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Manual de em Espaços Verdes Bragança Câmara Municipal 2010 Boas Práticas Boas Práticas

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Manual de

em Espaços VerdesBragança

Câmara Municipal2010

Boas Práticas

Boas Práticas

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Coordenaçãoeditorial: JoãoC.Azevedo ArturGonçalves

Autores: AmílcarTeixeira AnaMariaCarvalho AnaMariaGeraldes AntónioCastroRibeiro ArturGonçalves CarlosAlexandreChaves ErmelindaPereira JaimePires JoãoC.Azevedo JoãoPauloMirandadeCastro LuísNunes ManuelFeliciano MargaridaArrobas MariaAlicePinto MariadoSameiroPatrício PauloCortez StephenG.Dicke

Design: AtilanoSuarez–ServiçosdeImagemdoInstitutoPolitécnicodeBragança

Impressão:Escola Tipografica - Braganca Tiragem:10000exemplares DepósitoLegal:316446/10 ISBN:978-989-8344-08-3 Edição: CâmaraMunicipaldeBragança·2009 FortedeS.JoãodeDeus 5301-902Bragança·Portugal http://www.cm-braganca.pt

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Índice

Prefácio................................................................. 7

Introdução............................................................ 9

Concepçãoeinstalaçãodeespaçosverdes....... 13

2.1Análisedolocaleenvolvente............... 15ConsideraçõesFinanceiras.......................... 15ConsideraçõesAmbientais.......................... 15ConsideraçõesSociais.................................. 21Recursos............................................................. 22Bibliografia........................................................ 22

2.2Preparaçãodosolo.............................. 23Oqueéosolo?................................................ 23Quais as características do solo impor-tantesparaobomdesenvolvimentodavegetação?........................................................ 23Preparação do solo para instalação davegetação.......................................................... 25

2.3Regaedrenagem................................... 29Sistemasderega............................................. 291-Aberturaefechodevalas...................... 302-Tubagem...................................................... 303-Dispositivosparaaaplicaçãodaágua 304-Equipamentosdecontrolodarega... 355-Provadeensaio......................................... 36Drenagem......................................................... 36Bibliografia........................................................ 37

2.4Selecçãoeinstalaçãodeespéciesvegetais................................... 392.4.1Relvados............................................. 41

Definiçãoetiposfuncionaisderelvado. 41

Selecçãodeespéciesecultivares............. 43Instalação.......................................................... 43Preparaçãodosolo........................................ 44Sementeira........................................................ 46Bibliografiarecomendada........................... 48

2.4.2Árvores,arbustoseherbáceas......... 49Selecçãodeespéciesvegetais................... 49Plantaçãodeespéciesvegetais(excep-torelvados)...................................................... 53Regras elementares para a selecção einstalaçãodeespéciesvegetais................ 57Sugestão de espécies arbóreas, arbus-tivaseherbáceasparaascondiçõesdacidadedeBragança...................................... 61Árvores–folhosas......................................... 61Árvores–resinosas........................................ 63Espéciesparaformarsebes......................... 64Arbustos–perenifóliosesemi-perenifólios 65Arbustos–caducifólios................................ 65Herbáceasbienaiseperenes...................... 66Espéciescomorgãossubterrâneos.......... 67Espéciesparacoberturadosoloefixa-çãodetaludes............................................... 68Bibliografiarecomendada........................... 69

2.5Preservaçãodeárvoresemlocaisdeobra........................................ 71

Porquesedevemprotegerasárvores?.. 71Raízescríticas................................................... 71Danoscausadospelasactividadesasso-ciadasàconstrução....................................... 73Vedações............................................................ 75

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Queárvoressalvar?........................................ 75Quatro passos para a protecção de ár-vores: cartografia e planeamento, pré-tratamento,supervisãoepós-tratamento 76Bibliografia........................................................ 81ListadeVerificação......................................... 82

Manutençãoegestão......................................... 85

3.1Fertilização............................................ 87Quais os nutrientes considerados es-senciais ao desenvolvimento da vege-tação?.................................................................. 87Como se avalia o estado da fertilidadede um solo? Como se determinam asnecessidadesdavegetação?...................... 88Fertilização........................................................ 90

