enxerto com tubo de polietileno poroso preenchido com gordura
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU
GUSTAVO LOPES TOLEDO
Enxerto com tubo de polietileno poroso preenchido com gordura
autóloga no reparo de nervo periférico associado com protocolo de
imersão em câmara hiperbárica
BAURU
2015
GUSTAVO LOPES TOLEDO
Enxerto com tubo de polietileno poroso preenchido com gordura
autóloga no reparo de nervo periférico associado com protocolo de
imersão em câmara hiperbárica
Tese apresentada a Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Ciências Odontológicas Aplicadas
Área de concentração: Estomatologia e Biologia Oral (opção: Biologia Oral) Orientador: Prof. Dr. Antonio de Castro Rodrigues
Versão corrigida
BAURU
2015
Nota: A versão original desta tese encontra-se disponível no Serviço de Biblioteca e Documentação da Faculdade de Odontologia de Bauru – FOB/USP.
Toledo, Gustavo Lopes
Enxerto com tubo de polietileno poroso preenchido
com gordura autóloga no reparo de nervo periférico
associado com protocolo de imersão em câmara
hiperbárica/ Gustavo Lopes Toledo. – Bauru, 2015.
134 p. : il. ; 30 cm.
Tese (Doutorado) – Faculdade de Odontologia de
Bauru. Universidade de São Paulo
Orientador: Prof. Dr. Antonio de Castro Rodrigues
T575e
Autorizo exclusivamente para fins acadêmicos e científicos,
a reprodução total ou parcial desta Tese, por processos
fotocopiadoras e outros meios eletrônicos.
Assinatura:
Data:
Comitê de Ética da FOB-USP
Protocolo nº: 021/2013
Data: 20/08/2013
DEDICATÓRIA
DEDICO ESTE TRABALHO AS MINHAS JÓIAS JULIANA E MABI
QUE SUPORTAM MINHAS LIMITAÇÕES, DIFICULDADES E A
INSISTENTE FALTA DE PACIÊNCIA. AMO VOCÊS
AGRADECIMENTOS
A DEUS pela vida e nova oportunidade na terra
A NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, governador divino do orbe,
santo irmão que jamais deixou e deixará uma só alma para traz
Ao PAPAI, inolvidável alma da minha alma, honesto, exemplo de
trabalho e com coração amável. A MAMÃE que me facultou a
oportunidade de mais uma encarnação, alma alegre e inspiradora.
Ao Dr. André meu pai espiritual, que por misericórdia divina me
acompanha, luz da minha alma, pai sereno, obrigado meu irmão!
Ao Tio (Pai e Irmão) Paiva, espírito que entrelaçado ao meu,
segue conosco a jornada evolutiva. Ora ao céu, ora a terra, em
alternância quase musical. Não poderia deixar de agradecê-lo.
Ao Chico e Divaldo amigos espirituais da minha vida talvez nunca
saibam como os amo e como foram importantes na minha encarnação.
A meus irmãos João, Fabiane e Ricardo, irmãos biológicos desta
vida, não ao acaso nos encontramos, obrigado.
As minhas cunhadas Patrícia e Fabiane e a meu cunhado
Rickson.
A minha nova família Seu Maurício, Dona Helena, Andrea e
Wiliam, por me aceitarem no dia-dia.
A minha Vó Cida, grande matriarca da família, pessoa incomum,
forte, singular, de personalidade firme e transparente, muito obrigado
vovó. A minha Vó Dinah, hoje no plano espiritual.
A Sônia, minha segunda mãe carnal, obrigado Sô, especialmente
por me apresentar desde cedo as dificuldades da vida, conseqüência das
questões sociais que tanto judiam de nossos irmãos.
Ao meu amigo/irmão Massaiuki (in memoriam), meu Deus como
devo minha encarnação a você meu irmão, sem sua ação e sua direção
não teria retornado a pátria espiritual. Como sinto sua falta...
Ao Uriel e sua Linda família, sabe que devo muito a você, meu
irmão de causa, a quantos séculos juntos e na mesma direção.
Ao Aro, Jheyssy e Jhon, companheiros de jornada e de vida no
qual agradeço a todos do Barracão
Ao grupo da Associação Beneficência Esperança, meus irmãos
MUITO OBRIGADO por me aceitarem em suas vidas! O que seria de
minha vida sem vocês!
A Dona Zair, incrível como Deus sempre me deu anjos protetores
silenciosos e a Sra. também o é.
Ao Sr. Meira, Seu Demi , Dna Sônia e Ana, no qual agradeço a
todos da Associação Beneficente Cristã, Associação de Proteção a
Maternidade e a Criança e Fundação Espírita Sebastião Paiva.
Meus amigos Carlão, Simone, Julieta e as meninas, Seu
Roberto Guedini amo vocês.
Ao Professor Doutor Antonio de Castro Rodrigues, que com
paciência incondicional aceitou a difícil tarefa de me orientar! Meu Deus
como isto deve ser difícil! Homem integro, vertical, professor insuperável,
amável, didático e direto. Jamais encontrei um só aluno que o
desabonasse, jamais!!!
Ao Professor Doutor Clóvis Marzola, meu pai científico, que me
ensinou os primeiros passos na academia experimental, o Senhor não
sabe quanto me ajudou e como o admiro.
Ao Professor Doutor Jesus Carlos Andreo, parabéns pela
impecável carreira, a quantos guiou, a quantos exemplificou. Muito
obrigado!
Ao Professor Doutor Rogério Leone Buchaim excelente mestre, de
didática alva, conteúdo sólido, muito obrigado pela sua amizade.
Ao Professor Doutor André Shinohara, meu amigo, fiel, um excelente
exemplo de moral e conduta ética. Que com humildade esta onde merece
estar!!!
Ao Prof. Dr. Chico (UNESP) que gentilmente aceitou, de forma
desprendida, participar do projeto.
Ao Dr. Tadeu, engenheiro e proprietário da ENGIMPLAN, situada
na cidade de Rio Claro, que jamais duvidou de nossos ambiciosos
projetos, obrigado por acreditar em nós.
Ao Dr. Sérgio Passerotti, médico oftalmologista e a Dra Larissa
Camargo Passerotti, médica Hiperbarista, que desde o começo
creditaram em nossos sonhos científicos votos incondicionais de
confiança, muito obrigado.
A Dra Marília Buzalaf, como sou grato pela sua ajuda... Desde o
ingresso no programa de doutorado, pelas defesas a minha humilde
pessoa, auxilio silencioso que ao meu coração foi um grito! Muito
obrigado!!!
Ao Professor Doutor Celso Nakassima, presente de Deus no
meu caminho, amigo que simplesmente me adotou como aluno, Pai e
conselheiro. Professor o senhor é a encarnação da sutileza da
misericórdia divina em nossas vidas!
Aos Professores Doutores João Navarro (in memoriam), Flavio,
Renato, Marcos Maurício Capelari, Daniel Zorzetto, Claudio
Maldonado Pastori, Paulo Zupelari pessoas que tenho a honra de
conviver e admirar, amigos de caminhada.
Aos meus colegas de pesquisa, que gentilmente me receberam e
dedicaram seu precioso tempo em nossa pesquisa, Geraldo, Marcelie,
Dayane, Farooque, Junior, Ciclus,....
Aos colegas de doutorado, Livia e Paulo.
Aos Residentes do Serviço de Cirurgia e Traumatologia
Bucomaxilofacial de Bauru, meu muito obrigado.
Ao Romário, Orivaldo, Cisira (in memoriam), Fatiminha (hoje
minha irmã), Vera (valeu!), vocês são incríveis, ainda bem que a USP os
tem!
A Suelen, amiga que cresceu comigo profissionalmente, Luana
Cristina, Stela, Dna. Nice, aos funcionários da APCD.
“Tudo que é seu, encontrará uma maneira de chegar até
você.”
Chico Xavier
RESUMO
Os nervos periféricos são extensões do sistema nervoso central e
responsável pela interação das atividades entre as extremidades, em suas
funções sensitivas e motoras. São vulneráveis aos mesmos tipos de traumas
que afetam outros tecidos: contusão, compressão, esmagamento, estiramento,
avulsão e laceração. As lesões de nervos periféricos situam-se entre as mais
incapacitantes que acometem indivíduos em idade produtiva, em face dos
múltiplos aspectos concernentes às sequelas deste tipo de afecção. Desta
forma, a interrupção de continuidade da estrutura do nervo, como no caso da
neurotmese, por algum tipo de trauma, resulta na interrupção de transmissão
dos impulsos nervosos e na desorganização de suas atividades funcionais. Por
meio da utilização da microcirurgia foi possível desenvolver técnicas reparadoras
que vão desde simples neurorrafia término-terminal até sofisticados
procedimentos cirúrgicos com a utilização de enxertos de nervos, veias e artérias
invertidas, tubos sintéticos de materiais variados, tais como silicone e polietileno.
Outro aspecto que intriga pesquisadores de todo mundo é a utilização de fatores
neurogênicos capazes de acelerar ou melhorar a regeneração de nervos
periféricos. A gordura autóloga tem sido continuamente referenciada pela sua
abundante oferta, no próprio sitio cirúrgico, apresentando resultados
promissores, visto que a adventícia dos vasos é constituída por tecido conjuntivo
frouxo, rico em adipócitos. Assim, em um trauma, os neuritos oriundos do coto
proximal do nervo lesado, ficam diretamente em contato com esses adipócitos.
Seguindo este raciocínio, e com base em trabalhos anteriores onde foi usada
veia preenchida com músculo esquelético a fresco como enxerto, decidiu-se
testar a possibilidade de crescimento axonal por meio de enxerto com tubo de
polietileno preenchido por tecido adiposo autólogo associado a protocolo de
imersão em câmara hiperbárica, por meio de um estudo Randomizado
Controlado. Para tanto utilizou-se um tubo com 12 mm de comprimento por 0,25
mm de diâmetro, com poros de 80 µm de diâmetro, preenchido com tecido
adiposo in natura retirado das adjacências do referido nervo, na tentativa de se
recuperar o nervo isquiático. Os resultados morfométricos demonstraram que,
os grupos experimentais com e sem preenchimento de gordura tiveram
resultados, do ponto de vista morfométrico e funcional sem diferenças
estatisticamente significantes, contudo, quando estes foram confrontados ao
grupo controle final, apresentaram diferenças estatisticamente significantes. Já
relevando a avaliação funcional, por meio do Catwalk, constatou-se que não
houve diferença estatisticamente significante entre os grupos experimentais, mas
teve diferença ao comparar com o grupo controle final, Diante das evidências
encontradas e apoiados na literatura pode-se concluir que a câmara hiperbárica
trouxe resultados positivos verificados pela aproximação dos resultados dos
grupos esperimentais tanto morfométrica como funcionalmente.
Palavras-chave: Nervo isquiático de ratos. Regeneração axonal. Tubo de
polietileno poroso. Câmara hiperbárica.
ABSTRACT
The peripheral nerves are extensions of the central nervous system and
are responsible for the sensory and motor functions of the limbs. These nerves
are vulnerable to the same types of traumas that affect other tissues: contusion,
compression, crushing, stretching, avulsion, and laceration. Amongst the most
disabling kinds of injuries that affect working-age individuals are those of the
peripheral nerves; due to the multifaceted characteristics of the aftereffects of the
injury. The break in continuity of the nerve structure due to trauma, as in the case
of neurotmesis, results in the disruption of the transmission of nerve impulses
and the disorganization of their functions. Through the use of microsurgery, it was
possible to develop reconstructive techniques that range from a simple end-to-
end neurorrhaphy to sophisticated surgical procedures that utilize nerve grafts,
inverted veins and arteries, and synthetic rods of varied materials such as
silicone or porous polyethylene. Another aspect that intrigues researchers around
the world is the utilization of neurogenic factors capable of accelerating or
improving the regeneration of peripheral nerves. Autologous fat has been a
constant reference in this field of surgery due to its abundant supply at the
surgical site itself. The results are promising, as the adventitia of vessels consists
of loose connective tissue rich in adipocytes. Thus in a trauma, the neurites
derived from the proximal stump of the damaged nerve are in direct contact with
these adipocytes. Following this reasoning, and based on previous studies where
veins grafted with fresh skeletal muscle were used, we decided to conduct a
randomized controlled study to test the possibility of axonal growth by means of
grating with a polyethylene rod filled with autologous adipocytes associated with
immersion in a hyperbaric chamber. In an attempt to recover the sciatic nerve, a
rod 12 mm in length, with a diameter of 0.25 mm, and with pores of 80 µm in
diameter, filled with adipose tissue in natura removed from the surroundings of
said nerve, was used. The morphometric results showed that the experimental
groups with and without fat fillings had results that, from the morphometric and
functional point of view, were of no statistically significant difference. However,
when these results were compared with the final control group, statistically
significant differences were noted. Highlighting the functional evaluation through
the use of Catwalk, it was found that there were no statistically significant
differences between the experimental groups, but there was indeed a difference
in comparison to the final control group. In light of the evidence found and
supported by literature, one can conclude that the use of the hyperbaric chamber
brought positive results verified by the proximity of both the morphometric and
functional results of the experimental groups.
Keywords: Rat sciatic nerve. Axon regeneration. Porous polyethylene
rods. Hyperbaric chamber.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
- FIGURAS
Figura 1 Fibras nervosas mielínicas em aumento de 650X.
Em roxo nota-se a bainha de mielina. Nos axônios
de maior diâmetro,a célula envoltória forma dobras
em torno do axônio ........................................................................ 58
Figura 2 Imagem esquemática demonstrando
um neurônio mielínico. As flechas
demonstram o sentido do impulso,
em caráter saltatório, graças
a bainha de mielina ........................................................................ 59
Figura 3 A extremidade proximal (A) foi suturada
na musculatura adjacente, enquanto a distal (B)
foi fixada no tecido subcutâneo ....................................................... 82
Figura 4 Tricotomia da região dorsolateral
da coxa direita ................................................................................ 83
Figura 5 Incisão unilateral posterior de
aproximadamente 20 mm .............................................................. 83
Figura 6 Exposição do n. isquiático ............................................................... 84
Figura 7 Secção do nervo isquiático ............................................................. 84
Figura 8 Removido aproximadamente 10 mm do nervo ............................... 84
Figura 9 O defeito foi preenchido com tubo de polietileno
Poroso ............................................................................................ 84
Figura 10 O defeito foi preenchido com tubo
de polietileno poroso .................................................................... 85
Figura 11 Gordura autóloga retirada da área adjacente
ao nervo ....................................................................................... 85
Figura 12 Tubo recebendo a gordura autóloga ............................................. 85
Figura 13 Acomodação da gordura autóloga na
parede lateral do tubo de polietileno ............................................ 85
Figura 14 Aspecto final da instalação do tubo com
Preenchimento ............................................................................ 86
Figura 15 Demonstração esquemática do tubo de
polietileno poroso ......................................................................... 87
Figura 16 Demonstração esquemática do tubo de
polietileno poroso sob outro aspecto............................................ 87
Figura 17 Aspecto comparativo do tubo de polietileno
poroso á lâmina de bisturi número 15 ........................................... 88
Figura 18 Profissional responsável gerenciando painel
de controle da câmara hiperbárica ............................................... 90
Figura 19 Porta principal da câmara hiperbárica,
pela qual há entrada dos pacientes
para as sessões ........................................................................... 90
Figura 20 Caixas com os animais depositadas
no chão.Notar as mangueiras pelas quais
passa o oxigênio ........................................................................... 91
Figura 21 Avaliação da marcha dos animais (Catwalk) ................................ 92
Figura 22 Imagem aproximada da passarela de
vidro por onde foram coletadas as imagens e
processadas as informações das passadas ................................ 92
Figura 23 Animal aleatoriamente selecionado durante o
Exame .......................................................................................... 92
Figura 24 Autofagia no dedo da pata direita do grupo
controle desnervado (GCD) ......................................................... 96
Figura 25 Demonstração da presença de tecido
fibroso cicatricial ........................................................................... 96
Figura 26 Tubo de polietileno contendo cabo de
regeneração. Note os pontos com fio 10.0
fixando os cotos no interior do mesmo ......................................... 97
Figura 27 Corte histológico do nervo isquiático do
GEEP-CP,em aumento de 100x, demonstrando
a homogeneidade da coloração ................................................... 97
Figura 28 Corte histológico do nervo isquiático do GCF,
em aumento de 400X nota-se as fibras mielínicas
evidentemente coradas pelo azul de toluidina.
