Elliot, 2005; Guerra, 2006; Latorre, 2006; Lewin et al.,

2006).

Este tipo de metodologia permite:

(a) produzir conhecimento numa óptica de utilidade pessoal, social e

profissional;

(b) integrar, numa retroalimentação permanente, o conhecimento e a acção

(teoria-prática);

(c) contribuir para a melhoria das práticas sociais e/ou profissionais.

Os principais procedimentos a ter em conta são, entre outros, os seguintes:

(a) ter como ponto de partida um “problema” (uma “experiência” ou um

“caso”);

(b) realizar uma conceptualização teórica (da área de intervenção);

(c) proceder à fundamentação da metodologia na modalidade de

investigação-acção (e das técnicas de recolha e registo no âmbito da

“observação participante”);

(d) caracterizar o projecto de investigação-acção;

(e) (apresentar a proposta de solução, resolução ou de melhoria;

Page 11: Manual de Investigação da UCM

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(f) sugerir os principais produtos esperados com este projecto ou, pelo

menos, pistas operatórias para a implementação futura do projecto

concebido.

Nota

O Trabalho de Projecto tem como grande potencialidade permitir uma maior articulação entre a teoria e a prática, entre a reflexão e a acção, entre o conhecimento e a aplicação do mesmo. Trata-se, deste modo, de realizar uma aplicação integrada de conhecimentos e de competências adquiridos ao longo do curso na execução de soluções para problemas específicos na área do curso que o estudante se encontra a frequentar. Poderá, ainda, ser de carácter multidisciplinar, promovendo a abordagem

de situações novas, a recolha de informação e bibliografia pertinentes, bem como a selecção fundamentada das metodologias e análise crítica dos resultados obtidos ou esperados.

1.2.4 – Dissertações (2.º e 3.º Ciclos)

As Dissertações inscrevem-se no quadro da chamada “investigação de

natureza académica”, isto é, procura produzir conhecimento teórico a partir da

articulação entre um quadro teórico e um processo de recolha, análise e

interpretação de dados empíricos. A sua principal finalidade visa produzir

conhecimento a partir de um “problema” (sob a forma de “pergunta de partida”

ou de “hipótese(s)”). Este tipo de modalidade de investigação destina-se,

particularmente, àqueles que pretendem seguir a via académica.

Os principais procedimentos a seguir são, entre outros, os seguintes:

(a) formular e contextualizar o problema;

(b) realizar a revisão de literatura;

(c) fundamentar a opção metodológica (quer em termos de enfoque quer em

termos de métodos: qualitativos e/ou quantitativos);

(d) apresentar os critérios que sustentam os procedimentos de aplicação

dos instrumentos e técnicas de recolha, análise e interpretação dos

dados;

(e) seleccionar o universo/amostra do estudo (caso se aplique);

(f) apresentar e analisar os dados;

(g) discutir os resultados (à luz do quadro teórico);

(h) apresentar as principais conclusões e sugerir recomendações para

investigações futuras.

Page 12: Manual de Investigação da UCM

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Nota

As Dissertações são uma modalidade de pesquisa que permite o aprofundamento, a teorização e a sistematização de uma determinada área científica ou disciplinar. Na maioria dos casos, opta-se por realizar uma abordagem interpretativa (habitualmente designada como “qualitativa”), onde a formulação do problema (em forma de “pergunta de partida”) se vai configurando ao longo de todo o processo de pesquisa. Contudo, se se optar por uma abordagem de tipo experimental (ou quasi-experimental) implica o teste de hipóteses formuladas previamente. Por conseguinte, a formulação de hipóteses requer uma base de sustentação teórica (revisão de literatura).

1.3 – Artigos científicos

Os artigos científicos são um instrumento essencial para divulgar a produção

científica. São, também, uma condição imprescindível para consolidar a

carreira de um professor no ensino superior, uma vez que este tende, cada vez

mais, a tornar-se, também, num investigador.

Há, fundamentalmente, duas modalidades de artigo científico. Uma em que a

investigação é de índole mais quantitativa e outra em que a investigação é

mais de índole qualitativa. Contudo, importa, também, referir que pode dar-se

o caso de um artigo reflectir, em conjunto, as duas modalidades. Por uma

questão metodológica, iremos abordar estas duas modalidades numa mesma

secção. No entanto, sempre que necessário proceder-se-á à distinção das duas

abordagens.

1.3.1 – Estrutura de um artigo científico

O artigo científico é, hoje em dia, um dos instrumentos mais utilizados para

divulgar a investigação científica produzida, quer seja no âmbito dos trabalhos

de final de curso (monografias, dissertações ou trabalho de projecto) ou de

projectos de pesquisa (bibliográfica ou de campo).

O artigo científico tem, habitualmente, a seguinte estrutura (Azevedo, 2004:

34-40):

(a) título do artigo, com a indicação do nome do(s) autor(es), do(s) cargo(s)

que ocupa(m) na instituição onde trabalha e contactos (e-mail e/ou

endereço postal);

(b) o resumo, que deve aparecer num tipo de tamanho inferior ao do tipo do

corpo do artigo (não ultrapassando uma centena ou centena e meia de

Page 13: Manual de Investigação da UCM

13

palavras). Este propósito importa ter presente que, a maioria das

revistas científicas, exige, também, um abstract em inglês (e, por vezes,

ainda noutras línguas, como por exemplo, em espanhol);

(c) as palavras-chave (três a cinco);

(d) introdução, que deve incluir, entre outros aspectos: os objectivos ou o

problema, as motivações/interesses do estudo, contextualização e

relevância do estudo;

(e) o quadro teórico, onde se apresentam, de forma sumária, outros

estudos empíricos relacionados com o problema em estudo;

(f) a opção metodológica (tipo de estudo, instrumentos e técnicas

seleccionados e procedimentos metodológicos);

(g) apresentação e discussão dos resultados (que no caso de abordagens

qualitativas se deve, também, justificar a escolha de determinados

participantes ou informantes ou a opção por determinadas unidades de

análise);

(h) conclusões e recomendações para futuras investigações;

(i) referências bibliográficas (onde só devem constar as referências citadas

no corpo do artigo). A maioria das revistas científicas adopta, como

modelo de referenciação/citação, o modelo das Normas APA (American

Psychological Association).

Nota

A escrita de um artigo científico, particularmente no âmbito da realização de investigações empíricas, constitui um exercício de capacidade de síntese. Sendo assim, o artigo deve ter entre 10 a 15 páginas (incluindo as referências bibliográficas).