3.2Rega........................................................ 93Eficiênciaderegaecálculodasnecessi-dadestotaisderega...................................... 97Eficiênciaderega............................................ 97Medidasparamelhoraraeficiênciadossistemasderega............................................. 97Cálculopráticodaeficiênciaderega....... 98Quantidade de água a aplicar na rega(dotaçãoderega)........................................... 99Cálculodotempoderega........................... 99Determinaçãopráticadataxadeaplica-çãodeáguadeumsistemaderega........ 100Operações de manutenção dos siste-masderegaeconduçãodarega.............. 100Bibliografia........................................................ 101Anexo-Estimativadasnecessidadeshí-dricasdosespaçosverdes........................... 102

3.3Relvados................................................. 103Fertilização........................................................ 103Rega..................................................................... 103Arejamento....................................................... 103

Corte.................................................................... 104Controlodeinfestantes,pragasedoenças. 106Pragasedoenças............................................ 108Renovaçãoderelvados................................ 108Bibliografia........................................................ 109

3.4Manutençãodeárvores........................ 111Podasdeárvoresemmeiourbano.......... 111Objectivosdapoda........................................ 111Aárvorecertanolocalcerto...................... 111Métodosdecorte........................................... 112Formaçãodaárvorejovem......................... 113Bibliografia....................................................... 117

3.5Manutençãodearbustos...................... 119Podasdearbustos.......................................... 119Bibliografia....................................................... 124

3.6Protecçãodasárvorescontraagentesnocivos............................... 125

Prevenção.......................................................... 125Monitorização,reconhecimentodopro-blema fitossanitário e identificação doagentenocivo................................................. 128Meiosdeluta.................................................... 128Bibliografiarecomendada........................... 129Portaisrecomendados.................................. 129

3.7ÁrvoresdeRisco.................................... 139ÁrvoresdeRisco.............................................. 139Monitorização................................................ 140Medidasparaaminimizaçãoderiscos... 141Bibliografia........................................................ 142

3.8Linhasdeáguaegaleriasripícolas...... 143Como podemos melhorar a qualidadedaágua?............................................................. 143Comopodemosminorarosefeitosdascheiasedassecas?......................................... 143Manutenção/ recuperação das galeriasripícolas............................................................. 144Bibliografiarecomendada........................... 145

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3.9Inventárioegestãodainformação..... 147Aárvorenomeiourbano............................ 147Planeamento e Gestão de Parques Ar-bóreosUrbanos............................................... 148InventárioArbóreoUrbanodaCMB........ 149Bibliografia....................................................... 152

3.10Resíduosdejardim.............................. 153Compostagem................................................. 153Outrosmétodosdecompostagem.......... 154Aplicaçãodocomposto............................... 155Bibliografia........................................................ 156

3.11Envolvimentoeparticipaçãodapopula-çãonagestãodosespaçosverdes............. 157

Criarumprojectocomunitário.................. 157Instalação.......................................................... 158Financiamento................................................. 158Manutençãoedinamização....................... 159Bibliografia........................................................ 160

3.12Segurançaehigienenosespaçosverdes................................. 161

Concepção....................................................... 161Espaçosdejogoerecreio............................ 162Manutenção.................................................... 164Bibliografia........................................................ 165

Glossário............................................................... 167

Autores................................................................. 171

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2.2 Preparação do solo Margarida Arrobas e Ermelinda Pereira

Osoloéolocalondesedesenvolveavegetação.Éumsistemacomplexodematerialsólido,acompanhadodeumespaçoporosoondecirculaáguaear,cominúme-rosmicrorganismos.Estesistemaédinâmico,estandoempermanentealteração, resultadoda influênciadoambiente.

O que é o solo?Osoloéconstituídoporumamisturadequatro

componentes:i) material inorgânico (pedaços de rochas,

pedrasecalhaus,areia,limoeargila):osele-mentosmineraisdemaioresdimensões(pe-dras,areia)facilitamoarejamentodosoloeadrenagemdeáguaemexcessoeosdemenordimensão(argila)têmcomoprincipalfunçãoreteráguaenutrientesnosolodurantemaistempo;otipoderochaquedáorigemaumsolocondicionaassuasprincipaiscaracterís-ticasfísicasequímicas;

ii) material orgânico (organismos e partes deplantas em diferentes estado de decompo-sição):adecomposiçãodamatériaorgânicalibertanutrientesparaosoloquepodemserreutilizadospelasplantas;apresençadamaté-riaorgânicanosolocontribuiparaaretençãodeáguaenutrientes;

iii) ar:movimenta-senoespaçoporosopermitin-doqueasraízestenhamacessoaooxigénio;

iv) água:comnutrientesdissolvidos,soluçãofun-damentalparaocrescimentodasdiferentesespéciesvegetais,tambémsemovimentanoespaçoporoso.