Seta demonstrando região paranodal .......................................... 98
Figura 29 Representação gráfica das médias dos
diâmetros das fibras nervosas (n=220) ........................................ 100
Figura 30 Representação gráfica das médias dos
diâmetros dos axônios (n=220) ................................................... 101
Figura 31 Representação gráfica das médias
das áreas das fibras (n=220) ....................................................... 102
Figura 32 Representação gráfica das médias
das áreas dos axônios (n=220) .................................................... 102
Figura 33 Representação gráfica das médias
das espessuras das bainhas (n=220) .......................................... 103
Figura 34 Representação gráfica das médias
das áreas das bainhas (n=220) ................................................... 103
Figura 35 Animal do grupo controle final durante
exame no Catwalk XT. Os destaques em
verde são a pata anterior (mão) e posteriores
(pés). Notar a extensão normal dos dedos
da pata posterior direita, aqui denominada de RH ....................... 105
Figura 36 Imagem da pegada da pata direita
do grupo controle final. Importante observar
as impressões dos dedos, com distribuição
homogênea da energia da pegada .............................................. 105
Figura 37 Animal do grupo experimental com tubo
de polietileno poroso associado com gordura
autóloga (GEEPcg). Diferentemente do que
ocorreu no grupo controle, observamos o
estreitamento da pegada com manutenção da
intensidade ..................................................................................... 106
Figura 38 Imagem da pegada da pata direita
do grupo experimental enxerto
polietileno poroso com preenchimento
(GEEPcg), mostrando intensidade da
pegada mas não é nítida
a distribuição das digitais ............................................................. 106
Figura 39 Tela demonstrando a captura dos
dados da pegada pelo
software XT Catwalk .................................................................... 107
Figura 40 Avaliação das digitais da pegada
pelo software XT Catwalk ............................................................ 107
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Comparação das duas classificações, de
Seddon e Sunderland, das lesões dos
nervos periféricos ......................................................................... 63
Quadro 2 Demonstração do conteúdo de oxigênio
no sangue com as alterações
da pressão atmosférica ................................................................ 74
Quadro 3 Demonstração cartesiana comparativa da
recuperação funcional do animal controle
e experimental ............................................................................ 76
Quadro 4 Esquema ilustrativo demonstrando
a metodologia adotada para execução da
análise morfológica ...................................................................... 99
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AA: Área do Axônio
AB: Área da Bainha
AF: Área da Fibra
AEN: Auto enxertos nervosos
ATA: Atmosfera Absoluta
oC: Graus Celsius
CCI: Constrição crônica
cm: Centímetro
CS: Células de Schwann
CTDTA: Células-tronco derivadas de tecido adiposo
CTDPAs: Células-tronco derivadas de pele autólogas
DA: Diâmetro do Axônio
DF: Diâmetro da Fibra
EB: Espessura da Bainha
ECG: Eletroencefalogramas
EMV: Eletromiografia
ENGIMPLAN: Engenharia de Implantes
EUA: Estados Unidos
EVI: Enxerto de veia invertida
FIC: Função Isquiática
Fig.: Figura
FDA: Food and Drug Administration
FFb: Fator fibroblasto básico
FOB-USP: Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo
g: Gramas
GCI: Grupo controle inicial
GCD: Grupo Controle Desnervado
GCF: Grupo Controle Final
GEEPsg: Grupo Experimental Enxerto com Tubo de Polietileno poroso sem
gordura
GEEPcg: Grupo Experimental Enxerto com tubo de Polietileno poroso com
gordura
h: hora
HBO: Oxigenoterapia hiperbárica
L4: Lombar 4
L5: Lombar 5
MEC: Matriz extracelular
MET: Microscopia Eletrônica de Transmissão
min.: Minuto
mm: Milímetro
mg / Kg: Miligramas por kilograma
ml/dl: Mililítros por decilítros
mmHg: Milímetros de mercúrio
m/s: metros por segundo
n: Número
N.: nervo
Na+: Sódio
ng / ml: Nanograma por mililitr
OTH: Oxigenoterapia hiperbárica
O2: Oxigênio
OPF: Fumarato de polietileno glicol neutro oligo
PAC: Potencial de Ação Composto (PAC)
PLA: Polilactina
PCLF: Poli fumarato de caprolactona
PLGA: Poliácido láctico-co-ácido glicólico
PGA: Poliglicólico
PHB: Polifosfoésteres
S1: Sacral 1
S2: Sacral 2
S3: Sacral 3
SIL: Silicone
SNC: Sistema nervoso central
SNP: Sistema nervoso periférico
SF: Soro Fisiológico
UNICAMP: Universidade Estadual de Campinas
µl: microlitros
µm: micrômeros
α: Alfa
β: Beta
δ: Omega
100X: Cem vezes
400X: Quatrocentas vezes
SUMÁRIO
1 Introdução ................................................................................................... 49
2 Revisão da Literatura ................................................................................. 55
2.1 Aspectos anatômicos e histofisiológicos
do Sistema Nervoso Periférico................................................................... 57
2.2 Lesões em nervos periféricos .................................................................... 61
2.2.1 Fisiopatologia das lesões ........................................................................ 62
2.3 Procedimentos reparadores das Lesões dos
nervos periféricos ....................................................................................... 66
2.3.1 Breves apontamentos históricos ............................................................. 66
2.3.2 Tratamento das lesões dos nervos
periféricos na atualidade ........................................................................ 66
2.3.3 Aplicação da medicina hiperbárica
no tratamento de feridas. ....................................................................... 73
3 Material e Métodos ...................................................................................... 79
3.1 Distribuição dos animais em grupos .......................................................... 81
3.1.1 Grupo Controle Inicial (GCI).................................................................... 81
3.1.2 Grupo Controle Final (GCF) .................................................................... 81
3.1.3 Grupo Controle Desnervado (GCD) ........................................................ 82
3.1.4 Grupo Experimental Enxerto de Polietileno
sem Preenchimento (GEEP -sp) ............................................................. 83
3.1.5 Grupo Experimental Enxerto de Polietileno
com Preenchimento (GEEPCG – 150) ................................................... 83
3.2 Características morfológicas dos
tubos de polietileno poroso ..................................................................... 86
3.3 Aspectos cirúrgicos e respectiva
coleta das amostras ................................................................................... 88
3.4 Protocolo de Imersão na câmara Hiperbárica ............................................ 89
3.5 Análise funcional – Catwalk ....................................................................... 91
3.5.1 Características do equipamento – Catwalk ............................................. 93
3.5.2 Análise avançada da marcha .................................................................. 93
4 Resultados................................................................................................... 95
4.1 Avaliação Macroscópica ............................................................................ 95
4.2 Coleta das amostras .................................................................................. 95
4.3 Avaliações Histológicas ............................................................................. 97
4.4 Avaliação morfométrica dos nervos ........................................................... 98
4.5 Avaliações funcionais ............................................................................... 104
4.6 Câmara Hiperbárica .................................................................................. 108
5 Discussão ................................................................................................... 109
6 Conclusões................................................................................................. 119
Referências Bibliográficas ........................................................................ 123
Anexos ........................................................................................................ 131
IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução
IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução
IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução
IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução
IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução
IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução
IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução
IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução
1 - Introdução
1 - Introdução 51
As lesões de nervos periféricos situam-se entre as mais
incapacitantes que acometem indivíduos em idade produtiva, em face dos
múltiplos aspectos concernentes às sequelas deste tipo de afecção
(LUNDBORG ; ROSÉN , 2001; BRUYNS; JAQUET; SCHREUDERS; et al.,2003;
IJKEMA-PAASSEN ; JASEN ; GRAMSBERGEN, 2004)
Os tipos de trauma que promovem lesões de nervos periféricos
incluem transecção, estiramento, avulsão de raiz nervosa, acarretando lesões
importantes desde os receptores na pele ou músculo, incluindo o gânglio da raiz
dorsal na medula, até alterações, na porção cortical do sistema nervoso central
(SNC). Estas alterações podem ser transitórias ou permanentes cursando com
danos irreversíveis (MILLESI, 1988; MILLER; WEBSTER; et al., 2003;
JOHNSON, SKORNIA, STABENFELDT; et al.,2008).
As lesões nervosas periféricas foram classificadas, inicialmente
(SEDDON, 1943) em neuropraxia — lesão leve com recuperação em semanas a
meses; Axonotmese — lesões causadas comumente por esmagamento ou
estiramento ocorre perda de continuidade axonal, subsequente degeneração
Walleriana do segmento distal; Neurotmese — lesão completa do nervo, o
tronco nervoso é rompido sem ter continuidade anatômica. Ocorre a
desorganização do axônio causada por uma fibrose tecidual com consequente
interrupção do crescimento axonal. A recuperação espontânea é pobre, não
regenera sem intervenção cirúrgica. Tal classificação, posteriormente foi
detalhada por Sunderland em 1978.
Dentre todas as técnicas disponíveis para a reparação neural a rafia
primária, ou término-terminal, destaca-se como a de melhores resultados
histológicos e funcionais, trata-se de realizar uma simples sutura epineural com
fio ultrafino, sem, contudo realizar tração dos cotos lesionados (BRUNELLI;
VIGASIO; BRUNELLI, 1994). Tal procedimento, para união dos cotos, também
tem sido testada com cola de fibrina, por meio da avaliação da velocidade de
condução, com resultados promissores (SANDRINI; PEREIRA JUNIOR; GAY-
ESCODA, 2007).
Quando a simples rafia não é possível pela perda de estrutura, com a
formação de um gap, têm-se a técnica de auto enxertia, que consiste na
utilização de um nervo do próprio paciente de outra parte do corpo (TERZIS;
52 1-Introdução
FAIBISOFF; WILLIAMS, 1975), esta técnica é capaz de guiar o crescimento
axonal e unir as extremidades do coto distal e proximal, reduzindo a tensão na
linha de sutura, fator este que inibiria a reparação neural (SPECTOR; LEE;
DERBY; et al., 1993). Entretanto, a aplicação desta terapêutica implica em
algumas desvantagens, tais como a necessidade de abordagem de outro sitio
cirúrgico, perda de sensibilidade definitiva (anestesia) da área doadora,
possibilidade de formação de neuroma de amputação na região que recebeu o
enxerto, dentre outras.
Para evitar essas inconveniências pesquisadores decidiram lançar
mão de outros artifícios, como enxertos de veias autólogas, tubos sintéticos
absorvíveis ou não. Para o primeiro grupo, estudiosos decidiram comparar a
eficácia da utilização da veia invertida comparada aos enxertos de nervos. O
enxerto de veia invertida é um tubo de veia puxado através de si mesmo para
inverter a orientação normal e colocar a camada adventícia no interior do lúmen,
de modo a simular o que um nervo encontra em seu meio natural. Em 10 ratos, a
veia jugular direita foi colhida, virado ao avesso, e utilizado para preencher um
defeito 10 milímetros criado no nervo isquiático direito. O segmento de nervo de
10 mm da direita foi então utilizado como um padrão de enxerto de nervo no
espaço da lesão de 10 milímetros criado no nervo ciático esquerdo. Os ratos
foram sacrificados aos 8 e 12 semanas. A Regeneração do enxerto de veia
invertida apresentou resultados funcionais superiores (velocidades de condução
mais rápida) e melhoria dos resultados histológicos (maior número de axônios)
em comparação com o lado do nervo enxertado. Concluiu-se que,
possivelmente, a adventícia da parede da veia promoveu a melhor regeneração
do nervo, proporcionando um ambiente rico em colágeno, a laminina, e células
de Schwann e o aumento da sua vascularização (WANG; COSTAS; BRYAN; et
al.,1995; FERRARI; RODRIGUES; MALVEZZI; et al., 1999).
Avaliou-se também a possibilidade da utilização da artéria invertida
para servir de conduto entre os cotos lesionados. Apesar de veias e artérias
apresentarem estruturas de parede semelhantes, existem diferenças que podem
ser relevantes na reconstrução de nervos periféricos. Enxertos venosos
invertidos têm sido satisfatoriamente usados para reparar tanto nervos motores e
sensitivos. No entanto, o enxerto de artéria invertidas é uma técnica nova e não
1 - Introdução 53
totalmente investigada. Neste trabalho, apresentaram-se dados morfológicos
comparativos sobre a regeneração do nervo isquiáticos em ratos. Veias
jugulares e artérias aorta foram colhidas de animais doadores para preencher
uma lacuna de 10 mm. Foram sacrificados com 10 semanas para avaliar a
regeneração do nervo. Ambas as técnicas apresentaram grande variabilidade no
tecido nervoso. Os resultados apresentaram semelhanças morfométricas
(BARCELOS; RODRIGUES; SILVA, et al., 2003).
As técnicas de tubulização apresentam resultados satisfatórios,
entretanto, exibem o grande inconveniente da necessidade de abordar,
cirurgicamente, outra região do próprio organismo. E este, invariavelmente já se
encontra mutilado por outra injúria. Pensando nisso que pesquisadores do
mundo todo passaram a desenvolver caminhos diferentes. Tais como, a
utilização de tubos sintéticos que fariam a mesma função dos enxertos autólogos
(TOLEDO, 2011).
Após gerar uma lesão de 10 mm no nervo isquiático dos ratos,
utilizou-se de um tubo de polietileno poroso, sendo que tais orifícios foram
confeccionados para permitirem invasão de capilares sanguíneos. Os animais
foram aleatoriamente divididos em dois grupos experimentais e três controles,
sendo que os primeiros no qual foram adaptados os tubos, um com
preenchimento de gordura autóloga e o outro sem preenchimento. Nos controles
houve a subdivisão em inicial, desnervado e final. Próximo da data do sacrifício,
150 dias de pós-operatório, os animais foram submetidos a analise funcional por
meio do footprint, que demonstrou que o grupo controle sem preenchimento
apresentou melhores resultados quando comparados ao grupo com gordura. E,
curiosamente, por avaliação morfométrica notou-se superioridade naquele com
tecido adiposo. Concluiu-se, dentre outras, que melhores estudos deverão ser
realizados para responder essa celeuma (TOLEDO, 2011).
Outro grande desafio, além do tipo de tubo ou conduíte, é o que vai
dentro dele, seja vazio ou com algum componente neurogênico, e substrato de
celeuma no mundo científico (TOLEDO, 2011).
