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ORGANIZADORES PEDRO TAVARES FILHO ARNALDO MACHADO DO PRADO BENEDITO TORRES NETO FABIANA LEMES ZAMALLOA DO PRADO JOSÉ EDUARDO VEIGA BRAGA MANUAL DE ATUAÇÃO FUNCIONAL DOS PROMOTORES DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS

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ORGANIZADORES

PEDRO TAVARES FILHOARNALDO MACHADO DO PRADO

BENEDITO TORRES NETOFABIANA LEMES ZAMALLOA DO PRADO

JOSÉ EDUARDO VEIGA BRAGA

MANUAL DE ATUAÇÃO FUNCIONAL DOS PROMOTORES DE JUSTIÇA DO ESTADO

DE GOIÁS

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CORREGEDORIA GERAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS

CORREGEDOR-GERAL

PEDRO TAVARES FILHO

PROMOTORES DE JUSTIÇA CORREGEDORES

ARNALDO MACHADO DO PRADOPRIMEIRO PROMOTOR DE JUSTIÇA CORREGEDOR

JOSÉ EDUARDO VEIGA BRAGATERCEIRO PROMOTOR DE JUSTIÇA CORREGEDOR

BENEDITO TORRES NETOQUARTO PROMOTOR DE JUSTIÇA CORREGEDOR

FABIANA LEMES ZAMALLOA DO PRADOQUINTA PROMOTORA DE JUSTIÇA CORREGEDORA

BIÊNIO 1999/2000

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COLABORADORES

ABRÃO AMISY NETOANA CRISTINA RIBEIRO PETERNELLA

ASTÚLIO GONÇALVES DE SOUZAEDISON MIGUEL DA SILVA JÚNIOR

GESCÉ CRUVINEL PEREIRAJULIANO DE BARROS ARAÚJO

LAURA MARIA FERREIRA BUENOMÁRCIA DE OLIVEIRA SANTOS

MARIA BERNADETE RAMOS CRISPIMMARILDA HELENA DOS SANTOS

MARLEM GLAYDS FERREIRA MACHADO JAYMEMURILO DE MORAIS E MIRANDASPIRIDON NICOFOTIS ANYFANTIS

VAGNER JERSON GARCIAVILANIR DE ALENCAR CAMAPUM JÚNIOR

SERVIDORES DA CORREGEDORIA GERAL

CLÁUDIO CÉSAR FERNANDES E SILVADENIO ROSA GARCIA DE SOUSA

DJAN KERSUL CAMARGOMIRELA RODRIGUES DE FREITAS

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ÍNDICE

LIVRO I - PARTE GERAL

LIVRO II - DO PROCESSO PENAL EM GERAL

TÍTULO I - DA FASE PRÉ-PROCESSUAL

TÍTULO II - DO PROCESSO

TÍTULO III - DA ATUAÇÃO NA PERSECUÇÃO AOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA

CAPÍTULO I - DA NOTITIA CRIMINIS

CAPÍTULO II - DOS CRIMES EM ESPÉCIE

CAPÍTULO III - DA AUTORIA

CAPÍTULO IV - DA MATERIALIDADE

CAPÍTULO V - ESPÉCIES MAIS COMUNS DE SONEGAÇÃO

CAPÍTULO VI - DA PROVA DOS DELITOS EM ESPÉCIE

CAPÍTULO VII - OUTRAS ATRIBUIÇÕES DO PROMOTOR DE JUSTIÇA

TÍTULO IV - JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL E SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO

TÍTULO V - DA EXECUÇÃO PENAL

TÍTULO VI - DO CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL

CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS

CAPÍTULO II - DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO

Seção I - DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARESSeção II - DA INSTAURAÇÃO E DO PROCESSAMENTOSeção III - DA CONCLUSÃO DO PROCEDIMENTOSeção IV - DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

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LIVRO III - DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO NO PROCESSO CIVIL

TÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS

TÍTULO II - PROCESSO CAUTELAR

TÍTULO III - PROCESSO DE EXECUÇÃO

TÍTULO IV - PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

CAPÍTULO I - JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

CAPÍTULO II - USUCAPIÃO

Seção I - DO USUCAPIÃO EM GERALSeção II - USUCAPIÃO ORDINÁRIOSeção III - USUCAPIÃO DE NATUREZA CONSTITUCIONAL

CAPÍTULO III - OUTROS PROCEDIMENTOS

TÍTULO V - DA ATUAÇÃO NO JUÍZO DE FAMÍLIA E SUCESSÕES

CAPÍTULO I - NULIDADE E ANULABILIDADE DE CASAMENTO

CAPÍTULO II - DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL E DO CASAMENTO

CAPÍTULO III - INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE

Seção I - PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO PARA APURAÇÃO DA PATERNIDADE

Seção II - PROCEDIMENTO DE AVERIGUAÇÃO OFICIOSA DA PATERNIDADE DE FILHOS HAVIDOS FORA DO CASAMENTOSeção III - AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE

Seção IV - INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE PROMOVIDA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO (LEI Nº 8.560 DE 29.12.92)

CAPÍTULO IV - DOS ALIMENTOS

Seção I - AÇÃO DE ALIMENTOSSeção II - AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOSSeção III - EXECUÇÃO DE ALIMENTOS