Os quatro componentes referidos contribuemparaaformaçãodeumsolodeboaqualidade.Aspro-porçõesmédiasadequadasdesteselementosdeverãoserdecercade45%paraomaterialmineral,cercade5%dematériaorgânicae25%dovolumeporosodeveestarocupadocomarenquantoosoutros25%devemconterágua.

Ossolosnemsemprepossuemestasproporções.Emambienteurbano,ondeamovimentaçãodacamadamaissuperficialéfrequente,osdesaterrosdaconstruçãocivilretirampartesimportantesdesubsolo,pobresemargilaouemmatériaorgânica,quesão,muitasvezes,utilizadas para preencher vazios que serão futurosjardins.Estafrequentemovimentaçãodeterrasafectaaspropriedadesdosolo,delaresultandomuitasvezesambientesdesfavoráveisaodesenvolvimentovegetal.Assim,torna-separticularmenteimportanteoconhe-cimento das características do solo para se procederaintervençõesqueresultemnumaclaramelhoriadascondiçõesparaodesenvolvimentoradicularecresci-mentodasplantas.

Umbomsolodevefornecerágua,oxigénioenutrientes para o desenvolvimento da vegetação.Umsolobempreparadoéfundamentalparaosu-cessodainstalaçãodevegetação,particularmentenascidades.

Quais as características do solo importantes para o bom desenvolvimento da vegetação?

As características do solo consideradas maisimportantes para um bom desenvolvimento vegetaldividem-seemcaracterísticafísicas,químicasebiológi-cas.Nasfísicasdestacam-seai)textura,ii)estrutura,iii)densidadeaparente,iv)porosidadeev)humidadedosolo;nasquímicasassumemparticularrelevânciaovi)pHeavii)capacidadedetrocacatiónica;asbiológicas

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estãorelacionadascomaexistênciadeorganismosnosolo,importantesnareciclagemdenutrientes,cujaacti-vidadedependedascaracterísticasfísicasequímicasdosolo.Acorrectacompreensãodascaracterísticasbásicasdo solo (físicas, químicas e biológicas) bem como assuasinteracçõespermiteaidentificaçãoecorrecçãodeproblemasqueafectamoadequadodesenvolvimentodavegetação.

i)TexturaDiz respeito à proporção relativa de partículas

mineraisdediferentesdimensões(areia,limoeargila)no solo. O conjunto destas partículas com diâmetroinferiora2mmdenomina-sedeterrafina.Asdemaio-resdimensõesdenominam-sedeareiaeconferemumcarácter grosseiro ao solo; as de menores dimensõesdenominam-sedeargilaeconferemumcarácterfinoaosolo.Adominânciadecadaumdestesgrupospermitequeosolorecebaadesignaçãodearenoso,limosoouargiloso,havendoaindaumavariadagamadetexturasintermédias.Ossoloscomproporçõesequilibradasdostrês tipos de partículas recebem a denominação defrancos.Ossolosarenosossão,emgeral,muitoporosos,muitopermeáveis,bemdrenadosearejados,masdebaixa fertilidade. Os solos argilosos, com dominânciadas partículas de menores dimensões, possuem umelevadoíndicedefertilidadeumavezquesãoaspar-tículasdemenoresdimensões(menoresde0,002mm)as responsáveispela retençãodosnutrientesnosolodurantelargosperíodosdetempo.Noentanto,possuemporosdemuitopequenasdimensõessendo,porisso,poucopermeáveis,poucoarejados,commádrenagemefacilmentecompactáveis.Ossolosdetexturafrancasão,emgeral,osmaisfavoráveisaodesenvolvimentodamaioriadasespéciesanuaisouplurianuais.