Baseado nos estudos desenvolvidos com tubo de colágeno semeado
com células-tronco derivadas de pele autólogas (CTDPAs) para preencher
lacunas em defeitos de nervo isquiáticos de ratos, apresentou-se um relato de
54 1-Introdução
caso descrevendo um uso deste enxerto para a reparação de nervos sensoriais
da parte superior do braço de um paciente. No tratamento do paciente, funções
motoras e sensoriais do nervo mediano demonstraram recuperação pós-
implantação em curso durante o período de acompanhamento. Os resultados
indicam que enxerto artificial de tubo de colágeno poderia ser usado para
correção cirúrgica de defeitos maiores em grandes lesões de nervos periféricos,
aumentando a qualidade de vida dos pacientes
(GRIMOLDI; COLLEONI; TIBERIO; et al., 2013).
Já é sabido da eficácia no uso da câmara hiperbárica no tratamento
das feridas, e neste sentido, pesquisadores decidiram testar sua ação sobre
lesões de nervos periféricos. Foi estudado o efeito da oxigenoterapia hiperbárica
(HBO) na recuperação de nervo periférico. O nervo isquiático dos ratos
seccionados e reparados pela sutura epineural simples, usando técnica
microcirúrgic. Após os reparos, os animais foram divididos aleatoriamente em
dois grupos: 1) controle - nenhum HBO (n = 20); 2 ) tratamento HBO - duas
vezes por dia durante uma semana ( 1,75 h de duração do mergulho , 100 por
cento de O2 , 2,5 ATA ) ( n = 16 ) . Recuperação do nervo foi avaliada
semanalmente (total de 10 semanas) por análise de uma walking -track , a partir
do qual o índice de função isquiática (FIC) foi calculada para cada animal. Assim
sendo, FIC melhorou no grupo HBO - tratamento em relação aos controles ,
tornando-se estatisticamente significativa nas semanas 7 e 10. Estes resultados
sugerem que a recuperação funcional em nervos seccionados,
desvascularizadas, podem ser melhorados através de 1 semana de tratamento a
seguir à reparação HBO microcirúrgico (ZAMBONI; BROWN; ROTH; et al., 1995).
Diante de tantos questionamentos ainda sem respostas definitivas a
presente Tese de Doutorado teve como proposta avaliar a eficácia da utilização
da câmara hiperbárica em animais submetidos a procedimento para colocação
de tubos de polietileno poroso com e sem inserção de gordura autóloga, por
meio de um estudo Randomizado controlado. Tal aferição foi realizada por meio
de morfometria e avaliação funcional pelo Catwalk.
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2 – Revisão da Literatura
2 – Revisão da Literatura 57
2- REVISÃO DE LITERATURA
2.1 – Aspectos anatômicos e histofisiológicos do Sistema
Nervoso Periférico
O sistema nervoso é didaticamente dividido em sistema nervoso
central (SNC), composto pelo encéfalo e a medula espinhal, e sistema nervoso
periférico (SNP), o qual compreende os nervos cranianos, que nascem no
encéfalo, os nervos espinhais, que nascem na medula espinhal, e os gânglios
associados a eles (GARTNER, 2006). O SNP estabelece uma via de
comunicação entre o SNC e os órgãos; as informações sensitivas são
transmitidas da periferia para o SNC (via aferente), e os sinais de motricidade
percorrem o sentido contrário (via eferente); o componente motor subdivide-se,
ainda, em sistema nervoso somático - os impulsos originados no SNC são
diretamente transmitidos aos órgãos efetores - e sistema nervoso autônomo, nos
quais os impulsos são, inicialmente, transferidos para um gânglio autônomo
através de um neurônio, e um segundo neurônio localizado no gânglio transmite
as informações para os órgãos periféricos.
Os nervos do sistema nervoso periférico são formados por axônios,
células não neuronais e componentes da matriz extracelular (MEC). O axônio é
um prolongamento do corpo celular, capaz de transportar informações químicas
e elétricas a longas distâncias. São classificados como mielínicos ou amielínicos;
os axônios mielínicos (Figs.: 1 & 2) são envoltos por uma estrutura tubular com
múltiplas camadas (bainha de mielina) originadas pelas células de Schwann
(CS). Os axônios amielínicos, embora a bainha de mielina esteja ausente,
também estão associados às CS (LANDON, 1976). Células de Schwann,
principais constituintes do SNP, são originadas na crista neural, possuem
morfologia achatada e núcleo alongado. Sua principal função é a mielinização
dos axônios (PETERS; PALAY; WEBSTER, 1976) e estão posicionadas ao
longo dos axônios separadas entre si por intervalos destituídos de mielina,
parcialmente cobertos por digitações laterais do seu citoplasma e denominados
nodos de Ranvier (Fig. 2). Essa estrutura é rica em canais de ions de sódio
(Na+), que dão origem à condução saltatória característica dos axônios
58 2-Revisão da Literatura
mielinizados. A bainha de mielina é formada pela diferenciação da membrana
plasmática da própria CS; possui como característica estrutural a alta
concentração lipídica e poucas proteínas, o que lhe permite proteger e isolar a
fibra nervosa, acelerando a propagação dos potenciais de ação dos neurônios
ao órgão alvo (LUNDBORG, 1993). Os axônios amielínicos estabelecem
ligações com as CS por meio de projeções citoplasmáticas que os envolvem
total ou parcialmente, sendo agrupados em números que variam de 5 a 25
axônios (SEIM, 2002).
Após uma lesão nervosa, as CS adquirem características
proliferativas e fagocíticas, tornando-se vitais no processo de degeneração dos
axônios (degeneração Walleriana). Em nervos desnervados, essas células
alinham-se longitudinalmente formando colunas conhecidas como ―bandas de
Büngner, constituindo uma lâmina basal que induz e auxilia o crescimento axonal
com o auxílio de fatores neurotróficos.
Fonte: http://diariodebiologia.com/files/2011/06/001ca.jpg
Fig.1: Fibras nervosas mielínicas (650 X). Em roxo nota-se a
bainha de mielina. Nos axônios de maior diâmetro, a célula
envoltória forma dobras em torno do axônio.
2 – Revisão da Literatura 59
Além da importante função estrutural, atuando como condutores
físicos no direcionamento do crescimento axonal, essas células também servem
de interface entre os axônios e a MEC, sintetizando elementos como
proteonoglicanas, colágenos e fatores neurotróficos (SHORES, 1996; THOMAS,
1996). As fibras nervosas classificam-se em quatro categorias – I, II, III e IV -
conforme seu diâmetro, estrutura e velocidade de condução do impulso
nervoso.Fibras do tipo I, ou Aα, possuem maior diâmetro (12 - 22 μm),
velocidade de condução rápida (72 - 130 m/s) e são fortemente mielinizadas;
elas incluem as fibras motoras somáticas e grandes fibras aferentes
proprioceptivas. Fibras do tipo II (Aβ) também possuem grande diâmetro (6 - 18
μm), velocidade de condução rápida (35 -108m/s) e fortemente mielinizada. Em
sua maioria detectam estímulos suaves e não dolorosos aplicados na pele
(pressão), músculos e articulações, contribuindo para a propriocepção sem
responder diretamente a estímulos nociceptivos. O grupo III, que corresponde às
fibras Aδ, com diâmetro menor (3 - 7 μm), velocidade de condução moderada (3
- 30 m/s) e fracamente mielinizadas, estão associadas à nocicepção,
termocepção e quimiorrecepção. E as fibras que pertencem ao grupo IV – tipo C
-são amielínicas, apresentam menor diâmetro (0,25 – 1,35 μm), velocidade de
condução lenta (0,2 - 2,0 m/s) e incluem fibras autônomas pós-ganglionares e
fibras termosensitivas; também fornecem ao SNC informações nociceptivas,
Fonte: http://www.sobiologia.com.br/figuras/Fisiologiaanimal/nervoso8.jpg Fig.2: Imagem esquemática demonstrando um neurônio mielínico. As setas demonstram o sentido do impulso.
60 2-Revisão da Literatura
termoceptivas e quimioceptivas. Nas fibras amielínicas o potencial de ação é
mais lento, pois o estímulo é transmitido de forma contínua ao longo da fibra.
(LUNN, BROWN, PERRY, 1990; IDE, 1996; ZOCHODNE, 2000; TALOR, 2006).
Fibras nervosas são circundadas por três camadas de tecido
conjuntivo. Acamada mais externa, formada por tecido conjuntivo colagenoso
denso não modelo, é denominada como epineuro e possui vasos, fibroblastos e
fibras de colágeno tipo I. A camada média – perineuro - apresenta células
pavimentosas dispostas em 24 camadas concêntricas em relação às fibras
nervosas, podendo ser observada a presença de fibras de colágeno tipo I e III. O
perineuro cobre individualmente cada feixe de fibra nervosa (fascículos) e é
essencial na manutenção da homeostase do nervo, atuando como uma barreira
seletiva ao trânsito de substâncias com alto peso molecular. A camada mais
interna de tecido conjuntivo, que reveste individualmente cada fibra nervosa
(axônios), é chamada de endoneuro e é composta por fibras de colágeno tipo III
dispostas longitudinalmente em relação à fibra nervosa.
No endoneuro, é possível encontrar células residentes como
macrófagos, fibroblastos e eventualmente mastócitos (RUTKOWSKIL, TUITE,
LINCOLN, et al.,1999; KIEFER; KIESEIER; STOLL; et al., 2001; GARTNER;
HIATT, 2006).
Como componentes da MEC estão o colágeno, fibronectina e
laminina,fundamentais para a orientação e crescimento axonal durante o
processo de regeneração nervosa, que ocorre do coto proximal em direção ao
coto distal (PETERS; PALAY; WEBSTER, 1976). Dentre os nervos periféricos, o
nervo isquiático que se destaca por seu grande diâmetro e patologias comuns
associadas a ele. Constituído por fibras provenientes dos segmentos medulares
da L4, L5, S1, S2 e S3, atravessam o grande forame isquiático até a região
posterior da coxa, percorrendo por trás do fêmur por toda sua extensão. É um
nervo misto (sensitivo e motor) que se ramifica em dois segmentos na altura do
terço femoral distal: nervo tibial e fibular (ERHART, 1965). Lesão nessa
localização acomete os músculos bíceps femoral,semitendinoso e
semimembranoso, levando a perda da sensibilidade na região lateral abaixo do
joelho (KASRA; ROWSHAN; JONES, et al., 2004).
2 – Revisão da Literatura 61
2.2 Lesões em nervos periféricos
Os mais diversos traumas e afecções de variados gêneros levam a lesões
dos nervos periféricos que se situam entre as mais incapacitantes, acometendo
indivíduos em idade produtiva, face dos múltiplos aspectos concernentes às
sequelas deste tipo de problema (BRUYNS; JAQUET; SCHREUDERS; et
al.,2003; LUNDBORG ; ROSÉN , 2001; IJKEMA-PAASSEN ; JASEN ;
GRAMSBERGEN, 2004).
São os tipos de trauma que geram as lesões dos nervos periféricos
englobam estiramento, avulsão de raiz nervosa, transecção, acarretando lesões
importantes desde os receptores na pele ou músculo, incluindo o gânglio da raiz
dorsal na medula, até alterações, em região cortical no sistema nervoso central
(SNC). Tais alterações podem ser transitórias ou permanentes cursando com
sequelas irreversíveis (MILLESI, 1988; THAPA; MILLER; WEBSTER; et al., 2003;
JOHNSON, SKORNIA, STABENFELDT; et al., 2008). Estudos demonstraram
que, na Suécia, a frequência de acometimento dos membros, especialmente das
mãos, em acidentes de trabalho ou fora deles foi de 13,9 casos/100.000
pessoas/ano (THAPA; WEBSTER; HABERSTROH, 2003). Além disso, estudos
naquele país demonstraram ainda que as lesões de mãos sem
comprometimento de nervos periféricos acarretam custo anual de 15.600 euros
relativos a cada paciente. Este valor é acrescido de 63% aos custos com cifras
de 27.000 euros, anuais, quando ocorrem lesões de nervos periféricos
associados a lesões de tendões (OLIVEIRA, 2003).
Após avaliação de 134 pacientes demonstrou-se, que o custo per capita
de lesões corto - contuso em mãos alcançou cifras da ordem de 30.754 dólares,
com uma perda média de 64 dias de trabalho. O custo total deste grupo de
pacientes avaliados, considerando as perdas funcionais resultantes, alcançou
valores de mais de 4 milhões de dólares (GAO; NIKLASON ; LANGER, 1998).
Em estudo retrospectivo de3 anos, nos EUA, entendeu-se que as lesões
graves de membros superiores ocorrem em uma escala progressiva de perdas
socioeconômicas e emocionais relacionados à gravidade do trauma ocorrido
(AZIZI; MOHAMMADI; AMINI, 2012).
62 2-Revisão da Literatura
2.2.1 - Fisiopatologia das lesões
As lesões nervosas periféricas foram classificadas, inicialmente
(SEDDON, 1943) em:
a) Neuropraxia — lesão leve com recuperação em semanas a meses,
comperda motora e sensitiva devido à desmielinização da bainha de mielina,
mas sem alteração estrutural, sem rompimento axonal ou degeneração
Waleriana. A perda de função irá persistir até ocorrer a remielinização.
b) Axonotmese — lesões causadas comumente por esmagamento ou
estiramento. Ocorre perda de continuidade axonal, subsequente degeneração
Walleriana do segmento distal, porém não ocorre perda de célula de Schwann. A
recuperação depende do grau de desorganização do nervo e também da
distância ao órgão terminal.
c) Neurotmese — lesão completa do nervo, o tronco nervoso é rompidos
em ter continuidade anatômica. Ocorre a desorganização do axônio causada
poruma fibrose tecidual com consequente interrupção do crescimento axonal.
Arecuperação espontânea é pobre, não regenera sem intervenção cirúrgica.
A padronização dos tipos de lesões de nervos periféricos levou
Sunderland (1978) a detalhar os mecanismos de lesão nervosa (quadro 1), já
realizada por Seddon, que ocorrem em escala crescente de envolvimento dos
diversos componentes do nervo periférico (SUNDERLAND, 1978; GARTNER;
HIATT, 2006; LI; WANG; WEI; et al., 2010)
São eles:
Grau I - ocorre lesão da bainha de mielina, com bloqueio temporário da
condução nervosa, mantendo a integridade da estrutura nervosa;
Grau II - lesão axonal parcial, degeneração walleriana, porém com
integridade da membrana basal;
2 – Revisão da Literatura 63
Grau III - lesão axonal parcial e fragmentação da lâmina basal;
Grau IV - lesão de endoneuro, perineuro e lâmina basal;
Grau V - lesão axonal completa do tronco nervoso.
As lesões de nervos periféricos envolvem uma série de eventos
complexos referentes ao tecido lesado, incluindo sinalização axonal, alteração
funcional no corpo celular neuronal, ativação de células da glia, e inflamação
sistêmica caracterizada por edema e infiltração celular (LANDON; HALL, 1976).