1.3.2 – Critérios para a elaboração de um artigo científico

A produção de um artigo científico, sobre uma determinada investigação

empírica (particularmente no âmbito do mestrado e doutoramento), obedece,

habitualmente, a um conjunto de critérios:

(a) privilegiar uma linguagem objectiva (evitando expressões como “na

minha opinião”, “eu acho que”, “eu acredito que”…);

(b) recorrer, na medida do possível, a uma linguagem de teor mais técnico

(ainda que sem se refugiar em discursos herméticos, procurar ser claro

Page 14: Manual de Investigação da UCM

14

e rigoroso nos “dados” (nas investigações de índole mais quantitativa)

ou “significados” (nas investigações de índole mais qualitativa)

apresentados;

(c) procurar articular as várias secções, organizando-as numa perspectiva

holística (estabelecer ligações entre as várias secções do artigo);

(d) fundamentar, muito bem (particularmente as investigações de índole

qualitativa), os argumentos de ordem subjectiva (explicitando os

posicionamentos subjectivos, como por exemplo, as ideologias, os

valores, as crenças… do/a investigador/es);

(e) evitar citações directas dos autores referenciados (sugere-se, como

regra, a referenciação do autor/data, resumindo as ideias, teorias ou

posicionamentos dos textos lidos).

Nota

Sugestão: na elaboração de artigos científicos deve-se evitar, na medida do possível, a transcrição de textos dos autores que fundamentam o discurso de quem está a produzir o artigo. Contudo, importa, também, referir que a interpretação que se faz no quadro de uma revisão de literatura deve ser rigorosa, objectiva e sintética, evitando o discurso opinativo.

Page 15: Manual de Investigação da UCM

15

Cap. 2 - Critérios para a avaliar a pertinência científica dos textos produzidos

Nesta secção, indicam-se alguns critérios para a avaliar a pertinência

científica dos textos produzidos: (a) quer no âmbito de trabalhos académicos;

(b) quer, também, no campo da elaboração de monografias, dissertações (de

mestrado / doutoramento) ou de trabalho de projecto; (c) quer, ainda, no

contexto de produção de artigos científicos.

2.1 – Critérios para avaliar trabalhos académicos

Os Trabalhos Académicos, como já foi referido, visam, essencialmente,

articular teoria-prática. Neste sentido, são um excelente instrumento para

contextualizar a produção teórica dos saberes científicos, disciplinares e/ou

profissionais. Para que se possa tirar partido desta estratégia de

aprendizagem, importa seguir alguns critérios de avaliação:

(a) a formulação do problema (assunto, tema ou asserção) deve ser clara,

com relevância e bem delimitada;

(b) a opção metodológica deve estar fundamentada e em coerência com a

problemática definida (o critério determinante em que se deve basear a

opção metodológica centra-se, precisamente, nesta articulação);

(c) análise e interpretação (tendo como base de legitimação o quadro

teórico organizado em torno da revisão de literatura);

(d) conclusões e recomendações (procurando dar resposta à problemática e

sugerindo contributos teórico-práticos).

2.1.1 – Exemplo de uma Grelha de Avaliação de um Ensaio

O Ensaio classificado com Muito Bom (17 a 20 valores) evidencia:

a) Elevada organização e coerência entre as diversas secções do Ensaio;

b) Clarificação, delimitação e formulação da problemática em análise;

c) Contextualização e conceptualização teóricas da problemática em estudo;

Page 16: Manual de Investigação da UCM

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d) Indicação clara dos contributos teórico-práticos sugeridos no quadro da

análise e respectiva contextualização;

e) Clareza expositiva oral e escrita;

f) Argumentação cuidada e criativa;

g) Capacidade de síntese e de análise crítica;

h) Coerência na organização das citações / referências bibliográficas.

O Ensaio classificado com Bom (14 e 16 valores) evidencia:

a) Organização e coerência entre as diversas secções do Ensaio;

b) Delimitação e formulação da problemática em análise;

c) Conceptualização teórica da problemática em estudo;

d) Indicação e contextualização dos contributos teórico-práticos sugeridos

no quadro da análise;

e) Clareza expositiva oral e escrita;

f) Argumentação cuidada;

g) Capacidade de síntese e de análise crítica;

h) Coerência na organização das citações / referências bibliográficas.

O Ensaio classificado com Suficiente (10 a 13) evidencia desequilíbrio entre

pontos fortes, e apresenta pontos fracos ao nível de:

a) Organização estrutural das diversas secções do Ensaio;

b) Formulação da problemática em análise

c) Conceptualização teórica da problemática em estudo;

d) Indicação dos contributos teórico-práticos;

e) Clareza expositiva oral e escrita;

f) Argumentação evidenciada;

g) Capacidade de síntese;

h) Coerência na organização das citações / referências bibliográficas.

Nota

Sugestão: a avaliação dos trabalhos académicos deve basear-se num

roteiro onde constem os critérios de avaliação, os procedimentos a seguir na estruturação do texto e os procedimentos relacionados com os aspectos formais. Este roteiro deverá ser entregue aos estudantes logo no início da disciplina/módulo. O sucesso do trabalho, em termos de produto final, dependerá, sobretudo, desta explicitação relacionada com o processo de produção, bem como da forma com este será acompanhado de produção de feedback, no decorrer da elaboração do mesmo.

Page 17: Manual de Investigação da UCM

17

2.2 – Critérios para avaliar monografias, dissertações

ou trabalho de projecto

A opção pela modalidade de pesquisa que se pretende seguir na elaboração do

trabalho final de curso (1.º, 2.º ou 3.º Ciclos) de pende da natureza do perfil

formativo e profissional de cada curso. Por exemplo, no final do 1.º Ciclo,

pode-se optar por uma monografia estágio ou pelo trabalho de projecto. O

critério definidor prende-se com a natureza do próprio curso, se se enquadra

numa vertente de formação de natureza académica ou de formação de

natureza profissionalizante. No primeiro caso, a monografia é a modalidade

mais ajustada. No segundo caso, será o trabalho de projecto. O mesmo sucede

com o 2.º Ciclo, ainda que neste caso a modalidade de pesquisa de natureza

académica seja a dissertação. Quanto aos mestrados profissionalizantes, a

modalidade indicada é Estágio ou trabalho de projecto. Já em relação ao 3.º

Ciclo, em princípio, opta-se pela realização de uma dissertação. Devido a estas

especificidades, importa definir critérios específicos de avaliação para cada

modalidade.

