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MANUAL DE CUIDADOR DE IDOSOS Francelise Pivetta Roque Helen Arruda Guimarães Organizadoras Material de apoio ao 1º Curso de Introdução à Formação de Cuidadores de Idosos da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas UNCISAL APRESENTAÇÃO DO MATERIAL E BOAS VINDAS AO CURSO Este manual foi elaborado pela equipe de profissionais que integra o Programa de Extensão Interdisciplinar Pró-Idoso (PEIPI) da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas UNCISAL. Trata-se da revisão da primeira versão, que foi elaborada em 2006, numa parceria entre o PEIPI e a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público Tocqueville. O PEIPI é um programa de extensão universitária, atualmente coordenado pela terapeuta ocupacional Profa. Me. Ana Elizabeth dos Santos Lins, que tem como objetivo promover a qualidade de vida do idoso, mediante ações voltadas à saúde e educação na área do envelhecimento. Para tanto, conta com a participação de docentes e funcionários da UNCISAL, além de colaboradores voluntários e estudantes universitários. Este material servirá de apoio para o acompanhamento das aulas, e também para consulta no decorrer da sua prática de prestação de cuidados. Sejam bem vindos ao 1º Curso de Introdução à Formação de Cuidadores de Idosos da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas UNCISAL! Estamos orgulhosos desse feito, e satisfeitos por tê-los conosco! Um abraço fraterno! Profa. Dra. Francelise Pivetta Roque Fonoaudióloga, Professora Ajunto da UNCISAL e Coordenadora do Núcleo de Estudos Pró-Idoso (NEPI) do PEIPI UNCISAL. Ms. Helen Arruda Guimarães Médica Geriatra da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas e Integrante do Programa de Extensão Interdisciplinar Pró-Idoso.

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MANUAL DE CUIDADOR DE IDOSOS

Francelise Pivetta Roque Helen Arruda Guimarães

Organizadoras

Material de apoio ao 1º Curso de Introdução à Formação de Cuidadores de Idosos da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas – UNCISAL

APRESENTAÇÃO DO MATERIAL E BOAS VINDAS AO CURSO

Este manual foi elaborado pela equipe de profissionais que integra o Programa de Extensão Interdisciplinar Pró-Idoso (PEIPI) da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas – UNCISAL. Trata-se da revisão da primeira versão, que foi elaborada em 2006, numa parceria entre o PEIPI e a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público Tocqueville.

O PEIPI é um programa de extensão universitária, atualmente coordenado pela terapeuta ocupacional Profa. Me. Ana Elizabeth dos Santos Lins, que tem como objetivo promover a qualidade de vida do idoso, mediante ações voltadas à saúde e educação na área do envelhecimento. Para tanto, conta com a participação de docentes e funcionários da UNCISAL, além de colaboradores voluntários e estudantes universitários.

Este material servirá de apoio para o acompanhamento das aulas, e também para consulta no decorrer da sua prática de prestação de cuidados. Sejam bem vindos ao 1º Curso de Introdução à Formação de Cuidadores de Idosos da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas – UNCISAL! Estamos orgulhosos desse feito, e satisfeitos por tê-los conosco! Um abraço fraterno! Profa. Dra. Francelise Pivetta Roque Fonoaudióloga, Professora Ajunto da UNCISAL e Coordenadora do Núcleo de Estudos Pró-Idoso (NEPI) do PEIPI – UNCISAL. Ms. Helen Arruda Guimarães Médica Geriatra da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas e Integrante do Programa de Extensão Interdisciplinar Pró-Idoso.

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Índice

Apresentação do material e boas vindas ao Curso ............................................1

A Ética e o Cuidar do Idoso ................................................................................3

Saúde do Idoso: Aspectos Biológicos e Médicos .............................................. 4

Aspectos Psicológicos do Envelhecimento......................................................... 6

Auxiliando o Idoso na realização das Atividade de Vida Diária.......................... 8

A Mobilidade da Pessoa Idosa......................................................................... 11

Cuidados diários aos Idosos............................................................................. 14

Cuidando do Comunicação da Deglutição do Idoso..........................................17

Cuidando da Nutrição e da Alimentação do Idoso............................................ 21

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A ÉTICA E O CUIDAR DO IDOSO

Assistente Social Marta Ferreira Gomes Qual o sentido da Ética?

O homem vive em sociedade, daí ser considerado um ser social. O ser humano

não sobrevive isolado por muito tempo, portanto são criadas algumas normas

que devem reger a relação com as pessoas que estão no seu convívio como

seres humanos.

Mas o que é sociedade? Você já parou para pensar sobre isso?

Sociedade é o conjunto de pessoas que vivem em determinada faixa de tempo

e de espaço – seguindo normas comuns – e que são unidas pelo sentimento

de consciência do grupo. É a reunião de seres que vivem em grupo. Assim, os

homens formam uma sociedade, como exemplo: a família, o trabalho, a igreja,

a escola, os grupos de convivência e outros.

Pois bem! A partir da constatação de que vivemos em sociedade, encontramos

regras, leis, normas que regulam as relações entre os homens. E por que

existem essas regras, leis e normas? Elas são necessárias porque a

convivência dos homens precisa acontecer dentro de uma certa ordem. Por

ordem humana, entende-se o conjunto de normas, regras, leis, valores, modos

de relacionamento: seja no trabalho, na família, entre amigos, nas

organizações governamentais e nas não governamentais, enfim nos mais

variados espaços da vida diária das pessoas.

Essas normas são baseadas em:

Respeito ao próximo;

Fazer com os outros o que gostaria que fizessem a você;

Solidariedade;

Amor ao próximo;

Profissionalismo;

Dedicação em tudo o que fizer na vida;

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Responsabilidade nos seus atos;

Cuidado com as palavras, muitas vezes magoam mais do que os atos.

A reflexão ética passa pelo estabelecimento de juízos de valor para o que está

conforme ou contrário às normas de convivência dos homens em sociedade.

Daí serem tão comuns as expressões ético e antiético quando nos referimos a

certas atitudes e comportamentos dos indivíduos em sociedade.

A questão ética apresenta-se assim, como um conflito entre o que deve fazer e

o que quer fazer. Daí pode-se entender ética como a seguinte definição:

É a parte da filosofia que estuda os valores morais e os principais ideais da

conduta humana.

Ética Profissional é o conjunto de princípios morais que se devem observar

no exercício de uma profissão. A ética é importante quando utilizada porque

facilita a realização das pessoas. Com a ética pretende-se a perfeição do ser

humano. A ética é, portanto, uma reflexão crítica sobre a moralidade. Mas ela

não é puramente teoria. Á ética é um conjunto de princípios e disposições

voltados para a ação, historicamente produzidos, cujo objetivo é balizar as

ações humanas. Ela existe como uma referência para os seres humanos em

sociedade, de modo tal que a sociedade possa se tornar cada vez mais

humana.

A ÉTICA E O CUIDAR DO IDOSO:

Da mesma forma que os profissionais da Geriatria e Gerontologia, os

CUIDADORES DE PESSOAS IDOSAS devem destinar muita atenção ao

desenvolvimento de suas ações no dia a dia, em suas decisões e

procedimentos junto ao idoso. Tratam-se de exigências de caráter ético, que

são de fundamental importância para a qualidade da atuação profissional do

cuidador, que tem como finalidade precípua o bem-estar e a qualidade de vida

do idoso.

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As formas de envelhecer são sempre diferentes, uns envelhecem com

dignidade outros não, isso é uma questão não bem resolvida pela sociedade e

tem um significado ético.

Alguns procedimentos fundamentais para o trato ético com idoso:

Ouvi-lo com bastante atenção;

Atenção ao seu bem-estar;

Garantir sua liberdade preservando sempre a sua autonomia e a sua

independência, com observância do seu estado de segurança;

Observar o sigilo profissional, não expondo as questões pessoais de

caráter individual do idoso, salvo quando a gravidade e a natureza do

fato exigirem um procedimento contrário;

O respeito as pessoas idosas exige que não sejam tratadas com

preconceito e discriminação, fazendo parte também do conjunto das

exigências éticas, pois a velhice faz parte do ciclo de vida do homem,

portanto é um direito antes de tudo personalíssimo;

Respeitar a história de vida do idoso, na qual está presente a sua

contribuição com a sociedade. O idoso é um ser que possui direitos e

deveres de cidadania, construídos ao longo de sua vida:

Respeito pelos seus desejos;

Respeito pelos valores intrínsecos de suas vidas;

Respeito pelos seus interesses.

Conhecer os direitos dos idosos;

Ter interesse de conhecer e acompanhar na medida do possível o

desenvolvimento das políticas públicas para os idosos;

Compreender o que é a velhice e o envelhecimento;

Ter noção acerca da realidade minimante dos idosos, do seu município

e, se possível, do Estado e do país;

Entender as formas de violência e maus tratos contra a pessoa idosa,

para orientar e denunciar junto aos serviços especializados.