CAPÍTULO V - DA GUARDA

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CAPÍTULO VI - DA TUTELA

CAPÍTULO VII - DA CURATELA

CAPÍTULO VIII - DA AUSÊNCIA

CAPÍTULO IX - SUPRIMENTO DE IDADE PARA CASAMENTO

CAPÍTULO X - SUPRIMENTO DE CONSENTIMENTO PARA O CASAMENTO

CAPÍTULO XI - SUCESSÕES

Seção I - SUCESSÃO LEGÍTIMASeção II - SUCESSÃO TESTAMENTÁRIAAnexos

TÍTULO VI - DA ATUAÇÃO NO JUÍZO DE REGISTROS PÚBLICOS

CAPÍTULO I - DO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS

Seção I - HABILITAÇÃO DE CASAMENTOSeção II - TRASLADAÇÃO DE ASSENTOS REALIZADOS NO

ESTRANGEIROSeção III - ALTERAÇÃO DE NOMESeção IV - INTERDIÇÃOSeção V - PROCEDIMENTOS DIVERSOS

CAPÍTULO II - DO REGISTRO DE IMÓVEIS

Seção I - RETIFICAÇÃO DE REGISTRO IMOBILIÁRIOSeção II - PARCELAMENTO DE SOLO URBANO

TÍTULO VII - ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA FISCALIZAÇÃO DAS FUNDAÇÕES

CAPÍTULO I - DA INSTITUIÇÃO

Seção I - DISPOSIÇÕES GERAISSeção II - DO ATO DE INSTITUIÇÃO

CAPÍTULO II - DOS ESTATUTOS

Seção I - DA ELABORAÇÃO E APROVAÇÃO DOS ESTATUTOSSeção II - DA ALTERAÇÃO DOS ESTATUTOS

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CAPÍTULO III - DA FISCALIZAÇÃO DAS FUNDAÇÕES

CAPÍTULO IV - DA APROVAÇÃO ANUAL DAS CONTAS DAS FUNDAÇÕES

CAPÍTULO V - DA EXTINÇÃO DAS FUNDAÇÕES E ASSOCIAÇÕES

CAPÍTULO VI - DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

TÍTULO VIII - DA ATUAÇÃO NO JUÍZO DA INFÂNCIA E JUVENTUDE

CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS

CAPÍTULO II - DESTITUIÇÃO DO PÁTRIO PODER

CAPÁITULO III - COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA

CAPÍTULO IV - DAS CRIANÇAS ABRIGADAS

CAPÍTULO V - REGULARIZAÇÃO DO REGISTRO CIVIL DA CRIANÇA OU DO ADOLESCENTE

CAPÍTULO VI - FISCALIZAÇÃO DO PROCESSO DE ESCOLHA DO CONSELHO TUTELAR

CAPÍTULO VII - PROCEDIMENTO PARA APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL COMETIDO POR ADOLESCENTE

CAPÍTULO VIII - DA EXECUÇÃO DAS MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS

TÍTULO IX - DA ATUAÇÃO NO JUÍZO DE FALÊNCIAS E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS

CAPÍTULO I - DA FALÊNCIA

Seção I - FASE PRÉ-FALENCIALSeção II - FASE PROCESSUALSeção III - APURAÇÃO DO PASSIVOSeção IV - PEDIDOS DE RESTITUIÇÃOSeção V - INQUÉRITO POLICIALSeção VI - LIQUIDAÇÃO DA FALÊNCIASeção VII - DOS SERVIÇOS EXTERNOSSeção VIII - EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕESSeção IX - CRIMES FALIMENTARES

CAPÍTULO II – DAS HIPÓTESES DE INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA NOVA LEI DE FALÊNCIAS.

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Seção I –INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO.

CAPÍTULO III - DOS PROCESSOS DECORRENTES DE INTERVENÇÃO OU LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL

CAPÍTULO IV - DOS PROCESSOS DE EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR INSOLVENTE

TÍTULO X - DA DEFESA DAS VÍTIMAS

CAPÍTULO I - AÇÃO REPARATÓRIA DE DANOS “EX DELICTO”

CAPÍTULO II - PREVENÇÃO E REPARAÇÃO DE ACIDENTES DE TRABALHO

Seção I - ATUAÇÃO PREVENTIVASeção II - DA DEFESA INDIVIDUAL

Subseção I - DISPOSIÇÕES GERAIS Subseção II - AÇÃO ACIDENTÁRIA Subseção III - AÇÃO REPARATÓRIA

Seção III - DA DEFESA COLETIVASeção IV - ATUAÇÃO NA ÁREA CRIMINAL

TÍTULO XI - DAS AÇÕES CONSTITUCIONAIS

CAPÍTULO I - MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL E COLETIVO

CAPÍTULO II - AÇÃO POPULAR

LIVRO IV - DA DEFESA DOS INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS

TÍTULO I - DOS PRINCÍPIOS GERAIS

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

CAPÍTULO II - DO PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO

Seção I - DA INSTAURAÇÃOSeção II - DA INSTRUÇÃOSeção III - DO COMPROMISSO DE AJUSTAMENTOSeção IV - DO ARQUIVAMENTO DO PROCEDIMENTO

INVESTIGATÓRIO

CAPÍTULO III - AÇÃO CIVIL PÚBLICA

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CAPÍTULO IV - ATUAÇÃO COMO FISCAL DA LEI EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA

TÍTULO II - DA DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO

CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS

CAPÍTULO II - IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

CAPÍTULO III - PRINCIPAIS ILÍCITOS CONTRA O PATRIMÔNIO PÚBLICO

CAPÍTULO IV - ATUAÇÃO NA ÁREA CRIMINAL

TÍTULO III - DA TUTELA DO PATRIMÔNIO CULTURAL

TÍTULO IV - DA DEFESA DO MEIO AMBIENTE

CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS

CAPÍTULO II - ASPECTOS PROCESSUAIS CIVIS

CAPÍTULO III - ASPECTOS PROCESSUAIS PENAIS

TÍTULO V - DA DEFESA DO CONSUMIDOR

TÍTULO VI - DA DEFESA DA PESSOA IDOSA E PORTADORA DE DEFICIÊNCIA

CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS

CAPÍTULO II - FASE JUDICIAL

TÍTULO VII - DA DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS

CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS

CAPÍTULO II - FASE EXTRAJUDICIAL E JUDICIAL

TÍTULO VIII - HABITAÇÃO E URBANISMO

TÍTULO IX - LITÍGIOS COLETIVOS PELA POSSE DA TERRA RURAL

LIVRO V - DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO NO JUÍZO ELEITORAL

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TÍTULO I - DO EXERCÍCIO DAS FUNÇÕES ELEITORAIS

TÍTULO II - ATUAÇÃO NAS ÁREAS CÍVEL E ADMINISTRATIVA NO JUÍZO ELEITORAL

TÍTULO III - ATUAÇÃO NA ÁREA PENAL NO JUÍZO ELEITORAL

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TÍTULO VIII

DA ATUAÇÃO NO JUÍZO DA INFÂNCIA E JUVENTUDE

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

1 - CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E CONSELHO TUTELAR – CRIAÇÃO – FISCALIZAÇÃO. Ao Promotor de Justiça da Infância e Juventude recomenda-se:

a) na Comarca onde não houver Conselho Municipal da Criança e do Adolescente e Conselho Tutelar, promover junto aos poderes públicos municipais a sua criação;

b) comunicar, por ofício, ao Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e aos membros do Conselho Tutelar a assunção do cargo;

c) inteirar-se da legislação municipal relacionada ao Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente e ao Conselho Tutelar, bem como das deliberações tomadas pelo primeiro quanto às políticas públicas do Município para a área;

d) promover as medidas cabíveis no caso de inadequação da legislação municipal aos ditames da Lei federal n.º 8.069/90, das Constituições da República e do Estado;

e) velar para que a lei municipal assegure a paridade entre os representantes da sociedade civil e os do poder público no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e a efetiva representatividade dos mandatários da coletividade;

f) zelar para que as normas da lei municipal, quanto à forma de escolha dos conselheiros tutelares, garantam efetiva representatividade dos eleitos;

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g) velar para que as deliberações do Conselho Tutelar sejam colegiadas, adotando as medidas cabíveis para assegurar que esse órgão funcione com o número legal de integrantes;

h) zelar pelo respeito à autonomia das decisões do Conselho Tutelar, colaborando para o bom desempenho das relevantes funções exercidas por esse órgão;

i) organizar e manter em arquivo a legislação municipal relativa ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, ao Conselho Tutelar e ao Fundo Municipal, bem como as deliberações do Conselho Municipal relacionadas à política de atendimento e ao processo de escolha dos representantes da sociedade civil ou dos conselheiros tutelares.

2 - ATENDIMENTO AO PÚBLICO – PRIMEIRAS PROVIDÊNCIAS. Atender ao público em geral, ouvindo informalmente qualquer do povo (art. 141 do ECA c/c o art. 43, XIII, da Lei n.º 8.625/93) e adotando as seguintes providências:

a) reduzir a termo os fatos que demandem atuação da Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente;

b) orientar o consulente a procurar o órgão competente quando não se tratar de casos afetos a sua atribuição.

3 - ATENDIMENTO AO PÚBLICO – FIXAÇÃO DE HORÁRIO. O Promotor de Justiça poderá determinar horário de atendimento ao público, ressalvados os casos urgentes, dando prioridade às crianças e aos adolescentes, bem como comunicando o fato à Corregedoria-Geral.

4 - PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS. Para instruir os procedimentos administrativos instaurados na esfera de suas atribuições:

a) expedir notificações para colher depoimentos ou esclarecimentos e, em caso de não comparecimento injustificado, requisitar condução coercitiva (art. 201, VI, “a” do ECA);

b) requisitar informações periciais e documentos de autoridades públicas e instituições privadas, bem como promover inspeções e diligências investigatórias (art. 201, VI, alíneas “b” e “c” do ECA).

5 - MEDIDAS JUDICIAIS. Impetrar mandado de segurança, ação civil pública, mandado de injunção, habeas-corpus, e outras medidas judiciais e extrajudiciais, visando o respeito aos direitos e garantias legais assegurados às crianças e adolescentes.

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6 - FISCALIZAÇÃO DE ENTIDADES E DELEGACIA DE POLÍCIA ESPECIALIZADA. Inspecionar e fiscalizar as entidades públicas e particulares de atendimento às crianças e aos adolescentes, bem como delegacia de polícia onde se abriga menores, representando à autoridade judiciária nos casos de irregularidades (art. 191, ECA).

7 - IMPLANTAÇÃO E MANUTENÇÃO DOS PROGRAMAS ESPECÍFICOS. Integrar-se à magistratura e outros órgãos governamentais e não governamentais para efeito de acelerar a implantação, manutenção e melhoria dos programas específicos.