Emcondiçõesnaturaisatexturadosoloformado

numadeterminadaáreasóvariasehouverfenómenosintensosdeerosãooudedeslizamentodeterras.Artifi-cialmentepodevariar,quandoháintroduçãodemate-rialtransportado(dedesaterrosounão),oudeentulho.Aintroduçãodestesresíduosinterrompeofluxonormaldaáguanosolo.

ii)EstruturaOarranjoqueestaspartículas(areia,limoeargila)

tomamnosolo juntamentecompartículasorgânicasdenomina-sedeestrutura.Aspartículasjuntasformamagregados.No interiordosagregadosexistemmicro-poros que retêm água mas, entre agregados, devemexistir poros de maiores dimensões que permitem adrenagemdaáguaemexcesso,promovendoumbomarejamento.Umsolocomumaboaestruturapermiteuma adequada circulação da água, trocas gasosas eumsaudávelcrescimentoradicular.Osagregadosquecompõemaestruturadosolosãofrágeisefacilmentedestrutíveis.Acompactaçãodestróiosagregados,fazdiminuiroespaçoporosoaumentandoosproblemasde drenagem e de fluxo de nutrientes, e aumenta aresistência das raízes à penetração. A estrutura maisfavorávelaodesenvolvimentoradiculardenomina-sedegrumosa,emqueaspartículasestãoassociadasentresiempequenosgrumos.

iii)DensidadeAparenteUma propriedade relacionada com a estrutura

éadensidadeaparentequesedeterminaapartirdeumarelaçãoentremassadesolosecoporunidadedevolumeedescreveoníveldecompacidadeouograudeproximidadeentrepartículas.Umsolonormalpos-suivaloresdedensidadeaparentevariáveisentre1e1,6gcm-3.Noslocaisdeconstruçãoossolospossuemcomfrequênciavaloressituadosentre1,7e2,2gcm-3,

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valoresquedificultammuitoodesenvolvimentoradi-cular.Apresençadematériaorgânicacontribuiparaadiminuiçãodovalordedensidadeaparentedossolos.

iv)PorosidadeAporosidadedosoloé funçãoda texturaeda

estruturadosolo.Otamanho,númeroedistribuiçãodosporosinfluenciaaformacomooar,águaenutrientesdissolvidos se movem através do volume do solo. Oespaçoporosoéfacilmentealterávelseosoloformo-bilizadooucompactado.Aporosidadeincluidoistiposde poros: macroporos e microporos. Os macroporosestão,normalmente,preenchidoscomarepermitemamovimentaçãolivredaáguacomnutrientesdissolvidosatravésdosolo.Osmicroporossãopequenosespaçosporososqueretêmáguaenutrientesdissolvidos,apósadrenagemdaáguaemexcesso,removidanosmacro-poros.Afaltadearejamentopodeserumproblemanossolos argilosos, normalmente muito compactos, pos-sivelmenteencharcados.Nestessoloscomcondiçõesanaeróbicas,desenvolvem-secoloraçõesacinzentadaseazuladaseodesenvolvimentodosistemaradiculardasespéciesémuitolimitado.

v)HumidadeÉ importante que exista humidade no solo

paraqueavegetaçãopossacompensarasperdasportranspiraçãoesemantenhamhidratadas.Alémdisso,aabsorçãodosnutrientesdependedaexistênciadeáguanosolo.Acapacidadederetençãodeáguapelossolosdependedasuacomposição,talcomoficouexpressoanteriormente.

vi)pHOpHdáinformaçãosobreaacidezdosolo.Esta

característica afecta a disponibilidade de nutrientes

nosoloeaactividadedosmicrorganismos.OsvaloresdepHnossolosvariamentre3e9,estandoosvaloresinferioresa7associadosaossolosácidoseossuperio-resa7associadosasolosalcalinos.Agamadevaloresconsiderada mais favorável ao desenvolvimento davegetaçãositua-seentre5,5e6,5.Noentanto,algumasespéciescrescemmelhoremsolosácidoseoutrasemsolosalcalinos.ParadeterminadosvaloresdepHalgunsnutrientes tornam-se insolúveiseficam indisponíveisparaasraízes.Porex.,emsolosácidosocálcioeomag-nésioestãomenosdisponíveiseemsolosalcalinoséoferro,zincoecobrequeestãomenosdisponíveis.Acorrecçãodaacidezfaz-secomoobjectivodeaumentaradisponibilidadedosnutrientes,adicionandocalcárioaosolo.Quandoaalcalinidadesedeveànaturezadomaterialoriginário(casodesoloscomorigememro-chasbásicaseultrabásicas)acorrecçãodopHnãoseapresentacomotarefafácil.