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E AINDA:

Para tudo isso é fundamental o desenvolvimento de um comportamento ético

com:

O próprio idoso;

A família;

Os demais membros da família;

A instituição para quem presta serviços: Instituição de Longa

Permanência – ILPI;

Os profissionais envolvidos com as diversas modalidades de atenção ao

idoso com o auto cuidado.

O CUIDADOR DE PESSOAS IDOSAS tem uma missão de expressiva

relevância na sociedade, com o processo do envelhecimento populacional,

sobretudo, O CUIDAR DA PESSOA IDOSA DEPENDENTE nos vários graus.

Portanto procure sempre:

Ser capaz!

Ser comprometido!

Ser responsável !

Ser disponível!

Ter zelo por suas atividades !

É a base de qualquer que seja a ética de cuidar !

SEJA ÉTICO!

O RESPEITO PELAS PESSOAS É FUNDAMENTAL !!!

OS IDOSOS E A SOCIEDADE EM GERAL AGRADECEM!

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SAÚDE DO IDOSO: ASPECTOS BIOLÓGICOS E MÉDICOS

Médica Geriatra Helen Arruda Guimarães

Médica Geriatra Ronny Roselly Domingos de Oliveira

O que é envelhecimento?

Envelhecimento é um processo contínuo, lento, no qual ocorrem modificações

no organismo em vários aspectos, que determinam diminuição da capacidade

de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior fragilidade

frente aos processos patológicos tornando-o mais suscetível às doenças, que

terminam por levá-lo à morte.

Envelhecimento é comum a todas as pessoas e não é induzido por

doenças.

Envelhecimento é um processo biológico! NÃO é doença!!!

ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO:

O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial;

Há um crescimento mais elevado da população idosa com relação aos

demais grupos etários;

No Brasil vivem hoje cerca de 18 milhões de idosos, o que representa

9,9 % do total de brasileiros;

A população dos “muito idosos” também aumenta em ritmo acelerado: é

hoje o segmento populacional que mais cresce no Brasil.

QUEM É O IDOSO?

No Brasil (países em desenvolvimento) é a pessoa que tem 60 anos ou mais e

nos países desenvolvidos aquele com 65 anos ou mais. No Brasil nós

contamos com cerca de 15 milhões de idosos. E para 2025 existe uma

projeção para 32 milhões de idosos (6ª população mundial.)

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CONSEQUÊNCIAS:

Aumento do número de doenças crônicas e neoplásicas, às vezes, com

presença de várias doenças no mesmo indivíduo ao mesmo tempo;

Uso de muitas medicações (polifarmácia).

Veja algumas doenças que são comuns na população idosa:

DEMÊNCIA:

Antigamente conhecida por “esclerose”, “caduquice” e relacionadas como

sinônimo de envelhecimento, a demência é uma síndrome adquirida, produzida

por uma doença orgânica, que produz uma deterioração persistente de

diversas funções mentais, que acarretam uma incapacidade funcional, em

pacientes SEM alteração da consciência.

A prevalência de demência dobra a cada ano após os 60 anos de idade.

A prevalência estimada aos 85 anos é de 25-45% em idosos da comunidade e

50% nos institucionalizados.

Existem muitos fatores de risco para o desenvolvimento dessa doença:

História familiar positiva

Síndrome de Down

Trauma crânio-encefálico (Pugilistas)

Aterosclerose

HAS

Diabetes

Dislipidemia

Mulheres (devido à uma maior sobrevida e menor escolaridade).

Existem também fatores de proteção:

Escolaridade (quanto maior escolaridade, menor o risco)

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Exercício físico (reduz o risco para doença de Alzheimer e outros tipos

de demência).

Os idosos com demência apresentam tendência à repetição das respostas,

dificuldade para memorizar, recordar e reconhecer a informação recente.

A Doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência no idoso – 50 a

60% dos casos de demências. Manifesta-se com déficit de memória, alterações

de comportamento são comuns, início insidioso e curso progressivo. Sintomas

psicóticos como desilusões, alucinações são muito freqüentes. A sobrevida

varia de 2 a 20 anos com média de 10 anos de duração após o diagnóstico.

OSTEOPOROSE:

Doença que atinge principalmente mulheres na menopausa (cerca de 1 em

cada 3 mulheres com mais de 50 anos), caracterizada por uma diminuição da

massa óssea, o que leva a uma fragilidade óssea com conseqüente propensão

para fraturas. A fratura de fêmur é a conseqüência mais dramática da

osteoporose, causando a morte de cerca de 1/3 dos pacientes em até 1 ano

após a fratura. Metade dos sobreviventes ficará dependente para a realização

das atividades básicas diárias.

O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são de grande importância

para a diminuição das fraturas, seqüelas e mortes.

Fatores de risco:

Idade avançada

Raça branca

Sexo feminino

História familiar

Baixa ingesta de cálcio

Sedentarismo

Tabagismo

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Existem ainda muitas doenças comuns na população de idosos, como

hipertensão arterial, diabetes, câncer, doença de Parkinson, “derrame”, entre

outras. Todas com grande impacto na qualidade de vida dos idosos. Conhecer

um pouco sobre elas é importante para todos nós que cuidamos dessa

população. Porém precisamos ter em mente que é possível a busca por um

envelhecimento ativo, com saúde, segurança e participação na sociedade.

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ASPECTOS PSICOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO

Psicóloga Luciana Dantas Tenório

Psicóloga Josilma Santos de Lima

Você sabe como sente, como pensa uma pessoa que está envelhecendo?

Vamos conversar um pouco sobre isso!

Para compreendermos melhor, precisamos saber algo muito importante! O que

é qualidade de vida!

Sabemos que todo indivíduo precisa de um razoável estado de equilíbrio, não

só físico como mental, de acordo com suas possibilidades e características,

construindo, assim, um estilo particular de viver e se relacionar. Cada pessoa

tem um jeito próprio, uma visão própria das coisas que lhe são importantes, e

de suas necessidades como o trabalho, o lazer, alimentação, sexo, segurança,

etc. Quando há harmonização desses fatores, podemos dizer que esse

indivíduo possui qualidade de vida!

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), Qualidade de Vida é

“a percepção do indivíduo sobre sua posição no mundo, no contexto da cultura

e no sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos,

expectativas, padrões e preocupações”. Percebemos, dessa forma, que viver

muito, e acima de tudo viver bem, passa por diversos fatores que precisam ser

conhecidos e respeitados, e no caso da pessoa idosa são direitos garantidos

pelo Estatuto do Idoso desde outubro de 2003.

O envelhecimento pode ser uma etapa de vida difícil, pois além de suas

características próprias, encerra ainda muitos preconceitos e desconhecimento

de seu processo, tornando difícil a aceitação da sociedade para as mudanças

que se apresentam. O resultado disso é que o idoso, muitas vezes, traz

consigo a sensação de inadequação no meio em que vive, o que explica muitas

das mudanças no seu comportamento, seu estado de humor, hábitos, etc.

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Vejamos algumas mudanças ocasionadas pelo envelhecimento, que podem

estar associadas às alterações comportamentais de muitos idosos:

Aposentadoria, muitas vezes acompanhada de perdas financeiras,

Ausência de ocupações e de interesses;

Dificuldade de reinserção no mercado de trabalho;

Saída dos filhos da companhia dos pais - o “ninho vazio”;

Morte do cônjuge, amigos e familiares;

Declínio do vigor físico e da saúde;

Dificuldades de adaptação às novas tecnologias e costumes.

Lidar com as modificações e perdas vão requerer do idoso uma estrutura

pessoal, sociofamiliar e econômica equilibradas na vivência dessas fases. E a

estrutura de personalidade de cada um pode ser a diferença entre uma velhice

bem ou mal sucedida.

Num olhar mais cuidadoso é preciso atentar para alguns sinais que essas

experiências causam ao idoso, podendo revelar estados depressivos ou

mesmo a própria doença: a depressão! Ela está entre os principais quadros de

transtornos mentais na população, atingindo aproximadamente de 15 a 20%

dos idosos, sendo que 2% apresentam depressão grave.

Mas, o que é mesmo a depressão?

É um distúrbio que afeta diretamente a capacidade afetiva do indivíduo,

desencadeando estado de profunda e persistente tristeza, com desinteresse

por atividades simples, comprometendo a dinâmica pessoal diária de

alimentação, sono, higiene, etc.

Quais os sintomas da depressão no idoso?