2.2.1 – Monografias / dissertações

As monografias assumem, basicamente, os critérios que foram referidos para

os trabalhos académicos. A principal diferença é que o quadro teórico deve ser

muito mais sistematizado, em termos de fundamentação de investigação

teórica e/ou empírica.

Quanto às dissertações (de mestrado/doutoramento) os principais critérios a

seguir são:

(a) o título (que deve identificar, de forma clara e concisa, a problemática

em estudo);

(b) o resumo, ou em inglês, o abstract (que deve incluir, pelo menos, o

propósito do estudo, a metodologia adoptada e os principais

resultados); (c) o problema (que deve ser formulado com clareza, bem

delimitado e contextualizado; deve, ainda, mostrar a relevância do

estudo e os interesses do investigador);

Page 18: Manual de Investigação da UCM

18

(c) a revisão de literatura (que deve fundamentar e ampliar o contexto ou os

antecedentes do problema em estudo, procurando ser rigoroso quer em

termos formais, nas citações, quer em termos de conteúdos, conceitos);

(d) a metodologia (que deve fundamentar a opção metodológica, descrever

os procedimentos a aplicar em termos de instrumentos e técnicas de

recolha e análise de dados, definir os critérios da amostra utilizada e

explicitar os limites da pesquisa);

(e) a apresentação e análise de dados (que deve ter como suporte analítico

a problemática, formulada em termos de hipótese(s) ou a partir de

questões de investigação);

(f) a discussão dos resultados (que deve ter como referente de discussão o

quadro teórico construído em torno da revisão da literatura);

(g) as conclusões e recomendações (que devem dar resposta à problemática

e sugerir propostas para realizar investigações futuras);

(h) as referências bibliográficas (que devem ser organizadas a partir de um

determinado modelo e ser coerente com o mesmo, por exemplo, o

modelo das Normas APA);

(i) os apêndices e anexos (que devem sustentar o processo de pesquisa,

quer em termos de produção de instrumentos e materiais, no caso dos

apêndices, quer em termos de evidências recolhidas, no caso dos

anexos).

2.2.1.1 – Exemplo de um Grelha de Avaliação de Dissertações

A dissertação classificada com Muito Bom (17 a 20 valores) evidencia:

a) Elevada organização e coerência;

b) Indicação clara do problema de investigação e metodologia adequada ao

objecto de estudo;

c) Revisão bibliográfica nacional e internacional de grande actualização;

d) Utilização de fontes documentais de relevo para o estudo;

e) Conhecimento de estudos de investigação produzidos na área;

f) Quadro teórico e prático com grande ligação à área científica do ciclo de

estudos;

g) Exploração dos dados de forma elevada;

h) Clareza expositiva oral e escrita;

i) Argumentação cuidada e criativa;

j) Capacidade de síntese e de análise crítica;

k) Coerência na organização das citações / referências bibliográficas.

Page 19: Manual de Investigação da UCM

19

A dissertação classificada com Bom (14 e 16 valores) evidencia:

a) Organização e coerência;

b) Indicação clara do problema de investigação e metodologia adequada ao

objecto de estudo;

c) Revisão bibliográfica nacional e internacional de grande actualização;

d) Utilização de fontes documentais de relevo para o estudo;

e) Conhecimento de estudos de investigação produzidos na área;

f) Quadro teórico e prático com grande ligação à área científica do ciclo de

estudos;

g) Boa exploração dos dados;

h) Clareza expositiva oral e escrita;

i) Argumentação cuidada e criativa;

j) Capacidade de síntese e de análise crítica;

k) Coerência na organização das citações / referências bibliográficas.

A dissertação classificada com Suficiente (10 a 13) evidencia desequilíbrio

entre pontos fortes e apresenta pontos fracos ao nível de:

a) Organização e coerência estrutural;

b) Indicação do problema de investigação e metodologia adequada ao objecto

de estudo;

c) Revisão bibliográfica nacional e internacional;

d) Conhecimento de estudos de investigação produzidos na área;

e) Coerência na organização das citações / referências bibliográficas.

Nota

Sugestão: os Mestrados da UCM, de um modo geral, são de natureza profissionalizante. Neste tipo de mestrados, a modalidade de investigação mais apropriada é o Trabalho de Projecto. A Dissertação (no 2º Ciclo) é uma modalidade de pesquisa indicada para a realização de Mestrados de natureza académica.

2.2.2 – Trabalho de projecto

O Trabalho de Projecto visa a aplicação de conhecimentos e de competências

adquiridos ao longo do curso na execução de soluções para problemas

específicos na área de conhecimento do curso.

O Trabalho de Projecto deverá envolver componentes de carácter teórico e

prático (ou experimental), promovendo a compreensão e a resolução de

problemas em situações novas e não familiares, a selecção e recolha criteriosa

de informação e bibliografia adequadas, a adopção de metodologias,

preferencialmente, na modalidade de investigação-acção, a concepção de uma

Page 20: Manual de Investigação da UCM

20

solução para o problema proposto e respectiva implementação, e a análise

crítica dos resultados.

Os principais critérios que se devem seguir na avaliação do Trabalho de

Projecto são:

(a) a qualidade do diagnóstico (que deve ser feito no local onde se prevê a sua

aplicação);

(b) o rigor na formulação do problema (que deve ser formulado na óptica de

resolução de problemas);

(c) a qualidade da informação recolhida no quadro da revisão da literatura

(que deve centrar-se, sobretudo, na contextualização da problemática em

estudo, bem como na convocação de estudos empíricos relacionados com a

mesma);

(d) a justificação e fundamentação teórica da opção metodológica (que deve

procurar descrever as potencialidades da modalidade de investigação-

acção, bem como o processo de recolha e registo da “observação

participante”);

(e) a qualidade da proposta de intervenção (que deve dar conta das diversas

fases do projecto, designadamente, a caracterização do contexto de

intervenção, os objectivos, as estratégias, as actividades e os

produtos/resultados alcançados ou esperados);

(f) a qualidade e a profundidade da reflexão crítica produzida sobre as

principais implicações pedagógicas e autoformativas do projecto de

investigação-acção (que deve ter como principal propósito mostrar a

capacidade reflexivo-crítica do estudante).