8 - PROTEÇÃO AO TRABALHO. Observar que a Constituição da República proíbe qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz (art. 7º, XXXIII ).

9 - EVASÃO ESCOLAR. Efetuar recomendações objetivando conter a evasão escolar, mediante realização de palestras em escolas públicas, entrevista com pais, familiares e com a direção da escola, requisitando, quando necessário, a instauração de inquérito policial pela prática do crime de abandono intelectual.

CAPÍTULO II

DESTITUIÇÃO DO PÁTRIO PODER

1 - OBSERVAÇÕES GERAIS. Na hipótese de violação dos deveres concernentes ao pátrio poder, recomenda-se ajuizar a ação de destituição ou suspensão do pátrio poder, devendo observar que:

a) a destituição do pátrio poder é medida excepcional, uma vez que a convivência com a família natural configura direito fundamental da criança e do adolescente;

b) as hipóteses estão taxativamente previstas em lei;

c) o procedimento encontra-se expressamente previsto nos art. 155 e seguintes do Estatuto da Criança e do Adolescente;

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d) a petição inicial deverá obedecer os requisitos da legislação processual civil e normas específicas acima citadas, especialmente contendo descrição pormenorizada dos fatos que fundamentam o pedido;

e) o rol de testemunhas e os documentos devem ser apresentados desde logo;

f) antes de optar-se pela citação por edital, impõe-se esgotar todos os meios para localização e citação pessoal;

g) o interesse discutido na ação é indisponível, impondo-se a produção de prova ainda que ocorra revelia;

h) na hipótese de o pedido acarretar a modificação da guarda, dever-se-á ouvir a criança ou adolescente, desde que possível e razoável;

i) sempre que for inevitável a destituição do pátrio poder e o encaminhamento da criança e do adolescente à família substituta, fiscalizar para que não ocorra transferência do menor para outra família ou entidades governamentais ou não-governamentais sem autorização judicial.

CAPÍTULO III

COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA

1 - OBSERVAÇÕES GERAIS. Nas hipóteses de colocação em família substituta, recomenda-se:

a) observar que a medida é excepcional, uma vez que a convivência com a família natural configura direito fundamental da criança e do adolescente;

b) lembrar que, para efeito da observância do direito de convivência familiar, a família natural é tão-somente a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes;

c) sendo impossível a manutenção da criança ou adolescente na família natural em razão de violação aos deveres do pátrio poder, diligenciar para a colocação em família substituta, priorizando a colocação na família biológica, levando em conta o grau de parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade a fim de minorar as conseqüências decorrentes da medida;

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d) considerar a necessidade de realização de estudo social, com visita domiciliar e avaliação psicológica, para o mais completo conhecimento da situação da criança e do adolescente;

e) atentar para que o pedido de colocação em família substituta deve obedecer os requisitos do art. 165 do Estatuto da Criança e do Adolescente;

f) lembrar que se os pais forem falecidos, tiverem sido destituídos do pátrio poder ou aderido expressamente ao pedido, aplica-se o rito previsto no art. 166 do Estatuto da Criança e do Adolescente;

g) zelar para que a aderência ao pedido pelos pais da criança ou adolescente seja manifestada perante o Juiz, na presença do membro do Ministério Público, e reduzida a termo;

h) observar que, sendo o procedimento contencioso, deverá ser adotado o rito previsto nos arts. 155 e seguintes, em face do disposto no art. 169, todos do Estatuto da Criança e do Adolescente, atentando-se, supletivamente, para as regras do Código de Processo Civil.

2 - TUTELA – DESTITUIÇÃO E SUSPENSÃO DO PÁTRIO PODER. O deferimento da tutela pressupõe a prévia decretação da destituição ou suspensão do pátrio poder e implica necessariamente o dever de guarda.

3 - TUTELA E GUARDA – ESTRANGEIRO. Ao estrangeiro residente e domiciliado fora do país são vedados a guarda e a tutela.

4 - ADOÇÃO – COMPETÊNCIA. A adoção de criança ou adolescente é regida pelo disposto no Estatuto da Criança e do Adolescente, sendo da competência da Vara da Infância e Juventude, independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente.

5 - ADOÇÃO – iRREVOGABILIDADE. A adoção, nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente, é irrevogável, constituindo-se o vínculo por sentença, afastada a possibilidade da adoção de menor de 18 (dezoito) anos por escritura pública.

6 - ADOÇÃO – OBEDIÊNCIA À ORDEM DE INSCRIÇÃO. Nos pedidos de adoção, recomenda-se velar pelo respeito à ordem de inscrição no cadastro local ou regional, requerendo consulta ao cadastro geral, se for constatada a inexistência de pretendente previamente inscrito naqueles. Observar, ainda, o seguinte:

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a) inexistindo o cadastro, requerer ao Juízo a sua complementação;

b) no caso em que houver consentimento dos genitores e indicação de pessoa que não tenha vínculo de parentesco com a criança, o membro do Ministério Público adotará as medidas necessárias para apurar se a escolha se funda em motivos legítimos e na ocorrência de situação fática que justifique a excepcional inobservância da ordem de inscrição, como a existência de vínculo especial entre adotante e adotando ou os pais deste.