vii)CapacidadedeTrocaCatiónica(CTC)A fertilidade do solo depende da capacidade

das partículas do solo reterem nutrientes nas suassuperfícies.Aspartículasdosoloestãocarregadasne-gativamenteeatraemcargaspositivas(catiões)deiõescomoocálcio,magnésio,potássio,sódio,hidrogénioealumínio.Acapacidadequeosolotemparareteretrocarnutrientescarregadospositivamentecomasoluçãodosolodenomina-sedecapacidadedetrocacatiónica.Aspartículasdosoloqueatraemmaiscatiõessãoasdemenordimensão,minerais(argilas)eorgânicas(húmus).Assimossolosdetexturafinasão,emgeral,maisférteisqueossolosdetexturagrosseira(arenosos).AsanáliseslaboratoriaispodemdarindicaçãosobreaCTCdossolos.

Preparação do solo para instalação da vegetaçãoApreparaçãodosolodolocaldeplantaçãodeve

sercuidada,paraqueasraízessedesenvolvamdeforma

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adequada.Emáreasurbanas,olocalaprepararpodenecessitar de um planeamento especial pois poderátratar-sedeumaavenidaouumparquedeestaciona-mento.Olocalpodeterasfalto,oupartirdedepósitosdeconstruçãocivil.Questõescomoestaspodemcausaralgumasurpresanomomentodapreparaçãodoterrenoepodemter,comoconsequência,oaumentodotempodepreparaçãodoespaçoverde.Assim,antesdesepro-cederàselecçãodeespécieseàrespectivaplantação,énecessárioconhecerbemascondiçõesdolocalondeseráimplementadoumjardimouespaçoverde.

A identificaçãodepossíveisproblemasdosolodeverápassarpelasuapréviaanálise:numlaboratóriopoder-se-ãoavaliarparâmetroscomoatextura,oteoremmatériaorgânica,asuacapacidadederetençãodeágua,aeventualcompactaçãoouoseuníveldefertili-dade(pHenutrientes).

A preparação dos solos envolve alguns passospréviosdestinadosacriarumambientequefavoreçaodesenvolvimentoradiculareque,nofinal,garantamaexistênciadeágua,oxigénioenutrientes:

• Eliminaçãodavegetaçãoinfestante• Preparaçãodosolopropriamentedita.

RemoçãodavegetaçãoinfestanteAvegetaçãoinfestantedeveserremovida,uma

vezquecompetecomárvoresevegetaçãoprincipalporáguaenutrientesdosolo.

Háváriasformasderemoçãodestetipodevege-taçãomasométodoaadoptardependedolocaledosrecursosdisponíveis.

• Recursoaherbicidas:osherbicidasmatamse-mentesegramíneasemcercade10diasapósasuaaplicação.Nautilizaçãodestesprodutosémuitoimportanteseguirasrecomendaçõesdofabricante,expressasnosrótulos.

• Mobilizações múltiplas: ajudam a controlar avegetação.Umaopçãopodeserlavrarumavez,duranteoVerãoouOutonoeumaoutraantesdaplantação.Seforusadoequipamentopesadodevemsertomadasalgumasprecauçõesparaevitaraexcessivacompactaçãodosolo,espe-cialmenteseesteestiverhúmido.Aszonaspró-ximodasraízesnecessitamdeespecialatenção,evitandoaformaçãodesuperfíciesvidradas.

• Coberturasplásticas:acolocaçãodecoberturascomplásticonegrodurante2a3semanasnoVerãomatainfestantesesementes.Oplásticodeveseropacoàluzedeveremover-seantesdaplantaçãodasárvores.

• Mondamanualdeervasdaninhas:étrabalho-saesósetornapráticaquandoefectuadaempequenasáreas.

• Retirar relva: por vezes é necessário removertufos de relva do local de plantação. Nestaoperação algum do solo superficial pode serremovidoeporissopodesernecessáriorepô-locommaissolosuperficialoucomumcompostoorgânico.

PreparaçãodosoloAscondições do solo no local deplantação in-

fluenciamacapacidadedesobrevivênciadasespéciesao processo de plantação e formação. Os problemascomascondiçõesdosolodevemseridentificadosnolocalduranteaselecçãoecomplementadoscomanáli-seslaboratoriais,deformaaseremcorrigidosantesdaplantação.

Osolo,naáreadeplantaçãodeárvoresearbustosoudesementeiradeespéciesanuaisourelva,necessitadesercuidadosamenterevolvidoparafacilitarocresci-

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mentoradicular.Namobilizaçãodolocaldeveevitar-seaformaçãodesuperfíciesdemasiadolisas.