2.2.2.1 – Exemplo de uma Grelha de Avaliação do Trabalho de Projecto

O Trabalho de Projecto classificado com Muito Bom (17 a 20 valores)

evidencia:

i) Elevada organização e coerência;

j) Diagnóstico fundamentado do ponto de vista teórico e sustentado

empiricamente;

k) Articulação e coerência entre o diagnóstico, formulação do problema e a

metodologia adoptada;

l) Contextualização e conceptualização teóricas da problemática em estudo;

m) Viabilidade, pertinência e sustentação da proposta de resolução (ou dos

produtos esperados);

Page 21: Manual de Investigação da UCM

21

n) Clareza expositiva oral e escrita;

o) Argumentação cuidada e criativa;

p) Capacidade de síntese e de análise crítica;

q) Coerência na organização das citações / referências bibliográficas.

O Trabalho de Projecto classificado com Bom (14 e 16 valores) evidencia:

i) Organização e coerência;

j) Diagnóstico fundamentado do ponto de vista teórico e empírico;

k) Articulação entre diagnóstico, formulação do problema e metodologia

adoptada;

l) Contextualização teórica da problemática em estudo;

m) Viabilidade e pertinência da proposta de resolução (ou dos produtos

esperados);

n) Clareza expositiva oral e escrita;

o) Argumentação cuidada e criativa;

p) Capacidade de síntese e de análise crítica;

q) Coerência na organização das citações / referências bibliográficas.

O Trabalho de Projecto classificado com Suficiente (10 a 13) evidencia

desequilíbrio entre pontos fortes e apresenta pontos fracos ao nível de:

i) Organização estrutural;

j) Diagnóstico fundamentado empiricamente;

k) Articulação entre o diagnóstico e a problemática;

l) Conceptualização teórica da problemática em estudo;

m) Pertinência da proposta de resolução (ou dos produtos esperados)

n) Clareza expositiva oral e escrita;

o) Argumentação cuidada;

p) Capacidade de síntese;

q) Coerência na organização das citações / referências bibliográficas.

Nota

Sugestão: o Trabalho de Projecto tem como propósito promover uma investigação no contexto de uma dinâmica formativa e/ou profissional. No âmbito dos Mestrados da UCM, esta metodologia centra-se, sobretudo, na

possibilidade de produzir reflexão (conhecimento profissional) em torno de uma experiência de formação (o trabalho de final de curso). Por isso, o papel da investigação-acção, mais do que produzir conhecimento teórico (ou validar teorias ou testar hipóteses), visa, essencialmente, permitir a aquisição de uma competência reflexiva (auto-distanciamento / auto-questionamento) no campo de uma experiência de intervenção profissional. Por isso, o principal critério de qualidade de um Projecto de Investigaçã-Acção tende a estar associado ao processo (auto)formativo da experiência em si.

Page 22: Manual de Investigação da UCM

22

2.2.3 – Artigos científicos

A produção de artigos científicos obedece a um determinado formato formal e

a sequência estrutural própria. Hoje, em dia, devido à exigência da carreira

académica, qualquer docente é chamado a realizar actividade científica,

divulgando-a e, na medida do possível, publicando-a em revistas científicas. A

UCM, a exemplo de outras universidades, investiu na criação de uma revista

científica, em formato electrónico (“Revista Electrónica de Investigação e

Desenvolvimento”). Para que este instrumento (ou outras revistas científicas)

seja utilizado com pertinência e qualidade científicas, importa seguir um

conjunto de critérios de avaliação:

(a) O título reflecte o conteúdo do artigo?

(b) O resumo é suficientemente conciso e informativo?

(c) As palavras-chave traduzem adequadamente o conteúdo do artigo?

(d) Os objectivos e propósito do artigo são devidamente identificados na

introdução?

(e) O artigo dá resposta ao que foi proposto?

(f) As figuras e tabelas acrescentam clareza ao conteúdo (quando se

aplicar)?

(g) A linguagem do artigo é adequada?

(h) O artigo é conciso? (Se não, indique que partes poderiam ser cortadas?)

(i) O artigo desenvolve um argumento?

(j) As conclusões resultam adequadas do estudo efectuado?

(k) As referências são suficientes e relevantes?

(l) O artigo é interessante e relevante para uma audiência nacional ou

internacional?

Nota

Sugestão: Para um maior aprofundamento veja-se o template disponibilizado pela Revista IE Comunicaciones. Recuperado a 18 de Janeiro, 2012 de: http://161.67.140.29/iecom/index.php/IECom/about/submissions#authorGuidelines.

Page 23: Manual de Investigação da UCM

23

2.2.3.1 – Exemplo de uma avaliação “peer review”

As revistas científicas, por norma, exigem uma avaliação conhecida por peer

review (revisão por pares). De seguida, apresentamos um exemplo com

indicadores que, habitualmente, são utilizados por esse tipo de revistas.

Formulário para Revisão entre Pares

Paper ID / Código do artigo:

Paper Title / Título do artigo:

In your assessment of this manuscript the following points might help guide you / Os

itens abaixo deverão auxiliá-lo na sua avaliação do manuscrito. Veja-se o Quadro 2.1 (na página seguinte):

Page 24: Manual de Investigação da UCM

24

Quadro 2.1 Indicadores para apreciação

YES Sim

It could be better

Pode ser melhorado

NO Não

You can comment here

Insira os seus comentários

Does the title accurately reflect the

content of the Paper? O título reflecte o conteúdo do artigo?

Is the abstract sufficiently concise and

informative?

O resumo é suficientemente conciso e

informativo?

Do the keywords provide adequate

index entries for this paper? As palavras-chave traduzem

adequadamente o conteúdo do artigo?

In the introduction, is the purpose of

the paper clearly stated?

Os objectivos e propósito do artigo são

devidamente identificados na introdução?

Does the paper achieve its declared

purpose?

O artigo dá resposta ao que foi

proposto?

Do the figures and tables aid the

clarity of the paper?

As figuras e tabelas acrescentam clareza ao conteúdo?

Are the language and syntax of the

paper satisfactory?

A linguagem do artigo é satisfatória?

Is the paper concise? (If not, please

indicate which parts might be cut?)

O artigo é conciso? (Se não, indique que partes poderiam ser cortadas?)

Does the paper develop a logical

argument or a theme?

O artigo desenvolve um argumento?

Do the conclusions sensibly follow

from the work that is reported?

As conclusões resultam adequadas do estudo efectuado?

Are the references authoritative and

representative?

As referências são suficientes e

relevantes?

Is the paper interesting or relevant for

an international audience?

O artigo é interessante e relevante para uma audiência nacional ou

internacional?

Is the paper formatted according to the

proposal guidelines?

O artigo está formatado de acordo com o template proposto?

Page 25: Manual de Investigação da UCM

25

Referees’ comments are provided to author(s) without any identifying information. Os comentários dos revisores serão fornecidos aos autores de forma anónima.