SEDDON
(1943)
SUNDERLAND (1951)
Neuropraxia Grau 1 – Desmielinização local
Axonotmese Grau 2 – Interrupção da continuidade axonal
Neurotmese
Grau 3 – Destruição do endoneuro
Grau 4 – Destruição do perineuro
Grau 5 – Interrupção da continuidade de todas as
estruturas nervosas
Os neurônios lesados precisam mobilizar mecanismos intrínsecos e
extrínsecos de reparação, promovendo importante alteração na função do corpo
neuronal (LUNDBORG, 1973; PETERS; PALAY; WEBSTER, 1976). Quando um
axônio é seccionado o aumento do transporte axonal retrógrado em direção ao
corpo celular. Concomitantemente, ocorre diminuição na liberação de fatores
neurotróficos, comprometendo o núcleo celular e o decréscimo de transporte
anterógrado, com agravamento da lesão distal do nervo, e consequente lesão
em receptores de pele, músculos e órgãos-alvo (THOMAS, 1964; JESSEN,
MIRSKY, 1996; IDE, 1996; SHORES, 1996; SEIM, 2002). Axônios motores
preferencialmente reinervam alvos motores, e a junção neuromuscular, da placa
Quadro 1: Comparação das duas classificações de Seddon e Sunderland, das lesões dos nervos periféricos
64 2-Revisão da Literatura
mioneural, desempenha papel preponderante na transmissão de mensagens do
sistema nervoso central para o músculo (PERRY, 1990; ZOCHODNE, 2000;
KIEFER; KIESEIER; STOLL, et al., 2001;LUNN; BROWN; TALOR, 2006). É
fundamental a presença da lâmina basal, como arcabouço de regeneração das
células de Schwann no fenômeno de regeneração dos nervos periféricos
(ERHART, 1965; RUTKOWSKI; TUITE; LINCOLN, et al.,1999).
Quando ocorre a neurotmese, ou seja, secção total do nervo com a total
ruptura dos fascículos nervosos, ocorre a necessidade de realinhamento
fascicular cirúrgico adequado, pois os cotos nervosos tendem a retrair e a sutura
primária só é possível se não houver tensão no sítio de coaptação (MILLESI,
1988; KASRA; JONES; GUPTA, et al., 2004; GARTNER; HIATT, 2006).
O crescimento de axônios após a transecção é um fenômeno delicado. De
cada axônio primário, numerosos brotamentos, em geral ao redor de 5 por
axônio são formados, e em cada brotamento há um cone de crescimento. Nova
membrana basal da célula de Schwann é transportada do corpo celular e
incorporada na superfície da membrana do cone de crescimento, aumentando a
área de abrangência dos axônios em regeneração, que por sua vez são
precedidos pelas células de Schwann migratórias. Este microambiente pode ser
atrativo ou repulsivo dependendo da liberação de fatores neurotróficos
(SEDDON, 1943; SUNDERLAND, 1978; HUDSON; EVANS; SCHMIDT, 2000).
Estudos realizados em modelo primata demonstraram que após a
neurotmese do mediano, no nível do SNC existe uma deaferentação (dor
neuropática causada por falta de impulsos do sistema nervoso central ou
periférico) seletiva do córtex neural somatosensitivo. Além disso, demonstrou-se
que o nervo acometido tem a sua área de representação córtico-motora
diminuída, e as áreas deaferentadas são invadidas pelas áreas somatosensitivas
vizinhas, até que a reconexão neural (TALOR, 2006) substituta seja
restabelecida. A transecção nervosa de nervos medianos, em primatas foi
acompanhada por mapeamento cerebral cortical nas áreas motoras de
Broadmann demonstrada por potenciais evocados somatosensitivos corticais, e
eletroencefalogramas (ECG) seriados. Além disso, após 9 meses as áreas
previamente inervadas pelo nervo mediano foram inervadas pelos nervos ulnar e
2 – Revisão da Literatura 65
radial. Após a correção cirúrgica tardia houve regressão aos padrões
eletrofisiológicos basais, porém com intensidade muito diminuída.
Estudos experimentais e em seres humanos utilizando-se análises
histoquímicas não revelaram recuperação efetiva funcional dos nervos
periféricos quando seccionados (FARRAG; LEHAR; VERHAEGEN; et al., 2007;
TREMP; SCHWABEDISSEN; KAPPOS; et al.,2013; LICHTENFELS; COLOMÉ;
SEBBEN; et al., 2013). Os testes de eletroneuromiografia não demonstram
confiabilidade, bem como as velocidades de condução e as latências proximais e
distais também não refletem efetivo aporte neuronal funcional (SARIGUNEY;
YAVUZER; ELMAS; et al., 2008; YAO; WANG; CUI; et al.,2009; DING; LUO;
ZHENG; et al., 2010; MADDURI; FELDMAN; TERVOORT; et al., 2010). Além
disso, não existe correlação entre nervos periféricos, após reconstrução, mesmo
na presença de fibras mielinizadas em grande quantidade e com efetiva
demonstração de regeneração observada sob microscopia eletrônica (LANDON;
HALL, 1976; GARTNER; HIATT, 2006; KALBERMATTEN; ERBA; MAHAY; et al.,
2008).
Progressos importantes têm sido obtidos no estudo da regeneração pós-
traumática de nervos periféricos. Além disso, a compreensão dos mecanismos
imunes e neurobiológicos envolvidos neste processo pode promover avanços
importantes no entendimento destas lesões (MIRSKY; JESSEN, 2001;
GARTNER; HIATT, 2006; JOHNSON; SKORNIA; STABENFELDT; et al., 2008;
KALBERMATTEN; PETTERSSON; KINGHAM; et al., 2009).
Os modelos animais que são utilizados para a demonstração de
regeneração nervosa são variados e cada espécie apresenta suas
peculiaridades (PETERS; PALAY; WEBSTER, 1976; BRAGA-SILVA, 1999;
SCHMIDT; LEACH, 2003; LEE; YU; LOWE; et al., 2003; KASRA; JONES;
GUPTA, 2004; KALBERMATTEN; ERBA; MAHAY, 2008; ICHIHARA; INADA;
NAKAMURA, 2008). O rato Wistar possui similaridade com a estrutura e a
disposição anatômica dos nervos periféricos quando comparado aos seres
humanos.
66 2-Revisão da Literatura
2.3 – Procedimentos reparadores das lesões dos nervos periféricos
2.3.1 – Breves apontamentos históricos:
A primeira referência a despeito de procedimentos cirúrgicos em nervos
data do ano 1393, no qual Chauliac faz menção a bons resultados na
recuperação dessas estruturas. Entretanto, apenas em 1850, um pesquisador de
nome Augustus Waller apresenta seu importante trabalho sobre a degeneração
nervosa após lesão. Ao estudar os nervos hipoglosso e glossofaríngeo de sapos
demonstrou não apenas a degeneração do coto distal, mas também o processo
de regeneração do mesmo. Os resultados de suas analises desencadeou a
teoria da degeneração Walleriana.
Outros estudos importantes que originaram conceitos utilizados até hoje
foram, por exemplo, os realizados por Ramon y Cajal, no qual demonstraram
que a regeneração nervosa parte do coto proximal e não da autorregeneração
do distal, como era crível anteriormente.
No século XX, Tinel, em 1915 publica seu trabalho sobre a regeneração,
descrevendo a dor como sinal de irritação e mal prognóstico; Seddon, em 1948
classifica diversos tipos de lesões, como já anteriormente mencionado.
Sunderland, em 1945 corrobora e reitera os estudos de Seddon dando a base
dos conhecimentos desdobrados até hoje.
2.3.2 – Tratamento das lesões dos nervos periféricos:
Dentre todas as técnicas disponíveis para a reparação neural a rafia
primária, ou término-terminal, destaca-se como a de melhores resultados
histológicos e funcionais, trata-se de realizar uma simples sutura epineural com
fio ultrafino, sem, contudo tracionar dos cotos lesionados (BRUNELLI; VIGASIO;
BRUNELLI, 1994). Tal procedimento, para união dos cotos, também tem sido
testada com cola de fibrina, por meio da avaliação da velocidade de condução,
com resultados promissores (SANDRINI; PEREIRA JUNIOR; GAY-ESCODA,
2007; BUCHAIM; ANDREO; BARRAVIERA, 2015).
2 – Revisão da Literatura 67
Quando a simples rafia não é possível pela perda de estrutura, com a
formação de um gap, têm-se a técnica de auto enxertia, que consiste na
utilização de um nervo do próprio paciente de outra parte do corpo (TERZIS;
FAIBISOFF; WILLIAMS, 1975), esta técnica é capaz de guiar o crescimento
axonal e unir as extremidades do coto distal e proximal, reduzindo a tensão na
linha de sutura, fator este que inibiria a reparação neural (SPECTOR; LEE;
DERBY; et al., 1993). Entretanto, a aplicação desta terapêutica implica em
algumas desvantagens, tais como a necessidade de abordagem de outro sitio
cirúrgico, perda de sensibilidade definitiva (anestesia) da área doadora,
possibilidade de formação de neuroma de amputação na região que recebeu o
enxerto, dentre outras.
Para evitar essas inconveniências pesquisadores decidiram lançar mão de
outros artifícios, como enxertos de veias autólogas, tubos sintéticos absorvíveis
ou não. Para o primeiro grupo, estudiosos decidiram comparar a eficácia da
utilização da veia invertida comparada aos enxertos de nervos. O enxerto de
veia invertida é um tubo de veia puxado através de si mesmo para inverter a
orientação normal e colocar a camada adventícia no interior do lúmen, de modo
a simular o que um nervo encontra em seu meio natural. Em 10 ratos, a veia
jugular direita foi colhida, virado ao avesso, e utilizada para preencher um defeito
10 milímetros criado no nervo isquiático direito. O segmento de nervo de 10 mm
da direita foi então utilizado como um padrão de enxerto de nervo no espaço da
lesão de 10 milímetros criado no nervo isquiático esquerdo. Os ratos foram
sacrificados 8 e 12 semanas pós-cirurgia. A Regeneração do enxerto de veia
invertida apresentou resultados funcionais superiores (velocidades de condução
mais rápida) e melhoria dos resultados histológicos (maior número de axônios)
em comparação com o lado do nervo enxertado. Concluiu-se que,
possivelmente, a adventícia da parede da veia promoveu a melhor regeneração
do nervo, proporcionando um ambiente rico em colágeno, laminina, e células de
Schwann e o aumento da sua vascularização (WANG; COSTAS; BRYAN; et
al.,1995).
Avaliou-se também a possibilidade da utilização da artéria invertida para
servir de conduto entre os cotos lesionados. Apesar de veias e artérias
apresentarem estruturas de parede semelhantes, existem diferenças que podem
68 2-Revisão da Literatura
ser relevantes na reconstrução de nervos periféricos. Enxertos venosos
invertidos têm sido satisfatoriamente usados para reparar tanto nervos motores e
sensíveis. No entanto, o enxerto de artéria invertidas é uma técnica nova e não
totalmente investigada. Neste trabalho, apresentaram-se dados morfológicos
comparativos sobre a regeneração do nervo isquiáticos em ratos. Veias
jugulares e artérias aorta foram colhidas de animais doadores para preencher
uma lacuna de 10 mm. Foram sacrificados com 10 semanas para avaliar a
regeneração do nervo. Ambas as técnicas apresentaram grande variabilidade no
tecido nervoso.Os resultados apresentaram semelhanças morfométricas
(BARCELOS; RODRIGUES; SILVA, et al., 2003).
Seguindo o mesmo raciocínio da utilização da veia invertida, outra
pesquisa foi realizada, porém com uma importante modificação, a inserção de
gordura autóloga na luz da veia. Este pequeno detalhe parece ter apresentado
diferenças morfológicas nos axônios quando comparado ao grupo que não se
utilizou do artifício (ROSA-JUNIOR, 2010).
Além da gordura outras substâncias já foram testadas no interior das
veias, como é o caso da administração tópica FK506, um imunossupressor
aprovado pela FDA (Food and Drug Administration) utilizado principalmente para
a prevenção da rejeição do enxerto após transplante. Recentemente, estudos
têm se concentrado em seu papel como um neuroprotetor e neurotrófico. Um
defeito de 10 mm foi gerado no nervo isquiático e nele foi inserido enxerto de
veia invertida preenchida com 10 µl de uma diluição de droga - transportador (10
ng / ml de FK506 ). As fibras regeneradas foram estudados 4,8, e 12 semanas
após a cirurgia. Houve diferença estatisticamente significativa entre as
proporções de peso médio do músculo gastrocnêmio dos grupos de controle
IOVG / FK506 e IOVG (p < 0,05). Índices morfométricos de fibras regeneradas
mostraram que o número e diâmetro das fibras mielinizadas foram
significativamente maiores no grupo / FK506 EVI do que no grupo de controle
EVI . A análise Imunohistoquimica revelou imunorreatividade mais positivo para
a proteína S100 no grupo EVI / FK506 do que no grupo de controle EVI (AZIZI
; MOHAMMADI; AMINI; et al., 2012).
As técnicas de tubulização, como visto, apresentam resultados
satisfatórios, entretanto, exibem o grande inconveniente da necessidade de
2 – Revisão da Literatura 69
abordar, cirurgicamente, outra região do próprio organismo. E este,
invariavelmente já se encontra mutilado por outra injúria. Pensando nisso que
pesquisadores do mundo todo passaram a desenvolver alternativas diferentes.
Tais como, a utilização de tubos sintéticos que fariam a mesma função dos
enxertos autólogos (TOLEDO, 2011).
Como alternativa para auto enxertos de nervos desenvolveu-se um
tubo de 12 milímetros de comprimento de poli (2-hidroxietil metacrilato-co-
metacrilato de metila) porosos e estudou-se a sua capacidade de regeneração
para gaps criados cirurgicamente de 10 milímetros no nervo isquiático.
Comparou-se sua eficácia in vivo com o padrão-ouro, o autoenxerto de nervo.
Os tubos foram avaliados por sua capacidade de permitir a regeneração nervosa
em 4, 8 e 16 semanas pós-implantação. A regeneração axonal no interior dos
tubos foi observado 8 semanas pós-cirurgia, com parâmetros de resultados
comparáveis aos auto enxertos . Esta observação foi posteriormente confirmada
pelos resultados eletrofisiológicos e histomorfométricos. O grupo tubo de 16
semanas tiveram uma resposta bimodal, com 60% dos tubos que têm uma
resposta semelhante à auto enxertos e os outros 40 % têm significativamente
menor (P < 0,05) (BELKAS; MUNRO; SHOICHET ; et al., 2005).
Após gerar uma lesão de 10 mm no nervo isquiático dos ratos,
utilizou-se de um tubo de polietileno poroso, sendo que tais orifícios foram
confeccionados para permitirem invasão de capilares sanguíneos. Os animais
forma aleatoriamente divididos em dois grupos experimentais e três controles,
sendo que os primeiros no qual foram adaptados os tubos, um com
preenchimento de gordura autóloga e o outro sem preenchimento. Nos controles
houve a subdivisão em inicial, desnervado e final. Próximo da data do sacrifício,
150 dias de pós-operatório, os animais foram submetidos a analise funcional por
meio do footprint, que demonstrou que o grupo controle sem preenchimento
apresentou melhores resultados quando comparados ao grupo com gordura. E,
curiosamente, por avaliação morfométrica notou-se superioridade naquele com
tecido adiposo. Concluiu-se, dentre outras, que melhores estudos deverão ser
realizados para responder essa celeuma (TOLEDO, 2011).
