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PRINCÍPIOS NORTEADORES PARA O PROJETO PEDAGÓGICO DA ESeOLA BÁSICA: O CASO DA ESCOLA DE APLICAÇÃO DA FEUSP Manoel Orisvaldo de Moura* Marli E.D.A. André* Marta Kohl de Oliveira* Vitor Henrique Paro* De maio a agosto de 1996, compusemos a comissão encarregada, pela Congregaçãoda Faculdade da Universidade de São Paulo (Feusp), de elaborar os princípios norteadores do Projeto Pedagógico da Escola de Aplicação da mesma Faculdade. Durante as atividades da comissão, estávamos cientes de que, embora referido a uma unidade escolar determinada, nosso trabalho, pelo próprio fato de estar lidando com princípios, deveria ir muito além das questões específicas da escola em pauta. Era preciso, para dar conta do particular, ter presente, pela via dos princípios, a universalidade da própria educação, ou seja, impunha buscar, na particular escola de que tratávamos, a par de suas potencialidades, seu compromisso com valores que dizem respeito à educação em geral. Dessa forma, nossas reflexões e discussões se concentraram na explicitação do papel não de uma escola, mas da escola pública básica numa sociedade moderna e democrática. Ao fazer isso, pudemos não apenas reafirmar nossa crença na importância desse tipo de reflexão, mas também ver crescer nossa convicção acerca de quanto essa atividade é pouco priorizada tanto entre aqueles que estudam os problemas do ensino quanto - o que é mais grave - entre os que propõem soluções para esses problemas. Essa maneira de pensar, mais o insistente estímulo de vários colegas que tomaram conhecimento dos princípios, animaram-nos a promover a sua publicação, com o fito de expô-Ios ao conhecimento e à crítica de tantos quantos estejam envolvidos com aeducação escolar. A versão que aqui apresentamos incorporou pequenas alterações e acréscimos surgidos a partir da apreciação de uma versão preliminar por parte dos educadores da Escola de Aplicação e dos professores da Feusp e foi aprovada pela Congregação da Feusp em reunião de 29 de agosto de 1996. O documento está organizado em itens que enunciam princípios gerais, seguidos de subi tens que constituem desdobramentos ou explicitações de tais princípios. Os princípios, na medida em que encerram valores, não podem ser vistos como coisa pronta e acabada para sempre, posto que são construí dos historicamente. Além disso, o caráter contraditório da realidade, ao supor modos diversos de ver as mesmas questões, recomenda sempre o respeito e o estímulo à pluralidade de pontos de vista. Daí o desejo dos autores de que os princípios que se apresentarão a seguir sejam vistos como algo sempre aberto a novas formulações. Por isso, mantemos aos leitores a mesma advertência que fazíamos no encaminhamento da versão preliminar à Congregação, no sentido de que "O tom afirmativo e, de certo modo, 'absoluto' do conteúdo se devforma de princípios que se lhe procurou imprimir. não devendo ser imputado a nenhuma intenção de fechamento da discussão. Ao contrário. o propósito é precisamente outro: na

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PRINCÍPIOS NORTEADORES PARAO PROJETO PEDAGÓGICO DAESeOLA BÁSICA: O CASO DAESCOLA DE APLICAÇÃO DA FEUSP

Manoel Orisvaldo de Moura*Marli E.D.A. André*

Marta Kohl de Oliveira*Vitor Henrique Paro*

De maio a agosto de 1996, compusemosa comissão encarregada, pelaCongregaçãoda Faculdade da Universidadede São Paulo (Feusp), de elaborar osprincípios norteadores do ProjetoPedagógico da Escola de Aplicação damesma Faculdade.

Durante as atividades da comissão,estávamos cientes de que, embora referidoa uma unidade escolar determinada, nossotrabalho, pelo próprio fato de estar lidandocom princípios, deveria ir muito além dasquestões específicas da escola em pauta.Era preciso, para dar conta do particular,ter presente, pela via dos princípios, auniversalidade da própria educação, ouseja, impunha buscar, na particular escolade que tratávamos, a par de suaspotencialidades, seu compromisso comvalores que dizem respeito à educação emgeral. Dessa forma, nossas reflexões ediscussões se concentraram na explicitaçãodo papel não de uma escola, mas da escolapública básica numa sociedade moderna edemocrática.