PLEASE MAKE SURE THAT YOU INCLUDE AT LEAST A PARAGRAPH FOR EACH SECTION

Por favor escreva pelo menos um parágrafo em cada secção.

I) Quality of Abstract, Introduction and Structure of the Paper

I) Qualidade do Resumo, da Introdução e da estrutura do artigo

II) Quality of Background Theory (Literature Review) of the Paper and connection

to previously published research

II) Qualidade do Estudo Teórico e da ligação a estudos anteriores

III) Quality of Research Approach and Methodology III) Qualidade do estudo e da metodologia seguida

IV) Quality of the Discussion, Research Findings and Conclusions

IV) Qualidade dos resultados alcançados, da discussão e das conclusões

Page 26: Manual de Investigação da UCM

26

Cap. 3 - Recursos e instrumentos de

pesquisa

Esta secção está organizada em três partes: (a) na primeira, apresentamos

alguns dos recursos electrónicos com vista a facilitar a pesquisa científica; (b)

na segunda, sugerimos alguns instrumentos para realizar pesquisa científica;

(c) finalmente, na terceira, indicamos alguns procedimentos e exemplos para

citar/referenciar os autores nos textos, optando por seguir as Normas APA (5.ª

Edição).

3.1 – Recursos electrónicos

Nesta secção, sugerimos alguns recursos electrónicos (por exemplo, bases de

dados, internet, revistas electrónicas, repositórios científicos…) que podem

facilitar o processo de pesquisa científica.

Antes de apresentarmos alguns desses recursos, importa referir que há várias

formas de pesquisar a informação que se pretende (entre outras):

(a) Manuais académicos;

(b) Artigos / Periódicos científicos;

(c) Relatórios;

(d) Normas;

(e) Leis;

(f) Dissertações;

(g) Comunicações científicas;

(h) Publicações governamentais.

Page 27: Manual de Investigação da UCM

27

3.1.1 – Pesquisa de informação na Internet

Há, cada vez mais, bases de dados disponíveis por área científica e disciplinar.

O nosso propósito não é apresentar uma lista exaustiva. Sendo um Manual,

do que se trata é de sugerir uma metodologia para facilitar o acesso às fontes

bibliográficas. Contudo, importa, antes de mais, seguir alguns procedimentos

para ter sucesso nesta árdua e difícil tarefa, particularmente em relação à

pesquisa na internet (Martínez, Montero e Pedrosa, 2010):

(a) triangular, na medida do possível, a recolha dos diferentes sítios Web

(integração);

(b) partir da informação inicial para, posteriormente, realizar buscas mais

aprofundadas e delimitadas em relação ao tema/problemática de

pesquisa (aprofundamento);

(c) comparar a informação recolhida com outras fontes disponíveis,

particularmente em sítios Web ligados às universidades (contraditório);

(d) recorrer, na medida do possível, a fontes credíveis para averiguar a

qualidade e a pertinência científicas (fiabilidade).

Para Weitzel (2002) importa avaliar, também, o conteúdo da informação,

respeitando alguns critérios:

(a) autoridade;

(b) actualidade;

(c) cobertura/conteúdo;

(d) objectividade;

(e) precisão;

(f) acesso;

(g) aparência;

(h) características especiais.

Page 28: Manual de Investigação da UCM

28

3.1.1.1 -Exemplo de um itinerário de pesquisa científica na Internet

Quadro 3.1 – Critérios de busca

Informação procurada Estratégia de busca

Artigos científicos (numa

determinada área científica ou

disciplinar)

Busca no Google Académico

Busca numa Base de dados

Uma edição mais actualizada de um

livro de autor conhecido

Busca no Catálogo online

Busca numa Biblioteca Virtual

Busca do Google Books

Relatório oficial duma organização

internacional

Busca no website da

organização

Documentos oficiais (por ex.,

legislação de um país)

Portal do Governo

Portal de Associações ou

Ordens Profissionais

3.1.1.2 – Exemplos de ferramentas disponíveis na Internet

Com a utilização da Internet há inúmeras possibilidades de pesquisar

informação séria, pertinente e rigorosa:

(a) O Google Académico (http://scholar.google.pt/).

(b) O Google Books (http://books.google.pt/).

(c) Catálogo online (http://www.pluraleditores.co.mz/).

(d) Biblioteca online (http://biblioteca.universia.net/).

(e) Biblioteca do conhecimento online (http://www.b-on.pt/).

(f) Biblioteca aberta do ensino superior (http://baes.up.pt).

3.1.1.3 – Exemplos de bases de dados

As bases de dados são um excelente instrumento de pesquisa,

particularmente para os que queiram realizar uma Dissertação (mestrado ou

doutoramento). Em pouco tempo, consegue-se aceder a multiplicidade de

fontes relacionadas com uma determinada problemática ou objecto de estudo.

A título de exemplo, sugerimos algumas:

Page 29: Manual de Investigação da UCM

29

ERIC, na área da Educação. Recuperado a 18 de Janeiro, 2012, de:

http://www.eric.ed.gov/ERICWebPortal/search/basic.jsp.

REDALYC, uma base de dados que agrega um conjunto de revistas

científicas em formato electrónico. Recuperado a 18 de Janeiro, 2012,

de: http://redalyc.uaemex.mx/.

DIALNET, uma base de dados que disponibiliza dissertações e revistas

electrónicas, por área disciplinar. Recuperado a 18 de Janeiro, 2012,

de: http://dialnet.unirioja.es/.

SCIELO, uma base de dados que disponibiliza artigos científicos, por

área disciplinar. Recuperado a 18 de Janeiro, 2012, de:

http://www.scielo.org/php/index.php.

Nota

Nas Normas APA, os documentos consultados online devem referir o dia em que foram consultados (recuperados) já que, como acontece por vezes, poderá deixar de estar acessível. Assim, garantimos que naquela data o documento estava online.

3.1.2 – Revistas electrónicas

Para além das revistas científicas, em formato de papel, que normalmente

existem nas bibliotecas das universidades (e noutros locais), com a facilidade

proporcionada pela internet, existem, cada vez mais, revistas científicas

publicadas em formato electrónico. Importa, antes de mais, que o valor

científico deste tipo de publicação é equivalente ao das revistas convencionais.

O que determina o rigor e a qualidade científicos são os critérios adoptados

por cada uma delas, bem como o reconhecimento que as mesmas acabam por

ganhar em termos de consulta.