Quandosepreparaosolodevemconsiderar-seaindaváriosfactores:

• Ahumidade Asboascondiçõesdeplantaçãoexigemqueo

solotenhaalgumahumidade.Seosoloestivermuitoencharcadooumuitosecodeveevitar-seapreparaçãodosoloeaplantação.

• Textura Atexturarequerparticularatençãonomomen-

todapreparaçãodosolo.Ossoloscomteoreselevadosemareiasãofáceisdetrabalharmasperdemfacilmenteaáguaeosnutrientes.Nes-tessolos,aadiçãodematériaorgânicahumifi-cadapodeaumentarasuafertilidade.Mobilizarsolos argilosos, quer no estado húmido, querno estado seco, pode tornar-se muito difícilsendo,porvezes,necessáriomaistempoparaaplantação.

• Compactaçãodosolo Emambienteurbano,acompactaçãopodeser

umproblemafrequente.Acompactaçãodosoloresulta, sobretudo, da pressão exercida pelospasseiosepelotráficoemgeral.Estapressão

reduz a porosidade do solo, o arejamento edificultaodesenvolvimentoradicular.Nosso-losdetexturafinapodeformar-seumacrustasuperficialqueimpedeacirculaçãodaáguaemprofundidade.Nasuamobilizaçãodeveserusa-doequipamentoquepermitasoltá-lo,comoporexemploumaenxada,picaretaouequipamentomecânicoleve(motocultivadores).

Nossolosmaissusceptíveisdesofreremosefeitosdacompactaçãodeveráserincorporadoumprodutoor-gânico,oqueresultaránamelhoriadaqualidadedosolo.

A compactação do solo pode ser minimizadapelaaplicação,àsuperfície,deumacamadaorgânicagrosseira (porexemplo,cascasdeárvores)comcercade15cmdeespessura.

• Interfacesdosolo Quando se procede à preparação do solo é

necessárioprestaratençãoarochaseresíduosdeconstruçãoquandosemobilizaosolocomequipamentomecânico.Emgeral,estesresídu-osdiminuemasuaqualidade.

• Correcçõesdosolo A camada mais fértil do solo está, em geral,

confinada aos primeiros centímetros, por setratardolocalquerecebeosresíduosorgânicos

Algum equipamento de mobilização do solo. Da esquerda para a direita: enxadas, picareta e moto cultivador.

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devegetaçãopré-existente,querecebeáguae,eventualmente,algunsfertilizantes.Noentanto,em ambiente urbano associado à construçãocivil,aremoçãodacamadasuperficialdosoloé prática comum, tendo como consequênciaa diminuição da sua fertilidade.Da análise àscaracterísticas físicas e químicas do solo quefica,poderesultaranecessidadedeseintrodu-ziremcorrectivosmineraisouorgânicosafimdegarantirumambientefavorávelaodesen-volvimentoradicular.Naalturadapreparaçãodosoloparaseinstalaranovavegetaçãodeveproceder-seàincorporaçãodestescorrectivos,nasquantidadesaconselhadaspelolaboratório.Háaindaapossibilidadedeseprocederà in-corporaçãodesolosuperficialtransportadodeoutroslocais.Nestecaso,étambémconvenienteconhecer-seassuascaracterísticas,atravésdeanáliseprévia.A introduçãodecorrectivossódeveráserfeitaseforcomprovadaasuaneces-sidade.

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Plano Verde da cidade de Bragança

O Município de Bragança decidiu, em Julho de 2004, através da Divisão de Defesa do Ambiente, iniciar o Plano Verde da cidade

de Bragança, assinando um protocolo de colaboração com o Instituto Politécnico de Bragança, no sentido da elaboração do Plano Verde da cidade, do livro Espaços Verdes de Bragança e

do Manual de Boas Práticas em Espaços Verdes.

O Manual de Boas Práticas em Espaços Verdes aborda, de uma forma prática e profusamente ilustrada, todas as fases essen-

ciais na concepção, instalação, manutenção e gestão de espaços verdes, sejam eles privados ou públicos.

O Manual de Boas Práticas em Espaços Verdes é uma publica-ção fundamental para os amantes e entusiastas dos espaços

verdes, com e sem formação especializada, fornecendo a informação de base sobre as boas práticas nos espaços verdes

e informação mais especializada para o leitor mais exigente.