7 - ADOÇÃO - REQUISITOS. Ao manifestar-se sobre o pedido de adoção, atentar para aos seguintes aspectos:

a) à data do pedido, o adotando não pode ter idade superior a dezoito anos, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes, hipótese em que poderá conceder-se a adoção até aquele completar vinte e um anos;

b) o adotante deve ter pelo menos vinte e um anos e a diferença de idade entre ele e adotando há de ser de, no mínimo, dezesseis anos, ressalvando que, no caso de adoção por marido e mulher ou concubinos, basta que um deles atenda a tais requisitos;

c) o homem e a mulher que vivam em concubinato podem adotar conjuntamente, comprovada a estabilidade da família;

d) os divorciados ou separados judicialmente, estando de acordo sobre a guarda e o regime de visitas, podem adotar conjuntamente quando o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância da sociedade conjugal;

e) a adoção será deferida pós mortem quando, após inequívoca manifestação de vontade, o requerente vier a falecer no curso do procedimento, mas antes de proferida a sentença, sendo no caso, seus efeitos retroativos à data do óbito;

f) na adoção do adolescente é imprescindível o seu consentimento;

g) na adoção de criança, deverá esta, sempre que possível, ser previamente

ouvida e sua opinião devidamente considerada.

8 - ADOÇÃO – INDEFERIMENTO. Não deverá ser deferida a adoção:

a) por procuração;

b) que não se fundar em motivos legítimos ou não apresentar reais vantagens ao adotando;

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c) ao tutor ou curador, em relação ao pupilo ou curatelado, enquanto não der conta de sua administração e saldar o seu alcance;

d) aos ascendentes e irmãos do adotando;

e) não precedida de estágio de convivência, que somente poderá ser dispensado na hipótese de adotante e adotado já conviverem por tempo suficiente para se aferir a conveniência da constituição do vínculo.

9 - ADOÇÃO POR ESTRANGEIRO – CUIDADOS. Em pedido de adoção por estrangeiro residente e domiciliado fora do país, recomenda-se:

a) verificar se o interessado estrangeiro juntou laudo de habilitação expedido pela Comissão Estadual Judiciária de Adoção – CEJA – do Estado de Goiás, por se tratar de condição de procedimento;

b) certificar se foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da criança ou do adolescente em família substituta brasileira, inclusive por meio de consulta ao Cadastro Central;

c) zelar para que haja transparência na escolha do pretendente estrangeiro e respeito à ordem de inscrição junto à Comissão Estadual Judiciária de Adoção (CEJA);

d) velar para que haja a juntada do procedimento original do pedido de habilitação concedida pela comissão referida na letra “c”, verificando, também, antes da entrega da criança para o fim de estágio de convivência e à luz dos documentos juntados e da legislação estrangeira:

I - se a adoção pretendida é juridicamente possível também no país de acolhida;

II- se a adoção apresenta reais vantagens para o adotando, considerando principalmente se a legislação do país do estrangeiro garantirá os mesmos direitos que teria como filho do estrangeiro;

III- se os pretendentes reúnem condições psicossociais para a colocação e se sua motivação é legítima.

e) certificar-se, antes do início do estágio de convivência, de que a sentença que decretou a destituição do pátrio poder transitou em julgado, para se evitar a concretização de situações traumáticas para o adotando;

f) zelar para que o estágio de convivência seja cumprido integralmente no território nacional;

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g) tratando-se de estrangeiro residente no Brasil, atentar para o tempo e o caráter da residência do estrangeiro no país, impedindo que pessoas que estejam de passagem pelo Brasil adotem como se fossem nacionais.

10 - ESTRANGEIRO - VEDAÇÃO. Observar que é vedada a colocação de criança ou adolescente em família substituta estrangeira sob qualquer forma diversa da adoção, bem como que constitui crime a promoção ou auxílio à efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior sem observância das formalidades legais (art. 239 do ECA).

CAPÍTULO IV

DAS CRIANÇAS ABRIGADAS

1 - CELERIDADE DOS PROCEDIMENTOS. Zelar para que a permanência em entidade de abrigo não se prolongue demasiadamente, diligenciando para a celeridade dos procedimentos, bem como mantendo controle sobre o seu andamento e, ainda, requerer:

a) convocação periódica dos familiares para entrevistas no setor técnico, visando avaliar as possibilidades de se desabrigar a criança;

b) relatórios periódicos da entidade de abrigo, especialmente sobre as providências adotadas para a reinserção familiar.

2 - VISITA A ABRIGOS - FISCALIZAÇÃO. Visitar e fiscalizar, periodicamente, e sempre que necessário, as entidades de abrigo para verificar suas condições gerais de funcionamento, particularmente no que concerne à situação de segurança e higiene, bem como se elas estão inscritas no Conselho Municipal de Direitos, expedindo-se recomendação em caso contrário.

3 - ABRIGO - IRREGULARIDADES - DEFICIÊNCIA. Constatadas irregularidades ou deficiências, o membro do Ministério Público deverá tomar as providências cabíveis para sua remoção, adotando as medidas previstas no art. 201, incisos. V, VI ou VII, do ECA, ou procedendo na forma do que dispõe o art. 191 e seguintes do mesmo diploma legal.