Ao fazer isso, pudemos não apenasreafirmar nossa crença na importânciadesse tipo de reflexão, mas também vercrescer nossa convicção acerca de quantoessa atividade é pouco priorizada tantoentre aqueles que estudam os problemas doensino quanto - o que é mais grave - entre

os que propõem soluções para essesproblemas. Essa maneira de pensar, mais oinsistente estímulo de vários colegas quetomaram conhecimento dos princípios,animaram-nos a promover a sua publicação,com o fito de expô-Ios ao conhecimento eà crítica de tantos quantos estejamenvolvidos com a educação escolar.

A versão que aqui apresentamosincorporou pequenas alterações eacréscimos surgidos a partir da apreciaçãode uma versão preliminar por parte doseducadores da Escola de Aplicação e dosprofessores da Feusp e foi aprovada pelaCongregação da Feusp em reunião de 29 deagosto de 1996.

O documento está organizado em itensque enunciam princípios gerais, seguidosde subi tens que constituem desdobramentosou explicitações de tais princípios.

Os princípios, na medida em queencerram valores, não podem ser vistoscomo coisa pronta e acabada para sempre,posto que são construí dos historicamente.Além disso, o caráter contraditório darealidade, ao supor modos diversos de veras mesmas questões, recomenda sempre orespeito e o estímulo à pluralidade depontos de vista. Daí o desejo dos autores deque os princípios que se apresentarão aseguir sejam vistos como algo sempreaberto a novas formulações.

Por isso, mantemos aos leitores amesma advertência que fazíamos noencaminhamento da versão preliminar àCongregação, no sentido de que

"O tom afirmativo e, de certo modo, 'absoluto' doconteúdo se deve à forma de princípios que se lheprocurou imprimir. não devendo ser imputado anenhuma intenção de fechamento da discussão.Ao contrário. o propósito é precisamente outro: na

medida em que se ousa afirmar determinadasconvicçoes como verdade positiva. se provoca atomada de posiçào do leitor, estimulando adiscussào".

É com esse espírito que decidimospublicar esses princípios, na expectativa deque, de alguma forma, sua leitura possasuscitar a discussão e servir à tãoimportante e necessária reflexão sobre otema.

PRINCÍPIOS NORTEADORES DOPROJETO PEDAGÓGICO DAESCOLA DE APLICAÇÃO DA FEUSP

A APROPRIAÇÃO DOHISTORICAMENTE PRODUZIDODEVEM REPORTAR-SE TODOSESFORÇOS.

SABERE A ISTOOS SEUS

1.1. A escola procurará, por todos osrecursos e meios à sua disposição,empenhar-se na busca de seu fim específicode universalização do saber, consciente deque a exclusão do processo deescolarização bem como quaisquer formasde empobrecimento da experiência escolarconstituem cerceamento do direito deacesso do indivíduo a importantesdimensões da cultura.

1.2. O saber, objeto de apropriação no atoeducativo, será entendido em suaconcepção mais ampla e abrangente que,além do conhecimento objeto das váriasdisciplinas científicas, inclui valores,atitudes, técnicas, comportamentos, tudoenfim que constitui, em determinadomomento histórico, a cultura humanaacumulada.

1.3. A ação da escola tem um caráter aomesmo tempo de continuidade e de ruptura

com relação à família e ao meio social noqual se encontra. Continuidade aosocializar o saber acumulado e formar ocidadão de acordo com os padrõesestabelecidos pela própria sociedade.Ruptura ao apresentar descontinuidade emrelação ao saber predominante nocotidiano, superando o senso comum emdireção a uma concepção científica do real.Neste sentido, a validade do saber escolarnão pode ser estabelecida unicamente porsua utilidade fora da escola, mas porcritérios referidos à própria relação sujeito-objeto de conhecimento.

1.4. A escola terá caráter de aplicação tantono sentido do aproveitamento de novosconhecimentos e processos desenvolvidosna FEUSP quanto no da divulgação epublicidade de suas experiências bemsucedidas de modo a favorecer possívelaplicação às redes de ensino em geral e emespecial às escolas públicas.

2. PARA ALÉM DE TODA CONSIDERAÇÃOPRAGMATISTA. A ESCOLA TERÁ PRESENTE OVALOR INTRÍNSECO DO SABER,PROMOVENDO SUA VALORIZAÇÃO PELOEDUCANDO, COMO CONDIÇÃO DEREALIZAÇÃO DO PRÓPRIO APRENDIZADOESCOLAR.

2.1. O aluno, enquanto objeto da açãoeducativa e por sua condição de serhumano dotado de vontade, participa doprocesso de produção pedagógico como umobjeto que é também sujeito, razão pelaqual esse objeto-sujeito precisa querer paraque a produção se realize.