A título de exemplo, vamos indicar um conjunto de revistas que podem

consultar, nos mais diversos domínios científicos e disciplinares:

Portal de revistas científicas, em formato electrónico. Recuperado a 18

de Janeiro, 2011, de: http://dialnet.unirioja.es/servlet/portadarevistas.

Page 30: Manual de Investigação da UCM

30

Nota

As Revistas Científicas, em formato electrónico, assumem um papel cada vez mais relevante no processo de divulgação e publicação científicas. A UCM, brevemente, também irá criar a sua própria revista neste tipo de formato.

3.1.3 – Repositórios científicos

Os Repositórios Científicos ganham, cada vez mais, maior visibilidade em

termos de divulgação da actividade científica das próprias universidades. Para

além de possibilitarem, na maioria das vezes em regime de acesso aberto, a

divulgação das Dissertações de Mestrado e Doutoramento, também permitem

que os seus próprios docentes possam divulgar a sua produção científica

publicada noutras revistas científicas.

A título de exemplo, sugerimos alguns repositórios científicos:

Repositórios Científicos das universidades portuguesas. Recuperado a

18 de Janeiro, 2012, de:

http://www.uc.pt/fcdef/documentosbiblioteca/Bibliotecadigital/Reposi

torio/.

Repositório Científico de Acesso Aberto em Portugal. Recuperado a 18

de Janeiro, 2012, de: http://www.rcaap.pt/.

Repositório Científico das Universidades Moçambicanas. Recuperado a

18 de Janeiro, 2012, de: http://www.saber.ac.mz/handle/10857/2.

Nota

Os Repositórios Científicos são um excelente instrumento para divulgar a produção científica dos docentes/discentes. A UCM também irá disponibilizar esta ferramenta de modo a darmos visibilidade do que se faz em termos de actividade científica. Permitindo, ainda, o acesso fácil para quem queira consultar esse material científico.

Page 31: Manual de Investigação da UCM

31

3.2 – Procedimentos e exemplos para aplicar as Normas

APA

A opção pela utilização das Normas APA, justifica-se pelo facto de nos

abrirmos à internacionalização. Basta consultar a maioria das revistas

científicas e até Dissertações (mestrado/doutoramento) para constatar que o

modelo dominante é o modelo das Normas APA. A UCM, querendo, também,

afirmar-se não só ao nível nacional, mas ao nível internacional, opta por

aplicar este modelo em todas as Faculdades e Centros de Pesquisa. De

seguida, sugerimos alguns procedimentos para utilizar as Normas APA,

ilustrando com alguns exemplos.

As orientações para referências e citações aqui fornecidas estão de acordo com

as Normas da APA (5.ª ed.). Para os exemplos que se seguem, baseámo-nos na

obra de Mário Azevedo (2004) e nas informações obtidas nos sítios Web

disponíveis online em: http://www.lib.usm.edu/research/guides/apa.html;

http://www.dianahacker.com/resdoc/social_sciences/intext.html.

3.2.1 – Procedimentos a adoptar na utilização das Normas APA

3.2.1.1 - Citações

Uma citação em um artigo necessita da inclusão do nome do autor da fonte

(frequentemente nas frases que introduzem o material citado), da data de

publicação e um número de página entre parêntesis (se for o caso).

Exemplo:

A investigação de índole mais qualitativa não visa validar teorias ou testar

hipóteses, mas construir novas teorias a partir de estudos empíricos (Flick,

2005).

Nota: no texto referido, só aparece o autor e data uma vez que a ideia do autor

é resumida e interpretada por quem o citou. No exemplo a seguir, temos uma

citação na forma de «transcrição»:

A investigação, numa abordagem qualitativa, tem, na sua base, algumas

genealogias sociohistóricas: “a tradição do interaccionismo simbólico,

preocupado com os significados subjectivos e as atribuições individuais de

Page 32: Manual de Investigação da UCM

32

sentido; a etnometodologia, interessada nas rotinas do quotidiano e na sua

criação; e as posições estruturalistas ou psicanalíticas, que exploram os

processos do inconsciente psicológico ou social” (Flick, 2005, p. 17).

Nota: se a frase que apresenta o material a ser citado não referir o autor, deve

ser colocado no final, após a citação, utilizando vírgulas entre os vários itens

(como se pode constatar no exemplo acima referido.

As citações que agregam mais de um autor, quando os mesmos não se

encontram na frase do texto produzido, devem ser separadas pelo «e

comercial» (&).

Nota: a utilização do & (chamado e comercial) para ligar dois ou mais autores,

só se faz nas citações entre parênteses e na lista final da bibliografia. Dentro

do texto não deve ser usado, sendo substituído pelo «e» habitual.

Exemplo:

A investigação de índole mais qualitativa minimiza os efeitos da

subjectividade, inerente a este tipo de estudo, através da explicitação do

processo e do contexto onde decorreu a pesquisa científica (Léssart-Herbet

& Boutin, 2010).

As citações em artigos no estilo APA fornecem ao menos o último nome do

autor e a data de publicação. De acordo com o Manual da APA, citações com

menos de 40 palavras devem ser incorporadas no texto e colocadas entre

aspas duplas ("); as citações longas (de 40 ou mais palavras) devem ser feitas

num bloco separado do texto e em linhas retraídas, a um espaço, sem aspas.

Para citações directas (transcrição literal) é necessário o número da página. O

modelo a seguir ilustra o estilo APA de citação em texto.

Exemplo:

Para Lincoln e Guba (1985, cit. em Filick, 2005):

O relatório de pesquisa – com a sua exposição e reflexão sobre os procedimentos metodológicos, com todas as suas narrativas sobre o acesso

e as autoridades no terreno, com o registo de variados materiais, com a sua

transcrição das observações e conversas, interpretações e inferências

teóricas – é a única base para responder à questão da qualidade da

investigação. (p. 879)

Nota: as Normas APA, neste tipo de transcrição longa, exigem que a indicação

da página seja inserida após o ponto final. No exemplo referido, vê-se,

Page 33: Manual de Investigação da UCM

33

também, uma outra particularidade: a citação é de uma transcrição indirecta,

isto é, o autor que se encontra entre parênteses é que citou os autores que se

encontram no texto. Neste caso deve utilizar-se «cit. em ou por».

Nota

Sugestão: desaconselha-se o uso de expressões latinas como «idem, ibidem, id, ibid». Sempre que se repita o autor nos parágrafos seguintes deve-se colocar o mesmo (os mesmos) dentro de parênteses com a respectiva data e página, se for o caso.