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CAPÍTULO V

REGULARIZAÇÃO DO REGISTRO CIVIL DA CRIANÇA OU DO ADOLESCENTE

1 - INEXISTÊNCIA DE REGISTRO DE NASCIMENTO - PROVIDÊNCIAS. Nos procedimentos em curso pela Vara da Infância e Juventude, havendo notícia da inexistência de registro de nascimento de criança ou adolescente, recomenda-se:

a) requerer a juntada da declaração de nascido vivo referente à criança ou ao adolescente;

b) na impossibilidade da apresentação da declaração de nascido vivo, postular a expedição de ofício ao hospital ou maternidade em que ocorreu o nascimento solicitando a remessa da 2ª via daquele documento;

c) na impossibilidade de obtenção da declaração de nascido vivo e não havendo nos autos outros elementos de convicção, requerer a realização de exame de verificação de idade;

d) requerer a oitiva em Juízo da pessoa apontada como sendo a mãe ou pai da criança ou do adolescente;

e) requerer, se necessário, a oitiva das pessoas que encontraram a criança em situação de abandono, zelando pela produção da prova necessária ao esclarecimento da origem da criança ou do adolescente.

2 - EXISTÊNCIA DO REGISTRO - DÚVIDA - DILIGÊNCIAS. Na dúvida sobre a existência do registro de nascimento da criança ou do adolescente, diligenciar junto a todos os Cartórios de Registro Civil do Estado, para tanto requerendo a expedição de ofício à Corregedoria Geral da Justiça.

3 - LAVRATURA DO ASSENTO. Esgotados os meios de investigação e verificada a inexistência do registro anterior, requerer a lavratura do assento com base nas informações disponíveis, sendo tal ato isento de custas.

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CAPÍTULO VI

FISCALIZAÇÃO DO PROCESSO DE ESCOLHA DO CONSELHO TUTELAR

1 - ATIVIDADE FISCALIZATÓRIA - ATRIBUIÇÃO. A atividade fiscalizatória atribuída ao Ministério Público em relação ao processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar será exercida pelos Promotores de Justiça aos quais estejam afetas as funções na área da infância e juventude.

2 - PROCESSO DE ESCOLHA DOS MEMBROS DO CONSELHO TUTELAR – FISCALIZAÇÃO. Na fiscalização do processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar, recomenda-se:

a) zelar para que na esfera legislativa municipal seja disciplinado o processo de escolha, estabelecendo :

I - prazo para as inscrições de candidaturas, seus requisitos e documentos necessários à prova dos mesmos;

II - local e horário para as inscrições;

III - prazo e forma para impugnação de candidaturas;

IV - forma de divulgação destes prazos e do processo de escolha;

V - quem está habilitado a votar e quais os documentos necessários ao exercício do voto, consideradas as normas da lei municipal a respeito;

VI - normas expressas e minuciosas para a propaganda eleitoral;

VII - dia, horário e local de votação;

VIII - composição das mesas receptoras dos votos;

IX - local e horário da apuração;

X - composição das mesas apuradoras.

b) cientificar-se das resoluções do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente referentes ao processo de escolha, com a antecedência necessária ao escorreito desempenho de suas funções;

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c) zelar pela efetiva publicidade das normas que regulamentam a escolha, especialmente dos prazos e requisitos de inscrição e impugnação de candidaturas, data do pleito e requisitos para o exercício do direito de voto, buscando contribuir para a divulgação do processo de escolha e esclarecimento da população sobre as relevantes funções do Conselho Tutelar;

d) velar pela regularidade das habilitações de candidatura, impugnando-as quando for necessário;

e) efetuar recomendações ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, visando orientação e correção de qualquer irregularidade;

f) adotar a medida cabível diante de notícia ou representação de irregularidades relativas ao processo de escolha, em qualquer de suas fases.

4 - HABILITAÇÃO À CANDIDATURA - IMPUGNAÇÃO. Ao membro do Ministério Público recomenda-se, até 20(vinte) dias antes da data da realização do pleito, observar o seguinte procedimento, para o fim do disposto na letra “d” do item anterior:

a) oficiar ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, comunicando-lhe que cada pedido de habilitação à candidatura, que tenha sido deferido pelo Conselho, deverá ser encaminhado à respectiva Promotoria de Justiça da Infância e da Juventude, autuado, com as folhas numeradas e rubricadas, devidamente instruído com as provas relativas aos requisitos legais;

b) verificar, no prazo de 10 (dez) dias a contar do recebimento do expediente na forma da letra anterior, se foram observados os requisitos estabelecidos para a candidatura, cabendo, conforme o caso:

I - externar sua concordância ou discordância com a habilitação, lançando manifestação fundamentada nos autos;

II - determinar esclarecimentos ou comprovação de outros dados, se houver prazo para tanto; III - se o Conselho não acolher o parecer, o Ministério Público pode impugnar a decisão que deferiu a candidatura dentro do próprio procedimento de escolha, e, judicialmente, caso o órgão colegiado insista em mantê-la.

5 - PROCESSO DE ESCOLHA – ACOMPANHAMENTO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. Compete ao membro do Ministério Público acompanhar todo o processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar, zelando

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pela garantia do livre exercício do voto, por seu sigilo, pelo direito à fiscalização e pelo fiel cumprimento da legislação.

6 - VOTAÇÃO. O membro do Ministério Público acompanhará a votação no local da sede dos trabalhos, se possível, ou permanecendo à disposição dos interessados em seu gabinete, recomendando-se visitar as juntas receptoras, receber reclamações e orientar mesários, candidatos e eleitores, sem prejuízo do disposto no item 3, letra “f”, deste Capítulo.