Apesar de inúmeros estudos sobre a utilização tubos artificiais para
regeneração de nervos periféricos, o transplante autólogo de nervos permanece
70 2-Revisão da Literatura
o mais eficaz para a reparação deste tipo tecidual. Para melhorar a técnica da
tubulização sintética, os autores examinaram tubos que contêm hidrogel de
gelatina como um transportador que permita a liberação prolongada do fator de
crescimento de fibroblastos básico (FFb) . Um segmento de 15 mm do nervo
isquiático foi ressecado e reparado com nervo autólogo (grupo 1 ) , um tubo com
hidrogel de gelatina e bFGF (grupo 2) , um tubo com FFb sozinho ( grupo 3 ) , ou
apenas um tubo (grupo 4) . As análises histológicas e funcionais foram
realizados durante 16 semanas após a cirurgia. Quatro semanas após a cirurgia,
um número significativamente maior de axônios em regeneração foram
detectados no grupo 2 do que nos grupos 3 e 4 , mas a densidade axonal no
grupo 2 foi menor do que no grupo 1. De igual modo, os animais do grupo 2
mostraram um desempenho significativamente melhor do que aqueles do motor
em os grupos 3 e 4 , mas pior do que aqueles do grupo 1. Os animais dos
grupos 1 e 2 apresentaram significativamente melhor recuperação sensorial do
que os grupos 3 e 4.O tubo hidrogel de gelatina – com FFb promoveu a
regeneração axonal após a lesão do nervo periférico , mas não tão bem como
transplantes autólogos (TAKAGI; KIMURA ; SHIBATA; et al., 2012).
Quatro tubos de biomateriais, poliácido láctico-co-ácido glicólico
(PLGA), poli fumarato de caprolactona (PCLF) ,fumarato de polietileno glicol
neutro oligo (OPF) hidrogel ou um oligo carregada positivamente [(polietileno
glicol) fumarato] (OPF (+)) hidrogel com PCLF, já foram apontados por ter
benefícios para a reparação de nervos. No entanto, nenhuma comparação direta
para identificar o melhor material dentre eles foi realizado. Neste estudo os tubos
foram implantados no nervo isquiático de ratos, que por sua vez foram
quantificadas e comparadas .Usando métodos estatísticos padrões, observou-se
que não há diferenças significativas entre os grupos apesar PCLF mostrar uma
tendência de melhor desempenho do que os outros. Ficou claro que o tubo
PLCF facilitou a regeneração dos nervos em comparação com os outros três. Ao
se utilizar este método de comparação, espera-se que outros biomateriais
também sejam submetidos a esse mesmo crivo (DALY; KNIGHT; WANG; et al.,
2013).
Neste estudo avaliou-se a capacidade de regeneração dos nervos
isquiáticos em tubos de quitosana, um polissacarídeo catiônico produzido
2 – Revisão da Literatura 71
através da deacetilação da quitina, encontrado no exoesqueleto de crustáceos,
utilizado como cicatrizante, para preencher espaços (15 mm de comprimento )
em comparação com tubos de silicone (SIL) e auto enxertos nervosos (AEN) .
Um total de 28 ratos Wistar Hannover foram distribuídos aleatoriamente em
quatro grupos (n = 7 cada), em que o nervo foi reparada por tubo SIL, guias de
quitosana de baixo (~ 2 %) e médio (~ 5 %) grau de acetilação. Ambos os grupos
com tubos de quitosana mostraram grau semelhantes de recuperação funcional,
e igual número de fibras nervosas após 4 meses de implantação. Os resultados
com tubos de quitosano foram significativamente melhores em comparação com
os tubos SIL (P <0,01), mas menor do que com AEN (P < 0,01) . Em contraste
com a AEN em que todos os ratos tiveram efetiva regeneração, tubos de
quitosana alcançado 43 e 57% de sucesso, respectivamente, enquanto a
regeneração falhou em todos os animais reparados com tubos SIL. Este estudo
sugere que os guias de quitosana são promissores condutos para o reparo de
nervos periféricos (GONZALEZ-PEREZ; COBIANCHI; GEUNA; et al., 2014).
Outro grande desafio, além do tipo de tubo ou conduíte, é o que vai
dentro dele, seja vazio ou com algum componente neurogênico, é motivo de
celeuma no mundo científico (TOLEDO, 2011).
Baseado nos estudos desenvolvidos com tubo de colágeno semeado
com células-tronco derivadas de pele autólogas (CTDPAs) para preencher
lacunas em defeitos de nervo isquiáticos de ratos, apresentou-se um relato de
caso descrevendo um uso deste enxerto para a reparação de nervos sensoriais
da parte superior do braço de um paciente. No tratamento do paciente, funções
motoras e sensoriais do nervo mediano demonstraram recuperação pós-
implantação em curso durante o período de acompanhamento. Os resultados
indicam que enxerto artificial de tubo de colágeno poderia ser usado para
correção cirúrgica de defeitos maiores em grandes lesões de nervos periféricos,
aumentando a qualidade de vida dos pacientes
(GRIMOLDI; COLLEONI; TIBERIO; et al., 2013)
As células-tronco derivadas de tecido adiposo foram isoladas a partir de
ratos e diferenciadas para um tipo célula de Schwann fenótipo in vitro. As células
diferenciadas (CTDTA) foram submetidos a auto alinhamento em um gel de
colágeno de tipo 1 atado, seguido por estabilização para a gerar tecido neural .O
72 2-Revisão da Literatura
fenótipo pró-regenerativo de dADSCs foi melhorado por este processo, e as
colunas de dADSCs alinhados na matriz de colágeno. Folhas EngNT-dADSC
foram enroladas para formar construções para reparação de nervos periféricos
que foram implantados dentro de conduítes NeuraWrap para preencher uma
lacuna de 15 mm de nervo isquiático de rato. Após 8 semanas de regeneração
foi avaliada por meio de imagens de imunofluorescência e microscopia eletrônica
de transmissão e em comparação com conduíte e controles vazios. A proporção
de axónios detectados no coto distal foi 3,5 vezes maior em construções
contendo EngNT-dADSC do que os controles de tubos vazios. A combinação de
tecnologias que podem organizar células terapêuticas autólogos dentro de uma
construção de tecido artificiais proporcionam um novo e promissor biomaterial
para reparação de nervos periféricos (GEORGIOU; GOLDING; LOUGHLIN; et
al., 2015).
Células-tronco derivadas de tecido adiposo (CTDTA) é uma fonte
acessível de células-tronco adultas que têm gerado considerável interesse como
candidatos a transplante autólogo de células e estão atualmente sendo utilizados
em ensaios clínicos para uma ampla gama de indicações. Células tronco e
células progenitoras geralmente constituem menos do que 5% da população
total de células no tecido adiposo, mas este é de 2500 vezes mais do que a
frequência destas células na medula óssea (FRASER; WULUR; ALFONSO; et
al., 2006; TOLEDO, 2011). A abundância de CTDTA e a capacidade de recolher
grandes quantidades de tecido adiposo através lipoaspiração elimina a
necessidade de expansão celular. Eles são facilmente acessíveis em grandes
quantidades, com pouca morbidade do sítio doador ou o desconforto do
paciente. Os estudos experimentais utilizando CTDTA ratos demonstraram que
estas células têm a capacidade de se diferenciar ao longo da linhagem de
células gliais, o que os torna bons candidatos para utilização como uma
alternativa para as células de Schwann de reparação do nervo periférico
(KOLAR; KINGHAM, 2014). As propriedades regenerativas destas células têm
sido atribuídas à sua secreção de fatores neurotróficos, a sua capacidade para
recrutar células de Schwann do hospedeiro para auxiliar o processo de
regeneração, a sua possível contribuição direta para formação de mielina e sua
2 – Revisão da Literatura 73
capacidade para aumentar a sobrevivência de neurónios sensoriais e motoras
(TOMITA; MADURA; SAKAI, 2013).
2.3.3 – Aplicação da medicina hiperbárica no tratamento de
feridas
A Medicina Hiperbárica envolve o tratamento de patologias num meio
ambiente com pressão superior à atmosférica. De uma forma mais abrangente,
trata-se da área médica que se dedica ao estudo das adaptações fisiológicas,
atividades recreativas (mergulho) e profissionais em meios hiperbáricos (em
partilha com a Medicina Subaquática); e que estuda, coordena e prescreve a
aplicação terapêutica do oxigênio em meio hiperbárico – Oxigenoterapia
Hiperbárica (FERNANDES, 2009).
A OTH consiste na administração de uma fração inspirada de oxigênio
próxima de 1 (oxigênio puro ou a 100%) num ambiente com uma pressão
superior (geralmente duas a três vezes) à pressão atmosférica ao nível do mar.
Este aumento de pressão irá resultar num aumento da pressão arterial e tecidual
de oxigênio muito significativos (perto de 2000 mmHg e 400 mmHg
respectivamente) o que estará na base da maioria dos efeitos fisiológicos e
terapêuticos do oxigênio hiperbárico (TIBBELS; EDELSBERG, 1996). Um dos
obstáculos à compreensão da OTH tem sido a visão de que se trata de um meio
tecnicamente complexo e exigente com o objetivo único de melhorar o transporte
de oxigênio. Novos estudos revelam, contudo, que este é apenas um dos
aspectos da sua ação, já que está agora bem estabelecido o papel do oxigênio
no aumento da expressão de enzimas antioxidativas bem como na modulação
da expressão de fatores de crescimento e citosinas.
Segundo a lei de Boyle-Mariotte a pressão e o volume variam em
proporção inversa (em temperatura constante). As variações de pressão que se
conseguem dentro de uma câmara hiperbárica fazem com que os volumes de
todas as cavidades orgânicas aéreas que sejam ou possam estar fechadas (tubo
digestório, ouvido, seios perinasais) variem de forma inversa. Todos os objetos
ocos sofrerão as mesmas variações de volume. Efeitos sobre a solubilidade em
consequência da lei de Henry, ao respirar oxigênio puro em meio hiperbárico
74 2-Revisão da Literatura
verifica-se um aumento da pressão arterial de oxigênio que pode superar os
2000 mmHg a um valor ambiental de três atmosferas absolutas (ATA). O volume
de oxigênio dissolvido e transportado pelo plasma, que é mínimo à pressão
atmosférica, aumenta mais de 22 vezes (FERNANDES, 2009). Assim, se
calcularmos o conteúdo plasmático de oxigênio (oxigênio dissolvido no plasma),
verificamos que, ao nível do mar, a quantidade de oxigênio que o plasma
transporta é cerca de\ 0,3 ml/dl enquanto a 3 ATA, o oxigênio dissolvido é
aproximadamente 6 ml/dl. Este último valor é suficiente para os consumos
celulares em repouso sem necessidade de qualquer contribuição do oxigênio
ligado à hemoglobina.
Fonte: www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19909659
A despeito dos efeitos bioquímicos e celulares sabe-se que a hipóxia
predispõe os tecidos à infecção porque a capacidade fagocítica dos
polimorfonucleares neutrófilos num meio hipóxico está diminuída. A OTH, ao
reverter a hipóxia tecidual e celular, restaura esta defesa orgânica e aumenta
inclusive a capacidade fagocítica sobre algumas bactérias. O oxigênio
hiperbárico é ele próprio, bactericida para alguns anaeróbios como o Clostridium
perfringens, e bacteriostático para algumas espécies de Escherichia e
Pseudomonas. Tem ainda um importante efeito de suprimir a produção clostridial
de alfa-toxina. Nos tecidos lesionados hipóxicos a OTH, ao contribuir para a
reversão desta hipóxia, estimula também a formação da matriz de colágeno,
essencial para a angiogênese e cicatrização. Sabe-se também, que a alternância
hiperóxia/normóxia constitui um estímulo angiogênico significativo (HUNT, 1988).
Quadro 2: Demonstração do conteúdo de oxigênio no sangue com as alterações da pressão atmosférica.
2 – Revisão da Literatura 75
Outro dos efeitos já bem estabelecidos da OTH é o da melhoria da
perfusão microvascular. Este efeito estará provavelmente relacionado com um
estímulo da síntese de Óxido Nítrico (NO) pelo oxigênio hiperbárico (THOM;
FISHER; ZHANG; et al., 2003) Nos tecidos submetidos a isquemia aguda a OTH
também demonstrou benefício. De fato, estudos em animais usando modelos de
lesão de reperfusão e de enxertos cutâneos registram que a OTH inibe a adesão
dos neutrófilos e a vasoconstrição pós-isquêmica.
Com o objetivo de avaliar o efeito da Oxigênio terapia hiperbárica
(HBO) na regeneração do nervo em ratos, os nervos isquiáticos desses foram
esmagados com alicates. Em seguida, os animais foram divididos em dois
grupos nos quais, apenas um deles foi tratado por meio de uma série de
exposições de 45 min. a 100 % de O2 e 3,3 atm de pressão absoluta, durante
0, 4 e 8 horas após a cirurgia e em seguida cada 8 h . A regeneração foi avaliada
usando o teste de Pinch-Reflex em 3, 4 ou 5 dias após a cirurgia . Os
parâmetros avaliados demonstraram que em animais expostos a um tratamento
de oxigênio hiperbárica tiveram melhores resultados do que àqueles excluídos
da terapia. Outro dado interessante foi que o grupo submetido a pequenos
períodos de exposição obtiveram resultados semelhantes aos de tratamento
mais longo. Concluiu-se que o tratamento HBO estimula crescimento axonal
após uma lesão por esmagamento do nervo (HAAPANIEMI; NYLANDER
;KANJE , et al., 1998).
O oxigênio hiperbárico exerce efeitos comprovadamente benéficos no
tratamento de lesões isquêmicas agudas de partes moles e em feridas de difícil
cicatrização. Nas lesões neurais por esmagamento, os mecanismos
fisiopatológicos assemelham-se aos efeitos dependentes da isquemia tissular.
Portanto, a terapia com oxigênio hiperbárico teria participação nos processos de
reparação neural, que constitui um dos pontos críticos para a recuperação
funcional após as lesões por esmagamento de nervos periféricos. Neste estudo,
foram realizadas lesões por esmagamento em nervo isquiáticos de ratos,
submetidos à terapia com oxigênio hiperbárico no pós-operatório. Os resultados
foram quantificados através de avaliação funcional pelo método de "walking-track
analysis". Os índices de recuperação funcional observados não diferiram, do
ponto de vista estatístico, dos observados no grupo controle. Portanto, verificou-
76 2-Revisão da Literatura
se que a terapia com oxigênio hiperbárico, no esquema proposto, não teve
influência na recuperação funcional após lesões neurais por esmagamento
(TUMA; D'AGOSTINO; ARRUNÁTEGUI, et al., 1999).
Fonte: www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10668277
Estudou-se os efeitos do tratamento com oxigênio hiperbárico no
crescimento axonal em nervos isquiáticos de 40 ratos. O nervo isquiático foi
seccionado causando um gap de 10 mm de comprimento. Em seguida um
segmento do lado oposto no mesmo comprimento foi removido servindo de
enxerto autólogo e foi imediatamente suturada. No pós-operatório 17 animais
foram tratados com 100% de oxigênio a 3,2 atmosferas de pressão absoluta
durante 45 minutos e o tratamento foi repetido em quatro e oito horas após a
operação e, em seguida, a cada oito horas até a avaliação. Aos sete dias, o
crescimento axonal foi avaliado pela coloração imuno-histoquímica de
neurofilaments nos enxertos de nervo. O crescimento axonal foi
significativamente maior nos animais tratados com oxigênio hiperbárico. Pode-se
concluir que a oxigenoterapia hiperbárica pode melhorar a regeneração nervosa
em enxertos de nervo isquiático em ratos (HAAPANIEMI; NISHIURA; DAHLIN,
2001).