Humor diminuído;

Perda do interesse por atividades que antes realizava com prazer;

Alteração do apetite e, conseqüentemente, do peso;

Alterações no sono;

Agitação ou lentificação psicomotora;

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Dificuldades em coordenar pensamentos e concentração;

Idéias recorrentes de morte e depreciação de si mesmo;

Estado de ânimo que pode variar da tristeza ao desespero.

Detectar a depressão em idosos pode ser difícil, pois os mitos sociais acerca

do envelhecimento (idoso é mal-humorado, lento, queixoso) o estigmatizam. As

“coisas da idade” e outras características que apontam uma baixa na qualidade

de vida podem confundir uma situação real de doença. Sintomas assim podem

levar o idoso pouco a pouco ao isolamento, podendo ser diagnosticado como

depressão, que pode ser crônica – quando persistiu no tempo, chegando à

etapa do envelhecimento, e tardia – quando decorre das situações existenciais

(perdas, lutos, doenças) vivenciadas no processo de envelhecimento de uma

forma geral.

Com as perdas sofridas no envelhecimento a perspectiva da morte torna-se

mais real. São várias as “mortes” que o idoso vê diante de si; algumas físicas,

outras sociais, psicológicas ou afetivas. Faz parte do processo de aceitação

dessa realidade uma postura serena e de reflexões sobre a vida como os feitos

do passado, suas realizações, os investimentos na constituição da família e

que lições deixam para seus descendentes.

É saudável o reconhecimento das possibilidades e ganhos nesta fase,

desenvolvendo um estilo de vida que permita vivenciar com prazer:

Mais tempo livre para dedicar a lazer ou atividades que sejam

prazerosas

Investimento numa nova carreira profissional,

Prática de atividades físicas e conhecimento de novas pessoas, contato

com as novas tecnologias, viagens, namoro...

É comprovado cientificamente que a pessoa idosa é perfeitamente capaz de

manter uma vida sexual ativa, e hoje, despertada por oportunidades de

encontros e convivências em grupos, clubes , etc, o idoso tende a reconsiderar

seu próprio corpo para os contatos. Essa nova forma de se relacionar pretende

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derrubar mitos e preconceitos da sociedade pelo desconhecimento das

capacidades dos idosos em manterem relacionamentos amorosos.

Consideradas as alterações fisiológicas e as hormonais, próprias do

envelhecimento, as experiências de relacionamento amoroso no casal de idade

madura podem refletir uma vivência saudável para ambos, resultando em bem-

estar geral.

Nesse contexto, a continuidade dos contatos sociais e afetivos favorece a

aquisição de novos interesses como a leitura, a música, as artes, o cinema,

atividades que proporcionem prazer em novos espaços de lazer e educação,

onde se encontram várias gerações, indispensável à manutenção da saúde

mental dos idosos. Estamos falando de intergeracionalidade.

O que é Intergeracionalidade?

É o encontro, o contato de indivíduos de faixas etárias diferentes. Um embate

de tradições, de valores, costumes e modos de viver que podem contribuir para

a construção e troca de conhecimentos entre gerações.

O que uma geração pode ensinar a outra? O que um idoso pode transmitir para

um jovem e vice-versa? Esse é o princípio da intergeracionalidade! Nem

sempre essas relações são tranqüilas e produtivas, pois são mundos e visões

diferentes, de contextos sócio-históricos também diferentes onde se colocam

em questão os valores adquiridos.

As relações intergeracionais devem proporcionar espaço de discussão e

reflexão sobre conceitos, vivências e experiências de vida, contribuindo na

educação dos mais jovens – formação de valores éticos, conhecimento das

tradições e histórias, e dos mais velhos – na aprendizagem de novas

tecnologias, valores e comportamentos do mundo atual, tornando mais flexível

e saudável a convivência.

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AUXILIANDO O IDOSO NA REALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DE VIDA

DIÁRIA

Terapeuta Ocupacional Ana Elizabeth dos Santos Lins

No cotidiano de cada pessoa, atividades são realizadas durante todos os dias,

o tempo inteiro, desde o momento do nascimento até a morte num ciclo

denominado vida. Essas ações são chamadas de Atividades de Vida Diária.

São todas as atividades que realizamos em nosso cotidiano. Elas podem ser

mais elaboradas como construir um prédio, fazer uma pesquisa, ou

simplesmente vestir as próprias roupas, preparar o café da manhã, tomar

banho, escovar os dentes, realizar compras em supermercados, até conseguir

manusear adequadamente uma ferramenta (como tesouras, copos, talheres,

etc), ou dirigir um carro, etc. Todas essas ações possuem um ponto em comum

que as tornam fundamentais, elas são significativas para quem as faz,

possuem características individuais que são próprias de cada indivíduo.

As atividades de vida diária (AVD) compreendem aquelas atividades que se

referem ao cuidado com o corpo das pessoas (vestir-se, fazer higiene,

alimentar-se), as atividades instrumentais de vida diária (AIVD) são as

relacionadas com atividades de cuidado com a casa, familiares dependentes e

administração do ambiente (limpar a casa, cuidar da roupa, da comida, usar

equipamentos domésticos, fazer compras, usar transporte pessoal ou público,

lidar com as finanças).

As AVD e AIVD são atividades que, para os idosos, possuem certo grau de

complexidade, principalmente para aqueles idosos que já possuem algum

comprometimento da saúde. No entanto, o que fica claro é que as AIVD

possuem um grau de complexidade superior às AVD devido, principalmente ao

seu caráter de envolvimento social. Assim, muitos idosos são capazes de

realizar todas as tarefas dentro de sua própria casa, mas se for necessário

fazer qualquer atividade que necessita de um contato social fora das

dependências em que está habituado, ele se sente impossibilitado.

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O indivíduo quando apresenta dificuldades para realizar essas atividades de

maneira satisfatória, dizemos que ele possui uma disfunção ocupacional e o

profissional habilitado por lei a reabilitar e tratar as AVD é o terapeuta

ocupacional O desempenho de atividades da vida diária são determinantes

para o bem-estar e a qualidade de vida do idoso, desde a realização de

serviços de rotina (vestir-se, tomar banho, realizar atividades domésticas...),

até atividades relacionadas ao lazer (dançar, caminhar no parque, brincar com

os netos, controlar a própria medicação e finanças).

A habilidade para desenvolver tarefas de cuidado pessoal contribui para o nível

de independência da auto-estima. A independência em habilidades de vida

diária permite liberdade para desempenhar tarefas de trabalho e lazer que se

tornam significativas para a pessoa. A dificuldade para desempenhar tarefas de

cuidado pessoal e dependência de outros para completá-las pode ter

fundamental importância no bem-estar psicológico, social e financeiro de uma

pessoa.

O trabalho desenvolvido em relação às atividades de vida diária, tornam as

pessoas responsáveis e autônomas com relação as suas necessidades

básicas, simplesmente ao poderem pentear seus cabelos, escolherem e

decidirem sobre sua aparência, pela forma de se apresentar ao mundo e de

expressar sua identidade. Ao comerem sozinhas, decidirem quanto e o que lhe

apetece, a quantidade que desejam ingerir e quando isso deve ocorrer, isso

chamamos de autonomia.

Sabemos que, depender de terceiros para realizar essas atividades traz uma

sensação de incapacidade e dependência da vontade e disponibilidade do

outro, para que suas necessidades e desejos sejam atendidos. Quantas vezes

podemos observar as pessoas alimentando idosos de forma rápida e

impessoal, não por falta de amor ou dedicação, mas por falta de tempo e até

de uma real identificação dos desejos daquele indivíduo. Poder realizar essas

tarefas sozinho, o idoso também está desenvolvendo sua autonomia, e essa

atitude traz ao indivíduo uma relação muito íntima com a manutenção e

promoção da vida.

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Assim, o Terapeuta Ocupacional reabilita o idoso através da realização de

atividades cotidianas, como também utiliza atividades de trabalho, de lazer e de

auto cuidado para tornar sua vida mais significativa.

Agora vamos conhecer o termo CAPACIDADE FUCIONAL: que é capacidade

do idoso para executar as atividades que lhe permitem cuidar de si próprio e

viver independentemente em seu meio. É medida por meio de instrumentos

que avaliam a capacidade do idoso para executar as Atividades de Vida Diária

(AVD) e Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD).

As AVDs - Englobam todas as tarefas que uma pessoa precisa realizar para

cuidar de si próprio. A incapacidade de executá-las implica em alto grau de

dependência.

As AIVDs - Compreendem a habilidade do idoso para administrar o ambiente

onde vive.