2.2. É fundamental que a escola formesujeitos que saibam lidar com idéias, sejamcapazes de refletir sobre os objetos deconhecimento e seus processos deconstrução, e apreciem o saber como um

bem cultural valio.so. Assim, cabe à escola,enquanto agência encarregada da educaçãosistematizada, a tarefa de levar o aluno aquerer aprender, consciente de que este éum valor cultivado historicamente pelohomem e, pois, um conteúdo cultural queprecisa ser apropriado pelas novasgerações, por meio do processo edu-cativo.

3. A ESCOLA ALARGARÁ A RELAÇÃO DOSUJEITO COM O OBJETO DO CONHECIMENTOPARA ALÉM DO CONTEÚDO DASDISCIPLINAS ESCOLARES TRADICIONAIS,INCLUINDO TODAS AS DIMENSÕES DAPRODUÇÃO CULTURAL.

3.1. Sem se descorar do provimento dosconhecimentos básicos presentes nasdisciplinas tradicionais, serão incluídosnovos conteúdos que possibilitem odesenvolvimento das várias potencialidadesdos educandos, levando em conta, em cadaidade, sua formação e sua vivência sócio-cultural.

3.2. De acordo com a própria definição daescola enquanto agência educativa inseri daem determinado espaço cultural, devem-seencontrar formas de organização dotrabalho escolar que possibilitem odesenvolvimento de práticas e conteúdosusualmente esquecidos ou minimizados noscurrículos de nossas escolas, tais como: asartes, o lazer, os esportes, o folclore, aecologia, a informática, as leis trabalhistas,a família, a cidadania, o trabalho, asquestões da afetividade e da sexualidade -o respeito à diversidade cultural, àdiversidade de gênero, de raça, de crença,de sexo, de classe; a formação do eleitor, areflexão e valorização da ética, os meios decomunicação de massa, os direitos doconsumidor, a educação para o trânsito, osdireitos das minorias etc.

3.3. O projeto pedagógico, em suaconcepção e execução, suporá a integraçãode esforços de todos os educadoresescolares, em especial os professores, a fimde possibilitar um trabalho coletivoestruturado, contínuo e coerente com osfins propostos, devendo, assim, toda aequipe de professores compartilhar osmesmos objetivos, independentemente dasérie ou área de atuação de cada um.

4. A EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA SERÁPREOCUPAÇÃO BÁSICA E INTRÍNSECA ÀPRÓPRIA RAZÀO DE SER DA ESCOLA.

4.1. A contribuição da escola para aformação do cidadão envolverá asdimensões do método e do conteúdo doensino, entendidos estes comocomplementares e indissociáveis.

4.2. Com relação ao conteúdo, a escolalevará em conta o caráter integral daformação para a cidadania. A educação,considerada condição essencial para arealização do homem enquanto sujeitohistórico e (portanto) enquanto cidadão,realiza-se pela apropriação do saber,produzido historicamente, de modo aenriquecer a qualidade da vida cultural docidadão em suas múltiplas dimensões. Emvista disso, em nenhuma hipótese a escolaprivilegiará uma ou outra dessas dimensões(a preparação para o vestibular ou para omercado de trabalho, por exemplo) emdetrimento das demais.

4.3. Na busca dos objetivos educativos daescola, em nenhum momento se abrirá mãoda prevalência de relações de colaboraçãoe respeito das individualidades entre todasas pessoas envolvidas nas atividadesescolares, em especial entre educador eeducando, posto que, na formação da

cidadania, a natureza dialógica do processopedagógico é, não apenas o meio para aapropriação do saber que emancipa oindivíduo, mas também um fim a serbuscado pelo cultivo de formas civilizadasde convivência e troca de experiênciasentre sujeitos.

S. A ESCOLA LEVARÁ EM CONT A AHETEROGENEIDADE SÓCIO-CULTURAL EECONÓMICA BEM COMO TODO TIPO DEDIFERENÇAS INDIVIDUAIS PRESENTESENTRE SEUS ALUNOS, PROMOVENDO AAPROPRIAÇÃO DO SABER A DESPEITO DETAIS HETEROGENEIDADES E DIFERENÇAS.

5.1. Em sua prática diária, a escolapromoverá a convivência de gruposheterogêneos de educandos, visando àsuperação de preconceitos ediscriminações.

5.2. No planejamento e execução daspráticas pedagógicas escolares será dadodestaque ao tratamento especial que deveser dedicado aos alunos que maisnecessitam de cuidados.