O tratamento com oxigênio hiperbárico têm sido utilizado clinicamente
para tratar uma variedade de doenças, incluindo queimaduras graves e
envenenamento por monóxido de carbono, e em ambientes de pesquisa tem
produzido resultados promissores. No entanto, estudos examinando modelos de
Quadro 3: Demonstração cartesiana comparativa da recuperação funcional do animal controle e experimental.
Dias
Controle
HBO
2 – Revisão da Literatura 77
dor ou lesão do nervo neuropática têm sido limitados às avaliações. O objetivo
deste estudo foi avaliar o efeito de HBO em dois modelos comuns de dor
neuropática, da ligação L5 e lesão por constrição crônica (CCI) do nervo
isquiático. Na sequência de manipulações cirúrgicas, os animais que
demonstraram hiperalgesia mecânica foram aleatoriamente designados para
tratamento HBO, após o qual a sensibilidade mecânica foi avaliada em 15min e
pós 6h. Sessões diárias HBO, com avaliações 15 min. pós-tratamento, continuou
durante duas semanas. Os resultados indicaram que ambos os modelos, ligação
L5 e lesão por constrição crônica (CCI) do nervo isquiático, demonstraram uma
melhora significativa na resposta ao tratamento ao longo do período de duas
semanas, com os animais recuperando mais rapidamente CCI e mantendo esta
durante todo o período de recuperação pós-tratamento. Tratamento com
oxigênio hiperbárico parece ser bem-sucedido no alívio da dor neuropática por
um período prolongado de tempo, e pesquisas futuras devem ser destinadas a
investigar os mecanismos precisos subjacentes a este efeito positivo
(THOMPSON; UHELSKI ; WILSON, et al., 2009).
O oxigênio hiperbárico pode aumentar a oxigenação dos tecidos e,
portanto, diminuir os efeitos da lesão. Investigou-se se o tratamento com
oxigênio hiperbárico afeta a cura do nervo periférico quando os nervos reparados
estão sobtensão. Foram utilizados dezesseis ratos Wistar albino. Os nervos
isquiáticos dos animais foram seccionados e uma parte 3 milímetros de cada
nervo foi excisado. Os animais foram distribuídos em dois grupos: 1) O grupo
HBO2 (n = 8), que recebeu a reparação cirúrgica e terapia HBO2; e 2) o grupo
controle (n = 8), que recebeu apenas o reparo cirúrgico. A cura do nervo
isquiático foi avaliada por estudo histopatológico e estudo eletrofisiológico.
Foram utilizados os testes de rastreio de Pillai e Mann -Whitney U- teste para
análise estatística. Como resultados no estudo eletrofisiológico não houve
diferença entre os grupos. No estudo histopatológico, o número de axônios
grupo HBO2 foram significativamente maiores do que no grupo controle (p:
0,008) (OROGLU; TURKER; AKTAS; et al., 2011).
78 2-Revisão da Literatura
MaterialMétodos MaterialMétodos MaterialMétodos MaterialMétodos MaterialMétodos Materia
MaterialMétodos MaterialMétodos MaterialMétodos MaterialMétodos MaterialMétodos Materia
MaterialMétodos MaterialMétodos MaterialMétodos MaterialMétodos MaterialMétodos Materia
MaterialMétodos MaterialMétodos MaterialMétodos MaterialMétodos MaterialMétodos Materia
MaterialMétodos MaterialMétodos MaterialMétodos MaterialMétodos MaterialMétodos Materia
MaterialMétodos MaterialMétodos MaterialMétodos MaterialMétodos MaterialMétodos Materia
MaterialMétodos MaterialMétodos MaterialMétodos MaterialMétodos MaterialMétodos Materia
MaterialMétodos MaterialMétodos MaterialMétodos MaterialMétodos MaterialMétodos Materia
3 – Material e Métodos
3 – Material e Métodos 81
3- MATERIAL E MÉTODOS
Para este estudo Randomizado controlado foram utilizados 45 animais
(Rattus Norvergiccus) da linhagem Wistar, jovens, machos com 80 dias de idade
pesando, aproximadamente 300g, provenientes do Biotério da Faculdade de
Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB-USP).
Os animais foram acondicionados em caixas apropriadas recebendo
ração e água “ad libitum”, sem restrições de movimentos, respeitaram-se os
ciclos de 12 horas de luz, além de temperatura constante média de 24oC. A
utilização desse tipo de animal, em especial o macho, se deve ao fato da
frequência do espécime para estudo da regeneração de nervos periféricos, a
exemplo do isquiático.
3.1 – Distribuição dos animais em grupos:
Os 45 animais foram distribuídos em 5 grupos, dos quais três deles
controle e dois experimentais. Todos os grupos foram submetidos à imersão em
câmara hiperbárica.
3.1.1 – Grupo Controle Inicial (GCI):
Representado por 7 animais, este grupo foi sacrificado aos 80 dias de
vida. No procedimento, retirou-se cerca de 10 mm do nervo isquiático para
posterior realização da morfometria. Com a avaliação da área, diâmetro das
fibras e espessura da bainha de mielina. Estabeleceu-se a partir desse grupo um
padrão de comparação inicial.
3.1.2 – Grupo Controle Final (GCF):
Com 7 animais , este grupo foi sacrificado com 150 dias após o inicio
do procedimento (230 dias de vida). Antes da eutanásia houve imersão dos
mesmos em câmara hiperbárica.No procedimento, retirou-se cerca de 10 mm do
nervo isquiático para posterior realização da morfometria. Com a avaliação da
82 3-Material e Métodos
área, diâmetro das fibras e espessura da bainha de mielina. Estabeleceu-se a
partir desse grupo um padrão de comparação final.
3.1.3 – Grupo Controle Desnervado (GCD):
Constituído de 7 animais. Diferentemente dos outros grupos a técnica
cirúrgica foi modificada. Aos 80 dias de vida, realizou-se a tricotomia da região
do dorsolateral da coxa direita (Fig.4), uma incisão unilateral posterior de
aproximadamente 20 mm (Fig.5), divulsionou-se a musculatura para a exposição
(Fig.6) e posterior secção do nervo isquiático (Fig.7). Feito isto, a extremidade
proximal (Fig. 1) foi suturada na musculatura adjacente, enquanto a distal foi
fixada no tecido subcutâneo. Após 150 dias, nova cirurgia foi realizada com
incisão similar, entretanto não se localizou qualquer evidencia de regeneração.
Fig. 3: A extremidade proximal (A) foi suturada na musculatura adjacente, enquanto a distal (B) foi fixada no tecido subcutâneo.
A A
B B
3 – Material e Métodos 83
3.1.4 – Grupo Experimental Enxerto de Polietileno Poroso sem
Preenchimento (GEEP-sp) :
Com 12 animais, este grupo foi operado aos 80 dias de vida com
exposição do nervo isquiático do lado direito. Para tanto, utilizou-se microscópio
cirúrgico estereoscópio (DF Vasconcelos), removido aproximadamente 10 mm
do nervo (Fig.6), o defeito foi preenchido com tubo de polietileno poroso (Fig.7 e
8) sem preenchimento estabelecendo solução de continuidade entre o coto distal
e proximal. Após 150 dias do primeiro procedimento, ou seja, com 230 dias de
vida, os animais foram novamente operados o tubo foi exposto e seccionado e o
cabo de regeneração de seu interior foi removido para avaliação histológica.
3.1.5 – Grupo Experimental Enxerto de Polietileno Poroso com
preenchimento (GEEP – cp):
Constituído de 12 animais, similar ao grupo anterior, este se
diferenciou apenas pelo fato de ter recebido (Fig.10,11 e 12) preenchimento com
gordura autóloga retirada da área adjacente ao nervo (Fig.9). Ademais, todos os
procedimentos foram idênticos.
Fig. 4: Tricotomia da região dorsolateral da coxa direita.
Fig.5: incisão unilateral posterior de aproximadamente 20 mm.
84 3-Material e Métodos
Fig.7: Secção do nervo isquiático.
Fig.8: Removido aproximadamente 10 mm do nervo.
Fig.9: O defeito foi preenchido com tubo de polietileno poroso.
Fig.6: Exposição do n. isquiático.
3 – Material e Métodos 85
Fig.10: O defeito foi preenchido com tubo de polietileno poroso.
Fig.11: Gordura autóloga retirada da área adjacente ao nervo.
Fig.12: Tubo recebendo a gordura autóloga.
Fig.13: Acomodação da gordura autóloga na parede lateral do tubo de polietileno.
86 3-Material e Métodos
3.2 – Aspectos morfológicos do Tubo de Polietileno Poroso:
Baseado em experimentos realizados pelo mundo, além da
experiência vivenciada em pesquisa anterior, o tubo foi confeccionado com
objetivo de auxiliar a penetração de capilares sanguíneos, dai os poros, para não
tencionar os cotos nervosos o que estaria indo contra a orientação de não
exercer tensões nos cabos de regeneração, o mesmo foi confeccionado com 12
mm de comprimento (Fig. 13, 14 e 15). O tubo desenvolvido pela ENGIMPLAN
(Engenharia de Implantes) teve obedecido aos princípios estabelecidos pelas
características demonstradas na figura esquemática a seguir:
Fig.14: Aspecto final da instalação do tubo com preenchimento.
3 – Material e Métodos 87
.
.
Fig.15: Demonstração esquemática do tubo de polietileno poroso.
Fig.1: Demonstração esquemática do tubo de polietileno
poroso.
50 µm
Fig.16: Demonstração esquemática do tubo de polietileno poroso sob outro aspecto.
50 µm
12 mm
88 3-Material e Métodos
3.3 – Aspectos cirúrgicos e respectiva coleta das amostras:
Após pesados, os animais foram submetidos à anestesia geral através
de injeção intramuscular de Cloridrato de Tiletamina, associado com Cloridrato
de Zolazepam (50 mg / Kg) coxa esquerda. Seguiu-se com tricotomia da face
dorsolateral do membro pélvico direito (Fig.2), em todos os grupos
acompanhados por cuidados antissepsia da pele. Utilizou-se de instrumental
para microcirurgia, devidamente esterilizado e auxiliado de microscópio cirúrgico
estereoscópio (DF Vasconcelos).
O operador, devidamente treinado, foi o mesmo para todas as
cirurgias. Para os grupos controles (GCI e GCD) manteve-se os animais em
decúbito ventral, suas patas foram fixadas no leito de cortiça com auxilio de fitas
adesivas, a incisão estendeu-se longitudinalmente na face lateral e dorsal da
coxa direita, em comprimento de, aproximadamente 2 cm (Fig.3). Após a
divulsão dos planos musculares, localizou-se o nervo isquiático (Fig.4). Retirou-
se um fragmento (GCI) fixando-o em Karnovsky, para posterior avaliação
microscópica. Já em outro (GCD), não houve coleta, conforme descrição já
Fig.17: Aspecto comparativo do tubo de polietileno poroso á lâmina de bisturi número 15.
3 – Material e Métodos 89
anteriormente realizada. É necessário compreender que o GCF não foi
manipulado nesse primeiro ato operatório.
Já os grupos experimentais (GEEPsg e GEEPcg) obedeceram a
mesma sequencia operatória, diferenciando apenas pelo fato de que após o
momento da exposição e lesão cirurgicamente provocada (neurotmese) tiveram
a colocação de tubo de polietileno poroso sem preenchimento (GEEPsg) para
um e colocação de gordura autóloga (GEEPcg) para outro. Tal material foi
cuidadosamente suturado em suas extremidades ao perineuro do nervo com fio
Nylon 10.0.
Por ultimo o GCF teve atenção cirúrgica ao final do experimento,
como descreveremos adiante.
3.4 – Protocolo de Imersão na câmara Hiperbárica:
Todos os animais, exceção feita ao primeiro grupo (GCI) foram
inseridos em um protocolo de imersão em câmara hiperbárica (Fig. 15 e 16). O
mesmo respeitou as condutas estabelecidas pelos responsáveis do aparelho. Os
ratos foram acondicionados em caixas (Fig. 17) previamente adaptadas para o
procedimento. Entre suas principais e importantes características foram que um
orifício de entrada, para colocação da cânula de oxigênio puro e na outra
extremidade um outro orifício de saída. Para este, em especial, confeccionou-se
um diafragma dificultando a livre dispersão dos gases ali condicionados, de
modo a simular o que seria uma mascara de oxigênio convencional. As caixas
tinham maravalha e durante a pesquisa a câmara ficou escura e silenciosa.
As sessões de imersão foram num total de 10 consecutivas, cada uma
num tempo de 1h 15 min. cada. Notou-se após as imersões que as caixas
apresentavam as tampas molhadas. Os animais aparentemente calmos sem
quaisquer alterações dignas de nota.
90 3-Material e Métodos
Fig.18: Profissional responsável gerenciando painel de controle da câmara hiperbárica.
Fig.19: Porta principal da câmara hiperbárica, pela qual há entrada dos pacientes para as sessões.
3 – Material e Métodos 91
3.5 – Análise funcional - Catwalk:
Uma semana antes da coleta das amostras (sacrifício) os animais
foram submetidos a teste funcional no Departamento de Ciências Biológicas,
Disciplina de Anatomia da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP), por meio do Catwalk. Quatro animais de cada grupo
experimental (GEEPsg e GEEPcg) e três animais de cada grupo controle (GCF
e GCD) foram aleatoriamente selecionados para o exame num total de 12
animais avaliados. Colocados em uma passarela (Fig. 18, 19 e 20)
Fig.20: Caixas com os animais depositadas no chão. Notar as mangueiras pelas quais passa o oxigênio.
92 3-Material e Métodos
especialmente desenvolvida, puderam ser aferidas intensidades das pegadas,
qualidade das passadas e compará-las ao grupo controle final normal.
Fig.21: Avaliação da marcha dos animais (Catwalk).
Fig.22: Imagem aproximada da passarela de vidro por onde foram coletadas as imagens e processadas as informações das passadas
Fig.23: Animal aleatoriamente selecionado durante o exame.
3 – Material e Métodos 93
3.5.1 - Carcteristicas do equipamento - Catwalk:
A passarela XT ou CATWALK XT é uma ferramenta completa para
análise de marcha automática de roedores. O sistema possui um corredor que
direciona e limita a liberdade de movimento, para uma linha reta (Fig.20). Feita
de vidro temperado com tecnologia que permite a iluminação das pegadas,
graças às cores feitas sobre o teto (luz vermelha) e sobre o chão (verde).
Apresenta uma câmera filmadora e fotográfica fixada a 56 cm abaixo da
plataforma de vidro e um software XT para a gravação e análise automática da
capacidade locomotora dos roedores.
3.5.2 – Análise avançada da marcha:
Devido à resolução e tecnologia Footprints, o software XT Catwalk
pode identificar mudanças sutis nas dimensões, posição e tempo de cada
pegada. Numerosos parâmetros são calculados para análise qualitativa e
quantitativa de passos individuais e da marcha. Tais como: área de impressão,
de freio, duração da fase de propulsão, ciclo de trabalho, intensidade, distâncias
entre pegadas, base de apoio, o comprimento do passo, a distância entre as
impressões ipsilaterais, cadência, velocidade, entre outros.