Atividades da Vida Diária (AVD)

CUIDADOS PESSOAIS

Comer

Banho

Vestir-se

Ir ao banheiro

MOBILIDADE

Andar com ou sem ajuda

Passar da cama para a cadeira

Mover-se na cama

CONTINÊNCIA

Urinária

Fecal

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Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD)

DENTRO DE CASA

Preparar a comida

Serviço doméstico

Lavar e cuidar do vestuário

Trabalhos manuais

Manuseio da medicação

Manuseio do telefone

Manuseio de dinheiro

FORA DE CASA

Fazer compras (alimentos, roupas

Usar os meios de transporte

Deslocar-se (ir ao médico, compromissos sociais e religiosos

Existem inúmeras escalas que servem para quantificação da capacidade para

executar as Atividades da Vida Diária (AVD) e as Atividades Instrumentais

da Vida Diária (AIVD), muitas delas validadas no Brasil, que são utilizadas

pelos profissionais de saúde. Elas são breves, simples e de fácil aplicação para

que atinjam o seu principal objetivo, que é servir como instrumento rápido de

avaliação, triagem e estratificação de risco de dependência.

Orientações Posturais para as Atividades de Vida Diária:

1. Dormir:

O colchão ideal deve ser firme e sobre um estrado inteiriço. Use um travesseiro

que preencha o espaço cabeça-ombro e outro entre as pernas...ou, um

travesseiro baixo para cabeça e nuca e uma almofada em baixo dos joelhos.

2. Vestir:

Sentar para se vestir e para calçar meias e sapatos.

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3. Atividades Domésticas:

Agachar-se para arrumar a cama..ou ajoelhe-se, ou use uma cadeira.

4. Repousar:

Essa é a posição de máximo relaxamento para a coluna e deve ser realizada

diariamente por 20 minutos.

5. Levantar:

Antes de levantar, mexa os braços e as pernas. Vire-se de lado, apóie-se nos

braços e ponha as pernas para fora da cama.

6. Sentar:

Evite permanecer sentado durante muito tempo. Essa posição causa uma

sobrecarga grande na coluna. Sentado, apóie-se no encosto da cadeira e

mantenha os pés no chão e se possível os braços apoiados. Para deitar faça o

contrário

7. Trabalhar em pé:

Sempre que possível coloque um dos pés sobre uma elevação.

8. Realização de Trabalhos Manuais:

Coloque uma almofada no colo para apoiar os cotovelos, evite abaixar muito o

pescoço.

9. Leitura, escrita e TV:

Procure apoiar os cotovelos nos braços da cadeira ou mesa, evite abaixar

muito o pescoço e inclinar o corpo.

10. Sapatos e bolsas:

Use sapatos confortáveis, com saltos largos de 3 a 4cm. Use uma bolsa

pequena e leve. Carregue-a cruzada no peito ou utilize uma mochila de duas

alças.

11. Carregar objetos:

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Não dobre nunca o corpo a partir da cintura. Agache ou ajoelhe para pegar ou

colocar objetos em lugares baixos. Evite levantar pesos do chão acima de 20%

do seu peso corporal. Suba para pegar ou colocar objetos em lugares altos.

12. Lavar e Passar roupas

Para lavar e passar roupa, encoste a barriga no tanque ou na mesa e use um

banquinho ou um tijolinho para apoiar o pé. Coloque o balde com a roupa

molhada em cima de uma cadeira para prendê-la no varal, que deverá estar na

altura de seu rosto.

13. Varrer:

Alongue o cabo das vassouras, rodos e pás, para não curvar-se durante a

limpeza.

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A MOBILIDADE DA PESSOA IDOSA

Fisioterapeuta Augusto César Alves de Oliveira

Caro(a) CUIDADOR(A), saiba que você é uma pessoa muito importante, pois

terá a oportunidade de acompanhar outra pessoa no decurso de sua vida: o

idoso. Sei que muitas vezes você não escolheu ser “CUIDADOR(A)”,

simplesmente você se viu na obrigação de ser “CUIDADOR(A)”.

Devo parabenizá-lo (a) por ser você uma pessoa capacitada para auxiliar o

idoso o qual apresenta limitações para realizar as atividades e tarefas da vida

quotidiana, fazendo elo entre o idoso, a família e serviços de saúde ou da

comunidade.

É importante que você CUIDADOR(A) tenha em mente que ao lidarmos com

idoso devemos atentar para a preservação da capacidade funcional do idoso. A

capacidade funcional se divide em dois outros termos, a autonomia e a

independência. Quando estamos proporcionando ao idoso sua capacidade de

decidir o que fazer, como fazer e quando fazer estamos garantindo sua

autonomia; por sua vez quando o idoso realiza suas atividades com sua própria

capacidade física, estamos garantindo sua independência.

O(A) CUIDADOR(A) é a aquela que observa e identifica o que o idoso pode

fazer por si, avalia as condições e ajuda o idoso a fazer as atividades. Você

não vai fazer pelo idoso, mas ajudá-lo quando ele necessitar, estimulando-o a

conquistar sua autonomia, mesmo que seja em pequenas tarefas.

Permita-me, como fisioterapeuta, contribuir com essa sua tarefa tão digna, com

algumas dicas práticas e simples que poderá tornar seu trabalho mais eficaz e

prazerosos. Sem mais delongas, vou apresentar os temas que pretendo

abordar: úlceras de pressão, posicionamento, fatores de risco de quedas,

transferências, exercícios e massagens.

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O QUE É ÚLCERA POR PRESSÃO (“ESCARA”)?

São feridas que surgem na pele do idoso, quando permanece por muito tempo

numa mesma posição. É causada pela diminuição da circulação do sangue nas

áreas do corpo que ficam em contato com a cama ou com a cadeira. A úlcera

de pressão também é conhecida por escara, e surge de uma hora para outra e

pode levar meses para cicatrizar.

Lembrete: Os locais mais comuns onde se formam as escaras são: região final

da coluna, calcanhares, quadril, tornozelos.

COMO PREVENIR AS ÚLCERAS POR PRESSÃO (“ESCARAS”)?

Estimule ou ajude o idoso acamado a mudar de posição pelo menos a

cada 2 horas

Ao mudar o idoso de lugar ou de posição, faça isso com muito cuidado,

evitando que a pele roce no lençol ou na cadeira, pois a pele está muito

fina e frágil e pode se ferir.

Mantenha a roupa da cama e do idoso bem esticadas, pois as rugas e

dobras da roupa podem ferir a pele.

Caso o idoso fique muito tempo em cadeira de rodas, ajude-o aliviar o

peso do corpo sobre as nádegas.

Alguns apoios podem ajudar o idoso a se segurar e mudar de posição

sozinha: barras de apoio para cabeceiras da cama, faixas de pano

amarradas na cabeceira, nas laterais ou nos pés da cama ajudam o

idoso a levantar ou mudar de posição na cama.

Proteja os locais do corpo onde os ossos são mais salientes com

travesseiros, almofadas, lençóis ou toalhas dobradas em forma de rolo.

Ao fazer a higiene corporal, evite esfregar a pele com força, pois isso

pode romper a pele.

ORIENTAÇÕES DE POSICIONAMENTO NO LEITO:

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A posição em que o idoso permanece deitado pode causar: úlcera de por

pressão, dor na coluna, dificuldade respiratória, e diminuição da qualidade do

sono.

Mudar, de 2 em 2 horas, para as posições: barriga para cima (decúbito dorsal),

barriga para baixo (decúbito ventral), de lado (decúbito lateral), sentar no leito

ou em poltrona e caminhar com o idoso se for possível.

Lembretes:

A permanência prolongada numa mesma posição pode facilitar o

aparecimento de úlceras por pressão.

Realize as mudanças de posição frequentemente, no ideal em 2 em 2

horas.

O posicionamento adequado ao leito é fundamental para a prevenção da

úlcera por pressão.

Diminua progressivamente o tempo de repouso no leito, levando-se em

conta a condição clinica do paciente. Passar um período de tempo

sentado é muito importante.

O idoso que permanecer um longo período em uma mesma posição fica

com a sua circulação, seus movimentos e sua sensibilidade

comprometidas.

A caminhada é uma atividade importante, pois ajuda a melhorar a

circulação sanguínea e a manter o funcionamento das articulações,

entre outros benefícios.

Dicas:

Para auxiliar o idoso cuidado a andar é preciso que o cuidador lhe dê

apoio e segurança.

Se o idoso incapacitada de andar, deixá-la parte do tempo na sala, local

onde ocorre maior circulação dos membros da família, diminuindo o

sentimento de solidão.

PREVENÇÃO DE QUEDAS

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A prevenção de quedas é tarefa difícil devido à variedade de fatores de risco

nos quais o idoso está exposto, que sejam dentro ou fora de casa.