5.3. A idéia de que a carência cultural oueconômica de certos alunos ou grupos dealunos levam fatalmente ao fracasso escolarserá absolutamente rejeitada nas decisõese práticas escolares. Por isso, em hipó-tese nenhuma se utilizará a condição decarência do educando como justificativapara o insucesso da escola em levá-Io aaprender.

5.4. A consideração da heterogeneidadediscente não implica necessariamenteindividualizar o ensino, mas individualizaros percursos, utilizando estratégias quepossibilitem, por caminhos diversos, apromoção de competências e desempenhoscomuns.

6. COMO ELEMENTO IMPRESCINDÍVEL NOPROCESSO DE REALIZAÇÃO DE OBJETIVOS,A AVALIAÇÃO CONSTITUIRÁ UM PROCESSOPERMANENTE QUE PERMEARÁ TODAS ASATIVIDADES E PROCEDIMENTOS NOINTERIOR DA ESCOLA, PROCURANDO DARCONTA DO DESEMPENHO DE TODOS OSENVOLVIDOS.

6.1. A avaliação da escola em seu conjuntocontará com mecanismos coletivos integra-dos por professores, funcionários, alunos epais, e articulados em suas funções e propó-sitos, de modo a constituírem elementos deconstante avaliação e redimensionamentode todas as atividades-fim da escola, einstrumentos de prestação de contas daqualidade do produto escolar à sociedade.

6.2. A avaliação do rendimento acadêmicodo aluno não pode reduzir-se à verificaçãode seu desempenho em provas e testes,hipervalorizando as notas e conceitos,como se a isso pudesse restringir-se o obje-tivo de distribuição do saber. Tal avaliaçãonão será nunca um fim em si, mas umvalioso subsídio - para o aluno e para aescola - com vistas à constante melhoria deseu desempenho.

6.3. Tendo em vista que levar o educando aquerer aprender constitui tarefa inerente àprópria função educativa da escola, umresultado insatisfatório em qualquermomento do processo permanente deavaliação deve ser tomado em seu singularpredicado de subsidiar a correção de rumose o redimensionamento de atividades, nãopodendo servir de pretexto para pôr a culpano aluno por seu mau desempenho, sob aalegação de que ele não quer aprender.

7. A ESCOLA DEVERÁ DISPOR DEADEQUADAS CONDIÇÕES PEDAGÓGICAS,MATERIAIS, TÉCNICAS E HUMANAS PARA AREALIZAÇÃO DE SEUS FINS.

7.1. No diagnóstico da realidade escolar,ter-se-á em conta sempre a global idade desuas condições de funcionamento, evitandorestringir-se a fatores isolados e parciais(como a formação do professor, a carênciada clientela ou a falta de atenção dos pais)sem a consideração de outros problemasporventura presentes.

7.2. O provimento de condiçõesapropriadas de trabalho pedagógico deverálevar em conta as necessidades ecaracterísticas de cada faixa etária bemcomo as etapas de desenvolvimento doseducandos.

7.3. Na organização do trabalho escolar ter-se-á especial cuidado com o tamanho decada turma de alunos que deverá obedecera limites compatíveis com o bom procederpedagógico e com a garantia de qualidadeno tratamento dado a todos os estudantes.

8. NO PROVIMENTO DE CONDIÇÕESOBJETIV AS DE FUNCIONAMENTO DAESCOLA, ATENÇÃO ESPECIAL SERÁ DADA ÃMANUTENÇÃO DE UM SISTEMAPERMANENTE DE FORMAÇÃO PROFISSIONALDOS EDUCADORES ESCOLARES.

8.1. A formação profissional permanenteestará intimamente ligada à prática pedagó-gica, cuja melhoria ela deve visar, não seconstituindo em mero credencialismo ouacumulação de "pontos". Ela deve dar-se naperspectiva de resolver problemaseducativos colocados pelo fazer pedagó-gico. Ao compartilhar conhecimentos e aonegociar significados, na solução desituações-problema colocadas pelocotidiano da escola, estarão os educadoresexercitando um modo de fazer o ensino.Isso significa que, nesses momentos,estarão adquirindo novas competências,isto é, formando-se continuamente.

8.2. A formação permanente de professorese demais educadores escolares incluirátanto a formação acadêmica, composta porcursos e outras atividades avulsas detreinamento e aperfeiçoamentoprofissional, quanto a formação em serviço.Sem prejuízo do acesso a outrasinstituições e meios, ambas essasmodalidades de formação contarão com oenvolvimento de todos os órgãos eprofissionais da FEUSP que possamenvidar esforços na prestação dessesserviços.