3.2.1.2 – Citações simultâneas

As citações simultâneas de várias obras (ou artigos) são separadas por ponto e

vírgula.

Exemplo:

As metodologias de investigação de índole qualitativa privilegiam o sentido

que os actores atribuem aos fenómenos sociais (Flick, 2005; Lessart-Hérbet

& Boutin, 2010; Lincoln & Denzin, 2000).

Nota: repare-se que o texto resume a perspectiva dos vários autores citados entre

parênteses. Refira-se, ainda, que os autores aparecem por ordem alfabética.

Quando a citação envolver mais que dois autores e menos de seis, na primeira citação

deverão aparecer todos. Posteriormente, nas citações seguintes destes autores, deverá,

apenas, a aparecer o primeiro nome acompanhado da expressão «et al.».

Exemplo:

O sucesso académico e a satisfação dos estudantes dependem, em grande

medida, do bem-estar subjectivo dos estudantes e das condições ecológicas

das instituições do ensino superior (Brites, Seco, Dias, Canastra & Abreu,

2011).

A transição para o ensino superior constitui uma etapa decisiva no contexto

do sucesso académico. Daí a importância de acompanhar este processo de

entrada, quer do ponto de vista psicossocial, quer no campo pedagógico

propriamente dito (Brites et al., 2011).

Nota: no final das referências devem incluir-se os nomes de todos os autores.

Se o autor for um órgão governamental ou outra organização corporativa

(corporações, associações, grupo de estudos) use o nome da organização na

Page 34: Manual de Investigação da UCM

34

frase que apresenta o material a ser citado ou entre parênteses, na primeira

vez que citar a fonte.

Exemplo:

As revistas editadas pela APA seguem as normas de redacção definidas em

American Psychological Association (2001).

Se a organização tiver uma abreviatura familiar, você pode incluí-la entre

parênteses recto na primeira vez em que citar a fonte e use a abreviatura

sozinha nas citações posteriores.

Exemplo:

(National Institute of Mental Health [NIMH], 2001)

(NIMH, 2001)

Nota

Sugestão: nas citações de textos em formato electrónico publicados na Internet, deve evitar-se a citação de fontes que não sejam credíveis e fiáveis, do ponto de vista científico. Assim, recomenda-se que, preferencialmente, se recorram a textos publicados em revistas científicas em formato electrónico, em repositórios científicos das universidades ou instituições de reconhecimento nacional e internacional (por ex., Portais do Governo, UNESCO, etc.).

3.2.1.3 – Referências bibliográficas finais

Nas referências finais de um texto produzido, de acordo com as Normas APA

segue-se a seguinte ordem (Azevedo, 2004, p. 126):

a) Último nome do primeiro autor, vírgula, outras iniciais em abreviatura,

vírgula, & comercial seguido do último nome do segundo autor, vírgula,

outras iniciais em abreviatura seguidas da data entre parênteses, ponto

final.

b) Nome do livro em itálico com inicial maiúscula só na primeira palavra e

com a indicação abreviada da edição entre parênteses quando for o caso

disso, ponto final.

c) Nome da cidade [… em caso de cidades menos conhecidas, deve referir-

se o país a seguir à cidade] dois pontos, nome da casa da editora, ponto

final.

Exemplos:

Page 35: Manual de Investigação da UCM

35

a) Flick, U. (2005). Métodos qualitativos na investigação científica. Lisboa:

Monitor. [Cidade importante]

b) Lessard-Hérbet, M. & Boutin, G. (2010). Investigação qualitativa.

Fundamentos e práticas (4.ª ed.). Lisboa: Instituto Piaget. [Cidade

importante]

c) Guerra, I. (2006). Fundamentos e processo de uma sociologia de acção (2.ª

ed.). Estoril, Portugal: Principia. [Cidade menos importante]

Nota: esta é a regra geral para apresentar as referências finais. Contudo, há

excepções. De seguida, enumeram-se algumas.

3.2.1.3.1 – Livro colectivo

No livro colectivo, em princípio, refere-se o autor (ou os autores) que foi

responsável pela edição (Ed. / Eds.), coordenação (coord. / Coords.) ou

organização (Org. / Orgs.) o mesmo.

Exemplos:

Sáez, J. (Coord.). (2007). Pedagogía social. Madrid: Pearson Prentice Hall.

Lincoln, Y. S. & Denzin, N. K. (Eds.). (2000). Handbook of qualitative

research (2.ª ed.). London: Sage.

3.2.1.3.2 – Capítulo em livro colectivo

No capítulo em livro o título principal, que vem a itálico, é de quem edita,

coordena ou organiza a obra.

Exemplo:

Kelle, U. & Erzberger, C. (2002). Quantitative and qualitative methods: no

confrontation. Em U. Flick, E. Kardoff & I. Steinke (eds.), Qualitative

research: a handbook. London: Sage.

3.2.1.3.3 – Artigo em revista científica

Nos artigos publicados em revista científica, nas referências finais, segue-se a

seguinte ordem (Azevedo, 2004, 128):

a) Último nome do primeiro autor, vírgula, outras iniciais em abreviatura,

vírgula, & comercial seguido do último nome do segundo autor, vírgula,

Page 36: Manual de Investigação da UCM

36

outras iniciais em abreviatura seguidas da data entre parênteses, ponto

final.

b) Nome do artigo com inicial maiúscula só na primeira palavra, ponto

final.

c) Nome da revista em itálico com iniciais maiúsculas nas palavras

principais, vírgula, número da revista em itálico, vírgula, primeira e

última página do artigo separadas por hífen, ponto final.

Exemplo:

Zabalza, M. (2011). El practicum en la formación universitaria: estado de la

cuestión. Revista de Educación, 354, 21-43.

3.2.1.3.4 – Dissertação de doutoramento

As dissertações de doutoramento são, hoje em dia, uma das bases que

qualquer investigador utiliza, uma vez que estas dão conta das últimas

pesquisas sobre uma determinada área científica ou disciplinar.

Exemplo:

Baptista, I. (2005). Capacidade ética e desejo metafísico – uma interpelação à

razão pedagógica. Dissertação de Doutoramento não publicada. Faculdade

de Letras, Universidade do Porto.

3.2.1.4 – Referências electrónicas

Nas fontes electrónicas os principais procedimentos a ter em conta são os

seguintes: (a) artigo publicado em Revista Electrónica; (b) documento ou livro

publicado na Internet; (c) documento acessível em Departamento de

Universidade; (d) relatório acessível na Internet; (e) comunicação apresentada

em congresso, acessível na Internet; (f) relatório ou resumos de artigos de

revistas publicados pelo Educational Resources Information Center (ERIC).