7 - APURAÇÃO. Cabe ao membro do Ministério Público acompanhar pessoalmente o processo de apuração, zelando pela inviolabilidade das urnas, pela fiel contagem de votos e pela preservação da vontade do eleitor.

8 - AUXÍLIO DE OUTRO(S) PROMOTOR(ES) DE JUSTIÇA. No caso de eleição simultânea para mais de um Conselho Tutelar ou existindo um número elevado de locais de votação ou de mesas apuradoras, o membro do Ministério Público poderá ser auxiliado por outros Promotores de Justiça designados pelo Procurador-Geral de Justiça.

9 - LEGISLAÇÃO ELEITORAL - ANALOGIA. Para a solução de omissões na legislação municipal e sua regulamentação, recomenda-se ao Promotor de Justiça valer-se, por analogia, da legislação eleitoral, no que couber.

10 - ESCOLHA DO CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. Aplicam-se as disposições deste Capítulo, no que for cabível, à escolha dos representantes da sociedade civil no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.

CAPÍTULO VII

PROCEDIMENTO PARA APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL COMETIDO POR ADOLESCENTE

1 - DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS. Nos procedimentos para apuração de ato infracional, zelar pelo respeito aos direitos e garantias individuais concedidos pela Constituição Federal ao adolescente autor do ato.

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2 - NOTÍCIA DE ATO INFRACIONAL - ANÁLISE. Ao receber autos que noticiem a prática de ato infracional, observar:

a) a competência do Juízo;

b) se o fato narrado é típico e antijurídico e não correspondendo o fato a uma infração penal, proceder de plano ao arquivamento dos autos;

c) se o ato é atribuído a criança ou adolescente.

3 - ATO INFRACIONAL - CRIANÇA. Na hipótese de ato infracional cometido por criança, adotar as providências cabíveis para que o fato seja levado ao conhecimento do Conselho Tutelar ou do Juízo competente (art. 105 do ECA).

4 - ATO INFRACIONAL - APRESENTAÇÃO DO ADOLESCENTE – OITIVA INFORMAL. Quando da apresentação do adolescente, na forma do disposto no art. 179 do Estatuto da Criança e do Adolescente:

a) consignar nos autos a realização do ato, anotando o dia e a hora de sua ocorrência, o nome, a qualificação das pessoas ouvidas e colhendo a assinatura delas. Na hipótese em que a gravidade ou complexidade do fato indicar ou no caso de ato praticado em concurso com pessoa imputável, reduzir a termo as declarações do adolescente, colhendo sua assinatura, juntamente com a dos pais ou responsável e do defensor eventualmente;

b) informar ao adolescente e seu responsável sobre a natureza do procedimento, do ato infracional que lhe é imputado e dos seus direitos e garantias constitucionais;

c) na hipótese de adolescente apreendido, analisar a legalidade da apreensão e a possibilidade de sua liberação, manifestando-se expressamente sobre tais pontos, zelando, ainda, pela celeridade dos atos processuais.

5 - NÃO APRESENTAÇÃO – NOTIFICAÇÃO. Proceder, caso não sejam apresentados pela autoridade policial, à notificação do adolescente, seus genitores e testemunhas, ouvindo-os sobre os fatos, em todas as circunstâncias objetivas e subjetivas, bem como sobre a personalidade e conduta social do adolescente.

6 - ADOLESCENTE RESIDENTE OU INTERNADO EM OUTRA COMARCA – CARTA PRECATÓRIA. Se o adolescente residir ou se encontrar internado em outra Comarca, expedir carta precatória ao Promotor de Justiça da

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Infância e Juventude respectivo, com o fim de que seja realizada a oitiva, nos termos do art. 3º e seguintes da Resolução n. 11/97 de 29.09.99 - PGJ.

7 - PROCEDIMENTO – PROVIDÊNCIAS. Após a oitiva informal do adolescente, em termos fundamentados, o órgão do Ministério Público poderá:

a) promover o arquivamento dos autos se ficar comprovada a atipicidade do fato, a falta de participação do adolescente ou a inexistência do ato infracional;

b) conceder a remissão quando cabível. Na eventualidade de inclusão de medida sócio-educativa, zelar para que o adolescente esteja assistido por seu defensor, constituído ou dativo, quando da celebração da transação;

c) requerer diligências indispensáveis para oferecimento da representação;

d) oferecer representação à autoridade judiciária propondo a instauração do procedimento para aplicação de medida sócio-educativa ao adolescente. A representação será oferecida por petição, que conterá o breve resumo dos fatos, a classificação do ato infracional e, sempre que possível, o rol de testemunhas e vítima, podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada pela autoridade judiciária.

e) postular a internação provisória, se necessário, que não poderá ultrapassar o prazo de 45(quarenta e cinco) dias, devendo o requerimento ser formulado concomitantemente com a representação.

8 - INTERNAÇÃO PROVISÓRIA. Na hipótese de internação provisória:

a) velar pela estrita observância dos arts. 108 e 174 do ECA;

b) zelar para que a internação seja feita em instituição adequada;

c) não havendo instituição adequada ao cumprimento da medida de internação, promover as medidas necessárias para que se ultime a remoção, observado o prazo legal;

d) tomar as medidas necessárias para impedir que o adolescente fique internado em estabelecimento prisional destinado à contenção de adultos envolvidos em prática de infração penal, ressalvada a hipótese prevista no art. 185, § 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente.