8.3. Aos educadores escolares serãofornecidas condições de trabalho queincluam tempo e espaço para dedicarem-sea seu constante aperfeiçoamentoprofissional, cujos progressos serão objetode avaliações periódicas.

9. FUNDADA NOS PRINCÍPIOS DECOOPERAÇÃO ENTRE OS AGENTESENVOLVIDOS E DE UTILIZAÇÃO RACIONALDOS RECURSOS DISPONÍVEIS, A ESTRUTURAADMINISTRATIVA SERÁ CONCEBIDA DEMODO A CONSTITUIR-SE NA MEDIAÇÃOEFICIENTE PARA A REALIZAÇÃO DOS FINSEDUCATIVOS DA ESCOLA.

9.1. A administração não será funçãoapenas de uma cúpula ou de funcionáriosespecializados em administrar, masintegrará todas as atividades que têm lugarna escola e que visam seu fim específico.Para efeitos práticos, estas se distribuirãoem atividades-meio e atividades-fim, masserão funções de todos os envolvidos noprocesso escolar. Esta concepção elimina acostumeira dicotomia entre administrativoe pedagógico, na medida em que oadministrativo só existe em função dopedagógico e este não se realiza semaquele.

9.2. A estrutura organizacional e osprocedimentos administrativos devem serconcebidos de modo a possibilitarem àescola a busca de padrões, previamenteestabelecidos, de qualidade e efetividade deseus produtos.

9.3. O princípio constitucional da gestãodemocrática se efetivará tanto naconcepção de direção quanto naparticipação dos envolvidos na tomada dedecisões.

9.4. A direção escolar, pautada no princípioda divisão do trabalho, visa a atender àsnecessidades técnicas referentes àdistribuição da autoridade e à coorde-nação do esforço coletivo, sem qualquercaráter de dominação de pessoas ou degrupos.

9.5. A escolha de dirigentes se fará combase na competência técnico-pedagógica ena liderança diante dos envolvidos noprocesso escolar.

9.6. A participação dos envolvidos natomada de decisões será permanentementeestimulada e serão criados mecanismoscoletivos que a viabilizem.

9.7. O direito à participação por meio dosmecanismos coletivos da escola terá semprecomo pressuposto o interesse de todos e abusca dos objetivos da instituição escolar,não podendo reduzir-se a mero pretextopara a defesa de interesses corporativos ouparticulares.

10. O PROJETO PEDAGÓGICO DA ESCOLA,PAUTADO EM PRINCÍPIOS APROVADOS PELACONGREGAÇÃO DA FEUSP, SERÁ UMPROCESSO EM CONSTANTE ELABORAÇÃO ECONTARÁ COM O ENVOLVIMENTO DE TODAA COMUNIDADE ESCOLAR.

10.1. Entende-se por comunidade escolar oconjunto dos seguintes segmentosenvolvidos no processo escolar: 1)professores e demais "especialistas" emeducação da escola; 2) demais funcionáriosda escola; 3) alunos; 4) pais de alunos; 5)direção e corpo docente da FEUSP; 6)corpo discente da FEUSP.

10.2. A direção e corpo docente da FEUSPfazem parte da comunidade escolar,participando das tomadas de decisão e doapoio ao ensino e à administração daescola.

10.3. A participação do corpo discente daFEUSP se dará, quer na forma de prestaçãovoluntária de serviços, quer pela realizaçãode estágios curriculares, que serãoestimulados e para os quais serãoprovidenciadas condições adequadas derealização.

10.4. Considerando a importância dacolaboração da família na tarefa de levar oaluno a querer aprender, a escola buscaráformas de conseguir a participação damesma na promoção, junto a seus filhosestudantes, de valores favoráveis ao estudoe à aquisição do saber, bem como naadoção de posturas e comportamentosdiante deles que contribuam para amelhoria da qualidade de seu aprendizado.

10.5. A participação dos pais na escola,inclusive na tomada de decisões, será umapreocupação permanente da escola,criando-se mecanismos institucionais edesenvolvendo-se atividades que aviabilizem e estimulem.

10.6. Tendo em vista a educação em suadimensão mais ampla, a escola levarásempre em conta, em sua prática diária, o

caráter educativo das ações desenvolvidasnào apenas por professores e demaisprofissionais diretamente ligados à funçào

docente, mas por todos os funcionários edemais pessoas que interagem no interiorda escola.