Dicas para prevenir as quedas:

Dentro de casa:

deixe os caminhos livres, retirando móveis e entulhos;

retire tapetes soltos, cordões e fios (telefone, extensões) do assoalho;

não deixe animais soltos;

prenda tacos soltos e bordas soltas de carpetes;

não encere os pisos;

coloque uma iluminação adequada para a noite, principalmente no

caminho do banheiro;

as escadas devem ter corrimãos, boa iluminação e faixa colorida e

antiderrapante na borda dos degraus;

substitua ou conserte móveis instáveis;

evite cadeiras muito baixas e camas muito altas (deve ter a altura do

joelho do idoso);

evite o uso de chinelos, salto alto e sapatos de sola lisa;

não deixe o idoso andar de meias;

guarde itens pessoais e objetos mais usados ao nível do olhar ou um

pouco mais embaixo.

No banheiro:

instale barras de apoio no chuveiro e no vaso sanitário;

instale um vaso sanitário mais alto;

mantenha um banquinho para lavagem dos pés;

use capachos e tapetes antiderrapantes;

não use chaves na porta dos banheiros.

Fora de casa:

conserte calçadas e degraus quebrados;

remova soleiras altas das portas;

limpe caminhos e remova entulhos;

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instale corrimão em escadas e rampas;

instale iluminação adequada em calçadas, portas e escadas.

Com relação ao idoso:

evite que ele se levante rapidamente após acordar: esperar alguns

minutos

antes de sentar e de caminhar;

atravesse a rua sempre nas faixas de segurança;

dar medicamentos somente sob orientação médica

estimule o idoso à prática de atividades de coordenação e concentração

como dança, artesanato, palavras cruzadas e jogos.

EXERCICIOS E MASSAGENS FEITAS PELO CUIDADOR

O idoso por diversas razões pode ficar muito tempo acamado, com diminuição

da mobilidade e comprometimento da sensibilidade e da circulação.

O CUIDADOR deve ajudar o idoso recuperar movimentos e funções do corpo,

prejudicados pela doença ou pela falta de mobilidade. Para isso deve incentivar

ou realizar exercícios físicos no idoso e massagens.

MASSAGENS

Podem ser feitos com a mão, com uma esponja macia, toalha ou com panos de

várias texturas. Nas massagens é bom usar creme ou óleo.

- As massagens podem ser feitas no corpo todo. Os toques e massagens

ajudam o idoso a perceber o próprio corpo e a relaxar, além de ativar a

circulação e melhorar os movimentos.

EXERCICIOS

Os exercícios podem ser realizados mesmo que os idosos estejam acamados,

em cadeira de rodas. Os exercícios devem ser fáceis e práticos.

- Movimente cada um dos dedos dos pés, para cima e para baixo, para os

lados e com movimentos de rotação.

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- Segure o tornozelo e movimente o pé para cima, para baixo, para os dois

lados e em movimentos circulares.

- Dobre e estenda uma das pernas, repita o movimento com a outra perna (sem

atritar o calcanhar na cama, que favorece o surgimento de feridas).

- Com os pés do idoso apoiados na cama e os joelhos dobrados: faça

movimentos de separar e unir os joelhos; solicite que o idoso levante os

quadris e abaixe lentamente; Levante e abaixe os braços do idoso, depois abra

e feche; Faça movimentos de dobrar e estender os cotovelos, os punhos e

depois os dedos; Ajude o idoso a flexionar suave e lentamente a cabeça para

frente e para trás, para um lado e depois para o outro, isto alonga os músculos

do pescoço.

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CUIDADOS DIÁRIOS AOS IDOSOS

Enfermeira Ana Paula Rebelo

Cuidador, aqui você aprenderá como melhorar a qualidade da assistência que

você presta ao idoso. Sabemos que diariamente o ajudamos. Dias mais

simples até as mais complexas atividades de vida do idoso, onde muitas vezes

ele depende (de nós) do nosso cuidado para tudo: tomar banho, vestir-se,

escovar os dentes e assim por diante.

Vamos aprender?

1. Higienização e Vestuário:

As atividades relacionadas à higiene e ao vestuário são essenciais na vida do

idoso, pois previnem doenças, desconforto físico e psicológico.

1.1. Banho:

Se o idoso se nega a tomar banho, devemos entender primeiramente esta

causa, que pode ser desde uma timidez em mostrar o corpo ou mesmo o

horário em que queremos dar o banho. Pode não ser o horário habitual (de

costume) do idoso.

1.2. Ambiente:

No que se refere ao ambiente, devemos ter alguns cuidados antes de levar o

idoso para o banho, como ter cuidado em manter o piso seco, usar tapetes

antiderrapantes, o que previne quedas ou escorregões. (Pode-se colocar)

barras de seguranças devem ser colocadas em todo o banheiro, o que permite

que o idoso tenha onde apoiar-se durante o uso do banheiro e também auxilia

na sua movimentação.

Muitos idosos conseguem tomar banho sozinhos, apenas apoiando-se nas

barras como auxilio, entretanto devemos estar por perto para o que for

necessário. Se você perceber que ele não consegue se manter em pé durante

todo o banho, pode ser providenciada uma cadeira de banho.

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Esta mesma cadeira deve ser utilizada no caso de idosos acamados, pois

estes também devem tomar banho de chuveiro (banho de aspersão), pois

permitirá a sua saída da cama. De preferência, não opte pelo banho na cama,

pois além de não ser tão relaxante para o idoso, aumenta as chances de

formação de úlceras, pelo risco que se tem de deixar áreas úmidas da cama,

além de prejudicar a postura do cuidador.

Os passos a serem seguidos antes do banho:

- Separe todos os materiais que serão usados; prepare o banheiro; separe no

quarto as roupas limpas do idoso a serem utilizadas e as de cama quando

necessário. Se possível estimule para que o próprio idoso escolha sua roupa. A

autonomia (capacidade de decisão) do idoso deve ser sempre estimulado.

- É essencial que os materiais de higiene pessoal sejam escolhidos pelo idoso,

e quando isto não for possível, informe-se da sua preferência. Durante o banho

só faça por ele aquilo que ele não consegue fazer por si só, aproveite este

momento par observar a pele, couro cabeludo, tamanho das unhas, presença

de (se há) assaduras ou áreas ressecadas. (Pode ser feito) Durante a higiene

com o sabonete, pode ser feita uma massagem no corpo do idoso, o que relaxa

e ainda favorece a circulação.

- Depois do banho enxugue bem o corpo do idoso. Enxugue os espaços entre

os dedos das mãos e pés, atrás das orelhas e assim por diante. Para

locomovê-lo do banheiro para o quarto você pode utilizar um roupão, que o

protege das correntes de ar e é de uso fácil.

1.3. Higiene oral:

A higiene oral ou bucal deve ser feita sempre após as refeições, utilizando a

escova de dentes, o fio dental e se possível o anti-séptico. Use escovas

macias, pequenas e não escove com força.

Faça movimentos de vai e vem e circulares com a escova, e não esqueça de

escovar a lingua. Se o idoso consegue escovar sozinho, você deve permitir,

apenas oriente-o se for preciso.

Se há uma dificuldade de uso da escova de dente, envolva a ponta de uma

espátula com gaze, prenda com esparadrapo e molhe em um anti-séptico e

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faça a higiene da cavidade oral. Não é recomendado colocar seu dedo na boca

do idoso, ele pode, mesmo sem querer lhe morder.

1.4. Próteses:

Quanto aos idosos que fazem uso de próteses dentárias, estas devem ser

retiradas diariamente após cada refeição e escovadas com escova de dente e

passado fio dental.

Quando retirar as próteses faça higiene da boca com uma gaze presa na

espátula, o que retirará restos alimentares e prevenirá infecções.

1.5. Vestuário:

As roupas e sapatos a serem utilizadas pelo idoso devem seguir dois pontos:

· Serem confortáveis e seguras

· Serem do estilo e escolha do idoso. Sempre que ele puder escolher a roupa

que quer usar você deve permitir, assim ele se sentirá melhor com o que vai

usar e terá suas vontades respeitadas.

Use roupas que se adequem à estação do ano, ou seja, no inverno use

agasalhados, suéteres, moletons, meias e no verão, roupas frescas e de

algodão. Evite tecidos sintéticos que podem causar alergias. Você pode

escolher roupas que tenham abertura na frente o que facilita a colocação e a

retirada, mas lembre-se: a vontade do idoso deve ser seguida. Se o idoso

consegue se vestir (só) sem sua ajuda, você deve permitir, mesmo que isto

demore além do esperado.

Quanto aos sapatos, dê preferência aos de velcro, com elástico e de tecidos

moles e antiderrapantes, o que evita quedas e são fáceis de calçar, como por

exemplo, as alpercatas. As sandálias que deixam o calcanhar “solto”,

aumentam o risco de quedas.

2. Úlceras por Pressão e Cuidados com a Pele:

Os idosos têm muita facilidade em (de) apresentar úlceras de pressão,

principalmente os que ficam muito tempo deitados ou sentados, os que têm

déficit nutricional (desnutrição), que não ingerem muito líquido, aqueles que

têm infecções e uma péssima higienização.