9 - AÇÃO SÓCIO-EDUCATIVA. Ajuizada a ação sócio-educativa:

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a) atentar para a regularidade processual e pela correta aplicação das garantias processuais;

b) zelar pelo respeito à garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa;

c) atentar para a produção de prova de autoria e materialidade do fato, objetivando a aplicação de medida sócio-educativa, ressalvadas as hipóteses de remissão e de aplicação de advertência;

d) zelar pela cientificação do adolescente e seus genitores, postulando a nomeação de curador quando os pais ou responsável não forem localizados (art. 184, ECA);

e) atentar, em qualquer hipótese, para a necessidade de se nomear advogado dativo ao adolescente que não tenha defensor constituído;

f) zelar pela observância do prazo legal de 45(quarenta e cinco ) dias para a ultimação do procedimento, quando o adolescente estiver internado provisoriamente;

g) cuidar para que se realize avaliação técnica do adolescente e de sua família.

10 - ALEGAÇÕES ORAIS. Por ocasião da manifestação final, realizada oralmente em audiência:

a) analisar integralmente a prova;

b) assinalar antecedentes infracionais;

c) avaliar as condições subjetivas do adolescente e a existência de respaldo familiar;

d) zelar , quando necessário, pela aplicação de medidas protetivas;

e) pugnar pela aplicação de medida sócio-educativa, indicando fundamentadamente a mais adequada, observando-se, ainda, além das circunstâncias do fato, as condições pessoais do adolescente;

f) ao requerer a aplicação da restrição prevista no art. 121, § 1º, parte final do ECA, manifestar-se fundamentadamente sobre a necessidade dessa medida excepcional.

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11- PAIS OU RESPONSÁVEIS – APLICAÇÃO DE MEDIDAS. Tomar as providências visando à aplicação das medidas pertinentes aos pais ou responsáveis pelo adolescente.

CAPÍTULO VIII

DA EXECUÇÃO DAS MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS

1 - ESTABELECIMENTOS DESTINADOS AO CUMPRIMENTO DE MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS - VISITA E FISCALIZAÇÃO. Visitar e fiscalizar, periodicamente e sempre que necessário, as entidades destinadas ao cumprimento de medidas sócio-educativas de semiliberdade e internação, adotando as seguintes providências:

a) verificar se há adolescentes apreendidos ilegalmente, adotando as medidas cabíveis à cessação do constrangimento ilegal e as providências necessárias à apuração de responsabilidades;

b) ouvir os adolescentes, anotando as reclamações pertinentes e tomando as providencias cabíveis a sua solução;

c) verificar as condições de segurança e higiene das instalações;

d) lavrar relatório circunstanciado de visita, encaminhando-o à Corregedoria Geral do Ministério Público até o dia 10 (dez) do mês subseqüente.

2 - EXECUÇÃO DE MEDIDA SÓCIO-EDUCATIVA – GUIA. Ao receber a guia de execução:

a) verificar sua regularidade, com qualificação correta do adolescente; prazo para cumprimento da medida (no caso de liberdade assistida); se está instruída com certidão de antecedentes do adolescente, além das cópias indispensáveis do processo de origem (representação ou remissão, decisão judicial, relatórios interprofissionais, etc);

b) verificar, pelo exame da sentença do processo de conhecimento, se foi aplicada, cumulativamente, alguma medida de proteção, zelando, no caso positivo, pelo seu efetivo cumprimento.

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3 - EXECUÇÃO - INTERNAÇÃO. No acompanhamento da execução da medida de internação, zelar:

a) para que ao adolescente seja garantido todos os direitos a ele assegurados por lei, requerendo o envio de relatórios informativos periódicos;

b) para que no máximo a cada seis meses, seja reavaliada a necessidade de manutenção da medida, velando pela realização de avaliação multidisciplinar;

c) pela estrita observância do prazo máximo de internação, bem como pelo limite etário obrigatório para liberação;

d) para que a entidade de internação cumpra todas as suas obrigações legais;

e) na hipótese da sentença de internação ter imposto a restrição prevista no art. 121, § 1º, “in fine”, do Estatuto da Criança e do Adolescente, velar para que as atividades externas sejam realizadas apenas mediante autorização judicial, diligenciando para que sejam apresentados relatórios de acompanhamento dessas atividades.

4 - EXECUÇÃO - SEMILIBERDADE. No acompanhamento da execução da medida de semiliberdade, atentar para as disposições do artigo anterior, no que couber.

5 - EXECUÇÃO – LIBERDADE ASSISTIDA. No acompanhamento de medida de liberdade assistida, velar pelo efetivo cumprimento de todas as disposições do art. 119 do Estatuto da Criança e do Adolescente.

6 - EXECUÇÃO - PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE. Ao fiscalizar o cumprimento das medidas de prestação de serviços à comunidade, requerer o envio de relatórios informativos regulares, atentando para a carga horária e o tempo fixado para o seu cumprimento.

7 - REPARAÇÃO DO DANO. Ao fiscalizar a execução da obrigação de reparar o dano, verificar seu efetivo cumprimento ou, no caso de impossibilidade comprovada, requerer a substituição da medida por outra adequada. Atentar, quando da sua aplicação, para que o cumprimento não recaia na pessoa dos pais do adolescente, com efeito pedagógico negativo a este.