Exemplos:

a) Évora, Y. (2004). As possibilidades de uso da internet na pesquisa em

enfermagem. Revista Electrónica de Enfermagem, 6 (3). Recuperado a 18

de Janeiro, 2012 de:

http://www.revistas.ufg.br/index.php/fen/article/view/831/974.

Page 37: Manual de Investigação da UCM

37

b) UNESCO (2010). Literacy initiative for empowerment (life). Recuperado a

18 de Janeiro, 2011, de:

http://unesdoc.unesco.org/images/0021/002147/214701E.pdf.

c) Azevedo, M. (2002). Dicionário. Recuperado a 18 de Janeiro, 2012, de:

http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/mazevedo/utilidades.htm.

d) Comissão Europeia (2011). Modernisation of higher education in Europe:

funding and the social dimension. Recuperado a 18 de Janeiro, 2012, de:

http://eacea.ec.europa.eu/education/eurydice/documents/thematic_re

ports/131EN.pdf.

e) Barros, P. (2009, Outubro). A investigação-acção como estratégia de

supervisão/formação e inovação educativa: um estudo de meta análise de

contextos de mudança e produção de saberes. Comunicação apresentada

no Congresso Internacional Galego-Português de Psicopedagogia.

Recuperado a 19 de Janeiro, 2012, de:

http://www.educacion.udc.es/grupos/gipdae/congreso/Xcongreso/pdfs

/t3/t3c48.pdf.

f) Kamii, C. (1982). Autonomy: the aim of education envisioned by Piaget

(Relatório No. PS 013 176). Universidade de Illinois em Chicago. (ERIC

Document Reproduction Service).

Page 38: Manual de Investigação da UCM

38

Conclusão

O presente Manual, como já tivemos oportunidade de referir, não tem como

propósito substituir os diversos manuais de pesquisa que existem nas

diversas Faculdades (e extensões) da UCM. O que se pretende é harmonizar

alguns procedimentos, particularmente no âmbito da pesquisa científica

(recorrendo mormente aos recursos electrónicos) e, sobretudo, no campo da

divulgação e publicação da actividade realizada na UCM.

Na primeira parte, procurámos realçar os procedimentos básicos da produção

de textos científicos (trabalhos académicos, monografias, dissertações,

trabalho de projecto e artigos científicos). Na segunda, destacámos os

principais critérios para avaliar as várias modalidades de realizar pesquisa.

Finalmente, na terceira, sugerimos alguns instrumentos para realizar

pesquisa científica e indicámos alguns dos procedimentos a ter em conta na

aplicação das Normas APA.

Os autores estão confiantes que este Manual irá completar os outros

instrumentos de pesquisa já existentes (até por questões de especificidade).

O lema que presidiu à concepção do presente Manual foi, sobretudo, procurar

actualizar os modos de fazer pesquisa científica, dando particular relevo à

pesquisa realizada através dos meios electrónicos que, cada vez mais, estão ao

nosso dispor. Neste sector, relacionado com os recursos electrónicos, importa

manter-nos actualizados. Por isso, a nossa intenção é, anualmente, actualizar

este Manual de forma a integrar os novos contributos que, entretanto, vão

surgindo.

Page 39: Manual de Investigação da UCM

39

Referências bibliográficas

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American psychological association (5.ª ed.). Washington, DC: APA Books.

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estruturação da escrita (4.ª ed.). Lisboa: Universidade Católica Editora.

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http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/mazevedo/utilidades.htm.

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razão pedagógica. Dissertação de Doutoramento não publicada. Faculdade de

Letras, Universidade do Porto.

Barros, P. (2009, Outubro). A investigação-acção como estratégia de

supervisão/formação e inovação educativa: um estudo de meta análise de

contextos de mudança e produção de saberes. Comunicação apresentada no

Congresso Internacional Galego-Português de Psicopedagogia. Recuperado a

19 de Janeiro, 2012, de:

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Brites, J., Seco, G., Canastra, F., Dias, I. & Abreu, O. (2011). Éxito y fracaso

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funding and the social dimension. Recuperado a 18 de Janeiro, 2012, de:

http://eacea.ec.europa.eu/education/eurydice/documents/thematic_reports/

131EN.pdf.

Page 40: Manual de Investigação da UCM

40

Évora, Y. (2004). As possibilidades de uso da internet na pesquisa em

enfermagem. Revista Electrónica de Enfermagem, 6 (3). Recuperado a 18 de

Janeiro, 2012 de:

http://www.revistas.ufg.br/index.php/fen/article/view/831/974.

Flick, U. (2005). Métodos qualitativos na investigação científica. Lisboa:

Monitor.

Guerra, I. (2006). Fundamentos e processo de uma sociologia de acção (2.ª ed.).

Estoril, Portugal: Principia.

Gutiérrez, A. (2003). La intervención socioeducativa como processo de

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Kamii, C. (1982). Autonomy: the aim of education envisioned by Piaget

(Relatório No. PS 013 176). Universidade de Illinois em Chicago (ERIC

Document Reproduction Service).

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confrontation. Em U. Flick, E. Kardoff & I. Steinke (eds.), Qualitative research:

a handbook. London: Sage.

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Le Boterf, G. (2011). Ingénierie et évaluation des compétences. Paris: Editions

d’Organisations.

Lessard-Hérbet, M. & Boutin, G. (2010). Investigação qualitativa. Fundamentos

e práticas (4.ª ed.). Lisboa: Instituto Piaget.

Lewin,K. et al.(2006).La investigación-acción participativa: inicios y desarrollos.

Barcelona: Graó.

Lincoln, Y. S. & Denzin, N. K. (Eds.). (2000). Handbook of qualitative research

(2.ª ed.). London: Sage.

Martínez, R. D., Montero, Y. H. & Pedrosa, M. E. (2010). Creencias

epistemológicas, estrategias de búsqueda de información y criterios para

Page 41: Manual de Investigação da UCM

41

validar la información de la web. Revista Electrónica de Investigación

Educativa, 12 (1). Recuperado a 18 de Janeiro, 2012 de:

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UNESCO (2010). Literacy initiative for empowerment (life). Recuperado a 18 de

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http://unesdoc.unesco.org/images/0021/002147/214701E.pdf.

Zabalza, M. (2011). El practicum en la formación universitaria: estado de la

cuestión. Revista de Educación, 354, 21-43.

Page 42: Manual de Investigação da UCM

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