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Para prevenir o aparecimento de “escaras” deve-se:

oferecer água freqüentemente ao idoso;

enxugá-lo bem após o banho;

usar cremes hidratantes;

esticar bem os lençóis da cama, não deixando dobras e trocá-los

sempre que houver sujidades, restos de comidas ou se estiverem

molhados.

Se o idoso passa muito tempo deitado você deve:

colocar colchão casca de ovo oi colchão d`água (“anti-escara”);

colocar travesseiros sobre as proeminências ósseas;

mudar a posição dele na cama a cada 2 horas.

2.1. Pele:

A pele do idoso deve ser observada diariamente durante o banho, trocar de

fraldas e sempre que possível. Observe se há hematomas, lesões, cortes,

hiperemia (pele vermelha), o início da formação de uma úlcera.

Para prevenir tais complicações devemos além de hidratar o idoso com líquidos

e hidratantes, trocar a fralda constantemente e fazer a higiene íntima sempre

que o idoso apresentar diurese ou defecar.

Tenha cuidado ao levantá-lo ou transportá-lo: sua pele é mais delicada e fina e

pode lesionar muito fácil. Evite o uso de produtos sintéticos, de cheiro forte e

de talcos.

3. Medicação:

A administração de medicamentos ao idoso deve ser feita com muita atenção e

cuidado. Antes de tudo, não confie na sua memória: anote cada medicação que

o idoso irá tomar, o horário e a dose. Só administre o que está prescrito e se

não souber como, peça auxílio.

Sempre confira a data de validade das medicações e sempre a coloque em um

copinho, tipo os de cafezinho, para poder dar ao idoso e nunca diretamente na

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sua mão. Lembrar a regra dos 5 certos: medicamento certo, paciente certo,

dose certa, hora certa, via certa.

Não deixar medicações para o idoso tomar “daqui a pouco”, sendo ele lúcido

ou não, peça para ele tomar (que ele tome) a medicação na sua frente. Antes e

após administrar qualquer medicação, lave as mãos.

4. Curativos:

MATERIAL necessário:

Máscara

Luva estéril (02 pares)

Luva de procedimento (01 par)

Soro fisiológico 500ml

Gaze estéril (01 pacote)

Esparadrapo

Cobertura, se houver (papaína, ácidos graxos, fibrase)

Saco para lixo

Bandeja

TÉCNICA:

Lave as mãos para evitar infecção;

Reúna todo o material em uma bandeja;

Coloque o idoso em posição adequada;

Coloque luva de procedimento, molhe o curativo com soro fisiológico e

remova o curativo anterior;

Descarte o curativo no saco de lixo;

Retire as luvas;

Lave as mãos;

Abra o pacote de gaze sem contaminar, bem como a cobertura (pomada

ou creme ou medicação para o curativo);

Calce a luva estéril;

Com o soro fisiológico molhe a lesão, em jato;

Enxugue as bordas da (com gaze /enxugar a) lesão com gaze;

Coloque a cobertura se for o caso;

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Retire as luvas;

Coloque o esparadrapo;

Recolha o material;

Lave as mãos.

5. Cuidados com a alimentação enteral:

Quando um idoso não consegue ou tem dificuldade em (de) se alimentar,

normalmente pela boca, apresenta engasgos e tosse com frequência,

(cavidade oral) (ou não consegue mais), ele pode passar a se alimentar por

uma sonda nasoenteral temporária ou definitivamente. Esta sonda (se) consiste

em um tubo que é passado pelo nariz até o estomago ou o intestino, pela

equipe de enfermagem.

Este meio de alimentação, também conhecido como gavagem, previne a perda

de peso, desnutrição, problemas gastrointestinais (constipação, diarréia) e

ajuda o idoso na sua recuperação.

A dieta a ser ingerida pela sonda é prescrita por um nutricionista. Esta dieta

pode ser caseira ou artesanal (dura cerca de 12 horas) ou ainda industrializada

(cerca de 24 horas).

Devemos ter alguns cuidados com a nutrição enteral:

· Antes de administrá-la, elevar a cabeceira do idoso, (colocar o idoso na

posição de fowler), o que previne aspirações, refluxos e vômitos.

· Depois que ele receber a alimentação, não deitá-lo imediatamente, deixá-lo

com a cabeceira elevada (na posição) por no mínimo 30 minutos.

· Após administrar a dieta, lavar a sonda com água e durante os intervalos da

dieta, a sonda também pode ser lavada com água. A quantidade a ser

administrada é estabelecida pelo nutricionista.

· Deixar a sonda fechada quando terminar para a dieta não retornar.

· Se a sonda sair por inteiro ou parcialmente, não tentar recolocar, guarde-a

apenas e providencie auxílio com profissionais de saúde. Estas sondas podem

ser utilizadas por cerca de 15 dias a 6 meses, dependendo do material delas.

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6. Atuação dos profissionais da enfermagem:

A atuação dos profissionais de enfermagem junto ao idoso, engloba, além de

todos os cuidados e técnicas de enfermagem, o conhecimento específico do

processo de envelhecimento.

O idoso passa por transformações físicas, psicológicas e sociais, que devem

ser entendidas e respeitadas para que a assistência prestada seja eficiente. Tal

assistência deve englobar ações que previnam complicações e que promova o

seguimento da terapia seguida e leve à qualidade de vida.

A enfermagem atua nesta área tanto em Instituições de Longa Permanência

para Idosos, como em hospitais, que atendem idosos principalmente na área

de clínica médica; pode atuar em Programas de Saúde da Família, que têm

atividades voltadas para a Saúde do Idoso e ainda em cuidados domiciliares.

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CUIDANDO DO COMUNICAÇÃO DA DEGLUTIÇÃO DO IDOSO

Fonoaudióloga Francelise Pivetta Roque

Nesta parte do material vamos falar sobre dois assuntos: a comunicação e a

deglutição (ato de engolir).

Vamos começar pela COMUNICAÇÃO, que é o ato de trocar idéias,

sentimentos e pensamentos, entre duas ou mais pessoas.

A comunicação está presente em várias situações da nossa vida!!!!

Para o idoso independente, a comunicação lhe permite se relacionar, tanto com

as pessoas da sua idade, quanto com crianças e membros da família, além de

preservar a sua identidade, contar sobre o seu passado e fazer planos.

Pense um pouco sobre quantas vezes nós nos comunicamos com outras

pessoas ou com a gente mesmo desde a hora em que acordamos até a hora

em que dormimos!!!

Quando o idoso é dependente em algum aspecto, necessitando de auxílio do

cuidador, a comunicação lhe permite dizer o que está sentindo e o que quer, de

forma que ele continue autônomo (decidindo sobre sua própria vida), e

facilitando ao cuidador saber de suas necessidades e desejos durante o

cuidado.

A comunicação depende que a pessoa possa:

Ouvir

Entender o que ouviu

Ver (expressões faciais e escrita)

Compreender o que vê

Pensar no que quer falar

Lembrar e escolher as palavras certas

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Usar as palavras certas na situação adequada

Saber o significado das palavras

Fazer a voz

Mexer a boca para os sons saírem

Ler (no caso da escrita)

Escrever (no caso da comunicação escrita)

O idoso tem mudanças em todo o seu corpo, conseqüentemente, a

comunicação dele também sofre mudanças. Um idoso saudável não se

comunica como um jovem, mas ele consegue atingir o seu objetivo. Porém,

mesmo saudável, ele provavelmente terá dificuldade para ouvir, e alguma

dificuldade para ver, que podem ser leves ou mais sérias.

Nestes casos, é importante saber que:

Se o idoso não conseguir se comunicar bem, ele pode ficar deprimido, e

receber menos estímulos do ambiente, “enfraquecendo” a memória e o

pensamento, podendo até ficar doente.

Mesmo que estas dificuldades sejam “normais” do idoso, elas têm

tratamento, que pode ser remédio, cirurgia, ou uso de aparelho auditivo

ou óculos.

Por estes motivos, o idoso deve ser levado ao médico, para avaliar e

tratar estas dificuldades. No caso de dificuldade para ouvir, ele também

deverá ser levado ao fonoaudiólogo, profissional que irá fazer os

exames da audição e dizer qual é o aparelho certo para ele.

Existem também algumas dicas para facilitar esta comunicação. Estas

dicas são fáceis de serem feitas, e o resultado é muito bom.

Atenção!!!!

O idoso pode ter outras dificuldades para se comunicar, que não são “normais”

do envelhecimento! Problemas para falar, como na Doença de Parkinson, em

que a voz fica muito fraca e a boca dele se mexe pouco (Disartria), problemas

para entender e se expressar (Afasia), como pode acontecer no “derrame” e na

Demência de Alzheimer, além de outros problemas (ex.: Dispraxia de fala).