Passarela XT pode ser utilizada para avaliar qualquer tipo de modelo
ou procedimento experimental que tem um efeito sobre a capacidade locomotora
dos roedores. Não importa se a marcha é afetada devido à genética, química ou
de danos físicos para o sistema nervoso central, sistema nervoso periférico, ou
funcionamento esquelético ou músculo.
A corrida dos animais deve demorar entre 0,5 a 8,0 segundos cada e
deve-se realizar 4 delas, isto para que o equipamento consiga registrar os dados
da pegada.
94 3-Material e Métodos
Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Result
Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Result
Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Result
Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Result
Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Result
Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Result
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Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Resultados Result
4 - Resultados
4- Resultados 95
4 – RESULTADOS
4.1 – Avaliação Macroscópica
Nos grupos experimentais (GEEPsg e GEEPcg) e no controle (GCD)
notou-se paralisia da pata direita,dos membros que sofreram as intervenções.
Lesão semelhante à denominada “Waiter`s tip hand” ou mãos de garçom.
Observou-se, inclusive, autofagia (Fig.21) em alguns animais. Outro fato curioso
foi que uma semana após a realização do protocolo de imersão na câmara
hiperbárica, verificou-se a presença do crescimento acentuado de pêlos na
região da tricotomia na face dorsolateral da coxa direita.
Finalmente, em nenhum dos grupos estudados, tanto controles quanto
os experimentais, ocorreu exposição do tubo, deiscência de sutura, sinais
flogísticos ou quaisquer anormalidades.
4.2 – Coleta das amostras:
Para a coleta das amostras seguimos o mesmo protocolo das
cirurgias anteriores, diferenciando apenas no comprimento da incisão para
retirada do material, que passou a ser praticamente o dobro da inicial.
Na maioria dos procedimentos de coleta, durante a exposição do tubo
de polietileno visualizou-se a presença de tecido fibroso cicatricial (Fig.22 e 23) a
envolvê-los. Foram cuidadosamente removidos preservando a integridade da
amostra. Macroscopicamente, não houve diferença no comprimento dos nervos
do grupo experimental quando comparado ao controle, todavia essa diferença foi
evidente ao analisar a musculatura na região perna dos animais, que no grupo
experimental aparentava sinais evidentes de atrofia.
Por tratar-se de material não reabsorvível houve necessidade de
remoção cautelosa sem ferir o cabo de regeneração no interior de sua luz, o que
foi feito sem qualquer intercorrência. Ao se retirar as amostras dos tubos
verificou-se a invasão capilares nos poros dos tubos além de tecido conjuntivo. A
comprovação da primeira assertiva se deve ao fato de que ao se seccionar o
tubo para coleta do cabo de regeneração notamos discreta hemorragia.
96 4-Resultados
Outro fato importante durante a coleta das amostras é que nenhum
dos tubos apresentou-se colabado, deslocado do seu sitio de instalação ou com
algum sinal de danificação.
Fig.25: Demonstração da presença de tecido fibroso cicatricial.
Fig.24: Autofagia no dedo da pata direita do grupo controle desnervado
(GCD)
4- Resultados 97
4.3 – Avaliações Histológicas:
Associado aos nervos regenerados notou-se grande quantidade de
tecido conjuntivo denso na periferia dos fascículos nervosos. Quanto ao aspecto
morfológico das fibras notamos heterogeneidade no diâmetro das mesmas. A
coloração com azul de toluidina mostrou-se eficaz para impregnar as fibras,
notou-se coloração homogênea em todo corte (fig.: 24).
Fig.26: Tubo de polietileno contendo cabo de regeneração. Note os pontos com fio 10.0 fixando os cotos no interior do mesmo.
Fig. 27: Corte histológico do nervo isquiático do GEEP-CP,em aumento de 100x, demonstrando a homogeneidade da coloração.
98 4-Resultados
4.4 – Avaliação morfométrica dos nervos:
Utilizou-se para o estudo da morfometria dos nervos o Teste de
normalidade de Kolmogorov-Smirnov e para comparação entre os quatro grupos
aplicou-se a Análise de Variância e Teste de Tukey. Para a comparação dos
quatro grupos, sendo dois controles e dois experimentais, adotou-se o nível de
significância de 5% (p<0,05).
Foram mensurados, por apenas um operador devidamente gabaritado
e treinado, o Diâmetro da Fibra (DF), Diâmetro do Axônio (DA), Área da Fibra
(AF), Área do Axônio (AA), e da subtração dos dois primeiros obteve-se o
Espessura da Bainha (EB), e da subtração dos outros dois (Quadros 1 e 2)
obteve-se a Área da Bainha (AB).
Fig.28: Corte histológico do nervo isquiático do GCF, em aumento de 400X nota-se as fibras mielínicas evidentemente coradas pelo azul de toluidina. Seta demonstrando região paranodal.
4- Resultados 99
Diâmetro da Fibra
Diâmetro do Axônio
Espessura
da Bainha
Área da Fibra
Área do Axônio
roxo (em roxo
Área da
Bainha
Quadro 4 : Esquema ilustrativo demonstrando a metodologia adotada para execução da análise morfológica
100 4-Resultados
0
1
2
3
4
5
6
7
8
GCI GCF GEEP-SP GEEP-CP
Diâmetro da Fibra
No que diz respeito ao diâmetro das fibras do nervo Isquiático
representados na figura 29, nota-se que os grupos experimentais não
apresentaram resultados estatisticamente significantes quando confrontados ao
entre si.
Quanto ao diâmetro dos axônios do nervo isquiático detalhados na
figura 30, observa-se que houve diferença estatisticamente significante dos
grupos experimentais comparados ao grupo controle final, contudo não se vê
diferenças entre os grupos experimentais e o grupo controle inicial.
O resultado da morfometria referente à variável áreas das fibras
nervosas do nervo Isquiático notado na figura 31 demonstrou que entre os
grupos experimentais não houve diferença estatisticamente significante, contudo,
o mesmo não se pode dizer quando confrontamos com o grupo controle final.
Mas o grupo controle inicial não apresentou diferenças significantes quando
analisadas frentes aos experimentais.
Fig. 29: Representação gráfica das médias e desvios padrão dos diâmetros das fibras nervosas (n=220).
(µm)
4- Resultados 101
No que tange a avaliação das áreas dos axônios do nervo Isquiático,
observado na figura 32, pondera-se que nenhum dos grupos experimentais
obteve valor estatisticamente significante entre si e quando analisados ao grupo
controle inicial. Mas é significante ao grupo controle final.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
GCI GCF GEEP-SP GEEP-CP
Diâmetro do Axônio
A espessura da bainha de mielina do nervo Isquiático, na figura 33,
apresentou, do mesmo modo diferença estatisticamente significantes entre os
grupos experimentais e grupo controle final, mas não se encontrou este dado
entre os grupos não controle e o controle inicial.
A área da bainha de mielina, resultado da subtração da área da fibra e
do axônio, representados na figura 34, mostrou resultados idênticos aos já
avaliados.
Fig.30: Representação gráfica das médias e dos desvios padrão dos diâmetros dos axônios (n=220).
(µm)
102 4-Resultados
Fig. 31: Representação gráfica das médias e desvios padrão das áreas das fibras (n=220).
Fig. 32: Representação gráfica das médias e desvios padrão das áreas dos axônios (n=220).
(µm)
(µm)
4- Resultados 103
Fig.33: Representação gráfica das médias e desvios padrãodas espessuras das bainhas (n=220).
Fig. 34: Representação gráfica das médias e desvios padrão das áreas das bainhas (n=220).
(µm)
(µm)
104 4-Resultados
4.5 – Avaliações funcionais:
A avaliação funcional, o Catwalk foi realizado na Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP), no Departamento de Ciências Biológicas,
Disciplina de Anatomia, Laboratório de Neurociência.
Para a avaliação da marcha, os animais foram colocados para andar
ao longo de uma passarela com um assoalho de vidro (100 cm comprimento x
15 cm largura x 0.6 cm espessura) localizado em uma sala escura. Uma
lâmpada fluorescente destacou somente a pressão das patas dos animais em
contato com o assoalho de vidro (Fig.:24). O assoalho desse corredor é
monitorado por uma câmera equipada com uma objetiva grande angular capaz
de detectar a média de intensidade em pixels. A intensidade do sinal variou de
acordo com a pressão aplicada pela pata do animal. Quanto maior a pressão
exercida pela pata do animal, maior o contato e intensidade em pixels (fig.28).
Esses sinas foram digitalizados pelo programa CatWalk (Noldus Inc., Holanda).
Inicialmente foram verificados os animais do grupo controle final
normal (GCF), estabelecendo-se parâmetros para avaliação dos grupos
experimentais.
Para o experimento, aferiram-se as seguintes variáveis: contato
máximo, comprimento de impressão, largura de impressão, impressão de área,
máxima intensidade, mínima intensidade, intensidade média, entre outras.
Quando comparados ao grupo controle final (GCF) os grupos
experimentais apresentaram diferenças estatisticamente significantes. Não foram
estatisticamente significantes as diferenças encontradas entre os grupos
experimentais com preenchimento e sem preenchimento de gordura autóloga,
especialmente no quesito mínima intensidade.
4- Resultados 105
Fig.35: Animal do grupo controle final durante exame no Catwalk XT. Os destaques em verde são a pata anterior (mão) e posteriores (pés). Notar a extensão normal dos dedos da pata posterior direita, aqui denominada de RH.
Fig.36:Imagem da pegada da pata direita do grupo controle final. Importante observar as impressões dos dedos, com distribuição homogênea da energia da pegada.
106 4-Resultados
Fig.37: Animal do grupo experimental com tubo de polietileno poroso associado com gordura autóloga (GEEPcg). Diferentemente do que ocorreu no grupo controle, observamos o estreitamento da pegada com manutenção da intensidade.
Fig.38: Imagem da pegada da pata direita do grupo experimental enxerto polietileno poroso com preenchimento(GEEPcg), mostrando intensidade da pegada mas não é nítida a distribuição das digitais.
4- Resultados 107
Fonte: http://www.noldus.com/CatWalk-XT/specifications&prev=search
Fig.39: Tela demonstrando a captura dos dados da pegada pelo software XT Catwalk.
Fonte: http://www.noldus.com/CatWalk-XT/specifications&prev=search
Fig.40: Avaliação das digitais da pegada pelo software XT Catwalk.
108 4-Resultados
4.6 – Câmara Hiperbárica
Além do curioso evento, já referido, do crescimento de pêlos já na
primeira semana da utilização da câmara hiperbárica, observou-se rápido
processo cicatricial quando confrontado a outros experimentos realizados, sem o
uso deste dispositivo.
Ao fim das sessões era comum notar a presença significativa de gotas
com características semelhantes a água nas tampas que ocluiam as caixas,
além do que a maioria dos animais apresentavam os pêlos relativamente
úmidos, resultado de provável sudorese. Numa das imersões, na qual se
acompanhou no interior da câmara, junto aos animais, pode-se constatar que os
mesmos intercalavam reações de maior e menor agitação, provavelmente
associado as pressões atmosféricas variáveis e comuns ao procedimento.
Apesar de ter ocorrido, a autofagia foi notadamente menos
significativa para os animais submetidos ao oxigenoterapia do que outros
experimentos sua aplicação.
Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão
Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão
Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão
Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão
Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão
Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão
Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão Discussão
5 - Discussão
5 - Discussão 111
5 - DISCUSSÃO
Para obter resultados mais confiáveis, algumas variáveis durante o
delineamento do projeto mereceram atenção especial, pois são fundamentais
para a padronização dos procedimentos. Os processamentos de todas as
amostras seguiram protocolos específicos de acordo com a finalidade do
material. Para o processamento dos nervos com finalidades morfométricas,
seguiu-se o protocolo do laboratório de Patologia da Faculdade de Odontologia
da Universidade de São Paulo (FOB-USP). Além disso, as experiências prévias
obtidas de trabalhos anteriormente desenvolvidos, bem como a infraestrutura
do biotério e dos laboratórios onde foram realizadas as técnicas empregadas,
contribuíram para obtenção de resultados mais confiáveis.
O SNP estabelece uma via de comunicação entre o SNC e os
órgãos (GARTNER, 2006) e exatamente por apresentar esta característica
única é que o tema foi merecedor de atenção neste presente trabalho bem
como o é de tantos pesquisadores espalhados por todo o mundo.
Os modelos animais que são utilizados para a demonstração de
regeneração nervosa são variados e cada espécie apresenta suas
peculiaridades (PETERS; PALAY; WEBSTER, 1976; BRAGA-SILVA, 1999;
SCHMIDT; LEACH, 2003; LEE; YU; LOWE; et al., 2003; KASRA; JONES;
GUPTA, 2004; KALBERMATTEN; ERBA; MAHAY; 2008; ICHIHARA; INADA;
NAKAMURA; 2008). O rato Wistar possui similaridade com a estrutura e a
disposição anatômica dos nervos periféricos quando comparado aos seres
humanos e exatamente por esta razão, optou-se por tal modelo animal
concordando com a maioria dos artigos consultados.
Os sacrifícios foram realizados aos 180 dias pós-operatório, uma vez
que as maiores respostas funcionais e histomorfométricas acontecem até tal
período. Após isso, não são encontradas alterações significantes que
justifiquem um período superior a este (BARCELOS; RODRIGUES; SILVA, et
al., 2003), estando coerente com aos trabalhos encontrados por esta pesquisa.
As células de Schwann, um dos principais constituintes do SNP,
são originadas na crista neural, possuem morfologia achatada e núcleo
alongado. Sua principal função é a mielinização dos axônios, sendo inclusive
112 5-Discussão
responsável pela classificação das fibras nervosas em tipos I,II,III e IV
(ERHART, 1965; LANDON, 1976; PETERS; PALAY; WEBSTER, 1976; LUNN,
BROWN, PERRY, 1990; LUNDBORG, 1993; SHORES, 1996; THOMAS, 1996;
IDE, 1996; ZOCHODNE, 2000; SEIM, 2002; KASRA; ROWSHAN; JONES, et
al., 2004;TALOR, 2006). Sua importância é tamanha que pautou as atenções
do presente trabalho em buscar a espessura da bainha de mielina, obtendo
resultados sobre o índice de mielinização, que comparando os grupos
experimentais e grupo controle inicial, não apresentaram diferenças
significantes do ponto de vista estatístico.
Nervos são circundados por três camadas de tecido conjuntivo. A
camada mais externa, formada por tecido conjuntivo colagenoso denso é
denominada como epineuro e possui vasos, fibroblastos e fibras de colágeno
tipo I (RUTKOWSKIL; TUITE; LINCOLN, et al.,1999; KIEFER; KIESEIER;
STOLL; et al., 2001; GARTNER; HIATT, 2006). É nesta porção que se realiza a
rafia para fixação de enxertos autólogos (WANG; COSTAS; BRYAN; et
al.,1995; BARCELOS; RODRIGUES; SILVA, et al., 2003) e aloplásticos como
tubos de polietileno (TOLEDO, 2011), e no caso da pesquisa em questão
corroborando com a literatura consultada, foi a região de eleição para a fixação
do enxerto de tubo de polietileno poroso, até porque, ao obedecer tais
princípios, evita-se impedimentos ao brotamento axonal, bem como formação
de neuromas.