Nestes casos, o médico e o fonoaudiólogo devem ser consultados. O médico

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irá fazer a avaliação da doença e irá dar o tratamento medicamentoso. O

fonoaudiólogo irá fazer a avaliação da comunicação e o tratamento com

exercícios e orientações.

Seja levando o idoso ao profissional adequado, seguindo as orientações dadas

pelos profissionais, ou facilitando a comunicação com o uso de “estratégias”, o

papel do cuidador na garantia da comunicação é fundamental!!!!

DICAS PARA FACILITAR A COMUNICAÇÃO COM OS IDOSOS

Idoso com problemas para ouvir ou entender (como nas Afasias, após

“derrame”, ou nas Demências, como na Doença de Azheimer):

1) Deixe o ambiente claro enquanto fala com ele(a);

2) Diminua ou elimine barulhos de fundo quando estiver conversando;

3) Aproxime-se de uma forma que o(a) idoso(a) perceba sua aproximação, pois

caso contrário ele(a) pode se assustar com a sua presença. Chegue perto

dele(a) devagar e pela frente, ou use o toque para chamá-lo;

4) Fique de frente para o(a) idoso(a) com o(a) qual se está comunicando, e

perto o suficiente antes de começar a falar, mantendo contato de olho com ele,

sempre que possível;

5) Evite comer, mastigar, fumar ou pôr as mãos na frente do rosto enquanto

fala, pois senão sua fala será mais difícil de ser entendida;

6) Fale numa velocidade normal, sem gritar, mexendo bem a boca!

7) Use frases curtas e simples para tornar a comunicação mais fácil;

8) Use objetos, fotografias e escrita para auxiliar a compreensão (ex.: „bote o

café na mesa‟, apontando para o café e/ou para a mesa”);

9) Permita tempo suficiente para conversar com um(a) idoso(a). Evite

interromper a fala dele. Se estiver apressado poderá gerar estresse e criar

barreiras para uma conversação com significado;

Idoso com problemas para ouvir:

1) Se o(a) idoso(a) usa AASI (Aparelho de Amplificação Sonora Individual =

aparelho auditivo) e continua com dificuldade para ouvir, veja se o AASI está

na orelha dele(a);

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2) Também verifique se o aparelho auditivo (AASI – Aparelho de Amplificação

Sonora Individual) está ligado, e com a bateria funcionando. Se tudo estiver

“OK” e o(a) idoso(a) continuar com dificuldade para ouvir, identifique quando foi

a última avaliação;

3) Se o(a) idoso(a) tiver dificuldade para ouvir algo, encontre um jeito diferente

de dizer a mesma coisa, ao invés de repetir as mesmas palavras várias vezes;

4) Lembre-se de que, quando estas pessoas estão cansadas ou doentes, elas

escutam e entendem menos;

Idoso com problemas para entender e se expressar (como nas Afasias,

após “derrame”, ou nas Demências, como na Doença de Azheimer)

1) Faça uma pergunta ou dê uma ordem por vez;

2) Faça perguntas fechadas, ou seja, perguntas em que você dá as opções

para resposta, como por exemplo: você quer suco ou água? Você quer sair?

(sim ou não);

3) Faça perguntas abertas quando você quiser manter diálogo, como por

exemplo, “como foi hoje no médico?” ou “o que você achou do passeio?”;

4) Repita o que ele não entendeu usando as mesmas palavras;

5) Repita o que ele não entendeu usando outras palavras;

6) Ajude-o a lembrar de uma palavra, pedindo que ele fale sobre o que está

querendo lembrar;

7) Tente entender o que ele está querendo interpretando o comportamento

dele;

Idoso com problemas graves para enxergar:

1) Se você está entrando num local com alguém com dificuldades visuais

grandes, descreva o ambiente, outras pessoas que estão no quarto e o que

está acontecendo;

2) Diga à pessoa quando você estiver indo embora, e diga se alguém ficará no

quarto, ou se ela ficará sozinha;

3) Aproveite a visão residual (o “resto de visão” que ele tem), não desconsidere

o pouco que ele vê (quando ele vê pouco);

4) Permita à pessoa utilizar o seu braço como guia;

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5) Enquanto você falar, deixe o(a) idoso(a) saber a quem você está se

dirigindo;

6) Pergunte como você pode ajudar: acendendo a luz, lendo o cardápio,

descrevendo onde estão as coisas, ou de outra forma;

7) Deixe as coisas onde elas estão a não ser que o(a) idoso(a) peça para tirar

do lugar;

8) Chame o nome do(a) idoso(a) antes de tocá-lo. Fazendo isso você irá

permitir que ele saiba que você o está ouvindo;

9) Permita à pessoa tocar você;

10) Trate-o(a) como um(a) idoso(a) que vê, na medida do possível;

11) Use palavras como “olhe” e “se parece” normalmente;

12) Nem sempre a cegueira é total. Use movimentos e gestos amplos, e cores

contrastantes;

13) Explique o que você está fazendo, por exemplo, olhando para alguém ou

puxando a cadeira;

14) Descreva caminhos em lugares rotineiros. Use pistas auditivas e olfativas;

15) Estimule a familiaridade e a independência o quanto for possível.

Vamos agora falar sobre DEGLUTIÇÃO, que é o ato de engolir, importante

para que possamos nos alimentar.

É pela deglutição que a comida e a saliva passam da boca até o estômago. Ela

tem várias fases, integradas entre si.

Pela deglutição, não somente as pessoas podem conseguir o alimento para o

corpo, como também têm momentos de prazer e de convivência

proporcionados pelos momentos de alimentação.

Importante!!!

Às vezes, por alguma doença ou outro problema de saúde, comuns nos idosos,

o alimento ou a saliva podem se desviar do “caminho” esperado, podendo

chegar até o pulmão. Estes tipos de problema para deglutir se chamam

“disfagia”, e podem levar o idoso a ter pneumonia, desnutrição, desidratação,

perda do prazer de se alimentar, podendo chegar, em alguns casos mais

graves, à morte.

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ATENÇÃO AOS PRINCIPAIS SINAIS DE DISFAGIA!!!!!

Tosse

Febre sem causa aparente

Engasgo

Pneumonias de repetição

Dificuldade para respirar durante a alimentação

Perda de peso que não foi planejada, nem indicada pelo médico ou

nutricionista

Saída de alimento pela boca ou pelo nariz

Perda de apetite

Voz “molhada” ( voz de “gargarejo”)

Qualquer outra dificuldade para deglutir

Sensação de que o alimento está “parado” na garganta

Na presença de um ou mais destes sinais, o médico e o fonoaudiólogo devem

ser consultados. O médico irá diagnosticar e tratar a causa da disfagia e o

fonoaudiólogo irá indicar qual a forma mais segura de se alimentar (pela boca

ou por uma sonda), as consistências dos alimentos que ele consegue deglutir

(líquido, pastoso ou sólido), além de outras orientações e exercícios.

Em relação à deglutição, novamente o papel do cuidador é

importantíssimo!!!! Por estar mais próximo do idoso, muitas vezes ele é o

primeiro a identificar os sinais que podem indicar a disfagia. Além disso, o

modo como ele oferece a alimentação é decisivo na saúde no idoso, bem como

o seguimento das orientações do fonoaudiólogo.

DICAS PARA AJUDAR O IDOSO A DEGLUTIR DE FORMA MAIS SEGURA

Estas dicas não substituem a avaliação do médico e do fonoaudiólogo, elas

apenas complementam.

1) Só dê comida para ele(a) quando ele(a) estiver bem acordado.

2) Dê comida para ele(a) em um lugar calmo, sem barulho e sem muitas coisas

para distraírem a atenção dele.

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3) Ajude-o(a) a engolir quando perceber que não engoliu: diga para ele(a)

engolir, e use também gestos, toque e outras pistas.

4) Ele(a) deve comer sentado (de preferência 90º) e continuar sentado 40 min

depois que comer.

5) Limpe a boca e a prótese dentária depois das refeições.

6) Tente chamar a atenção dele se ele estiver distraído durante a alimentação.

7) Coloque pouco alimento/bebida por vez, na colher, garfo ou no copo.

8) Veja se ele(a) engoliu antes de lhe dar mais comida.

9) Não use líquidos para fazer a comida descer.

10) Se ele(a) tossir, não dê mais líquido logo em seguida.

11) Se ele(a) engasgar, peça a ele(a) que tussa com força.

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CUIDANDO DA NUTRIÇÃO E DA ALIMENTAÇÃO DO IDOSO

Nutricionista Emilia Maria Wanderley de Gusmão Barbosa

O QUE É PRECISO SABER PARA CUIDAR DA ALIMENTAÇÃO DO IDOSO?