As lesões de nervos periféricos estão entre as mais incapacitantes
que acometem indivíduos em idade produtiva, em face dos múltiplos aspectos
concernentes às sequelas deste tipo de afecção, podendo ser da mais simples
como uma neurapraxia a mais complexa como a neurotmese com perda de
substância (SEDDON, 1943; SUNDERLAND, 1978; MILLESI, 1988; GAO;
NIKLASON; LANGER, 1998; FERRARI; RODRIGUES; MALVEZZI; et al.,1999;
THAPA; MILLER; WEBSTER; et al., 2003; BRUYNS; JAQUET;
SCHREUDERS; et al.,2003; OLIVEIRA, 2003; IJKEMA-PAASSEN ; JASEN ;
GRAMSBERGEN, 2004; GARTNER; HIATT, 2006; JOHNSON, SKORNIA,
STABENFELDT; et al.,2008; LI; WANG; WEI; et al., 2010; AZIZI;
MOHAMMADI; AMINI, 2012). Tendo como objetivo mimetizar situações
5 - Discussão 113
parecidas, em termos mais graves, o trauma gerado foi a neurotmese no
presente estudo.
A coleta das amostras do nervo ou cabo de regeneração na região
do enxerto se deu no terço médio, estando em conformidade com a literatura
(RODRIGUES e SILVA, 2001; BARCELOS, 2003).
Quando um axônio é seccionado há um aumento do transporte
axonal retrógrado em direção ao corpo celular. Concomitantemente, ocorre
diminuição na liberação de fatores neurotróficos, comprometendo o núcleo
celular e o decréscimo de transporte anterógrado, com agravamento da lesão
distal do nervo, e consequente lesão em receptores de pele, músculos e
órgãos-alvo (THOMAS, 1964; PETERS; PALAY; WEBSTER, 1976;
LUNDBORG, 1973; SHORES, 1996; MIRSKY; JESSEN, 1996; IDE, 1996;
SEIM, 2002). Axônios motores preferencialmente reinervam alvos motores, e a
junção neuromuscular, da placa motora, desempenha papel preponderante na
transmissão de mensagens do sistema nervoso central para o músculo
(ERHART, 1965; MILLESI, 1988; LUNN; BROWN; PERRY, 1990; LINCOLN, et
al.,1999; ZOCHODNE, 2000; KIEFER; KIESEIER; STOLL, et al., 2001; KASRA;
JONES; GUPTA, et al., 2004; TALOR, 2006; GARTNER; HIATT, 2006). Essas
informações estão em acordo com as verificações clínicas da presente tese
visto que verificou-se atrofia na musculatura assistida pelo nervo isquiático em
todos os grupos experimentais com enxerto de tubo de polietileno poroso, com
ou sem colocação de gordura autóloga, bem como no grupo controle
desnervado.
Testes de eletroneuromiografia não demonstram confiabilidade, bem
como as velocidades de condução e as latências proximais e distais também
não refletem efetivo aporte neuronal funcional (SARIGUNEY; YAVUZER;
ELMAS; et al., 2008; YAO; WANG; CUI; et al.,2009; DING; LUO; ZHENG; et
al., 2010; MADDURI; FELDMAN; TERVOORT; et al., 2010). Além disso, não
existe correlação entre nervos periféricos, após reconstrução, mesmo na
presença de fibras mielinizadas em grande quantidade e com efetiva
demonstração de regeneração observada sob microscopia eletrônica
(LANDON; HALL, 1976; GARTNER; HIATT, 2006; FARRAG; LEHAR;
VERHAEGEN; et al., 2007; KALBERMATTEN; ERBA; MAHAY; et al., 2008;
114 5-Discussão
TREMP; SCHWABEDISSEN; KAPPOS; et al.,2013; LICHTENFELS; COLOMÉ;
SEBBEN;et al., 2013). O presente trabalho, embora tenha dispensado a
eletromiografia, aceita a assertiva sobre a aparente falta de correlação dos
bons resultados histológicos quando confrontados com as avaliações
funcionais, daí a razão de sua observância por meio do Catwalk, demonstrando
que não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos
experimentais.
É importante perceber que pouco a pouco cientistas do mundo todo
estão se preocupando em buscar resultados mais satisfatórios na avaliação
clínica da deambulação, a exemplo de afecções do nervo isquiático. Para que
sua aferição se torne mais efetiva, afastando a possibilidade de resultados
empíricos ou distantes da realidade, esforços em criar técnicas de aferição
estão cada vez mais sofisticados. Para o presente estudo, utilizou-se o
Catwalk, disponível na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), no
departamento de Ciências Biológicas, Disciplina de Anatomia, laboratório de
neurociências, ferramenta altamente precisa e confiável para avaliação da
passadas dos animais utilizados.
É sabido que a técnica mais indicada para a recuperação nervosa
em casos de neurotmese é a técnica de neurorrafia término-terminal
(BRUNELLI; VIGASIO; BRUNELLI, 1994; SANDRINI; PEREIRA JUNIOR; GAY-
ESCODA, 2007; BUCHAIM; ANDREO; BARRAVIERA; et al., 2015). No entanto
por vezes a simples rafia não é possível pela perda de estrutura, com a
formação de um gap, têm-se a técnica de enxertia autóloga (TERZIS;
FAIBISOFF; WILLIAMS, 1975). Esta técnica é capaz de guiar o crescimento
axonal e unir as extremidades do coto distal e proximal (SPECTOR; LEE;
DERBY; et al., 1993). Entretanto, a aplicação desta terapêutica implica em
algumas desvantagens, tais como a necessidade de abordagem de outro sitio
cirúrgico, perda de sensibilidade definitiva (anestesia) ou parcial (parestesia) da
área doadora, possibilidade de formação de neuroma de amputação na região
que recebeu o enxerto, dentre outras. Para evitar essas inconveniências
pesquisadores decidiram lançar mão de outros artifícios, como enxertos de
veias autólogas (BARCELOS; RODRIGUES; SILVA, et al., 2003; ROSA-
JUNIOR, 2010), tubos sintéticos absorvíveis como polietileno, quitosana, tubos
5 - Discussão 115
de colágeno, PLGA (BELKAS; MUNRO; SHOICHET;et al., 2005; TOLEDO,
2011; GRIMOLDI; COLLEONI; TIBERIO; et al.,2013; GONZALEZ-
PEREZ; COBIANCHI; GEUNA; et al., 2014) . Utilizou-se para a pesquisa
presente tubo de polietileno poroso, sendo destarte material sintético.
A utilização de tubos sintéticos parece formar uma armação primária
para orientar a migração de fibroblastos, células de Schwann e eventualmente
processo axonal (BELKAS; MUNRO; SHOICHET ; et al., 2005; TOLEDO, 2011;
GRIMOLDI; COLLEONI; TIBERIO; et al., 2013; GONZALEZ-
PEREZ; COBIANCHI; GEUNA; et al., 2014). De modo que em nossa pesquisa
não verificamos a presença de axônios externamente aos limites dos tubos de
polietileno poroso.
Várias técnicas de enxertia para recuperação de nervos periféricos
tem se preocupado com a aplicação de fatores neurotróficos no interior dos
condutos ou tubos, autólogos ou sintéticos (AZIZI ; MOHAMMADI; AMINI; et
al., 2012). Aplicou-se células-tronco derivadas de pele autóloga com resultados
dignos de nota (GRIMOLDI; COLLEONI; TIBERIO; et al., 2013). É sabido que o
hidrogel de gelatina como um transportador, permite a liberação prolongada do
fator de crescimento de fibroblastos básico (bFGF) (TAKAGI; KIMURA
; SHIBATA; et al., 2012; DALY; KNIGHT; WANG; et al., 2013; GONZALEZ-
PEREZ; COBIANCHI; GEUNA; et al., 2014). A gordura é uma fonte acessível
de células-tronco adultas que têm gerado considerável interesse como
candidata a transplante autólogo de células e está atualmente sendo utilizada
em ensaios clínicos para uma ampla gama de indicações, ricamente
encontrada no sítio cirúrgico (BARCELOS; RODRIGUES; SILVA, et al., 2003;
FRASER; WULUR; ALFONSO; et al., 2006; ROSA-JUNIOR, 2010; TOLEDO,
2011; TOMITA; MADURA; SAKAI, 2013; KOLAR; KINGHAM, 2014;
GEORGIOU; GOLDING; LOUGHLIN; et al., 2015). No presente estudo aplicou-
se o uso de tubo de polietileno poroso com preenchimento de gordura
corroborando com os últimos autores citados, integrado a utilização de câmara
hiperbárica, contrapondo os estudos mencionados no início deste parágrafo.
Lançou-se mão também de poros nos tubos facilitando ainda mais a invasão de
capilares sanguineos. Fato este comprovado clinicamente visto que no
momento da sua retirada, houve extravasamento de sangue pelos poros.
116 5-Discussão
A neovascularização nos enxertos nervosos é fundamental no
processo regenerativo (FERRARI et al., 1999; RODRIGUES e SILVA, 2001)
.Os vasos no interior dos tubos demonstraram trazer benefícios, sendo
potencialmente úteis para a reparação de nervos periféricos em humanos
(KAKINOKI et al., 1997). Por estarem de acordo com estas assertivas, nos
tubos de polietileno foram realizados poros e estabelecido protocolo de imersão
em câmara hiperbárica.
O oxigênio hiperbárico pode aumentar a oxigenação dos tecidos e,
portanto, diminuir os efeitos da lesão (OROGLU; TURKER; AKTAS; et al.,
2011), melhoria da perfusão microvascular e a utilização da Oxigênio Terapia
Hiperbárica (OTH) inibe a adesão dos neutrófilos e a vasoconstrição pós-
isquêmica (THOM; FISHER; ZHANG;et al., 2003). Investigou-se se o
tratamento com oxigênio hiperbárico afeta a cura do nervo periférico quando os
nervos reparados estão sob tensão (THOM; FISHER; ZHANG; et al., 2003).
Nos tecidos submetidos à isquemia aguda a OTH também demonstrou
benefício (HAAPANIEMI; NYLANDER ; KANJE, et al., 1998; THOMPSON;
UHELSKI ; WILSON, et al., 2009). A presente tese, com o objetivo de investigar
a colaboração da câmara hiperbárica na regeneração de nervos periféricos, em
especial o nervo isquiático de ratos, aplicou a OTH no pós-operatório imediato
dos grupos controle final e desnervado, além do seu uso nos grupos
experimentais com enxerto de tubo de polietileno poroso com e sem
preenchimento. Obtiveram-se resultados satisfatórios do ponto de vista
histológico, uma vez que os grupos experimentais não apresentaram diferença
estatisticamente significante com o grupo controle inicial. Já do ponto de vista
funcional, verificado por meio do Catwalk, observou-se que entre os grupos
experimentais não houve diferença estatisticamente significante. Um fato
interessante observado foi o crescimento de pêlos no sítio cirúrgico, com
aparente influência da oxigenoterapia.
Realizou-se lesões por esmagamento em nervo isquiáticos de ratos,
submetidos à terapia com oxigênio hiperbárico no pós-operatório. Os
resultados foram quantificados através de avaliação funcional pelo método de
"walking-track analysis". Os índices de recuperação funcional observados não
diferiram, do ponto de vista estatístico, dos observados no grupo controle.
5 - Discussão 117
Portanto, verificou-se que a terapia com oxigênio hiperbárico, no esquema
proposto, não teve influência na recuperação funcional após lesões neurais por
esmagamento (TUMA; D'AGOSTINO; ARRUNÁTEGUI, et al., 1999). Este
trabalho descorda do modelo que foi proposto, visto que demonstrou resultados
positivos da utilização da OTH, muito embora ter se apoiado em um tipo
diferente de trauma, a neurotmese, que trata-se de lesão aparentemente mais
grave do que a do estudo mencionado.
Nas observações histológicas do terço médio dos enxertos e do coto
distal, de todos os grupos, constatou-se a presença de fibras nervosas
mielínicas heterogêneas, a neoformação de perineuro e a organização
intraneural de fascículos com tamanhos e números variados concordando com
os autores consultados (BARCELOS; RODRIGUES; SILVA, et al., 2003).
Neste experimento, notou-se axônios em regeneração, em todos os
animais de todos os grupos experimentais. Certamente os axônios cresceram
do coto proximal do nervo isquiático, atravessaram o espaço intersegmentar e
atingiram o coto distal deste nervo, pois, em todas as variáveis analisadas
foram maiores os parâmetros no terço médio do enxerto do que na região do
coto distal.
Levando em conta a análise funcional dos nervos estudados, verificou-
se que não houve diferença estatisticamente relevante entre os grupo GEEPsg
e GEEPcg, fato não encontrado em outra pesquisa (TOLEDO, 2011) que teve o
grupo com enxerto de polietileno poroso sem preenchimento valores mais
significativos ao com enxerto de gordura autóloga. Duas possíveis hipóteses
são sugeridas para explicar tal contradição. A primeira trata-se do mecanismo
de avaliação funcional que no primeiro foi o footprint, que apesar de possuir
qualidades é método defasado e impreciso; o segundo aspecto pode ser
considerado a grande contribuição dada pela câmara hiperbárica que fez que
os resultados dos grupos experimentais aproximassem seus valores que
tornaram a avaliação funcional, no quesito mínima intensidade,
estatisticamente não relevantes.
Na morfometria quando comparamos as variáveis do nervo Isquiático,
nota-se que não houve diferença estatisticamente relevante entre os grupos
experimentais e estes quando comparados ao grupo controle inicial,
118 5-Discussão
diferentemente do que ocorreu com o grupo controle final concordando com a
maioria dos outros experimentos avaliados quanto ao distanciamento do grupo
controle final (BARCELOS; RODRIGUES; SILVA, et al., 2003; FRASER;
WULUR; ALFONSO; et al., 2006; ROSA-JUNIOR, 2010; TOLEDO, 2011;
TOMITA; MADURA; SAKAI, 2013; KOLAR; KINGHAM, 2014;
GEORGIOU; GOLDING; LOUGHLIN; et al., 2015).
Certamente, existem mais perguntas que respostas para a avaliação da
regeneração de nervos periféricos, e é exatamente atrás desses
questionamentos que a maioria dos pesquisadores vem se debruçando.
Entretanto, atenção especial deve ser dada a utilização de células tronco na
regeneração dos tecidos e a aplicação da oxigenoterapia, que parece
influenciar positivamente os resultados. A utilização de tubos não biológicos
mostrou-se promissora, haja vista que minimiza os traumas cirúrgicos, uma vez
que reduz uma abordagem cirúrgica.
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6 - Conclusões
6-Conclusões 121
A partir dos resultados da presente pesquisa desenvolvido pelo
Departamento de Ciências Biológicas, disciplina de Anatomia, podemos concluir
que:
1) Os resultados morfométricos demonstraram que, os grupos
experimentais com e sem preenchimento de gordura tiveram
resultados, do ponto de vista morfométrico e funcional sem
diferenças estatisticamente significantes, contudo, quando estes
foram confrontados ao grupo controle final, apresentaram
diferenças estatisticamente significantes;
2) Relevando a avaliação funcional, por meio do Catwalk, constatou-
se que não houve diferença estatisticamente significante entre os
grupos experimentais, mas teve diferença ao comparar com o
grupo controle final;
3) Diante das evidências encontradas e apoiados na literatura pode-
se concluir que a câmara hiperbárica trouxe resultados positivos
verificados pela aproximação dos resultados dos grupos
experimentais tanto morfométrica como funcionalmente.
122 6-Conclusões
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