Primeiramente, é preciso que o cuidador conheça as preferências alimentares

do idoso e procure oferecer:

O número de refeições deve ser de 5 a 6 por dia, com refeições

menores e fracionadas, para evitar que o cansaço prejudique a

alimentação e a nutrição;

A alimentação do idoso, como regra geral, deve ser um pouco mais mole

que a do adulto, mas não pastosa ou líquida, possibilitando o exercício

da mastigação e dos seus músculos, ainda que estes já não sejam tão

vigorosos;

O ritmo deve ser lento, para permitir uma adequada coordenação entre

as funções de deglutição e respiração;

O idoso deve alimentar-se sem ajuda ou com a ajuda mínima possível e

necessária. Isto mantém estimulado o ato de alimentar-se, devendo o

cuidador permanecer ao lado dele, supervisionando a refeição;

A posição sentada é obrigatória em qualquer alimentação, devendo-se

evitar que o idoso deite até pelo menos 30 minutos após a refeição. Para

idosos acamados deve-se ter o cuidado de manter a cabeceira elevada.

Assim, evita-se o refluxo alimentar e a aspiração para o pulmão.

A alimentação correta é um dos fatores que tem maior influência na saúde e no

bem-estar do idoso. A manutenção de um estado nutricional adequado e a

alimentação equilibrada estão associadas a um processo de envelhecimento

saudável.

Refeições em horários regulares;

Pratos atrativos, coloridos e saborosos;

Refeição em local agradável e confortável, de preferência compartilhada

com outras pessoas;

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O local deve ser adequado, sem televisão ligada ou barulhos e

distrações excessivos.

O idoso lúcido pode ser orientado a realizar deglutições com mais força

e consciência dos movimentos como forma de exercitar-se. O cuidador

pode estimular com palavras de ordem como: mastigue!, engula!

E QUANTO AO CONTEÚDO DAS REFEIÇÕES?

Devem ser oferecidos alimentos variados, lanches entre as refeições

principais, sucos de frutas naturais, frutas, legumes e verduras, carne

magras, peixes, aves, leite e seus derivados (queijos brancos, iogurte),

dentre outros alimentos da preferência do idoso.

Doenças crônicas são comuns no idoso, como diabetes mellitus,

hipertensão arterial, doença cardíaca, alterações no colesterol, etc. É

importante observar se há necessidade de dieta especial, decorrente

destas doenças, buscando orientação alimentar individualizada com

profissional de saúde especializado, que estará apto a reconhecer tais

obstáculos e ajudá-lo a manter a melhor qualidade de vida possível e

merecida pelo idoso.

Nos casos em que a capacidade mastigatória e de deglutição estejam

prejudicadas (por falta de dentes, próteses mal adaptadas ou certas

doenças), poderá ser necessária a mudança da consistência de alguns

alimentos, ou seja, preparações de consistência macias (purês, papas,

carnes moídas e desfiadas, frutas amassadas) e/ou semi-líquidas

(vitaminas, sopas cremosas, mingaus).

ATENÇÃO: a partir dos 60 anos aumentam as chances da pessoa ficar

desidratada, ao mesmo tempo em que diminui a sensação de sede. O

idoso deve tomar muitos líquidos, especialmente quando o tempo estiver

quente. Ofereça líquidos com freqüência, mesmo que ele não solicite.

A visão geralmente debilitada dificulta a escolha dos alimentos. No caso

do idoso fazer suas próprias compras, acompanhe-o para que escolha

alimentos saudáveis, variados e em bom estado de conservação e

higiene. Observe o prazo de validade no rótulo dos produtos.

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Verifique com o médico quais são os remédios que causam enjôos e

azia, para oferecê-los em horários distantes das refeições.

Com o envelhecimento,diminui a capacidade de sentir o gosto e o cheiro

dos alimentos. Use temperos naturais para acentuar o sabor dos

alimentos, sem abusar do sal, como: coentro, alho, cebola, cebolinha,

orégano, hortelã, folha de louro, entre outro.

Evite alimentos industrializados. Ofereça sempre comida caseira, que é

natural e saudável, e não contém conservantes, corantes, produtos

químicos e gorduras prejudiciais à saúde.

QUAIS OS PASSOS QUE DEVEM SER SEGUIDOS PARA UMA

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL PARA AS PESSOAS IDOSAS?

Segundo o Ministério da Saúde, são 10 os passos com orientações práticas

sobre como ter uma alimentação saudável:

1º passo: Faça pelo menos 3 refeições (café da manhã, almoço e jantar) e 2

lanches saudáveis por dia. Não pule as refeições!

Oferecer 6 a 8 copos de líquidos durante os intervalos das refeições, como

água, chás, sucos, para evitar a desidratação e melhorar o hábito intestinal.

A higiene oral deve ser rigorosa e habitual após cada refeição.

2º passo: Inclua diariamente 6 porções do grupo de cereais nas refeições

(arroz, milho e trigo, pães e massas; tubérculos como a batata; raízes com

macaxeira/inhame). Dê preferência aos grãos integrais (aveia, gérmen de trigo,

pão integral) e aos alimentos na sua forma mais natural.

3º passo: Coma diariamente pelo menos 3 porções de legumes e verduras

como parte das refeições e 3 porções ou mais de frutas nas sobremesas e

lanches.

4º passo: Coma feijão com arroz todos os dias ou, pelo menos, 5 vezes por

semana. Esse prato brasileiro é uma combinação completa de proteínas e bom

para a saúde.

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5º passo: Consuma diariamente 3 porções de leite e derivados e 1 porção de

carnes, aves, peixes ou ovos. Retirar a gordura aparente das carnes e a pele

das aves antes da preparação torna esses alimentos mais saudáveis!

6º passo: Consuma, no máximo, 1 porção por dia de óleos vegetais, azeite,

manteiga ou margarina.

7º passo: Evite refrigerantes e sucos industrializados, bolos, biscoitos doces e

recheados, sobremesas doces e outras guloseimas como regra da

alimentação. Coma os, no máximo, 2 vezes por semana.

8º passo: Diminua a quantidade de sal na comida e retire o saleiro da mesa.

9º passo: Beba pelo menos 2 litros (6 a 8 copos) de água por dia. Dê

preferência ao consumo de água nos intervalos das refeições.

10º passo: Torne sua vida mais saudável. Pratique pelo menos 30 minutos de

atividade física todos os dias e evite as bebidas alcoólicas e o fumo.

E SE O IDOSO APRESENTAR ALGUMA ALTERAÇÃO INTESTINAL?

Alguns medicamentos podem ocasionar efeitos colaterais indesejáveis,

atuando no hábito intestinal do idoso. Alimentos contaminados ou estragados

também podem causar alterações, por isso a importância da escolha de

alimentos em bom estado de conservação e preparados de forma higiênica.

NA PRESENÇA DE DIARRÉIA:

Oferecer líquidos com freqüência (água, água de côco, sucos de frutas);

Trocar o leite de vaca por leite de soja;

Evitar fibras (alimentos integrais, verduras cruas, repolho, couve );

Evitar alimentos gordurosos e frituras;

Oferecer frutas e sucos com efeito constipante: caju, maçã, banana,

maracujá;

Oferecer legumes cozidos em forma de saldas e sopas: batata-inglesa,

cenoura, chuchu.

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NA CONSTIPAÇÃO INTESTINAL (PRISÃO DE VENTRE):

Oferecer líquidos com freqüência;

Oferecer alimentos ricos em fibras, como verduras cruas (alface, tomate,

pepino, cebola); frutas cruas (laranja com bagaço, mamão, melão,

melancia, ameixa seca, uva passa); legumes e verduras (quiabo,

maxixe, couve, repolho) e alimentos integrais (pão e arroz integral,

aveia, farelo e gérmen de trigo);

Adicionar ao almoço e jantar uma colher de sopa de azeite de oliva.

E QUANDO O IDOSO PRECISA ALIMENTAR-SE POR SONDA?

Quando o idoso não consegue alimentar-se por via oral, é necessária a

alimentação por via enteral, ou seja, através de sonda nasogástrica. Ele pode

estar hospitalizado ou em domicílio. Caso esteja em domicílio, as refeições

serão ofertadas em horários determinados. Serão oferecidos líquidos finos,

para não causar obstrução da sonda, que podem ser industrializados (fórmulas

prontas) ou preparados de forma artesanal e liquidificados.

Prepare o conteúdo da sonda de forma higiênica e conforme as

orientações do nutricionista;

Administre a dieta pela sonda gástrica, de forma lenta, colocando o

idoso em posição sentada ou semi-sentada;

Lave a sonda após a dieta, com 20 ml de água filtrada;

Observe se ocorre tosse excessiva ou diarréia persistente. Nestes

casos, comunicar ao médico e/ou nutricionista.

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